relatório de fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com...

13
1 RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO RF-LTT-01/2010-SFE I - OBJETIVOS Verificar o desempenho da concessionária LT Triângulo S/A - LTT em face do blecaute do dia 10 de novembro de 2009, com início às 22h13min, que acarretou o desligamento de parte do Sistema Interligado Nacional SIN, afetando dezoito estados brasileiros. Processo ANEEL n° 48500.001185/2010-45. II - METODOLOGIA E ABRANGÊNCIA Análise da documentação e inspeção no Centro de Operação do Sistema da LTT. Reunião e entrevistas com técnicos da LTT. Análise do Relatório de Análise de Perturbação RAP ONS-RE-3-252/2009. Análise de informações complementares encaminhadas pela LTT e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico ONS, em atendimento à solicitação da fiscalização da ANEEL/SFE. III - INFORMAÇÕES DA FISCALIZAÇÃO A fiscalização foi realizada no período de 02/02/2010 a 03/02/2010 pela seguinte equipe técnica da ANEEL/SFE: - EDUARDO MARTINS DA SILVA SFE/ANEEL Coordenador - THOMPSON SOBREIRA ROLIM JÚNIOR SFE/ANEEL IV - INFORMAÇÕES DO AGENTE Empresa: LT Triângulo S/A - LTT Endereço: Av. Marechal Câmara, 160 Sala 1534, Centro, Rio de Janeiro /RJ, CEP: 20.020-80 Telefone: (21) 2223 7344 V CONSTATAÇÕES 1. C.1 - ASPECTOS TÉCNICOS OPERACIONAIS 1.1 BLECAUTE DO DIA 10 DE NOVEMBRO DE 2009 OCORRIDO ÀS 22h13min O blecaute do dia 10 de novembro de 2009, ocorrido às 22h13min, teve sua origem no desligamento dos circuitos 1, 2 e 3 da linha de transmissão 765 kV Itaberá - Ivaiporã provocando rejeição de 5.564 MW de geração da UHE Itaipu 60 Hz, bem como a abertura dos circuitos remanescentes que compõem a interligação Sul- Sudeste, em 525 kV, 500 kV, 230 kV e 138 kV, interrompendo, adicionalmente, um fluxo de 2.950 MW, no sentido do Sul para o Sudeste e o desligamento dos dois bipólos do Sistema HVDC que, no momento, estavam transmitindo 5.329 MW. Em função destes desligamentos e das condições de operação do sistema ocorreram outros desligamentos que acarretaram uma interrupção total de 24.436 MW (40%) de cargas do SIN, distribuída

Upload: dodat

Post on 07-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

1

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO

RF-LTT-01/2010-SFE

I - OBJETIVOS

Verificar o desempenho da concessionária LT Triângulo S/A - LTT em face do blecaute do dia 10 de novembro de 2009, com início às 22h13min, que acarretou o desligamento de parte do Sistema Interligado Nacional – SIN, afetando dezoito estados brasileiros.

Processo ANEEL n° 48500.001185/2010-45.

II - METODOLOGIA E ABRANGÊNCIA

Análise da documentação e inspeção no Centro de Operação do Sistema da LTT. Reunião e entrevistas com técnicos da LTT. Análise do Relatório de Análise de Perturbação – RAP ONS-RE-3-252/2009. Análise de informações complementares encaminhadas pela LTT e pelo Operador Nacional do Sistema

Elétrico – ONS, em atendimento à solicitação da fiscalização da ANEEL/SFE.

