cronicas agudas

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Crônicas Agudas Coelho de Moraes

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Page 1: CRONICAS AGUDAS

Crônicas Agudas

Coelho de Moraes

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Crônicas Agudas

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Direitos de Cópia para Cecília Bacci & Guilherme Giordano [email protected]

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EDITORA EDITORA EDITORA EDITORA ALTERALTERALTERALTERNNNNAAAATTTTIIIIVVVVAAAAMENTEMENTEMENTEMENTE [email protected]

TIRAGEM 8000 POR E-MAIL

DOWNLOAD EXCLUSIVO http://www.paginadeideias.com.br

Coleção BROCHURA / PDF / ESPIRAL

Capa COELHO DE MORAES

[email protected]

Cidade de Mococa Abril – aniversário da cidade

São Paulo 2010

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Crônicas Agudas

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À GUISA DE APRESENTAÇÃO & PREFÁCIO

Cumprimentos a todos.

Meu nome é Marco Antonio Coelho De Moraes, venho a estas páginas

(PÁGINAS DE IDEIAS do amigo Scarparo Maciel), e venho escrever sobre

assuntos pertinentes ao fazer da arte e suas derivações, às vezes não tão

artísticas, abrangendo a cultura entre laços e gravatas e sorrisos de quem não

sabe o que faz, mas quer assim mesmo sentar na cadeira do cargo.

Antes de tudo digo que a família por parte de meu pai vem de Arceburgo e

Milagres e Guaxupé e Monte Santo, e do lado materno vem de São Paulo e vem

da Mooca. Mococa e Mooca. Sempre pareceu um sinal. Um signo. Uma profecia.

Estudo música desde os 10 anos de idade e comecei na classe do Professor

Olímpio, no Conservatório Santa Cecília. O Conservatório ficava sobre o Cine

Moderno, na Rua da Mooca, depois passou para um prédio novo na Javary.

Meu primeiro acordeon foi um Scandalli italiano. O velho acordeon de tangos e

boleros na Mooca. Depois entrei para o Conservatório Dramático e Musical de

São Paulo na avenida São João.

Fiz composição e regência, estudos complementares de encenação teatral e

produção videográfica; compus várias obras em formato de musicais cênicos,

além de obras para Coro, Grupos Sinfônicos e Câmera. Venho fazendo isso com

mais assiduidade após o advento da informática que facilitou a escrita.

Produzimos mais.

Em 1996 Mococa estava dentro de si e aproveitou a oportunidade para me

chamara a dirigir a Escola de Música Euclydes Motta. Durou somente o sonho

de 96 e resíduos oníricos posteriores, pois a cabeça dos governantes seguintes

não acompanhou a modernidade. Mesmo assim eles se acham os tais.

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Atuei, desde 2007 como Coordenador de Cultura da FATECmococa

(cineclubismo e cinema) cujo périplo de aço finalizou em 2009, isso, dez anos

depois de uma ação cultural que alterou o pensamento de Arceburgo no ano de

1997. Lá nas Minas Gerais formara-se a Escola Municipal e Artes Dramáticas e

Musicais – EMADMA - que durou um ano, também. Faltou inteligência e tino

político. Parece que essas duas virtudes nunca andam juntas.

No mesmo formato e seguindo a mesma dissociação de virtudes acima dirigi,

como já dito, a Escola de Música Euclydes Motta, em Mococa, traçando a sua

proposta pedagógica, mas isso de nada adiantou pois de pedagogia não há

prefeito que entenda.

Prova-se que quem veio depois não tinha mesmo competência para dirigir nada

e a escola estagnou-se. Escola estagnada significa criação e inteligência

estagnadas. Cidade pobre de espírito. Talvez ganhe o reino dos céus, mas se

depender do andar da carruagem e do Papa, sei não...

Trabalho em 2010, no segundo ano, com o CORO DA MOCIDADE, que já é

grupo de canto coral em ação. Ela se estabelece na Mocidade Espírita de Mococa

– a Mem.

Dirijo a PRODUTORES INDEPENDENTES – PI, que é uma empresa muito

livre para produção artística em geral (música, vídeo, literatura, teatro, gravação

de CD, gravação de Vídeo e Kinemática Aplicada); dirijo, ainda, o TEATRO

POPULAR DE MOCOCA - que homenageia um dos nossos grandes artistas

cênicos - ‘ROGÉRIO CARDOSO’. O TPM já montou para mais de 25 peças

em 13 anos de trabalho na região. Ganhou prêmios. É grupo respeitado. A

outros trás o despeito pois ele faz, enquanto os outros olham. Em Março de

2009 estreou “NIETZSCHE NO PARAÍSO”, com textos do pensador

Nietzsche. Em Março de 2010 estreou A MORTE BÊBADA DA MORTE”,

com textos de Miranda Junior e Woody Allen.

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Em 2009 foi grampeado pelo judicioso Diretor de Cultura de Plantão e sua

dentifrícia esposa, mancomunados com as bandas de além. É sempre assim, não

ganham na competência, mas querem ganhar no tranco e no barranco.

Além disso, possuo uma discografia que alcança 9 CDs já gravados e lançados,

dirigindo vários grupos entre Rio, São Paulo e Minas Gerais. Trata-se muito de

música instrumental contemporânea. Execução completamente virtual, ou seja,

música eletrônica, pois é uma obra cibernética, através da ORKESTRA

LIVRE, seguindo alguns caminhos do mestre Gismonti.

Mas, em meados de Abril deste ano de 2010, a Orkestra Livre retoma ensaios e

prepara sua temporada de concertos.

E na vertente do mestre Allen, a videografia não é deixada de lado tendo a

INDÚSTRIA DO VÍDEO como executiva das obras de curta, média e longa

metragem e cursos curtos. Algumas das obras vão para Festivais e Mostras,

outras seguem através da Internet, no espaço cibernético que nos envolve

(YouTube, Sapo, Videolog e quejandos).

Não contente com a lerdeza que impera na região, participei da montagem de

uma Incubadora Cultural em São João da Boa Vista. Dela fui presidente em duas

gestões. 2004 a 2008.

Por outro lado, e afeito a essas coisas da mente, em 2009 eu exponho a

graduação em Filosofia e formação em Psicanálise. Terminada a preparação em

2010 eu me apresentarei à sociedade, a partir de Maio vindouro com mais essa

vertente de trabalho. É o velho interesse na alma e espírito humanos que se

desenvolvem na arte. A psicanálise, a musicoterapia e a homeopatia.

Pensamentos livres e profissões libérrimas. É assim que gosto.

Isso se a arte permitir e folgar um tempo. Veremos.

A arte tem dessas coisas. A arte exige essas coisas. Não fosse assim e não tendo

mais nada que fazer, eu fabricaria gelatina e ficaria a pregar placas de lata nas

paredes ou me sentaria feito índia na porta do Teatro impedindo a passagem..

Por ora ficam votos de sucesso, vida longa e prosperidade.

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6 POR MEIA DÚZIA Ou

de como – democrática - a Cultura é para qualquer um

De cada vez que escrevo posso ser avaliado como aquele que é convencido ou

arrogante, ou, aquele que tem dor de cotovelo. Sendo assim nunca escapo desses epítetos

lançados a esmo. Sendo assim, continuo escrevendo e dou de ombros, cabelos ao vento.

Numa olhada superficial sobre a situação da Cultura vemos que nela – como

instituição burocrática ou departamental – cabe qualquer tipo de gente, de qualquer profissão,

mesmo os ignorantes. De outro lado temos bons exemplos: No Departamento de Educação a

diretora é Docente. No Departamento de saúde é Médica. No Departamento de Agricultura –

por bem ou mal, que o digam os funcionários – é engenheiro agrônomo. No Barracão

encontramos gerentes com bom trabalho. No Departamento jurídico há advogados. No Meio

Ambiente é engenheira ambiental. Agora, no Departamento de Cultura a profissão pode

variar.

Essa poesia, pobre por sinal, nunca deu rima.

Ora, o histórico dos diretores do Departamento de Cultura deixa a desejar ou dá pano

pra mangas, ou dá jorros de risos: já foi mulher de delgado, comerciante, juiz, dentista,

advogado... Realmente, é um departamento onde qualquer um pode obter guarida para seu

sonho delirante. Tentar ser o que não é. Nem precisa ter perfil de nada. Hiphopistas

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anacrônicos, diretores de trem da alegria, responsáveis pelo bilhete de entrada, dançarinos de

aluguel, enfim, não precisa lidar diariamente com a matéria cultura, basta ter um sonho. Nem

precisa conhecer quatro idiomas e nem ter produção em vídeo/música/teatro, ou seja,

produção na área artística, no mínimo. Basta ser curioso(a). Ser curioso(a) e se apoiar na

sapiência dos funcionários que lá militam. Não de todos... pode se dizer que os funcionários

da CULTURA é que são os bons do pedaço. Não todos... Resolvem tudo. Não todos...

Que seria das cidades sem seu folclore?

Mas saibamos mais sobre um conto de certa cidade interiorana... uma lenda urbana de

terror, nesse caso... A dentista é esposa do juiz e, por negociatas espúrias, assume o posto do

marido – não o do Fórum, mas o posto da Cultura. Parece que o fenômeno é monárquico.

Provavelmente, daqui a seis meses, quando a dentista sair entrará o filho mais velho e assim

por adiante, até alcançar a petizada. O Departamento de Cultura, repetindo os erros de

sempre, é a moeda de troca das articulações... o caminho parece ser esse. Também... para que

cultura?

Ou entrará outro qualquer. Basta ter um sonho... não precisa de projeto.

O Figó de má memória dizia: - Quando ouço falar em cultura já puxo o revolver.

E, o que é cultura afinal? São os eventos que se perdem com o vento? São as

solenidades com hino e pose de estátua deselegante? O que é isso, afinal, cultura chamada? É

aquilo que se aprende na escola e nunca mais sai da cabeça ou justamente o contrário?

Kultur é a civilização e tudo o que nela couber. Portanto a cultura é a mostra da nossa

cultura, a representação de tudo o que foi construído em choque com a Natureza, a

civilização que construímos. Quando o prefeito escolhe um Assessor de Imprensa que não é

do metièr, mas que serve para compor com a aliança de partidos da campanha, é parte da

cultura. Estão fazendo cultura. De mau gosto, mas sempre cultura. Quando o prefeito elege

um engenheiro bom na tecnologia para tratar das coisas do campo, mas, muito ruim no trato

pessoal e com seus assessores, fabrica-se cultura. Quando o prefeito põe dentistas para cuidar

da cultura, faz cultura no mal sentido; continua sendo cultura, mas cultura pífia. Se fizer tudo

isso, sem consultar o partido, tratando-se de política e, portanto, de ação clandestina, produz a

cultura do autoritarismo, do eu-achismo. Escolhas pessoais? Escorado na desculpa de

trabalhar com gente de confiança, sugere-se que os outros não são de confiança ou não têm

competência para atuarem naqueles espaços. Esse último item – da competência - não é,

parece, o que pesa. Por que se assim fosse a cidade teria mudado qualquer tanto e nada

aconteceu. O adversário, por exemplo, pode ser uma pessoa de confiança, contanto que faça

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parte do perfil de governo do chefe do executivo. Em suma... burlou-se o estatuto. La nave

va.

AGENDA BÁSICA que dou de bandeja: Uma ginkaninha ou férias coletivas em

Janeiro (teatro fechado?) já que não há nada para fazer mesmo / preparação para carnaval em

Fevereiro / desculpa das chuvas em Março / Abril, aniversário da cidade com Sandy-sem-

Junior ou o inverso / Maio do trabalhador e das galinhas e do alface, plus, dia das

mães/noivas/santas/mulheres que desmaiam em Maio / em Junho as festas juninas

travestidas de folclore (evangélicos acham isso coisa do capeta, portanto vade retro) / Julho

fica por conta da SUM / Agosto deve ter alguma gripe (a asinina) ou a canina de algum

cachorro louco, para variar, e adiarão qualquer evento (adiar é o que fazem de melhor) / em

setembro mês das flores e talvez alguma coisa que foi adiada do mês anterior / o salão do

bruno? / o dia do folclore? / o dia de geléia? / vamos colar alguma placa de lata na parede? /

em Outubro usarão as crianças como escudo, e, desculpa para teatro infantil de baixa

qualidade apoiada nos vassalos de plantão e nos bolos expostos ao sol com que alimentarão a

patuléia pobre / já se encontram sob a mesa à espera das migalhas boquirrotos abertos para o

alto / Novembro podem comemorar o meu aniversario que não ligo / e Dezembro um

grande suspiro, pois, finalmente o (c)ano acabou = FALSA CULTURA.

