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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE LETRAS
UNIDADE DE LITERATURAS, ARTES E CULTURAS
TTRRAATTAAMMEENNTTOO AARRQQUUIIVVÍÍSSTTIICCOO DDEE DDOOCCUUMMEENNTTAAÇÇÃÃOO DDAA
DDIIRREECCÇÇÃÃOO--GGEERRAALL DDEE OOBBRRAASS PPÚÚBBLLIICCAASS EE CCOOMMUUNNIICCAAÇÇÕÕEESS
DDOO EEXXTTIINNTTOO MMIINNIISSTTÉÉRRIIOO DDOO UULLTTRRAAMMAARR
Pedro Miguel Serra Godinho
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
(Arquivística)
2011
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE LETRAS
UNIDADE DE LITERATURAS, ARTES E CULTURAS
TTRRAATTAAMMEENNTTOO AARRQQUUIIVVÍÍSSTTIICCOO DDEE DDOOCCUUMMEENNTTAAÇÇÃÃOO DDAA
DDIIRREECCÇÇÃÃOO--GGEERRAALL DDEE OOBBRRAASS PPÚÚBBLLIICCAASS EE CCOOMMUUNNIICCAAÇÇÕÕEESS
DDOO EEXXTTIINNTTOO MMIINNIISSTTÉÉRRIIOO DDOO UULLTTRRAAMMAARR
Relatório de estágio orientado pelo Prof. Doutor Paulo Farmhouse Alberto e pelo Dr.
António Gil Matos
Pedro Miguel Serra Godinho
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
(Arquivística)
2011
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Aos meus pais
e
amigos
(os especiais!)
…
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AGRADECIMENTOS �
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Agradeço ao Prof. Doutor Paulo Farmhouse Alberto, ao Dr. António Gil Matos e
à Dr.ª Manuela Portugal, pela disponibilidade e orientação na realização deste estágio
objecto de relatório final.
Um agradecimento especial à Doutora Ana Canas, Directora do Arquivo
Histórico Ultramarino, pela oportunidade de realização do estágio em tão ilustre casa.
Um agradecimento especial ao Dr. João Vieira e à Dr.ª Eugénia Costa, pelo
incentivo e disponibilidade ao longo do meu percurso académico e profissional, bem
como às equipas de tratamento arquivístico e conservação e preservação de documentos
gráficos e fotográficos do Departamento de Informação, Biblioteca e Arquivo do
Instituto da Habitação da Habitação e da Reabilitação Urbana, no Forte de Sacavém,
pela disponibilidade no esclarecimento e resolução de algumas dúvidas surgidas no
decurso deste trabalho.
À minha mãe, pai e irmã um muito obrigado pelo apoio incondicional ao longo
da minha vida e por acreditarem sempre em mim…
Aos meus amigos, os meus especiais amigos, a vossa amizade, dedicação e
companheirismo é uma bênção. Nunca conseguirei agradecer o suficiente por isso.
A todos os que, de uma forma ou outra, contribuíram para a realização deste
trabalho, um muito obrigado.
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RESUMO �
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O Tratamento Arquivístico define-se como o conjunto de procedimentos
técnicos que têm por objectivo a identificação, organização e descrição arquivística dos
documentos de arquivo e dos dados e informações por ele veiculados.
O objectivo essencial do relatório de estágio que aqui se apresenta consistiu no
tratamento arquivístico de documentação da Direcção-Geral de Obras Públicas e
Comunicações do extinto Ministério do Ultramar.
O mesmo tratamento arquivístico incidiu particularmente nos conjuntos
documentais da Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação e do Centro de
Documentação Técnico-Económica, de que o Arquivo Histórico Ultramarino é detentor.
Neste contexto, iniciou-se a recolha e sistematização de informação bibliográfica
e legislativa relacionada com os serviços em estudo, incluindo as suas áreas de
actividade. De seguida, procedeu-se à elaboração do seu estudo orgânico-funcional,
bem como custodial e arquivístico dos conjuntos documentais produzidos e
acumulados.
Simultaneamente, foram realizadas as necessárias operações de identificação,
ordenação, cotação, descrição, limpeza e higienização, acondicionamento e instalação
final da documentação.
A informação resultante do tratamento arquivístico permitiu uma caracterização
geral dos conjuntos documentais aqui analisados.
A realização deste estágio permitiu colocar em prática conhecimentos
adquiridos, culminando na elaboração do relatório que aqui se apresenta.
Palavras-chave: Arquivística, Tratamento Arquivístico, Ministério do Ultramar,
Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações, Arquivo Histórico Ultramarino.
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ABSTRACT �
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Archival Processing is defined as the set of technical procedures aimed at the
arrangement, description and housing of archival materials for storage and use by
patrons.
The goal of this internship report consisted in the archival processing of
documentation from the Department for Public Works and Housing of the former
Portuguese Ministry of Overseas Affairs.
The same archival processing focused particularly on the documentation sets of
the Bureau for Housing and Urban Development and the Centre for Economic and
Technical Resource that the Overseas Historical Archive holds.
In this context, we started by collecting and organizing all the bibliographic and
legislative information related to the offices in study, including their core business.
Then we established to prepare their administrative history, as well as the custodial and
archival history of documentation sets produced and accumulated by them.
Simultaneously archival processing was carried on, with the arrangement,
archival description, surface cleaning and storage.
The information resulting from the archival processing allowed a general
characterization of the documentation sets analyzed in this study.
This internship performed us to apply the knowledge acquired, culminating in
this report presented.
Keywords: Archival Science, Archival Processing, Portuguese Ministry of Overseas
Affairs, Department for Public Works and Housing, Overseas Historical Archive.
vii��
LISTA DE ACRÓNIMOS �
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AHU – Arquivo Histórico Ultramarino
CDTE – Centro de Documentação Técnico-Económica
DGE – Direcção-Geral de Economia
DGF – Direcção-Geral do Fomento
DGFC – Direcção-Geral de Fomento Colonial
DGOPC – Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações
DSUH – Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação
GUC – Gabinete de Urbanização Colonial
GUU – Gabinete de Urbanização do Ultramar
IICT – Instituto de Investigação Científica e Tropical
IPAD – Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento
MC – Ministério das Colónias
MU – Ministério do Ultramar
NDT – Núcleo de Documentação Técnica
ROPPV – Repartição de Obras Públicas, Portos e Viação
ÍNDICE �
AGRADECIMENTOS .................................................................................................... iv
RESUMO ......................................................................................................................... v
ABSTRACT .................................................................................................................... vi
LISTA DE ACRÓNIMOS ............................................................................................. vii
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1. Enquadramento.......................................................................................................... 1
2. Contexto .................................................................................................................... 1
3. Objectivos.................................................................................................................. 2
4. Metodologia .............................................................................................................. 2
5. Estrutura do trabalho ................................................................................................. 4
I – OS ARQUIVOS DE ARQUITECTURA .................................................................... 7
II – A DOCUMENTAÇÃO PROVENIENTE DA DIRECÇÃO-GERAL DE OBRAS
PÚBLICAS E COMUNICAÇÕES: OS CONJUNTOS DOCUMENTAIS DA
DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE URBANISMO E HABITAÇÃO E DO CENTRO
DE DOCUMENTAÇÃO TÉCNICO-ECONÓMICA .................................................... 10
1. O Arquivo Histórico Ultramarino, entidade detentora da documentação ............... 10
2. O contacto com a documentação alvo de tratamento arquivístico .......................... 16
3. Estudo orgânico-funcional ...................................................................................... 17
3.1. A Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações ..................................... 17
3.2. A Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação ....................................... 22
3.3. O Centro de Documentação Técnico-Económica ............................................. 27
4. Constituição e organização dos conjuntos documentais ......................................... 31
4.1. O conjunto documental da Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação 31
4.2. O conjunto documental do Centro de Documentação Técnico-Económica ..... 38
4.3. A sua dispersão no quadro de extinção do Ministério do Ultramar .................. 40
ix��
III – OPERAÇÕES REALIZADAS NO TRATAMENTO ARQUIVÍSTICO DA
DOCUMENTAÇÃO ...................................................................................................... 46
1. Identificação ............................................................................................................ 46
2. Higienização ............................................................................................................ 46
3. Ordenação................................................................................................................ 48
4. Cotação .................................................................................................................... 48
5. Descrição ................................................................................................................. 49
6. Acondicionamento .................................................................................................. 63
7. Instalação ................................................................................................................. 65
IV – CARACTERIZAÇÃO GERAL DA DOCUMENTAÇÃO A PARTIR DO SEU
TRATAMENTO ARQUIVÍSTICO ............................................................................... 66
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 76
BIBLIOGRAFIA GERAL .............................................................................................. 79
Fontes documentais ..................................................................................................... 79
Bibliografia.................................................................................................................. 80
Legislação.................................................................................................................... 87
ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................. 98
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................. 99
APÊNDICES ................................................................................................................ 100
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INTRODUÇÃO �
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1. ENQUADRAMENTO
No âmbito do Curso de Mestrado em Ciências da Documentação e Informação,
variante de Arquivística, ministrado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,
optou-se pela realização da componente de estágio profissional objecto de relatório
final, surgindo a oportunidade do seu desenvolvimento no Arquivo Histórico
Ultramarino (AHU), organismo integrado no Instituto de Investigação Científica e
Tropical, IP (IICT), actualmente na dependência da Presidência do Conselho de
Ministros.
O estágio profissional objecto de relatório final teve como principal objectivo o
tratamento arquivístico de documentação da Direcção-Geral de Obras Públicas e
Comunicações (DGOPC) do extinto Ministério do Ultramar (MU), particularmente dos
conjuntos documentais da Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação (DSUH) e
do Centro de Documentação Técnico-Económica (CDTE).
2. CONTEXTO
O AHU, enquanto arquivo definitivo do MU, acumulou um vasto conjunto de
documentação relativo a obras públicas, que conserva o testemunho de grandes e
pequenos empreendimentos públicos, sobretudo do século XX, projectados para o
antigo espaço ultramarino português, constituído à época pelos territórios de Cabo
Verde, Guiné, S. Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Estado da Índia1, Macau e
Timor.
Este conjunto de documentação carece actualmente de tratamento arquivístico
adequado, no contexto das prioridades definidas pelo AHU no desenvolvimento da sua
���������������������������������������� �������������������������1 Até à independência da Índia em 1947, Portugal manteve na sua posse Goa, Damão e Diu, Nagar-Aveli e Dadrá, perdendo estes dois últimos territórios em 1954 e os restantes em 1961, na sequência da sua ocupação pelas forças da União Indiana. Portugal só viria a reconhecer a ocupação em 1974, na sequência da Revolução de Abril. Cf. LÉONARD, Yves – O Ultramar Português, p. 31-50.
2��
missão de preservação, tratamento, gestão, divulgação e disponibilização do acervo
arquivístico de que é detentor.
3. OBJECTIVOS
Como se referiu inicialmente, o estágio profissional realizou-se no AHU, tendo
como principal objectivo o tratamento arquivístico de documentação da DGOPC,
particularmente dos conjuntos documentais da DSUH e do CDTE.
Pretendia-se a concepção e desenvolvimento de um modelo de tratamento
arquivístico que servisse as necessidades actuais do AHU no conhecimento preliminar
dos organismos envolvidos e da documentação por eles produzida.
O eminente arranque de dois projectos de tratamento arquivístico e investigação
financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) - Os Gabinetes
Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitectónica2 e EWV - Visões cruzadas
dos mundos: arquitectura moderna na África Lusófona (1943-1974) vista através da
experiência Brasileira iniciada a partir dos anos 303 - tendo por objecto de estudo a
referida documentação, determinaram a prioridade do seu estudo e tratamento.
4. METODOLOGIA
A metodologia para a elaboração deste relatório consistiu inicialmente na análise
orgânico-funcional do (s) serviço (s) produtor (es) da documentação alvo de
tratamento4 , o que implicou a pesquisa, recolha e análise dos diplomas legais que
���������������������������������������� �������������������������2 Projecto PTDC/AUR-AQI/104964/2008. Resumo do projecto disponível em <http://www.fct.pt/apoios/projectos/consulta/vglobal_projecto?idProjecto=104964&idElemConcurso=2793>. 3 Projecto PTDC/AUR-AQI/103229/2008. Resumo do projecto disponível em <http://www.fct.pt/apoios/projectos/consulta/vglobal_projecto?idProjecto=103229&idElemConcurso=2793>. 4 O Manual para a Gestão de Documentos refere que um programa de intervenção num sistema de arquivo pressupõe o conhecimento detalhado do organismo em que o mesmo se insere. Esse conhecimento requer a identificação e análise da sua estrutura orgânico-funcional e da sua evolução, através do recurso ao estudo cuidado dos diplomas legais que estiveram na sua origem, bem como toda a documentação produzida internamente e que é fundamental para o seu conhecimento. Cf. PORTUGAL. Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo – Manual para a Gestão de Documentos, p. 1 (1) -1 (6).
3��
regeram a complexa estrutura orgânica e funcional do MU5, estabelecendo-se como
ponto de partida a década de 1930, data de arranque da nova política colonial definida
pelo Estado Novo, materializada na promulgação do Acto Colonial6, da Carta Orgânica
do Império Colonial Português7 e da Reforma Administrativa Ultramarina8. De igual
modo se procedeu à pesquisa, recolha e análise dos diplomas legais que regeram a
estrutura orgânica e funcional da DGOPC e dos serviços que a compunham,
particularmente da DSUH e do CDTE, incluindo os serviços que os antecederam nas
suas atribuições, e ainda sobre os correspondentes serviços existentes nas províncias
ultramarinas, particularmente Angola e Moçambique, sobre os quais a DGOPC e os
seus serviços tinham superintendência do ponto de vista técnico. Simultaneamente
procedeu-se à pesquisa, recolha e análise de legislação regulamentadora referente às
áreas de actividade destes serviços, resultando na obtenção de informação
complementar sobre as funções específicas dos mesmos. Foi realizada ainda pesquisa,
consulta e análise de estudos monográficos e de documentos produzidos pelos serviços
em análise, nomeadamente planos e relatórios de actividades, ofícios, ordens de serviço,
informações, circulares, despachos, etc., cujo conteúdo informacional se revelou
pertinente para a caracterização dos serviços em causa. A sistematização de toda esta
informação recolhida nos mais diversos organismos9 conduziu à realização do estudo
orgânico-funcional dos serviços em causa, incluindo os necessários organogramas, e do
estudo, embora esquemático, dos serviços congéneres existentes nas províncias
ultramarinas, tomando como estudos de caso os serviços organizados nas antigas
províncias de Angola e Moçambique, cuja complexa organização, enquanto províncias
de governo-geral, é representativa de uma estrutura orgânico-funcional padrão que se
pretendia para o restante espaço ultramarino português. Esse estudo é aqui materializado
em quadros sinópticos evolutivos, que em si permitem um melhor conhecimento e
compreensão da vasta área de abrangência e actuação da DGOPC, e particularmente da
DSUH.
���������������������������������������� �������������������������5 Desde a sua autonomização em 1911 até à revisão constitucional de 1951, o MU designou-se Ministério das Colónias. 6 Decreto n.º 18 570, de 8 de Julho de 1930. 7 Decreto-Lei n.º 23 228, de 15 de Novembro de 1933.8 Decreto-Lei n.º 23 229, de 15 de Novembro de 1933.9 Biblioteca Nacional de Portugal, Centro de Documentação e Informação do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, Centro de Documentação e Informação do Instituto de Investigação Científica e Tropical, Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa, Biblioteca do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana e Biblioteca do Arquivo Histórico Ultramarino.
4��
Simultaneamente deu-se início ao tratamento arquivístico, definindo-se todo um
conjunto de procedimentos técnicos necessários para a identificação, organização e
descrição10 dos conjuntos documentais da DSUH e do CDTE. Neste sentido, partimos
para a identificação e análise dos instrumentos de registo e controlo da documentação
existentes, consistindo essencialmente nas guias de remessa da documentação
incorporada no AHU, a partir dos quais se identificou a documentação a ser alvo de
tratamento. Procedeu-se, de seguida, à concepção e desenvolvimento de tabelas em
Microsoft Office Excel para descrição arquivística, de acordo com as normas,
orientações e recomendações internacionais e nacionais em vigor. Estabeleceu-se como
níveis de descrição o documento composto e o documento simples, neste último caso
para descrição individualizada de peças desenhadas e espécies fotográficas.
Paralelamente à descrição, foram realizadas as tarefas de ordenação, limpeza e
higienização, cotação, reacondicionamento e reinstalação final da documentação em
depósito.
Por fim, o estudo das tabelas de descrição arquivística, em ambos os níveis de
descrição, e em ambos os conjuntos documentais permitiram uma caracterização geral
dos conjuntos documentais que foram alvo de tratamento.
5. ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente relatório encontra-se dividido em quatro capítulos. É iniciado com
uma breve apresentação do projecto de estágio, no qual se enuncia o seu
enquadramento, contexto, objectivos propostos e metodologia desenvolvida na
realização do mesmo.
O capítulo I consiste numa breve abordagem à temática dos arquivos de
arquitectura, considerados como arquivos especiais no seio da arquivística, e nos quais
se insere, pela suas características, a documentação alvo de tratamento no presente
estágio.
O capítulo II aborda concretamente a documentação da DGOPC,
particularmente os conjuntos documentais da DSUH e do CDTE. É iniciado com uma
���������������������������������������� �������������������������10 Definição de Tratamento Arquivístico. Cf. PORTUGAL. Instituto Português da Qualidade – NP 4041. Informação e Documentação. Terminologia arquivística. Conceitos básicos, p. 17.
5��
breve caracterização do AHU, enquanto entidade de acolhimento do estágio e entidade
custodial, onde se procedeu ao contacto preliminar com a documentação alvo de
tratamento. Apresenta-se o estudo orgânico-funcional dos serviços, bem como o estudo
custodial e arquivístico dos seus conjuntos documentais, incluindo-se no mesmo a
dispersão documental ocorrida no quadro de extinção do MU.
O capítulo III consiste na descrição das operações realizadas no tratamento
arquivístico da documentação, de acordo com as normas e directrizes técnico-
arquivísticas definidas pelo AHU.
O capítulo IV traduz-se uma caracterização geral dos conjuntos documentais da
DSUH e do CDTE, a partir do seu tratamento arquivístico.
Por fim, é apresentada uma síntese de todo o trabalho desenvolvido, abordando
aspectos essenciais, perspectivas futuras, síntese das actividades realizadas,
competências adquiridas, resultados obtidos, assim como perspectivas de trabalhos que
poderão ser desenvolvidos para melhor e/ou concluir o trabalho.
É ainda incluído um conjunto de documentos considerados relevantes,
compilados durante a realização do trabalho e que figuram em apêndice,
particularmente os organogramas gerais do MU e organogramas específicos da
DGOPC, produzidos a partir das leis orgânicas sucessivamente promulgadas em 1936,
1957, 1958 e 1967. Estes organogramas revelam as estruturas gerais e específicas do
MU e da DGOPC, a disposição das unidades orgânicas, a hierarquia e as relações entre
as mesmas. Também em apêndice são incluídos quadros sinópticos evolutivos dos
serviços de obras públicas organizados em Angola e Moçambique, particularmente dos
serviços que tinham a seu cargo, os assuntos relativos a urbanismo e arquitectura,
constituindo-se aqui como exemplos da organização que prevalecia, embora menos
complexa, nas restantes províncias ultramarinas, e sobre os quais a DGOPC, através da
DSUH, exercia superintendência técnica. Nos quadros consta informação relativa a
âmbito cronológico de existência/actividade, enquadramento legal, unidade orgânica
principal e respectiva estrutura, quadro de competências e atribuições nos domínios de
urbanismo e arquitectura, sendo ainda apresentada diversa informação relevante para a
adequada compreensão do quadro no seu todo. Constam ainda em nota de rodapé a
referência bibliográfica de toda a legislação, incluindo o respectivo sumário, que serve
de suporte à elaboração de cada quadro.
6��
São ainda incluídas em apêndice, figurando em suporte informático, as grelhas
de descrição arquivística, relativa aos níveis de descrição documento composto e
documento simples, dos conjuntos documentais da DSUH e do CDTE.
Por fim, apresentamos ainda em apêndice um quadro das principais patologias
físico-mecânicas e físico-químicas identificadas na documentação, no decurso do seu
tratamento arquivístico.
7��
I – OS ARQUIVOS DE ARQUITECTURA
Os arquivos de arquitectura preservados nos sistemas de arquivo das
administrações centrais, regionais e locais de cada país, em instituições académicas ou
culturais, em associações profissionais e ainda em mãos privadas constituem, na
perspectiva de Blanco11, um dos nossos mais importantes patrimónios documentais.
Contudo, o termo arquivos de arquitectura não é consensual e tem sido alvo de
discussão. López Gómez 12 nega expressamente a existência de arquivos de
arquitectura, em favor do conceito de arquivos com fundos de arquitectura. Do mesmo
pensamento partilha Heredia Herrera 13 na aplicação do termo às administrações
públicas, embora os reconheça no sector privado, enquanto arquivos pessoais de
arquitectos. De qualquer forma, afigura-se para Heredia Herrera, que o termo arquivos
de arquitectura é, em última análise, uma referência nítida a fontes específicas
relacionadas com a arquitectura, tal como preconiza Hildesheimer14. Para Hildesheimer,
estas fontes são numerosas e diversas, não se limitando apenas aos arquivos pessoais
dos arquitectos. Constituem uma realidade mais vasta abarcando, não só a
documentação gráfica, que por si só constitui uma especificidade própria dos
documentos e arquivos de arquitectura, mas toda a documentação escrita que a
contextualiza, relacionada com a arquitectura e domínios associados, particularmente o
urbanismo e a engenharia, proveniente das administrações centrais e locais dos Estados,
particularmente dos organismos que se ocupam de actividades relacionadas directa ou
indirectamente com estes domínios, dos arquivos pessoais de arquitectos, das suas
associações profissionais e ainda de colecções factícias particulares. Contudo, este
conceito tão amplo, que no entender de Blanco 15 , se encontra relacionado, no
seguimento do que foi dito, com as fontes para o estudo da arquitectura, pode fazer
perder os limites do universo documental em causa, já que não é a mesma coisa analisar
os problemas específicos da documentação arquitectónica, seja ela gráfica ou escrita, ou
���������������������������������������� �������������������������11 BLANCO, Manuel – “Os Arquivos de Arquitectura. Relato das iniciativas internacionais”. In Archivos de arquitectura: documentos para el debate, p. 59. 12 LÓPEZ GÓMEZ, Pedro – ICA/PAR (Comité de Documentos de Arquitectura del Consejo Internacional de Archivos) en España. Citado por BLANCO, Manuel – op. cit, p. 60. 13 HEREDIA HERRERA, Antonia – Archivística general: teoría y práctica, p. 102-103. 14 HILDESHEIMER, Françoise – El Tratamiento de los Archivos de Arquitectos: el caso de Francia, p. 2. 15 BLANCO, Manuel – op. cit., p. 60.
8��
introduzir neste universo toda a documentação que possa dar informação sobre
arquitectura. Tal implicaria, segundo o autor, um extravasamento para outros universos
documentais. Blanco pondo a hipótese de os arquivos de arquitectura não existirem
como tal, avança, contudo, que não deve ser considerada como arquivos de arquitectura
toda a documentação cujo conteúdo esteja relacionado com a arquitectura e domínios
associados, pelo que deverá haver uma delimitação do universo documental dos
arquivos de arquitectura16 . Nesta perspectiva, a definição de architectural records,
entendida aqui no sentido de documentos de arquitectura e não tanto de arquivos de
arquitectura, dada por Pearce-Moses, parece bastante delimitadora deste universo
documental: «documents and materials that are created as parte of the design,
construction, and documentation of buildings and similar large structures, and that are
preserved for their administrative, legal, fiscal, or archival value»17, o que se coaduna na
perfeição com o próprio conceito de arquivo, como habitualmente o entendemos:
«conjunto orgânico de documentos, independentemente da sua data, forma e suporte
material, produzidos ou recebidos por uma pessoa jurídica, singular ou colectiva, ou
por um organismo público ou privado, no exercício da sua actividade e conservados a
título de prova ou informação»18.
Na mediação e em prol da resolução de questões relacionadas com os
documentos e arquivos de arquitectura, tem estado o Conselho Internacional de
Arquivos (ICA, International Council on Archives), através da sua Secção de Arquivos
de Arquitectura (SAR, Section on Architectural Records) 19 , cujos Estatutos 20 , em
concordância com os princípios estabelecidos pela restante comunidade internacional
dos arquivos e museus de arquitectura21, como refere Vieira22, é convicta de que os
documentos e arquivos de arquitectura são um «elemento-chave do nosso património
���������������������������������������� �������������������������16 Ibidem, p. 61. 17 PEARCE-MOSES, Richard – A Glossary of Archival and Records Terminology, p. 32. 18 ALVES, Ivone [et. al.] – Dicionário de Terminologia Arquivística, p. 7. 19 O ICA-SAR é oficialmente criado no Congresso Internacional de Arquivos, realizado em Sevilha, Espanha, em Setembro de 2000, como resultado do trabalho realizado em prol da documentação e arquivos de arquitectura desde inícios da década de 1980, dos seus antecessores ICA-Committe on Architectural Records e ICA-Working Group on Architectural Records. Cf. SIMON, Andreu, TORT, Rosa - Los documentos de arquitectura y cartografía. Qué son y cómo se tratan, p. 122. 20 ICA-SAR – Constitution. [Em linha]. 2004. 3p. [Consult. em 20 Set. 2011]. Disponível em <http://www.ica.org/download.php?id=1130>. 21 São vários os organismos relacionados com arquivos e museus de arquitectura, cuja actividade na preservação de documentos e arquivos de arquitectura é notável. A título de exemplo, salientamos o ICOM (International Council of Museums), através do ICAM (International Confederation of Architectural Museums). Cf. . Cf. SIMON, Andreu, TORT, Rosa – Idem, p. 121-129. 22 VIEIRA, João – Arquivos de Arquitectura e Sistemas de Informação sobre Arquitectura: uma relação cooperativa, p. 4-5.
9��
cultural, sendo o testemunho de como a Arquitectura foi sendo projectada, gerida e
utilizada e, em certos casos, o único registo da existência de construções já
desaparecidas ou de projectos nunca executados»23. Posto isto, «promover o acesso a
mais e melhores documentos de arquitectura autênticos pode constituir uma poderosa
estratégia para melhorar a qualidade e o desempenho técnico e administrativo de uma
organização, bem como reforçar a cultura e identidade organizacionais; aumentar a
consciência pública sobre a qualidade da arquitectura e do ambiente construído e sobre
a importância de se proteger o património arquitectónico; promover a investigação
científica e técnica em Arquitectura e em campos disciplinares associados; [e] encorajar a
utilização dos documentos e arquivos como recurso educativo e fonte de fruição cultural»24. De
igual modo, como refere ainda Vieira 25 , a própria normativa internacional sobre
protecção do património arquitectónico, consubstanciada em cartas, convenções e
recomendações internacionais, defende e difunde o princípio segundo o qual a
produção, aquisição, conservação e difusão de informação e documentação sobre
arquitectura 26 são, actualmente, um dos principais meios para o conhecimento,
salvaguarda e valorização do património arquitectónico.
���������������������������������������� �������������������������23 Ibidem, p. 4. 24 Ibidem, p. 4-5. 25 Ibidem, p. 4. 26 Particularmente os seguintes documentos: Carta de Atenas, sobre o Restauro dos Monumentos (1931), título VII, alínea c); Carta de Veneza, sobre a Conservação e Restauro dos Monumentos e dos Sítios (1964), art.º 16.º; Princípios para a Criação de Arquivos Documentais de Monumentos, Conjuntos Arquitectónicos e Sítios Históricos e Artísticos (1996). Todos estes documentos estão disponíveis sítio web institucional do ICOMOS – International Council on Monuments and Sites, em <http://www.international.icomos.org/charters.htm> .
