rev liberal 1820

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A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1820 SESSÃO DAS CORTES DE LISBOA, POR OSCAR PEREIRA DA SILVA

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História 11º

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  • A REVOLUO LIBERAL DE 1820SESSO DAS CORTES DE LISBOA, POR OSCAR PEREIRA DA SILVA

  • FUGA DA FAMLIA REAL PARA O BRASILEMBARQUE PARA O BRASIL DO PRNCIPE REGENTE D. JOO VI EM 27 DE NOVEMBRO 1807, POR NICOLAS DELERIVE

  • O DESEMBARQUE...

  • Da guerra e da desiluso surge a Revoluo. Como?TRS INVASES FRANCESAS,UMA MONARQUIA BRASILEIRA E UM GOVERNO INGLS

  • 1. QUE CONDIES FAVORECERAM A REVOLUO LIBERAL DE 1820?

  • As hesitaes de Portugal em cumprir o Bloqueio Continental originam as Invases Francesas e a Fuga da famlia real para o Brasil.

  • AS INVASES FRANCESAS

  • JUNOT E A PRIMEIRA INVASO FRANCESA

  • SOULT E A SEGUNDA INVASO FRANCESA

  • MASSENA E A TERCEIRA INVASO FRANCESAGRAVURA DA BATALHA DO BUACO, POR MAJOR T. ST. CLAIRGRAVURA DO EXRCITO FRANCS DE MASSENA DEFRONTE DAS LINHAS DE TORRES VEDRAS, POR G. W. TERRY .

  • Ali vi casas completamente saqueadas, os mveis destrudos, as igrejas convertidas, umas em cavalarias, outras em teatro e outras em matadouros de gado, donde saiam emanaes insuportveis; as oliveiras, laranjeiras e outras rvores dos numerosos pomares suburbanos haviam sido cortadas (...); [s restavam] raros habitantes, no estado mais deplorvel, resultado das privaes e mau tratamento.Jorge Custdio, A vila de Santarm ao tempo da invaso de Massena

  • TRS INVASES FRANCESAS, UM GOVERNO INGLS E UMA MONARQUIA BRASILEIRA PROVOCA DESCONTENTAMENTO WILLIAM CARR BERESFORD, POR SIR WILLIAM BEECHEY

  • CHEGADA DA FAMLIA REAL DE PORTUGAL AO RIO DE JANEIRO EM 7 DE MARO DE 1808, POR GEOFF HUNTDIA DE BEIJA-MO NO RIO DE JANEIRO, POR DAUMIER

  • Em 1815, o prncipe regente deu ao Brasil o ttulo de reino e redefiniu a monarquia como reino unido de Portugal, do Brasil e do Algarve, com novas armas.

  • Um Estado arruinado, uma monarquia abalada pela opo brasileira do rei, e uma nova disponibilidade para o debate pblico e para a indignao patritica formaram um solo fcil para revoltas.GOMES FREIRE DE ANDRADE E A PRIMEIRA REVOLTA LIBERAL, 1917

  • MANUEL FERNANDES TOMSJOS DA SILVA CARVALHOJOS FERREIRA BORGESO SINDRIO, UMA SOCIEDADE SECRETA FUNDADA NO PORTO EM 1818

  • A REVOLUO LIBERAL DE 1820 24 de Agosto de 1820, Campo de Santo Ovdeo, Porto

  • GRAVURA DA ENTRADA SOLENE DA JUNTA PROVISRIA NO ROSSIO, EM LISBOA (1 DE OUTUBRO DE 1820)

  • CORTES CONSTITUINTES DE 1821, POR VELOSO SALGADOEm dezembro de 1820 realizaram-se as primeiras eleies e os Portugueses escolheram os seus representantes para as chamadas Cortes Constituintes.

  • O REGRESSO DO REI

  • Medidas das Cortes Constituintes :

    Exigncia do regresso de D. Joo VI e da corte a Portugal; Extino da Inquisio; Abolio dos direitos senhoriais; Transformao dos bens da Coroa em bens nacionais; Liberdade de Imprensa; Aprovao da Constituio

  • 2. QUAIS SO OS PRINCPIOS DEFENDIDOS PELA CONSTITUIO DE 1822?

  • Em concluso, a Constituio de 1822 ps termos sociedade de Antigo Regime e instaurou entre ns uma monarquia constitucional.

  • MONARQUIA ABSOLUTA VS MONARQUIA CONSTITUCIONAL

  • Juro guardar e fazer guardar a Constituio poltica da monarquia portuguesa que acabam de decretar as Cortes Constituintes da mesma nao.Juramento da Constituio

  • 3. QUAIS FORAM AS CAUSAS DA INDEPENDNCIA DO BRASIL?

  • Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hs-de respeitar, do que para algum desses aventureiros.D. Joo VI

  • Se para o bem de todos e felicidade geral da nao estou pronto: diga ao povo que fico.D. Pedro

  • INDEPENDNCIA OU MORTE (TAMBM CONHECIDO COMO O GRITO DO IPIRANGA), POR PEDRO AMRICOAmigos! As Cortes de Lisboa nos oprimem e querem nos escravizar... Deste dia em diante, as nossas relaes esto rompidas. Por meu sangue e por minha honra e por Deus, farei do Brasil um pas livre. Brasileiros, de hoje em diante o nosso lema ser: Independncia ou morte!.Proclamao de D. Pedro em 7 de setembro de 1822

  • Revoluo Liberal de 1820

  • Revoluo Liberal de 1820Regresso de D. PedroIndependncia do BrasilConstituio Portuguesa de 1822 Monarquia ConstitucionalCortes ConstituintesInvases FrancesasAusncia do reiCrise econmicaDomnio InglsPrincpios LiberaisDescontentamento da populao

  • Fim

  • AntecedentesUm pas em criseEm 1807 as tropas Napolenicas invadiram pelaprimeira vez Portugal.A famlia real e muitos elementos do clero e da nobreza refugiam-se no Brasil.As tropas francesas roubaram, saquearam e queimaram.Os Ingleses dominam os cargos mais importantes do pas.

  • O Movimento RevolucionrioRazes que levaram Revoluo de 1820:

    A Famlia Real e a Corte Portuguesa continuavam a viver no Brasil e parecia no desejarem regressar. As invases tinham acabado em 1810.

    O reino tinha ficado mais pobre e desorganizado com as Invases Francesas.

    Os Ingleses no saram de Portugal e controlavam quase todo o comrcio com o Brasil, o que prejudicava muito os comerciantes portugueses.

  • Objectivos do Movimento Revolucionrio Liberal

    1Obrigar o Rei a regressar do Brasil

    2Expulsar os Ingleses de Portugal

  • Finalmente!

    Os Ingleses foram afastados de Portugal.

    Os Revolucionrios criaram um Governo Provisrio a Junta Provisional de Governo do Reino.

  • ResumoOs portugueses estavam descontentes com o estado da nao aps as invases francesas e com a presena dos Ingleses em Portugal. Queriam ainda que o Rei viesse do Brasil para Portugal.Um conjunto de revolucionrios prepararam uma revoluo para mudar as coisas e implementar um regime liberal em Portugal. Esses revolucionrios formaram uma sociedade secreta o Sindrio para preparar a revoluo.No dia 24 de Agosto de 1820 tinha lugar, no Porto, a Revoluo Liberal que rapidamente se alastrou a todo o pas com apoio popular.Foi criado um governo provisrio para governar Portugal e foram afastados os Ingleses.Foram preparadas e realizadas eleies para as Cortes Constituintes cujos seus deputados elaboraram a Constituio de 1822.A Constituio de 1822 baseava-se nos princpios liberais da Igualdade e Liberdade.O rei D. Joo VI regressou do Brasil e aceitou a Constituio de 1822. Portugal passava a ser uma Monarquia Constitucional ou Liberal.

  • FORMATAO:

    Carla Carvalho

    Ler excertos do livro de Raul Brando sobre a fuga da corte para o Brasil. Porque que a corte saiu de Portugal?*****pq que a famlia real foge para o Brasil?

    Durante alguns anos, Napoleo Bonaparte venceu todas as batalhas em que os seus exrcitos se envolveram. Entusiasmado com as vitrias, acalentou o projeto de invadir e dominar a poderosa Inglaterra. Como no a conseguia vencer pelas armas, tomou a deciso de a vencer pelo isolamento. Para isso obrigaria os pases europeus a fecharem os portos aos navios ingleses, que assim ficavam impedidos de comerciar. No os vencera pelas armas, venc-los-ia arruinando-os. Esta estratgia ficou conhecida como o Bloqueio Continental (1806).

    At 1807, a monarquia portuguesa conseguiu manter a neutralidade, o que lhe valeu alguma prosperidade comercial. Porm, em 1807, o imperador dos franceses decidiu obrigar Portugal a acompanh-lo na guerra contra a Inglaterra. O Governo portugus viveu o seu maior pesadelo estratgico, apanhado no choque entre uma grande potncia terrestre, A frana, cujos exrcitos dominavam o continente europeu, e uma grande potncia martima, A Inglaterra, cujas esquadras controlavam os mares. Se optasse pela Inglaterra corria o risco de perder Portugal. Se optasse pela Frana, o Brasil.

