advocacia pública dos entes federados: ad intra et ad...

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Advocacia Pública dos entes federados: ad intra et ad extra INFORMATIVO SETEMBRO/2011 ANO 1 - Nº 1 Organização: Apoio: A Roda e a Advocacia Pública Estadual Podemos imaginar como o ser humano inventou a roda. Supomos que ele tenha adotado a política de inclusão. Vale dizer: ele aproveitou todas as partes que tinha à disposição, de certa forma, desconjuntadas e integrou-as na roda. Se tivesse adotado a política da exclusão ele poderia ter inventado o eixo, ou o aro, ou até o bambolê, mas não teria inventado a roda que tanto benefício lhe trouxe. Portanto, ele não desprezou o que já existia, mas utilizou-o da melhor maneira para fazer algo novo e eficiente, útil a ele e à sociedade. Podemos estabelecer um paralelo com a advocacia pública. A advocacia pública prenunciou-se com a Constituição de 1988. Mas ela veio expressar-se dez anos após pela Emenda 19/98 que alterou o Capitulo IV - Das Funções Essenciais da Justiça e estabeleceu, na sua Seção 2, com todas as letras, a “Advocacia Pública”. A vontade do legislador nesse desiderato aponta ao seguinte: a AGU afigura-se como paradigma da “advocacia pública”, vez que abrange a AGU propriamente dita e seus órgãos vinculados - as procuradorias autárquicas e fundacionais e as consultorias - numa só instituição. Foi um aperfeiçoamento e uma direção - um marco fundamental. E o que fez a AGU a partir desse marco constitucional ? O exemplo da AGU é aí de transcendental importância. Implementou, em consonância com a Constituição, a política de integração e de inclusão. Integrou e incluiu todos os procuradores da administração direta e indireta (autarquias, fundações e agências) na Advocacia Geral da União. Assumiu em concreto a advocacia preventiva ou corretiva, se assim podemos dizer, de modo a evitar a demanda judiciária inconseqüente e juridicamente desnecessária. O resultado aí está: “Em três meses, maio, junho e julho, a Advocacia-Geral da União fez mais de 18 mil acordos, que geraram economia de aproximadamente R$ 50,8 milhões aos cofres públicos. Tudo por meio das 95 unidades da Procuradoria-Geral Federal (PGF) em todo país. O objetivo, segundo a AGU, foi desafogar o Judiciário, reduzir o número de ações acompanhadas pelos advogados públicos e agilizar a resolução dos casos. A atuação foi das Procuradorias Regionais Federais nas cinco regiões da Justiça e das procuradorias federais e seccionais, que defendem as autarquias e fundações públicas.” (Revista Consultor Jurídico, 2/09/2011) É de se perguntar por que nos Estados não se implementa semelhante política de modo a atingir resultados similares ? Os últimos relatórios do Judiciário demonstram que o Executivo é o principal causador de demandas. Impende coibir essa exorbitância, esse furor litigandi, que não raro representa a linha do menor esforço e, à vista do exemplo da AGU, retrata ineficiência do serviço jurídico. Será porque em alguns Estados se adota política de desagregação e de exclusão nos serviços jurídicos estatais, deixando veladamente à margem as procuradorias autárquicas, fundacionais e das agências, como se fossem advocacias públicas de segunda classe ? A utilização de advogados comissionados nos serviços jurídicos do Estado, em especial nas entidades da administração indireta, já se tornou patologia administrativa combatida nos tribunais do país. O Estado – União, Estados, Municípios e Distrito Federal - na essência, é um só. A advocacia pública ou de Estado deve a- branger todos os entes da administração direta e indireta sob um único comando, com isonomia de prerrogativas, dignidade profissional e remuneratória e independência técnica. Esse é o ditame preconizado pelo Provimento 114 do Conselho Federal da OAB que regula a Advocacia Pública consoante os preceitos da Constituição e do Estatuto da Advocacia. Impende torná-lo realidade prática. Só cabe enaltecer o exemplo da AGU e almejar que abra as mentes de outras esferas públicas, para aperfeiçoarem o sistema jurídico em todos os âmbitos dos poderes públicos. Minas Gerais deu o primeiro passo no sentido de que isso é possível e legalmente correto no âmbito estadual, criando, em 2004, a Advocacia Geral do Estado e instituindo as carreiras do Grupo de Atividades Jurídicas do Poder Executivo - procurador do Estado e advogado autárquico. Sergipe deu um passo adiante estabe- lecendo, em 2006, a isonomia remuneratória entre os Procuradores do Estado e os Procuradores Autárquicos e Fundacionais. Nisso adiantou-se ao Supremo Tribunal Federal que recentemente reconheceu: “A referência ao termo “Procuradores”, na parte final do inciso IX do art. 37 da Constituição, deve ser interpretada de forma a alcançar os Procuradores Autárquicos, uma vez que estes se inserem no conceito de Advocacia Pública trazido pela Carta de 1988.” (RE 558258 / SP – Rel. Min Ricardo Lewandowski – 1ª T., unân.) E a roda onde entra nisso ? Entra em que o Estado não nasceu ontem, mas vem de longe e ninguém constrói nada desprezando o passado. O legislador constituinte não fez tabula rasa do passado, ao contrário, teve a sabedoria de estar atento à realidade histórica e estabelecer, a seu tempo, o modelo a ser seguido simetricamente em todas as unidades federadas – a AGU. A Roda da Advocacia Pública já foi inventada. Vamos com ela percorrer o bom caminho em prol da construção de uma advocacia pública que atenda os desígnios da cidadania e do interesse público. 4 INFORMATIVO ANO 1 - Nº 1 SETEMBRO/2011 Advocacia Pública: pilar estrutural para a tomada de decisão governamental em breves considerações - Pág. 3 A Roda e a Advocacia Pública Estadual - Pág. 4 Artigos ‘‘ Queremos trazer aos advogados autárquicos de Minas Gerais nossa mensagem de congraçamento e incentivo. A iniciativa da publicação de um informativo vem indubitavelmente contribuir para divulgação do propósito de construção de uma advocacia pública estadual que retrate os ditames constitucionais, em busca, não de privilégios, mas de prerrogativas e dignidade profissional e remuneratória para cumprimento dos desígnios desse nosso múnus público. ‘‘ Mensagem do presidente da ABRAP - Pág. 3 A Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves foi projetada por Oscar Niemeyer. www. pt.wikipedia.org | www.cidadeadministrativa.mg.gov.br http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/deed.pt | ADVAMINAS e ABRAP unidas pela valorização da carreira da Advocacia Autárquica e Fundacional estadual Marcos Vitorio Stamm - Presidente da ABRAP Vale dizer que as carreiras de Advogado Autárquico e Procurador de Estado são advocatícias, os ocupantes dos cargos de ambas as carreiras foram investidos após aprovação em concurso público, todos têm a mesma carga horária e estão lotados no mesmo órgão administrativo (Advocacia-Geral do Estado). Editorial - Pág. 2

