revista cnt 209

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C NT LEIA ENTREVISTA COM FABIO TRIGUEIRINHO, DA ABIOVE ANO XVIII NÚMERO 209 FEVEREIRO 2013 TRANSPORTE ATUAL EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT Saturação TRANSPORTE ATUAL Frota brasileira de veículos cresceu mais de 100% em dez anos; falta de infraestrutura acarreta congestionamentos cada vez maiores Frota brasileira de veículos cresceu mais de 100% em dez anos; falta de infraestrutura acarreta congestionamentos cada vez maiores Frota brasileira de veículos cresceu mais de 100% em dez anos; falta de infraestrutura acarreta congestionamentos cada vez maiores ANO XVIII NÚMERO 209 FEVEREIRO 2013 EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT Frota brasileira de veículos cresceu mais de 100% em dez anos; falta de infraestrutura acarreta congestionamentos cada vez maiores

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Saturação: frota brasileira de veículos cresceu mais de 100% em dez anos; falta de infraestrutura acarreta congestionamentos cada vez maiores.

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Page 1: Revista CNT 209

CNT

LEIA ENTREVISTA COM FABIO TRIGUEIRINHO, DA ABIOVE

ANO XVIII NÚMERO 209FEVEREIRO 2013

T R A N S P O R T E A T U A L

EDIÇÃO INFORMATIVADA CNT

Saturação

T R A N S P O R T E A T U A L

Frota brasileira de veículos cresceu mais de100% em dez anos; falta de infraestrutura

acarreta congestionamentos cada vez maiores

Frota brasileira de veículos cresceu mais de100% em dez anos; falta de infraestrutura

acarreta congestionamentos cada vez maiores

Frota brasileira de veículos cresceu mais de100% em dez anos; falta de infraestrutura

acarreta congestionamentos cada vez maiores

ANO XVIII NÚMERO 209FEVEREIRO 2013

EDIÇÃO INFORMATIVADA CNT

Frota brasileira de veículos cresceu mais de100% em dez anos; falta de infraestrutura

acarreta congestionamentos cada vez maiores

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Page 4: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 20134

REPORTAGEM DE CAPA

ANO XVIII | NÚMERO 209 | FEVEREIRO 2013

CNTT R A N S P O R T E A T U A L

CAPA JÚLIO FERNANDES/CNT

Fabio Trigueirinhocritica os gargalosna infraestrutura

PÁGINA 8

ENTREVISTA

As estratégias paraa distribuição demercadorias

PÁGINA 30

LOGÍSTICA

Venda de veículoscomerciais levescresce no Brasil

PÁGINA 34

MERCADO

FISCALIZAÇÃO

Ação conjunta paracoibir o transporte clandestino

PÁGINA 38

SUSTENTABILIDADE

Cubatão terá umcentro ambientalpara pesquisas

PÁGINA 44

PERSONAGEM DO TRANSPORTE • Sériecomeça com o projeto Cultura no Ônibus, realizadopelo cobrador Antônio da Conceição Ferreira

PÁGINA 20

O excesso de veículos e a falta de infraestrutura para o transportecontribuem para deixar as cidades no limite; 56% dos veículos no Brasil são automóveis, e medidas que priorizam o transportepúblico são essenciais para melhorar a qualidade de vida

Página 22

CONSELHO EDITORIALBernardino Rios PimBruno BatistaEtevaldo Dias Lucimar CoutinhoTereza PantojaVirgílio Coelho

EDITORA RESPONSÁVEL

Vanessa Amaral

[[email protected]]

EDITOR-EXECUTIVO

Americo Ventura

[[email protected]]

FALE COM A REDAÇÃO(61) 3315-7000 • [email protected] SAUS, quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 10º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF)

ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET:www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br

ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:[email protected]

Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do

1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.

Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

Page 5: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 5

Cresce o movimentonos aeroportos dascidades do interior

PÁGINA 56

AVIAÇÃO

Alexandre Garcia 6

Duke 7

Mais Transporte 12

Boletins 72

Debate 78

Opinião 81

Cartas 82

Seções

FERROVIA

Sucata atrapalha as operações dasconcessionárias

PÁGINA 62

VAZAMENTOS • Ocorrências em território brasileirolevantam a necessidade de o país ter um Plano Nacional de Contingência para combater emergências

PÁGINA 50

SEST SENAT

Unidades oferecemcursos de formaçãopara motoristas

PÁGINA 68

A Lei Seca está mais severa. A multa para quem épego dirigindo sob o efeitode álcool subiu para R$ 1.915,40 e pode ser dobradaem caso de reincidência. A Agência CNT de Notíciaspromove, pelas mídiassociais, uma campanha deconscientização sobre otema. Participe! Acesse pelo Facebook e compartilhe essa ideia.www.facebook.com.br/cntbrasil.

Programa Despoluir• Conheça os projetos• Acompanhe as notícias sobre

meio ambiente

Canal de Notícias• Textos, álbuns de fotos, boletins

de rádio e matérias em vídeosobre o setor de transporte no Brasil e no mundo

Escola do Transporte• Conferências, palestras e

seminários• Cursos de Aperfeiçoamento• Estudos e pesquisas• Biblioteca do Transporte

Sest Senat• Educação, Saúde, Lazer

e Cultura• Notícias das unidades• Conheça o programa de

Enfrentamento à ExploraçãoSexual de Crianças e Adolescentes

LEI SECA

ALUGUEL DE CARROS

O portal disponibiliza todas as ediçõesda revista CNT Transporte Atual

E MAIS

www.cnt.org.br

O setor de locação de veículos comemora o aumentoda demanda registrado nos últimos anos. Para o Carnaval, a expectativa da Abla, associação que representa o setor, é bastante positiva. A AgênciaCNT de Notícias preparouuma reportagem e um infográfico com dicas e informações para auxiliarquem pretende utilizar o serviço. Acesse emhttp://bit.ly/agenciacnt70.

À VISTA OU PARCELADO?

Início de ano é sinônimo de pagamento de muitas contas: material escolar, férias, seguro doveículo. Para os motoristas, fica adúvida: é melhor pagar o IPVA parcelado ou à vista? Como não ficar no prejuízo? Confira as dicas de um especialista: http://bit.ly/agenciacnt59.

Page 6: Revista CNT 209

rasília (Alô) - As autoridades costumam mi-nimizar os males, na verdade para mostrarfalsa eficiência da administração pública, eexplicam que fazem isso para evitar exage-ros que possam preocupar a população. Onúmero anual de mortes no trânsito é bem

típico. Em 2012, os números oficiais seriam cercade 44 mil - 120 corpos por dia, a cada dia. Isso já éuma matança superior a qualquer guerra civil emandamento no mundo, longe da Síria ou dessespaíses africanos em que as guerras tribais e reli-giosas nunca cessam. Mas, infelizmente, o númerobrasileiro real está bem acima disso.

Nós, jornalistas, em geral contribuímos para“evitar exageros que possam preocupar a popula-ção”. Quando fazemos o balanço das vítimas deum feriadão, como no de Ano-Novo, ficamos ape-nas com os números fornecidos pela Polícia Rodo-viária Federal, ou seja, os mortos nas BRs. No en-tanto, as estradas federais representam apenas 76mil quilômetros das rodovias brasileiras. As rodo-vias estaduais somam 222 mil quilômetros e asmunicipais têm 1,261 mil quilômetros. Quer dizer, apressa da notícia faz com que divulguemos o nú-mero mais fácil, o das BRs, porque os outros nú-meros chegam atrasados.

Nos Estados, saem nos meios de informaçãoos números das estradas estaduais; nos municí-pios, a mídia local relata os desastres nas rodo-

vias municipais. Mas um balanço nacional ficaimpossível, porque são 5.564 municípios e 28unidades da federação, cada qual com seus nú-meros parciais. A Polícia Rodoviária Federal in-formou que no feriadão de Natal, de 21 a 25 dedezembro, houve 222 mortos. Obviamente emestradas federais. As BRs perfazem 5% do totaldas estradas brasileiras. Supor que 222 sejamapenas 5% dos mortos reais seria exagerar, se-ria supor que o total de mortos, na realidade,esteve em torno de 4.000 no feriadão de Natal.Mas, por outro lado, maior exagero seria tomaro número das BRs como total brasileiro.

Certa vez eu comentei, no Denatran, que a es-tatística de mortos é falha porque deixa fora asestradas vicinais, as municipais e as estaduais,além dos mortos urbanos, e os que morrem noshospitais até 90 dias após o acidente. Concorda-ram comigo, alegando que é difícil ter o númeroexato. Então como se tem, via Ministério da Saú-de, um número aparentemente real dos homicí-dios? Um cálculo do especialista, professor daPUC/RS, Mauri Panitz, falava em 80 mil há unscinco anos. Hoje, há mais veículos e mais aci-dentes. Se a gente juntar todas as mortes vio-lentas, no trânsito e fora dele, pode ser que te-nhamos no mínimo 300 corpos por dia. Reconhe-cer essa tragédia, e não suavizá-la, é um passonecessário para salvar vidas.

B

“Se a gente juntar todas as mortes violentas, no trânsito e foradele, pode ser que tenhamos no mínimo 300 corpos por dia”

Suavizando mortes

ALEXANDRE GARCIA

Page 7: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 7

Duke

Page 8: Revista CNT 209

ENTREVISTA FABIO TRIGUEIRINHO - SECRETÁRIO-GERAL DA ABIOVE

Neste ano, a Abiove(Associação Brasilei-ra das Indústrias deÓleos Vegetais) está

prevendo uma safra recorde de81,3 milhões de toneladas desoja. Serão, aproximadamente,mais 100 milhões de toneladasde outros grãos. O cenário decrescimento da produção e daexportação nos últimos anosreforça a necessidade de inves-timentos em infraestrutura quepermitam o escoamento commaior eficiência, conforme des-taca o secretário-geral da as-sociação, Fabio Trigueirinho.“Estamos operando com as

mesmas estradas esburacadasde sempre, hidrovias incipien-tes e trens de carga com capa-cidade plena em importantescorredores. Além disso, faltamarmazéns para suavizar o es-coamento da safra”, diz Tri-gueirinho. Na entrevista a se-guir, o secretário-geral da enti-dade comenta os números daindústria de óleos vegetais eelenca os desafios.

Qual é a expectativa pa-ra a safra de grãos de2013? Ela será recorde?

A Abiove prevê uma safrarecorde de 81,3 milhões de

toneladas de soja em 2013, oque poderá tornar o país omaior produtor mundial daoleaginosa, passando à fren-te dos Estados Unidos. Alémdisso, produziremos quase100 milhões de toneladas deoutros grãos, o que irá perfa-zer 180 milhões de toneladas,volume também recorde.

Qual é a estimativa paraexportação? Os valores de-vem ser maiores do que nosúltimos anos?

Em 2013, o país exportará38,5 milhões de toneladas desoja, isto é, aproximadamen-

te 47% do grão produzido nopaís terá como destino omercado externo. A maiorparte do volume terá comodestino a China, maior consu-midor mundial da oleaginosae cujo mercado já é respon-sável pela compra de 70% dasoja brasileira. Também have-rá exportação de 15 milhõesde toneladas de farelo de so-ja e 1,7 milhão de toneladasde óleo de soja. A receita comexportação dos três produ-tos, em 2012, está estimadaem US$ 24,79 bilhões. Para2013, a previsão é de US$30,33 bilhões.

“A safra de grãos cresceu 45 milhões de toneladas nos últipraticamente sem contrapartida em investimentos na infra

Gargalos na rota dPOR CYNTHIA CASTRO

Page 9: Revista CNT 209

mos cinco anos, estrutura de transporte”

Sob o ponto de vista dainfraestrutura e integraçãodos modais, quais são asmedidas imediatas neces-sárias no país?

É necessário acelerar os in-vestimentos previstos no PAC,para todos os modais detransporte, de forma a elimi-nar os gargalos logísticos. Orecente anúncio do governofederal acerca de um plano deconcessões na área de rodo-vias e ferrovias deve ser im-plementado com a máxima ur-gência. Na mesma linha, deveser prioridade do governo so-lucionar incertezas jurídicas

que, hoje, restringem os in-vestimentos em infraestrutu-ra portuária, essencial para ocomércio exterior brasileiro.

Como a Abiove avalia asações previstas no Progra-ma de Investimentos em Lo-gística anunciado pelo go-verno federal, em relaçãoàs ferrovias e às rodovias?

Trata-se de uma mudança derumo importante que tende abeneficiar o país pela oferta demais serviços de transporte eredução de tarifas, olhando osusuários e os consumidores. OBrasil precisa ser redesenhado.

Há grandes oportunidades paraescoar parcela expressiva da vo-lumosa produção agrícola doCentro-Oeste por portos do Nor-te e Nordeste do país. O Brasilprecisa desenvolver a multimo-dalidade. O transporte ferroviá-rio é muito importante, mas suaoferta é insuficiente. E o modalhidroviário, o mais barato de to-dos, ainda é totalmente incipien-te. Aplaudimos o pacote de in-

vestimentos anunciado pela pre-sidente Dilma Rousseff, que pre-vê aportes de US$ 42 bilhões emrodovias e US$ 91 bilhões em fer-rovias. Isso é para atender emmédio e longo prazos. Porém,não podemos descuidar do pra-zo emergencial, que é a próximasafra. Por isso, pedimos que ogoverno adote medidas paliati-vas para ajudar a escoar a safrarecorde de grãos.

ABIOVE/DIVULGAÇÃO

os grãos

Page 10: Revista CNT 209

Qual a expectativa emrelação ao transporteaquaviário?

No Brasil, as hidroviastransportam apenas 4% dascargas nacionais, não obstan-te serem recomendadas parao transporte de grandes mas-sas a longas distâncias. O po-tencial é enorme. No caso dacadeia produtiva da soja, aprincipal cultura agrícola dopaís, cerca de 70% da movi-mentação é feita por rodovias,o que reduz a renda do produ-tor rural, porque o frete rodo-viário é o mais oneroso em re-lação aos modais ferroviário ehidroviário. Nos EUA, ocorrequase o inverso, já que 61% dasoja exportada utiliza as hi-drovias, vantagem que confe-re competitividade internacio-nal à produção daquele país.Na Europa, as hidrovias sãoutilizadas intensivamente nadistribuição de produtos. OBrasil tem 63 mil km de rios.Desses, 43 mil km são navegá-veis, mas 27,5 mil km aindanão têm sido efetivamenteutilizados. A hidrovia é o cami-nho mais barato para o escoa-mento da produção agrícolado país. Por isso, a cadeia pro-dutiva da soja defende que aconstrução de novas hidrelé-tricas venha sempre acompa-nhada de eclusas, comportasque funcionam como elevado-

res de água e que fazem asbarcaças e os navios subireme descerem para transpor asbarragens erguidas pelo ho-mem nos rios, permitindo anavegação fluvial.

Há estimativas de per-das devido às más condi-ções da infraestrutura ro-doviária?

Um dado impressionante éque uma viagem de Cuiabá aRondonópolis, percurso de200 km por rodovia federal,chega a levar oito horas. Abaixa produtividade se refleteem custos mais elevados ebaixa rentabilidade para otransportador. Nas estradasvicinais, as condições de trá-fego são muito precárias. Otrânsito intenso e as precáriascondições de manutenção dasrodovias contribuem significa-tivamente para aumentar onúmero de acidentes.

É possível fazer algumcálculo sobre o que o paísganharia, caso a infraes-trutura fosse mais adequa-da para o escoamento daprodução de grãos?

Caso o Brasil tivesse umamelhor infraestrutura de trans-portes e uma matriz adequadaàs suas dimensões continen-tais, o produtor rural de soja seapropriaria de uma renda extra

da ordem de US$ 50 por tone-lada, a depender da região. Damesma forma, o consumidorbrasileiro seria beneficiadocom uma redução semelhantena movimentação de alimentosno mercado interno.

A Abiove tem uma pes-quisa que mostra ociosida-de na indústria processa-dora de soja. Por que e co-mo isso acontece? E o queé necessário para revertera situação?

A capacidade de processa-mento das unidades ativas daindústria brasileira de oleagi-nosas é de 158 mil tonela-das/dia, e 62% desse total éutilizado, 29% está ocioso e9% está inativo. A pesquisade capacidade instalada feitapela Abiove para 2012 revela

AGRONEGÓCIO

“Uma viagemde Cuiabá a

Rondonópolis,de 200 km porrodovia federal,chega a levaroito horas”

Page 11: Revista CNT 209

nas e geração de empregos,localmente, por meio de umaperfeiçoamento da políticatributária.

Qual a expectativa daAbiove com relação à utili-zação de óleo de soja, ca-nola ou girassol usado naprodução de biodiesel?

Em 2013, estima-se que oBrasil produzirá cerca de 81,3milhões de toneladas de soja,volume que contribuirá parauma oferta significativamentesuperior de óleo de soja e,consequentemente, maior dis-ponibilidade para biodiesel.As fornecedoras desse bio-combustível são plenamentecapazes de abastecer o mer-cado brasileiro com volumescada vez mais expressivos, oque possibilita aumentar a

participação na mistura com odiesel mineral dos atuais 5%para 10%, em 2020, a partir dasoja. Isso sem falar do óleo depalma, cuja produção deverácrescer exponencialmentenos próximos anos.

Que tipo de incentivodeveria haver para expan-dir o uso do óleo de friturausado na produção de bio-diesel?

O Brasil poderia, à seme-lhança do que ocorre na Eu-ropa, conceder um bônus aobiodiesel produzido a partirde óleo de fritura usado deforma que esse fosse conta-bilizado como o dobro do bio-diesel convencional. Assim,cada litro de biodiesel de fri-tura seria equivalente aoconsumo de dois litros do

biodiesel convencional, o queajudaria as empresas a cobriros custos mais elevados decoleta de óleo e processa-mento do produto.

Qual o principal entraveno processo de recolhimen-to e reciclagem de óleo defritura usado?

A maior dificuldade é conse-guir que o consumidor entre-gue o óleo usado nos pontos deentrega voluntários, pois essaé a única forma de garantir es-cala e eficiência ao processo.Isso, porém, já está sendo solu-cionado com o lançamento doPrograma Óleo Sustentável,que indicará pontos de coleta àdisposição do consumidor.

Quanto da produção na-cional de grãos é destinadoexclusivamente para a pro-dução de biodiesel?

A produção de biodieselno Brasil consome em tornode 2 milhões de toneladas deóleo de soja, o que requer umprocessamento de 10 milhõesde toneladas de soja. Issoequivale a 12% da produçãonacional da oleaginosa. Con-tudo, é importante destacarque, desse processamento,geram-se 8 milhões de tone-ladas de farelo de soja, que édestinado à produção de ra-ções animais. l

Silo para armazenar farelo de soja; infraestrutura precisa ser m elhorada no país

GRUPO ANDRÉ MAGGI/DIVULGAÇÃO

que o Brasil, segundo maiorprodutor mundial de soja equarto processador, exportamais soja em grãos do queprodutos de maior valoragregado, como farelo e óleo.O país desonerou totalmentea exportação de soja, masainda tributa a produção defarelo e óleo, destinada à ex-portação, com ICMS e Funru-ral, e o ressarcimento do PISe Cofins se estende por anos.O crescimento da capacidadede processamento em 4% si-naliza uma frágil recupera-ção da indústria, em 2012, pa-ra um patamar inferior a2010. Chega-se claramente àconclusão de que o país po-deria desenvolver muito maissua indústria de óleos vege-tais, com mais agregação devalor às suas vendas exter-

“Em 2013, opaís exportará38,5 milhõesde toneladas

de soja”

Page 12: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201312

A Citroën iniciou a comercialização do modelo DS5 no país. O veículo é considerado pela fabricante um carro inovador. FrancescoAbbruzzesi, diretor-geral daCitroën do Brasil, explica que oDS5 chega para complementar agama distintiva da Citroën nomercado brasileiro, ao lado dos

esportivos DS3 e DS4, este último, com previsão de lançamento para março. O DS5tem bitolas dianteira e traseiramais largas que os modelos dacategoria, porta-malas com capacidade de até 468 litros,cinco lugares para os ocupantescom entre-eixos de 2,72 metros e motorização THP 165.

DS5 no Brasil

MAIS TRANSPORTE

Livro registra a saga da Marcopolo

Comemorando seus 63anos de atividades, aMarcopolo, por meio

da iniciativa de seu presi-dente emérito, Paulo Belini,lançou o livro “Marcopolo,sua viagem começa aqui”.

Lançado pela editoraCampus/Elsevier, o livrocompila, em mais de 300 pá-ginas, entrevistas e histó-rias contadas por mais de90 participantes, que mos-tram a trajetória da empre-sa até se transformar emuma das maiores fabrican-tes internacionais de ôni-bus. “São memórias e rela-tos que revelam uma culturaempresarial peculiar, com aqual convivemos com natu-ralidade, sem nos dar contada sua decisiva importância,e construída por muitos que,

de alguma forma, relacio-nam-se com a Marcopolo”,destaca Bellini.

Os depoimentos do livroforam coletados e transcri-tos pela jornalista SuzanaNaiditch. Participaram pes-soas que acompanharam ca-da momento da empresa eque têm sua história ligadaà da companhia, mostrandocomo cada vivência contri-buiu para tecer a cultura daMarcopolo e seus valores.

“Decidi reviver aquelaspassagens que ajudam a ex-plicar o que faz a empresa e,assim, honrar toda essa he-rança que só aconteceu por-que parceiros essenciais seengajaram no projeto, traba-lhando com dedicação e es-pontaneidade”, revela Belini.

A ideia inicial era produ-

zir um material para o pú-blico interno da Marcopolo,que servisse também parareforçar o modelo de ges-tão estruturado a partir dosanos 80, depois de uma via-gem dos executivos ao Ja-pão. Foram sendo agrega-dos outros temas, e o proje-to ganhou nova dimensão.Foi quando a psicóloga econsultora Marilda Vendra-me passou a coordenar ostrabalhos.

O livro tem a participaçãode importantes empresáriosnacionais e internacionais,em depoimentos destaca-dos, como Jorge Gerdau Jo-hannpeter, presidente doConselho de Administraçãoda Gerdau; Ratan Tata, exe-cutivo da Tata Sons; JoséGalló, executivo das Lojas

Renner; José Antonio Fer-nandes Martins, presidenteda Fabus (Associação Nacio-nal dos Fabricantes de Ôni-bus), e do arquiteto e urba-nista Jamie Lerner.

MEMÓRIA

LANÇAMENTO Livro contaa história da Marcopolo

MARCOPOLO/DIVULGAÇÃO

INOVADOR Modelo DS5 da Citroën

CITRÖEN/DIVULGAÇÃO

Page 13: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 13

AMSTEDMAXION/DIVULGAÇÃO

A AmstedMaxion e a empresa americanaGreenbrier desenvolveram um protótipo de vagão para o transporte de contêineres. Anova unidade é composta por cinco vagõesdouble-stack articulados, desenvolvidos paratransportar contêineres empilhados para a

bitola de 1,60 metro. Carregados com os contêineres, os vagões têm uma altura finalde 6 metros em relação ao nível dos trilhos.A estrutura e os componentes especiais aplicados no equipamento garantem suaestabilidade. Batizado de PentAMax, ele será

fornecido à MRS Logística para operar pelaContrail. A operadora multimodal utiliza ummodelo logístico de transporte de contêiner suportado por um terminal, interligando oslocais de captação e distribuição no interior aos terminais marítimos de Santos.

Vagão para contêineres

Balanço do Simefre

OSimefre (Sindicato Inte-restadual da Indústriade Materiais e Equipa-

mentos Ferroviários e Rodo-viários) divulgou os númerosde 2012. A produção de carro-çarias de ônibus cresceu 2,5%no ano, superando as expecta-tivas. As exportações cresce-ram 20%. Já as vendas do-mésticas ficaram praticamen-te no mesmo patamar de 2011,conforme o Simefre. Foramproduzidas 36.915 unidades decarroçarias de ônibus (urba-

nas, rodoviárias, micros, minise intermunicipais). “Os resul-tados foram bons, uma vezque se esperava uma produ-ção entre 18% e 20% menorque 2011”, afirmou José Antô-nio Fernandes Martins, presi-dente do sindicato. O progra-ma do governo federal “Cami-nho da Escola” representou25% da comercialização.