10��
II – A DOCUMENTAÇÃO PROVENIENTE DA DIRECÇÃO-GERAL DE OBRAS PÚBLICAS E COMUNICAÇÕES: OSCONJUNTOS DOCUMENTAIS DA DIRECÇÃO DOS SERVIÇOSDE URBANISMO E HABITAÇÃO E DO CENTRO DEDOCUMENTAÇÃO TÉCNICO-ECONÓMICA
1. O ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO, ENTIDADE DETENTORA DA
DOCUMENTAÇÃO
O Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), organicamente integrado no
Departamento de Serviços de Apoio27, é um dos centros de actividade e dos serviços
abertos ao público do Instituto de Investigação Cientifica e Tropical (IICT) 28 ,
actualmente na dependência da Presidência do Conselho de Ministros29.
O AHU tem como missão fundamental, desde a sua criação formal em 193130
com a designação de Arquivo Histórico ColoniaL 31 , assegurar a preservação,
tratamento, gestão, divulgação e disponibilização dos acervos arquivístico e
bibliográfico das áreas do saber relativas às regiões tropicais que se encontram à sua
guarda. O acervo arquivístico do AHU, proveniente na sua quase totalidade de arquivos
de organismos da administração ultramarina portuguesa que funcionaram entre meados
���������������������������������������� �������������������������27 De acordo com o art.º 3.º da Portaria n.º 553/2007, de 30 de Abril, o Departamento de Serviços de Apoio é um serviço de apoio à investigação, tendo como missão a gestão administrativa, financeira e patrimonial dos recursos humanos e materiais do IICT, bem como a valorização e preservação do património histórico e cultural à sua guarda. 28 De acordo com os artigos 1.º e 3.º do Decreto-Lei n.º 155/2007, de 27 de Abril, o IICT é um instituto público, integrado na administração indirecta do Estado, dotado de autonomia científica, administrativa e financeira e património próprio, tendo como missão o apoio técnico e científico à cooperação com os países das regiões tropicais, particularmente à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). 29 Recentemente, pelo Decreto-Lei n.º 86-A/2011, de 12 de Julho, o IICT, fruto da extinção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do qual dependia, é integrado na Presidência do Conselho de Ministros, mantendo, contudo, a organização definida em 2007, pelo Decreto-Lei n.º 155/2007, de 27 de Abril, e Portaria n.º 553/2007, de 30 de Abril. 30 O AHU foi legalmente criado pelo Decreto n.º 19 868, de 9 de Junho de 1931, na dependência directa do então Ministério das Colónias, com o objectivo de reunir num só local e em boas condições de segurança e conservação, toda a documentação colonial que se encontrava dispersa. Em 1973, em execução do art.º 29.º do Decreto-Lei n.º 583/73, de 6 de Novembro, é integrado na Junta de Investigações Científicas do Ultramar, transitando, em 1979, em virtude da extinção desta pelo Decreto-Lei n.º 532/79, de 31 de Dezembro, para a tutela do Laboratório Nacional de Investigação Científica Tropical, denominado posteriormente, por via do Decreto-Lei n.º 105/82, de 8 de Abril, Instituto de Investigação Científica e Tropical. 31 Situação alterada por via da Portaria n.º 13 625, de 26 de Dezembro de 1951, passando a designar-se Arquivo Histórico Ultramarino.
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do século XVII e 1974-75, cuja actividade se desenrolou numa diversidade de espaços,
comunidades e culturas, na Europa, América do Sul, África e Ásia 32 , encontra-se
actualmente estimado em cerca de 16 km de documentação, organizada em três fundos
principais33: Conselho Ultramarino34, Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar35 e
Ministério do Ultramar 36 . Este acervo é ainda complementado por um fundo
bibliográfico, composto por mais de 50 000 volumes de livros, publicações em série,
com destaque para os Boletins Oficiais das ex-colónias portuguesas e demais legislação
colonial, bem como dissertações de mestrado e doutoramento, nacionais e
internacionais, sobre temas relacionados com ele37.
O AHU, no desenvolvimento da missão global do IICT, nomeadamente no apoio
técnico e científico à cooperação com os países das regiões tropicais, em particular os
que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e no
desenvolvimento da sua missão específica, centra actualmente a sua actividade em torno
de três temáticas essenciais38: a comunicação e difusão do seu acervo arquivístico e
bibliográfico e actividades associadas; o tratamento documental do seu acervo
arquivístico e bibliográfico; a conservação, preservação e transferência de suportes.
A comunicação e difusão do acervo arquivístico do AHU advém,
primordialmente, da resposta útil às solicitações externas, em particular dos pedidos de
pesquisa e informação de diversas entidades, públicas ou particulares, nomeadamente
das provenientes ou relacionadas com países da CPLP, para finalidades diversas de
���������������������������������������� �������������������������32 Cf. Arquivo Histórico Ultramarino, Dados do Plano: apresentação. Actual. 2011. Consult. 23 Jul. 2011, disponível em <http://www2.iict.pt/?idc=232&idt=31&unid=12>. 33 Embora bastante desactualizado, mas actualmente a ser alvo de revisão/actualização, o quadro de classificação do AHU encontra-se online. Cf. Arquivo Histórico Ultramarino: Documentação: Quadro de Classificação. Actual. 2002. Consult. 23 Jul. 2011, disponível em <http://www.iict.pt/ahu/Home-93.html>. 34 O plano de classificação do Fundo Conselho Ultramarino, embora disponível online, encontra-se actualmente em revisão/actualização. Cf. Arquivo Histórico Ultramarino: Documentação:Quadro de Classificação: [Plano de Classificação do Fundo Conselho Ultramarino]. Actual. 2002. Consult. 23 Jul. 2011, disponível em <http://www.iict.pt/ahu/CU.pdf>. 35 O plano de classificação do Fundo Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar, embora disponível online, encontra-se actualmente em revisão/actualização. Cf. Arquivo Histórico Ultramarino:Documentação:Quadro de Classificação: [Plano de Classificação do Fundo Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar]. Actual. 2002. Consult. 23 Jul. 2011, disponível em <http://www.iict.pt/ahu/SEMU.pdf>. 36 O plano de classificação do Fundo Ministério do Ultramar, embora disponível online, encontra-se actualmente em revisão/actualização. Cf. Arquivo Histórico Ultramarino: Documentação:Quadro de Classificação: [Plano de Classificação do Fundo Ministério do Ultramar]. Actual. 2002. Consult. 23 Jul. 2011, disponível em <http://www.iict.pt/ahu/MU.pdf>. 37 Cf. Arquivo Histórico Ultramarino, Dados do Plano: 2011: apresentação. Actual. 2011. Consult. 23 Jul. 2011, disponível em <http://www2.iict.pt/?idc=232&idt=31&unid=12>. 38 Cf. Arquivo Histórico Ultramarino, Dados do Plano: lista de actividades. Actual. 2011. Consult. 23 Jul. 2011, disponível em <http://www2.iict.pt/?idc=232&idt=28&unid=12>.
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investigação, difusão e divulgação, de prova, de conhecimento para tomada de decisões
ou ainda para efeitos de soberania 39 . Os esforços do AHU no sentido da
disponibilização do seu acervo recorrendo às novas tecnologias têm sido lentos, mas
evidentes. Apesar da fraca ou nula disponibilização de instrumentos de descrição
documental online, o que por si só constitui um factor inibidor dessa mesma
comunicação e difusão, o AHU dispõe actualmente de parte do seu acervo disponível
online no repositório Arquivo Científico Tropical Digital40. Ainda em colaboração com
outros departamentos do IICT, particularmente o Centro de Actividades de Preservação
e Acesso e o Centro de História, o AHU reforça a sua visibilidade através da realização
de iniciativas culturais e educativas - mostras documentais, visitas ao seu acervo e
edifício que o alberga41, conferências42 - destinadas a diversos públicos.
Um dos grandes objectivos operacionais do AHU é intensificar o tratamento e
aprofundar o conhecimento do acervo arquivístico e bibliográfico43 de que é detentor e
melhorar o acesso ao mesmo, procurando, por um lado, a uniformização dos dados
constantes dos instrumentos de pesquisa, e por outro, intensificar o tratamento
documental do seu vasto acervo, sobretudo o arquivístico, recorrendo frequentemente,
para isso, a projectos em parceria com outras instituições44 e a financiamentos externos.
Destacamos, pela sua importância, os projectos que actualmente decorrem no AHU
envolvendo o seu acervo arquivístico:
• Fundação para a Ciência e Tecnologia, Projecto PTDC/AUR-AQI/103229/2008
EWV – Visões cruzadas dos mundos : arquitectura moderna na África Lusófona
(1943-1974) vista através da experiência Brasileira iniciada a partir dos anos
3045. A contribuição deste projecto para o tratamento documental do acervo
arquivístico do AHU reside na identificação, organização, descrição, ���������������������������������������� �������������������������39 No fundo as solicitações externas acabam por contribuir na definição das prioridades no tratamento arquivístico do seu acervo. Cf. CANAS, Ana [et. al.] – É preciso sabermos ter memória!, p.179-181. 40 Disponível em <http://actd.iict.pt/>. 41 O Palácio da Ega ou Palácio do Pátio do Saldanha, onde se encontra instalado o AHU, é um edifício de reconhecido interesse histórico e artístico. V. Palácio da Ega / Arquivo Histórico Ultramarino. Actual. 2007. Consult. 23 Jul. 2011, disponível em <http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6536>. 42 A título de exemplo podemos referir o ciclo de conferências Ciência nos Trópicos, já na sua 6.ª edição. Estes ciclos de conferências, iniciados em 2006, no AHU têm como objectivo apresentar, divulgar e debater os trabalhos científicos efectuados ou não no âmbito do IICT – Saber Tropical. 43 O acervo bibliográfico é alvo de catalogação no sistema informático PORBASE 5. 44 CANAS, Ana, CASANOVA, Conceição – Práticas e políticas arquivísticas e de conservação no AHU: passado e presente, p. 180. 45 Resumo do projecto disponível em <http://www.fct.pt/apoios/projectos/consulta/vglobal_projecto?idProjecto=103229&idElemConcurso=2793>.
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reacondicionamento e reinstalação de parte das 1274 unidades de instalação da
Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações do Ministério do Ultramar e
de cerca de 20 unidades de instalação do Conselho Superior de Fomento do
Ultramar, bem como na recolha e sistematização de informação pertinente para a
respectiva história administrativa, custodial e arquivística.
• Fundação para a Ciência e Tecnologia, Projecto PTDC/AUR-AQI/104964/2008
Os Gabinetes Coloniais de Urbanização: cultura e prática arquitectónica46. A
sua contribuição para o tratamento documental do acervo arquivístico do AHU
reside na identificação, organização, descrição, reacondicionamento e
reinstalação de parte das 1274 unidades de instalação da Direcção-Geral de
Obras Públicas e Comunicações do Ministério do Ultramar, nomeadamente do
arquivo da Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação, bem como na
recolha e sistematização de informação pertinente para a respectiva história
administrativa, custodial e arquivística.
• Fundação para a Ciência e Tecnologia, Projecto HC/0067/2009 Meio século de
ciência colonial: olhares cruzados sobre o arquivo e a actividade científica da
Comissão de Cartografia47. A sua contribuição para o tratamento documental do
acervo arquivístico do AHU reside na higienização e diagnóstico do estado de
conservação, identificação, organização, descrição, reacondicionamento e
reinstalação de cerca de 370 unidades de instalação da Comissão de Cartografia
(1883-1936), bem como na recolha e sistematização de informação pertinente
para a respectiva história administrativa, custodial e arquivística.
• Iberarchivos: Programa ADAI – Apoio ao Desenvolvimento dos Arquivos
Ibero-Americanos, Projecto 2009/177 Sabores e saberes tropicais: acesso ao
Fundo Francisco Mantero48. A sua contribuição para o tratamento documental
do acervo arquivístico do AHU reside na higienização e diagnóstico do estado
de conservação, identificação, descrição sumária, reacondicionamento e
reinstalação de cerca de 188 unidades de instalação do Fundo Francisco Mantero
���������������������������������������� �������������������������46 Resumo do projecto disponível em <http://www.fct.pt/apoios/projectos/consulta/vglobal_projecto?idProjecto=104964&idElemConcurso=2793>. 47 Resumo do projecto disponível em <http://www.fct.pt/apoios/projectos/consulta/vglobal_projecto?idProjecto=109431&idElemConcurso=2935> . 48 Cf. Nota da Conferência: Saber e Arquivos de S. Tomé e Príncipe. Actual. 13 Jul. 2011. Consult. 23 Jul. 2011, disponível em <http://www2.iict.pt/index.php?idc=84&idi=17345>.
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(1870-1970), bem como na recolha e sistematização de informação pertinente
para a respectiva história administrativa, custodial e arquivística.
• Ministério da Cultura do Brasil / Diretoria de Relações Internacionais, Projecto
Resgate – Barão do Rio Branco 49 . A sua contribuição para o tratamento
documental do acervo arquivístico do AHU reside sobretudo na reorganização,
inventariação, catalogação e transferência de suporte (microfilmagem) da
documentação relativa ao Brasil existente nos Fundos Conselho Ultramarino e
Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar.
A par dos projectos a decorrer no AHU envolvendo a documentação de que é
detentor, encontram-se igualmente em tratamento arquivístico a documentação avulsa
da Série Angola do Fundo Conselho Ultramarino, a documentação da 3.ª Repartição da
Direcção-Geral do Ultramar do Fundo Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar, e a
documentação do Gabinete do Ministro e da Repartição de Cultura e Missões da
Direcção-Geral de Educação do Fundo Ministério do Ultramar. Em tratamento
arquivístico preliminar encontram-se ainda os códices do Fundo Conselho Ultramarino
e o próprio arquivo do AHU.
Paralelamente ao tratamento do seu acervo, o AHU assume como prioridade a
realização de acções de preservação e conservação material e transferência de suportes
do seu acervo. O AHU procura garantir e melhorar as condições de preservação e
segurança, apostando em acções de conservação preventiva, nomeadamente na
monitorização do controlo ambiental (temperatura e humidade), no controlo efectivo de
pragas e no acondicionamento e instalação adequados dos documentos, empreendendo,
à priori, acções de higienização e limpeza dos mesmos. Contudo, tais medidas não
invalidam a realização, embora pontual, de intervenções de restauro, quando
consideradas necessárias. Apesar de haver uma resposta continuada do AHU nas
solicitações externas e internas de reprodução, a transferência de suportes é, contudo,
sempre limitada às condições dos equipamentos e da capacitação humana actualmente
disponíveis50.
���������������������������������������� �������������������������49 Cf. BRASIL. Arquivo Nacional – COLUSO: relatório de actividades, 1996-2009. [Em linha]. Rio de Janeiro: AN/CONARQ, 2009, p. 24-28. [Acedido em 23 Jul. 2011]. Disponível em: <http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/Media/Relatorio%20Coluso%201996-2009%20-%20v.%20final.pdf>. 50 A transferência de suportes, no que se refere, por exemplo, a documentos de grande formato, é no AHU muito limitada ou mesmo inexistente.
15��
Actualmente, para além das acções empreendidas no esforço de visibilidade
realizado através de iniciativas culturais e educativas, o AHU reforça a sua abertura ao
exterior, particularmente na articulação com a Direcção-Geral de Arquivos (DGARQ) e
com o Conselho Internacional de Arquivos (ICA, International Council on Archives) e
no desenvolvimento de relações com membros congéneres da Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa (CPLP), nomeadamente enquanto Secretariado do Fórum dos
Arquivos de Língua Portuguesa (FALP) e membro activo da Comissão Luso-Brasileira
para a Salvaguarda e Difusão do Património Documental (COLUSO). Esta dinâmica
reflecte-se ainda no acolhimento e orientação de estágios técnicos em articulação com
instituições de ensino superior.
Dados gerais:
Arquivo Histórico Ultramarino
Horário da Sala de Leitura:
2ª a 6ª feira: das 13.15 às 19.15 horas
Sábado: das 9.15 às 12.15 horas
Localização:
Calçada da Boa-Hora, 30
1300 – 095 Lisboa
Contactos:
Tel.: 213 616 330
Fax: 213 616 339
E-mail: [email protected]
Web site: www.iict.pt/ahu
16��
2. O CONTACTO COM A DOCUMENTAÇÃO ALVO DE TRATAMENTO ARQUIVÍSTICO
A documentação alvo de tratamento foi incorporada no AHU, como veremos
posteriormente, em 1969, possivelmente na sequência da reorganização do Ministério
do Ultramar (MU), realizada em meados de 1967. Alguma desta documentação terá sido
eventualmente manuseada, no âmbito das atribuições do AHU, fruto de solicitações
externas, particularmente na resposta a pedidos de pesquisa sobre temáticas com ela
relacionada, mantendo, contudo, a ordem e acondicionamento que lhe foi dada no
contexto da sua transferência para o AHU e correspondendo, na generalidade, ao
conteúdo das guias de remessa que a acompanhou. Foram precisamente estas guias de
remessa que estiveram na base da selecção da documentação a tratar, e dado que o
universo documental da Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações (DGOPC) é
muito vasto 51 , optou-se pela escolha da documentação relativa a arquitectura e
urbanismo, não só pela crescente procura de documentação relacionada com estas
temáticas por parte dos utilizadores do AHU, mas também por ser a documentação alvo
nos projectos de tratamento arquivístico e de investigação financiados pela Fundação
para a Ciência e Tecnologia em fase de arranque, a que já aludimos anteriormente52.
O estudo das guias de remessa revelou a existência de documentação relativa às
temáticas supra indicadas em maços de serviços distintos da DGOPC - a Direcção dos
Serviços de Urbanismo e Habitação (DSUH) e o Centro de Documentação Técnico-
Económica (CDTE). Contudo, como as guias indicam o serviço, dentro da DGOPC, que
remetia a documentação, pensou-se, à partida, que a documentação referente a
arquitectura e urbanismo, enquanto atribuições conferidas por lei53 à DSUH, a esta
estaria exclusivamente adstrita. Porém, nas guias de remessa do CDTE, vamos
encontrar a mesma tipologia e temática documental, o que gerou alguma confusão. O
total desconhecimento sobre a organização e funcionamento de ambos os serviços,
conduziu-nos, desta forma, ao necessário estudo orgânico-funcional, bem como à
análise cuidada da documentação por ambos acumulada, optando-se, desta forma, por
���������������������������������������� �������������������������51 Cerca de 1 274 unidades de instalação. 52 FCT, Projecto PTDC/AUR-AQI/103229/2008, EWV – Visões cruzadas dos mundos : arquitectura moderna na África Lusófona (1943-1974) vista através da experiência Brasileira iniciada a partir dos anos 30 e Projecto PTDC/AUR-AQI/104964/2008 Os Gabinetes Coloniais de Urbanização: cultura e prática arquitectónica. 53 Cf. Estudo orgânico-funcional.
17��
um tratamento arquivístico diferenciado, embora simultâneo, de ambos os conjuntos
documentais, de forma a conhecer e compreender o contexto de produção e acumulação.
3. ESTUDO ORGÂNICO-FUNCIONAL
3.1. A DIRECÇÃO-GERAL DE OBRAS PÚBLICAS E COMUNICAÇÕES
Na sequência da promulgação da Carta Orgânica do Império Colonial
Português 54 e da Reforma Administrativa Ultramarina 55 , e atendendo à Lei de
Reconstituição Económica56, no sentido da criação de condições para a instituição e
desenvolvimento de uma política de fomento assente na execução de obras e
melhoramentos públicos, é criada, na organização do Ministério das Colónias (MC)
promulgada pelo Decreto n.º 26 180, de 7 de Janeiro de 1936, a Direcção-Geral de
Fomento Colonial (DGFC), destinada à orientação e coordenação dos serviços e
actividades ligados ao desenvolvimento económico das colónias, nomeadamente os
ligados ao sector das obras públicas. A DGFC é constituída pelas seguintes
repartições57:
1.ª - Repartição dos Serviços Geográficos, Geológicos e Cadastrais;
2.ª - Repartição dos Serviços Económicos;
3.ª - Repartição de Obras Públicas, Portos e Viação;
4.ª - Repartição dos Correios, Telégrafos e Electricidade.
A par da DGFC, e constituindo-se como um dos serviços centrais de fomento do
MC, é criado na década seguinte, pelo Decreto n.º 34 173, de 6 de Dezembro de 1944, o
Gabinete de Urbanização Colonial (GUC)58 , destinado ao estudo dos problemas de
���������������������������������������� �������������������������54 Decreto-Lei n.º 23 228, de 15 de Novembro de 1933.55 Decreto-Lei n.º 23 229, de 15 de Novembro de 1933.56 Lei n.º 1 914, de 24 de Maio de 1935. 57 V. Apêndice 1. 58 V. Apêndice 1.
18��
urbanização dos aglomerados populacionais coloniais, fruto do novo quadro legal
definido na metrópole, e que se pretendia extensivo às colónias, para esta área59.
A par destes serviços de carácter permanente, são criados ainda, por iniciativa da
DGFC e na sua dependência, serviços de carácter eventual, constituídos por brigadas e
missões técnicas de estudo, projecto e construção, com funções específicas e duração
limitada60.
Este conjunto de serviços, criados ou não na orgânica da DGFC, incluindo os
existentes e organizados nas colónias, encontravam-se sujeitos a uma estrutura informal
de inspecção e fiscalização, consubstanciada na figura do inspector superior de fomento
colonial que, embora integrado na orgânica da DGFC, estava na dependência directa do
Ministro. Esta estrutura é posteriormente ampliada, respectivamente em 193961 e em
194862, com mais dois inspectores superiores, dando origem, em 1953, à criação da
Inspecção-Geral de Fomento, por via do Decreto-Lei n.º 39 153, de 1 de Abril.
Pela organização de 1936, é criado junto da DGFC, como órgão coordenador e
de informação técnica, o Conselho Técnico de Fomento Colonial63 , e em instância
superior, junto do Ministro, com carácter consultivo e deliberativo, o Conselho do
���������������������������������������� �������������������������59 Já na década anterior, como se desenvolverá posteriormente, haviam sido estabelecidos os princípios gerais a seguir em matéria de urbanização, consolidados nas décadas seguintes através da criação, inclusive no ultramar, de instrumentos e organismos de concepção, controlo e fiscalização. 60 A título de exemplo, são criadas ao longo das décadas de 1940 e 1950, brigadas e missões técnicas destinadas ao estudo, projecto e construção de aeródromos (Decreto-Lei n.º 33 265, de 24 de Novembro de 1943, Decreto-lei n.º 36 622, de 24 de Novembro de 1947, e Portaria n.º 16 833, de 13 de Agosto de 1958, já no âmbito da Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações) e de obras hidroagrícolas, hidroeléctricas e de povoamento (Portaria n.º 14 171, de 28 de Novembro de 1952). 61 Decreto-Lei n.º 26 628, de 24 de Maio de 1939. 62 Decreto-Lei n.º 37 089, de 7 de Outubro de 1948. 63 De acordo com o art.º 183.º do Decreto n.º 26 180, cabe ao Conselho Técnico de Fomento Colonial, a apreciação de projectos, orçamentos e cadernos de encargos relativos a obras ou planos de obras públicas sobre os quais o Ministro das Colónias se tenha que pronunciar e ainda a apreciação de assuntos relativos a fomento colonial, por solicitação do Ministro ou do Director-Geral de Fomento Colonial, emitindo o seu parecer fundamentado. É reformulado pelo Decreto n.º 34 596, de 12 de Maio de 1945, sendo a sua designação alterada para Conselho Técnico de Fomento do Ultramar, por via da Portaria n.º 13 784, de 26 de Dezembro de 1951. É transformado em Conselho Superior de Fomento Ultramarino, pelo Decreto-Lei n.º 41 169, de 29 de Junho de 1957.
19��
Império Colonial64, com a competência de emitir acórdãos e pareceres sobre os assuntos
da sua especialidade65.
A revisão constitucional de 1951 66 veio introduzir nova terminologia na
referência aos territórios ultramarinos67 , conduzindo consequentemente à revisão de
toda a terminologia e disposições constantes dos textos legislativos relacionados com a
administração ultramarina. São neste sentido promulgados o Decreto-Lei n.º 38 300, de
15 de Junho68, e as portarias que lhe sucederam69. É ainda neste contexto promulgada,
em 1953, a Lei Orgânica do Ultramar Português70. Lançando as bases orgânicas da
administração ultramarina, este diploma previa a reorganização do Ministério do
Ultramar (MU), posteriormente promulgada em 1957, pelo Decreto-Lei n.º 41 169, de
29 de Junho. Nesta reorganização é criada a Direcção-Geral de Obras Públicas e
Comunicações (DGOPC)71, resultante, juntamente com a Direcção-Geral de Economia,
do desdobramento da Direcção-Geral do Fomento (DGF), e da extinção do Gabinete de
Urbanização do Ultramar (GUU). A sua orgânica é estabelecida pelo Decreto n.º 41
787, de 7 de Agosto de 1958, atribuindo-se-lhe a missão de exercer a acção orientadora
e executiva do Ministério nos sectores das obras públicas, transportes e comunicações
no ultramar, socorrendo-se, para isso, dos seguintes serviços técnicos72:
���������������������������������������� �������������������������64 O Conselho do Império Colonial é criado pela Lei n.º 1 913, de 23 de Maio de 1935 e regulamentado pelo Decreto n.º 26 180. O seu primeiro regimento é aprovado pelo Decreto n.º 28 066, de 1 de Outubro de 1937. Conhece novo regimento pelo Decreto n.º 32 539, de 18 de Dezembro de 1942, posteriormente alterado pelo Decreto-Lei n.º 39 602, de 3 de Abril de 1954, que resultaria, meses mais tarde, na aprovação de novo regimento, pelo Decreto n.º 39 908, de 17 de Novembro. A sua designação é alterada para Conselho Ultramarino, por via do Decreto n.º 38 300, de 15 de Junho de 1951. 65 De acordo com o art.º 127.º do Decreto n.º 26 180, pela 6.ª Secção do Conselho do Império Colonial são tratados os assuntos relativos a obras públicas, minas, indústria e comunicações, competindo-lhe, de uma forma geral, a apreciação, do ponto de vista político e económico, de obras ou planos de obras a executar em mais de um ano económico, e cujo investimento e complexidade requeiram o seu parecer fundamentado. 66 Lei n.º 2 048, de 11 de Junho de 1951. 67 De acordo com o art.º 134.º da Lei n.º 2 048, os territórios ultramarinos passariam a denominar-se províncias, em detrimento do que havia sido consagrado pelo Acto Colonial, aprovado pelo Decreto n.º 18 570, de 8 de Julho de 1930, que no seu artigo 3.º denominava os territórios ultramarinos de colónias que no seu conjunto constituíam o Império Colonial Português. 68 De acordo com o art.º 1.º, o Ministério das Colónias passa a designar-se Ministério do Ultramar. O § único do art.º 4.º previa a substituição das designações existentes nos vários serviços na sequência da reorganização dos mesmos ou por portaria do Ministro do Ultramar ou dos governos ultramarinos. 69 A Portaria n.º 13 625, de 31 de Julho altera a designação do Gabinete de Urbanização Colonial para Gabinete de Urbanização do Ultramar, e a Portaria n.º 13 784, de 26 de Dezembro, altera a designação da Direcção-Geral de Fomento Colonial para Direcção-Geral do Fomento. 70 Lei n.º 2 066, de 27 de Junho de 1953. 71 V. Apêndice 2. 72 V. Apêndice 3.