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Advocacia Pública dos entes federados: ad intra et ad extra

INFORMATIVO

SETEMBRO/2011ANO 1 - Nº 1

Organização: Apoio:

A Roda e a Advocacia Pública Estadual

Podemos imaginar como o ser humano inventou a roda. Supomos que ele tenha adotado a política de inclusão.

Vale dizer: ele aproveitou todas as partes que tinha à disposição, de certa forma, desconjuntadas e integrou-as na roda. Se tivesse adotado a política da exclusão ele poderia ter inventado o eixo, ou o aro, ou até o bambolê, mas não teria inventado a roda que tanto benefício lhe trouxe. Portanto, ele não desprezou o que já existia, mas utilizou-o da melhor maneira para fazer algo novo e eficiente, útil a ele e à sociedade.

Podemos estabelecer um paralelo com a advocacia pública. A advocacia pública prenunciou-se com a Constituição de 1988. Mas ela veio expressar-se dez anos após pela Emenda 19/98 que alterou o Capitulo IV - Das Funções Essenciais da Justiça e estabeleceu, na sua Seção 2, com todas as letras, a “Advocacia Pública”.

A vontade do legislador nesse desiderato aponta ao seguinte: a AGU afigura-se como paradigma da “advocacia pública”, vez que abrange a AGU propriamente dita e seus órgãos vinculados - as procuradorias autárquicas e fundacionais e as consultorias - numa só instituição.

Foi um aperfeiçoamento e uma direção - um marco fundamental. E o que fez a AGU a partir desse marco constitucional ? O exemplo da AGU é aí de transcendental importância. Implementou, em consonância com a Constituição, a política de integração e de inclusão. Integrou e incluiu todos os procuradores da administração direta e indireta (autarquias, fundações e agências) na Advocacia Geral da União. Assumiu em concreto a advocacia preventiva ou corretiva, se assim podemos dizer, de modo a evitar a demanda judiciária inconseqüente e juridicamente desnecessária.