O Teatro Municipal da cidade fictícia foi aberto. Mas não parece. Falta o porteiro. A

porteira que lá está de nada entende e diz que os eventos se darão na cota de um por mês.

Sábia como tantos já traçou a agenda paupérrima. Sabe por barreiras, levantado as mãozinhas

para o alto e dizendo: - não me passaram... isso não sei! Aliás parece que esse pessoal da

cultura sempre levanta as mãozinhas para o alto. Será que vivem em algum assalto constante?

Que mais... Tem um piano para consertar. A bagatela de 30 mil reais que a cultura do

(des)governo anterior deixou escapar pelo mofo das chuvas. Mas, quem liga? Nem todo

mundo toca piano e faz lasanha ao mesmo tempo. Tem refletor para comprar. Tem agenda

para montar. Tem auditoria para fazer. Ah! AUDITORIA! O trauma dos covardotes de

plantão:

1) Quem permitiu que o piano se estragasse sob as águas, após as reformas que eram para

solucionar o problema do telhado – contra chuva – e, sistema elétrico - contra curtos -,

sabendo-se que tal reforma não resolveu nada disso?

2) Quem permitiu – do alto de sua autoridade - que a Câmara (sempre a Câmara que deveria

ajudar) levasse na mão, na rua, na calada do final de semana, as peças milionárias do Museu de

Artes Plásticas para os subterrâneos do Gabinete, incluindo as obras do Brunão?

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3) Faltará alguma peça? Faltará refletor? Faltará lente? Faltará algum Manezinho Araújo? Onde

as poltronas do hall? Onde o cortinado adequado e não a porcaria pendurada? Tudo isso é

patrimônio e dele ninguém dará conta? Por que alugar mil vezes aparelhos-de-sons suspeitos

se basta comprar uma só vez quase que pelo mesmo preço a mesma coisa?

Curiosidades.

E retornando ao primeiro parágrafo: Se CULTURA serve para qualquer um,

certamente não serve para mim, por motivos óbvios.

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A Alma Platônica Platão diz que o homem – ser humano ou homem gênero? - é a sua alma e

que apenas pela alma é possível ao homem conhecer a verdadeira realidade, ou

seja, o Mundo das Formas. Isso é opinião lá dele pois para mim a realidade é esta

que vemos e tocamos. A primazia, portanto, no pensamento platônico é da alma em

relação ao corpo. Mas, de onde ele tira essa idéia, uma vez que os Pré-Socráticos se

debateram em demasia para explicar a Physis – natureza – através da racionalidade?

Se alinhavarmos o pensamento dos filósofos daquele momento, veremos que Platão

faz um retorno ao Mito, apenas trocando o nome de Zeus para Demiurgo, por

exemplo. Demiurgo ou Daimon, a entidade que plasma a matéria dando ordem ao

universo.

A Psicologia platônica – se podemos dizer nesse sentido sem ofender

ninguém - tem intenções éticas: provar a necessidade de controlar as tendências

instintivas do corpo; não há referência alguma de que isso é um mal, em si; garantir

uma retribuição futura àquele que procura a justiça - ir para o céu e se dar bem –

devendo-se entender que justiça, na Hélade do século V a.c, nada tem a ver com a

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noção atual de justiça: mulheres, estrangeiros, escravos e crianças, não passavam de

meros complementos da vida do homem ateniense, por exemplo.

Então, quando Platão fala do homem, está falando do homem mesmo.

Essa chamada psicologia possui também intenções gnosiológicas:

estabelecer a possibilidade de um conhecimento do Mundo das Formas, ou das

Idéias. E isso é uma sacada platônica sem base alguma na racionalidade. Se Platão

sugere que o mundo sensível – esse mundo que podemos sentir e pegar – gera o

imaginário, certamente ele usou deste estratagema para esboçar o seu mundo das

idéias. Inventou e Fantasiou e ainda disse que não.

A alma platônica é simbolizada por um cocheiro conduzindo um carro puxado

por dois cavalos alados. A alma racional (Nous, Logos), simbolizada pelo cocheiro, é

imortal, inteligente, de natureza divina e situada no cérebro. A alma irracional

(Thymós), o cavalo branco, é fonte das paixões nobres; é mortal porque é inseparável

do corpo, estando situada no tórax.

Como é que o Platão sabe certinho onde está localizada a coisa, não é?

A alma apetitiva (Epithymía), simbolizada por um cavalo negro, é fonte de

paixões pouco nobres; é mortal porque também é inseparável do corpo, estando

situada no abdômen. Fica evidente, através da metáfora, que esta estória do Platão é

tão fantástica, ou, tão real, quanto falar que o fogo de Zeus deu vida aos humanos

(húmus) de barro moldados por Prometeu. Se podemos acreditar em uma estorieta,

podemos acreditar na outra.

Um certo Demiurgo (sacado da imaginação fértil do nosso filósofo) criou a

alma racional – criou por que quis ou foi algum acidente, algum acaso? - com os

mesmos elementos da Alma do Mundo, por esse motivo ela é imortal e tem caráter

divino, ou seja, tem algo do Mundo das Formas. No entanto é cópia e vale menos.

Esse algo semelhante ao mundo das Formas permite que a alma entre em contato

com o Mundo Inteligível (das Formas ou das Idéias). Relembre. Se a alma relembra

(anamnése) é por que guardou em algum lugar o que deve ser lembrado, e, nesse

caso, Platão é obrigado a lançar mão da sabedoria hindu e clamar pela

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Metempsicose, ou seja transmigração das almas de corpo para corpo. Sócrates ainda

diz que se o cidadão não se comportar convenientemente voltará em algum corpo de

menor valor como por exemplo no corpo da mulher, do escravo, de uma ratazana ou

rabanete... ou de algum diretor de cultura.

Segundo o mito de Demiurgo – sim, Mito, retorno ao Mito - quando não

explicamos, inventamos o mito para acreditar na estória, então, em determinado grau

de necessidade, passamos a ter fé - que é diferente de saber, pois é possível ter fé

até naquilo que nem existe; mas, voltando ao mito, as almas recém criadas

conduziam seus carros pelo mundo celeste – tal é a fantasia de Platão que ele chama

de pedagogia, ou metáfora para ensinar -, e era permitido, a elas, olharem para um

plano superior (o das Formas ou Idéias). Cabe perguntar: permitido por quem? Pelo

Demiurgo? Pelos deuses? Pelo Daimon?

Embevecidas com o brilho, beleza e perfeição das Formas ou das Idéias –

brilho, beleza e perfeição são valores relativos e depende de quem olha e analisa -,

os cocheiros perdiam o controle de seus carros (que é um acontecimento casual,

acidental, ocasional) e, não conseguindo dominar os cavalos, caíam no plano da

Matéria ou plano Sensível. Lembremos que a queda dos anjos e mensageiros já faria

parte da cosmogonia de hebreus e cristãos, posteriormente.

Os cavalos, símbolos das paixões e associados ao corpo são grandes

estorvos para o cocheiro, impedindo-o de contemplar as idéias, arrastando-o para

baixo e fazendo-o cair para o mundo corruptível da matéria. Ou seja, contemplar as

grandes idéias ou Formas não basta para se livrar das torrentes de paixão. Vemos

que há uma tendência de transformar tudo o que é matéria em coisa corruptível.

Ninguém quer aceitar que essa é a condição da matéria – ser corruptível (nascer,

existir, morrer) e não engendra nenhum pensamento de que deva existir algo perfeito

em contrapartida. A matéria é o fundamento do Universo. Mesmo o que chamamos

matéria será energia em algum momento e essas duas situações são

intercambiáveis. Alguns cocheiros puderam ver mais e melhor o Mundo das Idéias

(puro acaso), antes da queda (outro acontecimento casual). Por esse motivo,

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algumas almas são mais sábias, estão mais próximas da Verdade. O Filósofo é um

cocheiro que viu mais sobre o Mundo das Idéias, fato que sugere mais um

acontecimento casual.

Como o acaso toma parte especial em todas essas estoriazinhas, não?

Platão, não contente, ainda complementa: “O melhor que pode acontecer a um

Filósofo é morrer, porque ele retornará ao Mundo Inteligível (das Formas ou das

Idéias) e poderá contemplá-lo plenamente”.

Nirvana?

“A Filosofia é uma preparação para a morte”?

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A MORTE DO JORNALISMO?

Na escola se aprende a forma, o número de toques, aprende-se a digitar,

aprende o “que, quando e como”- que hoje é usado para desvendar a rotina das

celebridades. Nada mais do que isso. Nada mais “IN”. Os jornalistas que levam tais

matérias se acham muito “IN”? Só se forem INsano. Se chamar atenção para o jornal

depender disso, o título da matéria está correto. Morreu mesmo.

Em grande percentual o jornalismo trabalha com as noticias de novela, as

surpresas do capítulo futuro, bundas na revista Caras e marcas de geladeira. Em

verdade, em verdade vos digo que estão muito dominados. Jornalistas, com a

desculpa da sobrevivência, limitam-se a montar jornais de propaganda. Acho que não

devem sobreviver, mesmo. Dominados pela moda, dominados pela mídia MAJOR,

dominados pelo chefe ou chefa – cujo olhar não vai além do nariz – morrem pelos

cantos. Os anos acadêmicos de nada serviram. Não se forja um jornalista na escola,

apenas se o aparelha. Escrevemos. Contamos causos. Somos faladores e escritores

contumazes. Noticiamos na fofoca ou na mensagem pela NET. Não adianta

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espernear, nem fazer um quadrinho do diploma e esfregar na cara do resto do

mundo. Esse quadrinho nada vale. Esse quadrinho é biquinho. Biquinho de quem

choraminga. O que vale é o talento, sempre. Somos e geramos e editamos notícias e

muitos viverão disto, com ou sem diploma. O que temos que discutir é a revolução

que as novas mídias trouxeram pra o modo de pensar do cidadão.

Isso sim é importante.

É ir além. O que muda nestes tempos? Onde os veículos se rediscutem em

formato e tendências? Porque o jornalismo das grandes redes faz só fofoca?

Devemos dar canudos pra fofoqueira do teu bairro, então? Quantos dias faltam pra

morrer o jornal impresso que não passa de fetiche? O de Los Angeles já foi. Tem a

ver com a morte da qualidade na grande imprensa? E, o Maiquel Jéquiço, foi

enterrado ou não foi?

Bia Werther diz e muita coisa deste texto é baseado em seus escritos: “A

revolução na notícia se dá quando ela transcende o furo do dia e vira história, não

apenas manchete lavada no papel reciclado de amanhã”. Daí a MORTE DO

JORNALISMO. Desde os anos 70 se previa que manifestações como ARTES DAS

RUAS e NOVAS MIDIAS fariam aparecer a voz do humano comum. E, o humano

comum, nunca teve a palavra para si. Sempre falam em nome dele. Padres, pastores,

vereadinhos de plantão, deputadinhos, seniladores com dores e artralgias crônicas.

Enfim, autoridades. A pessoa comum, quando fala, fala de acordo com a moda, como

manda o figurino, para que o editor não corte a fala que “pega mal”. E cineastas

vários previam as religiões eletrônicas e a morte dos livros. Ninguém deu trela. Era

mais um programinha para se entreter enquanto a diaba Xuxa fazia das dela com a

teta na cara das crianças. E quem pode afirmar que responder a pergunta ainda não

formulada não é jornalismo? Sim... sim... a pergunta! Sem o “como quando onde

porque” sagrados? E não somos jornalistas? Da fofoqueira ao dono da padaria.

O que diz Bia Werther?: “Acaso a diferença não se apresenta na editoria da

matéria, mais ou menos livre, tendo cada um a sua tendência? O limite das laudas, o

conceito de furo, o furor, o caixeiro viajante da notícia”. Há necessidade do papel, ou

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basta um PDF pela rede? Pode ser documentário em filme? Em vídeo? Através da

TV? Pode ser um Messenger? Blogs e novas mídias são o meio do futuro/hoje.

Abram os olhos por que o futuro é esse que você vê passar pela janela. Na verdade o

que não existe é o hoje.