20��
• Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação
• Direcção dos Serviços de Pontes e Estruturas
• Direcção dos Serviços Hidráulicos
• Direcção dos Serviços de Transportes Terrestres
• Repartição dos Serviços Eléctricos
• Repartição dos Correios, Telégrafos e Telefones
Embora o Decreto n.º 40 869, de 20 de Novembro de 1956, pelo seu art.º 7.º,
reforçasse, na continuidade do que já havia sido realizado anteriormente, a autoridade
do Ministro do Ultramar na constituição de brigadas ou missões técnicas de carácter
temporário, as que se encontram na dependência directa da DGOPC, acabam por ser
integradas, em execução do Decreto n.º 44 364, de 25 de Maio de 1962, nos serviços
provinciais de obras públicas, com o objectivo de se concentrar localmente nestes
serviços o estudo, projecto e execução das obras a realizar no ultramar, assumindo a
DGOPC um papel de supervisão, orientação e informação técnicas desses mesmos
serviços, como é expresso na sua Lei Orgânica, e para o qual contribui ainda a criação
de um Núcleo de Documentação Técnica na sua orgânica, com atribuições nos domínios
da informação e documentação, de forma a dar execução à política de informação e
actualização do pessoal dos quadros técnicos ultramarinos.
Na dependência da DGOPC é ainda criado um Conselho Orientador, destinado
ao auxilio na sua missão de orientação dos sectores das obras públicas, transportes e
comunicações, na coordenação dos vários serviços que a compõem e na planificação
das suas actividades.
Junto do Ministro do Ultramar é criado o Conselho Superior de Fomento
Ultramarino, em substituição do extinto Conselho Técnico de Fomento do Ultramar,
com atribuições de consulta e informação, do ponto de vista técnico e económico, sobre
os assuntos respeitantes ao fomento das províncias ultramarinas 73 . Ainda junto do
���������������������������������������� �������������������������73 De acordo com o art.º 68.º do Decreto n.º 41 169, o Conselho Superior de Fomento Ultramarino é composto pela Secção de Economia e pela Secção de Obras Públicas, funcionando estas ainda em subsecções especializadas quando necessário. De uma forma geral, cabe ao Conselho Superior de Fomento Ultramarino, de acordo com o art.º 69.º do mesmo diploma, pronunciar-se sob os aspectos técnico-económicos subjacentes às políticas de fomento levadas a cabo nas províncias ultramarinas, nomeadamente os planos gerais, anteprojectos, projectos, orçamentos e cadernos de encargos relativos a obras ou melhoramentos públicos e comunicações, incluindo propostas de execução, adjudicações e eventuais rescisões de empreitadas e consequentes recursos interpostos por empreiteiros ou
21��
Ministro, funciona, como o mais alto órgão permanente de consulta em matéria de
política e administração ultramarinas, o Conselho Ultramarino74.
A revisão de 1963 à Lei Orgânica do Ultramar Português75 previa uma nova
revisão da organização do MU, que ocorre em 1967, pelo Decreto-Lei n.º 47 743, de 2
de Junho. Este diploma veio introduzir algumas alterações na orgânica da DGOPC76,
particularmente a elevação das Repartições dos Correios, Telégrafos e Telefones e dos
Serviços Eléctricos a direcções de serviços, a criação do Centro de Documentação
Técnico-Económica, em substituição do extinto Núcleo de Documentação Técnica,
agora com atribuições de promoção e coordenação das actividades da documentação e
informação nos domínios da engenharia e economia, fruto da tutela conjunta com a
Direcção-Geral de Economia, e a criação de um Gabinete de Estudos, absorvendo as
funções do extinto Conselho Orientador.
A DGOPC manteve a sua estrutura praticamente inalterada até à extinção do
MU em 1974. Neste mesmo ano, pelo Decreto n.º 203/74 de 15 de Maio é definido, na
sequência da Revolução de Abril, o programa do Governo Provisório e estabelecida a
respectiva orgânica, na qual é criado o Ministério da Coordenação Interterritorial, que
passa a substituir o MU nas relações com os territórios ultramarinos. Por força do
Decreto-Lei n.º 412-B/75, de 7 de Agosto é extinto o Ministério da Coordenação
Interterritorial, sendo criado em sua substituição, a Secretaria de Estado da
Descolonização, na dependência directa do Primeiro-Ministro, para a qual transitam
todos os serviços que compunham o extinto Ministério. O Decreto n.º 197/76, de 18 de
Março, para além de promulgar a orgânica do novo Ministério da Cooperação, criado
���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ����������������������������
concessionários, e ainda a legislação e regulamentação relacionada com estes sectores. A sua organização é confirmada pelo Decreto n.º 47 743, de 2 de Junho de 1967, e regulamentada pela Portaria n.º 22 840, de 22 de Agosto do mesmo ano, na qual são definidas, para além da secção permanente, as secções em que funciona: Secção de Economia, Secção de Obras Públicas e Comunicações e Secção de Planeamento e Integração Económica. A secção de Obras Públicas e Comunicações, em concordância com a própria especialização técnica da Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações, é constituída pelas seguintes subsecções: Urbanismo e Habitação, Pontes e Estruturas, Hidráulica, Transportes Terrestres, Electricidade e Correios, Telégrafos e Telefones. O Conselho Superior de Fomento Ultramarino é definitivamente extinto pelo Decreto-Lei n.º 125/75, de 12 de Março. 74 As alterações introduzidas posteriormente na organização e atribuições do Conselho Ultramarino, pelo Decreto-Lei n.º 45 184, de 9 de Agosto de 1963, mantiveram, na sua 6.ª Secção, a apreciação dos assuntos relativos a obras públicas, minas, indústria e comunicações, competindo-lhe, de uma forma geral, a apreciação de obras ou planos de obras cujo investimento e complexidade requeiram o seu parecer fundamentado. O Decreto-Lei n.º 49 146 e o Decreto n.º 49 147, ambos de 25 de Julho de 1969, aprovam, respectivamente, uma nova orgânica e um novo regimento, sendo definitivamente extinto, tal como o Conselho Superior de Fomento Ultramarino, pelo Decreto-Lei n.º 125/75, de 12 de Março. 75 Lei n.º 2 119, de 24 de Junho de 1963. 76 V. Apêndices 4 e 5.
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pelo Decreto-Lei n.º 532-A/75, de 25 de Setembro, e onde havia sido integrada a
Secretaria de Estado da Descolonização, vem estabelecer as regras a seguir na extinção
de organismos ainda subsistentes dos Ministérios do Ultramar e da Coordenação
Interterritorial, definindo, no n.º 1 do seu art.º 19.º, a extinção, por decreto e até 30 de
Junho desse mesmo ano, da DGOPC. O Decreto-Lei n.º 683-A/76, de 10 de Setembro,
ao promulgar a nova estrutura orgânica do governo, extingue o Ministério da
Cooperação e os serviços que lhe estavam adstritos, nomeadamente a Secretaria de
Estado da Descolonização, sendo os serviços da DGOPC integrados na Secretaria de
Estado da Integração Administrativa no âmbito do Ministério da Administração Interna.
A DGOPC é definitivamente extinta no ano seguinte, por via do Decreto-Lei n.º 499/77,
de 28 de Novembro, prevendo-se, no seu art.º 1.º, a sua extinção até 31 de Dezembro
desse mesmo ano.
3.2. A DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE URBANISMO E HABITAÇÃO
Na organização do MC, definida pelo Decreto n.º 26 180, de 7 de Janeiro de
1936, é criada, na dependência da DGFC, a Repartição de Obras Públicas, Portos e
Viação (ROPPV)77, constituída como a sua 3.ª Repartição, e destinada a superintender
nos serviços de obras públicas das colónias78, nomeadamente nos assuntos respeitantes
ao estudo, construção e conservação de edifícios79 e monumentos80, melhoramentos
���������������������������������������� �������������������������77 V. Apêndice 1. 78 À época, os serviços provinciais de obras públicas encontravam-se inicialmente organizados em repartições centrais de serviços, evoluindo, sobretudo a partir da década de 1940, para direcções de serviços, e a partir da década de 1950, para direcções provinciais de serviços. Tomamos como exemplos os casos de Angola e Moçambique presentes nos Apêndices 6 e 7. 79 Excepto os assuntos relativos ao estudo, construção e conservação de edifícios militares, que, de acordo com o art.º 49.º do Decreto n.º 26 180, são competência da 1.ª Secção da 1.ª Repartição Militar da Direcção-Geral Militar das Colónias, até à sua extinção e integração no Ministério da Guerra, pelo Decreto-Lei n.º 37 542, de 6 de Novembro de 1949. O exercício dessas competências transita posteriormente, de acordo com o art.º 7.º do Decreto-Lei n.º 38 732, de 28 de Abril de 1952, para a 2.ª Secção da Direcção dos Serviços do Ultramar do Ministério do Exército. 80 No que diz respeito à salvaguarda do património arquitectónico, arqueológico e artístico existente nas colónias, para além dos organismos criados para o efeito em Angola (Comissão dos Monumentos Nacionais, 1942) e Moçambique (Comissão dos Monumentos e Relíquias Históricas, 1943), é criado um quadro legal no sentido de aplicar às colónias muita da legislação que já havia sido promulgada para a metrópole neste sentido. São neste contexto promulgadas, por via das Portarias n.º 12 185, de 16 de Dezembro de 1947, e 13 302, de 18 de Setembro de 1950, respectivamente aplicadas a Moçambique e Angola, com as alterações decorrentes das especificidades destes territórios, muitas das disposições constantes do Decreto n.º 20 985, de 7 de Maço de 1932, relativas à classificação, protecção e regime dos monumentos nacionais da metrópole. De igual modo, em 1953, a Portaria n.º 14 602, de 9 de Novembro,
23��
urbanos, incluindo o saneamento e abastecimento de água potável e electricidade, bem
como nos serviços de estudo, construção e conservação de portos, faróis, vias férreas,
estradas e aeródromos, sendo neste último ponto nela delegadas a constituição e
organização de missões técnicas destinadas à realização dos reconhecimentos e estudos
necessários à elaboração dos projectos dos aeródromos a construir nas colónias,
incluindo os dos edifícios e instalações anexas aos mesmos 81 . De igual modo, é
cometido à ROPPV o estudo, informação e orientação superior dos serviços de
exploração e fiscalização dos meios de transporte existentes nas colónias,
nomeadamente os marítimos e fluviais, incluindo as linhas de navegação, a política
económica de tarifas e fretes, e consequentemente as relações com o Conselho de
Tarifas e companhias de navegação. É ainda atribuído à ROPPV, no que se refere à
política de transportes terrestres, o estudo e expediente de todos os assuntos de carácter
técnico e contratual respeitantes às companhias de caminhos de ferro existentes nas
colónias e outras empresas com contratos de obras públicas nas colónias, sem prejuízo
da fiscalização geral exercida por serviços próprios do MC. Cabe ainda a esta
Repartição o estudo e elaboração de planos, projectos, cadernos de encargos, minutas de
contratos e a legislação respeitante a assuntos da sua competência, o registo de
arquitectos estrangeiros e cadastro dos respectivos diplomas tendo em vista o exercício
da respectiva profissão nas colónias 82 , e os expedientes do Conselho Técnico de
Fomento Colonial, e posteriormente da Inspecção-Geral do Fomento83. Posteriormente
é-lhe ainda cometida a orientação dos estudos e da execução das obras hidroagrícolas e
hidroeléctricas e de povoamento no ultramar84, superintendendo nos estudos e projectos,
bem como na execução e fiscalização das obras, por intermédio de brigadas de fomento
e povoamento de carácter temporário criadas para o efeito85.
Pelo Decreto n.º 34 173, de 6 de Dezembro de 1944, é criado no MC, com
autonomia técnica e financeira, o Gabinete de Urbanização Colonial (GUC)86, destinado
���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ����������������������������
manda aplicar a todas as províncias ultramarinas, a Lei n.º 2 032, de 11 de Junho de 1949, relativa à protecção e conservação dos elementos ou conjuntos de valor arqueológico, histórico, artístico e paisagístico concelhios. V. Apêndices 6 e 7. 81 Decreto-Lei n.º 33 265, de 24 de Novembro de 1943.82 Decreto n.º 36 175, de 8 de Março de 1947. 83 Decreto-Lei n.º 39 153, de 1 de Abril de 1953. 84 Em execução da Portaria n.º 14 171, de 28 de Novembro de 1952, embora o Decreto n.º 26 180 já lhe atribuísse genéricamente os assuntos relativos aos serviços de hidráulica para fins agrícolas e industriais. 85 A título de exemplo, são criadas as Brigadas Técnicas de Fomento e Povoamento do Limpopo (Portaria n.º 14 171) e Cunene (Portaria n.º 14 226, de 10 de Janeiro de 1953) e a Missão de Fomento e Povoamento do Zambeze (Portaria n.º 16 214, de 16 de Março de 1957). 86 V. Apêndice 1.
24��
ao estudo dos problemas de urbanização dos aglomerados populacionais, fruto da
extensão aos territórios ultramarinos do novo quadro legal definido para a metrópole em
matéria de urbanização 87 . O mesmo diploma estabelece o quadro de atribuições e
competências previsto para o GUC, centrando a sua actividade sobretudo na elaboração
e organização de planos de urbanização e expansão dos aglomerados populacionais das
colónias de África88, incluindo a elaboração de levantamentos topográficos, na emissão
de pareceres relativos a projectos de monumentos públicos, e na elaboração e
organização de projectos arquitectónicos de edifícios com função habitacional e
hospitalar, embora posteriormente lhe seja também cometida a elaboração e organização
de projectos de edifícios com função administrativa, religiosa e educativa89, bem como a
elaboração e organização de projectos de electrificação, abastecimento de água
potável90 e saneamento, monopolizando assim algumas das competências que estavam
cometidas à ROPPV91.
De acordo com a Portaria n.º 13 625, de 31 de Julho de 1951, a sua designação é
alterada para Gabinete de Urbanização do Ultramar (GUU), sendo-lhe atribuída, no ano
���������������������������������������� �������������������������87 Na década anterior, por via do Decreto-Lei n.º 24 802, de 21 de Dezembro de 1934, são estabelecidos os princípios gerais a seguir em matéria de urbanização na metrópole, consolidados posteriormente pelo Decreto-Lei n.º 33 921, de 5 de Novembro de 1944, com a criação dos respectivos instrumentos efectivos de concepção, controlo e fiscalização. Ainda no mesmo ano, e contemporânea do GUC, é criada a Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização no âmbito do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, como organismo coordenador e orientador da política de urbanização da metrópole. 88 Apesar de ser criado com o fim de servir as colónias africanas, como é expresso no preâmbulo e art.º 1.º do Decreto n.º 34 173, a acção do GUC estender-se-ia também às colónias do Estado da Índia, Timor e Macau, e inclusive à metrópole e mesmo ao estrangeiro, embora sempre em actividades ligadas ao ultramar, como é revelado num relatório de actividades deste organismo, datado de Dezembro de 1952, respeitante à sua actividade entre 1944 e 1952, onde são elencados os trabalhos realizados. Cf.ARQUIVO HISTÓRICO DO INSTITUTO PORTUGUÊS DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO, PT/IPAD/MU/DGOPC/DSUH/1969/13038, Relatório da Actividade do Gabinete de Urbanização do Ultramar de 1944 a 1952, 1952. 89 Sobretudo a elaboração e organização de projectos de estabelecimentos de ensino secundário e de ensino profissional, nomeadamente liceus, escolas técnicas elementares, escolas industriais, escolas comerciais e escolas industriais e comerciais. Cf. PORTUGAL. Ministério do Ultramar - Normas para as instalações dos liceus e escolas do ensino profissional nas províncias ultramarinas, p. 2. 90 Pela Portaria n.º 15 762, de 10 de Março de 1956, é incumbido da realização de um inquérito geral às condições de abastecimento de água aos aglomerados populacionais do ultramar, em articulação com os serviços provinciais e administrações locais, tendo em vista a concepção e desenvolvimento de um plano de acção para a resolução dos problemas de abastecimento de água potável e de saneamento. 91 Na sessão n.º 140 da Assembleia Nacional, de 31 de Março de 1948, é apresentada pelo Deputado Álvaro da Fontoura uma relação exaustiva dos trabalhos, estudos e projectos realizados pelo GUC, na sequência do seu discurso relativo à actividade do mesmo. Nesta relação, para além dos assuntos que por lei são cometidos ao GUC pelo Decreto n.º 34 173, são referidos os assuntos, que embora por lei não constituam sua atribuição, por ele são estudados e tratados por determinação superior, por sua iniciativa ou a pedido dos governos, serviços e outras entidades coloniais. V. Relação dos trabalhos, estudos e projectos executados pelo Gabinete de Urbanização Colonial a que se referiu o Sr. Deputado Álvaro da Fontoura no seu discurso. Diário das Sessões. Sessão n.º 140 (1948-04-01) p. 404-407. De igual modo se encontra bem documentada a sua actividade no período compreendido entre 1950 e 1955. Cf. PORTUGAL. Ministério do Ultramar – Cinco anos do Ministério do Ultramar, p. 31-39.
25��
seguinte, pelo Decreto n.º 38 980, de 8 de Novembro, a orientação, do ponto de vista
técnico, das secções de urbanização então criadas nos serviços de obras públicas de
Angola92 e Moçambique93, e posteriormente, pelo Decreto n.º 40 742, de 25 de Agosto
de 1956, o estudo e a orientação da totalidade dos planos de urbanização ultramarinos e
a imposição dos respectivos regulamentos, em articulação com os respectivos serviços
provinciais e locais.
A escassez de pessoal especializado nos quadros técnicos ultramarinos94, face à
profusão de serviços e organismos criados quer nos serviços centrais do Ministério, quer
nos serviços provinciais para atender às obras de fomento, promoveu o seu
recrutamento junto dos serviços do Ministério das Obras Públicas e Comunicações95, ou
a contratação de estudos e projectos a técnicos especializados em profissão liberal96,
aplicando, para o efeito, as regras existentes na metrópole para o cálculo dos honorários
a atribuir aos autores de projectos de encomenda pública, bem como as normas técnicas
���������������������������������������� �������������������������92 A Secção de Urbanização é integrada na Repartição dos Serviços de Edifícios e Monumentos Nacionais da Direcção dos Serviços de Obras Públicas da Província de Angola. V. Apêndice 6. 93 A Secção de Urbanização é integrada na 1.ª Repartição – Edifícios e Urbanização da Direcção dos Serviços de Obras Públicas da Província de Moçambique. V. Apêndice 7. 94 O Preâmbulo do Decreto n.º 34 106, de 13 de Novembro de 1944, refere a escassez de pessoal técnico especializado nos quadros técnicos ultramarinos. 95 Cf. Decreto-Lei n.º 34 411, de 12 de Fevereiro de 1945, e Decreto-Lei n.º 39 677, de 24 de Maio de 1954. 96 Os orçamentos de receita e despesa do GUU entre 1945 e 1956 dão conta desta realidade, estando neles previsto, como despesa fixa, o pagamento a técnicos especializados por consultas, estudos e projectos. O Decreto n.º 40 869, de 20 de Novembro de 1956, de acordo com a alínea b) do seu art.º 7.º, autoriza o Ministro do Ultramar a «contratar com indivíduos especializados a organização dos estudos e projectos de quaiquer obras a realizar nas províncias ultramarinas, estabelecendo os prazos para a execução e a importância a pagar pelos mesmos estudos ou projectos». A mesma autorização é dada pelo Decreto n.º 44 364, de 25 de Maio de 1962, através da alínea b) do seu art.º 1.º, aos governadores de província. Desta forma se explica a profusão de estudos, anteprojectos e projectos de arquitectura de arquitectos da metrópole em profissão liberal nos conjuntos documentais da DSUH e do CDTE. Podemos citar, a título de exemplo, a actividade dos arquitectos Carlos Chambers Ramos, Luís Cristino da Silva, Miguel Jacobetty Rosa ou Vasco de Morais Palmeiro (Regaleira).
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subjacentes à elaboração dos mesmos projectos97, e ainda a contratação de trabalhos de
desenho à tarefa, bem como a execução de fotografias e maquetas98.
Pelo Decreto-Lei nº 41 169, de 29 de Junho de 1957, é reorganizado o MU e
criada a Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações (DGOPC). A sua orgânica é
definida pelo Decreto n.º 41 787, de 7 de Agosto de 1958, na qual é criada a Direcção
dos Serviços de Urbanismo e Habitação (DSUH), constituída pelos seguintes serviços99:
• Serviço de Urbanização
• Serviço de Edificações e Materiais de Construção
• Serviço de Engenharia Sanitária
• Serviço de Arquitectura e Monumentos
• Serviço de Expediente
Absorvendo as funções que estavam atribuídas aos extintos ROPPV e GUU,
nomeadamente nos assuntos relativos a urbanização, edifícios e monumentos, são
cometidas à DSUH atribuições no estudo, avaliação e orientação das questões técnicas e
estéticas relacionadas com a constituição e desenvolvimento dos núcleos urbanos das
províncias ultramarinas, em estreita colaboração com os respectivos serviços
técnicos100, designadamente no que diz respeito ao planeamento urbano e regional, ao
abastecimento de água potável e ao saneamento, ao estudo e projecto de edifícios101,
bem como na resolução dos problemas técnicos e económicos da respectiva
���������������������������������������� �������������������������97 Estas regras encontravam-se fixadas por Despacho do Ministro das Obras Públicas, datado de 17 de Janeiro de 1940. Cf. PORTUGAL. Ministério das Obras Públicas – Regras para o cálculo das percentagens a atribuir aos autores de projectos (Despachos Ministeriais de 17-1-1940, 7-1-1956 e 25-2-1948), p. 1-13. A sua aplicação no ultramar já seria certamente corrente, como comprova, a título de exemplo, o Despacho do Governador-Geral de Angola, datado de 19 de Agosto de 1958, que transpõe para a província de Angola, com a respectiva actualização de percentagens, o Despacho do Ministro das Obras Públicas de 17 de Janeiro de 1940, incluindo as normas técnicas subjacentes à elaboração de projectos de encomenda pública. Cf. DESPACHO de 19 de Agosto de 1959. Boletim Oficial de Angola. I Série. 33 (1959-08-19) 662-664. O mesmo sucede na província de Timor, de harmonia com o Despacho do Governador de Timor, datado de 4 de Maio de 1965. Cf. DESPACHO de 4 de Maio de 1965. Boletim Oficial de Timor. 19 (1965-05-08) 362-363. 98 Os já citados orçamentos de receita e despesa do GUU entre 1945 e 1956 previam como despesa fixa da sua actividade o pagamento a técnicos especializados por trabalhos de desenho e por execução de fotografias e maquetas. 99 V. Apêndices 2 e 3. 100 Cabe à DSUH a orientação e apoio técnicos especializados aos serviços provinciais de obras públicas e transportes, aos serviços técnicos dos corpos administrativos locais e às brigadas e missões de carácter temporário a actuar nos mesmos domínios de actividade. 101 De acordo com a Portaria n.º 18 293, de 2 de Março de 1961, os projectos tipo de obras ligadas ao turismo são submetidos a parecer final da Repartição dos Serviços Técnicos da Agência-Geral do Ultramar, que se pronuncia sobretudo sobre os aspectos arquitectónicos e decorativos dos mesmos.
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construção102 . Competem-lhe ainda os assuntos relativos ao cadastro, classificação,
preservação, restauro ou construção de padrões e monumentos nacionais, e ainda os
problemas de carácter estético ocorrentes no âmbito de trabalho dos restantes serviços
da DGOPC.
Por via da Portaria n.º 17 710, de 4 de Maio de 1960, é ainda cometido à DSUH,
o parecer prévio de todos os projectos de estabelecimentos prisionais a construir nas
províncias ultramarinas ou ainda a sua execução quando não existissem meios nos
serviços técnicos provinciais para o efeito.
A nova reforma operada no MU em 1967, pelo Decreto-Lei n.º 47 743, de 2 de
Junho, não se traduziu em grandes alterações na orgânica e quadro de competências da
DSUH103 , prosseguindo a política de descentralização que já havia sido iniciada e
desenvolvida desde a sua criação, assumindo cada vez mais um papel de coordenação e
orientação dos serviços congéneres existentes nas províncias ultramarinas.
A DSUH manteve a sua estrutura praticamente inalterada até à sua extinção.
Sobrevive à extinção do MU em 1974, sendo definitivamente extinta em 1977, no
quadro de extinção da DGOPC, nos termos do Decreto-Lei n.º 499/77, de 28 de
Novembro.
3.3. O CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO TÉCNICO-ECONÓMICA
�
O Decreto n.º 41 787, de 7 de Agosto de 1958, prevê, no seu art.º 31.º, a criação,
na orgânica da DGOPC, do Núcleo de Documentação Técnica (NDT), para o
desenvolvimento dos serviços de informação técnica necessários à formação e
actualização do pessoal dos quadros técnicos ultramarinos, sobretudo nos domínios da
arquitectura e engenharia. É regulamentado pela Portaria n.º 19 670, de 30 de Janeiro de
1963, pela qual lhe são cometidas atribuições nos domínios da informação e
documentação, particularmente na aquisição, registo, catalogação, classificação,
���������������������������������������� �������������������������102 As competências da DSUH realizam-se em articulação com as da Direcção dos Serviços de Pontes e Estruturas, no que diz respeito ao estudo, informação e orientação dos problemas relativos à estabilidade das construções. 103 V. Apêndice 5.
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distribuição e arquivo de documentação 104 , incluindo a organização do arquivo
fotográfico das obras realizadas no ultramar, e bibliografia, destinados à formação e
actualização do pessoal dos quadros técnicos ultramarinos.
De acordo com o regulamento, a sua gestão administrativa e financeira é
assegurada pela Direcção, pelos Conselhos Consultivo e Administrativo e ainda pelas
secções de expediente e contabilidade105. O Director do NDT é o Director-Geral de
Obras Públicas e Comunicações, que assumia também o cargo de Presidente do
Conselho Consultivo, no qual tinham assento todos os directores de serviço e chefes de
repartição da DGOPC 106 . O regulamento do NDT previa, como instrumento de
divulgação essencial da sua actividade, a publicação de uma revista - Fomento: técnica
e economia ultramarinas 107 - destinada a divulgar estudos, projectos e obras de
acentuado interesse técnico e económico respeitantes às províncias ultramarinas, e os
pareceres de maior interesse do Conselho Superior de Fomento Ultramarino,
compreendendo ainda, em suplemento, um sector de bibliografia analítica internacional
das publicações e artigos de revistas de maior interesse técnico. De igual modo se previa
a publicação periódica de um boletim bibliográfico, destinado a divulgar junto dos
técnicos toda a documentação entrada, classificada, organizada e arquivada.
Em Maio de 1964, um relatório conjunto realizado por técnicos do NDT da
DGOPC e do Núcleo de Documentação da Direcção-Geral de Economia (DGE)108,
solicitado pelo Subsecretário de Estado do Fomento Ultramarino, referente ao
planeamento da documentação técnico-económica no ultramar português109 visando a
organização dos sistemas de documentação técnica e económica na metrópole e nas
províncias ultramarinas, revelava já a necessidade de uma reestruturação do NDT,
através da criação de um núcleo central de documentação técnico-económica para apoio
de ambas as direcções-gerais e de outros serviços do MU, nomeadamente do Conselho
���������������������������������������� �������������������������104 Sobretudo os estudos e projectos mais importantes elaborados para as províncias ultramarinas, os pareceres do Conselho Superior de Fomento Ultramarino nos assuntos respeitantes a obras públicas e a documentação dos diversos serviços do Ministério com interesse técnico. 105 V. Apêndice 3. 106 De acordo com o Decreto n.º 41 787, a DGOPC era constituída pelas seguintes direcções e repartições de serviços: Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação, Direcção dos Serviços de Pontes e Estruturas, Direcção dos Serviços Hidráulicos, Direcção dos Serviços de Transportes Terrestres, Repartição dos Serviços Eléctricos e Repartição dos Correios, Telégrafos e Telefones. V. Apêndices 2 e 3. 107 De periodicidade trimestral, começou a ser publicada em 1963. 108 O Núcleo de Documentação da DGE foi criado, a título experimental, por Despacho do Ministro do Ultramar, datado de 27 de Fevereiro de 1963. Cf. TAVARES, João [et. al] – Planeamento da Documentação Técnico-Económica no Ultramar Português, p. 8. 109 Cf. Ibidem, p. 3-14.
