revista a ed. 7

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ANO I - Nº 07 - OESTE DA BAHIA - DEZ/2011 R$ 9,99 REVISTA OUZA EDITORA CRISTHIANO BECKER, presidente do CALEM “O judiciário da Bahia é um dos piores do Brasil” Empresária apaixonada por ballet sonha em estender a dança para as escolas públicas e diz que a atividade ajuda na formação social e no desenvolvimento psicopedagógico das crianças e adolescentes ZANDRA BRANDÃO SOCIAL DO O PODER clássico Veja os vencedores Caos no trânsito barreiras e luís e.magalhães Lua Clara ensaia aos olhos atendos da mãe. Zandra, que tem uma escola de dança em LEM

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A revista mais lida do interior da Bahia.

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R E V I S T AO U Z AE D I T O R A

CRISTHIANO BECKER, presidente do CALEM

“O judiciário da Bahiaé um dos piores do Brasil”

Empresária apaixonada por ballet sonha em estender a dança para as escolas públicas e diz que a atividade ajuda na formação social e no desenvolvimento psicopedagógico das crianças e adolescentes

ZANDRA BRANDÃO

SOCIAL DOO PODER

clássico

AN

O I

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“O judiciário da Bahiaé um dos piores do Brasil“O judiciário da Bahiaé um dos piores do Brasil“O judiciário da Bahia

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Veja osvencedores

Caos no trânsito

barreirase luís e.magalhães

Lua Clara ensaia aos olhos atendos da mãe. Zandra, que tem

uma escola de dança em LEM

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Parabéns!

EDITORIAL

Parbéns! Parabéns pra você que é leitor, assinante, anun-ciante; a todos vocês, parceiros deste projeto chamado revista A, ou simplemente r.A. Se não fossem vocês, não estaríamos aqui celebrando o primeiro - de mui-tos! - dessa publicação.Temos consciência de que ainda

precisamos trabalhar muito, sempre com respeito, ética e responsa-bilidade, princípios que fazemos questão de abraçar e que se revela em tudo que fazemos dentro da revista. Nós não abrimos mão des-ses princípios!

Sabemos que todos os esforços, cuidados e investimentos dispen-sados a cada edição não foram sufi cientes para evitar equívocos, falhas. Por eles, pedimos desculpas; com eles aprendemos. Fazer jornalismo, como costumamos dizer na redação, não é como fazer pipoca. É preciso mais que um simples esforço. É preciso dedicação, apuração, paciência, perspicácia, criatividade... é preciso surpreen-der, supreender-se. Quantas vezes não nos surpreendemos no per-curso de uma produção jornalística; quantos personagens encontra-mos em nossas viagens nesse ano; quantas descobertas de nossa rica região. E dizemos riqueza não no sentido econômico - que também merece destaque, é claro -, mas no sentido cultural, social.

Enche-nos de orgulho poder mostrar, a cada edição, que a história de um povo, de uma região, não é construída apenas pelos “heróis” legitimados pelos reconhecidos processos de seleção. A história é construída, sobretudo, pelo caboclo da roça com a pele singrada pe-los rios de horas do tempo; pela mulher guerreira que, apesar de sua extensa jornada diária, ri da má sorte e dá vazão à sua beleza diante de um espelho irônico; pelo artista que coloca sua sensibilidade à merçê da realidade às vezes cruel, mágica, bela, fi ccional; pelo jovem que reconhece na educação o caminho do futuro, o investimento de seus fi lhos, a preservação de sua espécie; pelo empresário que produz riquezas, dá lição de responsabilidade social e se reconhe-ce como agente indissociável do desenvolvimento socioeconômico da região; pelo empreendedor que não se abala às difi culdades dos desafi os e tem como meta fortalecer o meio para se fortalecer a co-letividade...

É pra todos que fazemos a r.A. Por isso, somos plural, mas às vezes singular, para que nosso objetivo seja efetivamente promover a integração e o fortalecimento do povo dessa região baiana. Talvez isso soe como prepotência, mas não abrimos mãos das responsa-bilidades que um veículo de comunicação tem quando se coloca à disposição de um projeto que se orgulha em valorizar aquilo o que muitos não dão valor algum. Parabéns! Obrigado por fazer desse projeto.

Equipe da r.A

EDITOR/DIRETOR DE REDAÇÃO Cícero Félix (DRT-PB 2725/99)

(77) 9131.2243 e [email protected]

DIRETORA COMERCIALAnne Stella(77) 9123.3307

[email protected]

DIRETORIA DE MARKETING Jakeline Bergamo

(77) 8802.0721 e 8111.4019

ASSINATURAS/CONTATOS COMERCIAISBarreiras

(77) 3612.4074 / 3612.3330 / 3021.3149 / 9906.4554 / 9131.2243 / 9123.3307Barra

Helena: (74) 3662.3621Bom Jesus da Lapa

Eduardo: (77) 3481.2176 Luís Eduardo MagalhãesTizziane: (77) 9199.5585

Santa Maria da VitóriaMarco Athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224

REDAÇÃO Thiara Reges, Anton Roos e Ellen Rarden,

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Leilson Castro

ILUSTRAÇÃOJúlio César

EDIÇÃO DE ARTE Klécio Chaves

CONSULTORIA DE MODA Karine Magalhães

REVISÃO Aderlan Messias e Rônei Rocha

IMPRESSÃO Coronário Editora e Gráfi ca

TIRAGEM 4 mil exemplares

Ouza Editora Ltda.Av. Clériston Andrade, 1.111 - Sala 16

Tel.: (77) 3612.4074 - Centro - Barreiras (BA)

Parabéns!

EDITORIAL

Pprecisamos trabalhar muito, sempre com respeito, ética e responsa-bilidade, princípios que fazemos questão de abraçar e que se revela em tudo que fazemos dentro da revista. Nós não abrimos mão des-ses princípios!

sados a cada edição não foram sufi cientes para evitar equívocos, falhas. Por eles, pedimos desculpas; com eles aprendemos. Fazer jornalismo, como costumamos dizer na redação, não é como fazer pipoca. É preciso mais que um simples esforço. É preciso dedicação, apuração, paciência, perspicácia, criatividade... é preciso surpreen-der, supreender-se. Quantas vezes não nos surpreendemos no per-curso de uma produção jornalística; quantos personagens encontra-mos em nossas viagens nesse ano; quantas descobertas de nossa rica região. E dizemos riqueza não no sentido econômico - que também merece destaque, é claro -, mas no sentido cultural, social.

de um povo, de uma região, não é construída apenas pelos “heróis” legitimados pelos reconhecidos processos de seleção. A história é construída, sobretudo, pelo caboclo da roça com a pele singrada pe-los rios de horas do tempo; pela mulher guerreira que, apesar de sua extensa jornada diária, ri da má sorte e dá vazão à sua beleza diante de um espelho irônico; pelo artista que coloca sua sensibilidade à merçê da realidade às vezes cruel, mágica, bela, fi ccional; pelo jovem que reconhece na educação o caminho do futuro, o investimento de seus fi lhos, a preservação de sua espécie; pelo empresário que produz riquezas, dá lição de responsabilidade social e se reconhe-ce como agente indissociável do desenvolvimento socioeconômico da região; pelo empreendedor que não se abala às difi culdades dos desafi os e tem como meta fortalecer o meio para se fortalecer a co-letividade...

vezes singular, para que nosso objetivo seja efetivamente promover a integração e o fortalecimento do povo dessa região baiana. Talvez isso soe como prepotência, mas não abrimos mãos das responsa-bilidades que um veículo de comunicação tem quando se coloca à disposição de um projeto que se orgulha em valorizar aquilo o que muitos não dão valor algum. Parabéns! Obrigado por fazer desse projeto.

R E V I S T A

[email protected]

ANO I - Nº 07 DEZ/2011

ao leitor

ediToriaL

ter um fi lho ou fi lha formada em medicina sem-pre foi um orgulho para a família. Se a deci-são coubesse única e exclusivamente aos pais teríamos mais médico que população no Brasil. Não lembro em minha infância se havia mui-

tos consultórios. Na minha cidade, a 54km de Campina Grande (PB), só havia atendimento de dentista, de oculista (assim era chamado o oftalmologista) e de clínico geral. E tem mais: eles atendiam geralmente no dia de feira, pois vinham de outras cidades. Quando se precisava de atendi-mento fora daquele dia, só indo a outras cidades. Não lem-bro das pessoas reclamando muito da saúde naquela época, tampouco se adoeciam como adoecem nos dias atuais. A quantidade de médico formado no Brasil, se não é o ideal, tem aumentado consideravelmente. O problema maior tal-vez seja a desigual distribuição desses profi ssionais que se concentram nas capitais e metrópoles, como esclarece Dr. Paulo Henrique, especializado em urologia e delegado do Conselho Regional de Medicina no Oeste, personagem de nossa matéria de capa.

O modelo de medicina armada de equipamentos impor-tados dos Estados Unidos acabou mercantilizando a área da saúde, adverte o médico, que defende um atendimento mais humano e reclama da fragmentação da medicina em especialidades. “Isso foi um péssimo negócio! É preciso en-tender a pessoa humana como um todo”, declara. Dr. Paulo tem um humor contagiante e lembra os médicos românti-cos da década de 1930 citados pelo mineiro e também mé-dico Pedro Nava em suas memórias. Ser médico é se doar em nome do bem-estar do outro, é espelhar-se no paciente que chora, rir e se apaixona. Caso contrário, a prescrição toma caminhos equivocados. De acordo com a literatura médica, 60% das pessoas que vão ao consultório não têm causa orgânica. Portanto, é preciso considerar outros fatores na hora de avaliar um paciente, fatores que máquinas, ape-sar da imensurável contribuição para o desenvolvimento da medicina, não conseguem observar.

A emocionante história do lutador de jiu-jítsu Clécio Ro-drigues, que surpreendeu os médicos ao combater e vencer um câncer que já estava em estado avançado; o início da série “Jovens empreendedores”, que vai destacar a perspicá-cia dos jovens na administração e condução de negócios no Oeste são outros ingredientes desta edição que, somados a outros conteúdos, quer levar a você, leitor, uma informação com qualidade em um produto que a cada número orgulha toda a região. Boa leitura!

Cícero Félix, editor e diretor de redação

EDITOR/DIRETOR DE REDAÇÃO Cícero Félix (DRT-PB 2725/99)

(77) 9131.2243 e [email protected]

DIRETORA COMERCIALAnne Stella(77) 9123.3307

[email protected]

DIRETORIA DE MARKETING Jakeline Bergamo

(77) 8802.0721 e 8111.4019

EDITOR DE FOTOGRAFIA Jorge Barbosa

(77) 9150.9636

REDAÇÃO Luciana Roque e Jorge Barbosa

CONSULTORIA DE MODA Karine Magalhães

REVISÃO Aderlan Messias e Rônei Rocha

IMPRESSÃO Coronário Editora e Gráfi ca

TIRAGEM 4 mil exemplares

R E V i S T a

[email protected]

Ouza Editora Ltda.Av. Clériston Andrade, 1.111 - sala 16 - CeP 47.805-970

Centro - Barreiras (BA)

ed.04 jul-aGo/2011

Revista A, consciente das questões ambientaise sociais, utiliza papéis com certificação (Forest

Stewardship Council) na impressão deste material.A certificação FSC garante que a matéria-prima é proveniente de florestas manejadas de forma

ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável, e outras fontes controladas. Impresso na Gráfica Coronário - Certificada na

Cadeia de Custódia - FSC.

A r.A já obedece a Nova Ortografi a da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas

colunas assinadas.

Page 7: Revista A ed. 7

Barreiras: (77) 3612.4074 / 3612.3330 / 3021.3149 / 9906.4554 / 9131.2243 / 9123.3307 Barra: (74) 3662.3621 Bom Jesus da Lapa: (77) 3481.2176 Luís Eduardo Magalhães: (77) 9199.5585 Santa Maria da Vitória: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224 / 9118.1502

INFORMAÇÕES

Regulamento no endereço: ow.ly/7guYx

Assine a revista mais lidado interior da Bahia e concorra a uma

viagem para Fortaleza, Ceará.

Page 8: Revista A ed. 7

19 . A MISCELLANEAExposição: Homenagem ao Mestre GuaranyDesenrola a língua: Nova ortografia, por Aderlan MessiasFilme: 40 anos depois da morte de Lamarca e ZequinhaInauguração: Provanza abre suas portas em BarreirasExclamação: Look fashion in pauta, por Karine Magalhães Útil: Réveillon: com que roupa eu vou?, por Vanessa Horitatrends and news: Dicas de decoração de mesa no Natal Provanza, a casa dos aromas e sabores Belíssima, novo endereço, novos produtos Depyl, depilação com propriedade terapêutica

36 . ENTREVISTACristhiano Becker Cechet“O judiciário da Bahia é o pior do Brasil”

41 . JOVEM EMPREENDEDORSandro de PaulaDom para o negócio

42 . TENDÊNCIA OU REALIDADEGestão com pessoas, por Osmir Santos

46 . REPORTAGEM: CAOSO drama do trânsito nas cidades de Barreiras e LEM

60 . MODA HOMEMZhagaiaNew York, Oeste, Bahia

68 . ECONOMIACélia KumagaiPresidente da CDL-Barreiras faz balanço da gestão 2011

70 . A CULTSéculo XXI: tribo Kiriri / Ceramistas de Barra e Artista de Lapa / Banda gospel de LEM / Memórias de Joaquim Lisboa / Filarmônica Lira Angicalense

88 . A UM LUGARUma pintura

92. SOCIAL: GELO, LIMÃO E AÇÚCARpor Tizziane Oliveira

ÍNDICE

FOTO DE CAPA: C.FÉLIX

54. CAPAO poder social do clássicoO sonho de uma empresária em estender o ballet para as escolas públicas

Page 9: Revista A ed. 7

DEZ/2011 9

Page 10: Revista A ed. 7

10 DEZ/2011

BARREIRAS

LUÍS EDUARDO MAGALHÃES

ANGICAL

BARRA

IBOTIRAMA

PARATINGA

SANTA MARIA DA VITÓRIA

CORRENTINA BOM JESUS DA LAPA

abordo

BOM JESUS BOM JESUS BOM JESUS BOM JESUS BOM JESUS BOM JESUS DA LAPADA LAPA

A partir desta edição, a r.A vai levar o leitor de carona em sua viagem de produção pela região. Do Médio São Francisco às ex-tremidades do Oeste com os estados vizinhos. A equipe da r.A vai registrar detalhes, curiosidades, sabores, pessoas, patrimô-nio arquitetônico, meio ambiente; enfi m, o que for interessante e couber na lente da câmera fotográfi ca o leitor vai encontrar aqui. O mapa ao lado vai sinalizar algumas cidades pelas quais a equipe passou. Desejamos a todos boa viagem.

Diário de pauta

GASTRONOMIAEm Barra, é difícil resistir ao fi lé de tilápia grelhada ao molho de alcaparras com rúcula, acompanhado de arroz branco, farofa amarela e salada de tomate. Você encontra essa preciosidade no Bar e Restaurante Peixe & Cia. Em Santa Maria da Vitória, no Casarão, o sabor fi ca por conta de outro peixe: o badejo, grelhado na chapa com azeite e alho.

DOIS RIOS E UM CAISO encontro do Rio Grande com o Rio São Franciso, em Barra, é bastante curioso. Na foto ao lado, no fundo, é possível perceber a água barrenta do Velho Chico sendo invadida pelo Rio Grande.

FOTOS: C.FÉLIX

Page 11: Revista A ed. 7

DEZ/2011 11

PATRIMÔNIOA simpática e hospitaleira cidade de Paratinga, há cerca de 70 km de Bom Jesus da Lapa, mantém muito bem conservada a barroca Igreja de Santo Antônio. Visitá-la é mergulhar na história do século XVIII.

VENDO O TEMPO PASSARSem pressa, senhor sentado às margens do Rio Corrente, em Correntina, observa imóvel o preguiçoso movimento do dia.

DEPOIS DE MORTA......a centenária barriguda, árvore comum no

Cerrado, continua com sua imponência. Chama atenção de quem passa pela BA-830, entre

Angical e Barreiras.

RELÍQUIASímbolo de desenvolvimento tecnológico, radiola do início do século XX doada pela

família Oscar Guanais Mineiro para o Espaço Cultural Eládio Almeida Pinto, em Ibotirama.

NA ESTRADAFim de tarde naBR-242 pelo retrovisor, de Luís Eduardo Magalhães para Barreiras.

G.F

LOR

ES

CLÁUDIO FOLETO

Page 12: Revista A ed. 7

12 DEZ/2011

issuu.com/cicero_felix

VERSÃO DIGITALE EDIÇÕES ANTERIORES

ERRATAcNa matéria “Uma Bahia que fala tchê” grafamos o nome errado do CTG de Luís Eduardo Magalhães em uma legenda. O nome correto é CTG Sinuelo dos Gerais.

cO endereço da loja Corpo e Magia é Rua 24 de outubro, 333.

cO e-mail correto da coluna “Tendência ou realidade” é [email protected].

