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RELATÓRIO DE GESTÃO

“FORTALECIMENTO DO SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE”

1. A ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DO SISNAMA

Nesta gestão o Ministério do Meio Ambiente (MMA), adotou como diretrizes da Política Ambiental de Governo: (i) o Desenvolvimento Sustentável; (ii) a Participação e o Controle Social; (iii) a Transversalidade – Política Integrada de Governo; e (iv) o Fortalecimento do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA).

A diretriz do Desenvolvimento Sustentável pressupõe uma perspectiva ética em que o conceito de desenvolvimento econômico vem necessariamente articulado com as dimensões sociais e ambientais. A diretriz que trata da Participação Social, é um grande desafio por ser impossível fazer política ambiental sem a participação e o controle da sociedade. Desta forma, o MMA tem institucionalizado espaços de planejamento e participação social, além de outras formas de controle público, como a 1a e 2a Conferência Nacional de Meio Ambiente, realizadas em 2003 e 2005, a ampliação das consultas públicas – como no Plano Sustentável da BR 163 e Plano Amazônia Sustentável; e a disponibilização de informação ambiental por meio do Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente (SINIMA).

A diretriz Transversalidade trata da formulação e implementação de uma política integrada de governo na qual a dimensão ambiental esteja presente no planejamento das políticas setoriais (energia elétrica, petróleo e gás, transportes e outras). Portanto, tem-se procurado criar espaços para discussão com setores do Governo, buscando a inserção da dimensão ambiental nas diversas políticas públicas, bem como a construção de agendas de trabalho com os setores empreendedores e sociedade civil organizada. Pode-se citar a agenda com a Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (ABDIB), para discussão dos grandes temas relativos ao meio ambiente e infra-estrutura e o Acordo de Cooperação Técnica com o Fórum Brasileiro de Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS), visando o aperfeiçoamento das Políticas Públicas Ambientais para o Desenvolvimento Sustentável. Esses esforços visam resolver a equação de como usar os

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recursos naturais em bases sustentáveis ao mesmo tempo em que se viabilizam condições necessárias para o crescimento econômico, geração de emprego e a melhoria das condições de vida das pessoas.

A diretriz descrita como “O Fortalecimento do SISNAMA” é parte da estratégia de sustentação das políticas socioambientais, de tal forma que o Estado Brasileiro seja capaz de responder aos desafios e à complexidade impostos pela perspectiva da sustentabilidade. Por isso, essa diretriz foi o tema central da 1ª Conferência Nacional de Meio Ambiente (CNMA), realizada em novembro de 2003. Em sua primeira versão, a Conferência teve como objetivo apontar caminhos para o fortalecimento do SISNAMA. As propostas evidenciaram que a efetividade do SISNAMA, hoje, depende também do fortalecimento dos sistemas de gestão ambiental municipais. Várias deliberações da 1a CNMA foram transformadas em ações pelo MMA, como a criação e implementação das Comissões Técnicas Tripartites Estaduais (CTTEs) – espaço de diálogo entre os órgãos e entidades ambientais dos municípios, dos estados, do Distrito Federal e da União; e o Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais.

Coube à Secretaria Executiva do MMA, por meio do Departamento de Articulação Institucional (DAI), articular, em sintonia com as demais secretarias e órgãos vinculados do Ministério, com a Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (ABEMA) e Associação Nacional dos Organismos Municipais de Meio Ambiente (ANAMMA) a estratégia de implementação das ações e projetos de “Fortalecimento do SISNAMA”.

É sabido que o Licenciamento Ambiental, no período de 2003 a 2006, foi alvo de várias críticas motivadas, principalmente, pela histórica baixa capacidade dos órgãos ambientais federais e estaduais, de responder às demandas de licenciamentos de empreendimentos de infra-estrutura. Foi necessário melhorar as condições do IBAMA para a operacionalização eficiente do Licenciamento Ambiental e também trabalhar uma perspectiva de qualificação das políticas setoriais.

Em decorrência, o Licenciamento Ambiental fortaleceu a política de transversalidade proposta pelo MMA, na medida em que os problemas ocorridos em torno desse instrumento, envolvendo grandes obras de infra-estrutura, municiaram o Ministério para o convencimento dos

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demais setores sobre a importância de inserir o componente ambiental no planejamento de suas atividades e na formulação de suas políticas, de forma que os processos de licenciamento ambiental não viessem a ser obstaculizados, muitas vezes, por questões que transcendem seu objetivo.

Destaca-se o novo modelo do setor elétrico, estabelecendo que nos leilões de concessões para geração de energia elétrica somente participem empreendimentos com Licença Prévia. A transição para o novo modelo foi coordenada pela Casa Civil, por meio do Comitê de Gestão Integrada de Empreendimentos de Geração do Setor Elétrico (CGISE), na qual o DAI e a Secretaria de Qualidade Ambiental representaram o MMA.

Também merece destaque a realização do seminário “Licenciamento, Proteção Ambiental e Desenvolvimento”, coordenado pelo DAI em julho de 2004, ocasião em que o Ministério do Meio Ambiente abriu o tema para uma discussão entre órgãos ambientais federais, estaduais e municipais, instituições responsáveis pelo planejamento setorial, poderes Legislativo e Judiciário, setor empresarial, sociedade civil e órgãos de imprensa, e colocou em debate o instrumento da política e o licenciamento ambiental, com o objetivo de construir propostas para aperfeiçoá-lo.

