revista bimestral | preÇo unitÁrio: 5 como realizar … · como realizar uma uretrostomia...

54
Como realizar uma uretrostomia escrotal Conhecimentos médicos essenciais para cuidados veterinários exemplares Janeiro/Fevereiro 2015 v Peer-reviewed v Edição Portuguesa REVISTA BIMESTRAL | PREÇO UNITÁRIO: 5 Intoxicação por algas Desafios da liderança Imagiologia em répteis Cistografia num cão Queratomas nos cães Comportamento e bem-estar de gatos

Upload: doanhuong

Post on 30-Oct-2018

227 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Como realizar uma uretrostomia escrotal

Conhecimentos médicos essenciais para cuidados veterinários exemplares

Janeiro/Fevereiro 2015 v Peer-reviewed v Edição PortuguesaREVISTA BIMESTRAL | PREÇO UNITÁRIO: 5 €

Intoxicação por algas Desafios da liderança

Imagiologia em répteisCistografia num cão

Queratomas nos cães Comportamento e bem-estar de gatos

www.esteve.pt

mais perto

Uma Gama Completa, mais concentrada e adaptada aos diferentes pesos dos animais

Precisão na dosificação!Antibioterapia de eleição •

Outras formas Amoxicilina · A.Clavulânico

40 mg Amoxicilina10 mg A. Clavulânico

4 kg

200 mg Amoxicilina50 mg A.Clavulânico

20 kg

400 mg Amoxicilina100 mg A. Clavulânico

40 kg

✓ Comprimidos Palatáveis (facilita a sua administração).

✓ Comprimidos divisiveis em quartos smart tabs (maior precisão na dosificação, economia, adequado para cachorros e gatinhos de baixo peso)..

✓ Blisters de 10 comprimidos.

Clavubactin® 50/12.5mg

5 kg

Clavubactin® 250/62.5mg

25 kg

Clavubactin® 500/125mg

50 kg

NOVA

APRESENTAÇÃO

25% mais concentrado

09 Astenia cutânea num gato doméstico Fonseca, Maria João, DVM, MSc (Doenças Infecciosas Emergentes)

13 Caso toxicológico O veneno no lago Intoxicação por algas azuis-verdes num cão jovem Safdar A. Khan, DVM, MS, PhD, DABVT

17 Desafios da liderança A profissão em crise Um retrato de saúde de completo Como cultivar o cumprimento das suas recomendações por parte dos clientes Artigo preparado pela equipa dvm360.com

Está intrigado pelo facto de os clientes não seguirem os seus conselhos? Tente estas cinco ideias e a sua clínica poderá encontrar o caminho de uma boa saúde para todos.

23 Imagiologia em répteis Identificação da causa da anorexia e perda de peso de um dragão barbudo Katie W. Delk, DVM, David S. Biller, DVM, DACVR, James W. Carpenter, DVM, DACZM

Um estudo que incluiu um enema com contraste ajudou os clínicos a detetar uma estenose intestinal neste animal de companhia exótico. Saiba como este exame de diagnós- tico o poderá ajudar com outros répteis doen- tes que manifestem sintomas semelhantes.

28 Cistografia com controlo positivo num cão com uma rotura da bexiga de deteção difícil Philip I. Allen, DVM, David S. Biller, DVM, DACVR, Michael S. Thoesen, DVM, DACVS

Para evitar erros de diagnóstico, assegure-se que realiza uma investigação profunda quando usa esta técnica para identificar uma rotura da bexiga.

32 Queratomas nos cães Dor nas almofadinhas plantares Uma revisão dos queratomas das almofadinhas plantares dos cães Steven F. Swaim, DVM, MS, Mark W. Bohling, DVM, PhD, DACVS, James C. Wright, DVM, PhD, DACVPM, Ilaria Borghese, MS, MA, OTR/L

Neste trabalho, os peritos referem o facto de estas lesões dolorosas terem como causa provável um traumatismo mecânico repetido e recomendam um plano de tratamento e de prevenção.

39 Influência de um alimento que contém hidrolisado de α-caseína e L-triptofano no comportamento e bem-estar de gatos Gonçalo Da Graça Pereira, DVM, MsC, PhD, Dip ECAWBM (BM);, Pier A.Accorsi, DVM, PhD, Valentina Beghelli, DVM, Michela Mattioli, DVM, Sara Fragoso, MSc.

47 Aperfeiçoamento técnico Como realizar uma uretrostomia escrotal e acabar com o ciclo dos cálculos Don Waldron, DVM, DACVS

Este procedimento que desvia de forma permanente o fluxo urinário, pode beneficiar os cães com problemas de bloqueio uretral recorrente devido a cálculos urinários.

VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 3VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 3

Edição Portuguesa Vol. 17 • Nº 97 Janeiro/Fevereiro 2015

www.esteve.pt

mais perto

Uma Gama Completa, mais concentrada e adaptada aos diferentes pesos dos animais

Precisão na dosificação!Antibioterapia de eleição •

Outras formas Amoxicilina · A.Clavulânico

40 mg Amoxicilina10 mg A. Clavulânico

4 kg

200 mg Amoxicilina50 mg A.Clavulânico

20 kg

400 mg Amoxicilina100 mg A. Clavulânico

40 kg

✓ Comprimidos Palatáveis (facilita a sua administração).

✓ Comprimidos divisiveis em quartos smart tabs (maior precisão na dosificação, economia, adequado para cachorros e gatinhos de baixo peso)..

✓ Blisters de 10 comprimidos.

Clavubactin® 50/12.5mg

5 kg

Clavubactin® 250/62.5mg

25 kg

Clavubactin® 500/125mg

50 kg

NOVA

APRESENTAÇÃO

25% mais concentrado

05 NOTÍCIAS Atribuição dos Prémios Casos Clínicos em Dermatologia 2013 Gestão e produção sustentável de bovinos e equinos debatidos em Évora Bayer lança Ceffect® Lactação 75 mg

06 UM OLHAR SOBRE A LITERATURA Existe uma “forma melhor“ para tratar a anemia hemolítica imunomediada nos cães? É seguro administrar sangue de cães a gatos?

08 A ENSINAR Dirofilariose efeitos a longo prazo E de que forma a revisão das guidelines pode ajudar

4 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

continuaçãoÍndice

Edição Portuguesa

Diretor da Publicação Prof. Doutor João Cannas da Silva

Conselho CientíficoDr. António Morais Pinto

Dr. António ValadaresDr. Carlos BettencourtDr. Francisco Camacho

Dr. João Paisana Dr. Luís Morais

Dra. Maria João Nunes Dr. Miguel Oliveira Cardo

Dr. Pedro LopesDr. Pedro Morais de Almeida

Empresa proprietária e detentora dos direitos

para Portugal

NIPC: 503 552 771

Editora: Paula CordeiroCalçada de Arroios, nº 16-C, Sala 3

1000-027 Lisboa

Diretora: Paula Cordeiro

Publicidade: Maria Pedro Calisto

Administração, Redacção, Maquetização e Paginação

Calçada de Arroios, nº 16-C, Sala 3 1000-027 Lisboa

Tel.: 21 842 97 10 • Fax: 21 842 97 19 E-mail: [email protected]

www.admedic.pt

Montagem e Impressão

LouresGráfica, Sociedade de Artes Gráficas, Lda.

Rua João Camilo Alves, nº 6-A, Bucelas, 2670-661 Loures

Periodicidade: bimestral (6 nos anuais)Excluída de registo no ICS de acordo

com a alinea a) do art. 12º do DR nº 8/99 de Junho. ISSN 0874-2642

Depósito Legal 134982/99

Tiragem: 2 500 ex.Assin. anual: 30 € • Unidade: 5,00 €

Os artigos publicados nesta edição da Ve-terinary Medicine têm direitos reservados (2015) para a Advanstar Communications, Inc., Lenexa, KS n66219, USA. Todos os di-reitos de publicação da Veterinary Medicine “Edição Portuguesa” estão reservados para a Ad Médic, Lda. a qual não se responsabiliza pelas opiniões expressas dos autores. Proi-bida a reprodução total ou parcial, sob qual-quer forma, sem prévia autorização escrita. Copyright© 2015 by Advanstar Commu-nications, Inc., Lenexa, KS n66219, USA. All rights reserved. Editorial provided from Veterinary Medicine with the permission of Advanstar Communications, Inc. Repro-duction in any manner, in any language, in whole or in part, without the prior written permission of Advanstar Communications, Inc., is prohibited.

Nota do editor: Sendo a maioria dos ar-tigos publicados na edição portuguesa da Veterinary Medicine traduções de originais da edição americana da mesma revista, alertamos para o facto de que poderá por vezes ser referida a utilização de fármacos não autorizados na União Europeia nas mes-mas formulações, posologias e/ou para as mesmas indicações e/ou espécies.

VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 7VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 7

Notícias

Atribuição dos Prémios Casos Clínicos em Dermatologia 2013Foram entregues os Prémios da 2ª edição “Casos Clínicos em Dermato-

logia”, publicados durante o ano de 2013, na Revista Veterinary Medicine, com o patrocínio da Flyingvet.

Este prémio tem o objetivo de promover a participação ativa dos Médicos Veterinários, na divulgação das situações decor-rentes da prática clínica do dia-a-dia, através da publicação de casos clínicos que sejam considerados interessantes do ponto de vista didático, quer pelas suas particularidades, quer pela sua resolução.

O Júri, composto pelo Prof. Doutor José Henrique Correia, pela Prof. Doutora Ana Oliveira e pela Prof. Doutora Justina Prada, avaliou os artigos, tendo atribuído os três prémios previstos no regulamento desta iniciativa.

O caso clínico “Dermatite eosinofílica num Labrador”, publicado na edição de maio/junho de 2013, da autoria da Dra. Diana Coelho, foi o vencedor do 1º Prémio. O 2º Prémio foi atribuído ao caso publicado na edição de março/abril de 2013, “O diagnós-tico e tratamento da straelensiose canina na prática clínica: um caso”, da autoria dos Drs. Renato Pinho, Marcos Fdez Monzón e João Simões. As vencedoras do 3º prémio foram a Dra. Augusta Ferraz e a Doutora Helena Vala com o trabalho “Utilização de ciclosporina A - Uma nova abordagem no tratamento de eritema multiforme”, publicado na edição de novembro/dezembro.

A Veterinary Medicine felicita todos os premiados desta edição e desafia os Médicos Veterinários a enviarem os seus casos para a edição deste ano.

Gestão e produção sustentável de bovinos e equinos debatidos em Évora

JORNADAS VETERINÁRIAS INTEGRAM I FESTIVAL DE ENDURANCE DE ÉVORAO Hospital Veterinário Muralha de Évora (HVME) em parceria com a Equimuralha vão realizar nos próximos dias 6 e 7 de Março, a 7ª edição das Jornadas do Hospital Veterinário Muralha Évora.

Trata-se de um conjunto de seminários e workshops que se realizam no Évora Hotel e se focam, no primeiro dia, nos temas “Enfrentar o Futuro da Pecuária: desafios e oportunidades” e “Técnicas de reabilitação equina”.

Ao longo destes dois dias irão ser abordados diversos temas de ruminantes e equinos, em diferentes áreas temáticas, que possibilitem melhorar a produtividade dos sectores, de forma sustentável, contribuindo para o desenvolvimento rural.

As Jornadas constituem uma oportunidade para que investi-gadores, técnicos e outros profissionais dos sectores possam partilhar ideias, analisar e discutir o estado actual do conheci-mento e das perspectivas futuras.

A organização das Jornadas foi mais uma vez movida pela ambição e o desafio de responder às expectativas de todos os que nos procuram, conjugando elevados padrões de qualidade nas palestras e inovação.

O painel de oradores que se debruça sobre os ruminantes, conta com intervenções vindas de várias áreas e com experiên-cias diferentes. Irá manter-se a realização de uma mesa-redonda, com a presença de diversas entidades.

Na sala dedicada aos equinos, este, ano pretende-se dar destaque às mais modernas técnicas de reabilitação em equinos.

No segundo dia o programa versa sobre temáticas mais espe-cíficas e workshops práticos para médicos veterinários.

Nos ruminantes, irão decorrer diferentes seminários, onde as Associações de Criadores voltam a ganhar destaque.

As Jornadas do Hospital Veterinário Muralha Évora destinam--se à comunidade em geral, a produtores, criadores, proprietários de animais de produção e cavalos, mas também a médicos vete-rinários e estudantes. Na sua última edição teve uma participação que, superou os 400 participantes, consolidando-se como um evento de importância nacional.

O Hospital Veterinário Muralha de Évora (HVME) e a Equimu-ralha são duas entidades de referência na região e entendem que para além dos serviços médico-veterinários que prestam à comunidade, devem ter um papel mais interventivo na sociedade ao nível pedagógico, nomeadamente através do desenvolvimento de diversas ações de formação.

Para consultar o programa das jornadas veja no site www.hvetmuralha.pt.

FONTE: HOSPITAL VETERINÁRIO MURALHA DE ÉVORA

Bayer lança Ceffect® Lactação 75 mgNOVO ANTIBIÓTICO INTRAMAMÁRIOUm antibiótico intramamário indicado para o tratamento da mastite clínica em vacas em lactação, causadas por bactérias Gram + e Gram-.

A Bayer acaba de lançar Ceffect® Lactação 75 mg, um an-tibiótico intramamário, em pomada, indicado para o tratamento da mastite clínica em vacas em lactação, causadas por bactérias Gram + e Gram -, incluindo Escherichia coli, Streptococcus uberis, Streptococcus dysgalactiae e Staphylococcus aureus, todas elas sensíveis à cefquinoma.

Ceffect® Latação 75 mg tem como substância ativa uma ce-falosporina de 4ª geração, caracterizada pelo seu largo espectro de actividade, concentração média muito elevada, elevada esta-bilidade contra as β-lactamases e boa seringabilidade.

Com este novo medicamento, e depois do Ceffect® 2,5% Injectável, a Bayer amplia assim a sua gama de anti-infecciosos para o tratamento das mastites em bovinos.

Para mais informações, consulte www.bayervet.bayer.ptFONTE: BAYER

Um olhar sobre a LiteraturaDa bibliografia científica para o seu consultório

Existe uma “forma melhor“ para tratar a anemia hemolítica imunomediada nos cães?PORQUE FOI FEITOTendo em conta a variedade de corticosteroides e outros compostos que tem sido usada para o tratamento da ane-mia hemolítica imunomediada (IMHA), será útil certamente dispor de informação sobre os objetivos iniciais e benefícios do tratamento.

O QUE FOI FEITOOs autores realizaram uma revisão sistemática da literatura (1980-2011) para avaliar as evidências atuais sobre o regi-me imunossupressor ótimo para os cães com IMHA. Foram incluídos nesta revisão estudos que envolviam casos de IMHA idiopática primária e que tivessem resultados relativos aos regimes terapêuticos adotados. Foram excluídos os estudos em que os dados de sobrevivência estivessem classificados por tratamento, bem como os que se referiam a menos de cinco casos.

A evidência apresentada nos estudos foi objeto da seguinte classificação:

A: Estudo randomizado cego com controlo, comparando duas intervenções de tratamento

B: Estudo com controlo sem evidência de ser cego ou randomizado

C: Estudo prospetivo de grupo D: Estudo prospetivo de caso-controloE: Estudo retrospetivo de grupo ou caso-controloF: Estudo prospetivo com intervenção únicaG: Estudo retrospetivo com intervenção única

1: > 50 casos por grupo2: 21 a 50 casos por grupo3: 10 a 49 casos por grupo4: < 10 casos por grupo

O QUE SE VERIFICOUGlobalmente, foram incluídos na revisão 19 estudos, que correspondiam a dados de 843 casos de IMHA. Apenas quatro (21%) dos estudos tinham incluído controlos, com evidência de grau A ou B. Em quatro estudos, a base para o diagnóstico de IMHA era pouco clara.Em termos de tratamento, em nove dos estudos (47%), os regimes foram classificados como “claramente definidos mas incompletos”, uma vez que não referiam a duração do tratamento. As posologias de compostos chave não eram referidas em dois dos restantes estudos e os regimes de tratamento adotados não eram claros.Embora a dose e formulação fossem variáveis, foram usados corticosteroides em todos os casos de IMHA avaliados. As doses de prednisona ou prednisolona variaram entre 1 e 8 mg/kg/dia, enquanto a dose de dexametasona variou entre 0.2 a 1 mg/kg/dia. Os três outros compostos mais usados foram a azatioprina (1 a 2.7 mg/kg/dia), ciclosporina (3 a 8 mg/kg/dia) e ciclofosfamida (1.1 a 3.3 mg/kg/dia ou 50 mg/m2/dia durante quatro dias, ou uma dose inicial de 200 mg/m2 seguida de 50 mg/m2/dia durante três dias).

MENSAGEM A RETERA evidência de elevada qualidade que permita formular uma recomendação geral sobre o regime de tratamento “ideal” para os cães com IMHA é escassa. Os autores salientam que este problema se deve certamente à baixa incidência da doença e à dificuldade de recrutar casos em número elevado para estudos prospetivos.

Swann JW, Skelly BJ. Systematic review of evidence relating to the treatment of immune--mediated hemolytic anemia in dogs. J Vet Intern Med 2013;27(1):1-9.

Get

ty Im

ages

/Nor

ah L

evine

Pho

togr

aphy

BOLETIM DE ASSINATURA - Edição Impressa

Assinatura anual: € 30 Assinar Renovar

Nome

Morada

Localidade C. Postal -

Céd. Profissional Nº NIF Tel.

E-mail

Clínica de Peq. Animais (quais)

G. Animais (quais)

Envie para: Revista Veterinary Medicine • Calçada de Arroios, nº 16-C, Sala 3 • 1000-027 Lisboa Telef.: 21 842 97 10 • Fax: 21 842 97 19 • E-mail: [email protected] ONLINE - Registe-se em www.admedic.pt e consulte gratuitamente.

continuaçãoUm olhar sobre a LiteraturaUm olhar sobre a LiteraturaDa bibliografia científica para o seu consultório

É seguro administrar sangue de cães a gatos?

PORQUE FOI FEITONuma situação de emergência, é possível recorrer às reservas de sangue canino para realizar uma transfusão a um gato?

O QUE FOI FEITOOs autores realizaram uma revisão da literatura sobre a prática de xenotransfusão – a transfusão de sangue de uma espécie diferente – em medicina veterinária.

O QUE SE VERIFICOUA xenotransfusão tem sido documentada na literatura veteri-nária desde os anos 60 do século passado e, de acordo com os autores, continua a ser uma prática comum em alguns

países como a França, Itália e Austrália. Desde 1962 até ao presente foram publicados quatro estudos e um caso clínico sobre a utilização de sangue canino em transfusões administradas a gatos (no total 62 gatos). Na maioria dos casos, as transfusões foram bem toleradas, indicando que os gatos não têm, naturalmente, anticorpos contra os glóbulos vermelhos do sangue canino.As reações ligeiras às transfusões incluíram taquipneia e pirexia, bem como icterícia, na semana seguinte à transfusão. As transfusões repetidas, administradas mais de sete dias depois de uma transfusão inicial, resultaram em reações graves à transfusão (hemoglobinúria, anafilaxia, morte). Por outro lado, os investigadores verificaram que os glóbulos ver-melhos caninos têm uma semivida muito mais curta (menos de quatro dias) quando são administrados a gatos.

MENSAGEM A RETERNão se deve usar como prática a administração de sangue completo ou de concentrados de glóbulos vermelhos de cães nas transfusões a administrar a gatos. A xenotransfusão pode ser considerada em circunstâncias específicas, quando não está disponível sangue felino compatível ou um veículo de oxigénio baseado em hemoglobina e se o animal nunca tiver sido submetido a uma xenotransfusão. É imprescindível uma conversa franca com os donos sobre os riscos e benefícios deste tipo de transfusão.

Bovens C, Gruffydd-Jones T. Xenotransfusion with canine blood in the feline species: review of the literature. J Feline Med Surg 2013;15(2):62-67.

“Um olhar sobre a literatura” teve a contribuição de Jennifer L. Garcia, DVM, DACVIM, Espe-cialista em Medicina Interna Veterinária no Sugarland Veterinary Specialists em Houston, Texas.G

etty

Imag

es/C

hris

Scre

don

10 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

A ensinar

Imag

em c

edid

a pe

lo Dr

. Ste

phen

Jone

s

DIROFILARIOSEEFEITOS A LONGO PRAZOE de que forma a revisão das guidelines pode ajudar

Como médico veterinário na área de Lowcountry da Caroli-na do Sul (EUA), lido com doentes com dirofilariose quase diariamente. Assim, tenho um interesse especial sobre os efeitos que esta doença pode ter a longo prazo. Nos últimos seis anos, estudei os resultados de necropsia de dezenas de cães e gatos. Alguns destes tinham infeções ativas na altura da morte, outros tinham sido tratados para esta doença durante a sua vida.O meu estudo ensinou-me que muitos donos e veterinários não realizam que esta infeção deixa marcas importantes e afeta a saúde e a qualidade de vida dos doentes, mesmo depois de os parasitas já não estarem presentes. Estas alte-rações graves e duradouras acontecem em cães que foram tratados e também em gatos que eliminaram os parasitas naturalmente.Esta perceção levou a que me envolvesse no trabalho da American Heartworm Society (AHS). Dia após dia, a nossa mensagem para os médicos veterinários, e também para os donos dos animais, é que todos animais sensíveis a esta infeção devem ser tratados preventivamente ao longo de todo o ano.Fui eleito presidente da AHS durante o 14º Triennial Hear-tworm Symposium realizado em setembro de 2013. Durante esta reunião, foram surgindo novas perspetivas sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento da infeção por Dirofi-laria immitis, que levaram a uma revisão das guidelines da AHS para cães e gatos. Entre os aspetos mais importantes incluem-se:• Confirmação científica da resistência à dirofilariose (a dis-

cussão dos peritos da AHS sobre este assunto pode ser visualizada em http://dvm360.com/AHSResistance)

• Maior ênfase na prevenção da dirofilariose e seu valor relativamente à resistência

• Novas recomendações para testagem de antigénios e de microfilárias

• Compreensão inovadora sobre os completos antigénio--anticorpo que interferem com os testes

• Significado da administração de doxiciclina e lactonas macrocíclicas previamente à terapêutica adulticida

• Diagnósticos diferenciais adicionais para a dirofilariose dos gatos

Todos os dias aprendemos mais sobre a dirofilariose, mas sabemos já há muito que esta é uma das doenças mais comuns e evitáveis que ameaçam os nossos doentes. Mantendo-nos atualizados sobre a doença, informando os donos e recomendando a realização de tratamentos profi-láticos ao longo de todo o ano, podemos fazer a diferença. As orientações revistas podem ser consultadas em http://heartwormsociety.org/veterinary-resources/canine--guidelines.html.

Stephen Jones, DVM, é Médico Veterinário no Lakeside Animal Hospital em Monks Corner, Carolina do Sul. Será Presidente da AHS até setembro de 2017.

VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 11

artigo concorrente

Astenia cutânea num gato domésticoFonseca, Maria João, DVM, MSc (Doenças Infecciosas Emergentes)

OSíndrome de Ehlers-Dan-los (EDS), dermatosparaxis ou astenia cutânea, é uma

doença congénita hereditária rara do tecido conjuntivo, que consiste numa deficiência das fibras de colagénio e é caracterizada por hiperextensibilidade e flacidez da pele.1, 2, 3 A fisiopatologia da doença não é completamente compreendida. A doença está re-portada em seres humanos, cães, gatos, cavalos, ovelhas, coelhos, ratos e martas.3 Existem poucos ca-sos descritos em gatos e a maioria dos relatórios disponíveis são des-crições de casos individuais.4, 5, 6, 7,

8 As raças Himalaia6 e Domésticos de pelo curto4, 5, 7, 8 são as únicas raças felinas reportadas e nenhuma predisposição sexual foi encontrada. O diagnóstico é feito com base nos sinais clínicos, na elasticidade da pele e biópsia cutânea. O sinal clini-co mais frequente é o surgimento de feridas espontâneas que se parecem com uma “boca de peixe”. O índice de elasticidade da pele (IEP), que é medido calculando o rácio entre a elasticidade vertical da pele (cm) na junção dorso-lombar e a distância entre a crista occipital e a base da cauda (cm) x 100, está aumentado.

Fonseca, Maria João, DVM, MSc (Doenças Infecciosas Emergentes)

Hospital do Gato, Lisboa, Portugal

Um gato saudável apresenta um IEP máximo de 19%.1, 2 Os sinais derma-tológicos podem coexistir com ex-tremidades aumentadas, alterações oculares (como luxação do cristali-no), laxidão dos ligamentos e outras alterações, como um caso relatado de hérnias.5 Estas manifestações secundárias da doença agravam o prognóstico já de si reservado.3 Não existe tratamento específico para essa condição, mas com um bom acompanhamento é possível que os gatos afetados tenham uma boa qualidade de vida.

CASO CLINICOA Nina é uma gata de 2 meses de idade, doméstica de pelo curto, que se apresentou à consulta devido a

uma ferida. A Nina havia sido resga-tada da rua há duas semanas, tendo sido mantida em casa desde então. A ferida apareceu três dias antes da comparência à consulta e estava progressivamente maior. Os donos não reportaram qualquer outra al-teração. O exame físico da Nina foi normal com exceção de uma ferida cervical de aspeto exsudativo com quase um centímetro. Realizou-se um teste rápido de ELISA para vírus da imunodeficiência felina (FIV) e vírus da leucemia felina (FeLV) cujo resultado foi negativo. Foi estabe-lecido o diagnóstico provável de uma ferida traumática. A Nina foi desparasitada com milbemicina e tratada com amoxicilina/ac. clavu-lânico, uma pomada cicatrizante e

1. Aspeto geral da pele mostrando escassez e desorganização das fibras de colagénio afetan-do a totalidade da espessura da derme, sendo mais intensa na derme profunda. Identifica-se discreta infiltração de células inflamatórias mononucleadas regularmente dispersas na derme. A epiderme e os folículos pilosos não exibem alterações significativas (H&E, x40). Cortesia da Prof.ª Doutora Peleteiro C. (VETPAT).

12 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

artigo concorrente (continuação)

um colar isabelino.Após uma semana, a ferida tinha-

-se agravado, apresentando agora cerca de 2 cm. Realizou-se um hemograma completo bem como análises bioquímicas cujos resultados se encontravam dentro dos valores de referência. Procedeu-se à limpeza cirúrgica e sutura da ferida. Durante a cirurgia, observou-se que a pele

era frágil e difícil de suturar porque se “rasgava” com muita facilidade. As margens da ferida foram enviadas para exame histopatológico. Nesta al-tura mediu-se o IEP que era de 24%.

Os achados histopatológicos (Fi-gura 1 e Figura 2) foram compatíveis com a suspeita clínica de astenia cutânea. Os proprietários foram ins-truídos a manter a Nina sempre den-

tro de casa, e a proteger eventuais fontes de trauma como por exemplo proteger os cantos das mesas. Tam-bém foi recomendado um controlo estrito de parasitas externos, para reduzir eventuais causas de prurido. De modo a promover a síntese de colagénio, foi prescrito vitamina C (50 mg/dia).1 Após uma semana a ferida estava cicatrizada.

O segundo episódio aconteceu 30 dias depois e aproximadamente todos os meses a Nina comparecia com novas feridas, principalmen-te nas região da cabeça e região lombo-sacra, que necessitaram tratamento cirúrgico. Com um ano de idade optou-se por realizar a extração de todas as unhas de modo a proteger a Nina de auto traumatis-mos. Desde então as feridas são me-nos frequentes, mas ainda ocorrem sensivelmente a cada quatro meses. Devido ao risco cirúrgico associado, a Nina não foi ovariohisterectomi-zada e quando em estro apresenta mais feridas. As feridas após sutu-radas cicatrizam normalmente. Este dado está de acordo com o que é descrito em veterinária, ao contrário do que acontece no Homem.3 O índice de elasticidade permaneceu 24%. (Figura 3)

Anualmente é realizado um check--up cujos resultados se encontram sempre dentro dos valores de refe-rência. Existem cuidados internos no hospital para tratar a Nina, de modo a evitar traumas iatrogénicos:• Manusear com cuidado especial

e usar proteger toda a box com camas muito macias;

• Nunca utilizar máquina de tos-quia, o pelo deve ser cuidadosa-mente cortado com tesoura;

• Evitar medicação injetável, in-cluindo aplicação de cateter intra-venoso (que no passado foi causa de feridas);

• A vacinação é realizada na cauda (a pele não é tão frágil);

• Utilizar cola cirúrgica e fios de su-tura monofilamentosa com agulha redonda, circular 5/0 ou 6/0.

2. Detalhe da imagem anterior, que permite verificar a desorganização das fibras de colagé-nio que surgem de comprimento e espessura variáveis. A acidófila das fibras é igualmente variável. Na derme mais profunda aumento o espaço livre entre as fibras (H&E, x100). Cortesia da Prof.ª Doutora Peleteiro C. (VETPAT).

3. Índice de extensibilidade da pele de 24%

Este caso representa uma variante incomum de astenia cutânea, pela qualidade de vida que o animal apresenta durante pelo menos 4 anos. Do conhecimento da autora, este é o primeiro relato de astenia cutânea em gatos em Portugal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Scott DW, Miller WH, Griffin CE. In: Veterinary Dermatology. W B. Saunders Company Philadelphia; 2001: 979.2. Paterson S. Skin disease of the cat. Blackwell Science 2000; 178-180. 3. Pope M, Burrows N. Ehlers-Danlos syndrome has varied molecular mechanisms. J Med Genet 1997; 34:400-410.4. Szczepanik M, Golynski M, Wilkolek P, Popiel J, Smiech A, Pomorska D, No-wakowski H. Ehlers-Danlos Syndrome (cutaneous asthenia) – a report of three cases in cats. Bull Vet Inst Pulawy 2006; 50: 609-612.5. Benitahn N, Matousek JL, Barnes RF, Lichtensteiger CA, Campbell KL. Diafragmatic and perineal hernias associated with cutaneous asthenia in a cat. Journal of American Veterinary Association 2004; 224, n. 5: 706-709. 6. Counts DF, Byers PH, Helbrook KA, Hegreberg GA. Dermatosparaxis in a Hima-layan cat: I. Biochemical studies of dermal collagen. J Invest Dermatol 1980; 2: 96-99.7. Sequeira JL, Rocha NS Bandarra LM, Figueiredo LM, Eugenio FR. Collagen dysplasia (cutaneous asthenia) in a cat. Veterinary Pathology 1999; 36 (6) :603-606.8. Silvia FA, Raimundo AT, Osimar S, Alessandra M, Rosa MB, Siha FV. Astenia cutânea em gato (relato de caso). Ciência Animal Brasileira.

...Para que quando

ele começa assim...

ACALMA® é a solução!

CAMPANHA DE SENSIBILIZAÇÃO CONTRA AS ALERGIAS NOS CÃES E NOS GATOS

...Não acabe assim...

...ou assado!

ACALMA é um medicamento veterinário, anti-histamínico, para cães e gatos (AIM: 51006P),à base de clorfeniramina e de hidroxizina, já disponível em embalagens de 16 comprimidos secáveis

UMA GAMA COMPLETA DE SUPLEMENTOS E MEDICAMEN TOS ESPECIALMENTE

FORMULADOS PARA OS DESAFIOS COLOCADOS PELAS DIFERENTES FASES

DA VIDA DOS ANIMAIS.

Fabricado em França para Laboratoires MOUREAU, 95270 Luzarches // Responsável pela colocação em circulação: FLYINGVET LDA, Apartado 1022, Santana, 2971-908 Sesimbra;

Registo: V-PAA 51346 DGV / PT5AA517IT Mais informações, através do mail: [email protected], ou em www.flyingvet.pt

laboratoires

Melhor artigo publicado em 2015 na revistaVeterinary Medicine

Envie já o seu artigo!

Com o patrocínio de:

NORMAS DE PUBLICAÇÃO:Consultar em www.admedic.pt

ou www.flyingvet.pt

1º Prémio: 750,00 fl

2º Prémio: 500,00 fl

3º Prémio: 250,00 fl

Prémios

VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 15VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 15

Uma cadela cruzada de Pas-tor Alemão, de 9 meses de idade e 27.5 kg, castrada, foi

conduzida a uma clínica veterinária, deitada e sem conseguir andar.

HISTÓRIAAntes da ida à clínica, a dona tinha levado a cadela a passear sem ter notado quaisquer alterações. Depois do passeio, o animal foi deixado no jardim de casa sem supervisão, durante cerca de 30 minutos, tendo entrado em casa em seguida. Nesta altura, a dona notou que a cadela revirava os olhos e que os seus mo-vimentos não estavam coordenados. Além disso, a cadela defecou dentro de casa.

EXAME FÍSICONa apresentação, o animal estava atáxico, ofegante e com hipersiália. A sua temperatura corporal era de 39.7ºC. Durante o exame físico não foram detetadas outras alterações. Na sala de consulta, começou a ter convulsões e chegou a vomitar várias vezes. O material vomitado continha um saco de plástico e uma

Safdar A. Khan, DVM, MS, PhD, DABVT ASPCA Animal Poison Control Center 1717 S. Philo Road, Suite 36 Urbana, IL 61802

grande quantidade de água com al-gas verdes filamentosas viscosas. A dona confirmou que nesse dia tinha removido algas de um lago existente no jardim e que as tinha colocado num saco de plástico.

TRATAMENTO INICIALTendo em consideração a grande quantidade de algas presente no vómito e o início rápido de sintomas neurológicos graves, suspeitou-se de intoxicação por algas azuis--verdes.

A cadela foi tratada com diazepam (0.5 mg/kg por via intravenosa) e fluidoterapia intravenosa (solução salina a 0.9% numa taxa e 60 mL/kg/dia). Foi também administrada uma dose de carvão ativado (2 g/kg, por via oral) através de uma sonda gástrica. Os resultados do eletro-cardiograma, hemograma completo e perfil analítico sérico realizados nesta altura, foram normais.

Inicialmente, a cadela respondeu bem ao diazepam. No entanto, pas-sados cerca de 30 minutos, voltou a ter convulsões e o diazepam tinha um efeito diminuto no seu controlo. Durante estes episódios o animal deixava de respirar. Foi colocado de imediato um tubo endotraqueal e iniciadas manobras de ressuscitação cardiopulmonar. Um eletrocardio-grama revelou contrações ventricu-lares prematuras que progrediram para uma linha reta.

Foi administrada atropina (0.02 mg/kg) por via intravenosa junto com 2.9 mg/kg de doxapram para estimular a respiração, seguindo-se uma outra dose de doxapram (1.45 mg/kg) para continuar a otimizar a respiração. O animal melhorou rapidamente. A oximetria de pulso revelou uma saturação de oxigénio de 94% a 98%. O traçado eletro-cardiográfico (ECG) e os valores da pressão sanguínea voltaram ao normal. Depois de ser submetida a ventilação manual (12 movimentos/minuto) durante cerca de 90 minu-tos, a cadela começou a respirar espontaneamente.

TRATAMENTO ADICIONALCerca de três horas depois da apre-sentação, antes de o animal ser en-viado para cuidados intensivos, teve um novo episódio de convulsões. Foi administrado diazepam (0.5 a 1 mg/kg por via intravenosa até obter efeito) seguido de propofol (3 mg/kg por via intravenosa) e o animal foi transportado sob sedação.

Quinze minutos depois de ter chegado à unidade de cuidados intensivos, a cadela voltou a ter con-vulsões e entrou em paragem respi-ratória. Foi intubada com um tubo endotraqueal com cuff e submetida de imediato a ventilação de pressão positiva (8 a 20 movimentos/minu-to). Para controlar as convulsões foi administrado diazepam (0.5 a

O VENENO NO LAGO Intoxicação por algas azuis-verdes num cão jovemSafdar A. Khan, DVM, MS, PhD, DABVT

CASO TOXICOLÓGICO

Get

ty Im

ages

/ Ka

ren

Herm

ann

Melhor artigo publicado em 2015 na revistaVeterinary Medicine

Envie já o seu artigo!

Com o patrocínio de:

NORMAS DE PUBLICAÇÃO:Consultar em www.admedic.pt

ou www.flyingvet.pt

1º Prémio: 750,00 fl

2º Prémio: 500,00 fl

3º Prémio: 250,00 fl

Prémios

16 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

1 mg/kg por via intravenosa até obter efeito) e fenobarbital (2 mg/kg bolus intravenoso). A cadela foi mantida sob sedação com fentanil (bolus de 5 μg/kg seguido de 5 a 7 μg/kg/hora, numa taxa de infusão constante [CRI]) e propofol (0.1 a 0.6 mg/kg/minuto CRI) e continuou em ventilação mecânica.

Foi realizada uma radiografia torácica, que revelou uma pneu-

monia por aspiração ligeira (com envolvimento de cerca de 5% do lobo pulmonar anterior). O animal continuou a receber fluidoterapia intravenosa e antibióticos (ampicili-na 250 mg/mL e sulbactam 125 mg/mL; 20 mg/kg por via intravenosa, de oito em oito horas durante três dias e posteriormente por via oral durante mais sete).

RESULTADO DO CASODepois de ter estado sob ventilação mecânica durante cerca de 18 horas, a cadela começou a respirar espon-taneamente, sendo então retirada do ventilador. Durante este período, a pressão arterial, a frequência cardía-ca e o ECG mantiveram-se normais. As únicas alterações sanguíneas detetadas nas 24 horas posteriores à apresentação foram aumentos ligeiros das atividades da alanina transaminase (197 IU/L; normal = 20 a 100 IU/L) e da fosfatase alca-lina (236 μmol/L; normal = 0 a 212 μmol/L).

A cadela continuou a melhorar e teve alta hospitalar três dias depois da exposição. Cinco dias mais tarde, o dono comunicou que o animal estava completamente normal.

DISCUSSÃO As algas azuis-verdes fazem parte do filo das cianobactérias. Algumas espécies de cianobactérias podem produzir toxinas. São organismos mi-croscópicos que formam colónias vi-síveis na água quando em condições favoráveis (água estagnada, derrame de fertilizantes), principalmente du-rante os meses mais quentes. O caso descrito ocorreu no mês de julho.

Nos lagos, lagoas e rios podem ocorrer grandes acumulações de algas azuis-verdes. Normalmente, estes aglomerados têm uma colo-ração verde escura ou, por vezes, vermelha acastanhada. O vento em-purra as algas tóxicas para a borda, sendo os animais expostos quando nadam e bebem água contaminada ou quando ingerem algas produto-ras de toxinas.1

ToxicidadeOs géneros de cianobactérias produ-toras de toxinas incluem Icrocystis, Anabaena, Oscillatoria, Aphani-zomenon, Nodularia e Nostoc. São conhecidos quatro tipos de toxinas produzidas pelas cianobactérias, mas os dois tipos principais são as hepatotoxinas e as neurotoxinas.

Os péptidos hepatotóxicos (hep-tapéptidos ou pentapéptidos) são a causa mais comum de intoxicação por algas azuis-verdes nos animais.1 A hepatotoxicidade por péptidos hepatotóxicos é caracterizada por vómitos, diarreia, anorexia, letargia, hepatopatia, insuficiência hepática aguda e morte.

As neurotoxinas mais comuns pro-duzidas pelas cianobactérias são os

alcaloides anatoxina-a e anatoxin--a(s). A anatoxin-a é a neurotoxina mais comum. Trata-se de um com-posto bloqueador neuromuscular despolarizante pós-sináptico forte, que afeta os recetores muscarínicos e nicotínicos da acetilcolina. A ana-toxin-a(s) inibe de forma irreversível a colinesterase periférica. As algas azuis-verdes interferem com a neu-rotransmissão entre os neurónios ou nas junções neuromusculares, provocando sinais associados ao sistema nervoso central (SNC) e morte por paragem respiratória.1-3

A neurotoxicidade devida às algas azuis-verdes é potencialmente letal, embora estejam descritos poucos casos na América do Norte.2 A dose letal nos cães não é conhecida. Nos ratos, a DL50 oral da anatoxina-a é aproximadamente de 5 mg/kg. Nos cães, a ingestão de anatoxin-a é uma causa conhecida de fascicula-ção muscular, convulsões, colapso, debilidade, paragem respiratória e morte num prazo de 10 minutos a poucas horas depois da exposição.2,3

O aumento ligeiro da fosfatase alcalina detetado no caso descrito pode ter sido consequência de ati-vidade ou anoxia muscular durante as convulsões, enquanto o aumento ligeiro da atividade da alanina tran-saminase pode ter sido devido à administração de fenobarbital.

Diagnósticos diferenciaisEm casos semelhantes ao descrito, os diagnósticos diferenciais possí-veis devem incluir envenenamento por cogumelos, metaldeído ou estricnina; intoxicação por água; envenenamento por pesticidas (organofosforados, carbamatos ou organoclorados, piretrinas ou piretroides); doença infecciosa ou metabólica e traumatismo craniano.

DiagnósticoO diagnóstico presumível baseia-se na existência de história de possível exposição (nadar ou beber água de

O vento empurra as algas tóxicas para a borda, sendo os animais expostos

quando bebem água contaminada por algas azuis-verdes.

Intoxicação por algas

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

AF_anuncio seresto_200*280.ai 1 15/01/30 11:28

um lago ou lagoa, presença de algas na pelagem, focinho ou material vomitado) e no início rápido de sinais neurológicos (vómitos, ataxia, convulsões, paragem respiratória) ou morte.1

Inicialmente, os sinais clínicos iniciais associados a envenenamen-to por algas azuis-verdes nos cães devido a hepatotoxicidade ou a neu-rotoxicidade podem ser semelhantes. No entanto, com a hepatotoxicidade, no prazo de poucas horas depois da exposição, ocorrem sinais de insuficiência hepática acompanha-dos por aumentos significativos da atividade das enzimas hepáticas, como a alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase e fofatase alcalina, e coagulopatia (aumento do tempo de protrombina e do tempo de tromboplastina parcial ativada). No caso de neurotoxicidade, não se regista aumento da atividade das enzimas hepáticas durante a evolução da doença.

Infelizmente não estão disponíveis testes rápidos e baratos que permitam confirmar uma intoxicação por algas azuis-verdes.4 Para o diagnóstico definitivo, uma vez o animal tratado, deve ser realizada uma pesquisa mi-croscópica de algas tóxicas na água bebida ou no conteúdo gástrico. As amostras (um a dois litros de algas obtidas coando através de um tecido fino) podem ser enviadas para um laboratório de diagnóstico para iden-tificação, purificação e quantificação de toxinas, bioensaio em animais de laboratório ou doseamento por en-zyme-linked immunosorbent assay.1

Num trabalho publicado recen-

temente, foi detetada anatoxina-a na urina e bílis de um cão abatido devido a exposição neurotóxica por algas azuis-verdes.2 No caso presente não se confirmou a presença de algas azuis-verdes neurotóxicas.

TratamentoNos casos em que se suspeite de intoxicação deve ser realizado um tratamento rápido e agressivo antes de ser formulado um diagnóstico definitivo. Os principais objetivos do tratamento são a descontaminação, controlo de convulsões, suporte respiratório e prestação de cuidados de suporte.

Devido ao início rápido dos sinais clínicos, a indução do vómito pode não ser possível ou prática. No entan-to, nos cães assintomáticos, o vómito pode ser induzido com peróxido de hidrogénio (2.2 mL/kg por via oral, repetindo uma vez caso a primeira administração não tenha sucesso) ou com apomorfina (0.04 mg/kg por via intravenosa ou dissolver parte de um comprimido e instilar por via sub-conjuntival e lavar depois da emese ocorrer) seguida de carvão ativado (2 a 4 g/kg).

Para controlar as convulsões pode ser usado diazepam (0.5 a 2 mg/kg por via intravenosa), propofol (3 a 6 mg/kg por via intravenosa ou 0.1 a 0.6 mg/kg/minuto CRI), ou fenobarbital (2 a 5 mg/kg por via intravenosa). No entanto, caso o sistema respiratório esteja envolvido, deve ser evitado o tratamento com fenobarbital ou com propofol. Se for necessário, como aconteceu no caso

descrito, deve ser colocado um tubo endotraqueal com cuff e realizada respiração assistida.

Para controlar os sinais muscaríni-cos, como a hipersiália, bradicardia e aumento das secreções brônquicas, deve ser administrado sulfato de atro-pina (0.04 a 0.1 mg/kg por via intra-venosa). Se necessário, podem ainda ser usados antieméticos (maropitant 1 mg/kg por via subcutânea, uma vez/dia) e antibióticos de largo espetro.

SeguimentoDeve ser realizado um hemograma e um perfil analítico sérico na apresen-tação e a cada 24 horas durante dois ou três dias, ou durante o período de tempo necessário. Nos casos sin-tomáticos, deve ser monitorizada a concentração sanguínea de glucose, o hematócrito e os gases sanguíneos.

RESUMODepois da ingestão de algas azuis--verdes neurotóxicas, os cães de-senvolvem rapidamente sintomas clínicos associados a risco de vida. O suporte ventilatório a estes cães durante períodos prolongados pode ser crítico para que os tratamentos tenham êxito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Khan SA. Blue-green algae toxicosis. In: Cote E, ed. Clinical veterinary advisor: dogs and cats. St Louis, Mo: Mosby Elsevier, 2007;138-140.2. Puschner B, Pratt C, Tor ER. Treatment and diagnosis of a dog with fulminant neurological deterioration due to anato-xin-a intoxication. J Vet Emerg Crit Care 2010;20(5):518-522.3. Hoff B, Thomson G, Graham K. Neurotoxic cyanobac-terium (blue-green alga) toxicosis in Ontario. Can Vet J 2007;48(2):147. 4. Rankin KA, Alroy KA, Kudela RM, et al. Treatment of cyanobacterial (microcystin) toxicosis using oral cho-lestyramine: case report of a dog from Montana. Toxins 2013;5(6):1051-1063.