III - INFORMAÇÕES DA FISCALIZAÇÃO

A fiscalização foi realizada no período de 02/02/2010 a 03/02/2010 pela seguinte equipe técnica da ANEEL/SFE:

- EDUARDO MARTINS DA SILVA – SFE/ANEEL – Coordenador - THOMPSON SOBREIRA ROLIM JÚNIOR – SFE/ANEEL

IV - INFORMAÇÕES DO AGENTE

Empresa: LT Triângulo S/A - LTT

Endereço: Av. Marechal Câmara, 160 – Sala 1534, Centro, Rio de Janeiro /RJ, CEP: 20.020-80

Telefone: (21) 2223 7344

V – CONSTATAÇÕES

1. C.1 - ASPECTOS TÉCNICOS OPERACIONAIS

1.1 BLECAUTE DO DIA 10 DE NOVEMBRO DE 2009 OCORRIDO ÀS 22h13min

O blecaute do dia 10 de novembro de 2009, ocorrido às 22h13min, teve sua origem no desligamento dos circuitos 1, 2 e 3 da linha de transmissão 765 kV Itaberá - Ivaiporã provocando rejeição de 5.564 MW de geração da UHE Itaipu 60 Hz, bem como a abertura dos circuitos remanescentes que compõem a interligação Sul-Sudeste, em 525 kV, 500 kV, 230 kV e 138 kV, interrompendo, adicionalmente, um fluxo de 2.950 MW, no sentido do Sul para o Sudeste e o desligamento dos dois bipólos do Sistema HVDC que, no momento, estavam transmitindo 5.329 MW. Em função destes desligamentos e das condições de operação do sistema ocorreram outros desligamentos que acarretaram uma interrupção total de 24.436 MW (40%) de cargas do SIN, distribuída

Page 2: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

2

da seguinte forma: Região Sudeste: 22.468 MW Região Centro-Oeste: 867 MW Região Sul: 104 MW Região Nordeste: 802 MW Região Norte (Estados do Acre e Rondônia): 195 MW

O Relatório de Análise de Perturbação – RAP ONS-RE-3-252/2009, de 14 de dezembro de 2009, que apresenta os aspectos técnicos do desligamento dos três circuitos da LT 765 kV Itaberá – Ivaiporã no dia 10/11/2009 às 22h13min consta que:

“A perturbação teve início com uma falta monofásica, envolvendo a fase Branca, na LT 765 kV Itaberá - Ivaiporã C1, durante condições climáticas adversas. Instantes após, com esta primeira falta ainda presente, ocorreu outra falta monofásica, desta vez envolvendo a fase Vermelha, na LT 765 kV Itaberá – Ivaiporã C2. Em seqüência, ainda com as duas primeiras faltas presentes, ocorreu uma terceira falta monofásica, envolvendo a fase Azul, esta localizada na Barra A de 765 kV da SE Itaberá. Assim sendo, as faltas ocorreram quase que simultaneamente nos citados circuitos C1 e C2 e na Barra A de 765 kV da SE Itaberá, permanecendo presentes por alguns instantes, configurando para o SIN, um curto-circuito trifásico envolvendo a terra, na SE Itaberá, até o instante em que foi iniciado o processo de eliminação dos defeitos, com a retirada de serviço dos componentes afetados. A falha na LT 765 kV Itaberá - Ivaiporã C1 foi eliminada pelas atuações das proteções Principais e Alternadas de distância, baseadas no princípio de ondas trafegantes, em ambos os terminais. A falha na LT 765 kV Itaberá - Ivaiporã C2 foi eliminada pelas atuações das proteções de sobrecorrente direcionais, em ambos os terminais. A falha na Barra A – 765 kV, da SE Itaberá, foi eliminada pela atuação da proteção Diferencial de Barra local. Instantes após a eliminação desta última falta, houve a atuação da proteção de sobrecorrente instantânea residual do Reator “shunt” da LT 765 kV Itaberá - Ivaiporã C3, em Ivaiporã, acarretando o desligamento dessa LT, interrompendo totalmente a conexão entre as SEs Itaberá e Ivaiporã. Na UHE Itaipu - 60 Hz ocorreram os desligamentos das UGs 10, 12, 14, 18 e 18A, rejeitando 3100 MW de geração, por atuação das Lógicas 15 e 8 do Esquema de Controle de Emergência – ECE do tronco de 765 kV, devido à perda tripla nesse tronco de 765 kV, ocorrida no trecho entre as SEs Itaberá e Ivaiporã, promovendo o ilhamento e a preservação da região Sul. No instante da perturbação a UHE Itaipu - 60 Hz operava com 9 Unidades Geradoras sincronizadas. Face ao distúrbio mencionado acima ocorreu a abertura da LT 500 kV Bateias - Ibiúna C1 e C2, por sobrecarga e oscilação de potência entre os subsistemas Sul e Sudeste, com elevação da freqüência no subsistema Sul a 63,5 Hz e redução da freqüência no subsistema Sudeste a 58,3 Hz. Instantes após os eventos até aqui mencionados ocorreram, principalmente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, desligamentos de unidades geradoras e de diversas Linhas de Transmissão, estas pelas suas proteções de distância, em decorrência da oscilação de potência experimentada pelo Sistema. Em decorrência da elevação de freqüência na Região Sul, em taxa elevada, ocorreu a abertura da LT 765 kV Foz do Iguaçu – Ivaiporã C1, C2 e C3, por atuação da Lógica 4 do ECE do tronco de 765 kV, isolando a Usina de Itaipu – 60 Hz, que permanecia até então conectada ao Sistema Sul.