29��
Superior de Fomento Ultramarino e do Gabinete de Planeamento e Integração
Económica e ainda dos núcleos especializados já criados e a criar nas províncias
ultramarinos, especialmente os existentes em Angola e Moçambique. Por Despacho de
11 de Maio de 1964 do Subsecretário de Estado do Fomento Ultramarino, são
aprovadas as conclusões propostas e enquadradas no âmbito dos planos de investimento
para as províncias ultramarinas.
Pelo Decreto-Lei n.º 47 743, de 2 de Junho de 1967, é extinto o NDT e criado o
Centro de Documentação Técnico-Económica (CDTE)110 , para o qual transitam as
funções e património do extinto NDT, a funcionar junto das Direcções-Gerais de
Economia e de Obras Públicas e Comunicações, tal como havia sido preconizado pelo
relatório de Maio de 1964, com atribuições de promoção e coordenação das actividades
de documentação e informação nos domínios da economia e engenharia, prestando
apoio aos serviços, brigadas e missões do Ministério ou deles dependentes, ou das
províncias ultramarinas.
Pela Portaria n.º 23 054, de 11 de Dezembro de 1967, o CDTE passa a integrar o
Gabinete Orientador da Biblioteca do MU, com a função de coadjuvar na política de
aquisições de espécies bibliográficas, na instalação e arrumação das existentes, e na
elaboração do ficheiro e demais índices bibliográficos.
A Portaria n.º 23 060, de 14 de Dezembro do mesmo ano, vem definir e pôr em
execução o regulamento do CDTE no que respeita à sua organização e funcionamento,
constituindo-se como um organismo comum à DGE e à DGOPC, com atribuições na
promoção e coordenação das actividades relacionadas com a documentação e
informação nos domínios da economia e engenharia, e na sua divulgação junto dos
serviços técnicos do Ministério e das províncias ultramarinas e de outros serviços ou
entidades interessadas. Para o desempenho da sua missão, é-lhe cometido o registo,
classificação e organização da documentação técnica de apoio com base nas obras
fundamentais de engenharia e economia, nos relatórios, estudos e pareceres elaborados
pelos organismos da especialidade, nas publicações editadas por organizações nacionais
e internacionais similares, nas revistas da especialidade, na legislação e nos documentos
com interesse técnico. Para divulgação das suas actividades junto dos quadros técnicos
ultramarinos, é cometido ao CDTE a edição de publicações de reconhecido interesse,
mais especificamente um boletim bibliográfico mensal apresentando a documentação ���������������������������������������� �������������������������110 V. Apêndices 4 e 5.
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coleccionada 111 , devidamente processada e classificada, e de uma revista técnica,
divulgando estudos, projectos e obras de relevante interesse técnico-económico
respeitantes às províncias ultramarinas e os pareceres do Conselho Superior de Fomento
Ultramarino nos domínios da engenharia e economia, compreendendo ainda uma secção
contendo informação de carácter nacional e internacional sobre temas específicos de
interesse ultramarino112.
Numa estrutura orgânica muito semelhante ao extinto NDT, o CDTE é
constituído pela Direcção, Conselho Orientador e Conselho Administrativo, e pelas
secções de expediente e contabilidade, que garantiam o desenvolvimento das suas
atribuições e competências e a sua gestão administrativa e financeira. O Conselho
Orientador, presidido pelo Presidente da Direcção, é constituído por cinco vogais,
designados pelo Ministro do Ultramar, em representação do Conselho Superior de
Fomento Ultramarino, da DGE, da DGOPC, da Junta de Investigações do Ultramar e do
Gabinete de Planeamento e Integração Económica113.
A Portaria n.º 584/70, de 20 de Novembro, veio proceder a alterações na
orgânica e funcionamento do CDTE. A Direcção passou a ser constituída pelo
Presidente, escolhido de entre os Directores-Gerais de Economia e das Obras Públicas e
Comunicações, pelo Director e por dois vogais, propostos pelo Presidente e designados
de entre funcionários de categoria superior da DGE, da DGOPC ou de qualquer outro
serviço técnico do Ministério com assento no Conselho Orientador. O Conselho
Orientador, presidido pelo Presidente da Direcção, é acrescido de mais dois vogais,
designados pelo Ministro do Ultramar, em representação da Inspecção-Geral de
Minas114 e do Gabinete do Plano do Zambeze115.
���������������������������������������� �������������������������111 O boletim bibliográfico manteve a sua publicação mensal, existindo notícia da sua edição pelo menos até Dezembro de 1968, de acordo com pesquisas documentais efectuadas na Biblioteca Nacional de Portugal e nos Centros de Documentação e Informação do Instituto de Investigação Científica e Tropical e do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento. 112 A revista manteve a sua designação e periodicidade trimestral, existindo notícia da sua publicação até 1974, de acordo com pesquisas documentais efectuadas no Centro de Documentação e Informação do Instituto de Investigação Científica e Tropical. 113 De acordo com o Decreto-Lei nº 47 743, todos estes serviços e organismos integravam a orgânica do MU. 114 A Inspecção-Geral de Minas é criada pelo Decreto-Lei n.º 32/70, de 17 de Janeiro, e integrada nos serviços de fomento do MU, assumindo as competências anteriormente atribuídas à DGE nos assuntos respeitantes a geologia, minas e combustíveis, passando o CDTE a prestar-lhe apoio nas actividades relacionadas com a informação e documentação nestes domínios. 115 O Gabinete do Plano do Zambeze é criado na dependência directa do Ministro do Ultramar, pelo Decreto-Lei n.º 69/70, de 27 de Fevereiro, passando o CDTE a prestar-lhe apoio nas actividades relacionadas com a informação e documentação nos domínios da economia e engenharia.
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O CDTE manteve a sua estrutura praticamente inalterada até à extinção do
Ministério do Ultramar em 1974. No ano seguinte, por força do Decreto-Lei n.º 532-
A/75, de 25 de Setembro, são estabelecidos os procedimentos a adoptar na extinção dos
organismos ainda subsistentes do Ministério do Ultramar, preconizando, o n.º 1 do seu
art.º 19.º, a extinção, por decreto e até 30 de Junho desse mesmo ano, das Direcções-
Gerais de Obras Públicas e Comunicações e de Economia, e consequentemente do
CDTE que lhes estava adstrito, o que só sucederia, respectivamente em 1977 e 1979,
pelos Decretos-Lei n.º 499/77, de 28 de Novembro, e 486/79, de 18 de Dezembro.
4. CONSTITUIÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS CONJUNTOS DOCUMENTAIS
4.1. O CONJUNTO DOCUMENTAL DA DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE URBANISMO E
HABITAÇÃO
A legislação ultramarina regulamentou, embora de forma genérica, a
organização dos arquivos das repartições ultramarinas, apresentando soluções de gestão
documental116 relativamente coerentes nas três fases que determinam o ciclo vital dos
documentos117.
O Decreto n.º 26 180, de 1936, no seu art.º 17.º relativo à constituição e
organização de processos118 nos serviços centrais, organismos consultivos e organismos
dependentes do MU, recomendava a organização de processos por todo o conjunto de
documentos referentes a um mesmo assunto, por iniciativa do chefe de repartição ou de
funcionário de categoria superior a este, obedecendo, contudo, a critérios de
racionalização assentes na organização do menor número de processos diferentes,
���������������������������������������� �������������������������116 A Gestão de Documentos é aqui entendida como o conjunto de medidas que visam a racionalização e a eficácia na constituição, conservação e comunicação dos arquivos. Cf. PORTUGAL. Instituto Português da Qualidade – NP 4041. Informação e Documentação. Terminologia arquivística. Conceitos básicos, p. 4. 117 O Ciclo Vital dos Documentos compreende a sucessão de fases – corrente, intermédia e definitiva – por que passam os documentos de arquivo, desde a sua produção até à ultimação do procedimento que lhes deu origem. Cf. Ibidem, p. 10. 118 O Processo é uma unidade arquivística constituída pelo conjunto dos documentos referentes a qualquer acção administrativa ou judicial, sujeita a tramitação própria. Pode ser parte de um macroprocesso, no caso de procedimentos administrativos ou judiciais complexos, e/ou articular-se em subprocessos, correspondentes a fases com circuitos de decisão e/ou tipologias documentais próprias. Cf. Ibidem, p. 6.
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embora sem prejuízo da sua facilidade de consulta e manuseamento, promovendo,
inclusive, a elaboração de índices alfabéticos119 dos mesmos, com informação referente
à sua identificação, composição e tramitação, cometendo ainda ao mesmo serviço, de
acordo com o art.º 118.º, a sua guarda, conservação e arrumação.
O Estatuto do Funcionalismo Ultramarino, promulgado pelo Decreto n.º 40 708,
de 31 de Julho de 1956, veio definir com maior rigor a organização dos processos,
determinando, de acordo com o seu art.º 45.º, a sua numeração sequencial e organização
por assuntos e por volumes, quando aplicável, atendendo ou não a critérios geográficos,
sendo neles arquivados, por ordem cronológica, todos os documentos referentes a um
mesmo assunto. Apesar de promulgado já em vésperas de nova reorganização do MU,
que como vimos anteriormente procedeu à extinção da ROPPV e do GUU, os
procedimentos por si propostos na organização de processos já se encontrariam
implementados desde cedo nestes dois organismos. A observação e estudo da
documentação por eles produzida e acumulada, aliados à legislação promulgada,
permite caracterizar a organização dos seus arquivos. Na sua fase corrente 120 , a
organização de processos na ROPPV partiria da iniciativa do Engenheiro-Chefe121 ou de
funcionário de categoria superior a este na orgânica da DGF122, sendo constituídos por
todo o conjunto de documentos referentes a um mesmo assunto, atendendo ou não a
critérios geográficos, numerados sequencialmente, com indicação do número de volume
quando aplicável, e ordenados cronologicamente. A guarda, conservação e arrumação
dos processos em curso seria da responsabilidade da ROPPV, cabendo-lhe, inclusive, a
organização de um índice alfabético dos mesmos. A organização de processos no GUU,
partindo da iniciativa do Engenheiro-Director123, seguia os mesmos procedimentos.
���������������������������������������� �������������������������119 O Índice é um documento que regista, de acordo com uma ordenação pré-estabelecida (sequencial ou sistemática), os decritores, designações ou títulos de um documento, acompanhados das correspondentes referências de localização ou cotas. Cf. ALVES, Ivone [et. al.] – Dicionário de Terminologia Arquivística, p. 57. 120 O arquivo corrente é constituído por documentos correspondentes a procedimentos administrativos ou judiciais ainda não concluídos. Cf. PORTUGAL. Instituto Português da Qualidade – op. cit., p. 9. 121 De acordo com o art.º 98.º do Decreto n.º 26 180, a chefia da ROPPV estaria a cargo de um engenheiro civil. 122 De acordo com o art.º 73.º do Decreto n.º 26 180, na hierarquia administrativa do Ministério, acima do Engenheiro-Chefe da ROPPV encontravam-se, por ordem ascendente, o Inspector Superior de Fomento Colonial e o Director-Geral de Fomento Colonial. 123 De acordo com o art.º 4.º do Decreto n.º 34 173, de 6 de Dezembro de 1944, o GUU seria dirigido por um engenheiro escolhido pelo Ministro de entre técnicos de reconhecida competência, podendo essa escolha recair ou não sobre um dos inspectores superiores de fomento colonial.
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Na sua fase intermédia124 os processos seriam remetidos, de acordo com o art.º
14.º do Decreto n.º 26 180, ao Cartório Ultramarino125 , e na sua fase definitiva126
incorporados, decorridos mais de dez anos sobre a sua última data, de acordo com o §
1.º do mesmo art.º, no AHU, entrando na sua 2.ª Secção127.
Se na sua fase corrente, os arquivos da ROPPV e do GUU terão seguido as
directrizes definidas na legislação, no que se refere às suas fases intermédia e definitiva
- transferência para o Cartório Ultramarino e posterior incorporação no AHU - estas
não terão sido de todo implantadas. De facto, a pesquisa documental efectuada no
Arquivo do AHU relativa a incorporações de documentação realizadas neste organismo
é omissa no que se refere à documentação da DGF, nomeadamente da ROPPV, e do
GUU, isto naturalmente porque, não ocorrendo as respectivas transferências e
incorporações previstas na lei, a documentação transitou, por via da sua extinção, para a
DSUH, serviço que os sucedeu nas suas atribuições. Contudo, se do GUU a DSUH
herdaria logicamente o grosso da sua documentação, uma vez que monopolizou, com a
sua extinção, a totalidade das suas funções, o mesmo não sucederia com a
documentação da ROPPV, na medida em que esta possuía um vasto conjunto de
atribuições que, com a criação da DGOPC em 1957 e a especialização de serviços daí
decorrente, foram naturalmente distribuídas a outros departamentos que a constituíam,
nomeadamente à Direcção dos Serviços de Pontes e Estruturas 128 , à Direcção dos
Serviços Hidráulicos 129 e à Direcção dos Serviços de Transportes Terrestres 130 ,
reservando-se somente à DSUH as escassas atribuições relativas a edifícios,
monumentos e melhoramentos urbanos que o GUU não havia monopolizado com a sua
criação em 1944.
���������������������������������������� �������������������������124 O arquivo intermédio é constituído pelos documentos correspondentes a procedimentos administrativos ou judiciais já concluídos, mas ainda susceptíveis de reabertura. Cf. PORTUGAL. Instituto Português da Qualidade – op. cit., p. 10. 125 De acordo com a alínea b) do art.º 12.º do mesmo diploma, o Cartório Ultramarino compreendia o serviço de arquivo de processos findos do Ministério. O n.º 5 do art.º 14.º cometia a este organismo a guarda de «(…) todos os processos, relatórios ou documentos que, depois de informados e definitivamente despachados, forem mandados arquivar, e designadamente (…) os processos que (…) forem remetidos pelas repartições ou serviços, por serem considerados findos». 126 O arquivo definitivo é constituído pelos documentos correspondentes a procedimentos administrativos ou judiciais já concluídos, depois de prescritas as respectivas condições de reabertura. Cf. PORTUGAL. Instituto Português da Qualidade – op. cit., p. 9. 127 De acordo com a alínea b) do art.º 4.º do Decreto n.º 19 868, de 9 de Junho de 1931, a 2.ª Secção do AHU compreendia o arquivo difinitivo do MU. 128 Sobretudo as atribuições relativas à estabilidade das construções, no âmbito da engenharia civil. 129 Sobretudo as atribuições relativas a instalações portuárias, transportes marítimos e fluviais e aproveitamentos hidráulicos. 130 Sobretudo as atribuições relativas a vias rodoviárias e ferroviárias.
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A organização do MU promulgada pelo Decreto-Lei n.º 41 169, de 1957,
mantém na generalidade, pelos seus art.os 118.º e 119.º, a organização de processos
anteriormente definida: a organização de processos na DSUH partiria da iniciativa dos
respectivos engenheiros e arquitecto chefes de serviço131, de acordo com instruções
recebidas pelo Engenheiro Director de Serviços 132 , sendo constituídos por todo o
conjunto de documentos referentes a um mesmo assunto, atendendo ou não a critérios
geográficos, numerados sequencialmente, com indicação do número de volume, quando
aplicável, e ordenados cronologicamente. A guarda, conservação e arrumação dos
processos em curso seria da responsabilidade dos serviços que integravam a DSUH,
cabendo-lhes ainda a organização de um índice alfabético dos mesmos. Ainda de acordo
com o mesmo diploma, e na linha do que havia sido definido anteriormente, os
processos seriam remetidos, na sua fase intermédia, de acordo com o art.º 126.º, para o
Cartório Ultramarino 133 , e na sua fase definitiva, de acordo com o mesmo art.º,
incorporados, decorridos mais de dez anos sobre a sua última data, no AHU, entrando
na sua 2.ª Secção. Contudo, o § único do mesmo art.º ao consentir a constituição,
mediante autorização ministerial, de arquivos privativos nos vários serviços, permite-
nos avançar a hipótese da constituição de um arquivo privativo na DSUH, o que
possivelmente já seria a situação existente nos organismos que a antecederam,
explicando assim, como vimos anteriormente, a ausência de incorporações de
documentação destes serviços no AHU, via Cartório Ultramarino. Contudo, é a própria
documentação da DSUH que nos confirma a existência de um arquivo privativo nos
seus serviços, pelo que passamos a transcrever, pelo valor informativo que tem neste
contexto, a correspondência trocada entre a DSUH e os serviços centrais da DGOPC
sobre este assunto, constante do Processo n.º 53142, da DSUH, relativo ao Palácio do
Governo da Beira, em Moçambique134. A Nota n.º 239/58/UH, de 25 de Abril de 1958,
enviada à DGOPC pelo Director da DSUH, revela, no contexto de extinção da ROPPV
e do GUU, o destino a dar aos processos herdados pela DSUH:
���������������������������������������� �������������������������131 Relembramos aqui que, de acordo com o art.º 8.º do Decreto n.º 41 787, a DSUH compreendia os seguintes serviços técnicos: Serviço de Urbanização, Serviço de Edificações e Materiais de Construção, Serviço de Engenharia Sanitária e Serviço de Arquitectura e Monumentos. V. Apêndice 3. 132 De acordo com o mapa de pessoal referido no art.º 22.º do Decreto n.º 41 787, a chefia da DSUH estaria a cargo de um engenheiro civil. 133 Ao Cartório Ultramarino, de acordo com o n.º 3 do art.º 16.º, competia a organização do arquivo geral do MU. 134 A análise deste processo permitiu averiguar que este foi iniciado em 1940, no âmbito da DGFC-ROPPV, transitando em 1952 para o GUU, e com a extinção deste, para a DGOPC-DSUH, onde foi finalizado. Cf. ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO, PT/AHU/MU/DGOPC-DSUH/1258/02-02/4, Proc.º n.º 53 142: Colónia de Moçambique. Palácio do Governo da Beira, 1940-1958.
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«Em referência à nota n.º 3207/III, Proc.º 53142, de 26 de Novembro de
1952, solicita-se informação se o projecto do Palácio do Governo da
Beira, enviado ao extinto Gabinete de Urbanização do Ultramar com a
nota em referência, e pertencente à antiga Direcção-Geral de Fomento,
deverá permanecer no arquivo técnico destes serviços ou ser devolvido a
essa Direcção-Geral».
Sobre esta nota é aposta a seguinte informação, datada de 7 de Maio de 1958,
pelo Director-Geral de Obras Públicas e Comunicações:
«Julgo que, em última análise, tudo é arquivo da Direcção-Geral. Cada
serviço, porém, deverá ter o seu arquivo próprio, onde se deverão
encontrar os seus processos, e sendo aquele referente a assunto da
competência da DSUH, lá deverá permanecer».
Na sequência da informação dada pelo Director-Geral é enviada, à DSUH, pelos
serviços centrais da DGOPC, a Nota n.º 813/DG, de 12 de Maio, na qual é definido:
«Em referência à nota n.º 239/58/UH, processo UC 3, de 25 do mês
findo, informa-se que deverão ficar a fazer parte do arquivo técnico dessa
Direcção de Serviços todos os processos respeitantes a assuntos
enumerados no art.º 36.º do Decreto-Lei n.º 41 169 de 29 de Junho do
ano findo135».
O parecer concordante do Director-Geral revela que, de acordo com o que havia
sido definido pelo § único do art.º 126.º do Decreto n.º 41 169, a DSUH teria
autorização para constituir um arquivo privativo, de cariz técnico, fruto da natureza
técnica da documentação por si produzida e acumulada, como resultado do exercício
das suas funções-fim, ou seja do conjunto de funções específicas correspondentes às
suas próprias atribuições, funções essas que, de acordo com o art.º 6.º do Decreto n.º 41
787, seriam altamente especializadas e às quais a DSUH se dedicaria em exclusivo136.
���������������������������������������� �������������������������135 O art.º 36 do referido diploma define a missão da DSUH: «(…) estudar, informar e orientar os problemas técnicos e estéticos directamente ligados à constituição e à vida dos núcleos populacionais do ultramar». 136 O mesmo art.º comete aos serviços centrais da DGOPC todo o trabalho de secretaria e administrativo, compreendendo de acordo com o art.º 20.º do mesmo diploma, a centralização e arquivo dos processos relativos ao pessoal e aos empreiteiros de obras públicas e os assuntos de expediente, contabilidade, recursos humanos e património dos serviços da DGOPC.
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Embora não produzindo alterações significativas na organização dos processos
nos vários serviços137, a reorganização do MU definida pelo Decreto n.º 47 743, de
1967, retirou ao Cartório Ultramarino as funções que lhe haviam sido atribuídas até à
data de arquivo geral do Ministério, cometendo-as, de acordo com o art.º 139, ao AHU.
Pelo mesmo art.º é reduzido o prazo de retenção dos processos em arquivo corrente,
obrigando os serviços centrais, organismos consultivos e organismos dependentes, a
enviar-lhe, decorridos cinco anos sobre a data do seu último documento ou antes disso,
quando já não se presumisse a sua movimentação, todos os processos findos,
devidamente acondicionados e relacionados. É neste contexto realizada, possivelmente
forçada pelo carácter obrigatório da incorporação, como define o art.º 138.º, e
propiciada pela própria reorganização de serviços, a incorporação no AHU de
documentação proveniente dos vários serviços da DGOPC, nomeadamente da DSUH,
por via dos serviços centrais da DGOPC, que ocorre no início de 1969, em
cumprimento de Despacho do Ministro do Ultramar, datado de 23 de Dezembro do ano
anterior138.
A documentação remetida pelos serviços centrais da DGOPC139 e proveniente da
DSHU era então composta por 111 unidades de instalação 140 , devidamente
acondicionadas e relacionadas, compostas por processos findos da DGF-ROPPV, GUU
e DSUH, e nas quais se verificou a existência de um conjunto vasto de processos,
provenientes destes organismos, e que as guias de remessa141 que acompanhavam a
documentação incorporada designavam como “processos de consulta dos serviços de
arquitectura”, apresentando uma codificação numérica e sequencial própria, divergente
da que havia sido dada originalmente pelo então serviço produtor. A referência a
���������������������������������������� �������������������������137 De igual modo o Estatuto do Funcionalismo Ultramarino promulgado no ano anterior, pelo Decreto n.º 46 982, de 27 de Abril de 1966, manteve, pelo seu art.º 495.º, a organização anteriormente definida. 138 Cf. Nota n.º 82, de 15 de Março de 1969. ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO, AAHU.PT.1303, Incorporação de documentos: Arquivo Histórico Colonial, Biblioteca da Marinha, Banco Nacional Ultramarino, Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações do Ministério do Ultramar, 1933-1988. 139 De acordo com a Nota n.º 82, de 15 de Março de 1969, a documentação enviada pela DGOPC, para além dos 111 volumes provenientes da DSUH, era ainda composta por 69 volumes provenientes da Direcção dos Serviços Hidráulicos e de 88 volumes provenientes do Centro de Documentação Técnico-Económica. Cf. Nota n.º 82, de 15 de Março de 1969. ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO, AAHU.PT.1303, Incorporação de documentos: Arquivo Histórico Colonial, Biblioteca da Marinha, Banco Nacional Ultramarino, Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações do Ministério do Ultramar, 1933-1988. 140 Unidade de instalação é a unidade básica de acondicionamento, que aplicável ao presente caso corresponde ao maço. Cf. PORTUGAL. Instituto Português da Qualidade – op. cit., p. 14. 141 A guia de remessa é um instrumento de descrição arquivística que identifica, para efeitos de controlo e, eventualmente, de comunicação, as unidades arquivísticas transferidas para a custódia de um serviço de arquivo ou outra entidade. Cf. PORTUGAL. Instituto Português da Qualidade – op. cit., p.17.
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“serviços de arquitectura” remeteu-nos para orgânica da DSUH onde existia organizado,
como vimos anteriormente, o Serviço de Arquitectura e Monumentos, com atribuições
genéricas de estudo, construção e conservação de edifícios, padrões e monumentos
nacionais. A análise do conteúdo dos referidos processos permitiu-nos apurar que na sua
maioria correspondiam a estudos, anteprojectos e projectos de arquitectura, incluindo
programas de concurso, cadernos de encargos, memórias descritivas, etc., de edifícios
destinados a diversos fins, correspondendo literalmente ao desenvolvimento das
atribuições cometidas ao Serviço de Arquitectura e Monumentos. Neste contexto,
avançamos a hipótese de estes “processos de consulta dos serviços de arquitectura”
constituírem uma colecção no conjunto documental da DSUH, uma vez que, e
atendendo ao conceito de colecção, enquanto conjunto de documentos do mesmo
arquivo, organizados para efeito de referência, para servir de modelo à produção de
documentos com a mesma finalidade, ou de acordo com critérios de arquivagem 142,
estes processos teriam neste contexto o objectivo de suprir as necessidades de
informação do pessoal técnico da DSUH, particularmente o do Serviço de Arquitectura
e Monumentos, em questões relacionadas com requisitos técnicos e estéticos a observar
no planeamento e concepção das construções, ou ainda, dado o seu carácter exemplar,
constituir referência nesse mesmo planeamento e concepção de construções similares.
Em síntese, a constituição desta colecção seria o resultado do desenvolvimento
de uma das principais atribuições dos serviços técnicos que integram a DGOPC,
consistindo, face ao disposto na alínea 8 do art.º 2.º do Decreto n.º 41 787, em «coligir e
ordenar sistematicamente todas as informações úteis relativas aos custos, prazos de
execução e circunstâncias técnicas de interesse das obras (…) levadas a efeito nas
províncias ultramarinas, para conveniente fundamento do estudo de planos e da
elaboração de projectos de actuação futura», devendo, para isso, de acordo com a alínea
13 do supracitado artigo, «recolher, classificar e manter permanentemente actualizada a
maior soma de bibliografia e documentação técnicas, em particular no respeitante à
influência das condições que prevalecem nos trópicos (…)». Contudo, deveremos ainda
atender neste contexto de aquisição, organização e arquivo de documentação técnica de
referência, à influência que terá tido a própria normativa internacional sobre
conservação e preservação do património arquitectónico, na salvaguarda e arquivo da
documentação técnica produzida nesse contexto. A Carta de Veneza, sobre a
���������������������������������������� �������������������������142 Cf. PORTUGAL. Instituto Português da Qualidade – op. cit., p. 5.
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Conservação e Restauro de Monumentos e Sítios143, de 1964, contemporânea, portanto,
da actividade da DSUH, recomendava, no seu art.º 16, a organização da documentação
relativa às intervenções no património, e a sua guarda, disponibilização e difusão:
«Os trabalhos de conservação, de restauro e de escavações serão sempre
acompanhados pela compilação de uma documentação precisa de
desenhos e fotografias. Todas as fases de trabalho de selecção, de
consolidação, de integração, assim como os elementos formais e técnicos
identificados no decorrer dos trabalhos serão anotados. Esta
documentação será guardada nos arquivos de um organismo público e
colocada à disposição das pessoas que a quiserem consultar e a sua
publicação é recomendada»144.