O resultado aí está: “Em três meses, maio, junho e julho, a Advocacia-Geral da União fez mais de 18 mil acordos, que geraram economia de aproximadamente R$ 50,8 milhões aos cofres públicos. Tudo por meio das 95 unidades da Procuradoria-Geral Federal (PGF) em todo país.

O objetivo, segundo a AGU, foi desafogar o Judiciário, reduzir o número de ações acompanhadas pelos advogados públicos e agilizar a resolução dos casos. A atuação foi das Procuradorias Regionais Federais nas cinco regiões da Justiça e das procuradorias federais e seccionais, que defendem as autarquias e fundações públicas.” (Revista Consultor Jurídico, 2/09/2011)

É de se perguntar por que nos Estados não se implementa semelhante política de modo a atingir resultados similares ? Os últimos relatórios do Judiciário demonstram que o Executivo é o principal causador de d e m a n d a s . I m p e n d e c o i b i r e s s a exorbitância, esse furor litigandi, que não raro representa a linha do menor esforço e, à vista do exemplo da AGU, retrata ineficiência do serviço jurídico.

Será porque em alguns Estados se adota política de desagregação e de exclusão nos serviços jurídicos estatais, deixando veladamente à margem as procuradorias autárquicas, fundacionais e das agências, como se fossem advocacias públicas de segunda classe ? A utilização de advogados comissionados nos serviços jurídicos do Estado, em especial nas entidades da administração indireta, já se tornou patologia administrativa combatida nos tribunais do país. O Estado – União, Estados, Municípios e Distrito Federal - na essência, é um só.

A advocacia pública ou de Estado deve a-branger todos os entes da administração direta e indireta sob um único comando, com isonomia de prerrogativas, dignidade profissional e remuneratória e independência técnica. Esse é o ditame preconizado pelo Provimento 114 do Conselho Federal da OAB que regula a Advocacia Pública consoante os preceitos da Constituição e do Estatuto da Advocacia. Impende torná-lo realidade prática.

Só cabe enaltecer o exemplo da AGU e almejar que abra as mentes de outras esferas públicas, para aperfeiçoarem o sistema jurídico em todos os âmbitos dos poderes públicos.

Minas Gerais deu o primeiro passo no sentido de que isso é possível e legalmente correto no âmbito estadual, criando, em 2004, a Advocacia Geral do Estado e instituindo as carreiras do Grupo de Atividades Jurídicas do Poder Executivo - procurador do Estado e advogado autárquico.

Sergipe deu um passo adiante estabe-lecendo, em 2006, a isonomia remuneratória entre os Procuradores do Estado e os Procuradores Autárquicos e Fundacionais. Nisso adiantou-se ao Supremo Tribunal Federal que recentemente reconheceu: “A referência ao termo “Procuradores”, na parte final do inciso IX do art. 37 da Constituição, deve ser interpretada de forma a alcançar os Procuradores Autárquicos, uma vez que estes se inserem no conceito de Advocacia Pública trazido pela Carta de 1988.” (RE 558258 / SP – Rel. Min Ricardo Lewandowski – 1ª T., unân.)

E a roda onde entra nisso ? Entra em que o Estado não nasceu ontem, mas vem de longe e ninguém constrói nada desprezando o passado. O legislador constituinte não fez tabula rasa do passado, ao contrário, teve a sabedoria de estar atento à realidade histórica e estabelecer, a seu tempo, o modelo a ser seguido simetricamente em todas as unidades federadas – a AGU.

A Roda da Advocacia Pública já foi inventada. Vamos com ela percorrer o bom caminho em prol da construção de uma advocacia pública que atenda os desígnios da cidadania e do interesse público.

4INFORMATIVOANO 1 - Nº 1SETEMBRO/2011

Advocacia Pública: pilar estrutural para a tomada de decisão governamental em breves considerações - Pág. 3

A Roda e a Advocacia Pública Estadual - Pág. 4

Artigos

‘‘ Queremos trazer aos advogados autárquicos de Minas Gerais nossa mensagem de congraçamento e incentivo. A iniciativa da publicação de um informativo vem indubitavelmente contribuir para divulgação do propósito de construção de uma advocacia pública estadual que retrate os ditames constitucionais, em busca, não de privilégios, mas de prerrogativas e dignidade profissional e remuneratória para cumprimento dos desígnios desse nosso múnus público. ‘‘

Mensagem do presidente da ABRAP - Pág. 3

A Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves foi projetada por Oscar Niemeyer.