Cazitel 230/20 mg comprimidos palatáveis revestidos por película para Gatos, Cada comprimido revestido branco a esbranquiçado, numa das faces biconvexos com linha de divisão e noutra face lisos, contém 230 mg de Embonato de Pirantel e 20 mg de Praziquantel Os comprimidos podem ser divididos em metades iguais. Indicações Para o tratamento de infeções mistas causadas por nemátodes (Toxocara cati, Toxascaris leonina),e céstodes gastrointestinais (Dipy-lidium caninum, Taenia taeniaeformis, Echinococcus multiloculares). Contraindicações Não administrar simultaneamente com compostos piperazínicos. Não administrar em gatinhos com menos de 6 semanas de idade. Não administrar a animais com hipersensibilidade conhecida às substâncias ativas ou a algum dos excipientes. Advertências As pulgas são hospedeiros intermediários de um céstode comum – Dipylidium caninum. A reinfestação por céstodes irá ocorrer caso não sejam tomadas medidas de controlo dos hospedeiros intermediários, tais como pulgas, ratos, Os parasitas poderão desenvolver resistência a uma determinada classe de anti-helmínticos após a administração frequente e repetida de um anti-helmíntico dessa classe. Precauções especiais a adotar pela pessoa que administra o medicamento veterinário aos animais Por medida de higiene, as pessoas que administram os comprimidos diretamente ao gato, ou que os adicionam à comida do gato, devem lavar as mãos depois de manusear os comprimidos. Em caso de ingestão acidental, dirija-se a um médico e mostre-lhe o folheto informativo. Reações adversas Desconhecidas. Utilização durante a gestação e a lactação Não administrar durante a gestação mas pode ser administrado durante a lactação. Interações medicamentosas e outras formas de interação Não administrar simultaneamente com compostos piperazínicos. Posologia e via de administração De forma a assegurar a administração da dose correta, o peso corporal deverá ser determinado da forma mais exata possível. A dose recomendada é equivalente a 1 comprimido por 4 Kg de peso corporal. Administração única por via oral. Os comprimidos podem ser administrados diretamente ao gato ou, se necessário, misturados com os alimentos. Em infeções por ascarídeos, especialmente em gatinhos, não se espera a eliminação completa dos parasitas, e por isso existe o risco de infeção aos humanos. Como tal, devem ser administrados tratamentos repetidos com um medicamento apropriado contra os nemátodos, com 14 dias de intervalo até 2-3 semanas após o desmame. Sobredosagem Foram observados sinais de intolerância, tais como vómito, após administrações superiores a 5 vezes a dose recomendada. Prazo de validade do medicamento veterinário tal como embalado para venda: 4 anos. Não necessita de quaisquer precauções especiais de conservação. Eliminar as metades de comprimidos não administradas. O medicamento veterinário não utilizado ou os seus desperdícios devem ser eliminados de acordo com a legislação em vigor. Natureza e composição do acondicionamento primário Blisters individuais de PVC/PE/PCTFE copolímero branco opaco e folha de alumínio termoselada de 20 μm ou Blisters individuais com folha de PCV/alumínio/poliamida de 45 μg e 20μg de folha de alumínio termoselada Apresentações: blisters embalados em caixas de cartão contendo 2 ou 24 comprimidos. Titular AIM:Chanelle Pharmaceuticals Manufacturing Ltd., Irlanda Representante do titular da AIM: Zoetis Portugal Lda Lagoas Park- Ed 10 2740-271 Porto Salvo AIM nº 773/01/14DFVPT em 18 de Fevereiro de 2014

Intoxicação por algas

VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 19

A profissão em criseUM RETRATO DE SAÚDE COMPLETOComo cultivar o cumprimento das suas recomendações por parte dos clientesEstá intrigado pelo facto de os clientes não seguirem os seus conselhos? Tente estas cinco ideias e a sua clínica poderá encontrar o caminho de uma boa saúde para todos.

Artigo preparado pela equipa dvm360.com

Acredite ou não, tem consigo todas as peças necessárias para os clientes cumprirem

os seus conselhos. Só lhe falta saber como deve formular cada frase e qual é a altura certa para a dizer, de modo a que os clientes tenham a certeza de que sabe exatamente o que cada um dos seus animais precisa, bem como garantir que os acompanhará assegurando que todas as peças se mantêm ligadas.

“Os clientes dos contos de fadas, que estão 100% de acordo com todas as recomendações que lhes transmitimos, são uma verdadeira raridade” diz Michael Paul, médico veterinário, antigo diretor executivo do Companion Animal Parasite Council e presidente da American Animal Hospital Association e atualmente o principal responsável da Magpie Veterinary Consulting.

Artigo preparado pela equipa dvm360.com

DESAFIOS DA LIDERANÇA

“É curiosa a forma como levamos para o lado pessoal quando os clien-tes não cumprem ou não aderem às recomendações que lhes damos para os seus animais. Alguma coisa deve estar errada. Fazemos as nos-sas recomendações com base nos conhecimentos atuais relativamente a cuidados de saúde preventivos e poucos clientes parecem aceitá-las ou mesmo segui-las a longo prazo. Grande parte desta lacuna é da nossa responsabilidade”.

Neste trabalho apresentamos cin-co pontos para estimular os clientes a seguirem as suas recomendações. Associámos estes pontos a cinco áreas em que o cumprimento das recomendações pode ser particu-larmente difícil.

Lembre-se que cada um destes pontos pode ser aplicado a qual-quer um dos cinco exemplos que se apresentam, bem como a qualquer área em que tenha problemas de cumprimento por parte dos clien-tes. Lembre-se também que um bom nível de cumprimento é exce-lente para a sua atividade mas, mais importante ainda, é vital para a saú-de e bem-estar dos seus doentes.Ilu

stra

ções

: Ste

ph B

entz

20 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

1. Faça uma recomendação consensual Exemplo: Prevenção da dirofilariose

Para encorajar os clientes a que os seus animais realizem a medicação preventiva da

dirofilariose, é importante que toda a equipa clínica faça a mesma reco-mendação e que todos os colabora-dores defendam essa recomendação em qualquer circunstância durante a consulta. A American Heartworm Society (AHS) fez algumas recomen-dações recentes sobre este assunto, entre as quais se salientam as a seguir indicadas.

A REGRA DOS TRÊSOs veterinários e a restantes cola-boradores do Animal Center West em Zachary, La., seguem a “regra dos três” para informar os clientes sobre a dirofilariose. O objetivo é transmitir uma mensagem com três pontos principais por três membros da equipa.

1. Os parasitas cardíacos repre-sentam um perigo real.

São uma ameaça importante para a saúde dos cães e dos gatos e são transmitidos por mosquitos.

2. A dirofilariose é difícil de tratar. Esta infestação parasitária é de

tratamento difícil e dispendioso. Nos EUA não existe um tratamen-to aprovado para os gatos.

3. A dirofilariose é fácil de prevenir. Os medicamentos preventivos são eficazes e a sua administração é simples.

O rececionista é o primeiro a introduzir a mensagem, disponi-bilizando material escrito sobre o assunto quando o cliente chega.

O técnico é o mensageiro seguin-te, repetindo as três mensagens no ambiente calmo da sala de consulta, enquanto colhe uma amostra de sangue para análise. Finalmente, o veterinário valida as mensagens anteriores quando prescreve a medicação preventiva.

IDEIAS TESTADAS E VERDADEIRASSheldon Rubin, médico veterinário, diretor emérito do Blum Animal Hospital em Chicago e anterior presidente da AHS, também par-tilha algumas ideias que verificou serem eficazes para aumentar o cumprimento dos clientes relativa-mente à medicação preventiva da dirofilariose:

1. Use recursos visuais. Prepare um frasco com parasitas

e coloque-o num local visível e protegido na receção para esti-mular a formulação de questões.

2. Fale e escute. Peça aos membros da equipa

que assinalem no registo clínico quando um doente não está a fa-zer medicação preventiva para a dirofilariose, recordando-o assim que deve abordar este assunto com o cliente. Esta altura também é boa para lembrar os donos que a maioria destas medicações protege também contra parasitas gastrointestinais.

3. Não seja tímido. Não hesite em abordar o assun-

to dos custos integrado na sua mensagem sobre a “importância da prevenção”. Faça com que os clientes saibam que os seus pre-ços são competitivos com os das farmácias online.

4. Envie mensagens. Prepare o programa informático

da sua clínica para que lembre automaticamente os seus clientes que devem adquirir medicação preventiva da dirofilariose quan-do se aproxima a data, com base no tipo e quantidade de medica-mentos adquiridos originalmente.

5. Torne os procedimentos sim-ples.

Quando mais simples a compra da medicação for para os clien-tes, melhor (p. ex. disponibilize encomendas online sem custos adicionais). Informe os clientes que podem aderir ao seu serviço de informações online que os re-lembrará que devem administrar a medicação ao longo de todo o ano.

Desafios da liderança

VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 21

2. Seja simples, direto e faça as suas melhores recomendações Exemplo: Diagnóstico preventivo

A realização de exames de diagnóstico de rotina é uma medida necessária não só

para a deteção precoce de doenças, como também para estabelecer va-lores basais indicadores do estado de saúde dos animais. No entanto, será que os clientes concordam com esta afirmação? Não é uma tarefa fácil, especialmente quando os animais aparentemente estão saudáveis.

Falámos com Fred Metzger, médico veterinário, proprietário do Metzger Animal Hospital em State College, Penn., relativamente a ideias e con-selhos sobre a forma de ultrapassar este obstáculo no dia-a-dia.

1. Diga a verdade. O Dr. Metzger é claro e direto

quando recomenda cuidados de saúde para os seus doentes. Se um animal não necessita de ser vacinado anualmente, é isso que ele diz ao seu dono. No entanto, relativamente aos exames de diagnóstico de rotina anuais, são recomendações “obrigatórias” para todos, salienta.

Fale com os clientes sobre as várias doenças que os animais podem ter antes de manifestarem sinais clínicos, ou dos achados do exame físico serem eviden-tes, referindo também os custos elevados que podem estar asso-ciados quando uma doença não foi detetada precocemente.

2. Pratique aquilo que defende. Realiza avaliações anuais de saúde do seu animal? Conte isso aos seus clientes. Detetou recen-temente qualquer alteração num animal aparentemente saudável num exame de rotina? Conte também essas histórias aos seus clientes.

As histórias da vida real têm fre-quentemente um efeito superior ao dos indicadores estatísticos e os clientes gostam dessa partilha de informações pessoais.

3. Faça relações relativamente às necessidades humanas.Todos conhecemos a importân-cia dos exames de diagnóstico de rotina em medicina huma-na. Os médicos recomendam repetidamente que devem ser feitas avaliações anuais de saúde, particularmente à medida que a nossa idade avança. Por que razão os nossos animais devem ser diferentes? Para fazer alguma analogia, o Dr. Metzger mostra aos clientes uma tabela que esti-ma a idade dos animais em anos humanos em função da idade real e do peso. Saber que um cão de 9 anos de idade está realmente próximo dos 60 anos humanos, muitas vezes faz com que os donos compreendam melhor a necessidade de cumprir as suas recomendações.

Peso adulto em quilogramas

Idade 0-10 10-25 25-45 >45

6 40 42 45 49

7 44 47 50 56

8 48 51 55 64

9 52 56 61 71

10 56 60 66 78

11 60 65 72 86

12 64 69 77 93

13 68 74 82 101

14 72 78 88 108

15 76 83 93 115

16 80 87 99 123

17 84 92 104

18 88 96 109

19 92 101 115

20 96 105 120

Idade relativa do seu animal em anos humanos■ Sénior ■ Idoso

Desafios da liderança

3. Transforme os cuidados num assunto pessoal Exemplo: Cuidados dentários

Tal como os exames de diag-nóstico de rotina, a realização regular de exames dentários

pode ajudar a detetar precocemente problemas antes de se tornarem graves, em muitos casos com risco de vida. Caso pretenda estimular o cumprimento por parte dos clientes relativamente a cuidados dentários, faça com que estes sintam que se trata de assunto pessoal. Brett Be-ckman, médico veterinário, dá três ideias para ajudar a implementar essas medidas.

1. Estabeleça confiança de imediato - Entre na sala de consulta com

um sorriso, aperte a mão do cliente e apresente-se.

- Agradeça ao animal verbalmen-te e através de contacto físico, pegando-lhe ou fazendo-lhe uma festa.

- Durante o exame use o nome do cliente e o nome do animal.

- Se o cliente estiver acompanha-do por uma criança, agradeça-

-lhe e cumprimente-a. Muitos clientes não procurarão alguém que não deixa entrar as suas crianças na sala.

2. Use vários sentidos. Envolva o cliente no exame

dentário, usando tantos sentidos quando possível para ajudar as explicações que lhe dá. Por exemplo, mostre ao cliente a boca do animal e faça com que realize uma observação próxima. Peça ao cliente que cheire a boca do animal ou peça-lhe que sinta com um dedo um dente que abana. Toque uma área inflama-da com um aplicador com uma ponta de algodão para detetar a presença de dor.

3. Use imagens. Tire uma fotografia da boca do

animal e compare-a com uma fotografia de outro animal com um estado de desenvolvimento de doença periodontal semelhan-te. Pode usar uma câmara digital

e depois mostrar a imagem num monitor de computador ou na televisão, conforme o que tenha disponível na sala de consulta. As fotografias, as radiografias corres-pondentes de dentes fraturados, lesões de reabsorção nos felinos, estomatite, dentes em falta, entre outros, podem ser usados para explicar a patogénese no caso específico do animal de cada cliente.

Dê também aos clientes um fo-lheto informativo personalizado. Este pode incluir uma fotografia do animal, uma imagem da sua doença oral, uma descrição da doença que refira a extensão do problema e imagem de radiogra-fia da área atingida.

Mesmo quando apesar dos seus esforços, os clientes saem da clí-nica sem agendar o procedimento que lhes recomendou, encontra-rão em casa o folheto personali-zado e a exposição repetida pode levá-los a mudar de ideias e a agendar o procedimento.

Nome do medicamento veterinário Profender 30 mg/7,5 mg solução para unção punctiforme para gatos pequenos. Profender 60 mg/15 mg solução para unção punctiforme para gatos médios. Profender 96 mg/24 mg solução para unção punctiforme para gatos grandes. Titular da AIM: Bayer Animal Health GmbH, D-51368 Leverkusen, Alemanha. Profender contém emodepside 21,4 mg/ml e praziquantel 85,8 mg/ml. Espécie alvo: Felina. Indicações de utilização Para gatos sofrendo de, ou em risco de, infeções parasitárias mistas causadas por nemátodos e céstodos das seguintes espécies: Vermes redondos (nemátodos) Toxocara cati (adultos maduros, adultos imaturos, L4 e L3) Toxascaris leonina (adultos maduros, adultos imaturos e L4) Ancylostoma tubaeforme (adultos maduros, adultos imaturos e L4) Vermes achatados (céstodos) Dipylidium caninum (adultos) Taenia taeniaeformis (adultos) Echinococcus multilocularis (adultos) Posologia e via de administração Dosagem e Esquema de tratamento As doses mínimas recomendadas são de 3 mg de emodepside / kg peso vivo e de 12 mg de praziquantel / kg peso vivo, equivalentes a 0,14 ml de Pro-fender / kg peso vivo. Uma única administração por tratamento é eficaz. Modo de administração Exclusivamente para uso externo. Remover uma pipeta da embalagem. Segurar a pipeta na posição vertical, torcer e retirar a tampa. Usar a extremidade oposta da tampa para partir o selo da pipeta. Afastar o pêlo do pescoço, na base da nuca do gato, até a pele ser visível. Colocar a ponta da pipeta sobre a pele e apertar a pipeta várias vezes com firmeza, de modo a esvaziar o conteúdo directamente na pele. A aplicação na base da nuca minimizará a possibilidade do gato lamber o produto. Contraindicações Não administrar a gatinhos com menos de 8 semanas de idade ou peso inferior a 0,5 kg. Reações adversas Em casos muito raros, podem ocorrer salivação e vómitos. A ocorrência destes efeitos é considerada como uma consequência do gato lamber o local de aplicação imediatamente após o tratamento. Em casos muito raros, após a administração do Profender foram observados transitoriamente alopecia, prurido e/ou inflamação no local de aplicação. A frequência dos eventos adversos é definida utilizando a seguinte convenção: - Muito comum (mais de 1 em 10 animais apresentando evento(s) adverso(s) durante o decurso de um tratamento) - Comum (mais de 1 mas menos de 10 animais em 100 animais) - Pouco frequentes (mais de 1 mas menos de 10 animais em 1.000 animais) - Raros (mais de 1 mas menos de 10 animais em 10.000 animais) - Muito rara (menos de 1 animal em 10.000 animais, incluindo relatos isolados). Advertências especiais A lavagem com champô ou imersão do animal em água imediatamente após o tratamento pode reduzir a eficácia do medicamento veterinário. Assim, animais tratados não devem ser lavados até a solução secar. Os parasitas podem desenvolver resistência a qualquer classe de anti-helmínticos após a utilização frequente e repetida de um anti-helmíntico dessa mesma classe. Número de autorização: EU/2/05/054/001-016 Data da autorização: 27/07/2005 Medicamento veterinário sujeito a receita médico-veterinária.

Desafios da liderança

VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 23

4. Comunique regularmente com os clientes Exemplo: Controlo do peso corporal

C omunicar com os clientes significa, por vezes, ter de falar sobre temas sensíveis.

O controlo do peso corporal dos animais é um destes temas. Com a obesidade dos cães e dos gatos a atingir novos limites, as orientações nutricionais devem fazer parte de todas as conversas com os clientes.

Para conhecer alguns aspetos prá-ticos, falámos com Ernie Ward, mé-dico veterinário na Seaside Animal Care em Calabash, N.C. e autor do livro Chow Hounds: Why Our Dogs Are Getting Fatter.

1. Seja consistente. O Dr. Ward salienta que a pesa-

gem e a avaliação da condição corporal dos animais não devem ser apenas esporádicas, mas sim realizadas sempre que o animal vem à clínica. E em cada uma destas visitas, os resultados de-vem ser revistos com os clientes. Comparar as alterações do peso e da condição corporal de uma visita para a seguinte é um tema de conversa inestimável com os clientes.

2. Tome notas. Pode julgar que os clientes estão

a ouvir o que lhes indica na sala de consulta. No entanto, por vezes ouvem apenas parte e a questão do peso dos seus animais pode ser um dos aspetos que es-quecem mais rapidamente, logo

que se deixam a clínica. Para contrariar este problema, o

Dr. Ward dá a cada cliente um cartão onde regista o peso e a condição corporal do animal em cada visita, bem como re-comendações específicas sobre a alimentação e outras medidas para controlo do peso e condição corporal.

3. Faça um trabalho de equipa. A sua mensagem para os clientes

terá muito mais impacto quando toda a equipa também a transmi-te. Assim, assegure-se que todos estão dentro da filosofia adotada relativamente ao controlo nu-tricional e ao peso e condição corporal dos animais.

O Dr. Ward recomenda a formação da equipa sobre o cálculo das ne-cessidades calóricas para os cães e gatos, a importância de manter um peso saudável e a interpreta-ção e ajuda prestada aos clientes sobre os dizeres da rotulagem dos alimentos e guloseimas.

DR. WARD: O QUE NÃO FUNCIONA PARA MIMDe acordo com a experiência do Dr. Ward, os incentivos financei-ros ou materiais não estimulam o cumprimento por parte dos clientes quando se trata de monitorizar e controlar o peso corporal. O que funciona é uma comunicação sim-ples e aberta com os clientes.

“Nunca comparo o que é melhor para o animal com o que é mais económico”, refere. “Quero que os meus clientes monitorizem o peso dos seus animais porque investiram na sua saúde e bem-estar e não por-que vão receber uma recompensa”.

Desafios da liderança

5. Mostre o seu valor Exemplo: Prevenção de pulgas e carraças

Atualmente, as infestações por pulgas e carraças são quase completamente evitáveis

com uma variedade de produtos disponíveis e adaptados a diversos estilos de vida. No entanto, estas infestações ainda acontecem. Como é que isto é possível?

O Dr. Paul refere que as pessoas não entendem os ciclos de vida dos parasitas e, mais importante, não usam os produtos corretamente. Assim, os animais continuam a ter problemas com pulgas, carraças e parasitas internos, que provocam infestações e infeções duradouras e que são evitáveis.

As pulgas e carraças são muito mais do que pragas. Podem transmi-tir doenças tanto aos animais como ao homem. Assim, como poderá assegurar que os clientes realizam os tratamentos preventivos com a

regularidade necessária? E como poderá assegurar que usam os produtos adequados, aplicados da forma correta? É esta a ocasião para mostrar o seu valor aos clientes.

“A sua formação transforma-o num perito em assuntos relacio-nados com os animais”, refere o Dr. Paul. “Conheça os ciclos de vida dos vários parasitas. Saiba dar conselhos adicionais relativamente à prevenção”.

Na realidade, o Dr. Paul pensa que a palavra Doutor deve ser definida como Professor. “Assumir este papel representa uma grande vantagem competitiva”, indica. “Faça uma recomendação específica para um produto específico e defenda esse produto com base na sua experiên-cia e conhecimentos. Não encoraje os clientes a tomar as decisões com base na imagem da embalagem.

Estes são aspetos que não podem ser abordados por um vendedor”.

Acima de tudo, o Dr. Paul salienta uma palavra-chave que é necessário recordar: conhecimento. Conheça bem um produto ou um serviço que recomenda, para que os clientes tenham a perceção do seu valor.

Considerando-o a si e à sua equipa como peritos em cuidados prestados aos animais, os clientes voltarão quando tiverem problemas ou outras questões. Numa grande superfície ou numa loja online não é possível voltar para uma ajuda personalizada. Assegure-se que os seus clientes sabem isso.

