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o Recife a origem

O"Ensinam os filólogos que a palavra arrecife é a forma antiga do vocábulo

recife e que ambos procedem do árabe, ar-raçif, que significa calçada, caminho pavi-

mentado, linha de escolhos, dique, paredão, muralha, cais, molhe. No antigo castelhano arrecife tinha o sentido de caminho, banco ou baixio mar".

"Porque se originou de um acidente geográ-fico - o recife ou o arrecife - a designação do Recife não prescinde do artigo definido mas-culino: O Recife e nunca Recife. Por isso no Recife, do Recife, para o Recife e não em Recife, de Recife, para Recife".José Antônio Gonsalves de Mello, em O Re-cife e os arrecifes

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AV GUARARAPES 09

Passeio de barco pelo Capibaribe

Uma das formas mais agradáveis de conhecer a cidade de Recife e através de passeio de catamarã. Os barcos partem do cais das 5 pontas, perto do Forte da 5 pontas, e aproveitam os caminhos fluviais que Recife proporciona para mostrar pontos de interesse da cidade.No passeio "Rio Capibaribe e suas Pontes" o catamarã per-corre as pontes de Recife e as 3 ilhas do seus Centro. Ao passar sob cada ponte o guia pede para os passageiros aplaudirem. O trajeto de 1h15min passa por vários pontos turísticos como Praça do Marco Zero e Praça das Esculturas. O guia vai explicando sobre cada local que o catamarã passa. A música ambiente e constante brisa de Re-cife tornam o passeio ainda mais relaxante. Esse passeio é diário.No passeio Recife e seus Bairros até Casa Forte, percorre-se 14 bairros da capital de Pernambuco. Esse passeio ocorre somente nos finais de semana, dependendo da maré.Os outros passeios “Passeio Ecológico pelos Manguezais” e “Passeio Escolar pelo Capibaribe” são feitos com grupos a combinar.

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Recife de vila a cidadeO Recife e era constituído originalmente por conjunto de estrei-

tas ilhas e camboas, resultantes das ações de depósito trazidos pelos rios e pelas correntes marítimas e do aterro de manguezais, em diversos momentos da história. A ocupação, restrita a uma pequena povoação, era feita por marinheiros, carregadores e pes-cadores, morando em casas de palha na extremi- dade sul da península. A con-stituição desta Vila é registrada já em 1537.

Até a che- gada dos holandeses (1630), Recife de- pendia de Olinda - local de moradia da aristocracia do açúcar. Os invasores preferiram se estabelecer nas terras baixas do Recife, seja porque o sítio de Olinda não favorecia aos seus interesses militares e com-erciais, seja pela semelhança do sítio do Recife com as terras da Holanda. A ocupação foi sendo feita por soldados, colonos, hab-itantes de Olinda (incendiada pelos holandeses) e por imigrantes judeus.

A intervenção holandesa (1637-1654) foi um fator decisivo para o direcionamento dos três eixos de urbanização da parte central do Recife, com a construção de fortes e redu-

tos para impedir os ataques por terra e, também, através da inter-venção planejada de Maurício de Nassau. O primeiro eixo seguiu em direção ao norte do bairro do Recife, no caminho para Olinda, onde atualmente, encontra-se a Fortaleza

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do Brum e a fábrica de biscoitos Pilar. O segundo eixo, at-ravessou o rio Capibaribe e ocupou a ilha de Antônio Vaz, atuais bairros de Santo Antônio e São José. Ainda durante

século XVII, construiu-se a Fortaleza das Cinco Pontas e a ligação por dique, deste forte ao "Aterro dos Afogados", atual rua Imperial. O terceiro, configurou-se nos meados do século XVIII a partir da im-plantação do aterro da Boa Vista, na margem esquerda do Capibar- ibe, contornado a rua da Imperatriz e, na parte mais firme, o bairro da Boa Vista.