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ADVAMINAS e ABRAP unidas pela valorização da carreira da Advocacia Autárquica e Fundacional estadual

Marcos Vitorio Stamm - Presidente da ABRAP

Vale dizer que as carreiras de Advogado Autárquico e Procurador de Estado são

advocatícias, os ocupantes dos cargos de ambas as carreiras foram investidos após aprovação em concurso público, todos têm a mesma carga horária e estão lotados no mesmo órgão administrativo (Advocacia-Geral do Estado).

Editorial - Pág. 2

Com muito orgulho, assumi a Presidência da Associação dos Advogados Autárquicos do Estado de Minas Gerais – ADVAMINAS para o biênio 2010 e 2011. E sempre me pautei, assim como os demais associados, pelo espírito de luta e união, consciente da relevância e da grandeza desta associação e compromissado com o resgate da dignidade da advocacia pública autárquica e fundacional do Estado de Minas Gerais.

Pois bem, a ADVAMINAS foi constituída, no dia 02 de dezembro de 2005, com o objetivo de representar a categoria dos Advogados Autárquicos em juízo ou fora dele e de lutar, permanentemente, pela valorização institucional e remuneratória da carreira da Advocacia Autárquica e Fundacional estadual, prevista no Artigo 132, do Título IV, Capítulo IV, Seção II, da Constituição da República de 1988, bem como nos Artigos 1º, 32 e 33 da Lei Complementar Estadual nº 81, de 10 de agosto de 2.004.

O cargo de Advogado Autárquico, por integrar carreira jurídica típica de Estado, está abrangido, pois, pela Seção II, do Capítulo IV, do Título IV, artigos 131 e seguintes da Constituição da República de 1988.

Com a edição da Lei Complementar Estadual nº 81/2004, o Poder Executivo mineiro transformou as carreiras jurídicas existentes até então no Estado de Minas Gerais e criou o Grupo de Atividades Jurídicas, composto por duas carreiras efetivas, Procurador do Estado e Advogado Autárquico, ambas com lotação na Advocacia-Geral do Estado.

No que toca à carreira de Advogado Autárquico, a Lei Complementar Estadual nº 81/2004 estabeleceu as atribuições do cargo, destacando-o à representação judicial e extrajudicial de todas as Autarquias e Fundações Públicas no âmbito do Estado de Minas Gerais.

Essencialmente, pode-se verificar que, entre as carreiras jurídicas pertencentes à Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais – e, por extensão, entre todas as atividades dos advogados públicos efetivos –, ressai o ponto de singularidade que as une de modo substancial, qual seja a identidade do ofício. Vale dizer que as carreiras de Advogado Autárquico e Procurador de Estado são advocatícias, os ocupantes dos cargos de ambas as carreiras foram investidos após aprovação em concurso público, todos têm a mesma carga horária e estão lotados no mesmo órgão administrativo (Advocacia-Geral do Estado).

Como corolário dessa realidade, é necessário que se garanta a eficácia pragmática do princípio constitucional da igualdade entre as carreiras jurídicas no Estado de Minas Gerais, haja vista que os entes autárquicos e fundacionais públicos não devem ser dispensados da representação judicial e do assessoramento jurídico por advogados

2INFORMATIVOANO 1 - Nº 1SETEMBRO/2011

ExpedientePresidente:Antônio Eustáquio Vieira

Vice-presidente: Wagner Lima Nascimento Silva

Secretária: Valéria Magalhães Nogueira

Diretora Técnico-jurídico: Eneida Criscoulo Gabriel Bueno Silva

Diretor Financeiro: Cláudio José Resende Fonseca

Diretora Social: Maria Beatriz Penna Misk

Informativo ADVAMINAS

Tiragem: 900 unidades

Impressão:Grafar Serviços Gráficos

Editoração e arte :DW Comunicação e Marketing

públicos de carreira, pertencentes a uma advocacia pública estadual coesa, na qual seus integrantes encontrem as mesmas condições de trabalho e de desenvolvimento profissional.

