rev adv40imagembiblica.300312

1
A A imagem bíblica sob a ótica dos novos tempos maldo Jabur, em sua cr6- nica diária, ouvida pela CBN, ao referir-se a Steve Jobs concluiu que "ele mordeu a maça que caiu na cabeça de Isaac Newton e nos expulsou do insuportável paraíso da ignorância." Essa audição me fez lembrar a cena bíblica de expulsão de Adão do Paraíso, em que Jeová Deus disse ao homem que da árvore do conhecimento do bern e do mal não poderia comer, porque, no dia em que dela comesse, morreria . Em seguida, surge o episódio da ser- pente seduzindo a mulher para que coma da fruta dessa árvore e, fin al- mente, a expulsão de Adão do para - íso por haver desobedecido. Ora, comer dessa á rvore cha- mada da ".Sabedoria" significa que o homem (a raça adâmica, a raça humana) tomou posse do conheci- mento e despertou nele a consciên- cia de sua responsabilidade, pois, ao ser expulso do Éden, ele come- çou a usar a sua inteligência e a conhecer as coisas que o rodea- vam. 0 conhecimento, portanto, é uma força libertadora e convida a quem o possui exercer a criativi- dade e a bastar-se a si mesmo em todos os sentidos. Esse paraíso da ignorância tem de ser deixado pelo que anseia o saber, porque o conhecimento se constitui numa energia que rompe com as limitações e descortina o infinito. Sem o conhecimento não se é nada e com ele se pode ser tudo. 0 que hoje desfrutamos, em todas as ordens da vida, aconteceu graças ao domínio do conheci - mento conquistado pelo homem no 36 www . advogadosmn.com.br correr dos tempos. Ha os conhecimentos que são necessários e ú teis para atender a nossa subsistência e existem os que atendem as nossas necessidades de ordem espiritual, os transcenden- tes. A luz dos conhecimentos trans- cendentes permite afastar a penum- bra e ilumina o caminho da realiza- ção consciente. Por meio do conhecimento se pode alcançar a felicidade. 0 conhecimento é 0 que per- mite abarcar uma vida mais ampla, mais rica em perspectivas do que aquela que não foi animada por conhecimento algum. Além de ser exigido por uma necessidade da própria existência humana, o conhecimento é buscado pela pes- soa para, por meio dele, alcançar os mais elevados cumes, de onde possa contemplar, com maior niti- dez, os infinitos matizes que a Cria- ção lhe apresenta. Por outro lado, busca-se 0 conhecimento, porque e o grande agente construtivo que cria as possibilidades que ampliam as prerrogativas da existência. Por outro lado, o conhecimento transcendente faz o homem pensar em coisas que jamais lhe haveriam ocorrido. Como conhecimento, edi- fica e impulsiona, a urn só tempo, os afãs de capacitação; como ensi- namento, desperta o entusiasmo e, enquanto orienta o entendimento, promove sugestões que a mente capta e a inteligência traduz em ini- ciativas. Eis, portanto, a grande vir- tude que o conhecimento transcen- dente possui. 0 conhecimento transcenden- te, que se fundamenta na realidade da vida humana e de tudo quanto existe, desperta a iniciativa e ensina a conduzir o pensamento por caminhos seguros, rumo a feli- zes culminações. Portanto, essa imagem biblica, hoje, na visão dos novos tempos, não significou um pecado, mas a libertação das amarras que pren- diam o homem nas correntes da ignorância. Ao comer do fruto da árvore do conhecimento, ele se viu em condi- ções de conduzir a sua própria vida, lutando, denodadamente, para superar as suas limitações e as suas debilidades. 0 pensador Gonzalez Pecotche, referindo-se a essa imagem, asse- vera que "o que se havia operado com sua separação do paraíso obe- decia, naturalmente, a razões supe- riores de evolução. Era mister que conhecesse as necessidades da vida, e, por sua vez, por meio do conhecimento deveria apossar-se dessa parte da Criação sobre a qual fora posto. Mediante esse pensa- mento que animava a Natureza, conheceria também a sua origem no mundo, forjando, com sua inte- ligência e com seu trabalho, o por- vir dos descendentes para maior gloria de seu Deus". A releitura de imagens, a exem- plo da aqui citada e que nos foram inculcadas desde séculos, permite - nos despertar para outra realidade e compreender o que ocorre em nos- sos dias e possibilita o avanço e o amadurecimento em nossa cami- nhada evolutiva. Rever os conceitos significa dinamizá-los e permitir que reve- jam a nossa conduta. Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas é advogado , assessor jurídico da ACMINAS- Associação Comercial e Empresarial de Minas . Articulista, conferencista e radialista. Colunista da Revista Advogados Mercado & Neg6cios.