Já as indústrias fabricantesde implementos rodoviários daslinhas leve (carroçarias sobrechassis) e pesada (reboques e

semirreboques), que respondempor mais de 70 mil empregos di-retos, terminaram o exercício de2012 com produção 14,3% abaixoda registrada em 2011. O fatura-mento foi de R$ 8 bilhões. Segun-do o Simefre, os empresários dosetor esperam crescimento dasvendas este ano.

A indústria ferroviária de veí-culos de carga fechou 2012 comentregas de 3.100 vagões e 70 lo-comotivas, contra uma estimati-va feita em dezembro do anopassado de 3.500 e 110 unidades,

respectivamente. Na área detransporte de passageiros, a pre-visão para 2012 era fechar comum volume de 240 carros, contra340 inicialmente estimados pe-los empresários da área. O Sime-fre não informou o fechamento.

Segundo os executivos dosindicato, a indústria ferroviá-ria trabalha com a expectativade fabricar cerca de 3.000 va-gões de carga, aproximada-mente, 100 locomotivas e entre350 e 400 carros de passagei-ros este ano.

PRODUÇÃO

Page 14: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201314

MAIS TRANSPORTE

Cargas - Como o ComércioMudou o MundoAutor explica como o comércio e otransporte de cargas mudaram omundo nos últimos 800 anos,traçando o caminho para a globalização. Aborda desde a China, o Japão e os Estados Unidos de nossos dias, nações que, em momentos diferentes,encontraram novas formas de criar riqueza e desenvolver culturaseconômicas bem-sucedidas. De: Greg Clydesdale, Ed. Record, 434 págs., R$ 54,90

Decolagem Autorizada - da Simulação à RealidadeO livro narra as experiências doautor como piloto virtual usando o software de simulação de voo da Microsoft. Ele conta um pouco da história dos grandes aviadores e dos aviões que marcaram época.De: Lorenzo Bürgel Moschetta,Ed. Bookmarkers – Singular, 178págs., R$ 32,90

Como parte das comemorações dos 150 de Henry Ford, a Ford exibiu para os funcionários dos EUAum modelo A de 1903, considerado o veículo de produção mais antigo da marca existente hoje. Ocarro foi adquirido pela montadora em um leilão. As comemorações vão seguir ao longo do ano.

Exibição histórica da Ford

FORD/DIVULGAÇÃO

Mais vendidos O relatório publicado pelaFenabrave (FederaçãoNacional da Distribuição de Veículos Automotores) apontou que o Gol, daVolkswagen, foi o modelomais vendido no Brasil em2012. A lista mostra ainda

que veículos com alto valortambém se destacaram. O hit“Camaro Amarelo” impulsio-nou a venda do modelo nopaís. Foram vendidas 915 unidades do Camaro. Os dezmais vendidos, de acordocom a entidade, foram Gol,

com 291.005 unidades comercializadas; Uno,254.688; Palio, 184.934; Fox, 146.138 ; Celta, 136.636;Strada, 116.668; Fiesta,112.882; Siena,102.664; CorsaSedan, 97.657, e Sandero, com 97.598 unidades.

Page 15: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 15

A MRS, em parceria com a Cragea(Companhia Regional deArmazéns Gerais e EntrepostosAduaneiros), reformulou o serviçode transporte de contêineres,entre o porto de Santos e aregião do Vale do Paraíba (SP),para cargas conteinerizadas comdestino aos mercados interno eexterno. A concessionária esperaampliar sua participação e trans-portar, dentro de cinco anos, 10%de toda a carga conteinerizada

estimada pelo porto, permitindoo acesso a diversos terminaisportuários e clientes. O novo serviço da MRS será caracterizado pelo transporte deaté 360 TEUs por semana, comfrequência semanal de três dias,em horários de saída e chegadaregulares. As projeções apontampara um volume transportado próximo a 468,6 mil TEUs, em2017, frente aos 47,9 mil TEUstransportados em 2011.

MRS incrementa sua logística

Informação e diversão nas estradas

AAbrati (AssociaçãoBrasileira das Empre-sas de Transporte

Terrestre de Passageiros)lançou, juntamente com asempresas do setor, o projeto“Rede de Comunicação”. Oobjetivo é divulgar mensa-gens estruturadas e unifica-das aos milhões de passa-geiros que viajam Brasil afo-ra diariamente.

Entre as ações do projetoestão o informativo “Alma-naque de Bordo” e a revista“Coquetel Diversão a Bor-do”, com jogos voltados pa-ra a atividade do transporte,ambos distribuídos no inte-rior dos ônibus.

São 2 milhões de exem-plares do jornal e 250 mil darevista de passatempo.Além das publicações, a re-de conta ainda com cinco ví-deos institucionais veicula-

dos nos ônibus equipadoscom sistema de áudio e ví-deo, identificados pelo selo“TV a Bordo”, transmitidosdurante a viagem. Todo omaterial é renovado men-salmente.

O projeto da Abrati inves-tiu ainda em spots de rádioque vêm sendo veiculadospelas empresas em emisso-ras de suas regiões. As mí-dias sociais também fazemparte do pacote. A entidadecriou uma rede chamada“Juntos a Bordo”, formadapor um blog e por perfis noTwitter e no Facebook.

As mensagens divulga-das em todos os veículossão interconectadas e têmconteúdo leve, linguagemsimples e estão voltadas aoentretenimento.

Segundo a Abrati, com autilização dessas mídias, a

entidade leva aos passagei-ros mensagens sobre a im-portância do ônibus, fortale-cendo sua imagem positiva,comprovada por pesquisasperiódicas, e enfatizando ocomprometimento das em-presas com os conceitos qua-lidade, segurança, conforto,pontualidade e abrangência.

COMUNICAÇÃO

INICIATIVA Informativodistribuído pela Abrati

ABRA

TI/D

IVUL

GAÇÃ

O

Carretas portuáriasA Paletrans Carretas entregouduas unidades de carretasespeciais portuárias ao TCP(Terminal de Contêineres deParanaguá), no Paraná. Os produtos são destinadospara carga e descarga dosnavios porta-contêineres.Segundo a Paletrans, a carretapode transportar um contêinerde 45 ou 40 pés, ou, ainda, doisde 20 pés. Com capacidade dochassi para até 50 toneladas, o

equipamento tem 14 metros decomprimento, 2,67 metros delargura e 1,50 metro de alturado solo à plataforma. O chassié executado em monobloco devigas laminadas sem assoalho,com berços e guias para acomodação rápida com travas automáticas para ostrês tamanhos possíveis decontêineres, proporcionandoagilidade para as operaçõesportuárias.

FTC recebe homenagem A trajetória de sucesso da FTC(Ferrovia Tereza Cristina), quecompletou 128 anos em 2012,ganhou homenagem na Câmarados Deputados. O deputado federal Edinho Bez (PMDB-SC),responsável pela iniciativa, destacou que, desde a concessão,a FTC transportou mais de 40milhões de toneladas de cargas erecolheu aos cofres públicosmais de R$ 95,4 milhões a títulode concessão, arrendamento etributos. O diretor-presidente daferrovia, Benony Schmitz, disseque a FTC investiu mais de R$ 85milhões em modernização delocomotivas, vagões e equipamentos, recuperação da via permanente, capacitaçãodo quadro de colaboradores e em programas de responsabilidade social, entre outros projetos.

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201316

MAIS TRANSPORTE

A Iveco firmou contrato com o Exército Brasileiro no valor de R$ 246 milhões para a produção de 86 veículos experimentais para o uso em treinamentos militares. O primeiro deles foi entregueao chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia doExército, General SinclairMayer, na unidade produtiva de veículos militares da montadora, em Sete Lagoas

(MG). A fabricação do “Guarani Experimental” serárealizada até 2014. A Ivecoinvestiu R$ 55 milhões em seu Complexo Industrial para a produção do veículo. O Guaranié um auto blindado para transporte de pessoal de 18toneladas, equipado com motordiesel FPT Industrial de 383cv,transmissão automática, capacidade anfíbia e transporte para 11 militares.

Blindados para o ExércitoSTUDIO CERRI/DIVULGAÇÃO

RENAULT/DIVULGAÇÃORENAULT/DIVULGAÇÃO

CONTRATO Representantes da Iveco e do Exército

Programa inédito A Renault do Brasil lançouum novo conceito de aluguel e gestão de veículos. O “SoluçãoRenault Pro+” permite aosconsumidores pessoas jurídicas alugar um veículodiretamente da fábrica,com um custo mensal acessível que inclui manutenção preventiva,seguro, documentaçãocompleta (IPVA,

licenciamento e emplacamento) e assistência24 horas. O programa édedicado a pequenasempresas, como padarias,mercados e profissionaisautônomos. Toda a linha Renault à venda no mercado nacional pode ser adquirida pelo Pro+ em qualquer uma das 215 concessionárias da marca.

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 17

IBÉRIA TRANSPORTES/DIVULGAÇÃO

Caminhão guindaste A Ibéria Transportes eServiços, especializada emtransporte de cargas especiaise na locação de máquinas eequipamentos, investiu R$ 15milhões na aquisição de umcaminhão guindaste com capacidade de içamento de

cargas de até 300 toneladas. A empresa também adquiriunovos guindastes com capacidade para 75 toneladas,além de cavalos mecânicos,semirreboques, dollys e linhasde eixo. O objetivo da companhiaé iniciar 2013 operando com os

novos equipamentos nos grandes investimentos queestão sendo realizados naBahia, como a instalação doEstaleiro Paraguaçu e a construção das fábricas daBasf, da Jac Motors e daItaipava. “A Ibéria está prepa-

rada para transportar equipamentos de grandesdimensões, fundamentais para a viabilização desses empreendimentos. A previsãoé de aumentar o faturamentoem 40%”, afirma o diretor-presidente, Miguel Diz Gil.

S-10 é lançado em todo o Brasil

APetrobras lançou emjaneiro o Diesel S-10,com teor de enxofre

ultrabaixo, para todo o Bra-sil. O combustível, disponívelem, aproximadamente, 5.900postos de serviço (incluindoos de outra bandeira), subs-titui integralmente o DieselS-50. De acordo com a Petro-

bras, os benefícios ambien-tais do diesel com baixo teorde enxofre são mais efetivosnos veículos produzidos apartir de 2012. Esses mode-los utilizam motores comtecnologia para redução deemissões veiculares aten-dendo a fase P7 do Proconve(Programa de Controle da

Poluição do Ar por VeículosAutomotores).

A empresa investiu R$ 38,5bilhões, entre 2005 e 2011, paramodernizar seu parque de refinoe adequar a logística para aten-dimento ao mercado interno. Pa-ra dar continuidade à moderni-zação das refinarias e adequa-ção da logística, serão investi-

dos R$ 27,2 bilhões até 2016, sen-do R$ 20,7 bilhões no programade qualidade do diesel. O DieselS-10 está disponível em 15 polosde venda e terá a oferta amplia-da para 17 polos durante o pri-meiro trimestre de 2013, pro-piciando o abastecimento de78 bases de distribuição es-palhadas pelo país.

DIESEL

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201318

MAIS TRANSPORTE

Modernização de cabines A Singapore Airlines vai refazer o interior de dez aeronaves Boeing 777-200ER.De acordo com a companhia, a renovação das cabines vaioferecer produtos consistentescom a frota de aviões de longas distâncias da empresa,com assentos de classe executiva que se convertem

em cama totalmente plana.Nessa classe, as aeronavesremodeladas vão ter a configuração de assentos 1-2-1,oferecendo a todos os clientesacesso direto ao corredor.Também faz parte da reformulação o sistema deentretenimento KrisWorld commonitores de LCD de 15,4

polegadas e uma extensa programação de áudio e vídeo.Na classe econômica, os monitores passam de 6,5 para9 polegadas, e a cobertura dosassentos, desenhada porGivenchy, vai contar com tecidos mais macios e coressuaves. O investimento é deUS$ 76 milhões.

Cursos para o modal ferroviário Uma parceria entre aAmstedMaxion e o Cepefer(Centro de Estudos e PesquisasFerroviárias e Rodoviárias) vaioferecer cursos de qualificação e pós-graduação no segmentoferroviário de cargas e passageiros em Hortolândia (SP).A unidade é a primeira instituiçãoferroviária de ensino e pesquisa

de São Paulo e tem o objetivo de qualificar profissionais ligados às ferrovias na região deHortolândia e de Campinas. O Centro de Treinamento vai funcionar nas instalações doComplexo Industrial da fabricantede vagões. Serão oferecidos cursos em turmas abertas para omercado: MBRail - pós-graduação

ferroviária - transporte de cargase de passageiros (para graduadosno ensino superior); TransporteFerroviário no Brasil; Vagões e adinâmica nos trens; Locomotivase o Sistema de Tração;Qualificação técnica - transportede cargas e de passageiros (para formados no ensino médio);e o curso, inédito no Brasil, de

Projetista ferroviário de vagões, além de cursos customizados em turmas fechadas para os funcionários das empresas da região. Todos vão ser coordenados e ministrados pelo Cepefer. As aulas estão previstas paracomeçarem entre o fim fevereiro e início de março.

SINGAPORE AIRLINES/DIVULGAÇÃO

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PERSONAGEM DO TRANSPORTE

Cobrador, apaixonado por literatura, mantém projeto de leitura dentro de ônibus na capital federal

POR LIVIA CEREZOLI

Bibliotecasobre rodas

Ocoletivo da linha 156.1,que realiza diaria-mente a viagem entreo Terminal da Asa

Norte e o Guará 2, em Brasília,no Distrito Federal, transportamuito mais do que passageiros.O projeto social Cultura no Ôni-bus, desenvolvido pelo cobra-dor Antônio da Conceição Fer-reira, oferece literatura de qua-lidade para quem depende dia-riamente do transporte públicona capital federal.

O projeto começou em 2007,com três exemplares que Ferreiraganhou de uma passageira. Po-de-se dizer que “Capitães deAreia”, de Jorge Amado, é o pa-drinho da iniciativa. “Foi depois

de ler essa obra-prima que eu de-cidi compartilhar os livros comoutras pessoas”, conta ele.

Ferreira estreia a nova seçãoda revista CNT TransporteAtual, “Personagem do Trans-porte”. A proposta é contar ahistória de profissionais do se-tor que abraçaram uma causa elutam por ela.

Com esse novo espaço, a re-vista pretende valorizar aindamais os profissionais do setorde transporte que batalham poruma vida melhor em suas comu-nidades e despertar o interesseem outros trabalhadores paracorrerem atrás do que eles real-mente querem e acreditam. Su-gestões de novos personagens

e histórias, como a de Ferreira,podem ser encaminhadas [email protected].

O envolvimento do cobradorcom a leitura começou quandoele tinha 23 anos e chegou a Bra-sília, vindo do Maranhão. “Sentiuma necessidade enorme de co-nhecer coisas novas para poderparticipar das conversas que ou-via pelas ruas da cidade. Foi as-sim que comecei a ler os jornaistodos os dias”, lembra.

Hoje, aos 41 anos, e pai dedois filhos – a mais velha é suafilha de criação -, Ferreira nãoconseguiu cumprir o objetivoque o trouxe a capital do país:terminar os estudos (ele nãochegou a concluir o 2º ano do

ensino médio), mas se diz satis-feito com o que conquistou.

De três exemplares, a cole-ção de Ferreira já conta hojecom mais de 8.000 unidades. To-dos os livros são doados por vo-luntários. A maioria são títulosde literatura, mas há também re-vistas e gibis. “Assim, agrado atodos os gostos.” Para guardartodo esse volume, Ferreira alugaum cômodo perto de onde mora.Para pagar o aluguel de R$ 500,ele conta com a ajuda de doisvoluntários. Dos R$ 787 que re-cebe por mês, R$ 200 vão para amanutenção do projeto. “Essevalor é alto para mim, mas a sa-tisfação que eu sinto vale comorecompensa”, afirma ele.

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Os livros da coleção do cobra-dor são disponibilizados em umapequena estante improvisadacom material reciclável na entra-da do ônibus. Os passageiros fi-cam à vontade para escolher o tí-tulo que querem ler. No local,também há uma ficha de emprés-timo que deve ser preenchidaquando a leitura vai continuar fo-ra do coletivo.

“Eu comecei trazendo os li-vros em uma caixa de papelãoque ficava embaixo do meu ban-co. Muita gente perguntava o queera aquilo e foi assim que o pro-jeto ficou conhecido. Depois, aempresa autorizou a colocaçãoda estante”, recorda Ferreira.

Ousado, ele quer expandir o

Cultura no Ônibus. O cobrador jáapresentou um projeto que leva-ria os livros para 31 linhas dotransporte coletivo da capital fe-deral operadas pela empresa on-de ele trabalha. “Tenho certezade que vou conseguir esseapoio”, diz, entusiasmado.

E se depender de adeptos, oprojeto deve mesmo crescer. Aartista plástica Marisa PereiraLuiz, sentada na primeira poltro-na do coletivo, abria as portas dapequena estante da bibliotecaambulante para descobrir o quetinha ali dentro. “Que coisa fan-tástica. Você pode emprestar li-vros para ler durante a viagem”,comentou ela com a moça tímidaque estava sentada ao lado.

Olhou alguns títulos, masnão se aventurou pela leituraporque desceria no próximoponto. De qualquer maneira, fi-cou satisfeita ao saber que oempréstimo pode ser feito paraalém da viagem. “Com certeza,da próxima vez vou escolher al-gum livro para levar para casa.Sempre pego esse ônibus e as-sim fica fácil devolver.”

Os exemplares podem serretirados e devolvidos dentrodo coletivo e também nos ter-minais do Guará 1, do Guará 2 edo Núcleo Bandeirantes. Po-rém, Ferreira garante que mes-mo que a devolução não sejarealizada, o que vale é o livroser lido. “Não importa se o

exemplar não voltou para a es-tante do meu projeto. Quero éque ele circule entre as pes-soas”, ressalta ele.

Fã dos livros, o office-boy Rô-mulo Ramos Ximenes tambémconheceu o projeto no dia emque a reportagem estava noônibus. “Sempre gostei de ler eacho essa iniciativa de uma im-portância extrema. Torço paraque outras pessoas possam teracesso”, afirma. Ele, que lia o ro-mance erótico “Cinquenta Tonsde Cinza”, de E. L. James, em pé,enquanto o coletivo sacolejava,acredita que ocupar o tempocom a leitura é uma das atitu-des mais sábias. “O tempo quese passa no ônibus é, muitas ve-zes, grande devido às distân-cias, e ler é saber aproveitá-lobem”, destaca.

Na quase uma hora em que areportagem esteve dentro do co-letivo, Ferreira recebeu mais umadoação de livros para a sua cole-ção. “Olha só, acabei de ganharnovos exemplares. Um rapaz vaientregar os livros lá em casa. Es-sas doações sempre são bem-vin-das. Assim, conseguimos fazer oslivros circularem”, comemora ele.Os interessados em realizar doa-ções podem entrar em contatocom o cobrador pelo telefone(61) 8139-2158. Ele também man-tém o blog Cultura no Ônibus,que pode ser acessado no linkculturanoonibus.blogspot.com.br. l

JÚLIO FERNANDES/CNT

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MATÉRIA DE CAPA

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No limiteMARCOS BEZERRA/FUTURA PRESS

Número de veículos cresceu 108% em dez anos no Brasil; falta de infraestrutura contribui

para congestionamentos cada vez maiores

Número de veículos cresceu 108% em dez anos no Brasil; falta de infraestrutura contribui

para congestionamentos cada vez maiores

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201324

POR CYNTHIA CASTRO

PONTO DE ÔNIBUS Infraestrutura para transporte urba

Grande parte das cidadesbrasileiras já atingiu o li-mite da capacidade defazer as pessoas se des-

locarem com qualidade, seja parao trabalho ou para o lazer. A cadaano, milhares de veículos chegamàs ruas, e a falta de infraestruturaadequada para atender motoris-tas e pedestres gera dificuldadesdiárias, que extrapolam a hora dorush. Em 2012, foram licenciados3,8 milhões de novos veículos noBrasil, um aumento de 4,6% emrelação ao ano anterior. Se consi-derar somente automóveis, asvias do país, muitas já saturadas,ganharam mais 2,8 milhões deunidades em 2012 - um crescimen-to de 7,7% incentivado pela políti-ca de redução do IPI (Imposto so-bre Produtos Industrializados).

Em vésperas de Copa do Mun-do e diante do drama diário en-frentado pelos brasileiros que pre-cisam sair de casa e encarar otrânsito, a palavra mobilidade setornou recorrente. Muitos projetosestão em andamento, mas é ne-cessário dar agilidade para quepossam surtir um efeito mais per-ceptível. E, enquanto a infraestru-tura que garante essa mobilidadenão estiver disponível, com o in-vestimento prioritário em trans-porte público, a população conti-nuará sofrendo os efeitos dessecrescimento das cidades, confor-

me comentam alguns entrevista-dos pela CNT Transporte Atual.

“O Brasil está crescendo eco-nomicamente, está arrumando acasa, e isso é positivo. Mas perce-bemos falhas no planejamento,como em outros lugares do mun-do. Esse crescimento econômico epopulacional ocorre sem um rumodirecionado, sem o acompanha-mento da infraestrutura”, diz odoutor em políticas públicas IgorCarneiro, consultor do Banco Mun-dial, que apoia projetos de mobili-dade no Brasil.

Carneiro diz que em curto pra-zo é difícil resolver problemas es-truturais da falta de planejamentodas cidades. Mas cita que medidascomo a implantação de VLT (veícu-lo leve sobre trilhos), de corredo-res exclusivos de ônibus, redire-

VEÍCULOS NOVOS - 2012/2011Licenciamentos*Ano Nacionais Importados Total2012 3.007.006 795.065 3.802.0712011 2.775.347 857.901 3.633.248Variação + 8,3% - 7,3% + 4,6%

* Veículos licenciados (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus)

Licenciamentos por tipo de veículoTipo 2012 2011 Variação (%)Veículos leves 3.634.115 3.425.739 +6,1Automóveis 2.851.540 2.647.245 +7,7Comerciais leves 782.575 778.494 +0,5Caminhões 139.147 172.871 -19,5Semileves 6.522 7.897 -17,4Leves 33.343 38.925 -14,3Médios 11.852 14.576 -18,7Semipesados 45.881 57.955 -20,8Pesados 41.549 53.518 -22,4Ônibus 28.809 34.638 -16,8

Fonte: Anfavea

Na região Sudeste, há

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 25

cionamento de rotas de distribui-ção de mercadorias nas cidades,entre outras, são alternativas paraamenizar os problemas do trânsi-to nos centros urbanos.

“Mas o ideal é que haja o pla-nejamento. E, para que ele dê cer-to, precisa haver um acompanha-mento da realidade local. Há, porexemplo, a necessidade de secriar políticas para o desenvolvi-mento do campo, para que o jo-vem possa conseguir emprego láe não se sentir desvalorizado porisso”, afirma Carneiro. O doutorem políticas públicas comentaainda que a mobilidade urbana en-volve diversas áreas, além dotransporte, como energia, indús-tria, saneamento. “Tem que haverplanejamento estratégico urbanoe políticas que acompanhem e

no precisa ser melhorada no Brasil

JÚLIO FERNANDES/CNT

consigam evitar esse crescimentourbano desordenado.”

Os números disponibilizadospelo Denatran (Departamento Na-cional de Trânsito) dão a dimen-são de como tem aumentado afrota nas cidades brasileiras. Emum período de dez anos, de 2003para 2012, houve crescimento de108% no número de veículos dopaís, passando de 36,6 milhões pa-ra 76 milhões. Mais da metade(56%) são automóveis. A maiorfrota de veículos (incluindo carrosparticulares, ônibus, caminhões,motocicletas e outros) é a do Esta-do de São Paulo: 23,3 milhões.