A edição da revista está linda, reportagens interessantes. A proposta da campanha do natal, valeu a idéia de fazer o natal com responsabilidade social. A iniciativa da equipe fará nossas crianças sorrirem. Grata,Lise Ane

Parabéns a equipe da Revista, está maravilhosa!!!!Ana Cássia Gonzaga

Boa diagramação e bom conteúdo!Evelyne Pretti Rodrigues

A edição está fantástica como todos os trabalhos anteriores. Parabéns aos profi ssionais da r.A que harmonicamente constituem um trabalho maravilhoso.Naiana Oliveira

Fantástico! Parabéns, bela revista, edição primorosa e de qualidade indiscutível. José Napoleao Ângelo

Está ótima!! Parabéns a equipe!!Ironia Pink Pink

A revista está linda. Um produto de qualidade que se destaca cada dia mais no mercado ;).Mylenna Silva

Achando que a r.A atingia o máximo de seu potencial, é uma edição mais surpreendente que a outra! Equipe fantástica. Parabéns!Evelyn Knebel

@leitor [email protected] Ouza Editora

Vi a materia com os Fi di Lunga da Gabriela Flores e achei átima a divulgação, dando valor ao que e da gente. A revista é de bom gosto...matérias e fotos bem desenvolvidas, assim como a diagramação. Estão de parabéns... bjos.Andreia Ibiapina

Para começar um grande projeto é preciso valentia, para terminar um grande projeto é preciso perseverança! Parabens a toda equipe da r.A, a cada edição surpreende com os materiais que são produzi dos.Francisca Elisângela

Page 13: Revista A ed. 7

DEZ/2011 13

Page 14: Revista A ed. 7

AV. BENEDITA SILVEIRA, 395 - CENTRO - BARREIRAS (BA) TEL.: (77) 3612.7921

FOTO

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NILDA MODASNILDA MODAS

Page 16: Revista A ed. 7

A presentes

Vestido Lança PerfumeANJO REBELDE

Kit PortinariO BOTICÁRIO

ScarpinFÁTIMA LUZ

Kit PicardiePROVANZA

Tablet Multilaser BARREIRAS INFORMÁTICA

Page 17: Revista A ed. 7

DEZ/2011 17

Sandália AnarrôBELÍSSIMA

Kit NatalinoSUPREMO

CorseletNILDA MODAS

Óculos Ray-BanÓTICAS DINIZ

Kit NatalinoSUPREMO

Bolsa em CouroLELÊ DE BARRA

Page 18: Revista A ed. 7

18 DEZ/2011

A presentes

Deubranco

Renda-se ao total branco. As grifes brasileiras einternacionais invadiram passarelas e editoriais de moda com a cor ícone do réveillon. Siga a tradição entre no clima e componha looks inteiros dos sapatos ao relógio. É uma ótima aposta para uma produção nobre e fresquinha. Delicie-se com essa proposta no Natal, Ano Novo, férias...

SandáliaSanta Lolla

BlusaMissbella

RelógioMondaine

CamisaColcci

Calça Colcci

PulseiraCamila Klein

ÓculosRayban

BrincosCamila Klein

BodyNilda

Modas

texto KARINES MAGALHÃES

Page 19: Revista A ed. 7

DEZ/2011 19

miscellanea> COMUNICAÇÃO, CURIOSIDADES, DESIGN, EVENTOS, NEGÓCIO, POSTCARD, TECNOLOGIA, TENDÊNCIA, ETC... <

As carrancas que despertaram o encantamento do poeta Carlos Drummond de Andrade, foram destaque na Expo-sição e Mostra Audiovisual “Carrancas: A Arte Barranqueira do Mestre Guarany”, que aconteceu entre os dias 17 e 19 de novembro em Santa Maria da Vitória. Francisco Biquiba dy Lafuente Guarany usou as suas mãos para traduzir as particu-laridades da cultura de seu povo. Natural de Santa Maria da Vi-tória, mestre Guarany confeccionou cerca de 80 carracas até os anos de 1940. Quatro delas (Jube, Zumbi, Bitazaro e Melozário) foram expostas. Destaque na arte, mestre Guarany participou de todas as etapas do desenvolvimento cultural da Bacia do Rio Corrente, inclusive das lutas sociais em defesa de trabalhadores e combatendo injustiças.Em um misto de regionalismo e resgate da identidade cultural da população ribeirinha do rio Corrente, a exposição contou também com a participação de artesões e músi-cos locais, além de historiados e cineastas que através da mostra de fi lmes-documentários, ajudaram a contar a história da Bacia do Rio Corrente e seus momentos de glória no século XX.

EXPOSIÇÃO

Homenagemà Guarany

(...)Francisco Biquiba La Fuente Guaranyconjurou os seres malévolos das águas.Com o poder de suas mãos meio espanholas,meio índias, meio africanas, totalmente brasileiras.Das mãos de Guarany surdiram monstrosque colocados na proa dos barcos protegiamos viajantes contra os terrores do rio.

Os tempos são outros. Onde as carrancas?Onde os barcos, as travessias melodiosas de antigamente?O Rio São Francisco está sem mistério e poesia?A poesia e o mistério pousaramno rosto centenário de Francisco, irmão morenodo santo de Assis, também ele miraculoso,pelo poder das mãos calejadas e criadeiras.

CentenárioCarlos Drummond de Andrade

Obra de Jurandi Assis, renomado artista santamariense que retrata em suas telas as obras do outro mestre

> COMUNICAÇÃO, CURIOSIDADES, DESIGN, EVENTOS, NEGÓCIO, POSTCARD, TECNOLOGIA, TENDÊNCIA, ETC... <

Page 20: Revista A ed. 7

20 DEZ/2011

miscellanea

Ainda não começou a ser construída, mas o projeto de construção da estátua do Parque do Santo Cristo pode sofrer alterações. O custo para erguer a estátua em concreto armado é alto. De acordo com o Diretor Técnico da obra, Plinio José Giongo, “é mais econômico com ferro e fi bra de vidro”. A obra, a ser realizada por um entidade sem fi ns lucrativos, está prevista para ser iniciada em fevereiro de 2012, na Serra do Mimo, há cerca de 30 km de Barreiras. O projeto nasceu em 2006 e tem como objetivo fomentar o turismo religioso. Além da está-tua do Cristo, o parque terá estacionamento, pátio de eventos, capela, sanitários, lojas, teleférico, lanchonetes e um mirante. Para a captação dos recursos, diversos projetos foram encaminhados aos ministérios da Cultura, Turismo e Meio Ambiente. As doações podem ser feitas no Banco do Brasil, agência Sandra Regina, nº 3338-3, conta corrente nº 18.680-5. Mais informações no telefone (77) 3611.5926.

Estabelecimento faz reforma para melhorar ainda o atendimento, que já é informatizado. Agora, há um minipalco para shows e a iluminação intimista tornou a casa mais confortável. O proprietá-rio Adroaldo Vielmo tem sido referência em empreendedorismo do setor. O mote “em dobro” lançado por ele há algum tempo é copiado até hoje por vários segmentos do comércio.

Estátua do Parque do Santo Cristo começa a ser construída em fevereiro

Pensando em estabelecer uma relação de reciprocidade de bônus com a cidade de Barreiras, a Enkantário, em uma iniciativa ímpar com outras quatro empresas privadas e o Poder Público Munici-pal, realizou o projeto “Adote uma Praça”. O objetivo foi remode-lar e conservar o canteiro da Rua Ruy Barbosa (próximo a Igreja São João Batista). O que antes era só mais uma travessa, hoje é um espaço recreativo.

Enkantário com responsabilidade social

Recém inaugurada na cidade, franquia é uma tentação para os chocólatras. Localizada no Centro, avenida ACM, loja dispõe de várias opções de presentes e sabores para todas as idades.

Cacau Brasil: um novo saborde chocolate em Barreiras

Mais espaço e conforto no bare restaurante Dom Q’Chopp

MONUMENTO

1 Santa Rita (Santa Cruz-RN) 53m2 Cristo Redentor (Elóis Mendes-MG) 39m3 Cristo Redentor (Rio de Janeiro-RJ) 38m N.S. Monte Serrat (Salto-SP) 38m4 Frei Bruno (Joaçaba-SC) 37m5 Cristo Redentor (Colatina-ES) 35m6 Frei Damião (Guarabira-PB) 34m Santo Cristo (Barreiras - BA) 34m

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MEDIDAS COM PEDESTAL

LOJAS

Em parceria com a Burana, a loja Fátima Luz lançou um sapato com a sua marca. Fátima Luz, que é paisagista, e sua fi lha Rita, abriram a loja há um ano e agora entrou para o mundo das grifes. Sua coleção Verão-2012 já está disponível.

Fátima Luz vira grife de sapato

do setor. O mote “em dobro” lançado por ele há algum tempo é copiado até hoje por vários segmentos do comércio.

Page 21: Revista A ed. 7

Após caminhadas e protestos, as ações cobradas da Comissão Pela Paz de Barreiras começam a ganhar força. Na última reunião, o presidente da comissão, Gil Machado, informou que o vice-go-vernador da Bahia e secretário de Infraestrutura, Dr. Otto Alencar, assumiu o compromisso de que o Estado vai dar mais atenção às reivindicações da Comissão, principalmente no que se refere ao reforço na segurança pública e a reforma do aeroporto.

Na conversa com Alencar foram tratados vários assuntos, a exemplo da conclusão das obras do contorno viário (que depende da construção da ponte sobre o Rio Grande e se arrasta há anos), da necessidade de um presídio para a região (recentemente, mais de 80 presos fugiram do Complexo Policial da cidade) e as carências do corpo de bombeiros. “Se todas as demandas vão ser atendidas, não se sabe, mas o encontro já surtiu efeito. O carro de bombei-ros, que havia sido encaminhado para Salvador para realização de reparos e que já estava por lá há um ano, enfi m, está de volta à cida-de. Também recebemos um carro tipo caminhonete para resgate rápido”, contou Gil.

Paulo Baqueiro, membro da Comissão, explicou que o que está impedindo a reforma do aeroporto é a falta de uma licença ambiental, mas o projeto executivo da obra e os recursos já estariam garantidos por uma emenda de bancada do Estado.

A Comissão informou que há uma proposta para a implantação de uma unidade de semiliberdade para menores infratores, que cumprirão as medidas socioeducativas e a permanência, no 10º Batalhão de Polícia Militar, dos ofi ciais convocados em concurso e que estão em processo de formação.

Outra ação muito aguardada é a instalação da vigilância eletrô-nica em parceria com o 10º BPM. “Ela vai começar pelo centro co-mercial. Posteriormente vai se estender até os bairros mais violentos de nossa cidade. Precisamos inibir a prática de roubos e furtos. A fase agora é de arrecadação fi nanceira para o pagamento do projeto, avaliado em R$ 1,5 milhão de reais”, afi rma Célia Kumagai, presi-dente da CDL Barreiras.

“As ações da comissão neste último ano estão começando a resultar em bons frutos. E isso prova que quando a população, organizações particulares e mídia se unem em um objetivo comum, as coisas se tornam possíveis”, destaca Gil Machado.

Reivindicações daComissão Pela Paz surtem efeito, mas ainda falta muito

Page 22: Revista A ed. 7

miscellanea

Foi-se o tempo em que um carro sedan era o veículo dos grisalhos! Hoje, os carrões sedans, com designers imponentes e alta tecno-logia, mudaram este conceito e atraem cada vez mais jovens bem-sucessidos. Seguem dois modelos globais, que despertam os olhares dos consumidores no mundo inteiro: Chevrolet Cruze e Mitsubishi Lancer. Vejamos cada um:

O maior Rally off road de regularidade da América Latina completa 25 anos e prepara uma edição pra lá de especial. O Cerapió 2012 já soma mais de 300 inscritos de todo o Brasil, que prometem movimentar a competição. O evento começa dia 22 de janeiro e levanta poeira nas belas paisagens do Nordeste até o dia 27. A largada ofi cial para todos os competidores será dia 24, na praia de Cumbuco, aproximadamente a 30 km de Fortaleza e tem como destino fi nal Teresina (PI). Várias equi-pes de Barreiras (Quadrilha do Cerrado e Cupins do Cerrado) e de Luís Eduardo Magalhães vão participar da competição. Novos troféus à vista!

Designers arrojados de sedans atraem cada vez mais os jovens

Maior rally off road da América Latina será realizado em janeiro

CARROS

CERAPIÓ

Album Make and Hair

WERDER & BINHORua Dom Pedro II, 288 - Centro - Barreiras (BA)

(77) 3611.0007 / 5022 / 9119-3395

WERDER & BINHO

Chevrolet Cruze LTZRecém-lançado no mercado, o Cruze tem um designer moderno e inovador. Oferece o novo motor Ecotec, transmissão automática de 6 velocidades, chave com sensor de distância que destrava as portas, partida do carro por um botão, bancos em couro, freios ABS com EBD, central multimídia com display colorido de 7” com navegador GPS embutido e rodas aro 17”. Onde comprar: Topvel

Mitsubishi Lancer GTO Lancer é um sedan com alma esportiva que incorpora tecnologia dos veículos de competição em provas off-road, trazendo mais segurança para o uso urbano. Vem de fábrica com rodas aro 18”, sistema full airbag (dois frontais, dois laterais, quatro de cortina e um de joelho) e um sistema de freios completo, com 4-ABS, EBD, BAS e freio a disco nas quatro rodas. Onde comprar: Paraíso Motors

colaboração FÁBIO MOREIRA

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DESENROLAA LÍNGUApor ADERLAN MESSIAS

Acentose hifens

ACENTUAÇÃOQuem pensa que a Nova Ortografi a para por aqui

está enganado. Ainda vamos falar muito dela. Detalhe, “para”, do verbo parar, não tem mais acento, viu! Viu aí? Tanto o verbo quanto a preposição são palavras grafadas da mesma forma, apenas o contexto do enun-ciado dirá qual a classe gramatical delas. É até melhor mesmo, pois muita gente já nem usava. hehe...

Olha essa: Quando eu estudava no ensino funda-mental minha professora de português vivia dizendo: “decorem a regra de acentuação “crêdêlêvê” e vocês nunca mais errarão”. Nossa, era uma ladainha! Coitada da pró, agora terá que desdizer esta regra. Aposto que ela vai ler isso que escrevi e vai dar belas gargalhadas. hehe...

Bom, voltando a fi ta, todas as palavras como creem, deem, leem, veem e suas derivadas, não possuem mais acento. Detalhe: magoo, enjoo, perdoo também per-deram os acentos. A santa regra diz que os hiatos das palavras terminadas em eem e oo não vão mais receber o chapeuzinho (^), que é o acento circunfl exo.

Ah, já ia me esquecendo de falar. Tem gente dizendo que o acento do verbo “têm”, no plural, deixou de exis-tir. Nananinanã...o acento permanece, pois não existe a palavra teem. Ok?!? Logo, grafa-se têm. Olha o exem-plo: Os leitores têm grande paixão por esta coluna. Ou será que não??? hehe...

Epa, outra coisita mais!!! Atenção com os termos ver-bais “veem” e “vêm”. Não confundam, hein!?! Vejam: Helena vem correndo para os braços de Paris. Ou ainda: Menelau e sua tropa vêm destruir a grande Troia. E essa: Os troianos veem que é impossível conter a guerra. E por falar em Troia, leiam o livro “Troia: o romance de uma guerra”, de Cláudio Moreno. Muito bom!

Ei, volte aqui! Você mesmo, leitor!!! Você não achou nada diferente no vocábulo “Troia”?? Essa não vou dizer. Você já sabe!!! hehe...

USO DO HÍFENFalei tanto da acentuação que quase não sobrou espaço

para falar do uso ou não do hífen. Analisem os vocá-bulos: anti-infl amatório, micro-ônibus, semi-internato, super-racista, hiper-requintado, autoescola, semiárido, semideus, seminovo, autopeça. Perceberam alguma diferença? Sabe dizer por que umas têm e outras não o hífen? Bom, na próxima edição eu explico, porque senão vou para a próxima página. rsrs...

ADERLAN MESSIAS ADERLAN MESSIAS é Licenciado em Letras Vernáculas (UNEB),

especialista em Psicopedagogia (FASB), professor de Língua Portuguesa e Metodologia Científi ca da

FASB, bacharelando em Direito e professor de Língua Portuguesa e Semiótica (UNEB/Plataforma Freire)

[email protected]

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miscellanea

Lamarca e Zequinha,40 anos depoisDesde o seu lançamento, o filme documentário “Do Buriti à Pintada, Lamarca e Zequinha na Bahia” percorre as cidades do interior da Bahia em uma verdadeira mostra cultural. Dirigido pelo professor de História Reinaldo Pereira, o “Reizinho”, o filme conta a trajetória de Lamarca e Zequinha pelo Buriti Cris-talino, povoado de Brotas de Macaúbas (BA), onde tentaram organizar um núcleo de resistência armada contra a Ditadura Militar. “Este filme lembra os 40 anos da morte de Carlos La-marca e Zequinha Barreto na Bahia. Foi concebido como uma contribuição à valorização da memória política no Brasil”, conta Reizinho. Acompanhe a entrevista.

De onde surgiu essa ideia? Você já tinha feito algum do-cumentário?

Não e sim. A primeira vez que eu tive contado com cinema, foi na gravação do filme “Lamarca”, de Sérgio Rezende, que teve Paulo Betti como Lamarca. Eles foram gravar em Ibotirama. Por um acaso eu tinha trancado a minha faculdade de História na UFBA, em Salvador. Fui pra Ibotirama pra dar um tempo. A equipe chegou lá na Prefeitura e eles ligaram pra mim. ‘Reizi-nho, você não quer vir fazer parte da equipe do Sérgio Rezen-de? Eles estão vindo gravar um filme sobre Lamarca’. Eu topei na hora. Fiquei como assistente de produção local. Tive contato com o set de filmagem, com atores, figurinistas, essas coisas. Aí eles foram embora... Meu segundo contato com o cinema foi há quatro anos no projeto Revelando os Brasis, do Ministério da Cultura. Eu fui assistente de direção desse filme, que é de Juvenal Neves, chamado “O Massacre da Serra”. É um episódio real... Ai pronto! Depois que eu terminei a minha faculdade de História em Salvador, pensei em fazer um mestrado. Dois anos depois, um professor falou: já que eu era de Ibotirama, tinha uma história legal de Lamarca e Zequinha na região pra fazer uma dissertação.