A agenda de “Aperfeiçoamento dos Procedimentos de Licenciamento Ambiental” é coordenada pela Secretaria de Qualidade Ambiental dialogando com o PNMA II, por meio dos projetos de modernização dos sistemas de licenciamento ambiental, que contemplam, entre outras atividades, informatização, qualificação de pessoal, atualização de normas legais e de procedimentos administrativos. Ressalta-se que a implantação do Portal Nacional de Licenciamento Ambiental teve como base os sistemas dos estados apoiados pelo Programa Nacional do Meio Ambiente II (PNMA II).

2. O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO E COORDENAÇÃO DO SISNAMA – AS COMISSÕES TÉCNICAS TRIPARTITES E SEUS DESDOBRAMENTOS

A Comissão Tripartite Nacional foi instalada em agosto de 2001, com o objetivo de propor estratégias e diretrizes para promover a gestão ambiental compartilhada entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios. As

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discussões foram retomadas pela atual gestão, em 2003, dentro de uma perspectiva de estabelecer uma agenda para o “Fortalecimento do SISNAMA”. No período de 2003 a 2006 foram realizadas 12 reuniões da Comissão Tripartite Nacional, cuja agenda foi pautada, prioritariamente, pelos seguintes temas: Criação e Implementação das Comissões Técnicas Tripartites Estaduais e acompanhamento de suas atividades; Regulamentação do Artigo 23 da Constituição Federal no que se refere às atribuições dos entes federados para a gestão ambiental; Estratégia para articulação e qualificação do licenciamento ambiental com ênfase nas temáticas de energia (eletricidade, petróleo e gás), carcinicultura, assentamentos de reforma agrária e saneamento; Desenvolvimento do Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais; Desenvolvimento do Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente (SINIMA); e Compensação Ambiental.

A 1a Conferência Nacional do Meio Ambiente, realizada em 2003, reforçou a necessidade de criação das Comissões Técnicas Tripartites Estaduais e da Comissão Técnica Bipartite do Distrito Federal como uma estratégia para o fortalecimento do SISNAMA. Estas comissões são compostas por representações paritárias dos órgãos e entidades de gestão ambiental Federal, Estadual e Municipal, as quais desenvolvem seus trabalhos de acordo com uma lógica de consenso, em que as decisões são construídas de forma pactuada. Ressalta-se que as CTTEs são fundamentais para promoção da gestão ambiental compartilhada entre os entes federados, uma vez que o Artigo 23 da Constituição Federal estabelece que é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a proteção do meio ambiente e o combate à poluição em qualquer de suas formas.

A criação e implementação das CTTEs nos 26 Estados e a Bipartite do Distrito Federal ocorreu de forma gradativa entre dezembro de 2003 e outubro de 2005, de acordo com o grau de articulação entre as instituições das esferas de Governo Federal, Estadual e Municipal. Suas representações foram designadas pela ministra do Meio Ambiente por meio de portarias, que estão disponíveis no sítio das Comissões Tripartites do MMA. A agenda das CTTEs contemplou como temas principais: o Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais; o Licenciamento Ambiental e o Desdobramento da Resolução n° 237/1997 do CONAMA – Tipificação de

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atividades com características de impacto local, e a discussão sobre a sustentação financeira do SISNAMA.

Para dar suporte às discussões, tanto na Comissão Tripartite Nacional como nas Comissões Técnicas Tripartites Estaduais foram realizados diversos seminários. Entre eles estão “Experiências em Gestão Compartilhada”, “Rumos do Licenciamento Ambiental”, “Licenciamento, Proteção Ambiental e Desenvolvimento”, “Repartição de Competências: A Regulamentação do Artigo 23 da Constituição Federal e o Fortalecimento do SISNAMA” e o Seminário Nacional das Comissões Técnicas Tripartites.

A implementação das agendas teve o apoio, também, de Grupos de Trabalho criados pelo MMA, compostos por representantes da ABEMA, ANAMMA e MMA/IBAMA, tais como: Grupo de Trabalho do Sistema Nacional de Informações sobre Meio Ambiente (SINIMA), com a função de viabilizar a implantação do Sistema; Grupo de Trabalho de Capacitação de Gestores Ambientais, para implementar um programa e subsidiar a construção da estrutura institucional para o Licenciamento Ambiental nos municípios, apoiando a adequada gestão ambiental e o fortalecimento do SISNAMA; Grupo de Trabalho para Acompanhamento da Regulamentação do Artigo 23 da Constituição Federal; e Grupo de Trabalho Assentamentos Rurais, para acompanhar os assuntos referentes à implementação do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta, referente ao licenciamento ambiental de projetos de assentamento de Reforma Agrária promovidos pelo INCRA.