Page 3: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

3

Pelos mesmos motivos já descritos, foram desligadas também, pelas suas proteções, as linhas de Interligação do Sistema do Mato Grosso do Sul com as Regiões Sul e Sudeste, levando este Sistema ao colapso. Com as aberturas mencionadas, ocorreu colapso de tensão na região Sudeste, notadamente na região de São Paulo, desligando o Sistema de Transmissão HVDC pela atuação da proteção de mínima tensão CC, interrompendo um fluxo de 5.329 MW, por este Elo CC, ficando a Usina de Itaipu – 50 Hz isolada do Sistema Interligado Nacional (SIN). Nestas circunstâncias não ocorreu, como era esperada, a separação automática de duas Unidades Geradoras sincronizadas na UHE Itaipu – 50 Hz com o Sistema Elétrico Paraguaio. Este Sistema Especial de Proteção é objeto de análise da Comissão Mista de Operação Brasil – Paraguai (CMO). O distúrbio ocorrido no SIN provocou colapso nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul e atuações do ERAC, rejeitando cargas na Região Nordeste e Áreas Minas, Goiás, Mato Grosso e Acre/Rondonia, esta última após sua separação do Sistema Sudeste/Centro Oeste, formando ilha em torno da UHE Samuel e da UTE Termonorte II”.

2. C.2 – FISCALIZAÇÃO DO PROCESSO DE RECOMPOSIÇÃO DO SISTEMA DA LTT APÓS O

BLECAUTE

2.1 FISCALIZAÇÃO DO CENTRO DE OPERAÇÃO DA LTT

A Figura 1 mostra a hierarquia existente entre os Centros de Operação do ONS e o Centro de Operação

da LTT.

COSR-N/

COBrasília – DF

COSR-NERecife - PE

COSR-SERio de Janeiro -

RJ

COSR-SFlorianópolis -

SC

CNOSBrasília - DF

LTT

ONS

COT-OESTE

Itumbiara - GO

Figura 1 – Hierarquia entre os Centros de Operação da LTT e do ONS

O Centro Nacional de Operação do Sistema - CNOS é o centro de operação de mais alto nível

hierárquico do ONS, atuando diretamente sobre os demais centros de operação do Operador Nacional e responsável pela coordenação, supervisão e controle da rede de operação, das interligações internacionais e do despacho de geração das usinas despachadas centralizadamente.

Page 4: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

4

Os Centros de Operação do Sistema Regionais - COSR são centros do ONS, responsáveis pela

coordenação, supervisão e controle da rede de operação regional / local, pela supervisão e controle do despacho de geração das usinas despachadas centralizadamente e da rede de operação sistêmica, bem como pelo comando e execução do despacho das usinas sob Controle Automático de Geração - CAG, do Controle Automático de Tensão - CAT e do Esquema de Controle de Segurança - ECS, nas instalações de sua área de atuação.