Ao comparar os números de2003 com os de 2012, percebe-seque a região Norte do país foi aque apresentou o maior índice decrescimento, 202%. No Pará, porexemplo, onde se concentra amaior frota do Norte (1,3 milhão),o aumento em dez anos foi de221%. No Nordeste, o Maranhãoregistrou crescimento de 280%no número de veículos. E, emgrande parte desses municípios,tem aumentado bastante a frotade motocicletas.

DeslocamentosJunto desse aumento expressi-

vo da frota de veículos, do usocrescente do transporte individuale do crescimento populacional emalgumas regiões, torna-se cadavez maior o tempo gasto nos des-locamentos casa/trabalho. Um es-

FROTA NACIONALVeja o aumento da frota de veículos do país

Região/Unidade Frota 2012 Frota 2003 CrescimentoFederativa

Brasil 76.137.191 36.658.501 108%

Norte 3.573.678 1.184.259 202%

Acre 188.409 58.991 219%

Amapá 141.432 43.191 227%

Amazonas 643.859 245.677 162%

Pará 1.265.828 394.267 221%

Rondônia 700.065 236.384 196%

Roraima 152.239 54.076 181%

Tocantins 481.846 151.673 218%

Nordeste 11.939.732 4.448.287 168%

Alagoas 555.966 219.354 153%

Bahia 2.877.271 1.075.709 167%

Ceará 2.166.119 831.499 160%

Maranhão 1.079.655 284.251 280%

Paraíba 878.860 325.018 170%

Pernambuco 2.202.726 920.965 139%

Piauí 760.779 237.380 220%

Rio Grande do Norte 888.149 339.977 161%

Sergipe 530.207 214.134 148%

Sudeste 38.277.054 20.083.423 90%

Espírito Santo 1.481.976 639.288 132%

Minas Gerais 8.295.192 3.883.887 113%

Rio de Janeiro 5.212.996 2.894.882 80%

São Paulo 23.286.890 12.665.366 84%

Sul 15.409.291 7.928.580 94%

Paraná 5.954.243 2.969.668 100%

Rio Grande do Sul 5.514.581 3.076.512 79%

Santa Catarina 3.940.467 1.882.400 109%

Centro-Oeste 6.937.436 3.013.952 130%

Distrito Federal 1.420.971 732.874 94%

Goiás 2.929.508 1.224.620 139%

Mato Grosso 1.429.712 536.468 166%

Mato Grosso do Sul 1.157.245 519.990 122%

Fonte: Denatran

38 milhões de veículos

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particulares, o que contribui paramais engarrafamentos nas ruas.Entretanto, o especialista do Ipeaconsidera que o problema não é opreço mais acessível dos automó-veis, e sim a falta de investimentosuficiente para oferecer infraes-trutura e tornar o transporte pú-blico mais atrativo. “Ter automó-vel é um direito da pessoa. Não sepode querer restringir esse direi-to. A pessoa pode ter o carro, masa opção dela de usar o veículo ounão vai depender do investimentoque o transporte público e a infra-

que essa uma 1h20 perdida, emmédia, por dia, considera o deslo-camento casa/trabalho. Se foremcomputadas as horas para o lazer,o tempo perdido será ainda maior,o que afeta diretamente a qualida-de de vida do cidadão. “Esse tem-po de deslocamento é algo impor-tante na vida da pessoa, e o que seperde de forma desnecessária de-veria ter uma atenção maior.”

A melhoria da renda da popula-ção e a política do governo federalde redução do IPI para veículos fa-vorecem a aquisição de carros

úteis por mês e 11 meses detrabalho por ano, serão 13,4dias perdidos anualmente notrânsito. Ao longo de 35 anosde trabalho, a pessoa terá per-dido 470 dias no trânsito. Issoestimando que ela gaste so-mente 1h20 diária. Na realida-de de algumas capitais, muitosmoradores perdem bem maisdo que isso no trânsito.

O doutor em economia MiguelMatteo, diretor adjunto da Direto-ria de Estudos Regionais Urbanose Ambientais do Ipea, comenta

tudo do Ipea (Instituto de Pesqui-sa Econômica Aplicada), com baseem números da Pnad (PesquisaNacional por Amostra de Domicí-lio), mostra que 19% dos desloca-mentos diários do brasileiro nasregiões metropolitanas têm maisde uma hora de duração. Em 1992,esse índice era 15,7%.

O tempo médio de cada via-gem, na capital ou em algumacidade da região metropolita-na, é de 40 minutos em cadatrecho – 80 minutos ou 1h20por dia. Se considerar 22 dias

COLÔMBIA Sistema Transmilênio, com corredores

BRT atrairá mais passageirosEXPECTATIVA

A implantação de siste-mas BRT (Bus Rapid Transit)em várias cidades do Brasil éuma das principais apostaspara a melhoria da mobilida-de urbana. Atualmente, otransporte urbano por ôni-bus nas cidades tem cercade 55 milhões de passagei-ros por dia, e há uma expec-tativa de aumento de pelomenos 2% do número deusuários por ano.

Segundo o presidente daNTU (Associação Nacionaldas Empresas de TransportesUrbanos), Otávio Cunha, de-verá haver transferência de10% das viagens do transpor-te individual para o transpor-te coletivo, após a implanta-ção de todos os projetos. “Oíndice de satisfação no BRT émuito grande. Esses projetos

vão mudar a percepção quemuitos passageiros têm dosistema de ônibus. Isso já es-tá acontecendo no Brasil,com o corredor Transoeste,no Rio de Janeiro. Ele já foiinaugurado, ainda não estácompleto, e já melhorou mui-to o transporte.”

Otávio Cunha destacouque, nos próximos anos, se-rão investidos R$ 12,5 bilhõesem 29 projetos de BRT em 15cidades brasileiras. Esse re-curso, do governo federal,será aplicado na construçãoda infraestrutura necessáriapara a operação do sistema.Outros R$ 8 bilhões serão in-vestidos pela iniciativa priva-da, em quatro anos, na aqui-sição de veículos e outrosequipamentos, como siste-mas de tecnologia.

Em 35 anos de trabalho, a pessoa perde em média

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estrutura estão recebendo”, diz odoutor em economia.

Na avaliação de Matteo, o Bra-sil tem uma política de anos quefavorece o transporte individualem relação a várias outras medi-das. “Algumas opções foram fei-tas. A ampliação da marginal Tie-tê, em São Paulo, por exemplo,foi feita exclusivamente para otransporte individual. E o dinhei-ro gasto na obra dava para cons-truir alguns quilômetros de me-trô”, afirmou Matteo, ao reforçarainda que “se não investir forte-

mente em transporte público, es-sas grandes cidades do Brasilnão vão andar mesmo”.

IntervençõesO Ministério das Cidades cita

dois programas do governo fede-ral como alternativas para se tra-balhar pela melhoria da mobili-dade urbana nas cidades brasi-leiras: o PAC Mobilidade GrandesCidades e o PAC Mobilidade Mé-dias Cidades. No primeiro, serãodestinados R$ 33,2 bilhões para43 empreendimentos de infraes-

NTU/DIVULGAÇÃO

exclusivos para ônibus, permite transporte de mais qualidade em Bogotá

EXPERIÊNCIAS PELO MUNDOLondres (Inglaterra)• Sistema de redução de congestionamentos na área central reduziu

20% o tráfego de quatro rodas nessa área (75 mil veículos)• Corte de aproximadamente 100 mil toneladas de emissões de CO2 por ano• Recurso arrecadado é investido na melhoria do transporte -

fornecimento de mais ônibus, segurança rodoviária e eficiência energética• É cobrada uma taxa de congestionamento, no valor diário de 8 libras,

para a condução ou estacionamento de veículos na área delimitada,das 7h às 18h, de segunda a sexta-feira

• Não há cabines de pedágio. Motoristas pagam a taxa na web, por mensagem de texto SMS, em estabelecimentos com sistema de pagamento eletrônico ou por telefone

• Há câmeras nas entradas da zona delimitada. Quem não pagar a taxaserá multado em 100 libras. Se pagar em 14 dias, o valor é a metade

• Estão isentos táxis, veículos de aluguel privado e motocicletas. Outrostipos de veículos, como os de moradores da área, têm desconto de90% ou 100%

• A principal resposta por motoristas de carro é uma opção para o transporte público - cerca de 40 mil movimentos diários

• Houve grande aumento de passeios de bicicleta – aumento de 83% em toda a Londres, estimulado pela taxa de congestionamento

Bogotá (Colômbia)• O sistema Transmilênio alcançou um nível de produtividade muito alto,

de aproximadamente 1.600 passageiros diários por ônibus, reduzindo otempo de viagem em 32%

• Foi possível eliminar do serviço público 2.109 veículos, reduzindo as emissões de gases em 40% e tornando as zonas em torno dasestradas nacionais mais seguras

• Os acidentes reduziram 90% em todo o sistema• O Transmilênio é um sistema de trânsito rápido de ônibus em toda a

cidade. Possui cerca de 850 ônibus e tem uma demanda de 1,4 milhãode passageiros por dia

• Teve os objetivos de melhorar o sistema de transporte público, restringir o uso do automóvel privado, expandir e melhorar ciclovias e melhorar o espaço público

• Opera 18 horas por dia, com faixas exclusivas, ônibus de grande capacidade e estações de ônibus elevadas, que permitem pagamento antecipado e embarque rápido

Jacarta (Indonésia)• Em 2004, o corredor de ônibus TransJakarta iniciou as operações

com 12,9 km• A linha foi implementada em nove meses, depois de uma visita

do governador ao sistema BRT em Bogotá• O TransJakarta presta serviços para 39 milhões de pessoas e

reduz cerca de 120 mil toneladas de CO2 por ano• São 12,9 km totalmente segregados, com corredor busway • Estações de ônibus fornecem plataformas elevadas para garantir

o embarque e o desembarque rápido• O sistema é oficialmente integrado com dois outros serviços

de alimentação• O número de passageiros aumentou de 16 milhões em 2004 para

39 milhões em 2006• Isso se atribui à maior cobertura com as novas linhas, eficiência

de tempo e confiabilidade, conforto e segurança

Fonte: Site www.c40cities.org

470 dias no trânsito

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trutura para transporte urbanoque já estão definidos - comoBRTs, VLTs, metrô, transporte hi-droviário. Esse recurso é divididoentre orçamento geral da União,financiamentos e contrapartidade Estados e municípios. No se-gundo programa, para as médiascidades, deverão ser disponibili-zados R$ 7 bilhões por meio de fi-nanciamentos, e os projetos ain-da estão sendo selecionados.

“O objetivo é fomentarações estruturantes para o sis-tema de transporte coletivo ur-bano, contribuindo assim paramelhorar a qualidade de vidada população”, disse a diretorade Regulação e Gestão da Se-cretaria Nacional de Transpor-te e da Mobilidade Urbana, Isa-bel Sales de Melo Lins. Ela citatambém a importância da lei nº12.587/2012, que institui as dire-trizes da Política Nacional deMobilidade Urbana, que devepriorizar o transporte coletivosobre o individual.

Além dos problemas de con-

gestionamento, especialmentenos grandes centros, o aumentodo número de veículos nas ruasdas cidades contribui para omaior registro dos acidentes epara a maior poluição do ar. Opesquisador Miguel Matteo lem-bra que, nos últimos anos, temocorrido um aumento expressivono número de motocicletas nopaís e, consequentemente, nosacidentes causados por esse tipode veículo. “Tem havido um au-mento avassalador de pessoasque passaram a usar a moto. Oscustos com os acidentes tambémsão altíssimos, e o risco é muitogrande.” Atualmente, a frota demotocicletas representa 22,21%da frota total do Brasil.

De forma geral, o número deacidentes no Brasil preocupa,conforme alerta a última Pesqui-sa CNT de Rodovias. O estudoaponta que segundo o relatóriode estatística de acidentes rodo-viários do Dnit (DepartamentoNacional de Infraestrutura deTransportes), em 2011, foram re-gistrados cerca de 188,9 mil aci-dentes nas rodovias federais po-liciadas. Cerca de 6.000 a maisdo que no ano anterior. Mais de28 mil pessoas sofreram lesõesgraves em 2011 e foram 8.500 ví-timas fatais. O custo com aciden-tes em rodovias federais foi deR$ 15,7 bilhões em 2011.

Leia na página 30 reporta-gem sobre logística urbana.

POLUIÇÃO Número excessivo de veículos aumenta poluição

J. DURAN MACHFEE/FUTURA PRESS

AÇÕESVeja algumas medidas que serão implantadas no Brasil para melhorar a mobilidade

• Salvador: Sistema integrado de transporte metropolitano• Fortaleza: Implantação da linha leste do metrô, programa de transporte urbano• Brasília: Sistema de transporte de passageiros eixos Sul e Oeste, expansão

e modernização do metrô• Belo Horizonte: Implantação de terminais metropolitanos de integração,

rede de metrô• Recife: Corredores de transporte público fluvial, sistema de transporte rápido

por ônibus, perimetral – via metropolitana, corredores exclusivos de ônibus• Curitiba: Linha azul do metrô• Rio de Janeiro: VLT e BRT, metrô• Porto Alegre: Sistema de transporte integrado metropolitano, metrô• São Paulo: Linha São Bernardo do Campo, corredor de ônibus• Manaus: Ligações viárias• Goiânia: BRT norte-sul• São Luís: Novo anel viário, avenidas• Belém: BRT• Campinas: Plano de mobilidade urbana• Guarulhos: Programa de mobilidade urbana• Maceió: Corredor VLT aeroporto-Maceió• Campo Grande: Reestruturação do sistema integrado de transporte• João Pessoa: VLT metropolitano, rede integrada de corredores• Teresina: Melhoria e ampliação do transporte ferroviário, plano diretor de

transporte e mobilidade urbana• Nova Iguaçu: Sistema sobre trilhos aeromóvel• Natal: Revitalização da linha Ribeira-Extremoz, reestruturação de corredores

de transporteFonte: Ministério das Cidades

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“Transporte público é vital para uma cidade”

ENTREVISTA

Oaumento de veículos cir-culando nos grandescentros traz transtorno à

vida das pessoas, pois dificultaa mobilidade urbana e contribuitambém para elevar a poluição,causando danos ambientais e àsaúde. Para estimular as açõesque promovam redução deemissões, o grupo C40 reúne 63cidades ao redor do mundo quese comprometeram em imple-mentar medidas sustentáveis. Ogrupo tem uma parceria com aFundação William JeffersonClinton (do ex-presidente norte-americano Bill Clinton). A repre-sentante do C40 no Rio de Ja-neiro, Cristina Mendonça, co-menta que as cidades precisamplanejar seus sistemas de for-ma integrada, impactando posi-tivamente na qualidade de vidada população. Para isso, investirem transporte público, com tec-nologias mais sustentáveis, éum caminho fundamental. Leiaa seguir trechos da entrevista.

Como é o trabalho do C40no Brasil em relação à mobili-dade urbana?

O C40 (Cities Climate Lea-dership Group) foi criado porcidades para cidades. Fundadaem 2005, é hoje uma organiza-ção de destaque global e redede 63 cidades comprometidascom a redução das emissões degases de efeito estufa e com osriscos climáticos. C40 apoia ascidades a identificar, desenvol-ver e implementar políticas eprogramas locais que têm im-pacto global coletivo.

Quais projetos são apoia-dos no Brasil?

No Brasil, um de nossos

principais destaques é o Pro-grama de Teste de Ônibus Hí-bridos e Elétrico, no qual te-mos trabalhado com as cida-des C40 de Curitiba, Rio de Ja-neiro e São Paulo, juntamentecom Bogotá (Colômbia) e San-tiago (Chile). O programa foiestruturado pela C40-CCI,com o apoio financeiro doBanco Interamericano de De-senvolvimento, para ajudar ascidades a tomar decisões re-lativas à tecnologia de ônibus,de acordo com teste de de-sempenho, em condições es-pecíficas de condução e ciclosde rodagem de cada cidade.Com especial atenção para oscustos de operação de ônibuse para a emissão de poluentesatmosféricos locais e de ga-ses de efeito estufa.

Como se dá?O programa estabelece in-

vestimento em ônibus híbri-dos e elétricos para cidades eoperadores de transportes lo-cais. Compila e compartilharesultados junto à rede departicipantes, partes interes-sadas e cidades latino-ameri-canas. E, finalmente, tem co-mo meta catalisar a implanta-ção de até 9.000 ônibus entreas cidades da América Latinadurante os próximos quatroou cinco anos, proporcionan-do redução das emissõesanuais de CO2 em 475 mil tone-ladas. Um relatório detalhadoserá lançado no primeiro tri-mestre de 2013, demonstrandoque essas tecnologias sãouma solução para reduzir asemissões de gases de efeitoestufa e melhorar a condiçãode qualidade do ar.

Há projeto que engloba ca-minhões de lixo?

No Rio de Janeiro, a C40também está trabalhandoem parceria com a FundaçãoCoppetec, junto ao Programade Engenharia de Transporteda Universidade Federal doRio de Janeiro, para imple-mentar um projeto piloto defrota verde em caminhõesde lixo. O objetivo é demons-trar que a mudança climáti-ca também é uma oportuni-dade de negócio. É possívelreduzir o consumo de com-bustível, reduzir as emissõesde gases de efeito estufa e,ao mesmo tempo, proporcio-nar economias com reduçãode custo operacional. As re-duções de combustível se-rão obtidas principalmentepela mudança de comporta-mento do motorista.

Qual é a importância dotransporte público, tanto aose pensar mobilidade como re-dução de emissões?

C40 reconhece que o trans-porte público, assim comoqualquer grande infraestrutu-ra, é vital para uma cidade.C40 está apoiando as cidadespara planejarem o sistema deforma integrada de maneiraque impacte positivamente naqualidade de vida (mínima po-luição e impacto à saúde),atenda às demandas econômi-cas da cidade e seja amigável doponto de vista ambiental (míni-mas emissões de poluentes lo-cais e globais). Os sistemas BRTimplementados em várias cida-des C40 são bons exemplos deque essa estratégia é viável. Eseus benefícios sociais, econô-micos e ambientais estão inter-relacionados. l

JÚLIO FERNANDES/CNT

Cristina Mendonça, representante do Grupo C40 no Rio de Janeiro

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201330

Conseguir abasteceras cidades de todosos produtos neces-sários para o dia a

dia das pessoas, para o co-mércio e serviços, para osatendimentos em saúde e pa-ra tudo que é fundamental aofuncionamento de qualquer

município é um grande desa-fio que envolve também a ne-cessidade de melhoria da mo-bilidade. O tema logística ur-bana tem ganhado cada vezmais espaço. Ainda neste se-mestre, devem ser concluídastrês publicações sobre o as-sunto, elaboradas pelo CLUB

(Centro de Logística Urbanado Brasil) – um grupo formadopor pesquisadores que rece-bem apoio de entidades públi-cas e privadas, com o objetivode desenvolver e disseminarconhecimento nessa área.

As publicações foram enco-mendadas pelo Banco Mundial

e pelo BID (Banco Interameri-cano de Desenvolvimento) evão mostrar estudos e expe-riências bem-sucedidas paramelhorar a distribuição demercadorias. O trabalho écoordenado pelo doutor emengenharia de transporte epresidente do Club, OrlandoFontes Lima, professor da Uni-camp (Universidade Estadualde Campinas), e pela doutoraem engenharia de produção,Leise Kelli, professora daUFMG (Universidade Federalde Minas Gerais), coordenado-ra-executiva do Club.

Foram realizados encontrosnas cidades de Guarulhos (SP),Belo Horizonte (MG), Fortaleza(CE), Campinas (SP), São Paulo(SP), Curitiba (PR) e Brasília(DF). O último deles, na capitalfederal, ocorreu em dezembrode 2012, na sede da CNT, com otema “Discutindo soluções pa-ra a distribuição de mercado-rias nas cidades brasileiras”.Participaram representantesde bancos, de universidades,do setor de transporte, da in-dústria e de organizações nãogovernamentais.

Logísticaurbana

POR CYNTHIA CASTRO

PLANEJAMENTO

Estudo coordenado por professores da Unicamp e UFMGmostra estratégias para a distribuição de mercadorias

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 31

Leise Kelli, que também éprofessora adjunta da Escola deEngenharia da UFMG, destacouque pensar soluções é algo fun-damental porque a logística ur-bana é um bem essencial paratodas as pessoas e, muitas ve-zes, esse abastecimento de mer-cadorias que acontece nas viasdas áreas urbanas nem sempreé bem-visto por todos. “Nin-guém vive sem mercadoria. A

distribuição urbana de produtosé um bem necessário, que mui-tos veem como um mal desne-cessário. Então, é preciso reveresse conceito com urgência, de-senvolver pesquisas e mostrarsoluções.”

No estudo que será concluí-do neste semestre, estarãodescritos diferentes proble-mas enfrentados por cidadesbrasileiras. A professora da

UFMG comenta que recente-mente foi feito um diagnósticona cidade de Belo Horizonte.Entre os indicadores da pes-quisa, está a constatação deque 56% das vagas de carga edescarga são ocupadas porveículos particulares.

“Aí está um grave problema.Não se consegue entregar a car-ga porque a vaga própria para oveículo de carga está ocupada

pelo veículo particular. Em BeloHorizonte, as mercadorias quemais se entregam são alimentose bebidas. Percebemos entãomais uma vez a necessidade dese pesquisar esse assunto. Nin-guém vive sem comer. É precisobuscar alternativas positivas”,explica Leise Kelli.

A professora da UFMG relataque foi levantada, nesse caso dacapital mineira, a possibilidadede se concentrar as entregas noperíodo da noite, no momentoem que o trânsito da cidade es-tá mais tranquilo. Entretanto,em Belo Horizonte, há um pro-blema que inviabiliza essa estra-tégia e que também pode serevidenciado em outros municí-pios: a falta de segurança parase fazer entregas noturnas.

“As soluções têm que serpensadas conforme a realidadede cada lugar”, comenta Leise.Uma alternativa, conforme apesquisadora, é a implantaçãode um centro de distribuição ur-bana. O veículo de carga degrande porte chega a esse cen-tro, localizado próximo à áreaurbana, e de lá são feitas as en-tregas por veículos menores, in-

JÚLIO FERNANDES/CNT

ABASTECIMENTO Entrega de produtosem centros urbanos enfrenta dificuldadecom a falta de mobilidade

ABASTECIMENTO Entrega de produtosem centros urbanos enfrenta dificuldadecom a falta de mobilidade

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Ele afirmou que o BancoMundial pode auxiliar na apli-cação de estratégias paramelhorar a logística urbana,porque há uma experiênciamundial em projetos de mo-bilidade. Também destacouque pode ser feito um servi-ço específico de consultoria.E um terceiro ponto impor-tante é o auxílio no caso deempréstimos.

O diretor técnico da NTU(Associação Nacional das Em-presas de Transportes Urba-

as políticas públicas são o iníciode um importante caminho parase desenvolver a logística urba-na e também outros problemasde mobilidade. Entretanto, eleenfatizou que de nada adiantamas políticas, se não houver umaavaliação sobre o impacto realque as medidas estão tendo nacidade. “O Brasil tem política pa-ra tudo, mas nem sempre temação. Tem que implementar oque está sendo proposto. Qual-quer plano só é efetivo se afetaa vida do cidadão.”

clusive com tecnologias maisambientalmente adequadas, co-mo veículos a gás ou elétricos,conforme Leise. “Com isso, con-seguimos também reduzir asemissões nas cidades.”

Para que as cidades possamse planejar melhor, tanto as ex-periências que deram certo co-mo as que não deram serãoabordadas no estudo. “O impor-tante é promover soluções inte-ligentes que melhorem a distri-buição urbana de mercadorias eque reduzam os impactos nega-

tivos provocados por essa ativi-dade”, conclui Leise.

EstratégiaDurante a reunião, na sede da

CNT, em Brasília, cada partici-pante citou medidas importan-tes para se melhorar a logísticaurbana, como o estabelecimen-to de rotas alternativas, a neces-sidade de se melhorar a infraes-trutura de transporte, de inves-tir na renovação de frota.