Cabe ressaltar que, em paralelo aos eixos, os aterros contribuíram para ampliar a área construída das ilhas do Recife e de Antônio Vaz; dos arredores do Cabanga, da Boa Vista, dos Coelhos e da Ilha do Leite; bem como dos dois lados da bacia do Pina e nas imedi-ações da área portuária.

Deve-se ressaltar a importância das intervenções públicas, que modificaram as paisagens, nos séculos passados. Não se pode

esquecer a pioneira intervenção planejada a partir do plano Pieter Post enco- mendada por Nas- sau e par-cialmente executada na Ilha de Antônio Vaz (bairro de São José). Em meados do século XIX, foram as reformas do Conde da Boa Vista; no início do século XX, Si- gismundo Gonçalves, no bairro do Recife. Estenderam-se estas intervenções, nas décadas de 40-50, com a abertura das avenidas Guararapes e Conde da Boa Vista, chegando ao prolongamento da abertura da

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avenida Dantas Barreto nos bairros de São José e Santo Antônio ocorrida na década de 70.

A cidade do Recife, mais especificamente, o bairro do Recife foi se especializando, a partir dos holandeses, como centro comer-

cial, intermediando a circulação de mercadorias em função da presença do porto e dos judeus, comerciantes por excelência. Surgiram sobrados com o comércio localizado no térreo e a mora-dia nos andares superiores. Com a especialização cada vez maior do centro (setor de serviços e bancário) a população foi deixando o centro como lugar de moradia; São José que era habitado pela classe média na década de 30-40, passa pela deterioração das habitações, surgimento de cortiços e pensões e depois, estabeleci-mentos comerciais; o bairro do Recife, no início do século XX já apresentava alto grau de especialização, como local portuário e entreposto comercial. Nos outros bairros, continuou a predominân-

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Faculdade de Dereito 19

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Praça Maciel Pinheiro 21

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Patio de são Pedro 23

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Rua da aurora 25

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Palácio da Justiça 27

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Ginásio Pernambucano

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Teatro Santa Isabel 35

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Palácio do Governo 37

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Ponte da boa vista 39

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Ponte Duarte Coelho 41Rio Capibaribe

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Patio do Livramento 43

O diário de

Maurício de Nassau

Ainda me lembro, quando aqui cheguei, do estado em que se encon- trava a Conquista. A

Companhia,em 1630, tinha tomado Pernambuco. Ocupou Olinda, de-pois caiu a Aldeia Recife e, após um período de lutas, com a perda do Arraial, uma boa fortificação pelos portugueses, a conquista foi quase definitiva.Em 1637, após uma longa viagem desembarquei em terras do Brasil. Foi um deslumbramento - o verde das matas, os pássaros, o grande rio, que me lembrou as terras e os canais de Amsterdam. O Recife, desorganizado como cidade, estava com muitos da Companhia, e nele ainda se sentiam as marcas das primeiras lutas. No outro lado do rio, a ilha, onde estava situado o grande alojamento e o Forte Ernesto, este levantado em redor de um pequeno convento de capu-chos.Não fiquei morando no Recife, estava muito desarrumado para o meu gosto, fui para a ilha, que se chamou antes de Antônio Vaz. Nela me instalei em um grande sobrado, perto do rio, e, de onde avistava o Recife. Sobre o seu telhado, meu amigo Sr. Marcgrave instalou um observatório; várias vezes ali subi para observar os astros e ver, à distância, o mar e as terras em redor.Pouco depois de ter me instalado com toda a criadagem e meus amigos Senhores Piso, Macgrave, Post e Eckhout, além do poeta Plante, e outros, fui ver a antiga vila de Olinda. Que tristeza! Do Recife eu a avistei logo, - no horizonte vi as ruínas da igreja matriz que marcavam o alto de uma colina. A silhueta de Olinda é muito