A área de atuação de cada centro regional do ONS é a Rede de Operação Regional / Local de cada

região, constituída pelos sistemas troncos de transmissão para atendimento aos centros de carga, interligações com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação.

A LTT é responsável pelas atividades de supervisão, comando e execução da operação das suas

instalações que compõem a rede de operação do ONS. A Figura 2 mostra uma lista das instalações da LTT, as quais são operadas pelo COT-OESTE.

Figura 2 – Instalações da LTT.

Na estrutura operacional adotada pela LTT há o Centro de Operação da Transmissão Oeste (COT-

OESTE) localizado na Subestação Itumbiara, no município de Araporã - MG, que opera também as instalações da concessionária Expansion Transmissão Itumbiara Marimbondo S.A. - ETIM. A Figura 3 mostra a área de atuação do COT-OESTE.

Figura 3 – Área de Atuação do COT-OESTE.

Page 5: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

5

O Centro de Operação da LTT (COT-OESTE) na SE Itumbiara caracteriza-se por ser: 1. Concentrador de Dados entre o equipamento de supervisão local de cada instalação (Unidade

Terminal Remota) e o Centro de Operação Regional Sudeste do ONS.

2. Executor direto, por meio de telecomando, da operação das instalações da LTT que compõem a

Rede Básica do ONS.

A Figura 4 mostra a sala de controle do COT-OESTE.

Figura 4 – Sala de Controle do COT- OESTE

Para cumprir suas atribuições o COT-OESTE conta com a seguinte equipe técnica:

01 Especialista de operação no horário comercial

10 Operadores de tempo real em regime de turno ininterrupto (2 por turno)

01 Operador-mantenedor no horário comercial

O COT-OESTE conta com uma rede de comunicação de voz e dados, desde as UTRs nas instalações até os centros de operação regionais do ONS (COSR-N/CO e COSR-SE), cujos requisitos de qualidade e disponibilidade devem atender ao que estabelece os Procedimentos de Rede Submódulos 2.7 “Requisitos de Telesupervisão para a Operação” e 13.2 “Requisitos de Telecomunicações”, dentre outros.

As Figuras 5 e 6 mostram, respectivamente, os sistemas de comunicação de dados e voz da LTT. Segundo informado pelo agente, os equipamentos da LTT são supervisionados e comandados no COT-

Page 6: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

6

OESTE através do Sistema Digital de Supervisão e Controle do CEPEL (SAGE), que é interconectado com os centros do ONS e integrado aos Sistemas Digitais de Furnas na SE Itumbiara e Estreito, e a CEMIG, nas SE’s Emborcação, Nova Ponte, São Gotardo e Bom Despacho. Por outro lado, as SE’s remotas, o Sistema de supervisão e controle utilizado é o micro Scada da ABB.

Figura 5 – Sistema de comunicação de dados - COT OESTE

Figura 6 – Sistema de comunicação de voz - LTT.

Page 7: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

7

A telecomunicação entre as instalações da LTT e o COT-OESTE é realizada por meio de fibra óptica

(cabo OPGW) e entre este e os centros de operação regionais do ONS (COSR-N/CO e COSR-SE) por meio da rede da Companhia de Telecomunicações do Brasil Central – CTBC.

O COT-OESTE possui uma única fonte de alimentação em Corrente Alternada, proveniente de um ramal

alimentador da concessionária CEMIG, para suprimento das cargas essenciais. Há também um grupo gerador de emergência, cuja partida se dá de forma manual quando da falta de tensão AC.

Além dessas fontes existem dois conjuntos de bancos de baterias para regime normal de flutuação, que

alimentam tanto as cargas do sistema de supervisão, controle e proteção quanto as cargas dos sistemas de telecomunicação.

As Figuras 7 e 8 mostram, respectivamente, o Grupo Gerador de Emergência e os dois conjuntos de

bancos de bateria.

Figura 7 – Grupo Gerador de Emergência

Figura 8 – Bancos de Bateria

A equipe de fiscalização da ANEEL/SFE constatou que, durante o processo de recomposição do sistema

após a ocorrência do dia 10 de novembro de 2009 às 22h13min, a alimentação dos serviços auxiliares proveniente do ramal de alimentação da CEMIG se manteve íntegra.

