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REDAÇÃO NOTA 1000 PROF. SEBASTIÃO OLIVEIRA VELOSO 1 AULA 2 ÍNDICE DA AULA 1 - Estrutura da Redação...................................................................................................... 01 2 Redação do Enem 2013 Produzida e Comentada por Professor Veloso, cujo tema é Lei Seca ....................................................................................................................... 15 3 Língua Portuguesa ....................................................................................................... 22 4 Direito Constitucional .................................................................................................. 68 Título II Dos Direitos e Garantias Fundamentais. ..................................................... 69 Capítulo I Dos Direitos e Deveres Individuais Coletivos ......................................... 69 5 Direito Constitucional ................................................................................................... 75 Título I Dos Princípios Fundamentais ....................................................................... 75 6 Correção e Comentário da prova do Enem 2009........................................................... 79 1 - ESTRUTURA DA REDAÇÃO Na aula de hoje trataremos de conhecer os seguintes assuntos: A - Conhecer como funciona o código avaliativo da análise de Capacidade de Desenvolvimento da redação para o Enem e Vestibulares da FUVEST, UNICAMP, ITA, UERJ, bem como de provas discursivas para esses 4 últimos. Esse código é um referente implícito (que não consta no Guia do Participante do Enem, mas que deveria constar!) que deve servir de orientação na sua produção de texto. B - Analisar os exemplos que serão mencionados. O código de correção da redação e discursiva nos dá a base de cálculo para avaliar a redação.

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REDAÇÃO NOTA 1000 PROF. SEBASTIÃO OLIVEIRA VELOSO

1

AULA 2

ÍNDICE DA AULA

1 - Estrutura da Redação ...................................................................................................... 01

2 – Redação do Enem 2013 Produzida e Comentada por Professor Veloso, cujo tema é

Lei Seca ....................................................................................................................... 15

3 – Língua Portuguesa ....................................................................................................... 22

4 – Direito Constitucional .................................................................................................. 68

Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais. ..................................................... 69

Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais Coletivos ......................................... 69

5 – Direito Constitucional ................................................................................................... 75

Título I – Dos Princípios Fundamentais ....................................................................... 75

6 – Correção e Comentário da prova do Enem 2009 ........................................................... 79

1 - ESTRUTURA DA REDAÇÃO

Na aula de hoje trataremos de conhecer os seguintes assuntos:

A - Conhecer como funciona o código avaliativo da análise de Capacidade de

Desenvolvimento da redação para o Enem e Vestibulares da FUVEST, UNICAMP, ITA,

UERJ, bem como de provas discursivas para esses 4 últimos. Esse código é um referente

implícito (que não consta no Guia do Participante do Enem, mas que deveria constar!) que

deve servir de orientação na sua produção de texto.

B - Analisar os exemplos que serão mencionados.

O código de correção da redação e discursiva nos dá a base de cálculo para

avaliar a redação.

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O que percebemos na nova forma de correção de redação e discursiva, é que, a

visão sistêmica do texto produzido é de fundamental importância para haver uma coerência

e coesão do todo, e isto inclui a introdução e a conclusão do texto. Com isso, percebemos

uma mudança na forma de pensar o modelo da redação e discursiva, deixando o modelo

enunciativo de redação expositiva, como anteriormente era cobrado, onde não havia

preocupação com a questão de solução de problemas, passando, atualmente, a utilizar o

modelo dissertativo - argumentativo.

Estamos preocupados em trabalhar as falhas de estrutura da redação para que

possamos compreender o tipo de erro que devemos evitar.

1. CAPACIDADE DE ARGUMENTAÇÃO

É por meio da argumentação que o examinador julga o conteúdo apresentado

pelo redator e a capacidade de tornar esse conteúdo convincente. Com isso, precisamos

conhecer os códigos (mesmo que implícitos, que não consta no Guia do Participante do

Enem, mas que deveria constar!) utilizados pelos examinadores para a correção da redação

do ENEM, vestibulares e concursos.

Argumento Errado – AE: é quando o candidato erra o conteúdo na exposição do mesmo.

Não saber dissertar sobre o assunto requerido pela banca examinadora é um dos piores

problemas de uma redação. O candidato que não sabe o conteúdo do tema naturalmente

está fadado ao fracasso. Por isso, é preciso estudar todo o conteúdo dessas aulas onde você

encontrará todas as respostas para qualquer dos temas que por ventura venham aparecer na

prova.

Argumento Fraco – AF: mostra que o candidato sabe superficialmente dissertar sobre o

tema. Falta de conhecimento do tema ou conhecê-lo superficialmente não é suficiente para

compor uma redação que agrade ao examinador, e por isso, a nota do texto não será boa.

I - Apresentar resposta sem origem, quer dizer, sem fundamentação. Como já

mencionamos anteriormente, o erro de fundamentação é falar de algum assunto sem

mencionar de onde este foi retirado: é o que chamamos de fonte de argumentação. Sem ela

o candidato poderá perder preciosíssimos pontos na argumentação. Por isso, é preciso que o

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vestibulando conheça os conteúdos aqui apresentados para evitar não saber o que fazer na

hora de redigir, ou seja, não saber a fonte da sua argumentação.

II - Apresentar resposta parcial ou mínima. É quando o indivíduo apresenta resposta

sem a explicação necessária para que o leitor entenda perfeitamente o que o candidato quer,

de fato, dizer. É importante que o redator atenda aos comandos pedidos no tema. Não

podemos nos esquecer de apresentar respostas a todos os comandos pedidos pela banca. É

importante que o redator não diga mais do que a banca pede, afinal, a precisão da resposta

dada pelo redator é fundamental para que não haja perda de pontos. Muitos candidatos

querem mostrar que sabem muito, sabe além do pedido pela banca, e quer prolongar o

assunto escrevendo mais do que foi pedido. Aí é que mora o problema, há perda de pontos

para o aluno que não sabe responder especificamente aquilo que o tópico pede: o que

agrava ainda a questão de ter pouco tempo e espaço para apresentar respostas a todos os

tópicos pedidos pela banca, principalmente quando o espaço é de apenas 30 linhas.

Argumentação Inexata – AI: percebemos esse erro quando são pedidos conceitos de certo

assunto. Conceituar significa definir o elemento determinado pelo tema. Nesse caso os

verbos de conceito (SER, SIGNIFICAR, CONSISTIR) são empregados dando a ideia da

importância de descrever processos, ou seja, inserem no espaço do conceito, ideias que

deveriam ser meramente complementares a ele.

Exemplo de conceito: o professor consiste num profissional que tem a capacidade e a

responsabilidade de transmitir conhecimentos aos alunos, bem como ser o orientador

destes.

Perceba que os verbos de conceito são importantes na definição do conceito de alguma

coisa que precisamos conceituar.

2 - SEQUÊNCIA LÓGICA DE PENSAMENTO

Às vezes o aluno sabe o conteúdo todo do tema ou tópico pedido pela banca

examinadora, porém ele não segue linearmente a ordem de apresentação da resposta.

Assim, a resposta fica errada ou incompleta. É preciso estar atento a esta questão.

Contradição – Co: A contradição aparece quando o candidato traz uma resposta e, no

desenvolvimento desta, produz alguma ideia que vai de encontro ao que ele já havia

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afirmado. É muito importante o candidato ficar atento para não se contradizer ao longo da

redação.

Complemento de Sentença Errado – CSE: Com o tempo exíguo para fazer a redação o

candidato tem pressa em terminá-la e se esquece de complementar o tópico parcialmente

produzido, perdendo aí, pontos preciosos ao entrar em outro assunto sem terminar o

primeiro. Atente-se para evitar tal esquecimento, terminando tópico a tópico. Não deixe

nenhum tópico sem a resposta devida, porque você pode se esquecer de complementar o

que foi feito parcialmente.

Desenvolvimento Incompleto – DI: Isto acontece quando uma pessoa termina a sua

redação com terminologia técnica ainda não explicada, tema específico, que não tem

conexão com o leitor – que é por exemplo o uso de palavras ou termos técnicos que não

fazem parte do cotidiano do leitor. O Manual de Redação da Presidência da República

ensina que os termos técnicos específicos de certas profissões devem ser evitados ou, se

não puderem ser evitados, devem ser explicados para se fazer entender ao leitor que

desconhece tais termos. Ou seja, os termos técnicos precisam ser explicados, se não o

candidato perderá pontos por tal conduta. Cuidado com os jargões típicos das áreas: eles

são erros gravíssimos que não podem ser cometidos nas redações e provas discursivas.

Desenvolvimento Parcial da Problemática – DPP: Geralmente os temas são fáceis. O

problema está no fato de cada tema ou tópico trazer muitas tarefas. Com isso, por distração

ou por desconhecimento, os redatores se esquecem de abordar alguma parte do que foi

pedido. Essa não abordagem leva à perda do valor atribuído parcialmente ao tópico, ou

seja, o redator deixou de dizer alguma coisa importante que complementava o seu texto.

Desenvolvimento total da problemática - DTP: é quando o candidato deixa o tópico

totalmente em branco. O candidato deve responder aos tópicos, porque tópico quando não

respondido incorre em perda de pontos. Inclusive quando deixados em branco outras

penalidades como AE e AF são computadas contra o texto redacional.

Aspecto Formal – FOR: nesse caso o candidato tem de tomar cuidado com itens

importantes de seu texto, como: legibilidade, paragrafação e margem. Vocês podem

empregar letra de forma ou letra cursiva (evite misturá-las porque os examinadores

tradicionais podem não aceitar o entrelaçamento de letras cursivas e de forma) desde que o

examinador compreenda o que está escrito. Os parágrafos também devem apresentar uma

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harmonia - não serem tão curtos (menos de 4 linhas) nem tão extensos (mais de 12 linhas).

Por fim, as margens merecem cuidado – é bom apresentar um generoso recuo antes da

abertura do parágrafo (+ ou – 2 cm) e é bom cobrir bem os espaços anteriores à margem

direita, quando a frase estiver em curso.

ALINHAMENTO AO TEMA

Todo assunto proposto para responder um tópico temático deve ser

restritamente empregado para responder a este tópico. É comum os candidatos criarem

assuntos que extrapolam o pedido. Quando isso ocorre, é dada a fuga parcial do tema ou do

tópico. Isso acarreta em perdas de pontos, e por isso, deve ser evitado quando tentamos

mostrar conhecimento além do que foi pedido no tema ou tópico.

É importante que você preste bem atenção na informação: muita gente, em vez

de começar o texto objetivamente, resolve fazer uma introdução que não toca de modo

preciso no tópico inicial; com isso, recebem de uma só vez uns três códigos que demarcam

a falta de objetividade e falta de foco analítico. Meu conselho é que vocês comecem pelo

primeiro tópico pedido pela banca. Essa história de introdução e conclusão como peças que

trabalham, respectivamente, o início e o fim do texto, é causa de muitas notas ruins nas

redações. Isso é coisa de ensino fundamental e não cabe à redação atual do ENEM, porque

o ensino no Brasil corresponde pouco à realidade do que se pede nos textos a serem

produzidos em concursos e vestibulares, bem como ao ENEM.

Tradicionalmente o que se ouve por aí, é que, uma redação tem: introdução,

desenvolvimento e conclusão.

No Enem, nos vestibulares e concursos públicos essa realidade até vinga se o

redator for direto ao assunto e colocar a introdução como um parágrafo do texto em que se

discute um tópico do tema. Até por que, em uma redação de apenas 30 linhas, não se pode

gastar nenhuma linha com generalidades que falam de nada. Lembre-se: cada palavra

precisa dizer algo bem característico da informação que precisa ser passada ao leitor: não se

esqueça que o Manual de Redação da Presidência da República é enfático em informar que

os textos produzidos precisam ser precisos e concisos, dizendo de fato o que precisa ser

dito, sem rodeios, sem generalidades. Portanto, sejam objetivos! Comecem objetivamente e

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desenvolvam somente aquilo que a banca solicitar no tema e em cada tópico. Já está

comprovado que os alunos que não vão direto ao tema, objetivamente, já começam

perdendo ponto. Sei que até chegar ao pré-vestibular você já ouviu muitas coisas que

contrariam o que estou falando, mas lembre-se que sou concurseiro e que com a

experiência que tenho em concursos e correção de redação para vestibular, vejo que as

melhores notas estão nas redações e discursivas que os candidatos não perdem tempo com

generalidades, ou seja, que são objetivos, que vão direto ao assunto.

Fuga Parcial do Tema – FPT: é quando o candidato foge parcialmente do tema na

construção de sua redação. Isso causa perda de pontos preciosos, por isso, é importante

prestar bem atenção ao tema e ao tópico pedido pela banca.

Fuga Total do Tema – FTT: é quando o redator não desenvolveu a problemática, não

demonstrou competências capazes de desenvolver o problema requerido pela banca

examinadora do concurso ou vestibular. Muitas vezes o examinador não consegue aplicar,

de fato, o que se exige pela banca. Não precisa nem dizer que esse candidato será zerado,

porque isso acontece com quem foge ao tema proposto pela banca, afinal, a banca entende

que o candidato não sabe dissertar a respeito daquele tema.

Visão Sistêmica – VS: é um critério muito importante porque mede a capacidade de o

candidato perceber e discutir todo o contexto necessário exigido pela banca, sem deixar de

comentar todo o assunto pedido no tópico.

A banca examinadora avaliará se o candidato foi capaz de dar o mesmo

tratamento dado a todos os tópicos. Para cumprir a visão sistêmica, o candidato deve tratar

cada tópico como se fosse um tema isolado. Abrir o assunto com termos restritos ao

tópico, dar a primeira informação sobre ele, dar uma informação complementar e

depois lançar uma pequena conclusão e dar uma explicação para melhor esclarecer o

tópico trabalhado.

4. COBERTURA DOS TÓPICOS

Omissão de Tópico – OT: é um dos problemas dos apressadinhos para concluir a redação

rapidinho e de qualquer maneira, porque ainda existem 90 questões objetivas a serem lidas

e resolvidas, que o redator pensa ser mais importante que a redação, e por isso pode ser

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feita apressadamente. Puro engano esse. A sua redação demanda ao menos 1:30 minutos

para ser feita, corrigida, passada a limpo para o texto final e novamente corrigida.

Menos que isso é um risco grande de o redator esquecer e omitir tópicos pedidos pela

banca: lembre-se de que ela exige que o candidato discuta vários temas que precisam de

respostas precisas para que haja uma visão sistêmica do todo. Não deixe de retomar a

leitura do texto motivador da redação para não se esquecer de responder cada tópico

com exclusividade. Não se pode querer responder de forma geral os tópicos requeridos no

texto motivador para não correr o risco da generalidade em vez da especificidade, ou seja,

para não responder de forma genérica aos tópicos requeridos pelo tema, procure

mencionar o tópico pedido e escreva especificamente sobre este. Para evitar copiar todo

o tópico e ser penalizado pela banca (que desconta as linhas copiadas de textos que fazem

parte da prova ou redação) utilize as conjunções para lincar o tópico ao que você deseja

escrever. Não caia na tentativa de responder os tópicos genericamente porque você será lido

como se quisesse enganar o examinador, e também correrá o risco de esquecer de responder

algo que foi pedido.

Omissão Total de Tópico – OTT: o candidato que incorrer nesse quesito realmente

perderá pontos preciosos com o que não foi respondido. Por isso, eu peço a você que

responda cada tópico individualmente. Caso não faça isso, você incorrerá no erro de ser

entendido pelo examinador como se quisesse enganá-lo, respondendo os tópicos de forma

genérica.

Omissão Parcial de Tópico – OPT: ocorre quando não prestamos atenção no todo que

está sendo pedido pelo tópico e, para isso não ocorrer, leia muitas vezes o mesmo

tópico, afinal, sua nota de redação poderá valer peso 2 e até 3 vezes a nota retirada no

Enem, como é o caso da UFRJ, onde a minha nota 1000 foi transformada em 3000 pontos

e, se comparada aos 5000 pontos totais do Enem, valeu a pena a dedicação. Não podemos

incorrer no risco de falta de atenção e deixar de responder tudo que se pede no tópico.

Texto Confuso – TC: bem, quando o redator cai nessa possibilidade é claro que ele vai si

dar mal. É preciso ter muito conhecimento e muita prática de produção de textos para não

produzi-los confusamente. É preciso que o aluno leia muito para adquirir conhecimentos

suficientes para, na hora de produzir o texto, não produzi-lo de forma confusa, de forma

que não seja entendido pelo examinador.

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ANÁLISE DA TABELA MACROESTRUTURAL DO ENEM

Já foram analisados, nesta aula, alguns critérios que devem ser observados na

construção da redação, mas existem outros que precisamos observar, que é o caso da

Capacidade de Resolução de Problemas. Nesse caso observamos que o que a banca quer, de

fato, é que nossa redação seja produzida como questões – problemas ou estudos de caso

para os quais devemos apresentar uma solução temática. Isso quer dizer que, em vez de a

banca apresentar tópicos abertos, como é de costume, ela poderá fazer a abordagem por

meio de perguntas em que devemos respondê-las em forma de soluções de problemas.

Veja como os tópicos podem ser colocados para respondermos:

a. O que pode ser feito para a Lei Seca surtir o efeito que a sociedade espera?

b. O que a sociedade pode fazer para que a Lei Seca seja respeitada?

c. O que uma lei representa para a sociedade?

d. Quando uma lei é produzida pelo legislativo ou pela sociedade?

Assim, em vez de a banca apresentar um tema aberto, ela apresenta um tema em

forma de pergunta e você responderá apresentando respostas e soluções de problemas para

cada tópico.

Já dissemos que visão sistêmica engloba uma análise total da construção da

resposta a determinado tópico. Assim, as questões de até 30 linhas envolvem espaço bem

menor do que o voltado para a construção da resposta ao tema, que deve ser respondida

tópico a tópico. E, como 30 linhas é um espaço muito pequeno, é difícil concluir ideias

completas que consigam passar uma precisão do que se quer dizer sem deixar algo sem

resposta ou com desenvolvimento incompleto. Uma das possibilidades, como já foi dito na

aula 01, é produzir 45 linhas, em 4 ou 5 parágrafos, numa letra tamanho normal e diminuir

a letra para que estas 45 linhas caibam em apenas 30. Além do mais, é preciso que as

respostas sejam bem objetivas para que sejam explorados todos os temas e tópicos

requeridos pela banca.

Agora vamos analisar os parágrafos daquela redação da aula 01, para você

entender o passo a passo de cada parágrafo. Para isso, vou colocar parágrafo por parágrafo

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e você entenderá a formatação de cada um e sua importância para o todo redacional.

A – No primeiro parágrafo vemos que o redator optou por formatá-lo de forma

que o mesmo seja visto como um parágrafo comum da redação. Estou falando o seguinte,

evitou-se ater a generalidades que não trazem informações precisas que não enriquecem o

texto, ou seja, optou-se por iniciar a redação com informações que tratam diretamente do

assunto do tema requerido pela banca para evitar situações como por exemplo:

A1 – O corpo da redação comporta no máximo 30 linhas, que é um espaço

muito pequeno para você se fazer entender completamente;

A2 – Ir direto ao assunto economiza espaço para que possam ser colocadas

mais informações para o autor melhor se fazer entender pelo examinador;

A3 – As generalidades, que não trazem objetividade ao texto, devem ser

evitadas para não perder espaço com palavras que não acrescentam importância ao texto

redacional.

A4 – Indo direto ao assunto evitou-se dar informações generalistas que não

impressionam o examinador. Tais generalidades desestimulam o examinador que já começa

a leitura do texto sem nenhuma empolgação. É bom termos em mente que o examinador ao

ler o texto, é como um caçador, vai com a expectativa de encontrar a melhor caça, quando

as pegadas da caça (que no corpo redacional são as informações) são imprecisas, subjetivas

ou não claras, o caçador poderá tomar o caminho inverso e deixar de lado a procura (que no

caso do examinador é ficar desestimulado com seu texto e, com isso, dar qualquer nota para

o seu texto). Por isso, seja preciso, objetivo, conciso, claro desde a primeira palavra de sua

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redação, e não fique perdendo tempo e espaço preciosos com subjetividades do tipo

“introduzir meu texto com uma leve ideia do desenvolvimento que vou fazer”.

A5 – Observe que o redator procura resgatar os termos originais do tema ainda

na abertura do texto redacional, o que deu concisão, precisão e objetividade desde o

primeiro parágrafo.

Observe que evitou-se colocar as palavras introdução e conclusão durante as

explicações para você entender que todos os parágrafos devem abordar todo o tópico do

tema pedido. Por isso, todo o parágrafo deve responder a um questionamento explícito ou

implícito ( fique ligado que muita coisa a ser respondida vem implícita no texto motivador

colocado na prova pela banca examinadora) do tema e deve seguir a seguinte estrutura:

1) retome o tópico (que pode ser implícito ou explícito) para você mostrar ao examinador

objetividade em suas respostas, em seguida mostre as informações de forma a responder

o tópico pedido no tema, e depois dê um exemplo para dar clareza ao parágrafo

escrito.

Assim, você será objetivo, claro e preciso no que pretende informar ao leitor de

seu texto.

Esse parágrafo é um bom exemplo para explicar como o autor procurou inserir

informações suas intercaladas por parêntese como forma de evitar erros de pontuação. Os

parênteses, as vírgulas e os travessões são utilizados para o autor inserir ideias suas dentro

do texto redacional, como forma de complementar ou exemplificar uma informação

passada de forma impessoal. Na minha opinião, melhor forma de introduzir uma ideia do

autor sem incorrer em erro de virgulação, ou de travessão (que é o problema de quase todos

nós), é apresentar a exemplificação ou informação dentro de parênteses, como foi

exemplificado mais de uma vez no parágrafo acima. Esta tática você não pode esquecer na

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hora de produzir seus textos – grave isto, ok.

Quando o autor dos parágrafos do texto redacional recortado acima mencionou

“Ainda bem que...” e “Partindo do pressuposto acima...” para iniciar os parágrafos acima,

ele utilizou tais argumentos como elementos coesivos que servem para lincar uma ideia já

apresentada no texto e associá-la à que vai ser dita imediatamente. Esses elementos de

lincar são chamados de conectivos ou coesivos.