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bonita, ao se recortar contra o céu. Foi uma pena a sua destruição. Dos restos das construções se aproveitou a Companhia quando contratou a retirada, em 1639, de pedras para as obras do Recife.O primeiro governante, um português chamado Duarte Coelho, es-colheu o sítio, para instalar a sede da Capitania, a cavaleiro do mar e tendo como porto de apoio as terras baixas do Recife, protegidas pelas muralhas de pedras natural.Chegando, naquela antiga vila, pude percorrer as suas ruas incen-

diadas; o incêndio da cidade, ateado pelos da Companhia, em 1631, foi extenso e, não fossem os índios que acudiram os padres, teriam se consumido totalmente algumas das grandes construções dos re-ligiosos. Perto da antiga Matriz, bastante arruinada, me deparei, ao lado do mar, com a grande construção dos padres da Companhia. Que maravilha, - estes jesuítas não construíam para o momento, mas sim, vendo o futuro.Na Matriz, no Colégio da Companhia de Jesus e noutras em ruínas ainda pude ver os ricos altares. Não vi imagens de santos, deviam ter sido tiradas dos altares pelos portugueses.A vila, no que se referia às moradias, ao casario, estava desmante-lada.

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Era mais bonita de fora que de dentro.Mas, naquele ano de 1637, após a minha chegada, a preo-

cupação era tentar a paz. Sem uma boa convivência não poderia haver governo. Isto logo foi conseguido e se tanto não se obteve foi por falta de maior apoio dos da terra e da Companhia das Índias.

Quando considerei a minha maior per-manência me interes-sei pelas melhoras das con-dições do Recife.Do Re-cife, como era, me descrev-

eram os da terra, aqueles que conheceram a prosperidade de Olinda, lá pelo princípio do século e, mesmo outros, ainda vivos, que assistiram a chegada de um visitador religioso, em 1595, e, mas recuando no tempo, do Jesuíta Cristóvão Gouveia. Essa gente velha, me infor-mou, através do padre Manoel do Salvador, que os da terra chama-vam "dos óculos", da impressão que daquela cidade em descrições, disse naqueles tempos os visitantes.Um tal Gabriel Soares de Souza chegou a deixar manuscritos sobre a vila e o resto do Brasil; uma cópia do que se escreveu me chegou as mãos, através daquele religioso.Por essas notícias pude entender os interesses da Companhia na conquista. Realmente Olinda e o Recife eramo foi conquistada a capitania, deixou boa memória do dia do desembarque um soldado; sua descrição é saborosa notáveis nessas partes do Brasil.Quando foi conquistada a capitania, deixou boa memória o dia do

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desembarque um soldado; sua descrição é saborosa. Li antes de vir para essas terras. Me informei, de muito mais, não iria chegar sem nada saber. É verdade que para melhor se conhecesse no futuro so-bre essa terra extraordinária, vieram homens cultos os quais sobre ela estudariam e escreveriam, recolhendo para tanto muito mate-rial.Mas, voltando a falar do Recife, me ocorreu dizer mais sobre a aldeia junto ao mar. O Recife, quando em 1630, era muito pequeno e, nele já se tinha dificuldades de terras para construção.Junto aos arrecifes, na entrada da barra havia um forte, na laje. Outro apenas existia em terra e, ainda outro, em construção na lín-gua de terra que ligava a Olinda. Os grandes armazéns, reconstruí-dos depois pela Companhia, foram incendiados em 1630 pelo Sr. Matias de Albuquerque e no casario existente, alguns sobrados, de mais de um pavimento. Encontrou-se no Recife uma igreja, antiga, desde os primeiros dias, dedicada a um São Frei Pedro Gonçalves. Dela logo os da Companhia se apossaram e transformaram para o culto reformado. Suas ruas eram estreitas e sujas. Não gostei dessa

parte e me instalei, como disse, na ilha. Lá, quando cheguei ainda não havia grande número de casas de moradia. A travessia desde o Recife era difícil. O rio, muito largo no trecho e de fortes corrente-

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zas, obrigava a uma balsa, presa a um grande cabo. Como era ruim atravessar. Se assim continuasse não cresceria as construções na ilha, lugar como disse mais aprazível.Recife muito deve, nos primeiros dias da Conquista, ao Governa-dor Sr. D. Van Weerdenburch. Ele fortificou, construiu defesas e proveu de água a aldeia.

