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RECURSOS PEDAGÓGICOS E ATUAÇÃO DOCENTE VISCOVINI, Ronaldo Celso – UEM [email protected] GOZZI, Maria Estela – UEM [email protected] ARIAS, Carmem – UEM [email protected] MIRANDA, Débora Patrícia – UEM [email protected] SIGOLI, Letícia dos Santos Marangoni – UEM [email protected] ZANQUETTA, Vanessa de Araújo – UEM [email protected] Eixo Temático: Comunicação e Tecnologia Agência Financiadora: Fund. Apoio ao Desenv. Cient. e Tec. Vale do Piquiri (FADECT) Resumo A realidade educacional brasileira, desde o início do século XX, vem sinalizando a construção do processo de democratização escolar, centralizando suas metas, ações e problemas a serem superados ora no professor, ora no aluno, ou mesmo no conteúdo e nos diferentes recursos didáticos. É principalmente na atuação docente que tem se explicitado as diversas cobranças que são provenientes da sociedade. Exige-se que os professores se apropriem de novos conhecimentos em atendimento às demandas sociais. Já não há como negar as influências da tecnologia e das relações que ela estabelece com o conteúdo sistematizado. Procuramos conhecer se os professores de Ciências usam os materiais laboratoriais e a tecnologia presente na escola. Realizamos uma pesquisa dos recursos didáticos disponíveis em escolas de 5ª a 8ª séries da rede estadual do Núcleo Regional de Goioerê, estado do Paraná, nos municípios de Goioerê, Mariluz, Ubiratã, Rancho Alegre do Oeste e Quarto Centenário. Analisamos a frequência na utilização desses recursos didáticos. Verificamos que o esforço governamental de inclusão digital tem apresentado significativos resultados. As escolas possuem quantidades apreciáveis de computadores e TVs pendrives, com uma ampla distribuição, atingindo todas as escolas pesquisadas. Seria importante a existência de outros programas que contemplem também os laboratórios, assim como a propagação de novos cursos destinados aos professores, subsidiando-os para o trabalho com os diversos equipamentos a fim de estimular o conhecimento científico. Essa pesquisa nos provoca aprofundar os dados coletados. Os

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RECURSOS PEDAGÓGICOS E ATUAÇÃO DOCENTE

VISCOVINI, Ronaldo Celso – UEM [email protected]

GOZZI, Maria Estela – UEM

[email protected]

ARIAS, Carmem – UEM [email protected]

MIRANDA, Débora Patrícia – UEM

[email protected]

SIGOLI, Letícia dos Santos Marangoni – UEM [email protected]

ZANQUETTA, Vanessa de Araújo – UEM

[email protected]

Eixo Temático: Comunicação e Tecnologia Agência Financiadora: Fund. Apoio ao Desenv. Cient. e Tec. Vale do Piquiri (FADECT)

Resumo A realidade educacional brasileira, desde o início do século XX, vem sinalizando a construção do processo de democratização escolar, centralizando suas metas, ações e problemas a serem superados ora no professor, ora no aluno, ou mesmo no conteúdo e nos diferentes recursos didáticos. É principalmente na atuação docente que tem se explicitado as diversas cobranças que são provenientes da sociedade. Exige-se que os professores se apropriem de novos conhecimentos em atendimento às demandas sociais. Já não há como negar as influências da tecnologia e das relações que ela estabelece com o conteúdo sistematizado. Procuramos conhecer se os professores de Ciências usam os materiais laboratoriais e a tecnologia presente na escola. Realizamos uma pesquisa dos recursos didáticos disponíveis em escolas de 5ª a 8ª séries da rede estadual do Núcleo Regional de Goioerê, estado do Paraná, nos municípios de Goioerê, Mariluz, Ubiratã, Rancho Alegre do Oeste e Quarto Centenário. Analisamos a frequência na utilização desses recursos didáticos. Verificamos que o esforço governamental de inclusão digital tem apresentado significativos resultados. As escolas possuem quantidades apreciáveis de computadores e TVs pendrives, com uma ampla distribuição, atingindo todas as escolas pesquisadas. Seria importante a existência de outros programas que contemplem também os laboratórios, assim como a propagação de novos cursos destinados aos professores, subsidiando-os para o trabalho com os diversos equipamentos a fim de estimular o conhecimento científico. Essa pesquisa nos provoca aprofundar os dados coletados. Os

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professores precisam ser ouvidos para se posicionarem sobre a influência desses recursos no processo de ensino. Esse é mais um desafio.

