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    RESUMO DE AULA [email protected] VENDA PROIBIDA

    DIREITO CIVIL TEORIA GERAL DAS OBRIGAESPROF. SYLVIO CAPANEMA DE SOUZA JULHO 2010

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    Teoria Geral das Obrigaes

    PROGRAMA

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    AULA 01 01/07/2010

    Houve uma modificao significativa topogrfica do Direito dasObrigaes, ou seja, o Cdigo foi repaginado, pois o Direito das Obrigaes antes era

    o livro III da parte especial do Cdigo Civil. Hoje, o livro I do Direito das

    Obrigaes e dos Contratos, o livro II do Direito Empresarial (sucesso natural do

    Direito das Obrigaes). Isso no ocorreu por acaso. O legislador obviamente

    percebeu que no h como estudar o restante das matrias sem passar pelo Direito

    das Obrigaes. Basta isso para mostrar a importncia dessa matria para o

    restante do Direito Civil.

    Percebe-se que quem tem uma boa base da parte geral e da teoria geral

    das obrigaes tem seu caminho muito facilitado pelo Direito Civil, pois no h

    como estudar o restante do Direito Civil sem saber muito bem essa base e por isso,

    sistematicamente o Professor vem lecionando aos advogados mdulos sobre esse

    tema.

    Outro ponto que ressalta a importncia dessa matria o fato de que a

    vida um rosrio interminvel de relaes obrigacionais, das quais participamos da

    hora que acordamos at a hora de dormirmos, j que nossa vida est

    permanentemente envolvida de relaes obrigacionais, pois somos ora credores, ora

    devedores de vrias relaes obrigacionais. Por exemplo: aquele que veio para o

    curso de conduo contrato de transporte - j teve uma relao obrigacional,

    tomar um cafezinho antes da aula, tambm um exemplo decorrente de um

    contrato de compra e venda; a contratao do prprio curso j fruto disso

    contrato de trabalho. Moradia contrato de locao.

    Muitas pessoas nem percebem isso, pois so atos praticados comumente,

    quase inconscientes, que integram a rotina, mas isso ocorre porque os leigos em

    direito acham que o contrato aquele que assinado e registrado em cartrio, mas

    sabemos que no isso. Da conhecer a teoria geral das obrigaes facilita o dia a

    dia. A palavra obrigao usada em vrias obrigaes.

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    Todos j ouviram frases do tipo todos temos a obrigao de sermos

    solidriosou todos temos a obrigao de sermos solidrios com a dor alheia, por

    exemplo, quando h uma inundao no Rio de Janeiro, ou no posso ir a um

    compromisso, pois tenho a obrigao de comparecer no casamento do meu melhor

    amigo, outros falam em obrigaes de cunho religioso tenho a obrigao com o meu

    Santo, outros falam que o ru tem a obrigao de contestare ainda nas obrigaes

    do Estado OTNs, j inexistentes, mas em nenhum desses casos estamos diante

    de uma relao obrigacional do ponto de vista tcnico-jurdico, pois alguns

    conceitos dessa palavra tm acepes e conotaes ticas, religiosas, sociais ou

    morais.

    Sob o aspecto do Direito, obrigao tem algumas definies clssicas, mas

    o Professor no pretende esgotar essas definies que se encontram devidamente

    expostas nos bons livros doutrinrios, mas explorar suas CARACTERSTICAS, OU

    SEJA A OBRIGAO SE TRADUZ EM:

    1) VNCULO JURDICO essa uma herana romana, que a obrigao

    gera um vnculo jurdico entre credor e devedor, ou seja, ela estabelecida para

    vincular uma pessoa a outra, sendo isso o que d a ela sua fora cogente, da o

    princpio da Pact Sunt Servanda. Kelsen, em sua pirmide normativa na Teoria Pura

    do Direito, reconheceu esse princpio, pois o equilbrio da sociedade dependia que

    as obrigaes fossem cumpridas. Alguns autores modernos reagem a essa noo de

    vinculao entre credor e devedor.

    2) RELAO INTERPESSOAL- a obrigao somente existe entre pessoas,

    ou seja, ela somente vai existir quando nos dois plos houver uma pessoa (em um

    plo o(s) devedor(es) passivo - e no outro plo o (s) credor (es) plo ativo). Uma

    coisa jamais poder ser o plo de uma obrigao, uma coisa poder ser objeto, maso plo da relao.

    3) RELAO TEMPORRIA no pode haver obrigao perptua, pois

    estaramos recriando a escravido o nico consolo do devedor a certeza de que

    algum dia estar livre do credor. Essa tambm uma diferena em relao ao

    Direito Real, que tende a ser perptuo. A obrigao sempre chega ao fim, havendo

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    inmeras causas de extino desse vnculo (ex. com o pagamento, perdimento da

    prestao, renncia de crdito pelo credor, caso fortuito, etc isso ser visto mais

    adiante).

    4) TODA OBRIGAO TEM COMO OBJETO UMA PRESTAO essa

    tambm uma diferena entre o Direito Obrigacional (prestao - servio, omisso,

    dinheiro, dar uma coisa, servio, um fazer, ou no fazer) e o Direito Real (objeto

    uma coisa). evidente que temos obrigaes que tem como objeto dar uma coisa,

    mas essa obrigao pode ser de dar, de fazer, no fazer, servio, absteno.No h

    obrigao sem sujeito e nem sem objeto.

    5) A PRESTAO DEVE TER CONTEDO ECONMICO se no houvercontedo econmico no ser uma obrigao jurdica, por isso aquelas obrigaes

    mencionadas no comeo da aula no so obrigaes jurdicas. Mesmo que seja

    simblico, ou mesmo sendo vultoso, preciso que exista um contedo econmico. O

    credor est sempre perseguindo um benefcio econmico, a isso se d o nome de

    PRINCPIO DA ECONOMICIDADE da relao obrigacional. Esse contedo

    econmico no precisa estar expresso, mas ao menos deve ser afervel.

    No caso das perdas e danos, pensemos como ns poderamos auferir as

    perdas e danos se a obrigao no tivesse um contedo econmico. Logo, isso

    indispensvel.

    6) A OBRIGAO TEM O PATRIMONIO DO DEVEDOR COMO

    GARANTIA: a natureza humana tendente a no pagar, somente o prdigo tem o

    prazer de pagar, quem gosta de pensar no pagamento credor, porque ele que vai

    receber, isso porque h uma transferncia de patrimnio do devedor para o credor.

    Ento, para evitar que no ocorra o no pagamento, a sociedade criou mecanismos

    de coero.

    O primeiro mecanismo de coero foi o sacrifcio da VIDA. Depois de muito

    tempo, os romanos perceberam que esse sistema no funcionava, pois matava o

    devedor e continuava sem receber o pagamento, restando somente a sensao de

    vingana privada.

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    Desse sistema, passou-se ao sistema da ESCRAVIDO, ou seja, da

    privao da LIBERDADE, sendo certo que o devedor somente recuperava sua

    liberdade com o pagamento. Esse sistema obviamente foi ultrapassado, havendo

    resqucios disso na priso do depositrio infiel ou do devedor de dvidas de

    alimentos. Assim, nesse passado a garantia do pagamento sempre recaia sobre o

    corpo do devedor.

    No entanto, houve uma mudana incrvel com a Lex Poetelia Papiria,

    pois foi a primeira que disse que o inadimplemento das obrigaes no poderia

    recair sobre a vida ou liberdade do devedor, mas sobre os seus bens, ou seja, em

    caso de no pagamento o credor poderia expropriar o devedor de seus bens e, desde

    ento, no foi inventado outro sistema.

    Observao pessoal: A Lex PoeteliaPapiria 428 a.C. aboliu a execuo

    sobre a pessoa do devedor,projetando-se a responsabilidadesobreseusbens e

    constitui uma autntica revoluo no conceito obrigacional. O direito medieval dotado

    de maior espiritualidade via mesmo a falta de execuo de obrigao como se fosse

    peccatum equiparada mentira, e condenada toda quebra de f jurada. Por amor

    palavra empenhada que os canonistas e os telogos instituram o pacta sunt servanda

    o respeito aos compromissos assumidos. No direito moderno atribui-se a vontade plena

    como fora geradora do vnculo e tambm a impessoalidade da obrigao.

    Enquanto o devedor tiver bens, o credor dorme tranqilo. O devedor

    insolvente aquele cujo patrimnio no suficiente para o pagamento de suas

    dvidas.

    Assim sendo, obrigao um vnculo jurdico interpessoal, temporrio,

    que tem por objeto uma prestao economicamente aufervel e tendo o patrimnio

    do devedor como garantia, ressalvando-se que: no so todos os bens que podem

    ser expropriados pelo credor (nico imvel ,instrumentos de trabalho, salrio),

    e que os bens do devedor no podem ficar indisponveis, eles ficam disponveis ou

    indisponveis, mas sem poder haver reduo maliciosa de patrimnio com a

    finalidade de frustrar o credor.

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    Na linguagem comum, ora se fala em obrigao e ora se fala em relao

    obrigacional, mas a rigor h diferena nessas expresses, uma vez que a obrigao

    um vnculo. A relao obrigacional tem como idia um processo, um

    encadeamento de atos, uma sucesso de atos (nascimento da obrigao at a

    extino da obrigao).

    Alias, o autorClvis do Couto e Silva, notvel jurista gacho, at elaborouuma obra, sua tese de ctedra, tinha o ttulo A obrigao como um processo, que

    estudou a obrigao desde seu nascimento at sua morte, como um processo e que

    ressalta a relao obrigacional sendo aquilo que se refere a um encadeamento de

    atos.

    Outro aspecto fundamental identificar os dois deveres que compem a

    obrigao. H autores que falam em elementos ou momentos, mas isso

    irrelevante. H divergncia doutrinaria em relao viso dos elementos: 1) VISO

    DUALISTA (Direito romano-germnico) e 2) VISO MONISTA (Teoria Francesa) -

    verifica somente um elemento. O Direito das Obrigaes o mais antigo e o mais

    internacional de todos, pois tem reflexos em todo o mundo.

    1) VISO DUALISTA: aquela adotada pelo Direito Civil Brasileiro e paraessa viso h dois deveres (elementos ou momentos) o debitum(shuld - dbito) e a

    obligatio (raftung - responsabilidade). O dbito um dever primrio, que de pagar,

    entregar voluntariamente a prestao, se o credor satisfaz esse dbito, no h

    interferncia estatal para verificar a relao, pois o pagamento um dever jurdico.

