remição da pena pela leitura meu tcc

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REMIÇÃO DA PENA PELA LEITURA Luis Francisco Brum Pons Sandro Rocha Rodrigues 1 RESUMO: Em 20 de junho de 2012, entra em vigor a portaria conjunta do DEPEN de nº 276, que disciplina o Projeto da Remição pela Leitura no Sistema Penitenciário Federal. O projeto de Remição Pela Leitura, que é destaque em alguns Estados do Brasil, e foi levado em conta que a leitura é um trabalho intelectual e que, para os fins do Artigo 126 da Lei de Execução Penal, se equipara ao estudo. A leitura contribui no trabalho de reinserção do custodiado, pela capacidade de agregar valores éticos e morais à sua formação. O presente trabalho resulta de diversas pesquisas doutrinarias acerca da possibilidade da remição da pena a partir da leitura feita pelo condenado, visto que a lei de Execução Penal prevê apenas a remição da pena através do trabalho e pelo estudo. Por fim, conclui, segura e coerentemente, pela não aplicação desse instituto despenalizador. PALAVRAS-CHAVE: Remição, Trabalho, Estudo, Leitura. SUMÁRIO: Introdução. 1. Remição da Pena 1.1 Remição pelo Trabalho 1.2 Remição pelo Estudo 2. Da Remição pela Leitura 2.1 Da Regularização pela portaria nº 276 Depen 2.2 Da Remição da Pena pela Leitura no Estado do Paraná 2.3 Do direito do Penitenciário 3. Conclusão. INTRODUÇÃO O presente artigo tem por objeto analisar a remição de parte da pena pelo trabalho ou pelo estudo dos condenados e a possibilidade de implantação da remição pela leitura nos que estão cumprindo pena nos regimes fechado. Beneficiando sempre dentro das possibilidades estruturais de presídios de âmbito federal, os condenados que demonstrarem interesse em remir parte da pena através da leitura e que estão cumprindo pena no regime fechado como antes dito. Esta não possui previsão legal na Lei de Execução Penal, mas forma um paralelo com a remição pelo estudo, sendo regulado apenas pela Portaria conjunta Depen nº276 e também em algumas leis estaduais. De acordo com a Portaria Conjunta Do Depen nº 276, Instituem, no âmbito das Penitenciárias Federais, o Projeto “Remição pela Leitura”, em atendimento ao disposto na Lei de Execuções Penais, no que tange à Assistência Educacional aos presos custodiados nas respectivas Penitenciárias Federais. 1 Bacharelandos do 9º semestre do curso de direito da Faculdade Anhanguera de Pelotas.

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Page 1: Remição da pena pela leitura meu tcc

REMIÇÃO DA PENA PELA LEITURA

Luis Francisco Brum Pons

Sandro Rocha Rodrigues1

RESUMO: Em 20 de junho de 2012, entra em vigor a portaria conjunta do DEPEN de nº

276, que disciplina o Projeto da Remição pela Leitura no Sistema Penitenciário Federal. O projeto de Remição Pela Leitura, que é destaque em alguns Estados do Brasil, e foi levado em conta que a leitura é um trabalho intelectual e que, para os fins do Artigo 126 da Lei de

Execução Penal, se equipara ao estudo. A leitura contribui no trabalho de reinserção do custodiado, pela capacidade de agregar valores éticos e morais à sua formação. O presente trabalho resulta de diversas pesquisas doutrinarias acerca da possibilidade da remição da pena

a partir da leitura feita pelo condenado, visto que a lei de Execução Penal prevê apenas a remição da pena através do trabalho e pelo estudo. Por fim, conclui, segura e coerentemente, pela não aplicação desse instituto despenalizador.

PALAVRAS-CHAVE: Remição, Trabalho, Estudo, Leitura.

SUMÁRIO: Introdução. 1. Remição da Pena 1.1 Remição pelo Trabalho 1.2 Remição pelo

Estudo 2. Da Remição pela Leitura 2.1 Da Regularização pela portaria nº 276 Depen 2.2 Da

Remição da Pena pela Leitura no Estado do Paraná 2.3 Do direito do Penitenciário 3. Conclusão.

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por objeto analisar a remição de parte da pena

pelo trabalho ou pelo estudo dos condenados e a possibilidade de implantação

da remição pela leitura nos que estão cumprindo pena nos regimes fechado.

Beneficiando sempre dentro das possibilidades estruturais de presídios de

âmbito federal, os condenados que demonstrarem interesse em remir parte da

pena através da leitura e que estão cumprindo pena no regime fechado como

antes dito. Esta não possui previsão legal na Lei de Execução Penal, mas

forma um paralelo com a remição pelo estudo, sendo regulado apenas pela

Portaria conjunta Depen nº276 e também em algumas leis estaduais.