Palavras-chave: Recursos Pedagógicos; Ensino de Ciências; Docência.

Introdução

As diferentes formas de atuação dos professores devem ser pensadas e discutidas

tomando-se como referência os fatores sociais, políticos e históricos que oferecem ao homem

os valores necessários para interpretar as questões que estão postas. Num exercício teórico,

somos instigados a compreender as diversas situações que promovem a educação, sobretudo a

concepção que se tem sobre a formação e atuação docente. Pensar esse processo numa

perspectiva de historicidade implica trazer a reflexão do significado do ato educativo, numa

relação mais ampla do desenvolvimento do conhecimento do ser humano, sabendo-se que este

está inserido em sociedades que se caracterizam por mudanças contínuas.

A realidade educacional brasileira, desde o início do século XX, sinaliza a construção

do processo de democratização escolar, centralizando suas metas, ações e problemas a serem

superados ora no professor, ora no aluno, ou mesmo no conteúdo, subsidiado por diferentes

recursos didáticos. É no processo de atuação docente que tem se explicitado as diversas

exigências que emanam de anseios da sociedade. Ao mesmo tempo em que os profissionais da

educação são criticados por suas atuações, historicamente são eles que estão assumindo e

atendendo a múltiplas situações que vão se colocando no cenário educacional. A qualificação e

atuação dos professores acompanham e refletem os diferentes momentos da educação

brasileira. Ora o professor é colocado como sendo o centro das atenções, ora é apontado como

o causador de todos os problemas que emanam da educação.

Nesse movimento, estão implícitas as necessidades dos professores de se apropriarem

de novos conhecimentos em atendimento às propostas decorrentes de políticas que vão se

efetivando. Muito se discute o papel da educação e do ensino sistematizado, principalmente

porque os resultados de aprendizagem obtidos pela escolarização de jovens e crianças têm

apresentado problemas sérios, incluindo a não promoção da aprendizagem. Isso pode ser o

reflexo da ampliação das vagas na escola pública. A expansão da escolaridade a todos os

segmentos da sociedade provocou o embate teórico entre currículo, formação docente e a

realidade pedagógica vivenciada nas escolas.

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Nesse contexto de intensas mudanças, lançou-se mão de técnicas diversas e materiais de

apoio pedagógico com o intuito de respaldar o professor com habilidades instrumentais tais

como os experimentos de ensino e o uso de recursos tecnológicos. Como resultado dessa

tendência está a preocupação em formar e atualizar o professor frente às necessidades técnicas

colocadas por novas demandas de conteúdo. Por outro lado, esse aparente movimento de acesso

aos novos recursos apontam pressupostos que dão sustentação ao modelo de sociedade

capitalista, como a globalização da economia e dos mercados internacionais de produtos e de

serviços.

A globalização da economia é um processo que tem se intensificado a partir de meados

do século passado. Ela se caracteriza pela expansão da divisão internacional do trabalho e

também está relacionada à revolução das informações. Essas mudanças estão ligadas ao

processo de concentração de riquezas e às práticas que estimulam a divisão do conhecimento

por meio de informações muito fragmentadas. A escola, como uma instituição que não se

exime dos movimentos sociais, acaba potencializando valores que caracterizam a sociedade

moderna, como por exemplo a fragmentação do saber.

Com a inovação tecnológica e a disponibilização de diferentes recursos, a sociedade tem

se organizado de forma a possibilitar o desenvolvimento voltado para o capital global. As

tecnologias de comunicação e informação invadem o cotidiano por meio da mídia e, em

decorrência disso, manifestam-se expressivas mudanças nos valores, nos gostos e nas opiniões

das pessoas. Essas questões contribuem para a uniformização de algumas características, as

quais acabam se tornando padrões comportamentais. Essas influências vão direcionando a visão

dos jovens sobre determinadas concepções de mundo, provocando um forte impacto também na

vida dos professores (TORRES, 2008). Estes, no desenvolvimento de seu trabalho docente,

eram subsidiados quase que apenas por livros didáticos, e hoje convivem com uma diversidade

de influências. A tecnologia presente na sociedade passa a fazer parte da educação

sistematizada.

O contexto educacional acaba incorporando as demandas do novo encaminhamento

didático, assim como passa a priorizar um conteúdo teórico subsidiado por propostas de

atividades práticas. Já não há como negar as influências da tecnologia e nem mesmo separar

esse novo recurso e as relações que ele estabelece com o conteúdo estudado. O processo

educacional busca se adequar à formação de indivíduos capazes de posicionamento diante das

informações recebidas. Essas novas exigências requerem “pensar sobre valores subjacentes ao

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indivíduo, que pode criar, usar, transformar as tecnologias, mas não pode se ausentar, nem

desconhecer os perigos, desafios e desconfortos que a própria tecnologia pode acarretar”

(GRINSPUN, 1999, p. 27).

