resenha novas faces da educação superior no brasil

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EccoS Revista Científica ISSN: 1517-1949 [email protected] Universidade Nove de Julho Brasil Jardilino L., José Rubens Reseña de"Novas faces da educação superior no Brasil: reforma do Estado e mudança na produção"de Silva JR João dos Reis & Sgissardi Waldemar EccoS Revista Científica, vol. 2, núm. 1, junio, 2000, pp. 124-127 Universidade Nove de Julho São Paulo, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=71520117 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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  • EccoS Revista CientficaISSN: [email protected] Nove de JulhoBrasil

    Jardilino L., Jos RubensResea de"Novas faces da educao superior no Brasil: reforma do Estado e mudana na

    produo"de Silva JR Joo dos Reis & Sgissardi WaldemarEccoS Revista Cientfica, vol. 2, nm. 1, junio, 2000, pp. 124-127

    Universidade Nove de JulhoSo Paulo, Brasil

    Disponvel em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=71520117

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    O debate em torno da universi-dade tem sido uma constante nesta era fernandoenriquiana. Muitos se propem a fazer um diagnstico da Universidade Brasileira. A discusso se amplia. Vai desde a publicao de estudos e pes-quisas aos ensaios breves, veiculados nos cadernos especiais da imprensa brasileira. Alguns desses textos, apesar de comerem o tema pelas bordas, tm suscitado relevantes pontos para o de-bate. Brevemente, rero-me coletnia de artigos publicados no caderno Mais da Folha de S.Paulo (junho/2000), e a outros que da derivaram, efervescendo a discusso.

    O tema tem, maniqueistamente, cado na dicotomia privado versus p-blico. O recente livro organizado por Hlgio Trindade1, resenhado por Irene Cardoso no referido caderno, mostra a perspectiva acadmico-poltica do debate pblico sobre os temas-problema da Universidade nacional, ainda no seu primeiro sculo de existncia, ou seja, na sua plena adolescncia. Discutem-se ali os temas contnuos, como autono-mia e nanciamento, mas sobretudo as

    relaes entre Estado e Universidade no que diz respeito ao pblico e ao privado. Para usar uma expresso freireana, este parece ser o tema-dobradia da discus-so. Jorge Barcellos2 o percebeu como ato falho da intelligentsia brasileira, pois a discusso, em geral, tem dado a impresso de que a Universidade P-blica a nica universidade e fora dela no h possibilidade de pensamento crtico. Conforme o autor, a forma absoluta quando se fala de universidade que incomoda, como se a universidade particular, seja ela privada ou semipri-vada no existisse.

    O livro de Silva Jr. e Sguissardi, fruto de ampla pesquisa, insere-se nessa discusso, buscando identicar as novas faces do ensino superior no Brasil nas suas relaes com a atual conjuntura de desenvolvimento das foras produtivas, das relaes de trabalho e da reforma do Estado. Ao fazerem esse percurso, os autores propem elementos para entendermos a presente crise do en-sino superior, expressa nas estratgias ociais da Reforma na poltica educa-cional do Brasil e as reconguraes

    *Doutor em Cincias Sociais (PUC-SP). Diretor do Depto. de Educao e professor do Pro-grama de Mestrado em Educao da UNINOVE. Pesquisador do Ncleo de Pesquisas Religio e Sociedade (PUC-SP/CNPq.)

    SILVA JR., Joo dos Reis & SGUISSARDI, Waldemar. Novas faces da edu-cao superior no Brasil: reforma do Estado e mudana na produo. So Paulo, EDUSF, 1999 (Coleo Estudos CDAPH).

    Jos Rubens L. Jardilino*

    1TRINDADE, Hlgio (org.). Universidade em Runa na Repblica dos Professores. Pe-trpolis, Vozes, 2000.

    2BARCELLOS, Jorge. Qual uni-versidade, cara plida? Folha de S.Paulo, 11 jun. 2000, p A/3. (Seo Tendncias e Debates.)

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    que vm assumindo, sustentadas pela ideologia neoliberal.

    A pesquisa que originou essa publicao est pautada por uma srie de fatos que balizam os problemas e a hiptese do trabalho. Dentre elas, os autores destacam: a) o conhecido processo de liberalizao econmica proposto a pases como o Brasil por organismos multilaterais (FMI, BIRD/Banco Mundial e outros), que signica a busca de equilbrio; b) as principais aes governamentais recentes, seguin-do risca as diretrizes impostas por esses organismos internacionais; c) as propostas de reforma do aparelho de Estado, originrias do Ministrio da Administrao Federal e da Reforma do Estado (MARE) que, ao inclurem a adoo de conceitos como atividades no exclusivas do Estado e competitivas [entre elas a educao], propriedade pblica no-estatal e organizao social, prevem a transformao das atuais Instituies Federais de Ensino Superior IFES, em fundaes pblicas de direito privado, mediante contratos de gesto; d) o combate cerrado ao atual modelo universitrio brasileiro, que cria uma distino entre universidade de pesquisa e universidade de ensino; e) a aprovao de legislao e outras nor-mas legais complementares e emendas constitucionais que apontam na direo de uma liberalizao e exibilizao das

    Instituies de Ensino Superior estatais e no-estatais; f ) as persistentes campa-nhas de desqualicao, em geral, dos servios pblicos e, em particular, da educao superior pblica, e de valori-zao dos servios privados, ressaltando as potencialidades da educao superior privada.