Quem foi Zequinha?Zequinha é filho de um povoado de Brotas de Macaúbas,

chamado Buriti Cristalino. Ele é filho de uma família católica, respeitosa... E com 12 anos os pais o encaminharam para ser padre. Ele era o primogênito da família. Ele passou quatro anos em Garanhuns (PE). No último semestre, ele desistiu da batina e foi pra São Paulo, ser estudante e trabalhar. Isso foi em 1965. Em 1968 ele já era líder dos metalúrgicos e presidente do

círculo operário de Osasco. Aos 18 anos, já era líder estudan-til e sindical. E no auge da ditadura ele foi preso e torturado. Depois de sua prisão, ele retorna pra sua terra natal e começa um trabalho cultural. Em 1971, Lamarca, sem ter pra onde fugir, descobre que tinha um cara chamado Zequinha Barreto que fazia um trabalho político aqui. Daí ele veio pra Bahia, ficar com Zequinha, na Serra, clandestinamente. Então, Zequinha é essa figura que acompanhou os últimos dias da vida de Carlos Lamarca, aqui no interior da Bahia. Ele foi morto com Lamarca em 17 de setembro de 1971, aos 26 anos de idade. Lamarca é do Rio, capitão do Exército aos 28 anos. Ele saiu de dentro do Exército no auge da ditadura para ir lutar ao lado do povo.

Como foi produzir esse documentário?Comecei a fazer a dissertação sobre isso, e em 2004 tive a

ideia de fazer o documentário. ‘Nossa! As pessoas que convive-ram com eles ainda estão vivas’. Pensei logo em uma frase da TV Brasil que fala assim: ‘Quando a realidade parece ficção, é hora de fazer um documentário’. Coloquei o projeto em vários editais e o governo nunca me dava uma resposta positiva. Depois de muito tempo, recorri ao Portfólio Laboratório de Imagens lá de Salvador, que já tinha uma experiência nessa questão de documentários. Eles não tinham dinheiro pra me financiar. Eu passei 9 anos para fazer esse documentário. Co-meçamos a fazer o filme por nossa conta, nos finais de semana. Viajei o Brasil fazendo entrevistas. Fui pra São Paulo, Tocantins, Salvador. Quando eu vim pra Barreiras ganhei de Zé da Mata um depoimento que ele tinha do pai de Zequinha, gravado em 1983. Foram muitas dificuldades.

E como está a repercussão desse documentário?Eu confesso que não esperava essa repercussão. Só recebo

elogios. Do lançamento que fizemos em 9 de julho pra cá, viaja-mos muito pela Bahia, divulgando. Penso em colocar o docu-mentário em alguns festivais. É um filme sem fins lucrativos.

FILME

O diretor do documentário e professor de história se diz surpresa com a repercussão que seu filme tem tido onde é exibido

C.F

ÉLI

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por KARINE MAGALHÃES

miscellanea

EXCLAMAÇÃO

[email protected]

KARINE MAGALHÃES é consultora de moda, trabalhou na renomada Maison

Ana Paula e nas lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide (todas em Brasília) e também em cerimoniais

com Cristina Gomes. Atualmente faz consultoria para Maison Caroline (Barreiras-BA) e r.A

@Barreirasemfoco

barreirasemfoco.com

Look fashionin pautaOs dias são mais claros, a gente aproveita ao máximo a estação mais quente e vibrante do ano, começam os planos para festas e férias de verão. É hora de repensar o closet! Tem coisa melhor? Então aqui vão algumas sugestões.

Vasados direto da década de 80Recortes nas roupas estão de volta!Use sempre o bom senso, o ambiente para usar roupas recortadas é o informal. Isso quer dizer, não é para ir ao trabalho, meninas!

1 Celebridades DKNY;2 Desfi le Versus;3 Barreiras: Fabíola Cabral;4 Barreiras: Cristina Maçal.

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Black & GoldOu simplesmente preto e dourado. Uma combinação que evoca o glamour do rock, está nas roupas e acessórios. É uma tendência fortíssima para curtir festas de verão.

Bo.Bô

Le Lis Blanc

Santa Lolla

Hot Pants revisitado!O hot pant (shorts curtos ou calcinhas grandes) surgiu em 1950 nos biquínis passando para looks das pin ups e muito usado na década de 70. Use essa proposta para ir a balada, àquele barzinho com as amigas ou a uma festa mais descolada. A camisa, o colete ou o blazer deixa o look menos ousado e mais elegante.

FOTOS: REPRODUÇÃO

FOTOS: REPRODUÇÃO

FOTO: KARINE

FOTO: KARINE

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Faltam poucos dias para a chegada do fi m do ano. Nada melhor que já ir pensando em todo o seu look para passar a virada em grande estilo e entrar com o pé direito em 2012. Mas, às vezes, o tempo não colabora e além da roupa, temos que nos preocupar com os presentes, a viagem, a festa, o salão e acaba não sobrando tempo para pensar na roupa.Muitos looks para o Réveillon de 2012 já foram vistos em várias passarelas mundo afora, o que os diferenciam são os modelos, cores e texturas. Mes-

mo com o branco prevalecendo, essa temporada de moda trouxe uma gama de cores bastantes extensas e vivas de volta às pas-sarelas, sem deixar de ressaltar os diferentes tipos de tecidos com texturas incríveis. Se você for apostar nas cores, opte pelo azul, amarelo, rosa e laranja. As cores néon e metálicas, como o dourado e prata também vêm com tudo! Os vestidos, como sempre, em alta para o Réveillon, principalmente quem irá passar na praia. E com os acessórios, a dica é você usar em um ponto que você quer que chame atenção, por exemplo: busto, cabeça, braços ou cintura.Ah! Não poderia me esquecer dos homens! Sugiro sempre algo leve e neutro, como camisas, camisetas ou batas brancas com uma bermuda xadrez ou calça branca. Confesso que homem quando veste tudo branco, fi ca mais charmoso! Agora, inspirem-se nos looks abaixo para receber o ano de 2012 de braços abertos!Beijos!

Réveillon:COM QUE ROUPA EU VOU?

por VANESSA HORITA

ÚTIL

[email protected]

VANESSA HORITAé formada em Administração (UniCeub-DF),

morou no Canadá e nos EUA, adora viajar e conhecer culturas diferentes, é uma fashionista

de plantão e ama a vida

Regata Tricot Farm,Saia Regina Salomão eScarpin Glitter Schutz Camisa Calvin Klein,

Bermuda Branca VRe Tênis Osklen

Regata Neon Bo.Bô, Pulseiras Metally, Carteira Ellus, Saia Bo.Bô,

e Sandália Lelis Blanc

Vestido de renda Anemess,

Carteira Ellus,Sandália

Luiza Barcelose Brincos

Camila Klein

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Ocasiões especiais merecem um ambiente agradá-vel, que transmita ao mesmo tempo conforto e re-quinte. Pensando nisso, além dos saborosos pratos, que tal dar uma atenção especial àquilo que parece apenas detalhe? Para a celebração Natalina, aposte nos tons brancos e vermelhos. Uma opção para evitar os clichês é inovar com as cores nos talheres e taças, por exemplo. Os castiçais de vela altos devem ser evitados, pois podem impedir uma conversa com a pessoa que está sentada a sua frente. Deixe a fartura por conta da ceia. Em uma mesa preparada para uma família com quatro pessoas, utilize aces-sórios baixos e utensílios simples, que darão todo charme e elegância ao seu Natal.

MESANatalina

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consultoria RENATA MAFRApeças BURITIS PRESENTESfotos C.FÉLIX

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Rua Dr. Abílio Farias, 16 - Centro - Barreiras (BA) (077) 3612-8477 - E-mail: [email protected]

Por Cecília Pondé, promotora de justiça

fatimaluz Agradecimentos Chácara Solar do Rei

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Visitar a “Provanza – aromas e sabores”, loja recém-inaugurada em Barrei-ras, é colocar os cinco sentidos à prova. É surpreender-se. Além da linha de refi nados cosméticos para homens, mulheres e teens, a loja ainda oferece deliciosos e delicados chás importados dos EUA e Japão.“A ideia era inovar. Tocar as pessoas”, conta a proprietária Híbera Viana Ferreira, formada em Musicoterapia pela Católica, em Salvador. E deu certo. Alguns clientes até sugeriram que a loja funcionasse até 21h. “Eles querem vir pra cá, depois do trabalho, e bater um papo, tomar um chá”, conta. Híbera já pensa em criar até a “confraria do chá”, para reunir amigos e amantes da bebida e colocar algumas mesas na calçada.Franquia mineira, Provanza é sinônimo de bem-estar, saúde e beleza. Ela se diferencia no mercado de cosméticos por trabalhar o lado espiritual e mental. A matéria-prima é importada de outros países. Os produtos, fabri-cados em Uberlância (MG), têm preços acessíveis e conquistado o corpo e a mente dos consumidores que conhecem a franquia. Em Barreiras, além de a loja oferecer tudo isso, ainda disponibiliza rede wi-fi . Confi ra!

PROVANZA - AROMAS E SABORES Rua Dom Pedro II, 283-A - Centro (Alameda das Grifes) Barreiras (BA) (077) 3611.1219

INFORMAÇÕES

INAUGURAÇÃO

SEUS SENTIDOSSurpreenda

Nova loja é um convite ao relaxamento. Além das linhas de consméticos, serve chá e disponibiliza acesso gratuito

a web. “Em breve, vamos criar a confraria do chá”, revela a

proprietária Híbera Viana

texto REDAÇÃO fotos C.FÉLIX

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INFORMAÇÕESBELÍSSIMA

Rua D. Pedro II, 260-C - Centro - Barreiras (BA) (077) 3612.4900 / 9967.7997

A NOVABelíssimaHá quase um ano no mercado barreirense, a Belíssima se tornou referência para mulheres que andam antenadas, que gostam de exclusividade e não resistem a sandálias e acessórios de bom gosto. Agora, a loja que mudou para o número 260-6 da rua D. Pedro II expandiu seu espaço e seus produtos. O casal Rodrigo e Eliana Wanderley, que chegaram da Inglaterra há pouco mais de um ano, explica que o objetivo foi oferecer mais conforto e opções exclusivas para o cliente. E o melhor: a preços acessíveis.Agora, além de trabalhar com a linha de calçados Anarrô, Maraolo, Eva e Dayfex , a Belíssima também trabalha com os óculos de sol e confecções +Qd+ e Superfície. Tudo isso além de cintos, bolsas, cartei-ras e outros acessórios. Se você quer arrasar nesse fi m de ano e entrar na tendência do verão 2012, é imprescindível visitar a Belíssima.

Agora em novo endereço, Belíssima dispõe de maior espaço, conforto e varidedade de produtos. Apesar das mudanças, os preços

estão mais acessíveis, garantem os proprietários Rodrigo e Eliana Wanderley

MUDANÇA

A.S

TE

LLA

texto REDAÇÃO fotos C.FÉLIX

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Rua Profª Guiomar Porto, 145 (Pça. Castro Alves) - Barreiras (BA) (77) 3611.8270Shopping Center Rio de Ondas - Barreiras (BA) (77) 3612.3737

Rua Clériston Andrade, Qd. 19, Lj. 16 - Luís Eduardo Magalhães - Barreiras (BA) (77) 3628.5914

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Mais que depilação, oferecemos bem-estar. Com esse lema, a Depyl Action vem conquistando o mercado barreirense de depilação com cera morna. Os produtos 100% naturais, à base de mel de abelha e própolis silvestre, unem as proprieda-des hidratantes do mel ao efeito anestésico, antialérgico e cicatrizante da própolis, ou seja, durante o serviço estético o cliente desfruta da qualidade terapêutica e antibiótica do tratamento. A Depyl Action é uma franquia especializada em depilação com mais de 70 lojas por todo o país, e atende ao público feminino e masculino. Além das ceras, a depiladora disponibiliza também esfoliantes e hidra-tantes corporais com princípios naturais. O primeiro remove as células mortas da camada superfi cial da pele e evita problemas com pelo encravado e foliculite. O segundo, hidrata e umedece a pele sem deixar aquela aparência oleosa que ofusca a beleza. É importante lembrar que a consulta profi ssional é fundamental para que os resultados satisfatórios sejam alcançados.Além da depilação padrão, a depiladora oferece também a artística. São desenhos pubianos sensuais e divertidos em forma de coração, coelhinho, estrela, seta, maçâ mordida, lua, beijo dentre outros.

ESTÉTICA

COM PROPRIEDADE TERAPÊUTICA

Depilação

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DEPYL ACTION Rua Guiomar Porto, 392 - Centro - Barreiras (BA) (077) 3613.2788

www.depyl.com.br

INFORMAÇÕES

texto REDAÇÃO fotos J.BARBOSA / SXC

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A realização da caminhada demonstra falta de paciên-cia, cansaço pela demora em se deliberar um profi ssional para atuar no município?

Exatamente. Antes da caminhada havíamos feito várias etapas protocolares. Redigimos e encaminhamos quatro ofícios. Dois para a Corregedoria do Interior, dois para a presidente do Tri-bunal de Justiça na Bahia (N.E: Telma de Brito). Fizemos vá-rias reivindicações. No dia 10 de agosto tivemos uma reunião com ela em Salvador. Nesta reunião ela nos disse quais eram as difi culdades e qual era o plano do Tribunal de Justiça para suprir a ausência de um juiz em Luís Eduardo. Saímos de lá, com a expectativa de termos um juiz para nossa Vara Cível, até no máximo o fi nal de setembro ou outubro. Nada aconteceu. Nós sabemos que foi realizado um edital. Sabemos também que aproximadamente 40 juízes colocaram a cidade de Luís Eduar-do com uma possível comarca para ser assumida, mas até hoje não tivemos o provimento do cargo.

O que será feito agora?Estamos fazendo um manifesto escrito que será protocolado

no Tribunal de Justiça, no CNJ em Brasília e vamos reivindicar

É UM DOS PIORES DO BRASIL”

“O judiciário da Bahia

Há mais de 250 dias sem um juiz que responda pela Vara Cível em Luís Eduardo Magalhães,

o Clube dos Advogados (CALEM), criado em 2005 por não haver ainda uma entidade

representativa da classe (hoje já há uma subsecção da OAB), promove caminhada, abaixo-

assinado e quer reunião com Conselho Nacional de Justiça em Brasília. “Já fi zemos várias

reivindicações ao Tribunal de Justiça da Bahia e até agora, nada”, declarou o presidente do Clube,

o advogado Cristhiano Becker Cechet, reclamando do descaso para com a região “Quando

mencionávamos nossa cidade em Salvador, eles perguntavam: ‘Fica onde? Na Bahia?’”

texto/foto ANTON ROOS

uma reunião com alguns dos ministros do CNJ para explicar a nossa situação. Para esse abaixo-assinado, contamos com toda comunida-de. Precisamos explanar pessoalmente para os ministros do conselho as nossas mazelas. A expectativa é para dezembro, no máximo em janeiro termos um juiz nomeado em Luís Eduardo. Mas automati-camente, assim que tivermos essa demanda atendida, vamos iniciar um trabalho para a deliberação de um novo promotor, uma nova Vara Cível, nova delegacia, novos policiais. Só vamos parar quando tivermos uma estrutura adequada ao que o município necessita.

Existe alguma explicação razoável para essa desassistên-

cia?Não tem justifi cativa a situação em que a gente se encontra. O mo-

tivo de não termos uma estrutura minimamente adequada a nossa realidade é simplesmente descaso, tanto por parte do Tribunal de Justiça quanto do governo do Estado.

A desativação de 50 comarcas no Estado, no último mês de

outubro, gerou uma série de expectativás em relação a pos-sibilidade de alguns destes profi ssionais serem transferidos para o município. O que houve de fato? Existe alguma possi-

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CRISTHIANO BECKER CECHET

bilidade disso acontecer?Hoje não tem nada. O que aconteceu foi a desativação, mas

a partir dela não teve alocação de nenhum destes profissionais. Continuam todos nos seus devidos locais de origem. Vai decor-rer alguma transferência, mas acredito que nós não vamos ser agraciados com algum funcionário tão cedo. O nosso quadro de funcionários permanecerá como está por pelo menos 4 ou 5 meses. Essa é a expectativa hoje.

Há ainda alguma espécie de preconceito em relação ao

município, pelo pouco tempo de emancipação?Não vi nada que sinalizasse nesse sentido, o fato de Luís

Eduardo ser um município jovem motivar alguma espécie de preconceito por parte do Tribunal. Até porque, o tamanho do município acaba se sobrepondo a sua juventude. Luís Eduar-do Magalhães é muito maior que muitos municípios no estado emancipados há mais tempo. Então, essa questão do tempo de vida do município nunca foi mencionado em nenhum encontro que a gente teve.

O fato de estar a quase mil quilômetros da capital e da

sede do Tribunal de Justiça da Bahia atrapalha? A distância é um problema sim. Chegou ao extremo de em al-

guns locais no Tribunal de Justiça em Salvador, nós mencionar-mos que pertencíamos ao Clube dos Advogados de Luís Edu-ardo Magalhães e eles perguntavam: É da onde? Fica na Bahia? Então, nossa região no litoral não é conhecida.

Já que existe esse distanciamento, essa desatenção, a

solução seria desmembrar a região e criar o Estado do Rio São Francisco?