Outra importante informação que deve ser vista nesta explicação é a separação

silábica utilizada no final das linhas do texto recortados e apresentados acima. Veja que

mais de uma vez o tracinho final, que serve para separar as sílabas, foi cocado de forma que

parte dele ficou sobre a linha que margeia o texto no lado direito. Isto é problema porque o

examinador pode cortar ponto quando isto acontece.

Pior ainda é o underline (o subtraço (_), traço

rasteiro, underscore, underline ou traço inferior) colocado abaixo da palavra

emigravam, no último recorte acima. Quando for separar a sílaba no final da linha, o

correto é utilizar o tracinho entre a sílaba a ser separada e a margem direita da página, sem

sobrepor a margem, porque incorre-se em erro, com desconto de ponto esse tipo de erro.

Isto ocorre, geralmente, quando o aluno quer diminuir a letra e aproveitar os espaços para

colocar mais palavras. O melhor é medir bem as palavras a cada final de linha e não

sobrepor a margem direito para evitar perda de pontos. Isto tudo gasta muito tempo e deixa

o redator apreensivo com medo de não conseguir resolver as outras 90 questões do Enem, o

que é uma realidade para 90% dos candidatos. Mas lembre-se que as redações podem ter

valor multiplicado por 3 e sua nota ir lá para as alturas e, mesmo que você acertasse todas

as 90 questões da prova a nota alcançada seria no máximo 2000 pontos, o que não

compararia com a nota adquirida, por exemplo na UFRJ, caso você tirasse a minguada nota

de 700 pontos X 3=2100 pontos. Acompanhou o raciocínio! E se você tirar 800 X3=2400;

se tirar 1000X3=3000.

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Outro fato importante é a palavra (aque) riscada logo após a palavra memória,

no último recorte acima. Veja que o autor do texto repetiu a palavra correta logo após o

risco que, na verdade, ele queria dizer a que (separadamente e não junto como no que

houve o risco). Bem, quando erramos uma palavra, a banca nos ensina colocar um (apenas

um) risco sobre a palavra a ser descartada. Agindo assim não é considerado erro. Não pode,

a palavra errada ser colocada entre parênteses ou outra forma de excluir tal palavra escrita

errada porque você incorrerá em erro, ok.

Observe que a última palavra (segurança) do último parágrafo ultrapassou a

margem direita. Isto é erro gravíssimo, uma vez que as normas de correção de redação diz

que, tudo que estiver fora das margens não pode ser contado como se do texto fosse. Por

isso, estou explicando cada parágrafo para que você seja perfeito na estruturação de sua

redação, evitando erros como estes que podem retirar preciosos pontos de seu texto. Veja

que a primeira palavra do último recorte “suficiente” foi incorretamente separada, porque o

tracinho que separa a última sílaba da linha praticamente cortou a letra “n”, o que denota

erro.

Com isso, percebemos que a estrutura da redação necessita de inúmeras regras

que a compõe, e que, se não a respeitarmos, certamente incorreremos em erros que

diminuirão nossa nota final.

Vejam elementos utilizados para dar coesão a um texto. Leia e releia este texto para

melhorar a sua produção de texto.

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PRIORIDADE, RELEVÂNCIA: Em primeiro lugar, antes de mais nada, primeiramente,

acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo, haja vista,

importante ressaltar que.

CITAÇÃO DE AUTORES: Conforme elucida o autor, conforme magistra o autor, com o

brilhantismo habitual, como o brilhantismo habitual de (autor),

SEMELHANÇA, COMPARAÇÃO: Igualmente, da mesma forma, assim também, do

mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira

idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de

vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, bem como, como se.

CONDIÇÃO, HIPÓTESE : se, caso, eventualmente.

ADIÇÃO, CONTINUAÇÃO: além disso, (a) demais, outrossim, ainda mais, ainda por

cima, por outro lado, também e as conjunções aditivas (e, nem, não só… mas também etc.)

TEMPO: então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, pouco

antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente,

agora, atualmente, hoje, frequentemente, constantemente, às vezes, eventualmente, por

vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente,

nesse ínterim, nesse meio tempo, enquanto, quando, antes que, depois que, logo que,

sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas.

DÚVIDA: talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo,

se é que.

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CERTEZA, ÊNFASE: de certo, por certo, certamente, indubitavelmente,

inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda certeza.

SURPRESA, IMPREVISTO: inesperadamente, inopinadamente, de súbito,

imprevistamente, surpreendentemente.

ILUSTRAÇÃO, ESCLARECIMENTO: por exemplo, isto é, quer dizer, em outras

palavras, ou por outra, a saber.

PROPÓSITO, FINALIDADE: com o fim de, a fim de, com o propósito de.

RESUMO, CONCLUSÃO: em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo,

portanto, assim, dessa forma, dessa maneira.

CAUSA E CONSEQUÊNCIA: por consequência, por conseguinte, como resultado, por

isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com efeito, porque, porquanto, pois, que,

já que, uma vez que, visto que, como (= porque), portanto, por conseguinte, logo, pois

(posposto ao verbo), que (= porque).

CONTRASTE, OPOSIÇÃO, RESTRIÇÃO, RESSALVA: pelo contrário, em contraste

com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, embora, apesar de, ainda que,

mesmo que, posto que, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que.

Para que o aluno não tenha dúvida a respeito do que está sendo tratado, vamos

apresentar uma redação feita por mim, referente ao ENEM 2013, cujo tema é Lei Seca. Vou

proceder desta forma porque não tive, nesta aula, nenhuma redação corrigida pelo Enem

disponibilizada para que eu fizesse a correção (disponibilize a sua no e-mail do site).

Para você perceber que, ao produzirmos um texto de 30 linhas, com o tamanho

normal de nossa letra, não será possível escrever todas as informações necessárias para o

examinador entender o que queremos dizer, repeti a mesma redação no tamanho de letra

diminuída, perfazendo assim o número máximo de linhas permitidas pela banca

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examinadora. Perceba que o primeiro texto contém 40 linhas, com o formato 12, que

corresponde ao tamanho normal de nossa letra. O segundo texto, com tamanho de letra 9,

contém 31 linhas e corresponde à letra diminuída. Esta demonstração foi necessária para

justificar o que eu fiz questão de repetir nesta e na aula 01, de que as 30 linhas com letra do

tamanho normal não são suficientes para dizermos tudo que precisa ser dito para que o

examinador entenda perfeitamente o que queremos dizer. Pois, se não nos fizermos

entender certamente nossa nota NUNCA será 1000. Por isso, eu aconselho a você que

demande 1:30 minutos de seu tempo do segundo dia de prova e escreva mais do que 30

linhas no rascunho e, na hora de passar a limpo, diminua o tamanho da letra, porque você

pode não se fazer entender da maneira necessária por apresentar informações insuficientes

(conforme estrutura da redação apresentada nesta aula 2).

Veja as duas redações a seguir e repense a sua maneira de fazer a redação

do Enem, vestibulares e concurso.

REDAÇÃO

TEMA: LEI SECA

A Constituição Federal brasileira determina que o direito à vida é um direito

fundamental e está inserido nos direitos e garantias individuais do cidadão brasileiro. Toda

política pública para ser desenvolvida no país precisa, primeiro, de uma lei que trate do

tema discutido. Toda lei é construída pelos legisladores quando há algum conflito que

esteja desestabilizando a sociedade em sua coletividade ou quando esteja influenciando

negativamente o usufruto de algum direito individual, garantido pelos direitos e garantias

individuais, formatados na Constituição Federal de 1988. A Lei Seca é uma política pública

que almeja alcançar um fim maior, que é diminuir o número de acidentes provocados por

motoristas alcoolizados ao volante. Essa Lei foi construída porque, no Brasil, o número de

acidentes de trânsito causados por motoristas embriagados era grande e estava aumentando

a cada ano, conforme estatísticas das polícias de trânsito (Polícia Rodoviária Federal e

Polícia Militar).

A Lei Seca é um instrumento que tem por finalidade cumprir o comando

constitucional do direito à vida, o direito à liberdade de ir e vir, o direito de viver em paz e

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em segurança. Como esses direitos constitucionais nos garantem esses bens, que são os

mais preciosos da sociedade, seria necessário que o legislativo fizesse valer tais direitos por

meio de uma lei (só por meio de leis promulgadas e publicadas pode-se exigir que o

cidadão mude o seu comportamento, uma vez que este só pode ser punido se existir uma lei

promulgada e publicada com antecedência ao ato considerado crime) que é a forma de

exigir da sociedade o respeito aos direitos dos cidadãos.

Há muito tempo a sociedade vem problematizando a questão de motoristas

dirigirem bêbados, causando acidentes com mortes, ou que trazem perdas irreparáveis aos

acidentados, sem que isso viesse trazer danos ao causador do acidente, pois, muitos não

eram presos ou responsabilizados pelos danos causados às vítimas. Assim, a sociedade

aumentou a sua indignação pelo comportamento de muitos desses cidadãos

descomprometidos com os direitos das pessoas e exigiu que os legisladores publicassem

uma lei que trouxesse a responsabilização aos infratores. A perda social não se resume a

mortes ou pessoas que ficam sequeladas para o resto da vida sem poder produzir e alcançar

a realização de seus sonhos. A perda chega também aos cofres do governo, que é o

responsável pela previdência social (aposentadoria, pensões ou benefícios), tendo que se

responsabilizar pelos custos do tratamento da saúde das pessoas acidentadas, bem como

pelo pagamento de despesas com aposentadorias ou benefícios de pessoas ainda muito

jovens, em plena idade produtiva.

As leis são políticas públicas que têm como função amparar os direitos da

coletividade ou os direitos e garantias individuais constitucionais. A Lei Seca foi publicada

com o intuito de responsabilizar os infratores que dirigem embriagados e causam danos aos

direitos das pessoas. O direito à vida, o direito de viver com segurança e o direito de

liberdade são direitos constitucionais de primeira geração, imprescindíveis para a

harmonização da coletividade. Portanto, a Lei Seca veio promover à sociedade o direito de

cidadania e de dignidade, importantes para que as pessoas possam viver em paz consigo

mesmas e com o mundo que as envolvem.

REDAÇÃO (com a letra diminuída)

TEMA: LEI SECA

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A Constituição Federal brasileira determina que o direito à vida é um direito

fundamental e está inserido nos direitos e garantias individuais do cidadão brasileiro. Toda

política pública para ser desenvolvida no país precisa, primeiro, de uma lei que trate do

tema discutido. Toda lei é construída pelos legisladores quando há algum conflito que

esteja desestabilizando a sociedade em sua coletividade ou quando esteja influenciando

negativamente o usufruto de algum direito individual, garantido pelos direitos e garantias

individuais, formatados na Constituição Federal de 1988. A Lei Seca é uma política pública

que almeja alcançar um fim maior, que é diminuir o número de acidentes provocados por

motoristas alcoolizados ao volante. Essa Lei foi construída porque, no Brasil, o número de

acidentes de trânsito causados por motoristas embriagados era grande e estava aumentando

a cada ano, conforme estatísticas das polícias de trânsito (Polícia Rodoviária Federal e

Polícia Militar).

A Lei Seca é um instrumento que tem por finalidade cumprir o comando

constitucional do direito à vida, o direito à liberdade de ir e vir, o direito de viver em paz e

em segurança. Como esses direitos constitucionais nos garantem esses bens, que são os

mais preciosos da sociedade, seria necessário que o legislativo fizesse valer tais direitos por

meio de uma lei (só por meio de leis promulgadas e publicadas pode-se exigir que o

cidadão mude o seu comportamento, uma vez que este só pode ser punido se existir uma lei

promulgada e publicada com antecedência ao ato considerado crime) que é a forma de

exigir da sociedade o respeito aos direitos dos cidadãos.

Há muito tempo a sociedade vem problematizando a questão de motoristas

dirigirem bêbados e causando acidentes com mortes, ou que trazem perdas irreparáveis aos

acidentados, sem que isso viesse trazer danos ao causador do acidente, pois, muitos não

eram presos ou responsabilizados pelos danos causados às vítimas. Assim, a sociedade

aumentou a sua indignação pelo comportamento de muitos desses cidadãos

descomprometidos com os direitos dos outros e exigiu que os legisladores publicassem uma

lei que trouxesse a responsabilização aos infratores. A perda social não se resume a mortes

ou pessoas que ficam sequeladas para o resto da vida sem poder produzir e alcançar a

realização de seus sonhos. A perda chega também aos cofres do governo, que é o

responsável pela previdência social (aposentadoria, pensões ou benefícios), tendo que se

responsabilizar pelos custos do tratamento da saúde das pessoas acidentadas, bem como

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pelo pagamento de despesas com aposentadorias ou benefícios de pessoas ainda muito

jovens, em plena idade produtiva.

As leis são políticas públicas que têm como função amparar os direitos da

coletividade ou os direitos e garantias individuais constitucionais. A Lei Seca foi publicada

com o intuito de responsabilizar os infratores que dirigem embriagados e causam danos aos

direitos das pessoas. O direito à vida, o direito de viver com segurança e o direito de

liberdade são direitos constitucionais de primeira geração, imprescindíveis para a

harmonização da coletividade. Portanto, a Lei Seca veio promover à sociedade o direito de

cidadania e de dignidade, importantes para que as pessoas possam viver em paz.

VOU COMENTAR A REDAÇÃO

Esse é um tema bastante polêmico e causa instabilidade na sociedade que se vê

refém desse tipo de cidadão que não respeita o direito das pessoas. Um indivíduo que deixa

de produzir e fica reduzido a uma aposentadoria, geralmente sofre de problemas de

depressão ou no mínimo perde a alegria de viver. O ser humano por si mesmo depende,

para ser feliz, de ser útil à sociedade, de conduzir seu próprio destino e também de ser

produtivo. Então, quando se vê limitado na possibilidade de dirigir seu próprio destino,

ficando reduzido a uma aposentadoria, às vezes passando dificuldades financeiras com sua

família, certamente adquire problemas psicológicos como depressão e solidão. É por isso

que a sociedade exigiu que medidas legais fossem tomadas para amenizar esse

comportamento de algumas pessoas, que era comum na sociedade brasileira até a

publicação e execução da Lei Seca.

Sabendo que a sociedade dita a ética e o comportamento de seu povo (por meio

de valores, crenças e tradição) e que as leis são feitas porque há exigência desta, é possível

prever os caminhos a serem seguidos por um povo, já que ele indica ao legislativo o que

quer que seja construído em seu país. Assim, vemos a Lei Seca promulgada e publicada no

Brasil com a finalidade de impedir que pessoas sem a consciência dos direitos sociais

viessem continuar trazendo danos irreparáveis à sociedade brasileira. Com isso vemos, por

meio das estatísticas das polícias de trânsito, que o índice de acidentes causados por

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motoristas embriagados já diminuiu muito, o que aumenta a certeza de que é preciso

construir, por meio da coletividade, o país no qual queremos viver.

Ao analisar a redação acima é possível perceber que procurei retirar os

argumentos ou fontes de autoridade da Constituição Federal de 1988 e seus mandamentos,

que são capazes de justificar o que estava inserido no texto. Claro que o argumento que eu

colocar na redação precisa ser embasado em fontes de autoridade que dão credibilidade a

ela, ou seja, as fontes precisam ser citadas para que o examinador esteja amparado de uma

bibliografia capaz de ser consultada, caso ele desconheça o assunto. Isso quer dizer que,

não podemos construir um texto argumentativo dissertativo através de generalidades, sem

fundamentação literária.

Outro ponto importante é o fato de meu texto ser produzido em parágrafos que

variam de 7 a 13 linhas. Como eu já mencionei anteriormente, o número de linhas de cada

parágrafo varia com a necessidade, é claro que um parágrafo com menos de 4 linhas (é

temerário, porque pode cair num vazio e não dizer o que precisa ser dito) e o que ultrapasse

12 linhas precisa ser muito bem construído e justificado para evitar repetições

desnecessárias de informações.

Também precisa ser destacado que foquei as ideias nos argumentos de

autoridade que, neste caso, são as políticas públicas adotadas pelo governo. Veja alguns

desses argumentos de autoridade:

A - A Lei Seca é uma política pública que cumpre o comando constitucional dos

direitos e garantias individuais (aqui representado pelo direito à vida e no direito à

liberdade) da Constituição Federal de 1988;

B - As fontes estatísticas (Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal) de onde eu estava

retirando minhas informações: no caso as polícias de trânsito;

C - Na sustentação da evolução da sociedade por meio de mudanças de valores: éticos,

culturais, crenças e nas tradições sociais;

D - Na questão da perda de produtividade do cidadão prejudicado com o acidente de

trânsito e os problemas de saúde que ele pode vir a ter, que é o caso da depressão pela perda

da mobilidade e produtividade;

E - A questão financeira gera impossibilidades e causa de doenças psicossomáticas;

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F - A questão da previdência social que fica prejudicada com a elevação do número de

benefícios e aposentadorias que tem que pagar para que o indivíduo continue a sobreviver

economicamente;

G - Os gastos com tratamentos hospitalares que são caros.

H – Não foi citado no texto, mas você poderia comentar o alto índice de mortes de pessoas

dos 15 aos 29 anos de idade, resultantes de acidentes de trânsito e também por assassinato.

Veja que os argumentos de autoridade, quando procuramos focar nossos textos

dentro de políticas públicas, são construídos de forma mais consistentes, sem generalidades

que possam ficar sem argumentos, ou que, existindo, sejam insuficientes para impressionar

o examinador. Não há fonte de argumentos de autoridade mais suficiente do que a

Constituição Federal de 1988, porque nela estão todos os comandos a que estamos

submetidos. Afinal, ninguém poderá ser punido se antes não houver uma lei que determine

tal fato como crime passível de uma punição. E também ninguém é obrigado a cumprir

nenhum mandamento de qualquer autoridade pública sem que antes esteja na lei, seja ela

juiz de direito, policial, ou administração pública. Então evite achismos que você lê em

jornais, revistas ou livros, que podem trazer informações tendenciosas, inexatas ou até

mesmo erradas: fique ligado! Lembrando sempre que o examinador precisa ser convencido

pelo texto que você produziu e, para tanto, é preciso que seus argumentos sejam de

autoridade porque só estes podem impressioná-lo.

Observe também que eu fui direto ao assunto e afirmei: “A Constituição

Federal brasileira determina que o direito à vida é um direito fundamental e está

inserido nos direitos e garantias individuais do cidadão brasileiro”. Não fiquei fazendo

rodeios na introdução com generalidades insuficientes para agradar o examinador. Quer

desagradar o leitor: inicie um texto com generalidades que não diz por que veio. Muita

gente procura introduzir seus textos dando uma leve ideia do que vai falar no

desenvolvimento: é um erro gravíssimo fazer sua introdução dessa forma: você tem que ir

direto ao assunto e bombar, porque o examinador vai se impressionar se você assim o fizer.

O mesmo ocorre com a conclusão - ela precisa ser enfática, evidenciando e justificando

todo o texto construído até então. Então não seja ingênuo, seja enfático em todo o texto

redacional. Ah, também não fique dissertando só sobre uma ideia central apenas, busque as

causas, os efeitos favoráveis e contrários e também as consequências para embriagar o

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examinador que corrigir sua redação

Alguns alunos afirmaram-me que professores de cursinhos estão dizendo que os

examinadores das redações do Enem estão lendo a introdução e a conclusão das

redações, e que as notas estão sendo dadas de acordo com esses dois parágrafos, ou seja,

não estão dando importância ao desenvolvimento da redação (acho exagero essa

afirmação, entretanto é melhor se precaver porque onde há fumaça, há fogo). Isso é

gravíssimo! Por esse motivo estou insistindo para que você já comece a sua redação

bombando! Nem pensar em generalidades que não dizem nada de importante e que não

impressiona de cara o examinador. Por isso, cite logo a Constituição Federal de 1988,

para não deixar dúvida que seus argumentos de autoridade são os melhores, e que não

deixam dúvidas. Se o examinador não souber do que você está falando ele vai pesquisar

no texto da Constituição brasileira, ou no mínimo ele acatará seu argumento como

verdadeiro. Claro que esta informação pode ser verdadeira (que os examinadores das

redações do Enem estão lendo a introdução e a conclusão das redações), mas mesmo não

sendo, ou seja, que alguns corretores das redações do Enem, devido ao número de

redações a serem corrigidas e ao tempo mínimo para isto, não leem o desenvolvimento das

redações, é preciso nos prevenirmos para não perder ponto por ingenuidade ou

desconhecimento destas informações, que podem ser verdadeiras, devido às informações

que eu já citei na aula 01, dos repórteres da Rede Globo (reportagem do fantástico que foi

ao ar no dia 04 de maio de 2014) terem feito suas inscrições e provas do Enem e

colocaram letras de músicas, e passaram despercebidas pelos examinadores das redações

desta banca.

Veja que estou sendo repetitivo de propósito para que preste bem atenção no

que eu quero enfatizar a você. Não pense que as repetições são despropositais porque não

são: quero que o candidato não tenha dúvida do que estou afirmando.

Ao fazer sua redação deve ser observado o seguinte:

1. Seja objetivo e dispense qualquer introdução que retarde a resposta ao tópico 1.

2. Seja preciso com as palavras e retome (reescrevendo) devidamente os termos dos tópicos

ainda no início do parágrafo de abordagem deles. Para reescrevê-los use sempre os

conectivos de coesão para não ficar parecendo que você, por falta de argumento, está

copiando parte do texto da proposta da redação. Uma das formas de retomar o tópico da

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redação pode ser, por exemplo:

- A Lei Seca como política pública brasileira para coibir motoristas embriagados de

dirigirem automóveis serve para conscientizar a sociedade de que beber e dirigir é um

desrespeito com a vida das pessoas e do motorista que dirige embriagado. Veja que o tópico

da redação é Lei Seca como política pública brasileira para coibir que motoristas

dirijam embriagados e o restante da oração serve como fundamentação do tópico para não

parecer ao examinador que o redator está copiando o tópico porque falta-lhe argumento

para produzir o texto. Estou conscientizando você de que - copiar parte do texto motivador

da redação e colocar no texto que você está produzindo, bem como de texto da prova

objetiva que você está fazendo naquele momento - é motivo para perda do número de

linhas copiadas. Então não queira bancar o esperto e enganar a banca porque você pode se

dar mal. Mas você pode, conforme ensinei, copiar os tópicos utilizando os conectivos

pertinentes e, dessa forma, não ter descontadas as linhas do texto que porventura utilizar

para enfatizar e explicar aquele ponto que a banca pediu. Entendeu. Não é copiar por falta

de assunto, mas como forma de retomar um tópico para explicá-lo para a banca entender

seus argumentos. Assim pode.

