guia de direito das obrigacoes ii _ vr.pdf

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  • Universidade Politcnica

    A POLITCNICA

    Escola Superior Aberta

    GUIA DE ESTUDO

    Direito das Obrigaes II

    Moambique

  • FICHA TCNICA

    Maputo, Julho de 2014

    Srie de Guias de Estudo para o Curso de Cincias

    Jurdicas (Ensino a Distncia).

    Todos os direitos reservados Universidade Politcnica

    Ttulo: Guia de Estudo de Direito das Obrigaes II

    Edio: 1

    Organizao e Edio

    Escola Superior Aberta (ESA)

    Elaborao

    Virgnia Alice Joaquim Madeira (Contedo)

    Virgnia Alice Joaquim Madeira (Reviso textual)

  • Cincias Jurdica _ Direito das Obrigaes II_ Semestre 4

    Escola Superior Aberta/A Politcnica Ensino Distncia 3

    UNIDADES TEMTICAS NDICE

    UNIDADE TEMTICA 1: Modalidades de Obrigaes e Transmisso das

    obrigaes ....................................................................... Error! Bookmark not defined.

    UNIDADE TEMTICA 2: Garantia das obrigaes ..... Error! Bookmark not defined.

    UNIDADE TEMTICA 3: extino das obrigaes ..... Error! Bookmark not defined.

    UNIDADE TEMTICA 4: Contratos tpicos................. Error! Bookmark not defined.

  • Cincias Jurdica _ Direito das Obrigaes II_ Semestre 4

    Escola Superior Aberta/A Politcnica Ensino Distncia 4

    Caro(a) estudante Est nas suas mos o Guia de Estudo da disciplina de Direito das Obrigaes II que integra a grelha curricular do Curso de Licenciatura em Cincias Jurdicas oferecido pela Universidade Politcnica na modalidade de Educao a Distncia. Este guia tem por finalidade orientar os seus estudos individuais neste semestre do curso. Ao estudar a disciplina de Direito das Obrigaes II, voc ir conhecer as suas diferentes formas de manifestao no campo jurdico bem como a sua transmisso entre os sujeitos jurdicos. Este Guia de Estudo contempla textos introdutrios para situar o assunto que ser estudado; os objectivos especficos a serem alcanados ao trmino de cada unidade temtica, a indicao de textos como leituras complementares que voc deve realizar; as diversas actividades que favorecem a compreenso dos textos lidos e a chave de correco das actividades que lhe permite verificarem se voc est a compreender o que est a estudar.

    Esta a nossa proposta para o estudo de cada disciplina deste curso. Ao receb-la, sinta-se como um actor que se apropria de um texto para expressar a sua inteligncia, sensibilidade e emoo, pois voc tambm o(a) autor(a) no processo da sua formao em Cincias Jurdicas.

    Os seus estudos individuais, a partir destes guias, nos conduziro a muitos dilogos e a novos encontros.

    A equipa de professores que se dedicou elaborao, adaptao e organizao deste guia sente-se honrada em t-lo como interlocutor(a) em constantes dilogos motivados por um interesse comum a educao de pessoas e a melhoria contnua dos negcios, base para o aumento do emprego e renda no pas. Seja muito bem vindo(a) ao nosso convvio. A Equipa da ESA

  • Cincias Jurdica _ Direito das Obrigaes II_ Semestre 4

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    UNIDADE TEMTICA 1

    MODALIDADES DAS OBRIGAES

    Elaborado por: Virginia Joaquim Madeira

    Objectivos

    Caro tutorando, depois de termos estudado no Direito das Obrigaes I a noo de Obrigaes quer na sua concepo natural como jurdica, bem como as suas fontes; vamo-nos debruar nesta unidade sobre o estudo das suas diferentes formas de manifestao no campo jurdico bem como a sua transmisso entre os sujeitos jurdicos.

    Assim, no fim desta Unidade o tutorando deve estar em condies de: 1. Conhecer as diferentes modalidades de Obrigaes; 2. Como elas se caracterizam e ocorrem ao longo das relaes jurdicas; 3. As diferenas que existem entre elas; e 4. Os meios jurdicos de transmisso das obrigaes realizada entre os

    sujeitos jurdicos.

    MODALIDADES DAS OBRIGAES A matria referente as diferentes modalidades das obrigaes, encontram-se previstas nos artigos 511 e seguintes do CC. Segundo a doutrina estas podem ser agrupadas em trs principais categorias, a saber:

    a) Quanto ao vnculo; b) Quanto ao sujeito; e c) Quanto ao objecto.

    Antes de passarmos distino propriamente dita entre obrigaes civis e obrigaes naturais necessrio reter uma noo geral de obrigao, sendo que, de acordo com o Artigo 397 C.C, obrigao um vnculo jurdico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com outra realizao de uma prestao.

    De seguida abordaremos cada uma das modalidades das obrigaes incorporadas nos respectivos grupos, sendo que ao abordarmos o grupo referente as obrigaes em relao ao objecto, faremos aluso as figuras que transmitem algumas dvidas, remetendo as restantes figuras ao estudo dos tutorados com base no Cdigo Civil.

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    1. Modalidades de direito das obrigaes quanto ao vnculo Quanto ao vnculo as obrigaes podem ser classificadas em naturais e civis.

    a) Obrigaes naturais

    Segundo o disposto no artigo 402 do Cdigo Civil so consideradas obrigaes naturais: Aquelas que se fundem () num mero dever moral ou social cujo cumprimento no judicialmente exigvel, mas corresponde a um dever de justia. Deste dispositivo legal podemos retirar a primeira nota caracterstica deste vnculo jurdico natural que :

    a) O facto de o dever resultante desta obrigao no ser exigvel judicialmente;

    b) A segunda nota encontra-se no disposto no artigo 403 do C.C. quando se refere que no se pode repetir o que fora espontaneamente prestado em cumprimento de uma obrigao natural.

    Portanto de concluir que as obrigaes naturais assentam nas normas costumeiras e nas prticas sociais estando assim, a esta vinculadas e no as normas jurdicas.

    b) Obrigao civil

    A obrigao diz-se civil quando o devedor, obrigado a realizar uma determinada prestao pecuniria, quer seja ela positiva ou negativa, em prol do credor.

    Estas obrigaes so caracterizadas pela existncia de um vnculo jurdico, contemplado pelo Direito, em que o devedor obrigado, tem o direito a prestar e o credor tem o direito de exigir judicialmente o cumprimento da prestao ou o devido ressarcimento, atingindo o patrimnio do devedor caso este no sane a prestao.

    Este direito dado ao credor, quando no satisfeito, d aquele a possibilidade de recorrer aos Tribunais para que estes, atravs da prestao jurisdicional, executem o patrimnio do devedor inadimplente, entregando-o a aquele. Deste modo, o credor pode finalmente ver os seus interesses satisfeitos. Esta a mais importante das garantias jurdicas de uma obrigao civil.1

    1 http://hugolancassocial.blogspot.com/2007/12/diferena-entre-obrigao-civil-e-obrigao_14.html

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    2. Modalidade de obrigaes quanto ao sujeito

    As obrigaes por via de regra criam-se entre sujeitos jurdicos ou pessoas jurdicas, contudo estas no revestem a mesma forma e os seus traos de diferenciao so to acentuados que os autores e as prprias leis distinguem vrios tipos de obrigaes. Assim, fazem parte do grupo das obrigaes em funo do sujeito as seguintes:

    1. Obrigaes de sujeito determinado (contratos) 2. Obrigaes de sujeito indeterminado (Promessa pblica) 3. Obrigaes singulares 4. Obrigaes plurais

    De seguida falaremos de cada uma delas.

    a) Obrigaes de sujeito determinado Este tipo de obrigaes caracteriza-se por ser aquele em que no momento da constituio do vnculo obrigacional seja possvel identificar directamente os sujeitos da relao jurdica obrigacional. Exemplo: Estes tipo de obrigaes ocorre na celebrao de contratos pois logo de incio possvel determinar os sujeitos desta relao obrigacional. O mesmo tipo de obrigaes ainda pode ocorrer entre o autor da leso de um determinado direito e o titular deste direito violado ou at entre o gestor e o dono do negcio, etc.

    b) Obrigaes de sujeito indeterminado Estaremos perante uma obrigao de sujeito indeterminado quando, um dos seus sujeitos (credor ou devedor) s determinvel em momento posterior a sua constituio.

    O artigo 511 do C.C. expressamente afirma a possibilidade de a obrigao se constituir validamente, apenas se o sujeito activo ( o credor) no for determinvel a priori, sendo assim a lei afasta a possibilidade de existncia de uma obrigao sem que seja determinada a pessoa do devedor. Justifica-se esta posio legal pois, na constituio da obrigao necessrio que esta seja determinvel e para tal deve se ter em conta o sujeito passivo que vai efectuar o cumprimento da mesma, para assim esta ser exigvel. Portanto, no basta s que o objecto seja determinvel mais tambm a pessoa que vai executar a prestao, pois sobre o patrimnio desta que recai a obrigao.

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    Importa ressalvar que, segundo a doutrina, esta indeterminao do sujeito activo pode resultar de duas condicionantes:

    1. De um evento futuro ou incerto; e 2. A identificao do credor faz-se indiretamente;

    No que tange as obrigaes de sujeito indeterminado resultantes de um evento futuro temos como exemplo a Promessa Pblica (artigo 459 e sges. Do C.C.) em que o credor uma pessoa que se encontre numa determinada situao ou pratique um determinado facto (em regra futuro) positivo ou negativo. Relativamente a segunda condicionante esta encontra-se na figura do mandato sem representao em que o mandatrio exerce a posio do credor interessado, sendo que posteriormente tem a obrigao de remeter a este todos os direitos e deveres resultantes do negcio ao mandante (artigo 1180 do CC)

    c) Obrigaes singulares Este tipo de obrigaes ocorre entre dois sujeitos jurdicos somente. Portanto a relao obrigacional, desde a sua constituio constituda por um nico sujeito passivo (devedor) e um nico sujeito activo ( credor).

    d) Obrigaes plurais Estas caracterizam-se pela pluralidade de sujeitos quer passivos (devedores) ou activos (credores). Portanto o nmero de sujeitos que se encontram adstritos a relao obrigacional que determina a modalidade da mesma. Estas podem se apresentar das como:

    1. obrigaes conjuntas 2. obrigaes solidrias

    1. Obrigaes conjuntas So consideradas obrigaes conjuntas aquelas em que cada um dos sujeitos, quer seja activos ou passivos, tem a receber ou a pagar o seu prprio quinho ou seja aquelas cuja prestao fixada globalmente, mas em que cada um do sujeitos compete apenas uma parte do dbito ou crdito comum.2 Este tipo de obrigaes caracteriza-se pela:

    1. Pluralidade de sujeitos; 2. O objecto da prestao ser global; e 3. Pela provenincia dos dbitos ou crditos de cada um dos interessados

    do mesmo facto jurdico. Exemplo: Vrios comproprietrios de um bem imvel vendem o mesmo a um outro sujeito jurdico.