De acordo com a Portaria Conjunta Do Depen nº 276, Instituem, no

âmbito das Penitenciárias Federais, o Projeto “Remição pela Leitura”, em

atendimento ao disposto na Lei de Execuções Penais, no que tange à

Assistência Educacional aos presos custodiados nas respectivas Penitenciárias

Federais.

1 Bacharelandos do 9º semestre do curso de direito da Faculdade Anhanguera de Pelotas.

Page 2: Remição da pena pela leitura meu tcc

Os métodos e as técnicas utilizadas para o desenvolvimento da

pesquisa trabalho é a empregada pelo método indutivo, bem como utilização

de artigos, livros, trabalhos acadêmicos, fontes bibliográficas e outros meios

que possam melhorar a pesquisa. Tendo como seguimento as normas da

ABNT.

No capítulo I, a abordagem do tema é explanada sobre o instituto da

remição de um modo geral e simplificada, após, terá um subtítulo abordando a

remição da pena pelo trabalho, explicando a sua aplicabilidade e de que forma

ela se da, e por ultimo a analise da remição da pena pelo estudo, se dando de

forma um pouco mais detalhada, pois a mesma forma um paralelo com a

remição da pena pela leitura.

No capítulo 2, será abordada a Remição da Pena pela leitura como

sendo uma nova alternativa de ressocialização do apenado, e que, para os fins

do Artigo 126 da Lei de Execução Penal, se equipara ao estudo. Aborda em

primeiro, a Regularização pela portaria nº 276 DEPEN, e depois falara da

implantação no estado do Paraná.

No capitulo 3 está a conclusão, onde se baseamos na falta de

previsão legal na LEP (Lei de Execução Penal), pelo afronta ao principio da

isonomia e pelo tratamento desigual que este instituto proporcionará.

1. REMIÇÃO DA PENA.

A remição tem o significado de diminuir a pena, e essa pena poderá ser

remida de duas formas, conforme nos dirá a LEP (lei de execução penal): quando

se presta algum serviço rotineiro e que se tenha continuidade, se da a remição

pelo trabalho ou quando opta pelo aprendizado, sendo ele no fundamental, no

ensino médio, e no ensino superior ou até mesmo no ensino profissionalizante,

dessas formas se da a remição através do estudo.

Page 3: Remição da pena pela leitura meu tcc

A remição está prevista no artigo 126 da Lei de Execução penal.

Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou

semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.(BRASIL, 1984)

O significado da palavra remição, onde foi exatamente dito acima, não

poderá ser confundido de forma alguma com a remissão escrita desta forma, pois

este muito usado em direito civil tem outro significado que é o perdão, e que para o

nosso interesse esse tipo de remissão ou ato só poderá ser dado pelo Presidente

da República na execução penal, conforme o artigo 84, XII:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se

necessário, dos órgãos instituídos em lei; (BRASIL, 1988)

Julio Fabbrini Mirabete ira definir a remição nos termos da lei brasileira,

como sendo um direito do condenado em reduzir pelo estudo e pelo trabalho

prisional o tempo da duração da pena privativa de liberdade cumprida em regime

fechado, semiaberto ou aberto. Um meio de abreviar ou extinguir parte da pena.

(MIRABETE, 2004, p. 517)

Já o doutrinador Guilherme de Souza Nucci nos dirá que “Remição é

o resgate da pena pelo trabalho ou estudo, permitindo-se o abatimento do

montante da condenação, periodicamente, desde que se constate estar o preso

em atividade laborativa ou estudando”. (NUCCI, 2012, p. 39)

Diante dos conceitos impostos acima, podemos dizer que a remição é

fundamental para a reintegração social, pois, fará com que o apenado seja

estimulado a fazer coisas normais do que se faz no cotidiano, isso certamente

mudara seus conceitos ou irá fazer com que o mesmo reveja certos atos

praticados no período em que passar em um estabelecimento penal, sem o afastar

plenamente do convívio social. Segundo Carmen Silvia de Moraes Barros:

“o preso, como trabalhador, identifica-se com a sociedade. O homem

livre trabalha, o preso também”. (BARROS,2001,p.188)

Page 4: Remição da pena pela leitura meu tcc

Olhando para esse lado podemos dizer que a pena em si não cumpre

seu caráter ressociliador, que é um dos direitos que o apenado possui, porém o

instituto da remição vem com um dos objetivos, suprir parte desse direito.

