república populista (1946-1964)

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República Populista (1945-1964) Características Gerais A partir de 1930, a economia e a sociedade brasileiras passaram por transformações significativas. No aspecto político, com o colapso do sistema oligárquico da República Velha, iniciou-se o processo de modernização do Estado. Avanço da industrialização especialmente no sudeste Avanço da Urbanização a população urbana começo a crescer em detrimento da população agrária A industrialização permite o surgimento de novas forças sociais: o empresariado industrial, a classe média urbana e o proletariado. A República Populista, iniciada com o fim do Estado Novo (1945) e encerrada com o golpe militar de 1964 teve suas características moldadas a partir dessas transformações, mas também sofreu influência dos acontecimentos internacionais que marcaram o pós-guerra. Na sociedade urbana e industrial do século XX, as novas forças sociais foram incorporadas ao processo político. Como suas aspirações não podiam ser ignoradas, passaram a ser manipuladas por políticos e pelo próprio Estado, dando origem ao Populismo. O período foi marcado pelo embate entre vários partidos políticos entre eles os mais significativos: O Partido Social Democrata era integrado pelas oligarquias rurais, por industriais e banqueiros habituados às negociações com o governo central. Tinha em seus quadros empresários como Roberto Simonsen, que viam na intervenção Populismo Ideologia e prática política desenvolvida no Brasil como conseqüência da urbanização e da industrialização da sociedade. A concentração nas cidades de populações de origem rural, com precárias condições de vida e o surgimento de políticos urbanos que combatiam o predomínio rural dos velhos "coronéis" (coronelismo) deu a base social e política ao populismo, estendendo-o também a setores da classe média. A pregação populista embora apresentando diferenças regionais, caracterizou-se quase sempre pela existência de uma liderança carismática (Ademar de Barros, Getúlio Vargas, Tenório Cavalcanti) e de um discurso moralista, assistencialista, conservador e anti-revolucionário.

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Ficha Resumo acerca da República Populista

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Page 1: República Populista (1946-1964)

República Populista (1945-1964)

Características Gerais

A partir de 1930, a economia e a sociedade brasileiras passaram por transformações significativas. No aspecto político, com o colapso do sistema oligárquico da República Velha, iniciou-se o processo de modernização do Estado.

Avanço da industrialização especialmente no sudeste Avanço da Urbanização a população urbana começo a crescer em detrimento da população

agrária A industrialização permite o surgimento de novas forças sociais: o empresariado industrial, a

classe média urbana e o proletariado.

A República Populista, iniciada com o fim do Estado Novo (1945) e encerrada com o golpe militar de 1964 teve suas características moldadas a partir dessas transformações, mas também sofreu influência dos acontecimentos internacionais que marcaram o pós-guerra.

Na sociedade urbana e industrial do século XX, as novas forças sociais foram incorporadas ao processo político. Como suas aspirações não podiam ser ignoradas, passaram a ser manipuladas por políticos e pelo próprio Estado, dando origem ao Populismo.

O período foi marcado pelo embate entre vários partidos políticos entre eles os mais significativos:

O Partido Social Democrata era integrado pelas oligarquias rurais, por industriais e banqueiros habituados às negociações com o governo central. Tinha em seus quadros empresários como Roberto Simonsen, que viam na intervenção estatal a condição de desenvolvimento industrial. O PSD seria detentor de uma vigorosa máquina eleitoral, reforçada pela larga experiência do jogo político, que possuíam seus integrantes: sua força se faria sentir já nas primeiras eleições, embora sua ideologia se caracterizasse por um traço negativo, ausência de unidade.

O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) mobilizava a burocracia sindical ligada ao trabalhismo, sob a direção de seus criadores, Marcondes Filho, Hugo Borghi, e de seu principal ideólogo, Alberto Pasqualini. O governo procurava organizar assim, agora sob forma partidária, um dos outros pólos em que se baseara seu prestígio, as camadas populares urbanas, que passaram a representar um conjunto significativo de votos. A ideologia populista desse partido mantinha e reforçava a tradição inaugurada por Vargas.