    Portugal conseguiu assim irritar ambas as potncias: No outono de 1807, os ingleses enviaram a lisboa uma esquadra, e os franceses, atravs de Espanha, sua aliada, um exrcito. Uns meses antes, uma armada inglesa havia atacado a capital da Dinamarca e destrudo a sua frota, depois de o governo dinamarqus ter tomado o partido da Frana. A que veio at Lisboa trazia instrues para tratar portugal da mesma maneira, se o exrcito francs entrasse no pas e o Governo portugus no aceitasse mudar-se para o Brasil, como Londres havia exigido em Outubro.

    Tendo procurado por todos os meios possveis conservar a neutralidade (...), chegando ao excesso de fechar os portos dos meus reinos aos vassalos do meu antigo e leal aliado, o rei da Gr-Bretanha (...), vejo que pelo interior do meu reino marcham tropas do imperador dos franceses (...), a quem eu me havia unido no continente na persuaso de no ser mais inquietado, e que as mesmas se dirigem a esta capital. E querendo eu evitar as funestas consequncias que se devem seguir de uma defesa, que seria mais nociva que proveitosa (...), conhecendo igualmente que elas se dirigem muito particularmente contra a minha real pessoa, e que os meus leais vassalos sero menos inquietados, ausentando-me eu deste reino (...) para os estados da Amrica e estabelecer-me na cidade do Rio de Janeiro at paz geral. (..) tendo por certo que os meus reinos e povos sero governados e regidos por maneira que a minha conscincia seja descarregada, e eles governadores cumpram inteiramente a sua obrigao (...), administrando a justia com imparcialidade, distribuindo os prmios e castigos conforme os merecimentos de cada um.In Carta do Prncipe Regente D. Joo (26 de Novembro de 1807)

    Porque que o principe regente resolveu embracar para o Brasil?Portugal europeu no costitua e melhor e a mais importante parte da monarquia. Entre metade e dois teros das receitas do Estado tinham origem no comrcio que ligava o Brasil Europa. Perder o Brasil seria perder quase tudo. Era impossvel confiar em algum que, no resto da Europa j depusera muitos monarcas e se apossara dos seus estados. No se podeia deixar o prncipe regente merc de um exrcito francs, mesmo que este viesse para Lisboa com a suposta misso de o proteger dos ingleses. Apesar de tudo, a Inglaterra era uma potncia conservadora, que respeitaria os direitos da dinastia de Brgana.Ao sair para o Brasil, o Prcipe entregou o governo de Portugal a um Conselho de Regncia, com instrues para receber o exrcito francs como aliado. Esperava assim, a partir do Rio de Janeiro, manter alguma influncia em Portugal, mesmo com o exrcito francs em Lisboa.

    **1. Invaso JunotA primeira invaso francesa foi comandada pelo General Junot. O exrcito chegou fronteira acompanhado por vrias divises do exrcito espanhol. Entraram em Portugal em 19 de Novembro na inteno de chegar a Lisboa o mais depressa possvel, aprisionar a famlia real e apoderar-se dos navios da armada portuguesa. Devido impossibilidade de uma defesa eficaz, no houve qualquer resistncia entrada na capital, a 30 de Novembro de 1807, do general Junot e dos seus soldados, muito depauperados, 18 horas depois da corte largar para o Brasil, pelo que mais no lhe restou do que ver os navios de velas desfraldadas sumirem no horizonte. Daqui surgiu a expresso ficar a ver navios .O General assumiu logo o governo em Lisboa, mas sem abolir o Conselho de Regncia. A principal preocupao do comando francs foi o bloqueio de Lisboa pela equadra inglesa, o que dificultava o abastecimento da ento 4. maior cidade da Europa.Em breve, porm, Napoleo anunciou vontade de dispor de todo o reino. A 1 de Fevereiro de 1808 Junot anunciou que a dinastia de Bragana deixara de reinar em Portugal e o selo do governo em Lisboa passou a ser o mesmo do imprio Francs.A os espanhis aperceberam-se que o Tratado de Fontainebleau no passara de uma farsa e a revolta do povo espanhol cresceu. Em Portugal tambm no faltaram tumultos.No final da primavera de 1808, a situao alterou-se. A revoluo de Madrid contra os franceses fez retirar os exrcitos espanhis que apoiavam a ocupao de Portugal. Com os franceses concentrados em Lisboa e nas duas fortalezas de Almeda e Elvas, a maior pate do territrio ficou livre. Em 1 de Agosto, desembarcou na Figueira da Foz um exrcito ingls, comandado por sir Artthur Wellesley, que, depois de duas batalhas (Rolia e Vimeiro), forou os franceses a aceitarem ser evacuados de Portugal em setembto. Os Ingleses restabeleceram o Conselho de Regncia de Lisboa. As condies deste Tratado de Sintra que obrigava junot a retirar do pas foi muito favorvel frana porque o comando ingls permitiu que junot levasse as riquezas saqueadas.