Segundo Manoel Valente Figueiredo Neto:

As penas de prisão devem determinar nova finalidade, não adianta somente castigar o individuo, mas sim dar aos encarcerados,

condições para que eles possam ser reintegrados à sociedade de maneira efetiva. As ações que buscam trazer a idéia de ressocialização de apenados procuram reduzir os níveis de

reincidência ajudando na conseqüente recuperação do detento através de medidas que auxiliem na sua educação, em sua capacitação profissional e na busca da conscientização psicológica e

social. (NETO FIGUEIREDO, 2012)

Outro objetivo que podemos citar aqui é sem duvida a mais questionada

e polêmica, pois se trata da superlotação dos estabelecimentos penais e a falta de

estrutura encontrada neles, gerando muita preocupação por parte do executivo.

Pois se torna cada vez mais conveniente a criação de institutos despenalizadores,

onde existente temos pelo trabalho, pelo estudo e futuramente poderemos ter pela

leitura em que já sendo implanto por projetos e leis estaduais.

De acordo com Sintia Menezes Santos:

O Sistema Penitenciário Brasileiro não consegue atingir o seu

principal objetivo que é a ressocialização dos seus internos. A superlotação das prisões, as precárias e insalubres instalações físicas, a falta de treinamento

dos funcionários responsáveis pela reeducação da população carcerária e própria condição social dos que ali habitam, são sem sombra de

dúvidas, alguns dos principais fatores que contribuem para o fracasso do sistema

penitenciário brasileiro no tocante a recuperação social dos seus internos. (SANTOS, 2005)

A remição, portanto propicia a circulação de vagas já existentes nas

penitenciarias, servindo para amenizar em favor da administração penitenciaria, os

problemas de política criminal. Mudando essa lógica, podemos dizer também que

existem formas de evitar o encarceramento em massa, onde podemos citar, por

exemplo, as penas alternativas, as transações penais e as suspensões

condicionais. Mas estas formas aumentam de forma considerável o número de

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pessoas envolvidas com a justiça criminal, ocasionando mais um problema, que

seria a diminuição do controle social e sem falar que não passariam por atividades

sócias educativas, para parti-la dai chegar à compreensão e na conscientização

daquilo que feriu a ordem social.

1.1 Remição da pena pelo trabalho.

“A remição de pena pelo trabalho consiste justamente no resgate ou

possibilidade de o preso poder abater, através do trabalho, parte de sua pena,

tornando-se útil a si mesmo e a sociedade." (NOGUEIRA, 1996, p.199)

Conforme estabelecido na LEP (Lei de Execução Penal), o apenado

tem o direito de trabalhar e diminuir o seu tempo de pena através do trabalho

quando for realizado. Sendo que a cada três dias de trabalhados o apenado

tem direito há um dia a menos na pena.

Segundo Rodrigo de Abreu Fudoli:

Remição é o direito do condenado, em regime fechado ou semiaberto,

o qual tem o efeito de abreviar o tempo da condenação, mediante o

abatimento do cômputo temporal da pena privativa de liberdade,

através do trabalho efetivo, à razão de um dia de pena por três de

trabalho. (FUDOLI, 2004, p.33)

O trabalho vem com sendo como uma poderosa arma usada na

reinserção social, pois ele busca propiciar ao apenado uma justa condição de

sobrevivência, amenizando os problemas financeiros deixados a família, além

de aliviar também os problemas advindos da população carcerária e do falido

sistema prisional.

O apenado terá que se encaixar numa jornada normal de trabalho

em que não será inferior a seis, e nem superior a oito horas por dia, com

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descanso preferencialmente aos domingos e feriados, conforme estabelece o

artigo 33, caput da LEP.

Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem

superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados.

E o valor dado ao apenado em troca do trabalho prestado, devera

atender a uma série de especificações antes de ser definitivamente depositado

para seu uso após cumprir sua condenação. Isso o artigo 29, § 1°, § 2° da LEP

nos dirá.

§ 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender:

a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados judicialmente e não reparados por outros meios;

b) à assistência à família; c) a pequenas despesas pessoais;

d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo

da destinação prevista nas letras anteriores. § 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte

restante para constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entregue ao condenado quando posto em liberdade. (BRASIL, 84)

Os únicos requisitos exigidos ao apenado para ingressarem neste

instituto são: o efetivo prestamento do trabalho, voluntariedade e o

merecimento.

“A obtenção da remição depende de merecimento (não ter falta

grave registrada no prontuário), cumprimento de trabalho reconhecido pela

direção do presídio e jornada mínima de seis horas diárias”. (NUCCI, 2010, p.