Não Conformidade (N.1)

Foi verificado o descumprimento da alínea “d” do inciso II da Décima Segunda Subcláusula da Cláusula Quarta do Contrato de Concessão de Transmissão n° 004/2006-ANEEL, de 27 de abril de 2006:

“CLÁUSULA QUARTA - OBRIGAÇÕES E ENCARGOS DA TRANSMISSORA Será de inteira responsabilidade da TRANSMISSORA a prestação do SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSMISSÃO, de acordo com regras e critérios estabelecidos pela ANEEL, sendo de sua competência captar, aplicar e gerir os recursos financeiros necessários à adequada prestação do serviço regulado neste CONTRATO. (...)

Page 8: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

8

Décima Segunda Subcláusula - São, ainda, obrigações e encargos da TRANSMISSORA: (...) II - Com a qualidade do serviço concedido: (...) d - operar as INSTALAÇÕES DE TRANSMISSÃO de acordo com o MANUAL DE PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO e demais instruções dos PROCEDIMENTOS DE REDE, com as regras vigentes e com as que vierem a ser emanadas da ANEEL ou do ONS, devendo acatar e aplicar quaisquer novas resoluções, determinações,recomendações e instruções que vierem disciplinar o SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSMISSÃO”.

(grifos desta Superintendência)

Foi verificado o descumprimento dos itens 7.9.1 (a), 7.9.2 (a) e (e) do Submódulo 2.3 dos

Procedimentos de Rede, referente ao não atendimento do requisito de conjuntos de bancos de baterias/retificadores independentes para o sistema de Supervisão, Controle e Proteção e para o sistema de Telecomunicações, destacados a seguir.

“7.9 Requisitos para os serviços auxiliares de corrente contínua e de corrente alternada para subestações da rede básica com tensão igual ou superior a 230 kV 7.9.1 Alimentação em corrente contínua para os sistemas de proteção, supervisão e controle

(a) Os serviços auxiliares de corrente contínua (CC) para alimentação dos sistemas de proteção,

controle e supervisão devem ter dois conjuntos de bancos de baterias com retificadores

independentes, alimentando cargas independentes, e cada conjunto deve ser dimensionado para

suprir toda a carga prevista em regime contínuo.

7.9.2 Alimentação em corrente contínua para os sistemas de telecomunicações

(a) Os serviços auxiliares CC para alimentação dos sistemas de telecomunicação devem ter dois

conjuntos de bancos de baterias com retificadores independentes, alimentando cargas

independentes, e cada conjunto deve ser dimensionado para suprir a carga total imposta pelos

equipamentos de telecomunicação da subestação (SE).

(e) Os conjuntos de baterias/retificadores mencionados no item 7.9.1 devem ser independentes

dos conjuntos mencionados neste item 7.9.2.

(grifos desta Superintendência)

Prazo para regularização: 120 dias

Não Conformidade (N.2)

Foi verificado o descumprimento da alínea “d” do inciso II da Décima Segunda Subcláusula da Cláusula Quarta do Contrato de Concessão de Transmissão n° 004/2006-ANEEL, de 27 de abril de 2006:

“CLÁUSULA QUARTA - OBRIGAÇÕES E ENCARGOS DA TRANSMISSORA Será de inteira responsabilidade da TRANSMISSORA a prestação do SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSMISSÃO, de acordo com regras e critérios estabelecidos pela ANEEL, sendo de sua competência captar, aplicar e gerir os recursos financeiros necessários à adequada prestação do serviço regulado neste CONTRATO.

Page 9: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

9

(...) Décima Segunda Subcláusula - São, ainda, obrigações e encargos da TRANSMISSORA: (...) II - Com a qualidade do serviço concedido: (...) d - operar as INSTALAÇÕES DE TRANSMISSÃO de acordo com o MANUAL DE PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO e demais instruções dos PROCEDIMENTOS DE REDE, com as regras vigentes e com as que vierem a ser emanadas da ANEEL ou do ONS, devendo acatar e aplicar quaisquer novas resoluções, determinações,recomendações e instruções que vierem disciplinar o SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSMISSÃO”.