É imprescindível a união de todos os Advogados Autárquicos nessa luta permanente, para que se logre resgatar, introjetar e estabilizar a percepção da intrínseca dignidade da advocacia pública estadual autárquica e fundacional, de molde a obter a valorização da carreira e dos profissionais, tanto na questão remuneratória, quanto na da

independência funcional e dos recursos disponíveis para bem prestar o labor diário.

O fortalecimento da Advocacia-Geral do Estado também passa pela valorização de seus integrantes, que precisam ser remunerados de forma condigna, diante da relevância e da responsabilidade das carreiras jurídicas.

Atualmente, a carreira da advocacia pública estadual autárquica e fundacional conta com apenas vinte e oito Advogados Autárquicos, em exercício na administração indireta do Estado de Minas Gerais.

Os nossos desafios são muitos. Há tempo de plantar, e tempo de colher. Tenho a certeza de que a semente lançada nessa boa terra que é a Advocacia-Geral do Estado frutificará, vez que o nosso pleito é justo, legal e constitucional.

A Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais, como o próprio Direito, é uma instituição que se encontra sempre em construção e, na qualidade de integrantes dessa Casa, os Advogados Autárquicos são autoridades às quais toca o dever de fazer com que o órgão acuda os interesses sociais com crescente eficiência administrativa.

Assim, na desafiante e gloriosa tarefa da construção coletiva, os atuais advogados públicos têm, em suas vidas singulares, desde os pilares da administração mineira, a oportunidade histórica de intervir para que, no Estado de Minas Gerais, tenha lugar o primado da moralidade, da legalidade, do respeito ao trabalho e da promoção da Dignidade e do Mérito.

Desembargador Brandão Teixeira, Antônio Eustáquio Vieira, presidente da ADVAMINAS, Gustavo Chaves Carreira Machado, ex-presidenteda APEMINAS, Cláudio José Resende Fonseca, Diretor da ADVAMINAS e Desembargador Caetano Levi

Presidente da ADVAMINAS e associados entregam placa de agradecimento ao Deputado Estadual Neider Moreira

AntônioEustáquio Vieira

Como corolário dessa realida-de, é necessário que se garan-ta a eficácia pragmática do

princípio constitucional da igualdade entre as carreiras jurídicas no Estado de Minas Gerais, haja vista que os entes autárquicos e fundacionais pú-blicos não devem ser dispensados da representação judicial e do assessora-mento jurídico por advogados públi-cos de carreira, pertencentes a uma advocacia pública estadual coesa, na qual seus integrantes encon-trem as mesmas condições de trabalho e de desenvolvi-mento profissional.

Diretor Regional da ABRAP - Associação Brasileira de Advogados Públicos

PAINEL DA

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rial

As linhas que seguem são lavradas com a finalidade de manifestar, mais do que sucintamente, algumas questões de futuro com respeito ao exercício das atribuições derivadas dos cargos efetivos da advocacia pública.

As advocacias públicas dos entes federados guardam em si a função de assessorar o Estado desde a sua representação judicial ou extrajudicial até a própria formação do ato de Governo.

Nas atividades relacionadas ao Governo, emerge, com clareza, a importância, crescente, das advo-cacias investirem na formação de pessoal para acompanhar as questões relacionadas às modelagens jurídico-institucionais, as quais assumem, no Estado contemporâneo, importância estratégica para as tomadas de decisão de médio e longo prazo, tendo em vista que são determinantes para acomodar ou incomodar a participação do capital privado no implemento dos projetos de infraestrutura pública.

3INFORMATIVOANO 1 - Nº 1SETEMBRO/2011

Advocacia Pública: pilar estrutural para a tomadade decisão governamental em breves considerações

Desde já adiantamos nosso convite à participação de toda a classe. Comunicamos, igualmente, que já estamos participando da PEC 443, que trata de novo regramento constitucional ao subsídio, vez que, por gestões da ABRAP, foi apresentada, semana passada, na Câmara dos Deputados, uma Emenda Substitutiva à referida PEC 443, visando contemplar, ao lado das demais carreiras da advocacia pública, também os procuradores autárquicos e fundacionais e os advogados públicos que atuam nos órgãos da administração direta dos Estados.

Trata-se de um passo incial importante a ensejar a união e participação de todos para novos desafios objetivando a consecução de objetivos. Por fim, queremos conclamá-los para que juntos, com a ABRAP e as associações estaduais a que estamos coligados, participemos de modo efetivo nesta justa causa em prol de uma advocacia pública integrada que sirva ao Estado de Direito e à sociedade.