Na minha opinião, como presidente do Clube, sim. Descen-tralizar a administração vai melhorar nossa situação. Para se ter uma ideia, nós temos três capitais que nos atendem melhor que Salvador, por uma questão de distância: Palmas (TO), Goiânia (GO) e Brasília (DF). Aqui, quando a comunidade pensa em algum serviço que precisa ser feito ou que você vai receber, pri-meiro se pensa nessas três capitais. Salvador é apenas a quarta.

Na prática, o que a falta de funcionários e juízes para

atender um município como LEM representa?Para a comunidade, a dificuldade é muito grande. Um credor,

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CRISTHIANO BECKER CECHET

A PERSPECTIVA DA JUSTIÇA NO BRASIL HOJE É A PIOR POSSÍVEL. SE COMEÇAR A SE TRABALHAR MUITO, ELA PODE FICAR RUIM, E SE DAQUI A 10 ANOS O TRABALHO FOR BENFEITO, PODE FICAR RAZOÁVEL - ISSO TENDO POR BASE UMA MÉDIA GERAL NO PAÍS TODO”

»por exemplo, não recebe crédito. Se você tem uma dívida, não tem como cobrar. Uma ação de separação, não consegue separar. Ação relacionada a pensão alimentícia, não vai receber. Não vai acontecer nada, absolutamente nada que necessite da justiça. Daí as pessoas tendem a resolver os problemas delas como acham que devem ser resolvidos. Vão procurar resolver de outra forma. Outra forma que, muitas vezes, não é legal.

Comparada com outros estados a justiça na Bahia cami-

nha de forma mais lenta ou o que vem acontecendo aqui é um caso isolado?

Não é fato isolado. Nós temos notícia de vários outros muni-cípios que estão em situação pior que a nossa. O motivo maior é que o Tribunal de Justiça não consegue gerir as comarcas que estão criadas. Falta juiz, falta servidor e falta orçamento. O judiciário da Bahia é um dos piores do Brasil.

Com um número expressivo de advogados atuando no

município - faculdades formando novos profi ssionais -, ain-da existe mercado para tanta demanda?

Pensando na situação atual, não tem mercado para novos profi s-sionais. O profi ssional que depender do Poder Judiciário para ter retorno no trabalho dele, não tem trabalho em Luís Eduardo.

É possível acreditar na justiça no país?Olha, eu recebi com felicidade as declarações da corregedora

do Conselho Nacional de Justiça, Eliana Calmon, na revista Veja, quando declara que a justiça no Brasil é horrível e que temos no país “bandidos de torga”. Pensando por esse viés, a perspectiva no Brasil hoje é a pior possível. Se começar a se trabalhar muito, ela pode fi car ruim, e se daqui a 10 anos o trabalho for bem feito, pode fi car razoável - isso tendo por base uma média geral no país todo. Tem alguns locais onde existe uma justiça heroica. No Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, você vê um cartório estruturado, um juiz. Mesmo com a demora terrível no desenrolar dos processos. Mas nada se compara ao que se tem aqui. Aqui se extrapola qual-quer nível de razoabilidade.

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Esta seção foi criada pela r.A para mostrar um pouco do perfi l dos jovens empreendedores que mudaram a cara e o estilo dos negócios no Oeste da Bahia.

JOVEMEMPREENDEDOR

NOME SANDRO DE PAULAIDADE33 anos

FORMAÇÃO ACADÊMICAEnsino médio incompletoEMPRESAPlanet CarFUNÇÃOProprietário

NOSSO GRANDE DIFERENCIAL ESTÁ NO ATENDIMENTO. NÓS QUEREMOS QUE O CLIENTE SAIA SATISFEITO DA LOJA. A GENTE ESTABELECE UMA RELAÇÃO DE CONFIANÇA QUE AGRADA ”

“Não basta apenas estudar. É preciso ter dom. É preciso ter tino pro negócio. Não é só ter conhecimento. Tem que ter disposição, responsabilidade, vontade”, senten-cia Sandro Santana de Paula, que em quatro anos abriu

quatro lojas de revenda de automóveis (três em Barreiras e uma em Luís Eduardo Magalhães) e a marca Planet Car.

Quando foi abrir a primeira loja, seu pai, Nelson Francisco de Paula, fi cou receoso. Sempre negociara com carro, é verdade, mas nunca teve coragem para abrir uma loja. Era muita responsabilidade. Fazia seus negócios sem um ponto fi xo. Comprava um carro aqui, vendia ali. Li-gava para um amigo, alguém lhe indicava. Conhecer muitas pessoas e ser honesto era a alma do negócio. Assim, Sandro foi aprendendo com o pai os princípios de um bom negócio, da pré a pós-venda. Tudo co-meçou com a venda de um aparelho de áudio automotivo. O pai com-prava um carro, ele retirava o som e negociava. Foi fazendo amizades, criando gosto. Descobriu que podia expandir sua relação de vendas se tivesse mais aparelhos e iniciou suas viagens para Brasília. Lá encontra-va mais opções para atender a sua clientela. Por fi m, Sandro já estava vendendo moto, depois carro. Não demorou e já estava abrindo a pri-meira loja, mesmo contrariando o pai. Era pequenininha, é verdade, mas foi um passo fundamental para o jovem empreendedor dar vida ao bem-sucedido empresário que acabou se tornando.

“Eu peguei uma fase em que a venda de automóvel estava em alta. O comércio era favorável, as facilidades de compra ajudavam. Foi uma época boa. Fiz parceria com lojas concessionárias e fui tocando”, confessa Sandro, que não concluiu o ensino médio mas se tornou um expert em manter a fi delidade do cliente. “Nosso grande diferencial está no atendimento. Nós queremos que o cliente saia satisfeito da loja. Nossos carros têm qualidade, procedência. Tenho cliente que já comprou sete carros em minha mão. Às vezes ele vem aqui querendo comprar um carro novo mas não vai na concessionária. Prefere que eu vá lá e negocie. A gente estabelece uma relação de confi ança que agrada o cliente”, conta empolgado.

Sandro acorda às seis da manhã e trabalha até às oito da noite. Quando chega em casa, faz um exercício de refl exão sobre o dia, “coloca as ideias em ordem”. Para ele, todo dia é dia de trabalho. Se for necessário, lá está ele no batente no domingo, feriado. Com perfi l de empreendedor moderno, ele não fi ca apenas atrás de uma mesa esperando que as coisas aconteçam. A todo momento está cir-culando, conversando com cliente, vendendo, gerenciando, viajando

e abrindo novas frentes de negócios: locação de carros para empresas e transporte de cargas.

O jovem empresário de 33 anos comanda hoje 38 fun-cionários. “É uma relação bem transparente. Todos eles são meus amigos”, explica ele: “eu preciso deles e eles de mim. Não tem uma pessoa aqui que me peça ajuda que eu não ajude, quer seja na educação ou em outra coisa. Todos aqui têm um carro, uma moto. Se precisam estou sempre à disposição. Tenho muitas amizades. Daí acabo levando um cliente pro meu vendedor. Que já passa a ser cliente dele. Isso contribui bastante. Agora, tudo com honestidade. É isso que ensino. Atender bem e com qua-lidade é nossa prioridade”, explica Sandro. Na sequência ele atende a uma ligação, aponta uma solução, agradece a visita e diz que tem que sair. “Negócios, entende?”. Qua-se não conseguimos tempo para fotografá-lo.

DomPARA O NEGÓCIOtexto/foto C.FÉLIX

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Competências

Como ter sucesso no mercado? Como produzir mais e melhor? Como crescer e se expandir? A resposta mais óbvia para esses questionamentos seria através das pessoas que compoem a orga-nização. Correto, mas o que essas pessoas têm a oferecer? Somente fidelidade e dedicação ao aparato normativo e cultural da empresa? Você

empresário deve se perguntar por que nem sempre os treinamentos e palestras pagos pela empresa surtem o efeito esperado? Não bastam pa-lestras e treinamentos, é preciso desenvolver continuamente cada cola-borador, identificar ás suas competências e desenvolvê-las de forma que possam agregar valor à organização.

Falam muito em competências. Como definição, utiliza-se um jargão bastante conhecido por muitos, o bom e velho CHÁ, a interação entre conhecimentos, habilidades e atitudes que justificam um autodesempe-nho, um saber agir responsável e reconhecido, capacidade de aprender, mobilizar, integrar e transferir conhecimentos, recursos e habilidades, num contexto profissional determinado e de forma homogênea gerando valor econômico para os negócios da organização.

O conhecimento é o saber. Envolve a educação formal, saber o quê, saber o porquê, saber para quê; a habilidade é o saber-fazer. São as ex-periências, o saber como, as técnicas, o conhecimento experimentado, praticado, a atitude é o saber ser, ou seja, ter determinação, responsabi-lidade, comprometimento, motivação e iniciativa.

Para que possamos entender melhor vou exemplificar: imagine um design de móveis, ele é muito solicitado por empresas que vendem mó-veis sob medida, pois entende todo o processo e sabe desenhar com perfeição, ele tem o saber acadêmico (conhecimento) ele consegue ma-terializar exatamente aquilo que lhe é solicitado, o cliente ver a sua ideia no papel (habilidade) entrega todos os pedidos dentro do prazo, pois é organizado e comprometido com o seu trabalho e se preocupa com a satisfação do seu cliente (atitude). Vale ressaltar que este profissional será competente se possuir as três dimensões de forma equilibrada.

O conhecimento você adquire através de estudos dedicados; a habi-lidade vem do exercício incansável, da repetição e do aprimoramento

contínuo; a atitude, ao contrario das outras duas dimensões da competên-cia, vem da própria pes-soa, depende somente

dela decidir ir e fazer, querer fazer.O mercado de trabalho sempre buscou pessoas

competentes tecnicamente, mas com o surgimento de novos modelos de gestão passou a valorizar não somente a competência técnica, mas a intelectual e comportamental, fatores decisivos no desempenho do profissional. Sendo assim, as empresas devem valorizar o saber, o saber-fazer e o saber-ser.

Como identificar um profissional competente? São proativos, sonham e realizam, planejam e de-pois executam; são disciplinados, trabalham em equipe aprimorando o desempenho de cada mem-bro, fazem com que as pessoas reconheçam sua capacidade através dos seus atos e buscam o cresci-mento das competências organizacionais.

No tocante às organizações elas devem oferecer benefícios significativos aos consumidores, desen-volver e executar processos difíceis de serem imita-dos como também adentrar em novos e diferentes mercados. Desta forma, uma empresa será com-petente quando for capaz de combinar e integrar recursos que agreguem valor a produtos e serviços, isso acontece quando se estimula a aprendizagem organizacional que começa no âmbito individual para o grupal e quando menos se percebe já faz par-te da cultura e das práticas da organização.

TENDÊNCIA OU REALIDADE: por OSMIR SANTOS

É PRECISO DESENVOLVER CONTINUAMENTE CADA COLABORADOR, IDENTIFICAR AS SUAS COMPETÊNCIADE FORMA A AGREGAR VALOR À ORGANIZAÇÃO

OSMIR SANTOS é formado em Administração de Empresas com Habilitação em Recursos Humanos pela Unyahna de Barreiras, MBA em Gestão de Negócios e Controladoria, Pós-Graduando em Inovações na Gestão Pública pela UFBA, professor do curso de administração de empresas da Unyahna de Barreiras nas disciplinas de Gestão de Pessoas e Desenvolvimento de Novos Negócios, tutor do curso de Tecnologia em Recursos Humanos da Unopar polo Barreiras, vice-presidente da Associação de Jovens Empreendedores de Barreiras e sócio da Chave Consultoria Empresarial.

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REPORTAGEM

CAOSEm cinco anos, a frota de carros de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras passou de 41.660 para 74.044. Isso sem falar dos carros que vêm de outros estados e os que estão em trânsito. Sem estrutura, sinalização adequada e fiscalização municipal, as duas cidades apresentam um trânsito caótico e, muitas vezes, violentotexto ANTON ROOS e THIARA REGES fotos ANTON ROOS e C.FÉLIX

A partir desta edição, a r.A passa a veicular reportagens especiais sobre problemas urbanos e sociais da região com o objetivo de fortalecer o exercício da cidadania e ajudar no desenvolvimento sustentável do interior baiano.

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A regularidade do agronegócio atraiu nos últimos dez anos novos empre-endimentos, no setor comercial e de serviços. Das mais de 10 conces-sionárias de veículos automotivos, pelo menos cinco foram abertas nos últimos dois anos em Barreiras. Segundo dados da 10ª CIRETRAN, em setembro deste ano a frota de carros na cidade de Barreiras já era de

51.058 veículos e 22.986 em Luís Eduardo Magalhães, representando 82,5 % de toda frota dos 13 municípios que compõem o extremo Oeste da Bahia. Traçando um paralelo com o Censo Demográfico 2010 – parcial, os dados completos serão divulgados em 2012 -, temos uma média de um veículo para cada duas pessoas. Em dezembro de 2007 Barreiras tinha 31.485 autos e Luís Eduardo Magalhães 10.175. A grande questão é: o Oeste está preparado para uma frota de veículos tão grande?!

Municipalização do trânsitoNovidade? De fato não. Os problemas de trânsito encontrados diariamente nos grandes centros urbanos já são encontrados em Barreiras. Engarrafamentos, fluxo de veículos acentuado em horários de picos, falta de estacionamento nas ruas do centro comercial, condutores e pedestres que não respeitam as leis de trânsito e a cordialidade necessária para a convivência em sociedade, sinalização precária e às vezes confusa, infraestrutura precária, e muita, muita buzina, resultado da irritação de quem está no volante. Segundo dados da Coordenação Municipal de Trânsito – Cotrans, já são mais de 69 mil veícu-

los automotores, conduzidos por motorista e “motoristas”.

As irregularidades são percebidas em qual-quer parte da cidade: estacionamento em lo-cais proibidos, motoristas e passageiros sem cinto de segurança, motociclistas falta sem capacetes e direção perigosa por uso de álco-ol. Nem a Praça Castro Alves, popularmente conhecida com Praça das Corujas, escapa. No centro comercial da cidade, com vagas que deveriam servir como estacionamento para clientes do comércio e bancos, a praça se transformou num feirão de carros usados.

Mas começa a surgir uma luz no fim do túnel. Barreiras está entre as 30 cidades da Bahia integrantes do Sistema Nacional de Trânsito que já iniciou o processo para a mu-nicipalização do trânsito. A Cotrans, criada em maio de 2010, está realizando a capaci-tação dos oito agentes de trânsito aprovados em concurso e de policiais civis e militares. A previsão é que em janeiro de 2012 eles já estejam nas ruas, autuando. Mas só isso não resolve.

Barreiras precisa rever toda sua sinalização vertical e horizontal, além do sentido das vias, rotatórias e zonas para estacionamento. A Prefeitura está tentando, junto ao governo estadual, uma parceria para implantar um projeto de engenharia de trânsito em Barrei-ras. A sua municipalização é certa e, com a implantação do Zona Azul, pode-se resolver mesmo que temporariamente o problema de estacionamento nas ruas com maior fluxo de veículos.

“A Zona Azul é uma das alternativas. É de-terminada uma área onde cada carro pode ficar estacionado por uma hora a uma taxa determinada. Para isso, é necessário um pro-jeto de lei criando a Zona Azul. Nossa pro-posta é que já seja criada e com ao menos 5 mil vagas”, destaca o coordenador.

Pedro Cardoso, Coordenador Geral de Educação para o Trânsito no Estado da Bahia, presente em Barreiras para a aula inaugural da capacitação dos agentes con-cursados, acredita que o trânsito só vai real-mente mudar quando for incluída uma dis-ciplina de educação para o trânsito na grade curricular das escolas. “Esta é uma solução a longo prazo. Hoje é difícil fazer prevenção e, deste modo, às ações punitivas, blitz de fiscalização e multas, são totalmente neces-sárias”, garante. »

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A cidade que corre para a rodoviaO contorno viário projetado para reduzir o fluxo de veículos volantes no trecho da BR-242 que corta o centro da cidade, está em fase de finalização (pelo menos o asfaltamen-to), após cinco anos de uma obra cheia de paralisações. Com base, sub-base e asfalto preparados para suportar o tráfego dos gran-des veículos carregados com a produção da região. A preocupação apenas mudará de en-dereço. Mais uma vez a cidade está correndo para a rodovia. Como a geografia do muni-cípio empurra a expansão territorial urbana para essa região, onde inclusive já foi criado e comercializado um extenso loteamento resi-dencial, não vai demorar para o trânsito des-ses veículos pesados estar dentro da cidade novamente.

O 4ª Batalhão de Engenharia de Cons-trução começou a trabalhar efetivamente na obra do contorno viário em 2006. Deste período até hoje aconteceram algumas inter-rupções por conta das chuvas ou por falta da liberação dos recursos financeiros pelo Pro-grama de Aceleração do Crescimento. Agora, após cinco anos e com todo recurso liberado, o Tenente Coronel Olyntho Gomes de Sá e sua equipe finalmente estão concluindo o as-falto do Ramo Leste, com acesso pela BA 447, que liga a BR 242 à cidade de Angical (BA).

O Ramo Oeste, com acesso pela BR 135, sentido Piauí, já está asfaltado. As obras com-plementares, de acostamento, pintura e plan-tio de grama já começaram. Numa extensão total de 4 km, a liberação da via para o tráfego depende da construção de uma ponte sobre o Rio Grande. A obra, que vai unir os dois ra-mos, já foi licitada e liberada pelos órgãos de proteção ambiental. A previsão é que esteja pronta em sete meses.