3. Respeite a ordem proposta pelo tema. Isso significa não responder, por exemplo, o tópico

3 antes do 2.

4. Fundamentar todas as respostas dadas aos tópicos sempre procurando dar exemplo que

esclareça o assunto e não deixe dúvida do que você quer dizer.

Importante: os quatro passos são basilares. À medida que eu for recortando a resposta para

cada tópico, vou lançando comentários complementares bem como exemplificações, para

enriquecer a compreensão da forma textual. Durante a leitura de minhas explicações

observem o tamanho dos parágrafos empregados na distribuição do assunto e também o uso

dos recursos para ingresso nos parágrafos e a legibilidade do texto.

3 - LÍNGUA PORTUGUESA

Vou insistir na questão da coesão, coerência e conectivos, elementos

necessários e imprescindíveis para que você possa desenvolver uma boa redação, além do

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mais, são muito cobrados em provas do Enem, vestibulares e concursos. Então não seja

preguiçoso e estude com afinco esse conteúdo para não ser pego de surpresa quando o

mesmo for requerido na hora da prova. Portanto, vamos à luta e venceremos mais esta

batalha.

As questões da prova serão do tipo "compreensão de leitura e intertextualidade", com

objetivo de medir a habilidade do candidato em ler com compreensão e discriminação. Tais

questões devem explorar a capacidade de analisar um texto sob várias perspectivas,

inclusive avaliando a habilidade de reconhecer tanto afirmações explícitas no texto quanto

os pressupostos e as implicações dessas afirmações ou argumentos. As questões

focalizarão:

1. Tópico frasal ou sentença-tese;

2. Funções da linguagem;

3. Contextualização; signo/significante/significado;

4. Estrutura da frase: lógica das ideias;

5. Regência verbal e nominal;

6. Uso da crase.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por finalidade a

identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve compreender os níveis

estruturais da língua por meio da lógica, além de necessitar de um bom léxico internalizado.

As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto em que

estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer um confronto entre todas as partes

que compõem o texto.

Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas por trás do

texto e as inferências a que ele remete. Este procedimento justifica-se por um texto ser

sempre produto de uma postura ideológica do autor diante de uma temática qualquer.

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DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Sabe-se que não há associação necessária entre significante (expressão gráfica,

palavra) e significado, por esta ligação representar uma convenção. É baseado neste

conceito de signo linguístico (significante + significado) que se constroem as noções de

denotação e conotação.

O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicionários, o

chamado sentido verdadeiro, real. Já o uso conotativo das palavras é a atribuição de um

sentido figurado, fantasioso e que, para sua compreensão, depende do contexto. Sendo

assim, estabelece-se, numa determinada construção frasal, uma nova relação entre

significante e significado.

Os textos literários exploram bastante as construções de base conotativa, numa

tentativa de extrapolar o espaço do texto e provocar reações diferenciadas em seus leitores.

Ainda com base no signo linguístico, encontra-se o conceito de polissemia (que

tem muitas significações). Algumas palavras, dependendo do contexto, assumem múltiplos

significados, como, por exemplo, a palavra ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto

final, ponto de cruz ... Neste caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra

ponto, e sim ampliando sua significação através de expressões que lhe completem e

esclareçam o sentido.

COMO LER E ENTENDER BEM UM TEXTO

Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e de

reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira cautelosa por ser o

primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, extraem-se informações sobre o conteúdo

abordado e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante a interpretação propriamente

dita, cabe destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma palavra para

resumir a ideia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça a memória

visual, favorecendo o entendimento.

Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjetiva, há

limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a fim de responder às

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interpretações que a banca considerou como pertinentes.

No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto com

outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da época em que o autor

viveu. Se não houver esta visão global dos momentos literários e dos escritores, a

interpretação pode ficar comprometida. Aqui não se podem dispensar as dicas que

aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identificação do autor.

A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções de resposta.

Aqui são fundamentais marcações de palavras como não, exceto, errada, respectivamente

etc. que fazem diferença na escolha adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se

com o conceito do "mais adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento

proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à pergunta, mas não ser a

adotada como gabarito pela banca examinadora por haver uma outra alternativa mais

completa.

Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmento do texto

transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que

aparentemente pareça ser perda de tempo. A descontextualização de palavras ou frases,

certas vezes, são também um recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase

anterior e a posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta

maneira a resposta será mais consciente e segura.

Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de texto. Para

isso, devemos observar o seguinte:

01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;

02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá até o fim,

ininterruptamente;

03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo monos umas três vezes ou

mais;

04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;

05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;

06. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;

07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor compreensão;

08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto correspondente;

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09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;

10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta, incorreta, certa,

errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e que, às

vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se pediu;

11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais exata ou a mais

completa;

12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de lógica objetiva;

13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;

14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta, mas a opção que melhor

se enquadre no sentido do texto;

15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a resposta;

16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor, definindo o tema e a

mensagem;

17. O autor defende ideias e você deve percebê-las;

18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importantíssimos na

interpretação do texto.

Ex.: Ele morreu de fome.

de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realização do fato (= morte de

"ele").

Ex.: Ele morreu faminto.

faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontrava quando morreu.;

19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as ideias estão coordenadas

entre si;

20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza de expressão,

aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. Eraldo Cunegundes

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS

TEXTO NARRATIVO

As personagens: São as pessoas, ou seres, viventes ou não, forças naturais ou fatores

ambientais, que desempenham papel no desenrolar dos fatos.

Toda narrativa tem um protagonista que é a figura central, o herói ou heroína,

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personagem principal da história.

O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe aos designios do protagonista,

chama-se antagonista, e é com ele que a personagem principal contracena em primeiro

plano.

As personagens secundárias, que são chamadas também de comparsas, são os

figurantes de influência menor, indireta, não decisiva na narração.

O narrador que está a contar a história também é uma personagem, pode ser o

protagonista ou uma das outras personagens de menor importância, ou ainda uma pessoa

estranha à história.

Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de personagem: as

planas: que são definidas por um traço característico, elas não alteram seu comportamento

durante o desenrolar dos acontecimentos e tendem à caricatura; as redondas: são mais

complexas tendo uma dimensão psicológica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as

suas reações perante os acontecimentos.

Sequência dos fatos (enredo): Enredo é a sequência dos fatos, a trama dos

acontecimentos e das ações dos personagens. No enredo podemos distinguir, com maior ou

menor nitidez, três ou quatro estágios progressivos: a exposição (nem sempre ocorre), a

complicação, o clímax, o desenlace ou desfecho.

Na exposição o narrador situa a história quanto à época, o ambiente, as

personagens e certas circunstâncias. Nem sempre esse estágio ocorre, na maioria das vezes,

principalmente nos textos literários mais recentes, a história começa a ser narrada no meio

dos acontecimentos (“in média”), ou seja, no estágio da complicação quando ocorre e

conflito, choque de interesses entre as personagens.

O clímax é o ápice da história, quando ocorre o estágio de maior tensão do

conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfecho, ou seja, a conclusão da

história com a resolução dos conflitos.

Os fatos: São os acontecimentos de que as personagens participam. Da natureza dos

acontecimentos apresentados decorre o gênero do texto. Por exemplo o relato de um

acontecimento cotidiano constitui uma crônica, o relato de um drama social é um romance

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social, e assim por diante. Em toda narrativa há um fato central, que estabelece o caráter do

texto, e há os fatos secundários, relacionados ao principal.

Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos lugares, ou mesmo

em um só lugar. O texto narrativo precisa conter informações sobre o espaço, onde os fatos

acontecem. Muitas vezes, principalmente nos textos literários, essas informações são

extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos textos narrativo.

Tempo: Os fatos que compõem a narrativa desenvolvem-se num determinado

tempo, que consiste na identificação do momento, dia, mês, ano ou época em que ocorre

o fato. A temporalidade salienta as relações passado/presente/futuro do texto, essas relações

podem ser linear, isto é, seguindo a ordem cronológica dos fatos, ou sofre inversões,

quando o narrador nos diz que antes de um fato que aconteceu depois.

O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O cronológico é o tempo

material em que se desenrola à ação, isto é, aquele que é medido pela natureza ou pelo

relógio. O psicológico não é mensurável pelos padrões fixos, porque é aquele que ocorre no

interior da personagem, depende da sua percepção da realidade, da duração de um dado

acontecimento no seu espírito.

Narrador: observador e personagem: O narrador, como já dissemos, é a personagem

que está a contar a história. A posição em que se coloca o narrador para contar a história

constitui o foco, o aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser caracterizado por:

- visão “por detrás” - o narrador conhece tudo que diz respeito às personagens e à

história, tendo uma visão panorâmica dos acontecimentos e a narração é feita em 3a pessoa.

- visão “com”: o narrador é personagem e ocupa o centro da narrativa que é feito em 1a

pessoa.

- visão “de fora”: o narrador descreve e narra apenas o que vê, aquilo que é observável

exteriormente no comportamento da personagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste

caso o narrador é um observador e a narrativa é feita em 3a pessoa.

Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de apresentar um foco

narrativo, isto é, o ponto de vista através do qual a história está sendo contada. Como já

vimos, a narração é feita em 1a pessoa ou 3a pessoa.

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FORMAS DE APRESENTAÇÃO DA FALA DAS PERSONAGENS

Como já sabemos, nas histórias, as personagens agem e falam. Há três maneiras

de comunicar as falas das personagens.

Discurso Direto: É a representação da fala das personagens através do diálogo.

Exemplo:

“Zé Lins continuou: carnaval é festa do povo. O povo é dono da verdade. Vem a

polícia e começa a falar em ordem pública. No carnaval a cidade é do povo e de ninguém

mais”.

No discurso direto é frequente o uso dos verbos de locução ou descendi: dizer,

falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e etc.; e de travessões. Porém,

quando as falas das personagens são curtas ou rápidas os verbos de locução podem ser

omitidos.

Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas próprias palavras, o

pensamento ou a fala das personagens. Exemplo:

“Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias tristes e passados, os meus primeiros

passos em liberdade, a fraternidade que nos reunia naquele momento, a minha

literatura e os menos sombrios por vir”.

Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem se mistura à fala do

narrador, ou seja, ao fluxo normal da narração. Exemplo:

“Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando alto. Quando me viram,

sem chapéu, de pijama, por aqueles lugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez

pensassem que estivesse doido. Como poderia andar um homem àquela hora, sem

fazer nada de cabeça no tempo, um branco de pés no chão como eles? Só sendo doido

mesmo”.

(José Lins do Rego)

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TEXTO DESCRITIVO

Descrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais característicos de

um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc.

As perspectivas que o observador tem do objeto são muito importantes, tanto na

descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude que vai determinar a ordem na

enumeração dos traços característicos para que o leitor possa combinar suas impressões

isoladas formando uma imagem unificada.

Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, variando as

partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a pouco.

Podemos encontrar distinções entre uma descrição literária e outra técnica.

Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas:

Descrição Literária: A finalidade maior da descrição literária é transmitir a

impressão que a coisa vista desperta em nossa mente através do sentidos. Daí

decorrem dois tipos de descrição: a subjetiva, que reflete o estado de espírito do

observador, suas preferências, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e não

o que vê realmente; já a objetiva traduz a realidade do mundo objetivo, fenomênico,

ela é exata e dimensional.

Descrição de Personagem: É utilizada para caracterização das personagens, pela

acumulação de traços físicos e psicológicos, pela enumeração de seus hábitos, gestos,

aptidões e temperamento, com a finalidade de situar personagens no contexto

cultural, social e econômico;

Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, geralmente o observador abrange

de uma só vez a globalidade do panorama, para depois aos poucos, em ordem de

proximidade, abranger as partes mais típicas desse todo.

Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos interiores, dos ambientes em que

ocorrem as ações, tentando dar ao leitor uma visualização das suas particularidades,

de seus traços distintivos e típicos.

Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição movimentada, que se desenvolve

progressivamente no tempo. É a descrição de um incêndio, de uma briga, de um

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naufrágio.

Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das características gerais da literatura, com

a distinção de que nela se utiliza um vocabulário mais preciso, salientando-se com

exatidão os pormenores. É predominantemente denotativa tendo como objetivo

esclarecer convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou mecanismos, a

fenômenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc.

TEXTO DISSERTATIVO

Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertação consta de

uma série de juízos a respeito de um determinado assunto ou questão, e pressupõe um

exame crítico do assunto sobre o qual se vai escrever com clareza, coerência e objetividade.

A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persuadir o leitor a

respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como finalidade dar a conhecer ou

explicar certo modo de ver qualquer questão.

A linguagem usada é a referencial, centrada na mensagem, enfatizando o

contexto.

Quanto à forma, ela pode ser tripartida em:

Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados fundamentais do assunto que

está tratando. É a enunciação direta e objetiva da definição do ponto de vista do autor.

Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias colocadas na introdução

serão definidas com os dados mais relevantes. Todo desenvolvimento deve

estruturar-se em blocos de ideias articuladas entre si, de forma que a sucessão deles

resulte num conjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e desencadeia a

conclusão.

Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da ideia central. Na

conclusão o autor reforça sua opinião, retomando a introdução e os fatos resumidos

do desenvolvimento do texto. Para haver maior entendimento dos procedimentos que

podem ocorrer em um dissertação, cabe fazermos a distinção entre fatos, hipótese e

opinião.

- Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade é reconhecida; é a obra ou ação

que realmente se praticou.

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- Hipótese: É a suposição feita acerca de uma coisa possível ou não, e de que se tiram

diversas conclusões; é uma afirmação sobre o desconhecido, feita com base no que já

é conhecido.

- Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação ou desaprovação pessoal

diante de acontecimentos, pessoas e objetos descritos, é um parecer particular, um

sentimento que se tem a respeito de algo.

O TEXTO ARGUMENTATIVO

Baseado em Adilson Citelli

A linguagem é capaz de criar e representar realidades, sendo caracterizada pela

identificação de um elemento de constituição de sentidos. Os discursos verbais podem ser

formados de várias maneiras, para dissertar ou argumentar, descrever ou narrar, colocamos

em práticas um conjunto de referências codificadas há muito tempo e dadas como

estruturadoras do tipo de texto solicitado.

Para se persuadir por meio de muitos recursos da língua é necessário que um

texto possua um caráter argumentativo/descritivo. A construção de um ponto de vista de

alguma pessoa sobre algo, varia de acordo com a sua análise e dar-se-á a partir do momento

em que a compreensão do conteúdo, ou daquilo que fora tratado seja concretizado. A

formação discursiva é responsável pelo emassamento do conteúdo que se deseja transmitir,

ou persuadir, e nele teremos a formação do ponto de vista do sujeito, suas análises das

coisas e suas opiniões. Nelas, as opiniões o que fazemos é soltar concepções que tendem a

ser orientadas no meio em que o indivíduo viva. Vemos que o sujeito lança suas opiniões

com o simples e decisivo intuito de persuadir e fazer suas explanações renderem o

convencimento do ponto de vista de algo/alguém.

Na escrita, o que fazemos é buscar intenções de sermos entendidos e desejamos

estabelecer um contato verbal com os ouvintes e leitores, e todas as frases ou palavras

articuladas produzem significações dotadas de intencionalidade, criando assim unidades

textuais ou discursivas. Dentro deste contexto da escrita, temos que levar em conta que a

coerência é de relevada importância para a produção textual, pois nela se dará uma

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sequência das ideias e da progressão de argumentos a serem explanadas. Sendo a

argumentação o procedimento que tornará a tese aceitável, a apresentação de argumentos

atingirá os seus interlocutores em seus objetivos; isto se dará através do convencimento da

persuasão. Os mecanismos da coesão e da coerência serão então responsáveis pela unidade

da formação textual.

Dentro dos mecanismos coesivos, podem realizar-se em contextos verbais mais

amplos, como por jogos de elipses, por força semântica, por recorrências lexicais, por

estratégias de substituição de enunciados.

Um mecanismo mais fácil de fazer a comunicação entre as pessoas é a

linguagem, quando ela é em forma da escrita e após a leitura, (o que ocorre agora),

podemos dizer que há de ter alguém que transmita algo, e outro que o receba. Nesta

brincadeira é que entra a formação de argumentos com o intuito de persuadir para se

qualificar a comunicação; nisto, estes argumentos explanados serão o germe de futuras

tentativas da comunicação ser objetiva e dotada de intencionalidade, (ver Linguagem e

Persuasão).

Sabe-se que a leitura e escrita, ou seja, ler e escrever; não tem em sua unidade a

mono característica da dominação do idioma/língua, e sim o propósito de executar a

interação do meio e cultura de cada indivíduo. As relações intertextuais são de grande valia

para fazer de um texto uma alusão a outros textos, isto proporciona que a imersão que os

argumentos dão tornem esta produção altamente evocativa.

A paráfrase é também outro recurso bastante utilizado para trazer a um texto

um aspecto dinâmico e com intento. Juntamente com a paródia, a paráfrase utiliza-se de

textos já escritos, por alguém, e que tornam-se algo espetacularmente incrível. A diferença

é que muitas vezes a paráfrase não possui a necessidade de persuadir as pessoas com a

repetição de argumentos, e sim de esquematizar novas formas de textos, sendo estes

diferentes. A criação de um texto requer bem mais do que simplesmente a junção de

palavras a uma frase, requer algo mais que isto. É necessário ter na escolha das palavras e

do vocabulário o cuidado de se requisitá-las, bem como para se adotá-las.

As metáforas, metonímias, onomatopeias ou figuras de linguagem, entram

em ação inseridos num texto como um conjunto de estratégias capazes de contribuir para os

efeitos persuasivos dele. A ironia também é muito utilizada para causar este efeito, umas

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de suas características salientes, é que a ironia dá ênfase à gozação, além de desvalorizar

ideias, valores da oposição, tudo isto em forma de piada.

Uma das últimas, porém não menos importantes, formas de persuadir através de

argumentos, é a Alusão ("Ler não é apenas reconhecer o dito, mais também o não-dito").

Nela, o escritor trabalha com valores, ideias ou conceitos pré estabelecidos, porém com

objetivos de forma clara e concisa. O que acontece é a formação de um ambiente poético e

sugerível, capaz de evocar nos leitores algo, digamos, uma sensação.

Texto Base: CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo”

São Paulo SP, Editora Scipione, 1994 - 6ª edição.

1. Tópico frasal ou sentença-tese;

Tópico Frasal

A ideia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico

frasal. Esse período orienta ou governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos

secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção do parágrafo; ele é

o período mestre, que contém a frase-chave. Como o enunciado da tese, que dirige a

atenção do leitor diretamente para o tema central, o tópico frasal ajuda o leitor a agarrar o

fio da meada do raciocínio do escritor; como a tese, o tópico frasal introduz o assunto e o

aspecto desse assunto, ou a ideia central com o potencial de gerar ideias-filhote; como a

tese, o tópico frasal é enunciação argumentável, afirmação ou negação que leva o leitor a

esperar mais do escritor (uma explicação, uma prova, detalhes, exemplos) para completar o

parágrafo ou apresentar um raciocínio completo. Assim, o tópico frasal é enunciação, supõe

desdobramento ou explicação.

A ideia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do parágrafo,

seguida de outros períodos que explicam ou detalham a ideia central.

Exemplos:

Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltratá-los. O

modo de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel. Ele sabe como o animal

foi domado, conhece as qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir

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do cavalo. O vaqueiro aprendeu que paciência e muitos exercícios são os principais meios

para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que não se pode exigir mais do que é

esperado.

Tópico frasal desenvolvido por enumeração:

Exemplo:

A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios às

pessoas, tais como: informação, por meio de noticiários que mostram o que acontece de

importante em qualquer parte do mundo; diversão, através de programas de entretenimento

(shows, competições esportivas); cultura, por meio de filmes, debates, cursos.

Tópico frasal desenvolvido por descrição de detalhes:

É o processo típico do desenvolvimento de um parágrafo descritivo:

Era o casarão clássico das antigas fazendas negreiras. Assobradado, erguia-se

em alicerces o muramento, de pedra até meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique (...) À

porta da entrada ia ter uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito desgastado.

(Monteiro Lobato)

Tópico frasal desenvolvido por confronto:

Trata-se de estabelecer um confronto entre duas ideias, dois fatos, dois seres,

seja por meio de contrastes das diferenças, seja do paralelo das semelhanças. Veja o

Exemplo:

Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode

ilustrar o fato de que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns

poucos lances adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o

jogador não pode seguir seus planos sem considerar os contra-ataques do adversário, senão

será prontamente abatido. O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano

preconcebido, sem adaptar sua forma de agir às respostas do filho, sem reavaliar as

constantes mudanças da situação geral, na medida em que se apresentam. (Bruno

Betelheim, adaptado)

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Tópico frasal desenvolvido por razões:

No desenvolvimento apresentamos as razões, os motivos que comprovam o que

afirmamos no tópico frasal.

As adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que isso acontece de

maneira tão generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase

simbólica, da experiência infantil de conquista da realidade. Para uma criança, o mundo

está cheio de objetos misteriosos, de acontecimentos incompreensíveis, de figuras

indecifráveis. A própria presença da criança no mundo é, para ela, uma adivinhação a ser

resolvida. Daí o prazer de experimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a emoção

da procura da surpresa. (Gianni Rodari, adaptado)

Tópico frasal desenvolvido por análise:

É a divisão do todo em partes.

Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação:

informar, divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos

e comentários sobre a realidade. A segunda atende à procura de distração, de evasão, de

divertimento por parte do público. A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a

adquirir certo produto. A quarta é realizada de modo intencional ou não, por meio de

material que contribui para a formação do indivíduo ou para ampliar seu acervo de

conhecimentos. (Samuel P. Netto, adaptado)

Tópico frasal desenvolvido pela exemplificação:

Consiste em esclarecer o que foi afirmado no tópico frasal por meio de

exemplos:

A imaginação utópica e inerente ao homem, sempre existiu e continuará

existindo. Sua presença é uma constante em diferentes momentos históricos: nas sociedades

primitivas, sob a forma de lendas e crenças que apontam para um lugar melhor; nas formas

do pensamento religioso que falam de um paraíso a alcançar; nas teorias de filósofos e

cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais justa, pedem-nos que "sejamos

realistas, exijamos o impossível". (Teixeira Coelho, adaptado). Fonte: pciconcursos.com.br

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A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO

Parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um ou mais de

um período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam

outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.

O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da folha. Ele

facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as ideias principais

de sua composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus

diferentes estágios.

O tamanho do parágrafo

Os parágrafos são moldáveis como a argila, podem ser aumentados ou

diminuídos, conforme o tipo de redação, o leitor e o veículo de comunicação onde o texto

vai ser divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho dos parágrafos, dará colorido

especial ao texto, captando a atenção do leitor, do começo ao fim. Em princípio, o

parágrafo é mais longo que o período e menor que uma página impressa no livro, e a regra

geral para determinar o tamanho é o bom senso.

Parágrafos curtos: próprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca

formação cultural. A notícia possui parágrafos curtos em colunas estreitas, já artigos e

editoriais costumam ter parágrafos mais longos. Revistas populares, livros didáticos

destinados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam parágrafos curtos.

Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo em parágrafos

menores, seguindo critério claro e definido. O parágrafo curto também é empregado para

movimentar o texto, no meio de longos parágrafos, ou para enfatizar uma ideia.

Parágrafos médios: comuns em revistas e livros didáticos destinados a um leitor de nível

médio (2º grau). Cada parágrafo médio construído com três períodos que ocupam de 50 a

150 palavras. Em cada página de livro cabem cerca de três parágrafos médios.

Parágrafos longos: em geral, as obras científicas e acadêmicas possuem longos parágrafos,

por três razões: os textos são grandes e consomem muitas páginas; as explicações são

complexas e exigem várias ideias e especificações, ocupando mais espaço; os leitores

possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los.

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Tópico frasal

A ideia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico

frasal (também chamado de frase-síntese ou período tópico). Esse período orienta ou

governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou periféricos; ele

vai ser o roteiro do escritor na construção do parágrafo; ele é o período mestre, que contém

a frase-chave.

Como o enunciado da tese, que dirige a atenção do leitor diretamente para o

tema central, o tópico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocínio do

escritor; como a tese, o tópico frasal introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a ideia

central com o potencial de gerar ideias-filhote; como a tese, o tópico frasal é enunciação

argumentável, afirmação ou negação que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma

explicação, uma prova, detalhes, exemplos) para completar o parágrafo ou apresentar um

raciocínio completo. Assim, o tópico frasal é enunciação, supõe desdobramento ou

explicação.

A ideia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do parágrafo,

seguida de outros períodos que explicam ou detalham a ideia central.

Exemplos:

Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltratá-los. O

modo de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel. Ele sabe como o animal

foi domado, conhece as qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir

do cavalo. O vaqueiro aprendeu que paciência e muitos exercícios são os principais meios

para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que não se pode exigir mais do que é

esperado.

A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita brasileira

seja estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma minoria

ganha dezenas ou centena de vezes mais. A maioria dos trabalhadores ganha o salário

mínimo, que vale U$$300 mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salário

mínimo.

Dividindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças e mulheres, a

renda per capita fica ainda mais reduzida; contando-se o número de desempregados, a renda

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diminui um pouco mais. Há pessoas que ganham cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$

120.000 anuais; outras ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos

ganham e o muito que poucos ganham prova que a distribuição de renda em nosso país é

injusta.

Tópico frasal desenvolvido por enumeração.

Exemplo:

A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios às

pessoas, tais como: informação, por meio de noticiários que mostram o que acontece de

importante em qualquer parte do mundo; diversão, através de programas de entretenimento

(shows, competições esportivas); cultura, por meio de filmes, debates, cursos.

Tópico frasal desenvolvido por descrição de detalhes

É o processo típico do desenvolvimento de um parágrafo descritivo:

Era o casarão clássico das antigas fazendas negreiras. Assobradado, erguia-se

em alicerces o muramento, de pedra até meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique (...)

�? porta da entrada ia ter uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito

desgastado.(Monteiro Lobato)

Tópico frasal desenvolvido por confronto.

Trata-se de estabelecer um confronto entre duas ideias, dois fatos, dois seres,

seja por meio de contrastes das diferenças, seja do paralelo das semelhanças.

Veja o exemplo:

Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode

ilustrar o fato de que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns

poucos lances adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o

jogador não pode seguir seu plano sem considerar os contra-ataques do adversário, se não

será prontamente abatido.

O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem

adaptar sua forma de agir às respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanças da

situação geral, na medida em que se apresentam. (Bruno Betelheim, adaptado)

Tópico frasal desenvolvido por razões

No desenvolvimento apresentamos as razões, os motivos que comprovam o que

afirmamos no tópico frasal.

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As adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que isso acontece de

maneira tão generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase

simbólica, da experiência infantil de conquista da realidade.

Para uma criança, o mundo está cheio de objetos misteriosos, de

acontecimentos incompreensíveis, de figuras indecifráveis. A própria presença da criança

no mundo é, para ela, uma adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de experimentar de

modo desinteressado, por brincadeira, a emoção da procura da surpresa. (Gianni Rodari,

adaptado)

Tópico frasal desenvolvido por análise

É a divisão do todo em partes.

Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação:

informar, divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos

e comentários sobre a realidade. A segunda atende à procura de distração, de evasão, de

divertimento por parte do público. A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a

adquirir certo produto.

A quarta é realizada de modo intencional ou não, por meio de material que

contribui para a formação do indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos.

(Samuel P. Netto, adaptado)

Tópico frasal desenvolvido pela exemplificação

Consiste em esclarecer o que foi afirmado no tópico frasal por meio de

exemplos:

A imaginação utópica e inerente ao homem, sempre existiu e continuará

existindo. Sua presença é uma constante em diferentes momentos históricos: nas sociedades

primitivas, sob a forma de lendas e crenças que apontam para um lugar melhor; nas formas

do pensamento religioso que falam de um paraíso a alcançar; nas teorias de filósofos e

cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais justa, pedem-nos que

“sejamos realistas, exijamos o impossível”. (Teixeira Coelho, adaptado)

2. Funções da linguagem;

As funções da linguagem têm como objetivo essencial apontar o

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direcionamento da mensagem para um ou mais elementos do circuito da comunicação. O

funcionamento da mensagem ocorre tendo em vista a finalidade de transmitir.

Apresenta, portanto, funções da linguagem qualquer produção discursiva,

linguística (oral ou escrita) ou extralinguística (propaganda, fotografia, música, pintura,

cinema etc.).

Quando vamos elaborar uma redação, necessitamos estar conscientes de

que estamos escrevendo para alguém.

A redação (literária ou escolar) sempre apresenta alguém que escreve, que envia a

MENSAGEM, o EMISSOR, para alguém que a lê, o RECEPTOR. O elemento que passa

a emissão para a recepção é o CANAL, que é um suporte tísico (no caso da redação é o

papel). Qualquer problema com o canal impedirá que a mensagem chegue ao receptor;

neste caso, não haverá comunicação, mas um ruído”, um obstáculo a ela. Os fatos, os

objetos ou imagens, juízos ou raciocínios que o emissor utiliza (no nosso caso, a língua

portuguesa) constitui o CÓDIGO. O papel do código é de suma importância, pois emissor

e receptor devem possuir pleno conhecimento do código utilizado para que a comunicação

se realize, senão a comunicação será apenas parcial ou nula. Um código comum, uma

mensagem deverá abranger um CONTEXTO ou REFERENTE.

FUNÇÃO REFERENCIAL — a mais usada no dia-a-dia. Ela separa dois níveis de

linguagem, denotativo e conotativo. A linguagem conotativa ou “linguagem figurada”

empresta sua significação para dois campos diversos, uma espécie de transferência de

significado. Por exemplo: pé da cadeira” refere-se à semelhança entre o signo pé (campo

orgânico do ser humano] e o traço que compõe a sustentação da cadeira (campo dos objetos).

Assim, a linguagem “figura” o objeto que sustenta a cadeira, com base na similaridade do pé

humano e essa relação se dá entre signos. A linguagem denotativa ou “linguagem legível”

relaciona e aproxima mais diretamente o termo e o objeto. O pé do ser humano seria signo

denotativo.

A função referencial evidencia o assunto, o objeto, os fatos. É a linguagem da comunicação.

Refere-se a um contexto, ou seja, a uma informação sem se envolver com quem a produziu

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ou de quem a recebeu. É meramente informativa; não se preocupa com o estilo. É a

linguagem das redações escolares, principalmente das dissertações, das narrações não

fictícias e das descrições objetivas. Ela é usada também nos manuais técnicos, fichas

informativas, instruções para a instalação e funcionamento de aparelhos, explicações a res-

peito de aparelhos. Caracteriza o discurso científico, o jornalístico e a correspondência

comercial.

FUNÇÃO EMOTIVA — põe ênfase no emissor. A linguagem é subjetiva e expressa

diretamente emoções, atitudes, sensações, reflexões pessoais, a carga emocional. Na

Literatura, essa função predomina na poesia, prosa poética, depoimentos, autobiografias e

memórias, diários íntimos. Linguisticamente é representada por interjeições, adjetivos,

exclamações, reticências, agressão verbal (insultos, termos de calão).

Pertencem também à função emotiva as canções populares amorosas, as novelas e qualquer

expressão artística que deixe transparecer o estado emocional do emissor.

FUNÇÃO CONATIVA — é dirigida ao receptor buscando mobilizar sua atenção,

produzindo um apelo. A linguagem apresenta caráter persuasivo, sedutor, procura

aproximar-se do receptor (ouvinte, espectador, leitor), convencer, mudar seu comportamento.

Pode ser volitiva, revelando assim uma vontade ou é imperativa, que é a característica

fundamental da propaganda.

FUNÇÃO FÁTICA — sua característica principal é a de preparar a comunicação,

facilitando-a, dando eficiência no processo comunicativo. Apresenta excesso de reticências,

desejo de compreensão. Ela mantém a conexão entre os falantes.

FUNÇÃO POÉTICA — pode ocorrer num texto em prosa ou em verso, ou ainda na

fotografia, na música, no cinema, na pintura, enfim em qualquer modalidade discursiva que

apresente uma maneira especial de elaborar o código. Ela valoriza a comunicação pela forma

da mensagem, ela se preocupa com a estética do texto. A linguagem é criativa, afetiva,

recorre a figuras, ornatos, apresenta ritmo, sonoridade. Na Literatura, essa função não se

manifesta apenas na poesia, devemos considerar a prosa poética em suas várias manifesta-

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ções. Exemplo:

FUNÇÃO METALINGUÍSTICA — é centrada no código visando sua tradução. A

elaboração do discurso é de suma importância, seja ele linguístico (a escrita ou a oralidade)

ou extralinguístico (música, pintura, gestualidades etc.). É a mensagem que fala de sua

própria produção discursiva. A linguagem fala sobre a própria linguagem, como nos textos

explicativos, nas definições. Ela é encontrada nos dicionários, nas enciclopédias, gramáticas,

livros didáticos.

3. Contextualização; signo/significante/significado;

Contextualização

Significado: significa introduzir, inserir um certo tema no tempo e espaço.

Exemplo: TEMA: Resistência às novas tecnologias na educação.

Contextualização: Com o crescimento da tecnologia nos tempos de hoje, muitos tem certa

resistência na implantação desses recursos na Educação.

- Teoria da comunicação

Dílson Catarino

O homem, na comunicação, utiliza-se de sinais devidamente organizados, emitindo-os a

uma outra pessoa. A palavra falada, a palavra escrita, os desenhos, os sinais de trânsito são

alguns exemplos de comunicação, em que alguém transmite uma mensagem a outra pessoa.

Há, então, um emissor e um receptor da mensagem. A mensagem é emitida a partir de

diversos códigos de comunicação (palavras, gestos, desenhos, sinais de trânsito...).

Qualquer mensagem precisa de um meio transmissor, o qual chamamos de canal de

comunicação e refere-se a um contexto, a uma situação.

São, então, os seguintes elementos da comunicação:

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Emissor: o que emite a mensagem;

Receptor: o que recebe a mensagem;

Mensagem: o conjunto de informações transmitidas;

Código: a combinação de signos utilizados na transmissão de uma mensagem. A

comunicação só se concretizará, se o receptor souber decodificar a mensagem.

Canal de Comunicação: por onde a mensagem é transmitida: TV, rádio, jornal, revista,

cordas vocais, ar;

Contexto: a situação a que a mensagem se refere, também chamado de referente;

Na linguagem coloquial, ou seja, na linguagem do dia-a-dia, usamos as palavras

conforme as situações que nos são apresentadas. Por exemplo, quando alguém diz a frase

"Isso é um castelo de areia", pode estar atribuindo a ela sentido denotativo ou conotativo.

Denotativamente, significa "construção feita na areia da praia em forma de castelo";

conotativamente, significa "ocorrência incerta, sem solidez".

Temos, portanto, o seguinte:

Denotação: É o uso do signo em seu sentido real.

Conotação: É o uso do signo em sentido figurado, simbólico.

Para que seja cumprida a função social da linguagem no processo de comunicação, há

necessidade de que as palavras tenham um significado, ou seja, que cada palavra represente

um conceito. Essa combinação de conceito e palavra é chamada de signo. O signo

linguístico une um elemento concreto, material, perceptível (um som ou letras impressas)

chamado significante, a um elemento inteligível (o conceito) ou imagem mental, chamado

significado. Por exemplo, a "abóbora" é o significante - sozinha ela nada representa; com

os olhos, o nariz e a boca, ela passa a ter o significado do Dia das Bruxas, do Halloween.

Temos, portanto, o seguinte:

Signo = significante + significado.

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Significado = ideia ou conceito (inteligível)

A dicotomia entre significado e significante é importante porque aborda de modo

satisfatório o velho problema da relação entre as palavras e as coisas. Para Saussure, o

signo linguístico é arbitrário, pois o significante não busca necessariamente espelhar através

da nomenclatura e de seus elementos o significado. É arbitrário, por exemplo, que a palavra

mesa seja feminina e não masculina. Saussure cita onomatopeias como exemplos que

poderiam ser dados de aproximação entre o significante e o significado. Mas mesmo essas

são poucas e arbitrárias, pois pode-se conceber o mesmo som de formas diferentes, como

por exemplo a representação de um latido de cachorro na língua portuguesa (au-au) e na

alemão (wof, wof).

O significante é fonológico e tem uma materialidade física no momento em que

é pronunciado. Um significado é um conceito, é a ideia de definição envolvida na

representação expressa pelo significante. A palavra “lobo”, por exemplo, é significante do

conceito de “grande mamífero carnívoro que habita extensões vastas em regiões do

hemisfério norte”. O signo linguístico é a união do significante e do significado (SIGNO =

SIGNIFICANTE + SIGNIFICADO). Um sistema é um todo finito, fechado e ordenado,

que envolve uma disposição de elementos interdependentes, cada um ocupando uma função

e tendo atribuído um valor. A estrutura é o modo como o sistema se efetiva, de acordo com

suas coerências. Na estrutura linguística, o significante é importante, pois permite que

analisemos a língua em unidades menores e sequenciais. Um signo linguístico não é

necessariamente uma palavra. Saussure deixa isso claro, já que, por exemplo, o sufixo “o”

pode ser um signo, designando o masculino, e sendo empregado numa palavra como

“menino”.

4. Estrutura da frase: lógica das ideias;

Frase, período e oração:

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Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicação.

Expressa juízo, indica ação, estado ou fenômeno, transmite um apelo, ordem ou exterioriza

emoções.

Normalmente a frase é composta por dois termos - o sujeito e o predicado - mas

não obrigatoriamente, pois, em Português há orações ou frases sem sujeito: Há muito tempo

que não chove.

Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entoação, na língua

escrita, a entoação é reduzida a sinais de pontuação.

Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e nominais, feita a

partir de seus elementos constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu sentido

global:

frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma pergunta. / Que queres

fazer?

frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem ou faz um pedido. /

Dê-me uma mãozinha! - Faça-o sair!

frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo. / Que dia difícil!

frases declarativas: o emissor constata um fato. / Ele já chegou.

Quanto à estrutura da frase, as frases que possuem verbo são estruturadas por

dois elementos essenciais: sujeito e predicado.

O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em número e pessoa. É

o "ser de quem se declara algo", "o tema do que se vai comunicar".

O predicado é a parte da frase que contém "a informação nova para o ouvinte".

Ele se refere ao tema, constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.

Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o predicado verbal. Mas,

se o núcleo estiver num nome, teremos um predicado nominal.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião.

A existência é frágil.

A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (simples) quando encerra

um pensamento completo e vem limitada por ponto-final, ponto-de-interrogação,

ponto-de-exclamação e por reticências.

Um vulto cresce na escuridão. Clarissa se encolhe. É Vasco.

Acima temos três orações correspondentes a três períodos simples ou a três

frases.

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Mas, nem sempre oração é frase: "convém que te apresses" apresenta duas

orações, mas uma só frase, pois somente o conjunto das duas é que traduz um pensamento

completo.

Outra definição para oração é a frase ou membro de frase que se organiza ao

redor de um verbo. A oração possui sempre um verbo (ou locução verbal), que implica,

na existência de um predicado, ao qual pode ou não estar ligado um sujeito.

Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo. Dessa forma:

Rua!

Que é uma frase, não é uma oração.

Já em:

"Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar a noite do meu bem."

Temos uma frase e três orações: As duas últimas orações não são frases, pois

em si mesmas não satisfazem um propósito comunicativo; são, portanto, membros de frase.

Quanto ao período, ele denomina a frase constituída por uma ou mais orações,

formando um todo, com sentido completo. O período pode ser simples ou composto.

Período simples é aquele constituído por apenas uma oração, que recebe o

nome de oração absoluta.

Chove.

A existência é frágil.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião.

Quero uma linda rosa.

Período composto é aquele constituído por duas ou mais orações:

"Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver."

Cantei, dancei e depois dormi. (Fonte: pciconcursos)

COERÊNCIA E COESÃO

Coerência e coesão textuais são dois conceitos importantes para uma melhor

compreensão do texto e para a melhor escrita de trabalhos de redação de qualquer área.

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A coesão trata basicamente das articulações gramaticais existentes entre as

palavras, as orações e frases para garantir uma boa sequenciação de eventos. A coerência,

por sua vez, aborda a relação lógica entre ideias, situações ou acontecimentos, apoiando-se,

por vezes, em mecanismos formais, de natureza gramatical ou lexical, e no conhecimento

compartilhado entre os usuários da língua.

Pode-se dizer que o conceito de coerência está ligado ao conteúdo, ou seja, está no sentido

constituído pelo leitor.

Definição Específica

Coesão - É a conexão, ligação, harmonia entre os elementos de um texto. Percebemos tal

definição quando lemos um texto e verificamos que as palavras, as frases e os parágrafos

estão entrelaçados, um dando continuidade ao outro.

Coerência - A coerência textual é a relação lógica entre as ideias, pois essas devem se

complementar é o resultado da não contradição entre as partes do texto. Pronomes - todos

os tipos de pronomes podem funcionar como recurso de referência a termos ou expressões

anteriormente empregados. Para o emprego adequado, convém rever os princípios que

regem o uso dos pronomes.

Ex.: Vitaminas fazem bem à saúde, mas não devemos tomá-las sem a devida orientação. / A

instituição é uma das mais famosas da localidade. Seus funcionários trabalham lá há anos e

conhecem bem sua estrutura de funcionamento. / A mãe amava o filho e a filha, queria

muito tanto a um quanto à outra. Seria a receita de bolo.

Objeto do discurso

Para garantir a coerência de um texto é preciso identificar o objeto do discurso.

"A Coesão é a manifestação linguística da coerência, que advém da maneira

como os conceitos e relações subjacentes são expressos na superfície textual. Responsável

pela unidade formal do texto, a coesão constrói-se através de mecanismos gramaticais

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(pronomes anafóricos, artigos, elipse, concordância, correlação entre os tempos verbais e

conjunções) e lexicais." (COSTA VAL)

Pode-se dizer portanto, que o conceito de coesão está ligado aos elementos

constituintes do texto.

A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante de uma língua,

quando não se encontra nenhum sentido lógico entre as proposições de um enunciado oral

ou escrito. É a competência linguística, tomada em sentido lato, que permite a esse falante

reconhecer de imediato a coerência de um discurso. A competência linguística combina-se

com a competência textual para possibilitar certas operações simples ou complexas da

escrita literária ou não literária: um resumo, uma paráfrase, uma dissertação a partir de um

tema dado, um comentário a um texto literário, etc.

Coerência e coesão são fenômenos distintos porque podem ocorrer numa

sequência coesiva de fatos isolados que, combinados entre si, não têm condições para

formar um texto. A coesão não é uma condição necessária e suficiente para constituir um

texto. No exemplo:

A Joana não estuda nesta Escola.

Priscila quer ser jornalista, e, não, cantora.

Ela não sabe qual é a Escola mais antiga da cidade.

Esta Escola tem um jardim.

A Escola não tem laboratório de línguas.

O termo lexical "Escola" é comum a quase todas as frases e o nome "Joana"

está pronominalizado, contudo, tal não é suficiente para formar um texto, uma vez que não

possuímos as relações de sentido que unificam a sequência, apesar da coesão individual das

frases encadeadas (mas divorciadas semanticamente).

