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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ALIMENTOS MARIA JULIA DAS CHAGAS RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO: OTIMIZE CONSULTORIA FLORIANÓPOLIS / SC 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ALIMENTOS

MARIA JULIA DAS CHAGAS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO: OTIMIZE CONSULTORIA

FLORIANÓPOLIS / SC

2015

MARIA JULIA DAS CHAGAS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO: OTIMIZE CONSULTORIA

Relatório de estágio apresentado à Universidade

Federal de Santa Catarina como requisito para

aprovação na disciplina EQA 5611 – Estágio

Supervisionado em Indústria de Alimentos I.

Orientador: Marco Di Luccio

Supervisor: Rafael Ferraz Cella

FLORIANÓPOLIS / SC

2015

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APPCC Análise de perigos e pontos críticos de controle

ITs Instruções de trabalho

MBPF Manual de boas práticas de fabricação

PCs Pontos críticos

PCCs Pontos críticos de controle

POPs Procedimentos operacionais padronizados

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 6

2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 7

2.1. Objetivos Específicos .................................................................................... 7

3. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ....................................................................... 8

4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ...................................................................... 10

4.1. Documentos de qualidade ........................................................................... 10

4.2. Plano APPCC ............................................................................................. 11

4.3. SANTAHORA BEBIDAS E ALIMENTOS ..................................................... 14

4.4. Mama Gê Alimentos Orgânicos................................................................... 15

4.5. PANQUEX .................................................................................................. 16

4.6. Desenvolvimento de um novo produto ........................................................ 16

5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 18

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 19

6

1. INTRODUÇÃO

Os acadêmicos de engenharia de alimentos da Universidade Federal de

Santa Catarina (UFSC) têm como pré-requisito para a sua formação a elaboração de

um estágio de cunho obrigatório na indústria de alimentos. Para a efetivação do

estágio, os acadêmicos devem cumprir uma carga horária mínima de 300 horas de

trabalho e devem redigir um relatório final de estágio descrevendo as atividades

desenvolvidas dentro da empresa.

O presente trabalho descreve as atividades realizadas durante o estágio

supervisionado realizado na empresa Otimize Consultoria em Engenharia de

Alimentos de agosto a dezembro de 2015.

A prestação de serviços por empresas de consultoria tem o objetivo de

auxiliar pessoas ou empresas em determinadas situações onde é preciso um

conhecimento mais especializado e técnico. Neste sentido, a Otimize Consultoria

em Engenharia de Alimentos presta serviços para empresas do ramo alimentício de

pequeno a médio porte que estão iniciando no mercado, através de auxílios no

desenvolvimento de produtos e processos seguros seguindo as normas da

legislação sanitária vigente.

Dentre as atividades desenvolvidas na empresa, as principais consistiram em

elaborar Manuais de boas práticas de fabricação (MBPF), assim como

Procedimentos operacionais padronizados (POPs) e instruções de trabalho (ITs)

para três empresas assessoradas pela Otimize Consultoria e elaborar e implementar

o plano de Análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) para duas

dessas empresas; além do acompanhamento da formulação e produção de um novo

produto no mercado – massas de panqueca embaladas e prontas para o consumo.

7

2. OBJETIVOS

Relatar as atividades desenvolvidas durante o estágio realizado na empresa

Otimize Consultoria em Engenharia de Alimentos.

2.1. Objetivos Específicos

Apresentação da Otimize Consultoria em Engenharia de Alimentos a partir do

histórico da mesma e da descrição das áreas de atuação e dos serviços

realizados.

Revisão sobre o significado e a importância dos documentos de qualidade e do

plano APPCC.

Detalhamento das atividades desenvolvidas em cada empresa.

8

3. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A Otimize Consultoria e Engenharia LTDA ME foi fundada por três engenheiras

de alimentos recém formadas na Universidade Federal de Santa Catarina, em

setembro de 2009. Em março de 2012, a empresa foi adquirida pelos Engenheiros

de Alimentos, também formados na UFSC, Rafael Ferraz Cella e Gabriel Junqueira

Cabral, mudando a razão social para Otimize Consultoria e Engenharia S/S ME e

adquirindo o atual nome fantasia Otimize Consultoria em Engenharia de Alimentos.