    Cada um deles tem a receber a sua parte conforme o seu quinho na compropriedade.

    2 In: VARELA, Joo de Matos Antunes; Das Obrigaes em geral; Vol. I; 7 edico; Livraria Almedina;

    Coimbra; 1993

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    Esquematizando este exemplo, podemos retirar as caractersticas que acima referimos deste tipo de obrigaes, vejamos: Vrios comproprietrios vendem uma coisa imvel

    pluralidade de sujeitos nico facto jurdico globalizao do objecto

    Esta relao obrigacional plural originria na medida em que deste a sua gnese se conhece a situao da pluralidade de sujeitos que, neste caso de compra e venda so simultaneamente credores e devedores pois assistem a cada uma das partes direitos e deveres, conforme o quadro que se segue demonstra.

    A (vendedor) B (comprador) Deveres Entregar a coisa Pagar o valor acordado Direitos Receber o valor acordado pela

    venda Receber o bem adquirido por compra

    Porm a obrigao tambm pode ser superveniente. Esta ocorre em caso de morte do credor. Assim, dependendo da eficcia que a relao jurdica tiver, so chamados a mesma os seus sucessores.

    Regime jurdico: atente ao disposto no artigo 513 do C.C. depreende-se que a obrigao conjunta regra geral, uma vez que a solidariedade ( conforme veremos mais adiante) quer passiva ou activa s existe se for determinada por Lei ou convencionada entre as partes.

    2. Obrigaes solidrias (artigo 512 do C.C)

    Estaremos perante obrigaes solidrias quando cada um dos devedores responde pela totalidade da prestao ou quando cada um dos credores tem direito de exigir a totalidade da mesma a qualquer um dos credores.

    Exemplo:

    A, B e C devem 900 000,00 Mt a D como preo de um imvel que lhe compraram. Sendo a obrigao solidria o credor (D) poder exigir de um dos devedores (A, B ou C) a entrega de toda a soma devida e no a fraco referente a cada um como ocorre nas obrigaes solidrias. Assim, esta entrega feita por um s dos devedores libera tambm os outros.

    Este tipo de obrigao caracteriza-se por:

    1. Pluralidade de sujeitos activos ou passivos; 2. Multiplicidade de vnculos, sendo estes distintos ou independentes o

    que une o credor a cada um dos codevedores solidrios e vice-versa; 3. Unidade de prestao, visto que cada devedor responde pelo dbito

    todo e cada credor pode exigi-lo por inteiro.

    Luciano.CauianeSticky Noteentenda-se obrigaes conjuntas.

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    4. Corresponsabilidade dos interessados, visto que o pagamento da prestao efetuado por um dos devedores extingue a obrigao dos demais, embora o que tenha pago possa reaver dos outros as quotas de cada um.

    Espcies de obrigaes solidrias Uma das principais caractersticas da obrigao solidria a multiplicidade de credores ou de devedores conforme referimos anteriormente. Desse modo, pode ela ser solidariedade ativa, ou de credores, solidariedade passiva, ou de devedores. Este regimes encontram-se consagrados nos artigo 518 e seguintes e 528 seguintes, ambos do CC.

    a) Estaremos perante uma solidariedade ativa quando existam uma multiplicidade de credores, com direito a uma quota da prestao. Contudo, atente a solidariedade, cada um dos credores pode reclam-la por inteiro do devedor comum. Este, no entanto, pagar somente a um deles. O credor que receber o pagamento entregar aos demais, as quotas de cada um (artigo 533 do C.C.) Importa resavar que o devedor se libera do vnculo obrigacional pagando a qualquer co-credor, enquanto nenhum deles demand-lo diretamente (artigo 532 do C.C.).

    b) Estaremos perante uma solidariedade passiva quando, havendo vrios devedores solidrios, ao credor assistir o direito de cobrar a dvida inteira de qualquer deles, de alguns ou de todos, conjuntamente. Qualquer devedor pode ser compelido pelo credor a pagar toda a dvida, embora, na sua relao com os demais, responda apenas pela sua quota-parte. Assim, em caso de cumprimento da obrigao por algum dos devedores, este pode exigir dos restantes co-devedores o regresso da parte a que estes competem (artigo 524 do C.C.).

    3. Modalidades de obrigaes quanto ao objecto

    Quanto ao objecto as obrigaes podem ser:

    1. Divisveis ou indivisveis; 2. Especficas e genricas; 3. Obrigaes cumulativas ou alternativas; 4. Obrigaes pecunirias; 5. Obrigaes de juros; e 6. Obrigaes de indemnizao.

    NB: Destes tipos de obrigaes supra arroladas iremos referir algumas delas sendo que remetemos desde j o estudo das obrigaes pecunirias, de juros e de indemnizao ao CC, cujo regime encontra-se

    Consolida o contedo, fazendo a leitura do artigo 518 a 533 do C.C

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    plasmado de forma clarssima. Vide para o efeito os artigos 550 a 576 do CC.

    a) Obrigaes divisveis e indivisveis As obrigaes divisveis e indivisveis so compostas por uma multiplicidade de sujeitos activos ou passivos. Nelas h um desdobramento de pessoas no polo ativo ou passivo, ou mesmo em ambos, passando a existir tantas obrigaes distintas quantas as pessoas dos devedores ou dos credores. Nesse caso:

    a) cada credor s pode exigir a sua quota; e b) cada devedor s responde pela parte respectiva (CC, art. 534)

    A prestao assim distribuda rateadamente, segundo a regra concursu partes fiunt (as partes se satisfazem pelo concurso, pela diviso). Todavia, sofre esta duas importantes excees: a da indivisibilidade e da solidariedade, nas quais concorram vrias pessoas, cada credor tem direito de reclamar a prestao por inteiro e cada devedor responde tambm pelo todo.

    O problema da divisibilidade somente oferece algum interesse no direito das obrigaes se houver pluralidade de pessoas na relao obrigacional. O interesse jurdico resulta da necessidade de fracionar-se o objeto da prestao para ser distribudo entre os credores ou para que cada um dos devedores possa prestar uma parte desse objeto.

    Se duas pessoas, por exemplo, devem 200.000,00 Mt a determinado credor, cada qual s est obrigado a pagar a sua quota, correspondente a 100.000,00 Mt, partilhando-se a dvida por igual, pois, entre os dois devedores.

    Se a hiptese for de obrigao divisvel com pluralidade de credores, o devedor comum pagar a cada credor uma parcela do dbito, equivalente sua quota, igual para todos. O devedor comum de uma dvida de 200.000,00 Mt, por exemplo, dever pagar a cada um dos dois credores a importncia de 100.000,00 Mt.

    Efeitos da divisibilidade e indivisibilidade da prestao

    Se a obrigao divisvel, presume-se esta dividida em tantas obrigaes, iguais e distintas, quantos os credores, ou devedores

    Cada devedor s deve a sua quota-parte. A insolvncia de um no aumentar a quota dos demais. Havendo vrios credores e um s devedor, cada credor receber somente a sua parte. Assim, se algum se obriga a entregar duas sacas de caf a dois credores, cada credor receber um saco de caf.

    Sendo indivisvel a obrigao (de entregar um cavalo, p. ex.), o pagamento deve ser oferecido a todos conjuntamente.

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    Assim, se um s dos credores receber sozinho o cavalo, mencionado no exemplo supra, poder cada um dos demais exigir desse credor a parte que lhe competir, em dinheiro. Assim, sendo trs os credores e valendo R$ 9.000,00, por exemplo, o animal recebido por um dos credores, ficar o que recebeu obrigado, junto aos outros dois, ao pagamento, a cada um deles, da soma de R$ 3.000,00.

    Ainda no concernente obrigao indivisvel com pluralidade de credores, prescreve o Cdigo Civil artigo 536 do CC:

    Se um dos credores remitir, isto , perdoar a dvida, no ocorrer a extino da obrigao com relao aos demais credores. Estes, entretanto, no podero exigir o objeto da prestao se no pagarem a vantagem obtida pelos devedores, ou seja, o valor da quota do credor que a perdoou.

    b) Obrigaes especficas e genricas

    As obrigaes e especficas so aquela em que o objecto das mesmas, encontram-se determinados, portanto coisas fungveis.

    As obrigaes genricas so aquelas em que o objecto da prestao determinado quanto ao gnero. (artigo 539 do CC)

    Neste tipo de obrigaes cabe ao devedor em regra escolher o gnero, isto na falta de estipulao em contrrio. Seno que por conveno das partes a escolha do gnero pode ser efectuada pelo credor ou por terceiros.

    c) Obrigaes cumulativas e alternativas

    Entende-se por obrigaes cumulativas aquelassem que o devedor se obriga a proceder ao cumprimento de duas prestaes numa s.

    Attulo de exemplo, por contrato de fornecimento de material de construo A se obriga no s a proceder a entrega dos bens como tambm a mo-de-obra para a sua montagem.

    Estas diferem das obrigaes alternativas (artigo 543 do CC) pois nestas pesa embora existam duas possibilidades de cumprimento das prestaes, esta s pode ser efectuada por uma delas.

    A escolha da prestao efectuada pelo devedor na falta de estipulao em contrrio.

    Consolida o contedo, fazendo a leitura do artigos 539 a 542 do CC

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    O regime aplicvel a este tipo de obrigaes encontra-se entre os artigos 543 a 549 do CC, deste modo exige-se do tutorando a leitura destes dispositivos legais.

    TRANSMISSO DAS OBRIGAES

    Em sentido amplo podemos dizer que estamos perante uma transmisso da obrigao quando produzindo ela, em determinada situao e momento efeitos jurdicos em relao a uma outra.

    Importa referir que a transmisso pode assim ocorre: inter vivos ou mortes caus. Visto que a transmisso mortis causa estuda com profundidade no Direito Sucessrio o nosso estudo vai se limitara transmisso inter vivos que a matria referente ao ramo de Direito que estudamos ( Direito das obrigaes)

    Assim ao abrigo do disposto no captulo IV do Livro II do CC, so formas de transmisso das obrigaes as seguintes:

    a) Cesso de crditos; b) Sub-rogao; c) Assuno de dvidas; d) Cesso da posio contratual; e e) Transmisses de ttulos de crditos3

    Estas formas de transmisso das obrigaes, tem como fonte sempre um facto. Assim teremos:

    a) Transmisses contratuais derivadas da celebrao de um contrato); b) Transmisses unilaterais (derivadas da manifestao unilateral de

    vontade de uma das partes da relao obrigacional); e c) Transmisses legais ( estas que derivam da lei)

    Falaremos de cada uma delas de forma mais aprofundada de seguida , no em funo da sua fonte mas sim da sua forma.