COERÊNCIA E COESÃO

1. Coerência:

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Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar, convencer,

discordar, ordenar, ou seja, o texto é uma unidade de significado produzida sempre com

uma determinada intenção. Assim como a frase não é uma simples sucessão de palavras, o

texto também não é uma simples sucessão de frases, mas um todo organizado capaz de

estabelecer contato com nossos interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso ocorre,

temos um texto em que há coerência.

A coerência é resultante da não-contradição entre os diversos segmentos

textuais que devem estar encadeados logicamente. Cada segmento textual é pressuposto do

segmento seguinte, que por sua vez será pressuposto para o que lhe estender, formando

assim uma cadeia em que todos eles estejam concatenados harmonicamente. Quando há

quebra nessa concatenação, ou quando um segmento atual está em contradição com um

anterior, perde-se a coerência textual.

A coerência é também resultante da adequação do que se diz ao contexto

extraverbal, ou seja, àquilo o que o texto faz referência, que precisa ser conhecido pelo

receptor.

Ao ler uma frase como "No verão passado, quando estivemos na capital do

Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar",

percebemos que ela é incoerente em decorrência da incompatibilidade entre um

conhecimento prévio que temos da realizada com o que se relata. Sabemos que,

considerando uma realidade "normal", em Fortaleza não neva (ainda mais no verão!).

Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantástica, o exemplo acima

poderia fazer sentido, dando coerência ao texto - nesse caso, o contexto seria a

"anormalidade" e prevaleceria a coerência interna da narrativa.

No caso de apresentar uma inadequação entre o que informa e a realidade

"normal" pré-conhecida, para guardar a coerência o texto deve apresentar elementos

linguísticos instruindo o receptor acerca dessa anormalidade.

Uma afirmação como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu do décimo

andar e não sofreu nenhum arranhão." é coerente, na medida que a frase inicial ("Foi um

verdadeiro milagre") instrui o leitor para a anormalidade do fato narrado.

2. Coesão:

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A redação deve primar, como se sabe, pela clareza, objetividade, coerência

e coesão. E a coesão, como o próprio nome diz (coeso significa ligado), é a propriedade

que os elementos textuais têm de estar interligados. De um fazer referência ao outro. Do

sentido de um depender da relação com o outro. Preste atenção a este texto, observando

como as palavras se comunicam, como dependem uma das outras.

São Paulo: Oito pessoas morrem em queda de avião

Das Agências

Cinco passageiros de uma mesma família, de Maringá, dois tripulantes e uma

mulher que viu o avião cair morreram.

Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e dois

tripulantes, além de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda de um avião (1)

bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de Maringá (PR). O avião (1)

prefixo PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim

Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por volta das 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda

atingiu mais três residências.

Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi

candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reportagem nesta página); o

piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior,

de 38; o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos

Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela

(6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos.

Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores

compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios

do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). Isidoro Andrade (7) havia

alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São

Paulo assistir ao velório do filho (7) Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8)

morreu ao reagir a um assalto e ser baleado na noite de sexta-feira.

O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aeroporto de

Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às 21h20 e, minutos

depois, caiu na altura do número 375 da Rua Andaquara, uma espécie de vila fechada,

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próxima à avenida Nossa Senhora do Sabará, uma das avenidas mais movimentadas da

Zona Sul de São Paulo. Ainda não se conhece as causas do acidente (2). O avião (1) não

tinha caixa preta e a torre de controle também não tem informações. O laudo técnico

demora no mínimo 60 dias para ser concluído.

Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de cair em cima

de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1)

ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e

queimaduras. Elídia Fiorezzi, de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram

socorridos no Pronto Socorro de Santa Cecília.

Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avião envolvido no

acidente. Ele foi retomado nove vezes durante o texto. Isso é necessário à clareza e à

compreensão do texto. A memória do leitor deve ser reavivada a cada instante. Se, por

exemplo, o avião fosse citado uma vez no primeiro parágrafo e fosse retomado somente

uma vez, no último, talvez a clareza da matéria fosse comprometida.

E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar alguns

mecanismos:

a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o texto. Pode

perceber que a palavra avião foi bastante usada, principalmente por ele ter sido o veículo

envolvido no acidente, que é a notícia propriamente dita. A repetição é um dos principais

elementos de coesão do texto jornalístico fatual, que, por sua natureza, deve dispensar

a releitura por parte do receptor (o leitor, no caso). A repetição pode ser considerada a

mais explícita ferramenta de coesão. Na dissertação cobrada pelos vestibulares, obviamente

deve ser usada com parcimônia, uma vez que um número elevado de repetições pode levar

o leitor à exaustão.

b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repetição parcial é o

mais comum mecanismo coesivo do texto jornalístico. Costuma-se, uma vez citado o nome

completo de um entrevistado - ou da vítima de um acidente, como se observa com o

elemento (7), na última linha do segundo parágrafo e na primeira linha do terceiro -,

repetir somente o(s) seu(s) sobrenome(s). Quando os nomes em questão são de celebridades

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(políticos, artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar a nominalização por

meio da qual são conhecidas pelo público. Exemplos: Nedson (para o prefeito de Londrina,

Nedson Micheletti); Farage (para o candidato à prefeitura de Londrina em 2000 Farage

Khouri); etc. Nomes femininos costumam ser retomados pelo primeiro nome, a não ser nos

casos em que o sobrenomes sejam, no contexto da matéria, mais relevantes e as

identifiquem com mais propriedade.

Importantíssimo: observe como o autor do texto pontuou o texto negritado logo acima.

Veja como ele utilizou o travessão para incluir uma informação que era de seu

conhecimento, para exemplificar ou complementar o que ele já havia dito anteriormente.

Veja também que ele conclui o texto com travessão e vírgula: essa pontuação deve ser

observada atentamente porque você pode se deparar com ela tanto numa questão objetiva

como discursiva, no caso da redação por exemplo, quando o número de vírgulas venha

confundir o leitor de seu texto. Assim, é recomendado utilizar o travessão ou os parênteses.

Sempre precisamos deixar nosso texto o mais limpo possível para obedecer o princípio da

clareza, elemento importante para o bom entendimento deste.

c) ELIPSE: é a omissão de um termo (omissão de um termo que já foi citado no texto

anteriormente) que pode ser facilmente deduzido pelo contexto da matéria. Veja-se o

seguinte exemplo: Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos,

que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) José Traspadini

(4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. Perceba que não

foi necessário repetir-se a palavra avião logo após as palavras piloto e co-piloto. Numa

matéria que trata de um acidente de avião, obviamente o piloto será de aviões; o leitor não

poderia pensar que se tratasse de um piloto de automóveis, por exemplo. No último

parágrafo ocorre outro exemplo de elipse: Três pessoas (10) que estavam nas casas (9)

atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10)

Apenas escoriações e queimaduras. Note que o (10) em negrito, antes de Apenas, é uma

omissão de um elemento já citado: Três pessoas. Na verdade, foi omitido, ainda, o verbo:

(As três pessoas sofreram) Apenas escoriações e queimaduras.

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d) ZEUGMA: é a omissão de um elemento que não foi citado no texto anteriormente.

Você subentende que ele exista por inferência textual, ou seja, a existência do elemento é

observado por dedução e não por omissão por ele já existir no texto

. Exemplo de zeugma: João acordou sóbrio esta manhã. Ninguém disse que João tem

por hábito embriagar-se, entretanto, o leitor subentende que ele costuma ingerir bebida com

álcool.

e) SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um elemento já

citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencionado é a substituição, que é o

mecanismo pelo qual se usa uma palavra (ou grupo de palavras) no lugar de outra palavra

(ou grupo de palavras).

CONFIRA OS PRINCIPAIS ELEMENTOS DE SUBSTITUIÇÃO

Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir ou

acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a ideia contida em

um parágrafo ou no texto todo. Na matéria-exemplo, são nítidos alguns casos de

substituição pronominal: o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de

57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de

31; e o marido dela (6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo

seus retoma Name Júnior (os filhos de Name Júnior...); o pronome pessoal ela, contraído

com a preposição de na forma dela, retoma Gabriela Gimenes Ribeiro (e o marido de

Gabriela...). No último parágrafo, o pronome pessoal elas retoma as três pessoas que

estavam nas casas atingidas pelo avião: Elas (10) não sofreram ferimentos graves.

Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo que se

referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa qualificação pode ser conhecida ou

não pelo leitor. Caso não seja, deve ser introduzida de modo que fique fácil a sua relação

com o elemento qualificado.

Exemplos:

a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O presidente,

que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um certificado... (o epíteto presidente

retoma Fernando Henrique Cardoso; poder-se-ia usar, como exemplo, sociólogo);

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b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. Para o

ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-Ministro dos Esportes retoma Edson

Arantes do Nascimento; poder-se-iam, por exemplo, usar as formas jogador do século,

número um do mundo, etc.

Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido (ou muito

parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prédio foi demolido às 15h.

Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do edifício, para conferir o espetáculo (edifício

retoma prédio. Ambos são sinônimos).

Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação expressa por eles.

Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já utilizados. Exemplos: Uma fila de

centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis, como sinal de protesto

contra os aumentos dos impostos. A paralisação foi a maneira encontrada... (paralisação,

que deriva de paralisar, retoma a ação de centenas de veículos de paralisar o trânsito

da Avenida Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três residências (o nome

impacto retoma e resume o acidente de avião noticiado na matéria-exemplo)

Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um elemento

(palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não por meio de uma classe ou categoria a

que esse elemento pertença: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da

Avenida Higienópolis. O protesto foi a maneira encontrada... (protesto retoma toda a ideia

anterior - da paralisação -, categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram

encontrados ao lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos enfrentaram a reação dos

animais (animais retoma cães, indicando uma das possíveis classificações que se podem

atribuir a eles).

Veja novamente a pontuação acima “- da paralisação -,” utilizada para citar,

enumerar, exemplificar. Não faça uma leitura ingênua do tipo ler por ler. Leia sempre

observando as palavras, como elas são postas nas frases, nas orações. Observe a pontuação

e porque foi usada. Só assim você se tornará um leitor autônomo.

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Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as de lugar:

Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não aderiram... (o advérbio de lugar

lá retoma São Paulo). Exemplos de advérbios que comumente funcionam como elementos

referenciais, isto é, como elementos que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá,

etc.

Observação: É mais frequente a referência a elementos já citados no texto. Porém, é muito

comum a utilização de palavras e expressões que se refiram a elementos que ainda serão

utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores

compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios

do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). A palavra região serve como

elemento classificador de Sul (A palavra Sul indica uma região do país), que só é citada na

linha seguinte.

Conexão:

Além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na coesão a

propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos, que são representados, na

Gramática, por inúmeras palavras e expressões. A escolha errada desses conectivos pode

ocasionar a deturpação do sentido do texto.

Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos, agrupados pelo

sentido. Baseamo-nos no autor Othon Moacyr Garcia (Comunicação em Prosa Moderna).

a) Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes de tudo, em

princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente,

sobretudo, a priori (itálico), a posteriori (itálico).

b) Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade): então,

enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, no momento em que,

pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim,

finalmente agora atualmente, hoje, frequentemente, constantemente às vezes,

eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo,

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simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes

que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez

que, apenas, já, mal, nem bem.

c) Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma forma, assim

também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de

maneira idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo

ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como.

d) Condição, hipótese: se, caso, eventualmente, quando.

e) Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda mais, ainda

cima, por outro lado, também, e, nem, não só ... mas também, não só... como também, não

apenas ... como também, não só ... bem como, com, ou (quando não for excludente).

f) Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é

certo, se é que.

g) Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente,

inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.

h) Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito, subitamente,

de repente, imprevistamente, surpreendentemente.

i) Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só para exemplificar, isto

é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber, ou seja, aliás.

j) Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o propósito de, com a

finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para.

k) Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro,

fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela,

aquilo, ante, a.

l) Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em

resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse modo, logo, pois (entre

vírgulas), destarte, assim sendo.

m) Causa e consequência. Explicação: por consequência, por conseguinte, como

resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com efeito, tão (tanto,

tamanho) ... que, porque, porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque),

portanto, logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que, haja vista.

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n) Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo,

exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que,

mesmo que, posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, só que,

ao passo que.

o) Ideias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora.

PERÍFRASE

Recurso verbal que consiste em exprimir em mais palavras o que poderia ser

dito em poucas. Permite conhecer um objeto por suas qualidades ou usos e não pelo seu

próprio nome. Serve para variar a expressão, sublinhar a harmonia da frase, encobrir

alusões vulgares ou suavizar ideias desagradáveis. Também conhecido como

circunlóquio.

Exemplo:

em vez de dizer:

João bateu as botas (morreu), diga, João passou desta para melhor;

João é um ladrão, diga, João dilapidou o erário público

LÉXICO E COESÃO

A escolha lexical está relacionada à estruturação de textos. Um texto é um

“tecido” de ideias, isto é, uma rede de ideias: a uma anterior é preciso somar uma nova (que

a explica, que se opõe a ela, que mostra uma consequência, etc.); a uma ideia expressa é

preciso acrescentar mais informações; ou seja, o conjunto de informações precisa

“caminhar” e ter uma relação tal, que o texto seja manifestação de um raciocínio (de uma

sequência de ideias). Para o leitor, devem estar claros os “laços” que se estabelecem entre o

que se diz “antes” e o que se diz “depois”. Da primeira frase à última, deve haver um

encadeamento, uma coesão tal que se perceba o desenvolvimento das ideias. A coesão (a

“amarração” entre as ideias) é fruto, entre outras características (escolha de conectivos,

advérbios, pronomes, elipse, zeugma), da escolha vocabular. Optar por um sinônimo, por

uma palavra de sentido mais ou menos abrangente, optar por um antônimo, fazer referência

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a uma ideia por meio de uma metáfora são recursos de que o falante pode lançar mão para

obter coesão textual.

SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

A busca por uma caracterização ou definição melhor, o desejo de evitar

repetições conduzem muitas vezes à escolha de sinônimos e antônimos. Ou seja, palavras

de sentido próximo ou de sentido oposto são uma forma de retomar o que já foi dito. Tais

empregos, no entanto, se feitos com atenção, não representam mera substituição, mas um

acréscimo de informação ao leitor.

PARÁFRASE

Um texto é um conjunto de ideias organizado e coerente. Existem dois tipos

básicos de núcleo textual: o tema e a figuração. Esses núcleos, em suas diferenças, serão

estudados mais a fundo em outro momento. O importante agora é procurarmos

compreender que os dois tipos mencionados necessitam igualmente de uma estrutura

ordenada que permita a compreensão do leitor (sem o que, a comunicação não se

estabelece).

A melhor forma de testarmos nossa capacidade de conhecer o funcionamento

de uma estrutura textual e reproduzir sua organização é fazendo uma paráfrase. Paráfrase

é um texto feito a partir das ideias de outro texto, mantendo sua essência, mas

utilizando outras palavras. Para fazer uma paráfrase, é preciso entender todas as ideias

que o autor do texto original quis transmitir, em todos os seus detalhes. Veja um exemplo

de paráfrase de apenas uma sentença:

"Todas as pessoas, em todos os países, adoram ter momentos de lazer."

Paráfrase: Todo o mundo gosta demais de desfrutar dos períodos de descanso.

PARÓDIA

A paródia é a recriação de um texto, geralmente célebre, conhecido, uma

reescritura de caráter contestador, irônico, zombeteiro, crítico, satírico, humorístico, jocoso.

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A paródia constrói, assim, um percurso de desvio em relação ao texto parodiado, numa

espécie de insubordinação crítica, cômica.

Texto-Base: No Meio do Caminho

Carlos Drummond de Andrade

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas

Nunca me esquecerei desse acontecimento

que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no

meio do caminho

no meio do caminho

tinha uma pedra

Paródia No Meio do Caminho

Deise Konhardt Ribeeiro

No meio do caminho tinha um fuquinha

tinha um fuquinha no meio do caminho

tinha um fuquinha

no meio do caminho tinha um fuquinha.

Nunca me esquecerei desse acontecimento

na ida de minhas noitadas tão agitadas.

Nunca me esquecerei

que no meio do caminho

tinha um fuquinha

tinha um fuquinha no

meio do caminho

no meio do caminho

tinha um fuquinha.

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Um texto pode trazer informações implícitas ou explícitas. É preciso que o

leitor seja capaz de entender uma linguagem explícita e também implícita para uma boa

leitura.

SIGNIFICADO IMPLÍCITO E EXPLÍCITO

Observe a seguinte frase:

Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas.

Nela, o falante transmite duas informações de maneira explícita:

a) que ele frequentou um curso superior;

b) que ele aprendeu algumas coisas.

Ao ligar essas duas informações com um “mas” comunica também de modo

implícito sua crítica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa a transmitir a ideia de

que nas faculdades não se aprende nada.

Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que

ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das informações explicitamente

enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas. Para realizar uma

leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos.

Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso contrário,

ele pode passar por cima de significados importantes e decisivos ou — o que é pior — pode

concordar com coisas que rejeitaria se as percebesse.

Não é preciso dizer que alguns tipos de texto exploram, com malícia e com

intenções falaciosas, esses aspectos subentendidos e pressupostos.

Que são pressupostos? São aquelas ideias não expressas de maneira explícita,

mas que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou expressões contidas na frase.

Assim, quando se diz “O tempo continua chuvoso”, comunica-se de maneira

explícita que no momento da fala o tempo é de chuva, mas, ao mesmo tempo, o verbo

“continuar” deixa perceber a informação implícita de que antes o tempo já estava chuvoso.

Na frase “Pedro deixou de fumar” diz-se explicitamente que, no momento da

fala, Pedro não fuma. O verbo “deixar”, todavia, transmite a informação implícita de que

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Pedro fumava antes.

A informação explícita pode ser questionada pelo ouvinte, que pode ou não

concordar com ela. Os pressupostos, no entanto, têm que ser verdadeiros ou pelo

menos admitidos como verdadeiros, porque é a partir deles que se constroem as

informações explícitas. Se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem

cabimento. No exemplo acima, se Pedro não fumava antes, não tem cabimento afirmar que

ele deixou de fumar.

Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante detectar os

pressupostos, pois seu uso é um dos recursos argumentativos utilizados com vistas a levar o

ouvinte ou o leitor a aceitar o que está sendo comunicado. Ao introduzir uma ideia sob a

forma de pressuposto, o falante transforma o ou vinte em cúmplice, urna vez que essa

ideia não é posta em discussão e todos os argumentos subsequentes só contribuem para

confirmá-la.

Por isso pode-se dizer que o pressuposto aprisiona o ouvinte ao sistema de

pensamento montado pelo falante.

A demonstração disso pode ser encontrada em muitas dessas “verdades”

incontestáveis postas como base de muitas alegações do discurso político.

Tomemos como exemplo a seguinte frase:

É preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de um ataque soviético.

O conteúdo explícito afirma:

— a necessidade da construção de mísseis,

— com a finalidade de defesa contra o ataque soviético.

O pressuposto, isto é, o dado que não se põe em discussão é: os soviéticos

pretendem atacar o Ocidente.

Os argumentos contra o que foi informado explicitamente nessa frase podem

ser:

— os mísseis não são eficientes para conter o ataque soviético;

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— uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os soviéticos;

— a negociação com os soviéticos é o único meio de dissuadi-los de um ataque ao

Ocidente.

Como se pode notar, os argumentos são contrários ao que está dito

explicitamente, mas todos eles confirmam o pressuposto, isto é, todos os argumentos

aceitam que os soviéticos pretendem atacar o Ocidente.

A aceitação do pressuposto é o que permite levar à frente o debate. Se o ouvinte

disser que os soviéticos não têm intenção nenhuma de atacar o Ocidente, estará negando o

pressuposto lançado pelo falante e então a possibilidade de diálogo fica comprometida irre-

paravelmente. Qualquer argumento entre os citados não teria nenhuma razão de ser. Isso

quer dizer que, com pressupostos distintos, não é possível o diálogo ou não tem ele sentido

algum. Pode-se contornar esse problema tornando os pressupostos afirmações explícitas,

que então podem ser discutidas.

Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de vários indicadores

linguísticos, como, por exemplo:

a) certos advérbios

Os resultados da pesquisa ainda não chegaram até nós.

Pressuposto: Os resultados já deviam ter chegado.

ou

Os resultados vão chegar mais tarde.

b) certos verbos

O caso do contrabando tornou-se público.

Pressuposto: O caso não era público antes.

c) as orações adjetivas

Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não pensam no povo.

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Pressuposto: Todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais. Mas a mesma frase

poderia ser redigida assim:

Os candidatos a prefeito que só querem defender seus interesses não pensam no povo.

No caso, o pressuposto seria outro: Nem todos os candidatos a prefeito têm

interesses individuais.

No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restritiva. As

explicativas pressupõem que o que elas expressam refere-se a todos os elementos de um

dado conjunto; as restritivas, que o que elas dizem concerne a parte dos elementos de um

dado conjunto.

d) os adjetivos

Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil.

Pressuposto: Existem partidos radicais no Brasil.

Os subentendidos

Os subentendidos são as insinuações escondidas por trás de uma afirmação.

Quando um transeunte com o cigarro na mão pergunta: Você tem fogo?, acharia muito

estranho se você dissesse: Tenho e não lhe acendesse o cigarro. Na verdade, por trás da

pergunta subentende-se: Acenda-me o cigarro por favor.

O subentendido difere do pressuposto num aspecto importante: 1) o

pressuposto é um dado posto como indiscutível para o falante e para o ouvinte, não é para

ser contestado; 2) o subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao

subentender, esconde-se por trás do sentido literal das palavras e pode dizer que não estava

querendo dizer o que o ouvinte depreendeu.

O subentendido, muitas vezes, serve para o falante proteger-se diante de

uma informação que quer transmitir para o ouvinte sem se comprometer com ela.

Para entender esse processo de descomprometimento que ocorre com a

manipulação dos subentendidos, imaginemos a seguinte situação: um funcionário público

do partido de oposição lamenta, diante dos colegas reunidos em assembleia, que um colega

de seção, do partido do governo, além de ter sido agraciado com uma promoção, conseguiu

um empréstimo muito favorável do banco estadual, ao passo que ele, com mais tempo de

serviço, continuava no mesmo posto e não conseguia o empréstimo solicitado muito antes

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que o referido colega.