A Otimize Consultoria em Engenharia de Alimentos é uma empresa que atua no

ramo alimentício, prestando serviços e soluções para empresas de pequeno a médio

porte. A empresa tem como objetivo obter soluções de questões que envolvem

processos, equipamentos, formulações de produtos e legislação sanitária,

fornecendo aos seus clientes serviços nas seguintes áreas:

Tratamento térmico (validação de processos térmicos de alimentos e bebidas,

determinação da letalidade do processamento térmico, etc.);

Desenvolvimento e construção de equipamentos e automação industrial

(autoclaves, trocadores de calor, etc.);

Produtos e embalagens (desenvolvimento de novos produtos e embalagens, vida

de prateleira, testes de análise sensorial);

Projetos de instalações industriais (estudo de layout e fluxo de produção);

Registro de produtos e estabelecimentos no MAPA e na ANVISA/MS;

Obtenção de Alvará Sanitário e Selos de Inspeção Municipal, Estadual e Federal

(SIM, SIE e SIF);

Rotulagem;

Elaboração de documentos de qualidade (Manual de Boas Práticas de

Fabricação, Procedimentos Operacionais Padronizados), de acordo com o Codex

Alimentarius;

Elaboração do Plano APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle);

Auditoria em qualidade e auditoria de fornecedores;

Laudos e pareceres técnicos;

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Responsabilidade técnica em Engenharia de Alimentos.

A região de atuação da empresa está concentrada principalmente no Sul e

Sudeste do Brasil, mas a empresa possui também clientes em outras regiões do

país como é o caso da Mama Gê Alimentos Orgânicos, localizada em Brasília,

Distrito Federal.

No momento, os clientes que fazem parte do portfólio da Otimize consultoria são:

VIA PAX BIO Produtos Orgânicos

AGRECO- Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral

La Bella Alimentos

SANTAHORA BEBIDAS E ALIMENTOS

Mama Gê Alimentos Orgânicos

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PANQUEX

4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

4.1. Documentos de qualidade

Uma das atividades desenvolvidas durante o estágio consistiu na elaboração

de documentos de qualidade para três empresas diferentes. Dentre os documentos

de qualidade, foram elaborados o Manual de Boas Práticas de Fabricação, os

Procedimentos operacionais padronizados e a Análise de perigos e pontos críticos

de controle.

O Manual de boas práticas de fabricação consiste em um documento que

descreve as operações realizadas pelo estabelecimento, incluindo, no mínimo, os

requisitos higiênico-sanitários dos edifícios, a manutenção e higienização das

instalações, dos equipamentos e dos utensílios, o controle da água de

abastecimento, o controle integrado de vetores e pragas urbanas, a capacitação

profissional, o controle da higiene e saúde dos manipuladores, o manejo de resíduos

e o controle e garantia de qualidade do alimento preparado (BRASIL, 2004). As boas

práticas de fabricação são as práticas de organização e higiene que a empresa deve

adotar para garantir a produção de alimentos seguros e de qualidade atendendo a

legislação vigente. Essas práticas devem ser adotadas em todas as etapas do

processo, desde a seleção dos fornecedores até a exposição do produto para o

consumidor final.

Além do MBPF os estabelecimentos produtores de alimentos devem

desenvolver, implementar e manter Procedimentos operacionais padronizados. Os

POPs consistem em um documento que descreve de forma objetiva as instruções

sequenciais para a realização de operações rotineiras e específicas na produção,

armazenamento e transporte de alimentos (BRASIL, 2002). Os seguintes tópicos

são contemplados pelos procedimentos operacionais padronizados:

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Higiene das instalações, equipamentos, móveis e utensílios;

Controle da potabilidade da água;

Higiene e saúde dos manipuladores;

Manejo dos resíduos;

Controle integrado de pragas e vetores urbanos;

Manutenção preventiva e calibração dos equipamentos;

Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens;

Programa de recolhimentos dos alimentos “RECALL”.