O seminário “Repartição de Competências” teve como encaminhamento, dentre outros, que a Comissão Tripartite Nacional iria sugerir às CTTEs critérios para a definição das atividades consideradas de impacto local. O tema “Tipificação – Desdobramento da Resolução nº 237 do CONAMA”, foi amplamente discutido na Comissão Tripartite Nacional, que aprovou em sua 13a Reunião, realizada em dezembro de 2004, o documento-base: Tipologia de Impacto Ambiental Local. A discussão foi ampliada para as CTTEs e realização de seminários com a participação de estados e municípios.

O DAI tem acompanhado os trabalhos realizados nas CTTEs e, como contribuição para a discussão e formulação de uma proposta conceitual de diretrizes para a tipificação de empreendimentos e atividades com

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características de impacto local, elaborou o documento “Gestão Ambiental Compartilhada - Discussão: Licenciamento Ambiental de empreendimentos e atividades com características de impacto local e os Critérios para os Municípios exercerem a Gestão Ambiental”. Espera-se como resultado um significativo avanço na operacionalidade dos órgãos licenciadores, que atualmente trabalham com uma carga de solicitações superior à sua capacidade.

Nesse contexto cita-se os estados de Goiás, Espírito Santo e Santa Catarina que em 2006 encaminharam aos seus Conselhos de Meio Ambiente propostas de resolução, discutidas nas CTTEs, sobre os critérios que garantem a competência dos municípios para o licenciamento das atividades de impacto local. As propostas já foram aprovadas em Goiás e Santa Catarina.

Em agosto de 2006 foi realizado, em São Paulo, o Seminário Nacional das Comissões Técnicas Tripartites com o objetivo de avaliar o processo de desenvolvimento das CTTEs, identificar as dificuldades enfrentadas, seus principais avanços, garantir a continuidade da articulação dessas comissões nos próximos anos e debater propostas para aperfeiçoar a construção da gestão compartilhada, como a capacitação e estruturação dos municípios para assumirem a gestão ambiental.

Durante o Seminário, as Comissões Técnicas Tripartites elaboraram uma carta com as seguintes conclusões:

•Há urgência no encaminhamento ao Congresso Nacional do Projeto de Lei Complementar para regulamentação do Artigo 23 da Constituição Federal, com a devida articulação visando a sua aprovação;•É necessário discutir o aperfeiçoamento da política e dos instrumentos de financiamento do Sistema Nacional de Meio Ambiente, buscando sua sustentabilidade;•As Políticas Estaduais de compartilhamento do Licenciamento Ambiental devem ser acordadas nas Comissões Técnicas Tripartites e encaminhadas para deliberação junto aos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente;•Há necessidade de maior entrosamento entre as CTTEs visando o compartilhamento de experiências, e destas com as instâncias do SISNAMA e com outros atores importantes na formalização de instrumentos regulatórios e de planejamento;

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•O fortalecimento das Comissões e o estabelecimento de uma agenda de temas prioritários são estratégias de construção da gestão ambiental compartilhada;•É necessário consolidar o processo de rotatividade das coordenações das CTTEs e o caráter de consenso no processo decisório.•É fundamental consolidar a Comissão Tripartite Nacional, as Comissões Técnicas Tripartites Estaduais e a Bipartite do Distrito Federal como instâncias institucionais permanentes do SISNAMA.

3. A AGENDA – AÇÕES E PROJETOS PARA O FORTALECIMENTO DO SISNAMA

Em 2003, o Ministério do Meio Ambiente chamou para si a responsabilidade de construir uma Política Ambiental Integrada, coordenando o compartilhamento das responsabilidades pela gestão ambiental entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios, trabalhando em diversas ações que tinham como objetivo o fortalecimento do SISNAMA. Durante estes quatro anos o MMA reforçou a relação com organizações estaduais e municipais de meio ambiente e com a sociedade civil, procurando maior transparência e controle social nas suas ações, especialmente com a implementação das CTTEs, que estabeleceram uma melhor relação entre Governo Federal, Estaduais e Municipais.

As ações coordenadas pela Secretaria Executiva, por meio do Departamento de Articulação Institucional (DAI), para o fortalecimento do SISNAMA estão intrinsecamente ligadas, e vêm se fortalecendo em todas as esferas de governo. Paralelamente, a Comissão Tripartite Nacional desempenhou um papel fundamental na definição de uma agenda, identificando e propondo ações e projetos estratégicos para o “Fortalecimento do SISNAMA”. A estratégia de implementação desta diretriz é composta basicamente das seguintes ações e projetos:

•Fortalecimento da Comissão Tripartite Nacional e das Comissões Técnicas Tripartites Estaduais;•Regulamentação do Artigo 23 da Constituição Federal no que tange à cooperação entre as esferas de governo na gestão ambiental;•Desdobramento da Resolução N° 237/1997 do CONAMA para definir no âmbito dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente as tipologias de atividades de impacto local;

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•Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais (PNC);•Implementação do Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente (SINIMA);•Programa Nacional do Meio Ambiente II (PNMA II).

3.1 REGULAMENTAÇÃO DO ARTIGO 23 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

A responsabilidade por atividades de Planejamento e Gestão Ambiental é dos órgãos do SISNAMA, o que equivale dizer que é responsabilidade, além do Governo Federal, dos 26 Estados, do Distrito Federal e dos 5562 municípios. Assim, o estabelecimento de normas para a cooperação entre os entes federados é fundamental para o fortalecimento do SISNAMA.