1026)

A falta grave pode ser caracterizada de diversas formas, sendo a

mais comum delas o descumprimento do dever de trabalhar. Mas pode ser

classificado como uma forma ilícita praticada dentro do estabelecimento penal,

Page 7: Remição da pena pela leitura meu tcc

e isso gera uma série de discutições judiciais, acarretando a perda dos dias

remidos. Podemos dar como exemplo a jurisprudência as seguir:

Ementa: AGE Nº 70.057.934.556AG/M 2.150 - S 30.01.2014 - P 91

AGRAVO DA EXECUÇÃO (ART. 197 DA LEP). FALTA GRAVE (POSSE DE TELEFONE CELULAR). REGRESSÃO. REMIÇÃO. ALTERAÇÃO DE DATA-BASE. A manutenção da

decisão recorrida que reconheceu o cometimento da falta grave, no âmbito do PEC nº. 21.022-6, é imperiosa, bem assim a determinação de regressão ao regime semiaberto. Perda dos dias remidos,

pelo cometimento das faltas graves. Inteligência da Lei 12.433/2011, em face da Súmula Vinculante nº 9, do S.T.F., publicada em 2008. Superveniência de lei mais benigna aos apenados, passível de

retroação. Inovação legislativa que outorga ao julgador a faculdade de revogar, quando entender pertinente, até 1/3 dos dias remidos pelo apenado. No caso, o restabelecimento de todos os dias remidos

ao apenado é a solução mais adequada, em estímulo ao retorno do apenado ao trabalho. O cometimento de falta grave enseja a alteração da data-base para a concessão de novos benefícios na

execução da pena, à exceção do livramento, indulto e comutação. Entendimento pacificado no S.T.F. e S.T.J. AGRAVO PARCIALMENTE PROVIDO. (Agravo Nº 70057934556, Sexta

Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Aymoré Roque Pottes de Mello, Julgado em 30/01/2014)

Outro ponto importante é quando tratamos das remições fictícias,

onde se tem por parte do apenado vontade e intenção de trabalhar, mas por

falta de condição do estabelecimento penal não terá dias remidos. Pois a

simples intenção não gera direito, só gerará se realmente trabalhar.

Ementa: RECURSO DE AGRAVO - EXECUÇÃO DA PENA - PORTARIA DO JUÍZO PREVENDO REMIÇÃO AUTOMÁTICA DA PENA - ILEGALIDADE - RESGATE DE TEMPO DA PENA -

OMISSÃO DO ESTADO QUE NÃO OFERECE AO PRESO CONDIÇÕES PARA TRABALHAR QUE NÃO PODE SERVIR DE ESCOPO AREMIÇÃO FICTA - NECESSIDADE

DE TRABALHO EFETIVO OU ATIVIDADE EQUIPARADA - COMETIMENTO DE FALTA GRAVE PELO REEDUCANDO -INCIDÊNCIA DO ARTIGO 127 DA LEP - RECURSO CONHECIDO E

PROVIDO.1. Somente se admite a remição da pena, quando o sentenciado comprova trabalho efetivo, não se permitindo a remição ficta sob o fundamento de que o trabalho é obrigação do

Estado. 2. O adequado comportamento prisional do reeducando constitui condição sine qua non da outorga e preservação do benefício da remição, não se equiparando o tempo remido

à pena extinta pelo cumprimento. (Agravo Nº 9937375, 1ª Câmara Criminal, Tribunal de justiça do PR, Relator: Antonio Loyola Vieira, Julgado em 22/11/2012)

O tempo a ser remido devera ser contato em dias de trabalho, e a

jornada poderá ser variada entre seis e oito horas diárias, sendo computados

um dia de remição para cada três dias trabalhados.

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1.2 Remição da pena pelo estudo.

A lei 12433/2011, introduziu na Lei de Execução Penal (7210/84)

mais uma forma de remição, a remição pelo estudo. Modificou o artigo 126 e os

seguintes se baseando na súmula 341 do STJ e pela comparação feita à

remição pelo trabalho.

Seguindo os ensinamentos de Cezar Roberto Bitencourt:

[...] por todas as razões que os estudo se justifica, acrescidas do fato de evitar o ociosidade do preso, por construção pretoriana aliada ao

entendimento doutrinário, a dedicação do estudo no interior das prisões também justifica a remição, nas mesmas condições do trabalho. (BITENCOURT, 2009, p.504)

Segundo essa nova lei será beneficiada por este instituto os

apenados do regime fechado, semi-aberto, aberto, em cautelares e nos

livramento condicional. Isto esta implícito no artigo 126 caput e no inciso II, § 6°

da LEP.

Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo

de execução da pena. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011). § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto

e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto

no inciso I do § 1o deste artigo.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011).

Ao incluir a remição de pena pelo estudo no texto da lei de execução

penal, como mais uma forma de remição de pena, um grande avanço nesse

instituto penal, a jurisprudência já era admitido, tornado se súmula do STJ, mas

vários juízes e tribunais negavam, alegando não estar escrito na lei .e a súmula

não ser de caráter vinculante .