    O dever secundrio a responsabilidade, ou seja, se o devedor no paga

    (no cumprido o dever primrio), surge o dever do devedor de responder ao prejuzo

    causado ao credor (responsabilidade). A obligatio o que permite ao credor cobrar,

    ou compelir o devedor ao pagamento. Da a expresso do Professor Cavalieri que a

    responsabilidade sombra da obrigao, ou seja, ela segue a obrigao.

    Nesse momento, no havendo o pagamento, no sendo cumprida a

    obrigao, o credor deve movimentar o estado para satisfazer seu direito, a

    chamada EXECUO ETTICA para que sejam fornecidos mecanismos para o

    credor buscar seu crdito. O estado que vai providenciar a desapropriao dos

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    bens do devedor a requerimento do credor, o estado que vai levar os bens do

    devedor alienao judicial e recolhe o produto da alienao, para entregar ao

    credor a prestao. O estado se coloca ao lado do credor.

    correto o Estado proteger o credor? No seria um Estado

    patrimonialista? Sim, pois o pagamento das obrigaes interessa a toda a

    sociedade, j que protege o equilbrio social, pois o no pagamento de uma

    obrigao um ato antijurdico, que gera turbulncia social e insegurana jurdica.

    Ademais, uma prova evidente disso que os socilogos afirmam que o nvel de

    inadimplncia o que define se a sociedade muito ou pouco saudvel, se essa

    sociedade est ou no crise. Se a inadimplncia alta, esta sociedade est em crise.

    Sustentamos o Judicirio para que as obrigaes sejam cumpridas,

    visando o ressarcimento dos credores inadimplidos.

    2) VISO MONISTA: para essa corrente a responsabilidade no est

    dentro da obrigao, restando somente o dbito como elemento da obrigao

    jurdica. A responsabilidade estaria fora da definio da relao obrigacional, em

    razo de suas origens. Isso apenas uma distino terica, mas que no tem efeito

    prtico algum.

    Adotando a teoria dualista, ainda assim existem exemplos excepcionais de

    obrigaes com dbito e sem responsabilidade e vice-versa. Vamos comear pelas

    obrigaes nas quais h dbito, mas no h responsabilidade.

    Por exemplo: A DVIDA DE JOGO as dvidas de jogo (no tolerado, no

    regulamentado ou ilcito) no obrigam ao pagamento e nem mesmo o jogo

    tolerado, somente os jogos regulamentados (loteria).

    O jogo tolerado, como o pokerem casa com os amigos, valendo dinheiro,

    no ilegal, mas no h como exigir pelo Estado o cumprimento dessa obrigao,

    mas tendo havido o pagamento voluntrio, esse no pode ser considerado

    pagamento indevido. No h obligatio, mas no h dbito.

    Outro exemplo: as obrigaes alcanadas pela prescrio. A prescrio

    somente extingue a obligatio, mas nunca o dbito. So as chamadas OBRIGAES

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    NATURAIS, nas quais somente existe o dbito, mas no h responsabilidade,

    inexistindo recurso do credor para compelir o devedor a cobrar. O devedor paga se

    quiser, por mero imperativo de conscincia.

    H diferena entre jogo e aposta. Na aposta, o apostador no tem como

    interferir no resultado, dependendo somente de sorte ou azar loteria, bolo o

    resultado aleatrio. No jogo, o jogador interfere no resultado com experincia,

    treino, inteligncia, apesar da sorte. Entretanto, sendo um ou outro, o resultado

    quanto ao pagamento o mesmo e, havendo pagamento, vlido.

    Pode haver responsvel sem dbito, o que ocorre nas OBRIGAES

    DE GARANTIA (aval, fiana). O fiador no deve nada ao credor, quem deve oafianado, mas o fiador se responsabiliza pelo pagamento, assume a

    responsabilidade, mas no assume o dbito.

    Obrigaes com dbito e responsabilidade OBRIGAES CIVIS.

    Essas so a regra geral, mas h outro tipo atpico de obrigao propter rem do

    nome se tira obrigao sobre a coisa constituem ema zona intermediria entre o

    Direito das Obrigaes e os Direitos Reais, mas tem natureza jurdica de direito

    pessoal obrigacional.

    Tal obrigao estabelecida entre pessoas que nasce da propriedade, co-

    propriedade, ou posse de uma coisa e desaparecendo a coisa, desaparece a

    obrigao. No h esse tipo de obrigao se por trs dela no existir uma

    propriedade ou posse (um direito real). O nome propter rem, pois o que garante o

    pagamento a prpria coisa, no sendo ela suficiente, somente aps a coisa os bens

    do devedor respondero.

    Co-propriedade, a quota condominial obrigao, pois liga os condminos

    entre si, que executam essa quota caso no paga, representados pelo sndico.

    Imediatamente se penhora o imvel, pouco importando se a unidade bem de

    famlia, pois vai a leilo, no adiantando invocar a lei 8.009.

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    Outros exemplos: IPVA, IPTU. Todo os impostos impostos que tem como

    fato gerador a propriedade de uma coisa ser uma relao obrigacional, que se no

    paga utiliza o prprio bem como satisfao do credor.

    Os direitos de vizinhana tambm so obrigaes propter rem, que

    ligam os vizinhos e nasce da propriedade dos imveis vizinhos. Agora, vejam como

    concurso pegadinha: questo feita pelo Professor mais de 5 vezes em vrios

    concursos: qual a natureza jurdica dos Direitos de Vizinhana?

    O aluno despreparado vai abrir o Cdigo e achar o direito de vizinhana

    no captulo dos direitos reais, mas a vem a nota zero, pois o direito de vizinhana

    direito obrigacional na espciepropter rem. A crtica fica para o legislador, quecolocou l nos direitos reais por opo legislativa, j que essas relaes nascem de

    um direito real. A LIGAO RELACIONA OS PROPRIETRIOS ENTRE SI. A

    resposta desejada era que os direitos de vizinhana so relaes ou direitos

    obrigacionais, tambm chamados de pessoais,propter reme esto no livro dos

    direitos reais por mera opo legislativa.

    FIM DA AULA 1 PARTE A

    NUS JURDICO / OBRIGAO / ENCARGO /FACULDADE JURDICA

    Muitas pessoas confundem nus jurdico com obrigao e encargo.

    nus jurdicos tambm no se confundem com nus reais e h tambm a

    diferena entre nus jurdico e dever jurdico, que uma ordem genrica dirigida a

    toda a sociedade, para que adotemos uma conduta prevista em lei sob pena de uma

    sano, geralmente de natureza econmica.

    H quem chame dever jurdico de obrigao legal alimentar os parentes

    que necessitam, comando dirigido aos membros da sociedade, recebimento de

    prestao indevida corresponde a um dever de restituio.

    nus jurdico um comando da lei dirigido a certas pessoas caso lhes

    convenha manter um direito, ou seja, para preservar um direito elas devero

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    praticar a conduta. Ex. a revelia um direito do ru silenciar, mas nus, pois se

    ele quiser preservar o princpio do contraditrio ele dever contestar, mas para no

    perder o direito ao contraditrio, deve ele contestar.

    O Registro no RGI do contrato de compra e venda o adquirente tem

    interesse em registrar essa propriedade para evitar que o vendedor venda o mesmo

    imvel duas vezes. Ningum obrigado a registra, mas registrar um nus.

    Cumprir um encargo um nus, pois se no cumprido, o receptor da doao no

    recebe a doao. O cumprimento do encargo um nus jurdico.

    Os alunos tambm confundem Direito Subjetivo que aquele que

    confere o poder de exigir uma prestao de outrem, todo o credor ter um direitosubjetivo a prestao. Esses direitos subjetivos se violados do origem s aes

    condenatrias. Direito Potestativo o poder de emitir uma vontade que vai

    repercutir na esfera jurdica de outrem que no tem como resistir a essa vontade.

    Direitos Potestativos geram aes constitutivas.

    Os Direitos Subjetivos est sujeitos prescrio, e Direitos Potestativos

    sujeitos decadncia.

    Tambm confundimos com faculdade jurdica o direito de exercer um

    direito ningum obrigado a casar, mas todos tm o direito de casar.

    FONTES DAS OBRIGAES

    Pela doutrina clssica temos 3 fontes: 1) Lei (obrigaes legais) no

    preciso que as partes estipulem; 2) Negcios e Atos jurdicos; 3) Ato Ilcito o ato

    ilcito gera a obrigao de indenizar a vtima.

    Alguns doutrinadores acreditam que a lei no fonte de obrigaes, mas

    de deveres jurdicos, mas essa uma questo meramente doutrinria, mas a

    verdade uma s as obrigaes todas esto atreladas vontade humana. Assim, a

    rigor, h quem diga que a gnese de todas as obrigaes est na vontade humana.

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    A obrigao tem uma estrutura interna que se escanearmospoderemos

    verificar seus elementos:

    1) SUBJETIVOS se refere aos sujeitos (credor (es) e devedor (es)), quepodem se modificar durante o curso da obrigao, sendo esta mantida a mesma (

    o que ocorre na transferncia das obrigaes, salvo nas obrigaes

    personalssimas). Morto o devedor, a obrigaes se transfere aos herdeiros nos

    limites da herana.

    H possibilidade, ainda, de essas obrigaes serem determinados ou

    determinveis (Ex. ttulos ao portador o pagamento ser feito ao portador,

    clausula de vigncia em contrato de locao que obriga o comprador do imvel arespeitar o contrato).

    Podemos tambm propor uma ao de consignao sem saber quem o

    ru, por exemplo, quando assino uma promissria com vencimento em tal dia, mas

    no sei quem o credor, pois no sei quem o portador. A citao nesse caso ser

    por edital para localizar o portador do ttulo.

    Pode acontecer de uma determinada obrigao nascer sem um sujeito

    determinado, mas ele ser determinvel o credor existe. Evidente que os sujeitos

    devem que ter capacidade, seja ela complementada ou no (no caso do incapaz por

    representao).

    2) OBJETIVOS so as prestaes, objetos da relao obrigacional, sendo

    certo que o objeto tem que ser determinado ou determinvel, lcito e possvel. H

    obrigaes que possuem um nico objeto, mas nada impede que a mesma obrigao

    tenha vrios objetos, como nas obrigaes mltiplas (Ex. contrato para dar aulas,

    corrigir provas e fazer uma apostila so trs objetos).