    Mas isto no significou o fim da Guerra. Esta apenas tinha comeado.

    *

    2. Invaso SoultNo fim de 1808, Napoleo decidiu ocupar-se pessoalmente da Pennsula Ibrica. Num ms, o exrcito ingls embarcou pressa. Mas quando se esperava ver Napoleo em Lisboa, os negcios da Europa Central fizeram-no regressar a Paris. Portugal sofreu apenas em maro de 1809 uma incurso mo Norte dirigida pelo General Soult. Entrou por Chaves e a partir da avanou sobre Braga (a populao amotinou-se e linchou o general portugus que ordenara a retirada), seguindo para o Porto. Aqui, a populao comandada pelo bispo organizara-se para resistir, o que teve como consequncia uma batalha sangrenta com muitas mortes e um terrvel acidente que envolveu sobretudo civis, o desastre da ponte das Barcas.Soult tomou a cidade e, conforme era hbito, escolheu um dos melhores palcios para se instalar, neste caso o Palcia das Carrancas. Acontece que os portugueses j tinham pedido ajuda Inglaterra para fazer frente a esta segunda invaso. O general Wellesley avanou com as suas tropas para o Porto, soult percebeu que a derota seria inevitvel e preferiu retirar, saindo por Montalegre. Na retirada perderam homens, armas, cavalos e peas valiosas de que se tinham apoderado. Apesar do pouco honroso desfecho da segunda invaso, napoleo no deistiu de dominar Portugal.

    * 3. Invaso MassenaA guerra em Espanha s permitiu aos fanceses dar novamente ateno a Portugal no ano seguinte. Em 1810 um enorme exrcito comandado pelo Marechal Massena, com alguns dos melhores generais de Napoleo, entreou pela Beira Alta em direo a Lisboa. A populao j no tinha duvidas sobre o verdadeiro significado da presena em Portugal dos franceses que pilhavam e matavam a seu bel-prazer. Decidida a resistir preferia queimar as colheitas e fazer desaparecer o gado do que abastecer os soldados franceses. Por outro lado, os ingleses estavam a pr em prtica uma estratgia imaginada por Wellesley, que daria os seus frutos. Sabendo que o exrcito de Massena tentaria necessariamente conquistar Lisboa, encarregou o general Beresford e o secretrio da Guerra Miguel Forjaz de preparar os exrcitos para o confronto e de construir um conjunto de fortificaes a que chamou Linhas de Torres. Estas fortificaes foram erguidas em pontos altos de modo a criar uma barreira que colocasse os defensores de Lisboa em vantagem.. A norte, as chamadas Linhas de Torres, estendiam-se entre Torres Vedras e Vila Franca. Outro troo ligava a Ericeira, Mafra e Monchique, prolongando-se at margem do rio, em Alverca.Massena avanara de Almeida para Viseu e depois para o Buaco, onde foi surpreendido por um exrcito que lhe ofereceu grande resistncia. Contudo, apesar das baixas e do desgaste, prossegui rumo a Lisboa. . A 12 de outubro caiu na emboscada que eram as Linhas de Torres Vedras. Sem soluo vista, Massena recuou para Santarm e retirou.