O Tenente destaca que a conclusão do as-falto e da ponte sozinhos não garantem a efe-tiva funcionalidade do contorno viário. Ações conjuntas de outros órgãos como Polícia Ro-doviária Federal, Derba e Prefeitura Munici-pal serão fundamentais para que a nova rodo-via assuma o papel proposto. “Leis e normas, com orientação aos motoristas de carretas; federalização da BA 447; rotatória ou viaduto para intersecção da BA 447 com a BR 242”, explicou o Tenente Coronel Olyntho.

REPORTAGEM

O que competia ao Exército já está praticamente pronto, garantiu o Coronel Olyntho Gomes sobre o contorno viário, que vai ficar dependendo apenas da construção da ponte por uma empresa já licitada. No Centro de Barreiras: vias sem sinalização, excesso de carros e pedestres arriscando a vida. À direita, acima, rotatória onde ocorre maior congestionamento

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Correndocontra o tempoA pouca visibilidade causada pela neblina obrigou grande parte dos motoristas a di-rigir com os faróis acesos. O relógio mar-cava quase 8h da manhã e o trânsito seguia lento em Luís Eduardo Magalhães, na BR 242 que, assim como em Barreiras, corta a zona urbana. Ficou intransitável por algum tempo, com fi las a perder de vista, enormes. Mas, o fenômeno climático que provocou tudo isso na quinta-feira, 1º de dezembro, está longe de ser a desculpa para a difi cul-dade enfrentada pelos motoristas no seu dia a dia.

Como nem todas as ruas são pavimen-tadas muitos motoristas preferem trafegar pelas já asfaltadas. A preferência pelas ruas principais torna o fl uxo mais intenso e os buracos mais comuns. Problema em dobro para o poder público, que por um lado pre-cisa investir na pavimentação das vias de chão batido – principalmente dos bairros Santa Cruz, Jardim das Acácias, Florais Lea e Mimoso II – e em contrapartida recuperar o asfalto deteriorado pela chuva e pelo trân-sito do crescente número de veículos.

No dia anterior, a Secretaria de Infraes-trutura, do município começou uma opera-ção “tapa-buracos” no centro da cidade. O material utilizado é o Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ). Segundo o res-ponsável pela pasta, Sérgio Verri, é o melhor e mais resistente material que há no merca-do atualmente. A operação é fundamental para a implantação do Projeto de Sinaliza-ção do Trânsito, prevista para ser concluída

e entregue no dia 30 de março, data em que o município completa 12 anos de emanci-pação política. “Seria inviável fazer a sinali-zação horizontal nas ruas sem melhorar o asfalto”, argumenta Verri.

O recapeamento de todo centro da cida-de já foi licitado. A previsão é que tão logo a regularização for realizada, seja feita uma cobertura de lama asfáltica para garantir ao pavimento alguns anos sem buracos. Essas etapas são necessárias, segundo o secretá-rio de Segurança Pública, Ordem Pública e Trânsito, Eder Fior, para corrigir o trabalho feito pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paranaíba (Codevasf) na colocação dos tubos do es-gotamento sanitário. “A obra da Codevasf danifi cou muito nosso asfalto e vai ter que haver uma correção pra que a gente não jo-gue dinheiro público fora. A sinalização ho-rizontal depende disso”, explica. Além dela o projeto prevê também sinalização vertical, defi nição das mãos de direção, retirada das rotatórias, duas ciclo faixas, uma na rua Pa-raíba, sentido bairro Cidade Universitária, e outra na Paraná sentido BR e a colocação de sete semáforos.

A pouco mais de 90 dias do término do prazo defi nido para entrega da obra, o se-cretário não esconde a preocupação em relação ao cumprimento daquilo que foi estabelecido. “A obra já está praticamente licitada, os editais foram todos publicados. O que atrapalha um pouquinho é a questão da chuva, mas ainda está dentro do nosso cronograma. Se houver atraso será coisa mínima, algum detalhe”, confi a.

REPORTAGEM

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EM LONDRES Desde 2003, para

circular no centro da cidade, o motorista tem que pagar um pedágio. O Resultado desta ação foi um aumento no uso do transporte coletivo, que além de ser menos poluente, não ocupa vaga no estacionamento.

NA ALEMANHA A cidade de Münster, fez

um estudo e descobriu que o espaço ocupado para transportar 72 pessoas em ônibus é 34 vezes menor do que usando carro de passeio (com uma média de 1,2 pessoas por veículo).

NA HOLANDA Em Amsterdã as bicicletas

são prioridade. E em Londres e Barcelona já existe um sistema de aluguel de bicicletas. Funciona assim: você faz um cadastro, aluga uma bike, e pode devolver em qualquer unidade. Se o usuário danifi car a “magrela”, pode ser excluído do sistema.

ALTERNATIVAS EM GRANDES CENTROSO maior gargaloTrês dos sete semáforos serão implanta-dos ao longo da rua Paraíba. Central e estratégica, a rua une a rodovia federal, que corta a área urbana do município, com os bairros Mimoso II e Cidade Universitária. Todos os dias recebe uma elevada carga de veículos, de motoristas provenientes destes bairros e de ruas transversais vindos de vias onde ainda não há asfalto. Pelo fato de desembocar na BR, não seria exagero colocá-la entre as ruas com trânsito mais intenso entre todas no município. Afi nal, na Paraíba estão a unidade de saúde com maior fl uxo de pessoas, duas das escolas com maior número de alunos nos períodos matutino e vespertino e duas praças com grande movimentação de pessoas.

No entanto, o maior gargalo enfren-tado pelo município continua sendo a BR, que divide a cidade em duas regi-ões e se tornou um obstáculo perigoso e irritante. Por não pertencer a alçada do poder executivo é preciso esperar pela boa vontade dos órgãos federais, em especial do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A aguardada duplicação da rodovia já era para ter começado. A crise instaurada no Ministério dos Transportes após a publi-cação de denúncias contra o ex-titular da pasta feitas pela Revista Veja, em se-tembro último, interrompeu as licitações e a obra continua no papel.

Existe um excedente de veículos com placas de outras cidades e estados em LEM. Entre as

justifi cativas estão: IPVA mais barato, isenção no primeiro ano e saudosismo. Uma campanha incentivando a transferência desses veículos será feita no município para que a receita do IPVA fi que no município.

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Embora a duplicação seja necessária, apenas duplicar a BR 242 não resolve. É preciso construir passarelas, túneis ou viadutos para facilitar o trânsito de carros e de pessoas de um lado para o outro da cidade, que em certas horas do dia é praticamente impossível. Nesse trecho urbano da BR 242 acontece o maior número de acidentes da cidade. Situação que era pior antes das lombadas. Duas lombadas eletrônicas deveriam ter sido instaladas esse ano. “Eles vieram aqui, marcaram a área e saíram com tudo mapeado, com fotos, dizendo que em 60 dias seriam instaladas. Até hoje, nada”, desabafa Fior. “Ou a gente vence pelo cansaço ou acontece um fato terrível e a imprensa dá notorieda-de. Aí eles vêm e fazem. Parceria não há”, reclama o secretário.

Quando a municipalização do trânsito estiver concluída será possí-vel fixar um convênio com a união para que a cidade possa atuar, efe-tivamente, na fiscalização do trecho da BR que passa pelo município. Quando houver necessidade de alguma interrupção, por exemplo, os guardas municipais poderão atuar, coisa que hoje não é permitido em hipótese alguma.

Não há vagasPor toda cidade, onde quer que se ande, são poucas as opções de es-tacionamento. As disponíveis são disputadas palmo a palmo. O bairro Santa Cruz, mais populoso da cidade, é um exemplo da dificuldade enfrentada pelos motoristas de Luís Eduardo Magalhães. Com ruas estreitas e uma única avenida – além de duas outras ruas principais – ligando a rodovia com seu interior, carros, motos e bicicletas pratica-mente dividem espaço com pedestres, que não conseguem caminhar pelas calçadas tomadas pelos comerciantes.

A falta de conscientização agrava o problema. Alguns comerciantes estacionam o carro em frente da loja, porque não querem caminhar um pouco, e o deixam ali o dia inteiro. Eles não percebem, mas estão tirando a vaga de um possível cliente de sua loja. A sociedade preci-sa debater essas questões. E esse debate envolve também um amplo trabalho educativo e a disponibilização de um transporte público de qualidade. Outra coisa: o cidadão precisa se conscientizar que a cida-de jamais vai disponibilizar estacionamento para todos os veículos, explica o secretário Fior, chamando atenção para o crescente aumento da frota de veículos e a falta de transportes e vias alternativas.

»REPORTAGEM

Com a implantação dos semáforos, as rotatórias das ruas de Luís Eduardo Magalhães tendem a desaparecer

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A dificuldade para se estacionar em Luís Eduardo, no entanto, tem outro agravante: o tamanho dos veículos. O perfil empreendedor vol-tado para o agronegócio faz com que exista em circulação um número muito grande de caminhonetes. “Aqui, de cada 100 veículos, 90 são caminhonetes. Peguemos as medidas, por exemplo, de uma F-250, de uma Hilux. O que ela ocuparia da via em estacionamentos tanto de 30, quanto de 45 graus, prejudicaria significativamente o fluxo e não aumentaria o número de veículos estacionados”, explica Fior.

A solução, realmente, é já praticada em países do primeiro mundo: transportes coletivos e alternativos. É preciso desmistificar o mito da bicicleta como meio de transporte e também investir em transporte público. A licitação do transporte coletivo para Luís Eduardo Maga-lhães depende da pavimentação das ruas que fazem parte do itinerário dos ônibus, o que até o momento (esta matéria foi fechada no dia 8 de dezembro) não foi finalizada.

Conscientizar é precisoEnquanto “tudo permanece como dantes na casa de Abrantes”, as ro-tatórias, próximas de serem extintas, ainda contribuem para impedir que os mais apressados ultrapassem o limite no tráfego urbano e en-grossem o número de acidentes na cidade. Para o empresário Talvani Chiapeti, 52, a retirada das rotatórias e a sinalização, se não vierem acompanhadas de uma campanha educativa no trânsito, mostrarão ineficientes.

O empresário é da opinião de que os anos sem fiscalização deixa-ram o motorista de Luís Eduardo mal acostumado. “Ainda hoje vemos muitos motoristas andando sem o cinto de segurança, por exemplo. Por diversas vezes, dei carona, e quando a pessoa me vê colocando o cinto, dispara a pergunta: ‘tem blitz?’ É uma questão de educação e consciência. Não se pode usar o cinto só porque tem uma blitz, mas para garantir nossa integridade física em caso de acidente”, argumenta.

A conscientização, no entanto, não deve se restringir ao motorista. Escolas, empresários e clubes de serviços como o Rotary Clube, Lions e Maçonaria devem também ser engajados da importância em se res-peitar as regras que passarão a valer a partir do momento em que o sistema de trânsito for oficialmente lançado.

“As campanhas educativas não podem ser pontuais, pois caem fa-cilmente no esquecimento. O aprender se dá pela repetição constante. Além das campanhas educativas, deve-se intensificar as blitzes, ini-cialmente de forma educativa e orientativa e, no segundo momento, punitiva com a aplicação de multas”, comenta Chiapeti. “A maioria dos motoristas precisa se conscientizar de que estamos dirigindo em vias públicas e não em rodovia. Precisam respeitar os limites de veloci-dade. Alguns reclamam porque não tem asfalto, mas usando o asfalto é implantado não sabem andar devagar”, complementa.

Após a entrega do sistema, haverá entre 60 e 90 dias para que todos se adaptem a novidade. Nesse período a Superintendência de Trân-sito do município vai notificar a população. A ideia é que todos re-cebam em suas residências uma cartinha explicando as mudanças e suas implicações. “A pessoa que infringir vai receber na casa dele um auto de infração normal, mas que vai servir de advertência”, comenta Fior. Encerrado o período de adaptação, a ordem é clara: “Quem não aprendeu no amor, vai aprender na dor”, metaforiza o secretário.

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Apaixonada pela dança, Zandra sempre incentivou a filha Lua Clara a fazer o clássico

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Zandra Brandão. Entre os escritórios de fazendas e empresas do ramo agrícola, uma escola de dança. No interior, meninos e meninas, com idade entre 3 e 14 anos, fazem da dança e o estudo do clássico uma opção para o tempo livre. Em uma das salas, fica a empresária Zandra Brandão. Seu sonho: levar expandir o estudo da dança clássica para mais pessoas, em especial para escolas públicas. “No dia em que essa região tiver um projeto que dê oportunidade para mais crianças estudarem dança muita coisa poderá ser evitada”, declara. Enquanto a chuva cai pesada do lado de fora, no escritório de Zandra a música clássica com ritmo suave vai marcando nossa conversa..texto ANTON ROSS fotos C.FÉLIX

O BALLETN A F O R M A Ç Ã ODOS JOVENS

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– Um professor que se especializou em ballet clássico, por exem-plo, tem custo elevado – explica, antes de resumir seu pensamento e dar significado ao que projeta para o futuro breve.

– O clássico é para todos. *** Natural de Jacobina, antes de fixar residência em Luís Eduardo

Magalhães em 2009, Zandra passou por Salvador, Irecê e Barrei-ras. Foram os empreendimentos do marido, empresário do ramo automobilístico que possibilitaram conhecer a cidade que acabou escolhendo para morar e educar as duas filhas Lua Clara, 13, e Juline, 3. Nas idas e vindas, entre Barreiras e Luís Eduardo, o gosto pelo jovem município apenas aumentava.

– Essa cidade é interessante. Quando eu abrir um negócio, que-ro vir pra Luís Eduardo – dizia para o marido nas constantes via-gens que faziam entre uma cidade e outra.

Quando a filha mais velha, Lua Clara, completou 4 anos, Zan-dra decidiu que era preciso preencher o tempo ocioso da pequena com alguma atividade física. O insucesso com as aulas de natação coincidiu com a notícia de que uma amiga preparava-se para inau-gurar em Barreiras uma escola de dança.

– Lua Clara foi a primeira aluna matriculada – relembra.Embora não tivesse muita noção do que esperar, a aposta deu

certo. Em pouco tempo a filha desabrochou. Criou gosto pela dan-ça e transformou para sempre a rotina da família.

Disciplinada, a pequena Lua Clara começou a criar as próprias coreografias e arriscar apresentações para sua então plateia prefe-rida: o pai e a mãe. As idas à capital se tornaram frequentes. A aprendiza de bailarina precisava realizar os exames em Salvador. A paixão pela dança e pela música apenas crescia. Em ambas, mãe e filha.

A relação cada vez mais próxima com o ballet clássico, no entan-to, quase se tornou um empecilho na hora de a família se mudar para Luís Eduardo. Sem uma escola de dança onde matricular Lua Clara, Zandra se viu em um dilema. Relutante, a filha mais velha não queria morar em uma cidade sem uma escola onde pudesse continuar a fazer o que mais gostava. Sem hesitar, a administradora entendeu ter chegado a hora de colocar em prática o desejo de anos antes. Era hora de iniciar o próprio negócio.

– No fim das contas, acabamos unindo as duas coisas: o gosto pela música e pela dança e a possibilidade de proporcionar algo para a comunidade – explica.

*** Com dois anos de funcionamento, a escola está em polvoro-

sa com a proximidade da apresentação de fim de ano, agendada para o domingo, 4 de dezembro, no Espaço de Eventos Quatro

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A dança é uma arte complexa. Trabalha a sensibi-lidade, a mente e o corpo de seus praticantes. Exige comprometimento e empenho. A depen-der do grau de interesse de quem a pratica pode se tornar uma profissão. Não escolhe raça, muito

menos condição financeira. É tão somente, uma questão de oportunidades de dar a quem desconhece suas vantagens a chance de desenvolver uma aptidão, muitas vezes, escondida e, às vezes, limitada por um preconceito tolo.

Sexto de uma família de sete irmãos, o chinês Li Cunxin teve a vida mudada drasticamente aos 11 anos de idade, quando foi escolhido pelos conselheiros culturais de Mao para estudar na Academia de Dança de Pequim. Sua história de vida foi conta-da, por ele próprio, no livro Adeus, China, lançado no Brasil pela Editora Fundamento Educacional em 2008. Ao lembrar-se de sua primeira aula, Li resume a complexidade e disciplina que precisa ser empregada por quem, invariavelmente, escolhe ou é escolhido pela dança. “Aquela primeira aula durou aproximadamente duas horas que me pareceram uma eternidade. Estava louco para que a campainha tocasse, para poder arrancar aquele calçado horrível e deixar meus dedos dormentes se esticarem. Pensei em como seria bom correr pelas ruas ou lutar com os colegas, como fazia na co-muna. Eu não queria dançar. Queria ir lá para fora e brincar com a neve, atirar bolas e construir um boneco”, descreve.

Cunxin foi escolhido. Nunca teria tido, por conta própria, a ini-ciativa em procurar algum meio que seja para praticar a dança, o ballet clássico. Muitos, como ele, não têm a mesma sorte. Seja nos grandes centros urbanos ou nas cidades do interior, o clássico ain-da é para poucos, embora possam existir muitos talentos não des-cobertos, seja pela falta de oportunidades, preconceito ou sorte.

No extremo oeste baiano, a quem acredite que seja possível dar as pessoas que não têm condições de se matricular em uma escola de dança a oportunidade de estudar o clássico e suas vertentes. Administradora e pós-graduada em Gestão de Pessoas, Zandra Brandão fala com o entusiasmo de quem descobriu na dança uma paixão. Sonhadora, acredita que o estudo do ballet clássico pode ser uma boa alternativa para as crianças e adolescentes que não têm nenhuma atividade no tempo ocioso, quando não estão na escola.

– Quanto que não agregaria à educação dessas crianças? – pon-tua.