Nesse sentido, o Ministério do Meio Ambiente, através da Comissão Tripartite Nacional, iniciou a discussão sobre a regulamentação do Artigo 23 da CF visando a elaboração de um Projeto de Lei Complementar que estabeleça normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no que se refere às competências comuns previstas nos incisos III, VI e VII. O MMA ampliou a discussão com a realização do seminário “Repartição de Competências – A Regulamentação do Artigo 23 da Constituição Federal e o Fortalecimento do SISNAMA”, em 2004, que contou com a participação de representantes das Entidades Vinculadas, de Órgãos de Meio Ambiente de Estados e Municípios, e dos Ministérios Públicos Federal e Estaduais. Desse seminário extraiu-se diretrizes para elaboração do Projeto de Lei Complementar (PLC).

O PLC estabelece questões fundamentais como: (i) a repartição de competências entre os membros do SISNAMA em relação ao licenciamento ambiental, tendo como base a abrangência e magnitude do impacto ambiental da atividade; (ii) harmonização entre as competências para a realização do licenciamento ambiental e autorização para a supressão de vegetação; (iii) regras claras para ação da fiscalização e da gestão florestal; (iv) competência supletiva dos entes federados; (v) licenciamento ambiental por um único ente federado, dentre outras.

A Casa Civil articulou a discussão com setores do Governo Federal e teve como consenso o

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encaminhamento do PLC ao Congresso Nacional, em janeiro de 2007.

3.2 PROGRAMA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO DE GESTORES AMBIENTAIS (PNC)

O PNC é um projeto de qualificação e fortalecimento da estrutura do SISNAMA. Com ele, o Ministério busca ampliar o protagonismo da esfera municipal no Sistema Nacional do Meio Ambiente.

Em agosto de 2005, o Programa foi implementado com base em quatro eixos temáticos: a estrutura e o funcionamento do SISNAMA, com ênfase na organização e no funcionamento dos sistemas municipais de meio ambiente; os instrumentos de gestão e o compartilhamento de competências; participação e mobilização social – o controle social através das instâncias do Sistema; o financiamento do Sistema – a sustentabilidade do sistema municipal, os fundos disponíveis e a legislação pertinente. Assim, o Programa busca capacitar as instituições municipais e seus agentes para o compartilhamento da gestão ambiental.

Desde o seu lançamento, o MMA firmou convênio de capacitação com 12 estados – Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo – para ações de estruturação e fortalecimento do SISNAMA focadas na esfera de atuação municipal. Para tal resultado, o Programa contou com apoio decisivo das Comissões Técnicas Tripartites estaduais. Já foram destinados a esses estados R$ 4,75 milhões para capacitar 6.866 gestores em 1.675 municípios. Com isso serão atingidos cerca de 30% dos municípios brasileiros. Os recursos são do Ministério do Meio Ambiente e Petrobras. Os estados do Acre, Ceará, Goiás e Rio Grande do Norte já concluíram as capacitações dos gestores ambientais municipais previstas para a primeira fase do PNC. Acre e Pernambuco atingiram todos os municípios. O Acre, com 22 municípios, capacitou 139 gestores. Pernambuco atingiu 184 municípios e 750 gestores. O Ceará atendeu a 120 municípios (60% do total), e formou 240 gestores. Goiás capacitou 551 gestores em 135 municípios (48% do total). Rio Grande do Norte atendeu 108 municípios (65%) e capacitou 274 gestores. Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pará, Rio Grande do Sul, Santa

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Catarina e São Paulo devem concluir as capacitações em 2007.

O Programa conta com uma página na internet, onde podem ser encontradas diversas informações, como os projetos de cada estado envolvido; relatórios e apresentações dos estados e da Coordenação Nacional; e a versão virtual dos cadernos de formação e de apoio metodológico, produzidos para os cursos de capacitação.

3.3 O SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE O MEIO AMBIENTE (SINIMA)

O SINIMA é o instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) responsável pela organização, integração, compartilhamento, acesso e disponibilização da informação ambiental no âmbito do SISNAMA, de acordo com a lógica nacional da gestão ambiental compartilhada.

A adequada disponibilização da informação ambiental, à sociedade e aos formuladores de políticas públicas e tomadores de decisão, está entre os principais desafios para o fortalecimento da gestão ambiental e para a promoção do desenvolvimento sustentável, assim como, por exemplo, é referido no Princípio 10 da Agenda 21: “A participação pública no processo decisório ambiental deve ser promovida e o acesso à informação facilitado”.

Dada a necessidade de compatibilização das diversas temáticas setoriais que compõem a dimensão ambiental, a gestão da informação sobre meio ambiente deve fundamentar-se na articulação institucional para o estabelecimento de parcerias e acordos que viabilizem a integração e a disponibilização das bases de informação já existentes, de acordo com uma visão nacional.

Nesse contexto, em 2003, o MMA iniciou a implementação do SINIMA, a partir de três eixos estruturantes: integração e compartilhamento das bases de informação ambiental; desenvolvimento de soluções tecnológicas de baixo custo; e organização de um sistema nacional de estatísticas e indicadores ambientais.