    Seguimos, para apresentar a obra ao leitor, a estrutura proposta pelos au-tores, que dividiram o texto em quatro captulos obedecendo a uma reexo cronolgica na anlise dos documentos, da legislao da poltica educacional e, conseqentemente, do debate sobre o ensino superior no Brasil.

    Estratgia e aes governamentais para a recongurao do Estado e da educao superior o ttulo do primeiro captulo. Nele, os autores apresentam a Reforma do Aparelho do Estado e da Educao Superior, no mbito do MARE, e a Reforma da Educao Su-perior, no mbito do MEC, destacando alguns aspectos marcantes dessas aes ociais de reforma para melhor anlise e demonstrao das reaes da sociedade civil.

    No segundo captulo, os autores fazem uma reexo sobre O pblico e o privado em face da tendncia de mercantilizao da educao superior, procurando entender as relaes das reformas em curso, as quais incluem

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    uma redefinio de conceitos, tais como propriedade pblica no-estatal, semipblico, semiprivado, funda-mentando-se nas perspectivas histri-co-losca, econmica e social dos conceitos de estatal, pblico e privado no capitalismo, desde Locke, Jefferson, Diderot e Marx at as correntes que se seguiram. Nesse sentido, realiza-se uma anlise do movimento de expanso do capital e sua intrnseca racionalidade que, historicamente, submeteu o conheci-mento, o saber e a cincia ao status de mercadoria. Atualmente, na sua verso neoliberal, inclui o campo educacional em geral. Essa discusso se faz tendo como referncia a ampliao do espao privado e, conseqentemente, a restri-o do espao pblico no mbito da passagem de um Estado de Bem-Estar Social ao Estado Gestor.

    O setor universitrio pblico e as aes de reforma da educao superior compreendem a temtica central do terceiro captulo, no qual os pesquisado-res apresentam o debate entre os vrios atores e interlocutores desse drama brasileiro a Educao. Destacam-se a o projeto de Lei Orgnica das Universi-dades da ANDIFES e a Proposta para a Universidade Brasileira apresentada pela ANDES-SN3, como reaes iniciativa da Reforma proposta pelo Estado. Este captulo encerra-se com um levanta-

    mento de temas ou questes das diver-gncias historicamente acentuadas entre esses dois atores sociais, especialmente no que se refere responsabilidade do Estado com a Educao, ao modelo de Universidade e sua gesto no campo do ensino e da pesquisa.

    O quarto captulo aborda a pro-blemtica do setor privado. Sob o ttulo de O setor privado e as aes de reforma da educao superior, procura mostrar a investida do Estado brasileiro na corrida para a privatizao desse nvel de ensino. Essa Histria remonta s trs ltimas dcadas deste sculo, culminando com as condicionantes poltico-ideolgicos que se colocam como condio sine qua non para a resoluo do problema da educao superior no Brasil. Nesse ponto decisivo do livro, os autores analisam as aes dos representantes dos setores estritamente privados e comunitrios, ante as aes do Estado brasileiro, visando recongurao da educao superior no Brasil neste m de sculo e de milnio.

    Apontamos aqui a importncia dessa obra para a discusso sobre polti-ca educacional no Brasil, especialmente no que se refere ao ensino superior. Embora no tenham escapado da dico-tomia pblico versus privado, que vem acompanhando a temtica, os autores o fazem num esforo de aprofundar te-

    3ANDIFES Associao Nacio-nal dos Dirigentes de Instituies Federais de Ensino Superior; AN-DES Associao Nacional dos Docentes do Ensino Superior.

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    oricamente esses dois plos, destacando sua uidez, ambivalncia e ambigidade, recolocando, assim, a questo em outros patamares. Buscam compreender a di-nmica dessas categorias nas reformas do ensino superior sob a perspectiva imposta pelo capitalismo, armando que o entendimento do pblico e do pri-vado no capitalismo e de seu movimento somente se pode dar com a compreenso do movimento do capital e das crises do capitalismo, que instalam novos modos de conformao do pblico e do privado, que redesenham entre Estado e sociedade e reconguram as instituies da sociedade civil e do Estado. Portanto, a compreenso da recongurao da educao superior,

    no Brasil, hoje, somente pode ser feita no contexto de redenio da esfera pblica e privada, em um momento de crise e mudana do capitalismo mundial e de sua expresso neste pas [p.101].

    Para ns, a busca constante dos pesquisadores no se restringiu demo-nizao ou deicao in totum de um setor ou de outro, mas ampliou-se numa tentativa de compreender a dinmica das crises constantes do capitalismo no processo de continuidade/ruptura do movimento de reestruturao do capi-tal, que vai do fordismo acumulao exvel e suas implicaes no campo educacional brasileiro.