Parte da documentação produzida e acumulada pela DSUH, incluindo a dos
organismos que a antecederam, ingressou ainda, como veremos de seguida, no Núcleo
de Documentação Técnica, organismo criado na orgânica da DGOPC e que irá
centralizar, sobretudo a partir da década de 1960, a recolha e arquivo da documentação
técnica relevante relativa a obras publicas realizadas no ultramar.
Desde a incorporação de 1969 até à extinção do MU em 1974 e à extinção
definitiva da DGOPC em 1977, não foram realizadas mais incorporações de
documentação proveniente da DGOPC no AHU, encontrando-se esta, como veremos
mais à frente, actualmente dispersa por várias entidades.
4.2. O CONJUNTO DOCUMENTAL DO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO TÉCNICO-ECONÓMICA
A documentação proveniente do CDTE, constituindo um conjunto documental
de carácter vincadamente técnico, não estaria sujeita, como vimos anteriormente, às
���������������������������������������� �������������������������143 A sua redação teve participação activa, como delegado português, do Arquitecto Luís Benavente, cuja acção na salvaguarda e reabilitação do património arquitectónico ultramarino, sobretudo em S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné e Índia, ao serviço do MU, entre finais da década de 1950 e o início da década de 1970, é sobejamente conhecida. Cf. FERNANDES, José Manuel – “Arquitecto Luís Benavente: uma obra e uma época. In Luís Benavente, arquitecto. Lisboa: Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, 1997. ISBN 972-8107-34-X. p. 11-49. 144 Carta de Veneza, sobre a conservação e restauro dos monumentos e sítios. Consult. 11 Ag. 2011, acessível em <http://www.igespar.pt/media/uploads/cc/CartadeVeneza.pdf>.
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directrizes impostas pela legislação ultramarina, no que se refere a transferências e
incorporações de documentação, respectivamente no Cartório Ultramarino e no AHU.
Contudo, a reestruturação de que foi alvo no âmbito da reorganização do MU em
1967, pelo Decreto-Lei n.º 47 743, aliado ao alargamento do seu campo de acção e
actuação, doravante abarcando a outros domínios, nomeadamente a economia, e
centralizando a gestão da documentação técnico-económica de apoio aos vários serviços
de fomento do MU, que já não somente a DGOPC, contribuíram para a incorporação da
sua documentação técnica, acumulada enquanto Núcleo de Documentação Técnica
(NDT), no âmbito da incorporação de documentação proveniente da DGOPC em 1969.
Iniciava-se assim um novo ciclo na vida do CDTE, assente na aquisição, tratamento e
difusão de informação pertinente e actual, proveniente, nos termos da alínea a) do art.º
3.º da Portaria n.º 23 060, de 1967, da «organização de uma documentação de apoio
com base nas obras fundamentais de engenharia e economia, nos relatórios, estudos, e
pareceres elaborados pelos organismos da especialidade (…)».
A documentação então remetida pelos serviços centrais da DGOPC e
proveniente do CDTE, composta por 88 unidades de instalação 145 , devidamente
acondicionadas146 e relacionadas, é constituída por processos vários, na sua maioria
provenientes da DGOPC, nomeadamente da ROPPV e da Repartição dos Correios,
Telégrafos e Electricidade 147 , e do Gabinete de Urbanização do Ultramar (GUU),
compostos essencialmente por estudos, projectos, anteprojectos e relatórios técnicos
relativos sobretudo aos domínios do urbanismo, arquitectura e engenharia. A
acumulação desta tipologia de documentação correspondia assim às atribuições que
haviam sido cometidas ao NDT, de acordo com a alínea 1 do art.º 1.º da Portaria n.º 19
670, de 1963, de aquisição, registo, catalogação, classificação e arquivo de
documentação e bibliografia, destinados à formação e actualização do pessoal dos
���������������������������������������� �������������������������145 Cf. Nota n.º 82, de 15 de Março de 1969. ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO, AAHU.PT.1303, Incorporação de documentos: Arquivo Histórico Colonial, Biblioteca da Marinha, Banco Nacional Ultramarino, Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações do Ministério do Ultramar, 1933-1988. 146 No presente caso correspondendo a maços. 147 A Repartição dos Correios, Telégrafos e Electricidade correspondia à 4.ª Repartição da DGFC, criada na orgânica desta pelo Decreto n.º 26 180, de 1936, com atribuições, de acordo com o art.º 38.º do mesmo diploma, no estudo, informação e orientação dos assuntos relativos a comunicações postais, telegráficas e telefónicas e gestão e utilização de electricidade no ultramar. A criação da DGOPC, pelo Decreto-Lei n.º 41 169, de 1957, e a especialização de serviços daí decorrente, conduziu à distribuição das atribuições cometidas à Repartição dos Correios, Telégrafos e Electricidade, pela Repartição dos Correios, Telégrafos e Telefones e pela Repartição dos Serviços Eléctricos. Pelo Decreto-Lei n.º 47 743, de 1967, ambas as repartições passam a constituir direcções de serviços – Direcção dos Serviços de Correios, Telégrafos e Telefones e Direcção dos Serviços Eléctricos, mantendo, até à sua extinção, o vínculo com a DGOPC.
40��
vários serviços da DGOPC, incluindo os organizados nas províncias ultramarinas. O
NDT promovia assim, neste sentido, de harmonia com o art.º 26.º do mesmo diploma, o
arquivo dos projectos mais importantes elaborados para o ultramar e da documentação
de acentuado interesse técnico proveniente dos diversos serviços da DGOPC. O NDT
organizou, desta forma, uma colecção, classificando-a e ordenando-a com uma
codificação própria, constituída por uma referência numérica sequencial, divergente da
que havia sido dada originalmente pelo então serviço produtor. Esta colecção de
processos do NDT, e atendendo novamente ao conceito de colecção, terá sido
constituída para efeitos de referência e para servir de modelo à produção de documentos
com a mesma finalidade148, tendo neste contexto o objectivo de servir, não só para
formação e actualização do pessoal técnico do MU e dos quadros técnicos ultramarinos,
como é expresso na alínea 1 do art.º 1º da Portaria n.º 19 670, de 1963, mas também
para servir de base de trabalho no estudo de obras semelhantes a realizar no ultramar.
Como já referimos anteriormente, desde a incorporação de documentação em
1969, proveniente da DGOPC, e nomeadamente do CDTE, até à extinção do MU em
1974 e à extinção definitiva da DGOPC e da Direcção-Geral de Economia,
respectivamente em 1977 e 1979, não foram realizadas mais incorporações de
documentação proveniente do CDTE no AHU, encontrando-se esta, como veremos de
seguida, actualmente dispersa por várias entidades.
4.3. A SUA DISPERSÃO NO QUADRO DE EXTINÇÃO DO MINISTÉRIO DO ULTRAMAR
Como refere Canas149, no contexto das alterações político-administrativa do pós-
25 de Abril de 1974, os arquivos do MU foram muitas vezes retirados apressadamente
dos locais de origem e seguiram vários destinos em termos de depósito e de custódia, o
que permite em parte compreender a sua actual dispersão física.
O MU é extinto na sequência da Revolução de Abril de 1974, sendo na sua
sequência definido, pelo Decreto n.º 203/74 de 15 de Maio, o programa e orgânica do
Governo Provisório, na qual é criado o Ministério da Coordenação Interterritorial, em ���������������������������������������� �������������������������148 Cf. PORTUGAL. Instituto Português da Qualidade – op. cit., p. 5. 149 CANAS, Ana – Acesso à informação colonial: missão do AHU, exigência de cidadania, dimensão de Estado, p. 3.
41��
substituição do MU, de acordo com o art.º 4.º, nas relações com os territórios
ultramarinos, ocupando inicialmente o edifício do Restelo, sede do extinto Ministério, e
posteriormente transferido para o Palácio das Laranjeiras150. É extinto no ano seguinte,
pelo Decreto-Lei n.º 412-B/75, de 7 de Agosto, sendo criada em sua substituição, a
Secretaria de Estado da Descolonização, na dependência directa do Primeiro-Ministro,
para a qual transitam todos os serviços que compunham o extinto Ministério,
nomeadamente a DGOPC e a DGE151. O Decreto n.º 197/76, de 18 de Março, para além
de promulgar a orgânica do novo Ministério da Cooperação, criado pelo Decreto-Lei n.º
532-A/75, de 25 de Setembro, e onde havia sido integrada a Secretaria de Estado da
Descolonização, vem estabelecer a extinção dos organismos ainda subsistentes dos
Ministérios do Ultramar e da Coordenação Interterritorial, definindo, no n.º 1 do seu
art.º 19.º, a extinção, até 30 de Junho desse mesmo ano, da DGE e da DGOPC. O
Decreto-Lei n.º 683-A/76, de 10 de Setembro, ao promulgar a nova estrutura orgânica
do governo, extingue o Ministério da Cooperação e os serviços que lhe estavam
agregados, designadamente a Secretaria de Estado da Descolonização, sendo os serviços
da DGOPC integrados na Secretaria de Estado da Integração Administrativa no âmbito
do Ministério da Administração Interna, até à sua extinção definitiva, no ano seguinte,
por força do Decreto-Lei n.º 499/77, de 28 de Novembro, prevendo-se, no seu art.º 1.º, a
sua extinção até 31 de Dezembro desse mesmo ano. O mesmo diploma determina, no
seu art.º 9.º, a transferência do seu “arquivo técnico” para o Instituto para a Cooperação
Económica152. Os serviços da DGE, ainda no contexto de extinção do Ministério da
Cooperação, são repartidos entre a Direcção-Geral de Cooperação e o Instituto para a
���������������������������������������� �������������������������150 Como refere Canas, citando Jorge Eduardo da Costa Oliveira, alto funcionário do MU e da Coordenação Interterritorial e Presidente do Instituto para a Cooperação Económica entre 1980 e 1992, da saída do edifício do Restelo resultou o desaparecimento de alguma documentação e o encaminhamento da sua maior parte para anexos do Palácio das Laranjeiras e para uma grande cave na Avenida Duque de Ávila, sendo posteriormente, já enquanto Presidente do Instituto para a Cooperação Económica, parte dela, sobretudo a relativa às áreas de actuação deste Instituto, transferida para instalações do Ministério dos Negócios Estrangeiros, do qual dependia, na Cruz Quebrada, e para o seu edifício sede, na Avenida da Liberdade. A mesma autora refere que, na sequencia da sua aposentação, Jorge Oliveira encaminhou tudo (estudos e projectos sobre os recursos minerais, hidroeléctricos, industriais, bacias hidragrícolas, infraestruturas, etc.) no sentido de ocupar um edifício na Rua da Junqueira, o que se concretizou no actual Centro de Documentação e Informação do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento. Cf. Ibidem. 151 A importância de fazer aqui o percurso institucional da DGE após a extinção do MU reside na circunstância de o Centro de Documentação Técnico-Económica, como vimos anteriormente, estar sob tutela conjunta de ambas as direcções-gerais, pelo que importa entender o destino dado à sua documentação. 152 O Instituto para a Cooperação Económica é criado no âmbito do Ministério da Cooperação, pelo Decreto-Lei n.º 97-A/76, de 31 de Janeiro, destinado, de acordo com o seu art.º 1.º, ao apoio técnico-administrativo para as negociações e a cooperação, nos domínios económico e financeiro, com os antigos territórios sob administração portuguesa. Cf. DECRETO-LEI N.º 97-A/76. Diário do Governo. I Série – Supl. 26 (1976-01-31) 240 (2)-240(4). Cria o Instituto para a Cooperação Económica.
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Cooperação Económica, no âmbito do Ministério dos Negócios Estrangeiros, prevendo-
se, de acordo com o art.º 22.º do Decreto-Lei n.º 486/79, de 18 de Dezembro, a sua
extinção definitiva, que ocorrerá no ano seguinte, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 367/80,
de 10 de Setembro, sendo determinada, no seu art.º 7.º, em cumprimento do que havia
sido definido pelo art.º 28.º do Decreto-Lei n.º 486/79, a transferência da sua
documentação para a Direcção-Geral de Cooperação e para o Instituto para a
Cooperação Económica, e a criação, por despacho conjunto dos Ministros dos Negócios
Estrangeiros e das Finanças, de uma comissão destinada a esse fim. É neste contexto
criada a Comissão para a Transferência do Património e Documentação de Organismos
do Ex-Ministério do Ultramar153, posteriormente extinta pelo Decreto-Lei n.º 385/90, de
10 de Dezembro, e cujos resultados da sua actividade se encontram desenvolvidos, no
que respeita à documentação dos organismos extintos, de acordo com o preâmbulo do
referido diploma, no Despacho Conjunto n.º A-31/88-XI, de 8 de Fevereiro de 1988,
dos Ministros das Finanças e dos Negócios Estrangeiros. Este despacho conjunto
evidencia, no seu n.º 2, a importância da documentação dos organismos extintos para o
Instituto para a Cooperação Económica154, cometendo ao mesmo a coordenação de
todas as acções inerentes ao seu tratamento documental155, em colaboração com os
serviços da Direcção-Geral de Cooperação e outros do Ministério dos Negócios
Estrangeiros interessados. O mesmo despacho, de acordo com o disposto no n.º 4,
confirma e dá carácter definitivo às transferências de documentação efectuadas para o
Instituto para a Cooperação Económica, considerando efectivas, inclusive, todas as que
de futuro se viessem a realizar, definindo, contudo, a entrega ao AHU da «(…)
documentação que se reconheça excedentária e de limitada utilidade para os serviços do
Ministério dos Negócios Estrangeiros e que (…) possua valor cultural, científico e
técnico destinado à consulta por entidades a quem a mesma possa interessar (…)».
���������������������������������������� �������������������������153 Apesar das diligências efectuadas, não conseguimos localizar o diploma que determonou a sua criação, constituição e organização. Contudo, o motivo subjacente à sua criação não foi somente o destino a dar à documentação da DGE, mas também a de todos os outros organismos igualmente extintos pelo mesmo diploma, nomeadamente a Comissão Interministerial do Café, o Fundo de Fomento e Propaganda do Café, o Gabinete de Planeamento e Integração Económica, o Fundo de Fomento Mineiro Ultramarino, a Inspecção-Geral de Minas e o Gabinete do Plano do Zambeze 154 De acordo com o art.º 4.º do Decreto-Lei n.º 487/79, de 18 de Dezembro, o Instituto para a Cooperação Económica, agora sob tutela conjunta do Ministério das Finanças e do Ministério dos Negócios Estrangeiros, embora orgânicamente integrado neste último, tinha como missão, agora redefinida, a coordenação e apoio das actividades de assistência técnica e de cooperação bilateral ou multilateral nos domínios técnico-económico, financeiro e empresarial com os países em vias de desenvolvimento. Cf. DECRETO-LEI N.º 487/79. Diário da República. I Série. 290 (1979-12-18) 3244-3249. Define a natureza, atribuições e competência do Instituto para a Cooperação Económica. 155 Através da sua Divisão de Documentação, à qual competia, de acordo com o art.º 18.º do Decreto-Lei n.º 487/79, organizar e gerir o acervo documental e promover a sua difusão.
43��
Ainda em 1979, o Despacho Conjunto dos Secretários de Estado da
Administração Pública e do Ensino Superior e Investigação Científica, de 2 de
Fevereiro, salientando, no seu preâmbulo, a «(…) importante preocupação do Governo
[na] salvaguarda de todo o riquíssimo património cultural, científico e técnico ligado à
presença de Portugal em territórios onde, ao longo de séculos, desenvolveu actividade
meritória de que resultou o nascimento de novos países independentes», revela a
situação existente à época nos anexos do Palácio das Laranjeiras, onde «(…) foram
depositados em quantidade apreciável e em deficientes condições, documentos de
diversa origem, relacionados com a antiga administração ultramarina, que importa não
deixar perder, antes os colocando à disposição dos organismos com vocação para os
guardar em boas condições de conservação e de acesso (…)», determinando, desta
forma, a sua transferência para a «(…) Junta de Investigações Científicas do Ultramar,
[que] tem na sua dependência o Arquivo Histórico Ultramarino, onde deverá ficar
grande parte dos referidos documentos (…)».
Em 1994, a fusão entre o Instituto da Cooperação Económica e a Direcção-Geral
de Cooperação, deu origem ao Instituto para a Cooperação Portuguesa 156 ,
posteriormente reformulado em 2001157 e extinto em 2003, por fusão com a Agência
Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento, dando origem ao Instituto Português de
Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) 158 , posteriormente reestruturado em 2007, no
âmbito do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado
(PRACE)159 . Prosseguindo a sua missão de supervisão, direcção e coordenação da
política de cooperação portuguesa, o IPAD compreende actualmente, na sua orgânica, o
Núcleo de Documentação e Educação para o Desenvolvimento, ao qual compete a «(…)
prossecução das acções de promoção, divulgação e sensibilização para a temática da
���������������������������������������� �������������������������156 Criado pelo Decreto-Lei n.º 60/94, de 24 de Fevereiro, no qual é organizado, de acordo com o art.º 13.º, o Centro de Documentação e Informação na dependência do Gabinete de Planeamento, Programação e Avaliação, ao qual é cometida, entre outras, a atribuição de «superintender na organização, actualização e conservação da biblioteca e arquivo específico». Cf. DECRETO-LEI N.º 60/94. Diário da República. I Série - A. 46 (1994-02-24) 863-869. Aprova a Lei Orgânica do Instituto da Cooperação Portuguesa. 157 Decreto-Lei n.º 192/2001, de 26 de Junho. De acordo com o seu art.º 18.º, o Centro de Documentação e Informação prossegue na atribuição de «superintender na organização, actualização e conservação da biblioteca e arquivo específico». Cf. DECRETO-LEI N.º 192/2001. Diário da República. I Série - A. 146 (2001-06-26) 3800-3805. Aprova a Lei Orgânica do Instituto da Cooperação Portuguesa. 158 Cf. DECRETO-LEI N.º 5/2003. Diário da República. I Série - A. 10 (2003-01-13) 110-116. Cria o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), por fusão, entre si, do Instituto da Cooperação Portuguesa (ICP) e da Agência Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento (APAD). 159 Cf. DECRETO-LEI N.º 120/2007. Diário da República. I Série. 82 (2007-04-27) 2606-2609. Aprova a orgânica do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, I.P.
44��
cooperação para o desenvolvimento (…)»160, nomeadamente através da «(…) pesquisa,
aquisição, catalogação, tratamento e conservação de fundos bibliográficos e outra
documentação técnica»161 à sua guarda, onde naturalmente se inclui a proveniente da
DGE e da DGOPC, actualmente disponível online no portal Inventário dos Arquivos do
Ministério do Ultramar 162 . A pesquisa efectuada neste portal permitiu averiguar a
dimensão global da documentação proveniente da DGE, composta por 2100 unidades
de instalação163, e da DGOPC, composta por 5 313 unidades de instalação164, das quais
1 500 correspondem à DSUH.165.
Em Abril de 2004, é assinado um protocolo entre a Direcção-Geral de Edifícios
e Monumentos Nacionais e o IPAD, para a incorporação de documentação proveniente
da DGOPC do ex-MU respeitante a obras, edifícios e equipamentos públicos em
território de Portugal Continental e arquipélagos da Madeira e Açores, incluindo
documentação textual, colecções de desenhos, fotografias e outro tipo de materiais com
a mesma proveniência e âmbito geográfico, no arquivo da Direcção-Geral dos Edifícios
e Monumentos Nacionais, comprometendo-se esta a salvaguardar o acervo incorporado,
a promover o seu tratamento técnico, a sua preservação e conservação material, e ainda
a sua comunicação e divulgação166. Este acervo, actualmente à guarda do Instituto da
Habitação e da Reabilitação Urbana por extinção da Direcção-Geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais167, através do seu Departamento de Informação, Biblioteca e
���������������������������������������� �������������������������160 Art.º 8.º da Portaria n.º 510/2007, de 30 de Abril. Cf. PORTARIA N.º 510/2007. Diário da República. I Série. 83 (2007-04-30) 2811-2813. Aprova os Estatutos do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, I.P. 161 Art.º 18.º do Despacho n.º 20328/2007, de 20 de Agosto. Cf. DESPACHO N.º 20328/2007. Diário da República. II Série. 172 (2007-09-06) 25867-25870. Organização e funcionamento da estrutura orgânica flexível do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, I.P. 162 Disponível em <http://arquivos.ministerioultramar.holos.pt>. 163 Cf. Inventário dos arquivos do Ministério do Ultramar: [Secção] Direcção-Geral de Economia, Consult. 19 Ag. 2011, disponível em <http://arquivos.ministerioultramar.holos.pt/source/presentation/conteudo.php?id=MU/DGE&tipo=2 >. 164 Cf. Inventário dos arquivos do Ministério do Ultramar: [Secção] Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações, Consult. 19 Ag. 2011, disponível em <http://arquivos.ministerioultramar.holos.pt/source/presentation/conteudo.php?id=MU/DGOPC&tipo=2> 165 Cf. Inventário dos arquivos do Ministério do Ultramar: [Subsecção] Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação, Consult. 19 Ag. 2011, disponível em <http://arquivos.ministerioultramar.holos.pt/source/presentation/conteudo.php?id=MU/DGOPC/DSUH&tipo=3>. 166 Cf. INSTITUTO DA HABITAÇÃO E DA REABILITAÇÃO URBANA, Protocolo de incorporação no arquivo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais de documentação do arquivo do ex-Ministério do Ultramar à guarda do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento entre a Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais e o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, 2004, 4+4 p. 167 O Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana é criado, na sequência do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE), pelo Decreto-Lei n.º 207/2006, de 20 de Outubro, no âmbito do Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento
45��
Arquivo, encontra-se depositado no Forte de Sacavém (Sacavém, Loures), sendo
composto por 43 unidades de instalação. O mesmo acervo foi sujeito a tratamento e
descrição arquivísticos preliminares, dispondo de instrumento de pesquisa provisório
em formato tradicional168.
Ainda em 2007, é incorporada no AHU cerca de 1 km de documentação,
transferida de um anexo do Palácio das Laranjeiras, parte da qual da DGOPC169, e que
já aí se encontraria depositada desde finais da década de 1970, como comprova o já
referido Despacho Conjunto dos Secretários de Estado da Administração Pública e do
Ensino Superior e Investigação Científica, de 2 de Fevereiro de 1979.
Actualmente, a documentação oriunda dos vários serviços que compunham a
DGOPC e que se encontra depositada no AHU, encontra-se estimada em 1 274
unidades de instalação que, como já referimos anteriormente, está a ser objecto de
tratamento arquivístico ao abrigo dos projectos financiados pela Fundação para a
Ciência e Tecnologia (FCT).
���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ����������������������������
Regional (actual Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território), fruto, de acordo com o Decreto-Lei n.º 223/2007, de 30 de Maio, da fusão dos extintos Instituto Nacional da Habitação, Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado e Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (exceptuando, neste último caso, as atribuições referentes ao património classificado, que foram integradas no Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, no âmbito do Ministério da Cultura). 168 Cf. Directório de Arquivos e Colecções de Documentação sobre Arquitectura e Domínios Associados. Consult. 19 Ag. 2011, disponível em <http://www.monumentos.pt/Site/DATA_SYS/MEDIA/ArquivosColeccoes/FD-04%20-%20Directorio.pdf>. 169 Cf. Mais 1 km de documentos do ex-Ministério do Ultramar dá entrada no AHU, Consult. 19 Ag. 2011, disponível em <http://www2.iict.pt/?idc=84&idi=12433>.
46��
III – OPERAÇÕES REALIZADAS NO TRATAMENTOARQUIVÍSTICO DA DOCUMENTAÇÃO
1. IDENTIFICAÇÃO
A identificação é a operação que consiste em conhecer e/ou individualizar uma
unidade arquivística através da sua forma, conteúdo ou outros dados pré-
determinados 170 . O reconhecimento da documentação a tratar partiu da informação
constante das guias de remessa que acompanharam a mesma no contexto da sua
incorporação no AHU. Estas guias apresentando a designação do serviço produtor, a
numeração sequencial dos volumes transferidos e a descriminação, embora muito
genérica do seu conteúdo, permitiram identificar sem dificuldade as unidades de
instalação em depósito, procedendo-se à sua movimentação para a sala de tratamento
arquivístico.
2. HIGIENIZAÇÃO
�
A higienização é a operação que consiste na remoção e eliminação de elementos
físicos e orgânicos extrínsecos 171 aos documentos, constituindo uma das primeiras
etapas do tratamento arquivístico, no sentido da sua preservação172.
A sujidade é o agente de deterioração que mais afecta os documentos. Por não
ser inócua, a sujidade quando conjugada com condições ambientais inadequadas, pode
provocar a deterioração dos documentos, particularmente a nível dos seus suportes e
matérias de registo.
���������������������������������������� �������������������������170 Cf. PORTUGAL. Instituto Português da Qualidade – NP 4041. Informação e Documentação. Terminologia arquivística. Conceitos básicos, p. 15. 171 Conceito de light cleaning. Cf. PEARCE-MOSES, Richard – A Glossary of Archival and Records Terminology, p. 62. 172 Cf. ANTÓNIO, Júlio, SILVA, Carlos – Organização de Arquivos Definitivos: Manual ARQBASE, p. 22.
47��
Este procedimento consistiu, no contexto do estágio, na limpeza superficial
exterior das capas e contracapas das unidades arquivísticas com um pano de flanela
macio, em movimentos ligeiros, de forma a não danificar suportes e matérias de registo
(fig. 1). Sendo uma operação mecânica realizada a seco, consistiu na eliminação de
poeiras, partículas sólidas, incrustações, resíduos de excrementos de insectos e outras
sujidades de superfície173. Pontualmente foi ainda realizada a remoção de instrumentos
de preensão, particularmente ferragens, agrafos, clipes, tachas e alfinetes, cuja oxidação
pusesse em causa a integridade física dos documentos (fig. 2)174.
A nível de protecção individual, e mesmo da própria documentação175, o seu
manuseamento requereu a utilização de luvas descartáveis de látex, de forma a evitar o
contacto directo, e de máscara de protecção176 de forma a reduzir a inalação de poeiras.
�
���������������������������������������� �������������������������173 Cf. PRICE, Lois – Line, shade and shadow: the fabrication and preservation of architectural drawings, p. 309. 174 Nestes casos, e particularmente quando removidas as ferragens de preensão, as unidades arquivísticas foram reforçadas com fita de nastro de algodão. 175 Em todas as operações que exigiram o manuseamento da documentação, procedeu-se à utilização de luvas descartáveis de látex, reduzindo, desta forma, o contacto directo com a mesma. 176 Máscara de protecção da marca 3M, referência 9312. V. <http://potassioquatro.com/products-page/equipamento/seguranca/mascara-3m-9312/>
Fig. 1 – Higienização: limpeza superficial. Fig. 2 – Higienização: remoção de elementos depreensão.
48��
3. ORDENAÇÃO
A ordenação é a operação que consiste em estabelecer um critério de disposição
metódica (alfabética, cronológica, hierárquica, numérica, etc.) para efeitos de instalação,
arquivagem e descrição arquivística177. O critério que esteve subjacente à ordenação foi
o da manutenção da referência à unidade de instalação original. No decorrer do
tratamento respeitou-se a ordenação originalmente atribuída a cada unidade de
instalação no contexto da sua incorporação no AHU, sendo a mesma inclusive
consagrada na descrição arquivística, em elemento de descrição próprio178.
4. COTAÇÃO
A cotação, também denominada codificação ou referência de localização, é a
operação que consiste na atribuição de um código numérico, alfabético ou alfanumérico
que identifica a localização das unidades de instalação179, constituindo uma operação
fundamental no controlo e na recuperação da documentação.