Mais tarde, tendo sido acusado de estar denunciando favoritismo do governo

para com os seus adeptos, o funcionário reclamante defende-se prontamente, alegando não

ter falado em favoritismo e que isso era dedução de quem ouvira o seu discurso.

Na verdade, ele não falou em favoritismo mas deu a entender, deixou

subentendido para não se comprometer com o que disse. Fez a denúncia sem denunciar

explicitamente. A frase sugere, mas não diz.

A distinção entre pressupostos e subentendidos em certos casos é bastante

sutil. Não vamos aqui ocupar-nos dessas sutilezas, mas explorar esses conceitos como

instrumentos úteis para uma compreensão mais eficiente do texto.

Inferência

A inferência é um processo cognitivo relevante nesta abordagem de leitura

discursiva, porque o processo inferencial possibilita construir novos conhecimentos, a partir

daqueles existentes na memória do leitor, os quais são ativados e relacionados às

informações materializadas no texto.

Assim, na aula de língua estrangeira moderna será possível fazer discussões

orais sobre sua compreensão, bem como produzir textos orais, escritos e/ou visuais a partir

do texto lido, integrando todas as práticas discursivas neste processo.

Significante versus Significado

Para entender esse par de conceitos, devemos levar em conta que o signo

linguístico é constituído por duas partes distintas, embora uma não exista separada da outra.

Esse signo divide-se numa parte perceptível, constituída de sons, que podem ser

representados por letras, e numa parte inteligível, constituída de um conceito.

A parte perceptível do signo denomina-se significante ou plano de expressão; a

parte inteligível, o conceito, denomina-se significado ou plano de conteúdo.

Quando ouvimos, por exemplo, árvore, percebemos uma combinação de sons (o

significante) que associamos imediatamente a um conceito (o significado).

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Polissemia

Numa língua qualquer, é muito comum ocorrer que um plano de expressão (um

significante) seja suporte para mais de um plano de conteúdo (significado), ou seja, que um

mesmo termo tenha vários significados.

Tomemos, por exemplo, na nossa língua, o signo linha: a esse significante se

associam vários significados, que os dicionários registram.

Com efeito, linha pode evocar os conceitos de:

a) material próprio para costurar ou bordar tecidos;

b) os vários atacantes de um time de futebol;

c) os trilhos de um trem ou bonde;

d) uma certa conduta de um indivíduo, postura; e outros significados.

Quando um único significante remete a vários significados, dizemos que ocorre

a polissemia.

Significação contextual

Acabamos de dizer que é muito comum um único significante evocar vários

significados e que, nesse caso, ocorre a polissemia. Mas isso não chega a constituir

problema para a clareza e objetividade da comunicação porque a polissemia, em geral, fica

neutralizada pelo contexto.

Por contexto, entendemos uma unidade linguística de âmbito maior, na qual se

insere outra unidade de âmbito menor. Dessa forma, a palavra (unidade menor) se insere no

contexto da frase (unidade maior); a frase se insere no contexto do período; o período se

insere no contexto do parágrafo e assim por diante.

Uma vez inserida no contexto, a palavra perde o seu caráter polissêmico, isto é,

deixa de admitir vários significados e ganha um significado especifico no contexto. É o

significado definido pelo contexto que se denomina significado contextual.

Inserindo a palavra linha, de que acabamos de falar, num contexto, ela assumirá

um significado apenas e por isso deixará de ser polissêmica.

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Observem-se os exemplos:

a) A costureira, de tão velha, não conseguia mais enfiar a linha na agulha (linha =

material para costurar).

b) O técnico deslocou o jogador da linha para a defesa (linha = conjunto de atacantes

de um time de futebol).

c) As linhas do bonde foram cobertas pelo asfalto (linha trilho).

d) O conferencista, apesar da agressividade da plateia, não perdeu a linha (linha

postura).

Para a compreensão de um texto, a depreensão do significado contextual é um

dado bastante importante, sobretudo quando se trata de um texto de caráter literário. Como

se sabe, no discurso literário, é bastante comum explorar as múltiplas possibilidades de

significado de uma palavra. Mas, num texto, tudo deve ser amarrado e coerente. A

coerência do texto permite que se capte o sentido que as palavras assumem no contexto.

Denotação versus Conotação

A relação existente entre o plano da expressão e o plano de conteúdo configura

aquilo que chamamos de denotação. Desse modo, significado denotativo é aquele conceito

que um certo significante evoca no receptor. Em outras palavras, é o conceito ao qual nos

remete um certo significante.

Os dicionários descrevem geralmente os vários conceitos que as palavras

denotam: quando alguém procura no dicionário o significado de uma palavra, está querendo

saber o que é que ela denota ou que tipo de significado está investido num certo

significante. O dicionário nos diz que:

— bacteriose denota doenças causadas por bactérias.

— báculo denota um bastão, um cajado que os bispos usam em cerimônias religiosas.

— fosco denota insucesso, mau êxito.

Um termo ou uma palavra, além do seu significado denotativo, pode vir

acrescido de outros significados paralelos, pode vir carregado de impressões, valores

afetivos, negativos e positivos. Assim, sobre o signo linguístico, dotado de um plano de

expressão e um plano de conteúdo, pode-se construir outro plano de conteúdo constituído

de valores sociais, de impressões ou reações psíquicas que um signo desperta. Esses valores

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sobrepostos ao signo constituem aquilo que denominamos de sentido conotativo e esse

acréscimo de um novo conteúdo constitui a conotação. Assim, “cair do cavalo” tem um

sentido denotativo: “sofrer uma queda de um cavalo”, A essa expressão, acrescenta-se outro

conteúdo, e “cair do cavalo” passa a conotar “dar-se mal”, “sofrer uma decepção”.

Em síntese, toda palavra possui um significado denotativo, já que em toda

palavra se pressupõem reciprocamente dois planos:

Plano de conteúdo (significado)

Plano de expressão (significante)

Sobreposto ao significado denotativo implanta-se o significado conotativo, que

consiste num novo plano de conteúdo investido no signo como um todo.

Duas palavras podem ter a mesma denotação e conotação completamente

diversa, e essa propriedade pode servir para deixar clara a diferença entre essas duas

dimensões do signo linguístico que estamos tentando explicar. Citemos, por exemplo, as

palavras docente, professor e instrutor, que denotam praticamente a mesma coisa: alguém

que instrui alguém; as três palavras são, entretanto, carregadas de conteúdos conotativos

diversos, sobretudo no que diz respeito ao prestígio e ao grau de respeitabilidade que cada

um desperta. Assim também policial e meganha têm a mesma denotação e conotações fran-

camente distintas.

O sentido conotativo varia de cultura para cultura, de classe social para classe

social, de época para época. A palavra filósofo entre os gregos tinha uma carga conotativa

muito mais prestigiosa que entre nós. Saber depreender a força conotativa das palavras em

cada tipo de cultura é indispensável para usá-las bem. Imagine-se, num restaurante, o

freguês chamar o garçom e devolver a carne alegando que ela está fedendo. Se disser

cheirando mal em vez de fedendo, mantém a denotação e evita o impacto conotativo

grosseiro do verbo feder.

4 - DIREITO CONSTITUCIONAL

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Título II

Dos Direitos e Garantias Fundamentais Capítulo I

Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se

aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à

liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta

Constituição;

A igualdade entre as pessoas é um dos direitos e garantias fundamentais. Esse

direito entre homens e mulheres abrange: o direito da proteção do trabalho da mulher; o

direito a igualdade de salários entre mulheres e homens e outros.

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em

virtude de lei;

Para evitar abuso de autoridade entre patrões e empregados, ou entre políticos e

eleitores a Constituição Federal proibiu o abuso de poder. Por isso, o direito administrativo

diz o seguinte para os funcionários públicos: o servidor público só pode fazer o que a lei

manda, isso porque suas ações devem pautar-se na lei e porque os seus atos são atos

praticados pelo Estado (Nação).

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

O crime de tortura é um crime inafiançável. O tratamento desumano ou degradante

também ganhou destaque especial na CF de 1988 para combater o trabalho escravo ou

análogo ao escravo; e também combater as prisões ilegais, bem como a degradação dos

presos nas prisões brasileiras.

Abaixo vou destacar bem os crimes e as penalidades cabíveis a eles para você não se

esquecer

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena

de reclusão, nos termos da lei;

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a

prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os

definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os

que, podendo evitá-los, se omitirem;

Os 3 T + os crimes hediondos são os crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou

anistia:

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Tortura;

Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins;

Terrorismo;

+

Crimes hediondos

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou

militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

Para memorizar:

1. Crimes Inafiançáveis (são aqueles que não cabem pagamento de fiança/dinheiro

para responder ao processo em liberdade:

a) Racismo;

b) Tortura;

c) Tráfico Ilícito de Entorpecentes e drogas afins;

d) Terrorismo;

e) Crimes Hediondos;

f) Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado

Democrático

2. Crimes Imprescritíveis (que nunca prescrevem, ou seja, a qualquer tempo pode ser

condenado a pessoa que cometeu tal crime):

a) Racismo;

b) Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado

Democrático;

3. Crimes Insuscetíveis de Graça ou Anistia (são aqueles que não recebem do

presidente da república ou dos parlamentares Federais nenhum tipo de perdão):

a) Tortura;

b) Tráfico Ilícito de Entorpecentes e drogas afins;

c) Terrorismo;

d) Crimes Hediondos;

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IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

A Constituição Federal de 1988 deixou claro que o cidadão brasileiro pode pensar e

expor o seu pensamento, entretanto, ele é responsabilizado pelo que falar, ou seja, é vedado

o anonimato. Assim, se ele falar algo que fira a dignidade ou a imagem da pessoa,

expondo-a ao ridículo, ele poderá ser obrigado a se retratar e pagar indenização por danos

materiais, morais e à imagem.

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por

dano material, moral ou à imagem;

Quando alguém tem expostos a sua imagem e moral, ele pode pedir indenização e

também pode requerer junto aos meios de comunicação o direito de resposta na mesma

proporção e horário em que foi ofendido. Assim, se a reportagem que denigriu a imagem do

cidadão na tv foi no horário nobre, cabe a ela se desculpar no mesmo horário da publicação

da reportagem.

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre

exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto

e a suas liturgias;

Todos têm direito de acreditar no que quiser, ler a literatura que bem entender,

respeitando os direitos do outro e dos menores de idade; também o direito de crença é um

direito inalienável ao cidadão brasileiro. Por isso, o Estado brasileiro não pode interferir a

favor ou contra os atos e cultos das entidades religiosas, e também não pode financiá-las.

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades

civis e militares de internação coletiva;

A prestação da assistência religiosa é assegurada aos cidadãos brasileiros nos

hospitais civis e militares de internação coletiva.

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção

filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos

imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Um exemplo claro desse inciso, é o direito das pessoas que guardam o sábado.

Quando vão fazer vestibular ou concurso aos sábados, elas têm direito de fazê-los depois

das 18:00. O cidadão brasileiro que vai prestar serviço militar pode pedir dispensa se ele

alegar que sua crença religiosa é contrária a guerra. Entretanto, ele não pode se eximir de

cumprir decisão judicial de prestar serviços gratuitos à comunidade, quando advir de pena

por infração à lei.

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,

independentemente de censura ou licença;

A censura foi alvo dos constituintes da Constituição Federal de 1988, pois, os

mesmos sofreram muito durante o militarismo, pela censura imposta aos brasileiros

naqueles 20 anos (1964 a 1984). Por isso, ela aboliu, com firmeza, todas as possibilidades

de censura nas diversas artes praticadas pela sociedade brasileira, inclusive na imprensa.

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X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,

assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua

violação;

A Constituição Federal de 1988 garantiu a proteção de todos os direitos individuais

dos brasileiros e, para isso, expressou-os em seu bojo. Evitou deixar implícitos para evitar

que os parlamentares seguintes pudessem impor aquilo que o constituinte originário não

queria que acontecesse. A intimidade, a vida privada e a imagem são direitos tão

importantes que merecem, inclusive, o sigilo do judiciário, garantidos constitucionalmente.

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem

consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar

socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Por que os militares entravam nas casas e prendiam pessoas contrárias ao

militarismo brasileiro, nas décadas de 60 e 70, o constituinte impôs limites à entrada de

pessoas nas casas das pessoas sem autorização judicial. Em qualquer horário e com ou sem

o consentimento do morador, a Constituição Federal permitiu a entrada de qualquer pessoa,

inclusive policial, no caso de flagrante delito e desastre ou para prestar socorro.

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de

dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas

hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução

processual penal;

Só a lei pode estabelecer forma diferente de violação de sigilo das

comunicações telefônicas e somente se for para investigação criminal ou instrução

processual penal. Quando na prisão, os presos poderão ter suas comunicações violadas

quando colocar em risco as relações de segurança dentro ou fora do sistema prisional. Ou

interceptação telefônica (gravar conversa telefônica sem autorização da outra pessoa)

somente para fins penais, neste caso.

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as

qualificações profissionais que a lei estabelecer;

Desde que não seja ilegal o exercício da profissão ou que coloque em risco a

vida das pessoas, o brasileiro pode exercer qualquer atividade sem interferência do poder

público ou da própria sociedade. Mas, se a profissão for regulamentada e exigir certas

habilidades para o exercício dela, os pré-requisitos regulamentares deverão ser atendidos

pelo profissional, se não ele cai no exercício ilegal da profissão, que é crime.

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,

quando necessário ao exercício profissional;

Em geral, o princípio da publicidade das informações está dentro da legalidade,

a menos que a lei garanta o sigilo da fonte ou sigilo da informação. Afinal, a publicidade é

um dos princípios constitucionais da administração pública. A LEI Nº 12.527, DE 18 DE

NOVEMBRO DE 2011 é a lei de acesso à informação, que é obrigatória a todos da

administração pública brasileira: federal, estaduais e municipais.

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XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer

pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

O direito de ir e vir sozinho ou com seus bens é um direito líquido e certo,

garantido pela Constituição Federal de 1988. Entretanto, em tempo de guerra ou em Estado

de Sítio, Estado de Defesa ou Calamidade Pública, a Constituição Federal de 1988 garante

os limites impostos pela lei.

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,

independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente

convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade

competente;

As reuniões podem ser realizadas sem autorização do poder público, desde que

sem armas. O que é exigido pela lei é que as autoridades públicas sejam avisadas

previamente para tomar as providências de organizar o local e a segurança pública das

pessoas que ali se reunirem, também para não frustrar outra reunião já marcada para o

mesmo dia e hora naquele local. É vedada associação para fins ilícitos e de caráter

paramilitar;

A liberdade de associação para fins lícitos é plena desde que sem armas (armas de

fogo ou armas brancas, que são as lâminas que perfuram), entretanto, é vedada para fins

paramilitar (realizada por poderes paralelos ao da polícia).

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de

autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

Assim como as associações, a criação das cooperativas independe de autorização do poder

público, e é vedada a interferência estatal em seu funcionamento.

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades

suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

A dissolução ou a suspensão das associações só pode ser realizada por meio de decisão

judicial, para evitar que os políticos venham interferir nas ações delas. Para a dissolução

destas é necessário decisão judicial transitado e julgado. Entretanto, a suspensão não

precisa ser transitado em julgado, bastando uma decisão judicial simples até que seja

julgado, em definitivo, o caso para decidir se haverá ou não a dissolução da mesma.

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

Para cumprir os direitos de liberdade de ir e vir constitucionais, como o direito de

associar-se ou manter-se associado, a CF de 1988 normatizou tal direito, afirmando que

ninguém pode ser obrigado a associar-se ou manter-se associado.

................................................

XXII - é garantido o direito de propriedade;

O direito de propriedade é um direito constitucional para cumprir o direito

econômico da era capitalista. Lembre-se da aula 01 em que afirmei que o direito de

propriedade é um direito de Primeira Geração.

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Para esclarecer a meus alunos, quando houver pontilhados como os acima postos,

estou afirmando com isso que, outros direitos estão incluídos nesse Título da Constituição

Federal brasileira de 1988. Entretanto, tais artigos suprimidos não nos interessam porque

falam de assuntos que não são necessários para o conhecimento que você precisa para

compor a sua redação, ok!

O Título I – Dos Princípios Fundamentais – posto a seguir, é de extrema importância

para você compor a sua redação, caso o tema venha tratar de assuntos que digam sobre leis

de maneira geral ou que tratem de direitos e garantias individuais ou princípios

fundamentais do cidadão brasileiro.

Lembre-se que a palavra fundamento vem de fundamentar, ou seja, dos

princípios básicos que compõem a sociedade brasileira, como é o caso do direito de

cidadania que só é possível em uma Nação independente econômica e politicamente de

outras nações. Por isso, tais princípios são tão importantes para composição da redação ou

qualquer texto argumentativo que necessita ser embasado em argumento de autoridade

inquestionáveis como os aqui mencionados.

Assim sendo, uma nação soberana é aquela que age dentro dos direitos

internacionais, que limitam a ação de um Estado nos princípios da ética e valores

internacionalmente aceitos. Aquela que não está submissa a imposições de outras nações de

forma a ferir o seu direito de liberdade de ação. Uma nação soberana deve oferecer a seus

cidadãos o direito sagrado da cidadania e da dignidade da pessoa humana, porque nenhuma

pessoa se sente digna se há interferências no seu modo de agir, seja dentro ou fora de seu

país. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa incorporam o que há de mais íntimo

do sistema capitalismo global. A pessoa precisa ter o direito de iniciativa para desenvolver

suas aptidões e trabalhar dentro daquilo que melhor lhe convém, e assim ser feliz no que

faz, porque o trabalho é uma forma de vida que deverá ser uma escolha suficiente para

melhorar a qualidade de vida do ser humano, uma vez que este necessita ser produtivo para

ser feliz.

O pluralismo político se refere à Constituição Federal que respeita o livre

pensamento das pessoas, sem a censura imposta aos brasileiros no período militar. Assim,

as pessoas podem se reunir em partidos políticos diferentes ou criar novos partidos, quando

por ventura não concordarem com as ideologias políticas dos já existentes. O pluralismo

partidário significa pluralismo de opiniões, importante elemento para o debate político e

para os rumos do país, evitando que uma casta social venha perpetuar-se no poder por toda

a vida, como acontece nos países árabes, o que desencadeou a Primavera Árabe, revolução

popular que depôs vários dos seus governos. As diferentes ideologias no poder permitem a

discussão e a negociação como forma de evitar que uma única forma de pensar seja

suficiente para impor às demais a sua percepção de vida.

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TÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e

Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem

como fundamentos:

I - a soberania;

Somente uma nação soberana, ou seja, que não sofre interferências políticas e

econômicas pode oferecer a seus cidadãos os direitos e garantias fundamentais individuais.

II - a cidadania;

A cidadania é um direito capaz de promover ao indivíduo todas as capacidades para que

este se sinta pleno e capaz de desenvolver suas atividades conforme manda a ética, a moral,

os bons costumes e principalmente a lei.

III - a dignidade da pessoa humana;

A dignidade da pessoa humana é alcançada quando lhe é oferecido os direitos e

garantias individuais e coletivos: a cidadania, o direito de votar e ser votado, os valores

sociais do trabalho e da livre iniciativa para desenvolver suas atividades sem influência do

Estado, o direito à liberdade, de igualdade e fraternidade, bem como de propriedade são

alguns dos elementos capazes de tornar digno um ser humano.

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

Toda sociedade tem seus valores próprios formado pela: tradição, crenças religiosas,

valores e cultura. O trabalho é uma das formas de o indivíduo alcançar sua independência

financeira, e com isso, alcançar a livre iniciativa, tomando seu destino nas próprias mãos.

Por isso, é preciso que a nação ofereça a seus cidadãos oportunidade de trabalho, de

educação de qualidade para desenvolver nesses a oportunidade de escolher qual caminho

deve seguir.

V - o pluralismo político.

O pluralismo político serve para ampliar a disputa pelo poder entre os cidadãos, porque

quanto mais pessoas buscam o poder político maior é a possibilidade de melhores pessoas

governarem o país. Já está comprovado que a permanência de um partido político ou de um

único candidato por muitos anos no poder é prejudicial para o desenvolvimento da nação, o

que prejudica toda a população daquele Estado, que é o caso dos países atingidos pela

Primavera Árabe.

Para você decorar tais princípios fundamentais, veja:

So berania

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Ci dadania

Di gnidade da pessoa humana

Va lores sociais do trabalho e da livre iniciativa

Pl uralismo político

Assim, fica mais fácil decorar os princípios fundamentais. É decorar mesmo, para

você lembrar na hora da prova de redação.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de

representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Aqui a Constituição Federal deixou claro que o dono do poder é o povo e que os

parlamentares são apenas os representantes do povo que o elegeu. Significa que o

parlamentar tem que cumprir aquilo que prometeu em sua campanha política, porque o

eleitor o elegeu para realizar aquilo que foi proposto em tal campanha eleitoral.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o

Executivo e o Judiciário.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

Observe, a título de decorar os objetivos da Constituição Federal de 1988, que os

objetivos sempre começam com o verbo no infinitivo (verbos terminados em r):

construir, garantir, erradicar, promover.

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

Esse objetivo firma o entendimento do legislador ordinário (legislador ordinário foi o

constituinte que trabalhou na produção e aprovação das leis da Constituição Federal de

1988, promulgada em 05 de outubro de 1988) que pretende que a Constituição Brasileira

seja capaz de construir uma sociedade livre, justa e solidária. O princípio da justiça

merece ser comentado porque pensou-se em igualdade e equidade entre os cidadãos

brasileiros. O princípio da solidariedade vem firmar o entendimento do amor ao próximo,

tão importante para desenvolver uma sociedade mais fraterna, mais irmã, menos egoísta.

O princípio da Equidade consiste na adaptação da regra existente à situação concreta,

observando-se os critérios de justiça e igualdade. Pode-se dizer, então, que a equidade

adapta a regra a um caso específico, a fim de deixá-la mais justa. Ela é uma forma de se

aplicar o Direito, mas sendo o mais próximo possível do justo para as duas partes.