(grifos desta Superintendência)

Foi verificado o descumprimento do item 7.9.3 (c) do Submódulo 2.3 dos Procedimentos de Rede,

referente ao não atendimento do requisito de partida automática do grupo gerador de emergência para os serviços auxiliares de corrente alternada para subestações da Rede Básica com tensão igual ou superior a 230 kV, destacado a seguir.

“7.9 Requisitos para os serviços auxiliares de corrente contínua e de corrente alternada para subestações da rede básica com tensão igual ou superior a 230 kV 7.9.3 Alimentação em corrente alternada

(c) Os serviços auxiliares CA devem ter – para casos de falta de tensão nas duas fontes de

alimentação CA preferenciais – grupo motor-gerador com partida automática e capacidade para

alimentação das cargas essenciais da SE. Cargas essenciais são aquelas necessárias para iniciar o

processo de recomposição da SE em caso de desligamento total ou parcial.

(grifos desta Superintendência)

Não Conformidade (N.3)

Foi verificado o descumprimento da alínea “d” do inciso II da Décima Segunda Subcláusula da Cláusula Quarta do Contrato de Concessão de Transmissão n° 004/2006-ANEEL, de 27 de abril de 2006:

“CLÁUSULA QUARTA - OBRIGAÇÕES E ENCARGOS DA TRANSMISSORA Será de inteira responsabilidade da TRANSMISSORA a prestação do SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSMISSÃO, de acordo com regras e critérios estabelecidos pela ANEEL, sendo de sua competência captar, aplicar e gerir os recursos financeiros necessários à adequada prestação do serviço regulado neste CONTRATO. (...) Décima Segunda Subcláusula - São, ainda, obrigações e encargos da TRANSMISSORA: (...) II - Com a qualidade do serviço concedido: (...) d - operar as INSTALAÇÕES DE TRANSMISSÃO de acordo com o MANUAL DE PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO e demais instruções dos PROCEDIMENTOS DE REDE, com as regras vigentes e com as que

Page 10: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

10

vierem a ser emanadas da ANEEL ou do ONS, devendo acatar e aplicar quaisquer novas resoluções, determinações,recomendações e instruções que vierem disciplinar o SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSMISSÃO”.

(grifos desta Superintendência)

Foi verificado o descumprimento do item 7.9.3 (a) do Submódulo 2.3 dos Procedimentos de Rede,

referente ao não atendimento do requisito de duas fontes de alimentação para os serviços auxiliares CA, destacado a seguir.

“7.9 Requisitos para os serviços auxiliares de corrente contínua e de corrente alternada para subestações da rede básica com tensão igual ou superior a 230 kV 7.9.3 Alimentação em corrente alternada (a) Os serviços auxiliares CA devem ter duas fontes de alimentação, sendo uma fonte externa local

e outra do terciário da transformação da subestação. Caso a subestação não tenha transformação, as

duas fontes de alimentação devem ser externas de subestações distintas.. Casos excepcionais

deverão ser submetidos pela TRANSMISSORA para análise e aprovação do ONS e da ANEEL.

(grifos desta Superintendência)

Prazo para regularização: 30 dias

2.2 INTERVENÇÕES PROGRAMADAS NO MOMENTO DA OCORRÊNCIA De acordo com a LTT não havia equipamentos indisponíveis e nem recomendação vigente no momento

anterior ao da ocorrência. Além disso, não havia equipamentos desligados por conveniência operativa, controle de carregamento ou controle de tensão.

2.3 DESEMPENHO DO SISTEMA DA LTT APÓS A PERTURBAÇÃO

Após a abertura do tronco de 765 kV entre as SE’s Itaberá e Ivaiporã, ocorreu sobrecarga pelas demais

interligações S/SE, nas LTs 525 kV, 500 kV, 230 kV e 138 kV, o que ocasionou os desligamentos de inúmeras linhas de transmissão conforme consta no RAP ONS-RE-3-252/2009. As linhas de transmissão, os reatores e autotransformadores do sistema da LTT não desligaram durante o período da perturbação.