    3 Esta forma de transmisso das obrigaes estudada com mais profundidade no Direito comercial.

    Contudo importa referir que no deixa de consubstanciar-se numa transmisso de direito e deveres resultantes de uma relao obrigacional pois, tem como fonte a existncia de um Ttulo de crdito. O Ttulo de Crdito tido como um documento onde se encontram consubstanciados direitos. Assim, por meio de Averbamento, endosso e tradio (estas que so a sua forma peculiar de transmisso), estes ttulos podem ser transmitidos a terceiros. A ttulo de exemplo: A passa um cheque ( este que um ttulo de crdito) a B no valor de 10 000,00 Mt. B por sua vez endossa o cheque a C. neste caso B cedeu ou transmitiu o seu crdito a este ltimo com tod os direito a ele inerentes.

    Consolida o contedo, fazendo a leitura do artigos 543 a 549 do CC

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    1. Cesso de crditos

    Esta ocorre quando por contrato o credor transmite a terceiro, independentemente do consentimento do devedor, a totalidade ou parte do seu crdito ( artigo 577 do CC)

    Assim:

    Ao credor que transmite o crdito designa-se CEDENTE;

    Ao sucessor do crdito d-se o nome de CESSIONRIO; e

    Ao devedor do crdito transmitido designa-se DEVEDOR CEDIDO

    a) Requisitos

    A cesso de crditos s pode ocorrer quando se observem cumulativamente os seguintes requisitos:

    a) A existncia de uma acordo entre o credor (cedente) e o terceiro (cessionrio)

    b) Este acordo deve estar consubstanciado num facto transmissivo (fonte da transmisso); e

    c) O crdito seja transmissvel

    Atente ao primeiro requisito depreende-se que basta que exista consenso entre o cedente e o cessionrio, estando preenchidos os outros dois requisitos, a cesso de crditos pode ocorrer.

    Deste modo, o assentimento ou no do devedor no aqui relevante.

    Os outros dois requisitos encontram-se relacionados com a fonte da transmisso e a no intransmissibilidade dos crditos respetivamente.

    b) Do mbito da cesso de crditos.

    A cesso de crditos, enquanto uma das formas da transmisso das obrigaes, pode ocorrer por:

    a) Transferncia legal; ou b) Transferncia judicial.

    A transferncia legal, conforme o prprio nome diz, decorre de simples facto jurdico a que a lei associe tal efeito. Exemplo: vide o artigo 1181 do CC.

    A transferncia judicial, por seu turno, decorre de uma deciso judicial ( artigo 860 do CC)

    Importa referir que com a cesso de crditos transmitem-se para o cessionrio todas as garantias e direitos, conforme dispe o artigo 582 do CC.

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    c) Regime

    Este encontra-se consagrado no artigo 578 do CC e determina que depende da sua fonte, isto do tipo de negcio que lhe serve de base. Portanto necessrio que a sua fonte seja idnea.

    Assim ,a ttulo de exemplo, se a fonte que da origem a cesso for invlida ou nula esta no poder ocorrer.

    Do mesmo modo, exige-se que a forma da cesso de crditos tenha uma natureza formal ou no, consoante a forma que revestiu a fonte que lhe deu origem. ( vide o artigo 578 n2 do CC.

    NB: Importa ressalvar no entanto que, regra geral os direito patrimoniais so todos cedveis, no entanto, excepcionalmente a lei prev certos casos cuja transmissibilidade se trona impossvel, nomeadamente:

    a) a natureza da prestao quando a prestao esteja directamente ligada a pessoa do devedor, isto impliquem actividades meramente pes,,,soais ( artigo 577 n1 do CC)

    b) a vontade das partes as partes podem acordar, no momento da constituio do crdito, a intransmissibilidade do mesmo ( artigo 577 n1 do CC)

    c) a lei por determinao legal os direito patrimonias no podem ser cedidos, conforme prev ao artigo 579 n 2 do CC, quando limita a transferncia de direitos em litgio.

    2. Sub-rogao

    A figura da sub-rogao encontra-se plasmado no CC nos artigo 589 ess. Esta uma das formas de transmisso das obrigaes que ocorre quando uma terceira pessoa cumpre a obrigao que recai ao devedor.

    Exemplo:

    Antnio deve 1000,00 Mt a Carlos. No entanto, Berta paga essa quantia ao Carlos. Deste modo Berta fica sub-rogada na posio que Antnio tinha na relao obrigacional.

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    Esquematizando:

    Prestao (1000,00 Mt)

    Antnio (devedor) ------------ Carlos (credor)

    Efeito: substitui Carlos na relao obrigacional

    Berta ( terceira cumpre a prestao por Antnio)

    Ao cumprir a obrigao de Antnio, Berta fica, consequentemente, sub-rogada na posio que Carlos (credor) tinha na relao obrigacional com aquele (Antnio)

    a) Modalidades:

    A Sub-rogao pode derivar, da vontade das partes ou da lei. Quando advir da vontade das partes esta pode ocorrer pelo credor ou pelo devedor da relao obrigacional.

    Assim, a sub-rogao diz se pelo credor - quando derive de acordo celebrado entre o sub-rogado (novo credor) e o antigo credor (artigo 589 do CC). Por outro lado a sub-rogao diz-se pelo devedor quando resulte de acordo entre o devedor e o sub-rogado ( o novo credor) artigo 591 do CC.

    Por seu turno, a Sub-rogao legal deriva da lei e diferentemente da Sub-rogao por vontade das partes, para alm da declarao expressa do credor ou devedor, exige como requisito:

    a) Que o sub-rogado tenha garantido o cumprimento da obrigao ou tenha interessa no crdito.

    J na Sub-rogao por vontade das partes necessrio que:

    a) Ocorra o cumprimento da obrigao por terceiro; e b) Que a vontade de sub-rogar seja manifestada expressamente pelo

    devedor at ao momento do cumprimento da obrigao.

    Quer seja sub-rogao por vontade das partes ou legal, ambas tem como efeito a transmisso de crditos e garantias para o novo credor ( sub-rogado).

    3. Assuno de dvidas

    Esta vista como a transmisso da posio jurdica do devedor. Esta pode derivar (artigo 595 do CC):

    a) Da assuno derivada de contrato celebrado entre o antigo e o novo devedor, com ratificao do credor;

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    b) Da assuno derivada de contrato estabelecido entre o credor com o novo devedor com o consentimento do antigo devedor; e

    c) Assuno derivada de contrato estabelecido entre o credor com o novo devedor sem o consentimento do antigo devedor.

    Deste modo, para que estas modalidades de assuno ocorram necessrio que estejam reunidos os seguintes requisitos:

    a) Haja a existncia de uma dvida; b) Que ocorra o acordo do credor; e c) O contrato de transmisso seja idneo.

    A existncia da dvida, naturalmente um dos principais requisitos pois esta demonstra a existncia de um vnculo obrigacional entre o credor e o antigo devedor.

    Por outro lado, o acordo do credor a que referimos acima, deve ser efectuado mediante uma declarao expressa que libera o antigo devedor. ( artigo 595 n2 do CC)

    Por fim, exige-se que o contrato de transmisso efectuado entre o credor e o novo devedor ou entre este ltimo e o antigo devedor seja idnea pois caso esteja enfermo de algum vcio como a nulidade, faz renascer a obrigao que o antigo devedor tem em relao ao credor.

    a) Efeitos:

    Com a assuno de dvida ocorrem os seguintes efeitos:

    1. Transmisso do dbito do antigo devedor para o novo devedor; 2. Transmisso das obrigaes acessrias do antigo devedor; e 3. A manuteno das garantias do crdito que assistiam ao credor.

    4. Cesso da posio contratual

    Consiste na transmisso a um terceiro de direito e deveres que assistem a uma das partes, emergentes de um contrato. (artigo 424 do CC)

    Exemplo: Antnio celebra um contrato de fornecimento de material de construo com o Bento. Posteriormente Antnio cede a Carlos o conjunto de direito e deveres que tinha em razo daquele contrato. Nestes casos podemos dizer que Antnio cedeu a sua posio contratual.

    Consolida o contedo, fazendo a leitura do

    artigo 595 a 600 CC

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    a) Requisitos:

    Atente ao exemplo supra mencionado, podemos dizer que so requisitos da cesso da posio contratual os seguintes:

    a) A existncia de um contrato; b) A transmisso de uma posio no referido contrato; e c) A fonte de onde emerja a transmisso.

    Estes requisitos so cumulativos assim, pode-se aferir que, a cesso da posio contratual ocorre somente quando exista um contrato e no de forma abstracta. Sendo assim, o contrato a fonte da cesso da posio contratual.

    Leituras Complementares

    VARELA, Joo de Matos Antunes; Das Obrigaes em geral; Vol. I; 7 edico; Livraria Almedina; Coimbra; 1993

    CORDEIRO; Antnio Menezes; Direito das Obrigaes; volume 2; Lisboa 1994

    Cdigo Civil

    Actividades

    1. Classifica as modalidades das obrigaes quanto ao objecto e diferencie as obrigaes divisveis das solidrias, tendo em conta as normas constantes do CC.

    2. Resolva os caos que se seguem com base legal.

    Caso prtico I Por contrato de prestao de servio celebrado com Betuel, para a limpeza dos seus 20 hectares de Terra na zona de Marracuene, Aline ficou obrigada a

    Consolida o contedo, fazendo a leitura do

    artigo 424 a 431 CC

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    pagar a este a quantia de 25 000,00 Mt ou a proceder a entrega de um Lap top HP novinho. Na altura em que celebraram o contrato, Aline j tinha em sua residncia o referido Lap top. Sucede porm que, na noite do dia anterior ao trmino dos trabalhos que Betuel estava a efectuar, Aline foi vtima de assalto na sua residncia, perpetrado pelo grupo G20 que, dentre outros bens daquela, retiraram tambm o Lap top supra mencionado.

    a) Diga que modalidade de obrigao a hiptese nos remete. b) Diga que direito assiste ao Betuel face a situao que ocorreu com

    Aline? c) Caso Aline no tivesse sido assaltada e Betuel tivesse terminado o

    seu trabalho, como iria ser cumprido o contrato?

    Caso prtico II

    Antnia vendeu uma bicicleta de dois lugares a Benta e Carla. Recebeu logo do preo, pago com um cheque de Benta. O resto seria pago da a um ms. Pode Antnia exigi-lo a Carla?