Se você não tem acesso à mídia informatizada é por que os poderosos te

querem alienado. Pau neles!! Gay Talese falava do “noticiar o humano comum”, coisa

que a imprensa do formato quadrado – tradicional - diz que é um jornalismo de

vanguarda. Falar do humano comum pode ser o caminho para falar da Cultura da

Paz. As margaridas do campo não são motivo de notícias, mas as mortes e o sangue

alheio são. Esta é a opção que temos? Será que você leitor não entende que precisa

de um analista urgente? A PolitiCanalha não fará a sua parte ou teremos que ensinar,

mais uma vez a essa gente que não sabe ler, não sabe interpretar, não sabe

entender, como se deve legislar?

Ocorre que escrevemos as novidades; contamos a história do nosso tempo.

Muita vez nos repetimos. Quem vai impedir? Terei que andar com um plástico no

carro dizendo: “Não faça história antes de consultar um jornalista?” O que fazer com

os blogueiros diários? Não são milhares deles jornalistas – pois, diários - sem

canudo? Como regulamentar, como impedir alguém de publicar o que quiser, quando

quiser?

Para ser escritor tem que ter diploma, também? Estamos em meio a milhões

de notícias do ser humano comum que não tem nenhum destaque na grande mídia e

não dá matéria aos olhos da imprensa que já não vende tanto jornal como outrora,

a não ser que Obama olhe Obunda da brasileira. É preciso canudo pra noticiar isto?

Ninguém perde o emprego de jornalista se for bom. Se tiver tino. Se tiver

talento. Mas se é tão importante, pombas!, enquadrem o canudo! Que a moldura lhe

seja leve. Títulos, e mais títulos, e, que tais, que moldam e formatam a figura da

autoridade no assunto. Na vida real a mudança permanece e o ser humano, sem

canudo, continuará com suas mensagens, seja ele médico, músico, filósofo, artista

plástico, ou açougueiro, escrevendo, cantando ou gritando na rua, batendo a

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claquete, pintando o muro. Jornal de bairro, Fanzine, Rádio, TV comunitária ou não,

Blog. Porque quem tem o que dizer arranjará uma folha de papel, higienizado de

preferência, um microfone e mandará ver. E se for bom, vai viver disto. Profissional. E

dane-se o resto pois, o resto é restolho do restolhão, com precariedade de talento e

falta de mufa pra queimar.

Novamente Bia Werther: “E afinal, quando os jornalistas, que deveriam ter a

cor da novidade, se assustam com o novo é que, realmente, a morte é iminente. Mas

morte é só vida. Mil novas faces; mil novas línguas; tantos milhões de veículos quanto

de gente no planeta”.

Falai e multiplicai-vos.

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ADAO & EVA NO DIVÃ

Uma interpretação alternativa... – pois nada, nadinha é coisa absoluta -... alternativa à

famosa estória que nos remete a etapas do desenvolvimento mental do humano, que ao

nascer ainda não possui a consciência desenvolvida, pouco percebendo as coisas que o

cerca; obedece sem questionar as orientações do Progenitor (Pater Theos). Ou então, o que

é pior, trama e urde nas trevas do desconhecimento e da falta de competência,

permanecendo no Éden sem ter talento para isso. Puro vício. Com o passar do tempo, o

teórico casal bíblico (lembrando que bíblia é sinônimo de coleção de livros) inicia um

comportamento questionador e se mostra um casal consciente do que vê no mundo à sua

volta. Primeiro Adão percebe que além de covarde é inepto. Nem para comer a maçã ele

serve. Tem que receber na boca. Parecem adolescentes. O Pai os declara aptos a seguir

suas vidas sem a Sua Divina proteção. O casal deve se estribar em bom judiciário e amplos

sorrisos.

Adão e Eva estariam aptos a viver com os outros seres do Orbe? Poderiam viver como

mortais antes de comer do fruto da árvore do conhecimento? São perguntas que ninguém

responde.

Quando Adão e Eva foram criados - pois não passam de seres construídos e nada nadinha

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naturais - Pater Theos lhes dava tudo que fosse necessário à vida, só pedia em troca a Fé.

Mais especificamente, que não tomassem contato com o conhecimento do bem e do mal

por conta própria. Ora, para que serviria a Fé se Adão e Eva tinham relacionamento direto

com Deus, portanto, sabiam dele, o conheciam, e, por conhecê-lo não necessitavam de

provar a tal da Fé? Além do mais nada tinham que fazer no Jardim. Limitavam-se a posar

nus para fotos e solenidades ocas. Chamar rio de Rio. Declarar que nuvem era Nuvem e

assim por diante.

Então, a pegadinha, em Gênesis 2:16 e 2:17: Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo:

De toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do

bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente

morrerás. Provou-se mais tarde que não havia morte alguma. Pura mentira do Senhor.

Alguns exegetas afirmam que a Morte é simbólica e quer significar a perda da ingenuidade

natural ou pureza original. Forçam a barra.

No começo dos tempos, citando Gaiarsa, era proibido ter conhecimento do Bem e do Mal.

Nos dias de hoje as religiões e a política (sucedâneo obrigatório) desejam que saibamos

discernir entre o Bem e o Mal. Afinal é ou não é para discernir o bem do mal? Mas, os

primeiro sinais de autoconsciência aparecem; os obstáculos demonstram a incapacidade.

Dar nome para a COISA é fácil. Difícil é saber para que serve a COISA.

A gincana continua. Outra pegadinha: Gênesis 3:5 A Serpente fala e pelo visto bem

sabe do que fala : Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes (o fruto da árvore

do conhecimento) se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.

Outra, em seguida, em Gênesis 3:6: Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa

para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do

seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. A mulher saiu na frente na

busca do conhecimento. Nada desse negócio de intuição. O legal era saber ali na batata,

como diria Nelson Rodrigues.

Nota-se que o humano, então, olha para si mesmo: consciência da condição e da

individualidade.

Deus, meio brabo, suspende todo o privilégio do casal, o que denota uma tendência à fúria

e certo desequilíbrio. Anuncia que Adão e Eva enfrentarão desafios que são, na verdade,

as coisas da vida cotidiana, para ver onde aperta o calo. Consciência autônoma ao livre

arbítrio. É como se Deus dissesse: - “Vão e construam a civilização!”

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Crônicas Agudas

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Provavelmente, apesar de que não há maneira nenhuma que possamos provar, a partir

desse momento cessa a relação moral de Deus com a humanidade. Deus lava as mãos. Foi

embora para o Sinai com suas trombetas.

O repórter bíblico no diz o seguinte: Gênesis 3:22: Então disse o Senhor Deus: Eis que

o homem se tem tornado como um de nós (nós quem? Que plural é esse? Ele falava dos

elohim?), conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua mão, e tome

também da árvore da vida, e coma e viva eternamente. E, tendo tais palavras saído da boca

de Deus é, portanto, possível que o humano se torne eterno. Será essa árvore o genoma

que se vem decodificando? Até vejo os elohim dizendo em coro: - “Mas quem mandou

criar esses caras? Agora, segura o rojão, meu”.

O “processo de criação da espécie humana" não se realiza no instante em que Deus cria o

homem do barro e a mulher de sua costela (isso segundo a visão patriarcal; há eruditos que

afirmam que a palavra que traduziram por costela pode ser traduzida por célula, um pedaço

do outro, uma parte do código genético, sêmen e por ai vai. Outros, não patriarcais,

afirmam que houve separação do ser duplo em dois, ou seja, tanto Eva saiu da costela de

Adão quanto Adão saiu da costela de Eva; depende de quem conta a tal da história ou

estória. Se isso for crucial para a existência e manutenção de qualquer religião, estamos

mesmo feitos). No decorrer de toda a história humana no Jardim do Éden, começando com

sua individualização espacial (circunscrição física) através do barro, passando pela

individualização da consciência pelo ato de comer o fruto proibido; acarretou a expulsão e

deu início ao retorno ao Paraíso ou à busca da felicidade perdida. O que viesse primeiro.

A serpente é uma antiga divindade da sabedoria no Oriente Médio, portanto não

surpreende que nesta história haja a presença dela junto à árvore do conhecimento. Como o

europeu sempre odiou e chamou de Mal o que vinha de África e Oriente, deram a pecha

de diabólica para a serpente, mas o que é um Seraphin se não uma serpente? Serafim,

seraphin, serápis.

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CARTA AOS AFRO-BRASILEIROS

DE MOCOCA reflexões sobre panfleto encontrado no chão em 2004 / mas quem sou eu se não um branco

KWANZAA

Festa da Raça Negra / Está aí um texto compilado do folder-convite que encontrei.

Não pode ser seu amigo quem exige seu silêncio ou atrapalha seu crescimento é uma frase

assinada por Alice Walker, escritora afro-americana. Pensar / ver / meditar.

Em busca da reparação: Reparar significa o Estado reconhecer, baseado nas decisões da III

Conferência Mundial Contra o racismo, a Discriminação, Racial, a Xenofobia e Formas

Conexas de Intolerância - realizada, em 2001, na África do Sul - que o colonialismo e a

escravidão cometidos no passado foram crime contra a humanidade / as novas gerações de

negros e negras que sofrem, ainda hoje, as conseqüências do crime, devem ser reparados de

imediato, pois o Brasil, a Europa e o mundo devem reparações ao povo negro. Onde está

divisão de riquezas? Com pretexto na Lei Áurea, enquanto os ex-escravos faziam sua festa, as

fazendas se livravam dos caras. Os italianos chegavam para serem explorados.

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Atraso Histórico: Qual é a ação dos interessados afro-descendentes? Há reuniões? Debatem

o assunto? Refletem sobre as perdas? É reunião secreta? O Brasil foi o último país no mundo

a abolir a escravidão e o penúltimo a interromper o tráfico de seres humanos. A Igreja via

tudo dava apoio. Tinha ela também sua cota de escravos. O país foi também o que mais

recebeu escravos vindos da África entre as Américas – cerca de 3,6 milhões. Fica por isso

mesmo? Sugiro que as terras das igrejas de cada cidade sejam divididas entre os

afro/descendentes. Podemos começar daí. E que cada igreja de cada cidade peça desculpas

públicas. De joelhos.

Números vergonhosos: Um Brasil branco 2,5 vezes mais rico que o Brasil negro. Dos

pobres, 64% é negro e dos indigentes 69% são negros. De acordo com o MEC – pode-se

questionar, mas, não sentado em seu trono de cana-verde - 15,7% dos estudantes formados

são negros e 84,3% são brancos (quer dizer, brancos... quem é branco nesse país?). De acordo

com o IBGE, para cada ano de estudo, os considerados brancos têm sua renda elevada em

1,25 salários, enquanto os negros 0,53 salários. Portanto há preferência clara e a facilidade que

advieram dos 300 anos de escravidão. Isso é inegável.

Quem muda a situação?: De acordo com a justiça distributiva um indivíduo ou grupo têm

direito de reivindicar as vantagens perdidas por condições sociais adversas. Será esse o caso?

Quem sabe uma análise de ascendência. Netos e bisnetos de escravos. Alguém ainda tem a

carta de alforria da família? Ou Reivindicações: Para a superação do racismo, é imperativo

que se adote uma política de reparações que vão desde a indenização material, passando por

um conjunto de políticas de ações afirmativas. Todos se interessam por ações como essa? Tem

algum advogado quem vai peitar a situação? Isso tudo tem a ver com a realidade e a

conjuntura política atual? Os políticos negros se interessam pelo caso? Há quem diga que os

negros escravizavam a si mesmo. Isso serve de atenuante ou agravante? Ou serve para nada?

Seguirão daí como consequências: Cotas proporcionais à dimensão populacional de

negros/as no Brasil, concomitante a um super-melhoramento no ensino gratuito para todos, e

esperamos que isso queira dizer melhora no sentido de LIBERDADE, e não de obediência.

Mais. Cotas proporcionais a negros/as nos cargos comissionados no serviço público

municipal. Isso pode começar hoje aqui em Mococa. É fácil, pois, tem muita gente

incompetente em seus troninhos e sinecuras e no próximo concurso a quota já pode valer – os

legisladores levantarão suas penas e trabalharão nisso. E não há dúvida alguma sobre isso. A

cor da pele manda. Se ficar no café com leite negro não é. Tem que ser negro negro mesmo.

Quase azul. Elegeremos como padrão os BANTOS. Ou mais condizente com as crianças

Yoruba da foto. E, à medida que negros e brancos mais se miscigenam as cotas diminuirão

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gradativamente. Como cidadão é uma sugestão, como ser humano cosmopolita é uma ordem.