A União Democrática Nacional (UDN), fundada em 1944, reunia os elementos antigetulistas; antigos liberais constitucionalistas, como Armando de Salles, Júlio de Mesquita Filho; proprietários de uma cadeia de jornais como Assis Chateaubriand, o dono do “Correio da Manhã”, Paulo Bittencourt, e a

PopulismoIdeologia e prática política desenvolvida no Brasil como conseqüência da urbanização e da industrialização da sociedade.

A concentração nas cidades de populações de origem rural, com precárias condições de vida e o surgimento de políticos urbanos que combatiam o predomínio rural dos velhos "coronéis" (coronelismo) deu a base social e política ao populismo, estendendo-o também a setores da classe média.

A pregação populista embora apresentando diferenças regionais, caracterizou-se quase sempre pela existência de uma liderança carismática (Ademar de Barros, Getúlio Vargas, Tenório Cavalcanti) e de um discurso moralista, assistencialista, conservador e anti-revolucionário.

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burguesia comercial urbana, ligada aos interesses exportadores e importadores, prejudicados em seus lucros pelo intervencionismo econômico do Estado Novo. Contava, também, com a adesão das classes médias urbanas, assustadas com a retomada do processo inflacionário, que se acentuara a partir de 1942. A ideologia da UDN, politicamente liberal, no plano econômico se manifestava também liberal, reivindicando a liquidação do protecionismo, identificado como causa principal do aumento de preços. Isso conquistava a simpatia daquelas camadas médias, cujas perspectivas econômicas se orientam pelo ponto de vista do consumidor. Uma ala da UDN, a Esquerda Democrática, constituída por intelectuais e profissionais liberais, mais tarde de desdobraria numa nova organização, o Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Após a II Guerra Mundial, dois blocos disputaram a liderança política, econômica, militar e ideológica do Mundo Contemporâneo:

Constituição de 1946

Principais aspectos da Constituição de 46:

República federativa e presidencialista; Voto obrigatório, direto e secreto, brasileiros homens e mulheres maiores de 18 anos; não votam

analfabetos e praças de pré; 3 poderes: Executivo (5 anos); Legislativo: deputados (número proporcional à população) e senadores

(3 por Estado); Judiciário; Estado e economia: “a União poderá, mediante lei especial, intervir no domínio econômico”; Liberdades individuais (inviolabilidade da correspondência, liberdade de consciência e crença, etc.) Manutenção da estrutura sindical corporativa e subordinada ao Estado; limitação do direito de greve; Propriedade da terra manteve-se intocada; obrigatoriedade de indenização prévia e em dinheiro em

caso de desapropriação da terra;

(Obs.: esta Constituição sofreu várias emendas; a mais importante delas foi a 4a. que instituiu o parlamentarismo, em setembro de 1961, vigorando até janeiro/63 (governo João Goulart).

O Bloco Ocidental Capitalista,

liderado pelos EUA.

O Bloco Oriental, Socialista, dirigido

pela URSS.

Sendo o Brasil integrante do Bloco Ocidental, as manifestações populares

ocorridas no País passaram a ser encaradas como “agitações

comunistas”.

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Eurico Gaspar Dutra (1946-1951)

Reflexos da guerra fria. No plano internacional a presidência de Dutra inseriu-se nos quadros da Guerra Fra, caracterizada a partir de 1947 com a Doutrina Truman. Integrado como estava na área de influência norte-americana, o Brasil definiu-se no plano da política externa como aliado da grande potência do Norte. O ingresso oficial do Brasil no cenário da guerra fria aconteceu com o tratado de assistência mútua, em setembro de 1947, entre Brasil e Estados Unidos.

Segundo a nova norma das relações internacionais que o Brasil assumiu, Dutra coerentemente rompeu relações diplomáticas com a União Soviética. e ao mesmpo que o Partido Comunista do Brasil, chefiado por Luís Carlos Prestes, foi declarado ilegal.