    Se o objeto indeterminado a obrigao nula - no produz qualquer

    efeito no mundo jurdico pois sequer nasceu. (venda de 20 cabeas de gado ainda

    no apartadas do rebanho um objeto determinvel). Alis, nas obrigaes de dar

    coisa incerta, o objeto ainda no est determinado, mas ser ao final.

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    3) FORMAIS so relativos forma e solenidades toda obrigao tem

    que ser exteriorizada, ou seja, deve se tornar conhecida e isso feito por meio de

    uma forma, seja ela verbal (ou orais), escrita (j que segundo o brocardo que

    palavras o vento leva) que se divide em particular ou pblica essa ultima a

    mais segura pois goza da presuno de autenticidade/veracidade, e ainda gestual

    as obrigaes, nesse caso, nascem sem uma palavra dita ou escrita, como o

    contrato de transporte coletivo ou taxi. Ocorre tambm no caso dos lances em leilo.

    Em relao s SOLENIDADES, estas no so o mesmo que a forma so

    circunstancias da forma: o casamento tem a forma civil, mas para que ele possa

    produzir efeitos dever obedecer algumas solenidades.

    Ex. O celebrante tem que perguntar em alto e bom som se os nubentes

    querem casar, o celebrante, aps a aceitao, deve declarar os nubentes, agora,

    casados. Outra solenidade manter as portas da rua abertas, salvo se na sala de

    audincias do juiz, em razo do direito de qualquer pessoa do povo de opor-se ao

    casamento.

    Se faltar qualquer um dos elementos, ou caso ele esteja maculado por

    algum vcio, a obrigao poder ser invlida (nula, anulvel ou inexistente). Se faltarum dos elementos inexistente. Se os elementos esto presentes, mas contm vcios

    nula (absolutamente invalida), ou relativamente invalida (anulvel).

    AULA 02 05/07/2010CLASSIFICAO DAS OBRIGAES

    Hoje trataremos do regime jurdico de algumas obrigaes no aspecto

    prtico. Como sabemos, h vrios tipos de obrigaes diferentes, cada uma com

    seus aspectos prprios, da a necessidade de classificarmos os tipos de obrigaes

    de acordo com seus regimes. Depois de classificarmos as obrigaes apresentadas

    (dar, fazer, no fazer, alternativa, facultativa, e etc...) que devemos procurar as

    regras a serem utilizadas para solucionar um problema.

    1) POSITIVAS OU NEGATIVAS: Obrigaes positivas, so aquelas que

    exigem para seu cumprimento uma conduta comissiva (ao) do devedor. (ex. para

    que o Cepad possa me pagar a obrigao de remunerar o Professor pelo curso, o

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    Professor dever ministrar a aula). J na obrigao negativa aquela na qual o

    devedor deve ao credor uma inrcia, uma tolerncia ou silncio, pois o que se quer

    que ele nada faa.

    As OBRIGAES POSITIVAS se subdividem em:

    a) de coisas a prestao consiste sempre numa coisa que o devedor ter

    que entregar ao credor, ou seja, o credor persegue uma coisa que cabe ao devedor

    entregar. Estas se subdividem em obrigao de dar (que tambm podem ser de dar

    coisa certa ou incerta) ou de restituir.

    b) de fato (ou de fazer) o credor estar interessado num fato, servio,

    trabalho, ou manifestao de vontade do devedor. Estas se subdividem em

    obrigaes fungveis ou infungveis.

    c) pecunirias nessas, a prestao sempre certa quantidade de moeda,

    dinheiro, pecnia. Estas se subdividem em obrigaes de dinheiro ou de valor.

    As obrigaes negativas (ou de no fazer) no se subdividem, embora

    alguns autores ainda falem de permisso ou tolerncia, mas isso no tem mais

    tanta importncia.

    As obrigaes de coisas se subdividem em obrigaes de dar ou de

    restituir, que tem regras diferentes. H ainda outra subdiviso obrigaes de dar

    coisa certa e dar coisa incerta. As obrigaes de fazer se subdividem em fungveis e

    infungveis. As pecunirias ainda podem ser de dinheiro ou de valor.

    POSITIVAS

    - COISA DAR (coisa certa ou incerta) /RESTITUIR

    - FAZER FUNGVEIS/INFUNGVEIS

    - PECUNIRIAS DE DINHEIRO/ DE VALOR

    NEGATIVAS

    - NO FAZER

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    Aquelas que tm mais importncia econmica so as obrigaes de dar,

    tendo em vista que por essas obrigaes que h a circulao de patrimnio

    (circulao de riquezas), a transferncia de propriedades ou posse de coisas.

    A obrigao de dar coisa certa ocorre quando o objeto (a coisa) j est

    predeterminado desde o nascimento da obrigao, j est individualizado no

    momento do surgimento da prpria obrigao. o que normalmente ocorre no

    contrato de compra e venda ou de locao, nos quais j sabemos qual o objeto

    envolvido, a coisa que ser entregue ao credor.

    Reparem que na obrigao de dar na compra e venda, o vendedor o

    devedor e o comprador credor, mas essa obrigao origina outra obrigao que pecuniria, na qual h inverso dos plos (pois quem o devedor o comprador e o

    credor o devedor). Na compra e venda surgem obrigaes recprocas, a primeira

    delas a de dar a coisa, aps, no preo, h a inverso dos plos.

    OBRIGAES DE DAR COISA CERTA: O comprador no pode ser

    compelido a receber coisa diversa ainda que de maior valor, da mesma maneira o

    devedor no pode ser compelido a entregar coisa diversa ainda que menos valiosa,

    pois do que adiantaria individualizar a coisa se ela seria substituda? Isso at podeocorrer, desde que seja com a anuncia do credor.

    A TEORIA DO RISCO se refere a quem suporta o prejuzo/risco em caso

    de perda ou deteriorao da coisa antes de ser entregue ao devedor, antes da

    tradio. Se a coisa perece antes da tradio sem culpa do devedor, a conseqncia

    a resoluo da obrigao, ou seja, o retorno das partes ao estado anterior sem se

    falar em perdas e danos, pois perdas e danos tm natureza de pena e no se pode

    aplicar pena quele que no agiu com culpa.

    Ex. O devedor se compromete a entregar a coisa em determinada data,

    mas antes da tradio, a coisa se perde. Depois da tradio, a obrigao j no

    existe mais. Dever ser analisada a culpa do devedor. Se no houve culpa resolve-

    se.

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    Nesse caso, o prejuzo suportado pelo devedor, pois ficou sem a coisa e

    sem o preo. O devedor inteligente entregar logo a coisa no ? Pois se ele demora,

    ele corre o risco da coisa se perder, mesmo que sem culpa sua. Da surgiu a regra

    res perit dominus a coisa perece para o dono da coisa.

    Se a coisa se deteriora (o cavalo fica manco, ou o carro fica amassado)

    sem culpa do devedor da obrigao de dar (alienante)antes da tradio, nesse caso

    abrem-se duas opes para o credor:

    a) rejeitar (enjeitar) a coisa defeituosa resolve-se a obrigao em perdas e

    danos. Pode ele rejeitar a coisa, pois est de acordo com o princpio de no

    aceitar coisa diversa daquela pactuada;

    b) pode ficar com a coisa, mas com a reduo proporcional do preo

    (utiliza-se a ao quanti minoris ao de arbitramento do valor da coisa

    em caso de desacordo quanto ao preo).

    Se a coisa se perdeu sem culpa do devedor, se resolve a obrigao e se a

    coisa se deteriora abrem-se as duas opes acima, mas em caso de culpa,

    entramos no terreno da TEORIA DA RESPONSABILIDADE.

    Nesse caso, se a coisa se PERDER COM CULPA ANTES DA TRADIO o

    credor poder exigir o preo (equivalente em dinheiro) e ainda perdas e danos, se

    ocorrerem. Se houve DETERIORAO COM CULPA DO DEVEDOR ANTES DA

    TRADIO, tambm poder exigir o preo e perdas e danos ou ainda reduzir o preo

    juntamente com as perdas e danos. Sendo depois, evidente que o prejuzo do

    comprador, credor.

    Se a coisa vier a acrescer, melhorar, ou se valorizar antes da entrega Ex.venda de uma vaca j prenha, ou vendi uma fazenda ad mensuram(preo pela rea)

    e antes da entrega ocorreu uma avulso.

    Essas valorizaes experimentadas pela coisa antes da entrega so os

    chamados CMODOS DA COISA e pertencem ao devedor, oriundos OU NO de seu

    esforo, trabalho, ou investimento pois quem tem o nus tem o bnus, essa a

    regra, j que o devedor quem suportaria uma eventual perda.

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    Assim sendo, o devedor poderia pedir acrscimo do preo, sem precisar

    constar do contrato, pois essa regra vem da lei, pelo princpio da vedao ao

    enriquecimento sem causa. Se o credor no tiver interesse no acrscimo, ou no

    puder pagar, a obrigao pode ser resolvida, com a devoluo do preo, podendo o

    credor alienar a coisa a outro. Da se deduz que o devedor deve sempre analisar

    bem a coisa antes da entrega.

    Normalmente as despesas com a tradio da coisa so por conta do

    devedor da obrigao, pois a ele interessa entregar a coisa, sendo que ele no pode

    ser compelido a entregar a coisa se ainda no recebeu o preo. Nada impede que

    isso seja estabelecido de forma diversa.

    A coisa deve ser entregue no local em que se encontra, mas nada impede

    que se estabelea local diverso, sendo que todas as regras dos Direitos das

    Obrigaes so dispositivas, ou seja, passveis de alterao, desde que expressas.

    OBRIGAO DE RESTITUIR: Espcie de obrigao de dar coisa certa que

    era do credor, mas o leigo incapaz de fazer essa distino, mas na obrigao de

    dar a coisa antes no era do credor, a coisa est sendo entregue ao credor pela

    primeira vez, mas na obrigao de restituir o devedor est devolvendo a coisa que jera antes do credor, como ocorre nos casos: do comodatrio, locatrio, depositrio,

    credor pignoratcio, usufruturio.

    Concluso: todo possuidor direto de uma coisa devedor de uma

    obrigao de restituir, pois a posse direta provisria em razo de contrato que

    envolve um direito real. Essa a correlao entre a posse e o direito das

    obrigaes.