Essa adaptação, contudo, não pode ser de livre-arbítrio e nem pode ser contrária ao

conteúdo expresso da norma. Ela deve levar em conta a moral social vigente, o regime

político Estatal e os princípios gerais do Direito. Além disso, a mesma "não corrige o que é

justo na lei, mas completa o que a justiça não alcança”.

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Sem a presença da equidade no ordenamento jurídico, a aplicação das leis criadas pelos

legisladores e outorgadas pelo chefe do Executivo acabariam por se tornar muito rígidas, o

que beneficiaria grande parte da população; mas ao mesmo tempo, prejudicaria alguns

casos específicos aos quais a lei não teria como alcançar. Esta afirmação pode ser

verificada na seguinte fala contida na obra "Estudios sobre el processo civil" de Piero

Calamandrei:

[...] o legislador permite ao juiz aplicar a norma com equidade, ou seja, temperar seu rigor

naqueles casos em que a aplicação da mesma (no caso, "a mesma" seria "a lei") levaria ao

sacrifício de interesses individuais que o legislador não pôde explicitamente proteger em

sua norma

É, portanto, uma aptidão presumida do magistrado.

Rui Barbosa: A regra da igualdade não consiste...

A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar (o que cabe ou deveria caber a uma

pessoa ou coisa) desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta

desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da

igualdade... Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria

desigualdade flagrante, e não igualdade real.

II - garantir o desenvolvimento nacional;

Garantir o desenvolvimento nacional significa deixar de escoar as finanças

brasileiras para apenas as regiões sudeste e sul, que era comum desde o Primeiro Império

brasileiro (D. Pedro I) e com D. Pedro II, forma de contestar dos Estados do Norte e

Nordeste e suas guerrilhas contra a concentração de rendas que tais governos federais

vinham implantando no Império brasileiro. Não é à toa (à toa significa ao acaso, sem nada

para fazer) que as desigualdades regionais brasileiras são tão visíveis. Veja o artigo 165 da

Constituição Federal de 1988 determinando que os investimentos dos planos plurianuais da

União sejam feitos de forma regionalizada, como forma de evitar o escoamento das

finanças para apenas algumas regiões e prejudicando as demais.

Segundo o § 1º do art. 165 da CF/1988:

“§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma

regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as

despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de

duração continuada”.

As despesas de capital são aquelas que contribuem, diretamente, para a

formação ou aquisição de um bem de capital, como, por exemplo, a pavimentação de uma

rodovia, a construção de uma escola, de uma ponte, de uma hidrelétrica. Ou seja, despesas

de capital são aquelas que, delas, pode-se extrair um produto que pode ser financeiro ou

que, por meio dele,possa produzir um resultado favorável a população.

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III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e

regionais;

Veja que a proposta dos constituintes originários é de erradicar a pobreza que

assola o Brasil desde o seu descobrimento, em 1.500. Tal pobreza marginaliza a sociedade

trazendo desigualdades e falta de dignidade sociais.

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e

quaisquer outras formas de discriminação.

A Constituição Cidadã veio trazer dignidade ao povo brasileiro ao se preocupar

com a melhor divisão de rendas entre o seu povo. Tal divisão de renda só está acontecendo

graças a este comando constitucional, que foi capaz de dar ao povo o subsídio legal

necessário para cobrar dos políticos o cumprimento da Carta Magna. Veja que a

Constituição Cidadã proíbe a discriminação entre os brasileiros.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais

pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração

econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à

formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Veja que a Constituição brasileira, em todos os seus comandos, nos referenciou os

direitos de liberdade, igualdade e fraternidade, não apenas entre os brasileiros, mas também

nas suas relações internacionais com os Estados estrangeiros, sempre imprimindo uma ação

de desejo de paz, amizade, fraternidade, cooperação com os povos estrangeiros. Dessa

forma ela nos indica que a guerra não está nos seus planos e pode acontecer somente

quando o nosso país for atacado por outra nação.

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ENEM 2009 - Correção e Comentário da

Prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

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QUESTÃO 115 - ENEM 2009 - A interatividade em todos os campos das artes, ciências e

linguagens é uma realidade vivida na Era Contemporânea. As novas tecnologias digitais

tiveram uma contribuição substancial no que se refere à interatividade das pessoas na

atualidade. A Era digital e as tecnologias que a compõe é uma das mais versáteis e flexíveis

dentre todas as modalidades de comunicação das pessoas. Visando à desmecanização física

e intelectual de seus praticantes, o Teatro do Oprimido é um método teatral que sistematiza

exercícios, jogos e técnicas teatrais. Partindo do princípio de que a linguagem teatral não

deve ser diferenciada da que é usada cotidianamente pelo cidadão comum (oprimido), ele

propõe condições práticas para que o oprimido se aproprie dos meios do fazer teatro e,

assim, amplie suas possibilidades de expressão. Esta interatividade é uma necessidade

social importante, que exige dos trabalhadores da educação, um novo comportamento

frente aos alunos, que não mais conseguem se motivar diante das antigas práticas da

educação.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra D

QUESTÃO 116 - ENEM 2009 - Todos os tipos de dança vêm dos primeiros

xavantes:Wamarĩdzadadzeiwawẽ, Butséwawẽ, Tseretomodzatsewawẽ, que foram

descobrindo por meio da sabedoria, como iria ser a cultura Xavante. Até hoje existe essa

cultura, essa celebração. O valor da diversidade artística e da tradição cultural apresentados,

originam-se da constância da prática da cultura existente e de outras formas de artes e

saberes dos Xavantes.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra E.

QUESTÃO 117 - ENEM 2009 – Um dos maiores poetas brasileiros, Manuel Carneiro de

Souza Bandeira Filho nasceu no Recife, Pernambuco, no dia 19 de abril de 1886, filho de

Manuel Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza. Além de poeta, ele foi ainda professor,

jornalista, inspetor, tradutor e crítico literário.

Manuel Bandeira viveu apenas o primeiro ano de sua vida no Recife, e logo se mudou para

as cidades de Petrópolis e Rio de Janeiro, no Estado do Rio de Janeiro. Algum tempo

depois, ele retorna ao Recife, onde também residia seu avô Teotônio Rodrigues (na Rua da

União, número 263), ali permanecendo por mais quatro anos - dos seis aos dez anos de

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idade. O poeta confessava sempre, porém, que as suas raízes mais profundas estavam

fincadas em Petrópolis e, não, no Recife.

Regressando ao Rio de Janeiro, Manuel Bandeira estudou no Colégio Pedro II. Em 1903,

ele se matriculou no curso para a formação de engenheiro-arquiteto, na Escola Politécnica

de São Paulo. Contudo, devido à aquisição de uma grave doença pulmonar no final da

adolescência, teve que abandonar os estudos e cuidar da saúde por anos a fio.

Como, naquela época, a tuberculose era considerada uma enfermidade estigmatizante - por

ser contagiosa e incurável -, o doente via-se forçado a vivenciar uma dolorosa solidão, ou

seja, ficar isolado das pessoas sadias. Ver-se condenado à privação de tudo o que

caracteriza a vida de um jovem, representou o fim de muitos sonhos para o jovem Manuel

Bandeira. Ele aprendeu, porém, a conviver com a sua doença e acumulou um vasto

conhecimento sobre ela. A condição de doente, portanto, contribuiu para que o futuro poeta

administrasse a realidade, suportando-a e superando-a, e que desenvolvesse suas

habilidades artísticas e intelectuais, e aprimorasse a técnica da arte poética. Neste sentido,

face às limitações e barreiras que o destino lhe impôs, Manuel Bandeira decide assumir um

compromisso definitivo com a poesia.

Sem perder a esperança, o seu pai deu início a uma longa peregrinação em busca da cura do

jovem tísico. Levou-lhe primeiro para Campanha, no Estado de Minas Gerais, onde

Bandeira viveu de 1905 a 1906. Tendo que enfrentar uma vida itinerante em busca de uma

melhora na saúde, ele se dirige em seguida para a cidade de Teresópolis, no Estado do Rio

de Janeiro, lá residindo de 1906 a 1907. Durante dois anos seguidos - de 1907 a 1908 -

esteve nas cidades de Quixeramobim, Uruquê e Maranguape, no Estado do Ceará. Os

constantes deslocamentos à procura de um clima apropriado para tratar a tuberculose,

influenciaram não apenas a maneira pela qual o futuro poeta viveu, mas também a forma

como ele compreendeu o mundo.

Ele viaja para a Suíça em 1913, a mando da família, internando-se no Sanatório de

Clavadel por quinze meses. Foi lá que Manuel Bandeira tomou ciência do caráter definitivo

de sua doença. Como não existia possibilidade de cura na época, o jovem teve que aprender

através da disciplina as regras de convivência com o mal contraído. Dedicou-se à leitura e

ao estudo, bem como ao aprendizado de violão - seu grande companheiro. Tendo

permanecido cinco anos na Suíça, Manuel Bandeira pôde aprender fluentemente a língua

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alemã e conhecer bastante a arte e a cultura européias. Alimentando sempre a esperança de

cura, mesmo nos períodos mais dolorosos de sua vida o poeta jamais se deixou assaltar pelo

sentido do puramente trágico. Muito pelo contrário: ele desenvolveu uma extraordinária

produção poética, reestruturando a sua identidade e empreendendo, assim, uma forma de

diálogo com o mundo circundante, sem faltar nela o bom humor. O seu

poema Pneumotórax é bastante elucidativo neste sentido.

Seus textos são marcados por uma linguagem sofrida, expressando uma

profunda angústia e desilusão por seu estado de saúde. Ele tinha dificuldades em se

relacionar com as pessoas porque, naquela época, tal doença alijava as pessoas do

convívio com a sociedade. A linguagem do poema Canção do vento e da minha vida se

mostra extremamente voltada para uma vida que esvai-se sem que o autor possa

mudar o seu destino.

Em

O vento varria os sonhos

E varria as amizades...

O vento varria as mulheres...

E a minha vida ficava

Cada vez mais cheia

Neste último verso o poeta provoca o leitor a pensar em que a vida dele estava cheia.

Podemos observar o que foi explicado acima, a desilusão com a vida era grande, e o poeta

não podia mudar o seu destino, de homem solitário e que espera a vida passar até que a

morte venha. Esta afirmativa encontra eco no último verso do poema da questão 117.

Releia-o.

O vento varria os meses

E varria os teus sorrisos...

O vento varria tudo!

De afetos e de mulheres.

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As mulheres sempre foram tema da poesia de bandeira. Isto acontecia por causa da rejeição

sofrida devido a sua doença. Veja o poema do beco e verás que o poeta sofria por falta de

uma companheira e, no máximo ele consegui relacionar-se com as prostitutas do beco.

Última Canção do Beco

................................................

Beco de sarças de fogo,

De paixões sem amanhas,

Quanta luz mediterrânea

No esplendor da adolescência

Não recolheu nestas pedras

O orvalho das madrugadas,

A pureza das manhas!

Beco das minhas tristezas.

Não me envergonhei de ti!

Foste rua de mulheres?

Todas são filhas de Deus!

Dantes foram carmelitas...

E eras só de pobre quando,

Pobre, vim morar aqui.

Lapa – Lapa do Desterro -,

Lapa que tanto pecais!

(Mas quando bate seis horas,

Na primeira voz dos sinos,

Como na voz que anunciava

A conceição de Maria,

Que graças angelicais!)

......................................................

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Também observamos a repetição de sons e de construções sintáticas

semelhantes a fim de construir uma musicalidade capaz de tocar o espírito do leitor. A

função catártica da linguagem de Bandeira nos mostra um grito de dor, que é próprio

também em outros poetas brasileiros. O simbolista Cruz e Sousa gritou, em seus poemas, a

questão da discriminação sofrida pelo poeta por sua cor negra.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra D.

QUESTÃO 118 - ENEM 2009 – A linguagem poética chama atenção para a elaboração

especial e artística da estrutura do texto do poema. As repetições acentuadas nos versos

com a intenção de mostrar a impossibilidade do poeta diante do destino de uma pessoa com

tuberculose naqueles tempos em que esta não havia cura. Neste caso, a repetição do verbo

varrer no pretérito imperfeito do indicativo mostra a intenção poética do autor quando

produziu seu poema. Perceba que o vento varria os meses, indicando que a vida do poeta

passava e nada era possível ser feito para diminuir a dor da solidão sentida por ele. O vento

varria também o sorriso da mulher sonhada, que ia embora uma após outra. O vento varria

tudo – aqui o poeta mostra seu desespero de nada sobrar: nem mulheres, nem afetos, nem

sorrisos.

Veja alguns dos poema de Manuel Bandeira para você melhorar o seu

conhecimento a respeito deste poeta maior do modernismo brasileiro, tão cobrado pelo

Enem.

Manuel Bandeira: O que eu adoro em ti Não é a tua...

O que eu adoro em ti

Não é a tua beleza

A beleza é em nós que existe

A beleza é um conceito

E a beleza é triste

Não é triste em si

Mas pelo que há nela

De fragilidade e incerteza

O que eu adoro em ti

Não é a tua inteligência

Não é o teu espírito sutil

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Tão ágil e tão luminoso

Ave solta no céu matinal da montanha

Nem é a tua ciência

Do coração dos homens e das coisas.

...............................................................

O que eu adoro em tua natureza

Não é o profundo instinto matinal

Em teu flanco aberto como uma ferida

Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.

O que adoro em ti lastima-me e consola-me:

O que eu adoro em ti é a vida!

Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconsequente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

............................................................

Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.

A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:

— Diga trinta e três.

— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…

— Respire.

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— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.

— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?

— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

.............................................................

O Anel de Vidro

Aquele pequenino anel que tu me deste,

— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou

Assim também o eterno amor que prometeste,

— Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.

Frágil penhor que foi do amor que me tiveste,

Símbolo da afeição que o tempo aniquilou, —

Aquele pequenino anel que tu me deste,

— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou.

Para você fixar seus conhecimentos a respeito deste tão importante poeta da

literatura moderna brasileira, vamos apresentar um poeta que também luta por outras

causas, que não a sua dor de doente que era.

Manuel Bandeira criticou a literatura brasileira de então e foi um dos

precursores e mais ativos poetas na busca por uma literatura exclusivamente brasileira. O

Parnasianismo foi um dos seus alvos, porque o modernismo brasileiro pretendia uma

literatura de transformação, e não uma discussão da arte pela arte parnasiana. Veja um

exemplo abaixo:

Os Sapos

Enfunando os papos,

Saem da penumbra,

Aos pulos, os sapos.

A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,

Berra o sapo-boi:

— “Meu pai foi à guerra!”

— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.

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O sapo-tanoeiro,

Parnasiano aguado,

Diz: — “Meu cancioneiro

É bem martelado.

Vede como primo

Em comer os hiatos!

Que arte! E nunca rimo

Os termos cognatos.

.......................................

Poética

Estou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem comportado

Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente

protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.

Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário

o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais

Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção

Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador

Político

Raquítico

Sifilítico

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja

fora de si mesmo

...........................................................................

Manuel Bandeira também apresentou poemas calientes, sensuais, que

motivavam a imaginação do leitor. É uma das fases importantes da poesia deste escritor

brasileiro.

Cartas de Meu Avô

A tarde cai, por demais

Erma, úmida e silente…

A chuva, em gotas glaciais,

Chora monotonamente.

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E enquanto anoitece, vou

Lendo, sossegado e só,

As cartas que meu avô

Escrevia a minha avó.

Enternecido sorrio

Do fervor desses carinhos:

É que os conheci velhinhos,

Quando o fogo era já frio.

........................................

Não foi sem intenção que procurei colocar excertos de poemas de Manuel

Bandeira nesta questão: este poeta é um dos mais cobrados em vestibulares no Brasil,

porque foi, talvez, no pré-modernismo brasileiro, o de maior expressão. Lembre-se que

também foi poeta modernista e contemporâneo.

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. Wikipédia

Nascimento: 19 de abril de 1886, Recife, Pernambuco

Falecimento: 13 de outubro de 1968, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra E.

Perceba a comparação entre a crítica Manuelina de antes com o poema Profissão de Fé do

poeta Olavo Bilac, parnasiano aguado criticado por Manuel Bandeira, que se preocupa

apenas em lapidar o verso até que ele se torne uma joia rara:

Profissão de Fé, de Olavo Bilac

....................................................

Mais que esse vulto extraordinário,

Que assombra a vista,

Seduz-me um leve relicário

De fino artista.

Invejo o ourives quando escrevo:

Imito o amor

Com que ele, em ouro, o alto relevo

Faz de uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara

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A pedra firo:

O alvo cristal, a pedra rara,

O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servir-me,

Sobre o papel

A pena, como em prata firme

Corre o cinzel.

Corre; desenha, enfeita a imagem,

A ideia veste:

Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem

Azul-celeste.

Torce, aprimora, alteia, lima

A frase; e, enfim,

No verso de ouro engasta a rima,

Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,

Dobrada ao jeito

Do ourives, saia da oficina

Sem um defeito:

E que o lavor do verso, acaso,

Por tão subtil,

Possa o lavor lembrar de um vaso

De Becerril.

E horas sem conto passo, mudo,

O olhar atento,

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A trabalhar, longe de tudo

O pensamento.

Porque o escrever - tanta perícia,

Tanta requer,

Que oficio tal... nem há notícia

De outro qualquer.

.......................................................

QUESTÃO 119 - ENEM 2009 – Esta questão é de interpretação de texto e não há

muito que se discutir. Por isso, o primeiro texto prega a rigidez gramatical no uso da

língua, enquanto o segundo defende uma adequação da língua escrita ao padrão atual

brasileiro. Há duas vertentes na discussão de como deve se comportar o escritor na língua

portuguesa: - aquele que defende a rigidez no uso da língua portuguesa no Brasil; - há

também aquele que defende uma maior flexibilidade no uso da língua portuguesa pelos

brasileiros. Acreditam estes que a língua é dinâmica, que muda constantemente à medida

que novas formas de falar do brasileiro vão se adequando ao dia-a-dia. De fato, a língua é

dinâmica e que a inventividade de novas formas de expressão é uma realidade social.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra E.

QUESTÃO 120 - ENEM 2009 – Os valores sociais desenvolvidos pela sociedade

ocidental capitalista perverteu o que é mais importante para a preservação do ser humano,

que é o direito à vida. Para esta sociedade, há muitas maneiras de quebra deste direito

individual à medida que outras questões estão em voga. Questiona-se o modo de

organização das sociedades ocidentais capitalistas, que se desenvolveram fundamentadas

nas relações de opressão em que os mais fortes exploram os mais fracos.” A eles seria

ensinado que o ato mais grandioso e mais sublime é o sacrifício alegre de um peixinho e

que todos deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando estes dissessem que

cuidavam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria

garantido se aprendessem a obediência. Cada peixinho que na guerra matasse alguns

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peixinhos inimigos seria condecorado com uma pequena Ordem das Algas e receberia o

título de herói.”

Acrítica do autor do texto é bastante incisiva ao utilizar o “tubarão” como elemento

responsável por oprimir os peixinhos (os pobres). Estes por sua vez são submetidos aos

interesses dos tubarões que, aqui, são os grandes empresários e as instituições, um sistema

político perverso que tem por finalidade oprimir as pessoas. Está explícito no texto que tal

situação, à época, não era comum no Oriente. Tal sistema capitalista do Ocidente trouxe

profundas contradições no setor econômico, político e social, o que ocorreu grandes

disparidades de qualidade de vida para as pessoas.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra D.

QUESTÃO 121 - ENEM 2009 – A alternativa “A” está incorreta porque costuma-se

dividir a obra de Érico Veríssimo em três grupos:

1) Romance urbano: Clarissa, Caminhos cruzados, Um lugar ao sol, Olhai os lírios do

campo, Saga e o Resto é silêncio. As obras desta fase registram a vida da pequena

burguesia porto-alegrense, com uma visão otimista, às vezes lírica, às vezes crítica, e com

uma linguagem tradicional, sem maiores inovações estilísticas.

Desta fase destaca-se Caminhos cruzados, considerado um marco na evolução do romance

brasileiro. Nele, Érico Veríssimo usa a técnica do contraponto, desenvolvida por Aldous

Huxley (de quem fora tradutor) e que consiste mesclar pontos de vista diferentes (do

escritor e das personagens) com a representação fragmentária das situações vividas pelas

personagens, sem que haja no texto um centro catalisador.

2) Romance histórico: O tempo e o vento. A trilogia de Érico Veríssimo procura abranger

duzentos anos da história do Rio Grande do Sul, de 1745 a 1945. O primeiro volume (O

continente), narra a conquista de São Pedro pelos primeiros colonos e é considerado o

ponto mais alto de sua obra.

3) Romance político: O senhor embaixador, O prisioneiro e Incidente em Antares. Escrito

durante o período da ditadura militar, iniciada em 1964, denunciam os males do

autoritarismo e as violações dos direitos humanos. Desta série destaca-se Incidente em

Antares.

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Portanto, a obra de Érico Veríssimo não é somente urbana como a

alternativa afirma.

A alternativa “B” estaria correta se assim fosse descrita José de Alencar,

representante, sobretudo, do romance regionalista, retrata a temática da chegada dos

brancos no território brasileiro e das relações conflituosas entre as raças: o índio e o

branco europeu. Obras como O Guarani e Iracema são exemplos da Primeira

Geração do Romantismo brasileiro, tratando do período indianista de José de

Alencar. Outras obras nordestinas regionalistas também representam bem as

diferenças das diversas faces da literatura brasileira. São exemplos disso: José Lins do

Rego com as obras - Menino de Engenho (1932), - Fogo Morto (1943) , - Eurídice (1947) ,

- Doidinho (1933) , - Banguê (1934) e outras; Raquel de Queirós é outra escritora

importante do Ceará, escrevendo: O Quinze, - Dora, Doralina, - Memorial de Maria Moura,

e outras.