Para as tarefas de maior complexidade do dia a dia são desenvolvidas as

instruções de trabalhos; através das ITs (Instruções de trabalho) serão definidos, em

forma de documento, o passo a passo de como realizar as atividades mais

importantes do processo. Por exemplo, são feitas ITs para o preparo de soluções

sanitizantes, para a higienização de equipamentos, higienização das mãos, de

uniformes, entre outras.

4.2. Plano APPCC

A Análise de perigos e pontos críticos de controle consiste em uma ferramenta

de gestão que analisa a linha de processamento de um produto específico a fim de

identificar, avaliar e controlar os perigos advindos das linhas de produção,

distribuição e consumo, garantindo a produção de alimentos seguros à saúde do

consumidor. O plano APPCC detecta possíveis pontos críticos de controle (PCCs)

do processo onde possa ocorrer a contaminação, adotando medidas rápidas e pré-

determinadas diante da identificação de um processo fora de controle. Portanto para

a implementação desse sistema deve-se conhecer detalhadamente as etapas

inerentes ao processamento industrial do alimento, incluindo todas as operações

desde a obtenção da matéria-prima até o consumo do alimento.

A elaboração do plano APPCC tem como base a aplicação de sete princípios

básicos:

1. Análise dos perigos e medidas preventivas

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2. Identificação dos pontos críticos de controle

3. Estabelecimento dos limites críticos

4. Estabelecimento dos procedimentos de monitoração

5. Estabelecimento das ações corretivas

6. Estabelecimento dos procedimentos de verificação

7. Estabelecimento dos procedimentos de registros

Princípio 1: Análise dos perigos e medidas preventivas

O primeiro princípio tem o objetivo de identificar os perigos significativos e

caracterizar as medidas preventivas correspondentes. Os perigos são identificados

com base na avaliação das matérias-primas, ingredientes e etapas do processo e,

quando não é possível eliminar ou reduzir os perigos por meio de medidas

preventivas, alterações no processo deveram ser realizadas. Este princípio é a base

para identificar os pontos críticos (PCs) e os pontos críticos de controle.

Os perigos podem ser de natureza biológica, física ou química. Os perigos

biológicos correspondem às bactérias patogênicas e suas toxinas, vírus, parasitos

patogênicos e protozoários. Os perigos químicos correspondem às toxinas naturais,

toxinas fúngicas (micotoxinas), metabólitos tóxicos de origem microbiana, pesticidas,

herbicidas, aditivos, entre outros. Os perigos físicos correspondem a vidros, metais

madeira ou objetos que podem causar danos no consumidor.

Princípio 2: Identificação dos pontos críticos de controle

Os pontos críticos de controle consistem em etapas ou procedimentos na qual

se aplicam medidas de controle (preventivas), para manter um perigo significativo

sob controle, com objetivo de eliminar, prevenir ou reduzir os riscos à saúde do

consumidor. Eles são os pontos caracterizados como realmente críticos à

segurança, e devem ser restritos ao mínimo possível.

Princípio 3: Estabelecimento dos limites críticos

Os limites críticos consistem em valores máximo e/ou mínimo de parâmetros

biológicos, químicos e físicos que separam aceitabilidade da não aceitabilidade, com

o objetivo de assegurar o controle do perigo. Os limites são definidos a partir de

padrões da legislação, experiência prática, levantamento prévio de dados, etc. Além

dos limites críticos, algumas empresas adotam os limites de segurança, os quais

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possuem valores próximos dos limites críticos e são adotados como medida de

segurança para minimizar a ocorrência de desvios.

Princípio 4: Estabelecimento dos procedimentos de monitorização

A monitorização consiste em um sistema de vigilância para avaliar se um

determinado PCC está sob controle tendo em conta os seus limites críticos. A

monitorização pode ser feita través de observações visuais (presença de objetos,

matéria-prima estragada, verificação de lacres, etc.), avaliações sensoriais (observar

a cor, o cheiro, a textura), medições químicas (pH, concentração de cloro residual,

concentração de soluções desinfetantes, índice de acidez, etc.), medições físicas

(tempo, temperatura, atividade de água, etc.). Os testes microbiológicos raramente

são utilizados para monitorar um PCC devido ao tempo e custos envolvidos no

procedimento.