Upload: marcoaureliochagas

Post on 28-Jul-2015

187 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Rev adv40imagembiblica.300312

A

A imagem bíblica sob a ótica dos novos tempos

maldo Jabur, em sua cr6- nica diária, ouvida pela CBN, ao referir-se a Steve Jobs concluiu que

"ele mordeu a maça que caiu na cabeça de Isaac Newton e nos expulsou do insuportável paraíso da ignorância."

Essa audição me fez lembrar a cena bíblica de expulsão de Adão do Paraíso, em que Jeová Deus disse ao homem que da árvore do conhecimento do bern e do mal não poderia comer, porque, no dia em que dela comesse, morreria. Em seguida, surge o episódio da ser- pente seduzindo a mulher para que coma da fruta dessa árvore e, final- mente, a expulsão de Adão do para- íso por haver desobedecido.

Ora, comer dessa á rvore cha- mada da ".Sabedoria" significa que o homem (a raça adâmica, a raça humana) tomou posse do conheci- mento e despertou nele a consciên- cia de sua responsabilidade, pois, ao ser expulso do Éden, ele come- çou a usar a sua inteligência e a conhecer as coisas que o rodea- vam.

0 conhecimento, portanto, é uma força libertadora e convida a quem o possui exercer a criativi- dade e a bastar-se a si mesmo em todos os sentidos.

Esse paraíso da ignorância tem de ser deixado pelo que anseia o saber, porque o conhecimento se constitui numa energia que rompe com as limitações e descortina o infinito.

Sem o conhecimento não se é nada e com ele se pode ser tudo.

0 que hoje desfrutamos, em todas as ordens da vida, aconteceu graças ao domínio do conheci- mento conquistado pelo homem no 36 www.advogadosmn.com.br

correr dos tempos. Ha os conhecimentos que são

necessários e ú teis para atender a nossa subsistência e existem os que atendem as nossas necessidades de ordem espiritual, os transcenden- tes.

A luz dos conhecimentos trans- cendentes permite afastar a penum- bra e ilumina o caminho da realiza- ção consciente.

Por meio do conhecimento se pode alcançar a felicidade.

0 conhecimento é 0 que per- mite abarcar uma vida mais ampla, mais rica em perspectivas do que aquela que não foi animada por conhecimento algum. Além de ser exigido por uma necessidade da própria existência humana, o conhecimento é buscado pela pes- soa para, por meio dele, alcançar os mais elevados cumes, de onde possa contemplar, com maior niti- dez, os infinitos matizes que a Cria- ção lhe apresenta. Por outro lado, busca-se 0 conhecimento, porque e o grande agente construtivo que cria as possibilidades que ampliam as prerrogativas da existência.

Por outro lado, o conhecimento transcendente faz o homem pensar em coisas que jamais lhe haveriam ocorrido. Como conhecimento, edi- fica e impulsiona, a urn só tempo, os afãs de capacitação; como ensi- namento, desperta o entusiasmo e, enquanto orienta o entendimento, promove sugestões que a mente capta e a inteligência traduz em ini- ciativas. Eis, portanto, a grande vir- tude que o conhecimento transcen- dente possui.

0 conhecimento transcenden- te, que se fundamenta na realidade da vida humana e de tudo quanto existe, desperta a iniciativa e

ensina a conduzir o pensamento por caminhos seguros, rumo a feli- zes culminações.

Portanto, essa imagem biblica, hoje, na visão dos novos tempos, não significou um pecado, mas a libertação das amarras que pren- diam o homem nas correntes da ignorância.

Ao comer do fruto da árvore do conhecimento, ele se viu em condi- ções de conduzir a sua própria vida, lutando, denodadamente, para superar as suas limitações e as suas debilidades.

0 pensador Gonzalez Pecotche, referindo-se a essa imagem, asse- vera que "o que se havia operado com sua separação do paraíso obe- decia, naturalmente, a razões supe- riores de evolução. Era mister que conhecesse as necessidades da vida, e, por sua vez, por meio do conhecimento deveria apossar-se dessa parte da Criação sobre a qual fora posto. Mediante esse pensa- mento que animava a Natureza, conheceria também a sua origem no mundo, forjando, com sua inte- ligência e com seu trabalho, o por- vir dos descendentes para maior gloria de seu Deus".

A releitura de imagens, a exem- plo da aqui citada e que nos foram inculcadas desde séculos, permite- nos despertar para outra realidade e compreender o que ocorre em nos- sos dias e possibilita o avanço e o amadurecimento em nossa cami- nhada evolutiva.

Rever os conceitos significa dinamizá-los e permitir que reve- jam a nossa conduta. Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas é advogado, assessor jurídico da ACMINAS-Associação Comercial e Empresarial de Minas. Articulista, conferencista e radialista. Colunista da Revista Advogados Mercado & Neg6cios.