    Caso prtico III

    Antonino vendeu e entregou quatro ovelhas a Benedito, devendo o preo ser pago em 48 suaves prestaes, cada uma at s calendas. Acordou-se que Antonino ficaria proprietrio at ao fim dos pagamentos. Pouco depois, porm, uma alcateia de lobos maus comeu os quatro animais. Deve Benedito pagar o preo restante? Ou pode reaver o j pago?

    Transmisso de crdito e de dvidas

    a) Quais so as formas de transmisso de crdito e dvidas. Fale de duas delas.

    b) Diferencie a sub-rogao da cesso de crditos.

    Caso prtico IV

    Maria vendeu o seu automvel a Nomia, devendo o preo ser pago da a seis meses. Para no esperar tanto tempo, Maria passou o seu crdito a Otlia, por um preo relativamente inferior ao seu valor nominal. Findos os seis meses, Otlia no conseguia que Nomia lhe pagasse e, por isso, pretende resolver o contrato de compra e venda do automvel. Quid juris?

    Caso V

    Alberto vendeu o seu crdito sobre Albertina a Benedito e, depois, a Benedita. Albertina tomou conhecimento da coisa atravs de um empregado de Alberto. Benedita mandou-lhe ento um papelinho a comunicar a venda. No dia seguinte, Benedito fez o mesmo. A quem deve Albertina pagar?

    Luciano.CauianeSticky NoteA hipotese remete-nos Obrigaes alternativas ao abrigo do Artigo no. 543 do CC.

    Luciano.CauianeSticky NoteTendo presente o facto de que no houve determinao de Betuel, nesta hiptese, tido como credor, da forma como a prestao seria saldada, Aline, na sua qualidade de devedora, poder pagar ao Betuel, em numerrio, portanto, os MT25000,00 sendo esta quantia correspondente a outra alternativa, acordada, ao abrigo do Artigo do Artigo 543 do CC.

    Luciano.CauianeSticky NoteCaso no tivesse sido assaltada a devedora Aline e tendo em conta que o Betuel tivesse terminado o seu trabalho, o contrato teria sido cumprido ou com a entrega do laptop ou pagamento dos MT25000,00 escolha da Aline, ao abrigo do no. 2 do Artigo do 543 do CC

    Luciano.CauianeSticky NoteA Maria cessou e transmitiu a sua posiao no contrato de compra e venda do automvel celebrado com a Nomia ao abrigo do nmero do artigo 424 do CC uma terceira pessoa, neste caso a Otlia, porm, e segundo a hiptese, no houve consentimento da outra parte contraente, a Nomia antes nem depois desta transmisso resultando tal facto, pela recusa da Nomia em cumprir perante Otlia a prestao do acordada adviente do referido contrato dentro do prazo acorda. A Otlia, pretendendo resolver este contrato de compra e venda poder faz-lo directamente com a Maria e no com a Nomia e querendo faz-lo com a ltima, dever primeiro ter o consentimento desta (na qualidade outra parte contraente) da transmisso da posio inicial da Maria no negcio seu favor, ao abrigo do nmero 2, do Artigo 424, do CC e aps e se mantendo o incumprimento poder, querendo, resolver o contrato.

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    UNIDADE TEMTICA 2

    GARANTIA DAS OBRIGAES

    Elaborado por: Virginia Joaquim Madeira

    Objectivos

    Iniciamos agora a Unidade II. Depois de termos visto as modalidades das obrigaes bem como os diferentes modos de Transmisso das mesmas, vamos sim estudar as garantias que a lei deixa a disposio do credor de que o seu direito poder ser respeitado e cumprido.

    Nesta unidade importante que o tutorando use como ferramenta de trabalho o CC, pois iremos fazer referncia aos dispositivos legais nele existente, bem como remeter o estudo de algum dos contedos a este Cdigo por se mostrarem claros.

    No fim desta unidade, deve o tutorando ser capaz de:

    Distinguir as garantias gerias e especiais das obrigaes fazendo referencia das figuras que as compe;

    Dominar algumas da figuras que so muito usadas como garantias das obrigaes; e

    Ter domnio tcnico das disposies contidas no CC, mormente ao uso deste cdigo como ferramenta de trabalho.

    GARANTIA DAS OBRIGAES

    Conforme j nos referimos anteriormente, um dos princpios do Direito das obrigaes o da Responsabilidade patrimonial. Segundo o mesmo pela dvida da resultante da relao obrigacional responde ao patrimnio do devedor.

    Assim, o patrimnio do devedor tido como uma das garantias de que a obrigao a que este encontra-se adstrito poder ser cumprida.

    A garantia das obrigaes classificam-se em:

    a) Garantis gerais; e b) Garantis especiais.

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    1. Garantias gerais (artigo 601 do CC)

    As garantias gerais traduzem-se num conjunto de normas jurdicas que tem a finalidade de tutelar os crditos atravs dos esquemas da Responsabilidade patrimonial. Estas podem ser vistas em dois sentidos:

    a) Como um conjunto de bens penhorveis do devedor que possam responder pela dvida;

    b) Como situao jurdica em que o credor e o devedor se vm envolvidos.

    Regra geral: ao abrigo do disposto no artigo 601 do CC, pela dvida que recai na figura do sujeito passivo da relao obrigacional (devedor) responde todo o seu patrimnio. Contudo este regime tem as suas limitaes, quais sejam: por conveno das partes, por determinao de terceiros e pelo concurso de credores (vide os artigo 602 a 604 do CC)

    Quais ento so os meios de conservao das garantias?

    So meios de conservao das garantias constantes do Cdigo Civil os seguintes:

    a) Declarao de nulidade; b) Sub-rogao do credor ao devedor; c) Impugnao Pauliana; e d) Arresto.

    Declarao de nulidade

    Consiste na faculdade que assiste aos credores de arguir a nulidade dos actos praticados pelo devedor, anteriores ou posteriores ao crdito, desde que tenham nisso um interesse, no sendo necessrio que o acto produza ou agrave a insolvncia do devedor. (artigo 605 do CC)

    Sub-rogao do credor ao devedor

    Esta consubstancia uma reaco contra a inaco do devedor; o credor substitui-se ao devedor no exerccio dos direitos deste.

    A subrogao pode manifestar-se de formar indirecta - quando o credor age como representante do devedor.

    Exemplos em que o credor age como representante do devedor:

    1. O artigo 606 do CC dispe que em caso de inao do devedor, o credor pode exercer contra terceiro os direitos de contedo patrimonial do devedor. Esta aco apenas se aplica se:

    Forem essenciais para a satisfao ou garantia do crdito ; e Exceptuam-se os crditos pessoalssimos

    Luciano.CauianeSticky NoteDuvida: O que so crditos pessoalssimos.

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    2. Outro exemplo ocorre no artigo 607 do CC: quando o crdito estiver sujeito a condio suspensiva ou prazo Nestes casos o credor tem o nus de demonstrar interesse na antecipao do cumprimento.

    Estes dois exemplos, tem como efeito: a entrada dos bens no patrimnio do devedor em benefcio de todos os credores (e no apenas daquele que realizou a sub-rogao).

    Impugnao Pauliana

    Este instituto muito antigo e visa reagir contra actos do devedor que impliquem a diminuio do seu patrimnio.

    Exemplo: o devedor comea a dissipar o seu patrimnio mediante doaes e vendas a preos muito inferiores ao preo real.

    Assim so impugnveis, todos os actos que envolvam diminuio da garantia do crdito e no sejam de natureza pessoal

    Exemplos: alienaes, renncias a garantias, assunes de dvidas, etc.

    Importa referir que a nulidade do acto no obsta impugnao; so ainda impugnveis o cumprimento de obrigaes naturais e as ainda no-exigveis.

    a) Requisitos:

    So requisitos da impugnao pauliana os seguintes:

    a) Anterioridade do crdito ou, sendo posterior, ter o acto anterior sido realizado dolosamente com o propsito de frustrao do crdito.

    b) Impossibilidade ou agravamento da impossibilidade de satisfao integral do crdito

    c) A ocorrncia de actos onerosos nestes casos exige-se a m f do devedor e terceiro; tratando-se de actos gratuitos, estes s procedem se ambos estiverem de boa f.

    b) Prazo de caducidade

    O Direito de impugnao caduca passados cinco anos contados a partir da data do acto impugnvel

    Leituras obrigatrias: artigo 610 a 618 do CC.

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    Arresto

    Consiste na apreenso judicial de bens ou direitos para assegurar o cumprimento da obrigao enquanto no se realizar a respectiva penhora.

    Esta figura trata-se simultaneamente de um meio de conservao da garantia e de uma providncia cautelar (406CPC)

    a) Requisitos

    So requisitos do arresto os seguintes:

    a) Probabilidade sria existncia do crdito b) Fundado receio de perda da garantia patrimonial c) Tratando-se de arresto contra terceiro adquirente, impugnao

    judicial da transmisso anterior

    3. Garantias especiais

    Estas podem ser: reais ou pessoais. Estas encontram-se consagrados nos artigo 623 e seguintes do CC.

    So garantias reais do cumprimento das obrigaes aquelas que recaem sobre o patrimnio do devedor tais como:

    a) A consignao de rendimentos; b) o penhor; c) A hipoteca; d) Os privilgios creditrios; e e) Os direitos de reteno.

    Assim, consideram-se garantias pessoais aquelas que recaiam sobre os sujeitos da relao obrigacional, tais como:

    a) A Fiana; b) A subfiana; e c) O mandato de crdito.

    NB:Destas garantias especiais iremos abordar algumas que so as mais usuais, sendo que as restantes remetemos o tutorando o seu estudo em auxlio da CC

    Consolida o contedo, fazendo a leitura do

    artigo 619 a 622 CC

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    2. Da Consignao em rendimentos

    Esta figura consiste em assegurar que o cumprimento da obrigao ocorra mediante o rendimento de certos bens pertencentes ao devedor.

    Estes bens podem ser: bem imveis ou mveis sujeitos a registo bem como ttulos de crditos nominados.

    a) Legitimidade:

    Nos termos do disposto no artigo 657 do CC a legitimidade de efctuar a consignao recai em quem poder dispor dos bens consignados, portanto ao credor de uma relao obrigacional em relao aos bens pertencentes ao seu respectivo devedor.

    A consignao de rendimentos pode se apresentar de duas formas: a) De forma convencional mediante acordo das partes; ou b) De forma judicial por deciso emanada de um Tribunal

    Tratando-se de uma consignao voluntria ou convencional esta encontra-se sujeita a registo, sendo que se os bens forem imveis deve revestir a forma de Escritura pblica ou testamentria e caso seja mveis apenas por um escrito particular.

    b) Prazo

    Relativamente ao prazo a lei dispe que a consignao pode ser efectuada por longos anos ou at que a obrigao se mostre cumprida.

    Contudo, tratando-se de um bem imvel este (prazo) no deve exceder os 15 anos.

    c) Extino

    Atente ao regime do prazo retro mencionado, constitui uma das causas da extino da consignao a Caducidade.