No Brasil, a divulgação e a informação, tanto de acontecimentos como de descobertas

científicas, estão ligadas principalmente à televisão (TV) e, para o professor, a diversidade de

conteúdo tem dificultado um determinado posicionamento crítico diante dos assuntos

socializados. Em contrapartida, a TV tem despertado grande interesse nas crianças e nos

jovens, muitas vezes sua influência se sobrepõe ao tempo e atenção dispendidos para o ensino

sistematizado e até mesmo se sobrepõe à atuação e desempenho do papel do professor em sala

de aula. Existe quase que um encantamento provocado pelas tecnologias, alimentando o

universo sensitivo, afetivo e ético dos estudantes que usam das informações da mídia para

enriquecer as discussões que ocorrem em sala de aula (ALMEIDA; MORAN, 2005).

É comum perceber que muitos professores não admitem ter dificuldade em trabalhar

com as informações recebidas, assim como em lidar com a inserção das novas tecnologias no

contexto escolar. Muitos acabam se intimidando com a utilização dos aparelhos tecnológicos

que já estão na maioria das escolas, como o DVD, a TV pendrive (no estado do Paraná), e

principalmente o computador e a internet. É nesse contexto que a capacitação digital, oferecida

pelos órgãos responsáveis, pode ser um momento significativo de aprendizado e aceitação da

contribuição da tecnologia para o ensino.

Para que as novas habilidades possibilitem a inserção do professor ao universo da

informação, também é imprescindível que ele aceite esse momento como um desafio a ser

enfrentado. Como as instituições de ensino existem em prol da formação humana para a

emancipação, que compreende a participação na sociedade, já não cabe mais resistir às novas

exigências sociais. A escola tem um compromisso com o estudante a fim de proporcionar-lhe

conteúdo científico e a valorização da interação entre todos os envolvidos com a educação.

Além dos recursos didáticos em sala de aula já consagrados no contexto escolar, também a

utilização de tecnologias e da exploração de equipamentos laboratoriais podem servir de

elementos para a democratização do saber em prol de uma educação de qualidade.

Grinspun (1999) defende alguns quesitos que já estão presentes nas legislações

educacionais, como o de propiciar ao indivíduo a capacidade crítica para criar, refletir e

desfrutar dos diferentes conhecimentos produzidos historicamente pelos homens. Essa defesa

vai ao encontro da apropriação e desenvolvimento de novos conhecimentos e da formação

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humana, um grande desafio para todos os envolvidos com a educação. Para subsidiar a

discussão necessária ao entendimento do assunto posto para estudo, procuramos questionar os

professores de Ciências a fim de verificar a incidência do uso da tecnologia e dos materiais

laboratoriais, visto que essa área de conhecimento tem sido, há muito, alvo das inovações

didáticas e demonstra os diferentes momentos históricos da educação brasileira.

Os recursos pedagógicos e a educação

A relação entre comunicação e educação se intensificou com o movimento da Escola

Nova, a qual se consolidou no Brasil na década de 1930. Essa nova concepção de educação

trouxe uma inquietação em relação aos métodos e recursos didáticos que possibilitam a relação

entre comunicação e educação. A partir do século XX, a parceria entre novos conhecimentos e

educação passa a ser importante, compreendendo a oferta de recursos didáticos que vão se

tornando elementos indispensáveis no processo de ensino e de aprendizagem. Como incentivo à

implantação dos recursos tecnológicos disponíveis, o Ministério da Educação (MEC)

estabeleceu em 1996, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), projetos voltados para a

área das comunicações.

Para saber qual é a interferência na escola que os recursos tecnológicos vêm

provocando, é necessário primeiramente entender a concepção de tecnologia educacional. A

definição mais utilizada, segundo Oliveira (1977), é a de que a tecnologia educacional

compreende todos os instrumentos audiovisuais ou ferramentas com finalidade educativa.

Trazer as tecnologias para a sala de aula permite certa “liberdade” ao professor, porque acarreta

uma descentralização do seu papel de educador, possibilita também uma aproximação maior

com diferentes realidades sociais.