No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça, através da sumula 341 do

STJ, vai nos dizer que:

Page 9: Remição da pena pela leitura meu tcc

“Freqüência a Curso de Ensino Formal - Remição do Tempo de

Execução de Pena - Regime Fechado ou Semi-Aberto”

. manifestou seu posicionamento no sentido de conceder a remição

pelo estudo, dispondo que a freqüência de curso de ensino formal é causa de

remição de parte do tempo de execução de pena sob o regime fechado ou

semi-aberto.

A diminuição da pena pela remição acaba por limitar o direito do

Estado executar a pena na sua íntegra, sendo caracterizado o obstáculo legal

autorizado, haja vista que o Estado perde o direito de executar o restante da

pena que seria cumprida em face do direito do preso, alcançado quando de sua

ressocialização.

Ainda, há que se defender que o vocábulo estudo não faz muita falta

na estrutura física da lei, visto que, a interpretação da norma penal só poderia

ser num único sentido, que, no caso, como já foi tratado, seria favorecer e

proporcionar um ambiente favorável a ressocialização do cidadão preso,

configurando o principal objetivo da aplicação da pena.

Mirabete também afirma que, o ensino formal é obrigatório e o

ensino profissionalizante é facultativo tendo como objetivo a capacitação

profissional do preso, facilitando sua reintegração social e a sua

ressocialização. Existindo um número elevado de detentos com ensino

fundamental e médio, estes poderão ingressar no ensino profissional e o

estabelecimento penal deverá proporcionar o funcionamento destes cursos. Em

caso de este não possuir condições para tanto, os presos que cumprem pena

em regime semiaberto ou aberto poderão freqüentar cursos extramuros,

conforme preceituado no artigo 122, inciso II, da LEP. (MIRABETE, 2007, p.

77).

O novo artigo 126 da Lei 7.210/84 refere-se á remição como direito do

apenado que cumpre pena em regime fechado ou semi-aberto, já o parágrafo 6º

desse artigo veio ampliar direito subjetivo dos condenados em regime aberto ou

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em livramento condicional que cursem o ensino regular ou de educação

profissional e o parágrafo 7º alargou o direito, incluindo os presos cautelarmente.

O artigo 126 e seus incisos,tem na sua nova redação a remição de

pena surgiu como um direito subjetivo do preso cautelar e dos condenados em

regime aberto, semi-aberto ou fechado ou ainda em livramento condicional, de

diminuírem parte da pena, pelo trabalho ou estudo realizado efetivamente; nos

casos de acidente com impossibilidade de continuar nos estudos ou no trabalho

também será considerado.

A remição pelo estudo está disciplinada na lei, acabando com as

dificuldade do Judiciário, em estipular um critério mediador para contagem do

tempo que o apenado teria direito em remir.

Será computado da seguinte forma cada 03 dias de estudo diminuirá 01

dia de pena; sendo obrigatório 12 horas de freqüência escolar, divididas, em 03

dias.

§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à

razão de: (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de

frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda

de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011). (BRASIL, 1984)

Objetivo desta divisão que o apenado não venha reivindicar que

estudou 12 horas em um único dia,e pedir para remir na razão de 1 dia de estudo

por 1 dia de pena, seja pelo trabalho ou pelo estudo. a remição será razão de 3

por 1.

Conforme expressa redação do art. 126, §1º, I, a freqüência escolar são

as atividades de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou

superior, ou ainda de requalificação profissional.

Page 11: Remição da pena pela leitura meu tcc

A lei 12.433/2011 prevê que poderá ser utilizados métodos de ensino à

distância nos estabelecimentos prisionais, desde que certificadas por autoridades

educacionais .Os cursos à distância via satélite,são de fácil instalação e

relativamente baratos..

2. Da Remição pela leitura.

O conhecimento de uma nova alternativa para a ressocialização do

apenado se caracteriza pelo incentivo ao desenvolvimento da responsabilidade

social e conscientização da importância da preservação da saúde, da vida,e da

educação. Pois é notório que a pena em si não cumpre seu caráter

ressocializador, ou seja, ela não reintegra o indivíduo ao convívio social.

A leitura como meio de remição pode ser conceituado como a

aplicação do espírito para aprender, conhecimentos adquiridos à custa dessa

aplicação. É uma oportunidade consentida ao apenado de, com seus próprios

esforços, ver reduzida sua pena.

Considerar como válida a remição da pena pela leitura é possibilitar

a verdadeira reabilitação e reinserção social de um detento, usando a analogia

para beneficiar o réu e colocando em prática o princípio constitucional da

dignidade humana.