    Importa referir que, a esta figura aplicam-se tambm as causas da extino da hipoteca com excepo do regime da Prescrio constante do artigo 730 alnea b) do CC.

    Consolida o contedo, fazendo a leitura do

    artigo 656 a 665 CC

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    3. Do Penhor

    O penhor consiste num direito real de garantia sobre bens mveis. Deriva de uma expresso latina "pugnus", que significa punho, ou seja, o penhor um direito real de garantia que depende da tradio (transferncia do bem) do devedor para o credor.

    Assim, o credor pignoratcio tem o direito de guardar a coisa, mas ele no pode ficar com a coisa para si, pois deve proceder a devoluo da mesma assim que a obrigao seja cumprida.

    Assim, o penhor surge atravs de um contrato formal e depende da efetiva tradio do bem por parte do devedor e da efetiva entrega da posse ao credor.

    Exemplo: A obriga-se a proceder ao pagamento de uma quantia certa que pedira emprestado a B e como garantia de que vai efectuar tal pagamento, empenha um fio de ouro a este ltimo.

    Deste exemplo ressalta se usa o verbo "penhorar" mas "empenhar", cujo significado dar em penhor.

    a) Modalidades de penhor

    O penhor, tendo em conta a sua natureza pode recair:

    a) Em coisas - penhor de coisas; e b) Em direitos penhor de direitos

    Estas duas figuras encontram-se largamente descritas no Cdigo civil nos artigos 669 e seguintes e 679 e seguintes respectivamente. Recomenda-se ao tutorando a leitura destas disposies legais.

    4. Da Hipoteca

    Consiste num direito real de garantia que recai sobre bens imvel e mveis infungveis.

    uma figura semelhante ao Penhor contudo distingue-se deste pelas razes seguintes:

    a) Recai sobre bens mveis ou havidos como tais; b) O registo obrigatrio; e c) E os bens no tm que sair da posse do dono da garantia.

    Atente a estas caractersticas supra mencionadas podemos dizer que a Hipoteca no impede o real aproveitamento da coisa pelo devedor, pois este

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    continua exercendo todos os seus direitos de proprietrio, retirando todas as utilidades do bem, exercendo todos os poderes da propriedade, todas as vantagens, sejam elas: uso, disposio, fruio etc.

    a) Caractersticas da hipoteca:

    So caractersticas da Hipoteca as seguintes:

    a) A realidade ou existncia da garantia; b) A especialidade da mesma (visto que recai nos bems imveis ou

    equiparados a estes); c) A Publicidade ( esta deve ser sempre registada e dada a conhecer); d) A indivisibilidade; e e) Ser Acessria - ( pois esta garantia no visa, a princpio pagar a

    prestao, mas sim garantir que esta seja cumprida. Contudo na falta de cumprimento esta garantia chamada para suprir tal lacuna)

    b) Extino da Hipoteca:

    A hipoteca extingue-se pelas seguintes razes:

    1. com o pagamento total da dvida, deste modo, a quitao parcial no extingue a dvida.

    2. pelo perecimento da coisa; 3. pela resoluo da propriedade; 4. pela renncia do credor; 5. pela remio; 6. pela arrematao ou pela adjudicao.

    c) Espcies de Hipoteca

    As hipotecas podem classificar-se em:

    Legais tm origem na aplicao da lei independentemente da vontade das partes. Art. 704, CC. aquela onde a prpria lei a constitui a favor de determinados credores. A hipoteca legal tem por fim garantir a reparao de danos.

    Judiciais ( artigo 710 do CC) resultam da sentena condenatria. Exige-se que esta seja registrada em cartrio de imveis, mesmo que seja dada pelo juiz. Pode ser estipulada nos casos de sentenas transitada em julgado de crimes, para efeito de resguardo de futura indenizao.

    Voluntrias ( artigo 712 do CC) - so as mais comuns e surgem naturalmente dos contratos. So chamadas, tambm, de hipotecas convencionais.

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    NB: importa referir que sobre o mesmo bem podem recair mais de uma hipoteca. O que significa que o fato de j estar constituda uma hipoteca no exclui a possibilidade de que se constitua uma nova sobre o mesmo imvel, sem que haja consentimento do primeiro.

    5. Fiana

    uma garanti pessoal das obrigaes onde pelo contrato de finaa, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigao assumida pelo devedor, caso este no a cumpra.

    Esta dar-se- por escrito, e no admite interpretao extensiva, sendo que pode ser estipulada sem consentimento do devedor ou contra a sua vontade.

    NB: importa referir que no sendo limitada, a fiana compreender todos os acessrios da dvida principal, inclusive as despesas judiciais, desde a citao do fiador.

    Esta figura encontra-se plasmada no nosso CC nos artigos 627 e seguinte, onde abordado de forma clara e objectiva os seus requisitos, as relaes que se estabelecem entre o credor e o fiador e entre o devedor e este ltimo, frisando os direito e deveres de cada um deles.

    Deste modo, deve o tutorando, como leitura obrigatria ler os artigos retromencionados.

    Leituras Complementares

    CORDEIRO; Antnio Menezes; Direito das Obrigaes; volume 2; Lisboa 1994

    Cdigo Civil

    Actividades

    a) O que entende por garantia das obrigaes e qual a sua finalidade? b) Como se dividem as garantias das obrigaes? c) Diferencie o Penhor da Hipoteca.

    Luciano.CauianeSticky NoteElas dividem-se em gerais e especiais

    Luciano.CauianeSticky NoteDireitos de garantia de obrigaes reais sendo que penhor, as que recaem sobre bens moveis e hipoteca as que recaem sobre bens imoveis ou nao fungiveis.

    Luciano.CauianeSticky NoteSao normas jurdicas que tem a finalidade de tutelar os crditos atravs dos esquemas da responsabilidade patrimonial

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    Caso prticos

    Caso prtico I

    Joo fiador de Joana. Jos, no conseguindo haver o dinheiro de Joana, props aco executiva contra Joo, que acabou por lhe pagar. Joo tem de intentar nova aco contra Joana para receber o seu dinheiro? Caso prtico II Joana, acossada pelos credores, vendeu um terreno a Lusa, por 90.000,oo Mt situado na Catembe, planeando fazer o dinheiro desaparecer com rapidez. Lusa sabia das grandes dificuldades de Joana, mas entrou no contrato at por ter conseguido um preo favorvel (o terreno valeria 100.000,00 mT, pelo menos), pensando que Joana preferia pagar aos credores a esperar que os seus bens fossem executados e vendidos ao desbarato. O Banco X moveu uma auto-intitulada impugnao pauliana contra Lusa, exigindo-lhe o pagamento do seu crdito de 200.000,00 Mt ou a entrega do terreno, porque no consegue encontrar quaisquer bens de Joana, excepto a propriedade sobre 20 txis em servio na Cidade de Maputo. Quid juris?

    Luciano.CauianeSticky NoteTendo se apercebido da inteno clara da Joana de vender o seu terreno de Catembe por 90 000,00 MT com intuito de impedir a satisfao do direito do credor, neste caso, o Banco X e a intentao duma aco, por parte deste, auto-intitulada "impugnao pauliana", contra Luisa que terceira interessada na relao entre o Banco X e aquela, encontra cobertura legal luz da a) do Artigo 610 do CC, porm, improcedente pelo facto de que a Lusa pode e deve apresentar a prova de que a Joana possui outros bens de natureza no pessoal de igual ou superior valor de 200 000,00 MT devidos ao Banco X, que so nomeadamente a sua propriedade composta pelos 20 txis em servio em Catembe, alis, a hiptese j menciona que o referido banco tem cincia da titularidade de Joana sob estes txis. Concluso que pese embora seja legal, a aco do Banco X contra Lusa, nesta hiptese improcedente, se esta ou a devedora Joana apresentarem provas de que esta ltima possui os 20 txis em servio na Catembe, que so dum valor igual ou superior ao negcio do terreno que envolve 90 000,00 MT.

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    UNIDADE TEMTICA 3

    EXTINO DAS OBRIGAES

    Elaborado por Virginia Joaquim Madeira

    Objectivos

    Depois de estudarmos o nascimento das obrigaes, as suas manifestaes jurdicas e como estas se comportam no mbito das relaes jurdicas, vamos agora estudar o seu meio de extino.

    Assim, tal como as pessoas tambm as obrigaes nascem, desenvolvem e acabam extinguindo-se.

    Ao caro tutorando pretende-se que no final desta unidade seja capaz de:

    Indicar as diferentes formas de extino das obrigaes.

    Diferencia-las uma das outras; e

    Dominar as normas jurdicas que fazem referncia a estas (dai ser de suma importncia o estudo do CC)

    EXTINO DAS OBRIGAES

    Todas as relaes jurdicas de natureza obrigacional, nascem de diversas fontes conforme vimos na Unidade I, desenvolvem-se por meios de diferentes e se extinguem. Neste tema falaremos das diferentes formas de extino das obrigaes. Segundo o Professor Antnio Menezes Cordeiro, a obrigao pode extinguir-se de diversas formas, conforme se encontram de seguida arroladas:

    pela supresso da fonte da obrigao;

    pela impossibilidade superveniente da obrigao;

    pelo cumprimento ou execuo voluntria da obrigao;

    da aco em cumprimento

    pela consignao em depsito

    pela compensao

    pela Novao;

    pela Remisso;

    pela Confuso;

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    Destas formas de extino das obrigaes, o nosso CC somente agrupa: a dao em cumprimento, a consignao em depsito, a compensao, a novao, a remisso e a confuso, no Ttulo I do Livro II do Captulo VII intitulado causas da extino da obrigao alm do cumprimento ( artigo 837 e ss do C.C.) Contudo, abordaremos tambm outras formas de extino de obrigaes para alm destas agrupadas no captulo retro mencionado, pois esto devidamente explanadas no Cdigo Civil mas, em artigos dispersos. Comearemos por falar sobre: A supresso da fonte das obrigaes Conforme vimos na Unidade I, as obrigaes tem como fundamento de sustento a sua fonte. Ora havendo uma supresso desta fonte de origem da mesma, ela ( a obrigao) se extingue pois no ter o seu suporte. Assim, a supresso da fonte das obrigaes pode se efectuar por Revogao, Resoluo a denncia e caducidade. A revogao - surge como a primeira forma de extino dos contratos, caracterizando-se por:

    a) ser livre dependendo para a sua concretizao somente somente da manifestao de vontade para tanto dirigida. Sendo o contrato um acto bilateral, ao abrigo do disposto no artigo 406 n1 do C.C. exige, no entanto o mtuo consentimento da parte contrria.

    b) Ser discriminatria pois para a sua actuao no preciso qualquer fundamento especfico como alegao.

    c) E por ltimo, no ser retroactiva - pois os seus efeito so produzidos para o futuro.