O tratamento arquivístico realizado pressupôs a atribuição de uma expressão
alfanumérica, que fizemos coincidir com o código de referência atribuído no contexto
da descrição arquivística, considerado a partir da sequência: código de referência do
país, código de referência da entidade detentora, código de referência do fundo, código
de referência da secção, código de referência da subsecção, código de referência da
unidade de instalação original, código de referência da unidade de instalação actual180,
código de referência do documento composto, código de referência do documento
simples181.
���������������������������������������� �������������������������177 Cf. PORTUGAL. Instituto Português da Qualidade – op. cit., p. 16. 178 V. Elemento de descrição código anterior da unidade de instalação da zona da identificação da descrição arquivística nível documento composto de ambos os apêndices 8 e 9. 179 Cf. Ibidem, p. 15. 180 Entendida aqui, no fundo, como unidade de acondicionamento, que no presente caso é a caixa de arquivo normalizada. Neste caso, o código da unidade de instalação actual poderá dividir-se, dependendo sempre da capacidade das caixas de arquivo. 181 Quando aplicável.
49��
Optou-se pela omissão nesta codificação da exacta localização física das
unidades de instalação de forma a que, no decorrer de uma eventual rearrumação de
depósitos, esta referencia não ficasse desactualizada. A informação da localização em
depósito constará assim do roteiro topográfico do AHU.
5. DESCRIÇÃO
�
� A operação de descrição consiste na elaboração de uma representação exacta de
uma unidade de descrição182 e das partes que a compõem, caso existam, através da
recolha, análise, organização e registo de informação, destinada a identificar, gerir,
localizar e explicar a documentação de arquivo, assim como o contexto e o sistema de
arquivo que a produziu183.
A descrição arquivística dos conjuntos documentais da DSUH e do CDTE,
assentou nas normas gerais definidas pela ISAD(G) – Norma Geral de Descrição
Arquivística 184 , adoptadas pelo Comité de Normas de Descrição do Conselho
Internacional de Arquivos, conjugadas com as Orientações para a Descrição
Arquivística185, concebidas e desenvolvidas pela Grupo de Trabalho de Normalização
da Descrição em Arquivo da Direcção-Geral de Arquivos. Ambas contém regras e
orientações gerais para a descrição arquivística na sua generalidade, não fornecendo
orientação específica para descrição de documentos especiais, particularmente
documentos cartográficos, desenhos técnicos e arquitectónicos e espécies
fotográficas 186 . Devem, portanto, ser articuladas com orientações específicas,
desenvolvidas por outras entidades nacionais e internacionais. Neste sentido, e tendo em
conta as características da documentação, considerámos as orientações emanadas da
Secção de Arquivos de Arquitectura do Conselho Internacional de Arquivos,
materializadas no Guide to the archival care of architectural records 19th - 20th.
���������������������������������������� �������������������������182 A unidade de descrição é entendida como o documento ou conjunto de documentos, sob qualquer forma física, tratado como um todo e que, como tal, serve de base a uma descrição singular. Cf. CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS – ISAD (G): Norma Geral internacional de descrição arquivística, p. 15. 183 Ibidem, p. 13. 184 2.ª edição, 1999. 185 2.ª versão, Agosto de 2007. 186 Cf. PORTUGAL. Direcção-Geral de Arquivos – Orientações para a Descrição Arquivística, p. 21.
50��
Contudo, tal não invalidou a consulta e leitura de outra bibliografia específica desta
área, particularmente: Architectural records; managing design and construction
records, de Waverly Lowell e Tawny Ryan Nelb, no âmbito da Sociedade de
Arquivistas Americanos (SAA, Society of American Archivists), Los documentos de
arquitectura y cartografia: qué son y como se tratan, de Andreu Carrascal Simon e
Rosa Gil Tort, ou ainda, embora mais vocacionados para a conservação e preservação,
Architectural photoreproductions: a manual for identification and care, de Eléonore
Kissel e Erin Vigneau, Line, shade and shadow: the fabrication and preservation of
architectural drawings, de Lois Olcott Price, e ainda, no contexto dos documentos
fotográficos, Recommendations for cataloguing photographic collections, de Edwin
Klijn, no âmbito do projecto SEPIA 187.
A política de descrição adoptada neste trabalho assentou na descrição
arquivística ao nível do documento composto188, justificada pelos já referidos projectos
de investigação e tratamento arquivístico previstos no AHU envolvendo esta
documentação e, sobretudo, pela necessidade de conhecimento do conteúdo da mesma,
praticamente desconhecido até à data. Desceu-se ainda, na hierarquia da descrição, ao
nível do documento simples189, particularmente no caso dos documentos cartográficos,
técnicos, arquitectónicos e fotográficos. Considerámos pertinente a descrição à peça
destas tipologias documentais, sobretudo pelo valor iconográfico que encerram e pela
crescente procura de que actualmente são alvo190.
Procedeu-se de seguida à concepção de um plano de descrição arquivística, no
qual se analisaram as sete zonas de informação descritiva da ISAD(G) e os respectivos
elementos de descrição que as suportam, de forma a chegar a um compromisso na
selecção dos elementos de descrição pertinentes para o conhecimento do contexto e
conteúdo dos conjuntos documentais da DSUH e do CDTE. Daqui resultou a elaboração
de duas grelhas em Microsoft Office Excel, uma para cada um dos conjuntos
���������������������������������������� �������������������������187 SEPIA – Safeguarding European Photographic Images for Access. Cf. <http://www.ica.org/7363/paag-resources/sepiades-recommendations-for-cataloguing-photographic-collections.html>. 188 O documento composto é a unidade organizada de documentos, agrupados quer para utilização corrente pelo seu produtor, quer no decurso da organização arquivística, por se referirem a um mesmo assunto, actividade, transacção ou tramitação própria (por exemplo, os processos de obras). Cf. PORTUGAL. Direcção-Geral de Arquivos – op. cit., p. 300. 189 O documento simples é a mais pequena unidade arquivística intelectualmente indivisível. Cf. Ibidem, p. 301. 190 No caso do AHU, a procura deste tipo de materiais tem sido evidente. Cf. ALBINO, Teresa – Saber Tropical: 125 anos, p. 193.
51��
documentais em estudo191, com a introdução de campos pré-determinados que fizemos
coincidir com os elementos de descrição seleccionados para os níveis de descrição
pretendidos – documento composto e documento simples. Cada grelha de descrição é
composta por quatro folhas de registo, sendo a primeira consagrada à apresentação
esquemática dos níveis da estrutura de descrição e sua relação, e as seguintes,
respectivamente, a descrições arquivísticas nível documento composto e nível
documento simples, sendo que, neste último caso, uma folha é destinada à descrição de
documentos cartográficos, técnicos e arquitectónicos, e a outra destinada à descrição de
documentos fotográficos192. A relação entre o documento simples, independentemente
da sua natureza, e o documento composto ao qual pertence é feita no campo código de
referência193 do documento simples.
Sistematizamos, de acordo com a seguinte tabela, os elementos de descrição
consagrados em ambos os níveis de descrição realizados:
Documento composto Documento simples
Zona da identificação194
Código de referência � �
Código anterior da unidade de instalação �
Código anterior 1 da unidade arquivística � �
Código anterior 2 da unidade arquivística � �
Título � �
Datas � �
Nível de descrição � �
Dimensão e suporte � �
Zona do contexto195
Nome do produtor �
Nome do autor �
História administrativa / biográfica
História custodial e arquivística
Fonte imediata de aquisição ou transferência
���������������������������������������� �������������������������191 V. Apêndices 8 e 9. 192 V. Apêndices 8 e 9. 193 V. Níveis da estrutura de descrição e sua relação presente na folha 1 de ambos os Apêndices 8 e 9. 194 Na zona de identificação acrescentámos, a nível do documento composto, os seguintes elementos de descrição: código anterior da unidade de instalação, código anterior 1 da unidade arquivística, código anterior 2 da unidade arquivística. A nível do documento simples acrescentámos os seguintes elementos de descrição: código anterior 1 da unidade arquivística, código anterior 2 da unidade arquivística. 195 Na zona de contexto acrescentámos, a nível do documento simples, o seguinte elemento de descrição: Nome do autor.
52��
Zona do conteúdo e estrutura
Âmbito e conteúdo � �
Avaliação, selecção e eliminação
Ingressos adicionais
Sistema de organização
Zona das condições de acesso e utilização
Condições de acesso �
Condições de reprodução �
Idioma / Escrita �
Características físicas e requisitos técnicos � �
Instrumentos de descrição
Zona da documentação associada
Existência e localização de originais
Existência e localização de cópias
Unidades de descrição relacionadas �
Nota de publicação
Zona das notas
Notas � �
Zona do controlo da descrição
Nota do arquivista �
Regras ou convenções �
Data da descrição �
�
Tabela 1 - Elementos de descrição das zonas de informação da ISAD(G) utilizados nos níveis de descrição documento composto e documento simples.
Apresentamos de seguida os procedimentos adoptados na descrição arquivística,
tendo como base a ISAD(G) e as Orientações para a Descrição Arquivística, nível
documento composto, com exemplos ilustrativos retirados das grelhas de descrição dos
conjuntos documentais da DSUH e do CDTE196:
� Zona da Identificação197
A zona da identificação fornece informação essencial para a identificação da
unidade de descrição. Contemplámos todos os elementos de descrição que
integram esta zona de informação. Acrescentámos, inclusive, elementos de
descrição que integram informação relativa à codificação original das unidades
de descrição. ���������������������������������������� �������������������������196 V. Apêndices 8 e 9. 197 Como referimos na tabela supra, acrecentámos três elementos de descrição na zona de identificação, relacionados com a codificação original do documento composto, cujo registo achámos pertinente para o estudo do sistema de arquivo existente.
53��
• Código de referência
O elemento código de referência permite identificar de forma unívoca a unidade
de descrição e estabelecer uma ligação com a descrição que a representa. Neste
sentido, a codificação de referência que atribuímos à unidade de descrição
constou dos seguintes elementos: código de referência do país, código de
referência da entidade detentora e código de referência da unidade de descrição,
incluindo os seguintes segmentos: fundo, secção, subsecção, unidade de
instalação original, unidade de instalação actual e documento composto.
Exemplo 1: PT/AHU/MU/DGOPC-DSUH/1258/02-02/2
Exemplo 2: PT/AHU/MU/DGOPC-CDTE/1182/01-02/1
• Código anterior da unidade de instalação
Neste elemento registámos o a codificação numérica original da unidade de
remessa/volume atribuída no contexto da transferência da documentação para o
AHU.
Exemplo 1: 1200
Exemplo 2: 2621-A
• Código anterior 1 da unidade arquivística
Neste elemento registámos a codificação numérica original atribuída na fase
corrente da unidade de descrição.
Exemplo 1: Proc. nº 63261/DGF
Exemplo 2: Trabalho nº 834
• Código anterior 2 da unidade arquivística
Neste elemento registámos a codificação numérica atribuída possivelmente na
fase intermédia ou já definitiva da unidade de descrição.
Exemplo 1: Proc. de consulta nº 334
Exemplo 2: 143/NDT
54��
• Título
O elemento título tem como objectivo denominar a unidade de descrição.
Optámos pelo título formal, da responsabilidade do produtor, desde que
coerente, completo e adequado ao conteúdo da unidade de descrição. Contudo,
quando o mesmo se encontrou omisso, procedemos à atribuição de um título
atribuído, apresentado entre parênteses rectos. O título foi registado geralmente,
mas não necessariamente, com a seguinte sequência: tipologia documental
dominante, designação do objecto arquitectónico ou urbanístico e localização
geográfica.
Exemplo 1: Anteprojecto de urbanização da nova cidade de Nacala: memória
descritiva, perfis transversais e planta de conjunto do Porto. Colónia de
Moçambique, Província do Niassa, África Oriental Portuguesa
Exemplo 2: [Projecto do edifício dos CTT, Correios, Telégrafos e Telefones, a
construir em Benguela, Angola]
• Datas
O elemento datas permite situar cronologicamente a unidade de descrição.
Procurámos registar as datas de produção extremas da unidade de descrição, se
possível exactas, com a indicação de ano, mês e dia, embora tivéssemos que
recorrer, por vezes, à atribuição de datas singulares ou mesmo inferidas,
fazendo-se uso de parênteses rectos e interrogações quando necessário.
Exemplo 1: 1948-09-23
Exemplo 2: [ 194- ? ]
• Nível de descrição
O nível de descrição indica o nível de organização arquivística da unidade de
descrição, que no presente caso foi o documento composto.
• Dimensão e suporte
55��
Este elemento identifica a dimensão física ou lógica e o suporte da unidade de
descrição. Optámos aqui por registar a extensão e dimensão da unidade de
descrição, indicando, quando aplicável, a existência de documentação desenhada
e fotográfica e a sua dimensão.
Exemplo 1: 1 pt., incluindo 5 peças desenhadas e 12 espécies fotográficas
Exemplo 2: 1 mç., incluindo 66 peças desenhadas
� Zona do contexto
A zona do contexto contém a informação sobre a origem e custódia da unidade
de descrição. Desta zona de informação contemplámos apenas o elemento de
descrição nome do produtor.
• Nome do produtor
Este elemento identifica o produtor do documento composto, enquanto pessoa
colectiva ou singular, pública ou privada, que produziu, acumulou e/ou
conservou documentos de arquivo no decurso da sua actividade.
Exemplo 1: Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação
Exemplo 2: Centro de Documentação Técnico-Económica
� Zona do conteúdo e estrutura
A zona do conteúdo e estrutura contém informação sobre o assunto e
organização da unidade de descrição. Contudo, contemplámos apenas o
elemento de descrição âmbito e conteúdo.
• Âmbito e conteúdo
Este elemento apresenta, em relação à unidade de descrição, um sumário do seu
âmbito, onde registámos informação relativa a períodos cronológicos e áreas
geográficas, e um resumo do seu conteúdo, onde identificámos tipologias
documentais, assuntos, intervenientes e autorias. Surge como complemento do
elemento título.
Exemplo 1: Peças escritas e desenhadas do anteprojecto de urbanização da
cidade de Nacala, Moçambique, de autoria dos arquitectos Luís Cristino da Silva
56��
e José de Lima Franco, realizado no âmbito da Missão de Estudos do Porto de
Nacala.
Exemplo 2: Relatório de actividades do Laboratório de Ensaios de Materiais e
Mecânica do Solo da Direcção dos Serviços de Obras Públicas da Província de
Moçambique, referente ao ano de 1953. Inclui espécies fotográficas que ilustram
aspectos do quotidiano do laboratório.
� Zona das condições de acesso e utilização
A zona das condições de acesso e utilização contém informação relativa à
comunicabilidade e acessibilidade das unidades de descrição, que, no presente
caso, enquadrámos na legislação geral que dispõe sobre os arquivos e património
arquivístico 198 , o acesso a dados pessoais 199 , o acesso aos documentos
administrativos200 e os direitos de autor e conexos201, bem como sobre o estado
de conservação e preservação material dos documentos.
• Condições de acesso
Este elemento fornece informação sobre o estatuto legal ou outras disposições
que limitem ou afectem o acesso à unidade de descrição. Optámos pela
colocação em todas as unidades de descrição de uma frase normalizada, pelo que
o pedido de acesso a determinada unidade arquivística deverá ser visto caso a
caso.
Exemplo: Acessível, salvas as limitações decorrentes dos imperativos de
conservação e preservação e sem prejuízo das restrições impostas por lei.
• Condições de reprodução
Este elemento fornece informação relativa a eventuais restrições à reprodução da
unidade de descrição. Optámos novamente pela colocação em todas as unidades
de descrição de uma frase normalizada, pelo que o pedido de reprodução de
determinada unidade arquivística terá que ser visto caso a caso.
���������������������������������������� �������������������������198 Decreto-Lei n.º 16/93, de 23 de Janeiro. 199 Lei n.º 67/98, de 18 de Março. 200 Lei n.º 46/2007, de 24 de Agosto.201 Lei n.º 16/2008, de 1 de Abril.
57��
Exemplo: Reprodução sujeita a eventuais restrições decorrentes dos imperativos
de conservação e preservação e das restrições impostas por lei.
• Idioma / Escrita
Este elemento identifica os idiomas, escritas e sistemas de símbolos utilizados na
unidade de descrição. Tendo em conta que as unidades de descrição não
integram apenas documentos em português, referimos os restantes idiomas
presentes.
Exemplo 1: Português; Inglês
Exemplo 2: Português; Francês
• Características físicas e requisitos técnicos
Este elemento informa sobre quaisquer características físicas ou requisitos
técnicos relevantes que possam afectar a utilização da unidade de descrição.
Neste sentido, colocámos neste elemento informação sobre o estado de
conservação geral da unidade de descrição, classificando-o em três níveis: bom,
razoável e mau. Identificámos, inclusive, na generalidade, as patologias
presentes202.
Exemplo 1: Razoável estado de conservação. Apresenta rasgões e vincos
ligeiros, resíduos e manchas ligeiros de oxidação de fita adesiva e colas e de
elementos de preensão.
Exemplo 2: Mau estado de conservação, apresentando manchas variadas,
descoloração, perda e/ou enfraquecimento de suporte devido à presença e acção
de microorganismos (fungos)
� Zona da documentação associada
A zona da documentação associada destina-se à informação sobre a
documentação relacionada com a unidade de descrição. Nesta zona de
informação descritiva contemplámos apenas o elemento de descrição unidades
de descrição relacionadas.
• Unidades de descrição relacionadas
���������������������������������������� �������������������������202 Cf. Apêndice 10.
58��
Este elemento identifica as unidades de descrição relacionadas. Verificámos a
existência de unidades de descrição complementares à unidade descrita, uma vez
que coexistiram, encontrando-se ligadas por relações que fazem com que o
conhecimento de cada uma seja importante para a compreensão da outra. A
identificação foi feita com o registo neste elemento de descrição do código de
referência da(s) unidade(s) de descrição relacionada(s).
Exemplo 1: PT/AHU/MU/DGOPC-DSUH/1200/01-02/19
Exemplo 2: PT/AHU/MU/DGOPC-CDTE/1189/02-03/5
� Zona das notas
A zona das notas contém informação pertinente para a compreensão da unidade
de descrição e que não é incluída nas outras zonas.
• Notas
Este elemento regista informação significativa que não foi incluída em outros
elementos de descrição. Registámos, neste elemento, sobretudo informação
pertinente referente a âmbito e conteúdo, que não figurou no respectivo
elemento de descrição.
Exemplo 1: Nota a âmbito e conteúdo: as peças desenhadas do projecto para
residência do Administrador da Circunscrição do Chitato, Angola, apresentam-
se aqui como desenhos tipo para o edifício a construir. Cf.
PT/AHU/MU/DGOPC-DSUH/2621/01-06/6 e PT/AHU/MU/DGOPC-
DSUH/2621/01-06/7
Exemplo 2: Nota a âmbito e conteúdo: programas preliminares de edifícios de
justiça a construir em Moçambique, particularmente tribunais na Beira,
Inhambane, Macequece, Porto Amélia, Quelimane e Tete, e cadeias em
Macequece, Porto Amélia, Tete e Vila João Belo
� Zona do controlo da descrição
A zona do controlo da descrição apresenta informação sobre a elaboração da
descrição arquivística.
• Nota do arquivista
59��
Este elemento apresenta informação sobre a autoria e contexto da descrição
arquivística e as fontes bibliográficas 203 que estiveram presentes na sua
elaboração, quando aplicável.
Exemplo 1: Descrição elaborada por Pedro Godinho, no âmbito do estágio
objecto de relatório final do curso de Mestrado em Ciências da Documentação e
Informação, variante Arquivística
Exemplo 2: Descrição elaborada por Pedro Godinho, no âmbito do estágio
objecto de relatório final do curso de Mestrado em Ciências da Documentação e
Informação, variante Arquivística, com base na seguinte bibliografia: CUNHA,
Luís – Desenho técnico. 14.ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2008.
854 p. ISBN 978-972-31-1066-1; KISSEL, Eléonore, VIGNEAU, Erin –
Architectural photoreproductions: a manual for identification and care. 2.ª ed.
New York: Oak Knoll Press / New York Botanical Garden, 2009. 125 p. ISBN
978-1-58456-216-0; PRICE, Lois – Line, shade and shadow: the fabrication and
preservation of architectural drawings. New Castle: Oak Knoll Press, 2010. 359
p. ISBN 978-1-58456-237-5
• Regras ou convenções
Este elemento identifica as regras ou convenções em que se baseia a descrição
arquivística204.
Exemplo: CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS – ISAD (G):
Norma Geral internacional de descrição arquivística. [Em linha]. 2.ª ed. Lisboa:
IANTT, 2002. 97 p. Disponível em:
<http://dgarq.gov.pt/files/2008/09/isadg_pt.pdf> ; PORTUGAL. Direcção-Geral
de Arquivos – Orientações para a Descrição Arquivística. [Em linha]. 2.ª v.
Lisboa: DGARQ, 2007. 325 p. Disponível em:
<http://dgarq.gov.pt/files/2008/10/oda1-2-3.pdf>
• Data da descrição
Este elemento indica a data em que a descrição foi elaborada.
Exemplo: 2009-12-03
���������������������������������������� �������������������������203 A informação relativa a fontes bibliográficas foi registada de forma completa, de acordo com as normas NP 405-1 e NP 405-4, e com todos os elementos necessários à sua recuperação. 204 A informação relativa a regras ou convenções foi registada de forma completa, de acordo com as normas NP 405-4, e com todos os elementos necessários à sua recuperação.
60��
Descendo no nível de descrição, apresentamos os procedimentos adoptados na
descrição arquivística, igualmente baseados na ISAD(G) e nas Orientações para a
Descrição Arquivística, nível documento simples, particularmente peças desenhadas e
espécies fotográficas, com exemplos ilustrativos retirados das grelhas de descrição dos
conjuntos documentais da DSUH e do CDTE205:
� Zona da Identificação206
• Código de referência
De forma a identificar de forma unívoca a unidade de descrição e estabelecer
uma ligação com a descrição que a representa, a codificação de referência que
atribuímos ao documento simples constou dos seguintes elementos: código de
referência do país, código de referência da entidade detentora e código de
referência da unidade de descrição, incluindo os seguintes segmentos: fundo,
secção, subsecção, unidade de instalação original, unidade de instalação actual,
documento composto e documento simples, precedido, no caso das peças
desenhadas, da sigla DES, e no caso das espécies fotográficas, da sigla FOTO.
Exemplo 1: PT/AHU/MU/DGOPC-DSUH/1200/01-02/7/DES.1
Exemplo 2: PT/AHU/MU/DGOPC-DSUH/1200/01-02/7/FOTO.1
• Código anterior 1 da unidade arquivística
Corresponde a uma numeração atribuída originalmente na fase de produção do
documento simples e que remeterá para determinado processo.
Exemplo 1: Obra n.º 124
Exemplo 2: Processo n.º 461
• Código anterior 2 da unidade arquivística
Corresponde a uma numeração atribuída possivelmente no contexto do processo
em que se insere.
���������������������������������������� �������������������������205 V. Apêndices 8 e 9. 206 Como referimos na tabela supra, acrecentámos dois elementos de descrição na zona de identificação, relacionados com a codificação original do documento simples, cujo registo achamos pertinente para o estudo do sistema de arquivo existente.
61��
Exemplo 1: Desenho n.º 10
Exemplo 2: Fotografia n.º 6
• Título
Na denominação da unidade de descrição, optámos pelo título formal, da
responsabilidade do produtor, desde que coerente, completo e adequado ao seu
conteúdo iconográfico. Contudo, por vezes revelou-se necessária a atribuição de
um título atribuído, apresentado entre parênteses rectos. No caso das peças
desenhadas, registámos, quando aplicável, informação relativa a tipologia
documental dominante, designação do objecto arquitectónico ou urbanístico,
localização geográfica, tipo de representação e respectiva escala. No caso das
espécies fotográficas, registámos, quando aplicável, informação relativa à
designação do objecto arquitectónico ou urbanístico, localização geográfica e
assunto/temática representada.
Exemplo 1: Projecto de adaptação da Sé Catedral de Bissau: alçados principal e
lateral [ direito ], na escala de 1/100
Exemplo 2: [ Instalações Aduaneiras de Nova Goa : ] Vista de Norte
• Datas
De forma a situar cronologicamente a unidade de descrição, procurámos registar
a data de produção do documento simples, se possível exacta, com a indicação
de ano, mês e dia, embora tivéssemos que recorrer, por vezes, à atribuição de
datas singulares ou mesmo inferidas, fazendo-se uso de parênteses rectos e
interrogações quando necessário.
Exemplo 1: 1944-07-14
Exemplo 2: 1943
• Nível de descrição
O nível de descrição indica o nível de organização arquivística da unidade de
descrição, que no presente caso foi o documento simples.
62��
• Dimensão e suporte
Este elemento de descrição permite identificar a dimensão física ou lógica e o
suporte da unidade de descrição. Optámos aqui por registar, no caso das peças
desenhadas, a sua dimensão, processo de representação, matéria de registo,
suporte material e ilustração. No caso das espécies fotográficas registámos a sua
dimensão, polaridade, processo fotográfico, suporte e ilustração
Exemplo 1: 1 desenho arquitectónico: tinta da china sobre tela, p&b
Exemplo 2: 1 positivo, prova fotográfica em papel de revelação, monocromático
� Zona do contexto
Optámos por não utilizar nenhum dos elementos de descrição nesta zona de
informação, no nível documento simples. Acrescentámos sim o elemento de
descrição nome do autor por o considerarmos mais adequado ao documento
simples.
• Nome do autor
Neste elemento identificámos o autor do documento simples, enquanto pessoa
singular ou colectiva, responsável pelo seu conteúdo intelectual e material.
Exemplo 1: Carlos Chambers Ramos, Arquitecto
Exemplo 2: Francisco Anjos Diniz, Engenheiro Civil
� Zona do conteúdo e estrutura
Nesta zona de informação, optámos apenas pela utilização do elemento âmbito e
conteúdo, e ainda assim aplicado apenas ao caso das peças desenhadas.
• Âmbito e conteúdo
Neste elemento registámos informação relativa à tradição documental das peças
desenhadas, mediante uma prévia análise dos elementos formais que determinam
a sua autenticidade ou originalidade.
Exemplo 1: Original
Exemplo 2: Cópia simples
63��
� Zona das condições de acesso e utilização
Desta zona de informação apenas considerámos o elemento de descrição
características físicas e requisitos técnicos.
• Características físicas e requisitos técnicos
Este elemento informa sobre quaisquer características físicas ou requisitos
técnicos relevantes que possam afectar a utilização da unidade de descrição.
Neste sentido, registámos informação sobre o estado de conservação do
documento simples, que classificámos em três níveis: bom, razoável e mau,
identificando, inclusive, na generalidade, as patologias presentes207
Exemplo 1: Mau estado de conservação, apresentando vincos acentuados e
manchas e descoloração devido à acção de microorganismos (fungos)
Exemplo 2: Razoável estado de conservação, apresentando "espelho de prata" e
ligeiro amarelecimento
� Zona das notas
• Notas
Neste elemento registámos informação significativa que não foi incluída em
outros elementos de descrição.
Exemplo 1: Substitui o desenho nº 669
Exemplo 2: Apresenta no verso carimbo da casa fotográfica "Foto Lusitana",
sediada em Lourenço Marques, Moçambique
6. ACONDICIONAMENTO
�
� Uma das responsabilidades dos arquivos é proteger o seu acervo. Neste sentido,
os arquivos, enquanto entidades detentoras, devem certificar-se de que o seu acervo é
correctamente acondicionado visando a sua protecção e preservação a longo prazo208.