    Essa diferena entre obrigao de dar e restituir tem maior importncia

    quando tratamos dos CMODOS DA COISA, em regra pertencem ao devedor na

    obrigao de dar, resultantes ou no de seu investimento, mas em se tratando da

    obrigao de restituir os cmodos da coisa somente pertencero ao devedor se

    oriundos de seu esforo, trabalho, ou investimento. (Ex. Aluguei uma fazenda, mas

    antes do locatrio devolv-la a rea dela aumenta pela avulso ele no poder

    pedir indenizao, mas se ele teve que fazer uma obra, uma barragem para a

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    valorizao da fazenda ele ter direito a uma indenizao). A regra disponvel,

    desde que expressa.

    OBRIGAO DE DAR COISA INCERTA: tal obrigao tambm chamadade obrigao de gnero, na qual a coisa indicada apenas pelo gnero e

    quantidade, no sendo determinada (ex. 20 cabeas de gado a serem retiradas do

    rebanho), no momento do surgimento da obrigao no se sabe o real objeto da

    coisa, pois ainda indefinido. No momento em que a obrigao nasce no se sabe

    exatamente quais os animais compem a obrigao, somente o gnero.

    A diferena da obrigao incerta para a obrigao de dar coisa certa a

    obrigao j nasce com objeto totalmente definido, enquanto na obrigao incerta,se sabe somente a quantidade e o gnero. Mesmo sendo indefinido, quando o

    devedor da obrigao (vendedor) separa as coisas para entregar ao credor ocorre a

    CONCENTRAAO DO DBITO.

    A quem cabe fazer a concentrao do dbito? ao devedor (vendedor) ou

    credor (credor)? quem separa os tomates na feira o feirante (devedor), pois isso

    uma regra facilitria do pagamento, regra de ouro e um dos princpios

    fundamentais o pagamento se far de forma menos onerosa para o devedor, paraincentivar o pagamento, podendo essa regra ser mudada desde que convencionado

    previamente de forma diversa.

    Contudo, no pode o devedor escolher os piores, nem o credor os

    melhores. A concentrao do dbito cabe, em princpio, ao devedor, podendo ser

    transferida ao credor, mas se a escolha for do devedor ele no pode escolher as

    piores e nem o credor as melhores.

    Tpica questo de concurso: na obrigao de dar coisa incerta no perece

    a obrigao mesmo que a coisa se perca antes da concentrao, mesmo sem culpa

    do devedor, a obrigao remanesce se a coisa perece antes da concentrao, mesmo

    sem culpa do devedor, pois o gnero nunca perece. (brocardo romano), enquanto

    houver o gnero, a obrigao no perece.

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    Uma observao prtica: vocs sabem o motivo de os supermercados terem

    acabado com os comrcios de bairro? uma das razes que o sistema do

    supermercado selfservice, ou seja, ele autoriza automaticamente o credor da

    obrigao de dar escolher o produto, sendo certo que o consumidor no precisa pedir

    para que o funcionrio do devedor escolha; a outra razo que o supermercado abre

    mo da regra anterior, podendo o credor escolher os melhores produtos. Com isso ele

    multiplica o volume de vendas, pois o credor pode escolher os melhores.

    Exemplificando a questo de concurso: Joo comprou de Jos 60 sacas de

    caf, Joo tem um galpo com 1000 sacas estocadas, das quais ele ir separar 60

    para vender a Jos, tendo sido combinada a entrega para o dia seguinte venda. O

    vendedor espera at o dia seguinte para separar as sacas. Durante a noite, arma-se

    uma tempestade, um raio cai no galpo que pega fogo, sendo certo que todas as

    sacas de caf foram perdidas. O credor vai buscar as sacas, mas o devedor no as

    tem.

    Nesse caso, o devedor continua devendo ao credor as 60 sacas de caf at

    p fim do dia, sob pena de ter que ressarcir o equivalente juntamente com perdas e

    danos, mesmo que no tenha agido com culpa. A regra da perda da coisa antes da

    entrega sem culpado devedor NO se aplica nesse caso, pois a regra diferente

    nesse tipo de obrigao de dar coisa incerta. Joo no est livre da obrigao.

    Na obrigao de dar coisa incerta no perece a obrigao mesmo que a

    coisa se perca antes da concentrao, mesmo sem culpa do devedor, ou seja, a

    obrigao remanesce se a coisa perece antes da concentrao, mesmo sem culpa do

    devedor, pois o gnero nunca perece. (Genus Nunquam Perit), enquanto houver o

    gnero (caf) no mundo, a obrigao no perece, evidentemente antes da

    concentrao (matria de direito probatrio).

    Contudo, surgiu na doutrina a chamada MITIGAO DO GNERO

    (UNIVERSO DO GENERO), ou limitao do gnero. Por essa construo, o gnero

    est definido na generalidade, mas se houver a limitao do gnero, (ex. sacas de

    caf que estavam no galpo X), e um caso fortuito acontecer, a obrigao se

    resolver. Outro exemplo: compro 20 cabeas de gado a serem apartadas de

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    determinada fazenda, tambm h limitao de gnero. Se todas s cabeas de gado

    dessa fazenda morrer, tambm ser resolvida a obrigao.

    Casos mencionados: a) Vaca-louca disseminao de todas as cabeas degado de uma determinada regio, inexistncia de razoabilidade em se exigir que o

    devedor pudesse importar de outro pas as vacas para satisfazer a obrigao; b) um

    sujeito comprou uma vaca contaminada pela brucelose e o comprador levou a vaca

    para sua fazenda, sendo que essa vaca morreu oito dias depois da venda. Poderia

    esse comprador propor ao de vcio redibitrio?

    Ou seja, devolver a vaca e pedir devoluo de preo? Na ao redibitria, a

    coisa defeituosa tem que ser devolvida, mas se a coisa perece em razo do vcioredibitrio, ainda assim possvel ingressar com tal ao, mas se ela perece por outro

    motivo, que no esse, no cabe a ao.

    Se a coisa perece antes da concentrao, no ocorre a resoluo da

    obrigao se foi sem culpa do devedor, mas se foi antes, mesmo sem culpa do

    devedor, a obrigao remanesce, pois o gnero no perece,salvo se houve limitao

    do universo do gnero.

    2 aula 2 parte:

    OBRIGAES DE FAZER: nesse tipo de obrigao a prestao um

    servio, um trabalho (intelectual ou simples emisso de vontade ex. fazer uma

    escritura, dar uma aula, prestar servios).

    Essas obrigaes podem ser: a) fungveis quando a prestao pode ser

    oferecidas por outrem que no a pessoa do devedor, que pode ser substitudo, pois o

    credor no se importa, no h prejuzo para ele, ou b) infungveis - contratada emrazo da pessoa ou figura do devedor caso de artistas e obrigaes

    personalssimas, nas quais o devedor no pode se fazer substituir - se a obrigao

    no se cumpre sem culpa do devedor, se resolve a obrigao no cabem perdas e

    danos. Devemos ainda verificar se o impedimento para o cumprimento da obrigao

    absoluto, mas se a obrigao no se cumpre com culpa, o devedor responde.

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    Se a obrigao fungvel, o credor ainda pode exigir perante o juiz que

    outrem faa o servio s custas do terceiro, o devedor responder com o que o

    credor pagou a este terceiro.

    O calcanhar de Aquiles das obrigaes de fazer, o ponto nefrlgico, era

    compelir o devedor a cumprir a obrigao execuo da prestao de fazer em caso

    de inadimplemento, pois no havia um mecanismo eficaz para isso, pois se dizia

    que isso violaria a liberdade individual, obrigando algum a trabalhar, ou seja, que

    a execuo da obrigao in natura violaria a liberdade individual do devedor, mas o

    credor no quer a indenizao, nem o servio por outrem.

    Assim, as obrigaes de fazer no tinha uma tutela eficaz at o surgimentodo Cdigo do Consumidor (Lei 8.078/90) com o art. 84, que criou a CHAMADA

    TUTELA EFETIVA DAS OBRIGAES DE FAZER E NO FAZER -

    exemplificadamente, com mecanismos de coero indireta sobre o patrimnio do

    devedor que se recuse sem justa causa, para lev-lo a fazer o servio.

    Art. 84. Na ao que tenha por objeto o cumprimento daobrigao de fazer ou no fazer, o juiz conceder a tutelaespecfica da obrigao ou determinar providncias queassegurem o resultado prtico equivalente ao do

    adimplemento.

    1A converso da obrigao em perdas e danossomente ser admissvel se por elas optar o autor ou seimpossvel a tutela especfica ou a obteno do resultadoprtico correspondente.

    2 A indenizao por perdas e danos se farsemprejuzo da multa(art. 287, do Cdigo deProcesso Civil).

    3 Sendo relevante o fundamento da demanda ehavendo justificado receio de ineficcia do provimento final,

    lcito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou apsjustificao prvia, citado o ru.

    4 O juiz poder, na hiptese do 3 ou na sentena,impor multa diria ao ru, independentemente de pedidodo autor, se for suficiente ou compatvel com a obrigao,fixando prazo razovel para o cumprimento do preceito.

    5Para a tutela especfica ou para a obteno doresultado prtico equivalente, poder o juiz determinaras medidas necessrias, tais comobusca e apreenso,

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    remoo de coisas e pessoas, desfazimento de obra,impedimento de atividade nociva, alm de requisiode fora policial.

    Essa regra foi to importante, que logo aps sua edio o CPC foi

    reeditado para a criao do art. 461, tendo em vista que o art. 84 era somente para

    a relao de consumo. Assim, o CPC criou um captulo chamado das execues e

    ao lado est da execuo das obrigaes de fazer.

    Antigamente a lei dizia que somente caberiam perdas e danos, mas hoje

    isso uma opo do credor ente requerer esses mecanismos ou as perdas e danos.

    No se recriou a escravido, pois a lei continua respeitando a liberdade individual,

    mas colocou um preo multa diria e etc...(coero indireta sobre o patrimnio

    do devedor),

    O Novo Cdigo Civil foi mais alm, pois ele cumprindo o princpio da

    efetividade do direito, para criar um direito til e entregar a parte o bem da vida ao

    qual ela faz jus, em caso de urgncia, o credor pode mandar realizar um servio

    por outrem, independente de autorizao judicial (antes da execuo) para cobrar

    do devedor originrio depois e pedir perdas e danos. Se no for caso de urgncia o

    credor dever propor a ao de execuo civil da obrigao de fazer.

    Notem como essa matria mudou em razo dos novos princpios da

    efetividade e da boa-f. Isso uma tutela efetiva, pois o credor acaba recebendo a

    prestao e desses mecanismos de efetividade o mais poderoso a astreinte, j que

    ela repercute no rgo mais sensvel do corpo humano, qual seja o bolso.