Como arranjo institucional de apoio a todo este processo de estruturação do SINIMA, foi instituído um Comitê Gestor, a partir da Portaria n° 310/2004, com o objetivo de promover um espaço de discussão e de definição das

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diretrizes, acordos e padrões nacionais para a integração da informação ambiental brasileira. Para isso, o Comitê Gestor do SINIMA é composto por representações dos diversos órgãos ambientais brasileiros e representantes da sociedade civil.

A integração e o compartilhamento das bases de informação ambiental existentes nas instituições brasileiras têm sido promovidos de forma associativa, descentralizada, e respeitando as políticas de gestão da informação dos órgãos parceiros. Até o final de 2006, foram alcançados importantes avanços a partir desta ação, como, por exemplo, o Portal Nacional de Licenciamento Ambiental (PNLA), que agrega informações sobre licenciamento ambiental dos 26 Estados, do Distrito Federal e do IBAMA em uma única visão integrada. Da mesma forma, em relação ao tema recursos hídricos, o MMA e a Agência Nacional de Águas (ANA) têm promovido a integração entre o SINIMA e o Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos (SNIRH), contemplando uma demanda histórica para a compatibilização entre os instrumentos de gestão da Política Nacional de Meio Ambiente e da Política Nacional de Recursos Hídricos, como expresso nas deliberações das Conferências Nacionais de Meio Ambiente de 2003 e de 2005. Outros sistemas de informação do MMA que estão sendo implementados e aperfeiçoados sob esta lógica, são: as Bases Compartilhadas de Dados sobre a Amazônia (BCDAM), a Rede Virtual de Informações da Caatinga (RVC), o Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro e Marinho (SIGERCOM), o Sistema de Informação do São Francisco (SISFRAN), o Sistema Brasileiro de Informação sobre Educação Ambiental (SIBEA), o Sistema de Informação Ambiental do Mercosul (SIAM) e o Portal Nacional de Biodiversidade (PortalBio).

O desenvolvimento de soluções tecnológicas de baixo custo resume o segundo eixo estruturante de implementação do SINIMA, a partir do qual as informações ambientais são acessíveis por meio de interfaces de comunicação (“web services” e ferramentas “web”) baseadas em programas computacionais livres, os quais podem ser incorporados livremente por qualquer instituição parceira independentemente da infra-estrutura existente.

Como ferramenta de acesso à informação georreferenciada, a Coordenação Geral de Tecnologia da

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Informação e Informática – CGTI/MMA desenvolveu o I3 Geo que permite ao usuário acesso às informações hospedadas no MMA, e em todos os demais parceiros do SINIMA, a partir de uma interface de mapas interativos. Por ter sido desenvolvida com base em programas computacionais livres, o MMA licenciou a ferramenta I3Geo como Licença Pública Geral pela Portaria n°186/2006, que está disponível para ser utilizada e incorporada por qualquer instituição interessada, como é o caso do Gabinete de Segurança Institucional – GSI da Presidência da República que passou a utilizá-la, a partir de outubro de 2006, como a base do Sistema Georreferenciado de Monitoramento e Apoio à Decisão da Presidência da República (GEO-PR).

A organização de um sistema nacional de estatísticas e indicadores ambientais está fundamentada na sistematização do processo de produção, coleta e análise de estatísticas para a elaboração de indicadores ambientais e de desenvolvimento sustentável em todo o país. Para isto, o MMA trabalha em parceria com instituições responsáveis pela elaboração de estatísticas e indicadores, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no sentido de incluir a dimensão ambiental nas pesquisas nacionais, e de apoiar a elaboração de produtos relacionados, como o Suplemento de Meio Ambiente da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) do IBGE, publicado em 2005.

Em estreita cooperação técnica entre o MMA, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), estão sendo desenvolvidos o Relatório com os Indicadores de Acompanhamento da Iniciativa Latino Americana e Caribenha para o Desenvolvimento Sustentável (ILAC) e o Processo de Avaliação Ambiental Geo Brasil Série Temática.

O Relatório ILAC contém trinta e oito indicadores agrupados nas áreas de biodiversidade, gestão de recursos hídricos, vulnerabilidade e assentamentos humanos, saúde, desigualdade e pobreza, comércio e padrões de produção e consumo e aspectos institucionais, que permitem uma avaliação do desempenho brasileiro em relação às metas de desenvolvimento sustentável estabelecidas para a América Latina e Caribe. Colaboram com esta iniciativa o

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IBAMA, o IBGE, o Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

Em 2006 foram, também, organizados os relatórios Geo Brasil Florestas e o Geo Brasil Recursos Hídricos, da série Geo Brasil, que serão publicados em 2007. Para isso, o MMA contou com a parceria do IBAMA e da ANA. A avaliação ambiental promovida a partir do Processo Geo Brasil Série Temática está diretamente voltada para a geração de subsídios à tomada de decisão e à elaboração de políticas públicas setoriais.Mais informações podem ser encontradas no sítio do SINIMA.

3.4 PROGRAMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE II

O objetivo do Programa Nacional do Meio Ambiente II (PNMA II) é contribuir para o fortalecimento da infra-estrutura organizacional e de regulamentação do poder público para o exercício da gestão ambiental, estimulando a adoção de práticas produtivas sustentáveis e de gestão integrada no país.