No campo econômico o governo Dutra foi responsável pelo Plano Salte

A sucessão presidencial. Na disputa pela sucessão de Dutra concorreram quatro candidatos: novamente Eduardo Gomes (UDN), João Mangabeira pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), Cristiano Machado (PSD) e Getúlio Vargas, apoiado pelo PTB, pelo PSP (Partido Social Progressista) e pela facção

dissidente do próprio PSD. Venceu Getúlio Vargas.

Getúlio Vargas (1951-1954)

O nacionalismo. O novo governo de Vargas realizou-se no momento em que os países capitalistas se reorganizavam, tendo como centro os Estados Unidos. Desse modo, o processo de industrialização, que havia sido facilitado pela Segunda Guerra, foi anulado, pois o imperialismo retomou seu vigor e a reconquista do mercado brasileiro foi empreendida. Todavia, a política econômica de Vargas era marcadamente nacionalista, chocando-se por isso com os interesses imperialistas, sobretudo os norte-americanos. A mais significativa decisão de Vargas no período foi a nacionalização do petróleo, com a criação da Petrobrás, através da lei 2 004 de 3 de outubro de 1953, que estabeleceu o monopólio estatal do petróleo. Naturalmente, o nacionalismo de Vargas não agradava aos capitalistas norte-americanos, e o presidente dos Estados Unidos, Eisenhower, cancelou unilateralmente o acordo de desenvolvimento entre o Brasil e os Estados Unidos, entregando apenas 180 milhões de dólares dos quase 400 milhões prometidos anteriormente.

O reforço do sindicalismo. Paralelamente à política econômica nacionalista, Getúlio concedeu especial atenção ao movimento trabalhista, procurando apoiar-se na grande massa popular para sustentar o seu programa econômico.As oposições cresceram com a nomeação de João Goulart como ministro do Trabalho, em princípios de 1953. O novo ministro reorganizou os sindicatos de modo a dar ao governo maiores condições de manipular a massa operária.

As oposições. Como era de esperar, Vargas teve de enfrentar a oposição dos conservadores, cada vez mais violenta com a participação de Carlos Lacerda, proprietário do jornal Tribuna da Imprensa. Na campanha antigetulista, Lacerda não hesitou em explorar mesquinhamente a vida privada do presidente e dos seus assessores. Além disso, procurou identificar o novo governo de Getúlio com o retomo ao Estado Novo. De outro lado, as pressões norte-americanas, sobretudo das empresas petrolíferas, criavam dificuldades cada vez maiores para Vargas.A luta chegou ao auge em meados de 1954, quando o jornalista Carlos Lacerda sofreu um atentado. Embora Lacerda tenha escapado, o atentado resultou na morte de um oficial da Aeronáutica, major Rubens Vaz. O envolvimento de pessoas que compunham a

Plano Salte, programa econômico apresentado pelo presidente Eurico Gaspar Dutra ao Congresso Nacional em maio de 1948. O plano foi aprovado após dois anos de tramitação pela lei n° 1.102 de 18 de maio de 1950. Definido como “um programa governamental de despesas e investimentos para os exercícios de 1949 a 1953”, recebeu o nome Salte a partir das iniciais das quatro áreas prioritárias de ação: saúde, alimentação, transportes e energia. Os recursos que viabilizariam os investimentos nesses setores deveriam sair do orçamento federal e de empréstimos internos e externos. Foi aplicado apenas parcialmente.

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segurança pessoal de Vargas fez com que o Exército se colocasse contra o presidente, exigindo a sua renúncia. Na manhã de 24 de agosto de 1954, depois de escrever uma carta-testamento, Getúlio se suicidou.

De Getúlio a Juscelino. Nos dezesseis meses que se seguiram ao suicídio de Vargas três presidentes se sucederam: o vice-presidente Café Filho, que assumiu o poder mas, por motivos de saúde, imediatamente deixou o cargo; o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, que pouco depois foi interditado pelo Congresso Nacional (11 de novembro de 1955); e finalmente Nereu Ramos, vice-presidente do Senado, que se manteve na presidência até 31 de janeiro de 1956.