O consultor do Banco Mun-dial, Igor Carneiro, afirmou que

PORTO DE SANTOS Local concentra veículos antigos, que também transitam nas

É preciso reduzir a idade da frota

URGÊNCIA

A idade da frota de cami-nhões no Brasil é muito avan-çada, contribuindo assim pa-ra diversos problemas, inclu-sive para agravar a situaçãodos congestionamentos nosgrandes centros urbanos,prejudicando também a quali-dade da logística urbana. Es-se foi um dos temas de desta-que durante a reunião na CNT,no fim do ano passado.

Atualmente, o país tem cer-ca de 400 mil caminhões commais de 20 anos circulando nopaís. Muitos trafegam princi-palmente em áreas portuáriase também nos centros urba-nos. É comum esses veículosapresentarem problemas me-cânicos, contribuindo para osengarrafamentos.

Como a maioria pertenceaos caminhoneiros autônomos,que têm dificuldades de conse-guir financiamentos, a CNT de-

fende a implantação de umprograma específico no Brasil,que facilite a aquisição de umveículo novo por parte dos au-tônomos e que também traceuma estratégia que permita areciclagem desses veículos. Em2009, a confederação entregouao governo federal o RenovAR(Plano Nacional de Renovaçãoda Frota de Caminhões).

A coordenadora do Despo-luir – Programa Ambiental doTransporte – desenvolvido pelaCNT há quase seis anos, MarileiMenezes, reforçou que o planode renovação de frota da Con-federação consolida mecanis-mos econômicos, financeiros efiscais com ênfase em créditoao transportador autônomo eretirada de circulação de veícu-los antigos. “É preciso tambémpromover a reciclagem dos veí-culos antigos que já chegaramao fim de sua vida útil.”

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 33

estar bem claro para todos, aose pensar nas soluções.”

O vice-presidente da Fetran-sul (Federação das Empresas deLogística e Transporte de Cargasno Estado do Rio Grande do Sul),Milton Schmitz, também desta-cou a importância de se investirem transporte público para de-sincentivar o uso de veículo par-ticular. “Criar bolsões de esta-cionamento no entorno das ci-dades, de onde a pessoa possapegar um veículo do transportecoletivo, é um caminho.” l

nos), André Dantas, esteve pre-sente na reunião na sede daCNT. Ele destacou que as dis-cussões técnicas e políticas re-ferentes à logística urbana têmque sempre considerar a im-portância dessa atividade paraa sociedade. Investir nas me-lhorias do transporte de mer-cadorias e também de passa-geiros é fundamental, confor-me Dantas. “O transporte decargas e o transporte de passa-geiros têm características deessencialidade. E isso tem que

cidades; renovação de frota é necessária DEBATE Reunião na CNT, em Brasília, discutiu alternativas para a logística urbana

DANIEL VILLAÁA/DI·RIO DO LITORAL/FUTURA PRESS

JÚLIO FERNANDES/CNT

Conheça algumas propostas sugeridas durante o encontro na CNT

• Desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a logística urbana e ação para implementar as medidas propostas

• Cidades precisam de estratégias para reduzir congestionamentos• Otimizar atividades logísticas nas áreas urbanas com rotas alternativas

e/ou horários alternativos• Criar políticas públicas para restringir automóveis em algumas áreas• Utilização de caminhões

menores para fazer a distribuição nos grandes cen tros• Trabalhar pela redução da idade da frota de caminhões no país• Priorização de faixas exclusivas para ônibus

EM DEBATE

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MERCADO

Omercado de veículoscomerciais leves vemdemonstrando evolu-ção ao longo dos

anos. Desde 2009, o número deemplacamentos aumenta gra-dativamente, o que, para trans-portadores e fabricantes, podeser explicado pela restrição dehorários para carga e descargade caminhões nos principaiscentros urbanos do país. Oaquecimento desse mercadomotivou a realização de umafeira exclusiva, a VUC Fair (Sa-lão dos Veículos Comerciais Le-ves), que está sendo preparadapara meados de 2014.

A VUC Fair espera receber 20mil visitantes, entre profissio-nais de empresas frotistas e deempreendedores, que depen-dem dos veículos urbanos decarga em seus processos dedistribuição nas grandes cida-des. Mais informações no sitehttp://www.vucfair.com.br.

“Caminhões médios e gran-des estão proibidos de circularnas metrópoles. Segundo dadosdo Sindipeças (Sindicato Nacio-nal da Indústria de Componen-

tes para Veículos Automotores),os veículos comerciais levescresceram 11%, no comparativode 2011 em relação a 2010, en-quanto os caminhões anotaramaumento de 3%”, afirma Gian-franco Linder, diretor da feira.

Ele afirma que, diante da ten-dência de crescimento desse sub-setor da indústria automotiva, “os

veículos urbanos de carga já me-recem um tratamento diferencia-do quanto às mostras setoriais.”

Dados da Fenabrave (Federa-ção Nacional da Distribuição deVeículos Automotores) apontampara um crescimento de 14,19%de emplacamentos de comer-ciais leves, em 2012, em relaçãoao ano anterior.

São considerados como co-mercial leve todos os veículosvendidos no Brasil que possuemPBT (peso bruto total) de até 3,5toneladas. Picapes, vans, fur-gões e utilitários esportivos sãoclassificados como tal.

Para Urubatan Helou, presi-dente da transportadora Bras-press, o crescimento do merca-

Leves eVenda de veículos comerciais leves cresce de forma

POR LETICIA SIMÕES

Page 35: Revista CNT 209

frota de comerciais leves sãomaiores se comparados aos doscaminhões. “A ampliação darestrição para circulação de ca-minhões no centro de São Pau-lo, por exemplo, trouxe umaelevação de custo de 17% naatividade das transportadoras”,afirma o executivo. A Braspresspossui uma frota de 800 veícu-

los comerciais leves operandoem todo o Brasil. A idade médiaé de 2,8 anos.

Helou afirma que os VUCs (si-gla para veículos urbanos decarga) têm capacidade de cargalimitada. “Eles não são viáveis. Atransportadora precisa carregartrês veículos do tipo em vez decarregar um veículo médio, o

que ocupa ainda mais espaçonas vias de rolamento.”

Flávio Benatti, presidente daNTC&Logística (Associação Na-cional do Transporte de Cargase Logística) e da seção detransporte de cargas da CNT,ratifica que a logística das em-presas com as restrições sofreumudanças pontuais. “A opera-ção passou a ser feita em veí-culos menores, o que aumentao tempo do processo de entre-ga e o custo. O transporte delongas distâncias, para ficarmais rentável, é feito em gran-des caminhões. Já próximo aoscentros urbanos, a carga preci-sa ser dividida em veículos me-nores, o que causa um aumentode tempo e de custo.”

Na capital paulista, a multapara caminhões que transitamem locais e horários não per-mitidos é de R$ 85,13. É consi-derada uma infração médiacom acréscimo de quatro pon-tos na CNH (Carteira Nacionalde Habilitação).

O CTB (Código de TrânsitoBrasileiro) prevê, além do Códi-go da Infração 574, aplicado emSão Paulo, o Código 575, cujamulta é de R$ 127,69 para a

do de comerciais leves tambémpode estar atrelado ao aumen-to da atividade econômica nopaís. “Uma economia mais so-fisticada atrai mercadoria commaior valor agregado. Conecta-do a esse fortalecimento eco-nômico, as restrições nas áreasurbanas vieram também.”

Segundo Helou, os custos da

m altaconstante há cinco anos nas grandes cidades do país

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ÃO.

PRODUÇÃO Linha de montagem de veículos levesPRODUÇÃO Linha de montagem de veículos leves

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201336

damente, 107 mil veículos co-mercializados de janeiro a no-vembro de 2012”, diz o diretor.

Ele acredita que o aumentodas vendas de veículos comer-ciais leves é uma consequênciada necessidade de transportede carga dentro dos centros ur-banos, que deve ser feito porveículos adequados ao perfildas grandes cidades. “A maiorvocação dos veículos comer-ciais leves está ligada à agilida-de e à economia no transportedentro dessas áreas.”

Rodrigues afirma que o trân-sito intenso das metrópoles não

VUCs mantém destaque entreos veículos comerciais. “En-quanto houve uma queda for-te nas vendas de caminhões ede ônibus, os VUCs apresen-tam estabilidade.”

A Fiat produz cinco modelosde comerciais leves no Brasil.Mas a montadora sentiu os efei-tos da indisponibilidade de die-sel no primeiro semestre do anopassado. A escassez do combus-tível impactou nas vendas domodelo de van Ducato. “O desta-que da marca no segmento é aStrada, que tem participação de17% do mercado com, aproxima-

mesma transgressão, sendoconsidera infração grave circu-lar em locais e horários nãopermitidos para caminhões eônibus. O Denatran (Departa-mento Nacional de Trânsito),por meio de sua assessoria, in-forma que a definição de qualinfração será aplicada cabe aosEstados e municípios.

Metrópoles como Rio de Janei-ro, Belo Horizonte, Porto Alegre,Curitiba, além de Campinas e oGrande ABC (Diadema, São Bernar-do do Campo, Santo André e SãoCaetano do Sul), em São Paulo, sãoalgumas das cidades brasileirasque também têm restrições quan-to à circulação de caminhões.

Alexandre Oliveira, diretorde vendas da Renault do Brasil,diz que essas medidas impul-sionaram as vendas dos veícu-los comerciais leves da marca.“De janeiro a novembro do anopassado, foram vendidos12.863 veículos comerciais le-ves. Esse montante representaum aumento de 43,9% com re-lação ao mesmo período doano anterior.”

Segundo ele, a van Masterfoi o modelo que mais se so-bressaiu. “Houve um aumen-to de 70% nas vendas desseveículo entre janeiro e no-vembro de 2012, quando com-parado ao mesmo período de

2011. A Renault tem fila de es-pera para esse automóvel e,mesmo aumentando a produ-ção, a empresa não chegouao nível ideal para atender atodos os pedidos.”

Oliveira afirma que os mer-cados de São Paulo e Rio de Ja-neiro concentram o maior nú-mero de vendas da montadora.“São Paulo é responsável por45% do volume nacional devendas da Renault.”

Para Antonio Sérgio Rodri-gues, diretor de desenvolvi-mento da Rede de Veículos Co-merciais da Fiat, o mercado de

ALTERNATIVA Transportadoras trocaram os caminhões pesados pelos

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 37

permite ao transporte de car-gas fracionadas um veículogrande para suas entregas.“Eles têm dificuldades de esta-cionamento e não conseguem,durante a jornada de trabalho,distribuir todo o conteúdo quecaberia em um caminhão.”

Ronan Hudson, diretor da Ja-dLog, defende o uso dos veícu-los comerciais leves. Segundoele, os modelos são ideais para omercado atendido pela trans-portadora. “Para o segmento decarga expressa fracionada, tra-balhar com veículo de pequenoporte facilita o trabalho, pois a

companhia alcança qualquer fai-xa de CEP disponível.”

De acordo com ele, a frota co-mercial leve oferece maior agili-dade e eficiência no transportede cargas. A JadLog possui umafrota de 1.600 veículos leves, en-tre vans e utilitários, com idademédia de quatro anos, operandoem todos os Estados. A empresainvestiu em novos veículos depequeno porte para substituiros maiores. “Caminhões foramsupridos por vans para trafegarem perímetros urbanos com res-trições. Dessa maneira, os veícu-los leves realmente represen-

tam uma alternativa às empre-sas de transportes.”

Hudson considera as restri-ções “naturais”. “Em São Pau-lo, por exemplo, toda a logísti-ca está adaptada às mudan-ças. A empresa sempre utili-zou veículos leves para otransporte de cargas.”

Flávio Benatti, da NTC&Logís-tica, acredita que as transporta-doras precisam se adaptar paraminimizar os custos. “Algumasempresas estão instalando seuscentros de distribuição fora daszonas de restrições para que astrocas de veículos sejam feitas

no local. Assim, o motorista se-gue sua viagem ao destino final.”

Helou, da Braspress, confir-ma que as empresas têm inves-tido nessa alternativa. “Astransportadoras fizeram com-pras maciças de veículos co-merciais leves para atenderseus clientes. Em São Paulo,muitas estão criando terminaiscomo ponto de apoio para ten-tar minimizar os impactos e nãoinviabilizar a atividade.” l

Leia mais sobre os centrosde distribuição nas margensdas rodovias na edição nº 206.

veículos leves devido às restrições impostas no trânsito nas grandes cidades

MERCADO DE VUCEvolução da venda de veículos comerciais leves

BRASPRESS/DIVULGAÇÃO

Unidades emplacadas

0

100.000

2008

475.125

529.981

677.418780.229

792.485

2009 2010 2011 2012

Fonte: Fenabrave

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

900.000

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201338

Otransporte clandes-tino de passageirosvem sendo combati-do pelos governos

há décadas. Ações da ANTT(Agência Nacional de Trans-portes Terrestres), em coope-ração com a PRF (Polícia Ro-doviária Federal), e dos DERs(Departamentos de Estrada deRodagem) dos Estados tentammitigar essa prática ilegal,que se concentra, principal-

mente, nas regiões Nordeste eSudeste do país. Os riscos dese trafegar em veículos dotransporte irregular são inú-meros, mas o valor cobrado,inferior às tarifas tradicionais,ainda atrai os usuários.

De acordo com Renan Chiep-pe, presidente da Abrati (Asso-ciação Brasileira das Empresasde Transporte Terrestre de Pas-sageiros), a incidência maior declandestinos entre as regiões

Nordeste e Sudeste se deve àmigração de trabalhadores.“Esse trajeto requer implanta-ção de linhas longas, sujeitas àcobiça de transportadores des-compromissados com as exi-gências legais e fiscais vigen-tes”, diz o dirigente.

O transporte de passageirostem sua competência repartidanos termos da Constituição Fe-deral de 1988. Compete tantoaos municípios (transporte lo-

cal) quanto aos Estados (trans-porte intermunicipal) e à União(transporte interestadual e in-ternacional) legislar sobre o as-sunto. Minas Gerais é um exem-plo de unidade da federação quetem leis próprias sobre o tema.

O DER-MG (Departamento deEstrada de Rodagem de Minas Ge-rais) realizou, em 2012, uma opera-ção na região de Montes Claros,norte do Estado, batizada de Cate-dral. De acordo com João Afonso

Ações contraa ilegalidade

POR LETICIA SIMÕES

PASSAGEIROS

Iniciativas públicas e privadas combatemo transporte clandestino nas rodovias

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 39

Baeta Machado, diretor de fiscali-zação da autarquia, o norte minei-ro agrupa o maior volume de clan-destinos do Estado. “A operaçãofoi realizada na praça Catedral,onde há concentração de clandes-tinos. Esse tipo de ação é realiza-da quando é identificado, atravésdo serviço de inteligência, que asoperações rotineiras não conse-guem atenuar o problema.”

Este ano, o DER-MG focou suasações em outros municípios que,

O órgão informa que 8.516 pas-sageiros que trafegavam no trans-porte clandestino foram obriga-dos a realizar o transbordo paraveículos regulares. As operaçõesde transbordo para o transporteregular somaram, em todo Estado,1.323 até o fim de setembro.

Ficar no meio do caminhosem poder prosseguir a viagemé apenas um dos diversos peri-gos ao qual o passageiro estásujeito por optar pelo transpor-te irregular.

O inspetor Nilson Restanho,instrutor da área de transporte daPRF, diz que o passageiro que seaventura no transporte clandesti-no não tem a cobertura do segurode responsabilidade civil, obriga-tório nas empresas regulares, en-tre outros contratempos recorren-tes. “Esse benefício asseguraatendimento ao usuário no casode algum acidente.”

Restanho alerta ainda paraoutros descumprimentos. “Veí-culos clandestinos não passampela inspeção técnica veicularanual. Todos que operam notransporte regular são aferidosapós vistoria. Além disso, oscondutores são motoristas sem

igualmente a Montes Claros, têmforte incidência de transporte ir-regular, como Pirapora, tambémna região norte, e Teófilo Otoni, nonordeste mineiro.

De acordo com Machado, 90%do transporte dessas regiões éclandestino. O DER-MG confirmaque a frota clandestina em MinasGerais supera a legalizada: são 20mil clandestinos contra 16.470 re-gulares. “Com operações persis-tentes, a tendência é desestimular

novos irregulares e degenerar onegócio dos existentes.”

O DER mineiro realizou, somen-te na região de Montes Claros, atéo dia 30 de setembro, 317 opera-ções. Em todo o Estado, no mesmoperíodo, foram 1.286 fiscalizações.Dos veículos retidos em opera-ções diversas da autarquia, visan-do não só o transporte irregular,13.339 eram clandestinos (não háespecificação se são ônibus, vans,ou veículos de passeio).

OPERAÇÃO Até setembro de 2012, foram realizadas quase 1.300 fiscalizações em Minas Gerais

FOTOS BERNADETE AMADO/DIVULGAÇÃO

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to Intermunicipal dos Conduto-res Autônomos de Veículos Ro-doviários, Taxistas e Transporta-dores Rodoviários de Bens deMinas Gerais), Dirceu EfigênioReis. “As blitze e as campanhasprecisam ser constantes. Termais fiscais nas avenidas e nasestradas, além de agentes edu-cadores no trânsito, é funda-mental para combater o trans-porte clandestino".

A ANTT (responsável pelafiscalização do transporteinterestadual e internacio-

empresas não regulares em to-do o Brasil. “Falta um esforçomaior por parte das autoridadesresponsáveis no sentido de efe-tivar fiscalizações mais constan-tes e campanhas visando aconscientização dos usuários. Épreciso um quadro maior de fis-cais e de agentes que possamajudar no combate a essa práti-ca tão danosa”, diz o dirigente.

Reforçar as fiscalizações eaumentar o número de agentessão alternativas apontadas pelopresidente do Sincavir (Sindica-

contrato de trabalho, que nãorealizam exame de saúde paraatestar suas condições.”

O inspetor destaca também apossibilidade de os passageirosserem abandonados na estradaem caso de pane mecânica ou aci-dente. “Não há garantia de conti-nuidade da viagem.”

Chieppe, da Abrati, afirmaque a entidade e suas associa-das vêm contribuindo para ocombate aos clandestinos, de-nunciando aos órgãos compe-tentes os pontos utilizados por

nal de passageiros) afirma,por meio de sua assessoria,que tem procurado aumen-tar sua capacidade de fisca-lização, investindo em meiospróprios, e ampliando o al-cance das fiscalizações, pormeio de convênios com ór-gãos estaduais.

Ainda segundo a agência, sem-pre que a autarquia trata do as-sunto na imprensa, os riscos a queestão sujeitos os cidadãos que uti-lizam essa forma ilegal de trans-porte são ressaltados.

SUGESTÕES Reforçar as fiscalizações e aumentar o número de

À margem da lei e do controle

MONITORAMENTO

As medidas para aplacar otransporte clandestino emtodo o Brasil, apesar de se-rem frequentes, como afirmaa ANTT, parecem não ser sufi-cientes para frear a atividadee as consequências sofridaspor empresas regulares e pe-los passageiros.

A agência, por meio desua assessoria, afirma que éextremamente difícil o moni-toramento sistematizado dosacidentes que envolvem otransporte clandestino.

Renan Chieppe, presidenteda Abrati, diz que as empre-sas regulares são “sistemati-camente” prejudicadas poresse tipo de transporte. “Esti-ma-se, informalmente, que30% dos clientes usuais de li-nhas longas migraram para otransporte clandestino, atraí-dos, principalmente, pelo pre-ço mais baixo das passagens,já que o transporte irregularnão é onerado por nenhum ti-po de tributo.”

O inspetor Nilson Resta-nho, instrutor da área detransporte da PRF, afirma que

o sistema nacional, computa-do pela ANTT, abrange aci-dentes de maneira geral, en-volvendo tanto ônibus per-missionários quanto veículosdo transporte clandestino,sem distinção. Por isso, nãoexistem dados oficiais envol-vendo desastres e avariascom os irregulares.

De acordo com o inspetor,a PRF, em autuações de par-ceria com a ANTT, apreendeu,em todo o país, 1.121 veículosclandestinos em 2011. E dia 30de setembro de 2012, 2.051.

Restanho afirma que é ne-cessário dar celeridade aosprocessos judiciais contra osclandestinos. Segundo ele,quando o veículo é autuado eretido pelas operações de fis-calização, o proprietário con-segue recurso para retirá-lo evolta a operar. “O processo édemorado. O dono do veículoirregular apresenta uma de-fesa prévia e continua a cir-cular. Além disso, não há pre-visão legal para reter a car-teira de habilitação do condu-tor autuado nesses casos.”

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De acordo com ele, o Sinca-vir mantém uma parceria como DER-MG, com o objetivo dedenunciar os pontos de con-centração dos clandestinos emtodo o Estado.

Edgar Ferreira de Souza,presidente da Federação Na-cional dos Taxistas e Trans-portadores Autônomos dePassageiros, afirma que tantocooperativas quanto autôno-mos precisam agir juntos paracoibir o transporte irregularna atividade. “O país inteiro

A ANTT afirma ter conhecimen-to de todas as autuações feitaspelos seus próprios fiscais e pelosórgãos com os quais têm convêniopara a fiscalização do transporteinterestadual e internacional depassageiros. Apesar disso, a agên-cia não divulgou os números.

A agência ratifica que asações de fiscalização que realizaperiodicamente possuem efeitoinibidor e afirma que, à medidaque se aumenta o volume dasinspeções, dificulta-se a açãodos clandestinos.

Reis, do Sincavir, diz que otransporte ilegal é prejudicial aosistema, pois coloca em risco a vi-da dos passageiros e deprecia otrabalho dos profissionais capaci-tados para exercer a profissão.“Em Belo Horizonte, nos reunimosperiodicamente com a BHTrans(órgão gestor do trânsito na capi-tal mineira) para cobrar mais fis-calização nos pontos de táxis es-palhados pela cidade, em portasde hotéis e, sobretudo, nos arre-dores da rodoviária e dos aeropor-tos da cidade”, afirma o dirigente.

padece desse delito. O prejuí-zo para o condutor legal vaialém da questão financeira. Aimagem do serviço de táxitambém fica manchada.”

De acordo com Paulo João Es-tausia, presidente da CNTT (Confe-deração Nacional dos Trabalhado-res em Transportes), um dos maio-res problemas dessa prática é sua“popularização” e o consequentedesemprego gerado aos trabalha-dores regulamentados pelos Esta-dos e municípios.

“Enquanto um trabalhador re-gistrado tem direitos garantidosassegurados por meio das Con-venções Coletivas de Trabalho epela própria legislação trabalhis-ta, quem trabalha nesse tipo detransporte não tem e, cedo ou tar-de, acaba somando-se à lista dedesempregados.”

Estausia ressalta que é comumo condutor do transporte clandes-tino não possuir a CNH (CarteiraNacional de Habilitação) corres-pondente à atividade. Segundoele, uma legislação única poderiafacilitar o controle.

“Uma lei federal é fundamen-tal para limitar o poder dos mu-nicípios que legislam os trans-portes. As cidades não têm con-dições de fazer a fiscalizaçãoperiódica gerada pela demanda.Com uma regra exclusiva, têm-se mais condições de regula-mentar e fiscalizar o transportede passageiros.” l

agentes podem inibir o transporte ilegal

TRANSPORTE CLANDESTINO NO BRASILVeículos irregulares autuados pela Polícia Rodoviária Federal em todo o país

*até o dia 30 de setembro

Principais direitos dos passageiros garantidos pelo transporte regular

(Estabelecido pela resolução nº 1.383, de 29 de março de 2006)

• Liberdade de escolha

• Pontualidade, segurança, higiene e conforto, do início ao término da viagem

• Garantia de sua poltrona no ônibus

• Acesso às informações acerca do horário, tempo de viagem, localidades

atendidas e preço de passagem

• Transporte gratuito da bagagem (bagageiro e porta-embrulhos) e

comprovantes dos volumes transportados no bagageiro

• Indenização por extravio ou dano da bagagem transportada no bagageiro

• Alimentação e pousada, nos casos de venda de mais de um bilhete de

passagem para a mesma poltrona, ou interrupção ou retardamento da viagem

• Assistência em caso de acidente

Fonte: PRF

02010 2011 2012

5.508

1.121

2.051*

1000

2000

3000

4000

5000

6000

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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FOTOS PREFEITURA DE CUBATÃO/DIVULGAÇÃO

Implantação deve ser neste ano; espaço vai estimularpesquisas e mostrar como o município reduziu a poluição

BAIXADA SANTISTA Polo industrial de Cubatãoatua nas áreas de siderurgia, petroquímica, fertilizantes, cimento, entre outras

Cubatão terácentro ambientalCubatão terácentro ambiental

BAIXADA SANTISTA Polo industrial de Cubatãoatua nas áreas de siderurgia, petroquímica, fertilizantes, cimento, entre outras

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Com a instalação desse novo es-paço, o professor e economistaAdalto Corrêa de Souza Júnior in-forma que a cidade deve ganharum importante centro de pesqui-sas ambientais com estudos quefavorecem a redução da poluição.