Mais. Democratização racial da imagem em todos os veículos e peças de TV. Isso já rola, mas

soa como obrigação. Bom... os africanos foram obrigados a virem para o país que não era

deles. É sempre um prazer ver o Francisco apresentando o noticiário da TV. Vida longa ao

Francisco.

MAIS: Exigência de cumprimento de cota de 30% (ou 20, ou 10, ou 15, sei lá) de negras e

negros em todos os níveis hierárquicos das empresas que participarem de licitação e

concorrência da administração pública municipal. A nota final deve ser a mesma mas a cota

está em separado. Vamos revolucionar. Já! Não é questão de facilitar nada. A nota para passar

será a mesma. A vaga é que está à parte. Em vez das chicotadas, uma vaga.

Instituição do feriado de 20 de novembro: É coisa que Mococa já aplica, no sentido errado,

penso. Lembro que levei a idéia da lei nesse sentido a uma professora que era vereadora e

presidente da Câmara em tempos idos e ela me disse, tutelada pelo seu título de professora de

História: “Ah! Se é assim tem que ter feriado pra árabe, italiano, japonês... e por aí foi, mal

pensando ela que os africanos foram trazidos à força e os demais vieram atrás de melhores

vidas, por livre espontânea vontade”. Peguei o meu projeto de lei e levei para o Sr. Chico

Enfermeiro que acabou fazendo a Lei passar, mas assinou como se fora dele. Próprio da

Veneranda Casa.

Na antiga propositura não tinha nada a ver com feriado. Tinha a ver com uma semana de

reflexão e arte, em torno do dia 20 de novembro e a propositura buscava valorizar o

trabalhador negro que, buscando melhores situações para a sua vida, foi trabalhar, por força,

vendido e humilhado, em outro país e lá ficou, como o caso do LAU que faleceu em

Portugal. E era negro. E era artista. E era produtor de cultura. Era de Mococa e ninguém quis

saber dele. Nem as namoradas. Ou uma certa namorada específica. Ninguém. Que mais?

História: Introdução da História da África e do negro no Brasil no currículo das escolas. Já!

Eu mesmo desejo saber mais sobre Bantos e Hotentotes. Sobre Yorubá. Mococa pode dar o

pontapé inicial E, sair em continuidade com outros professores e artistas e esportistas locais.

Capoeira neles. Agregar estes grupos de capoeira, mas não paternalizar.

Terras: Tributação da terra às comunidades urbanas e rurais de negros/os remanescentes dos

quilombos. Podemos averiguar como anda a Guardinha. Pesquisar sobre quilombolas

remanescente e gerar a herança. Já! Vereadores, acordai, tomai da pena e fazei a justiça!

Trabalho: Garantir o cumprimento da convenção 111 da Organização Internacional do

Trabalho.

Saúde: Implementar programas especiais de prevenção de doenças que prevalecem na

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população negra como miomatoses, lúpus, anemia falciforme. Suscitar pesquisa neste sentido.

Ter atenção sobre tais segmentos. E a tal da Religião: Respeito e estudo das religiões de

matriz africana. Rituais. Dogmas. Cursos de Yorubá e Candomblé em todas as escolas,

principalmente nas particulares. Aliás isso deve ser obrigatório. As escolas de cunho religioso

devem incluir candomblé em seus currículos.

Cursos de música com temática em quimbanda, jongo, congo, samba. Imaginem, SAMBA I,

no primeiro semestre da escola de música de Mococa?

Nossa, quanta lei. O vereador que quer viver dando nome de rua a seus parentes é por que

tem a moleira mole e a cachola não funciona como deve. Entrega a pasta.

Estímulo e apoio à produção cultural afro-brasileira. Radical! Quero um Museu do Negro na

cidade. As fazendas da região cresceram sob esses braços.

É isso.

Votos de sucesso, vida longa e prosperidade.

BOA VIDA. TRABALHE MENOS. PENSE MAIS. FAÇA ARTE.

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CINEMA & CORO na MOCIDADE

A FatecMococa tem como meta a difusão da cultura, através do seu Núcleo.

Dessa forma não se limitará a seu prédio - prédios,

em breve - e espalhará ações culturais em várias

regiões e outros prédios da cidade. Dessa vez a

Mocidade Espírita, aqui nos caminhos do bairro da

Aparecida, a convite da Sra. Ivani Rafaldini (1),

abriu suas portas para esta ação cultural e lá permitiu que se formasse um Coro e

um grupo que grava filme e montará peças de teatro, ao final das filmagens. Uma

parceria Fatec/Mocidade.

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A idéia é levar um tanto da mensagem da

MOCIDADE, mista à literatura de todos os

tempos. Deixo, a todos, convite para a estréia, em

Julho, de O FANTASMA DA CASA VELHA,

roteiro baseado numa estória de Oscar Wilde. No

elenco temos Maria Augusta (2) – atriz importada de

Monte Santo, Adriana Gomes (3) – no papel do

FANTASMA, Adriana Dias (4), Amanda Garcia(4),

entre outros. Inteiramente gravado em Mococa,

usando as instalações da Mocidade, o CinemaFatec,

além de filmes acaba por construir um acervo de

imagens da cidade, com seus jardins, casas e

locais de uso comum. Uma antropologia visual

da cidade. Uma sociologia através de filmes e

vídeos que contam a nossa era. É certo que a

obra tem origem n’O FANTASMA DE CANTERVILLE, portanto, obra

inglesa, mas são contingências.

O FANTASMA DA CASA VELHA se transformará em DVD e será vendido,

oportunamente, para consecução de recursos destinados ás obras assistenciais da

MOCIDADE. Logo, trata-se de atividade artística com fim social, também.

E, o Coro?

O CORO da MOCIDADE vem trabalhando desde fevereiro e se preocupa

com um repertorio de música folclórica e MPB. NOZANINÁ (Arr. De Villa-

Lobos), CANTO DO POVO DE UM LUGAR (Caetano Veloso), CALIX

BENTO (folk mineiro), AZULÃO (de Jaime Ovalle), UIRAPURU (do folclore)

e mesmo o HINO DO CENTENÁRIO DE MOCOCA (de Elvira Dinamarco

Coelho e José Barreto Coelho); obras em processo de construção. Fez concerto

de estréia em Março. Outros concertos virão.

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Se você é uma pessoa sem preconceitos – ideologia e religião à parte - venha

participar conosco do Canto Coral, cujos ensaios são na sede da Mocidade, do

outro lado do rio, no entroncamento entre Brás/Aparecida/Descanso, toda

quinta feira, 20:15 horas. Sempre haverá por lá boa música, um pouco de

preparação vocal e teoria musical para ampliar o conhecimento.

Em momento oportuno falaremos mais das atividades corais e seus

desenvolvimentos.

Boa semana.

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CULTIVAR O PADRÃO

A REPETIÇÃO / O CÔMODO

Quando se foge do padrão, as pessoas caem de pau em você.

Transfiramos a abordagem para o teatro que queremos, por exemplo, ou que

desejamos ou que sonhamos. Posso fazer o mesmo com a música. Música

moderna ou contemporânea. Enquanto meu CD de Natal sempre vende muito

todo ano (padrão) as minhas obras contemporâneas vendem nada. Será que é aí

que falamos de arte e comercio? Que peça fará sucesso? De que jeito essa peça

fará sucesso. Quanta mídia se deve comprar – TV, rádio, jornal – já com suas

boas resenhas embutidas, pois tudo se resume a comprar algo. Não há, em

Mococa, uma crítica espontânea da arte. Será que não há um meio de nada

comprar para criar ou usufruir arte? E para isso há regras e normas e leis?

Fazendo assim o público virá? Fazendo assado não vem mais? Mas e o público

acomodado que não sai do lugar merece futuro? Por que devo contar e pagar

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tudo de 30 em 30 dias se levo 146 dias para compor uma obra musical? Então

não é possível experimentar? Resposta: Não!

Mas o experimento é a fonte do trabalho bem acabado. Empirismos. E se eu só

quiser experimentar? Talvez não tenha público durante muito tempo, pois o

povo deseja ver aquilo que não os pegue de surpresa. Se Deus aparecesse em

forma de cubo ou pirâmide ninguém acreditaria. O povo – essa entidade leiloada

e usada por todos - é comodista e meio burro. Símbolos passam batido pela

maioria. A maioria deseja tudo bem mastigadinho, pois para isso foi domesticada

desde a escola. Sem esforço. O único esforço é o de ser escravo. Para isso foram

educados.

Será que podemos sair dos formatos de sempre já que sempre houve mudanças

nos formatos do teatro / da música / do cinema / ao longo dos séculos ou essa

mudança é tão lenta que ninguém percebe?

Hoje, quando a busca do exótico beira a loucura talvez os deuses do dinheiro

permitam que novas imagens subam a palco. Plutões, donos do capital, novos

deuses, que se alimentam de novas almas para almoçarem e elevarem os pontos

do ibope; fenômeno: logo que são humilhados começam a lucrar. Mas,

enquanto isso, artistas, prevejo que devemos urdir na noite o que e como deve

ser o futuro. Podemos errar e assim somos nós. Nossa estrada é traçada de erros,

então descobrimos novos caminhos.

Pensemos sobre isso. Mas, não se iluda, artista e livres pensadores, somos só nós

os que havemos de pensar. O resto do mundo pensa em mais nada. Vive de

inércia, dentro de um padrão pré-estabelecido. Uma bola de neve que espera o

poste.

Mesmo que vivamos esse padrão em muita coisa que fazemos, também fazemos

a diferença por que rompemos o padrão. E, essa diferença não quer dizer que

seja para melhor. Não temos obrigação com o melhor. O mito do melhor vem

daquele que nos explora é quer o melhor que produzamos. Não há essa

obrigação do melhor pois não sabemos do que se trata, esse tal melhor. Em

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geral é melhor para alguém outro e não para nós. Aquilo que as pessoas falam

que é o melhor, em geral, é aquilo que faz alguém lucrar algo. São palavras de

Faraó, aquele que detém o poder, que dita a norma e o que deve ser considerado

bom. Não se iluda. O artista pode ser a diferença que esculhamba o normal –

padrão – do dia a dia; e as pessoas não querem saber desses caras. Pode crer.

O artista deve ficar livre. Manter o processo crítico. Não se aliar a clubes talvez?

Ou, ao menos estar ciente de que pode ser expulso do clube. Woody Allen -

depois de Grouxo Marx - disse que não entraria num clube que o aceitasse

como sócio.

Utopias. Mentiras ditas mil vezes.

Sempre digo que quando o dia 21 de dezembro de 2012 chegar e a eletricidade

for pro beleléu, nós os artistas não teremos nada a perder. Teatro não precisa de

iluminação especial e pode ser feito na rua – já um plei-esteixon ou um

microfone de lapela não funciona mais. Teatro pobre! O ator e mais nada.

Música: Nem se precisa de instrumento. Canto ou assobio. Mas se quiser faço

uma flauta de bambu ou bumbo dionisíaco ou lira orfeica e pronto. Já a fábrica

de lata ou gelatina, elas precisam de energia para gastar e poluir e impactar a

natureza em nome do progresso. Então elas pararão de funcionar. Enfim

alguma coisa boa.

Escrita: Papel reciclado e tinta natural, como era dantes na casa de abrantes. Ou

escreverei com barro ou merda – seguindo o Marques de Sade – nas paredes das

ruínas. Acredito que merda sempre existirá. Rembrandt fazia sua própria tinta,

não com merda mas com tinturas naturais. Agora, as usinas de produção de

gasolina precisam de eletricidade, diesel; e a energia nuclear? Param ou não?

E, é claro, tais indústrias precisam de seus escravos para o trabalho. Herdeiros

dos faraós embalsamados, como diz o poeta, necessitam da mão de obra barata.

É... A arte não para.

Quando não nos deixam falar inventamos um blog ou gritamos na rua.

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Acabou a eletricidade e acabou o blog? Sobe-se no palco ou se faz teatro de rua.

Mambembes. O diferencial é ir atrás do auto-falante: teatro, música, vídeo... são

as armas. Mesmo assim muita vez nos desconvidam pela impertinência. Nossa

expressão corporal na rua (pose?) é nossa arma e bandeira fincada no solo. Mas,

será esse mesmo o caso. Fazer arte e vender e, depois, sofrer se não compram?