    Importa ressalvar no entanto que a Revogao tambm possvel em determinadas condies, tais como em actos unilaterais, a ttulo de exemplo: na proposta contratual (artigo 230 do C.C.), aceitao e rejeio de propostas contratuais (artigo 235 do C.C.) e a promessa pblica ( artigo 461 do C.C.) A resoluo - tambm conhecida como resciso uma outra forma de extino dos contratos. Esta tem como caractersticas:

    a) Ser condicionada - pois a sua admisso depende da lei ou de conveco entre as partes ( artigo 432 n1 do C.C.)

    b) Ser tendencialmente vinculada - pois para sua concretizao necessrio que se demosntrem os fundamentos da sua alegao; e

    c) Ser retroactiva - pois extingue as obrigaes ab initio (artigo 434 n1 do C.C.)

    A denncia - esta figura especfica dos contratos por tempo indeterminado e caracteriza-se por ser: a) Livre e unilateral - por forma a garantir que cada uma das partes do

    contrato possa por termo a situao contratual, sempre que achar

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    conveniente, sendo que deve o informar com algum tempo de antecedncia;

    b) Discricionria deve se indicar os fundamentos da denncia; e c) No retroactiva pois os seus feeitos so somente para o futuro. Impossibilidade superveniente da prestao Para que a impossibilidade superveniente consubstancie a extino da obrigao necessrio que a mesma seja: efectiva, absoluta e definitiva

    Diz que a impossibilidade efectiva quando a prestao seja totalmente invivel.

    Diz-se que a impossibilidade absoluta quando no seja possvel a sua realizao nem pelo devedor nem por terceiro. ( artigo 791 do CC)

    Diz se definitiva - pois caso no o seja mantn-se a obrigao a ser efectivada quando se tornar possvel. ( artigo 792 n2 do C.C.)

    Cumprimento da obrigao (762 do C.C.) O cumprimento da obrigao a realizao da prestao. Assim, o meio normal de extinguir a obrigao tem sido o pagamento. O pagamento ocorre, por exemplo, quando se entrega a coisa prometida ou quando h o trmino de uma obra, ou ainda, quando h a entrega de uma importncia em dinheiro.

    Conceito de pagamento: o adimplemento da obrigao de qualquer natureza, mediante a entrega ao sujeito activo da prestao de dar, fazer ou no fazer, que lhe devida. O termo pagamento usado como sinnimo de cumprimento, de adimplemento, de execuo ou de soluo da obrigao. Deste modo o pagamento (cumprimento) significa a extino da obrigao e a liberao do devedor. Assim, o pagamento ou cumprimento pode se concretizar: pela entrega ou restituio de certo bem imvel ou mvel; pela realizao de certa tarefa; ou ainda, a absteno de um fato. Assim, a ttulo de exemplo, se um comerciante que, alienando um estabelecimento, se compromete a no abrir outro congnere na mesma cidade, estar cumprindo voluntariamente sua obrigao (pagamento) enquanto no negociar com o ramo de negcios em questo.

    Elementos do cumprimento: O pagamento possui trs elementos, so todos cumulativos. So eles:

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    Accipiens aquele que vai receber o pagamento (que pode no ser o credor)

    Solvens aquele que vai pagar (tambm pode no ser o devedor). Vnculo obrigacional que o que legitima o pagamento, isto , a

    obrigao.

    Importa referir que no momento em que ocorre o pagamento ou cumprimento da obrigao , a relao acipiens / solvens, inverte-se. Posto que, a pessoa que recebe torna-se devedora da quitao. Assim, o devedor o solvens por excelncia. 1.Quem deve ou pode fazer a prestao Nos termos do disposto no artigo 767 do CC, a prestao pode ser cumprida ou paga pelo devedor ou por terceiro interessado no cumprimento da obrigao. Em relao a pessoa do devedor - sendo este o titular passivo da relao obrigatria ou obrigacional dvidas no se levantam que este tem o dever de prestar. O artigo 767 do C.C. vem, no entanto abrir uma excepo ao referir que a obrigao pode tambm ser feita por um terceiro interessado. O terceiro considerado interessado, sempre que o descumprimento da obrigao possa afectar o seu patrimnio, efectiva ou potencialmente, ou seja, aquele que est juridicamente vinculado. A ttulo de exemplo: temos figuras como o fiador, o avalista, o solidariamente obrigado, o herdeiro, etc., que podem ser considerados terceiros interessados. NB: importa ressalvar que o pagamento da dvida compete ao devedor que o maior interessado. Porem, o terceiro interessado equiparado ao devedor, pois tem legtimo interesse na soluo da obrigao. Portanto, o terceiro interessado tem o direito de efetuar o pagamento, independentemente da vontade do devedor ou do credor. Caso o credor no queira receber o pagamento, poder incorrer em mora perante o devedor, conforme o artigo 768 n1 do C.C. refere.

    2. A quem se deve pagar importante saber a quem o solvens (dvedores) deve efetuar o pagamento, pois, quem paga mal, paga duas vezes. O pagamento deve ser feito, por regra, diretamente ao credor ou ao seu representante. ( artigo 769 do C.C.) Entretanto, credor no somente aquele em cujo favor se constitui originariamente o crdito. Credor tambm o herdeiro, na proporo de sua

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    quota hereditria, o legatrio, o cessionrio e o sub-rogado nos direitos creditrios. Assim sendo, esta legitimado a receber o pagamento, no s o credor originrio como tambm aquele que o substituir na titularidade do direito de crdito. O importante que a prestao seja efetuada a quem for credor na data do cumprimento. Sendo a dvida solidria ou indivisvel, qualquer dos co-credores est apto a receb-la. Se a obrigao for ao portador, quem apresentar o ttulo o credor. O pagamento pode ser efetuado ao representante do credor que pode ser de trs espcies: Legal aquele que decorre da lei. So: os pais (representantes legais dos filhos menores), os tutores (representantes dos tutelados) e os curadores (representantes do curatelados). Judicial o representante nomeado pelo juiz. Podem ser: o inventariante, o sndico da falncia, o administrador da empresa penhorada. Convencional aquele que recebe mandato outorgado pelo credor, com poderes especiais para receber e dar quitao. Assim, ao abrigo do disposto no artigo 771 do CC sem que a representao seja legal ou judicial e que esta no tenha sido acordada previamente entre o credor e o devedor, no existe uma obrigao deste ltimo proceder o pagamento ou cumprimento da obrigao ao representante voluntrio daleque. Importante: No caso de representao legal ou judicial, a prestao s pode ser efetuada, em princpio, ao representante. Na representao convencional, a prestao efetuada tanto ao representante quanto ao prprio credor, ser considerada vlida e liberatria.

    4. Lugar de cumprimento da obrigao Princpio geral Nos termos do disposto no artigo 772 do CC, onde se encontra plasmado o princpio geral, depreende-se que o pagamento ou cumprimento da prestao deve ser efectuado no domiclio do devedor caso haja falta de estipulao entre as partes ou a lei no disponha especialmente. Assim, podemos concluir que podem se considerar lugares do cumprimento da obrigao, em princpio geral:

    o que for estipulado pelas partes,

    o que for determinado por disposio legal especfica e,

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    No que tange a estipulao entre as partes do ligar do cumprimento da obrigao importa referir que, esta conveno, no tendo uma exigncia especial de forma, pode advir tanto de uma declarao expressa ou tcita. Dos interessados (artigos 219 e 217 ambos do C.C.) No que se refere as disposies especiais legais em que a lei indica o lugar do cumprimento da obrigao temos a ttulo de exemplo: os artigos 773 (entrega de coisa mvel), 774 (obrigaes pecunirias), 885 (quanto ao apagamento do preo); 1039 (quanto ao pagamento da renda ou aluguer), 1195 (quanto a restituio da coisa depositada, todos do C.C e mais outros. Regime supletivo

    Supletivamente, na falta de disposio legal ou estipulao das partes chamado o domiclio do devedor como sendo o lugar para o pagamento da prestao.

    Caso o devedor mude de domiclio depois de constituda a obrigao a mesma ser efectuada no novo domiclio salvo se acarretar prejuzos ao credor. Neste caso deve ser efectuado no anterior domiclio do devedor. (artigo 772 n2 do CC)

    Caso inverso o do credor mudar de domiclio depois de constituda a obrigao tendo sido anteriormente este lugar estipulado pelas partes ou por disposio legal.

    Nestes casos , dispe o artigo 775 do C.C. que, excecionalmente, a obrigao poder ser cumprida no domiclio do devedor salvo se o credor comprometer-se a indemnizar ao devedor pelos prejuzos acarretados pela mudana.

    5. Prazo de cumprimento

    Em regime regra a obrigao torna-se exigvel desde o a sua constituio. Assim, sendo, a qualquer momento pode o credor exigir o cumprimento da obrigao com o pode o devedor proceder o seu pagamento, isto na falta de disposio legal em contrrio. ( artigo 777 do C.C.)

    Diz se prazo de cumprimento da prestao o momento em que esta esta a ser cumprida.

    Assim, importa referir que o prazo da prestao pode ser determinado, segundo o disposto no artigo 777 n 1 e 2 do CC, conforme referimos anteriormente:

    Consolida o contedo, fazendo a leitura do

    artigo 772 a 776 CC

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    a) Por disposio legal; b) Por estipulao das partes; e c) Pela natureza das coisas. ( artigo 777 n 3 do C.C.)

    Casos h em que o prazo da prestao seja indeterminado, nestes casos, conforme dispe o artigo 777 n3 do C.C., cabe ao Tribunal fix-lo.

    Do mesmo modo, o prazo ainda pode ser estipulado:

    a) Pelo terceiro interessado (artigo 767 n1 do C.C.); b) Pelo credor ou devedor, por conveno ou disposio legal; c) Pelo credor, nestes casos, quando o momento de determinao do

    prazo recai na pessoa do credor declarao judicial ou extra-judicial , feita ao devedor de que este deve cumprir.

    d) Pelo devedor, nestes casos este tem a faculdade de cumprir ou demonstrar que est disposto a cumprir em determinada altura.

    PARA ALM DO CUMPRIMENTO, VAMOS AGORA ANALISAR OUTRAS FIGURAS QUE EXTINGUEM A OBRIGAO:

    Da ao em cumprimento (artigo 837 do CC)

    Entende-se por Dao em cumprimento a realizao da prestao diversa da devida.

    Exemplo: se algum estava adstrito ao cumprimento de uma obrigao por prestao de uma quantia certa pode a exercer por uma actividade.

    Para que a aco em cumprimento ocorra necessrio que exista o consentimento do credor que deve se manifestar em dois planos:

    a) Aceitao da prestao diversa da devida; e b) Imediata extino da dvida.