    Na maioria das vezes, o devedor da obrigao acaba sucumbindo a essa

    ameaa, pois no primeiro momento ele no cumpre a prestao, mas, quando

    verifica que vai sair caro, decide cumprir a obrigao de fazer. Logo, depois do art.84 do CDC essa curva de inadimplncia das obrigaes caiu, superando o ponto

    fraco dessa matria.

    Isso gerou problemas, por exemplo, eu movo uma ao contra o

    marceneiro que ficou de me fazer uma moblia e ele se recusou a fazer, o juiz

    arbitrou multa diria de R$ 100,00 (astreintes), ficando de ofcio, sem constar da

    petio inicial. Surgem algumas questes: as astreintes so devidas

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    indefinidamente? Por quanto tempo elas incidiro? H um tempo de vida ou

    momento em que elas iro cessar?

    Formaram-se duas correntes, j que o Cdigo no estabeleceu limitetemporal. A primeira corrente afirma que as astreintes somente cessaro em duas

    hipteses: se o devedor realizar o servio ou se o servio se tornar impossvel,

    aplicando-se as perdas e danos, pois no h mais coero indireta que adiante.

    Quem defendia essa tese era o Min. Luiz Fux, que diz que as astreintes no pode se

    confundir com perdas e danos, sendo um mecanismo de coero indireta do

    devedor, podendo ultrapassar e muito o valor da obrigao, sendo que se o valor das

    astreintes ficou muito elevado, isso se deu por conta do prprio devedor, que no

    cumpriu a obrigao.

    J a segunda corrente entende que h um momento em que as astreintes

    cessaro que ocorrer quando o seu somatrio ultrapassar o valor da prestao e

    das perdas e danos, pois a partir da isso ir se traduzir em enriquecimento ilcito

    do credor. Reparem que as duas correntes so altamente sustentveis. Nesse caso,

    o Min. Luiz Fux entende que as astreintes se confundiriam com as perdas e danos e

    perderiam seu poder de coero.

    Vale mencionar que h uma smula recente do STJ dizendo que as

    astreintes somente comeam a vigorar depois do devedor intimado pessoalmente

    ara realizar o servio por deciso judicial (sentena). No seria a partir da petio

    inicial, pois somente a partir da sentena se constata que o servio era devido e que

    a partir da intimao estaria havendo resistncia imotivada para cumprir a

    obrigao. Deve ser mesmo da sentena,pois at ento no se tinha certeza se a

    obrigao era devida.

    SMULA N. 410-STJ. A prvia intimao pessoal do devedor constitui

    condio necessria para a cobrana de multa pelo descumprimento de

    obrigao de fazer ou no fazer. Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, em

    25/11/2009.

    NOTAS DA REDAAO

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    (http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2030382/sumula-410-do-stj)

    A Smula em comento traz a lume o tema das obrigaes de

    fazer e no-fazer em que na primeira pretende-se quealgum pratique um ato, e na segunda que algum seabstenha da prtica de determinado ato.

    O tema decorre das hipteses em que liminarmente seimpe multa parte devedora com vistas ao adimplementoda obrigao de plano, obrigao esta que deveria seradimplida livre e voluntariamente.

    Desta forma, em ocorrendo inadimplemento da obrigao,rege-se a matria pelo teor do artigo 632 e 633 do CPC quediz:

    Art. 632. Quando o objeto da execuo for obrigao defazer, o devedor ser citado para satisfaz-la no prazo que ojuiz Ihe assinar, se outro no estiver determinado no ttuloexecutivo. (Redao dada pela Lei n 8.953, de 13.12.1994)

    Art. 633. Se, no prazo fixado, o devedor no satisfizer aobrigao, lcito ao credor, nos prprios autos do processo,requerer que ela seja executada custa do devedor, ouhaver perdas e danos; caso em que ela se converte emindenizao. Pargrafo nico. O valor das perdas e danosser apurado em liquidao, seguindo-se a execuo paracobrana de quantia certa.

    E foi em razo da redao do art. 632 do CPC que a Smulafoi definida, tendo por precedentes os processos: REsp1035766; Resp 629346; Ag 1046050; Resp 1067903; Resp774196 e Resp 993209 .

    Assim, quando as astreintes fixadas em sede de tutelaantecipada ou liminar em ao judicial so inadimplidascumpre sua imposio com vistas a compelir o devedor nocumprimento da obrigao. Inclusive, o Ministro AldirPassarinho em uma das decises precedentes Smula 410ressaltou entendimento j firmado na Corte Superior de ques possvel a exigncia das astreintes aps odescumprimento da ordem, quando intimada pessoalmentea parte obrigada por sentena judicial.

    A jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia vemdecidindo pela imprescindibilidade da intimao pessoal daparte dos termos da deciso mandamental, sobretudo nocaso em que so cominadas astreintes para o caso dedescumprimento. o que vemos na deciso:

    EMENTA: PROCESSO CIVIL. ASTREINTES. NECESSIDADEDE INTIMAAO PESSOAL. A intimao da parte obrigadapor sentena judicial a fazer ou a no fazer deve ser pessoal,

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    s sendo exigveis as astreintes aps o descumprimento daordem. Recurso especial no conhecido. (REsp 629.346/DF,Rel. Ministro Ari Pargendler, Terceira Turma, DJ19.03.2007) .

    Frisa-se por oportuno, que a finalidade da multa compeliro devedor na prestao da obrigao, e que do no-cumprimento surge a responsabilidade do devedor. O que palpvel nessa questo que dada a natureza assecuratriada medida, a mesma s exigvel aps trnsito em julgadode deciso que tenha resultado desfavorvel para quem foraimposta multa ou na hiptese de sentena pendente derecurso recebido somente no efeito devolutivo, caso em que possvel execut-la provisoriamente, sob pena de ovencedor no processo, ser obrigado ao pagamento do valorda multa, promovendo o enriquecimento sem causa daparte sucumbente. Entretanto, a exemplo de Marta Helena

    Baptista da Silva Jung, h os que entendam pelaacessoriedade restrita apenas ao que se refere a suaclassificao, como uma medida de coero para atingir umdeterminado fim, qual seja, o de pressionar o demandado acumprir determinao judicial. Efetivamente, no seriaenriquecimento ilcito, uma vez que a multa cominatriano teria por escopo natureza reparatria nemcaracterizaria contraprestao de obrigao.

    EMENTA: PROCESSUAL E CIVIL. AGRAVOREGIMENTAL. EXECUAO. MULTA COMINATRIA.ASTREINTES. INTIMAAO PESSOAL. NECESSIDADE.IMPROVIMENTO.

    I. As astreintes somente tm lugar se a parte faltosa,aps a sua intimao pessoal, deixa de observar a deciso

    judicial. II. Agravo improvido. Astreintes excludas. (STJ,AgRg no RECURSO ESPECIALN 1.035.766 MS, Min. Rel.Aldir Passarinho, em 27.10.2009) .

    Compreendida ento a finalidade da cominao de multa, a smula para fixar que a mesma s exigvel quandohouver o descumprimento da obrigao de fazer ou no-fazer imposta por deciso judicial, e que a forma de secaracterizar tal inadimplemento pela intimao pessoal do

    devedor.

    Nos Juizados Especiais Cveis temos um territrio frtil para as astreintes,

    onde j verificamos valores que ultrapassavam o teto dos prprios juizados.

    Surgiram divergncias doutrinrias, uma corrente dizia que no poderia ser

    executada nos Juizados, pois ultrapassava o teto, mas essa corrente hoje est

    completamente superada, pois o valor da causa no pode passar do teto, mas a

    execuo das astreintes no se confunde com isso.

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    A grande polmica atual nas Turmas Recursais saber se na execuo

    dessas astreintes possvel reduzir o valor, em razo da natureza da obrigao e da

    vedao ao enriquecimento sem causa. Duas correntes ainda se confrontam. Uma

    corrente afirma que no podem ser reduzidas, pois violaria a coisa julgada, j que

    as astreintes foram fixadas na sentena, j transitada em julgado e que se as

    astreintes chegaram a um valor elevado foi em razo da conduta do prprio ru que

    no pode ser incentivada.

    J para a segunda corrente, que vem predominando, as astreintes vm

    admitindo reduo, em razo do princpio da razoabilidade e do princpio da

    vedao ao enriquecimento exagerado, ou locupletamento, evidentemente quando se

    trata de um valor que no guarda correspondncia com a obrigao e com as perdas

    e danos.

    Como o Tribunal contorna o argumento da violao da coisa julgada.

    Violaria se o tribunal afirmasse que no eram cabveis as astreintes, pois a

    cominao das astreintes j teria transitado em julgado, mas o valor total no faz

    coisa julgada, pois o que faz coisa julgada sua cominao, a condenao em paga-

    las. No TJRJ essa a posio dominante, mas nos JECs a primeira predomina.

    O que deve ser perguntado pelo examinador em prova : uma execuo de

    astreintes em alto valor, mas sero opostos Embargos a Execuo e ser pedido que

    o candidato sentencie se acolhe os Embargos ou no. Mencionem as duas posies,

    para mostrar conhecimento, as fundamentem e se posicionem ao final adotando

    uma das posies.

    Somente nos resta tratar das obrigaes pecunirias para depois falarmos

    das obrigaes de no fazer.

    OBRIGAES PECUNIRIAS: so as obrigaes que tm por objeto o

    dinheiro. O aluno logo ir se perguntar, mas dinheiro no coisa? Evidente, pois

    no pessoa, ento uma obrigao de coisa? Mas se criaram regras prprias, pois

    dinheiro no uma coisa qualquer, tanto que onde h dinheiro o diabo comparece

    pessoalmente, para a desgraa da humanidade.

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    A doutrina percebeu que no se podia tratar uma obrigao pecuniria

    como uma obrigao qualquer, pois a indignao de um credor que no recebe o

    dinheiro muito maior do que daquele que no recebe uma prestao. Assim, essas

    obrigaes esto protegidas por um forte dirigismo estatal, havendo diferena nessa

    fora, que menor, nas obrigaes de dar e fazer, nas quais a maior parte das regras

    so dispositivas, enquanto nas pecunirias so de natureza cogente, quanto

    moeda, juros e etc.