Deste modo, percebe-se que há um movimento de informatização que pode sinalizar em

seu objetivo auxiliar o trabalho do professor. Com isso, ele pode utilizar os recursos e criar

condições para que o aluno aprenda (ROQUE, 2006). Apesar da grande importância das

tecnologias digitais nas escolas, muitos professores não as utilizam por falta de conhecimento

ou porque não são disponibilizadas por suas instituições. Este fato vai na contramão da

experiência de muitos alunos que desde a infância já têm contato com o computador, por

exemplo.

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A inclusão digital pode ajudar no desenvolvimento das ações pedagógicas nas escolas,

incentivando os alunos a resolverem situações do cotidiano e contribuindo com sua vida

profissional futura. Tornam-se cada vez mais frequentes os desafios presentes na sociedade

pela inserção dos recursos digitais em constante inovação (ALMEIDA, 2005).

É interessante que os alunos aprendam a utilizar a internet como uma ferramenta para a

aprendizagem. Essa tecnologia permite contribuir para a transmissão de informações, tais como

esclarecimento de dúvidas, troca de sugestões, organização de pesquisas e realização de

trabalhos. Segundo Moran (2000), em algumas escolas brasileiras, esse processo já vem

ocorrendo em sala de aula, sendo que determinados professores administram suas aulas

tornando-a um processo contínuo de comunicação. Atualmente, a internet é uma das formas

encontradas pelos professores para diversificarem suas aulas, porém, alguns ainda possuem

certa resistência com a sua utilização.

Realizamos uma pesquisa dos recursos laboratoriais e tecnológicos disponíveis em

escolas de 5ª a 8ª séries da rede estadual do ensino fundamental. Analisamos a incidência na

utilização desses recursos didáticos por professores da disciplina de Ciências. O questionário da

enquete realizada junto aos professores questiona sobre a freqüência do uso: diário, semanal,

mensal, semestral ou, nunca. Esse levantamento foi realizado contemplando cinco municípios

que pertencem ao Núcleo Regional de Goioerê: Goioerê, Mariluz, Ubiratã, Rancho Alegre do

Oeste e Quarto Centenário.

Verificamos a existência dos seguintes recursos: retroprojetor; computadores, tanto os

de uso exclusivo dos professores como os disponíveis para os alunos; TV pendrive; data show;

aparelho DVD; TV via satélite; caixas experimentais e equipamentos de física, química,

biologia, geologia e astronomia. A quantidade verificada desses recursos foi comparada com o

total de alunos de cada município. Fizeram parte da pesquisa um total de dezesseis escolas que

atendem a 6.748 alunos, e 24 professores de ciências. Na tabela 1 encontra-se o registro dos

materiais, objeto de investigação da pesquisa realizada.

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Tabela 1. Quantidade relativa de recursos didáticos nos municípios do Núcleo Regional de Goioerê e a freqüência de sua utilização pelos professores de Ciências (em porcentagem).

Frequência de utilização pelos professores Recursos

Didáticos

Quantidade

nas escolas Diária Semanal Mensal Semestral Nunca

Comp. para Professores 245 37,5 54,2 0,0 8,3 0,0

Comp. para Alunos 305 0,0 20,8 45,8 12,5 20,8

TV pendrive 153 12,5 37,5 33,3 12,5 4,2

Aparelho DVD 38 4,2 8,3 62,5 16,7 8,3

TV Via Satélite 14 4,2 20,8 8,3 16,7 50,0

Retroprojetores 25 0,0 8,3 16,7 12,5 62,5

Data Show 8 4,2 4,2 16,7 12,5 62,5

Caixas de Física 12

Caixas de Química 6

Caixas de Biologia 6

Caixas de Geologia 5

Caixas de Astronomia 2 0,0 0,0 50,0 16,7 33,3

Equip. de Física 12

Equip. de Química 5

Equip. de Biologia 23

Equip. de Geologia 5

Equip. de Astronomia 2

Obs: A freqüência da utilização das caixas experimentais e dos equipamentos de Física, Química, Biologia e Geologia, foi analisada no conjunto, ou seja, verificou-se a utilização de qualquer desses itens pelos professores.

Analisando os valores expressos na Tabela 1, verificamos que o esforço governamental

de inclusão digital tem apresentado alguns resultados. As escolas possuem quantidades

apreciáveis de computadores e TVs pendrive, com uma distribuição que abrange todas as

escolas pesquisadas. Esses equipamentos são amplamente explorados pelos docentes. Os

computadores escolares são utilizados pelo professores pelo menos uma vez por semana, num

registro de mais de 90% dos professores. Em conjunto com os alunos, pelo menos uma vez por

mês mais de 65% dos professores exploram desse recurso. As TVs pendrive estão em todas as

salas de aula e são utilizadas com frequência. Essa prática colabora com a proposta socialmente

aceita de contribuir com uma formação humana que busque oferecer a educação de um

indivíduo globalizado e alfabetizado digitalmente.