Mesmo sem dar certeza, o desejo é de já em 2012, abrir as por-tas da escola de dança que administra no bairro Jardim Paraíso em Luís Eduardo Magalhães, para crianças e adolescentes que, em condições normais, não teriam como arcar com tal despesa. Em-bora já disponha de alguns alunos não-pagantes, Zandra diz que só não tem mais pelo custo de manutenção da escola, funcionários e professores.

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Estações. Entre funcionários e alunos, todos respiram o espetáculo. Zandra pede licença. Precisa resolver alguns detalhes. Nada pode falhar. Ao retornar, pede desculpas pela interrupção, sorri e conta que chegou a procurar a prefeitura em busca de uma parceria para o sonho de levar a dança até aqueles que não podem pagar pelas aulas. Justifica o pedido, relatando projeto semelhante iniciado no município de Camaçari, cidade próxima a Salvador, capital do es-tado, onde funciona uma das franquias da Escola de Ballet. Lá a parceria com o poder público garante que mais pessoas tenham acesso à dança e, consequentemente, ao clássico.

A tese defendida por Zandra é simples.– Quando as crianças têm a oportunidade de estudar e frequen-

tar aulas de dança, elas se desenvolvem de maneira mais saudável mentalmente. São crianças mais críticas, que escutam e analisam mais. Que tem um equilíbrio maior. A dança acaba ajudando em tudo, desde a parte motora, psicomotora, até no respeito ao cole-guinha – defende.

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Questionada sobre a Lei nº 11.769, sancionada em 2008 e que obriga o ensino de música nas escolas a partir de 2012, Zandra não hesita. Encanta-se com a possiblidade de a dança também fazer parte do currículo das escolas brasileiras e sugere mais parcerias.

– Tem de proporcionar ensino sim. Buscar mais parcerias entre o público e privado. Muitas pessoas não sabem onde procurar, e por isso ficam caladas. A dança nas escolas, por mínimo que seja só traria benefícios para essas crianças – argumenta.

***

Antes de Lua, o contato de Zandra com a dança se restringia ao período, ainda na adolescência em que estudou jazz. Sem oportu-nidade para continuar os estudos, o sonho de se tornar uma dan-çarina acabou interrompido. Foi apenas depois que a filha passou a encarar a dança com seriedade, que Zandra voltou as aulas.

– Você sabe, a gente se realiza nos filhos. Ela foi tomando gosto,

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– Infelizmente, comecei a levar a sério muito tarde – entrega, porém, sem perder de vista a esperança de fazer carreira como bai-larina e integrar o cast do maior ballet do mundo.

Questionada sobre o que a dança representa para sua vida, Lua Clara não hesita:

– A dança é minha vida. Se eu parasse de dançar, acho que não conseguiria fazer mais nada.

Ao lado, a mãe sorri. Está realizada. O sonho é retroalimentado. Mais crianças e adolescentes precisam ter a chance de conhecer a arte. A dança. O clássico.

*** No livro, “Ballé uma arte” (1998), a bailarina carioca, Dalal Ach-

car, defende a dança como fundamental para a vida das crianças, tanto para sua formação artística quanto para sua integração so-cial. Isto por desenvolver os estímulos, tátil (sentir os movimen-tos e seus benefícios para seu corpo), visual (ver os movimentos e transformá-los em atos), auditivo (ouvir a música e dominar o seu ritmo), afetivo (emoções e sentimentos transpostos na coreogra-fia), cognitivo (raciocínio, ritmo, coordenação) e motor (Esquema corporal. As atividades propostas visam o desenvolvimento da co-ordenação motora, equilíbrio e flexibilidade.

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mostrando interesse, acabei voltando à dança por causa dela. É engraçado que várias vezes, em casa, trocamos figurinhas, mostra-mos o que aprendemos uma para a outra – revela a mãe orgulhosa.

Ao som do maestro brasileiro Heitor Villa Lobos, Zandra senta para observar a filha. Sorri. Lua se aquece rapidamente, antes dos primeiros passos. Vestida a caráter, a pequena dançarina, procura no espelho o movimento perfeito. Na ponta dos pés, eleva os bra-ços e rodopia, uma, duas vezes. A rotina de quem dança é puxada. Além da disciplina envolvida nos estudos, é preciso praticar pelo menos 1h30 todos os dias, de segunda a sexta-feira. A exceção fica para o final de semana, quando é permitido um pouco de descan-so físico. A mente, no entanto, continua focada na dança.

– Já peguei a Lua revisando alguns passos em casa – conta a mãe.Lua não nega. A dança se tornou algo natural em sua vida. Faz

parte do seu dia a dia e até dos planos futuros. Sonhadora, a me-nina não descarta a possibilidade ir para Londres dançar no Royal Ballet, tão logo termine seu programa de dança no Brasil, daqui a quatro anos.

– O ballet não é uma brincadeira, um simples hobby. A partir de um determinado grau você começa a levar a sério – explica a aprendiz de bailarina.

A inspiração vem de fora. A canadense de nascimento Tamara Rojo, criada na Espanha encabeça a lista das bailarinas preferidas de Lua. Nascida em 1974, desde o ano 2000, Rojo é a principal bailarina do Royal Ballet de Londres. Aos 37 anos, continua em busca de novos desafios. Dançando e encantando gerações.

– Depois de dez anos, você começa a conhecer a sua habilidade e a sua profissão, profundamente, e você só pode conhecer de ver-dade fazendo coisas grandes – revelou a dançarina, em entrevista recente publicada pelo site The Arts Desk.

A declaração da dançarina famosa serve de inspiração e incenti-vo para Lua e tantos outros meninos e meninas que desejam fazer carreira na dança. Não desistir. Aproveitar as oportunidades. Fazer acontecer.

Os benefícios do ballet clássico para crianças e adolescentes

Ajuda no desenvolvimento da sociabilidade e novas

amizades;

Encoraja a disciplina física e o controle e conhecimento de

seu corpo;

Garante um senso de confiança física e mental;

Contribui para a boa postura e habilidade corporal;

Promove o conhecimento de outras formas de arte,

associadas ao ballet clássico.

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moda homem

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New York,Oeste, Bahia

texto KARINE MAGALHÃESfotos C.FÉLIX

ZhagaiaInspirado no estilo nova-iorquino, este editorial da Zhagaia traz opções para

homens modernos, elegantes e cosmopolitas. Não importa a ocasião. Trabalho, happy hour, festa. Em qualquer momento, uma personalidade fi na.

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62 DEZ/201162 SET-OUT/2011

ZHAGAIA Rua Profª Guiomar Porto, 145 (Pça. Castro Alves) - Barreiras (BA) (77) 3611.8270 Shopping Center Rio de Ondas - Barreiras (BA) (77) 3612.3737 Rua Clériston Andrade, Qd. 19, Lj. 16 - Luís Eduardo Magalhães - Barreiras (BA) (77) 3628.5914

INFORMAÇÕES

moda homem

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Ficha técnicaLOJA: ZHAGAIALOOKS/PRODUÇÃO: MÔNICA LUIZA, ANNE STELLA E NEIDEMODELO: LUIZ CÉSARDIREÇÃO e FOTOGRAFIA: C.FÉLIXLOCAÇÃO: KINGS PUB (LUÍS EDUARDO MAGALHÃES)

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economia

Chega ao fim mais um ano com saldo positivo, na terra do agronegócio. Mas não só de grãos se faz o Oeste da Bahia. O comércio foi marca-do pela abertura de novas franquias e aguar-da ansioso por surpresas e estabilidade para

2012. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Barreiras premiou os destaques do ano, no 1º Mérito Lojista de Barreiras. Nesta entrevista à r.A, a presidente da CDL, Célia Kumagai, fala da importância da entidade para o fortalecimento do comércio, pincelando alguns momentos de sua gestão.

Como a senhora avalia a situação do comércio de Barreiras, hoje?

Por se tratar de um importante polo agropecuário e o principal centro urbano da região oeste da Bahia, Barreiras tem um centro comercial e agroindustrial em pleno desenvolvimento, o que possi-bilita a chegada de novos empreendedores e de mais investimentos, tornando o comércio bastante competitivo.

O que mudou com a fundação da CDL aqui e por que ela é importante para o comércio?

Fundada em 23 de novembro de 1977, por um grupo de empre-sários tendo como o primeiro presidente Carlos D’Almeida Borges. Foi um grande passo dado pelos lojistas, uma significativa mudança no relacionamento entre o segmento empresarial, a comunidade e os poderes constituídos, fundamental no regime democrático em que vi-vemos. Participar de uma entidade que representa o comércio local é muito importante para o lojista, além de usufruir de todos os serviços que a CDL oferece, o associado pode expor suas ideias, sugestões e cobrar melhorias. A entidade defende seus direitos como lojista, ofe-recendo assessoria jurídica, treinamentos, palestras, campanhas etc.

Além de promover o bem-estar do empresariado, que relação a CDL tem com a sociedade e o desenvolvimento da cidadania?

Representa os interesses dos associados perante os poderes pú-blicos e a sociedade, tornando o comércio mais forte, dinâmico e participativo.

Célia Kumagai. Presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Barreiras faz balanço de sua gestão em 2011 em clima de despedidatexto C.FÉLIX foto PÉRICLES

Comércio fortena terra dos grãos

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Que modelo de gestão é mais salutar para a sobrevivência de um negócio no mercado?

O modelo de gestão refere-se a forma como as empresas orga-nizam suas atividades com a aplicação de procedimentos, normas e regras alinhadas aos valores e as crenças que determinam as es-colhas por determinados comportamentos. Desta forma a gestão da empresa reflete sua cultura organizacional, seus valores, sua visão e missão.

Gestão supõe um misto de tecnologias, ou seja, um conjunto de conhecimentos sistematizados e princípios que se desdobrem em técnicas e procedimentos de trabalho. É necessário investi-mento em estruturas modernas, prática de preços e atendimen-to diferenciados, para tornar as empresas mais atrativas para o consumidor. Temos que avaliar se o nosso modelo de gestão está integrado ao ambiente externo, ou seja, as exigências do merca-do. Quando o cenário externo é repleto de mudanças rápidas, o modelo de gestão que melhor se adapta é o flexível, em que todos se unem em prol de objetivos e resultados estratégicos para a empresa.

O empresariado local está maduro o suficiente para en-frentar a competitividade mais agressiva das grandes redes nacionais?

Com a abertura e o alargamento dos mercados, o aumento da concorrência e o ritmo de inovação, as empresas não podem se limitar apenas a estar no mercado. Cada vez mais as empresas têm de estar aptas a reagir aos desafios que ameaçam a sobre-vivência. É necessário definir formas, incorporar novas técnicas, adequar as tecnologias de gestão sem perder as peculiaridades de um comércio acolhedor para competir com as grandes redes que se instalarem no comércio local.

O que significa o 1º Mérito Lojista para o futuro do comér-cio na cidade?

O Prêmio Mérito Lojista é uma marca registrada da Confede-ração Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e das Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDL’s), e acontece na maioria das cida-des onde a CDL atua. Em Barreiras, este ano aconteceu a pri-meira edição. O evento premiou as empresas mais lembradas pelos consumidores em 2011 em diferentes categorias, segundo pesquisa de opinião pública realizada pelo Núcleo de Pesquisa da CDL (NUPEC). A Deusa da Fortuna, estatueta inspirada na criação do escultor e artista plástico Gustavo Nakle, tem peso de ouro para o ganhador e representa o elo que une o fornecedor e o varejo, na manutenção da qualidade de produtos e serviços ao consumidor. Os empresários devem ficar atentos às rápidas mudanças do mercado e continuar trabalhando com criatividade, pois o consumidor está de olho.

Que balanço a senhora faz de sua gestão? Qual a ação mais significativa?

Um grande desafio, mas com o apoio da diretoria e dos asso-ciados dei a minha contribuição de forma positiva. Várias ações foram desenvolvidas tanto no âmbito social quanto empresarial, destacando-se as campanhas de final de ano.

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cult música, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular

Quando os europeus aqui chegaram, milhões de índios habitavam essa região do continente americano que passou a ser chamada de Brasil. Com o tempo, essa população declinou para algumas cen-tenas de milhares. Hoje, no estado da Bahia, o IBGE registra pouco mais de 60 mil índios. São homens e mulheres que lutam ainda

para preservar uma cultura que pouco a pouco se mistura e se perde em meio aos costumes e modos de vida da sociedade moderna. As 40 famílias da tribo Kiriri, no Muquém do São Francisco, já não falam mais a língua materna, embora declarem não ter “dificuldade com o mundo moderno”, diz a cacique Maria Kiriri.

Em 1987 o pai de Maria Kiriri deixou a reserva indígena “Saco dos Morcegos”, na região do polígono da seca em Ribeira do Pombal, a 271 km de Salvador, e saiu em busca de outro lugar. Seu sonho era morar na beira de um rio. Andou pelo Rio Grande do Sul, Tocantins – encontrou terras enormes, mas não era o que queria! Até conhecer o local onde hoje é a aldeia, na margem esquerda do Rio São Francisco, a 5 km de Ibotirama. Na época, eram apenas três famílias - já são 40. “São irmãos, sobrinhos... A área é pequena. Eu tô lutando por mais terras. Tem só 62 hectares, da margem da BR-242 até o rio. Minha população tá na faixa de 200 pessoas, incluindo adultos e crianças bem pequenininhas. Tenho uma garotada de 15 a 17 anos que já estão caçando família. Quando essa garotada arranjar família eu tenho que ter espa-ço. Tem que ter terra pra trabalhar”, explica a cacique, no comando da aldeia há 22 anos, quando a tribo se resumia a apenas quatro famílias.

TRIBO KIRIRISéculo XXI:

textos/fotos C.FÉLIX

CULTURA

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Instalados no Médio São Francisco, os kiriris acabaram se envolvendo com os pancarus, índios que habitam a região. Foram se casando, as famílias se multiplicando, a população aumentando e as necessidades surgindo. As ca-sas, que eram de taipa, foram dando lugar às de alvenaria. Com o projeto para a construção de mais 16 moradias, as de taipa desaparecerão, espantan-do de vez o fantasma da doença de chagas da tribo.

A aldeia tem água tratada, escolas, laboratório de informática. “Os meninos não precisam sair daqui para estudar. Eu posso dizer que os meus índios in-vestem na educação, porque eles não dependem dos outros para viver. Eles tiram do rio pra viver. Logo quando chegamos aqui tivemos muita dificulda-de. Você morar na beira do rio e não saber pescar é difícil. Mas hoje, não. Eles tiram o pão de dentro do rio”, conta a cacique, que fez até a 6ª série. Desde que assumiu o comando da tribo luta para conseguir benefícios para a aldeia. “Não terminei os estudos porque passava muito tempo fora. Por mais que você tente pegar a matéria pelos outros, não pega”, explica.

Kiriri, em tupi, significa povo calado, expressão que não traduz o perfil da cacique. “Eu sou uma mulher muito respeitada aqui e lá fora. Sou uma mulher guerreira. Eu fui até o presidente e botei pra lascar. Fomos eu, um pajé de Paulo Afonso e um pessoal de Pancararu. Formamos um grupo que tinha meio mundo de gente escolhido - eu era uma delas, tava lá junto com eles. Eu gosto de desafio. Há seis anos, fizemos uma greve no Polo Base [de Ibotirama] e eu nunca me arrependi do que eu fiz. Falaram que eu tava deva-

As conquistas e as perdas de uma tribo que luta para preservar sua cultura e tirar proveito dos avanços tecnológicos da sociedade moderna

Laboratório de informática com acesso à internet via satélite, uma das conquistas da cacique Maria Kiriri (à direita) para a aldeia, que tem 40 famílias. As casas de taipa, aos poucos, estão dando lugar às de alvenaria

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gar e enrolando os índios - se ferraram! Peguei 80 índios trajados. Fomos de carro, duas vans. Conseguimos afastar o chefe. Falei pra ele: ‘O senhor vai sair e não vai tirar nada daqui’. Ele chamou a policia. Quando chegaram, de-ram alguns tiros pra cima, mas não saímos. Ai eu mandei um documento pra Funai e pro Ministério Público. Pra quem apoiasse os índios eu mandei. Quando completou 80 dias eu fui intimada. Fui eu e o chefe do Polo Base. Fizemos um acordo. O outro perdeu o emprego, foi des-moralizado na praça. Eu provei as fraudes que ele fazia. Eu tinha tudo nas mãos. Até os copos pra exame tinha lá os pacotes e nós tinha que comprar pra fazer. Se você visse... Era de fazer nojo. Tanto de remédio e caboclo so-frendo. Mas depois que eu fiz isso, as coisas aqui pra nós melhoraram. Aqui não falta remédio, caboclo tem hora marcada em Ibotirama. Colocamos outros pra ser chefe, mas não aguentou. Assumiu outro. Até agora não tivemos problema não. Você liga lá e depois de minutos o remédio já está na porta”, conta.

Ano passado, a tribo comprou um caminhão e conse-guiu do governo um trator com grade e galpão para aju-dar a mecanizar a agricultura, principal fonte de renda da comunidade. Os que não trabalham no campo e no rio, estão nos órgãos públicos.