Ele explica que os cursos daárea de meio ambiente do Uni-monte (geologia, oceanografia,gestão ambiental, engenharia am-biental) terão Cubatão como labo-ratório. “Cubatão é um dos maio-res exemplos mundiais de recupe-ração. O município tem um dos

mente quais equipamentos serãoinstalados. Mas uma das propos-tas, segundo o secretário deMeio Ambiente, Daniel Ravanelli,é que o centro abrigue um acer-vo histórico do polo industrial deCubatão, do desenvolvimentotecnológico e da recuperaçãoambiental. E também que pos-sam ser estimuladas pesquisasem diversas áreas, como sanea-mento e resíduos sólidos.

O Unimonte participou daRio+20 e está envolvido na im-plantação do centro em Cubatão.

Omunicípio de Cubatão,na Baixada Santista, de-verá ganhar até o fimdeste ano o Centro de

Pesquisa e Gestão Ambiental, queserá implantado no Parque Ecoló-gico Cotia-Pará. Além de acompa-nhar e pesquisar estratégias paraa conservação ambiental do muni-cípio, o centro de pesquisas terá amissão de resgatar e manter oacervo de informações técnicas ecientíficas que registram a histó-ria da recuperação ambientalocorrida na cidade.

Também está prevista a execu-ção de projetos de conservação esustentabilidade em parceria cominstituições nacionais e interna-cionais, públicas e privadas. O pro-tocolo de intenções para a instala-ção foi assinado pela prefeitura domunicípio e pela Elog, empresa delogística do grupo EcoRodovias,em junho do ano passado, durantea Rio+20 (Conferência das NaçõesUnidas sobre DesenvolvimentoSustentável), no Rio de Janeiro.Um dos parceiros é o Unimonte(Centro Universitário Monte Ser-rat), de Santos.

Por enquanto, a ideia estásendo formatada para que osparticipantes possam viabilizar oespaço. Ainda não estão defini-dos os investimentos nem exata-

principais polos petroquímicos daAmérica do Sul, e temos de explo-rar mais essa questão ambiental,que é voltada para as soluções im-plantadas”, diz Souza.

Outra possibilidade a ser pes-quisada, conforme o professordo Unimonte, é a área de animaisselvagens. Ele comenta que ocentro universitário tem um cen-tro de triagem desses animais,que passará a funcionar em Cu-batão. “Em função da expansãoeconômica da região, muitaságuias, gaviões, tamanduás e ou-

MUDANÇA Na implantação do polo industrial da cidade, houve um volume excessivo de

POR CYNTHIA CASTRO

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tros animais são afetados. Elessão encaminhados para a univer-sidade, que faz o tratamento e osdevolve para o ambiente adequa-do. Um dos braços de pesquisado novo centro será a fauna.”

ImagemNo passado, Cubatão ganhou

fama internacional por causa doselevados índices de poluição, comconsequências gravíssimas para omeio ambiente e para a popula-ção. Os níveis alarmantes compro-meteram a saúde das pessoas.

Manifestaram-se em chuvas áci-das, problemas respiratórios e al-tos índices de crianças nascendocom más-formações.

Com várias ações e planeja-mento estratégico, foi possívelreverter o cenário negativo. Co-mo a cidade abriga um impor-tante polo industrial, não é pos-sível dizer que hoje não há po-luição em Cubatão, como reco-nhece o secretário de Meio Am-biente de Cubatão. Mas ele fazquestão de ressaltar que asemissões estão sob controle e

poluição; estratégias de recuperação serão mostradas em centro ambiental

Linha do tempo sobre CubatãoLocalizaçãoCubatão fica ao pé da serra do Mar, na Baixada Santista, cerca de 60 km de São Paulo

1803 É ordenada a edificação do Povoado de Cubatão 1841 É incorporado a Santos

1860 Obra da construção da linha férrea

1947 Com o desenvolvimento da região, é construída a Via Anchieta

1949 Emancipação da cidade

1955 Início da implantação do polo industrial

DÉCADA DE 80 Cubatão é considerada pela ONU a “cidade mais poluída do mundo”

1982 Cubatão tem uma degeneração ambiental violenta, causada pelaindustrializaçãoPassa a ser conhecida como “Vale da Morte”

1984 Incêndio da Vila SocóTragédia fica conhecida em todo o mundo

1985 Vazamento de amônia provoca um desastre ambiental na Vila Parisi

Prefeitura e Estado trabalham em um projeto de preservação ambiental, emparceria com a ONU

DÉCADA DE 90 E A PARTIR DO ANO 2000Cubatão torna-se “Exemplo Mundial de Recuperação Ambiental” com a voltade um símbolo de sua fauna, o guará-vermelho

A união entre indústrias, comunidade e governo controlou 98% do nível depoluentes no ar

1992 É realizada a Conferência Rio-92 (Eco-92)A cidade recebe da ONU o título de “Cidade Símbolo da Recuperação Ambiental”

2005 É assinada a implantação da Agenda 21 de Cubatão

Fonte: Livro “Agenda 21 de Cubatão - Uma história feita por muitas mãos”

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201348

que há um trabalho forte na ci-dade para resguardar a qualida-de ambiental.

“A poluição é inerente a qual-quer atividade industrial. Mas éuma preocupação constante queas normas sejam cumpridas a ca-da instalação de uma nova indús-tria e também pelo grupo de in-dústrias já existentes”, diz o se-cretário Daniel Ravanelli.

De acordo com Ravanelli, Cu-batão é um case vivo de recupe-ração. Ele lembra que os mora-

dores da cidade sofreram muitocom as mazelas da poluição. Acidade começou a se industriali-zar, de forma desordenada, porvolta dos anos 50 e 60.

“Quando se alcançou umgrau de saturação elevadíssimoem termos de poluentes, no fimda década de 80, houve um es-forço da Cetesb (Companhia deTecnologia de Saneamento Am-biental), da prefeitura, do poloindustrial e da comunidade parareverter o quadro. As várias me-

ABRANGÊNCIA

HistóricoDegradação e recuperação

Qualidade do ar• No início da década de 80, era elevadíssima a emissão diária de poluentes

pelas fontes industriais e houve degradação da vegetação da serra do Mar,próximo às indústrias

• A Mata Atlântica foi atingida, provocando erosão nas encostas, escorrega-mentos de solo e assoreamento das drenagens superficiais, resultando emriscos às instalações industriais e bairros próximos, além de inundações

• A destruição da vegetação atraiu a atenção de instituições nacionais e internacionais e se tornou objeto de estudo de pesquisadores que identificaram os poluentes mais críticos, permitindo ações de controle da poluição do ar

• Com o Programa de Controle de Poluição Atmosférica de Cubatão, implantadoem 1983, foram identificadas 230 fontes primárias de poluição do ar e foramimplantados sistemas de controle, com alta tecnologia

• A execução do programa nas décadas de 80 e 90 apresentou resultados designificativa relevância para a qualidade ambiental, gerando redução decerca de 98,8% das emissões inicialmente identificadas

Qualidade das águas superficiais• Nos períodos mais críticos da poluição hídrica, nos anos 70 e 80, a

contaminação das águas superficiais produziu uma acentuada redução deoxigênio nas águas dos principais rios da região, impedindo a sobrevivênciados peixes e outros organismos aquáticos nos locais mais próximos aoslançamentos industriais

• Também levou à contaminação dos sedimentos e da biota aquática (conjunto de seres vivos que vivem na água) do estuário de Santos

• Esse processo foi revertido a partir da instituição do Programa de Controleda Poluição das Águas, que resultou na implantação de sistemas de controleem 100% das fontes industriais e do esgoto doméstico coletado

Resíduos e contaminação do solo• A existência de áreas contaminadas decorrentes da disposição

inadequada de resíduos sólidos industriais e domésticos e de produtos e matérias-primas contribuiu para a contaminação do solo e das águas subterrâneas

• A Cetesb identificou várias áreas contaminadas (incluindo postos de combustíveis). Para cada uma delas, vem implementando um plano de ação para controle e monitoramento

Acidentes ambientais• Junto ao processo de expansão industrial, verificava-se uma grande

ocorrência de acidentes ambientais, como derrames de óleo, vazamentos de produtos químicos, combustíveis e efluentes, explosões e incêndios, acidentes com trens, veículos de carga e embarcações

• Esses acidentes frequentemente produziam vítimas humanas e contaminavam ambientes terrestre e aquático

• Foi criado o Programa de Gerenciamento de Riscos, com ações preventivas e planos de ação de emergência, para atender às emergências ambientais e para conter a poluição em casos de acidente

• O programa tornou-se ação de rotina das indústrias e representou reduçãodas ocorrências e de sua gravidade

Fonte: Site www.novomilenio.inf.br, com base

em texto do livro "Cubatão 2020 - A Cidade que Queremos"

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(Centro das Indústrias do Esta-do de São Paulo), de Cubatão.São indústrias de grande porte,nas áreas de siderurgia, petro-química, fertilizantes, cimento,entre outras.

O diretor titular do Ciesp,Valdir Caobianco, também dire-tor industrial da Vale Fertilizan-tes, afirma que desde a décadade 80 vem sendo realizado umforte trabalho para controlaras principais fontes de polui-ção. “Houve uma recuperação

história feita por muitas mãos".A publicação traz dados dascondições ambientais, sociais,econômicas e urbanísticas domunicípio e também as medi-das programadas para os próxi-mos anos. “A Agenda 21 de Cu-batão é usada pela prefeitura.Foi construída em 2006, com osprojetos prioritários para o de-senvolvimento, com foco nagestão ambiental e também so-cial, educacional, de logística”,diz Caobianco. l

importante da serra do Mar. Te-mos também hoje, por exem-plo, o controle on-line deefluentes. São muitas medidasimportantes”, diz Caobianco,ao ressaltar que, na renovaçãoda licença ambiental, as em-presas precisam apresentarplanos de melhorias ambien-tais, além de cumprirem asquestões obrigatórias.

Durante a ConferênciaRio+20, foi lançado o livro“Agenda 21 de Cubatão - uma

didas fizeram com que a cidadefosse reconhecida pela ONU (Or-ganização das Nações Unidas)como cidade símbolo da recu-peração”, afirma o secretário.

PoloSegundo Ravanelli, o centro

ambiental que será instalado nacidade irá contar todos os deta-lhes da recuperação e as exi-gências que as indústrias preci-sam cumprir. Atualmente, há 50empresas associadas ao Ciesp

Cubatão tem papel estratégico para movimentação no porto de Santos

Estigma atrapalha cidadeDESAFIO

Conseguir se livrar do es-tigma de ter sido consideradapela ONU a cidade mais poluí-da do mundo, na década de 80,é um grande desafio de Cuba-tão, conforme ressalta o pro-fessor Adalto Corrêa de SouzaJúnior, do Unimonte. Ele co-menta que a cidade obteve oreconhecimento da Organiza-ção das Nações Unidas comosímbolo de recuperação am-biental, mas que o lado negati-vo acaba prevalecendo na me-mória das pessoas.

“A mensagem negativa émuito forte, e precisamos mu-dar isso. Quando viajo, sempreperguntam sobre como está oar da cidade. E hoje a qualida-de do ar da área urbana de Cu-batão é melhor do que a daavenida Paulista. Mas é difícilreverter essa imagem”, afirma.

Na opinião do professor,com a instalação do centroambiental, Cubatão mostrarápara o mundo que há solução.“No fim dos anos 70 e iníciodos anos 80, a imagem da ci-dade havia sido muito afetada.E o centro vai mostrar toda atrajetória para mudar”, diz.

O professor destaca que,além do exemplo de recupera-ção, Cubatão tem muitos pon-tos positivos que nem sempresão lembrados. Entre eles, es-tá o fato de ser uma cidadeque oferece suporte para oporto de Santos, tão importan-te para o Brasil e para a Amé-rica Latina. “É uma cidade degrande importância, em váriosaspectos. Isso precisa ser maisdivulgado.”

Quem quiser conhecer maissobre a história de Cubatão po-de acessar o jornal eletrônico“Novo Milênio” pelo sitewww.novomilenio.inf.br. Criadohá 13 anos pelo jornalista Car-los Pimentel Mendes, o jornalaborda temas sobre os municí-pios da Baixada Santista. Lá es-tão reportagens, estudos e ou-tras informações sobre toda ahistória de Cubatão. “Pode seruma fonte de pesquisa sobre acidade, antes e depois da recu-peração ambiental”, comentaMendes. O livro “Agenda 21 deCubatão - Uma história feitapor muitas mãos” também trazinformações relevantes sobreo município.

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201350

Aintensificação da atividadepetrolífera no Brasil vem sen-do apontada por especialistase autoridades como o fator

principal de ocorrências de vazamentosem águas nacionais. Segundo a classifi-cação dos incidentes reportados à ANP(Agência Nacional de Petróleo, Gás Na-tural e Biocombustíveis), a maioria dosacidentes comunicados em 2011 está re-lacionada à ocorrência de danos aomeio ambiente, ocasionados, principal-mente, por derramamentos de fluidos eresíduos oleosos. Apesar disso, o índicede vazamentos no país é consideradoabaixo da média mundial.

Ângela Alonso Rangel, assessora deassuntos marítimos e ambientais do Co-mando de Operações Navais da Mari-nha, afirma que a legislação brasileiradetermina que toda instalação ou estru-tura marítima em que haja potencial pa-ra ocasionar poluição por óleo possuaum PEI (Plano de Emergência Individual)para fazer frente a um possível inciden-te ambiental. “Ele deve ser acompanha-do de uma estrutura mínima com equi-pamentos e pessoal capacitado paraprover resposta rápida e adequada auma emergência em suas instalações.”

De acordo com ela, para os inciden-tes de grandes proporções é previstoum PNC (Plano Nacional de Contingên-cia), que consiste em uma diretriz geralpara o acionamento e para a mobiliza-

VAZAMENTOS

Propostas

POR LETICIA SIMÕES

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HIDROCLEAN/DIVULGAÇÃO

em discussão

País carece de um Plano Nacional de Contingência

para combater emergências de grandes proporções

País carece de um Plano Nacional de Contingência

para combater emergências de grandes proporções

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201352

rada por um grupo de trabalho in-terministerial, coordenado peloMinistério de Minas e Energia, eminterlocução com o Ministério doMeio Ambiente, a Marinha do Bra-sil, a indústria do petróleo, a Defe-sa Civil, o setor de transporte e ór-gãos não governamentais. Procu-rado pela reportagem para falarsobre a situação atual do PNC bra-sileiro, o Ministério do Meio Am-biente não se manifestou.

Para Ângela, a proposta do pla-no é um marco fundamental nadefinição dos espaços de atuaçãoe das responsabilidades dos entes

ção dos órgãos do poder público eentidades privadas nas ações.

Contudo, o Brasil ainda nãodispõe de um PNC para combateremergências de grandes propor-ções, como o ocorrido em 2010, nogolfo do México, envolvendo a pla-taforma Deepwater Horizon.

O acidente aconteceu em umaregião de intensa exploração depetróleo. O equipamento de emer-gência falhou. A plataforma afun-dou e a tampa do poço se abriudando início ao vazamento. Foramnecessários três meses de inter-venções e um investimento deUS$ 6,1 bilhões para que o fim dovazamento fosse confirmado pelapetroleira British Petroleum, res-ponsável pela exploração.

Segundo Ângela, o acidente nogolfo do México motivou as auto-ridades brasileiras a retomar asdiscussões do PNC. “Existe a preo-cupação com a exploração de pe-tróleo e gás natural nas camadasdo pré-sal, que carece de um PNC.Um plano desse porte poderiatambém ter auxiliado no vaza-mento de óleo da sonda SEDCO-706, ocorrido na bacia de Campos,em novembro de 2011.”

A responsável pela explora-ção na bacia de Campos, à épo-ca desse vazamento, era a pe-troleira Chevron. Em março de2012, a empresa identificou umnovo vazamento. A petroleirasolicitou à ANP a suspensão

temporária da exploração no lo-cal, onde foi vazado um total de2.400 barris de óleo.

O motivo alegado para sus-pender as atividades foi por“precaução”. Na oportunidade, aChevron divulgou nota oficial emque afirmava estar investigandoas causas do afloramento deóleo. O último monitoramento daMarinha brasileira mostrou quea mancha se afastava em dire-ção ao alto mar.

A assessora do Comando deOperações afirma que a atual pro-posta do PNC brasileiro foi elabo-

públicos e privados no caso de ce-nários acidentais de significâncianacional. “Essas ocorrências de-mandam para o seu combate econtrole uma ação nacional coor-denada, visando à minimizaçãodos danos ambientais.”

Segundo o engenheiro químicoPaulo César Magioli, consultor am-biental da Hidroclean, empresa es-pecializada no enfrentamento avazamentos, o Brasil ainda precisadefinir alguns parâmetros queservirão de base para o PNC, comoos Planos de Área, que vão envol-ver os diversos PEIs.

APOIO Barreira móvel tenta impedir o avanço de óleo no mar para

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 53

Os Planos de Área também se-rão executados e elaborados pe-los possíveis poluidores de umadeterminada área de atuação,sob coordenação dos órgãos am-bientais estaduais. “O Brasil estáno caminho certo para possuirum sistema eficiente ao combatede vazamentos em seu território.O país vai responder com eficiên-cia às suas responsabilidades”,afirma Magioli.

Floriano Pires, professor de en-genharia naval e oceânica da Cop-pe (Instituto Alberto Luiz Coimbrade Pós-Graduação e Pesquisa de

Engenharia), da UFRJ (Universida-de Federal do Rio de Janeiro), dizque o Brasil não possui um volumerelevante de vazamentos, mas ra-tifica que o enfrentamento dasocorrências deve ser revisto. “Oque se discute é o sistema de con-tingência ideal para as ocorrên-cias. Esse enfrentamento não estáno mesmo nível de outros países,nos casos de acidentes de maio-res proporções.”

Apesar de reconhecer que oBrasil está atrás de outras na-ções no que diz respeito à elabo-ração e efetivação de um PNC, Pi-

res destaca que o controle dasembarcações que operam no paísé rigoroso, por isso as ocorrên-cias ainda são poucas.

Ângela Rangel, da Marinha, dizque, por não possuir um PNC emvigor, o Brasil segue a resoluçãodo Conama nº 398/2008, que clas-sifica os derramamentos em pe-quenos (estimados em até 8 me-tros cúbicos de produto derrama-do), médios (entre 8 metros cúbi-cos e 200 metros cúbicos) e gran-des (volume estimado maior que200 metros cúbicos).

De acordo com ela, a Autorida-

de Marítima possui uma estrutu-ra competente para acompanhare avaliar os incidentes de polui-ção por óleo nos níveis pequenose médios, sem a necessidade deacionamento de um PNC. A equi-pe fica a postos durante 24 horaspor dia, 365 dias por ano e estáespalhada nas subdivisões daMarinha, como no Comando deOperações Navais, nos distritosnavais, nas capitanias dos portose nas delegacias.

Magioli, da Hidroclean, diz quenão existe uma tecnologia exclusi-vamente voltada para conter e

ECOSORB/DIVULGAÇÃO

Danos ao meio ambiente e à pescaALERTA

De acordo com a classifica-ção dos incidentes reportadosà ANP em 2011, 28,48% dos co-municados estavam relaciona-dos a danos ao meio ambien-te. Segundo o relatório, o der-ramamento ocorrido no Cam-po de Frade, na bacia de Cam-pos (RJ), com 581,1 metros cú-bicos derramados, representa95,5% de todo volume de pe-tróleo vazado no período.

A analista ambiental Fer-nanda Inojosa, coordenado-ra de prevenção do Ibama,afirma que “alguns em-preendimentos potencial-mente poluidores” contamcom instrumentos de alerta,como cartilhas que orientamcomunidade, pescadores eportuários, quando um vaza-mento é verificado.

Segundo ela, o risco decada vazamento é avaliadoqualitativa ou quantitativa-

mente nas análises de riscode cada empresa. “Os impac-tos ambientais advindos deum acidente vão depender devários fatores, tais como o ti-po de produto, volume vaza-do, sensibilidade do localatingido, condições climáti-cas, entre outros.”

Com relação às conse-quências para a pesca em re-giões onde há vazamentos, aanalista diz que cada ocor-rência tem suas especificida-des. “Em algumas situações énecessário suspender a pes-ca de determinada região;em outras, a atividade nãochega a ser afetada.”

O engenheiro químicoPaulo César Magioli, consul-tor ambiental da Hidroclean,afirma que os estragos am-bientais em decorrência devazamentos podem ser“imensos”. “Os óleos perdu-

ram pouco tempo no meioaquoso facilitando o proces-so de limpeza, já que pos-suem alta volatilidade. Mas,em contrapartida, o poucotempo que persistem na águasão extremamente danososdevido à sua alta toxicidade,causando prejuízos por vezesirreversíveis às espécies ma-rinhas mais sensíveis.”

De acordo com ele, as espé-cies com pouco ou nenhumpoder de locomoção, comomoluscos (ostras e mexilhões)ou crustáceos (camarões, sirise caranguejos) são pratica-mente destruídas, “inclusiveas espécies juvenis, mais sen-síveis que as adultas”.

Magioli acrescenta aindaque todo esse contexto influidiretamente nos recursospesqueiros. “O que decreta,inevitavelmente, o decrésci-mo da atividade.”

evitar maiores danos ao meio ambiente

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201354

evitar vazamentos. “O que é feitoé o emprego das melhores tecno-logias para exploração, produção,transporte e transferência de hi-drocarbonetos (compostos quími-cos), assim como a aplicação dasmelhores práticas operacionais epreventivas, considerando-sesempre os aspectos de saúde, se-gurança e meio ambiente.”

O engenheiro destaca que asempresas de petróleo atuantesno país têm demonstrado alto ní-vel de proficiência, buscando pro-priedade de produção com segu-rança e qualidade ambiental. “Pe-quenos percalços sempre ocor-

rem, pois vazamentos, mesmoque não sejam tão significativos,acontecem.”

Vladimir Ranevsky, presidenteda Ecosorb, também especializadano combate e prevenção de vaza-mentos, afirma que o trabalho dascompanhias especializadas con-siste basicamente em prevenção eintervenção. “No que se refere àprevenção, é necessário analisar edefinir claramente os pontos maispropensos a acidentes nos pro-cessos operacionais. Em seguida,deve-se formular um plano deemergência focando ações e sis-temas necessários para garantir a

OPERAÇÃO Placa de

ÓLEO NO MAREvolução dos acidentes reportados à ANP

Derrame ou vazamento de petróleo ou derivados

020

72

101

8679

406080100120

Derrame ou vazamento de outras substâncias

05

2007 2008 2009 2010 2011

1015202530354045

Derrame ou vazamento de água oleosa

010

2007 2008 2009 2010 2011

2007 2008 2009 2010 2011

2030405060708090

100

0

60

7

18

39

Derrame ou vazamento de fluido de perfuração

05

2007 2008 2009 2010 2011

Fonte: ANP

1015202530354045

05

15

27

42

2 724

95

59

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 55

segurança nas operações, além demedidas de emergência em casode um acidente e um esquemabem definido de recolhimento edescarte do material vazado.”