O PNMA II compreende dois componentes – Desenvolvimento Institucional (Subcomponentes Licenciamento Ambiental, Monitoramento da Qualidade da Água e Gerenciamento Costeiro) e Gestão Integrada de Ativos Ambientais. A Fase I do Programa foi encerrada em junho de 2006 e investiu cerca de R$ 44 milhões, apoiando 43 projetos estaduais que envolveram diretamente 17 estados e cerca de 380 municípios brasileiros.

A síntese das ações desenvolvidas pelo PNMA II revela o amplo processo de cooperação interinstitucional que se estabeleceu entre os diferentes órgãos estaduais de meio ambiente, contribuindo para o aprimoramento da gestão ambiental no Brasil com os seguintes resultados alcançados:

a) modernização dos sistemas de licenciamento ambiental em 12 estados, que incluiu o fortalecimento das bases técnicas, com ênfase nas seguintes ações: informatização; qualificação de pessoal; atualização de normas legais e de procedimentos administrativos. Também foi priorizada a articulação da atividade de licenciamento com as de monitoramento e de fiscalização ambiental, resultando em melhoria da qualidade da

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prestação de serviço público que, reforçada em sua eficiência, gera economia de tempo e de recursos para os usuários e para o serviço público;

b) implementação de sistemas de monitoramento da qualidade da água em dez estados, com mecanismos de disseminação de informação para os tomadores de decisão e para o público em geral. Os projetos estaduais, de forma inovadora, estimularam a integração da área de meio ambiente com a de recursos hídricos. Além disso, foi apoiada a organização de bancos de dados e sistemas de informação estaduais sobre a qualidade da água;

c) fortalecimento da atuação de órgãos estaduais e municipais para a gestão da zona costeira em 11 estados litorâneos e o desenvolvimento de sistemas de informação de gerenciamento costeiro, contribuindo para disciplinar a utilização e ocupação das faixas litorâneas.

d) geração de modelos de gestão ambiental sustentável, baseados na integração entre os instrumentos de gestão ambiental, os instrumentos econômicos e os processos produtivos e na participação social, garantindo maior efetividade e sustentabilidade às ações implementadas.

Os projetos estaduais alcançaram resultados significativos, estimulando a adoção de práticas sustentáveis e uma gestão integrada entre os diversos setores cujas ações importam ativos ambientais considerados prioritários.

Na Fase I, as seguintes temáticas foram trabalhadas em dez projetos estaduais: gestão ambiental na suinocultura (RS, SC e PR), e proteção de mananciais de abastecimento por meio, principalmente, da gestão de resíduos sólidos e da promoção da agricultura sustentável (SP, MG, GO, MT, PE e BA).

e) disponibilização de informações referenciais sobre a gestão ambiental no Brasil, integradas ao Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente (SINIMA):

•diagnóstico sobre a gestão ambiental nas Unidades da Federação, disponibilizado em um bancos de dados na Internet, no endereço.•apoio à implementação de um sistema nacional de informação sobre a qualidade da água - Portal de Qualidade de Água - em articulação e

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repassado para a Agência Nacional de Águas (ANA);•apoio à implementação de um Portal sobre o Licenciamento Ambiental – PNLA no País, mediante a estruturação de banco de dados sobre o licenciamento ambiental nas Unidades da Federação;•Sistema Estadual de Informações sobre Resíduos Sólidos (SIRES) - banco de dados que permite a inserção de informações sobre a gestão de resíduos sólidos nos municípios. O SIRES constitui uma importante ferramenta de apoio ao planejamento e à gestão estadual dos resíduos sólidos, uma vez que permite o estabelecimento de prioridades para apoiar municípios e monitorar o manejo dos resíduos em seu território. O SIRES já foi instalado em nove estados (AC, AP, GO, PA, RR, TO, MS, CE, SE).•disponibilização de ferramentas inéditas (modelagem) de apoio ao licenciamento ambiental e à gestão de bacias hidrográficas – Sistema de Apoio à Decisão na Gestão de Bacias Hidrográficas (SAD). O SAD é um modelo matemático que simula o funcionamento e dá suporte à gestão de bacias hidrográficas, permitindo a análise do potencial poluidor de cada empreendimento e sua compatibilidade com a capacidade de suporte da bacia em que se situa.

Em maio de 2006, por intermédio da Recomendação nº 868, da Comissão de Financiamentos Externos – COFIEX, endossada pelo Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, foi autorizada a preparação da Fase II do PNMA II. Ao mesmo tempo, o caráter estratégico assumido pelo PNMA II no Ministério do Meio Ambiente, como instrumento de fortalecimento do SISNAMA, permitiu a sua adoção como um Programa permanente na estrutura organizacional do MMA.

Tendo em vista o prazo requerido para que se conclua todo o processo de negociação para a contratação de um novo Acordo de Empréstimo, os recursos aprovados no orçamento de 2006 e aqueles programados para o orçamento de 2007, deverão custear a preparação da Fase II do Programa e a consolidação de ações iniciadas na Fase I.