���������������������������������������� �������������������������207 Cf. Apêndice 10. 208 Cf. LOWELL, Waverly, NELB, Tawny – op. cit., p. 125.
64��
O acondicionamento consiste na colocação dos documentos em unidades de
instalação adequadas à sua conservação e preservação física209. Nesta perspectiva, o
acondicionamento realizado consistiu na colocação das unidades arquivísticas em novas
unidades de instalação, particularmente em caixas de tamanho normalizado em uso no
AHU 210 , adequadas à dimensão da documentação e cumprindo requisitos de
conservação e de resistência ao manuseamento, ao peso e à pressão da documentação,
oferecendo desta forma condições adequadas de protecção e preservação. As unidades
arquivísticas cujas pastas originais se encontravam danificadas foram envolvidas em
camilhas, o mesmo sucedendo com as unidades arquivísticas cujas ferragens de
preensão foram removidas, fixando-as com fita de nastro, de forma a evitar a dispersão
dos documentos aí contidos.
As unidades arquivísticas não normalizadas foram acondicionadas
provisoriamente de acordo com a sua dimensão, tendo em conta os recursos existentes,
em papel kraft, fixado com fita de nastro de algodão, formando maços (fig. 3 e 4)211.
Contudo assumiu-se o carácter provisório deste acondicionamento e o compromisso de,
num futuro próximo, o seu reacondicionamento ser efectuado adequadamente com
materiais cumprindo requisitos de compatibilidade e estabilidade adequados à sua
preservação.
Após o acondicionamento e antes da sua instalação definitiva em depósito,
foram atribuídos códigos de referência às unidades de instalação, particularmente às
caixas e maços que, como referimos anteriormente, foram considerados, neste caso, a
partir da sequência: código de referência do país, código de referência da entidade
detentora, código de referência do fundo, código de referência da secção, código de
referência da subsecção, código de referência da unidade de instalação original, código
de referência da unidade de instalação actual.
���������������������������������������� �������������������������209 Cf. ALVES, Ivone [et. al.] – Dicionário de Terminologia Arquivística, p. 3. 210 Dimensões : A 22 cm x L 34 cm x P 43 cm. 211 Cf. ALVES, Ivone [et. al.] – op. cit., p. 64.
65��
��
���
7. INSTALAÇÃO
Apesar de à primeira vista parecerem semelhantes, os conceitos de
armazenamento e instalação são bem distintos, pelo que não devem ser confundidos. A
operação de armazenamento consiste essencialmente na colocação das unidades de
instalação nos depósitos de um arquivo212, não pressupondo à partida qualquer acção de
tratamento arquivístico. Por seu turno, a instalação, enquanto operação intimamente
relacionada com a organização de arquivos como refere Cruz-Mundet213, requer já a
arrumação planificada das unidades de instalação em estanteria ou outro material
adequado, tendo em vista a sua conservação e preservação214.
Constituindo, no presente caso, a última tarefa do tratamento arquivístico, a
instalação definitiva das unidades de instalação foi realizada em estanteria compacta em
depósito próprio e em condições ambientais adequadas, com valores de humidade
relativa de cerca 55 %, com ligeiras variações possíveis de ± 5 %, e 18º C de
temperatura, com ligeira variação possível de ± 1º C215.
���������������������������������������� �������������������������212 Cf. Ibidem, p. 6. 213 Cf. CRUZ-MUNDET, José – Manual de Archivística, p.249. 214 Cf. ALVES, Ivone [et. al.] – op. cit., p. 58. 215 Tratam-se de valores normativos e ideais, mas de geralmente de difícil alcance. Cf. FLIEDER, Françoise, DUCHEIN, Michel – Livros e documentos de arquivo: preservação e conservação, p. 39.
Fig. 4 – Acondicionamento. �Fig. 3 – Acondicionamento: colocação de fita de nastrode algodão.
66��
IV – CARACTERIZAÇÃO GERAL DA DOCUMENTAÇÃO APARTIR DO SEU TRATAMENTO ARQUIVÍSTICO �
Partindo-se de um universo de 1274 unidades de instalação216 de documentação
da Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações (DGOPC), escolheram-se 11 cujo
conteúdo remetia para as temáticas de Arquitectura e Urbanismo. Destas 11 unidades de
instalação, 6 pertenciam à Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação (DSUH) e
5 ao Centro de Documentação Técnico-Económica (CDTE). Este universo restrito de
amostragem resultou no tratamento arquivístico de cerca de 5 metros lineares de
documentação textual, incluindo peças desenhadas e espécies fotográficas, que se
traduziu nos seguintes valores em termos de descrição arquivística:
CONJUNTOS
DOCUMENTAIS
DESCRIÇÃO ARQUIVÍSTICA
DOCUMENTO COMPOSTO DOCUMENTO SIMPLES
DOCUMENTAÇÃO
TEXTUAL
ESPÉCIES
FOTOGRÁFICAS
PEÇAS
DESENHADAS
DSUH 131 102 524
CDTE 129 33 927
TOTAL 260 135 1451
Tabela 2 - Valores quantitativos dos conjuntos documentais da DSUH e do CDTE em unidades arquivistas descritas.
O tratamento arquivístico realizado, embora não incidindo, como vimos, sobre a
totalidade dos conjuntos documentais, permitiu, no entanto, conhecer, embora
genericamente, sobretudo através da análise propiciada pela descrição arquivística, o
���������������������������������������� �������������������������216 A unidade de instalação deverá ser aqui entendida como maço de documentação, no sentido que o Dicionário de Terminologia Arquvística lhe confere: «unidade de instalação constituída por um conjunto de documentos atados, correspondente a uma organização original ou podendo ser constituída no decurso de uma reinstalação». Cf. ALVES, Ivone [et. al.] – Dicionário de Terminologia Arquivística, p. 64.
67��
contexto, conteúdo e intervenientes que estiveram na base da produção e acumulação
destes conjuntos documentais.
Estes conjuntos documentais são compostos por documentação textual,
desenhada e fotográfica (fig. 5) relativa ao estudo, projecto e construção de
infraestruturas urbanísticas217 e arquitectónicas218 de autorias diversas, destinadas ao
antigo espaço ultramarino português, resultante decurso da actividade da DSUH e dos
organismos que a antecederam no desenvolvimento das mesmas atribuições,
particularmente a Repartição de Obras Públicas, Portos e Viação (ROPPV) da Direcção-
Geral de Fomento (DGF) e o
Gabinete de Urbanização do Ultramar
(GUU), e do CDTE, num período
compreendido sensivelmente entre
meados da década de 1930 e finais da
década de 1960. Esta documentação
resultou da actividade de
profissionais especializados
enquadrados nos organismos públicos
oficiais metropolitanos e
ultramarinos, ou da actividade de profissionais especializados em profissão liberal,
mediante encomenda oficial.
A profusão de documentação desenhada nestes conjuntos documentais justifica-
se por constituírem parte integrante de todas as fases de projecto relacionadas com o
planeamento urbanístico219 e arquitectónico220, com processos e tipos de representação
���������������������������������������� �������������������������217 Particularmente redes de abastecimento de água e energia eléctrica, drenagem de águas pluviais e saneamento, arruamentos e redes viárias, geradores, na sua resolução, de tipologias documentais diversas como programas preliminares, estudos, anteplanos e planos de urbanização, e documentação administrativa associada. 218 Particularmente construção, ampliação, modificação, reconstrução, reparação, restauro, consolidação e conservação de edifícios e monumentos, incluindo obras associadas de especialidade, particularmente mobiliário, decoração e equipamento, electricidade, telecomunicações, águas e esgotos, e arranjos exteriores, gerando, na sua resolução, tipologias documentais diversas como programas preliminares, estudos, levantamentos arquitectónicos, anteprojectos e projectos de execução, e documentação administrativa associada. 219 Particularmente anteplanos e planos de urbanização, que são aqui entendidos como tipologias documentais próprias da documentação de arquitectura e domínios associados, cuja constituição e organização se encontravam regulamentadas por lei. Cf. Decreto-Lei n.º 24 802, de 21 de Dezembro de 1934, e Decreto-Lei n.º 33 921, de 5 de Setembro de 1944. 220 Particularmente estudos, anteprojectos e projectos, que são aqui igualmente entendidos como tipologias documentais próprias da documentação de arquitectura e domínios associados, cuja
Fig. 5 - Unidade arquivística, contendo documentação textual e desenhada.
68��
peculiares, característicos da documentação de arquitectura e domínios associados,
particularmente os desenhos cartográficos, arquitectónicos e técnicos, por sua vez
constituídos por tipos de representação próprios: projecções ortogonais (planta e
alçado), cortes e secções (corte e secção) e perspectivas (rápida e rigorosa), com as
respectivas escalas de representação221.
A documentação fotográfica surge no âmbito destes conjuntos documentais,
com o objectivo de documentar os trabalhos preparatórios de uma obra, as suas
diferentes fases de construção e a sua conclusão, bem como situações específicas
ocorridas no decurso das mesmas, sendo aplicada, na maioria dos casos, na ilustração de
relatórios técnicos enviados pelos serviços e organismos públicos ultramarinos ao
Ministério do Ultramar.
Os processos de registo prevalecentes nesta documentação são a dactilografia
(originais e duplicados) e o manuscrito, cujas matérias de registo consistem
essencialmente em tintas de escrita de carbono222, tinta da china e grafite. No caso
particular da documentação desenhada, ilustrada a preto e branco e/ou cor, predomina o
carvão, grafite, tinta da china, cera e aguarela223. O suporte predominante é o papel, nas
suas diversas variedades, que no caso da documentação textual apresenta formatos A5
(148 mmx 210 mm), A4 (210 mm x 297 mm) e ocasionalmente A3 (297 mm x 420
mm). No caso particular da documentação desenhada, predominam o papel vegetal e a
tela como suportes privilegiados na realização de desenhos originais (fig. 6 e 7)224. A
documentação desenhada integra ainda quantidades consideráveis de
fotoreproduções 225 em papel, particularmente cianótipos (fig. 8) 226 e diazótipos (fig.
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constituição e organização se encontravam regulamentadas por lei. Cf. PORTUGAL. Ministério das Obras Públicas – Regras para o cálculo das percentagens a atribuir aos autores de projectos (Despachos Ministeriais de 17-1-1940, 7-1-1956 e 25-2-1948), p. 1-13. 221 A identificação de peças desenhadas, particularmente no que respeita processos e tipos de representação, foi baseada em CUNHA, Luís – Desenho técnico. Pt. 7-10, 12, 17-20, p. 163-698. 222 Componente essencial das tintas de máquina de escrever e esferográficas. 223 A identificação de matérias de registo em documentação desenhada foi baseada em PRICE, Lois – “Fabrication of Architectural Drawing”. In Line, shade and shadow: the fabrication and preservation of architectural drawings. Pt. 2. p. 95-126. 224 A identificação de suportes materiais em documentação desenhada foi baseada em PRICE, Lois –op. cit., p. 66-93. 225 O termo fotoreprodução indica a produção de uma imagem recorrendo a um processo fotográfico. O processo básico é semelhante para todos os tipos de reprodução, embora existam variações. O processo mais comum resulta do contacto de um desenho original, cujo suporte seja translúcido (papel vegetal outela, por exemplo) e a matéria de registo bem delineada (tinta da china, por exemplo), com um papel revestido de uma camada de emulsão fotosensível. São expostos à luz, que passa através do suporte translúcido sensibilizado, mas que é bloqueado pelas linhas de tinta do desenho original. Durante a exposição ocorre uma reacção química nas áreas expostas do papel sensibilizado. Após a exposição, o
69��
9)227, em formatos não normalizados, raramente inferiores a A4 (210 mm x 297 mm) e
por vezes superiores a A0 (841 mm x 1189 mm) 228 , integrando muitas vezes
aditamentos ou acrescentos manuscritos a grafite ou tinta da china.
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Fig. 6 – Documento arquitectónico: tinta da china sobre tela, p&b.
Fig. 7 - Documento arquitectónico: grafite sobre papel vegetal, p&b.
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Fig. 8 – Documento arquitectónico: sais de ferro sobre papel. Fotoreprodução cianótipo ou blueprint.
Fig. 9 – Documento arquitectónico: sais de diazónio sobre papel. Fotoreprodução diazótipo.
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papel sensibilizado é retirado e processado numa solução química de forma a produzir uma imagem duplicada, do mesmo tamanho, e consequentemente à mesma escala, do original. Cf. Ibidem, p. 147-148. 226 Também denominado Blueprint ou Marion, o cianótipo, resultando de um processo de fotoreprodução utilizando emulsão de sais de ferro, caracteriza-se por seu fundo azul com linhas brancas (imagem negativa), ou pelo fundo branco com linhas azuis (imagem positiva, também denominada Pellet Print ou Positive Blueprint). Este processo foi introduzido cerca de 1850 e entrou em declínio na década de 1930. Cf. KISSEL, Eléonore, VIGNEAU, Erin – Architectural photoreproductions: a manual for identification and care, p. 31-33. 227 Também denominado ozalid, o diazótipo, resultante de um processo de fotoreprodução utilizando emulsão de sais de diazónio, caracteriza-se pelas suas linhas castanhas ou azuis sobre um fundo castanho claro/bege. Este processo foi introduzido cerca de 1880, embora a sua utilização se acentue sobretudo a partir do declínio do cianótipo. Ainda é actualizado actualmente. Cf. Ibidem, p. 37-40. 228 A identificação da fotoreproduções em documentação desenhada foi baseada em KISSEL, Eléonore, VIGNEAU, Erin – “Photoreproductions”. In Architectural photoreproductions: a manual for identification and care. Pt. 1, p. 13-81.
70��
A documentação fotográfica é constituída na sua totalidade por provas
fotográficas monocromáticas em papel de revelação (fig. 10)229.
O estado geral de conservação da
documentação foi considerado
bom/razoável 230 . A documentação
apresenta na sua generalidade alguma
deterioração que, contudo, não afecta a sua
correcta leitura ou a sua integridade física.
Estes focos de deterioração, apesar de
ligeiros, apresentam-se sobretudo a nível
dos suportes (fig. 11 e 12), correspondendo
a231:
• Sujidade superficial;
• Rasgões ligeiros;
• Dobras e vincos ligeiros
• Lacunas ou perdas parciais de suporte ligeiras;
• Cortes e perfurações ligeiros, motivados sobretudo pela utilização de
elementos de preensão (tachas, agrafos, alfinetes, clipes, ferragens, etc.);
• Oxidação ligeira de fitas adesivas e colas;
• Oxidação ligeira de elementos de preensão metálicos;
• Desidratação e acidificação ligeira do suporte, com alteração parcial da sua
cor original.
���������������������������������������� �������������������������229 A identificação das espécies fotográficas, particularmente no que respeita à sua polaridade, processo fotográfico, suporte e ilustração, foi baseada em PAVÃO, Luís – “Identificação de processos fotográficos”. In Conservação de Colecções de Fotografia. Pt. 2, p. 67-108. 230 A caracterização do estado de conservação da documentação teve a preciosa colaboração, sobretudo na identificação de patologias e deteriorações e sua caracterização, da Mestre Lúcia Alberto, conservadora-restauradora em funções no Departamento de Informação, Biblioteca e Arquivo do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, no Forte de Sacavém. 231 V. Apêndice 10.
Fig. 10 - Documento fotográfico: prova fotográfica em papel de revelação, monocromático.
71��
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Fig. 11 - Deterioração: rasgão e vinco ligeiros.
Fig. 12 - Deterioração: elemento de preensão oxidado.
Contudo, embora pontualmente, existem situações de deterioração acentuada,
pondo em risco não só a leitura correcta dos documentos, mas também a sua integridade
física, nomeadamente (fig. 13 e 14)232:
• Rasgões acentuados e muito acentuados;
• Dobras e vincos acentuados e muito acentuados;
• Lacunas ou perdas acentuadas de suporte;
• Oxidação acentuada de fitas adesivas e colas;
• Oxidação acentuada de elementos de preensão metálicos;
• Desidratação e acidificação acentuada do suporte, resultando na alteração
significativa da sua cor original e na sua fragmentação;
• Manchas e lacunas acentuadas e desagregação do suporte por acção de
insectos e microorganismos, particularmente fungos e bactérias.
���������������������������������������� �������������������������232 V. Apêndice 10.
72��
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Fig. 13 - Deterioração: fragilidade e perdas parciais de suporte por acção de insectos.
Fig. 14 - Deterioração: fragilidade e perdas parciais de suporte por acção de microorganismos (fungos e bactérias).
Salientamos ainda o caso específico das provas fotográficas, cuja especificidade
revelou deteriorações que naturalmente não se encontram presentes nas outras tipologias
documentais. As provas fotográficas, fruto do processo de revelação que lhe dá origem,
apresentam como deterioração genérica, a oxidação e sulfuração da prata, com
amarelecimento, desvanecimento e sobretudo o espelho de prata233.
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Fig. 15 - Deterioração: prova fotográfica com espelho de prata.
Fig. 16 - Deterioração: prova fotográfica com amarelecimento do suporte e espelho de prata.
Por fim, em termos de comunicabilidade e acessibilidade, esta documentação
encontra-se acessível em formato tradicional no AHU, embora parte possa estar
acessível sob condição ou mesmo inacessível, o que decorre naturalmente do seu estado
���������������������������������������� �������������������������233 A identificação de patologias presentes em espécies fotográficas foi baseada em PAVÃO, Luís – “Deterioração de espécies fotográficas”. In Conservação de Colecções de Fotografia. Pt. 4, p. 153-192.
73��
de conservação e preservação material e do que a legislação geral dispõe
particularmente sobre:
• acesso a documentos administrativos;
• acesso a dados pessoais;
• segurança do Estado;
• protecção dos direitos de autor e conexos;
• património arquivístico.
A Constituição da República Portuguesa, de harmonia com o n.º 2 do seu art.º
268.º, concede aos cidadãos o «(…) direito de acesso aos arquivos e registos
administrativos, sem prejuízo do disposto na lei em matérias relativas à segurança
interna e externa, à investigação criminal e à intimidade das pessoas»234. Neste sentido,
o Regime Geral dos Arquivos e do Património Arquivístico, aprovado pelo Decreto-Lei
n.º 16/93, de 23 de Janeiro, garante, de acordo com o n.º 1 do seu art.º 17.º, a «(…)
comunicação da documentação conservada em arquivos públicos, salvas as limitações
decorrentes dos imperativos da conservação das espécies e sem prejuízo das restrições
impostas por lei». As restrições referidas, de harmonia com o n.º 2 do mesmo artigo,
referem-se a «(…) documentos que contenham dados pessoais de carácter judicial,
policial ou clínico, bem como os que contenham dados pessoais que não sejam públicos,
ou de qualquer índole que possa afectar a segurança das pessoas, a sua honra, ou a
intimidade da sua vida privada e familiar, e a sua própria imagem, salvo se os dados
pessoais puderem ser expurgados do documento que os contém, sem perigo de fácil
identificação, se houver consentimento unânime dos titulares dos interesses legítimos a
salvaguardar ou desde que decorridos 50 anos sobre a data da morte da pessoa a que
respeitam os documentos ou, não sendo esta data conhecida, decorridos 75 anos sobre a
data dos documentos». O mesmo sucede, de harmonia com o n.º 3, com os dados
respeitantes a pessoas colectivas que «(…) gozam de protecção (…), sendo
comunicáveis decorridos 50 anos sobre a data de extinção da pessoa colectiva, caso a lei
não determine prazo mais curto».
Não se nos afigura aplicável a esta documentação o regime relativo ao acesso a
documentos administrativos e a sua reutilização, definido pela Lei n.º 46/2007, de 24 de
���������������������������������������� �������������������������234 Cf. Constituição Política da República Portuguesa, republicada pela Lei Constitucional n.º 1/2005, de 12 de Agosto.
74��
Agosto, bem como o regime relativo ao acesso a dados pessoais, constante da Lei n.º
67/98, de 26 de Outubro. Como observa Silveira235, do ponto de vista arquivístico, o
acesso a dados pessoais consignados no n.º 2 do referido art.º 17.º do Decreto-Lei n.º
16/93 deve entender-se aplicável aos documentos integrados em arquivos históricos,
que é o caso da documentação em estudo, sendo que, para os demais documentos
administrativos, particularmente os incluídos em arquivos correntes e intermédios, deva
prevalecer o regime de acesso a dados pessoais deles constantes, por terceiros, definido
pelo art. 6.º da Lei n.º 46/2007236. O próprio diploma confirma ainda, pelo n.º 5 do seu
art.º 2.º que, «o acesso (…) aos documentos depositados em arquivo histórico rege-se
por legislação própria», sendo uma clara remissiva para o aludido art.º 17.º do Decreto-
Lei n.º 16/93. De igual modo, de acordo com o mesmo autor237, não se afigura adequada
à situação dos arquivos históricos, o regime geral definido pela Lei n .º 67/98,
particularmente no que se refere à possibilidade de comunicação a terceiros de dados
pessoais, na medida em que estes dados existem nos arquivos históricos apenas, de
harmonia com a alínea c) do n.º 3 do art.º 4.º do Decreto-Lei n.º 16/93, para «(…) fins
probatórios, informativos ou de investigação».
A acessibilidade e difusão de documentação de arquitectura e domínios
associados poderá encontrar-se ainda condicionada, se assim for definido, pela
legislação relativa a segurança do Estado. A segurança do Estado requer um olhar atento
sobre o que o que o regime do segredo de Estado, aprovado pela Lei n.º 6/94 de 7 de
Abril, refere sobre esta matéria. O n.º 3 do art.º 2.º deste diploma permite submeter ao
regime de segredo de Estado, de acordo com a alínea c), os documentos «(…) que
visam prevenir e assegurar a operacionalidade e a segurança do pessoal, dos
equipamentos, do material e das instalações das Forças Armadas e serviços de
segurança». Embora pareça exagerado colocar sobre segredo de Estado a documentação
relacionada, neste caso, com as infraestruturas militares e de segurança, a verdade é que
a acessibilidade a este tipo de documentação deveria ser condicionada, na medida em
que a sua disponibilização poderia por em risco a segurança dos edifícios aí
representados e dos seus utentes. Este é um mero exemplo da complexidade do trabalho
subjacente à disponibilização e difusão de documentação sobre arquitectura e domínios
���������������������������������������� �������������������������235 Cf. SILVEIRA, Luís – “Os dados pessoais e os arquivos”, p. 53-54. 236 De acordo com o n.º 5 do referido artigo, «um terceiro só tem direito de acesso a documentos nominativos se estiver munido de autorização escrita da pessoa a quem os dados digam respeito ou demonstrar interesse directo, pessoal e legítimo suficientemente relevante segundo o princípio da proporcionalidade». 237 Cf. SILVEIRA, Luís – op. cit., p. 55.
75��
associados. Desta forma, há que estabelecer critérios rigorosos na sua disponibilização,
e tendo ainda em conta que, no caso da documentação alvo de estudo, se tratam de
infraestruturas arquitectónicas que já não se encontram sob tutela do Estado Português,
esta questão deverá ainda ser analisada à luz do que a legislação desses países dispõe
sobre estas matérias. No entanto, no estabelecimento de critérios específicos de
disponibilização deste tipo de documentação, terá que estar sempre presente a actual
utilização do edifício, particularmente se é de acesso público ou reservado, e neste
último caso, se é reservado no todo ou em parte, salientando desde logo o carácter
inacessível de alguns edifícios tendo em conta a sua afectação e utilização actual, como
são exemplo os estabelecimentos prisionais. Estas circunstâncias irão condicionar a
acessibilidade a essa documentação, particularmente a desenhada e a fotográfica.
Por fim, e já no que diz respeito à reprodução de documentação de arquitectura e
domínios associados, esta pode ainda ser particularmente condicionada, não só pelas
razões já expostas no que se refere à sua acessibilidade, que naturalmente serão
igualmente válidas para a sua reprodução, mas também pela legislação relativa a
direitos de autor e conexos, não a só à luz da legislação actual238, mas também da que
vigorava no período correspondente à produção da documentação239. Isto decorre da
situação de os projectos arquitectónicos e urbanísticos se encontrarem geralmente
enquadrados como “criações intelectuais do domínio artístico” dos respectivos autores,
sobre os quais recaiam os direitos morais dos mesmos projectos. Contudo, muitas vezes
os direitos patrimoniais acabam por pertencer a outrem. Esta situação requer uma
análise à luz do contexto em que foram produzidos, particularmente se resultaram de
encomenda oficial pública, de cumprimento de dever funcional ou de contrato de
trabalho.
���������������������������������������� �������������������������238 Lei n.º 16/2008, de 1 de Abril, por ser a mais recente alteração/actualização ao Código do Direito de Autor e Direitos Conexos, republicado em anexo a este diploma. 239 Respectivamente o Decreto n.º 13 725, de 27 de Maio de 1927, e o Decreto-Lei n.º 46 980, de 27 de Abril de 1966.
76��
CONCLUSÃO
O tratamento arquivístico enquanto conjunto de procedimentos técnicos visando
a identificação, organização e descrição de documentação de arquivo é uma tarefa
essencial para a promoção da preservação, comunicabilidade e acessibilidade dessa
mesma documentação.
O balanço do relatório que aqui se apresenta é, na generalidade, positivo, uma
vez que foi cumprido o que se pretendia alcançar. Foi iniciado com uma breve
abordagem ao tema dos documentos e arquivos de arquitectura. Simultaneamente criou-
se um modelo válido de descrição arquivística dos níveis de descrição que se
pretendiam realizar (documento composto e documento simples), assente na normativa
internacional e nacional vigente, e que servisse as actuais necessidades do Arquivo
Histórico Ultramarino (AHU), na descrição de documentação de arquitectura e
domínios associados, com o apoio necessário de um conjunto de bibliografia
fundamental relativa a esta temática. Isto possibilitou uma adequada descrição da
documentação, de forma a facultar informação pertinente relativa à sua identificação,
contextualização e conteúdo, promovendo desta forma o seu conhecimento e
acessibilidade.
Apesar de incidir sobre uma amostragem reduzida de documentação do extenso
universo documental da Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações (DGOPC)
do Ministério do Ultramar (MU), o tratamento arquivístico, com os seus implícitos
procedimentos técnicos de identificação, higienização, ordenação, cotação, descrição,
acondicionamento e instalação final da documentação permitiu, no entanto, um melhor
e mais profundo conhecimento da documentação, particularmente a respeitante aos
conjuntos documentais da Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação e do Centro
de Documentação Técnico-Económica.
Este conhecimento passou por um prévio estudo orgânico-funcional dos
serviços envolvidos e pelo estudo custodial e arquivístico dos conjuntos documentais e
da sua dispersão no contexto de extinção do MU, referenciando-se, inclusive, a sua
actual localização. Salientamos aqui a importância que estes estudos adquiriram no
77��
âmbito dos projectos de investigação e tratamento arquivístico a decorrer no AHU, a
que já aludimos.
O conhecimento agora obtido abre caminho a outras actividades, particularmente
a um necessário e exaustivo estudo das tipologias documentais presentes, para o qual
apresentámos pistas indicativas. Daqui poderia resultar um interessante estudo sobre
tipologias documentais de processos de obras públicas, circunscrito ou não aos
domínios de arquitectura e urbanismo, que no nosso entender, se afigura de extrema
importância para o conhecimento efectivo da documentação de arquitectura e domínios
associados, bem como para o estabelecimento de séries documentais ou para a
recuperação de séries originais que estariam na base da classificação da documentação.
Não foi prioridade do AHU na realização do estágio, o estabelecimento de séries
documentais para a documentação tratada, até porque a amostragem em relação ao
universo documental da DGOPC era reduzido. É objectivo do AHU, no decurso do
tratamento arquivístico que se encontra em curso, no seguimento da realização do
estágio, a recuperação do plano original de classificação desta documentação, facto que
já se verificou no decurso do tratamento arquivístico de outros conjuntos
documentais240, e não o estabelecimento de séries documentais factícias.