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Os tradicionais retroprojetores, os modernos data show e as TVs via satélite são

ignorados pela maioria dos professores. Os materiais laboratoriais, nessas escolas, apresentam

quantidades ínfimas e acervos incompletos, com uma distribuição desigual entre as escolas.

Embora a metade dos professores de Ciências utilize mensalmente os escassos recursos, um

terço deles nunca os utiliza.

Conclusão

A falta desses recursos didáticos causa uma fragilidade no trabalho com determinados

conteúdos, especialmente em disciplinas de ciências naturais. Seria muito importante um

programa governamental (federal, estadual e/ou municipal) para o aparelhamento dos

laboratórios escolares, e cursos destinados aos professores, para que tenham incentivo e

domínio de conteúdo científico para trabalhar com esses equipamentos.

A utilização dos recursos tecnológicos e laboratoriais nas escolas pode ajudar na

compreensão da relação dos indivíduos com a sociedade, fomentando mudanças que se fazem

necessárias. Muitos professores se utilizam desses recursos, porém não basta apenas isso, é

preciso que haja um compromisso constante na forma de como eles podem contribuir para o

ensino e ajudar no aprendizado. Assim, as tecnologias podem ser instrumentos para auxiliar o

trabalho do professor e despertar o interesse do aluno pelo conteúdo.

A tecnologia é um suporte utilizado por alguns educadores com o intuito de enriquecer

as aulas ou torná-las mais interessantes e dinâmicas. A educação hoje está num processo

contínuo de transformação, momento em que o acesso à informação e à inclusão digital é

indispensável, tanto para a realização pessoal quanto para o desempenho profissional. Nesse

aspecto, é necessário rever o papel da escola e o processo de ensino-aprendizagem,

procurando discutir a aprendizagem e a qualidade do ensino. Não basta colocar máquinas

sofisticadas dentro das escolas, os educadores têm que aprender a usá-las para poder ensinar,

utilizando-se dos recursos disponíveis e das novas tecnologias. Somente assim será possível

contribuir para a formação de cidadãos ativos, autônomos, conscientes, participativos e

críticos. Essa pesquisa nos instiga a aprofundar o estudo dos dados coletados. Pensamos que

os professores precisam ser ouvidos para se posicionarem sobre a influência dos recursos

didáticos no processo de ensino, sendo esse é um desafio para todo educador.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de; MORAN, José Manuel. Integração das tecnologias na educação. Brasília: Ministério da Educação, 2005. ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Letramento digital e hipertexto: contribuições à educação. In: PELLANDA, Nize; SCHLUNZEN, Elisa Tomoe Moriya; SCHLUNZEN JUNIOR, Klaus (Orgs.). Inclusão digital. DP&A, 2005. Disponível em: <http://epistemolinguagem.blogspot.com/2008/06/letramento-digital-e-hipertexto-27html>. Acesso em: 23 ago. 2008. BARRETO, Raquel Goulart. Tecnologia e educação: trabalho e formação docente. Educ. Soc., Campinas, v. 25, n. 89, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ Arttext&pid=S0101-73302004000400006& ing=pt&nrn=isso.> Acesso em: 31 ago 2008 FONSECA, Claudia Chaves. Os meios de comunicação vão à escola? Belo Horizonte: Autêntica, 2004. GRINSPUN, Mirian P. S. Zippin. Educação tecnológica: desafios e perspectivas. São Paulo: Cortez, 1999. MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologia. Disponível em: <http://d.scribd.com/docs/jxhlixuu852bgds916.pdf>. acesso em: 23 ago. 2008. OLIVEIRA, João Batista Araújo e. Perspectiva da Tecnologia Educacional. São Paulo: Pioneira, 1977, 232 pp. OLIVEIRA, Vera Barros de; VIGNERON, Jacques. Sala de aulas e tecnologias. São Bernardo do Campo: Unesp, 2005. ROQUE, Valéria. O papel das tecnologias digitais no contexto escolar . Disponível em: <http://webinsider.uol.com.br/index.php/2006/11/09/o-papel-das-tecnologias-digitais-no-contexto-escolar/>. Acesso em: 23 ago. 2008. TORRES, Carlos Alberto. A escola precisa debater as influencias da globalização. Revista Nova Escola, São Paulo, v. 23, n. 212, p. 26-30, maio 2008.