    Assim, a dao em cumprimento tem os mesmos efeitos do cumprimento, por isso chamada tambm por Dao in soluton

    Depois de termos estudado o cumprimento da obrigao importa referir quais so os seus seis

    efeitos. Segundo o Professor Antnio Menezes Cordeiro, os efeitos d cumprimento da obrigao

    so:

    a) Extino do direito do credor; e

    b) Liberao do devedor.

    NB: LEITURAS OBRIGATRIAS: artigo 779 a 782 do CC e paginas 204 a 208 do manual de Direito das Obrigaes do Professor Antnio Menezes Cordeiro.

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    a) Dao pro solvendo

    Diferente figura a que encontramos no artigo 840 do CC cuja epgrafe Dao pro solvendo.

    Esta figura consiste tambm na realizao da prestao devida por outra diversa, contudo, a diferena com a figura de Dao em cumprimento reside no facto de em vez de extinguir a obrigao esta se mantm at a altura em que o credor atravs da realizao da coisa recebida perfaa o valor da dvida.

    Exemplo : Antnio deve 1 000,00 Mt a Bernardo. No momento do cumprimento entrega-lhe um par de sapatos. Assim, Bernardo vendendo os sapatos poder ter o valor como pagamento da dvida. Importa referir que a dvida s ser saldada quando o credor tiver o valor da venda de sapatos igual ao daquela.

    NB: Leitura obrigatria artigos 837 a 840 do C.C.

    Consignao em depsito (artigo 841 do C.C.)

    Esta consiste no depsito efectuado da coisa objecto da prestao devida ordem do credor, pelo devedor, em determinadas circunstncias. Estas circunstncias podem ser, a ttulo de exemplo: a impossibilidade de o credor poder aparecer no local do cumprimento ou recusar o recebimento da prestao.

    Requisitos:

    So requisitos da consignao em depsito os seguintes:

    a) Estar em causa a entrega de quantia ou coisa certa; b) No poder o devedor efectuar a prestao por causa relacionada ao

    credor. c) A prestao no tenha tido lugar quando a obrigao tenha vencido

    NB: importa referir que atente aos requisitos retro mencionado, a consignao em depsito s possvel mediante aceitao do credor ou quando declarada vlida por deciso judicial. (artigo 846 do C.C.)

    Atente ao processo da validao da consignao por deciso judicial vide os artigo 1024 do Cdigo de Processo Civil ( C.P.C.) onde se encontra regulamentada.

    Efeitos

    O principal efeito da consignao quando aceite pelo credor ou declarada vlida pelo Tribunal , logicamente, a extino da obrigao.

    Contudo, para alm da extino da obrigao entre o credor e o devedor, a consignao em depsito faz nascer uma outra obrigao entre o credor e o depositrio. ( artigo 844 do C.C.)

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    por este motivo que a doutrina se refere que a consignao em depsito tem uma eficcia dupla.

    Compensao ( artigo 847 do CC)

    A compensao ocorre nos casos em que um devedor seja credor do seu prprio credor. Nestes casos libera-se da dvida as custas do seu crdito.

    Exemplo: Amrico deve 1000,00 Mt a Bento e este deve tambm 1000,00 Mt a aquele (Amrico).

    Nestes casos Amrico se libera da dvida sem efectuar a prestao devida atravs do sacrifcio do seu crdito.

    Tipos de compensao

    Tradicionalmente distingue-se trs tipos de compensao, so elas:

    a) A compensao legal aquela cujos requisitos se encontram na lei; b) A compensao convencional resultante do acordo das partes; e c) A compensao judicial resultante de uma deciso judicial.

    Contudo, ao longo do estudo desta figura iremo-nos cingir a compnesa legal plasmada no nosso C.C.

    Requisitos:

    So requisitos da compensao os seguintes:

    a) A existncia de dois crditos recprocos; b) Exigibilidade do credito do autor da compensao; c) Fungibilidade e homogeneidade das prestaes; d) No excluso da compensao por fora da lei; e e) A declarao de vontade de compensar

    Estes requisitos encontram-se plasmados no artigo 847 do C.C.

    NB: importa referir que encontram-se excludos da compensao isto ao abrigo do disposto no artigo 853 do C.C. crditos provenientes de actos ilcitos, impenhorveis e do Estado.

    Consolida o contedo, fazendo a leitura do artigo 841 a 846 CC

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    Regime aplicvel

    Este encontra-se consagrado no artigo 848 do C.C. ao referir que a compensao ocorre mediante uma simples declarao de uma das partes a outra.

    Esta declarao no pode ser efectivada sob condio ou tremo, sendo assim considerada um acto unilateral stricto senso. Assim, implica somente uma manifestao de vontade e no revestida da liberdade contratual.

    Importa ressalvar que, operada a compensao os crditos consideram-se extintos, tendo assim efeitos retro activos. ( artigo 854 do C.C.)

    Novao ( artigo 857 do C.C.)

    Esta consiste na extino de uma obrigao mediante a a constituio de outra.

    Estas podem ser: objectivas ou subjectivas.

    a)A novao objectiva importa a extino de uma obrigao pela constituio de um outro vnculo obrigacional entre os mesmos sujeitos.

    b) Por outro lado, a novao subjectiva implica a constituio ou substituio de uma obrigao por uma outra entre um devedor e credor diferente ou por um credor e devedor diferente.

    Exemplo: Antnio deve 100,0 Mt a Belarmino. Estes extinguem esta obrigao e fica Antnio a dever a Belarmina um Livro de Mia couto. Neste exemplo estamos perante uma novao objectiva.

    Outra situao seria a que: Antnio deve-se 100,00 Mt a Bento. Estes extinguem esta dvida e fica Antnio a dever 100,00 Mt a Ernesto. Estaremos assim perante uma novao subjectiva.

    Requisitos e efeitos.

    So requisitos da Novao, quer seja ela objectiva ou subjectiva os seguintes:

    a) A existncia de uma obrigao prvia vlida ( artigo 860 n1 do C.C.);e b) O animus novandi exteriorizado pela declarao das partes. (artigo 859

    do CC)

    Consolida o contedo, fazendo a leitura do artigo 847 a 856CC

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    Uma vez a novao consistir na substituio de uma obrigao por outra recente. Os seus efeitos so logicamente: a extino de uma obrigao e a constituio de uma nova obrigao. ( artigo 861 do C.C.)

    NB: Leituras obrigatrias os artigos 857 a 862 do C.C.

    Remisso (artigo 863 do C.C.)

    Esta surge como um contrato celebra entre o credor e o devedor com o fim de extinguir determinada relao obrigacional entre eles existente.

    Regime e efeitos

    A remisso deve resultar de um contra celebrado entre o credor e o devedor coma finalidade de extinguir determinada relao obrigacional entre eles existente.

    Assim, a remisso deve resultar de uma manifesta declarao de vontade das partes.

    Importa referir que estando perante uma obrigao solidria , quer passiva ou activa, a remisso emitida a favor de um dos devedores de modo algum exonera o esforo que aos outros caber no fina

    Do mesmo modo que, tratando-se de uma obrigao solidria activa a remisso s exonera o devedor na parte que caberia a este credor e no em relao aos outros.

    Confuso: ( artigo 868 do CC)

    Esta figura de extino das obrigaes ocorre quando na pessoa do credor se rena a qualidade de devedor.

    Requisitos:

    So requisitos da confuso:

    a) A reunio de crditos e dbitos da mesma obrigao na mesma pessoa; b) Estes crditos e dbitos devem estra inseridos no mesmo patrimnio e

    no em separados.

    Consolida o contedo, fazendo a leitura do artigo 863 a 867 CC

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    Leituras Complementares

    CORDEIRO; Antnio Menezes; Direito das Obrigaes; volume 2; Lisboa 1994

    Cdigo Civil

    Actividades

    a) Quando e onde se d o cumprimento da obrigao? b) A quem recai a legitimidade de efectuar o cumprimento da obrigao?.~ c) Quais os efeitos da falta de cumprimento das obrigaes nos termos

    legais? d) Quando se verifica a Compensao e a Novao?

    Caso prtico I

    Aurora vendeu a Berta um quadro pelo preo de 4 000,00 Mt. Na data da

    celebrao do contrato ficou acordado que o quadro seria entregue e o preo

    pago no dia 20 Novembro do presente ano pelas 15 horas.

    a) Que tipo de extino das obrigaes a hiptese faz referncia?

    b) Qual o local da entrega do quadro e do pagamento do preo?

    Caso prtico II

    Por contrato de mtuo, Joo ficou devedor de 800 USD a Lus. Chegada a altura de pagar, Joo estava com pouca liquidez. Felizmente, Lus concordou em, em vez do dinheiro, receber os 100 sacos de cimento que Joo tinha a haver de Manuel. Joo tinha-os encomendado por 810 USD. Informou-se Manuel de que o cimento passou a ser para Lus, devendo ser entregue na obra deste, e no na de Joo. Manuel, de facto, entregou o cimento a Lus, preparando-se ainda para lhe entregar a factura (de pagamento a 40 dias). Lus explicou-lhe, porm, que a factura devia ser entregue a Joo.Vrios dos sacos de cimento entregues estavam molhados, e o cimento, portanto, parcialmente estragado. Lus tratou de pedir explicaes a Joo.

    Consolida o contedo, fazendo a leitura do artigo 868 a 873 CC

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    a) Que tipo de extino das obrigaes ocorreu?

    b) Quid juris?

    Caso pratico III

    Fabrcio pediu a Cllia que lhe emprestasse EUR 10.000, ficando combinado que essa quantia seria restituda 6 meses depois. Decorridos 3 meses, Cllia, arrependida do desprezo que lhe tinha votado, perdoou-lhe EUR 4.000. Um ms depois, a propsito de certos servios que Cllia prestou a Fabrcio, combinaram que, por conta de todas as obrigaes de Fabrcio para com Cllia, este pagaria a Cllia, dois meses mais tarde, a quantia de 9.000 EUR. Cllia cedeu metade desse crdito a Mosca, informando Fabrcio dessa cesso. Pouco depois, Mosca morreu, deixando a Fabrcio, em legado, esse mesmo crdito. Vencida a obrigao, Fabrcio pretende pagar a Cllia, mas esta, entretanto, mudou de humor e recusa-se a receber. Fabrcio pretende ver-se livre das suas obrigaes.

    a) Como pode agir?

    Luciano.CauianeSticky NoteResposta: Nesta hiptese, ocorreu a extino da obrigao de Joo por dao em cumprimento, ao abrigo do Artigo 837 do CC.