    As obrigaes pecunirias podem ser de dinheiro ou de valor. Para um

    leigo bastante difcil a distino, pois ele ver a entrega do dinheiro, pois o

    resultado econmico o mesmo. Uma dvida de dinheiro aquela em que o dinheiro

    o prprio objeto da prestao, a obrigao j nasce com esse objeto (ex. mtuo). J

    para uma dvida de valor aquela em que a prestao nasceu tendo como objeto

    outra prestao expressa em dinheiro, sendo este apenas a medida do valor da

    prestao, sendo apenas unidade de medida (ex. penso alimentcia, obrigao de

    indenizar por ato ilcito medio em dinheiro de uma determinada prestao).

    A importncia prtica dessa distino reside no passado, hoje no tem

    mais importncia, pois antigamente aplicava-se correo monetria somente para

    dvidas de valor, ou seja, havia discusso se aluguel era ou no dvida de valor.

    Achava-se que a dvida de dinheiro no tinha correo, at o surgimento da Lei

    6899, pois a inflao atingia patamares altssimos, e no corrigir a dvida de

    dinheiro era incentivar o atraso no pagamento. Criou-se uma regra de quem paga

    com correo paga o mesmo, mas quem paga sem correo paga menos e essa lei

    estabeleceu que a correo era devida nas duas, o que fulminou a importncia

    prtica.

    Hoje, em se tratando de obrigao pecuniria, a correo monetria pedido implcito (ex. cobrana de mtuo em juzo, sem pedir correo monetria o

    juiz condena com correo monetria isso no julgamento extra petita), pois a

    correo monetria no multa nem acrescimento). Nas obrigaes pecunirias

    temos duas espcies de pedidos implcitos: correo monetria (atualizao do valor)

    e juros de mora (remunerao do dinheiro que ficou mais tempo com o credor). O

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    autor no precisar fazer tal pedido constar da petio inicial, pois o juiz

    provavelmente condenar.

    H outras regras: se a obrigao foi celebrada no Brasil, somente poderser paga em moeda nacional, somente se admitindo moeda estrangeira quando a

    obrigaes ser cumprida no estrangeiro (ex. exportao, importao, cmbio).

    Tambm se probe metal precioso (compra com preo estabelecido em ouro).

    H limitao de juros compensatrios entre particulares, em 1% ao ms,

    sob pena de caracterizar crime de usura, mas as instituies financeiras, por

    deciso do Supremo, no esto sujeitas Lei de Usura, podendo cobrar taxas de

    juros superiores, desde que autorizadas pelo Banco Central, mas proibido oanatocismo (juros sobre juros), exceto nos casos autorizados pela lei. Origem da

    palavra anatocismo (ana = repetio e tocis = juros).

    OBRIGAAO DE NO FAZER: o que se quer do devedor que ele nada

    faa, ex. no construir no terreno e no tirar a vista do vizinho, no revelar o

    segredo do cliente. Evidente que se o devedor pratica um ato do qual deveria abster-

    se, est inadimplida a obrigao, ao contrario da obrigao de fazer, na qual ele age

    e cumpre a obrigao, nessa se o devedor agir, ele descumpre a obrigao.

    O leigo no consegue entender como h interesse econmico em um no

    fazer. A tendncia do leigo achar que isso um nada jurdico, mas h contedo

    econmico numa inrcia. No revelar um segredo de um cliente, pode valer milhes.

    Os profissionais liberais, automaticamente passam a ser devedores de obrigaes de

    no fazer em relao aos seus clientes, salvo em situaes excepcionais, quando h

    um valor superior em jogo, como a vida humana.

    Se o devedor viola a obrigao de no fazer sem culpa, resolve-se a

    obrigao. Ex. eu me comprometo com o meu vizinho a no desviar o curso do rio

    para que este banhe as terras do vizinho, mas vem um terremoto e desvia o curso

    do rio. Ele no poder me pedir perdas e danos se isso ocorreu sem culpa, mas se

    eu construo uma barragem, configura a culpa, e pode ele pleitear perdas e danos e

    o desfazimento do ato (se possvel) em caso de urgncia.

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    AULA 03 07/07/2010

    OBRIGAES DE NO FAZER: relembrando a aula passada, soobrigaes negativas, em que o pagamento importa em uma absteno, silencio

    inrcia, uma tolerncia, sendo que nessas obrigaes, se o devedor age (praticar o

    ato), ele estar inadimplindo a obrigao e se, ao contrrio, permanece inerte estar

    cumprindo a obrigao.

    Ou seja, aquela obrigao na qual o devedor se obriga a no realizar

    determinada conduta, como o dever de segredo atinente ao profissional mdico ou

    da advocacia, ainda uma obrigao de no fazer consistente em no construir parano atrapalhar a vista do vizinho, ou no desviar o curso de um rio.

    Citamos tambm que quem integrante de um condomnio edilcio,

    tambm devedor de uma srie de obrigaes de no fazer (no pendurar roupas na

    varada, no utilizar os corredores para depsito de bens particulares ver na

    conveno de condomnio).

    Toda vez que o Professor cita como exemplo de obrigao de no fazer a

    obrigao de no construir no seu terreno para no tirar a vista do vizinho ou a

    obrigao de no impedir a passagem do vizinho pelo seu terreno, h quem

    confunda juridicamente a servido de passagem/vista com a obrigao de no

    fazer consistente em no construir.

    Servido de vista o direito no qual algum assegura o uso da sua vista

    ou assegura a passagem pelo seu terreno. Assim, num primeiro momento, comum

    o aluno confundir isso, j que no sentido prtico da coisa, o que se quer garantir a

    passagem ou a vista, mas do ponto de vista jurdico so coisas profundamente

    diferentes e o que cai na prova do concurso saber a diferena entre a servido de

    passagem ou de vista e a obrigao de no fazer.

    A primeira diferena e a mais bvia que servido direito real tpico,

    enquanto a obrigao de no fazer direito obrigacional, pessoal, que somente

    obriga a quem participa da relao, o que no ocorre na servido, que por ser direito

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    real, impe erga omnes a terceiros um direito de absteno e, como servido de

    passagem direito real ele dotado de seqela e quem comprar futuramente o

    terreno com seqela ter que respeitar isso isso onera o imvel o desvaloriza, da

    a necessidade de registro no RGI.

    A obrigao de no fazer no precisa de qualquer registro, pois somente

    grava o contratante, sendo convencionada entre as partes e somente impe direitos

    queles participantes daquela relao e no afeta a coisa, nem seu valor venal,

    como ocorre nos direitos reais, j que no grava em nada a coisa.

    Ento, para ficar bem claro obrigao negativa de no construir no

    terreno para no obstruir a vista do vizinho, ou para no impedir a passagem dosvizinhos, so diferentes de servido de vista e de passagem, obrigao negativa de

    no desviar o curso de um rio, diferente de servido de aqueduto, apesar de terem

    o mesmo resultado prtico, ela tm natureza jurdica diversas.

    Outra observao: se o devedor que se obrigou a no construir para no

    atrapalhar seu vizinho (credor), em caso de descumprimento poder o credor da

    obrigao requerer em juzo a demolio (desfazimento da construo ou do ato,

    quando possvel), juntamente com perdas e danos. Isso seria direit

    o absolut

    o docredor para demolir o prdio (obter o desfazimento do ato) se esse prdio foi

    construdo e nele j moravam 16 famlias?

    Isso foi um caso concreto, no Jardim Botnico, onde havia 2 prdios, onde

    o proprietrio de um deles obrigou-se perante o outro a no construir em seu

    terreno, mas o credor dessa obrigao no morava no Brasil e quando soube disso,

    o prdio no terreno ao lado j estava construdo e vendido. Ele entrou com uma

    ao pedindo perdas e danos e a demolio do prdio. Esse caso foi ao STF, que

    entendeu que pelo princpio da ponderao de interesses, seria anti-social demolir

    um prdio no qual j estavam de boa-f instaladas 16 famlias.

    Assim, no absoluto, tendo em vista que a obrigao negativa no vai a

    registro e no oponvel erga omnes, o que tambm levou boa-f daquelas famlias

    que ali j moravam e, para satisfazer o direito do credor, aumentou-se a perdas e

    danos. Apesar do credor ter o direito de pleitear a demolio, havia o interesse de 16

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    famlias, que teriam um prejuzo muito maior. Assim, as perdas e danos foram

    maiores.

    Obs: Somente podem ser objeto de usucapio as servides aparentes, asno aparentes, como a de vista, no podem ser usucapidas.

    CLASSIFICAO QUANTO AO NMERO DE PRESTAES:

    H obrigaes que somente possuem como objeto uma nica prestao,

    um nico ato, ao qual o devedor se obrigada que, uma vez praticado libera o

    devedor, mas nada impede que uma obrigao tenha vrias prestaes.

    Essas que somente tm uma nica prestao so chamadas de

    obrigaes simples, nas quais somente h duas opes ou o devedor cumpre a

    obrigao e a exaure, ou o devedor no realiza o servio, no entrega a coisa e

    descumpre a obrigao se por culpa, perdas e danos e se for sem culpa resolve-

    se a obrigao. Nem precisa estar no Cdigo, nem est, pois o legislador no

    perderia tempo com uma coisa to simples.

    As obrigaes que possuem mais de uma prestao so as chamadas

    obrigaes mltiplas nessas o devedor se obriga a entregar ao credor mais de

    uma prestao, sendo certo que elas podem ser a) CUMULATIVAS, que aquela

    que o devedor se obriga a entregar ao credor TODAS as prestaes avenadas,

    obtendo a quitao somente com o cumprimento de todas, ao final da ltima, ou b)

    ALTERNATIVAS, quando bastar ao devedor entregar somente uma das prestaes,

    obtendo a quitao ou exonerao da obrigao com a entrega de uma das

    prestaes.

    Para distinguir, na prtica, a obrigao ser cumulativa se tivermos

    diversas prestaes separadas por vrgulas ou pela conjuno e (ex. um professor

    foi contratado para prestar aulas, preparar uma apostila e um programa de

    computador) deixando de cumprir uma delas, o devedor j est inadimplente

    (sendo por culpa haver indenizao por perdas e danos ao credor). Tambm no

    est no Cdigo, mas isso no significa que no existe. Nas obrigaes alternativas,

    as obrigaes so separadas pela palavra ou, bastando que o devedor oferea uma

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    das prestaes para estar desobrigado, ter direito quitao. Essas ltimas esto

    no Cdigo, pelos problemas que causam na prtica.