Aldeia globalOs recursos (educação, tecnologia, moradia e água

tratada) conquistados para dentro da aldeia, ao invés de isolá-los do mundo externo, eliminaram ainda mais a fronteira que separa o índio dos não-índios. Isso exigiu uma atenção maior da cacique sobre os jovens índios, tan-to no sentido de afastá-los das bebidas e drogas como no de estimular a preservação dos valores culturais da tribo. “A gente sempre fica explicando pra eles que não podem ter vergonha do que é deles. A gente aqui trabalha com a medicina indígena. Às vezes, tem um índio que precisa passar pela mão do pajé. Não importa a hora – se é de manhã, de tarde ou noite. Antes de mandar um índio pro hospital, ele primeiro passa por nós. Estamos tentando ar-rumar um professor que ensine o nosso idioma. Sabemos algumas coisas, mas a ajuda do professor irá ser melhor pra devolver a nossa língua aos mais novos”, relata Ma-ria, que teve cinco filhos: uma é professora e trabalha na aldeia, outra faz faculdade de Administração Pública. “A gente procura sempre manter o que é da gente, mas sai”, reflete em sua sabedoria de mãe.

De quinze em quinze dias, às quartas-feiras, a tribo se reúne para realizar o trabalho da cura, na Casa da Ciência, localizada temporariamente no centro da aldeia - em bre-ve será transferida para o “meio da mata”, onde está sendo construído outro espaço. Uma cruz na frente da Casa da Ciência e em seu altar, com imagens e quadros de santos

(Santa Luzia, Cosme e Damião, Sagrado Coração de Jesus, entre outros), de Iemanjá, juntamente com artefatos indígenas e velas revelam a fé sincrética da tribo.

“A gente trabalha com os mortos. Pra você trazer a cura tem que trabalhar com eles. Pra você desmanchar uma macumba tem que trabalhar com eles. Então a gente tem que trazer um que já se foi pra trabalhar. Já temos velas preparadas pra receber eles - fica é muito bonito! É um trabalho que é muito respeitado dentro da nossa cultura. Nós trabalhamos com a Jurema e graças a Deus é por isso que estamos em pé até hoje”, conta Maria, que não sai da aldeia sem antes consultar os espíritos: “Primeiramente eles vão me orientar, me dizer o que fazer. Se eu faço um projeto, é sempre com a permissão deles. A gente senta, discute, procura ver se vai ser feliz aquela viagem”. O ritual da cura é restrito, só os adultos da aldeia podem participar. Já o Toré, outro ritual realizado também quinzenalmente, só que aos sábados à noite, é permitido a todos, até aos não-índios.

cultmúsica, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular

Ao fundo da palhoça que fica no meio da aldeia, um galpão construído por órgãos públicos para mecanização da produção agrícola. A tribo já tem trator e caminhão. Ao lado e ao redor de uma cruz, os kiriris fazem demonstração de início do ritual do toré, em frente a Casa da Ciência (em cima e à direita)

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O Toré é uma dança cerimonial que acontece no terreiro e é considerada uma manifestação sagrada. Ao ritmo de cantos os índios formam um círculo e, com pisadas fortes e compassadas, dançam exaltando a força guerreira da tribo e à proteção divina. O som enche a aldeia de uma energia inexplicável.

A poucos metros de onde é realizado o tradicional Toré, uma outra cultura, urbana, tecnológica e revolucionária repousa. São dez computadores (dois estão no conserto) conectados à inter-net via satélite em uma sala climatizada precariamente. De dois ar-condicionados, apenas um funciona. “Eu ligo o ar de manhã. Quando os meninos chegam à tarde a sala tá fresquinha”, explica Carliusa Francisca Ramos, monitora responsável pelo Infocentro da aldeia, instalado pelo governo federal em parceria com os go-vernos municipal e estadual para promover a inclusão digital.

“Aprendi a trabalhar sozinha, quando fizeram o Infocentro. Obrigatoriamente tinha que trabalhar um indígena, aí tinha que ser formada. A única que tinha no momento disponível pra ir era eu. Peguei cinco dias de curso em Salvador. Quando eu fui não sabia nada de computador. Quando eu cheguei aqui, peguei mais um mês em Ibotirama. Aí, quando aqui começou a funcionar, o técnico veio aqui e disse: ‘Isso aqui tem que funcionar, você tem que se virar aqui dentro’. Eu vim pra cá e me virei”, conta Carliusa. Através de uma “cartilha” cedida pelo projeto, ela ensina como trabalhar com o editor de texto, criar apresentações em slides, na-vegar na web. “Eu tenho vontade de aprender muito mais. Isso aqui é o básico. Claro que ajuda quando a gente precisa pesquisar trabalho da escola. É uma boa oportunidade pra gente”, declara a aluna Marcia Souza da Silva. Ela, assim como as outras meninas da turma, aproveitam também a internet para mergulhar no mundo das redes sociais. Os meninos preferem os jogos.

Às vezes, com tanta coisa pra resolver, tanta viagem, família e tribo para comandar, Maria Kiriri reflete o quanto a vida é compli-cada, “é doida”. “Eu tô há dois anos procurando um novo cacique, mas ninguém quer. Acham que se eu sair isso aqui vai acabar. Mas não vai, não. É só fazerem o trabalho correto”.

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cultmúsica, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular

Do barroao óleoEnquanto as mãos hábeis

de mulheres e homens se

misturam ao barro para dar

forma a objetos na histórica

cidade de Barra, subindo o

Rio São Francisco, à margem

esquerda, em um sobrado

de Bom Jesus da Lapa, um

jovem talentoso reproduz em

telas as imagens do cotidiano

dos ribeirinhos e do homem

sertanejo. Exemplos da arte

do interior baiano pouco

conhecida, pouco valorizada

texto ELLEN RARDEN foto C.FÉLIX e REPRODUÇÃO

ARTE

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As ceramistasda Barra

Em 1973, Irmã Cândida chamou Dona Nicinha Batista para ensinar o ofício do barro para um grupo de adoles-centes. Era o começo de uma mudan-ça signifi cativa para as ceramistas de

Barra, cidade localizada no Médio São Francisco, terra dos antigos barões da época do Brasil Colônia.

É no salão onde hoje funciona a Associação das Ceramistas Nossa Senhora de Fátima que são produzidas e comercializadas as famosas louças de barro da cidade oestina. Antigamente, as peças eram todas produzidas nos quintais das casas das ceramistas. A associação veio impul-sionar o trabalho das artesãs. Ali passaram a ser produzidos potes, moringas, quartinhas, fi ltros, talhas.

“Antes, cada um comprava seu barro, lenha, ou qualquer material que uti-lizasse na confecção das peças”, conta a ceramista Maria Aparecida, uma das integrantes da associação.

O trabalho é todo manual. Com mãos habilidosas e acostumadas com o manuseio do barro, as ceramistas aos poucos dão forma aos objetos. É preciso ter talento, mas não é tudo. Maria Aparecida se queixa da falta de valorização do trabalho feito na associação.

Ela lembra que em uma das exposições realizadas pela associação fora do Brasil, um dos exemplares da Moringa Moça, obteve o primeiro lugar em con-curso de arte popular em Paris, em março de 2001. A peça foi levada para a França pelo Padre Estefânio e o registro da conquista está na Diocese de Barra.

“É muito importante estarmos divulgando esse trabalho, realizando essas exposições para as pessoas daqui e fora da Região, pois, infelizmente não va-lorizam o necessário”, desabafa.

Atualmente trabalham na associação quatro homens e oito mulheres. Dos trabalhos realizados dentro da associação, cada ceramista tem a sua peça mar-

cada. Após a venda, uma porcentagem mensal é repassada para a associação. A maioria deles tira o sustento do que produz ali. Outros, têm renda extra.

A associação conta com o apoio da prefeitura e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-nas Empresas (Sebrae), que contribuem para as exposições de suas peças, tanto no Brasil quando no exterior.

Entre as peças em destaque na produção das ceramistas, a Moringa Moça (à esquerda), premiada na França

A arte de moldar o barro à mãoé passado de geração em geração

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O artista da Lapa

Na 6ª série, o pequeno Leandro pintou o Sagra-do Coração de Jesus usando apenas o preto e o branco. Logo que terminou o desenho mos-trou para um colega que, deslumbrado, fez com que o desenho chegasse às mãos da di-

retora. As freiras que administravam o colégio ficaram igual-mente encantadas, a ponto de expor o desenho na entrada da escola com a seguinte mensagem: “Alguém conhece este artista?”. Após esse episódio, Leandro Costa de Oliveira ficou conhecido em toda a escola, tendo participação em quase todos trabalhados que envolviam arte ou a necessidade de algum desenho.

Nascido em Bom Jesus da Lapa e criado às margens do Rio São Francisco, Léo Costa, como é conhecido, sempre foi amante da arte, retratando nas suas pinceladas as bele-

zas naturais oriundas do Oeste Baiano. “Meus pais sempre me apoiaram, falavam para que eu nunca desistisse” conta. Quando menino, na pequena estância da avó, no povoado de Favelândia, Leandro tinha o chão como tela. “Eu limpava o chão e desenhava”, lembra. Hoje, aos 31 anos se tornou um grande profissional, obtendo reconhecimento pelo seu trabalho com exposições de sua arte em todo o Brasil.

Desde sua primeira exposição em 2001, na Agência do Banco do Brasil de sua cidade natal o artista investe na carrei-ra, expondo em cidades como Salvador e São Paulo. Vez por outra viaja para participar de treinamentos e aperfeiçoar suas técnicas. Em 2003, se inscreveu em um concurso de pinturas da revista “Pintura em Tela”, da Editora Online de Portugal, ao lado de outros 1.500 inscritos. Após três eliminatórias fi-cou entre os cinco melhores, com direito a publicação na revista que tem circulação no país europeu.

cultmúsica, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular

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O cotidiano dos ribeirinhos, do sertanejo e das edificações rochosas onde ficam as grutas religiosas da Lapa estão presentes nas tela e nos mosaicos de Leo Costa, que já expôs em São Paulo e Salvador

Em Bom Jesus da Lapa, no ano de 2009, Léo Costa foi convidado para realizar uma pintura na praça, que na épo-ca estava em reforma. Desafiado, sugeriu ao idealizador da reforma a produção de um mosaico. Deu certo! Hoje, este trabalho encanta a todos que passam pela Praça principal da cidade se tornando um cartão postal.

No atelier, o artista guarda uma coleção de materiais de grandes nomes da pintura em seus diferentes estilos. Ques-tionado sobre sua influência particular, não hesita em lem-brar os mestres impressionistas como Pierre-Auguste Renoir, Claude Monet e Rembrandt, pela ênfase ao tema natureza. Principalmente as imagens de paisagens, destaca Leo, pelo uso de técnicas de pintura que valorizam a ação da luz natu-ral. Entre os artistas da atualidade vê como referência o artista plástico Alexandre Reider.

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cultmúsica, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular

Eles não têm pinta de roqueiros nem usam camisetas do Iron Maiden ou Metallica. Gostam de rock e são evangélicos. Há oito anos fundaram uma banda que fl erta com o metal progressivo e melódico de grupos como Dream Theater e Angra, sem se distanciar das raízes e do legado de bandas como Metal Nobre e Ofi cina G3, maior ícone do rock gospel cantado em português. Dois anos depois do primeiro disco, Justifi cado (2009), a Zhadok se prepara para novos voos e quer fazer da sua música uma ferramenta de transformação para ir além das paredes da igreja

texto ANTON ROOS foto REPRODUÇÃO

Em 2008 a Zhadok recebeu um convite para tocar numa festa de Halloween. Mes-mo sob os protestos do pastor da igreja, a banda aceitou o desafi o e foi para o show. No local não havia palco ou camarim. A

apresentação aconteceu no chão com a banda tocando cara a cara com o público. Do lado esquerdo de onde se apresentavam um grande freezer cheio de cerveja era disputado por parte do público presente, em sua maioria fãs de bandas de heavy metal como os britâ-nicos do Iron Maiden ou os brasileiros do Sepultura.

Indiferente à preferência musical e de bebida dos que assistiam ao show, a banda fez seu set e ao fi nal, um dos roqueiros presentes procurou o tecladista Fá-bio Rocha para uma conversa. Falaram por horas. So-bre a palavra de Deus, o amor de Cristo, provações, etc. Foi o sufi ciente para que procurasse a igreja. “Até o toque do celular dele hoje é de uma música do Justi-fi cado”, conta Fábio, lembrando que o rapaz também era usuário de drogas.

Em outro show também em Luís Eduardo Maga-lhães, em uma das pausas do set o tecladista fez um rápido discurso sobre suicídio. A pregação acertou em cheio o coração de pelo menos um dos presentes. “No fi nal do nosso show um cara me abraçou e chorando disse que estava pronto para se suicidar mas que nos-sas palavras o comoveram”, lembra o tecladista. Ir além das paredes da igreja é mesmo a proposta da banda. “A gente usa a música como uma ferramenta de transfor-mação. Os hinos tradicionais cantados desde sempre nas igrejas difi cilmente vão alcançar um roqueiro, para fazer com que ele conheça a verdade”, resume Fábio, que além de músico é funcionário público e trabalha na Secretaria de Trabalho e Assistência Social em Luís Eduardo.

No novo trabalho, a proposta da banda é abordar temas mais presentes na vida do cristão. “No primeiro álbum abordamos o encontro do homem com deus. Nesse novo disco as letras falam mais das lutas que o cristão enfrenta depois que já está na caminhada com Deus”, explica Juninho. A ideia é mostrar que todo ser humano passa por momentos de instabilidade e atribulações. Uma das novas músicas, comenta o gui-tarrista, fala sobre o julgamento que as pessoas fazem umas das outras, muitas vezes, até dentro da igreja. “A igreja é feita de homens, a gente não quer abafar o que acontece lá dentro. Sabemos que todo mundo enfrenta atribulações, dentro e fora dela. Isso acontece com a gente também” comenta o guitarrista e principal compositor do grupo.

Outra novidade será a inclusão de um faixa em in-glês. “A maioria dos visitantes do myspace da banda são de outros países”, justifi ca o guitarrista, lembrando que mais de mil donwloads do primeiro disco vieram de computadores da Europa, Japão e alguns, até da Ar-gentina. Essa mudança na maneira como se consome música atualmente, parece não assustar a banda. “Não fosse pela internet, muita gente não conheceria o tra-balho feito pela Zhadok”, fi naliza Juninho.

ALÉM MÚSICA

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Na Webwww.zhadok.com.brwww.myspace.com/zhadokhttp://www.youtube.com/user/juninholegado

CD Justifi cadoLançado em 2009, disco tem 11 faixas e duração

PARA OUVIR ZHADOK

DASPAREDES

DA IGREJA

Quinteto formado por Juninho Dias (guitarra), Fábio Rocha

(teclado), Jessé Machado (bateria), Roberto Santos

(vocal) e Jc (baixo) está em fase de pré-produção do

segundo disco

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cultmúsica, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular

JOAQUIM LISBOA

AOS 20 ANOS, QUINCA, COMO É CONHECIDO, COMBATIA OS DESMANDOS

E DESRESPEITO AOS TRABALHADORES RURAIS NA REGIÃO DE SANTA MARIA

DA VITÓRIA. AMANTE DA LEITURA E DO CONHECIMENTO CRIOU A BIBLIOTECA

CAMPESINA COM A COLABORAÇÃO DE ALGUNS PARCEIROS. NO INÍCIO DO

ANO, A BIBLIOTECA COMPLETOU 31 ANOS, MAS NÃO FOI FÁCIL CHEGAR ATÉ

AQUI. NEM SEGUIR DAQUI PRA FRENTE...

texto THIARA REGES foto MARCO ATHAYDE

MEMÓRIA

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DEZ/2011 83

“Não pedimos ao povo que creia, pedimos ao povo que leia”

segurar”. Sabe o que é você não ter dinheiro pra nada e chegar para a mulher com um pacote de arroz e dizer: “É só isso que tem”. E as coisas não mudaram com o passar dos anos. Ainda hoje faço mil acrobacias para conseguir manter a biblioteca, que não recebe nenhuma ajuda do governo municipal. Além disso, se eu morrer, não sei quem dará continuidade a essa história. Não posso exigir que meus filhos sigam meus passos, até porque eles viram todas as perseguições que eu sofri, e eu impus a eles uma vida de dificuldades para conseguir manter até hoje a biblioteca. Mas não tenha dúvidas: Eu faria tudo de novo, e se fosse possível com muito mais radicalismo.

4ºatoLiteraturaAs pessoas se interessam em buscar conhecimento. O melhor exemplo é o Sr. Aldegundes Castro, 103 anos, leitor assíduo, e mesmo depois que os caprichos da idade não lhe permitiram mais ir até a biblioteca, constantemente Joaquim se prontifica de levar bons livros e jornais para esse fiel amante da leitura.Gostaria que todos os visitantes lessem “Porto Calendário”, única obra publicada do romancista Osório Alves de Castro, natural de Santa Maria da Vitória que trata de regionalismos do médio São Francisco, e que ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura em 1962. Temos também uma raridade em nosso

1ºatoHistória GeralUm dia nos reunimos com Clodomir Morais. A aproxima-ção aconteceu em virtude de nossos interesses comunistas, por nossa luta contra as arbitrariedades que aconteciam em Santa Maria da Vitória. Nesta reunião, ele nos deu uma meia dúzia de livros e disse: ‘Não é para vocês, é para o povo’. Foi aí que percebemos que estava na hora de fundar uma biblioteca. Em 15 de fevereiro de 1980 nascia a Biblioteca Campesina em uma sala de 2 metros por 1, com três caixotes de maçã que serviam de estante. O que parecia uma brincadeira já dura 31 anos. Hoje, recebe o nome de Casa da Cultura Antônio Lisboa de Morais, em homenagem ao pai de Clodomir, que construiu a casa onde é a nossa sede.