Cordialmente,

Mensagem do Presidente da ABRAP

As advocacias públicas dos entes federados guardam em si a função de assesso-

rar o Estado desde a sua represen-tação judicial ou extrajudi-cial até a própria formação do ato de Governo.

Queremos trazer aos advo-gados autárquicos de Minas Gerais nossa mensagem de congraçamento e incentivo.

A iniciativa da publicação de um informativo vem indubitavelmente contribuir para divulgação do propósito de construção de uma advocacia pública estadual que retrate os ditames constitucionais, em busca, não de privilégios, mas de prerrogativas e dignidade profissional e remuneratória para cumprimento dos desígnios desse nosso múnus público.

A este propósito, a ABRAP tem a satisfação de dar ciência aos advogados públicos mineiros que, no próximo dia 27 de outubro do corrente ano, realizará em Brasília – DF, o Seminário “A Advocacia Pública nos Estados”, que contará com a participação de proeminentes autoridades parlamentares, da advocacia pública e do Direito nacional, onde pretendemos buscar um debate franco e aberto a respeito da advocacia pública estadual, notadamente ao que diz respeito aos interesses dos procuradores e advogados que atuam nas autarquias e fundações públicas e nos órgãos (secretarias de Estado) do Poder Executivo estadual.

A estruturação das ações estatais de projetos para a provisão de serviços e de infraestrutura pública deve contar, direta e perenemente, com a partici-pação construtiva das advocacias públicas institu-cionalizadas, como objetivo de conceber o arca-bouço institucional com os estudos e experiências dos servidores do ente federado, de molde a se lo-grar quadro burocrático estável de crescente com-petência, detentor da memória dos trabalhos reali-zados, podendo, assim, disseminar o conheci-mento adquirido no interior do Estado brasileiro.

A construção de um ambiente jurídico estável, seguro e claro é ponto determinante para que fundos de capital de longo prazo tenham nas ativi-dades de expansão da infraestrutura brasileira destino de preferência para a alocação de recursos, guiados os projetos segundo o interesse público ex-presso nos programas governamentais de desen-volvimento com metas de médio e longo prazo.

São diversas as realidades nas quais a advocacia pública pode exercer influência para a consolidação das instituições públicas e contribuir para que as metas institucionais ganhem autonomia com respeito aos sucessivos governos eleitos.

A questão indígena imbricada no contexto de desenvolvimento dos entes federados, os limites e possibilidades de aplicação dos recursos derivados dos fundos de previdência dos Estados e

Municípios, os meios alternativos de solução das controvérsias jurídicas instauradas na execução dos contratos administrativos, a eficiência de atuação preventiva ou reativa para a recuperação de capital público desviado, o acompanhamento da execução orçamentária da seguridade social ao lado dos entes de fiscalização, o acompanhamento jurídico direto da gestão das empresas estatais que, hodiernamente, assumem papel relevante no desenvolvimento econômico e na produção científica no âmbito dos entes públicos; todas essas diferentes realidades demandam que se pense a organização das advocacias públicas, bem como demandam investimento da instituição no desen-volvimento intelectual de seus servidores.

Todas essas questões têm em comum a necessidade de compreensão da complexidade contemporânea e trazem ínsitas as demandas profissional de procurar a interação máxima entre as diversas disciplinas, respeitando suas indivi-

dualidades, e buscando um saber comum passível de ser aplicado por meio do Direito que, felizmente ou infelizmente, tem o compromisso social com a pragmática, o compromisso com a decisão.

Logo se vê, pois, que a formação para que as advocacias públicas respondam com eficiência as necessidades contemporâneas transdisciplinares, no interior da administração, não se alcança em um repente, tampouco é passível de ser gerada pela atuação isolada de um ou outro servidor vocacionado. Há que se ter um arranjo administra-tivo que propicie esses desdobramentos.

Considerando a finalidade suave do informativo e os limites físicos do espaço, ressai que essas palavras apenas servem para suscitar o pensamento para a indagação acerca de como a advocacia pública pode se modernizar para ser, cada vez mais, pilar sobre o qual se escoram os procedimentos estáveis de tomada de decisão dos sucessivos Governos.

Marcos Vitorio StammPresidente da ABRAPAssociação Brasileira de Advogados Públicos

Presidente da ADVAMINAS