ACALMA® anti-histamínico para cães e gatos. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA: Substância(s) activa(s): Cloridrato de hidroxizina 25 mg, Maleato de clorfeniramina 1 mg; Adjuvante(s): n.a.; Excipientes: lactose, talco, estearato de magnésio, bálsamo de Tolu para verniz, goma laca, Goma arábica, peliculante de cor vermelha: q.b. 1 comprimido de 200 mg; FORMA FARMACÊUTICA: Comprimidos vermelhos revestidos por película; INFORMAÇÕES CLÍNICAS: Espécie(s)alvo: Cães e gatos; Indicações de utilização, especificando as espécies-alvo: Dermatites eczematiformes; Processos pruriginosos, em cães e gatos.; Contra-indicações - Não administrar a fêmeas gestantes.; Advertências especiais para cada espécie-alvo - Não foram assinaladas outras advertências para além das já assinaladas nas “Precauções especiais de utilização”.; Precauções especiais de utilização: em animais - Respeitar a posologia. Não utilizar em fêmeas gestantes. Não utilizar depois de expirado o prazo de validade indicado na embalagem. Manter fora do alcance e da vista das crianças.; Efeitos indesejáveis - ACALMA®, é dotado de alguns efeitos teratogénicos, ligados ao metabolismo do cloridrato de hidroxizina, bem como de toxicidade fetal com doses elevadas.; Precauções especiais a adoptar pela pessoa que administra o medicamento aos animais - As pessoas com hipersensibilidade conhecida aos princípios activos devem evitar o contacto com o medicamento veterinário. - Em caso de acidente contactar o centro Anti Venenos tel: 808250143; Reacções adversas (frequência e gravidade) - Não descritas.; Utilização durante a gestação e a lactação - ACALMA®, administra-se por via oral, directamente ou misturados nos alimentos, numa toma diária única, segundo o esquema posológico indicado: - Gatos e cães de raça anã (menos de 5 kg de peso): ½ comprimido diário; - Gatos e cães de pequeno porte (5 a 10 kg de peso): 1 comprimido diário.; - Cães de médio porte (10 a 15 kg de peso): 1 a 2 comprimidos.; - Cães de grande porte (mais de 15 kg de peso): 2 a 3 comprimidos diários. - Estas doses podem, regra geral, ser administradas durante 8 dias, podendo, segundo critério do clínico, ser prolongado até aos 15 dias.; Sobredosagem (sintomas, procedimentos de emergência, antídotos), (se necessário): Não mencionadas.; Intervalo(s) de segurança: Não aplicável, por se destinar aos carnívoros domésticos (cães e gatos).; PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS: Grupo farmacoterapêutico: I-19.4 – antipruriginosos e antialérgicos, Código ATCVet: PO1B01 – Anti-Histamínicos; Propriedades farmacodinâmicas - ACAL-MA® , possui dois tipos de acções farmacológicas correspondentes aos seus dois princípios activos que, além de uma acção individual, actuam como potencializadores um do outro, assim: O cloridrato de hidroxizina é um tranquilizante também dotado de acção sedativa e anti-histamínico, isto por competição ao nível dos receptores celulares da histamina.; Propriedades farmacocinéticas - A hidroxizina é rapidamente absorvida ao nível do tubo digestivo, sendo a sua eliminação feita através da urina e das fezes (na bílis) nas 64 horas seguintes à sua eliminação. A sua absorção gastrointestinal do maleato de clorfeniramina é rápida e completa, sendo assim como a sua difusão tecidular. A sua excreção é razoável nas primeiras 24 horas e total ao fim de 4 dias e faz-se através da urina e das fezes (bílis).; Impacto ambiental - Não mencionado.; Incompatibilidades - Não aplicável.; Prazo de validade - Prazo de validade do medicamento veterinário tal como embalado para venda: 4 anos; Precauções especiais de conservação - Conservar a temperatura a 25ºC. e proteger da humidade. Não utilizar depois de expirar o prazo de validade indicado na embalagem. MANTER FORA DO ALCANCE E DA VISTA DAS CRIANÇAS.; Natureza e composição do acondicionamento primário: O produto apresenta-se acondicionado em frasco de plástico de cor branca, com tampa inviolável no mesmo material, contendo 16 comprimidos e embalado em cartonagem apropriada.; Precauções especiais para a eliminação de medicamentos veterinários não utilizados ou de desperdícios derivados da utilização desses medicamentos: O medicamento veterinário não utilizado ou os seus desperdícios devem ser eliminados de acordo com os requisitos nacionais. NÚMERO(S) DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO - Nº de registo: 51006 P no INFARMED; DATA DA PRIMEIRA AUTORIZAÇÃO/RENOVAÇÃO DA AUTORIZAÇÃO - 07 de Junho de 1993 / 04 de Setembro de 2000; DATA DA REVISÃO DO TEXTO – Agosto de 2010; PROIBIÇÃO DE VENDA, FORNECIMENTO E/OU UTILIZAÇÃO: Só pode ser vendido mediante receita médico-veterinária.. // TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO: Laboratoires Moureau (ARRIGONI Patrice) - 33, Rue Charles de Gaulle - 95270 Luzarches, France; e-mail: [email protected] // Fabricante: SOGEVAL – Route Mayenne, ZI DES TOUCHES – 53000 LAVAL – France // NÚMERO(S) DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO: Nº de registo: 51015 P no INFARMED // DATA DA PRIMEIRA AUTORIZAÇÃO/RENOVAÇÃO DA AUTORIZAÇÃO: 07 de Junho de 1993 / 04 de Setembro de 2000 // DATA DA REVISÃO DO TEXTO: Agosto de 2010.

Desafios da liderança

VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 25

Identificação da causa da anorexia e perda de peso de um dragão barbudo Um estudo que incluiu um enema com contraste ajudou os clínicos a detetar uma estenose intestinal neste animal de companhia exótico. Saiba como este exame de diagnóstico o poderá ajudar com outros répteis doentes que manifestem sintomas semelhantes.

Katie W. Delk, DVM, David S. Biller, DVM, DACVR, James W. Carpenter, DVM, DACZM

Aanorexia e a obstipação nos répteis podem ter múltiplas causas, incluindo parasitis-

mo, ingestão de corpos estranhos, práticas de maneio deficientes, neo-plasias e alterações metabólicas.1,2 Muitas vezes, é difícil determinar a causa daqueles sinais clínicos nos répteis e a radiografia pode ser um instrumento de diagnóstico valioso. A utilização de radiogra-fias com contraste, normalmente estudos com contraste de bário do trato gastrointestinal (GI) superior, ajuda a avaliar o tempo de trânsito digestivo e a detetar a presença de corpos estranhos.3-5

No presente trabalho, discute-se a utilização de um método diferente de radiografia com contraste – um enema parcial com iohexol – para diferenciar o intestino delgado e o intestino grosso e diagnosticar uma estenose intestinal num dragão barbudo.

Katie W. Delk, DVM David S. Biller, DVM, DACVR James W. Carpenter, DVM, DACZ Department of Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Kansas State University Manhattan, KS 66506

v IMAGIOLOGIA EM RÉPTEIS PEER-REVIEWED

completo e do perfil analítico sérico revelaram uma anemia ligeira com um hematócrito baixo (14%; valores de referência = 19% a 40%), sem outras alterações relevantes.6,7

Dada a condição corporal fraca

HISTÓRIA DO DOENTEUm macho dragão barbudo (Pogo-na vitticeps), adulto, inteiro, com um peso corporal de 419 g, foi conduzido ao Kansas State Uni-versity Zoological Medicine Service para avaliação de uma história de anorexia e perda de peso com duas semanas de evolução. A radiografia corporal integral realizada pelo veterinário referenciador tinha reve-lado uma área focal de opacidade mista na cavidade celómica caudal, que parecia localizar-se no trato digestivo.

Um estudo do trato GI supe-rior com contraste de bário tinha revelado um fluxo de contraste normal através do estômago e do intestino, mas que se acumulava numa posição anterior a uma mas-sa heterogénea localizada no trato GI distal. Pequenas quantidades de bário conseguiam ultrapassar a massa e eram excretadas, embora o débito fecal estivesse marcadamente diminuído.

AVALIAÇÃO E TRATAMENTO INICIALNo exame físico, o doente estava emaciado, mas desperto e alerta. A sua condição corporal era de 2/5. Os resultados do hemograma Th

inkst

ock

DADOS PRINCIPAIS Identificação> Macho dragão barbudo (Pogona vitticeps) adulto, inteiro

História e queixas na apresentação> Anorexia e perda de peso com

duas semanas de evolução> Radiografia corporal integral: área

focal de opacidade mista na cavi-dade celómica caudal, localizada provavelmente no trato digestivo

> Estudo com contraste de bário: contraste a fluir normalmente através do estômago e intestino delgado, mas a acumular-se numa posição anterior a uma massa he-terogénea no trato digestivo distal

Achados da avaliação> Condição corporal fraca, de 2/5;

doente desperto e alerta> Hemograma completo e perfil ana-

lítico sérico: anemia ligeira

Tratamento inicial> Terapêutica médica conservadora

ineficaz

26 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

e o risco anestésico, foi iniciada uma terapêutica conservadora para aliviar a obstrução. Esta terapêu-

tica consistiu de enemas de água morna com lubrificação estéril, administração de líquidos (água) por via oral através de uma sonda orogástrica, administração de flui-

Pequenas quantidades de bário conseguiam ultrapassar a massa

e eram excretadas, embora o débito fecal estivesse marcadamente diminuído.

Imagiologia em répteis

dos (45 mL/kg de solução de lactato de Ringer com 2.5% dextrose e 0.05 mL de vitaminas do complexo B) por via subcutânea e colocação do doente numa tigela rasa com água morna durante 20 minutos, três vezes por dia, para absorver água através da cloaca.

Passadas 24 horas de terapêutica, não era evidente qualquer melhoria clínica e a massa continuava a ser palpável no abdómen. A repe-tição das radiografias confirmou a acumulação de material heterogéneo misturado com bário, o que era consistente com uma obstrução do trato GI, não sendo claro se envolvia o intestino delgado ou o intestino grosso.

FLUOROSCOPIA E RADIOGRAFIA COM CONTRASTEFoi realizada uma avaliação fluoroscópica para determinar a localização da massa. Foi tentado um pneumocolonograma sob fluoroscopia, usando um cateter de borracha vermelha nú-mero 8, para atingir o cólon a partir da cloaca, mas foi inconclusivo.

Posteriormente, foi realizado um enema com contraste usando fluoroscopia e 10 mL de iohe-xol não diluído administrado através de cateter da cloaca. O meio de contraste atravessou o có-lon descendente até uma área estreita e irregular do cólon ascendente.8 Era evidente um estrei-tamento do lúmen do intestino delgado distal ao bolus de ingesta. Nesta área, que parecia ser a junção ileocolónica não passava qualquer contraste (Figura 1). Com base neste estudo radiográfico, suspeitou-se de uma estenose.

TRATAMENTO E RESULTADOSDevido à má condição do animal e à estenose que não era possível

resolver com terapêutica médica, foi realizada uma celiotomia exploradora. O doente foi pré-medicado com uma associação de quetamina (10 mg/kg), medetomidina (0.1 mg/kg) e morfina (1.5 mg/kg), administradas por via in-tramuscular e, em seguida, foi intubado com um tubo endotraqueal de 2 mm e mantida a anestesia com isoflurano com ventilação de pressão positiva.

Durante a cirurgia, notou-se um es-pessamento da junção ileocolónica e a presença de uma banda de tecido fibroso branco com 3 mm. No lado oral da banda, um grande volume de ingesta distendia o intestino delgado. A parede do intestino delgado adjacente ao local da estenose estava difusamente fina e friável, enquanto a parede do cólon era espessa e aparentemente normal.

1. lmagens de uma fluoroscopia com contraste, revelando uma estenose na jun-ção ileocolónica num dragão barbudo. O bário acumula-se no íleo dilatado (l), o iohexol preenche o cólon normal (C) e a estenose é visível entre ambos. Note-se o estreitamento no cólon (ponta de seta branca), o estreitamento no íleo (seta branca) e a estenose (setas pretas).

Os vasos que irrigavam a banda fibrosa foram laqueados com polidioxanona (PDS) 5-0 e com um cautério bipolar. Os tecidos doentes, com um comprimento de cerca de 9 cm, foram removi-dos e a anastomose das extremidades saudáveis foi realizada cm PD 5-0 e um padrão de pontos simples interrompidos.

Infelizmente ocorreu uma deiscência da anasto-mose e o intestino delgado neste local começou a deteriorar-se a partir dos pontos de sutura. A anastomose foi removida, foi realizada uma exci-são adicional de tecidos e uma nova anastomose, tentando minimizar a manipulação dos tecidos. No entanto, ocorreu uma nova deiscência e de-terioração dos tecidos em redor. Considerando o prognóstico grave, o doente foi sacrificado com 2 mL de pentobarbital injetados na veia abdominal ventral.

NECROPSIA E EXAME HISTOPATOLÓGICOO exame macroscópico pós-morte não revelou outras lesões. Os tecidos excisados foram conser-vados em formalina e submetidos para avaliação histopatológica.

Determinou-se que a estrutura fibrosa era uma estenose na junção ileocolónica, com uma inflamação granulomatosa extensa no intestino delgado e intestino grosso (Figura 2). Notava--se ainda uma ulceração e atrofia graves das vilosidades do intestino delgado e as camadas submucosa e muscular da parede do intestino delgado estavam expandidas por bainhas de macrófagos espumosos. Não foram identificados microrganismos causais.

As causas possíveis da estenose incluíram uma penetração prévia da parede intestinal por um corpo estranho ou uma causa infecciosa de colite, que não foi possível identificar com colorações especiais. A parede intestinal fina e friável poderia ser atribuída à anorexia e anemia prolongadas.

DISCUSSÃONo caso descrito, o enema parcial (o cólon não foi completamente distendido) com iohexol usando fluoroscopia, determinou a localização da obstru-ção e identificou uma estenose da junção ileoco-lónica. Os estudos com contraste, normalmente do trato GI superior usando bário, têm sido muito usados para o diagnóstico de doenças digestivas nos répteis.3,4 O enema com iohexol foi mais van-tajoso neste doente do que o estudo do trato GI superior, porque a estenose ocluía completamente o lúmen intestinal, tornando impossível avaliar

Rua do Bolhão, 53 - 5º piso | 4000-112 Porto, Portugal

tel. +351 222 011 517 [email protected]

facebook.com/ImproveInternationalPT

Mais informação em www.improveinternational.com

GPCert SAM, Medicina de Pequenos Animais20 módulos: 12 presenciais e 8 onlineLisboa, a partir de 28 de Março de 2015Preço desde: 680,00€ + 230,00€ x 12 mesesOradores: Susana Silva (DVM CertSAM DipECVIM-CA MRCVS); Sandra Díaz (DVM, MS, Diplomate

ACVD); Marta Costa (DVM MSc MRCVS); Fernando Tecles (DVM, PhD); Raquel Monteiro (DVM

DiplECVN MRCVS); Maria Camps (DVM, DACVIM (Internal Medicine & Oncology); José Miguel Novo

Matos (DVM, DECVIM (Cardiology)); Dolores Pérez Alenza (DVM, PhD); Albert Lloret (DVM residencia

ECVIM); Nuno Félix (LVM); Cristina Seruca (DVM, Dip ECVO, MRCVS, European Specialist in Veterinary

Ophthalmology); Rosa Novellas (DVM, PhD, Dip ECVDI).

NCert PracTech,Técnicas Práticas em Clínica Veterinária8 módulos presenciaisPorto, a partir de 21 de Março de 2015Preço desde: 392,40€ + 185,00€ x 5 mesesOradores: Nuno Félix (LVM); Pedro Olivério Pinto (LMV); Hugo Lima de Carvalho (LVM);

Cátia Mota e Sá (DVM, CCRP, Dipl. Quiropráctica Animal).

NCert Physio, Fisioterapia8 módulos presenciaisPorto, a partir de 07 de Novembro de 2015Preço desde: 425,00€ + 200,00€ x 5 mesesOradores: Valle Sanchez Raez (DVM, Dip. Quiropráctica Animal e Fisioterapia);

Daniel Gonçalves (DVM); Cátia Mota e Sá (DVM, CCRP, Dipl. Quiropráctica Animal).

GPCert SAS, Cirurgia de Pequenos Animais14 módulos presenciaisMafra e Porto | Preço desde: 1255,00€ + 295,00€ x 10 meses

Cirurgia de Tecidos MolesMafra, a partir de 7 de Março de 2015Preço desde: 730,00€ + 340,00€ x 5 meses

Cirurgia Ortopédica e NeurocirurgiaPorto, a partir de 14 de Novembro de 2015Preço desde: 585,00€ + 265,00€ x 5 meses

Oradores: Ana Isabel de Castro Marques (DVM MACVSc CertSAS MRCVS, DipECVS);

Annick Hamaide (DVM, PhD, DipECVS, MACVSc, CertSAS); Esteban Pujol (DVM, DipECVS);

Felipe de Vicente (DVM, PhD, DipECVS); Paolo Buracco (DVM, DipECVS );

Pilar Lafuente (DVM, PhD, DipACVS/ECVS, MRCVS); Raquel Monteiro (DVM DipECVN MRCVS).

Programas de Formação ContínuaGeneral Practitioner Certificate Programmes

Cursos acreditados pelo

Imagiologia em répteis

28 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

2. Peça operatória do dragão barbudo. Note-se o intestino delgado dilatado (a) e o cólon normal (b), que estão separados por uma banda espessa de tecido fibroso na junção ileocolónica (seta preta).

o cólon usando meio de contraste administrado por via oral. Embora os dois estudos tivessem sido reali-zados neste caso em conjunto com fluoroscopia, também podem ser usadas radiografias simples para o GI superior ou para os enemas com contraste nos répteis.

Há outras situações em que o ene-ma com iohexol pode ser preferido relativamente ao estudo do trato GI superior com bário. Por exemplo, caso se suspeite de uma perfuração GI, o bário está contraindicado pois pode causar uma peritonite com risco de vida.9 No entanto, o iohe-xol é hidrossolúvel e muito menos irritante para o peritoneu, tornando a sua utilização mais segura quando se suspeita de uma perfuração.10 Também, quando é necessário um diagnóstico rápido, um estudo do trato GI superior com bário não é o mais adequado, pois o tempo de trânsito intestinal é, na maioria dos répteis, de cerca de 30 horas.3,11 Um estudo completo com contraste de bário para avaliar todo o trato GI requer vários dias de obtenção de imagens, enquanto um enema com contraste, embora só seja útil para o trato GI baixo, pode diagnosti-car uma lesão em apenas poucos

Imagiologia em répteis

minutos.A utilização de procedimentos

radiográficos com contraste para o diagnóstico de doenças intestinais nos animais domésticos tem sido, com frequência, substituída por endoscopia. No entanto, esta técnica é difícil de realizar em répteis de pequeno porte. A ecografia é muito usada no diagnóstico de doenças do trato GI superior nos mamífe-ros, mas menos no caso do cólon, devido às sombras acústicas gasosas no lúmen.12

A determinação da localização exata de uma lesão GI é muito importante quando se planeia uma cirurgia e para determinar o prog-nóstico. Nos cães e nos gatos, o prognóstico não é diferente para a cirurgia do intestino delgado ou do intestino grosso. No entanto, as intervenções que envolvem a excisão de tecidos e a anastomose do intestino delgado, requerem nor-malmente um maior tempo cirúrgico e um internamento pós-operatório mais prolongado, o que correspon-de a uma maior morbilidade.13 A avaliação imagiológica detalhada também é importante para deter-minar se existe mais do que uma lesão que necessite de abordagem

cirúrgica, dado que os animais subme-tidos a mais do que um procedimento intestinal têm uma maior mortalidade.13

CONCLUSÃOO enema com iohe-xol é um procedi-mento válido e rela-tivamente simples, mas que é pouco usado no diagnós-tico de lesões intes-tinais nos répteis. É muito útil quando combinado com um estudo do trato GI superior. Esta téc-nica de imagem é

de implantação fácil em qualquer clínica em que o acesso a técnicas mais avançadas, como a resso-nância magnética e a tomografia computorizada, é limitado. A uti-lização de enemas com contraste deve ser estimulada quando se realizam radiografias a répteis com doenças GI.

AgradecimentosOs autores agradecem aos Drs. Matt Sherwood e Marian Benitez (Depart-ment of Clinical Sciences, College of Veterinary Medicine, Kansas State University), por terem realizado a intervenção cirúrgica, e ao Dr. Jamie Henningson (Department of Diag-nostic Medicine & Pathobiology, Col-lege of Veterinary Medicine, Kansas State University), que disponibilizou o relatório histopatológico. vREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Barten SL. Lizards. In: Mader DR, ed. Reptile medicine and surgery. 2nd ed. St. Louis, Mo: Saunders/Elsevier, 2006;683-695.2. Büker M, Foldenauer U, Simova-Curd S, et al. Gas-trointestinal obstruction caused by a radiolucent foreign body in a green iguana (Iguana iguana). Can Vet J 2010; 51(5):511-514.3. Di Bello A, Valastro C, Staffieri F, et al. Contrast radio-graphy of the gastrointestinal tract in sea turtles. Vet Radiol Ultrasound 2006;47:351-354.4. Banzato T, Russo E, Finotti L, et al. Development of a technique for contrast radiographic examination of the gastrointestinal tract in ball pythons (Python regius). Am J Vet Res 2012;73(7):996-1001.5. Smith D, Dobson H, Spence E. Gastrointestinal stu-

dies in the green iguana: technique and reference values. Vet Radiol Ultrasound 2001;42(6):515-520.6. Gibbons P, Klaphake ME, Carpenter JW. Reptiles. In: Carpenter JW, ed. Exotic animal formulary. 4th ed. St. Louis, Mo: Elsevier, 2013;83-182.7. Tamukai K, Takami Y, Akabane Y, et al. Plasma biochemical reference values in clinically healthy captive bearded dragons (Pogona vitticeps) and the effects of sex and season. Vet Clin Pathol 2011;40(3):368-373.8. Banzato T, Selleri P, Veladiano IA, et al. Comparative evaluation of the cadaveric and computed tomographic features of the coelomic cavity in the green iguana (Iguana iguana), black and white tegu (Tupinambis merianae) and bearded dragon (Pogona vitticeps). Anat Histol Embryol 2013;24(6):453-460.9. Karanikas ID, Kakoulidis DD, Gouvas ZT, et al. Barium peritonitis: a rare complication of upper gastrointestinal contrast investigation. Postgrad Med J 1997;73(859):297-298.10. Rendano VT Jr. Radiology of the gastrointestinal tract of small animals. Can Vet J 1981;22(11):331-334.11. Silverman S. Diagnostic imaging. In: Mader DR, ed. Reptile medicine and surgery. 2nd ed. St. Louis, Mo: Saunders/Elsevier, 2006;471-489.12. Mai W. Imaging the stomach and intestine: pathologic aspect, in Proceedings. Atlantic Coast Vet Conf, 2008.13. Wylie KB, Hosgood G. Mortality and morbidity of small and large intestinal sur-gery in dogs and cats: 74 cases (1980-1992). J Am Anim Hosp Assoc 1994;30:469-474.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

OmniomegaVetMedicine.pdf 1 12/01/2015 12:11:58

Imagiologia em répteis

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Balara JM, McCarthy RJ, Kiupel M, et al. Clinical, histologic, and immunohistochemical characterization of wart-like lesions on the paw pads of dogs: 24 cases (2000-2007). J Am Vet Med Assoc 2009;234:1555-1558. 2. Freeman DB. Corns and calluses resulting from mechanical hyperkeratosis. Am Fam Physician 2002;65:2277-2280.3. Guilliard MJ, Segboer I, Shearer DH. Corns in dogs: signalment, possible aetiology and response to surgical treatment. J Small Anim Pract 2010;51:162-168. 4. Kapatkin AS, Garcia-Nolen T, Hayashi K. Carpus, metacarpus and digits. In: Tobias KM, Johnston SA, eds. Veterinary surgery: small animal. St. Louis, Mo: Elsevier Saunders, 2012;785-800.5. Andelman NC. Dermatology. In: Bloomberg MS, Dee JF, Taylor RA, eds. Canine sports medicine and surgery. Philadelphia, Pa: WB Saunders Co, 1998;35-44.6. Blythe LL, Gannon JR, Craig AM. Care of the racing greyhound: a guide for trainers, bree-ders, and veterinarians. Santa Barbara, Calif: Veterinary Practice Publishing Co, 1994;185-229.7. Borghese IF. Corns and warts: definitions, causes, and treatments. Celebrating Greyhounds 2003;8:48-51.8. Machery CL, Freeman WE. Using a dental root elevator to remove footpad corns in dogs: two practitioners’ experience. Vet Med 2006;101:778-780.9. Swaim SF, Amalsadvala T, Marghitu DB, et al. Pressure reduction effects of subdermal silicone block gel particle implantation: a preliminary study. Wounds 2004;16:299-312.10. Freeman WE. Idiosyncrasies in greyhounds that can affect their medical care [published correction appears in Vet Med 2005;100:775]. Vet Med 2005;100:592-600.11. Gross TL, Ihrke PJ, Walder EJ, et al. Epidermal tumors. In: Skin diseases of the dog and cat—clinical and histopathologic diagnosis. 2nd ed. Oxford, U.K.: Blackwell Publishing Ltd, 2005;562-564.12. Davis PE. Toe and muscle injuries of the racing greyhound. N Z Vet J 1973;21:133-146. 13. Eaton-Wells RD. Injuries of the digits and pads. In: Bloomberg MS, Dee JF, Taylor RA, eds. Canine sports medicine and surgery. Philadelphia, Pa: WB Saunders Co, 1998;171.14. Besancon MF, Conzemius MG, Evans RB, et al. Distribution of vertical forces in the pads of greyhounds and Labrador retrievers during walking. Am J Vet Res 2004;65:1497-1501.15. Hutton WC, Freeman MA, Swanson SA. The forces exerted by the pads of the walking dog. J Small Anim Pract 1969;10:71-77.16. Swaim SF, Marghitu DB, Rumph PF, et al. Effects of bandage configuration on paw pad pressure in dogs: a preliminary report. J Am Anim Hosp Assoc 2003;39:209-216.17. Balkin SW. Injectable silicone and the foot: a 41-year clinical and histologic history. Dermatol Surg 2005;31:1555-1559.18. Van Schie CH, Whalley A, Armstrong DG, et al. The effect of silicone injections in the diabetic foot on peak plantar pressure and plantar tissue thickness: a 2-year follow-up. Arch Phys Med Rehabil 2002;83:919-923.