O projeto de Remição Pela Leitura, que é destaque em alguns

Estados do Brasil, e foi levado em conta que a leitura é um trabalho intelectual

e que, para os fins do Artigo 126 da Lei de Execução Penal, se equipara ao

estudo. A leitura contribui no trabalho de reinserção do custodiado, pela

capacidade de agregar valores éticos e morais à sua formação.

Page 12: Remição da pena pela leitura meu tcc

2.1 Da Regularização pela portaria nº 276 DEPEN

Em concernente à remição por leitura em específico, em 20 de junho

de 2012 o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), em conjunto com a

Corregedoria-Geral da Justiça Federal, expediu a Portaria Conjunta nº 276,

disciplinando o projeto da Remição pela Leitura no Sistema Penitenciário

Federal.

Art. 1º Instituir, no âmbito das Penitenciárias Federais, o Projeto

"Remição pela Leitura", em atendimento ao disposto na Lei de Execução Penal, no que tange à Assistência Educacional aos presos custodiados nas respectivas Penitenciárias Federais.

De acordo com a portaria nº. 276/2012, o projeto associa a oferta da

educação às ações complementares de fomento à leitura, atendendo a

pressupostos de ordem objetiva e outros de ordem subjetiva. Conforme

podemos analisar neste dispositivo:

Art. 2º O Projeto visa à possibilidade de remição da pena do custodiado em

regime fechado, em conformidade com o disposto no artigo 126 da Lei

nº 7.210, de 11 de julho de 1984, alterado pela Lei 12.433/2011, de 29 de junho de 2011, concomitantemente com a Súmula 341 do STJ, com o Art. 3º, III da Resolução nº 02 do Conselho Nacional de Educação e

com o Art. 3º, IV da Resolução nº 03 do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, o qual associa a oferta da educação às ações complementares de fomento à leitura, atendendo a pressupostos de

ordem objetiva e outros de ordem subjetiva.

A participação se dá de forma voluntária, sendo disponibilizado ao

participante um exemplar de obra literária, clássica, científica ou filosófica,

dentre outras, de acordo com disponibilidade, sendo regulada pelo artigo 3º da

portaria do DEPEN.

Art.3º participação do preso dar-se-á de forma voluntária, sendo

disponibilizado ao participante 01 (um) exemplar de obra literária, clássica, científica ou filosófica, dentre outras, de acordo com as obras disponíveis na Unidade, adquiridas pela Justiça Federal, pelo

Departamento Penitenciário Nacional e doadas às Penitenciárias Federais. (BRASIL, 2012)

A proposta do projeto é oferecer ao detento a oportunidade de

reduzir a pena por meio da leitura de livros. Os presos são voluntários e têm de

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21 a 30 dias para ler uma obra e produzir uma resenha. O cumprimento das

atividades poderá resultar em quatro dias a menos de pena, por obra lida, ou

até 48 dias, no prazo de um ano. Para isso, as unidades que adotarem o

projeto, deverão dispor de uma biblioteca com, no mínimo, 20 exemplares de

cada obra a ser trabalhada. Integram a iniciativa, em geral, livros direcionados

à reflexão e à formação social do indivíduo, a fim de auxiliar o detento no

processo de ressocialização.

Art. 4º Segundo o critério objetivo, o preso terá o prazo de 21 (vinte e um) a 30 (trinta) dias para leitura de uma obra literária, apresentando

ao final deste período uma resenha a respeito do assunto, possibilitando, segundo critério legal de avaliação, a remição de 04 (quatro) dias de sua pena e ao final de até 12 (doze) obras lidas e

avaliadas, terá a possibilidade de remir 48 (quarenta e oito) dias, no prazo de 12 (doze) meses, de acordo com a capacidade gerencial da Unidade. (BRASIL, 2012)

A leitura deve ser monitorada e orientada por profissionais da educação

e por especialistas em assistência penitenciária, e ao final do período de leitura,

o apenado deverá confeccionar uma resenha buscando alcançar os objetivos

propostos.

Como nos mostra o art. 6º, V, da portaria nº 276 DEPEN.

V - O preso participante do Projeto receberá orientações para tal,preferencialmente, através de Oficinas de Leitura, sendo cientificado

da necessidade de alcançar os objetivos propostos para que haja a concessão da remição de pena, a saber:

a) ESTÉTICA: Respeitar parágrafo; não rasurar; respeitar margem; letra cursiva e legível;

b) LIMITAÇÃO AO TEMA: Limitar-se a resenhar somente o conteúdo do livro, isto é, não citar assuntos alheios ao objetivo proposto;

c) FIDEDIGNIDADE: proibição de resenhas que sejam consideradas como plágio.