Nas eleições presidenciais de 1956 foi eleito, novamente pelas forças getulistas, Juscelino Kubitschek de Oliveira, apoiado pelo PSD e pelo PTB. Derrotadas, as forças antigetulistas — notadamente a UDN — reagiram à ascensão de Juscelino e tentaram impedir a sua posse, que foi garantida pelo ‘golpe preventivo” do general Henrique Teixeira Lott, então ministro da Guerra

Juscelino Kubitschek (1956-1961)

Plano de Metas: o desenvolvimentismo. O governo Juscelino Kubitschek foi marcado por transformações de grande alcance, sobretudo na área econômica. Enfatizando o “desenvolvimento econômico industrial”, estabeleceu, através do Plano de Metas, 31 metas, entre as quais energia, transporte, alimentação, indústria de base, educação e construção da nova capital, considerada a “síntese de todas as metas”.

Essa “política desenvolvimentista” do governo Kubitschek baseava-se na utilização do Estado como instrumento coordenador do desenvolvimento, estimulando o empresariado nacional, e também criando um clima favorável à entrada do capital estrangeiro, quer na forma de empréstimos, quer na forma de investimento direto. Assim, em 1959, o governo criou a Sudene (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste), para auxiliar o nordeste e integrá-lo economicamente ao mercado nacional. Talvez a mais significativa das medidas tenha sido a criação do Grupo de Estudos da Indústria Automobilística (GElA), constituindo aquilo que seria, no futuro, o carro-chefe da industrialização brasileira, apesar de todas as distorções econômicas verificadas posteriormente.

As eleições presidenciais de 1960. Nas eleições de 1960 concorreram Jânio da Silva Quadros, apoiado pela UDN, e Henrique Lott, através da coligação PTB, PSD e PSB.A emergência de Jânio Quadros e o amplo apoio popular com que contou ofereceram aos setores da oposição, agrupados na UDN, a mais excelente perspectiva para quebrar a hegemonia PSD-PTB, herdeira do getulismo. A vitória janista foi verdadeiramente impressionante, com uma diferença de mais de 1 milhão de votos (5 636 623 contra 3 846 825).

O Colapso do Populismo

BRASÍLIA

A idéia de transferir a capital para o interior do país surgiu em 1789 e foi incluida entre os dispositivos da Constituição de 1891. As obras de construção começaram em 1957, durante o mandato do presidente Juscelino Kubitschek, sendo encerradas em 21 de abril de 1960. O isolamento geográfico em que se encontrava inicialmente não foi um obstáculo para seu desenvolvimento, ocorrido com bastante rapidez, em especial pela chegada dos imigrantes das regiões mais carentes. Isso propiciou o êxito do projeto que tinha como objetivo o desenvolvimento do interior do país.

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Jânío da Silva Quadros (31/1/1961-25/8/1961)

O vice presidente eleito juntamente com Jânio foi João Goulart, líder trabalhista que ocupara a vice-presidência no governo JK e que se candidatou à reeleição na chapa do General Lott.

A campanha eleitoral de Jânio recebeu o apoio da UDN e era baseada em uym discurso moralista cujo símbolo era a vassoura.

Seu curto mandato foi marcado por medidas excentricas dentro de um estilo de governo pessoal

Adotou medidas antiinflacionárias que desagradou empresa´rios e operários

Externamente Jânio adotou uma política de abertura em busca de novos parceiros comerciais no Bloco Socialista revelando independência em relação aos interesses norte-americanos

Reatou relações com a URSS Mostrou-se favorávelk a participação da China na ONU Assumiu a defesa da Revolução Cubana

Jãnio Renunciou à presidencia em 25/08/1961 abrindo uma crise política:

João Goulart (1961-1964)

Continuação da crise. Com a renúncia de Jânio, a presidência deveria ser assumida por João Goulart. Durante toda a sua vida política, Jango — como era popularmente conhecido — estivera ligado às forças getulistas e parecia ser o principal herdeiro de Vargas. Fora ministro do Trabalho no governo de Getúlio vice-presidente de Juscelino e novamente reeleito vice de Jânio. Todavia, sua atuação política era identificada pelas forças conservadoras como notoriamente comunista; na União Soviética seu nome era citado com simpatia pelos jornais. Para fortalecer ainda mais essas opiniões, quando Jânio renunciou, Jango encontrava-se em visita à China comunista, onde declarara, dirigindo-se ao líder do PC chinês, Mao Tse tung:

O agravamento da crise. Devido à ausência de Jango, a presidência foi assumida por Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados.