2ºatoViagens e aventurasA partir de 1974 o Brasil rompeu relações com Cuba, por causa do Golpe Militar. Quando começou a nova repú-blica, nos anos de 1980 - mas ainda antes dos dois países reatarem -, eu resolvi mandar uma carta para Casa das Américas, em Cuba, a mais importante entidade cultural da América Latina e do Caribe. Na carta eu contava um pouco do trabalho da biblioteca. No nosso papel timbrado tinha a frase: “Não pedimos ao povo que creia, pedimos ao povo que leia”. Cerca de dois meses depois eu recebo a resposta da secretária de relações institucionais, onde ela contava que se sentia prazerosa de receber aquela carta. Mas o que mais a emocionara foi saber que Pablo Mila-nês, cantor cubano, era um dos cantores mais admirados em Santa Maria da Vitória, como realmente era. E mais: “Não pedimos ao povo que creia, pedimos ao povo que leia. Essas são as palavras faladas pelo nosso comandante Fidel Castro, na campanha nacional de alfabetização”. Que grande coincidência, ou não, rs! Em 1980, entre julho ou agosto, eu estava na Nicarágua e fui a uma biblioteca pesquisar alguns livros. No rodapé da nota fiscal da loja eu lia mesma frase. Pensei: perfeito, já tenho o slogan da biblioteca.

3ºatoDramaEm inúmeros momentos pensei em desistir. Saía da Casa da Cultura seis, sete horas da noite, passava na beira do Rio Corrente e ficava pensando: “Não tenho mais como

Frase (acima) do revolucionário cubano Fidel Castro, virou slogan da Biblioteca Campesina, em Santa Maria da Vitória

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acervo. Trata-se de uma Bíblia de 1617, escrita em francês, que é a primeira bíblia editada em Genebra depois do advento do Protestantismo. Clodomir Morais em viagem pela Alemanha Oriental comprou para dar de presente para professora Rosa Magalhães em Santa Maria da Vitória. Só que ela adoeceu. Eu mandei uma carta para Clodomir avisando do acontecido, e demonstrando a nossa preo-cupação de que este livro caísse no esquecimento ou se perdesse, caso a professora viesse a falecer. Clodomir e a professora Rosa acharam por bem deixar o livro sob a guarda da Biblioteca. Sr. Aldegundes Castro por vezes che-gava na biblioteca a procura de conselhos na Bíblia.

5ºatoBiografias, autobiografiasEm 1959 perdi meu pai. Ele tinha apenas 33 anos. Minha mãe não tinha condições de me criar e me mandou para Carinhanha, onde fui criado por meus tios. Vida difícil, você começa a trabalhar desde cedo. Na época a VARIG pousava por lá e meus tios tinham uma banca de revista. Eu virei jornaleiro, saía pelas ruas com o jornal do dia e as revistas para vender de porta em porta. Devia ter cerca de nove anos e pensei: “Tem uma árvore frondosa aqui, estou com um monte de revistas, posso ler também antes de vender”. Me divertia com as histórias de Ziraldo e a Turma do Pererê. Eu vibrava com toda aquela descoberta. Com 10 anos de idade, voltei para Santa Maria da Vitória. Meu avô materno, que era um caro muito afeito às leituras, me presenteou com “A Relíquia” de Eça de Queiroz. Li meu primeiro clássico à luz do candeeiro. Estudei até o segundo grau. Na marra! Nos meus primeiros anos de escola, vivía-mos os percalços de um período em que o sistema educa-cional era muito diferente de hoje. Eu pensava: enquanto um livro nos dava asas, a escola reprimia.

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O quadro com a foto de Fidel Castro é um entre várias personagens da esquerda admirado por Quinca

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DÓcultmúsica, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular

Criada em 1917, a Lira Angicalense luta para sobreviver à falta de recursos. Os instrumentos quebrados e o descaso da sociedade civil e do poder público “desafinam” o propósito social da filarmônica

texto THIARA REGES fotos C.FÉLIX

De sorriso largo apesar da pouca estatura e idade, Alison Piter, 11 anos, chama atenção pela naturalidade e satisfação com que entona o saxofone. “É muito bom estar aqui e poder tocar. Faço isso desde os meus sete anos”, diz o garoto, que emenda. “Quero ser sargento do exército, e lá sei que posso também tocar na banda”.

Era terça-feira, dia de ensaio da Lira Angicalense (coincidentemente Dia da Mú-sica), na sede da Filarmônica, em uma das charmosas ruas de paralelepípedo da cidade de Angical, 40 km de Barreiras. A população acompanha tudo sentada na calçada em frent,e as suas casas. Ouve-se Villa Lobos, Pixiguinha, Carlos Gomes e até algumas composições do Maestro Mureco, pai deste sonho que começou em maio 1917.

Durvalmerindo Bandeira Coité (1897-1995), o Mureco, nasceu em Angical. Ra-pazote, foi para Barreiras, onde aprendeu a arte da música com o Maestro Antônio Sampaio. Aos 22 anos, regressou para Angical e, com a ajuda de seu pai, formou a filarmônica. De vapor, Mureco foi até Salvador, de onde encomendou os instru-mentos, muitos deles usados até hoje.

A estreia da filarmônica foi numa quinta-feira, 3 de maio de 1917. Nos idos de 1920, o Brasil passou por um momento de turbulência. Surgia a Coluna Prestes, movimento político-militar que propunha reformas sociais. No oeste baiano, o ma-estro Antonino Espírito Santo e o maestro Mureco compõem “Avante, camaradas”, hino de apoio ao movimento. Ansiosos pela possível passagem da Coluna Prestes pela Bahia, a filarmônica passa a se reunir diariamente para ensaiar o dobrado. Certo dia, durante o ensaio, a surpresa: ao invés da Coluna Prestes chega à cidade o exército brasileiro. Instrumentos e partituras são apreendidas e “Avante, camara-das”, ironicamente, é incorporado aos hinos do exército.

Manter vivo esse sonho não é fácil. Durvalmerindo José Pereira Coité, ou sim-plesmente Maestro Neto, herdou do avô a paixão pela filarmônica e muitas vezes se sente carregando as notas nas costas. As contas da filarmônica são pagas com o cachê das apresentações feitas fora de Angical e, quando necessário, o maestro banca as despesas com o próprio salário. Maestro Neto trabalha para a prefeitura do município de São Desidério, onde leciona para a filarmônica recém-formada.

Desde a sua fundação, a Lira Angicalense exerce também um papel social. As aulas são ministradas de graça para os novos músicos. “Nenhum aluno paga nada. Mas infelizmente muitos dos nossos instrumentos estão quebrados. Podem ser arru-mados, sim! Mas a filarmônica não tem a quantia necessária, que ficaria em torno de seis mil reais. Hoje, quando as mães me procuram para matricu-lar seus filhos, eu peço para que comprem o ins-trumento”, conta o maestro.

A filarmônica é composta por cerca de 40 mú-sicos, na faixa de 10 a 13 anos de idade. Todos aprendem a ler partitura e acompanham as mú-sicas nota a nota. “Por mais que seja difícil é com muito prazer que dou continuidade ao sonho do meu avô”, afirma o maestro, orgulhoso, que já pre-para a terceira geração musical, através do seu filho Theivid, de 11 anos. “Tenho mais um filho que no próximo ano começará a assistir as aulas. Não sei se eles serão músicos, mas fico feliz que aprendam um pouco do ofício do pai e do bisavô”, confessa sem disfarçar o sorriso.

FILARMÔNICA

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Avante, camaradas!

Letra: Antonino E. SantosMúsica: Maestro Mureco Avante, camaradas!Ao tremular do nosso pendãoVençamos as invernadasCom fé suprema no coração. Avante sem receioQue em todos nós a Pátria confiaMarchamos com alegria, avante!Marchamos sem receio. (2x) Aqui não há quem nos detenhaE nem quem turve a nossa galhardia.Quem nobre missão desempenhaTemer não pode a tirania, a tirania. E nunca seremos vencidosPois marchamos sob a luz da crença.Marchamos sempre convencidosNão há denodo que nos vença (2x) Avante, camaradas!Ao tremular do nosso pendãoVençamos as invernadasCom fé suprema no coração. Avante sem receioQue em todos nós a Pátria confiaMarchamos com alegria, avante!Marchamos sem receio. Havemos sempre audazesA afrontar o perigo;E seremos perspicazesAnte o mais férreo inimigo. Por isso, não temamos:Sempre fortes e sobranceiros,E com bravura sempre lutaremos;Brasileiros nós somos,Nós somos Brasileiros! (2x)

Em um ambiente precário, o Maestro Neto comanda o ensaio da filarmônica, que tem cerca de 40 músicos de 10 a 13 anos. O amontoado de instrumentos quebrados em uma sala entristece, mas não rouba o sonho das crianças. O pequeno Alison Piter, 11 anos, estuda música desde os sete anos e sonha em tocar em uma banda, quando adulto

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um lugar

UMApintura

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untuosa e imponente, a Igreja de Nossa Senhora Sant’Ana foi constru-ída em 1810, época em que Angical ainda era Brejo do Angical, estância dos irmão Almeida, localizada à mar-gem esquerda do rio São Francisco, e pertencente à Pernambuco. 200 anos se passaram e sua arquitetura permanece em destaque, emoldurada por simpáticas ruas de ladrilho e uma população devota.

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texto THIARA REGES foto C.FÉLIX

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Tizziana [email protected]

GELO,LIMÃOEAÇÚCAR

À ESPERA DE ALICEO casal Indianara Padilha Bondan e Fabiano Carneiro espera a chegada de Alice. Indianara está com oito meses de gestação. Ela viajou no dia 30 de novembro para Francisco Beltrão (PR), onde moram seus pais, e lá terá a princesinha Alice. O parto cesárea está marcado para o dia 15 de janeiro.

Ivy e André Ivy Guirao e André da Cunha casaram-se no dia 12 de

novembro. A cerimônia religiosa foi realizada na Paróquia São José. Após a cerimônia, o casal recepcionou amigos e familiares

no Espaço Quatro Estações. Ivy esbanjou elegância em um vestido clássico, e o buquê “azul” muito autêntico.

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Me caiu os butiá do bolso!

Os batons em tom matte (opaco) estão entre os queridinhos das mulheres ligadas a moda. O que são batons Matte? Sem brilho algum, tem alta pigmentação e dura muito tempo nos lábios. A cor é intensa e super fiel. Sendo uma ótima opção para as festas, na qual se precisa usar uma produção mais sofisticada. A dica da maquiadora sênior da M.A.C é aplicar bastante hidratante labial antes da cor. Só quando terminar a make retire o excesso de hidratante. Então, aplique nos lábios primer labial que atenua linhas e fixa a cor, e então passe o batom.

Em dose duplaKaren Capeleto Francisco está transbordando em alegria. Ela está de seis semanas de gestação e espera por gêmeos.

A fraseSempre que possível, seja claro.Mas que sua clareza não seja o motivo para ferir o outros.PAULO COELHO

Vittore Pricila Isabel Zuffa inaugurou, no dia 22 de novembro, a loja de jeans e acessórios Vittore. A inauguração teve desfile e coquetel, com trufas recheadas. Seus pais, Roseli e José Umberto Zuffa, foram prestigiar a filha. A loja Vittore está localizada ao lado do Bradesco, na rua Paraná.

O casamento de Luciana da Câmara Dutra e Moisés Vieira de Jesus foi realizado no dia 12 de novembro às 18h, na Igreja São João Batista, em Barreiras, cidade da noiva. Após a cerimônia religiosa, o casal recebeu os convidados no Espaço Angel’s Recepção. Os noivos fizeram o ensaio fotográfico com Helena Ogrodowczyk.

ENSAIO SENSUALNara Cristina Alves Teixeira, 23 anos, fez um ensaio com a fotografa Kika, no dia 19 de novembro. Na ocasião ela disse que adora estar com a família e amigos, e conta

que seu maior vicio é maquiagem e perfumes.

Miss Beleza LEMNo dia 8 de dezembro aconteceu a disputa pelo título de Miss Beleza Luís Eduardo Magalhães 2012, no espaço de eventos Estação Gê. A Miss coroada foi Monique Pizatto, 21 anos. “Seria um sonho poder representar nossa cidade. Levar nossa cultura, ao Miss Bahia, essa cidade tão próspera e acolhedora. Sou baiana de coração”, disse Monique. Gaúcha filha de Valdemar dos Santos Garcia e Izabel Pizatto, estudante de agronomia na FAAHF, mora em Luís Eduardo Magalhães há três anos, natural de Maximiliano de Almeida (RS).

Ana MixJosiane Vigo, nova proprietária da Ana Mix, reinaugurou a loja de roupas e acessórios femininos no dia 19 de novembro, com um coquetel. Josiane pretende vender também moda masculina e infanto-juvenil, bem como mudar o nome da loja.

LUCIANA E MOISÉS

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promete grandes novidades para 2012

Quatro Estações Avenida inaugurou recentemente nova estrutura de som e iluminação, mostrando que a casa não para de se reinventar a cada dia.

A boa notícia é que esta é apenas uma das novidades que o complexo Quatro Estações Eventos, deve apresen-tar nos próximos meses. Segundo Josué Lourenço, sócio proprietário do local e de todo complexo Quatro Estações, o melhor mesmo ainda está por vir, a começar pela integra-ção entre a antiga casa de show Avenida Lounge e o espa-ço de eventos Quatro Estações. “São dois espaços que se completam. A depender do tipo de evento é possível utilizar tanto um quanto outro”, explica Lourenço.

Contamos com uma estrutura privilegiada para atender as necessidades do nosso cliente, desde a realização de uma balada, casamentos, aniversários, formaturas ou eventos corporativos”, tanto em nossas instalações ou em qualquer lugar que ele desejar, pois contamos com uma frota formada atualmente por cinco veículos, dois geradores de energia (com 81 e 264 Kva), profissionais qualificados e a qualidade de serviços que lhe é peculiar em decoração.

O Quatro Estações Eventos oferece completo serviço de buffet, doces, bolos, salgados, mesas de frios, coffee bre-ak, além da locação de estrutura completa para eventos à domicílio, tais como: mesas, cadeiras, talheres, pratos, tra-vessas, rechaud´s, sousplasts, toalhas, móveis nobres e rústicos, bistrôs, som para palestras e música ambiente, microfones, data show, geradores, etc..

“Procuramos sempre o diferencial, seja quando recebe-

mos algum cliente para algum evento, disponibilizamos a casa para alguma festa, ou levamos nossa estrutura até onde nos chamarem. O nosso compromisso é e sempre será o de oferecer um serviço de qualidade e com confor-to”, resume Josué.

Outra grande novidade prevista para julho de 2012 é a inauguração do Quatro Estações Hall, localizado no terreno de fundo do salão de eventos atual. Construído em frente de uma área verde no setor de indústrias do município de Luís Eduardo Magalhães, quando pronto, explica Josué, a nova casa de shows será uma das maiores do interior da Bahia, com capacidade para receber 10 mil pessoas, em pé, e aproximadamente 4 mil, sentadas.

O projeto contempla uma arrojada estrutura, com siste-ma de vídeo monitoramento, saídas de emergência, tra-tamento isotérmico das telhas, palco profissional de 240 mts², camarim, área VIP, cozinha industrial entre outros. “São confortos que certamente proporcionarão aos nossos clientes um excelente local para entretenimento, já que o projeto, que está sendo executado pela Lunardi Engenha-ria, com a arquitetura da 4D Arquitetura e Engenharia, foi pensado para ser um espaço multiuso”, completa o em-presário.

Muitas pessoas me questionam a falta de um local aqui na região com espaço adequado para lazer. A partir do ano que vem, o Quatro Estações vai oferecer tudo isso em um complexo de aproximadamente 7 mil metros quadrados de área construída, divididos em três prédios,” conclui Jo-sué Lourenço.

Grupo Quatro Estações

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1 Renan e Fernanda; 2 Adriana, Taís e Cal; 3 Brigda e Amarildo; 4 Tatiane, Giovanna, Claudio e dona Tereza; 5 Elizabeth Maciel e Diego Lauck; 6 Silvana Nogueira e Elizabeth Nogueira; 7 Rodolfo e Domitila; 8 Larissa, Emilia, Melissa e Kalyne; 9 Mauro e Adriana ; 10 Ana Dark, Maria Carmem e Geraldo Mutti; 11 Augusto e Carmem Fiorio; 12 Danilo e Celia; 13 Tadeu e Jakeline Bergamo; 14 Yasmin Lauck; 15 Kalyne, Melissa, Carol, Maiara,Letícia e Mariana, 16 Victor Toralles e Mariana Magerl; 17 Ellen e Franci; 18 Guilherme e Patricia Tauneber; 19 Aldeci Menezes, Ben Hir, Marcos Cléber; 20 Débora e Jaqueline; 21 Karlucia, Cristina, Lilian, Marizete, Silvania e Janeide; 22 Comin e Karine; 23 Sandra e Ricardo; 24 Junior César e Juciara; 25 Jô e Deiva; 26 Rita, Cecilia e Fátima Luz; 27 Luiz, Amanda, Rogerio e Marina; 28 Marleide, Roge Mayco e Nete; 29 Adailton e Grasiela; 30 Pedro Ranzi, Juca Galvão, Bispo Daniel, Pastor Souza

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1 Silvano Xavier e Luzia Luz; 2 Rider Castro e Gil; 3 Giovana Borges, Larissa, Bruna, Anita, Kalyne, Vana e Camila; 4 Rodrigo, Ellen e Cristisnan; 5 Italo e Sueli; 6 Jane, Evandro e Leandro Eckert; 7 Ellen Bartmann e Kinho Leão; 8 Dona Eni, Emilia e Julia; 9 Dilma e Marcos; 10 Vinicius, Paulinho, Pamela, Marciano e Matheus; 11 Carlos Andre; 12 Fátima e Eliane; 13 Bernardo, Rodrigo e Vanessa.

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