Na etapa da monitorização quatro questões devem estar bem definidas para

todos os PCCs, são elas: O que vai ser monitorado; como vai ser monitorado, quem

vai monitorar e quando essa monitorização deve ser feita.

Princípio 5: Estabelecimento das ações corretivas

As ações corretivas são aplicadas quando ocorrem desvios nos limites

críticos. Essas ações são específicas para todos os PCCs e quando aplicadas

devem garantir que o processo volte a ser seguro. Caso a frequência da aplicação

das ações corretivas seja muito alta, há a necessidade de aumento na frequência de

controle dos PCCs, ou a necessidade de efetuar modificações no processamento.

Princípio 6: Estabelecimento dos procedimentos de verificação

A verificação consiste em um processo de revisão do plano APPCC, para

verificar se este está dentro das normas e se os PCCs estão realmente sendo

controlados. Esse princípio tem como objetivo assegurar a efetividade do plano na

prevenção dos perigos, verificar se os limites críticos são satisfatórios e verificar se o

plano está sendo cumprido adequadamente. Nos procedimentos de verificação

podem ser feitas análises microbiológicas tradicionais que, apesar de demoradas,

são mais seguras e possuem respaldo da legislação.

Princípio 7: Estabelecimento dos procedimentos de registros

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Registro de todos os documentos utilizados ou gerados no plano APPCC

Exemplo: registro de desvios e ações corretivas, registro de validação do plano,

registro de treinamento dos funcionários, registro de auditorias de clientes, entre

outros. Os documentos devem estar organizados e arquivados em local de fácil

acesso, para que a equipe se sinta envolvida e responsável.

O MBPF e os POPs são pré-requisitos fundamentais, constituindo-se na base

higiênico-sanitária para a implantação do plano APPCC. Por exemplo, na análise de

possíveis perigos de um processo, existem etapas ou pontos que são identificadas

apenas como pontos de controle, ou seja, podem ser controladas pelo MBPF e pelos

POPs; quando esses programas de pré-requisitos não são bem aplicados e

controlados, pontos críticos de controle são identificados, monitorizados e mantidos

sob a égide do plano APPCC. Por isso, os programas de pré-requisitos simplificam e

viabilizam o plano APPCC, assegurando sua integridade e eficiência com o objetivo

de garantir a segurança dos alimentos (CNI/SENAI/SEBRAE, 2000).

4.3. SANTAHORA BEBIDAS E ALIMENTOS

A SANTAHORA BEBIDAS E ALIMENTOS é uma fábrica de pequeno porte,

localizada no munícipio de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, Paraná. A

empresa é especializada na fabricação de “smoothie”, um suco natural feito a partir

da mistura de polpas de frutas, frutas in natura e sucos de frutas, sem a adição de

outros ingredientes. Os sabores de smoothie produzidos são: amora e framboesa,

mamão e acerola, morango e banana e manga e maracujá.

Através de visitas técnicas, pesquisa em legislações e de informações

passadas pelos supervisores foi possível desenvolver o Manual de boas práticas de

fabricação da indústria, os procedimentos operacionais padronizados e as

Instruções de trabalho. O objetivo foi desenvolver um documento que mais se

adequasse as condições físicas e operacionais da empresa, sempre visando

estabelecer requisitos de higiene e boas práticas para garantir a elaboração de

produtos seguros e adequados ao consumo humano.

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4.4. Mama Gê Alimentos Orgânicos

A Mama Gê é uma fábrica especializada na produção de alimentos orgânicos,

o principal produto fabricado é o molho de tomate tradicional e suas variações, como

o molho de tomate com berinjela, o molho de tomate com manjericão e o molho de

tomate com pimenta. Porém, a empresa também fabrica outros produtos em menor

escala como o molho de pimenta malagueta, o molho de maracujá, a calda doce de

maracujá, a farinha da casca do maracujá, o patê de tomate seco e o tomate seco

em conserva. A empresa está localizada em Brasília, Distrito Federal e conta com

um plantio próprio de tomates e outras matérias-primas.