Cada um compra o que quiser. E pra que servirá tudo isso se não passa de mera

arte? Ars gratia Ars. E por minha conta.

Lembro das aulas de psicologia – nos idos dos anos 80 - quando concluíamos,

friamente, da insignificância do artista. É isso. Somos completamente

insignificantes até o momento em que balimos iguais a sertanejos ridículos

fingindo cantar; ou choramos na novela das seis por causa da menina com falsa

leucemia; ou se fazemos o Analista de Bagé no teatro, com casa cheia falando

bobagem a dar com o pau para que a burguesia babaca chore de rir. Aí nos

tornamos valores. Tornamo-nos dinheiro viável. Potencial de lucro. Cheios de

amigos. Cercados de produtores. A mídia do nosso lado.

Quero entrar numa sala de aula com 45 alunos para escangalhar 45 cabeças de

uma vez com muita aula de Filosofia. Meu projeto é ser diretor do Oscar

Villares, lá pelo ano 2016, e continuar a ensinar como se faz.

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DEDÉ, MUSSUM E ZACARIAS

Alguns sete representantes da Câmara de Mococa merecem parabéns pela

atuação na modernização das leis da casa, mormente pela lei de adequação e a lei

do nepotismo. Li o Informe Publicitário e acredito que se pode tirar o luto. Não

há que temer o luto. Há sim o nojo em relação aos outros três. No começo não

entendi o texto e deixei para ler em outro momento. No outro momento percebi

que ainda havia troca de MAS por MAIS. Para mim o texto ficara sem sentido.

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Consegui, depois, após abluções matinais, perceber o teor da notícia, e sua cabal

importância, mas, temi que pedissem de volta a minha Moção de Repúdio.

Caros OS SETE POR MOCOCA. Fizeram com que me lembrasse de OS SETE

CONTRA TEBAS, peça importante do mundo grego. A partir dela surgiram O SETE

SAMURAIS e SETE HOMENS E UM DESTINO.

Esta história tem um desenvolvimento edípico. Vejamos: Édipo descobriu ser filho

de sua mulher – a tal Jocasta. Vazou os olhos e retirou-se expulso da cidade acompanhado

pela filha Antígone. Os filhos, ao tomarem conhecimento do incesto do pai, viraram-lhe as

costas. Édipo lançou uma maldição: os dois irmãos se tornariam inimigos e um mataria o

outro.

Com medo da previsão, resolveram partilhar o poder cada um assumindo o trono

por um ano alternadamente. Etéocles foi o primeiro a reinar, porém, ao se completar um

ano, este se negou a entregar o trono ao irmão. Polinice partiu para Argos e lá recebeu o

apoio do rei Adrasto. A expedição dos SETE CHEFES foi, pois, a reunião de sete

príncipes chefiados por Adrasto que marcharam em direção a Tebas a fim de derrubar

Etéocles e entronar seu irmão. Pode nada ter a ver, mas, o número sete, neste caso heróico,

é simbólico e acredito que represente o trabalho de uma verdadeira e veneranda Câmara

moderna e articulada com as necessidades da população, ou, pelo menos, da lei. Falta

agora votar uma lei para VOTO-NÃO-SECRETO em todas as instâncias, se é que os edis

desejam deixar seus nomes marcados na história da cidade. OS SETE POR MOCOCA

mostram que são independentes.

Os outros três, no caso OS TRES CONTRA MOCOCA demonstram a objetividade

da tal Moção de Repúdio de antanho. Sim, pois os três restantes demonstram que estão

contra a democraticidade na cidade (ops!), e mostram, por caminhos turvos, quem insulou

a turma para assinar a Moção. Em face disso fica claro que OS TRES CONTRA

MOCOCA têm algum interesse nessa coisa toda de regulamentação e nepotismos à parte.

Mas isso o Executivo resolve com uma canetada rápida. OS TRES CONTRA MOCOCA

estão colocando maguinhas de fora e se denominam reis-da-cocada-preta. A base do ídoloo

é de barro. Isso prova, também, que não é o número de votos que faz a diferença. Mas a

inteligência dos SETE POR MOCOCA está fazendo. Se essa rapaziada – tabebuias à parte,

me entendam – mantiver a linha de independência, soberania e visão da modernidade,

podem escrever Mais em lugar de Mas, quantas vezes quiserem, que serão absolvidos por

aqueles que sabem que política se faz com outros valores. Não é o valor de um judiciário

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poético/dormente/sonhador, nem as lacunas gengivais de um sorriso interesseiro e amarelo,

nem as catapultas sindicalistas prontas para uma abordagem na galera medieval do vizinho

– valha-me são Getulio Vargas!, nem as destrezas enigmáticas dos seguidores de Calvino,

ungidos pela aura advocatícia sem escrúpulos. Sei não, mas, acredito que qualquer pastor

bateria nas mãos desses TRES CONTRA MOCOCA. Feio! Han! Seu Feio!

Simples conta de somar. O SETE POR MOCOCA versus OS TRES CONTRA

MOCOCA, e, o título da coluna, tiram qualquer dúvida.

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SEXO ESPIRITUAL DIARIO DE PIRATAS – EXCERPTOS ALEGÓRICOS

- aos filibusteiros –

Há motivos que nos induzem a práticas obscenas. Obscena quer dizer, fora de cena. Não

que seja feio, mas que está fora da visão da platéia, por assim dizer. Aquilo que não dá

para ver.

Uma delas é a espiritualidade. Nada mais obsceno que a espiritualidade. Ninguém vê. E, o

que sentem - “a energia que rola” - tem muito de delírio coletivo, individual, ou fé

cênica. Invencionices de uma mente romântica, por assim dizer.

Quantas e quantas vezes atriz ou ator não subiram ao palco para trazerem de trás da

cena – ou de trás de suas máscaras - aquilo que estava escondido. Esse tal escondido é

o obsceno. E a atriz ou ator conseguem essa proeza através da Fé Cênica.

A Fé Cênica representa aquilo que não existe. Um avatar.

Sabe quando você vai a uma loja ou restaurante e pergunta se o produto é bom? A

resposta tem que ser sempre positiva ou não venderão o tal produto mesmo que o

bacalhau já tenha passado do tempo. Por essa razão qualquer pastor de almas dirá que a

espiritualidade está à mão, de como se pode “sentir” as vibrações, seja lá o que seja

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isso. Há inúmeros manuais para se sentir a alma e perceber as vibrações e adentrar o

mundo da espiritualidade.

Já ouviu falar em motel especial para mentes e almas? Ninguém ouviu. E que dizer

quando se discute o problema da química entre amantes...? O que será que acontece no

momento em que se conhece alguém? Não existe nada de espantoso nisso tudo... Mas,

também, ninguém sabe de nada... As pessoas preferem a complicação ao invés do que é

mais simples. Quando encontramos a pessoa o que vemos é seu corpo e seu rosto e suas

características humanas. A pessoa olha você e você a olha e surge o interesse. Chamam

isso de química. Falta é palavra adequada, na verdade. Daí o surgimento da poesia... por

pura falta da palavra adequada. Pode ser que a imagem fotográfica do ideal que alguém

tem na cabeça combina com a imagem que vê naquele momento. Nada mais do que

programação. Depois, com os anos, tudo muda, é claro, mas, naquele momento que

chamaremos de mágico, é fatal: Amor à primeira vista. Amor, por falta de palavra melhor.

O inexplicável.

Será que o fenômeno da observação da alma ocorre imediatamente? É como o Allen

Palito em sua prova de metafísica, expulso que foi da sala por que o pegaram colando...

ele olhava para a alma da aluna que se sentava ao lado. E na falta de uma alma ao

lado?

Provavelmente não passa de resposta imediata da biologia e o clamor da manutenção das

espécies. Sim! Nada de amor. Apenas clamor. Em primeiro lugar, mandam os ditames

biológicos: temos que preservar a espécie da extinção que se aproxima. Amor é

construção cultural. Assim como o romantismo e o cavaleiro andante e a idéia de que a

Terra é centro do Universo. Amor é para todos e com todos: ágape ideal. Amor e sexo

são coisas diferentes. É, claro, que as pessoas buscam aliança entre iguais, ou ainda,

buscam compromisso para manter o estado de equilíbrio – na melhor das hipóteses – cá

entre nós há quem procure o par que lhe bata na cara ou o sove com ancinho -, que é

prática comum nas sociedades modernas e a cultura manda, mas, nada disso tem a ver

com amor. O assunto é bem outro.

No clamor da carne o que se quer é coito. Alguém quer ser coitado.

De preferência com alguém que responda aos seus valores estéticos, pois isso estimula a

obtenção de prazer. Se houver coincidência nos gostos certamente rolará algo. Abre-se o

clima. Ilumina-se a cena com valores der romantismo quixotesco e exotismos. Se não

houver coincidência alguma, que é o que ocorre na maioria das vezes; nada rola e parte-

se para outra, que é o que ocorre na maioria das vezes.

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Os sensores animais percebem a boa genética e um bom desenho de corpo, de acordo

com os padrões investidos pela moda.

Quando há união entre desastres estéticos - segundo a moda vigente, é claro – o que

chamam de amor será eufemismo para tolerância mútua, cercada por ambiente de

resignação e acomodação final – que é próprio de humanos.

O que a moda não pedir, e, eu duvido que as pessoas façam referência à alma, ou que

falem de valores da alma. As pessoas não falam disso. Nem pensam nisso Nem pensam

em nada. Na onda do alvoroço dos hormônios, usam várias desculpas para cair na rede: -

Aquela nossa música, ou a letra da canção sacana, da obscenidade permitida na rádio, o

clima numa atividade não rotineira ou artística que dá muita menção a excitação

repentina, a aproximação com ídolo e outros quejandos, são motivos e desculpas.

Pense na cena. Nunca vi a pessoa. Ela aparece na minha frente e eu me espanto: - Uau!

Que bela alma! Estou apaixonado à primeira sentida!

Realmente não é assim.

Precauções perante a solidão; as pessoas ainda encaram – a solidão - como uma situação

de fim do mundo e querem se livrar da possibilidade. Mas essa sensação só aparece na

cabeça de seres ocos. Quem se dedica à arte, por exemplo: escrita, pintura, teatro... não

terá tal problema, em sua maioria. Só aquelas pessoas que acham que arte depende de

inspiração e piram na frente da folha ou da tela em branco. Nada sabem sobre isso e

podem se livrar, também, da possibilidade de se criar algo. Criar no sentido da arte.

Sublima de um lado, cria do outro.

Amor romântico fica para os anjos e para os séculos VIII, IX, X... e por aí vai, com

capacete de metal e tudo mais.

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Crônicas Agudas

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PARA QUE OS NEO-COLONIZADOS

DEIXEM ROLAR sobre um texto da cineasta Bia Werther

Sim... idiotas... quem sabe somos aqueles que predominam o Id. Somos todos

nós uns grandes idiotas em acreditar em dengue, em enchentes, em eleição, em

espanholismos, em balaios tronitruantes em descabeleiras louras ocas... quando

as pessoas já nem sabem – fingem que não, essa é a boa verdade – sabem mais,

se é verdade mesmo, que tivemos um holocausto na Europa – 6 milhões de

mortos, fora os soldados que se matavam em troca do dólar de outros e somos

sempre os mesmo que aceitamos trabalhar para a riqueza do outro - ou uma

ditadura no Brasil – guerras e guerrilhas e zerentos milhões por morrer - e daí

ficamos nos repetindo por séculos e séculos - ad aeternam - abrindo a guarda

e babando por qualquer outro imbecil – já tivemos uma geração de Silvios e

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Crônicas Agudas

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Gugus – louco midiático que domine mensagens subliminares e bits e bites e

quarks.

É responsabilidade nossa quando os dominadores da 'cultura', em nossas pobres-

cidades-pobres-cidades apedeutas, recalcadas cidades medrosas e invejosas,

perdidas em seus desejos criativos, mesmo por que criar dá tesão e as cidades e

seus representantes culturais têm medo do tesão que deveras sentem... eis a

verdade... Talvez sejam eunucos. Renegam a diversidade em nome da troca de

favores – o tráfico de influência, o toma-lá-dá-cá dos incautos vereadinhos.