Os primeiros dias foram difíceis. O inimigo não dava trégua. Senhor do conhecimento da terra ele se instalou perto do Re-

cife e de lá combatia sempre os nossos.Voltando ao Recife, ele deveria ser tão notável quanto foi antes Olinda.Assim logo cuidou-se da construção de dois palácios. Um para residência oficial, onde seriam os despachos e onde se pudesse receber e, outro, para repouso, poderia dizer, de inverno. O primeiro deles construído na parte de terra ao Norte do Forte Er-

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nesto e voltado para o continente, Olinda e o Recife. Lugar encan-tador e onde se tem, além do palácio, com suas duas altas torres,

um jardim, no qual, para divertimento dos da casa, instalou-se viveiros, jaulas com animais e plantou-se coqueiros, muitos dos quais transplantou-se já adultos. Para os palácios mandou-se fazer móveis e adquirir tapetes, além de orná-los com quadros pintados pelos nos-

sos artistas. O grande salão do principal, os das torres, estava bem ornamentado, e nele se recebia muito bem. Nos jardins, quantas vezes me diverti, a maneira nossa, como muito vinho e cerveja. Vai-se levando os móveis e os quad-ros. Deixa-se o palácio vazio, quem vier depois que o ornamente e lhe dê vida.Além dos palácios, construiu-se a igreja dos Calvinistas, onde eles puderam realizar decentemente seus cultos.

Mas, foi com as novas construções na ilha, que se deteve mais o governo.

O Recife já não cabia mais de construções. A população era muita e as casas poucas.Assim, foi en- carregado o irmão do pintor Frans Post, o arquiteto Pieter Post, de fazer o traçado das ruas para a expansão do casario em direção ao Forte, e isto deveria ser feito a ma- neira nova, numa cidade moderna.O projeto foi en- tregue e iniciou-se a demarcação das ruas e abertura dos canais. Estes deveriam se inter-ligar ao sistema antigo de defesa, e, ao se expandir, a parte velha, esta será mantida separada da nova, por um canal.

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Assisti eu mesmo, ainda me lembro bem, a demarcação, no solo conquistado aos alagados, da nova cidade. Nela, praças

ao lado do canal principal, e casinhas pequenas foram construídas. Como ficou elegante, aprazível - moderna. Dela fez desenhos o Sr. Post. Espera-se usá-los no futuro.No entanto, sem pontes não haveria maior crescimento. Assim, projetou-se e construiu-se duas grandes pontes. Uma para o Recife, outra para as terras na outra banda do Palácio da Boa Vista.A primeira, iniciada em pedra, foi concluída diante da desistência do construtor, em madeira. A segunda foi feita toda de madeira.Para construir a primeira ponte foi instituída uma contribuição antecipada, a qual, por insuficiente, teve que ser complementada pelo pagamento da passagem, o pedágio, o que sabe-se depois veio

desagradar bastante os da terra. Paciência, não poderia arcar com tantas despesas inesperadas apenas com o valor antes arrecadado.

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O Recife cresceu comigo nesses anos em que estive nas pos-sessões da Companhia, e sei, talvez um dia, percamos toda a

conquista, mas, nessa cidade Maurícia e aquele lugar do Recife não serão abandonados em favor de Olinda.É com tristeza que deixo esta terra e antevejo o seu futuro grandio-so. Eles, os que ficaram, dirão futuramente o quanto devem a esse período do governo.Hoje, neste instante da partida vejo, comparando com o Recife que vi quando cheguei, o quanto esta cidade é linda, debruçada no grande rio.No momento, me sinto profundamente triste mas, satisfeito pelo que vi e participei.Dessa terra levo muitas memórias e dela fixou aspectos ex-traordinários, de suas paisagens e da gente, os pintores, Srs. F. Post, Zacharias Wagner, e o notável Albert Eckhout.Um dia irão falar muito disto tudo."

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