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Reações Psicológicas frente as doenças agudas e crônicas Lauanny Almada Monitora de Psicologia Médica II Profª Orientadora: Regina Reis. 06/05/2010

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Page 1: Reações Psicológicas frente as doenças agudas e crônicas Lauanny Almada Monitora de Psicologia Médica II Profª Orientadora: Regina Reis. 06/05/2010

Reações Psicológicas frente as doenças agudas e crônicas

Lauanny Almada Monitora de Psicologia Médica II   Profª Orientadora: Regina Reis.

06/05/2010

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Baseadas em...

• Condições biológicas, sociais e psíquicas decorrentes da doença e da hospitalização;

• Condições de estresse e vulnerabilidade;• Traços da personalidade;• Conflitos emocionais e mecanismos

adaptativos;• Experiências prévias com doenças,

médicos e hospitais.

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A DOENÇA AGUDA

“Fiz um trato com meu corpo.Nunca fique doente.Quando você quiser morrer,Eu deixo.”

P. Leminski (1995)

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NA DOENÇA AGUDA O PACIENTE...

• Lembra-se de que tem um corpo e que este pode morrer.

• Sente-se escravo do corpo e do tempo -> sensação de perda da autonomia sobre o próprio corpo.

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NA DOENÇA AGUDA O PACIENTE...

• Experimenta quebra de uma linha de continuidade da vida, das funções do dia-a-dia e de certa previsibilidade sobre o amanhã -> “congelamento da existência” -> “tempo de suspensão” -> período difícil de ser relacionado à existência passada ou conectá-lo ao futuro.

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NA DOENÇA AGUDA O PACIENTE...

• Tem as preocupações girando ao redor do estado corporal e da passagem das horas.

“Enquanto sofre, deixa de amar” – Freud.

• Altera a condição de sujeito de intenções para sujeito de atenções.

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NA DOENÇA AGUDA O PACIENTE...“Fará somente 24 horas que me deixaram aqui

derreado? Somo: vinte e quatro, quarenta e oito, setenta e duas. Talvez uns três dias. Isto, setenta e duas horas. Os chinelos desapareceram: ficarei provavelmente um mês, dois meses. (...) É bom que a ferida se agrave e me mate logo. Dois meses de tortura, um tubo de borracha atravessando-me as entranhas, visões pavorosas, os queixumes dos indigentes que se acabam junto ao homem dos esparadrapos.”

Graciliano Ramos. Conto: O Relógio do Hospital.

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NA DOENÇA AGUDA, QUANDO PACIENTE HOSPITALIZADO...

• Impacto é ainda mais dramático.• Segundo Strain (1978): 8 categorias de

estresse psicológico:1.Ameaça básica à integridade narcísica;2.Ansiedade de separação;3.Medo de estranhos;4.Culpa e medo de retaliação;5.Medo da perda do controle de funções

adquiridas durante o desenvolvimento;6.Perda do amor e de aprovação;7.Medo de mutilações;8.Medo da morte, da dor.

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REAÇÕES DE AJUSTAMENTO

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REAÇÕES DE AJUSTAMENTO

• A forma com que o paciente irá reagir à doença e à internação será influenciado principalmente pelo significado pessoal e subjetivo que a doença física desperta.

• Este será modulado por características de personalidade, circunstâncias sociais e pela própria natureza da condição patológica e seu tratamento.

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REAÇÕES DE AJUSTAMENTO

-> combinação de preocupações excessivas, ansiedade, depressão, insônia.

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REAÇÕES DE AJUSTAMENTO

• Em geral, sintomas transitórios, melhoram com apoio psicológico e boa comunicação;

• Costumam ceder com a melhora clínica e alta hospitalar;

• Raramente necessitam de psicotrópicos e psicoterapia;

• Em casos mais graves e prolongados, ou naqueles com dificuldade de diagnóstico e manejo, a avaliação psiquiátrica pode-se fazer necessária.

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MECANISMOS DE DEFESA

“Silêncio. Por que será que essa gente não fala e o relógio se aquietou? Uma idéia acabrunha-me. Se o relógio parou, com certeza o homem dos esparadrapos morreu. Isto é insuportável. Por que fui abrir os olhos diante da amaldiçoada porta?”

Graciliano Ramos. Conto: O Relógio do Hospital

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ESTRESSE E COPING

• O paciente reage ao perigo real e às ameaças de perigo (potenciais ou imaginadas).

• Duas grandes formas de se enfrentar a doença: (coping) -> “orientadas para o problema” ou “orientadas para a emoção”.

• Apoio social -> é crucial, mais em termos de qualidade do que quantidade.

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O DOENTE CRÔNICO

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O DOENTE CRÔNICO

• Diversas maneiras de lidar com a doença. Alguns pacientes lidam melhor com o caráter crônico da doença, sendo motivados para o tratamento. Outros terão dificuldades em aderir ao tratamento.

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O DOENTE CRÔNICO

• Adesão ao tratamento – três componentes:

1.Noção da doença que o paciente possui;

2.Idéia de cura ou de melhora que se forma em sua mente;

3.O lugar do médico no imaginário do paciente.