Esquecem as leis a serem aplicadas com apoio de juristas aplicados e de

colarinho branco engomados até os dentes; vendem suas horas-trabalho pelo

prazer de se fazer de estátua ao lado dos ícones globais que vêm fazer

espetáculos de sub-arte, eventos de importância duvidosa, enquanto a cidade

completa seus aniversários, esquecida e entrando para caminhos de gagarismo –

não o astronauta, mas sim, o velho gagá da esquina que deseja de qualquer

maneira que Fonte dos Amores volte. Volte da onde?

Tem que ser bobo e caipira. Mas se fossem Mazzaropi seria solução criativa e

produtiva. Papagaios de pirata sem jaça. Câmaras vazias. Sepulcros caiados.

Filisteus da modernidade. A penugem da imbecilidade e da edilidade.

E somos todos nós os covardes, quando nas nossas cidades todo mundo tem

medo de transgredir e virar maldito. Maledeto.

Mas que boca bendita será essa que se outorga tanta autoridade?

Ninguém vê que se todo mundo meter o pé na porta a coisa muda? Que se

meter o pé na bunda muda mais? Ninguém vê que se todo mundo jogar a cadeira

no corredor, a coisa muda? Ninguém vê que se todo mundo bater a porta o

professor até aprende português, na marra? Tem diretor d escola que precisa ir

correndo para o asilo. Ultrapassado. Caduco E, com poderes. O Oscar que não

vire na tumba, homessa!

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Crônicas Agudas

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Sim, a mentira pós-colonialista nos transforma a todos em 'espectadores

covardes e traidores'. Submissos escravos cheirando a chouriço e afastados de

toda manga que der dor de barriga, coberta de leite.

E, por conseguinte, encontramos realizadores irresponsáveis e sem profundidade

porque medrosos e preguiçosos. Falamos errado na TV e nos orgulhamos disso.

Fisso isso, fisso aquilo. Balançamos a cabeça pra lá e pra cá e vendemos

langerrís até desabarmos dos tapetes mágicos da vida. Fisso isso e aquilo.

Falamos bobagem sem nexo nos discursos e ninguém nota. Produzimos projetos

roubados do grande sábio. Isso, nisso, aquilo, fissio, bissio, lissio, Nilson?... e

por aí vai. Sem contar a pluralidade de prioridades. Sem contar que querem

meter a família inteira na conta da cidade para tomar conta da cidade. E ainda

querem que paguemos impostos. Claro que não. Tem bobo que ri com isso.

Prioridade é o que vem na frente. Quantas indicações seriam de prioridade?

Essa nossa sensação de inferioridade diante do sentimento de superioridade do

colonizador e dos imbecis que se alçam ao poder é maquiavélica. O filósofo

deveria governar? Ou deixar que algum analfabeto se eleve ao poder e dê as

cartas?

Pós-colonialismo é isto, todos os 'inferiores' tontos de prazer diante das luzinhas

coloridas e das super-ferramentas sem alma que não nos servem de nada

historicamente sem a busca da identidade, perdida na globalização.

O que temos aqui são rapidinhas. Não há mais longas relações foederativas...

tudo é rapidinho, sem graça... no sentido do que “já que tem que fazer... faz logo,

se não eu perco o capítulo da novela” : Vou fazer a malhação / malhação /

malhação / Do que deve ser malhado / ser malhado / ser malhado...

parafraseando cantorGILex-ministro.

Estamos andando em círculos há milênios!

Nossa cidade parece andar, rapidamente, para trás. Dobre os milênios. Por quem

os milênios dobram?

Eles dobram por nós.

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DIÁRIO DE PIRATAS – EXCERPTOS II

- os filibusteiros -

sobre um texto da cineasta Bia Werther

DIA 6 – ONDE A VACA TOSSE E NÃO MUGE MAIS

Chega da discussão superficial... de baixo do Equador não tem pecado,

como bem disse o Chico, cantou o Ney, dançamos nós e, debate bom é o debate

onde se mostra o que se faz. Essa coisa de unanimidade burra já atinge os

píncaros da palhaçada. Dez assinam a Moção (UNANIMIDADE). Valha-me

São Nelson! Muito voto para uma só pessoa (UNANIMIDADE). Tem pelos

menos 700 que acreditam em bobagem. Mas tem mais de 2000 que acreditam em

mais bobagem ainda. E tem gente que foge de debate tentando evitar que as

palavras tropecem na língua. Trôpegas palavras. Ao dicionário, senhor coberto

de honras!

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Eis a mensagem para as novas gerações pós-ditadura: falar dos 'livres',

que de livres têm o nome, mas, de maneira bem Belchior, e, não mudam nada;

vivem de umbigo, futilidade e uma vida-festa temática, inóspita e cidista – pois o

cidismo foi um movimento de degeneração da raça humana mocoquense, lá isso

foi - esquecem do resto de suas vidas, permanecem com o umbigo virado para a

lua. Mas as pessoas esquecem.

O que será considerado fora de moda por muitos, será considerado fora

de modos por outros. E dentro desta perspectiva cabe ao jornalista, ou ao

escritor, ou ao crítico, alertar, relembrar, retirar do olvido. Aos apedeutas,

escola!!

Para muita gente ‘radicalismo’ é o ato da exigência, pois, proclama-se,

hoje, a quatro costados, a lei do “deixa estar como já está e esquece já!”. Eis a

causa da reação da Veneranda Casa. Deformada será a palavra que vira palavrão

quando o assunto é sério e, 'atitude', quando inserido em roteiro de propaganda

de ‘refri’, bundas de fora e cerveja com seios, onde o cara diz com o dedo na sua

cara que você é um merda se não opta por essa ou aquela marca... a marca dos

tais 'radicais'. Radicais livres. O que nunca há de envelhecer pois já nasce velho.

Tal é a Veneranda Casa. Parece absorver a barba do patrono e se deixa caducar

sem inovações e revoluções.

Preocupam-se com UIS e AIS anacrônicos e tratam de Ilustríssimo aquele

que foi repudiado. Ué! Afinal, é ilustre ou não é?

Dia 7 – NOTÍCIAS DO MUNDO COLONIZADO

Aqui no mundo 'pós-colonialista', brasis e mugangas interioranas, falar

em nacionalismo seria o que? E, municipalismo, seria utopia? O que seria, no

meio desse(a) globo onde a cor é a de todas as fomes amarelouros, idênticas

ilustrações de capa de revista em todos os cantos – cantões chino-capitalistas -

do mundo? Aqui em muganga o explorador posa de construtor. Os discursos

estão invertidos e causam nojo.

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Cores quentes do maquidonaldis em qualquer cantinho – cantões e

monções e moções que chegam em monções (cadê meu guarda-chuva?) - em

que alguém tenha uma grana (sobrando?) pro fast food de 'atitude'. Atitude

rápida e cheia de gordura.

'Pacífica' convivência com as cores quentes da violência em todo o

recanto onde não há nada além da servidão e violência da vida real, não de filme

de quinta, que isto já tinha antes mesmo de 1961. O ano que virado de cabeça

para baixo, dá no mesmo. Seria uma profecia? Dá no mesmo? Ou qualquer ano

viram de cabeça para baixo?

Depois, tantos outros mortos, décadas passando, o homem 'se libertando'

na grande festa da globalização, o negro urbano americano norte-sul,

por exemplo, que deu tanto orgulho aos revolucionários e radicais do mundo –

radicais livres outra vez? - , assiste pela TV os seus netos

rebolando no machismo; cachorras babaquaras, gritando os nomes das grifes

'globais'; quebrando-barrac-algum, taty nenhuma; bezerrasilbestasambista que

cantam o morro e moram na zona sul e ainda tripudiam, imbecis e sorridentes

timbaladores, sob a benção da suprema imbecil dos imbecis baixinhos – não é à

toa que Romarinho foi enaltecido pelos baba-ovos de plantão do venal e futebol

association. Um enganador que perdeu de 5 do Barcelona em sua despedida de

banheirista internacional. Veio banheirar no Fla. Timbaladores gritam nas letras

das músicas com a mesma sede que um dia seus avós apanharam na rua gritando

'Freedom from Fear'. E haja chicote.

O medo continua, só que agora não tem repressão (?) e daí o mundo é

velado (com véu ou vela), bombado, com tênis de 500 paus.... Até o medo hoje é

fútil.

Quanto quilos de medo tu precisa, mano?

DIA 8 – FUGINDO DA MALTA AGITADA CUJO TIME

PERDEU

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Até Deus (feito à nossa imagem e semelhança) tem medo, tanto que se

juntou ao Bush (Burning Bush – a Sarça Ardente que Moisés visitou – seria uma

profecia?) e assinou no dinheirodolar que já havia sido emprestado ao Osama

filho de Laden. Viu que mandou um ciclone devastar a 'Bahia' americana e o

falecido Bush só precisou tirar férias e deixá-la esquecida e devastada? Novos

arcanos. De qualquer maneira para que a preocupação se o tal ciclone atingiu

áreas de pura demografia negra? Novos tempos do radicalismo. Basta dar as

costas para as costas, como sugeriu Milton Nascimento. Basta dizer que não viu

e perder o rumo numa estória em quadrinhos em jardim de infância, olhando,

perdido no espaço como Alfred Newman dos EUA ou a família Robinson.

Gosta de novela? Vê novela? Então a marca da besta – 666 - está escrita

na sua testa. Mas não a marca de Caim pois essa marca é a marca dos criadores

da civilização. Filhos de Cain! Cainitas!, aos berros, como berraria o velho

Hermann Hess. Goethe era cainita. Uni-vos! Busquemos a luz, mas a luz da

razão. Nada de frieza meu bem, mas a razão que nos leva a dosar todas as

paixões.

Não acha importante que gerações futuras construam uma identidade e

tenhamos filhos e netos conscientes de seu papel criador, e com e educação e

leitura e cinema e teatro e música?

É isso.

Votos de sucesso, saúde e prosperidade. Boa semana

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EGO VINDICO

No texto “Considerações sobre o ataque histérico”, 1909, Freud define histeria

"como fantasias traduzidas em linguagem motora, projetadas sobre a motilidade e

figuradas como pantomima". Farei uma ligação com as contumazes e fugazes

REIVINDICAÇÕES que vemos pulular no jornal a cada semana. Em que pese que

hysteros é coisa de mulher, pois útero é, vimos muitas carinhas masculinas sorridentes

ilustrando as REIVINDICAÇÕES, como querendo dizer, um tanto hesitante e lento:

“Olha, gente, quem REIVINDICA, sou eu, tá? Olha como trabalho pela minha cidade!!”

Daí que REIVINDICAR, se mostra como ato a ser homenageado. Conquistar a coisa é

secundário. Mas, reivindicar... Uau (!), dura um ano e após o primeiro natal tudo será

esquecido.

O caso da histeria aponta para o fato de que, mesmo se é referida a algum tipo de

teatro, performance, representação inconsciente, essa específica idéia de representação

está ligada a resultados nulos, exceto à exposição na mídia durante a semana. Uma e outra

REIVINDICAÇÃO dá resultado – para que eu não seja chamado de injusto - como

temos exemplo de vereador local que pediu e levou. Claro que não foi verba advinda

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através de algum programa ou planejamento. Foi aquela verba de pires-na-mão. A conta

vem na próxima eleição. Mas, pediu e levou e isso basta para cidades provincianas.

Histeria e Pires me lembra de um certo “PIDONHO”, como ele mesmo se chamava, cujo

espectro rondava a prefeitura d’antanho. Um fantasma no estilo Canterville.

Será a histeria vindicatrix apenas uma experiência feminina de todos os tempos para

presentificar o corpo e seu desejo? A experiência plástica do gozo? Por coisa alguma? Só

para ver sua carinha sorridente dentro de um retângulo pago no jornal?

Abre parênteses: - Para os menos avisados, quando um jornal publica matéria

cercada por fino risco de contorno trata-se de matéria paga, e, não furo de reportagem

importante. Em geral é coisa desimportante paga pelo próprio interessado sorridente.

Fecha parênteses.

Esta histeria da REIVINDICAÇÃO estará ligada a uma depuração do afeto pela

linguagem? Não sei... estou perguntando. Schneider (1992) diz, citando Lacan: trata de

priorizar a linguagem na ordem da natureza e do infra-humano(...) como a linguagem do

sopro e do grito. É até poético. Podia ser dentifrício, também. No entanto, o discurso

psicanalítico acabou privilegiando a interpretação da histeria como teatro da representação

inconsciente recalcada. Assim, também vou reivindicar. Vou na onda. Quero isso e quero

aquilo. Quero desrecalcar. Acho que vou mandar uma REIVINDICAÇÃO a meus

deputados favoritos. Só... Nem, é preciso que façam qualquer coisa... o legal é

reivindicar... Se nada fizerem eu tenho a desculpa: “Aaaaah! Mas eu reivindiquei”. Ego

vindico. Mas há uma interpretação latina para vindicar que significa punição ou vingança,

na verdade, requerer a justiça. Exigir a justiça. Domandar o que é justo. Io domando.