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4. ESTABELECENDO BASES PARA UMA GESTÃO AMBIENTAL COMPARTILHADA

A avaliação das ações realizadas buscando o Fortalecimento do SISNAMA como diretriz da Política Ambiental desta gestão revela que gradativamente e de forma sistemática implementa-se uma agenda que estabelece bases para uma gestão ambiental compartilhada. A criação e implementação das CTTEs com a definição de temas prioritários retrata um grande avanço na relação entre os órgãos responsáveis pela gestão ambiental nos três níveis de governo. Também, os resultados alcançados no âmbito das Comissões Técnicas Tripartites, PNMA II, SINIMA, e do PNC são elementos estruturantes para o sistema.

Essa gestão encerrou a Agenda – Ações e Projetos para o Fortalecimento do SISNAMA com o encaminhamento, ao Congresso Nacional, do Projeto de Lei Complementar para regulamentação do parágrafo único do artigo 23 da Constituição Federal, no que se refere à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora. Esta proposta de regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal foi uma das medidas anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o período 2007-2010.

Desta forma avança-se na consolidação da Política Nacional de Meio Ambiente por meio de uma clara estratégia de Fortalecimento do SISNAMA na qual a definição de papéis, a capacitação dos gestores, a produção e divulgação da informação ambiental, proporcionem a efetivação de um modelo eficaz de gestão ambiental compartilhada.

5. ALTERNATIVAS DE CONTINUIDADE DAS AÇÕES E PROJETOS DE “FORTALECIMENTO DO SISNAMA”

As ações de Fortalecimento do SISNAMA não podem ser resumidas a uma única gestão. São ações contínuas, de longo prazo. Desta forma, há um planejamento para os próximos anos, para que de forma responsável a gestão compartilhada seja aceita e implementada em todo o país.

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Nesse contexto, apresenta-se a seguir a proposta de planejamento de continuidade de implementação das ações supra mencionadas.

5.1 COMISSÃO TRIPARTITE NACIONAL E ESTADUAIS

O Departamento de Articulação Institucional identificou a necessidade de rearticulação das Comissões Tripartirtes Nacional e Estaduais, considerando as mudanças de seus representantes, bem como uma pactuação em torno da dinâmica de seu funcionamento. Também, foi identificada a necessidade de entrosamento entre as CTTEs e a discussão da agenda para a gestão ambiental compartilhada. Para tanto, propõe-se a realização do II Seminário Nacional da Comissão Tripartite Nacional e das Comissões Técnicas Tripartites Estaduais no segundo semestre de 2007.

Considerando a receptividade que os programas e projetos voltados para o fortalecimento do SISNAMA tiveram no âmbito dos estados e municípios, sugere-se a seguinte agenda para as CTTEs:

Continuidade do Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais com: (i) a avaliação do processo nos estados que já realizaram as atividades propostas pelo programa; (ii) a identificação de prioridades, visando a participação dos municípios no compartilhamento da gestão ambiental; (iii) desenvolvimento do programa nos estados da Federação que não participaram da primeira fase.

Desdobramento da Resolução 237/97 do CONAMA – as discussões sobre tipificação deverão ser retomadas em 2007 e ser pautadas, prioritariamente, nos estados que discutem o PNC. As experiências de discussão de tipificação já concluídas deverão ser apresentadas como referência aos demais estados.

Consórcios Municipais de Gestão Ambiental – essa discussão, no âmbito das CTTEs, se faz necessária por ser uma alternativa para grupos de municípios que terão dificuldade em montar estruturas de gestão ambiental. Ressalta-se o fato de aproximadamente 80% dos municípios

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brasileiros possuírem população inferior a 20 mil habitantes.

Financiamento do SISNAMA – A discussão da política de financiamento da gestão ambiental deve encontrar soluções duradouras e permanentes para todos os entes federados. Em 2007 deve-se iniciar uma discussão sobre Estratégias de Financiamento do SISNAMA. Propõe-se iniciar uma construção pelos seguintes instrumentos do financiamento:•Cadastro Técnico Federal que possibilitará a cobrança da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental a ser compartilhada entre a União, Estados e Municípios.•Rede de Fundos Socioambientais;•ICMS ecológico;•Taxas de Licenciamento Ambiental;•Compensação Ambiental.

Articulação com o projeto de Revitalização do São Francisco – Nos estados que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco será estimulada a discussão, conduzida pelo MMA, sobre o programa e as estratégias de Fortalecimento do SISNAMA.

Formatação do PNMA II – Fase 2 – A discussão do PNMA II – Fase 2 pela Comissão Tripartite Nacional e CTTEs, é determinante para a Gestão Ambiental Compartilhada. As ações da fase 2 do programa estarão voltadas para o aprimoramento do licenciamento ambiental estadual e municipal; implantação de sistemas estaduais e municipais de informações sobre o meio ambiente; e desenvolvimento de ações estratégicas para o meio ambiente. O envolvimento das CTTEs poderá ser iniciado ainda na avaliação do PNMA II – Fase 1 que será realizada no primeiro semestre de 2007.

Articulação da Gestão Florestal – A adiantada estruturação dos Sistemas de Licenciamento Ambiental nos estados poderá ser um elemento de aceleração da implementação de uma estratégia articulada de Gestão Florestal com o licenciamento ambiental.