    *As consequncias das invases francesas foram terrveis para Portugal. Portugal ficou numa situao muito difcil: campos queimados, povoaes saquedas, famlias de luto pelos muitos militares e civis que tinham morrido em combate.Para alm disso,*neste perodo, quem acabou por assumir o Governo do pas foi o Genral ingls Beresford. De incio as suas funes limitavam-se a organizar e comandar o exrcito, mas depois o rei entregou-lhe as rdeas do poder e, embora com o apoio do Conselho de Regncia, a verdade que era ele que tomava as decises mais importantes. Esta condio subalterna s era suportvel em tempos de Guerra porque os portugueses sabiam que sem ajuda no conseguiam vencer os franceses.Terminda a guerra, as populaes comearam a interrogar-se. No teria chegado o momento de os ingleses se retirarem? E a famlia real portuguesa porque motivo continuava no Brasil?Surgiram movimentos destinados a convencer D. Joo a voltar*A retirada da Corte para o Brasil foi um acontecimento indito e extraordinrio na histria da Europa. Nunca um rei europeu embarcara rumo a outro continente. (permaneceu 13 anos)A viagem da corte prolongou-se por 2 longos meses e foi tormentosa. sada da barra levantou-se um temporal que dispersou os navios e assim, as pessoas ficaram sem saber em que estado seguiam os familiares e amigos que tinham embarcado separadamente. Se no incio da viagem foi o frio, a chuva e o nevoeiro que afligiram os viajantes, a partir de Cabo Verde foi o calor e a falta de vento que os atormentou. O lixo e os despojos eram lanados borda fora e como no havia ondulao, acumulava-se volta dos navios e provovava um cheiro nauseabundo. A falta de higiene teve como consequncia uma terrvel praga de piolhos que obrigou D. Carlota Joaquina e muitas senhoras a cortar o cabelo rente, pois no havia outra maneira de se livrarem dos parasitas...Quando chegou ao Brasil, D. Joo comeou logo a tomar decises polticas que alterariam definitivamente o estatuto da terra onde acabava de chegar. A primeira medida foi abrir os portos brasileiros navegao e ao comrcio com todas as naes amigas. Os brasileiros passaram a poder comerciar diretamente com o estrangeiro e a dedicar-se a indstrias at a reservadas a Portugal. O Rio de Janeiro adquiriu as instituies prprias da capital de uma monarquia. Em 1810 celebrou um tratado de comrcio com os ingleses. As mercadorias e os negociantes ingleses passaram a estar sujeitos a impostos de importao e constrangimentos inferiores ao das outras naes. Este tratado fez, em pouco tempo, quadruplicar as exportaes de Inglaterra para Portugal. Esta medida prejudicou os negcios dos grandes comerciantes portugueses, especialmente no Porto.*Em 1815, o prncipe regente deu ao Brasil o ttulo de reino e redefiniu a monarquia como reino unido de Portugal, do Brasil e do Algarve, com novas armas: o escudo com as quinas e castelos (as armas de Portugal) inscrito numa esfera armilar de ouro (as armas do Brasil).Assim, os portugueses sentiam-se profundamente descontentes com a ausncia da famlia real e estavam saturados de Beresford e das suas exigncias. Quando o Brasil foi elevado categoria de Reino, comeou a tomar forma o receio de que o rei no voltasse nunca mais, o que praticamente significaria inverterem-se os papis. Ainda que nada disso viesse a acontecer, o pas j estava a ser muito prejudicado porque deixara de ser intermedirio do comrcio entre o Brasil e outros pases e perdera receitas considerveis. No se limitavam, porm, os descontentes a desejar que a famlia real regressasse e que tudo voltasse a ser como dantes. Havia grupos que j no aceitavam um rei absoluto porque tinham aderido aos ideais do liberalismo. Os ideias da Revoluo francesa ganhavam cada vez mais adeptos entre ns.O Conselho de Regncia de Lisboa no se cansou de avisar o Rio de Janeiro sobre o descontentamento em Portugal, agravado ainda pelas dificuldades financeiras do estado.Assim, vrias eram as razes de descontentamento:A Famlia Real e a Corte Portuguesa continuavam a viver no Brasil e parecia no desejarem regressar. As invases tinham acabado em 1810. A presena dos Ingleses que dominavam o comrcio e controlavam o poder; a crise econmica;

    *Foi neste ambiente que um pequeno grupo de oficiais do exrcito e de membros da burguesia (quase todos eles ligados Maonaria) comeou a conspirar. Esperavam ser possvel, atravs de um golpe militar, expulsar os ingleses e implantar um regime de tipo liberal. Os conspiradores entraram em contacto com Gomes Freire de Andrade. Este era um militar muito prestigiado que defendia as ideias liberais e se tornara gro-mestre da Maonaria portuguesa. Em 1817 foi convidado pela sociedade secreta para encabear uma revolta: expulsar Beresford e todos os oficiais ingleses de Portugal; derrubar a junta de Governo nomeada por D. Joo VI; tomar o poder; reorganizar o pas; elaborar uma constituio e depois obrigar o rei a regressar e a governar de acordo com os princpios do liberalismo. O plano foi descoberto e Gomes Freire de Andrade foi enforcado.A represso, em vez de acalmar os nimos, exasperou as populaes e o desejo de mudana foi crescendo e encontrando adeptos em todos os grupos sociais.A iniciativa para uma nova revolta partiu do norte do pas. Deveu-se a uma associao secreta, o Sindrio.*Em 1818, estes trs amigos liberais do Porto formam uma sociedade secreta o Sindrio que se reunia um vez por mes para jantar na Foz. Aproveitavam o encontro para discutir ideias sobre a melhor maneira de resolver os problemas do pas. No queriam pr em causa D. Joo VI, nem a dinastia de Bragana. Queriam que o rei voltasse e governasse de acordo com uma Constituio em que eles prprios se propunham colaborar. Conspirando secretamente, sentiam-se cada vez mais seguros de estarem no bom caminho, estabeleceram contacto com o sliberais espanhis e com os liberais de Lisboa, e o Sindrio ganhou novos elementos. Todos desejavam passar ao, mas esperavam pelo momento adequado. O facto de o descontentamento popular ser cada vez maior e das elites se sentirem insatisfeitas favorecia a revoluo. A certa altura soube-se que faltavam verbas para pagar os salrios aos militares, o que favorecia os intentos dos revolucionrios.Esse momento chegou quando Beresford embarcou para o Brasil para convencer D. Joo VI a voltar e a trazer verbas necessrias para pagar aos exrcitos.Esta ausncia foi aproveitada pelo sindrio que aliciou militares portugueses de grande prestgio para a causa do liberalismo. Surgiu a data de 24 de Agosto para fazer a revoluo. Os elementos do Sindrio deram incio aos preparativos e entraram num verdadeiro frenesim de escrita, redigindo os textos que haviam de ler ao povo e o manifesto que definia as linhas da futura atuao.