Ouçamos David-Ménard: "Um ataque histérico não se constitui somente como uma

descarga, mas como uma ação que conserva a característica inerente de toda ação: um

modo de se obter prazer." Talvez a descarga de prazer nos fundilhos, ao ver sua carinha no

retângulo das Reivindicações, seja suficiente para a semana. Pode ser. Um ato

masturbatório em retângulo vindicador. Pode ser. Quem sabe?

Subir ao púlpito – ou aparecer com a carinha risonha no retângulo - exibir-se,

mostrar-se, vitrinar-se, é uma conduta ligada ao desejo intelectual ou se reporta à busca de

prazer. Para Ménard é atualização do erotismo com o próprio corpo: o histérico coloca o

objeto do seu desejo como se ele estivesse lá. Fé cênica. Dura Lex sed Lex / ou fed Lex sed

Lex / Durex. Gumex. Sed Ex. Esteja fora. Sai!

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As experiências de Charcot era com mulheres e elas davam seus espetáculos teatrais

de presentificação de corpo e de prazer. Mas nos retângulos vindicatórios o que vemos é a

prevalência de homens e agregados. Mudou, pois.

O sintoma histérico remete a outra realidade do corpo: o cérebro paralisado não

remete a uma lesão funcional, sendo expressão de um valor afetivo que lhe é conferido.

Isso me deixa preocupado. O Ipê Imperial em frente de casa começou a dar flores e

são brancas? Será que serei punido por contrariar a Tabebuia específica da cidade? Cara,

nem pensei nisso.

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ELEITORES & ELEITOSOS

Seguindo o bom exemplo do Serapião, vou ao Aurélio, nem ao Sênior nem ao Junior, mas ao

do Meio e leio... Ficção: Ato ou efeito de fingir: fingimento. Coisa imaginária, invenção. Ficcionista:

aquele que faz ficção, escritor, autor.

Muito bem. E, não deixa de ser.

Um dia, numa cidade fictícia, uma história fictícia acontece. Certo Senhor Honrado – um

sujeito muito louro e claro com olhos quase azuis - entra na Casa de Leis de sua cidade,

carregando um importante documento onde se dizia coisas sobre Nepotismo Barato. Crente que

abafava foi, isso sim, abafado por vários edis que ali se encontravam de plantão, edis estes que o

levaram, à socapa (aqui uma nítida influência do Monteiro Lobato), o levaram na astúcia para uma

saleta contígua e deitaram falação na cabeça daquele alourado edil. Dedé, Tutu, Chichi, ao lado da

idílica Mamá e do atabalhoado VemVem - um literato alto, bastos cabelos prateados, dublê de

magister iuris e sonhador – caíram de pau no Honrado Senhor, mandando que calasse aquela boca

que cuspia no prato de pão que o diabo amassou. Que esquecesse a inverossímil presunção. Que

conversa de nepotismo era esse?

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Ao mesmo tempo, no outro lado do mundo, Gordon Tullock, sobre seu caixote de discursos

dizia: "a nova abordagem começa supondo que os eleitores são muito parecidos com consumidores

e que políticos parecem com mulheres e homens de negócios". Gordon, com o passar dos estudos,

se tornou cético em relação ao valor da teoria da "escolha pública". Apoiando esse pensamento Leif

Lewin, cáustico que era, disse que os pensadores da escola da "escolha pública" "retraíam o ser

político como... um habitante míope das cavernas". E ainda completou: - Isso não é ofensa. É

apenas constatação!

Lewin acreditava que essa coisa toda, eleições e eleitosos, está inteiramente errada: - Pode

ter sido verdade, um dia, na época dos trogloditas, antes que o ser humano “descobrisse o

amanhã, e, aprendesse a fazer cálculos de longo prazo" mas, não agora, em nossos tempos

modernos, quando todos sabemos, ou pelo menos a maioria, tanto eleitores como eleitosos, que

"amanhã nos encontraremos novamente" e, portanto, a credibilidade é "o único recurso valioso do

político".

O caso é que, enquanto a edilidade cobria de pancada o famoso Homem Honrado, neste

nosso lado do mundo, o que se punha em conflito era a atribuição da confiança: a arma mais

zelosamente utilizada pelo eleitor. No entanto, ainda assim ele erra que dói. Para apoiar sua crítica

da teoria da "escolha pública", Lewin citara estudos empíricos que mostram que poucos eleitores

votam pensando em seus próprios bolsos. Não lembram que política atinge o bolso, como já dissera

Brecht, e, a maioria dos eleitores declara que o que guia seu comportamento eleitoral é o estado do

país como um todo. Uau!! Saberão mesmo do que falam? Um país desse tamanho, editado e

conhecido através do JORNAL NACIONAL, apenas, será realmente conhecido em sua totalidade?

Ou na totalidade que aparece no écran cinzento de acordo com os ditames do Capital Global?

Lewin espera isso. O que é que nós poderíamos esperar? Poderíamos esperar resposta e

satisfações das autoridades? Autoridades sem curso superior terão articulação suficiente para

explicar coisas?

Na hora da entrevista a pessoa na rua tenta imitar o que já ouviu e não sai do lugar comum.

Estamos na era do fazer aquilo que o outro quer, portanto, ninguém em sã consciência falará o que

lhe vai pela cabeça. O entrevistado da rua dirá o que agrade ao entrevistador, mesmo por que será

editado depois. E, o que são os entrevistadores senão jornalistas formados e formatados para

agradar ao chefe? Os eleitores entrevistados acham que se espera deles, apenas, que digam o

adequado, e nada mais.

Sugiro que Dedé, Tutu, Chichi, Mamá (hoje, devidamente defenestrada) e VemVem (poeteiro

dos quatro costados), se considerarmos a notória disparidade entre o que fazemos e o como

narramos nossas ações, comecem a explicar por que o Honrado Senhor não pode falar nada sobre

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Nepotismo e é, despudoramente, censurado em suas idéias. É mais simples do que conspirações

comezinhas de fundo de sala.

Mas, nada disso existe. É tudo ficção e temos que acreditar que tais personagens inventadas

pela mente insana do ficcionista não passam de fantasmas, abantesmas, espectros ficcionais sem

serventia. Nem um deles cheira à mínima verdade.

Mas, como eu disse: Tudo é ficção. Fingimento. A verdade é que às vezes eu minto.

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O ANALFABETO FUNCIONAL

O Analfabetismo Funcional é problema que afeta o país. Sabem ler, escrever e

contar, ou assim parece; ocupam cargos administrativos, cargos legislativos, transformam-

se em excelências e edis de roupa nova, mas não conseguem compreender a palavra

escrita. Um texto passa batido e a interpretação é coisa do arco-da-velha ou da arca-do-

velho. Nada de tapar o sol com a peneira. Queremos gente com discernimento.

Bons livros, artigos e crônicas, nem pensar! E, sendo assim, como escrever boas e

inteligentes leis? Como interpretar escorreitamente uma lei? Não basta citar Platão com

frases escolhidas na net. Isso demonstra o descaso com a educação. É fazer mofa.

Em 2008 houve eleições para prefeitos e vereadores: casos de analfabetismo

funcional dentre os candidatos. Será a vez da cidadania se manter vigilante e atenta para o

nível dos políticos que ocupam prefeituras e casas legislativas. Para mais detalhes sobre

esta importante alteração na legislação eleitoral, visite www.avozdocidadao.com.br e veja

o link para a íntegra do parecer que decidiu pela constitucionalidade do projeto. Aí

evitaremos o que finge entender tudo, para depois sair perguntando aos outros como deve

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ser realizado tal serviço, como deve ser lida tal lei, como deve ser endereçado tal carta. E

quase sempre age por tentativa e erro.

Calcula-se que, no Brasil, os analfabetos funcionais são 45% da população

economicamente ativa. No mundo entre 800 e 900 milhões. Muitas vezes, pessoas com

menos de quatro anos de escolarização; nos dias hoje há secundarista que dá medo de tanta

parvoíce; há os com formação universitária e exercendo funções-chave em empresas e

instituições, tanto privadas quanto públicas! Tais pessoas não têm as habilidades de leitura

compreensiva, escrita e cálculo para fazer frente às necessidades de profissionalização e

tampouco da vida sócio-cultural. E quanto a lidar com leis e diretrizes que influenciam na

vida de todas as pessoas da cidade? Ou será que a limitação é proposital para facilitar a

influencia, somente, na sua própria vida? Quem sabe? Se você não lê livro algum no ano

inteiro já é um suspeito. O "Calcanhar de Aquiles" de tantas organizações e de tantos

governos: MAUS LEGISLADORES.

O que a população ganha com isso? Nada! Principalmente se der as costas ao

problema. Se você é desses que aceita o caso passivamente, não há do que reclamar.

O termo analfabetismo: a incapacidade de pessoas utilizarem a leitura e a escrita,

além de realizar cálculos básicos, em atividades da vida diária que requerem tais

habilidades. Estudiosos têm dirigido esforços para estabelecer conjuntos de tarefas

socialmente relevantes em que se utiliza material escrito e, a partir deles, dimensionar e

analisar graus e tipos de “alfabetismo” que caracterizam pessoas ou grupos.

A partir de 1978, a UNESCO adotou o conceito de analfabetismo funcional, que se

refere à pessoa que, mesmo sabendo ler e escrever algo simples, não tem as competências e

disposições necessárias para fazer da leitura e da escrita um dos instrumentos de seu

desenvolvimento pessoal e profissional. Ora, sabemos bem que uma casa de Leis depende

disso. E se tem uma e outra pessoa que domina a arte, ou mesmo um secretario capaz, fica

clara a dependência da mão do gato. Quem é mais esclarecido impõe o seu poder e seu

domínio. Por isso, dá até para contar nos dedos quem domina e quem ajoelha.

Nas eleições de 2006, havia 770 candidatos que sabiam apenas ler e escrever ou

tinham ensino fundamental incompleto, ou seja, que poderiam se enquadrar nas condições

de analfabeto funcional. Eram 4 para governador, 3 para senador, 179 para deputado

federal e 584 para deputado estadual ou distrital. Quando o candidato não sabe interpretar

o que lê não sabe, ao certo, o que vai no estatuto de seu partido.

Mas, como comprovar o nível de escolaridade de um candidato sob suspeita?

Atualmente, a alfabetização do candidato é provada por uma simples certidão. Com a

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regulamentação, o juiz eleitoral poderá impugnar ou não uma candidatura através do laudo

de uma comissão formada por pedagogos e professores de matemática e português que

sabatinará o candidato.

E aí? Tremeram na base? Se as pessoas fazem curso de noivo para casamento por

que é que o candidato não precisa passar por uma sabatina prévia? A partir daí, se for

ocaso, nem precisa se candidatar. Poupará seu dinheirinho. Poupará o ouvido alheio e as

casas legisladoras serão mais independentes.

É isso. Boa semana. Ouçam as gravações das sessões da Câmara de sua cidade e

atentem para as pérolas oratoriais.

O ATOR E O RETORNO DA MORTE

______________________________________________________________________

Instala-se (Freud) o conceito de pulsões. Pulsão de vida e pulsão de morte. Conceitos de

origem nos campos do id – inconsciente – e se projetam ao longo da vida. Platão já dizia

que Filosofia é uma preparação para a morte. A morte física? A morte com superação de

etapas? A preparação para a morte do entendimento sensível (daquilo que se sente

materialmente, tato e similares)? A entrada no campo metafísico ( o que vai além da física

ou do físico – oi conceito de quanta será metafísico)? Mas Platão não gostava de teatro por

não ter entendido o sentido da representação. Teorizou muito sobre música e já dizia que

para dominar um povo basta dominar sua música. A partir dessa frase platônica, O que

pensar da música – ou atitudes - importadas? Qualquer uma: rock, hiphop, sinfônicos

alemães, óperas italianas... Teria que esperar Freud.