E caso alcance a média imposta para aprovação, considerando a

fidedignidade e a clareza de que foi escrita a resenha, fará jus à remição de quatro

dias de sua pena. Ou em caso se verificado, que o mesmo copiou trabalho já

existente, ou detectarem outras irregularidades, perderá o direito a remição da

pena.

Page 14: Remição da pena pela leitura meu tcc

Art. 5º O critério subjetivo possui embasamento legal no artigo 126 da

nº 7210, de 11 de julho de 1984, equiparando-se ao trabalho intelectual, e considerar-se-á a fidedignidade e a clareza da resenha, sendo desconsideradas aquelas que não atenderem a esse

pressuposto.

A Comissão organizadora do Projeto analisará os trabalhos

produzidos, observando os aspectos relacionados à compreensão e

compatibilidade do texto com o livro trabalhado. O resultado deverá ser

enviado, por ofício, ao Juiz Federal da Execução de Penas de cada

Estabelecimento Penal Federal, para que este decida sobre o aproveitamento a

título de remição da pena, contabilizando-se 4 dias de remição de pena aos

que alcançarem os objetivos propostos. Terá a possibilidade de constituição de

crime, conforme termos do artigo 130, da lei nº 7.210/84, se atestar com

falsidade um pedido de remição de pena. (art. 6º, VII, VIII, portaria 276

DEPEN).

Sendo assim, a remição da pena pela leitura será declarada pelo juiz

competente para a execução da pena, ouvido o Ministério Público e a defesa.

2.2 Da Remição da Pena pela Leitura no Estado do Paraná

Em 08 de outubro de 2012 foi aprovada a Lei Estadual nº

17.329/2012, que institui o Projeto Remição por Leitura no âmbito dos

estabelecimentos penais paranaenses. Estando respaldada na Lei 12.433

publicada em 30 de junho de 2011, em que garante a remição da pena pelo

estudo, sempre considerando a Portaria Conjunta nº 276 do DEPEN.

A Secretaria de Educação do Estado do Paraná, instituiu a Remição

da Pena por Estudo através da Leitura, oferecendo aos apenados alfabetizados

de todos os Estabelecimentos Penais paranaenses, mais um meio para

adentrarem ao mundo do conhecimento e da cultura por meio da leitura.

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No âmbito das penitenciárias estaduais, o Paraná se tornou pioneiro

na adoção da prática. Desde maio do ano de 2012, obras de literatura clássica,

científica e filosófica fazem parte da rotina de nove unidades penais no estado.

De acordo com o art. 3º desta lei, o projeto consiste em:

oportunizar ao presos custodiado alfabetizado remir parte da pena

pela leitura mensal de 01 (uma) obra literária, clássica, científica ou filosófica, livros didáticos, inclusive livros didáticos da área de saúde, dentre outros, previamente selecionadas pela Comissão de Remição

pela Leitura e pela elaboração de relatório de leitura ou resenha (...). (BRASIL, 2012)

O argumento utilizado para tal concessão foi o fato de que o estudo

está estreitamente ligado à leitura, e ela tem função de construir o

conhecimento e de propiciar a cultura. Além de diminuir consideravelmente a

ociosidade dos presos e possuir caráter ressocializador. Alguns chegam até a

afirmar que a leitura diminui a reincidência criminal.

Além disso, o apenado poderá ter remição de 04 dias de sua pena, a

cada relatório de leitura ou resenha entregue, limitando-se a 01 obra literária a

cada 30 dias. O relatório ou a resenha deverá atingir a nota igual ou superior a

6,0 conforme o art. 12.

Art. 12. Será utilizada a nota 0,0 (zero) a 10,0 (dez), sendo considerado aprovado o relatório de leitura ou a resenha que atingir a nota igual ou superior a 6,0 (seis), conforme Sistema de Avaliação

adotado pela Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná.

Após avaliação, há possibilidade de remir 48 dias, no prazo de 12

meses, de acordo com a capacidade gerencial da unidade penitenciária. O

acervo bibliográfico é previamente selecionado por uma comissão de

pedagogos. Fazemos rodízios periódicos em parceria com a Biblioteca Pública

do Paraná.

Remição pela leitura seria o reconhecimento de que o interno está

se esforçando para ter uma nova oportunidade na sociedade e que por este

Page 16: Remição da pena pela leitura meu tcc

esforço merecia passar menos tempo afastado do convívio social, ou seja, é

um direito que tem o apenado.