    *Foi assim que no dia 24 de Agosto, ao som dos clarins e da artilharia, os regimentos do Porto juntaram-se no Campo de Santo Ovdeo, misturados com imenso povo. Aps uma missa, ouviram os chefes militares (ler documento para sabermos as exigncias) exigir a nomeao de um governo provisrio e a convocao de cortes para prepararem uma constituio, cuja falta a origem dos nossos males.A seguir, os coronis propuseram ao povo nomes para uma Junta Provisional do Governo do reino, que a multido aproveou no meion de muitos vivas ao nosso bom rei.Nesse discurso ficou bem claro que os revolucionrios respsitavam a disnastia de Bragana, pois exigiam o regresso do rei, e tambm respeitavam a religio catlica.Iniciava-se, assim, a rebvoluo liberal portuguesa. Foi apoiada inicialmente no s pela burguesia, mas tambm por pessoas de outros grupos sociais, incluindo muitos nobres e membros do clero.Do porto, a revolta alastrou a Lisboa, tendo sido formada uma Junta Provisria para Governar o reino.

    Naquele tempo as notcias corriam muito devagar. Enquanto no Porto se festejava a Revoluo, em Lisboa ningum sabia de nada. A Regncia tomou conhecimento do ocorrido a 2 de Agosto. A fim de desarmar politicamente os rebeldes, lembrou-se de convocar as cortes. Os exrcitos mandados avanar pela regncia acabaram por passar-se para a Junta do Porto. Os liberais de Lisboa, a 15 de setembro proclamaram intenes semelhantes s do Sindrio e tambm eles nomearam um outro governo provisrio.Os liberais do Porto e de Lisboa decidiram em conjunto quem ficaria no Governo provisrio e quem se encarregaria de preparar as cortes. No dia 1 de outubro entraram juntos em lisboa e a populao recebeu-os com desfiles e manifestaes de alegria que se prolongaram pelos dias seguintes.

    * junta provisria cabia assegurar a regncia do pas at o rei regressar e ainda convocar eleies para as Cortes Constituintes.Como se explica o entusiasmo da populao presente na gravura? *A monarquia portuguesa tinha o Atlntico pelo meio. S a 17 de outubro soube do pronunciamento do Porto e a 11 de novembro da queda da regncia em Lisboa.Nesse perodo bastante agitado, Beresford, que zarpara do Rio de janeiro antes de ali chegarem as notcias da revoluo, entrou na barra do tejo convencido que ia retomar o seu posto. A junta vedou-lhe o contacto com terra, impedindo-o de desembarcar e ordenou-lhe qe regressasse ao seu pas.O Governo Provisrio comeou imediatamente a preparar eleies que se realizaram em Dezembro de 1820 e foram as primeiras eleies feitas em Portugal. A preparao das eleies, por ser uma completa novidade, lana muitas dvidas. Quem teria direito a voto? Depois de grandes debates, decidiu-se seguir o que estava previsto na constituio de cadiz de 1812, adaptada realidade Portuguesa. O direito a voto foi concedido apenas aos homens e s aos que tivessem mais de 25 anos; excluiram-se os criados, os frades e os funcionrios pblicos.Em dezembro de 1820 realizaram-se as primeiras eleies. Os deputados reuniram a 26 de janeiro e iniciaram os trabalhos para elaborarem a primeira constituio portuguesa, ounseja, a lei de base para o novo Governo que seria uma monarquia liberal ou constitucional.