Continuação da página 38

30 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

Cistografia com controlo positivo num cão com uma rotura da bexiga de deteção difícilPara evitar erros de diagnóstico, assegure-se que realiza uma investigação profunda quando usa esta técnica para identificar uma rotura da bexiga.

Philip I. Allen, DVM, David S. Biller, DVM, DACVR, Michael S. Thoesen, DVM, DACVS

Uma cadela Cavalier King Charles Spaniel, de 10 meses de idade e 6.7 kg, castrada,

foi conduzida ao Kansas State Uni-versity Veterinary Health Center (KSU VHC) para avaliação na sequência de um traumatismo provocado por um veículo.

EXAMES DE DIAGNÓSTICO INICIAIS E TRATAMENTONo exame físico, o animal estava em choque cardiovascular, com uma pressão sanguínea diastólica baixa, taquicardia, membranas mucosas pálidas, hipotermia (36.3ºC), sem sinais de disfunção neurológica central, com uma paresia ligeira dos membros posteriores e uma lacera-ção abdominal longitudinal que não penetrava a cavidade abdominal. O perfil analítico sérico revelou que o animal estava azotémico, com um aumento das concentrações de ureia e azoto sanguíneo (45 mg/dL; valores de referência 10 a 28 mg/dL) e creatinina (2.03 mg/dL; valores de referência = 0.3 a 1.5 mg/dL), hipo-

Philip I. Allen, DVM David S. Biller, DVM, DACVR Department of Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Kansas State University Manhattan, KS 66506

Michael S. Thoesen, DVM, DACVS MidWest Veterinary Specialty Hospital 9706 Mockingbird Drive Omaha, NE 68127

v CISTOGRAFIA COM CONTROLO POSITIVO PEER-REVIEWED

Adicionalmente, as margens renais não se distinguiam. Os diagnósticos diferenciais para a perda de detalhe das margens renais e área retrope-ritoneal dorsal foram hemorragia, perda de urina ou peritonite.

Cistografia com contraste posi-tivo: primeira tentativaFoi realizada uma cistografia retró-grada com contraste positivo para avaliar a integridade da bexiga, uma vez que não tinha sido visualizado este órgão nas radiografias simples e que estavam presentes fraturas pélvicas, perda do detalhe da serosa peritoneal com estrias, especialmente no espaço retroperitoneal caudal e azotemia consistente com uma rotura da bexiga. Foi colocado um cateter balão no colo da bexiga e esta foi dis-tendida com 14 mL de um agente de contraste positivo (Figura 2A). Não foi observada perda do contraste.

Cistografia com contraste posi-tivo: segunda tentativaDada a elevada suspeita de rotura da bexiga, foi realizada a deflação do cateter balão e administrados 9 mL de agente de contraste (Figura 2B). O contraste foi visualizado sobreposto à área retroperitoneal e na área do canal pélvico, imagens consistentes com uma rotura do colo da bexiga ou da uretra proximal. Verificou-se também perda de contraste na região abdominal caudal. A exploração cirúrgica confirmou uma rotura do colo da bexiga. Foi realizada a sua reparação cirúrgica e o animal recu-perou sem intercorrências.

proteinémico (3.4 g/dL; valores de referência = 5.4 a 7.4 g/dL) e com um aumento da atividade da desi-drogenase láctica (194 IU/L; valores de referência < 175 IU/L).

A cadela foi estabilizada com um bolus de 150 mL de solução de lac-tato de Ringer seguida da infusão intravenosa (50 mL/hora durante a noite) da mesma solução. O trata-mento adicional incluiu suplemen-tação de oxigénio e administração de prednisolona (10 mg por via oral) e de hidromorfona (0.3 mg por via intravenosa).

A laceração da pele foi inspe-cionada, limpa e encerrada com agrafos cutâneos. Na noite após a apresentação, o animal continuou em hipotermia e foi notada a presença de sangue no termómetro tanto na apresentação com na reavaliação da temperatura retal duas horas depois, problema que já não acontecia no dia seguinte. Foram realizadas radiogra-fias abdominais ortogonais.

ACHADOS RADIOLÓGICOSForam identificadas diversas fratu-ras pélvicas, incluindo uma fratura ao longo do eixo maior do corpo ilíaco direito com deslocação cranial e abaxial, fraturas isquiais direitas caudais ao acetábulo com deslocação lateral e fratura do ramo acetabular direito do púbis (Figuras 1A e 1B). O abdómen parecia pendular e estava presente perda do detalhe abdominal (mais grave na região direita caudal e caudoventral), incapacidade de visualização da bexiga e presença de estrias na área retroperitoneal dorsal.

VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 31

DISCUSSÃOA rotura da bexiga pode ter diver-sas causas, incluindo traumatismo agudo, cateterização traumática, so-bredistensão iatrogénica, obstrução uretral e cistite necrosante.1,2 Anatomia da bexigaA posição anatómica da bexiga depende da distensão e da idade e espécie do doente. Nos cães, quando vazia, a bexiga localiza-se, na maioria dos casos, na cavidade pélvica. Nos gatos, uma bexiga normal é intra--abdominal em posição 2 a 3 cm cranial ao púbis.3

Nos cães e nos gatos, o peritoneu cobre a bexiga cranialmente à entra-da ureteral no trígono. No trígono, os ureteres percorrem a distância retroperitoneal para intraperitoneal à medida que passam as duas ca-

madas do peritoneu que formam o ligamento lateral da bexiga.4 Na bolsa retrovesical, a reflexão peritoneal dorsal no colo da bexiga comunica com a superfície adventícia da por-ção proximal da uretra. Nos machos, a uretra é completamente envolvida pela próstata ventralmente no espaço retroperitoneal; nas cadelas e nas gatas penetra a cavidade retroperito-neal em posição imediatamente distal ao trígono.5 Devido às características anatómicas e comunicação com múltiplos espaços no organismo, uma rotura no colo da bexiga pode levar a diversas imagens associadas a perda de contraste.

Procedimento para a cistografia com contraste positivoA cistografia com contraste positivo é o exame de diagnóstico de eleição

para confirmar uma rotura da bexiga ou da uretra pélvica na sequência de radiografias simples que detetem perda de detalhe da serosa abdo-minal ou estrias retroperitoneais.6

Outras indicações incluem a mani-festação de sinais clínicos associados a uma possível rotura da bexiga, como anúria, hematúria ou disúria, ou doentes em que a bexiga não é visível em radiografias simples, com ou sem aparência indistinta de outras estruturas abdominais.7 Na sequência de uma rotura da bexiga, a urina

acumula-se de imediato no ab-dómen ventral posterior e, em poucas horas, espalha-se na cavidade abdo-minal.3

Recomenda--se o cumpri-mento de um período de je-jum de 24 horas antes de realizar uma cistografia com contraste

1A. Radiografia lateral direita da cadela cujo caso é descrito. As estrias na área retroperitoneal dorsal são indicadas pela seta.

1B. Radiografia ventrodorsal do mesmo animal. Os agrafos cutâneos foram usados para encerramento da lesão da pele.

2A. Radiografia abdominal lateral do mesmo animal, obtida depois da administração inicial de contraste.

2B. Radiografia abdominal lateral do mesmo animal, obtida depois da deflação e deslocação cranial do cateter balão e da segunda infusão de contraste.

Cistografia

positivo, mas isso não é possível nem recomendável em doentes que sofreram um traumatismo agudo ou em situação instável.8

Antes da colocação do cateter, os órgãos genitais externos devem ser limpos. Sugere-se que o procedi-mento seja realizado sob sedação ou anestesia geral, para facilitar a colocação do cateter e reduzir a probabilidade de lesões da mucosa do trato urinário, mas, frequente-mente, não é necessário.9 Quando se coloca o cateter deve ser usado um lubrificante estéril e um cateter radiopaco. Muitos possuem um balão insuflável na extremidade, embora essa estrutura possa interferir com o diagnóstico, tal como é explicitado mais adiante. Para reduzir os estímu-los dolorosos, podem ser infundidos 2 a 5 mL de lidocaína a 2% antes do agente de contraste, usando as doses mais baixas nos gatos e nos cães de pequeno porte e as doses maiores

nos cães de grande porte.10 Na cistografia retrógrada só podem ser usados compostos iodados orgânicos hidrossolúveis.6,11

Dependendo da dimensão e loca-lização da laceração, podem ocorrer níveis variáveis de perda de contras-te. As lacerações grandes ou ventrais apresentam uma probabilidade superior de originar perdas pouco depois da administração do contraste do que as que têm uma localização dorsal ou os pequenos defeitos num doente em estação. Assim, os pe-quenos defeitos ou as lacerações de localização dorsal podem necessitar de um volume superior de agente de contraste, de um maior período de tempo entre a administração e a obtenção das imagens ou de al-terações de posicionamento, como a colocação em decúbito lateral, se o estado de estabilidade ou as comorbilidades (p. ex. fraturas pé-lvicas) assim permitirem, uma vez

que a perda de contraste é in-fluenciada pela gravidade.

Tal como se ver i f i cou no caso descrito, deve ser reali-zada a deflação do cateter balão antes de se con-

firmar a integridade da bexiga, pois um balão cheio em qualquer posição dentro da bexiga pode selar o de-feito e portanto impedir a perda de agente de contraste para os espaços peritoneal ou retroperitoneal. Adi-cionalmente, é importante salientar que devido à posição anatómica da uretra proximal na entrada pélvica, o cateter deve ser movido para pre-venir a selagem de uma laceração da uretra e, subsequentemente, um erro de diagnóstico.

Num outro caso diagnosticado e tratado no KSU VHC, um cão com uma história semelhante de trau-matismo provocado por um veículo realizou uma cistografia com con-traste positivo por suspeita de rotura da bexiga. Depois da administração do agente de contraste, foi realizada uma deflação incompleta do cateter balão e este foi posicionado mais cranialmente para evitar a selagem de uma potencial rotura do colo da bexiga que teria indicado errada-

3. Técnica de cistografia com contraste positivo realizada num cão avaliado no KSU VHC.(A) Dilatar o balão no colo da bexiga e administrar o contraste.(B) Proceder à deflação incompleta do balão (seta a tracejado).(C) Deslocar cranialmente o balão afastando-o do colo da bexiga (seta a cheio).

CLAVUBACTIN® 50/12,5 mg comprimidos para cães e gatos: Amoxicilina 50 mg, ácido clavulânico 12,5 mg. CLAVUBACTIN® 250/62,5 mg comprimidos para cães: Amoxicilina 250 mg, ácido clavulânico 62,5 mg. CLAVUBACTIN® 500/125 mg comprimidos para cães: Amoxicilina 500 mg, ácido clavulânico 125 mg. Espécie(s)-alvo: Caninos e Felinos(cães e gatos). Indicações de utilização: Tratamento de infecções em cães e gatos provocadas por bactéria sensível à amoxicilina em combinação com o ácido clavulânico, em especial: Infecções dérmicas (incluindo piodermite superficial e profunda) associadas aos estafilococos (incluindo estirpes produtoras de betalactamase) e estreptococos. Infecções do tracto urinário associadas aos estafilococos (incluindo estirpes produtoras de betalactamase), estreptococos, Escherichia coli (incluindo estirpes produtoras de betalactamase), Fusobacterium necrophorum e Proteus spp. Infecções do tracto respiratório associadas aos estafilococos (incluindo estirpes produtoras de betalactamase), estreptococos e Pasteurellae. Enterite associada a Escherichia coli (incluindo estirpes produtoras de betalactamase) e Proteus spp. Infecções da cavidade oral (mucosa) associadas a Clostridia, Corynebacteria, estafilococos (incluindo estirpes produtores de betalactamase), estreptococos, Bacteroides spp (incluindo estirpes produtoras de betalactamase), Fusobac-terium necrophorum e Pasteurellae. Contra-indicações: Não administrar em animais com hipersensibilidade conhecida à penicilina ou outras substâncias do grupo betalactâmico. Não administrar em disfunção renal grave acompanhada por anúria e oligúria. Não administra em coelhos, porquinhos-da-índia, hamsters ou gerbilos. Precauções especiais para utilização em animais devem ser tidas em conta as normas e práticas veterinárias nacionais relativas ao uso de antibióticos de largo espectro. Não utilizar em caso de bactérias sensíveis a penicilinas de curto espectro ou à amoxicilina como substância única. É aconselhável que, ao iniciar a terapia, sejam realizados testes de sensibilidade adequados e apenas se dê seguimento ao tratamento após ter sido estabelecida a susceptibilidade à combinação. O uso inadequado do medicamento veterinário poderá aumentar a predominância da bactéria resistente e diminuir a sua eficácia. Em animais com insuficiência hepática e renal, o regime de dosagem deve ser cuidadosamente avaliado. Precauções especiais que devem ser tomadas pela pessoa que administra o medicamento aos animais As penicilinas e cefalosporinas podem provocar reacções de hipersensibilidade (alergia) na sequência da injecção, inalação, ingestão ou contacto com a pele. A hipersensibilidade às penicilinas pode levar a reacções cruzadas às cefalosporinas e vice versa. As reacções alérgicas a estas substâncias podem ocasionalmente ser graves. Não manuseie este medicamento veterinário se sabe que lhe é sensível ou se foi aconselhado a não lidar com este tipo de preparações. Ao manusear o medicamento veterinário, evite o contacto com a pele e olhos. Se desenvolver sintomas na sequência da exposição, tais como uma erupção cutânea, deve procurar aconselhamento médico e mostrar ao médico este aviso. O inchaço da face, lábios ou olhos ou dificuldades respiratórias são sintomas mais graves e exigem atenção médica urgente. Lave as mãos após a utilização. Reacções adversas (frequência e gravidade). Sintomas gastrointestinais ligeiros (diarreia, náuseas e vómitos) podem ocorrer após a administração do medicamento veterinário. Reacções alérgicas (reacções cutâneas, anafilaxia) podem ocorrer ocasionalmente. Utilização durante a gestação, a lactação. Usar apenas de acordo com a avaliação de risco-benefício do veterinário responsável. Interacções medicamentosas e outras formas de interacção. O cloranfenicol, macrolidos, sulfonamidas e tetraciclinas poderão inibir os efeitos antibacterianos da penicilina. Posologia e via de administração: Administração oral em cães e gatos. Para garantir uma dosagem correcta deve determinar-se o peso corporal o mais exactamente possível. Dose: A dose recomendada é de 12,5 mg de substância activa combinada (=10 mg de amoxicilina e 2,5 mg de ácido clavulânico) por quilo de peso corporal, duas vezes ao dia. Em casos de infecções cutâneas resistentes, é recomendada uma dose dupla (25 mg por kg de peso corporal, duas vezes ao dia). Duração do tratamento . A maioria dos casos de rotina reage ao fim de 5-10 dias de tratamento. Em casos crónicos, recomenda-se um tratamento mais longo, como descrito a seguir: Infecções cutâneas crónicas 10-30 dias ou mais em casos clínicos resistentes ou de piodermite bacteriana profunda (até 6-8 semanas) dependendo da resposta clínica. Cistite crónica 10-28 dias. Sobredosagem (sintomas, procedimentos de emergência, antídotos). Sintomas gastrointestinais ligeiros (diarreia, náuseas e vómitos) podem ocorrer mais frequentemente após sobredosagem do medicamento veterinário. Prazo de validade do medicamento tal como embalado para venda. 2 anos. Prazo de validade dos quartos de comprimido: 12 horas. Precauções especiais de conservação: Conservar a temperatura inferior a 25ºC. Conservar na embalagem de origem. Conservar fora do alcance das crianças. Os quartos de comprimido devem ser repostos na embalagem blister aberta e conservados no frigorifico. Natureza e composição do acondicionamento primário. Bolsas de folhas de alumínio com 10 comprimidos, numa embalagem de cartão com 10 bolsas. Qualquer medicamento não utilizado ou resíduos derivados desses medicamentos veterinários devem ser eliminados de acordo com a legislação em vigor. TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO: Le Vet B.V., Wilgenweg 7. NL - 3421 TV Oudewater. Países Baixos. Apresentações comerciais/N.º de registo: CLAVUBACTIN 50/12,5 mg - 100 comprimidos para cães e gatos/ 51479 de 24 de Abril de 2007. CLAVUBACTIN 250/62,5 mg -100 comprimidos para cães/51480 de 24 de Abril de 2007. CLAVUBACTIN 500/125 mg - 100 comprimidos para cães/51481 de 24 de Abril de 2007. Representante em Portugal. Esteve Farma Lda. Av. do Forte, 3 - Edif. Suécia IV, Piso 0 - Escritório 0.0.4. 2794-044 Carnaxide.

Cistografia

mente estar-se perante uma bexiga intacta (Figura 3). Esta técnica tem vantagens, não só porque afasta o cateter do colo da bexiga para permitir a perda de contraste em qualquer local de rotura nesta área, mas também porque permite manter o cateter patente se for necessário realizar outros testes ou tratamentos. Adicionalmente, o contraste extrava-sado da uretra para a região pélvica, perineal ou para os tecidos da região superior dos membros pélvicos pode ser detetada com roturas uretrais, tal como aconteceu neste doente.9

CONCLUSÃOQuando se suspeita de perda de inte-gridade da bexiga, especialmente em doentes com história de traumatismo, com ou sem sinais clínicos de anúria, hematúria ou distensão abdominal, a cistografia com contraste positivo é o exame de eleição para diagnosticar

uma rotura da bexiga. Embora se recomende a utilização de um cateter balão para assegurar a passagem do agente de contraste, este dispositivo pode ocluir qualquer defeito, espe-cialmente as lacerações da parede da bexiga, resultando num resultado falso negativo.12 As lacerações nas es-truturas mais delicadas como a uretra pélvica e o colo da bexiga são parti-cularmente suscetíveis ao bloqueio, devido à forma como o cateter balão fica posicionado circunferencialmen-te em redor da comunicação entre estas duas estruturas.

Num exame completo, deve ser realizada a deflação do balão e o cateter deve ser movido cranialmente depois da infusão inicial de con-traste para permitir a avaliação do trígono e da uretra proximal. Antes de diagnosticar uma bexiga intacta, deve ser realizado outro conjunto de radiografias depois da deflação e

posicionamento cranial do balão e da administração de contraste adicional, aguardando um período de tempo suficiente para que este saia da be-xiga através de qualquer defeito. v

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Meynard JA. Traumatic rupture of the bladder in the dog—a clinical study of nine cases. J Small Anim Pract 1961;2:131-134.2. Slatter DH. Urinary bladder. In: Textbook of small animal surgery. 3rd ed. Philadelphia, Pa: Saunders, 2003;1632. 3. Park RD. Radiographic contrast studies of the lower urinary tract. Vet Clin North Am Small Anim Pract 1974;4:863-887. 4. Selcer BA. Urinary tract trauma associated with pelvic trauma. J Am Anim Hosp Assoc 1982;18:785.5. Miller ME, Evans HE, Christensen GC. Miller’s anatomy of the dog. 4th ed. Philadelphia, Pa: Saunders, 2012; 367-385.6. Dixon RT. Contrast techniques—the retrograde cystogram. Aust Vet Pract 1974;4:213-219. 7. Lascelles AK. X-ray confirmation of a suspected ruptured bladder in a dog. Aust Vet J 1956;32:147-148.8. Thrall DE. The urinary bladder. In: Textbook of veterinary diagnostic radiology. 5th ed. St. Louis, Mo: Saunders Elsevier, 2007;708-724.9. Wallack ST. The handbook of veterinary contrast radio-graphy. Solana Beach, Calif: San Diego Veterinary Imaging, 2003;123-134.10. Morgan JP. Techniques of veterinary radiography. Ames: Iowa State University Press, 1993. 11. Essman S. Contrast cystography. Clin Tech Small Anim Pract 2005;20:46-51.12. Ticer JW, Spencer CP, Ackerman N. Positive contrast retro-grade urethrography: a useful procedure for evaluating ure-thral disorders in the dog. Vet Radiol Ultrasound 1980;21:2-11.

Agência: Ad Médic

Apoio:

Consulta de regulamento no site www.admedic.pt ou www.bayervet.com.pt

O valor monetário do prémio é de 1.500fl

PRÉMIO BAYER SAÚDE ANIMALEstudo de prevalência de Bartonella em gatos e respetiva importância e prevalência zoonótica

ANIMAIS DE COMPANHIA

2015G

eral

CA

P 10

/201

5

Cistografia

34 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

DOR NAS ALMOFADINHAS PLANTARESUma revisão dos queratomas das almofadinhas plantares dos cãesNeste trabalho, os peritos referem o facto de estas lesões dolorosas terem como causa provável um traumatismo mecânico repetido e recomendam um plano de tratamento e de prevenção.