2.4 PROBLEMAS OBSERVADOS NA COMUNICAÇÃO DE VOZ E DADOS DO SISTEMA DE SUPERVISÃO E CONTROLE NO PROCESSO DE RECOMPOSIÇÃO Por meio da Requisição de Documentos - RD n° 001, de 17 de dezembro de 2009, durante fiscalização

da ANEEL/SFE no ONS, sobre a ocorrência do dia 10 de novembro de 2009, foi solicitado que fossem relatados os problemas observados na comunicação de voz e dados do sistema de supervisão e controle, com ênfase nas principais indisponibilidades que impactaram o processo de recomposição para cada um dos agentes envolvidos.

Em atendimento a RD n.° 001, o ONS encaminhou a CARTA ONS-0023/100/2010, de 8 de janeiro de

2010, apresentando a seguinte situação para o caso da LTT:

Page 11: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

11

2.4.9 LTT – LT Triângulo (Grupo PLENA) “Os circuitos principal e reserva falharam entre 22h13min e 01h27min, ocasionando perda da supervisão dos seguintes equipamentos da LTT:

LT 500 kV Nova Ponte / Emborcação C2

LT 500 kV Nova Ponte / Itumbiara C1

LT 500 kV Nova Ponte / Estreito C1

LT 500 kV Nova Ponte / São Gotardo 2 C1

Reatores S4 e S6 da SE Nova Ponte 500 kV

LT 500 kV São Gotardo 2 500 kV

Reator S16 da SE São Gotardo 2 500 kV

Reator S18 da SE Bom Despacho 3 500 kV

AT-01 e AT-02 500/345 kV da SE Estreito

A perda destas informações e do canal de voz dificultaram no acompanhamento da manobra de abertura para controle de tensão da LT 500 kV Nova Ponte / São Gotardo 2 C1.” 2.5.6 PLENA – COT OESTE (Agentes ETIM e LTT) “Entre 23h11min e 01h22min, foram feitas 5 tentativas de ligação através do único “hotline” do COT OESTE da Plena sem sucesso.”

A LTT informou durante a fiscalização que as comunicações de voz e dados com os demais agentes e com as instalações internas não foram afetadas, contudo, devido à perda dos canais contratados junto a Companhia de Telecomunicações do Brasil Central – CTBC o COT-OESTE perdeu comunicação de voz e dados com o COSR-SE.

Não foram apresentados os motivos que ocasionaram as perdas de comunicação de voz e dados junto

à CTBC, nem o motivo para a demora exagerada no processo de restabelecimento do sistema. A LTT informou que já solicitou à CTBC os motivos da perda de comunicação, entretanto, ainda não obtiveram resposta.

Não-Conformidade (N.4)

Foi verificado o descumprimento da alínea “d” do inciso II da Décima Segunda Subcláusula da Cláusula Quarta do Contrato de Concessão de Transmissão n° 004/2006-ANEEL, de 27 de abril de 2006:

Page 12: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

12

“CLÁUSULA QUARTA - OBRIGAÇÕES E ENCARGOS DA TRANSMISSORA Será de inteira responsabilidade da TRANSMISSORA a prestação do SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSMISSÃO, de acordo com regras e critérios estabelecidos pela ANEEL, sendo de sua competência captar, aplicar e gerir os recursos financeiros necessários à adequada prestação do serviço regulado neste CONTRATO. (...) Décima Segunda Subcláusula - São, ainda, obrigações e encargos da TRANSMISSORA: (...) II - Com a qualidade do serviço concedido: (...) d - operar as INSTALAÇÕES DE TRANSMISSÃO de acordo com o MANUAL DE PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO e demais instruções dos PROCEDIMENTOS DE REDE, com as regras vigentes e com as que vierem a ser emanadas da ANEEL ou do ONS, devendo acatar e aplicar quaisquer novas resoluções, determinações,recomendações e instruções que vierem disciplinar o SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSMISSÃO”.