    *D. Joo VI com medo que as Cortes o pudessem afastar definitivamente resolveu regressar a Portugal. Em Lisboa sabia-se que o rei aceitara governar de acordo com o ideais do liberalismo.Chegou a Lisboa a 4 de julho de 1821. Pelas 10 horas da manh, subiu a bordo um grupo de deputados para cumprimentar o rei. Este garantiu que vinha disposto a governar de acordo com a constituio que os deputados estavam a elaborar e tudo faria para que o liberalismo se implantasse sem sobressaltosNo dia 1 de Outubro de 1822 jurou a Constituio Portuguesa.

    *Durante meses, a vida em lisboa decorria sem sobresaltos, mas um profundo mal estar fazia prever os acontecimentos que vieram a agitar o pas. Os deputados, enquanto discutiam a Constituio, iam tambm aprovando novas leis que entravam em vigor.Mas todas as leis e propostas de lei geravam debates acesos, no s entre os deputados, mas tambm nos cafs, nos sales, em todos os lugares onde se reunissem pessoas capazes de discutir poltica. As posies foram-se radicalizando.A constituio que se esboava era muito avanada para a poca. Retirava praticamente todo o poder ao rei, que passava a ser apenas um mero executor de leis, e fazia desaparecer do aparelho de estado qualquer rgo que distinguisse a nobreza dos outros grupos sociais.Alteraes to profundas foram bem aceites por uns, mas muito mal aceites por outros. A rainha D. Carlota Joaquina no se conformou com o rumo que as coisas tomavam e encabeou os que se opunham ao liberalismo e defendiam o regresso ao absolutismo. Reunia com os seus apoiantes em queluz e com eles conspirava sobre a melhor maneira de consguir os seus intentos, tendo como brao direito o filho D. Miguel. *A 23 de setembro de 1822 foi aprovada a primeira Constituio portuguesa. A Constituio de 1822 consagrava a soberania da nao, atravs do voto popular para eleio dos deputados, a diviso tripartida dos poderes, a igualdade dos cidados perante a lei e as liberdades fundamentais do cidado.A soberania da nao era, no entanto, limitada, uma vez que o direito de voto estava reservado apenas aos eleitores vares que soubessem ler e escrever (sufrgio censitrio).Quanto diviso dos poderes, o executivo ficou na posse do rei e do seu governo, o legislativo foi entregue s cortes e o judicial aos tribunais, que eram independentes.No dia 1 de outubro de 1822 realizou-se a cerimnia em que o rei, que fora obrigado a regressar do brasil, jurou a constituio, comprometendo-se a respeit-la. A sua mulher e o arcebispo de Lisboa recusaram-se a fazer o juramento. As cortes decidiram que se a rainha no fizesse o juramento teria de abandonar o pas. D. Carlota fingiu aceitar a ordem e declarou que sairia do pas mal terminasse o inverno. As cortes aceitaram que no sassse de imediati, mas retiraram-lhe todos os direitos de rainha, probiram-na de habitar nos palcios reasis e fixaram-lhe residncia na Quinta do Ramalho, em Sintra. Quanto ao arcebispo, foi desterrado para o exlio na cidade de Baiona, em Frana.

    ***O juramento da constituio no se limitava famlia real: todos os homens portugueses maiores de 25 anos deviam dirigir-se igreja principal da sua terra no primeiro domingo de novembro para jurar a Constituio de 1822, dizendo em voz alta a seguinte frase: Juro guardar a fazer guardar a Constituio poltica da monarquia portuguesa que acabam de decretar as Cortes Constituintes da mesma nao.Em concluso, a Constituio de 1822 ps termos sociedade de Antigo Regime (sociedade de ordens e absolutista) e instaurou entre ns uma monarquia constitucional.Mas a mudana de regime no transformou de imediato a mentalidade das pessoas. Havia muita gente que rejeitava o liberalismo e entendia que o rei sempre tivera um poder absoluto, assim devia continuar. Quem assim pensava geralmente atribua a culpa de todos os males aos liberais.O facto de existirem vrias correntes de opinio traduziu-se em debates violentos, conflitos, tentativas de golpe para alterar a situao, muitas lutas.