Steven F. Swaim, DVM, MS, Mark W. Bohling, DVM, PhD, DACVS, James C. Wright, DVM, PhD, DACVPM, Ilaria Borghese, MS, MA, OTR/L

Os Sight Hounds, especial-mente os Greyhounds, de-senvolvem com frequência

lesões dolorosas nas almofadinhas plantares, que se assemelham a grãos de milho. Estas lesões de hiperquera-tose, circunscritas e bem demarcadas, possuem uma região central de que-ratina que habitualmente tem uma forma cónica. Macroscopicamente, as lesões têm o aspeto de um tecido fibroso cicatricial e são causa de dor e inflamação local.1-4 Têm sido de-signadas grãos de milho,5-9 querato-mas3,4 e queratose das almofadinhas plantares (hiperqueratose ortoquera-tótica).10 As lesões são semelhantes às que ocorrem nas plantas dos pés

Steven F. Swaim, DVM, MS Scott-Ritchey Research Center and Department of Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Auburn University Auburn, AL 36849

Mark W. Bohling, DVM, PhD, DACVS Regional Institute for Veterinary Emergencies and Referrals 2132 Amnicola Highway Chattanooga, TN 37406

James C. Wright, DVM, PhD, DACVPM Department of Pathobiology College of Veterinary Medicine Auburn University Auburn, AL 36849

Ilaria F. Borghese, MS, MA, OTR/L Thera-Paw, Inc. 36 Hill and Dale Road Lebanon, NJ 08833

v QUERATOMAS NOS CÃES PEER-REVIEWED

cessivo das unhas na pata afetada, resultando da diminuição do des-gaste, pois o animal tenta colocar a carga de peso sobre os metacarpos e metatarsos e não sobre as almofa-

humanos (heloma durum), que es-tão associadas à pressão ou abrasão crónica e que cobrem proeminências ósseas em locais em que os tecidos moles entre a pele e o osso se encon-tram em quantidade diminuta.2,3

Os queratomas po-dem ocorrer nas al-mofadas metatársicas, metacarpos ou dedos, principalmente nos Greyhounds, mas a maioria ocorre nas al-mofadinhas plantares digitais. Desenvolvem--se principalmente nos Greyhounds de com-petição, ativos ou re-tirados, de meia-idade ou idosos.3,4,8-11

SINAIS CLÍNICOSOs sinais clínicos as-sociados aos quera-tomas incluem dor à palpação e relutância em andar sobre su-perfícies duras, ações estas que forçam os queratomas para os tecidos subdérmicos. Para identificar corre-tamente sinais de dor, é importante aplicar pressão durante a pal-pação.

Pode estar presente um crescimento ex-G

etty

Imag

es/E

lke V

ogels

ang

dinhas plantares digitais.3 Quando se realiza um exame ortopédico de um cão com claudicação, especialmente quando se trata de um Greyhound, deve ser incluída uma avaliação das almofadinhas plantares.

TEORIAS SOBRE A ETIOPATOGÉNESEExistem três teorias sobre a causa dos queratomas:1.Tecido cicatricial e corpos es-

tranhos. Uma das teorias refere que os cortes e pequenas lesões nas almofadinhas plantares resul-tam numa acumulação de tecido cicatricial.6,7,9,12,13 A presença de um pequeno corpo estranho numa al-mofadinha plantar está relacionada com esta teoria. Neste caso, o tecido cicatricial acumula-se no local da le-são à medida que o organismo tenta isolar o corpo estranho. O tecido cicatricial desenvolve-se formando um queratoma espesso e duro na almofadinha plantar.3,7,9,12,13

2. Infeção pelo papiloma vírus. A segura teoria defende que a lesão re-sulta de uma infeção pelo papiloma vírus.3,6,7,9 Em consequência da pres-são e abrasão associadas à deambu-

lação, o papiloma não se desenvolve na superfície da almofadinha plantar. Pelo contrário, o desenvolvimento da lesão ocorre nas camadas mais profundas, resultando numa área circular, achatada (semelhante a um grão de milho) e dolorosa, que é visível na superfície da almofadinha plantar (Figura 1).6

3. Pressão e abrasão. A terceira teoria para o desenvolvimento de queratomas refere que o traumatis-mo mecânico repetido na forma de pressão ou abrasão leva ao desen-volvimento das lesões (Wright JC, Borghese IF, Swaim SF, College of Veterinary Medicine, Auburn Uni-versity, Ala: dados não publicados, 2003).3,7,9,10 Estas forças traumáticas

1. Um queratoma numa almofadinha plantar de um Greyhound.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

OmnicondroVetMedicineRod.pdf 2 12/01/2015 11:56:55

Queratoma

Pele da almofadinha plantar

Tecido fibroadiposo da almofadinha plantar

Articulação interfalângica distal

2. Representação de uma secção de um queratoma.

Queratomas nos cães

36 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

estão presentes nos Greyhounds de competição. Está descrito11 e foi já observado pelos autores, que estas lesões são relativamente comuns nos Greyhounds de competição, ativos ou retirados. No entanto, estas lesões também estão descritas nos Whippets e nos Lurchers.3

Uma apreciação das teoriasAs teorias do tecido cicatricial, tecido cicatricial e corpos estranhos e papi-loma vírus não são provavelmente, por diversas razões, a causa da maio-ria dos queratomas nos Greyhounds.Recorrência. A remoção cirúrgica do queratoma resulta geralmente

em alívio dos sintomas de dor. Al-guns cães podem ficar curados e, na maioria, não há novo desenvolvi-mento durante mais de seis meses.3

Pode haver recorrência devido a má técnica cirúrgica, mas, mais pro-vavelmente, será devida a fatores mecânicos que não foram corrigidos (p. ex. pressão crónica de baixo grau sobre o local).3 O mesmo se aplica à teoria relativa a corpos estranhos e tecido cicatricial. Se o corpo estranho tiver sido removido, a recorrência e reação não deverão acontecer, mas por vezes ocorrem. Ausência de evidência. A avalia-ção por microscopia eletrónica de

queratomas removidos não revelou a presença de papiloma vírus.9 Tam-bém a coloração imunohistoquímica e a análise por reação em cadeia da polimerase não revelaram evidência de etiologia viral em queratomas removidos em 18 Greyhounds.1

Particularidades anatómicas. Di-versos fatores sugestivos suportam a teoria da pressão como uma causa importante de queratomas. Um dos fatores são as particularidades ana-tómicas da pata dos animais desta raça. As patas são longas e estreitas, com uma distância reduzida entre as almofadinhas plantares, o que resulta numa força de reação do solo

QUADRO 1

Distribuição de queratomas nas patas de membros anteriores e posteriores de 121 Greyhounds*Membro Almofadinha

plantar nºNúmero de queratomas por pata

Número de queratomas por membro nas almofa-dinhas plantares 3 e 4

Número total de queratomas nas almofadinhas plantares 3 e 4 dos membros anteriores vs posteriores

Anterior direito

2 11

3 2658

119

4 32

5 3

Anterior esquerdo

2 10

3 2761

4 34

5 3

Posterior direito

2 4

3 2440

75

4 16

5 3

Posterior esquerdo

2 4

3 2535

4 10

5 5

*Fonte: Wright JC, Borghese IF, Swaim SF, College of Veterinary Medicine, Auburn University, Ala: dados não publicados, 2003. A informação usada neste estudo foi fornecida pelos donos.

Queratomas nos cães

superior à que ocorre nos cães com as patas mais largas.14 A velocidade média de um Greyhound de competição é de 36 milhas por hora (valor extrapo-lado a partir de registos existentes), e as evidências fotográficas mostram que durante o galope, o cão está no ar e, numa superfície de areia firme, aterra inicialmente na pata estendida de um membro torácico. Em consequência, a força de reação do solo é elevada.3

Escassez de tecido. Foi também colocada a hipó-tese de pelo facto de os Greyhounds terem pouco tecido adiposo corporal, o mesmo poderia acontecer nas almofadinhas plantares. Assim, a articulação interfalângica distal estaria mais próxima da derme da pele da almofadinha plantar. Assim, quando o cão anda, a pressão na almofadinha plantar com origem na articulação induz a formação de lesões semelhantes aos queratomas.3,7,9,10

Alterações anatómicas. A teoria mecânica é su-portada pela presença de alterações anatómicas, que resultam numa carga de peso anormal nas patas. A rotura ou o estiramento do tendão flexor profundo dos dedos é um achado comum. Por outro lado, se a alteração anatómica for corrigida, o queratoma desaparecerá.3

Os dedos que suportam o peso são os mais afetados. Um outro fator que suporta a teoria da pressão é o facto de os dedos 3 e 4, que são os responsáveis pelo maior suporte de peso, serem os mais afetados. Num estudo que envolveu 30 cães com um total de 40 queratomas, 36 localizavam--se nos dedos 3 e 4 dos membros torácicos. Num outro estudo que envolveu 24 cães, 18 dos quais eram Greyhounds, 24 de 26 queratomas estavam nos dedos 3 e 4.1

Num levantamento epidemiológico nacional ame-ricano, foram avaliados 275 Greyhounds machos e 209 fêmeas relativamente à presença de queratomas (Wright JC, Borghese IF, Swaim SF, College of Veteri-nary Medicine, Auburn University, Ala: dados não publicados, 2003). A mediana do peso dos cães era de 31.8 kg, com uma amplitude de 20 a 47.3 kg. Cento e setenta e cinco donos referiram que os seus animais tinham lesões semelhantes a queratomas e 121 donos indicaram que a localização dessas lesões eram os dedos. O questionário pedia aos donos dos Greyhounds que referissem quaisquer lesões associadas a competições, caso fossem conhecidas. As respostas indicaram que não havia lesões de competições significativas associadas à ocorrência de queratomas.

Os queratomas não apresentaram qualquer as-sociação com o sexo ou peso dos cães, e não se

250ml 100

ml

www.esteve.pt

EUTHASOL 400 mg/ml SOLUÇÃO INJECTÁVEL. Composição: Pentobarbital (como sal de sódio) 362,9 mg, equivalente a 400 mg de pentobarbital sódico. Espécies-alvo: Cães, gatos, roedores, coelhos,bovinos, ovinos, caprinos, equinos e visons. Indicação de utilização: Eutanásia. Posologia modo e via de administração: Uma dose de 140 mg/kg, equivalente a 0,35 ml/kg, é considerada su�ciente para todos os modos de administração indicados. A via de administração intravenosa deve ser a primeira escolha, devendo-se aplicar uma sedação adequada se o médico veterinário a considerar necessária. Para cavalos e bovinos a pré-medicação é obrigatória. Quando a administração intravenosa for difícil, e só após uma profunda sedação ou anestesia, o medicamento veterinário pode ser administrado pela via intracardíaca. Alternativamente, e apenas em pequenos animais, pode-se administrar o medicamento veterinário por via intraperitonial, mas só após uma sedação adequada. A injecção intravenosa em animais de estimação deve ser realizada com uma velocidade de injecção contínua até o animal �car inconsciente. Em cavalos e bovinos, o pentobarbital deve ser injectado rapidamente. A rolha não deve ser perfurada mais de 20 vezes. Contraindicação: Não utilizar como anestésico. Reacções adversas: Podem ocorrer pequenas contracções musculares após a injecção. A morte pode demorar mais tempo se a injecção for administrada perivascularmente ou em órgãos/tecidos com baixa capacidade de absorção. Os barbitúricos podem ser irritantes quando são administrados perivascularmente. O pentobarbital sódico tem a capacidade de produzir excitação durante a indução. A pré-medicação / sedação reduz signi�cativamente o risco de sofrer excitação durante a indução. Muito ocasionalmente, ocorrem uma ou várias respirações ofegantes após a paragem cardíaca. Nesta fase o animal já está clinicamente morto. Advertências: A injecção intravenosa de pentobarbital pode causar excitação durante a indução em várias espécies de animais, devendo-se aplicar uma sedação adequada se o médico veterinário a considerar necessária. Devem ser tomadas medidas para evitar a administração perivascular (utilizando, por exemplo, um cateter intravenoso). - A via de administração intraperitoneal pode provocar um início prolongado da acção, com um risco aumentado de excitação durante a indução. A administração intraperitoneal só pode ser utilizada após uma sedação adequada. Devem ser tomadas medidas para evitar a administração no baço ou em órgãos/tecidos com baixa capacidade de absorção. Este modo de administração só é adequado para pequenos animais. - A injecção intracardíaca só pode ser utilizada se o animal estiver profundamente sedado, inconsciente ou anestesiado. Para reduzir o risco de excitação durante a indução, a eutanásia deve ser realizada numa área sossegada. Em cavalos e bovinos, é necessário efectuar uma pré-medicação com um sedativo adequado para produzir uma profunda sedação antes da eutanásia, devendo-se ter disponível um método alternativo de eutanásia. Intervalo(s) de segurança: Devem-se tomar medidas adequadas para garantir que as carcaças de animais tratados com este medicamento veterinário e os seus subprodutos não entrem na cadeia alimentar e não sejam usados para consumo humano ou animal. Número da autorização de introdução no mercado: 378/01/11DFVPT de 24 de Outubro de 2011. Titular da autorização de introdução no mercado: Le Vet B.V. Wilgenweg 7. 3421 TV Oudewater. Países Baixos. Titular da autorização de comercialização: Esteve Farma Lda. Av. Do Forte, 3 – Edif. Suécia III, 1º 2794-044 Carnaxide.Só pode ser vendido mediante requisição especial ou receita médico-veterinária especial. Só pode ser administrado pelo médico veterinário.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

AF_VET_euthasol_119x333.pdf 1 24-01-2014 16:35:12

Queratomas nos cães

38 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

registaram diferenças significativas na localização entre as quatro patas (Wright JC, Borghese IF, Swaim SF, College of Veterinary Medicine, Au-burn University, Ala: dados não pu-blicados, 2003). No entanto, os dedos 3 e 4 apresentavam uma ocorrência de lesões significativamente superior (Quadro 1). Assim, numa vasta área geográfica e numa população de Greyhounds de dimensão apreciável era evidente o mesmo fenómeno: a predominância de queratomas nos dedos com maior intervenção no suporte do peso.

Parece existir uma predileção para a ocorrência de queratomas nas patas dos membros torácicos. Esta tendência foi notada no levantamento epidemiológico realizado junto dos donos dos Greyhound (Quadro 1) e pode estar relacionada com as forças de reação do solo.3 Nos cães, as forças verticais aplicadas sobre as patas dos membros torácicos durante o anda-mento são 1.1 vezes o peso corporal. Por seu lado, nas patas dos membros pélvicos, essa força é de 0.8 vezes o peso corporal.15

OPÇÕES DE TRATAMENTO E PREVENÇÃOUm dos autores (Dr. Swaim) verificou que o número de tratamentos descri-tos para uma determinada condição é um indicador da sua natureza proble-mática. Os queratomas das almofadi-nhas plantares são um exemplo deste fenómeno. São referidos diversos tratamentos para os queratomas (con-sultar o texto “Opções de tratamento potenciais para os queratomas das almofadinhas plantares”). No entanto, poucos são os que estão publicados na literatura científica.

Dois dos autores (Dr. Swaim e Dr. Bohling) recorrem à excisão cirúrgica do queratoma como fase inicial do tratamento. Usam uma lâmina de bisturi nº 15 para fazer uma incisão elíptica em redor do queratoma. Este é removido com dissecção romba e cortante. Uma vez que os quera-

tomas são formados por um tecido denso semelhante a tecido cicatricial e que estão confinados à derme da almofadinha plantar, os seus bordos são bem definidos e facilitam a re-moção (Figura 2). É usada pressão digital para realizar a hemostase. O encerramento do defeito resultante é realizado com uma sutura em oito usando fios de polipropileno ou nylon monofilamento 3-0.

Em seguida é aplicado na pata um penso de alívio da pressão. A pata é primeiramente ligada da forma cor-rente. Em seguida é colocada sob o penso uma peça triangular de espuma com o tamanho da almofadinha plan-tar metacárpica ou metatársica. Sobre a espuma é aplicada uma porção de dimensão adequada do corpo de uma tala de Mason, fixando o penso. Esta estrutura eleva as almofadinhas plantares e alivia a pressão aplicada à medida que a incisão cicatriza.16 O penso é mudado periodicamente durante o período de cicatrização de 14 dias. Os pontos de sutura são retirados 14 dias depois da cirurgia.

A prevenção da pressão pode tam-bém ser conseguida aconselhando os donos a evitarem que os cães andem sobre superfícies rígidas e a coloca-rem botas acolchoadas nas patas.

OPÇÕES DE TRATAMENTO FUTURASDevem ser consideradas duas abor-dagens para aliviar a pressão local: proporcionar acolchoamento local e remover pontos de pressão.

Nas pessoas, o acolchoamento local é conseguido com almofadas de borracha em forma de anel, com uma das superfícies adesivas e com o orifício central colocado sobre a proe-minência do queratoma. No entanto, os cães raramente toleram este tipo de intervenção e a sua durabilidade não seria suficiente.

Também nas pessoas, a injeção de silicone líquido sob os pontos de pressão tem resultado em alívio da pressão plantar.17,18 Foi feita uma

Opções de tratamento potenciais para os queratomas das almofadinhas plantares REMOÇÃO MECÂNICA OU CIRÚRGICA DOS QUERATOMAS• Abrasão (instrumento elétrico, pedra-pomes, lima de unhas, lixa)• Avulsão (elevador de raízes dentárias,

cureta pequena)• Expulsão (infiltração, pressão manual)• Cirurgia – Bisturi, punch de biopsia cutânea,

criocirurgia – Amputação digital total – Amputação digital parcial (ostectomia digital distal) – Neurectomia digital

APLICAÇÃO DE TRATAMENTOS TÓPICOS• Emolientes, p. ex sulfato de hidroxi-

quinolina e lanolina petrolato, proteína de colagénio natural, palmitato de isopropilo, álcool estearílico, lanolina e dimeticone, mistura de óleo e água, óleo de castor e bicarbonato de sódio e outras formulações comerciais.

• Queratolíticos, p. ex. ácido salicílico, lactato de sódio, propilenoglicol

ADMINISTRAÇÃO DE ANTIVIRAIS• Valaciclovir• Álcool behénico• Interferão• Povidona-iodo (aplicado após a ex-

pulsão da lesão para destruir vírus residuais)

• Estimulantes imunológicos

PREVENIR A PRESSÃO SOBRE AS ALMOFADINHAS PLANTARES• Evitar andar sobre superfícies duras• Proporcionar acolchoamento, usan-

do botas acolchoadas ou partículas de gel de silicone em blocos injeta-dos subdermicamente.

Queratomas nos cães

Que as mudanças não anulem a sua alegria.

Ilumine as suas vidas.

Desde 2006, Zylkène® tem sido uma ajuda valiosa, para os animais de estimação e seus donos, em se adaptarem a novos ambientes ou situações. Graças ao seu ingrediente natural, alfa casozepina, tem agora uma resposta para ajudar os animais de companhia com os seus altos e baixos.

VIAGENSVIAGENS

MUDANÇASEM CASA

FICAR SOZINHOEM CASA

FICAR SOZINHOEM CASA

MUDANÇASNA FAMÍLIA

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Zylkene_Anuncio_200x280.pdf 1 21-01-2015 12:56:11

avaliação pré-clínica desta técnica aplicada em cães. Foram implan-tadas partículas de gel silicone em blocos na região subdérmica sob as almofadinhas plantares. A análise da pressão de contacto com o solo revelou uma diminuição da pressão três meses depois da implantação; no entanto, ocorreu alguma migra-ção das partículas.9

Num ensaio clínico realizado por um dos autores (Dr. Bohling; dados não publicados), foram tratados cinco Greyhounds com queratomas usando a técnica referida. Todos os animais apresentaram uma reso-lução completa dos sinais de dor e claudicação. No entanto, com a carga de peso, os implantes migra-ram da área de maior pressão e seis meses após a colocação dos implan-tes os queratomas tinham regredido em todos os animais.

Este resultado levou ao desenvol-vimento de um implante em que as partículas de gel de silicone em blo-co fossem encapsuladas. Os ensaios

clínicos preliminares foram já reali-zados em cinco cães (Dr. Bohling; dados não publicados). Um dos animais rejeitou os implantes e num dos restantes as partículas migraram por alteração do implante. Em três cães não ocorreram complicações e estavam clinicamente normais (sem dor e sem claudicação) no último contacto realizado, dois anos depois da colocação do implante.

Para continuar a comprovação da teoria de que é a pressão da articula-ção interfalângica distal na pele que causa o problema, deve ser melho-rada a técnica de encapsulamento das partículas de gel de silicone em bloco e desenvolvida uma técnica de artroplastia em que a articula-ção seja removida e substituída por material de acolchoamento (p. ex. silicone de grau médico).

RESUMOQuando são examinados cães com claudicação, especialmente quando se trata de Greyhounds, é

imprescindível examinar as patas. Encontrar um queratoma doloroso à aplicação de pressão é um facto importante e que deve ser avalia-do. Dois trabalhos publicados1,3 e o estudo realizado no College of Veterinary Medicine da Auburn University (Wright JC, Borghese IF, Swaim SF, College of Veterinary Medicine, Auburn University, Ala: dados não publicados, 2003) indi-cam que a remoção do queratoma e a prevenção da ocorrência de pressão durante o processo de cicatrização é o tratamento mais eficaz.1,3 É necessário realizar mais trabalho para aperfeiçoar e desen-volver técnicas de prevenção da pressão.