    PROBLEMTICAS NAS OBRIGAES ALTERNATIVAS:

    1) Quem escolhe a prestao que ser cumprida? o devedor, poisessa uma regra que facilita o pagamento, sendo certo que o devedor ir escolher

    aquela prestao que lhe for menos onerosa, mas nada impede que seja

    previamente ajustado de forma diversa. Isso tambm chamado de

    CONCENTRAO DO DBITO (ato de escolha da prestao). H uma afinidade com

    as obrigaes de dar coisa incerta, nas quais isso tambm ocorre, como j dito

    anteriormente.

    2) Qual a conseqncia jurdica do momento da CONCENTRAAO DODBITO na obrigao alternativa? Nas obrigaes de dar coisa incerta, quando

    escolhida a coisa, ela se torna uma obrigao de dar coisa certa, ento, quando

    escolhida a coisa pelo devedor, na obrigao alternativa, ela se torna obrigao

    simples, pois passa a ser uma nica obrigao.

    3) possvel mudar a concentrao, podendo o devedor mudar suaopo? Pode haver retratao? No, pois uma vez feita a concentrao, issoviolaria o princpio da segurana das relaes jurdicas e opacta sunt servandae,

    pelo fato de se tornar a obrigao simples, ele j no tem mais outra opo no

    tendo pelo o que trocar, pois j houve a concentrao.

    Entretanto, h exceo prevista para as prestaes sucessivas (perodos

    sucessivos ou ciclos) a lei permite que a parte possa mudar a concentrao a cada

    perodo, devendo essas prestaes devem ser cclicas, no podendo mudar no meio

    do perodo. Nada impede que se estabelea que, embora sejam peridicas, no sepoderia mudar a concentrao, mas isso deve estar escrito, sendo a regra geral que

    pode, no silncio do pacto.

    4) O devedor que se obrigou a uma obrigao X ou Y, pode entregarmetade de X e metade de Y ou parte de uma e parte de outra?No pode, pois o

    devedor no pode obrigar o credor a receber parte de uma obrigao e parte de

    outra, pois isso seria o mesmo que obrig-lo aceitar diverso do que foi pactuado.

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    Isso est expresso no Cdigo. O devedor tem que oferecer uma das obrigaes por

    inteiro.

    5) Quando deve ser feito o momento da CONCENTRAO? Se aconcentrao a favor do devedor, em regra, ela deve ser feita no momento do

    pagamento (in soluci), pois nesse momento o devedor vai saber qual a obrigao

    que ser mais onerosa. (ex. o devedor se obrigou a entregar um automvel ou uma

    motocicleta vencimento hoje, o devedor, no dia de hoje, se encontra com o credor e

    escolhe a motocicleta o devedor no tem obrigao nenhuma de avisar o credor de

    sua escolha, pois at o pagamento ele pode fazer a concentrao).

    Nesse caso, no pode o credor se recusar a receber a prestao, sob ofundamento de que no foi avisado. Um devedor inteligente de uma obrigao

    alternativa far a escolha no momento do pagamento, pois nesse momento que ele

    saber com certeza se a prestao escolhida a menos onerosa, sendo que se fizer a

    concentrao em momento anterior, pode ser que ele escolha a mais onerosa e ele

    no ter como mudar.

    Contudo, quando a escolha do credor, a concentrao no pode ser feita

    no momento do pagamento, pois isso poder acabar impedindo o cumprimento daobrigao pelo devedor dependendo da prestao (ex. entrega de um cavalo ou de

    um carro, o devedor mora em Copacabana e o carro est na garagem, mas o cavalo

    est em Terespolis o carro ele entregaria de imediato, se o credor resolver pelo

    cavalo, o devedor no teria mais prazo para quitar a obrigao), sendo que o cdigo

    fala em prazo razovel, no fixado pela lei, cabendo s partes estipularem de

    acordo com a boa-f em cada caso (prazo moral), se o prazo for insuficiente, surgir

    um conflito que ser levado ao Judicirio.

    Quando na obrigao alternativa com a escolha pelo credor e o devedor

    pretende cumprir, mas o credor no definiu qual o objeto da concentrao, neste

    caso, poder o devedor notificar o credor para que ele lhe comunique a escolha para

    que o devedor possa se preparar. Se o credor continuar silente, se inverter a

    faculdade de escolha, ou seja, o devedor poder escolher em qual objeto se far a

    concentrao.

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    6) Quando na obrigao alternativa, uma das prestaes se perdeANTES DA CONCENTRAO tanto faz se por culpa ou no do devedor, mas

    antes da concentrao uma das prestaes se perdeu, haver a concentrao

    automtica do dbito naquela prestao restante, no podendo o credor exigir do

    devedor a prestao que se perdeu e nem o devedor alegar que iria escolher aquela

    que se perdeu.

    Se as duas prestaes se perderem sem culpa do devedor antes da

    concentrao resolve-se a obrigao em perdas e danos. Se as duas prestaes se

    perderem por culpa do devedor antes da concentrao haver responsabilidade e

    perdas e danos da ltima prestao que se perdeu, pois no momento em que se

    perdeu a primeira houve a concentrao na ltima.

    Tendo as prestaes se perdido com culpa do devedor ao mesmo tempo,

    h divergncia doutrinria, uns entendem que o devedor dever indenizar o credor

    pela prestao menos onerosa, pois a concentrao era do devedor, mas h quem

    entenda de forma diversa, cabendo ao credor a escolha pela mais onerosa, como

    mais uma forma de sano pela culpa do devedor, o que inverte a concentrao.

    7)

    Quando a escolha da prest

    ao cabe ao credor se as prest

    aes seperderem por culpa do devedor, o credor ter direito s perdas e danos por

    qualquer uma das prestaes que se perderam, isso porque o devedor deixou o

    credor escolher e, por isso, dever o devedor suportar a escolha que o credor fizer.

    Geralmente se utiliza a obrigao alternativa, quando ainda existe uma

    dvida pelas partes acerca do que seria mais conveniente.

    OBRIGAES FACULTATIVAS:

    Modernamente surgiu uma nova modalidade de obrigaes e,

    primeiramente, deve ser feita uma crtica nomenclatura, pois a tendncia achar

    que aquela obrigao na qual o devedor poderia optar por no pagar, isso

    absurdo, o conceito : aquela em que se estabelece que o devedor poder substituir

    a prestao a seu critrio, por isso, o Professor Arnoldo Wald usa a expresso

    correta obrigao com faculdade de substituio da prestao.

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    Nessas obrigaes o devedor se reserva o direito de substituir a prestao,

    para entregar ao credor outra diversa da avenada.

    A primeira dificuldade distinguir a obrigao alternativa da obrigaofacultativa.

    DIFERENAS NA OBRIGAO:

    Alternativa obrigao mltipla (duas ou mais prestaes), possui

    prestaes da mesma hierarquia e independentes (as variadas obrigaes tm o

    mesmo peso de importncia), A escolha pode ser do credor ou devedor. H

    concentrao automtica.

    Facultativa aquela obrigao simples, obrigao nica inicialmente (j

    nasce assim), a prestao que surge depois daquela inicialmente estabelecida

    meramente substitutiva e sucessria, no sendo independente ou autnoma. Nessa

    obrigao somente quem pode substituir a prestao o devedor (faculdade

    exclusiva do devedor).

    No h concentrao automtica.

    Questo da Emerj Joo se obrigou a entregar um carro podendosubstituir essa prestao pela entrega de uma moto, mas o carro se perdeu sem

    culpa de Joo o credor vem a juzo pleitear a moto. O pedido era manifestamente

    improcedente, o credor no poderia exigir a obrigao substitutiva, pois na

    obrigao facultativa no h concentrao automtica.

    Perdida a prestao inicial, sendo a segunda acessria, resolve-se a

    obrigao. Sendo por culpa, h a possibilidade de perdas e danos. A obrigao

    facultativa nada mais do que uma dao em pagamento previamente ajustada, ouseja, quando o devedor no tendo a prestao, oferece outra ao credor e este a

    aceita. No vencimento da obrigao, o devedor no dispe da prestao e oferece

    outra substitutiva, que deve estar previamente estabelecida.

    A tendncia natural do credor, em razo da indignao de no receber o

    pagamento, no aceitar essa dao na hora do vencimento, essa a primeira

    dificuldade. A segunda dificuldade estabelecer o valor da prestao substitutiva, o

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    que normalmente impedia a ocorrncia de uma dao em pagamento. Se a

    obrigao facultativa, o credor j aceita a possibilidade de substituio por uma

    prestao previamente individualizada, o que indica que ele concorda com a

    substituio, no sendo mais necessrio discutir o valor da prestao substitutiva.

    A vantagem para o devedor que h mais uma opo de fazer o

    pagamento, mais uma porta aberta para pagar a obrigao de maneira menos

    onerosa, sem lhe trazer as conseqncias da inadimplncia. Para o credor a

    vantagem que ele no precisar ir a juzo pleitear perdas e ganhos referentes

    prestao principal, pois no h obrigao que se perdeu, diverso do que ocorre nas

    obrigaes alternativas. Assim sendo, a obrigao facultativa facilita o pagamento.

    Na obrigao facultativa a outra tem que estar previamente definida

    porque caso contrrio, a outra prestao pode ter valor menor e o credor no

    aceitaria. O credor aceita a prestao facultativa quando o credor sabe que o valor

    da prestao facultativa de valor equivalente. A obrigao facultativa s nasce

    quando o credor verifica que a obrigao alternativa tambm lhe interessa.

    Com isso, encerramos o estudo das obrigaes simples, alternativas e

    facultativa e vamos comear outra classificao:

    OBRIGAES DIVISVEIS E INDIVISVEIS

    Obrigao Divisvel aquela que pode ser oferecida ao credor em

    parcelas ou fraes. (ex. devo R$ 6.000,00 reais a Joo e o pagamento ajustado

    em 3 parcelas de R$ 2.000,00 obrigao pecuniria divisvel). (ex2. Eu me obrigo a

    entregar 60 sacas de caf, mas em 3 carregamentos de 20 sacas obrigao de dar

    divisvel).

    Obrigao Indivisvel aquela na qual a prestao dever ser entregue

    por inteiro, no se admitindo o parcelamento, sendo certo que a indivisibilidade

    pode surgir de 4 (quatro) causas diversas:

    1) pela natureza da prpria prestao (obrigao indivisvel natural);(ex. entregar um cavalo de corrida);

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    2) pela vontade das partes (indivisibilidade contratual ou convencional);(ex. R$ 10.000,00 sem possibilidade de parcelar)

    3) resultante da lei (indivisibilidade legal);(ex. na Lei de Inquilinato, na ao renovatria, diferenas de alguel

    pagas ao final de uma s vez);

    4) por fora de deciso judicial (indivisibilidade judicial).(ex. o juiz condena na sentena o ru a entregar ou pagar de uma s vez).