    *Apesar das dificuldades de comunicao distncia, as notcias sobre os acontecimentos que se desenrolavam em portugal e sobre o que se passava no resto do mundo iam circulando.No Brasil surgiram logo grupos entusiastas e prontos a proclamar a sua adeso causa liberal. D. Joo VI e os seus ministros aperceberam-se que as ideias liberais se iam propagar por todo o territrio Brasileiro e ento decidiram publicar um decreto em que aceitavam o novo regime, mas com leis diferentes para Portugal e para o Brasil.Estalaram tumultos no Rio de Janeiro a exigir leis iguais para todos e a demisso do governo. Quem acalmou os nimos foi o prncipe herdeiro do trono, D. Pedro, que se apresentou perante os revoltosos e em nome do pai aceitou o que propunham. Ficou ento assente que a constituio elaborada em Lisboa seria a nica lei de base para Portugal e para o Brasil.*O Brasil era a mais prspera colnia portuguesa. Todavia, medida que aumentara a populao europeia, muita dela j nascida no Brasil, tinha, crescido ta,bm os desejos de autonomia. No sculo XVIII houve vrios movimentos pr-independncia, que foram violentamente reprimidos. Com a influncia das revolues americanas e francesa aumentou ainda mais entre os colonos o desejo de se libertarem do regime colonial.A mudana da corte para o Rio de Janeiro foi muito favorvel para o Brasil. De facto, a partir de 108, o Brasil passou a ser a sede da monarquia portuguesa e com isso beneficiou desde logo. Os portos foram abertos ao comrcio estrangeiro. Segiu-se-lhe, em 1815, a elevao da colnia a reino, e uma srie de medidas de fomento que muito contribuiram para o seu desenvolvimento: as anteriores restries foram levantadas e a indstria desenvolveu-se; foi criado o banco do Brasil, impresso rgia, Jardim Botnciso e Biblioteca Pblica; foram institudos estabelecimentos de ensino superior:fundao dos cursos de medicina, de Comrcio e de Belas-Artes; Permitiu-se a publicao de jornais.Quando D. Joo VI regressou a Portugal, D. Pedro ficava no Brasil como regente, acompanhado pela mulher. A situao convulsiva indiciava que mais tarde ou mais cedo o Brasil se separaria de Portugal para se tornar um pas independente. D. Joo VI sabia-o e antes de partir ter dito ao filho:

    *Com a Revoluo Liberal portuguesa, os brasileiros acreditaram que se iria reforar o processo de autonomia. As Cortes Constituintes no tiveram o comportamento que a maioria dos brasileiros esperava. Nas Cortes estavam representados muitos elementos da burguesia mercantil portuguesa que tinham tido uma atividade comercial intensa e lucrativa com o Brasil e que ambicionava reconquistar os privilgios perdidos. Nesse sentido, a par dos vrios artigos da Constituio, as medidas aprovadas foram no sentido de diminuir a autonomia que o Brasil tinha at a adquirido. O Brasil reagiu de forma indignada a essas restries. Comeou a falar-se abertamente em independncia em relao a Portugal. Neste clima separatista tiveram influncia os movimentos autonomistas que, nas vizinhas colnias espanholas da Amrica Central e do Sul, vinham, desde 1804, lutando pela independncia, tendo muitas delas conseguido j alcan-la.A ltima gota de gua surgiu quando, em 29 de setembro de 1821, as cortes ordenaram ao o prncipe D. Pedro que devia regressar a Portugal porque as juntas governativas que se tinham constitudo em vrias provncias do Brasil no precisavam de um regente no Rio de Janeiro, deviam sim tratar de todos os assuntos diretamente com Lisboa. Esta lei demonstra claramente que os deputados queram retirar ao Brasil a administrao prpria, por acreditarem ser possvel que voltasse condio de colnia. Uma outra lei, com o mesmo esprito, extinguia os tribunais e as reparties que D. Jo criara no Rio de Janeiro em 1808.Conforme seria de prever, estas leis foram muito mal recebidas no Brasil e D. Pedro no se disps a acat-las. Perante os pedidos para que ficasse respondeu:

    *Em setembro de 1822 chegaram ao Rio de Janeiro novas cartas enviadas pelos deputados de Lisboa a ordenar a D. Pedro que regressasse a Portugal. D. Pedro encontrava-se em So Paulo e por isso quem recebeu e leu as cartas foi a sua mulher, D. Leopoldina, que as enviou ao marido, de imediato, por mensageiro. D. Pedro recebeu as cartas no dia 7 de setembro nas margens do rio Ipiranga. Leu as cartas, rasgou-as e, considerando que chegara o momento de o brasil se desligar de Portugal, saltou para o cavalo, galopou at ao alto da colina e bradou aos seus companheiros:No dia 13 de outubro, D. Pedro foi coroado imperador do Brasil. Esta independncia s foi reconhecida por Portugal em 1825. *Com a revoluo de 1820 no termina a instabilidade poltica e social. A perda de privilgios por parte da nobreza e do clero e, sobretudo, a independncia do Brasil, fizeram aumentar a contestao ao governo e Constituio.*****O Porto voltaria a ser notcia 11 anos mais tarde, com o Sindrio, a associao encabeada por Manuel Fernandes Toms, Jos da Silva Carvalho e Ferreira Borges que lidera o pronunciamento de 1820 e d incio ao liberalismo.

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