Nota do editor: Ilaria F. Borghese é presidente da Thera-Paw, Inc., e CEO do Symposium on Therapeutic Ad-vances in Animal Rehabilitation. v

Nome do medicamento veterinário Seresto, coleira 1,25 g + 0,56 g para gatos e cães ≤ 8 kg. Número de autorização: 365/03/11DFVPT. Data da autorização: 8 de Agosto de 2011. Espécies alvo Felinos (gatos), caninos (cães ≤ 8 kg). Para cães > 8 kg utilizar Seresto, coleira 4,50 g + 2,03 g para cães > 8 kg (ver “Posologia e via de administração”). Indicações terapêuticas Gatos: Tratamento e prevenção de infestações por pulgas (Ctenocephalides felis) du-rante 7 a 8 meses. Protege o ambiente envolvente do animal contra o desenvolvimento das larvas de pulga durante 10 semanas. O medicamento veterinário pode ser utilizado como parte de uma estratégia de tratamento para o controlo da Dermatite Alérgica a Picada de Pulga (DAPP). O medicamento veterinário tem uma eficácia acaricida (mata) (Ixodes ricinus, Rhipicephalus turanicus) e repelente (impede a alimentação) persistente contra infestações por carraças (Ixo-des ricinus) durante 8 meses. É eficaz contra larvas, ninfas e carraças adultas. As carraças já presentes no gato antes do tratamento podem não morrer nas 48 horas após a colocação da coleira, podendo permanecer fixadas e visíveis. Assim, é recomendada a remoção das carraças presentes no gato no momento da colocação. A prevenção de novas infestações por carraças inicia-se nos dois dias após a colocação da coleira. Preferencialmente, a coleira deve ser co-locada antes do início da época das pulgas ou carraças. Cães: Tratamento (Ctenocephalides felis) e prevenção de infestações por pulgas (Ctenocephalides felis, C. canis) durante 7 a 8 meses. Protege o ambiente envolvente do animal contra o desenvolvimento das larvas de pulga durante 8 meses. O medicamento veterinário pode ser utilizado como parte de uma estratégia de tratamento para o controlo da Dermatite Alérgica a Picada de Pulga (DAPP). O medicamento veterinário tem uma eficácia acaricida (mata) contra infestações por carraças (Ixodes ricinus, Rhipicephalus sanguineus, Dermacentor reticulatus) e uma eficácia repelente (impede a alimentação) persistente contra infestações por car-raças (Ixodes ricinus, Rhipicephalus sanguineus) durante 8 meses. É eficaz contra larvas, ninfas e carraças adultas. As carraças já presentes no cão antes do tratamento podem não morrer nas 48 horas após a colocação da coleira, po-dendo permanecer fixadas e visíveis. Assim, é recomendada a remoção das carraças presentes no cão no momento da colocação. A prevenção de novas infestações por carraças inicia-se nos dois dias após a colocação da coleira. O medicamento veterinário oferece proteção indireta contra a transmissão dos agentes patogénicos Babesia canis vogeli e Ehrlichia canis pela carraça vetor Rhipicephalus sanguineus, reduzindo assim o risco de babesiose canina e erliqui-ose canina durante 7 meses. Tratamento de infestação por piolhos mastigadores (Trichodectes canis). Preferencialmente, a coleira deve ser colocada antes do início da época das pulgas ou carraças. Precauções especiais para utiliza-ção em animais O medicamento veterinário é resistente à água; mantém-se eficaz se o animal se molhar. No entanto, deve evitar-se a exposição intensa e prolongada à água ou numerosos banhos com champô, porque a duração da atividade pode ser reduzida. Estudos mostraram que o banho mensal com champô ou a imersão em água não reduz significativamente a duração da eficácia de 8 meses para as carraças após a redistribuição das substâncias ativas no pelo, enquanto que a eficácia do medicamento veterinário contra as pulgas diminui gradualmente a partir do 5º mês. Precauções especiais a adoptar pela pessoa que administra o medicamento aos animais Manter o saco com a coleira dentro da embalagem exterior até à utilização. Como para qualquer medicamento veterinário, não deixar as crianças pequenas brincar com a coleira ou colocá-la na boca. Os animais que usam a coleira não devem dormir na cama com os seus donos, especialmente as crianças. As pessoas com hipersensibilidade conhecida aos componentes da coleira devem evitar o contacto com a mesma. Deitar fora imediatamente quaisquer restos ou pedaços cortados da coleira (ver “Posologia e via de administração”). Lavar as mãos com água fria após a colocação da coleira. Posologia e via de administração Uso cutâneo. Uma coleira por animal que deve ser colocada à volta do pescoço. Para gatos e cães pequenos até 8 kg de peso corporal utilizar uma coleira de 38 cm de comprimento. Cães com mais de 8 kg utilizar uma coleira Seresto para cães > 8 kg de 70 cm de comprimento. Apenas para uso externo. Antes da utilização retirar diretamente a coleira do saco. Desenrolar a coleira e verificar que não há restos das tiras de ligação de plástico agarrados à parte interna da coleira. Ajustar a coleira à volta do pescoço do animal sem apertar demasiado (como orientação, deve deixar-se uma folga suficiente de modo a que entre o pescoço e a coleira caibam 2 dedos). Puxar a coleira pela presilha e cortar o excesso do comprimento deixando 2 cm a seguir à presilha. A coleira deve ser usada

continuamente durante o período de proteção de 8 meses e deve ser removida após o período de tratamento. Veri-ficar periodicamente e ajustar se necessário, principalmente quando os gatinhos/cachorros crescem rapidamente. Esta coleira foi desenhada com um mecanismo de fecho de segurança. Na remota possibilidade de um gato ficar preso, a própria força do gato é suficiente para alargar a coleira permitindo a rápida libertação. Propriedades farmacodinâmicas O imidaclopride é um ectoparasiticida que pertence ao grupo dos compostos cloronicotinilos. Quimicamente, pode ser classificado como uma nitroguanidina cloronicotinilo. O imidaclopride é ativo contra as

pulgas adultas e seus estadios larvares e piolhos. A atividade contra C. felis começa imediatamente após a colocação da coleira, enquanto que a eficácia adequada contra C. canis começa na primeira semana após a colocação da coleira. Para além das indicações listadas em “Indicações terapêuticas” foi demonstrada uma ação contra as pulgas Ctenocephalides canis e Pulex irritans.O imidaclopride possui uma elevada afinidade para os recetores nicotinérgicos da acetilcolina da região pós-sináptica do sistema nervoso central (SNC) da pulga. A subsequente inibição da transmissão colinérgica nos insetos, resulta em paralisia e morte do parasita. Devido à fraca natureza da interação com os recetores nicotinérgicos dos mamíferos e à postulada fraca passagem através da barreira hemato-encefálica dos mamíferos, não tem virtualmente efeito sobre o SNC dos mamíferos. Imidaclopride exerce uma atividade farmacológica mínima nos mamíferos. A flumetrina é um ectoparasiticida do grupo piretróide de síntese. De acordo com o conhecimento atual os piretróides de síntese interferem com os canais de sódio das membranas celulares nervosas, retardando a repolariza-ção do nervo e resultando na morte do parasita. Em estudos sobre a relação estrutura-atividade observou-se como resultado a interferência de um número de piretróides com os recetores de uma certa configuração quiral causando uma atividade seletiva sobre os ectoparasitas. Com estes compostos não foi observada nenhuma atividade anti-colinesterase. A flumetrina é responsável pela atividade acaricida do medicamento veterinário, impedindo também a produção de ovos férteis pelo seu efeito letal sobre as carraças fêmeas. Num estudo in-vitro 5 a 10 % das carraças Rhipicephalus sanguineus expostas a uma dose subletal de 4 mg de flumetrina/L depositaram ovos com um aspeto alterado (enru-gado, baço e seco) indicando um efeito esterilizante. Para além das espécies de carraças referidas em “Indicações terapêuticas”, foi demonstrada em gatos atividade contra Ixodes hexagonus e a espécie de carraça não encontrada na Europa Amblyomma americanum, e em cães contra I. hexagonus, I. scapularis e as espécies de carraças não encontradas na Europa Dermacentor variabilis e I. holocyclus, a carraça Australiana que causa paralisia. O medicamento vet-erinário tem atividade repelente (impede a alimentação) contra as carraças indicadas, prevenindo assim a ingestão de sangue pelos parasitas repelidos, e deste modo ajuda indiretamente a reduzir o risco de doenças transmitidas por vetores. Para os gatos, proteção indireta contra a transmissão de Cytauxzoon felis (transmitido pelas carraças Amblyomma americanum) foi demonstrada num estudo laboratorial com um pequeno número de animais, 1 mês após o tratamento, reduzindo assim o risco de doenças causadas por este agente patogénico, nas condições do estudo. Para os cães, em adição aos agentes patogénicos referidos na em “Indicações terapêuticas”, proteção indireta contra a transmissão de Babesia canis canis (por carraças Dermacentor reticulatus) foi demonstrada num estudo de laboratório no dia 28 após tratamento, e proteção indireta contra a transmissão de Anaplasma phagocytophilum (por carraças Ixodes ricinus) foi demonstrada num estudo de laboratório aos 2 meses após tratamento, reduzindo assim o risco de doenças causadas por estes agentes patogénicos, nas condições destes estudos. Na infestação por Sarcoptes scabiei, as coleiras foram capazes de promover uma melhoria em cães pré-infestados, levando à cura completa após três meses. Medicamento não sujeito a receita médico-veterinária. Leia cuidadosamente as informações constantes do acondicionamento secundário e do folheto informativo e, em caso de dúvida ou persistência dos sintomas, consulte o médico veterinário.

Queratomas nos cães

Continua na página 27

VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 41

Influência de um alimento que contém hidrolisado de α-caseína e L-triptofano no comportamento e bem-estar de gatosGonçalo Da Graça Pereira, DVM, MsC,PhD, Dip ECAWBM (BM), Pier A.Accorsi, DVM, PhD, Valentina Beghelli, DVM, Michela Mattioli, DVM, Sara Fragoso, Bióloga MSc.

Foi desenhado um estudo duplo--cego, controlado por placebo, com o objetivo de avaliar a eficácia de um alimento que contém hidroli-sado de α-caseína e L-triptofano na redução dos sinais de stresse em gatos que vivem em casas com vários conspecíficos, utilizando um indicador fisiológico e indicadores comportamentais. Vinte e seis gatos foram avaliados em visitas efetuadas ao domicílio. Do número total de ga-tos avaliados, 7 foram incluídos no

Gonçalo Da Graça Pereira, DVM, MsC, PhD, Dip ECAWBM (BM); Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Campo Grande, 376, 1749-024 Lisboa, Portugal Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto, Rua Jorge Viterbo Ferreira, 228, 4050, Porto, Portugal

Pier A.Accorsi, DVM, PhD; Dipartimento di Morfofisiologia Veterinaria e Produzioni Animali, Via Tolara di Sopra, 50, 40064, Ozzano Emilia (BO), Itália

Valentina Beghelli, DVM; Dipartimento di Morfofisiologia Veterinaria e Produzioni Animali, Via Tolara di Sopra, 50, 40064, Ozzano Emilia (BO), Itália

Michela Mattioli, DVM; Dipartimento di Morfofisiologia Veterinaria e Produzioni Animali, Via Tolara di Sopra, 50, 40064, Ozzano Emilia (BO), Itália

Sara Fragoso, Bióloga MSc. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto, Rua Jorge Viterbo Ferreira, 228, 4050, Porto, Portugal

uma casa, tendo um acesso ao exterior muito limitado ou mesmo inexistente. Este acesso ao exterior é um recurso relevante que, quando é limitado, pode originar distúrbios físicos e comportamentais. A falta de atividade e de enriquecimento ambiental são duas das principais causas de stresse. Além disso, os gatos que vivem num ambiente restrito podem não ter um espaço físico suficiente que lhes permita manter uma distância aceitável de estímulos stressores. Sabendo que as relações sociais entre gatos do mesmo grupo são essenciais para estes animais1,2,3, esta limitação é exacerbada por um aumento do número de gatos que vivem na mesma casa, pois não é permitida a fuga. Um contacto inadequado com pessoas e um acesso descontrolado a outros gatos, foram mencionados como fatores de stresse para esta espécie.4 As respostas criadas pela antecipação dos fatores de stresse são uma parte importante na origem de uma grande variedade de doen-ças comportamentais em animais de companhia.5,6,7,8 Embora diferentes estudos apresentem definições e manifestações de ansiedade felina distintas, todos os autores concor-dam que a ansiedade existe em gatos e, uma vez que estes animais têm uma excelente capacidade para esconder o seu estado emocional, os sinais que apresentam podem ser muito subtis. No entanto, o stresse e a ansiedade podem manifestar-se através da marcação com urina, lam-

grupo controlo. O grupo tratamento recebeu um alimento que continha hidrolisado de α-caseína e L-tripto-fano após 6 semanas do início do estudo. O grupo controlo recebeu o mesmo alimento durante todo o estudo. O alimento placebo continha o mesmo teor proteico do alimento em estudo. Foram realizadas obser-vações focais contínuas 5 dias por semana, durante 14 semanas. Ao longo do estudo, para medição do cortisol, fizeram-se 4 recolhas de pelo por indivíduo. No grupo controlo, os comportamentos analisados não de-monstraram diferenças estatísticas entre as diferentes fases do estudo. No grupo tratamento, a frequências de comportamento de ameaça, fuga e luta diminuíram. Em relação aos valores médios de cortisol, o grupo controlo não demonstrou qualquer diferença, enquanto no grupo tratamento observou-se uma dimi-nuição significativa. Os resultados mostraram que os comportamentos relacionados com o stresse (inte-ração agonística, ameaça, fuga e luta) diminuíram no grupo trata-mento. Os resultados sugerem que este alimento pode ser benéfico para reduzir comportamentos relacio-nados com a ansiedade, melhorar o bem-estar dos animais e oferecer uma ferramenta útil para ajudar os donos a resolver algumas alterações comportamentais dos seus animais.

INTRODUÇÃOAtualmente, cada vez mais gatos vivem confinados ao interior de

42 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

bedura compulsiva e manifestações agressivas.9 A alteração significativa do ambiente onde vivem também pode estar associada a diversas condições relacionadas com a an-siedade.10 A ansiedade não é apenas um fator psicológico. Esta pode aumentar o risco de várias doenças, agravar problemas de saúde e redu-

zir a expressão de comportamentos associados a um estado emocional positivo. Portanto, a gestão eficaz da ansiedade é essencial para re-duzir a vulnerabilidade a doenças e para melhorar a qualidade de vida. Tanto a gestão da ansiedade como de outros problemas compor-tamentais, pode necessitar de um

tratamento específico que inclua modificação comportamental e programas de redução de stresse.Além da terapia comportamental, foram desenvolvidos medicamentos para promover e acelerar a taxa de recuperação.11 Existem inúmeros fármacos utilizados atualmente como ansiolíticos, no entanto, os tutores demonstram preocupação em administrar aos seus animais fár-macos psicotrópicos. Devido a este facto, os nutracêuticos veterinários aparecem como uma opção “natu-ral” que pode ser recomendada aos animais quando os donos não dão consentimento para um tratamento farmacológico. Estes componentes “naturais” são amplamente reconhe-cidos por terem poucos ou nenhuns efeitos secundários12, por isso, os tutores podem ter mais facilidade em aceitar esta opção.

Foram descobertos muitos pep-tídeos de origem vegetal e animal com potencial bioativo relevante.13 Um dos péptidos é a α-casozepina. Este péptido bioativo, composto por dez aminoácidos, tem um efeito neurotrópico12,14,15 e uma afinidade específica para os locais de ligação das benzodiazepinas, os recetores GABA-A, que têm um efeito ansio-lítico.14 Foi estudado no Homem em vários modelos clássicos de ansiedade15,16 e sobre diversas con-dições indutoras de stresse.17,18,19 A α-casozepina também provou ser eficaz na diminuição da ansiedade em gatos com fobias sociais20 e no controlo do stresse em cães21, com efeitos semelhantes a alguns fár-macos ansiolíticos vulgarmente uti-lizados.11 As proteínas hidrolisadas são absorvidas de forma mais eficaz do que as proteínas intactas ou os aminoácidos.22,23 A utilização de um hidrolisado de caseína pelos fabri-cantes de “alimentos funcionais” é cada vez mais comum.24 Existe uma fórmula específica para consumo humano, que contém hidrolisado tríptico de α S1-caseína, que ajuda

QUADRO 1

Sistema de classificação comportamental*

Comportamento social

Interação afiliativa

Interação pacífica com ou sem contacto físico: rolar, toques com o nariz, roçar-se, amassar, farejar, brincar

AllogroomingUm gato higieniza outro: lambe ou morde com o aparente objectivo de limpeza

EvitaçãoMovimento que mantém ou aumenta a distância individual de um gato que se aproxima ou quando um indivíduo cede ao desejo de outros sem qualquer resistência

Ameaça Linguagem comportamental para aumentar a distância individual

LutaA mais alta intensidade de comportamento agonístico que inclui luta ou perseguição-fuga

Comportamento individual

Locomoção Deslocação direcionada

DescansoPeríodos de repouso tranquilo: deitado ou sentado, tanto acordado como a dormir

Alimentação Ingestão de comida ou água

Brincar Atividades com brinquedos ou outros utensílios diferentes

Arranhar “Afiar” as unhas

Self-groomingHigienização pessoal: lambe ou morde com o aparente objectivo de limpeza

Atividade deslocada

Comportamento fora do contexto, o qual é inapropriado para o estímulo que o provocou: bocejar, lamber o nariz, abanar a cabeça

Olhar Olhar fixamente

Explorar Aproximar e procurar estímulos presentes no ambiente

Vocalizar Vários tipos de vocalização: miar, ronronar, silvar, rosnar

*Para informações mais detalhadas sobre as categorias comportamentais, por favor contactar os autores

Comportamento e bem-estar de gatos

VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 43

a regular os sintomas de stresse no Homem. No mercado de alimentos para animais também existe um alimento que contém hidrolisado de α-caseína e que é suplementado com L-triptofano. Quando o teor de triptofano fornecido pelo alimento é elevado permite que o excesso, que não é utilizado para síntese

proteica, possa ser utilizado como um suplemento terapêutico, au-mentando os níveis de serotonina e a neurotransmissão inibitória no sistema nervoso central.25 Palestrini e os seus colegas21 publicaram um estudo que forneceu evidências de que o hidrolisado de caseína pode ser utilizado como um nutriente

funcional útil para reduzir o stresse em cães.

O objetivo deste estudo duplo--cego, controlado por placebo, foi avaliar a eficácia de um alimento que contém hidrolisado de caseína e L-triptofano, na redução dos si-nais de stresse em gatos que vivem em casas com vários conspecíficos, utilizando um indicador fisiológico e indicadores comportamentais.

Existem diferentes métodos para avaliar os indicadores fisiológicos, mas os mais utilizados incluem a avaliação do cortisol fecal, urinário ou salivar.26 Diversos autores27,28 utilizam o pelo como um substrato alternativo para medir o cortisol. Um estudo29 encontrou uma as-sociação positiva, significativa, entre a concentração de cortisol determinada nos pelos e nas fezes. A decisão de utilizar uma técnica não invasiva para avaliar o controlo da atividade do eixo Hipotálamo--Hipófise-Adrenal em animais pode ser essencial (razões éticas), imperativa (razões logísticas) e influenciada por considerações experimentais. A contenção e o maneio necessários para a reco-lha de sangue podem ser fatores de stresse, que podem provocar um aumento da concentração periférica de glucocorticóides em alguns minutos.4,30,31 A análise das hormonas esteróides no pelo é útil para os estudos de stresse crónico e bem-estar, que requerem uma monitorização da função adrenal por longos períodos de tempo.29 Com base nesta evidência, o pelo foi utilizado como um meio para medir os níveis de cortisol dos ga-tos durante as diferentes fases do estudo. Colocámos a hipótese de que os gatos alimentados com uma dieta enriquecida com L-triptofano e hidrolisado de caseína vão de-monstrar uma redução significativa dos sinais comportamentais de stresse, bem como uma diminuição dos níveis de cortisol no pelo.

QUADRO 2

Teste Friedman ANOVA usado para avaliar as diferen-ças das frequências comportamentais entre as 3 fases, tanto no grupo tratamento como no controlo.

ComportamentoGrupo tratamento Grupo controlo

X2 df p X2 df p

Interação afilitiva 2,333 2 0,311 1,182 2 0,554

Allogrooming 0,311 2 0,856 2,000 2 0,368

Evitação 2,769 2 0,250 2,333 2 0,311

Ameaça 7,043 2 0,030 5,250 2 0,072

Luta 3,941 2 0,139 0,700 2 0,705

Locomoção 0,778 2 0,678 2,000 2 0,368

Descanso 1,263 2 0,532 0,667 2 0,717

Alimentação 3,246 2 0,197 7,154 2 0,028

Brincar 3,111 2 0,211 5,444 2 0,066

Arranhar 0,933 2 0,627 3,130 2 0,209

Self-grooming 1,680 2 0,432 2,083 2 0,353

Atividade deslocada 0,316 2 0,856 4,222 2 0,121

Olhar 3,429 2 0,180 4,353 2 0,113

Explorar 2,716 2 0,257 0,609 2 0,738

Vocalizar 0,074 2 0,964 7,600 2 0,022

Outros 0,276 2 0,871 5,778 2 0,056

Comportamento e bem-estar de gatos

44 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

MATERIAIS E MÉTODOS Neste estudo participaram no total 26 gatos (média=5,5 anos, dos 1,1 aos 11 anos), 23 Europeus de pelo curto, 2 Bosques da Noruega e 1 Siamês. Onze eram machos e 15 fêmeas, todos esterilizados. Todos os gatos viviam em casas com outros conspecíficos, partilhavam comedouros e bebedouros, locais de descanso e caixas de areia. Os donos foram selecionados, de forma aleatória, de uma base de dados de

clientes de uma clínica privada, que eram donos de vários gatos e assina-ram um consentimento informado. Todos os animais foram submetidos a uma avaliação do seu estado de saúde geral, antes do início do estu-do e após o término do mesmo. Os parâmetros laboratoriais analisados incluíram tiroxina total (T4), ureia e creatinina séricas, alanina transa-minase, aspartato aminotransferase, fosfatase alcalina sérica, hemograma e análise de urina. Não foram de-

tetadas alterações aos parâmetros fisiológicos nos resultados prelimi-nares dos exames complementares. O protocolo experimental estava em concordância com as linhas orien-tadoras das Boas Práticas Clínicas (Diretiva Europeia 92/18/CEE e Diretiva Europeia III/3767/92).

Dos 26 gatos, 7 (4 machos e 3 fêmeas) viviam na mesma casa e constituíram o grupo controlo. Este grupo não teve alteração da sua alimentação durante todo o período do estudo. O grupo tratamento era constituído por 19 gatos de duas ca-sas diferentes (3 machos e 7 fêmeas de uma casa, e 4 machos e 5 fêmeas de outra casa). O alimento placebo tinha a seguinte composição (por 100g de alimento): proteína – 40g; gordura – 10g; hidratos de carbono – 22,8g; fibra alimentar – 11,6g e energia metabolizável – 326,9 kcal. O alimento em estudo (alimento CALM® da Royal Canin), que contém hidrolisado de α-caseína e L-tripto-fano, tem uma composição similar (por 100g de alimento), sendo cons-tituído por: proteína – 36g; gordura – 11g; hidratos de carbono – 28,8g; fibra alimentar – 10,8g e energia metabolizável – 385,4 kcal. Como este era um estudo duplamente cego, apenas o coordenador do estudo tinha conhecimento de qual era o alimento fornecido a cada ani-mal: os donos e o observador não tinham esta informação. O alimento foi colocado dentro de contentores identificados pelas letras A e B.

O estudo foi dividido em 4 fases distintas:

Fase 0 – Habituação ao obser-vador e definição do sistema de classificaçãoOs gatos e os donos foram habi-tuados à presença do observador durante as 2 primeiras semanas do estudo. Foi também realizada uma amostragem ad libitum32 que permitiu finalizar o sistema de clas-

0,16

0,14

0,12

0,1

0,08

0,06

0,04

0,02

0 Fase I Fase II Fase III

Evitação

Grupo Tratamento

Grupo Controlo

1. Comportamento de Evitação: as barras indicam a frequência média de ocorrência do comportamento nas fases I, II e III.

0,16

0,14

0,12

0,1

0,08

0,06

0,04

0,02

0 Fase I Fase II Fase III

Luta

Grupo Tratamento

Grupo Controlo

2. Comportamento de Luta: as barras indicam a frequência média de ocorrência do compor-tamento nas fases I, II e III.

Comportamento e bem-estar de gatos

VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015 45

sificação (Quadro 1). O período de observação utilizado para este fim foi de aproximadamente 50 horas.