Realização da Conferência Nacional do Meio Ambiente – A 3a Conferência Nacional de Meio

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Ambiente deverá propor um processo de realização de Conferências em todos os Municípios brasileiros e também de Conferências Estaduais em todos os estados e no Distrito Federal. O principal objetivo da Conferência é a definição de diretrizes para a Política Nacional do Meio Ambiente por meio de um processo de discussão com os mais variados segmentos da sociedade. Como a Política Nacional do Meio Ambiente pressupõe o desenvolvimento de ações pelos três níveis da Federação, é fundamental o compartilhamento de sua organização com os municípios e os estados. Assim, o espaço institucional de construção dessas parcerias são as CTTEs que terão a oportunidade de propor à sociedade as estratégias para a realização dessas Conferências.

5.2 PROGRAMA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO DE GESTORES AMBIENTAIS

Para possibilitar a continuidade do PNC como instrumento de fortalecimento do SISNAMA, tem-se buscado criar mecanismos de apoio ao Programa, como a articulação com ações no PNMA II – fase II, voltadas especificamente a este fim.

Em sua próxima etapa (2007), os convênios do PNC deverão aprofundar temas distintos na capacitação, e estabelecer um diálogo transversal com outros programas e políticas públicas. Estão propostas ações conjuntas com a Rede de Fundos Socioambientais do FNMA e de Agendas 21 Locais da Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável (SDS), implicando em maior efetividade e economia de recursos humanos e financeiros. Da mesma forma deverá ser enfatizada uma maior participação do Programa Nacional de Educação Ambiental (Pronea), formulado pela Diretoria de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA), pelo Ministério da Educação, e pela Coordenação Geral de Educação Ambiental do IBAMA.

Finalmente, será incentivada a articulação com programas e projetos compartilhados com outros ministérios, como o Projeto Orla, relacionado ao ordenamento do uso e ocupação de bordas litorâneas; com projetos estaduais de descentralização do SISNAMA como a Gestão Ambiental Municipal (GAM) da Bahia, e o Sistema Integrado de Gestão Ambiental (Siga) do Rio Grande do Sul; e com as

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instâncias municipais organizadas como os consórcios intermunicipais, e as federações e associações municipais como APRECE do Ceará, APREMERJ do Rio de Janeiro e APM de São Paulo. Além disso, a consolidação e o estreitamento das relações com as secretarias estaduais de meio ambiente e suas vinculadas continuarão a ser uma prioridade, mantendo o foco na construção planejada, integrada e sustentável do SISNAMA.

5.3 SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO SOBRE O MEIO AMBIENTE (SINIMA)

Em 2007, o eixo estruturante integração e compartilhamento das bases de informação ambiental priorizará a promoção de condições para o fortalecimento e a integração das estruturas estaduais de informação ambiental, de modo a se obter uma visão integrada sobre a gestão ambiental estadual, ação que ocorrerá em parceria com a execução da segunda fase do PNMA II.

Em relação à Série Geo Brasil, caberá o desenvolvimento e o lançamento dos temas Zona Costeira e Marinha; Assentamentos Humanos; Biodiversidade; e Desenvolvimento Sustentável, sendo este último uma análise compilada de toda a série Geo Brasil. A partir destas experiências, o ano de 2007 será o momento de consolidação do terceiro eixo de implementação do SINIMA em função do desenvolvimento do Conjunto Nacional de Indicadores Ambientais e de Desenvolvimento Sustentável, em parceria com representações estaduais e municipais, o que possibilitará a construção de um sistema nacional de indicadores ambientais, que aportará os subsídios essenciais para a elaboração sistemática e continuada do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente (RQMA).

Por fim, emerge o estabelecimento de uma nova Cooperação Técnica em 2007 entre MMA, PNUMA e UNESCO, que objetivará o fortalecimento do processo de sistematização da informação e de um sistema nacional de indicadores ambientais.

5.4 PROGRAMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE II (PNMA II)

Em maio de 2006 foi autorizada pela Comissão de Financiamentos Externos do Ministério do Planejamento,

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Orçamento e Gestão, a preparação da Fase II do PNMA II. Para isso o Programa contará com 63,2 milhões de dólares, com ênfase no Desenvolvimento Institucional – subcomponentes Gestão Ambiental Compartilhada: Sistemas de Licenciamento Estaduais e Municipais; Informação Ambiental e Sustentabilidade da Gestão Ambiental e na Gestão Integrada de Ativos Ambientais.

Os recursos aprovados – (orçamento 2006 e 2007) serão utilizados para a preparação da Fase II do Programa e consolidação de ações iniciadas na Fase I, tais como o aprimoramento dos sistemas de licenciamento ambiental nos 15 estados que não participaram do Programa, a implementação de sistemas estaduais de informações sobre meio ambiente e a implementação de projetos-piloto voltados para identificar estratégias de sustentabilidade à gestão ambiental estadual e municipal. Também serão desenvolvidas ações para elaboração do Planejamento Ambiental nos estados, que forma a inserir novos subsídios que possam auxiliar a tomada de decisão e a formulação de políticas na área ambiental.

Para mais informações sobre as ações de Fortalecimento do SISNAMA, acesse o sítio do MMA .