Por fim , procedemos a uma caracterização geral da documentação a partir do
seu tratamento arquivístico. Identificámos contextos, conteúdos e intervenientes que
estiveram na origem da sua produção e acumulação. Identificámos tipologias
documentais, suportes materiais de registo e respectivos formatos. Identificámos
processos e matérias de registo predominantes. Caracterizámos o estado geral de
conservação e preservação material da documentação, recorrendo ao conhecimento de
profissionais de conservação e restauro para identificação de patologias presentes.
Discorremos, por fim, sobre comunicabilidade e acessibilidade, e particularmente neste
contexto, sobre o enquadramento legal a que esta documentação está ou poderá estar
sujeita. É, contudo, mais uma questão que se deixa em aberto e que exigirá do arquivista
um estudo aprofundado.
O presente relatório permitiu, em suma, uma aplicação prática de conhecimentos
teóricos no campo do tratamento arquivístico de documentação. Embora não abarcando
a totalidade dos procedimentos práticos subjacentes à sua execução, o tratamento
���������������������������������������� �������������������������240 Recentemente foi recuperado o plano de classificação da documentação do Gabinete do Ministro do Ultramar, no decurso do seu tratamento arquivístico.
78��
arquivístico realizado serviu as necessidades reais da entidade de acolhimento, o AHU,
no desenvolvimento da sua missão institucional de preservação, tratamento, gestão,
divulgação e disponibilização do acervo arquivístico de que é detentora.
79��
BIBLIOGRAFIA GERAL �
�
FONTES DOCUMENTAIS
�
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AAHU.PT.1303
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Ministério do Ultramar.
1933-1988
PT/AHU/MU/DGOPC-DSUH/1258/02-02/4
Proc.º n.º 53 142: Colónia de Moçambique. Palácio do Governo da Beira.
1940-1958.
- Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, IP / Departamento de Informação,
Biblioteca e Arquivo
Protocolo de incorporação no arquivo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais de documentação do arquivo do ex-Ministério do Ultramar à guarda do
Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento entre a Direcção-Geral de Edifícios e
Monumentos Nacionais e o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento.
2004
4+4 p.
- Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, IP / Centro de Documentação e
Informação - Arquivo e Mapoteca
PT/IPAD/MU/DGOPC/DSUH/1969/13038
Relatório da Actividade do Gabinete de Urbanização do Ultramar de 1944 a 1952.
1952
80��
PT/IPAD/MU/CSFU/1123/08478
Processo n.º E.1.0/091: Parecer n.º 01/63 – Atribuições técnicas e vida do Núcleo de
Documentação Técnica.
1963
PT/IPAD/MU/DGOPC/DSUH/2001/07292
Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação – Plano de actividades para 1972.
1971�
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LEGISLAÇÃO242
�
PORTARIA de 20 de Outubro de 1900. Diário do Governo. 241 (1900-10-24) 687-700.
Manda adoptar as instruções para a adjudicação de obras públicas e de fornecimento de
materiais, feitos na Direcção-Geral do Ultramar e nas províncias ultramarinas.
PORTARIA de 18 de Junho de 1901. Diário do Governo. 136 (1901-06-21) 251-252.
Ordena que sejam postas em execução certas alterações feitas às instruções de 20 de
Outubro de 1900, para a adjudicação de obras públicas e de fornecimento de materiais,
feitos na Direcção-Geral do Ultramar e nas províncias ultramarinas.
DECRETO de 11 de Novembro de 1911. Diário do Governo. 274 (1911-11-23) 4603-
4610.
Aprova o regulamento geral das direcções e inspecções das obras públicas das colónias.
PORTARIA de 5 de Junho de 1912. Diário do Governo. 134 (1912-06-08) 2066.
Altera algumas disposições da 1.ª e 2.ª partes das instruções em vigor para a adjudicação
de obras públicas e de fornecimento de materiais nas colónias.
DECRETO N.º 19 868. Diário do Governo. I Série. 133 (1931-06-09) 1080-1081. ���������������������������������������� �������������������������242 No elenco da legislação optámos por colocar o respectivo sumário de cada diploma, apesar de não ser contemplado na NP 405-1. Optámos ainda por excluir a legislação que foi utilizada pontualmente, uma vez que as referências foram apresentadas nas respectivas notas de rodapé.
88��
Criação do Arquivo Histórico Colonial.
DECRETO N.º 20 985. Diário do Governo. I Série. 56 (1932-03-07) 338-344.
Institui o Conselho Superior de Belas Artes, normas sobre belas artes, arqueologia,
protecção e conservação de monumentos.
DECRETO-LEI N.º 23 228. Diário do Governo. I Série. 261 (1933-11-15) 1891-1915.
Promulga a Carta Orgânica do Império Colonial Português.
DECRETO-LEI N.º 23 229. Diário do Governo. I Série. 261 (1933-11-15) 1915-1995.
Aprova a Reforma Administrativa Ultramarina.
DECRETO-LEI N.º 24 802. Diário do Governo. I Série. 299 (1934-12-21) 2137-2141.
Obriga as câmaras municipais do continente e ilhas adjacentes a promover o
levantamento de plantas topográficas e a elaboração de planos gerais de urbanização.
DECRETO N.º 26 180. Diário do Governo. I Série. 5 (1936-01-07) 9-36.
Reorganiza os serviços deste Ministério [das Colónias].
DECRETO-LEI N.º 29 628. Diário do Governo. I Série. 119 (1939-05-24) 403.
Aumenta de uma unidade o número de inspectores superiores da Direcção-Geral do
Fomento do Ministério [das Colónias].
DECRETO-LEI N.º 33 265. Diário do Governo. I Série. 256 (1943-11-24) 811-812.
Autoriza o Governo a organizar e enviar às colónias missões técnicas encarregadas de
realizar os reconhecimentos e estudos necessários à elaboração dos projectos dos
aeródromos a construir nas províncias ultramarinas, em harmonia com o plano de
orientação aprovado pelo Ministro [das Colónias].
DECRETO-LEI N.º 33 921. Diário do Governo. I Série. 197 (1944-09-05) 883-888.
Torna obrigatório às câmaras municipais do continente e ilhas adjacentes promover o
levantamento de plantas topográficas e a elaboração de planos gerais de urbanização e
expansão das sedes dos seus municípios, em ordem a obter a sua transformação e
89��
desenvolvimento segundo as exigências da vida económica e social, da estética, da
higiene e da viação, com o máximo proveito e comodidade para os seus habitantes.
DECRETO N.º 34 106. Diário do Governo. I Série. 250 (1944-11-13) 1101-1105.
Estabelece condições a observar na prestação contratual de serviço ao Estado nas
colónias.
DECRETO N.º 34 173. Diário do Governo. I Série-Supl. 269 (1944-12-06) 1167-1168.
Cria, com sede em Lisboa, o Gabinete de Urbanização Colonial, organismo comum a
todas as colónias de África, e define as suas atribuições.
DECRETO-LEI N.º 34 411. Diário do Governo. I Série. 32 (1945-02-12) 81.
Permite ao pessoal técnico especializado dos quadros do Ministério das Obras Públicas
e Comunicações com mais de quatro anos de serviço ser autorizado, mediante
requisição, a prestar serviço no Ministério das Colónias.
DECRETO-LEI N.º 35 931. Diário do Governo. I Série. 250 (1946-11-04) 1045.
Determina que os anteplanos de urbanização aprovados pelo Ministro sobre parecer do
Conselho Superior de Obras Públicas sejam obrigatoriamente respeitados em todas as
edificações, reedificações ou transformações de prédios e no traçado de novos
arruamentos nas áreas das sedes de concelho e demais localidades ou zonas por eles
abrangidos, sendo-lhes aplicáveis as disposições do art.º 29.º do Decreto-Lei n.º 33 921
e do art.º 61.º do Código Administrativo.
DECRETO N.º 36 175. Diário do Governo. I Série. 54 (1947-03-08) 197.
Estabelece as condições em que serão permitidos nas colónias o uso do título de
arquitecto e o exercício da respectiva profissão.
PORTARIA N.º 12 185. Diário do Governo. I Série. 291 (1947-12-16) 1314.
Manda aplicar à colónia de Moçambique os artigos 24º a 33º e 35º a 48º do Decreto nº
20 985 (classificação e regime de monumentos nacionais).
DECRETO-LEI N.º 37 089. Diário do Governo. I Série. 234 (1948-10-07) 1044-1045.
90��
Aumenta os quadros do Ministério [das Colónias] de dois inspectores superiores de
fomento colonial e de um inspector superior dos serviços judiciais.
LEI N.º 2 032. Diário do Governo. I Série. 125 (1949-06-11) 411.
Promulga disposições sobre protecção e conservação de todos os elementos ou
conjuntos de valor arqueológico, histórico, artístico ou paisagístico concelhios.
DECRETO-LEI N.º 37 542. Diário do Governo. I Série. 195 (1949-09-06) 649-650.
Passa para a dependência do Ministério da Guerra os serviços militares das colónias,
incluindo as tropas nelas constituídas ou eventualmente destacadas – Revoga as
disposições dos artigos 34.º, 106.º e 116.º e, na parte relativa aos militares do Exército,
p N.º 6 do § 1.º do artigo 11.º e o artigo 114.º da Carta Orgânica do Império Colonial
Português.
PORTARIA N.º 13 302. Diário do Governo. I Série. 185 (1950-09-18) 737.
Manda aplicar à colónia de Angola os artigos 24.º a 48.º do Decreto n.º 20 985
(classificação e regime de monumentos nacionais).
LEI N.º 2 048. Diário do Governo. I Série-Supl. 117 (1951-06-11) 407-412.
Introduz alterações na Constituição Política da República Portuguesa.
DECRETO-LEI N.º 38 300. Diário do Governo. I Série. 121 (1951-06-15) 422-423.
Substitui as designações de Ministério das Colónias e respectivo Subsecretariado de
Estado e o Conselho do Império Colonial por Ministério e Subsecretariado de Estado do
Ultramar e Conselho Ultramarino - Insere disposições destinadas à execução de alguns
dos novos preceitos constitucionais relativos ao Ultramar.
PORTARIA N.º 13 625. Diário do Governo. I Série. 160 (1951-07-31) 640.
Dá nova designação a diversos serviços dependentes do Ministério [do Ultramar].
PORTARIA N.º 13 784. Diário do Governo. I Série. 269 (1951-12-26) 1166.
Dá nova designação a diversos serviços dependentes do Ministério [do Ultramar].
DECRETO-LEI N.º 38 732. Diário do Governo. I Série. 92 (1952-04-28) 533-535.
91��
Cria no Ministério [do Exército] a Direcção dos Serviços do Ultramar, por intermédio
da qual o Ministro do Exército exerce a sua acção sobre as forças militares ultramarinas
– Extingue a Repartição das Forças do Ultramar e o Depósito das Forças
Expedicionárias.
DECRETO N.º 38 980. Diário do Governo. I Série. 251 (1952-11-08) 1121-1127.
Insere disposições de carácter legislativo aplicáveis a várias províncias ultramarinas.
PORTARIA N.º 14 171. Diário do Governo. I Série. 268 (1952-11-28) 1197-1198.
Cria as brigadas técnicas de fomento e povoamento para as obras hidroagrícolas e
hidroeléctricas e de povoamento do ultramar.
DECRETO-LEI N.º 39 153. Diário do Governo. I Série. 66 (1953-04-01) 537-538.
Cria no Ministério [do Ultramar] a Inspecção-Geral do Fomento, sob a direcção de um
inspector-geral, e eleva de dois o número de inspectores superiores de fomento.
LEI N.º 2 066. Diário do Governo. I Série. 135 (1953-06-27) 877-892.
Promulga a Lei Orgânica do Ultramar Português.
PORTARIA N.º 14 602. Diário do Governo. I Série. 248 (1953-11-09) 1379-1380.
Manda publicar, com alterações, nas províncias ultramarinas, para nas mesmas ter
execução, a Lei nº 2 032 (protecção e conservação de todos os elementos ou conjuntos
de valor arqueológico, histórico, artístico ou paisagístico).
DECRETO-LEI N.º 39 677. Diário do Governo. I Série. 113 (1954-05-24) 608.
Insere disposições relativas à prestação temporária de serviço nas províncias
ultramarinas de funcionários técnicos dos Ministérios ou organismos dependentes
destes.
PORTARIA N.º 15 762. Diário do Governo. I Série. 51 (1956-03-10) 319-320.
Encarrega o Gabinete de Urbanização do Ultramar de promover a realização de um
inquérito geral às condições de abastecimento de água aos núcleos populacionais das
províncias ultramarinas.
92��
DECRETO N.º 40 708. Diário do Governo. I Série. 161 (1956-07-31) 1129-1176.
Aprova o Estatuto do Funcionalismo Ultramarino.
DECRETO N.º 40 742. Diário do Governo. I Série. 180 (1956-08-25) 1327-1328.
Sujeita à disciplina urbanística estabelecida pelo presente diploma as capitais das
províncias ultramarinas e outras sedes de concelho ou povoações cuja situação ou
importância o justifique, incluindo em qualquer dos casos as zonas suburbanas ou
destinadas à sua natural expansão.
DECRETO N.º 40 869. Diário do Governo. I Série. 252 (1956-11-20) 1784-1791.
Insere disposições de carácter legislativo aplicáveis às províncias ultramarinas.
DECRETO-LEI N.º 41 169. Diário do Governo. I Série-Supl. 148 (1957-06-29) 672-
686.
Modifica a orgânica e os quadros do Ministério [do Ultramar].
DECRETO N.º 41 787. Diário do Governo. I Série. 172 (1958-08-07) 756-761.
Promulga a orgânica da Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações, criada no
Ministério do Ultramar pelo Decreto-Lei nº 41 169.
PORTARIA N.º 17 710. Diário do Governo. I Série. 104 (1960-05-04) 1043-1052.
Aprova as normas para as construções prisionais no ultramar.
PORTARIA N.º 18 293. Diário do Governo. I Série. 50 (1961-03-02) 221-222.
Determina que sejam submetidos a parecer final da Repartição dos Serviços Técnicos da
Agência-Geral do Ultramar todos os projectos-tipo de obras ligadas ao turismo que
tenham que ser executadas nos termos do N.º 10.º do artigo 2.º do Decreto n.º 41 787.
DECRETO N.º 44 364. Diário do Governo. I Série. 119 (1962-05-25) 756-758.
Insere disposições destinadas a regular a criação das missões e brigadas e define os
princípios e regras da sua constituição, quadros e remunerações - Revoga determinadas
disposições legislativas.
PORTARIA N.º 19 670. Diário do Governo. I Série. 25 (1963-01-30) 104-106.
93��
Aprova o Regulamento do Núcleo de Documentação Técnica da Direcção-Geral de
Obras Públicas e Comunicações.
PORTARIA N.º 19 782. Diário do Governo. I Série. 72 (1963-03-26) 300.
Anula o artigo 17.º e seu § único do Regulamento do Núcleo de Documentação Técnica
da Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações, aprovado pela Portaria N.º 19
670.
LEI N.º 2 119. Diário do Governo. I Série. 147 (1963-06-24) 769-774.
Promulga as alterações à Lei Orgânica do Ultramar Português.
DECRETO N.º 45 575. Diário do Governo. I Série. 48 (1964-02-26) 332-353.
Promulga o diploma orgânico dos serviços provinciais de obras públicas e transportes
do ultramar.
DECRETO N.º 46 982. Diário do Governo. I Série. 99 (1966-04-27) 649-705.
Aprova o novo texto do Estatuto do Funcionalismo Ultramarino.
DECRETO N.º 47 519. Diário do Governo. I Série. 27 (1967-02-01) 149-156.
Introduz alterações ao Decreto nº 45 575, que promulga o diploma orgânico dos
serviços provinciais de obras públicas e transportes do ultramar.
DECRETO-LEI N.º 47 743. Diário do Governo. I Série. 129 (1967-06-02) 1177-1208.
Promulga a Lei Orgânica do Ministério [do Ultramar].
PORTARIA N.º 23 054. Diário do Governo. I Série. 286 (1967-12-11) 2283-2284.
Estabelece o Regulamento da Biblioteca do Ministério do Ultramar.
PORTARIA N.º 23 060. Diário do Governo. I Série. 289 (1967-12-14) 2298-2300.
Manda pôr em execução o Regulamento sobre a Organização e Funcionamento do
Centro de Documentação Tecnico-Económica do Ministério do Ultramar.
DECRETO-LEI N.º 48 872. Diário do Governo. I Série. 42 (1969-02-19) 166-195.
Promulga o regime do contrato de empreitadas de obras públicas.
94��
PORTARIA N.º 584/70. Diário do Governo. I Série. 270 (1970-11-20) 1739.
Dá nova redacção aos artigos 6.º e 9.º e respectivos parágrafos do Regulamento sobre a
Organização e Funcionamento do Centro de Documentação Técnico-Económica do
Ministério [do Ultramar], aprovado pela Portaria N.º 23 060.
PORTARIA N.º 555/71. Diário do Governo. I Série. 240 (1971-12-10) 1532-1534.
Torna extensivo ao ultramar, observadas as alterações constantes do presente diploma, o
Decreto-Lei n.º 48 871, que promulga o regime do contrato de empreitadas de obras
públicas.
DESPACHO de 7 de Fevereiro de 1972. Diário do Governo. II Série – Supl. 35 (1972-
02-11) 864(1)-864(16).
Aprova as instruções para o cálculo dos honorários referentes aos projectos de obras
públicas.
LEI N.º 5/72. Diário do Governo. I Série. 145 (1972-06-23) 807-819.
Promulga as bases sobre a revisão da Lei Orgânica do Ultramar.
DECRETO N.º 220/72. Diário do Governo. I Série. 148 (1972-06-27) 835-836.
Introduz alterações no Decreto nº 44 364, que insere disposições destinadas a regular a
criação das missões e brigadas e define os princípios e regras da sua constituição,
quadros e remunerações.
DECRETO N.º 470/72. Diário do Governo. I Série. 273 (1972-11-23) 1718-1730.
Aprova o diploma orgânico dos serviços de obras públicas e transportes do ultramar.
DECRETO-LEI N.º 203/74. Diário do Governo. I Série. 113 (1974-05-15) 623-628.
Define o programa do Governo Provisório e estabelece a respectiva orgânica.
DECRETO-LEI N.º 125/75. Diário do Governo. I Série. 60 (1975-03-12) 379-382.
Reestrutura alguns serviços e extingue outros do Ministério da Coordenação
Interterritorial.
95��
DECRETO-LEI N.º 412-B/75. Diário do Governo. I Série – 2º Supl. 181 (1975-08-07)
1102(4).
Cria o Ministério do Comércio Interno, que fica integrado pela Secretaria de Estado do
Abastecimento e pela Secretaria de Estado do Comércio Interno - Extingue o Ministério
da Coordenação Interterritorial e cria, em sua substituição, a Secretaria de Estado da
Descolonização, que fica na dependência do Primeiro-Ministro.
DECRETO-LEI N.º 532-A/75. Diário do Governo. I Série – 2º Supl. 222 (1975-09-25)
1493.
Cria o Ministério da Cooperação, que compreenderá as Secretarias de Estado da
Descolonização e da Cooperação.
DECRETO N.º 197/76. Diário do Governo. I Série. 66 (1976-03-18) 554-558.
Aprova a Lei Orgânica do Ministério da Cooperação.
DECRETO N.º 683-A/76. Diário da República. I Série - Supl. 213 (1976-09-10)
2144(1)-2144(3).
Orgânica do Governo.
DECRETO-LEI N.º 499/77. Diário da República. I Série. 275 (1977-11-28) 2839-2840.
Extingue a Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações da Secretaria de Estado
da Integração Administrativa.
DESPACHO CONJUNTO. Diário da República. II Série. 45 (1979-02-22) 1203.
[Transferências e incorporações da documentação dos serviços do extinto Ministério do
Ultramar]
DECRETO-LEI N.º 486/79. Diário da República. I Série. 290 (1979-12-18) 3239-3243.
Estabelece a orgânica da Direcção-Geral de Cooperação.
DECRETO-LEI N.º 367/80. Diário da República. I Série. 209 (1980-09-10) 2595-2596.
Extingue a Direcção-Geral de Economia, a Comissão Interministerial do Café e o Fundo
de Fomento e Propaganda do Café, o Gabinete de Planeamento e Integração Económica,
96��
o Fundo de Fomento Mineiro Ultramarino, a Inspecção-Geral de Minas e o Gabinete do
Plano do Zambeze.
DESPACHO CONJUNTO N.º A-31/88-XI. Diário da República. II Série. 64 (1988-03-
17) 2555.
[Transferências e incorporações da documentação dos serviços do extinto Ministério do
Ultramar]
DECRETO-LEI N.º 385/90. Diário da República. I Série. 283 (1990-12-10) 5025-5026.
Extingue a Comissão para a Transferência do Património e Documentação de
Organismos do Ex-Ministério do Ultramar.
DECRETO-LEI N.º 16/93. Diário da República. I-A Série. 19 (1993-01-23) 264-270.
Estabelece o regime geral dos arquivos e do património arquivístico.
LEI N.º 6/94. Diário da República. I-A Série. 81 (1994-04-07) 1636-1638.
Aprova o Regime do Segredo de Estado.
LEI N.º 67/98. Diário da República. I-A Série. 247 (1998-10-26) 5536-5546.
Lei da Protecção de Dados Pessoais (transpõe para a ordem jurídica portuguesa a
Directiva n.º 95/46/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de Outubro de
1995, relativa à protecção das pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento dos
dados pessoais e à livre circulação desses dados).
LEI CONSTITUCIONAL N.º 1/2005. Diário da República. I-A Série. 155 (2005-08-12)
4642-4686.
Sétima Revisão Constitucional.
DECRETO-LEI N.º 155/2007. Diário da República. I Série. 82 (2007-04-27) 2755-
2759.
Aprova a orgânica do Instituto de Investigação Científica Tropical, I. P.
PORTARIA N.º 553/2007. Diário da República. I Série. 83 (2007-04-30) 2913-2914.
Aprova os Estatutos do Instituto de Investigação Científica Tropical, I. P.
97��
LEI N.º 46/2007. Diário da República. I Série. 163 (2007-08-24) 5680-5687.
Regula o acesso aos documentos administrativos e a sua reutilização, revoga a Lei n.º
65/93 de 26 de Agosto, com a redacção introduzida pelas Lei n.os 8/95, de 29 de Março,
e 94/99, de 16 de Julho, e transpõe para a ordem jurídica nacional a Directiva n.º
2003/98/CE, do Parlamento e do Conselho, de 17 de Novembro, relativa à reutilização
de informações do sector público.
LEI N.º 16/2008. Diário da República. I Série. 64 (2008-04-01) 1894-1983.
Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2004/48/CE, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 29 de Abril, relativa ao respeito dos direitos de propriedade
intelectual, procedendo à terceira alteração ao Código da Propriedade Industrial, à
sétima alteração ao Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos e à segunda
alteração ao Decreto-Lei n.º 332/97 de 27 de Novembro. [Republica o Código do
Direito de Autor e dos Direitos Conexos e o Código da Propriedade Industrial].
DECRETO-LEI N.º 86-A/2011. Diário da República. I Série. 132-Supl. (2011-07-12)
3996(2)-3996(7).
Aprova a Lei Orgânica do XIX Governo Constitucional.
98��
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Elementos de descrição das zonas de informação da ISAD(G) utilizados nos
níveis de desrição documento composto e documento simples. ..................................... 52
Tabela 2 - Valores quantitativos dos conjuntos documentais da DSUH e do CDTE em
unidades arquivistas descritas. ........................................................................................ 66
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ÍNDICE DE FIGURAS
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Fig. 1 – Higienização: limpeza superficial. .................................................................... 47
Fig. 2 – Higienização: remoção de elementos de preensão. ........................................... 47
Fig. 3 – Acondicionamento: colocação de fita de nastro de algodão. ............................ 65
Fig. 4 – Acondicionamento. ........................................................................................... 65
Fig. 5 - Unidade arquivística, contendo documentação textual e desenhada. ................ 67
Fig. 6 – Documento arquitectónico: tinta da china sobre tela, p&b. .............................. 69
Fig. 7 - Documento arquitectónico: grafite sobre papel vegetal, p&b. .......................... 69
Fig. 8 – Documento arquitectónico: sais de ferro sobre papel. Fotoreprodução cianótipo
ou blueprint. ................................................................................................................... 69
Fig. 9 – Documento arquitectónico: sais de diazónio sobre papel. fotoreprodução
diazótipo. ........................................................................................................................ 69
Fig. 10 - Documento fotográfico: prova fotográfica em papel de revelação,
monocromático. .............................................................................................................. 70
Fig. 11 – Deterioração: rasgão e vinco ligeiros. ............................................................. 71
Fig. 12 – Deterioração: elemento de preensão oxidado.................................................. 71
Fig. 13 - Deterioração: fragilidade e perdas parciais de suporte por acção de insectos. 72
Fig. 14 - Deterioração: fragilidade e perdas parciais de suporte por acção de
microorganismos (fungos e bactérias). ........................................................................... 72
Fig. 15 - Deterioração: prova fotográfica com espelho de prata.................................... 72
Fig. 16 - Deterioração: prova fotográfica com amarelecimento do suporte e espelho de
prata. .............................................................................................................................. 72
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APÊNDICES243
���������������������������������������� �������������������������243 Os Apêndices 8 e 9, na versão electrónica do presente relatório, encontram-se separados do mesmo. Na versão em suporte tradicional, os mesmos apêndices encontram-se em suporte CD.
APÊNDICE 1
Organograma do Ministério das Colónias, de acordo com o Decreto n.º 26 180, de 7
de Janeiro de 1936
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APÊNDICE 2
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APÊNDICE 3
Organograma da Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações, de acordo com os Decretos n.º 41 169, de 29 de Junho de 1957, e n.º 41 787, de 7 de Agosto de 1958�
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APÊNDICE 5
Organograma da Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações, de acordo com os Decretos n.º 41 787, de 7 de Agosto de 1958, e nº 47 743, de 2 de Junho de 1967�
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APÊNDICE 6
Quadro sinóptico evolutivo dos serviços provinciais de obras públicas de Angola nos domínios de Arquitectura e Urbanismo, 1933-1974/75�
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APÊNDICE 7
Quadro sinóptico evolutivo dos serviços provinciais de obras públicas de Moçambique nos domínios de Arquitectura e Urbanismo, 1933-1974/75�
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APÊNDICE 8
Grelhas de descrição arquivística do conjunto documental da Direcção dos
Serviços de Urbanismo e Habitação�
APÊNDICE 9
Grelhas de descrição arquivística do conjunto documental do Centro de
Documentação Técnico-Económica
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APÊNDICE 10
Quadro de patologias físico-mecânicas e físico-químicas identificadas na
documentação
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TEXTUAL DOCUMENTAÇÃO
DESENHADA DOCUMENTAÇÃO
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PERDAS DE SUPORTE / LACUNAS
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DOBRAS E VINCOS
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PERFURAÇÕES
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PATOLOGIAS DOCUMENTAÇÃO
TEXTUAL DOCUMENTAÇÃO
DESENHADA DOCUMENTAÇÃO
FOTOGRÁFICA
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ATAQUE BIOLÓGICO DE INSECTO
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PA
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S FÍSIC
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UÍM
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S
OXIDAÇÃO DE FITA ADESIVA
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OXIDAÇÃO DE ELEMENTOS DE PREENSÃO
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ATAQUE BIOLÓGICO DE FUNGO OU BACTÉRIA
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ESPELHO DE PRATA E AMARELECIMENTO
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