Fase I – Registo de dados antes da introdução do alimento em estudoApós o período de habituação ao observador começou a observação sistemática que decorreu durante 4 semanas antes da administração do alimento em estudo. Durante esta fase, ambos os grupos foram alimentados com o alimento place-bo, por forma a assegurar o mesmo teor proteico.

Fases II e III – Introdução do alimento em estudo e registo de dadosCada fase teve a duração de 4 se-manas, num total de 8 semanas. Nas Fases II e III foi aplicado exatamente o mesmo procedimento. A divisão nestas fases realizou-se porque poderia ser necessário um período para a suplementação começar a ter efeito, como acontece com alguns fármacos ansiolíticos. O grupo tra-tamento recebeu o alimento que contém hidrolisado de α-caseína e L-triptofano, enquanto o outro grupo recebeu o alimento placebo (com o mesmo teor proteico).

Durante as fases I, II e III reali-zou-se uma observação e registo adicionais de todas as interações agonísticas e marcação com urina. A colheita de pelo realizou-se no fim de cada fase.

Os gatos foram observados, 5 dias por semana, por um observador que seguiu uma ordem aleatória previamente definida. Cada registo teve a duração de 10 minutos, du-rante o qual se fez uma observação focal contínua por gato.32 Para cada categoria de comportamento (Qua-dro 1), registou-se a sua frequência e duração. O controlo possível das variáveis externas e as variações decorrentes do ciclo circadiano realizou-se através de observações

diárias, excetuando os fins de sema-na, e à mesma hora do dia.

Todas as sessões de registo de dados seguiram exatamente os mesmos procedimentos, a fim de permitir a comparação entre as diferentes fases. O contacto entre o observador, os gatos e os donos foi reduzido, mesmo durante o período de habituação (fase 0), por forma a reduzir o efeito das dinâmicas sociais.

Recolheu-se um total de 4 amos-tras de pelo para medição do corti-sol: início e fim das fases I, II e III.

As amostras de pelo foram recolhi-das por um investigador imparcial. O pelo foi recolhido na região externa da anca (uma área com um diâmetro de cerca de 10 cm) e co-lheu-se mais de 60 mg, a quantidade necessária para realizar a análise. O pelo foi recolhido utilizando uma máquina de tosquia silenciosa, um método pouco invasivo. Uma nova amostra foi recolhida na mesma região anatómica. O pelo recolhi-do foi colocado num recipiente de plástico hermeticamente fechado, etiquetado e armazenado a -20°C

Fase I Fase II Fase III

Interações agonísticas

Grupo Tratamento

Grupo Controlo

3. Interações agonísticas no grupo: as barras indicam a frequência média de ocorrência do comportamento nas fases I, II e III.

Níveis médios de cortisol

00,5

11,5

22,5

Início Fim

Grupo Tratamento

Grupo Controlo

4. Níveis médios de cortisol no início e no fim do estudo.

Comportamento e bem-estar de gatos

até à análise. A extração de cortisol a partir da amostra de pelo, realizou-se de acordo com o descrito por Accorsi e colegas.29 A amostra de pelo foi cortada em fragmentos de 1-3 mm de comprimento e colocada dentro de um frasco de vidro. Adicionou-se metanol aos frascos de vidro que foram a incubar a 50ºC durante 18h com uma agitação suave. Posterior-mente, filtrou-se o conteúdo do fras-co para separar a fase líquida. Esta última foi evaporada até desidratação numa câmara de fluxo de ar a 37ºC. O resíduo foi dissolvido em PBS 0.05M, pH 7.5. O teste no pelo foi realizado de acordo com Tamanini e colegas.33 A análise foi realizada em duplicado. Os parâmetros para vali-dação da análise foram: sensibilidade 0.26 pg/mg, variabilidade do teste 6.8%, variabilidade entre testes 9.3%.

Análise de dadosPara testar a eficiência do alimento em gatos, comparou-se a duração

e frequência dos comportamentos presentes no sistema de classificação, nos grupos controlo e tratamento nas diferentes fases do estudo. Os dados foram analisados estatisticamente por SPSS (Statistical Package for the So-cial Sciences), versão 13.0. Porque os dados não cumprem os pressupostos para o uso de testes paramétricos (distribuição normal e homogeneida-de de variâncias), realizaram-se testes não paramétricos. Utilizou-se o teste Friedman ANOVA para avaliar as di-ferenças entre as fases I, II e III. Para comparar os níveis de cortisol basal e final utilizou-se o teste Wilcoxon Signed-Rank. A probabilidade resul-tante de cada teste foi considerada estatisticamente significativa quando p<0,05.

RESULTADOSRegisto focal No grupo controlo, todos os dados comportamentais analisados não de-monstraram diferenças significativas

entre as 3 fases (Quadro 2).No grupo tratamento, a frequência

do comportamento de ameaça dimi-nuiu e a diferença é estatisticamente significativa (Quadro 2). Apesar de não existirem diferenças estatistica-mente significativas, o comportamen-to de fuga também demonstrou uma tendência decrescente (Figura 1).

Tal como na situação anterior, a frequência dos comportamentos de luta também demonstrou uma ten-dência decrescente (Figura 2), sem significância estatística.

Observações e registos adicionaisOs registos relacionados com as interações agonísticas (Figura 3) diminuíram no grupo tratamento e a diferença foi estatisticamente signi-ficativa (X2=6,100, df=2, p=0,047). No grupo controlo não houve diferenças estatisticamente significativas.

A análise dos dados recolhidos sobre o comportamento de marcação

Consulta de regulamento no site www.admedic.pt ou www.bayervet.com.pt

O valor monetário do prémio é de 1.500fl

PRÉMIO BAYER SAÚDE ANIMALMétodos e importância da avaliação da condição corporal em bovinos

ANIMAIS DE PRODUÇÃO

2015

Agência: Ad Médic Ger

al F

AP

11/2

015Apoio:

Comportamento e bem-estar de gatos

Calçada de Arroios, 16 C, Sala 3. 1000-027 LisboaT: +351 21 842 97 10 | F: +351 21 842 97 19E: [email protected] | W: www.admedic.pt

48 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

com urina, registou uma diminuição deste comportamento no grupo tratamento. No entanto, a diferença não foi estatisticamente significativa.

Avaliação do cortisolRealizou-se uma comparação entre os valores médios de cortisol das duas primeiras amostras de pelo (média 1) com os valores médios das duas últimas amostras recolhi-das (média 2). No grupo controlo não se verificaram diferenças nos valores médios de cortisol (Wil-coxon Signed-RankTest: Z=-0,169, n=7, p=0,866 two-sided), enquanto no grupo tratamento obteve-se uma diminuição significativa no valor médio de cortisol (Wilcoxon Signed--RankTest: Z=-2,254, n=19, p=0,024 two-sided) (Figura 4).

DISCUSSÃOOs resultados demonstraram que alguns dos comportamentos rela-cionados com o stresse (interações agonísticas, medo, fuga e luta) dimi-nuíram no grupo tratamento. No en-tanto, por vezes, as diferenças entre as fases não foram estatisticamente significativas. Este facto pode estar relacionado com a necessidade de utilizar testes não paramétricos. Estes testes têm a desvantagem de ser, ten-dencialmente, muito menos sensíveis do que os testes paramétricos e, por isso, podem falhar na deteção de diferenças que na realidade existem entre os grupos. Da mesma forma, outros comportamentos relacionados com o stresse que se verificaram apenas num animal podem ser mal interpretados, porque se diluem na análise geral do grupo.

O cortisol foi utilizado como um indicador fisiológico de stresse. A diminuição dos valores de cortisol no pelo do grupo tratamento ao longo do estudo, está em concordância com os resultados obtidos através dos indicadores comportamentais. No grupo controlo não se verificaram diferenças.

O facto dos gatos deste estudo se-

rem animais de companhia, vivendo com os tutores, possibilitou a avalia-ção da eficácia do alimento num am-biente muito próximo da realidade. Serão os tutores, que nestas mesmas circunstâncias, vão considerar esta opção como uma solução que os poderá ajudar a resolver as alterações comportamentais dos seus animais de companhia. A ideia de um alimento que possa ser utilizado para reduzir a ansiedade em animais é bastante útil. Poderá ser ainda mais importante em gatos, nos quais a administração de fármacos pode ser difícil e origi-nar um aumento da ansiedade em relação ao dono. Estes resultados sugerem que um alimento com hidro-lisado de α-caseína e L-triptofano tem um efeito na alteração da frequência de alguns comportamentos relaciona-dos com a ansiedade. Desta forma, ao reduzir comportamentos relacio-nados com a ansiedade, melhorará o bem-estar dos animais e poderá ser uma ferramenta útil na terapêutica comportamental de resolução de alterações comportamentais.

AgradecimentosOs autores agradecem à Royal Canin pela oferta de alimento para o estudo. Também querem agradecer a todos os tutores dos gatos incluídos no estudo. Por fim, os autores gostariam de agradecer à Theresa De Porter pela ajuda na revisão e pelos comentários e também à Inês Barbosa pela dis-ponibilidade e apoio desde o início do estudo.

Conflito de interessesNenhum dos autores tem um conflito de interesses atual ou potencial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Turner DC, Bateson P. The Domestic Cat: the biology of its behavior. Cambridge University Press, Cambridge, UK, 2000.2. Curtis TM, Knowles RJ, Crowell-Davis SL. Influence of familiarity and relatedness on proximity and allogrooming in domestic cats (Feliscatus). Am J Vet Res 2003;64;9:1151-1154.3. Crowell-Davis SL, Curtis TM, Knowles RJ. Social orga-nization in the cat: a modern understanding. J Feline Med Surg 2004;6;1:19-28.4. Carlstead K, Brown JL, Strawn W. Behavioural and physiological correlates of stress in laboratory cats. ApplA-nimBehavSci 1993:143-158.5. Overall KL. Clinical Behavioral Medicine for Small Ani-mals. Mosby, St. Louis, Missouri, 1997;209-240.6. Houpt KA. Domestic Animal Behavior for Veterinarians

and Animal Scientists. Iowa State University Press, Ames, Iowa, 1998;26-30.7. Horwitz D, Landsberg G. Behavior of dogs and cats. Ques-tions and answers.Lifelearn, Guelph, Ontario, Canada, 1998.8. Casey R. Fear and stress. In: Horwitz, D, Mills, D, Heath, S, eds. BSAVA Manual of Canine and Feline Behavioural Me-dicine. BSAVA, Gloucester, United Kingdom, 2002;144-153.9. Pryor PA, Hart BL, Bain MJ, Cliff KD. Causes of urine marking in cats and effects of environmental mana-gement on frequency of marking. J Am Vet Med Assoc 2001;219;12:1709-1713.10. Overall KL, Dunham AE. Clinical features and outcome in dogs and cats with obsessive-compulsive disorder: 126 cases (1989-2000). J Am Vet Med Assoc 2002;221;10:1445-1452.11. Beata C, Beaumont-Graff E, Diaz C, et al. Effects of alpha-casozepine (Zylkene) versus selegiline hydrochloride (Selgian, Anipryl) on anxiety disorders in dogs. J Vet Behav 2007;2:175-183.12. Messaoudi M, Lalonde R, Schroeder H, Desor D. Anxio-lytic-like effects and safety profile of a tryptichydrolysate from bovine alpha S1-casein in rats. Fun ClinPharmacol 2009: 23(3); 323-330.13. Hartmann R, Meisel H. Food-derived peptides with biological activity: from research to food applications. CurrOpinBiotechnol 2007;18:163-169.14. Miclo L, Perrin E, Driou A. Characterization of alpha-ca-sozepine, a tryptic peptide from bovine alpha s1-casein with benzodiazepine-like activity. FASEB J 2001;15:1780-1782.15. Violle N, Messaoudi M, Lefranc-Millot C, et al. Etological comparison of the effects of bovine alpha(S1)-casein tryp-tichydrolysate and diazepam on the behavior of rats in two models of anxiety. PharmacolBiochemBehav 2006:517-523.16. Schroeder H, Violle N, Messaoudi M, et al. Effects of ING-911, a tryptichydrolysate from bovine milk alpha-S1 casein on anxiety of Wistar male rats measured in the conditioned defensive burying (CDB) paradigm and the elevated plus maze test. Behav. Pharmacol. 2003;S1:31.17. Lanoir D, Canini F, Messaoudi M, et al. Long term effects of bovine milk alpha-s1 casein hydrolysate on healthy low and high stress responders. Stress 2002;5(suppl.):124.18. Messaoudi M, Bresson J-L, Desor D, et al. Anxiolytic-like effects of the milk protein hydrolysateProdiet F200 in healthy human volunteers. Stress 2002:124.19. Messaoudi M, Lefranc-Millot C, Desor D, et al. Effects of a tryptichydrolysate from bovine milk alpha(S1)-casein on hemodynamic responses in healthy human volunteers facing successive mental and physical stress situations. Eur J Nutr 2005;2:128-132.20. Beata C, Beaumont-Graff E, Coll V, et al. Effects of alpha-casozepine (Zylkene) versus selegiline hydrochloride (Selgian, Anipryl) on anxiety disorders in dogs. J Vet Behav 2007;2:175-183.21. Palestrini C, Minero M, Cannas S, et al. Efficacy of a diet containing caseinatehydrolysate on signs of stress in dogs. J Vet Behav 2010;5:309-317.22. Hara H, Funabiki R, Iwata M, Yamazaki K. Portal absorp-tion of small peptides in rats under unrestrained conditions. J Nutr 1984;114:1122-1129.23. Nakano T, Shimatani M, Murakami Y, et al. Digestibility and absorption of enzymatically hydrolyzed whey protein. J JpnSocNutr Food Sci 1994;47:195-201.24. Korhonen H, Pihlanto A. Bioactive peptides: production and functionality. Int Dairy J 2006;16:945-960.25. Martinez-Trejo G, Ortega-Cerrilla M, Rodarte-Covarrubias L, et al. Aggressiveness and Productive Performance of Piglets Supplemented with Tryptophan. J Anim Vet Adv 2009;8(4):608-611.26. Cook CJ, Mellor DJ, Harris PJ, et al. Hands-on and hand--off measurement of stress. In: Moberg GP, Mench JA, eds. The Biology of animal stress. Basic principles and implica-tions for animal welfare. CAB International 2000;126-146.27. Koren L, Mokady O, Karaskov T, et al. A novel method using hair for determining hormonal levels in wildlife. AnimBehav2002;63:403-406.28. Davenport MD, Tiefenbacher S, Lutz CK, et al. Analysis of endogenous cortisol concentrations in the hair of rhesus macaques. Gen Comp Endocrinol2006;147: 255-261.29. Accorsi PA, Carloni E, Valsecchi P, et al. Cortisol deter-mination in hair and faeces from domestic cats and dogs. Gen Comp Endocr2008;155:398-402.30. Beerda B, Schilder MBH, Janssen NSCRM, Mol JA. The use of saliva cortisol, urinary cortisol, and catecholamine measurements for a noninvasive assessment of stress res-ponses in dogs. HormBehav 1996;30:272–279.31. Carlstead K, Brown JL, Monfort SL, et al. Urinary mo-nitoring of adrenal responses to psychological stressors in domestic and nondomestic felids. ZoolBiol 1992;11:165–176.32. Altmann J. Observational study of behavior: sampling methods. Behaviour 1974;49:227-267.33. Tamanini C, Giordano N, Chiesa F, Seren E. Plasma cortisol variations induced in the stallion by mating. Ac-taEndocrinol 1983;102:447–450.

Comportamento e bem-estar de gatos

APERFEIÇOAMENTO TÉCNICO

Como realizar uma uretrostomia escrotal e acabar com o ciclo dos cálculosEste procedimento que desvia de forma permanente o fluxo urinário, pode beneficiar os cães com problemas de bloqueio uretral recorrente devido a cálculos urinários.

Don Waldron, DVM, DACVS

Auretrostomia escrotal é um procedimento em que se realiza um desvio definitivo

do fluxo urinário. Pode ser feito em cães com bloqueio uretral recorrente devido a cálculos urinários. Nos cães machos, os cálculos uretrais podem causar uma obstrução parcial ou completa da uretra, alojando-se neste local, normalmente na base do pénis. Outras indicações menos comuns para a uretrostomia incluem estenose uretral devido a cirurgia ou cálculos anteriores, neoplasia peniana ou prepucial ou traumatismo grave que exija uma amputação peniana ou prepucial.

Nos cães inteiros, a uretrostomia escrotal requer uma ablação do es-croto e castração. As complicações da uretrostomia nos cães incluem hemorragia da uretra durante o pe-ríodo pós-operatório imediato e au-mento do risco de infeções urinárias a longo prazo. A estenose no local de intervenção é rara, devido à largura da uretra a este nível. Tanto o risco de hemorragia como de estenose podem ser minimizados com uma aposição correta da mucosa uretral na pele.

Don R. Waldron, DVM, DACVS Chief Veterinary Medical Officer Western Veterinary Conference 2425 E. Oquendo Road Las Vegas, NV 89120

v PEER-REVIEWED

CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOSUma vez terminada a intervenção cirúrgica, o cateter uretral é removi-do. É colocado no animal um colar isabelino e os donos devem ser aconselhados a não o retirar durante uma semana. Pode ser observado um gotejamento ocasional de sangue, coincidente ou não com o final da micção, durante os primeiros três a quatro dias depois da intervenção. As suturas não absorvíveis são removi-das duas semanas depois da cirurgia, com o doente sedado. As suturas ab-sorvíveis cairão espontaneamente.

Leia um guia passo-a-passo sobre a realização deste procedimento nas páginas seguintes.

AVALIAÇÃO E PREPARAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIAAntes da intervenção devem ser realizadas análises de sangue para assegurar a estabilidade do doente, com especial relevância para os valores dos indicadores da função renal e dos eletrólitos. Devem tam-bém ser realizadas radiografias ou ecografias abdominais e perineais, procurando identificar a presença de cálculos em todas as estruturas do aparelho urinário. Depois da indução da anestesia, posicionar o animal em decúbito dorsal e realizar a preparação cirúrgica da região abdominal posterior, incluindo o prepúcio e o escroto, procedendo à tricotomia e prepa-ração assética.

Se o doente tiver a uretra obs-truída, o cálculo pode ser propul-sionado novamente para a bexiga, por retropulsão, o que envolve a cateterização e fluxo de líqui-do cuidadoso, com o doente já anestesiado, mas antes de iniciar o procedimento de uretrostomia para remover todos os cálculos vesicais. Se for possível, o cateter uretral deve ser mantido durante a uretrostomia. Esta é realizada antes de as paredes da bexiga e abdominal serem encerradas, para permitir a passagem do cateter e lavagem através deste nos dois sentidos, assegurando a permea-bilidade uretral.G

etty

Imag

es/C

had

Latta

50 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

COMO REALIZAR UMA URETROSTOMIA ESCROTAL: UM GUIA PASSO-A-PASSO

PASSO 1Nos cães inteiros, fazer uma incisão elíptica junto à base do escroto, mantendo cerca de 1 cm de pele de cada lado (a cabeça do cão está do lado esquerdo). Remover a pele escrotal e castrar o animal, usando uma técnica aberta ou fechada. Nos cães castrados, remover o escroto remanescente ou fazer uma incisão na linha média sobre a região caudal do corpo peniano, prolongando caudalmente até ao local onde a uretra começa a curvar dorsalmente.

PASSO 2Fazer uma incisão da gordura subcutânea para expor a região ventral do corpo peniano e o músculo retrator do pénis ligado a este. Elevar o músculo retrator do pénis e deslocá-lo para cada lado, expondo a uretra. A uretra tem uma coloração púrpura e localiza-se na linha média ventral do pénis.

PASSO 3Usar o dedo polegar e o dedo indicador da mão não domi-nante e elevar o pénis da incisão, antes de fazer a incisão da uretra, para diminuir a hemorragia consequente à incisão do tecido do corpo esponjoso que envolve a uretra.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

HDOVetMedicineRod.pdf 1 12/01/2015 10:57:53

Como realizar uma uretrostomia

PASSO 4Fazer a incisão da uretra, com uma lâmina de bisturi nº 11 ou nº 15, na linha média, sobre o cateter uretral previamente colocado. Depois de penetrar o lúmen uretral, usar uma tesoura de íris ou tenotomia para prolongar a incisão da mucosa, atingindo um comprimento total de 3 a 4 cm (ver primeira foto ao lado).Com os dedos, elevar a uretra para diminuir a hemorragia. A sucção pode melhorar a visibilidade do lúmen uretral e, especialmente, do bordo da mucosa uretral, que tende a retrair afastando-se do corpo peniano (ver segunda foto ao lado).

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

HDOVetMedicineRod.pdf 1 12/01/2015 10:57:53

Como realizar uma uretrostomia

52 Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE

PASSO 5Usar um fio de polipropileno 4/0 numa agulha cónica e suturar as extremidades cranial e caudal da incisão ure-tral à pele, para estabelecer os limites da uretrostomia. Salienta-se que a sutura da mucosa uretral à pele deve ser realizada cuidadosamente. Inicialmente, são colocados pontos de fixação para imprimir tensão nas extremida-des da incisão, que serão fechados posteriormente (ver imagens).A sequência da sutura da uretrostomia é a seguinte: pri-meiro incorporar na agulha 2 a 3 mm apenas de mucosa uretral, em seguida uma pequena espessura de tunica albuginea (tecido peniano branco de aparência fibrosa) e, finalmente, a pele escrotal. Esta pele envolve apenas a derme e a epiderme. A incorporação separada dos tecidos minimiza o traumatismo sobre a mucosa. Esta sequência de passagem da agulha produz compressão do corpo esponjoso e reduz a hemorragia pós-operatória associada à incisão dos tecidos.Após a sutura dos cantos, usar um padrão simples contínuo entre as suturas cranial e caudal de cada lado. Terminar esta sutura simples contínua envolvendo os pontos de fixação referidos anteriormente.As modificações desta técnica incluem a utilização de material absorvível, como o poliglecaprone 25 ou glico-mer 631. Podem ser usados pontos interrompidos para construção do estoma de uretrostomia, com a ponta medial cortada curta.

PASSO 6Uma vez terminado o procedimento, deve ser possível passar facilmente um cateter com um calibre de 8 a 10-F desde o estoma uretral até à bexiga (não visível na imagem).

Como realizar uma uretrostomia

“Um

lugar p

ara so

nhar e ser feliz”

Horta da Vila - Agroturismo 7920-201 Alvito, Alentejo | Tlm: +351 91 762 89 34 Telf: +351 28 448 00 40 | Fax: +351 28 448 00 49E: [email protected] | www.facebook.com/HortaDaVilaAdMedicAgroturismo | www.hortadavila.pt

Ad Médic Agroturismo, Lda. Sede: Calçada de Arroios, 16 C, Sala 3. 1000-027 Lisboa Telf: +351 21 842 97 10Fax: +351 21 842 97 19 | E: [email protected] | Alvará de utilização nº 05/2013

25%desconto

durante 2015

Para os leitores da revista Veterinary

Medicine