Para a Mama Gê Alimentos Orgânicos foram desenvolvidos o Manual de

Boas Práticas de Fabricação, os Procedimentos operacionais padronizados, as

Instruções de trabalho e o plano APPCC para o molho de tomate, o molho de tomate

com berinjela, o molho de tomate com pimenta, o molho de tomate com manjericão

e para o molho de pimenta malagueta. Os documentos foram desenvolvidos com

base em relatórios de visitas técnicas realizadas pelos supervisores e com base em

pesquisas nas legislações vigentes. O objetivo foi desenvolver documentos que se

adequassem às condições físicas e operacionais da empresa, tornando o processo

com padrões de higiene e condições sanitárias, de acordo com os requerimentos

legais.

O plano APPCC foi desenvolvido para evitar problemas com contaminações

nos produtos acabados. No processo do molho de tomate e suas variações e do

molho de pimenta foram encontrados três pontos críticos de controle. O primeiro

PCC está na etapa de higienização das matérias-primas onde podem ocorrer

perigos biológicos devido à dosagem inadequada do sanitizante acarretando na

sobrevivência de micro-organismos patogênicos. O segundo PCC está na etapa da

seleção; a seleção de matérias-primas visivelmente deterioradas pode acarretar em

possíveis perigos químicos no produto final devido à contaminação por fungos

produtores de micotoxinas, resistentes a aplicação de calor. O último PCC está na

etapa do envase a quente, onde pode ocorrer recontaminação por microrganismos

patogênicos devido ao resfriamento do produto - a temperatura do produto tem que

estar acima de 85 ºC antes do envase.

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4.5. PANQUEX

A PANQUEX é uma fábrica destinada à produção de massas de panquecas

prontas para o consumo. A empresa está localizada no bairro Morrotes, na cidade

de Tubarão, Santa Catarina. A empresa já vem desenvolvendo o projeto de

fabricação de massas de panquecas prontas há mais de um ano, porém só agora a

produção vai ser efetivamente estabelecida. Por isso, a PANQUEX já possui um

Manual de boas práticas de fabricação que foi escrito no ano de 2014, o objetivo,

então, foi revisar esse manual fazendo algumas modificações para adequá-lo a nova

realidade do processo produtivo, criar os Procedimentos operacionais padronizados,

as Instruções de trabalhos e, por fim, implementar o sistema APPCC para a linha de

produção da panqueca. Os documentos de qualidade foram desenvolvidos com

base em visitas técnicas a empresa e com base em pesquisas bibliográficas e na

legislação vigente. Devido a mudanças no processo produtivo, até o presente

momento o plano APPCC para as massas de panqueca não foi finalizado.

4.6. Desenvolvimento de um novo produto

Como dito anteriormente, a PANQUEX é uma fábrica especializada na

produção de massas de panquecas prontas para o consumo; portanto, para isso é

necessário que durante a produção da panqueca a massa passe por um processo

de tratamento térmico a fim de garantir a segurança microbiológica do produto.

Nesse contexto, a massa da panqueca deve possuir uma formulação passível de

exposição ao tratamento térmico sem perder suas funcionalidades. Isso porque, o

aquecimento provoca a gelatinização dos grânulos de amido, principais constituintes

da farinha, promovendo a formação de grumos na massa durante o processamento.

A gelatinização do amido consiste na dilatação dos grânulos de amido quando

submetidos à água aquecida, com consequente aumento de volume. Esse

fenômeno é decorrente do rompimento das ligações químicas que mantém a

estrutura física do amido. Com a gelatinização, o amido desenvolve uma transição

térmica irreversível de um estado ordenado para um estado desordenado, onde

podem ser vistas várias alterações como o intumescimento dos grãos, absorção de

água, perda da cristalinidade e o aumento da viscosidade da dispersão contendo o

amido. Os grânulos de amido não incham todos ao mesmo tempo; devido a fatores

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como tamanho dos grânulos, proporção de amilose e amilopectina cada amido

possui uma faixa de gelatinização específica. O amido de trigo, por exemplo, possui

uma faixa de gelatinização que vai de 58 a 65 ºC (CAUVAIN; YOUNG, 2009).