A alternativa “E” estaria correta se assim fosse descrita Érico Veríssimo (é escritor

gaúcho e não trata de temas essencialmente urbano); Rachel de Queiroz trata de temas

regionalistas do nordeste brasileiro, como a fome, a seca, a pauperização do nordeste e o êxodo

rural do nordestino para São Paulo e para o Rio de Janeiro;

Simões Lopes Neto escreveu Contos Gauchescos. João Simões Lopes

Neto (Pelotas, 9 de março de 1865 — Pelotas, 14 de junho de 1916) foi

um escritor e empresário brasileiro. Segundo estudiosos e críticos de literatura, foi o maior

autor regionalista do Rio Grande do Sul, pois procurou em sua produção literária

valorizar a história do gaúcho e suas tradições, e

Jorge Amado Jorge Leal Amado de Faria (Itabuna, 10 de

agosto de 1912 — Salvador, 6 de agosto de 2001) foi um dos mais famosos e traduzidos

escritores brasileiros de todos os tempos . Integrou os quadros da intelectualidade

comunista brasileira desde o final da primeira metade do século XX - ideologia presente

em várias obras, como a retratação dos moradores do trapiche baiano em Capitães da

Areia, de 1937.

Jorge é o autor mais adaptado do cinema, do teatro e da televisão. Verdadeiros

sucessos como Dona Flor e Seus Dois Maridos; Tenda dos Milagres; Tieta do Agreste;

Gabriela, Cravo e Canela e Teresa Batista Cansada de Guerra foram criações suas , são

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romancistas das décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemática do

homem urbano e regionalista em confronto com a modernização do país promovida pelo

Estado Novo.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra C.

QUESTÃO 122 - ENEM 2009 – “A importante pergunta que nós fazemos é: qual é o

pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo? São seus olhos? é o nome da sua rua? O

nome da sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio dentro de vocês”. Este

texto exprime a argumentação/interlocução para com os índios brasileiros e o estrangeiro,

que para o Brasil emigrou. Os 160 milhões de sobrenomes diferentes de brasileiros e

descendentes de brasileiros é um referente capaz de nos indicar a miscigenação do povo

brasileiro. Por isso, a alternativa que melhor responde à questão é “situar os dois lados da

interlocução em posições simétricas”.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra B.

QUESTÃO 123 - ENEM 2009 – Os procedimentos argumentativos utilizados no texto

permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o emissor foca o seu discurso, pertence a um

grupo de brasileiros considerados como não índios. O texto a seguir deixa claro a resposta

da questão: “Da mesma forma que o Brasil de hoje não é o Brasil de ontem, tem 160

milhões de pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá asiáticos, europeus,

africanos, e todo mundo quer ser brasileiro”.

Em “A importante pergunta que nós fazemos é: qual é o pedaço de índio que vocês têm?

O seu cabelo? São seus olhos? Ou é o nome da sua rua? O nome da sua praça? Enfim,

vocês devem ter um pedaço de índio dentro de vocês” complementando a colocação

anterior, onde afirma serem mais de 160 milhões de sobrenomes diferente, enxergamos que

o leitor do texto para o qual está sendo dirigida a conversa (perceba que é um texto

metalinguístico: o autor conversa com o leitor) não é o índio e sim as outras etnias que

para cá vieram ao longo dos 514 anos.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra B.

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QUESTÃO 124 - ENEM 2009 – o paradoxo é uma forma de linguagem muito comum

na construção da literatura em todos os tempos. O Barroco ou Seiscentismo de Padre

vieira e Gregório de Mattos Guerra utilizou desse argumento para construir suas

obras, assim como na estrofe abaixo, da escritora Hilda Hilst,

“Ritualiza a matança

de quem só te deu vida.

E me deixa viver

nessa que morre” (p. 62).

Assim, nos versos da alternativa D, especialmente nos dois últimos, nota-se a

exploração de uma imagem paradoxal: “E me deixa viver / nessa que morre.” Considerando

o paradoxo como uma figura de linguagem que opõe não só palavras de sentido oposto,

mas também ideias que, através daquelas, se formam incoerentemente, sem lógica,

entende-se como tal a contradição que é “viver e morrer”.

Paradoxo é um conceito absurdo, contrassenso, de disparate. Faz relações

contrárias a um sujeito qualquer OU é uma associação de termos contraditórios, que se

referem a uma ideia.

Outro exemplo para explicar o paradoxo seria "algo que aconteceu, não

acontecendo". Sendo assim seria correto em uma poesia, mas incorreto no sentido lógico.

A diferença existencial entre antítese e paradoxo, é que antítese toma nota de

comparação por contraste ou justaposição de contrários, já o paradoxo reconhece-se como

relação interna de contrários

Exemplos semânticos de Oxímoro, ou paradoxismo

“A explosiva descoberta”

Ainda me atordoa.

Estou cego e vejo.

Arranco os olhos e vejo

Carlos Drummond de Andrade

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Vou colocar 2 exemplos abaixo da literatura barroca, que foi a literatura brasileira que mais

se utilizou do paradoxo para construir sua obra prima permeada pelos autores Padre

Antônio Vieira e por Gregório de Mattos Guerra.

“Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que

semeiam sem sair (Sermão da Sexagésima)”

Padre Antônio Vieira – Barroco brasileiro

Soneto a Nosso Senhor

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,

Da vossa alta clemência me despido;

Porque quanto mais tenho delinquido

Vos tem a perdoar mais empenhado.

Se basta a voz irar tanto pecado,

A abrandar-vos sobeja um só gemido:

Que a mesma culpa que vos há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada

Glória tal e prazer tão repentino

Vos deu, como afirmais na sacra história.

Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada,

Recobrai-a; e não queirais, pastor divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

Gregório de Mattos Guerra – Barroco brasileiro

Antítese é uma figura de linguagem (figuras de estilo) que consiste na exposição de ideias

opostas. Ocorre quando há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos

opostos. Esse recurso foi especialmente utilizado pelos autores do período Barroco. O

contraste que se estabelece serve, essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos

envolvidos, que não se conseguiria com a exposição isolada dos mesmos. É uma figura

relacionada e muitas vezes confundida com o paradoxo.

Exemplo: Onde queres prazer sou o que dói (...) E onde queres tortura, mansidão (...) E

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onde queres bandido sou herói. (Caetano Veloso)

Eu vi a cara da morte, e ela estava viva". (Cazuza)

"Mas que seja infinito enquanto dure" (Vinicius de Moraes)

Do riso se fez o pranto" (Vinícius de Moraes)

Luís de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver”

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Autopsicografia

Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

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A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra D.

QUESTÃO 125 - ENEM 2009 - Cada uma com suas propriedades, a Língua Oral e

a Língua Escrita se completam. Os falantes não escrevem exatamente como falam, pois a

fala apresenta como características uma maior liberdade no discurso, pois não necessita ser

planejada; pode ser redundante; enfática; usando timbre, entonação e pausas de acordo com a

retórica – estas características são representadas na língua escrita por meio de pontuações.

Necessita-se de contato direto com o falante para que haja linguagem oral, sendo a mesma

espontânea e estando em constante renovação. Assim, como o falante não planeja, em seu

discurso pode haver uma transgressão à norma culta.

A escrita, por vez, mantém contato indireto entre escritor e leitor. Sendo mais

objetiva, necessita de grande atenção e obediência às normas gramaticais, assim

caracteriza-se por frases completas, bem elaboradas e revisadas, explícitas, vocabulário

distinto e variado, clareza no diálogo e uso de sinônimos. Devido a estes traços esta é uma

linguagem conservadora aos padrões estabelecidos pelas regras gramaticais.

Ambas as linguagens apresentam características distintas que variam de acordo com

o indivíduo que a utiliza, portanto, considerando que as mesmas sofrem influência da cultura

e do meio social, não se pode determinar que uma seja melhor que a outra, pois seria

desconsiderar essas influências. No momento que cada indivíduo, com sua particularidade,

consegue se comunicar, a linguagem teve sua função exercida.

Assim sendo, empregar vocabulário adequado e usar regras da norma padrão da

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língua em se tratando da modalidade escrita é uma importante característica de diferenciação

entre a língua oral e a escrita.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra D.

QUESTÃO 126 - ENEM 2009 – Por meio do texto apresentado percebemos uma linguagem

motivadora, com intenção de persuasão. A persuasão apresentada sob o aspecto da

interatividade entre o emissor, o leitor e o gênero textual híbrido entre carta e publicidade

oficial dá uma maior versatilidade na linguagem que é, ao mesmo tempo, carta e também

publicidade oficial. É muito comum a utilização deste tipo de construção textual para

aproximar o emissor do receptor, o que permite uma maior adesão deste à pretensão daquele.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra D.

QUESTÃO 127 - ENEM 2009 – O texto se dirige aos prefeitos, conclamando-os a

organizarem iniciativas de combate à dengue. A resposta correta está nitidamente explícita no

texto e não há outra alternativa possível para a questão, que é de interpretação de texto.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra C.

QUESTÃO 128- ENEM 2009 – A vontade de partir do personagem narrador misturada à

sua hesitação em separar-se da avó que ali ficaria é claramente demonstrada no final do

trecho citado, como aponta a alternativa E. Com seu “desejo de não passar mais nem uma

hora naquela casa”, o narrador escaparia silenciosamente (“Partir, sem dizer nada”); no

entanto, hesita quanto a essa decisão, pensando em se despedir ou não da avó, o que se

manifesta na passagem “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas

palavras...”. “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras... (ℓ. 14-15)”. Este

excerto indica a resposta da questão, que é de interpretação de texto.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra E.

QUESTÃO 129- ENEM 2009 – O excerto “a realidade, porém, é que as divisões ‘dialetais’

no Brasil são menos geográficas que socioculturais” apresenta uma informação importante

ao afirmar que as questões dialetais no Brasil está mais ligada ao fator socioculturais do que

geográficos. A questão é a seguinte: a diferença da qualidade da educação entre as classes

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sociais no Brasil é uma triste realidade exclusiva socialmente. Tais diferenças excluem a

grande maioria dos brasileiros que não têm acesso à educação de qualidade. Portanto, a

resposta correta é a do texto “à existência de delimitações dialetais geográficas pouco

marcadas no Brasil, embora cada um enfatize aspectos diferentes da questão”.

Como dito em E, os pontos de vista dos autores convergem em relação à presença de

delimitações dialetais geográficas no Brasil. Para Serafim da Silva Neto, elas não são tão

marcadas a ponto de dividir a língua, e, por isso, ele defende a unidade da Língua Portuguesa.

Por outro lado, Teyssier, apesar de reconhecer as divisões dialetais geográficas, atribui a elas

uma importância menor em relação à relevância da variação de natureza sociocultural e diz

que estas comprometem a unidade linguística.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra E.

QUESTÃO 130 - ENEM 2009 – polifônicas: musical para designar várias melodias que se

desenvolvem independentemente, mas dentro da mesma tonalidade. As composições

polifônicas têm várias partes simultâneas e harmônicas. As partes são independentes, mas de

igual importância. Embora a música polifônica seja primordialmente vocal, o termo também

pode aplicar-se a obras instrumentais. Polifonia é uma palavra que vem do grego e que

significa de muitas vozes.

Depois da inserção na cultura da bossa-nova e da música popular brasileira, da

problemática ecológica centrada na Amazônia, ou da problemática social emergente do

fenômeno dos meninos de rua, e até do álibi ocultista dos romances de Paulo Coelho,

continua todos os dias a descobrir, no bem e no mal, o novo Brasil.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra C.

QUESTÃO 131 - ENEM 2009 - Drummond, como os modernistas, segue a libertação

proposta por Mário e Oswald de Andrade; com a instituição do verso livre, mostrando que

este não depende de um metro fixo. Se dividirmos o modernismo numa corrente mais lírica e

subjetiva e outra mais objetiva e concreta, Drummond faria parte da segunda, ao lado do

próprio Oswald de Andrade. Quando se diz que Drummond foi o primeiro grande poeta a se

afirmar depois das estrelas modernistas, não se está querendo dizer que Drummond seja um

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modernista. De fato herda a liberdade linguística, o verso livre, o metro livre, as temáticas

cotidianas.

Mas vai além. "A obra de Drummond alcança — como Fernando Pessoa ou Jorge de

Lima, Herberto Helder ou Murilo Mendes — um coeficiente de solidão, que o desprende do

próprio solo da História, levando o leitor a uma atitude livre de referências, ou de marcas

ideológicas, ou prospectivas", afirma Alfredo Bosi (1994).

Affonso Romano de Sant'ana costuma estabelecer a poesia de Carlos Drummond a partir da

dialética "eu x mundo", desdobrando-se em três atitudes:

Eu maior que o mundo — marcada pela poesia irônica

Eu menor que o mundo — marcada pela poesia social

Eu igual ao mundo — abrange a poesia metafísica

Sobre a poesia política, algo incipiente até então, deve-se notar o contexto em que

Drummond escreve. A civilização que se forma a partir da Guerra Fria está fortemente

amarrada ao neocapitalismo, à tecnocracia, às ditaduras de toda sorte, e ressoou dura e

secamente no eu artístico do último Drummond, que volta, com frequência, à aridez

desenganada dos primeiros versos: A poesia é incomunicável / Fique quieto no seu canto. /

Não ame. Muito a propósito da sua posição política, Drummond diz, curiosamente, na página

82 da sua obra "O Observador no Escritório", Rio de Janeiro, Editora Record, 1985, que

"Mietta Santiago, a escritora, expõe-me sua posição filosófica: Do pescoço para baixo sou

marxista, porém do pescoço para cima sou espiritualista e creio em Deus."

No final da década de 1980, o erotismo ganha espaço na sua poesia até seu último

livro.

Conhecendo Melhor o escritor Carlos Drummond de Andrade:

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,

não cantaremos o ódio, porque este não existe,

existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,

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o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,

o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,

cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,

cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.

Depois morreremos de medo

e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas

Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.

O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

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seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para o Estados Unidos, Teresa para o

convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto

Fernandes

que não tinha entrado na história.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra C.

QUESTÃO 132 - ENEM 2009 - Raduan Nassar lançou este seu livro, o segundo de sua

produção, em 1978. O Brasil ainda vivia sob a ditadura militar. Contudo, não há quase nada

nele, no plano ostensivo, sobre as condições político-sociais que o país vivia naqueles anos. O

tema desta densa e quase alucinada novela é o embate que se trava entre um casal de amantes,

suscitado por uma razão banal. Sob esse plano simples, porém, jaz uma condensação quase

infinita de significados, que, enfeixados por uma prosa extremamente apurada, tornam essa

obra uma das ficções mais complexas e intrigantes surgidas na segunda metade do século 20.

A história está dividida em sete partes: A Chegada, Na Cama, O Levantar, O Banho, O Café

da Manhã, O Esporro, A Chegada. Conforme se vê, a última seção retoma a primeira, como

que fechando um ciclo, mas sob perspectiva diferente. Enquanto no início o personagem

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masculino chega à sua chácara e encontra a namorada à sua espera, no final é a mulher quem

surge na casa do amante, e topa com ele dormindo. Entre esses dois momentos, eles se amam

e, pela manhã, lançam-se à briga feroz. O motivo parece despropositado. O homem irrita-se

com as formigas que estão destruindo sua cerca viva e passa a atacar o formigueiro. A

namorada ironiza a operação e ele se volta contra ela. A guerra verbal ocorre num crescendo

de agressividade.

A crítica Leyla Perrone-Moisés vê na surpreendente hostilidade contida na discussão um

reflexo do clima adverso que havia na sociedade brasileira, sem qualquer dos estereótipos da

ficção “engajada". Nassar procuraria mostrar como os indivíduos introjetam o discurso do

poder e, quando provocados, podem usar as armas da linguagem contra a insatisfação gerada

por esse mesmo discurso. Neste trecho, por exemplo:

“[...] e eu poderia atrevido largar às soltas o raciocínio, espremendo até o bagaço o grão do

seu sarcasmo, mas eu não falei nada, não disse um isto, tranquei minha palavra, ela não teve o

bastante, só o suficiente, eu pensava, por isso já estava lubrificando a língua viperina

entorpecida a noite inteira no aconchego dos meus pés e etcétera, eu só sei que continuei de

cabeça baixa mas avançando, as coisas aqui dentro se triturando [...]".

Numa outra vertente de interpretação, as formigas e a cerca viva podem ser vistas como

símbolos de algo mais amplo, como a fragilidade do ser humano na busca por proteger-se (a

cerca viva no fundo não traz proteção); anseio que não é refratário ao poder subterrâneo dos

instintos, ao mesmo tempo irracional e implacável, caótico e ordenado, representado pelas

formigas.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra C.

QUESTÃO 133 – ENEM 2009 – A poesia marginal dos Anos 70

Tive a ideia de colocar um poema da década de 1970 para termos um exemplo de

como nossos poetas da época se relacionavam como o período de ditadura no Brasil, mas ao

iniciar minhas pesquisas, verifiquei uma grande discussão nos Anos 70 sobre a forma como

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nossos escritores lidavam com sua arte. Por isso mudei um pouco o rumo do post para atender

nossa curiosidade sobre o tema.

Os Anos 70 foram duros para nossa intelectualidade, que tinha que ter criatividade e

cautela para se expressar. Surgia um forma marginal de expor suas ideias. “A poesia marginal

foi a forma usada para que os pensamentos pudessem circular, sendo o Rio de Janeiro uma

das principais localidades em que os jovens poetas se reuniam, seguindo

a literatura Beat norte americana.

A ditadura militar foi um duro golpe na literatura, tendo sido agravada a partir

de 1970, assim vários escritores tinham que se manter anônimos ou usar nomes falsos para

terem suas obras circulando sem correr o risco de sofrerem com o AI-5. Isso tudo, é claro,

influenciou na qualidade do que circulava. Segundo um artigo de Paloma Vidal intitulado

“Literatura e ditadura: alguns recortes” o maior desafio dessa literatura engajada havia sido

transmitir uma mensagem política sem se render ao maniqueísmo.

A literatura tinha assim um papel contestatório a um sistema que estava ali para

oprimir. Alegoricamente ou jornalisticamente os escritores dedicavam seu labor a denunciar,

mas nem sempre observando o leitor, ou seja a qualidade do que estava escrito. Sobre isso

Paloma Vidal afirma que ao deslocar o foco da literatura para a informação, tende-se a abrir

mão da pluralidade de sentidos em nome de um, é quadro unificador da realidade. A

linguagem se torna apenas um meio de chegar ao fato.

Independente das críticas, a literatura marginal, praticada nos Anos 70, é uma rica

fonte de conhecimento, para estudiosos, críticos literários e nos blogueiros. Só para deixar

mais claro, o porquê de ser marginal a poesia dos Anos 70, acrescento que esta não seguia

estética literária em vigor à época. Estavam geralmente na contra mão do que se via

no mercado.

RÁPIDO E RASTEIRO

Chacal

vai ter uma festa

que eu vou dançar

até o sapato pedir pra parar.

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aí eu paro, tiro o sapato

e danço o resto da vida

COGITO

Torquato neto

eu sou como eu sou

pronome

pessoal intransferível

do homem que iniciei

na medida do impossível

eu sou como eu sou

agora

sem grandes segredos dantes

sem novos secretos dentes

nesta hora

SONETO

Ana Cristina César

Pergunto aqui se sou louca

Quem quer saberá dizer

Pergunto mais, se sou sã

E ainda mais, se sou eu

Que uso o viés pra amar

E finjo fingir que finjo

Adorar o fingimento

Fingindo que sou fingida

................................................

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra D.

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QUESTÃO 134 - ENEM 2009 – A corpolatria é uma alusão a atual necessidade das pessoas

diante do corpo perfeito. São múltiplas as necessidades para adquirir o corpo perfeito, dentre

elas: a saúde, a beleza corporal, o bem estar físico, e outras. A corpolatria coaduna com

idolatria do corpo, como forma de imagem positiva diante de um mundo consumista da

beleza e do bem estar pessoal. A sociedade urbana, de maneira geral, caminha a passos largos

para escravizar-se diante de tantas receitas milagrosas para emagrecer e da estética da

magreza como elemento essencial no mundo contemporâneo. A idolatria era uma alusão às

crenças religiosas no passado e, atualmente, são muitas as formas de idolatria, inclusive

aquele padrão corporal magro dito como belo pela sociedade atual.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra A.

QUESTÃO 135 - ENEM 2009 – A adesão à concepção de língua como entidade

homogênea e invariável, e negação da ideia de que a língua portuguesa pertence a outros

povos é a única alternativa possível como resposta correta. As outras alternativas contradizem

os textos de modo tão substancial que o aluno atento percebe logo a sua fragilidade. A oração

“assim nós podemos dizer que as nações de África, Guiné, Ásia, Brasil barbarizam quando

querem imitar a nossa” nos mostra que na mistura das línguas, nos reinos (região

colonizada), os barbarismos são comuns e constantes uma vez que as linguagens se misturam

e, com isso, uma variação linguística começa a aparecer, formando, a partir daí, os chamados

barbarismos. É por esse motivo que a língua falada nos países colonizados divergem tanto da

língua de seus colonizadores, a exemplo do português falado no Brasil e do inglês falado nos

Estados Unidos e na África do sul.

Diante do exposto acima a alternativa correta é a letra D.

Bem, por hoje é só. Espero que você goste do conteúdo aqui tratado porque ele vai

ajudá-lo na composição de sua redação.

Bons estudos para ter boa sorte.

Quando menino minha mãe sempre nos motivava a estudar porque acreditava que

somente os estudos poderiam melhorar nossa condição de vida. Ela estava certa! Sem

conhecimento o homem está submisso à leitura

Page 114: redação nota 1000redacao1000.com/wp-content/uploads/2014/07/AULA-2.pdf · REDAÇÃO NOTA 1000 PROF. SEBASTIÃO OLIVEIRA VELOSO 2 O que percebemos na nova forma de correção de

REDAÇÃO NOTA 1000 PROF. SEBASTIÃO OLIVEIRA VELOSO

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Para não ficar muito grande o conteúdo não coloquei questões de vestibular nesta

aula. Nas outras aulas eu vou colocar bastante questões para você exercitar.

Um abraço e até a próxima aula.