    OBS: o leigo chama parcela de prestao, mas o correto que a prestao

    uma s, sendo que o que se divide so as parcelas.

    REGRAS:

    Se na obrigao houver mais de um credor, ou mais de um devedor, a

    presuno de que a prestao divisvel, sendo a prestao divisvel por quantos

    forem os credores ou devedores. (ex. A, B e C so devedores de D, a presuno de

    que a prestao divisvel, salvo pela natureza do objeto). Se a obrigao de

    9.000,00 cada um somente tem direito a 3.000,00, mas nada impede que as partes

    estabeleam que a obrigao indivisvel.

    Se a obrigao somente tem um credor e um devedor, a regra

    exatamente o oposto, sendo a presuno pela indivisibilidade. (ex. Jos vendeu a

    Joo um carro por R$ 10.000,00, no se estabelecendo nada no ttulo obrigacional

    acerca de divisibilidade a presuno de que indivisvel pagamento vista).

    Questo: como se chama o princpio que diz que se a obrigao tem

    mais de um sujeito presume-se que a obrigao divisvel? o Princpio do

    Concursus Partes Fiunti. o princpio segundo o qual nas obrigaes mltiplo-

    subjetivas a prestao se dividir em quantas parcelas de acordo com o nmero de

    sujeitos, concorrendo as partes igualmente, cada uma com a sua parcela. Assim,

    nas obrigaes mltiplo-subjetivas, a presuno de que a obrigao divisvel, em

    razo do princpio concursus partes fiunti.

    Outra maneira de se afastar o princpio concursus partes fiunti converter

    a obrigao em obrigao solidria. Ou seja, se a obrigao for solidria, A tem

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    legitimidade para cobrar R$ 9.000,00 de D. A pode exigir a totalidade da obrigao

    de qualquer um dos devedores.

    Pode ter um credor (A) e 3 devedores. Se a obrigao for solidria, (A) podecobrar 9.000,00 de (B) ou de (C) ou de (D), mas se for obrigao mltiplo-subjetiva,

    (A) pode cobrar 3.000 de (B), 3.000 de (C) e 3.000 de (D). Na obrigao divisvel,

    enquanto o devedor no pagar a sua obrigao, a ltima parcela, ele estar

    inadimplente (deve 10, mas somente pagou 7).

    O que ocorre se o devedor no pagar todas as prestaes? se houve

    culpa.o devedor pagar perdas e danos pelas parcelas que no pagou, se no houve

    culpa, resolve-se a obrigao. Se o devedor pagar a ltima parcela, haverpresuno de que pagou todas. Nas obrigaes divisveis se o devedor pagar a

    ltima parcela h presuno de que ele pagou as parcelas anteriores, sendo

    presuno relativa, cabendo ao credor provar o contrrio.

    Se um devedor, na obrigao mltiplo-subjetiva divisvel, ficar insolvente

    em obrigao divisvel, o credor ficar no prejuzo porque cada devedor s deve seu

    quinho, salvo se a obrigao fosse solidria.

    AULA 04 08/07/2010

    A aula de hoje ser somente prtica, envolvendo obrigaes indivisveis e

    depois obrigaes solidrias.

    Se a obrigao tem somente um devedor e um credor, no temos

    dificuldade alguma. Como por exemplo, temos uma obrigao divisvel, com credor

    (A) e devedor (B) de R$ 9.000,00 reais que poder ser paga em 3 (trs) parcelas. (B)somente ter direito quitao quando pagar a ltima parcela.

    Tendo (B) o recibo de pagamento da ltima parcela a presuno de

    adimplncia, cabendo o nus da prova ao credor (A). Se (B) deixar de pagar uma das

    parcelas, verificaremos se a inadimplncia foi por culpa (sendo - resolve-se) ou no

    sendo (caber pedido perdas e danos).

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    Se a obrigao indivisvel, (B) tem que pagar a dvida de uma nica vez,

    se no pagar, verificaremos a existncia de culpa. A dificuldade comea quando

    temos mais de um credor ou mais de um devedor.

    Se a obrigao divisvel, cada parte somente poder reclamar o seu

    quinho. Havendo mais de um sujeito, a presuno pela divisibilidade com a

    aplicao do concursus partes fiunt. Assim, cada credor, nesse, caso somente poder

    cobrar R$ 3.000,00. Se (B) fica insolvente, azar de (A) (credor).

    A dificuldade aumenta quando a obrigao tem mais de um credor ou

    mais de um devedor e ainda indivisvel, ou pela natureza da prestao (A, B e C

    venderam um cavalo para X).

    Observao os quinhes no sero necessariamente iguais, mas no

    silncio do ttulo, a presuno de que os quinhes sero iguais.

    A, B e C (credores) D (devedor) convencionada como obrigao

    indivisvel (por contrato) de R$ 9.000,00 e 3 (trs) credores de uma nica vez. B

    quer pagar e so 3 (trs) credores - solues:

    1) o devedor (B) reuniria os trs credores no mesmo local de pagamento ed aos 3 (trs)o pagamento e os credores resolveriam entre si,

    2) Se ele somente encontra 1 credor (A) no dia do vencimento o devedor

    pode pagar o total da obrigao a (A), desde que ele apresente uma autorizao dos

    demais para que ele receba pelos demais credores o quinho deles, no precisa ser

    um mandato formal, mas deve ser um documento inequvoco.

    3) Se esse credor (A) no tiver a autorizao, ele no poder receber parte

    da obrigao, (D) poder pagar a (A) o total dessa obrigao, desde que (A) preste

    cauo de recebimento (sinnimo de garantia pessoal ou real, ao devedor de que

    entregar os quinhes de (B) e (C) fiador, anel, carro).

    Essa garantia serve para que no futuro, se um devedor aparece exigindo o

    pagamento, alegando que no recebeu sua parte, o devedor poder se utilizar da

    cauo para se ressarcir e, quando ele provar isso que j pagou aos outros

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    credores, levanta-se a cauo (cauo de recebimento). uma garantia de que o

    credor que recebeu pelos demais tinha autorizao para tal, uma vez provado que

    houve o repasse dos quinhes, levanta-se a cauo. Se, ao contrrio, os outros

    credores vierem exigir seus quinhes, o devedor poder se utilizar da cauo para

    ressarcir aos credores.

    4) se o devedor encontra (A), mas esse se recusa a receber ou prestando a

    cauo ou portando autorizao, somente restar como soluo a consignao em

    pagamento em juzo da prestao contra os trs credores.

    Invertendo a hipteses, vamos imagina que a obrigao indivisvel:

    A (credor) B, C e D (devedores) - Obrigao indivisvel com 3 devedores

    de uma obrigao de 9.000,00.

    1) Se (B) paga a integralidade da obrigao (R$ 9.000,00) haver umasub-rogao (substituio) automaticamente nos direitos do credor (A), podendo (B)

    regredir contra cada um dos demais devedores (C e D) para lhes exigir seus

    quinhes. A regra na obrigao indivisvel com mais de um credor, o devedor que

    pagar por inteiro se subroga nos direitos do credor (substitui) automaticamente,

    pois no depende de qualquer manifestao de vontade, podendo regredir contra

    cada um dos demais devedores para lhes exigir seus quinhes.

    2) Se (A) comprou de (B), (C) e (D) um cavalo de corrida por R$ 9.000,00

    (obrigao indivisvel pela natureza do objeto cavalo), desse cavalo, o quinho

    seria de 1/3 dos credores, mas como exigir o quinho de cada um, se por culpa

    de um dos devedores o cavalo morreu antes da entrega? a regra que se

    houve culpa dos devedores, o credor tem direito ao equivalente em dinheiro

    (R$9.000,00) mais perdas e danos (indenizao), mas poder cobrar somente de

    um dos devedores, se convertida em perdas e danos? Ser que essa obrigao

    poder ser convertida em divisvel e ser cobrada de um devedor? Convertendo-

    se a obrigao em perdas e danos essa obrigao permanece indivisvel?

    A regra que a indivisibilidade cessa se a obrigao inadimplida por

    culpa dos devedores, ou seja, a obrigao que era indivisvel passa a ser

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    divisvel. Se a culpa foi dos 3 devedores, o credor dever cobrar 1/3 de cada

    devedor (na proporo dos quinhes), isso porque a indenizao sempre feita em

    dinheiro, que ao ser dividido, por diminuir o valor, facilita o pagamento.

    Entretanto, se a culpa somente de um dos devedores? A regra muda,

    pelo equivalente do valor da obrigao (substituio da prestao pelo dinheiro),

    todos os devedores respondero perante o credor, na proporo de seus

    quinhes, mesmo tendo sido somente um o culpado, mas os devedores no-

    culpados tero ao de regresso contra o devedor culpado, para obter a quantia

    desembolsada para o pagamento do credor, mas as perdas e danos somente

    podero ser cobradas do devedor que foi culpado pelo resultado, pois perdas e

    danos esto restritas ao causador do dano.

    Outra hiptese: (A) credor e (B) - devedor de uma obrigao de R$

    9.000,00 (B) morre, deixando os herdeiros (E) e (F), consequentemente o quinho

    de (B) - R$ 3.000,00 passou para seus herdeiros nos limites da herana, devendo

    cada um R$ 1.500,00, havendo ainda outros dois devedores (C) e (D) (A) moveu

    uma ao para cobrar de (E) R$ 9.000,00. Isso procedente?

    Respost

    a: Sim, pois a regra que a indivisibilidade persiste em relaoaos herdeiros do co-devedor morto (ou co-credor), pois indivisibilidade pressupe

    unicidade da prestao. Se o devedor (E) cobrado pelo total da dvida vai propor

    ao de regresso em face dos demais na proporo de seus quinhes. Caso (A),

    credor, que tivesse morrido, deixando dois herdeiros, um deles poderia cobrar a

    totalidade da dvida dos demais.

    Vamos imaginar que a obrigao est prestes a prescrever. Evidente

    que o A no quer isso, pois no tem interesse que a prescrio ocorre. A ele resolve

    somente interpelar o B para interromper a prescrio, mas no interpelou os

    demais. Pergunta: a prescrio ficou interrompida em r