3. CONCLUSÃO

A remição pela leitura esta em um equivocado paralelo com a

remição pelo estudo, disciplinada pelo artigo 126 da Lei nº 7.210/84, com a

nova redação dada pela Lei nº 12.433/11, a exemplo do que vem sendo feito

em diversas unidades da Federação, os juízes das Varas de Execução

Criminal poderiam decretar a remição de até 04 dias por mês, num total de 48

dias por ano, desde que o sentenciado, após a leitura de obra literária,

elaborasse uma resenha sobre o tema, trabalho este que seria avaliado por

uma comissão, encarregada de aferir a compatibilidade do texto com o da obra

lida.

Até que ponto os bons propósitos do Poder Judiciário, preocupando-

se com a formação do preso e no combate a ociosidade dentro do cárcere,

verifica-se que tal medida não é compatibilidade com a ordem constitucional e

legal.

Até porque os artigos 126/130 da lei de execução penal, ao

disciplinar o instituto da remição, não faz qualquer referência à hipótese de

resgate da pena através da leitura, de modo que o Judiciário não poderá tomar

à atividade como causa de concessão daquele benefício, sob pena de nítida

afronta ao princípio da legalidade penal, de expressa estatura constitucional,

mais precisamente no artigo 5º da Constituição Federal.

Como se não bastasse à ofensa a legalidade, é de se considerar

que a concessão do benefício da remição pela leitura, viola também o princípio

da igualdade, citado no artigo 5º caput da Constituição Federal.

Este artigo nos falara da imposição de um tratamento igualitário

perante a lei, sem favorecimentos ou privilégios, por quaisquer motivos. Pois a

Page 17: Remição da pena pela leitura meu tcc

igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os

desiguais, na medida de suas desigualdades.

O alto índice de analfabeto na população carcerária, não

contemplara o privilégio da remição pela leitura a esses, tanto que no caso de

termos dois presos em situações desiguais, um alfabetizado e outro analfabeto,

estamos diante de uma situação como esta, e para fins de concessão do

benefício da remição, não se admite tal tratamento diferenciado.

Diante do exposto, se posicionamos contra esta forma de remição,

pois não privilegiará boa parte da população carcerária, descriminando o preso

analfabeto daquele que sabe ler. E que esta sendo aplicada em analogia com a

remição pelo estudo, portando não tem previsão legal na Lei de Execução

Penal.

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A edição sucessiva e em curto lapso de tempo, nos meses de maio e

junho de 2011, da Lei 12.403/2011, que estabelece medidas cautelares

alternativas à prisão cautelar, e agora da Lei 12.433/2011, que permite descontar

pena por estudo, torna clara a preocupação utilitária de permitir a rotatividade do

sistema prisional e a liberação gradual das vagas já existentes, buscando amenizar

os efeitos drásticos do encarceramento em massa, que é um dos pilares da lógica

sócio-econômica implantada no Brasil.

Breves levantamentos contando as inovações dogmáticas da Lei

12.433/2011, em que inicialmente altera seriamente o conceito de remição.

Deve ser avaliada a questão da retroatividade, ou seja, é preciso

responder se a lei se aplica a partir da sua entrada em vigor ou se terá efeitos

retroativos.

Com a devida vênia às opiniões em contrário que poderão surgir,

parece evidente que a Lei 12.433/2011, por ser mais benéfica, deverá retroagir

para alcançar fatos pretéritos, em especial no que diz respeito à declaração de

perda total dos dias remidos por falta grave praticada.

Também por força desse raciocínio, certamente o estudo já realizado

até a entrada em vigor da nova lei deverá ser submetido à apreciação do Poder

Judiciário para todos os fins de direito.

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Com a nova redação o artigo 126, parágrafo I, da Lei de Execução

Penal, fixa que a cada doze horas de freqüência escolar, o condenado que cumpri

pena em regime fechado ou semi-aberto, poderá remir um dia de pena. A carga

horária devera ser dividida em três dias no mínimo para se ganhar um dia de pena.

Afinal, segundo os contornos legais anteriores, o condenado em

cumprimento de pena em regime fechado ou semi-aberro poderia remir, pelo

trabalho, parte do tempo de execução da pena, à razão de 1 dia de pena por 3 de

trabalho.

Conforme MARCÃO:

Tais atividades de estudo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância, e deverão ser

certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos freqüentados (§2º). Outra previsão louvável voltada à ressocialização pelo aprimoramento cultural vem expressa no § 5º do art. 126, nos

seguintes termos: “O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde

que certificada pelo órgão competente do sistema de educação”. (MARCÃO, 2012, P. 220)

Não se admitia remição em favor do sentenciado em regime aberto que

trabalhasse, sob o pretexto de que o trabalho era condição do próprio regime

aberto.

Doravante, a nova lei inclui a prática do estudo como causa de remição

de pena, consagrando entendimento jurisprudencial que evoluiu até a edição da

súmula 341 do Superior Tribunal de Justiça em 2007