(grifos desta Superintendência)

Foi verificado o descumprimento do item 4.1.1.1 (a) do Submódulo 13.2 dos Procedimentos de Rede,

referente ao não atendimento do requisito de disponibilidade do serviço de telecomunicação de dados provenientes das subestações da LTT, destacado a seguir:

“4.1.1.1 Para atender à operação do SIN, o serviço de telecomunicações deve dispor de serviços de comunicação de voz e de dados, em conformidade com este submódulo e com o Submódulo 25.12. Esses serviços devem ser oferecidos em três classes, a saber: (a) Classe A: Deve apresentar disponibilidade total de, pelo menos, 99,98%, apurada mensalmente, cujo valor

de referência é o somatório dos últimos 12 (doze) meses. Isso implica uma indisponibilidade máxima

total, num período de 12 (doze) meses, de 1 (uma) hora e 45 (quarenta e cinco) minutos.

4.3.3 Os serviços de comunicação de dados dão suporte às atividades de normatização, pré-operação, operação em tempo real, pós-operação, planejamento e programação da operação, administração de serviços e encargos da transmissão. 4.3.3.1 Para suporte às atividades da operação em tempo real (a) Devem ser disponibilizados serviços Classe A, em atendimento ao estabelecido no Submódulo 2.7: (...) (ii) entre os centros de operação do ONS e os centros de operação dos agentes de operação com os quais o ONS se relaciona”.

(grifos desta Superintendência)

Prazo para regularização: 30 dias

VI – CONCLUSÃO

Com a abertura do tronco de transmissão entre Ivaiporã e Itaberá 765 kV em 10/11/2009, houve a

abertura da LT 500 kV Ibiúna – Bateias C1 e C2, por sobrecarga. Posteriormente o sistema passou a oscilar, levando à perda de sincronismo entre as regiões Sul e Sudeste, provocando o desligamento das interligações pelas LTs em 230 kV e 138 kV e permanecendo a interligação apenas pela LT 525 kV Londrina - Assis - Araraquara. O rápido afundamento do perfil de tensão na área São Paulo, associado à configuração do sistema de transmissão, fez com que o sistema de 440 kV de São Paulo iniciasse a perda de sincronismo no tempo da ordem de 1,0 segundo. Essa situação provocou a perda de carga das áreas São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, levando a um desligamento generalizado de toda a região citada.

Page 13: Relatório de Fiscalização - aneel.gov.br · com concessionárias de distribuição e com consumidores ligados diretamente à Rede de Operação. A LTT é responsável pelas atividades

13

Constatou-se que as linhas de transmissão, os reatores e autotransformadores do sistema da LTT não

desligaram durante o período da perturbação. Quanto ao serviço auxiliar do COT-OESTE,verificou-se que:

há uma única fonte de alimentação em Corrente Alternada para suprimento das cargas

essenciais, proveniente de um ramal alimentador da concessionária CEMIG;

o grupo gerador de emergência do COT-OESTE não possui partida automática quando da falta

de tensão da fontes de alimentação CA;

os conjuntos de bancos de baterias / retificadores alimentam tanto o sistema de

telecomunicações quanto o sistema de proteção, controle e supervisão, em desacordo com o

estabelecido nos Procedimentos de Redes.

Houve dificuldade de identificação do sistema, resultante da perturbação, para o processo de

recomposição, ocasionado pela falha na comunicação de voz e dados do sistema de supervisão e controle da LTT, com a perda de dados das 22h13min até as 01h27min.

A LTT deve ser notificada para tomar conhecimento dos fatos apurados pela fiscalização e esclarecer

as não conformidades verificadas.

VII - EQUIPE DE FISCALIZAÇÃO

_______________________________________________________ EDUARDO MARTINS DA SILVA

Coordenador

_______________________________________________________ THOMPSON SOBREIRA ROLIM JÚNIOR