A Otimize Consultoria em Engenharia de Alimentos teve como desafio

formular massas de panqueca e desenvolver uma linha de processamento visando

obter um produto final adequado e seguro para o consumo humano. A formulação

da panqueca foi elaborada visando obter uma massa pouco viscosa e com uma

mistura de farinhas que garantisse a menor gelatinização possível dos grãos de

amido durante o processamento térmico; e a linha de processamento foi

desenvolvida a fim de obter um processo seguro, que mais se adequasse as

condições do produto. A formulação da massa e a linha de processamento

escolhidos para o desenvolvimento da panqueca não podem ser descritos no

presente documento.

Durante o estágio foram produzidas bateladas das massas de panqueca no

próprio laboratório da empresa. O objetivo foi obter análises microbiológicas e

sensoriais do produto final. Nos dias de produção foi possível obter uma melhor

compreensão das etapas mais importantes do processo, como a pasteurização, a

esterilização das embalagens, o envase, entre outros. Além de diversos

conhecimentos adquiridos, colocamos em prática todas as boas práticas de

fabricação já estudadas com o objetivo de eliminar qualquer tipo de contaminação

que pudesse interferir nos resultados dos testes microbiológicos.

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5. CONCLUSÃO

O estágio supervisionado de cunho obrigatório na indústria de alimentos

realizado pelos alunos da graduação de engenharia de alimentos é de extrema

importância para o desenvolvimento profissional dos acadêmicos, pois levam os

alunos à por em prática os conhecimentos teóricos adquiridos durante a graduação.

O estágio na Otimize Consultoria em Engenharia de Alimentos, não foi diferente

quanto ao ganho profissional adquirido nesses meses de trabalho. Desde o começo

do estágio, aprendi sobre diversos assuntos que agregaram de alguma forma na

minha formação profissional e, apesar de não estar diretamente atuando em uma

indústria com uma linha de produção em específico; através das visitas técnicas nas

empresas eu pude conhecer diversas linhas de produção aprendendo um pouco

sobre cada processo. Além disso, para o desenvolvimento dos projetos, foi

necessário uma leitura detalhada de algumas das legislações mais importantes para

a indústria de alimentos. Portanto, o conhecimento adquirido foi bastante amplo, pois

além de relembrar diversos assuntos de disciplinas cursadas, obtive novos

conhecimentos através das pesquisas bibliográficas realizadas.

Os dois supervisores que me acompanharam ao longo do estágio, também

contribuíram muito por todo o conhecimento adquirido. Sempre bastante atenciosos,

me passaram muitos conhecimentos técnicos através de conversas, e sanaram

todas as minhas dúvidas quando foi preciso.

Esse período de estágio me fez compreender cada vez mais a importância da

profissão que escolhi e, apesar de ainda possuir muitas dúvidas quanto ao meu

futuro profissional, finalizo a graduação feliz por todo aprendizado adquirido ao longo

desses meses de trabalho.

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6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC n°

216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para

Serviços de Alimentação.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC no

275, de 21 de outubro de 2002. Regulamento técnico de procedimentos operacionais

padronizados aplicados aos estabelecimentos produtores/ industrializadores de alimentos e

a lista de verificação das boas praticas de fabricação em estabelecimentos

produtores/industrializadores de alimentos.

CAUVAIN, S. P.; YOUNG, L. S. Tecnologia da panificação. 2ed. Barueri: Manole, 2009

418p.

CONVÊNIO CNI/SENAI/SEBRAE. Elementos de apoio para o sistema APPCC. Brasília,

2ed. SENAI/DN, 2000a. 361p. Série Qualidade e Segurança Alimentar. Projeto APPCC

indústria.