Segundo Ranevsky, os custosenvolvidos nas ações de conten-ção e combate a vazamentos sãoproporcionais ao tamanho da ope-ração. “Certamente prevenir umacidente é muito mais barato doque combatê-lo. Suas consequên-cias atingem, inclusive, a imagemda empresa envolvida.”

O executivo aponta comomaior incidência de contaminaçãoos hidrocarbonetos em sua forma

natural (petróleo) ou seus deriva-dos (combustíveis). “As operaçõesna costa brasileira têm aumenta-do significativamente nos últimosdez anos, seja pelo aumento docomércio exterior ou pelo incre-mento das atividades de pesquisae produção de petróleo.”

Ele acredita que a quantidadede vazamentos deve aumentarproporcionalmente ao aumentoda atividade nas águas brasilei-ras. “Os principais culpados pe-los vazamentos são navios e em-barcações que utilizam óleo co-mo combustível e que também otransportam, além de platafor-

vel.” A analista não explicitouquais são as penas passíveis deserem aplicadas.

Conforme o relatório de aci-dentes ambientais da entidade,em 2011, os acidentes em platafor-mas de petróleo representaram13% do total de ocorrências. “Osacidentes originados em embar-cações representaram 6% e os re-gistrados em portos, 2% do núme-ro total”, diz a analista.

Segundo dados da Ipieca (As-sociação Internacional da Indús-tria do Petróleo e ConservaçãoAmbiental, na tradução livre pa-ra o português), fornecidos pelaHidroclean, os principais vaza-mentos de pequenas propor-ções (abaixo de 8 metros cúbi-cos) são verificados nas opera-ções de carga e descarga, com37% das ocorrências; outrasoperações portuárias, com 15%;seguida do abastecimento deembarcações e da ruptura docasco da embarcação por coli-são, ambas com 7% dos casosde vazamento em todo o mundo.

“Pelas informações da Ipiecafica claro que em áreas de atra-cação ocorrem os menores vaza-mentos, como consequência dasatividades de transferência dehidrocarbonetos. Os principaismotivos são erros operacionais efalta de manutenção adequadados equipamentos de transferên-cia”, diz Paulo Magioli. l

mas de prospecção e produçãode petróleo e gás.”

Magioli enfatiza que para tiposdiferentes de vazamento existemtécnicas de contenção distintas.“As operações levam em conta di-versas variantes como o local dovazamento (terra ou mar), se atin-giu córrego, rio, lagoa, baía, estuá-rio ou se foi em alto mar; além dascondições meteorológicas e ocea-nográficas (correntezas predomi-nantes, maré, energia de ondas).”

Durante o evento, diz o enge-nheiro, também são avaliadascaracterísticas do óleo (densi-dade, viscosidade, ponto de ful-gor, volatilidade etc). “Todos es-ses aspectos vão ditar quais téc-nicas de contenção serão apli-cadas em cada caso.”

A analista ambiental Fernan-da Inojosa, coordenadora deprevenção do Ibama (InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente edos Recursos Naturais Renová-veis), diz não ser possível apon-tar uma causa principal para osvazamentos no Brasil. “Normal-mente os acidentes são causa-dos por mais de uma falha.”

De acordo com ela, o Ibamatrabalha preventivamente naavaliação da resposta ao aciden-te ambiental e, também, no mo-nitoramento posterior da áreaafetada. “Se necessário, a autar-quia aplica as sanções adminis-trativas cabíveis ao responsá-

HIDROCLEAN/DIVULGAÇÃO

oleo é retirada por funcionário da Hidroclean, em Santos, no litoral paulista

Page 56: Revista CNT 209

Fôlego ren

Aeroportos de cidades do interior registram

aumento significativo na movimentação de passageiros

Aeroportos de cidades do interior registram

aumento significativo na movimentação de passageiros

Aeroportos de cidades do interior registram

aumento significativo na movimentação de passageiros

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 57INFRAERO/DIVULGAÇÃO

AVIAÇÃO

ovado

POR LETICIA SIMÕES

Os aeroportos médios do Brasil vivem ummomento especial com o crescimento ex-cepcional da demanda de passageiros, so-bretudo, nos últimos dois anos. Dos aero-

portos desse porte administrados pela Infraero, ode Uberlândia (MG) e o de Londrina (PR), por exem-plo, foram os que mais movimentaram passageirosentre janeiro e setembro do ano passado com, res-pectivamente, 756.493 e 819.820 passageiros. Osterminais médios de São Paulo também seguemanotando aumento na demanda, assim como osinstalados no Paraná. A expectativa do setor aéreoé que essa tendência de crescimento continue des-de que a estabilidade da economia nacional semantenha nos atuais níveis ou os supere.

Segundo o Daesp (Departamento Aeroviário doEstado de São Paulo), responsável pela administraçãode 31 aeroportos médios instalados pelo interior pau-lista, o terminal de Marília cresceu 156% na movimen-tação de passageiros de 2011 para 2012. Foram 21.613passageiros movimentados em 2011 e 55.486 no anopassado, entre janeiro e outubro.

O aeroporto médio de maior movimentação emSão Paulo entre 2010 e 2012, conforme o Daesp é ode Ribeirão Preto. Em 2010, foram 677.768 passagei-ros, já em 2011, mais de 1,114 milhão. Somente entrejaneiro e outubro de 2012 o terminal registrou amovimentação de 912.813 passageiros.

A consultora em marketing e mercado SimoneEscudeiro, diretora de projetos e estudos de merca-do da All Consulting, empresa de consultoria comestudos focados no setor aéreo, afirma que as tari-fas mais “enxutas” contribuíram para o crescimen-to do setor como um todo, culminando na maiormovimentação de passageiros nos aeroportos mé-dios do Brasil. “A redução de custos por parte dascompanhias áreas refletiu no aumento da movi-mentação também para os voos regionais.”

UBERLÂNDIA Aeroporto tem demanda crescente nos últimos anosUBERLÂNDIA Aeroporto tem demanda crescente nos últimos anos

Page 58: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201358

LONDRINA Aeroporto da cidade registrou

Para Pedro Galdi, estrategistade investimentos da consultoraSLW, a recuperação da renda dapopulação brasileira, somada àmudança de patamar na deman-da do transporte aéreo, forçou osetor a “olhar” para novos ru-mos. “A aviação regional tem pa-pel fundamental nesse processo.Essa demanda requer melhoriano serviço prestado.”

Dados das Infraero ratificamque a demanda nos aeroportosmédios está a todo vapor. O termi-nal de Ilhéus (BA) registrou au-mento de embarques e desembar-ques em 2011, com 513.095 passa-geiros, frente aos 412.572 movi-mentados no ano anterior. Entrejaneiro e setembro do ano passa-do, foram 409.976 passageiros.

Ainda segundo a autarquia, osprincipais aeroportos médios se-guem aumentando a movimenta-ção de passageiros desde 2009.Em Uberlândia foram movimen-tados mais de 570 mil passagei-ros naquele ano. De 2011 para2010 o crescimento foi de maisde 84% com 765.395 passageirosmovimentados em 2010, e907.288 no ano seguinte.

No terminal de Londrina, oaumento entre 2010 e 2011 fi-cou acima de 78%. Foram732.433 passageiros em 2010, e961.876 em 2011.

Entre janeiro e agosto doano passado, o aeroporto deLondrina registrou aumento de

em equipamentos para aumen-tar o conforto e a segurançados passageiros.

Uma das intervenções previs-tas é a construção de um novoterminal de passageiros para oaeroporto de Ilhéus. A Infraeroconfirma que a elaboração dos es-tudos ambientais para o empreen-dimento está em andamento.

De acordo com a autarquia,para 2013 está previsto um inves-timento da ordem de R$ 2,9 bi-lhões para os 63 aeroportos sobsua administração. A empresa

16%, e o de Uberlândia, 14% ,no mesmo período.

A Infraero, por meio de suaassessoria, afirma que o aumen-to da movimentação de passa-geiros nos aeroportos médiosestá relacionado ao crescimentoda aviação brasileira como umtodo. Segundo a autarquia, apresença de empresas queatuam e investem em voos re-gionais fortaleceu o setor.

Para dar conta da crescentedemanda, a empresa ressaltaque tem investido em obras e

não especificou quanto dessemontante será aplicado nosaeroportos de médio porte.

Em São Paulo, o aeroportode Bauru também cresceu auma taxa significativa: 85% namovimentação de passageirosde 2011 para 2012, de janeiro ajulho. Foram 103.510 passagei-ros no ano passado e 55.840no ano anterior.

Já o aeroporto de Jundiaíregistrou crescimento de 9%na movimentação de passagei-ros no mesmo período. Foram

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 59

11.443 passageiros em 2011 e12.474 no ano passado.

O Daesp atribui o crescimentoà melhoria na infraestrutura dosaeroportos. Por meio da assesso-ria, a autarquia afirma que, em2011, foram destinados R$ 60 mi-lhões para os 31 aeroportos geri-dos pelo departamento.

No ano passado, o repasse foide R$ 78 milhões, destinados aobras que incluem construção determinais de passageiros, amplia-ção de pistas e aquisição de cami-nhões de bombeiro.

quase 1 milhão de passageiros em 2011

GILBERTO ABELHA/GAZETA DO POVO/FUTURA PRESS

O departamento afirma queentre as intervenções que aindaserão executadas estão reformase ampliações dos terminais depassageiros dos aeroportos deSão José do Rio Preto, PresidentePrudente e Araçatuba e novos ter-minais de passageiros para osaeroportos de Marília e Araçatuba.De acordo com o Daesp, essasobras vão duplicar as áreas opera-cionais dos aeroportos.

O aeroporto de Ribeirão Pretofoi o terminal médio paulista querecebeu o maior montante de in-

vestimentos. Foram destinados R$10 milhões para ampliação demais de 300 vagas de estaciona-mento, que conta atualmente com540 vagas. Já foram executadas aconstrução de edificações opera-cionais, a urbanização da áreafrontal, a construção de abrigosde equipamentos de sinalização eo redimensionamento da ilumina-ção do pátio de aeronaves, entreoutras melhorias.

O projeto executivo para umnovo terminal de passageiros, pa-ra o estacionamento de veículos e

para a urbanização do entorno doaeroporto de Marília foi concluído.O terminal passará de 580 metrosquadrados para 2.800 metros qua-drados. Segundo o Daesp, a obradeve ser licitada em 2013.

Na opinião de Respício EspíritoSanto Júnior, professor-adjuntoda Escola Politécnica da UFRJ(Universidade Federal do Rio deJaneiro) e presidente do InstitutoBrasileiro de Estudos Estratégicose de Políticas Públicas em Trans-porte Aéreo, o crescimento da de-manda nos aeroportos médios

Negócios impulsionam o setorPERSPECTIVA

As viagens de negóciossão responsáveis pelamaior parte dos voos dosaeroportos médios brasilei-ros, de acordo com autar-quias e dirigentes do setor.Os empresários e os execu-tivos ligados ao agronegó-cio formam o perfil de usuá-rio que mais tem movimen-tado esses terminais.

O professor-adjunto daEscola Politécnica da UFRJ(Universidade Federal doRio de Janeiro), Respício Es-pírito Santo Júnior, afirmaque, além dos empreende-dores do agronegócio, com-põem o perfil de quem utili-za os aeroportos de médioporte profissionais ligadosaos setores de alta tecnolo-gia, de indústrias de alimen-tos e bebidas e, em menorparcela, pessoas em visita aamigos e parentes.

Pedro Galdi, estrategistade investimentos da con-sultora SLW, acredita que oturismo de negócios aindaseja o principal propulsordo aumento de demanda,mas, segundo ele, outrosgrupos também têm utiliza-do os aeroportos médios.“Na condição econômicaatual, com recuperação derenda e pouca taxa de de-semprego, a populaçãoconsome mais. Isso refleteem novos negócios e tam-bém em turismo.”

O Daesp (DepartamentoAeroviário do Estado deSão Paulo), por meio de suaassessoria, afirma que em-presários e técnicos de di-versas áreas são os passa-geiros mais habituais dosterminais das cidades mé-dias do interior paulista.Em menor volume, apare-

cem professores, estudan-tes e famílias.

A Abetar (AssociaçãoBrasileira das Empresas deTransporte Aéreo Regional)produziu, há sete anos, umapesquisa que identificou osexecutivos como o principalperfil do passageiro queviaja nas linhas aéreas queservem os aeroportos mé-dios. Na sequência do estu-do aparecem profissionaisliberais, comerciantes eempresários.

De acordo com ApostoleLázaro Chryssafidis, presi-dente da entidade, poucosvoos são feitos com o obje-tivo de turismo. “Com o pas-sar dos anos houve algumaalteração nesse perfil, mas,nada relevante. Alguns Esta-dos têm trabalhado pouco oaspecto do turismo regionalfora das capitais.”

Page 60: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201360

viário da Secretaria, afirma queem breve será elaborado o planoaeroviário do Estado, uma vez quefoi detectada uma carência deofertas de companhias aéreas emvirtude da falta de uma infraestru-tura aeroportuária adequada paraabsorver o aumento de demanda.

“A economia e a renda da po-pulação estão crescendo. Com in-fraestrutura propícia, esse aumen-to de passageiros no Paraná e emtodo o país tende a se manter.” Oplano aeroviário paranaense aindanão tem prazo para ser concluído.

Segundo dados da Secreta-ria, os aeroportos que mais se

também pode ser explicado pelamelhor qualidade do serviço e pe-lo maior número de voos e assen-tos. “Com isso tem-se uma ofertaagregada com nível de serviço su-perior, favorecendo e estimulandoo mercado de viagens para oscentros regionais.”

No Paraná, dos 40 aeroportosinstalados, 36 estão sob adminis-tração das prefeituras. A Secreta-ria de Infraestrutura e Logísticaparanaense executa um papel deinterveniência para com os termi-nais e seus gestores.

Gino Schlesinger, coordenadorde pesquisa e planejamento aero-

ILHÉUS Município baiano é um dos

Evolução da demanda nos aeroportos de cidades médias

2009

O BRASIL QUE VOA

600.000

361.378

27.97382.240 84.999

570.900

73.85143.820 9.873

572.717

500.000400.000300.000200.000100.000

Ilhéus

(BA)

Corum

bá (MS)

Montes

Claros

(MG)

Uberlân

dia (M

G)Uber

aba (M

G)

Londri

na (PR

)

São Jo

sé dos

Campos

(SP)

Criciú

ma/(SC)

Campin

aGra

nde (

PB)

0

20111000.000

513.095

31.946104.744

224.660

907.288

133.292236.084

24.874

961.876

500.000600.000700.000800.000900.000

400.000300.000200.000100.000

Ilhéus

(BA)

Corum

bá (MS)

Montes

Claros

(MG)

Uberlân

dia (M

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G)

Londri

na (PR

)

São Jo

sé dos

Campos

(SP)

Criciú

ma/(SC)

Campin

aGra

nde (

PB)

0

2012*900.000

409.976

27.07997.871

246.390

756.493

141.535 157.653

27.215

819.820

500.000600.000700.000800.000

400.000300.000200.000100.000

Ilhéus

(BA)

Corum

bá (MS)

Montes

Claros

(MG)

Uberlân

dia (M

G)Uber

aba (M

G)

Londri

na (PR

)

São Jo

sé dos

Campos

(SP)

Criciú

ma/(SC)

Campin

aGra

nde (

PB)

0

* Até setembro

Fonte: Infraero

2010

800.000

412.572

28.070114.258 121.140

765.395

75.389 84.17623.213

732.433

500.000600.000700.000

400.000300.000200.000100.000

Ilhéus

(BA)

Corum

bá (MS)

Montes

Claros

(MG)

Uberlân

dia (M

G)Uber

aba (M

G)

Londri

na (PR

)

São Jo

sé dos

Campos

(SP)

Criciú

ma/(SC)

Campin

aGra

nde (

PB)

0

Page 61: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 61

destacaram foram os de Casca-vel, que registrou aumento demais de 187%, com 140 mil pas-sageiros, entre janeiro e outu-bro de 2012, frente ao mesmoperíodo do ano anterior; PontaGrossa, que teve 545,55% deaumento da demanda e 12 milpassageiros movimentados emigual intervalo (operando ape-nas aviação geral); e o de Ma-ringá, com aumento de 16,51%,com 652 mil passageiros, com-parados os meses de janeiro aoutubro de 2011 e 2012.

As melhorias para os aeropor-tos médios tende a continuar. Em

Essa primeira fase totaliza R$236,3 milhões em investimentosdo governo federal.

Algumas intervenções foramanunciadas para os aeroportos deMaringá (PR), Angra dos Reis (RJ)e Barreiras (BA), que terão as pis-tas de pouso e decolagem amplia-das. As pistas dos terminais de RioVerde (GO), Itumbiara (MG) e PonteNova (MG) serão reformadas.

Estão previstos também 48carros contra incêndio. Os veícu-los serão destinados para aero-portos de 15 Estados. Segundo aSAC, as aquisições visam a moder-nização dos terminais para permi-

tir a operação de aviões de maiorporte e garantir serviços aéreossatisfatórios e seguros. O investi-mento total nos veículos é de R$78 milhões, sendo R$ 72 milhõesda União e o restante dos Estados.

Na opinião de Apostole LazaroChryssafidis, presidente da Abetar(Associação Brasileira das Empre-sas de Transporte Aéreo Regio-nal), obras de melhoria dos termi-nais de passageiros dos aeropor-tos médios deve ser priorizada pe-los administradores. “O passagei-ro merece mais respeito, e isso co-meça no conforto e nas facilida-des do atendimento.” l

novembro último, uma portariado governo federal aprovou in-vestimentos da ordem de R$ 308milhões do Profaa (Programa Fe-deral de Auxílio a Aeroportos) de2012. De acordo com a SAC (Se-cretaria de Aviação Civil), a fina-lidade é promover reformas e aexpansão da infraestrutura aero-portuária de interesse estadual eregional no país.

Uma parcela dos recursos éda União e a contrapartida, esta-dual. Conforme o documento, omontante será aplicado emobras e serviços de engenhariaem 22 aeródromos de 13 Estados.

JO· SOUZA/FUTURA PRESS

mais procurados, segundo a Infraero

Governo anuncia R$ 7,3 bilhões para obras INVESTIMENTO

O governo irá investir R$7,3 bilhões em obras de infra-estrutura em 270 aeroportosregionais, distribuídos pelascinco regiões do país. A ação éuma das medidas previstas noPrograma de Investimentosem Logística – Aeroportos,lançado pela presidente DilmaRousseff no final de dezem-bro. O objetivo é integrar todoo território nacional, desen-volver polos regionais e forta-lecer centros de turismo.

Dilma destacou que, nestecaso, a totalidade dos inves-timentos será da União. Ogoverno vai manter e finan-ciar a infraestrutura e osserviços principais. “O go-verno assume os investimen-tos e vai padronizar o mode-

lo dos aeroportos”, explicou.Segundo a presidente, a ges-tão dos terminais será deresponsabilidade dos Esta-dos e municípios.

De acordo com a padroni-zação, a divisão foi feita emtrês modelos: pequeno, mé-dio e médio-grande. O go-verno também decidiu con-ceder incentivos como aisenção de tarifas – duranteum ano – nos terminais commovimentação inferior a 1milhão de passageiros porano. Os slots da aviação do-méstica serão distribuídosde acordo com a regularida-de, pontualidade e partici-pação das empresas.

A Abetar (Associação Bra-sileira das Empresas de Trans-

porte Aéreo Regional) apro-vou o anúncio e manifestouapoio às propostas apresen-tadas em razão “da clarezados objetivos, priorizando oEstado brasileiro, os passa-geiros e entendendo a impor-tância que a aviação regionaldesempenha em um país co-mo o Brasil”.

O governo federal confirmouainda que os aeroportos do Ga-leão, no Rio de Janeiro, e deConfins, próximo a Belo Hori-zonte, serão concedidos à ini-ciativa privada. A publicação doedital está prevista para agostode 2013, e o leilão dos terminaisdeve ocorrer em setembro. Aestimativa de investimentos éde R$ 11,4 bilhões.

(Rosalvo Streit)

Page 62: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201362

Otransporte ferroviá-rio de cargas e depassageiros passapor um momento de

retomada em todo o Brasil,mas para garantir a eficiên-cia do setor é preciso encon-trar uma solução para osequipamentos ferroviáriosem desuso que ocupam espa-ço em toda a malha férreanacional.

São vagões, locomotivas e

carros de passageiros da ex-tinta RFFSA (Rede FerroviáriaFederal) que, hoje, ocupamtrechos de pátios de mano-bras e reduzem a produtivi-dade do setor.

Segundo estimativas daANTF (Associação Nacionaldos Transportadores Ferroviá-rios), existem 5.400 vagões elocomotivas que não foramarrendados às concessioná-rias e ocupam espaço na ma-

Sucatanos trilhos

POR LIVIA CEREZOLI

FERROVIÁRIO

Mais de 12 mil locomotivas e vagões antigos atrapalham as operações ferroviárias

e precisam ser retirados da malha

Page 63: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 63

FOTOS MRS/DIVULGAÇÃO

Page 64: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201364

do país. Lançado em fevereirode 2011, o programa já haviaretirado, até o final do anopassado, 24 aeronaves suca-tas dos terminais aeroportuá-rios brasileiros.

No setor ferroviário, tam-bém participam da iniciativa aProcuradoria Geral da União,o Ministério Público, a ANTT(Agência Nacional de Trans-portes Terrestres), o Dnit (De-

ça) prevê a implantação deum programa para a retiradae a destinação correta dessesmateriais. O desenvolvimentodo programa deve ser seme-lhante ao Espaço Livre Aero-porto, realizado pelo CNJ, emparceria com a Infraero e comas companhias aéreas, pararetirar as aeronaves de em-presas falidas que ainda ocu-pam espaço nos aeroportos

lha. Outros 7.400 foram arren-dados, mas já atingiram o li-mite da vida útil e serão subs-tituídos. A maior parte dosequipamentos obsoletos estáem trechos de ferrovias nosEstados de Minas Gerais, deSão Paulo e do Rio de Janeiro.

Um protocolo de intençõesassinado em setembro de2012 pela ANTF e pelo CNJ(Conselho Nacional de Justi-

ABANDONO Vagões da extinta RFFSA permanecem nas vias férreas

Existem

5.400vagões e

locomotivasnão

arrendados

Page 65: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 65

partamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte) e oMinistério do Planejamento,Orçamento e Gestão.

Segundo o CNJ, o progra-ma aguarda a nomeação deum juiz para ser iniciado. Aexpectativa da ANTF é que is-so aconteça ainda neste pri-meiro semestre. “Esperamosque com o novo presidentedo CNJ, possamos dar início

dente do STF (Supremo Tribu-nal Federal), que é indicadopelos seus pares para exer-cer um mandato de doisanos. No caso de ausência ouimpedimento do presidente,o vice-presidente do STF osubstitui.

De acordo com Vilaça, épreciso encontrar uma solu-ção rápida para esse proble-ma porque, além de reduzir a

ao programa muito em breve,porque é nítido o sucessoque teve com os aviões”, afir-ma Rodrigo Vilaça, presiden-te-executivo da associação. Oministro Joaquim Barbosaassumiu a presidência doCNJ em novembro do anopassado, em substituição aoministro aposentado AyresBritto. A presidência do con-selho é ocupada pelo presi-

PREJUÍZO Sucata ferroviária atrapalha a manobra dos trens em operação DOENÇAS Equipamentos viram focos de transmissão

“Isso causaineficiência às atuais

concessionárias”

RODRIGO VILAÇA, PRESIDENTE-EXECUTIVO DA ANTF

Page 66: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201366

manho dos vagões. “As em-presas estão oferecendo umaquantidade menor de vagões,mas com a mesma capacida-de de carga dos antigos. Nãohá prejuízo para o governo,como chegou a questionar-seno início do processo”, expli-ca Carrato. Aproximadamen-te, 3.000 vagões estão incluí-dos nesse trabalho.

