resenha crítica - sociologia2

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3 RESENHA CRÍTICA LARAIA, Roque de Barros. Como Opera a Cultura. In: Cultura – Um conceito Antropológico. 16 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda., 2003. p. 65-101 Este é um texto que aborda um tema existente na vida humana: a cultura. Laraia expõe o funcionamento da cultura dividindo seu texto em 5 partes; a primeira sendo “A cultura condiciona a visão de mundo do homem”, a segunda como “A cultura interfere no plano biológico”, a terceira sendo “Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura”, a quarta como “A cultura tem uma lógica própria” e a quinta parte é “A cultura é dinâmica”. O autor explana esse assunto com uma linguagem bastante acessível, algo difícil de se encontrar em textos acadêmicos, inclusive a maneira com que ele exemplifica os assuntos por ele abordados aproxima a teoria ao cotidiano do leitor facilitando ainda mais o entendimento. Uma característica marcante é a utilização de exemplos encontrados no próprio Brasil, levando o leitor a refletir sobre a sua cultura, sobre os atos de etnocentrismo praticado até mesmo por ele, o conduzindo a análise da sua sociedade e do dinamismo de sua cultura. Destrinchando a obra no seu primeiro tópico, o autor faz uma citação marcante que resume praticamente tudo por ele abordado, ele diz que “...a cultura é como uma lente através

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Page 1: Resenha crítica - Sociologia2

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RESENHA CRÍTICA

LARAIA, Roque de Barros. Como Opera a Cultura. In: Cultura – Um conceito

Antropológico. 16 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda., 2003. p. 65-101

Este é um texto que aborda um tema existente na vida humana: a cultura. Laraia expõe

o funcionamento da cultura dividindo seu texto em 5 partes; a primeira sendo “A cultura

condiciona a visão de mundo do homem”, a segunda como “A cultura interfere no plano

biológico”, a terceira sendo “Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura”, a

quarta como “A cultura tem uma lógica própria” e a quinta parte é “A cultura é dinâmica”.

O autor explana esse assunto com uma linguagem bastante acessível, algo difícil de se

encontrar em textos acadêmicos, inclusive a maneira com que ele exemplifica os assuntos por

ele abordados aproxima a teoria ao cotidiano do leitor facilitando ainda mais o entendimento.

Uma característica marcante é a utilização de exemplos encontrados no próprio Brasil,

levando o leitor a refletir sobre a sua cultura, sobre os atos de etnocentrismo praticado até

mesmo por ele, o conduzindo a análise da sua sociedade e do dinamismo de sua cultura.

Destrinchando a obra no seu primeiro tópico, o autor faz uma citação marcante que

resume praticamente tudo por ele abordado, ele diz que “...a cultura é como uma lente através

da qual o homem vê o mundo. Homens de cultura diferentes usam lentes diversas e, portanto,

têm visões desencontradas das coisas.”, trecho que ele encontrou no livro O crisântemo e a

espada de Ruth Benedict. Dessa forma pode-se compreender que esse tópico retrata as

diferenças culturais, a discriminação do comportamento desviante, padronização de um

sistema cultural, o caráter determinista da cultura de um povo, o natural que é adaptado pela

cultura e o etnocentrismo.

No segundo tópico ele aborda a interferência da cultura nas necessidades fisiológicas,

a apatia, as crenças que mexem com o psicológico, a atuação da cultura nas doenças

psicossomáticas e outros fatores biológicos que sofrem influências culturais. Já no terceiro

tópico ele fala do limite na participação do indivíduo na sua própria cultura, explicando que

nem tudo existente na cultura pode ser praticado por um mesmo indívido, por causa da grande

abrangência, por motivos etários, físicos, por questão de maturidade, a diferença entre homem

e mulher e até mesmo as relações de parentesco. Porém o importante para o autor é que deva

existir um mínimo de participação do indivíduo na pauta do conhecimento da cultura para

ocorrer a articulação do indivíduo com os demais.

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No quarto tópico o autor defende que a cultura possui uma lógica própria, não

importando se a sociedade é simples ou complexa a cultura de todas têm uma lógica sua, que

os hábitos culturais só podem ser analisados a partir da sociedade a qual pertencem. Então no

quinto ele fala que todas as culturas são dinâmicas, seja a sociedade simples ou complexa,

porque pelo autor os homens têm a capacidade de questionar os seus próprios hábitos e

modificá-los. Por isso ele afirma em seguida que existem dois tipos de mudança cultural, uma

que é interna resultado da dinâmica da própria sociedade e outra que é o resultado do contato

de uma sociedade com outra. Dessa forma a cultura está sempre mudando pois os seus

indivíduos mudam.

Com tudo isso é possível afirmar que o autor consegue relatar a cultura sem cair em

etnocentrismo, analisando de maneira antropológica e sociológica. Passando informações não

só importantes para pessoas vinculadas ao meio das ciências sociais, mas também de

importância para os estudantes do turismo que precisam olhar as outras culturas sem super

valorizar a própria.

Um texto recomendado para aqueles que estudam as ciências humanas e que se

interessam pelo assunto, pela sua fácil compreensão por ter uma leitura simples e bastante

exemplos, qualquer pessoa que tenha o interesse pode ler e irá se interessar ainda mais pelo

tema por ser tão próximo ao cotidiano.