    Luciano.CauianeSticky NoteResposta: Ao abrigo do Artigo 838 do CC, o Lus, na sua qualidade de credor, goza de garantia pelos vcios observados nalguns sacos de cimento fornecidos por Manuel, ento, tanto pode solicitar a reposio dos sacos de cimento viciados como pode optar em exigir ao devedor Joo o cumprimento do pagamento da prestao primitiva e reparao dos possveis danos que tiver sofrido.

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    UNIDADE TEMTICA 4

    CONTRATOS TIPIFICADOS

    Elaborado por Virginia Joaquim Madeira

    Objectivos

    Ao falarmos das fontes das obrigaes no Direito das Obrigaes I referimos que os contratos eram tidos como as principais fontes de constituio de obrigaes. Assim, neste captulo, de forma resumida iremos estudar os contratos tipificados no CC, portanto, aqueles que se encontram regulamentados no CC.

    Importa referir que para alm deste existem outros contratos tipificados contudo em legislao diferente neste termos estes no sero aqui abordados. Do mesmo modo, no faremos referncia do contrato no tipificados.

    Constitui ferramenta fundamental para o estudo desta unidade o CC. Recomenda-se, assim, ao tutorando que visite as disposies legais contidas naquele cdigo para cada um dos contratos.

    Constitui objectivo deste Unidade, que no final da mesma o tutorando possa:

    Conhecer os contratos tipificados no CC;

    Conhecer as suas especificidades e diferenas;

    Compreender os direitos e deveres a cada um inerente; e

    Entender o regime que a cada um aplicvel.

    CONTRATOS TIPIFICADOS

    64. Compra e venda (art. 874 e segs. CC)

    Do art. 874 CC, resulta claramente a atribuio de natureza real, e no apenas obrigacional, ao contrato de compra e venda o que resulta tambm do art. 879-a CC.

    Dos prprios termos da definio que alude transmisso de propriedade ao outro direito se depreende, porm, que a compra e venda continua a ser o instrumento jurdico da troca de bens e no da troca da prestao de servios.

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    Tem por objecto essencial a transmisso de um direito, que, para ser transmitido, necessita de existir previamente como tal, na titularidade do vendedor, a compra e venda no se confunde com o contrato de empreitada (art. 1207 CC).

    65. Doao (art. 940 e segs. CC)

    So trs os requisitos exigidos no art. 940 CC, para que exista uma doao:

    a) Disposio gratuita de certos bens, ou assuno de uma dvida, em benefcio do donatrio, a atribuio patrimonial sem correspectivo;

    b) Diminuio do patrimnio do doador;

    c) Esprito de liberdade.

    Foroso , para haver doao, que a atribuio patrimonial seja gratuita, e que no exista, portanto um correspectivo de natureza patrimonial. Pode existir, entretanto, um correspectivo de natureza moral, sem que o acto para a sua gratuitidade, assim como podem existir encargos impostos ao donatrio (clusulas modais), que limitem o valor da liberalidade (art. 963 CC).

    66. Sociedade (arts. 980 e segs. CC)i[17]

    O art. 980, no d uma definio de sociedade, mais do contrato de sociedade. A origem necessariamente contratual da sociedade reflecte-se no regime do acto jurdico que d lugar sua constituio, so trs os requisitos essenciais do contrato de sociedade:

    A contribuio dos scios;

    O exerccio em comum de certa actividade econmica que no seja de mera fruio;

    E a repartio dos lucros.

    A sociedade tem sempre por objecto a repartio dos lucros, no bastando que os scios lucrem directamente atravs da actividade em comum.

    s sociedades so aplicveis subsidiariamente, as disposies que regulam as pessoas colectivas, quando a analogia das situaes o justifique (art. 157 CC).

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    67. Locao (art. 1022 segs. CC)ii[18]

    O contrato de locao puramente consensual, no tendo, por conseguinte, carcter real quod constitutionem.

    oneroso e tem efeitos duradouros (porquanto dele nasce uma relao a relao locativa que tem, de um lado, uma prestao continuada a do locador e, do outro, uma prestao peridica ou reiterada a do locatrio).

    68. Parceria pecuria (art. 1121 segs. CC)iii[19]

    Os sujeitos deste contrato tm as designaes de parceiro proprietrio e parceiro pensador (art. 1123 e 1127 CC). A lei no impede que as posies atribudas neste artigo, quer ao parceiro proprietrio quer ao parceiro pensador, sejam exercidas, em parte, pelo outro contraente.

    69. Comodato (arts 1129 e segs. CC)iv[20]

    por sua natureza real quod constitutionem no sentido de que s se completa pela entrega da coisa. A lei diz intencionalmente que o comodato o contrato pelo qual uma das partes entregacerta coisa, e no pelo qual se obriga a entregar.

    O comodato um contrato gratuito, onde no h por conseguinte, a cargo do comodatrio, prestaes que constituam o equivalente ou o correspectivo da atribuio efectuada pelo comodante. Nenhuma das obrigaes discriminadas no art. 1135 CC, est realmente ligada a esta atribuio pelo nexo prprio do sinalagma ou mesmo dos contratos onerosos.

    O objecto do comodato h-de ser certa coisa, mvel ou imvel, e portanto, uma coisa no fungvel, dada a obrigao imposta ao comodatrio de restituir.

    70. Mtuo (arts. 1142 segs. CC)v[21]

    O mtuo implica a transferncia da propriedade, no porque a funo do contrato se dirija a esse fim, mas porque a traslatio dominii indispensvel como meio ou instrumento jurdico de obteno do gozo da coisa que se visa proporcionar ao muturio, dada a natureza fungvel dela. Implicando o contrato de mtuo a transferncia da propriedade da coisa.

    O contrato de mtuo (gratuito) tal, como o comodato, um contrato unilateral sobre a obrigao de restituir imposta ao muturio.

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    O mtuo tem naturalmente por objecto o dinheiro, mas pode recair sobre outras coisas, desde que sejam fungveis.

    71. Contrato de trabalho (art. 1152 CC)

    Contrato de trabalho aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuio, a prestar a sua actividade intelectual ou manual a outra pessoa, sob a autoridade e direco desta.

    72. Prestao de servios (art. 1154 CC)

    Contrato de prestao de servio aquele em que uma das partes se obriga a proporcionar outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual, com ou sem retribuio.

    O mandato, o depsito e a empreitada, regulados nos captulos subsequentes, so modalidades do contrato de prestao de servio.

    73. Mandato (art. 1157 segs. CC)

    Mandato o contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar um ou mais actos jurdicos por conta da outra.

    O mandato presume-se gratuito, excepto se tiver por objecto actos que o mandatrio pratique por profisso; neste caso, presume-se oneroso.

    Se o mandato for oneroso, a medida da retribuio, no havendo ajuste entre as partes, determinada pelas tarifas profissionais; na falta destas, pelos usos; e, na falta de umas e outros, por juzos de equidade.

    O mandatrio obrigado:

    a) A praticar os actos compreendidos no mandato, segundo as instrues do mandante;

    b) A prestar as informaes que este lhe pea, relativas ao estado da gesto;

    c) A comunicar ao mandante, com prontido, a execuo do mandato ou, se o no tiver executado, a razo por que assim procedeu;

    d) A prestar contas, findo o mandato ou quando o mandante as exigir;

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    e) A entregar ao mandante o que recebeu em execuo do mandato ou no exerccio deste, se o no despendeu normalmente no cumprimento do contrato.

    O mandato livremente revogvel por qualquer das partes, no obstante conveno em contrrio ou renncia ao direito de revogao.

    Se, porm, o mandato tiver sido conferido tambm no interesse do mandatrio ou de terceiro, no pode ser revogado pelo mandante sem acordo do interessado, salvo ocorrendo justa causa.

    O mandato caduca:

    a) Por morte ou interdio do mandante ou do mandatrio;

    b) Por inabilitao do mandante, se o mandato tiver por objecto actos que no possam ser praticados sem interveno do curador.

    Salvo estipulao em contrrio, o mandatrio no responsvel pela falta de cumprimento das obrigaes assumidas pelas pessoas com quem haja contratado, a no ser que no momento da celebrao do contrato conhecesse ou devesse conhecer a insolvncia delas.

    74. Depsito (art. 1185 segs. CC)

    Depsito o contrato pelo qual uma das partes entrega outra uma coisa, mvel ou imvel, para que a guarde, e a restitua quando for exigida.

    aplicvel ao depsito o disposto no artigo 1158.vi[22]

    O depositrio obrigado:

    a) A guardar a coisa depositada;

    b) A avisar imediatamente o depositante, quando saiba que algum perigo ameaa a coisa ou que terceiro se arroga direitos em relao a ela, desde que o facto seja desconhecido do depositante;

    c) A restituir a coisa com os seus frutos.

    O depositrio pode guardar a coisa de modo diverso do convencionado, quando haja razes para supor que o depositante aprovaria a alterao, se conhecesse as circunstncias que a fundamentam; mas deve participar-lhe a mudana logo que a comunicao seja possvel.

    O depositrio no pode recusar a restituio ao depositante com o fundamento de que este no proprietrio da coisa nem tem sobre ela outro direito.

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    Se, porm, for proposta por terceiro aco de reivindicao contra o depositrio, este, enquanto no for julgada definitivamente a aco, s pode liberar-se da obrigao de restituir consignando em depsito a coisa.

    Se chegar ao conhecimento do depositrio que a coisa provm de crime, deve participar imediatamente o depsito pessoa a quem foi subtrada ou, no sabendo quem , ao Ministrio Pblico; e s poder restituir a coisa ao depositante se dentro de quinze dias, contados da participao, ela no lhe for reclamada por quem de direito.

    75. Empreitada (art. 1207 segs. CC)

    Empreitada o contrato pelo qual uma das partes se obriga em relao outra a realizar certa obra, mediante um preo.

    Essencial para que haja empreitada que o contrato tenha por objecto a realizao de uma obra e no um servio pessoal.

    Os sujeitos do contrato de empreitada tm as designaes legais de empreiteiro e de dono da obra.

    76. Renda perptua (art. 1231 segs. CC)

    Contrato de renda perptua aquele em que uma pessoa aliena em favor de outra certa soma de dinheiro, ou qualquer outra coisa mvel ou imvel, ou um direito, e a segunda se obriga, sem limite de tempo, a pagar, como renda, determinada quantia em dinheiro ou outra coisa fungvel.

    Como elementos do contrato, exige o art. 1231 CC, que haja, por parte de um dos contraentes, a transferncia de certa soma de dinheiro ou qualquer outra coisa mvel ou imvel, ou um direito, e que o adquirente se obrigue a pagar, como renda, determinada quantia em dinheiro ou outra coisa fungvel.

    A renda perptua s vlida se for constituda por escritura pblica. O devedor da renda obrigado a caucionar o cumprimento da obrigao.

    Ao beneficirio da renda permitido resolver o contrato, quando o devedor se constitua em mo