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O DOENTE CRÔNICO – A FALTA D E ADESÃO:

I)Paciente:• Com concepções errôneas sobre a doença ou

tratamento;• Mal compreensão das instruções;• Não possui capacidade ou recursos para

seguir tratamento;• Duvida da utilidade do tratamento;• Acredita que os benefícios não valem os

esforços;• Impaciência com a velocidade dos progressos;• Outras preocupações para priorizar.

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O PACIENTE CRÔNICO – A FALTA DE ADESÃO

II)Tratamento:• Esquemas complexos;• Efeitos indesejáveis;• Resultados a longo prazo;• Demasiada exigência do paciente;• Qualidade de vida.

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O PACIENTE CRÔNICO – A FALTA DE ADESÃO

III)A doença:• É assintomática, não incomoda

muito;

• Sintomas dificultam o cuidar-se ( ex: psicose).

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O PACIENTE CRÔNICO - A FALTA DE ADESÃO

IV)Instituição:• Política de saúde;• Acesso ao serviço;• Distância;• Tempo de espera;• Duração do atendimento.

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O PACIENTE CRÔNICO – A FALTA DE ADESÃO

V)O profissional:• Distante, pouco cordial;• Inacessível;• Parece sempre ocupado, atende com várias

interrupções;• Usa jargões, não considera as dúvidas e

preocupações do paciente;• Não informa, ou o faz de maneira

imprecisa;• Faz perguntas que intimidam o paciente;• Não oferece atenção contínua e

personalizada, com retornos programados.

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O DOENTE CRÔNICO – PARA AUMENTAR A ADESÃO:

• Simplificar o esquema terapêutico, dividindo-o em passos;

• Ser pragmático;• Ser seletivo;• Informações claras, sem jargões, com

instruções escritas;• Empregar ilustrações, auxílios

mneumônicos, esquemas, analogias;• Certificar-se da compreensão;• Empregar ajudas para a memória.

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O DOENTE CRÔNICO E A FAMÍLIA

• Às vezes, o paciente e seus familiares não conseguem aceitar as limitações impostas por certas doenças crônicas. Muitas famílias, no início da doença, consideram o paciente como vítima inocente, mas com o passar do tempo, podem passar a vê-lo como um fardo.

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O DOENTE CRÔNICO E SUA RELAÇÃO COM O MÉDICO:

• Sempre avaliar cuidadosamente as modalidades relacionais estabelecidas entre paciente e seus médicos anteriores.

• Quando a convivência for difícil -> procurar tocar em assuntos “psicológicos” a medida que o vínculo estabelecido for se fortalecendo. A indicação de psicoterapia deve ser trabalhada junto com o paciente se ela for necessária.

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OS PACIENTES-PROBLEMA – COMO LIDAR?

• Estabelecer limites de maneira firme, mas sem agressividade;

• Reconhecer os estresses do paciente;• Respeitar os mecanismos de defesa;• Evitar o estímulo às demandas;• Não incitar o paciente a reações de raiva;• Evitar confrontar as prerrogativas que o

paciente narcisisticamente se atribui;• Em alguns casos, em que a gravidade das

manifestações agressivas se mostram no seu máximo, é necessário medicação e contenção no leito;

• Avaliar o risco de suicídio.

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HOSPITALISMO

• Quadros de reinternações ou permanência hospitalar além da média prevista para o quadro clínico -> desejo consciente ou inconsciente de ser cuidado pela instituição, mediante agravamento e prolongamento de queixas físicas ou psicopatológicas.

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HOSPITALISMO

• Geralmente são pacientes de idade mais avançada, com doenças crônicas invalidantes, que apresentam transtornos psiquiátricos e problemas psicossociais.

• Diagnóstico diferencial: transtornos somatoformes, transtornos factícios e simulação.

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ALTA A PEDIDO• Quando pacientes solicitam alta

contrariamente à recomendação da equipe médica.

• Interconsulta psiquiátrica -> Saber:• Razões para o pedido;• Transtorno mental? (dependência de

substâncias psicoativas, transtornos psicóticos paranóides, mania, demência e delirium, transtornos de personalidade – anti-social, narcisista, passivo-dependente.)

• Paciente pode ser considerado capaz de tomar esta decisão, sob o ponto de vista legal?

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RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE• Mecanismos de transferência e

contratransferência.• Analogia com negociação.• Jogo de identificações – com a

linguagem como intermediária nesta relação.

• Relação de poder assimétrica• Reconhecimento dos aspectos

antropológicos do adoecer.• Contexto cultural – concepção do

paciente sobre a condição do adoecer.

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CONCEPÇÃO DIALÉTICA DE SAÚDE E DOENÇA: UMA PERSPECTIVA

HISTÓRICO-CULTURAL.• Ultrapassa a visão de saúde tanto como

ausência de doença, quanto como adaptabilidade e considera que o processo saúde-doença está intimamente relacionado à qualidade de vida.

• Corpo humano -> texto que vai sendo escrito ao longo de sua história, como um processo de transformação social e cultural do ser biológico.

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Obrigada!