Além desse processo desubstituição, o Dnit informou,

letos, iniciado em 2007 pelasconcessionárias. Segundoele, o trabalho, realizado emparceria com o Dnit e a ANTT,prevê a transferência de ma-terial rodante (vagões ou lo-comotivas) novo ao poder pú-blico, em troca das sucatasque passam a ser proprieda-des das concessionárias.

O executivo explica que asubstituição observa o pro-cesso de equivalência de ta-

capacidade operacional damalha ferroviária brasileira,esses equipamentos causamdanos sociais e ambientais.“Isso causa ineficiência àsatuais concessionárias, queacabam respondendo pelaimagem de desleixo e deabandono, mesmo que essesmateriais sejam de responsa-bilidade do governo.”

Grande parte da sucataexistente nas ferrovias nemchegou a fazer parte das con-cessões, realizadas há 15anos. Entre os equipamentostambém estão vagões envol-vidos em acidentes que foramdevolvidos à RFFSA por nãocompensar o custo para a re-forma. Segundo o presidenteda ANTF, muitos materiais jáestavam sucateados antesmesmo do início desse pro-cesso e, atualmente, repre-sentam risco à sociedade por-que se transformaram em fo-cos de transmissão de doen-ças e em pontos de tráfico dedrogas e de prostituição.

Para Sérgio Carrato, geren-te-geral de regulação da MRSLogística, a parceria com oCNJ deve dar respaldo jurídi-co ao processo de substitui-ção dos equipamentos obso-

PARCERIA Dnit, ANTT e as concessionárias trabalham na substituição dos vagões antigos

“As empresasoferecem menos

vagões, mascom a mesmacapacidade

dos antigos”

SÉRGIO CARRATO, GERENTE-GERAL DA MRS

Page 67: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 67

por meio de sua assessoriade imprensa, que tem atuadotambém na venda - via leilãoou licitação pública - dosbens que não estão em ope-ração, ou seja, os materiaisque não foram arrendados àsconcessionárias ou aquelesque elas devolveram. Por en-quanto, esses materiais es-tão sendo armazenados empátios do Rio de Janeiro (RJ),de Belo Horizonte (MG), de

Segundo ele, o ideal é que se-ja iniciado um programa dereciclagem, semelhante aoque se espera para os cami-nhões, os ônibus e os veícu-los antigos.

Algumas peças tambémpodem ser restauradas e le-vadas para os poucos mu-seus ferroviários existenteshoje no Brasil. Porém, nenhu-ma peça tem condição de serreaproveitada na atividadetransportadora. “Esses equi-pamentos já não atendem àsnecessidades atuais. São ta-ras pesadas e com pouca ca-pacidade, tanto para o trans-porte de cargas como para ode passageiros”, diz Vilaça.

De acordo com o dirigente,os vagões atuais chegam ater até quatros vezes maiscapacidade de carga do queos que estão abandonados e,se a manutenção for realiza-da de forma adequada, a vidaútil deles pode atingir 40anos. Segundo dados daANTF, em 2011, o setor opera-va com 3.045 locomotivas e100.924 vagões. A expectati-va, até 2020, é a aquisição demais 2.000 locomotivas e 40mil vagões. A idade média dafrota atual é de 25 anos. l

Juiz de Fora (MG) e de SãoPaulo (SP) até o início dosprocessos de alienação.

Além da retirada dos equi-pamentos, o trabalho de libe-ração de espaço na malhaferroviária nacional tambémprevê a destinação corretada sucata. A ideia inicial éque todo esse material sejareciclado. “O trem é ferro pu-ro. Tudo pode ser reaprovei-tado”, afirma Vilaça, da ANTF.

RECICLAGEM Todo o material dos equipamentos obsoletos pode ser reaproveitado

O setor opera com

100.924vagões

Page 68: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201368

Abusca por uma nova pro-fissão tem levado milha-res de alunos aos cursosoferecidos pelo Sest Se-

nat dentro do Programa de Forma-ção de Novos Motoristas para oMercado de Trabalho. Em todas asunidades em funcionamento, nascinco regiões do Brasil, estão sen-do oferecidos cursos de formaçãopara novos motoristas de cami-

nhão, de carreta e de ônibus - ro-doviários e urbanos.

O programa, lançado em 2011,tem como objetivo estimular ocrescimento do país, preparandonovos motoristas para suprir acarência de mão de obra existen-te no setor. Estima-se que, emmédia, existam 50 mil postos detrabalho abertos no setor detransporte em todo o Brasil.

Todos os cursos são gratuitose realizados em quatro módulos(básico, intermediário, especiali-zação e prático). A carga horáriamínima é de 130 horas/aula. Asdisciplinas teóricas são ministra-das por instrutores nas unidadesdo Sest Senat e contam comapoio de material didático, comoapostilas e vídeos. As aulas práti-cas têm a participação de empre-

sas de transporte, que disponibili-zam veículos próprios para a apli-cação do aprendizado. Elas sãorealizadas nas próprias unidades,nos pátios das empresas ou emoutros locais, desde que adequa-dos e seguros para o tráfego deveículos grandes, como ônibus ecaminhões.

“Queremos, com esse traba-lho, profissionalizar a atividade

Preparandopara o mercado

POR LIVIA CEREZOLI

SEST SENAT

Unidades de todo o país oferecem cursos de formação para motoristas de caminhão,

carreta e ônibus urbano e rodoviário

Page 69: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 69

de transporte de cargas e passa-geiros no país. A economia brasi-leira continua aquecida, e a de-manda por transporte vem cres-cendo, mas, infelizmente, as em-presas encontram dificuldadespara contratar profissionais”, afir-ma o presidente da CNT e do SestSenat, senador Clésio Andrade.

No Sest Senat de Vila Jaguara,em São Paulo (SP), os alunos são

garantiu uma vaga como carre-teiro quando ainda frequentavaas aulas no Sest Senat. Hoje, elerealiza diariamente viagens pa-ra o interior do Estado de SãoPaulo e já tem planos para novosdesafios na empresa. “Em breve,devo fazer viagens para outrosEstados também.” Penkal procu-rou o curso por não ter expe-riência na área e avalia a forma-

treinados em uma pista de quase1.000 metros, construída na uni-dade, onde é possível simular assituações vividas no dia a dia daprofissão, como curvas, sinaliza-ção e manobras. A unidade man-tém parceria com empresas quecederam o caminhão e o ônibuspara as aulas práticas.

De acordo com a diretora doSest Senat Vila Jaguara, Francisca

Biagioni, o interesse pelo progra-ma tem sido grande e os resulta-dos bastante satisfatórios. “Mui-tas empresas nos procuram antesmesmo da conclusão dos cursospara já iniciarem o processo decontratação dos alunos. Nas tur-mas em que temos 100% de apro-vação, também temos 100% decontratação”, conta ela.

O motorista Leandro Penkal

SEST SENAT VILA JAGUARA/DIVULGAÇÃO

PRÁTICA Na unidade de Vila Jaguara, os alunos recebem instruções em veículo moderno e com tecnologia embarcada

Page 70: Revista CNT 209

ção de maneira bastante positi-va. “Os professores das áreasteóricas são ótimos, e os instru-tores práticos excelentes.”

Com a expectativa de con-seguir um novo trabalho em2013, Fábio José de Souza tam-bém procurou o programa deformação do Sest Senat. Ele,que há oito anos já dirige cami-nhão, mas está há um ano sememprego, concluiu as aulas teó-ricas e práticas do curso paramotorista de carreta no final de

dezembro do ano passado.“Sempre gostei muito da profis-são de motorista, por isso estouprocurando me aperfeiçoar. Jáfaz um ano que estou desem-pregado. Percebi que precisavame atualizar. Concluí o curso etenho certeza que vou conse-guir um ótimo emprego nesteinício de ano”, ressalta ele.

ConteúdosAlém de questões técnicas e

operacionais relacionadas ao

FORMAÇÃO

CURSOS OFERECIDOS• Formação de Novos Motoristas de Caminhão• Formação de Novos Motoristas de Carreta• Formação de Novos Motoristas de Ônibus Rodoviário e Urbano

CARGA HORÁRIA• Mínina de 130 horas/aula

CONTEÚDOMotorista de caminhão e carreta• Legislação de trânsito• Direção preventiva• Noções de primeiros socorros, respeito ao meio ambiente e prevenção

de incêndio• Movimentação de carga (o conteúdo poderá ser alterado conforme o tipo

de carga a ser transportado)• A postura profissional do condutor de transporte de cargas• Segurança, meio ambiente e saúde• Equipamentos de segurança e controle operacional embarcados• Visão sistêmica no transporte de cargas • Relacionamento interpessoal• A qualidade na prestação de serviços de transporte de cargas• Tipos de cargas e veículos• Documentação do transporte de cargas• Prevenção ao roubo de cargas• Legislação de trânsito avançada• Mecânica básica• Motorista amigo do meio ambiente• Operações com caminhão (somente para motorista de caminhão)• Operação do cavalo mecânico (somente para motorista de carreta)• Transporte de carga geral• Excelência profissional para motoristas de transporte de cargas• Condução econômica• Prática na condução de veículos de transporte de carga

Motorista de ônibus rodoviário e urbano• Legislação de trânsito• Direção preventiva• Noções de primeiros socorros, respeito ao meio ambiente e convívio social• Relacionamento interpessoal• Saúde e segurança no trabalho• Trabalhador em transporte amigo do meio ambiente• Legislação de trânsito avançada• Direitos humanos, sociais e trabalhistas• Equipamentos de segurança e de controle de tecnologia embarcada• Funcionamento e manutenção do veículo – mecânica básica para ônibus• Condução econômica• Condutor de ônibus de transporte urbano de passageiros• Direitos e deveres do cidadão no transporte urbano de passageiros• Legislação de trânsito avançada II• Qualidade na prestação de serviços: transporte urbano de passageiros• Excelência profissional para motoristas de transporte de passageiros• Postura profissional• Mecânica básica• Prática na condução de veículos de transporte de passageiros

REQUISITOS PARA INSCRIÇÃO• Ser maior de 18 anos• Ter habilitação nas categorias C, D ou E

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕESNo site www.sestsenat.org.br, pelo telefone 0800 728 2891 ou na unidade maispróxima do Sest Senat

Fonte: Sest Senat

SAIBA MAIS SOBRE O PROGRAMA

Page 71: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 71

dia a dia da profissão de moto-rista e ao veículo utilizado, asaulas teóricas e práticas do Pro-grama de Formação de NovosMotoristas para o Mercado deTrabalho também abordam te-mas como o relacionamentocom os clientes e a postura pro-fissional que deve ser adotadadentro da empresa.

De acordo com a coordena-dora de Desenvolvimento Profis-sional do Sest Senat de Juiz deFora (MG), Gisele de Castro Fran-

co, essa abordagem procura for-mar bons profissionais não ape-nas tecnicamente. “O bom pro-fissional não é simplesmenteum operador de máquina. Eleprecisa ter uma postura adequa-da no desempenho das suasfunções”, ressalta ela.

No curso para motorista decaminhão e carreta, os alunosaprendem sobre legislação detrânsito, direção defensiva, mo-vimentação de diferentes tiposde carga, tecnologia embarcada,

documentação utilizada notransporte de mercadorias, pre-venção ao roubo de cargas,além de outros temas.

Entre os conteúdos abordadosno programa de formação de no-vos motoristas de ônibus urbanoe rodoviário estão temas, comonoções de primeiros socorros,respeito ao meio ambiente e con-vívio social, a profissão do condu-tor de transporte urbano de pas-sageiros, direitos e deveres do ci-dadão no transporte urbano depassageiros e excelência profis-sional para motoristas de trans-porte de passageiros.

Na unidade de Juiz de Fora,durante as aulas práticas do cur-so de formação de novos motoris-tas de ônibus urbano, são realiza-das dinâmicas em que os alunospodem vivenciar as dificuldadesexistentes no dia a dia das pes-soas com deficiência, por exem-plo. “É interessante perceber co-mo eles mudam a postura diantedessas situações depois das aulase percebem que a profissão exigemuito mais do que saber dirigirbem um ônibus”, lembra Gisele.

Fernando Vieira Lomar, de 31anos, é um dos alunos formadospela unidade de Juiz de Fora. Eledeixou a profissão de vendedorem loja de eletroeletrônicos pa-ra se tornar motorista de ônibus

urbano. “Já tinha a CNH (CarteiraNacional de Habilitação) e resol-vi procurar o curso para ter ou-tros conhecimentos sobre a pro-fissão. Tudo que aprendi estásendo válido para o meu dia adia na empresa”, conta.

Contratado há pouco mais dequatro meses por uma empresade transporte coletivo em Juiz deFora, Gilson Vidal Magalhães tam-bém avalia como positivo o co-nhecimento adquirido no curso.“Estava sem trabalho há uns trêsanos. Nunca tive carteira assina-da. Terminei o curso do Sest Senate, no dia seguinte, já estava em-pregado”, conta ele.

Para se inscrever no progra-ma, o candidato deve ser maiorde 18 anos e ter habilitação nascategorias C, D ou E. As inscri-ções podem ser feitas na Inter-net (www.sestsenat.org.br), pe-lo telefone 0800 728 2891 ou di-retamente nas unidades doSest Senat. No momento da ins-crição, o aluno assina um termode adesão ao programa, com-prometendo-se a ingressar co-mo profissional no setor detransporte após a conclusão docurso. As empresas interessa-das em apoiar o programa tam-bém podem procurar as unida-des do Sest Senat para a forma-lização de parcerias. l

Aulas teóricas são realizadas em salas de aula nas unidades do Sest Senat

SEST SENAT JUIZ DE FORA/DIVULGAÇÃO

Page 72: Revista CNT 209

Estatístico, Econômico, Despoluir e Ambiental

Page 73: Revista CNT 209

BOLETIM ESTATÍSTICO

RODOVIÁRIO

MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM

TIPO PAVIMENTADA NÃO PAVIMENTADA TOTAL

Federal 64.165 12.817 76.982Estadual Coincidente 17.255 5.173 22.428Estadual 110.842 111.334 222.176Municipal 26.827 1.234.918 1.261.745Total 219.089 1.364.242 1.583.331

MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KMAdminstrada por concessionárias privadas 15.365Administrada por operadoras estaduais 1.195

FROTA DE VEÍCULOSCaminhão 2.354.052Cavalo mecânico 481.307Reboque 936.917Semi-reboque 708.231Ônibus interestaduais 16.640Ônibus intermunicipais 40.000Ônibus fretamento 22.870Ônibus urbanos 105.000

Nº de Terminais Rodoviários 173

INFRAESTRUTURA - UNIDADES

Terminais de uso privativo misto 122

Portos 37

FROTA MERCANTE - UNIDADES

Embarcações de cabotagem e longo curso 156

HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA

Rede fluvial nacional 44.000Vias navegáveis 29.000Navegação comercial 13.000Embarcações próprias 1.549

AQUAVIÁRIO

FERROVIÁRIO

MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM

Total Nacional 30.051Total Concedida 28.614Concessionárias 11Malhas concedidas 12

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KMALL do Brasil S.A. 11.738FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. 8.066MRS Logística S.A. 1.674Outras 7.136Total 28.614

MATERIAL RODANTE - UNIDADESVagões 100.924Locomotivas 3.045Carros (passageiros urbanos) 1.670

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total 12.289Críticas 2.659

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONALBrasil 25 km/h EUA 80 km/h

AEROVIÁRIO

AERÓDROMOS - UNIDADESAeroportos Internacionais 32Aeroportos Domésticos 34Outros aeródromos - públicos e privados 2.638

AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADESTransporte regular, doméstico ou internacional 505 Transporte não regular: táxi aéreo 918Privado 5.749Outros 6.711Total 13.883

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS

MODAL MILHÕES (TKU) PARTICIPAÇÃO (%)

Rodoviário 485.625 61,1

Ferroviário 164.809 20,7

Aquaviário 108.000 13,6

Dutoviário 33.300 4,2

Aéreo 3.169 0,4

Total 794.903 100

Page 74: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201374

BOLETIM ECONÔMICO

Investimentos em Transporte da União (dados atualizados dezembro/2012)

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br

Autorizado Total PagoValor Pago do ExercícioObs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores

NECESSIDADE DE INVESTIMENTO DO SETOR DE TRANSPORTE BRASILEIRO: R$ 405,0 BILHÕES(PLANO CNT DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA 2011)

25,00

20,00

15,00

R$

bilh

ões

10,00

5,00

0,00

30,00

4,47

23,09

8

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*

Rodoviário Ferroviário Aquaviário Aéreo

0,063(0,6%)

Observações:

1 - Expectativa de crescimento do PIB para 2012

2 - Taxa Selic conforme Copom 28/11/2012

3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até dezembro/2012

4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até dezembro/2012 (US$ bilhões)

5 - Posição dezembro/2011 e dezembro/2012 em US$ bilhões

6 - Câmbio de fim de período 21/12/2012, média entre compra e venda

Fontes: Receita Federal (novembro/2012), COFF - Câmara dos Deputados (dezembro/2012), IBGE e

Focus (Relatório de Mercado 28/12/12), Banco Central do Brasil.

Investimentos em Transporte da União por Modal (total pago acumulado - até dezembro/2012)

(R$ 10,33 bilhões)1,057

(10,2%)

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - DEZEMBRO/2012

2011 acumuladoem 2012

últimos12 meses

expectativapara 2012

PIB (% cresc a.a.)1 2,7 0,7 0,9 0,9

Selic (% a.a.)2 11,00 7,25 -

IPCA (%)3 6,50 5,01 5,53 5,71

Balança Comercial4 29,79 17,19 21,00 19,30Reservas Internacionais5 352,01 378,64 -

Câmbio (R$/US$)6 1,87 2,07 2,08

0,380(3,7%)

5,86

10,33

Restos a Pagar Pagos

Arrecadação Acumulada CIDE

CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. A partir do Decretonº 7.764 de 22.06.2012, as alíquotas da CIDE ficam reduzidas a zero. O antigo decreto nº 7.591 (outubrode 2011) estabeleceu as alíquotas de R$0,091/litro (para a gasolina) e de R$0,047/litro (para o diesel). Os recursos da CIDE são destinados ao subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais naindústria de combustíveis e investimentos em infraestrutura de transporte. Obs: Alteração da alíquota CIDE conforme decretos vigentes.

Investimento Federal Pago Acumulado

54

36

R$

bilh

ões

18

02002

20032004

20052006

20072008

20092010 2011 2012

90

72

Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE

Obs: são considerados todos os recursos não investidos em infraestrutura de transporte.

* O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores.1 - Inclui investimentos realizados com recursos da CIDE arrecadados no exercício corrente e em anos anteriores.2 - Inclui investimentos realizados com recursos da CIDE arrecadados apenas no exercício corrente.

CIDE - 2012 (R$ Milhões)Arrecadação no mês novembro/2012 1

Arrecadação no ano (2012) 2.733

Investimentos em transportes total pago* em 2012 (com recursos de 2012 e de anos anteriores)1 3.080

Investimentos em transportes total pago* em 2012(apenas com recursos de 2012)2 2.288

CIDE não utilizada em transportes (2012) 445

Total Acumulado CIDE (desde 2002) 75.998

O Decreto nº 7.764 (junho de 2012) zerou a alíquota da CIDE. Não haverá arrecadação a partir dessa data.

8,832(85,5%)

75,9

36,3

Page 75: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 75

DESPOLUIR

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Sest Senat lançaram em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR,com o objetivo de promover o engajamento de empresários, caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

PROJETOS

• Redução da emissão de poluentes pelos veículos

• Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador

• Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais

de transporte

• Cidadania para o meio ambiente

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos,entre em contato com a Federação que atende o seu Estado.

NÚMEROS DE AFERIÇÕES ESTRUTURA

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS

590.470ATÉ NOVEMBRO DEZEMBRO

20122007 A 2011 TOTAL

Aprovação no período

210.681 15.692 816.843

87,50% 90,21% 90,85% 88,27%

Federações participantes 20

Unidades de atendimento 68

Empresas atendidas 9.330

Caminhoneiros autônomos atendidos 10.840

Em Janeiro de 2012, entrou em vigor afase P7 do Programa de Controle de Po-luição do Ar por Veículos Automotores(Proconve) para veículos pesados. AConfederação Nacional do Transporte(CNT) considera que este fato tem im-pactos significativos no setor, uma vezque novos elementos fazem parte dodia a dia do transportador rodoviário.Nesse contexto, a CNT elaborou a pre-sente publicação, com o objetivo dedisseminar informações importantes arespeito do tema. O trabalho apresentaao setor as novas tecnologias e as im-plicações da fase P7 em relação aosveículos, combustíveis e aos ganhospara o meio ambiente.

O governo brasileiro adotou o biodieselna matriz energética nacional, atravésda criação do Programa Nacional deProdução e Uso de Biodiesel e da apro-vação da Lei n. 11.097. Atualmente, todoo óleo diesel veicular comercializadoao consumidor final possui biodiesel.Essa mistura é denominada óleo dieselB e apresenta uma série de benefíciosambientais, estratégicos e qualitativos.O objetivo desta publicação é auxiliarna rotina operacional dos transporta-dores, apresentando subsídios para aefetiva adoção de procedimentos quegarantam a qualidade do óleo diesel B,trazendo benefícios ao transportadore, sobretudo, ao meio ambiente.

PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIRConheça abaixo duas das diversas publicações ambientais que estãodisponíveis para download no site do DESPOLUIR:

Carga

FETRANSPORTES

FETRABASE

FETCESP

FETRANCESC

FETRANSPAR

FETRANSUL

FETRACAN

FETCEMG

FENATAC

FETRANSCARGA

FETRAMAZ

FETRANSPORTES

FETRABASE

FETRANSPOR

FETRONOR

FETRAM

FEPASC

CEPIMAR

FETRAMAR

FETRANORTE

FETRASUL

FETERGS

ES

BA e SE

SP

SC

PR

RS

AL, CE, PB, PE, PI, RN e MA

MG

DF, TO, MS, MT e GO

RJ

AC, AM, RR, RO, AP e PA

ES

BA e SE

RJ

RN, PB, PE e AL

MG

SC e PR

CE, MA e PI

MS, MT e RO

AM, AC, PA, RR e AP

DF, GO, SP e TO

RS

27.2125-7643

71.3341-6238

11.2632-1010

48.3248-1104

41.3333-2900

51.3374-8080

81.3441-3614

31.3490-0330

61.3361-5295

21.3869-8073

92.2125-1009

27.2125-7643

71.3341-6238

21.3221-6300

84.3234-2493

31.3274-2727

41.3244-6844

85.3261-7066

65.3027-2978

92.3584-6504

62.3598-2677

51.3228-0622

Passageiros

FEDERAÇÃO UFs ATENDIDAS TELEFONESETOR

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

8

BOLETIM DO DESPOLUIR

Page 76: Revista CNT 209

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201376

18,6%

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE

SETOR CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Mudança no uso da terra 1.202,13 76,35Industrial* 140,05 8,90Transporte 136,15 8,65Geração de energia 48,45 3,07Outros setores 47,76 3,03Total 1.574,54 100,00

MODAL CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 123,17 90,46Aéreo 7,68 5,65Outros meios 5,29 3,88Total 136,15 100,00

EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL(EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)

EMISSÕES DE CO2 POR SETOR

*Inclui processos industriais e uso de energia

BOLETIM AMBIEN TAL

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - NOVEMBRO/2012

Corante 5,1%

80%70%60%50%40%30%20%

Aspecto 26,6%

Pt. Fulgor 20,9%

Enxofre 19,8%

Teor de Biodiesel 26,0%Outros 1,7%

QUALIDADE DO ÓLEO DIESELTEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (em ppm de s )*

Japão 10EUA 15Europa 10 a 50

Brasil 10**

CE: Fortaleza, Aquiraz, Horizonte, Caucaia, Itaitinga, Chorozinho, Maracanaú, Euzébio, Maranguape, Pacajus, Guaiúba, Pacatuba, São Gonçalo doAmarante, Pindoretama e Cascavel.PA: Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Benevides e Santa Isabel do Pará.PE: Recife, Abreu e Lima, Itapissuma, Araçoiaba, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Moreno, Camaragibe, Olinda, Igarassu, Paulista,Ipojuca, Itamaracá e São Lourenço da Mata.Frotas cativas de ônibus dos municípios: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e São Paulo.RJ: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Nilópolis, Duque de Caxias, Niterói, Guapimirim, Nova Iguaçu, Itaboraí, Paracambi, Itaguaí, Queimados, Japeri, São Gonçalo, Magé, São João de Meriti, Mangaratiba, Seropédica, Maricá, Tanguá e Mesquita.SP: São Paulo, Americana, Mairiporã, Artur Nogueira, Mauá, Arujá, Mogi das Cruzes, Barueri, Mongaguá, Bertioga, Monte Mor, Biritibamirim, NovaOdessa, Caçapava, Osasco, Caieiras, Paulínia, Cajamar, Pedreira, Campinas, Peruíbe, Carapicuíba, Pindamonhangaba, Cosmópolis, Pirapora do BomJesus, Cotia, Poá, Cubatão, Praia Grande, Diadema, Ribeirão Pires, Embu, Rio Grande da Serra, Embuguaçu, Salesópolis, Engenheiro Coelho, SantaBárbara d’ Oeste, Ferraz de Vasconcelos, Santa Branca, Francisco Morato, Santa Isabel, Franco da Rocha, Santana de Parnaíba, Guararema, SantoAndré, Guarujá, Santo Antônio da Posse, Guarulhos, Santos, Holambra, São Bernardo do Campo, Hortolândia, São Caetano do Sul, Igaratá, São Josédos Campos, Indaiatuba, São Lourenço da Serra, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica da Serra, Sumaré, Itapevi, Suzano, Itaquaquecetuba, Taboão daSerra, Itatiba, Taubaté, Jacareí, Tremembé, Jaguariúna, Valinhos, Jandira, Vargem Grande Paulista, Juquitiba e Vinhedo.