Muitos altos aficiais das forças armadas teram impedir a posse de Jango.

Entretanto, uma clara cisão militar surgiu no Rio Grande do Sul, onde o comandante do III Exército, general Machado Lopes, se declarou favorável ao cumprimento da Constituição, isto é, dar posse a Jango. O encaminhamento da solução.

A solução de compromisso foi iniciativa do deputado federal Plínio Salgado — ex-chefe integralista —, que apresentou ao Congresso uma emenda constitucional estabelecendo o regime parlamentarista no

O episódio que mais acirrou os ânimos destas forças foi a condecoração de Che Guevara, líder da Revolução Cubana e ministro de Fidel Castro, com a Ordem do Cruzeiro do Sul, em 18 de agosto de 1961.

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Brasil. Desse modo, João Goulart seria chefe de Estado, mas com poderes limitados. A emenda foi aprovada pelo Congresso “sob pressão militar”, declarou Kubitschek, ex-presidente e naquele momento senador da República. Assim, a 7 de setembro de 1961, João Goulart prestou juramento como o novo presidente da República.

No início do seu governo, limitado pelo parlamentarismo, foi marcado por dificuldades: inflação, dívida externa crescente, eclosão de inúmeras greves e ataques da oposição, sempre liderada pela UDN. Logo, teve início a campanha pela volta do presidencialismo, visto pela maioria como a única solução capaz de superar os problemas. Em Janeiro de 1963 realizou-se um Plebiscito no qual venceu o presidencialismo.

Restaurado o Presidencialismo Jango tentou aplicar o Plano Trienal, eleaborado por Celso Furtado, ministro do Planejamento, que tentava combinar crescimento econômico com o controle da inflação.

Diante do fracasso do Plano Trienal lançou o um programa de REFORMAS DE BASE

As REFORMAS DE BASE foram recebidas com intensa hostiidade pelos setores conservadores que acusavam o presidente de pretender estabelecer uma “república sindicalista”.

Durante o governo de João Goulart, esse desgaste atingiu o seu auge: em 31 de março de 1964, por meio de um movimento militar, o presidente foi deposto, encerrando-se a era do populismo.

Reformas de base Propostas de mudanças consideradas necessárias à renovação das instituições sócio-econômicas e político-jurídicas brasileiras e úteis para remover os obstáculos à marcha do processo de desenvolvimento do país. Essas propostas, apresentadas durante a presidência de João Goulart, entre 1961 e 1964, constituíram seu programa de governo, assumindo o caráter de bandeira política durante a fase presidencialista daquela gestão. As reformas consideradas prioritárias eram a agrária, a administrativa, a constitucional, a eleitoral, a bancária, a tributária (ou fiscal) e a universitária (ou educacional). Esperava-se assim ampliar a sustentação do governo populista. Essas propostas encontraram forte resistência das classes dominantes, que se opuseram ao governo e aos diferentes grupos que as defendiam.

Marcha com Deus pela família e liberdade, movimento organizado por setores conservadores da Igreja Católica, com objetivo de mobilizar a população contra as reformas de base defendidas pelo governo do presidente João Goulart, alertando-a contra o comunismo. Foi um desdobramento do movimento “A cruzada pelo rosário em família”, liderado pelo padre americano Patrick Peiton, e consistiu em uma série de marchas, realizadas nas principais cidades do país. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, contou com o apoio das autoridades governamentais estaduais e de órgãos representantes da classe empresarial.