10%0%

Automóveis Comerciais Leves (Otto) GNVMotocicletas CaminhõesPesados

Caminhõesmédios

Comerciais Leves(Diesel)

ÔnibusRodoviários

CaminhõesLeves

ÔnibusUrbanos

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

NOxNMHcCOCH4

CO2

NOxCONMHcMP

CO2

AL AM

% N

C

AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO Brasil

1,4 0,04,5 1,6 2,7

5,8 0,0 2,2

28,6

1,0 0,6 2,1 2,4

AC2,7 12 5,9 3,2 1,3 1,8 4,7 4,5 2,7 1,4 0 7,2 3,1 2,8 1,6 2,7 1 3 5,8 0 29 2,2 1 0,6 2,1 9,8 2,401,1 12 2 2,3 1,7 3,7 4,7 1,6 1,8 0 7,2 2,3 2,6 1,6 1,9 1,4 2,7 6,2 0 36 2,3 1,1 0,7 2,2 9,5 2,40

Trimestre Anterior

Trimestre Atual

1,8 2,7 3,13,25,92,7

0,00

10

20

30

35

40

25

15

5 4,7

9,8

Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas. Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.

1,3 3,07,2

1,0

ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - NOVEMBRO/2012

12,1

Diesel 44,76 44,29 49,23 52,26 51,39

Gasolina 25,17 25,40 29,84 35,49 35,92

Etanol 13,29 16,47 15,07 10,89 8,95

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)

CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)*

* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc)** Dados atualizados em 02 de janeiro de 2013.

Rodoviário 38,49 97% 34,46 97% 36,38 97%

Ferroviário 0,83 2% 1,08 3% 1,18 3%

Hidroviário 0,49 1% 0,14 0% 0,14 0%

Total 39,81 100% 35,68 100% 37,7 100%

2009VOLUMEMODAL % VOLUME % VOLUME %

2010 2011

* Em partes por milhão de S - ppm de S** Municípios com venda exclusiva de S10. Para ver a lista dos postos que ofertam o diesel S10, consulte o site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br*** A partir de 2013, 59% do chamado diesel interiorano passa a ser S500. Para mais informações, consulte a seção Legislação no Site do DESPOLUIR:

www.cntdespoluir.org.br

Demais estados e cidades 500 ou 1800***

TIPO 2008 2009 2010 2011 2012**

* Inclui veículos movidos a gasolina, etanol e GNV** Dados fornecidos pelo último Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários – MMA, 2011.

EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO* - 2009** EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL - 2009**

(até novembro)

26,0%

1,7%

2,8

20,9%

19,8%

26,6%

5,1%

1,1

Page 77: Revista CNT 209

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

8

EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE

POLUENTES PRINCIPAIS FONTES CARACTERÍSTICASEFEITOS

SAÚDE HUMANA1 MEIO AMBIENTE

Resultado do processo decombustão de fonte móveis2

e de fontes fixas industriais3.Gás incolor, inodoro e tóxico.

Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Aspirado em grandesquantidades pode causar a morte.

Dióxido deCarbono

(CO2)

Resultado do processo decombustão de fonte móveis2

e de fontes fixas industriais3.Gás tóxico, sem cor e sem odor.

Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.

Metano(CH4)

Resultado do processo decombustão de fontes móveis2

e fixas3, atividades agrícolas e pecuárias, aterros sanitários e processos industriais4.

Gás tóxico, sem cor, sem odor.Quando adicionado a águatorna-se altamente explosivo.

Causa asfixia, parada cardíaca,inconsciência e até mesmo danosno sistema nervoso central, se inalado.

Compostosorgânicosvoláteis(COVs)

Resultado do processo decombustão de fonte móveis2

e processos industriais4.

Composto por uma grandevariedade de moléculas a basede carbono, como aldeídos,cetonas e outroshidrocarbonetos leves.

Causa irritação da membrana mucosa, conjuntivite, danos na pele e nos canaisrespiratórios. Em contato com a pele podedeixar a pele sensível e enrugada e quandoingeridos ou inalados em quantidades elevadas causam lesões no esôfago,traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos,perda de consciência e desmaios.

Óxidos denitrogênio

(NOx)

Formado pela reação do óxido denitrogênio e do oxigênio reativopresentes na atmosfera e queima de biomassa e combustíveis fósseis.

O NO é um gás incolor, solúvel.O NO2 é um gás de cor acastanhada ou castanho avermelhada, de cheiro forte eirritante, muito tóxico. O N2O éum gás incolor, conhecidopopularmente como gás do riso.

O NO2 é irritante para os pulmões ediminui a resistência às infecçõesrespiratórias. A exposição continuada oufrequente a níveis elevados pode provocartendência para problemas respiratórios.

Causam o aquecimento global,por serem gases de efeito estufa.Causadores da chuva ácida5.

Ozônio(O3)

Formado pela quebra dasmoléculas dos hidrocarbonetos liberados por alguns poluentes,como combustão de gasolina ediesel. Sua formação éfavorecida pela incidência deluz solar e ausência de vento.

Gás azulado à temperaturaambiente, instável, altamentereativo e oxidante.

Provoca problemas respiratórios,irritação aos olhos, nariz e garganta.

Causa destruição e afeta o desenvolvimento de plantas e animais, devido a sua naturezacorrosiva. Além de causar o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa.

Dióxido de enxofre(SO2)

Resultado do processo decombustão de fontes móveis2

e processos industriais4.

Gás denso, incolor, não inflamávele altamente tóxico.

Provoca irritação e aumento naprodução de muco, desconforto narespiração e agravamento deproblemas respiratórios ecardiovasculares.

Causa o aquecimento global, porser um gás de efeito estufa.Causador da chuva ácida5, quedeteriora diversos materiais, acidifica corpos d'água e provocadestruição de florestas.

Materialparticulado

(MP)

Resultado da queimaincompleta de combustíveise de seus aditivos, deprocessos industriais e dodesgaste de pneus e freios.

1. Em 12 de junho de 2012, segundo o Comunicado nº 213, o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, em inglês), que é uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou a fumaça do diesel comosubstância cancerígena (grupo 1), mesma categoria que se encontram o amianto, álcool e cigarro.

2. Fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou GNV.3. Fontes fixas: Centrais elétricas e termelétricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos.4. Processos industriais: procedimentos envolvendo passos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala.5. Chuva ácida: a chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas. Os ácidos nítrico e sulfúrico

resultantes podem cair como deposições secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.

Conjunto de poluentes constituídode poeira, fumaça e todo tipo dematerial sólido e líquido que semantém suspenso. Possuemdiversos tamanhos emsuspensão na atmosfera. Otamanho das partículas estádiretamente associado ao seupotencial para causar problemasà saúde, quanto menores,maiores os efeitos provocados.

Incômodo e irritação no nariz egarganta são causados pelaspartículas mais grossas. Poeirasmais finas causam danos aoaparelho respiratório e carregamoutros poluentes para os alvéolospulmonares, provocando efeitoscrônicos como doençasrespiratórias, cardíacas e câncer.

Altera o pH, os níveis depigmentação e a fotossíntesedas plantas, devido a poeiradepositada nas folhas.

Causam o aquecimento global,por serem gases de efeito estufa.

Monóxido decarbono

(CO)

Page 78: Revista CNT 209

Ar), a definição dos padrões nacio-nais de qualidade do ar e o PNQA(Programa Nacional de Avaliaçãoda Qualidade das Águas) são,atualmente, os principais instru-mentos de gestão da qualidade doar. De todos, apenas o Proconvemostra que, desde a sua institui-ção, a estratégia para a implanta-ção no Brasil de um programa decontrole de emissão de poluentespor veículos automotores foi cria-da acertadamente, pelos resulta-dos alcançados até o momento.Esses resultados podem ser credi-tados à obrigatoriedade imposta àindústria automobilística de aten-dimento aos padrões de emissãoestabelecidos em lei para novosmodelos, que, a partir de 1988, pro-moveu as inovações tecnológicas,como os sistemas de injeção ele-trônica e os conversores catalíti-cos, reduzindo as concentraçõesde poluentes emitidos.

Com a maior conscientiza-ção sobre a contribuição dasemissões veiculares, atual-mente, as estratégias de con-trole da poluição do ar in-cluem, entre outros pontos:

• Redução das emissões deveículos e a instalação deequipamentos de limitaçãodas emissões;

• A utilização, pelos governose particulares, de veículos rodo-viários e combustíveis para a re-dução das emissões: veículos no-vos, com baixos níveis de emissão,ou seja, veículos mais ecológicospara os serviços de transporte;

• Procedimentos operacionaisdestinados a limitar a poluiçãodos transportes com ações de pla-nejamento e gestão do tráfego;

• Incentivo à transição pa-ra modos de transporte menospoluentes.

O carro verde pode ser umaação estratégica como um veículomais ecológico para o setor detransporte. Seu uso dependerá daconscientização do usuário em reu-nir o conforto da mobilidade com aresponsabilidade individual do con-trole das emissões veiculares. Seráuma ação, para minimizar os impac-tos ambientais e atender as neces-sidades dos usuários na escolha deum veículo que menos contribuapara o ar que todos respiram: masque não pode gerar expectativasem relação à mobilidade urbana e àinfraestrutura de transportes.

O monitoramento da qualida-de do ar demonstrará o quantoo carro verde contribuirá para amelhoria da qualidade de vida eda saúde de todos.

DEBATE O Brasil tem condições de ter o “carro verde”?

NEISE RIBEIRO VIEIRAEngenheira química e ambiental,Master of Science do Programa deEngenharia de Transportes daCoppe/UFRJ, com dissertação sobre indicadores ambientais de qualidade do ar para o transporte urbano

“Seu uso dependerá da conscientização do usuário em reunir o confortoda mobilidade com a responsabilidade do controle das emissões”

Ação estratégica como um veículo mais ecológico

As estratégias de con-trole da poluição doar adotadas no inícioda década de 70 do

século 20 priorizaram as emis-sões industriais e não incluí-ram, de imediato, as emissõesdo transporte e o aumento damobilidade urbana. A conse-quência foi a degradação daqualidade do ar com o agrava-mento da poluição do ar pelomodelo de transporte comumnas cidades: o uso do ônibusmovido a diesel para o trans-porte público de passageiros, oautomóvel particular e, recen-temente, a motocicleta comoopções para os deslocamentos.A partir de 1976, os instrumen-tos de gestão da qualidade doar foram estabelecidos, em âm-bito federal. Ao longo dos anos,outros instrumentos foram es-tabelecidos, atualizando a ges-tão da qualidade do ar, incluin-do as ações de controle da po-luição do ar para o transporte.

O Proconve (Programa de Con-trole de Poluição do Ar por Veícu-los Automotores), o Promot (Pro-grama de Controle da Poluição doAr por Motociclos e Veículos Simi-lares), o Pronar (Programa Nacio-nal de Controle da Qualidade do

NEISE RIBEIRO VIEIRA

Page 79: Revista CNT 209

Amobilidade mais sus-tentável, baseada emenergias renováveis eem veículos de maior

eficiência, pode ser praticada noBrasil, que conta com cerca de45% de fontes renováveis emsua matriz energética e uma im-portante indústria automotiva.

A mobilidade elétrica e, demodo geral, os transportes demaior eficiência energética emenor impacto ambiental vêmse tornando prioritários porcontribuírem para a redução deemissões de efluentes e da de-pendência do petróleo.

Embora amplamente utiliza-dos no início do século passado,os carros elétricos tinham sidopraticamente abandonados devi-do à sua então baixa autonomia evelocidade, até que as preocupa-ções ambientais, particularmen-te na Califórnia (EUA), e o avançotecnológico das baterias vierama torná-los alvo da atenção degovernos, fabricantes e usuários.

O peso e o custo de bateriasde grande capacidade de acu-mulação, além do tempo reque-rido para sua recarga, têm limi-tado a ambientes urbanos o usode carros elétricos cujas bate-rias dependam de fontes exter-

redução de sua carga fiscal (seuIPI é de 25%) e o possível aumen-to dos preços dos combustíveisdeverão acelerar sua penetraçãono mercado.

Será importante mostrar queos veículos elétricos híbridos en-sejarão a ampliação do mercadode etanol, pois, como demonstrao ônibus recentemente utilizadopela Itaipu Binacional, o geradordo veículo pode ser acionado pormotor de ciclo Otto ou Atkinson,consumindo aquele combustível.Quanto aos veículos leves, queatualmente utilizam motoresflex, nada impede que carros hí-bridos tenham seu gerador acio-nado por motores de combustãointerna dessa natureza ou pormotores especialmente projeta-dos para uso de etanol.

Finalmente, será importanteesclarecer que mesmo que aenergia elétrica seja gerada apartir de fontes não renováveis,particularmente carvão, a menosque a usina que o utilize sejamuito ineficiente, ainda assim asemissões associadas à geraçãoelétrica serão menores do queaquelas decorrentes do consumode gasolina ou diesel, e que asemissões da usina não ocorramem ambiente urbano.

PIETRO ERBER Engenheiro eletricista pelaEscola Nacional de Engenharia(UFRJ), diretor-presidente daABVE (Associação Brasileira doVeículo Elétrico) e diretor doInee (Instituto Nacional deEficiência Energética)

Alvo da atenção de governos,fabricantes e usuários

“Os transportes de maior eficiência energética e menor impacto ambiental vêm se tornando prioritários”

nas para sua recarga, pois suaautonomia tem sido da ordemde 150 km a 200 km. Para con-tornar essas limitações, desde adécada de 1990 foram comercia-lizados veículos elétricos híbri-dos, nos quais a energia é gera-da a bordo e ensejam reduçõesde consumo de combustível demais de 30% e reduções bemmaiores das emissões deefluentes nocivos à saúde. Veri-fica-se, por isso, significativa ecrescente utilização de táxis eônibus híbridos em muitas cida-des norte-americanas, chinesas,europeias e brasileiras, apesarde seu custo inicial ainda sermais elevado do que o de seussimilares convencionais.

Os custos dos veículos elétri-cos poderão decrescer com o au-mento de sua produção e osavanços tecnológicos que vêmsendo objeto de grandes investi-mentos. A ampla instalação depontos de carregamento de bate-rias, seja em locais de estaciona-mento, seja em locais públicos,para carga rápida, contribuirãopara a difusão do uso de carros abateria. A contribuição dessespara o funcionamento das “redesinteligentes” das empresas dedistribuição de energia elétrica, a

PIETRO ERBER

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2013 81

CLÉSIO ANDRADEOPINIÃO

aneiro de 2013 marca o início da distribuição dodiesel S-10, com apenas 10 ppm (parte por mi-lhão) de enxofre, portanto, menos poluente queo S-50, que vinha sendo comercializado desdejaneiro do ano passado. Antes da introduçãodesse óleo combustível mais limpo, o diesel

brasileiro era um dos mais poluentes do mundo.A utilização em larga escala do óleo diesel

pela atividade transportadora comprova a im-portância desse combustível para a economiado país e para toda a sociedade. Assim, as mu-danças, em sua essência, dizem respeito aostransportadores e toda a população. À medidaque traz maior eficiência técnica para o desem-penho dos motores e reduz as margens de emis-são de poluentes, o diesel S-10 merece ser vistocomo um combustível moderno e é bem-vindo àmatriz energética brasileira.

O Brasil ainda tem muito que avançar na qua-lidade de seus combustíveis, seja para propiciarmelhor desempenho dos motores ou para dimi-nuir os prejuízos ambientais e os danos à saúdeda população. Contudo, com a chegada do S-10,demos um passo decisivo para entrarmos nogrupo dos países civilizados do ponto de vistada queima de combustíveis fósseis.

Nosso país vem avançando na estratégia dediminuir os elementos mais nocivos ao meio am-biente. A CNT está engajada nessa questão, des-de o primeiro momento dos debates. Em 2007,quando instituiu o Despoluir – Programa Ambien-tal do Transporte, a Confederação Nacional do

Transporte introduziu definitivamente a pautaambiental na agenda do transporte brasileiro.

Como resultado da ação do Despoluir, o pro-grama vem transformando a consciência corpo-rativa no setor transportador, criando uma novacultura de valores ambientais entre trabalhado-res e também no corpo gerencial das empresasde transporte. Atualmente, podemos afirmarque a grande maioria das empresas tem condu-ta padrão no tratamento dos elementos polui-dores residuais da atividade transportadora.

A CNT, por meio do Despoluir, busca promo-ver a eficiência energética, e, neste contexto, aatuação da entidade no Conama (Conselho Na-cional de Meio Ambiente) e em outros fóruns dogoverno tem sido decisiva na implantação demelhores procedimentos, inclusive na reduçãodo teor de enxofre do óleo diesel. À proporçãoque a frota de veículos circulantes for renovadae passe a utilizar o diesel com menos enxofre,haverá melhora sensível da qualidade do ar nasgrandes cidades.

A utilização de combustível menos poluenteé uma conquista da sociedade e dos transporta-dores. A redução da emissão de poluentes, coma utilização do S-10, pode representar uma futu-ra redução de custos com menor desgaste dosmotores e com menos desperdício. Ao se empe-nhar pela evolução tecnológica dos combustí-veis brasileiros, a CNT assume posição de desta-que na defesa de um meio ambiente sustentávele por um transporte cada vez mais eficiente.

JAr mais limpo ainda

“A utilização de combustível menos poluente é uma conquista da sociedade e dos transportadores”

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201382

DOS LEITORES

Escreva para CNT TRANSPORTE ATUALAs cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

CORREDORES DE ÔNIBUS

A reportagem “Transformaçãono dia a dia”, publicada na edição nº 208 da revista CNTTransporte Atual, mostra comoo sistema BRT pode ser a solução para os problemas dotrânsito nas grandes e médiascidades brasileiras. A ideia doprojeto nasceu em Curitiba, noParaná, há quase 40 anos, masainda são poucos os corredoresde ônibus existentes no país. Espero que a previsão de investimentos no setor nos próximos anos melhore a qualidade dos serviços oferecidos.

Ana Paula ProençaMarília/SP

TRANSPORTE MARÍTIMO

Parabéns à CNT pela pesquisa divulgada no fim do ano passado sobre o transporte marítimo no Brasil. Os dadosmostram claramente a situaçãodos nossos portos e terminais e a urgência de encontrar soluções. O Brasil perde em competitividade por causa da falta de infraestrutura para a exportação de produtos. Assim como nas rodovias, é imprescindível a necessidade de planejamentoem longo prazo.

Jefferson Antônio PinheiroVitória/ES

CURSO DE QUALIFICAÇÃO

Fiquei sabendo sobre o curso dequalificação para os gestoresdas empresas de transporte pormeio da revista CNT TransporteAtual de janeiro. Excelente a iniciativa da CNT, da Escola doTransporte, do Sest Senat e doSebrae. O conteúdo do curso ébem completo, e a modalidade adistância facilita o acesso dequem não tem tempo para fazera aula presencial. Trabalho há alguns anos no setor e quero fazer a minha inscrição.

Maria Carla FigueiredoContagem/MG

ZEZÉ DI CAMARGO& LUCIANO

A entrevista com a dupla é interessante porque mostra a situação do transporte brasileirodo ponto de vista de quem usa oserviço. Concordo com a visãodeles sobre a Lei Seca. Apunição deve ser grande paraquem dirige embriagado. Nãopodemos mais aceitar tantasmortes por motivos tão banais.

Eduardo TeixeiraAnápolis/GO

CARTAS PARA ESTA SEÇÃO

SAUS, quadra 1, bloco JEdifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar70070-010 - Brasília (DF)E-mail: [email protected]

Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes

CNTCONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE

PRESIDENTE Clésio Andrade

VICE-PRESIDENTES DA CNTTRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte RodriguesTRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares JúniorTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Jacob Barata FilhoTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti

PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃOTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio BenattiPedro José de Oliveira LopesTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca LopesEdgar Ferreira de Sousa

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Glen Gordon Findlay

Paulo Cabral Rebelo

TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Rodrigo Vilaça

Júlio Fontana Neto

TRANSPORTE AÉREO

Urubatan Helou

José Afonso Assumpção

CONSELHO FISCAL (TITULARES)

David Lopes de Oliveira

Éder Dal’lago

Luiz Maldonado Marthos

José Hélio Fernandes

CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)

Waldemar Araújo

André Luiz Zanin de Oliveira

José Veronez

Eduardo Ferreira Rebuzzi

DIRETORIA

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Luiz Wagner Chieppe

Alfredo José Bezerra Leite

Lelis Marcos Teixeira

José Augusto Pinheiro

Victorino Aldo Saccol

José Severiano Chaves

Eudo Laranjeiras Costa

Antônio Carlos Melgaço Knitell

Eurico Galhardi

Francisco Saldanha Bezerra

Jerson Antonio Picoli

João Rezende Filho

Mário Martins

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Luiz Anselmo Trombini

Urubatan Helou

Irani Bertolini

Pedro José de Oliveira Lopes

Paulo Sérgio Ribeiro da Silva

Eduardo Ferreira Rebuzzi

Oswaldo Dias de Castro

Daniel Luís Carvalho

Augusto Emílio Dalçóquio

Geraldo Aguiar Brito Viana

Augusto Dalçóquio Neto

Euclides Haiss

Paulo Vicente Caleffi

Francisco Pelúcio

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de Sousa

José Alexandrino Ferreira Neto

José Percides Rodrigues

Luiz Maldonado Marthos

Sandoval Geraldino dos Santos

Éder Dal’ Lago

André Luiz Costa

Diumar Deléo Cunha Bueno

Claudinei Natal Pelegrini

Getúlio Vargas de Moura Bratz

Nilton Noel da Rocha

Neirman Moreira da Silva

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Hernani Goulart Fortuna

Paulo Duarte Alecrim

André Luiz Zanin de Oliveira

Moacyr Bonelli

George Alberto Takahashi

José Carlos Ribeiro Gomes

Roberto Sffair

Luiz Ivan Janaú Barbosa

José Roque

Fernando Ferreira Becker

Raimundo Holanda Cavacante Filho

Jorge Afonso Quagliani Pereira

Alcy Hagge Cavalcante

Eclésio da Silva

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