Essa morte prevista não é aquela dos filmes de terror nem das dos desenhos animados em

qe uma panelada na testa desmonta a pessoa – personagem – para remontá-la logo em

seguida. Trata-se do caminho natural de um corpo que tem história de começo/meio/fim, e,

se direciona para este fim desde que nasce. A pulsão que busca o retorno à Natureza é

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TANATOS. Tanatos é idealização daquilo que é inarticulável em linguagem... daquilo que

não dá para falar... O corpo humano que nasce/vive/morre busca voltar ao pó...

homem/húmus/humanus/manus/mão/artífice... barro (aglomerado de átomos) de onde

partiu aquele ser biológico que age e não pensa na conseqüência, fingindo que pensa. A

propaganda da TV afirma que ele pensa e este humano acredita nisso piamente, mas,

depois da panelada o ser humano desarticula sua memória.

O corpo biológico nascido de genótipo se torna fenótipo (que é a relação com mo meio

ambiente), depois, ser social que interage com a civilização construída. Este corpo vai

também construir a sua parte na civilização (mesmo que seja destruir). Interfere na

civilização que herda ao nascer. Daí o mal-estar na civilização; inserir-se neste contexto

não demandado mas, obrigatório ao nascer, não demandado, repito, é abdicar do estado

natural segundo Rousseau. Sair do estado natural para um não-natural – civilização / kultur

- é de negar seus mais escondidos desejos; é ser civilizado e cair num estado de mal-estar

constante. Nostalgia do nada. Tristeza por coisa alguma. Bachianas nº2. Rebeldia sem

causa. Ter saudade do momento que não viveu.

Assim subamos ao palco para reviver? Re-presentemos ou seja, colocamos de volta no

presente aquilo que nos tocou? Lázaro redivivo? Quando Lázaro saiu da cova fedia à

morte ou lavanda?

Ainda Freud: do binômio civilização-renúncia pulsional, como forma de constituição do

laço social, diria respeito a uma forma universal de cultura; a defesa da concepção de

cultura marcada pelo projeto iluminista-humanista do domínio da natureza pela razão;

trata-se de falácia gigantesca, pois, enquanto o ser humano interfere na natureza

(eufemismo para CONTROLA a natureza ) o ser humano altera seu status na própria

Natureza, excluindo-se como item do equilíbrio ecológico. O ser humano é alienígena em

seu próprio planeta ou será só alienígena?

O retorno ao estado natural do mundo será através da eliminação do ser humano como

corpo estranho que causa a infecção. Deve ser extirpado.

O mundo é palco. A cultura é uma peça que se desenvolve nesse palco. Há muito

improviso. Tem muita gente que nem percebe que atua.

Todas as observações acima se calam quando se recebe muito bem e se trabalha na Rede

Bobo.

Quando atriz/ator irrompem no palco acabam por negar a pulsão de morte e revitalizam,

através da personagem, a existência de uma nova história a ser contada, de uma nova bio,

de uma nova zoe. Atriz/Ator rompem com o ciclo que leva à morte e rasgam o véu da

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neurose, desencadeando a catarse que se quer. A ficha que cai. A idéia que se propaga. A

sensação de Eureka. Mas, apenas sensação.

Dois conceitos ainda a serem pensados e trabalhados: Antiédipo: quando a mulher assume

seus papéis (que não fazia no começo do teatro) / e fim da pulsão de morte, mesmo que

sobre o palco.

No palco negamos a morte e consideramos o eterno repetir. No entanto a cortina se fecha

no final, mas se abre no momento seguinte. As cenas querem repetir o quotidiano ou o fato

ou o evento, mas sempre repetir e por si só repete o mesmo de si, a cada dia de

apresentação. No entanto, a cada dia de apresentação o repetido não é tão o mesmo. Tem

pequenas mudanças.

Há na música minimalista tensões desse tipo. Pequenas células musicais que se organizam

e mudam sempre; sempre alterando algo no ritmo, na ordem, na posição ou ainda no

instrumento que toca o trecho. Se forem vários instrumentos teremos universalidade de

informações.

Bob Wilson usa tal recurso em seu balé no teatro. Uma única coreografia que todos

aprendem. Mas, como cada um dos cinqüenta executantes a realiza em momento diferente

e em posição geográfica muito variada, iluminado por luzes diferentes a realização se

torna caleidoscópica e multiplica a visualização com pequeno esforço. Sentimos que tudo

é diferente.

Atriz/Ator repetem sua cena a cada dia. A cada dia a mesma cena muda. Um trejeito ali.

Mudança no passo. Na velocidade da fala. A cada dia quem a vê a vê diferente, por ela

(pela cena) e por si mesmo (pessoa pensante). A pessoa que vê a cena ganha, a cada dia,

mais conteúdos e seu olhar muda sobre a cena. A repetição se dá dentro do episódio do

acaso. A cena realinha os conteúdos da pessoa/platéia.

A peça civilizatória, ou o papel que a sociedade impõe e que a população assume é mal

teatro. As peças sobre o palco tentam organizar a civilização, não com o fito de controlar a

civilização, mas com interesse de esclarecer ou iluminar pontos – AUFKLARUNG.

Quando a platéia se emociona é por que percebe que mal decorou o texto ou que mal

improvisou, sempre fora do tempo ou do sentido. Começa que o DRAMA é o movimento

da coisa e as pessoas se limitam a permanecer sentadas, imóveis, absorvendo sem

participar. É a tradição reinstalada.

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O PROCESSO DE IMBECILIZAÇÃO - ou, LIVRE ARBÍTRIO ZERO –

Leitores: Seguem links que recebi do Murah Azevedo sobre o programa da BBC

de Londres (sem legenda) chamado The Century Of The Self. Vale a pena conferir. Ou

melhor, não há pena nem dor alguma. É um prazer saber que algumas pessoas continuam

com a razão e pensam por si, enquanto outras penam por si.

Happiness Machines http://www.youtube.com/watch?v=3dA89CBBOC0 / The

Engineering… http://www.youtube.com/watch?v=H9RfanOEpA0&feature=related / There

is a Policeman http://www.youtube.com/watch?v=AzE9ocIGVlQ&feature=related / Eight

People...http://www.youtube.com/watch?v=R1VJrp0IvPs&feature=related.

Tratam de séries da BBC que revelam como o sobrinho de Freud (Edward Bernays)

usou as idéias, e, técnicas do titio para se tornar milionário como Public Relations. PR do

planeta, e, das grandes corporações, usando a manipulação da mídia estadunidense no

início do século XX para, em nome da "DEMOCRACIA" controlar as massas, tornando a

todos "Homer Simpsons ictéricos e decadentes"; pessoas consumistas de lixo material e

imaterial de então e, por conseqüência do processo, de hoje... Bernays cunhou o termo

PUBLIC RELATIONS porque o verdadeiro e apropriado termo "PROPAGANDA" já

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estava queimado pelos Nazistas e foi, então, usado, no velho continente, como idéia

original.

Goebbels apreciava muito a "obra" de Edward Bernays... Será Bernays o pai da

moderna Sociedade do Espetáculo? O último episódio da série explica como só deu e só

vai dar “coisa muito ruim” no casamento entre técnica publicitária e técnica política. Na

opinião de Murah, o mais bonito de tudo é que fica claro que - apesar da “coisa ruim” ser

grande - o processo de imbecilização proposital é reversível... trabalho complexo e

demorado, mas reversível... se assim o quiserem. Rápido antes que tirem da rede de

novo!!! Uma das armas para a reversibilidade é o estudo da Filosofia.

Aliás, com amplas técnicas publicitárias e de insinuação já proferidas por Marx no

pensamento sobre o fetichismo – ou feiticismo – processo em que a pessoa se torna

enfeitiçada, mesmerizada, emzumbizada, enfim, tais pessoas, ou coletividades, ou povos –

enfrentando outro processo que é o de síndrome do bando (evidente na adolescência ) e

entre animais, repito, tais pessoas / coletivos / povos / tendem a seguir o caminho do grupo,

assim configurando o modismo. A COISA vale mais do que a PESSOA. Maria vai com as

outras. Fazer o que todo mundo faz para ficar “IN”. Eleições são assim forjadas.

O livre arbítrio desaparece, se é que um dia houve.

Todo pensamento, idéia, arte, expressão, que não ‘vai na onda’ é tomado como

espúrio e perigoso pela massa e autoridades que não pensam – em geral o geral - pois

estão hipnotizadas e querem agradar o chefe, o pastor, o padre, o líder... É nesse momento

que surgem certos ídolos construídos à força. É até fácil, pois, a fila dos candidatos a ídolo

é muito grande. Muita gente já se preocupa com a ventura, a riqueza, a influência, o

prestígio - com ou sem coco – de ser famoso e já se preocupar em se endeusar começando

por um [email protected], que é para ficar bem perto no Olimpo da Vênus Platinada.

A TV é essa vitrine. E, nas vitrines só temos produto para venda. Comércio. Há

quem diga que sem essa competição – que é o MUST dos americanos – não existe

progresso. Temos que rever o significado de PROGRESSO. Para o americano o segundo

lugar é o primeiro dos perdedores. Eles têm que ganhar tudo e o tempo todo e não querem

nem saber como. Partem para os doppings e anabolizantes. Ai até eu. Quando começam a

perceber que descobrirão o engodo os americanos saem da competição, escrevem um livro

e ganham mais 5 milhões de dólares. DAS CAPITAL funciona adequadamente nessas

terras em que Deus está no dinheiro e nele crê. Tanto que no dólar já mudarão a frase para

‘EM DEUS o TRUSTE’ (monopólios e acordo de confiança em que os grandes

manipulam as rodadas, e, a freqüência com que o povo deve comprar produtos, mesmo que

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não os queiram). Esta é a fonte do Livre Arbítrio. Comprar o que não quer. Seguir o

caminho que não deseja. Ver o filme que não diz nada. Comer o alimento que botarem á

mesa e por aí vai. E, ainda, dizer que é sua opinião e sua personalidade que assim

comandam.

Creio que um líder religioso correto deverá esclarecer seus fiéis de que não deve

dar dinheiro para igreja alguma, pois Jesus não pedia dinheiro algum. O que acontece é o

contrário: os lideres religiosos, como porta-vozes da metrópole, são Public Relations da

Divindade e fazem com que o povaréu fiel arque com as responsabilidades de financiar EL

PARAISO.

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PANOPTICON & TABEBUIAS Coelho De Moraes

Drummond disse que a pior coisa que podia acontecer seria participar de

um concurso de poesia e vencer. Você nunca sabe se deve se orgulhar ou odiar,

pois, quem são – enfim - as pessoas que entregam tal prêmio ao poeta?

Melhores ou piores ou frustrados poetas? Fazer poemas e julgar, fazer poemas e

julgar... esse o caminho para o Inferno, dizi de outra maneira o Gil. O Vicente.

Também... ninguém mandou participar do tal concurso... essa é que é a verdade.

Que dizer de uma Moção de Repúdio com 10 assinaturas. Uau! Nelson

Rodrigues tem uma boa frase sobre unanimidades.

Recebi, recentemente, u’a Moção de Repúdio. Pensei que viesse escrita do

próprio punho de cada um dos 10 signatários, pois, eu provaria minha tese, mas,

não veio. Veio oficial com números e protocolos. Enfim, uma belezura. Não sei

o que significa. Se o escritor – cuja função é escrever – receberá Moções de

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Repúdio caso o escrito “ofender” alguém, alguma coisa, entidade ou alguma

turba exaltada, o escritor não escreverá mais. Santo Voltaire. E a ofensa foi

interpretada segundo quem? Acontece que estão todos – autoridades, de

preferência - acostumados a falar – qualquer coisa - sem contraposição.

Heranças da ditadura. Sem olhar para o dicionário peço que definam Moção. À

queima roupa. A cidade terá uma surpresa. Tartamudeios e tatibitates. Não vale

pedir arrego para o secretário da Veneranda Casa.

Podemos dizer que se rolar a bola eu chuto. E as bolas vivem a rolar.

As pérolas brotam e florescem, agora, na forma de árvores. Tem assunto

que se deve levar ao público sempre. É o caso da tal Árvore Símbolo? Já

definiram o Santo Símbolo sem pedir opinião para ninguém, havendo até uma

entidade Franciscana na cidade. E tem aqueles que nem querem saber de santo

algum. No entanto, o Santo eleito foi outro. E é Santa. A cidade não deu

opinião. Ipês: (pena) não temos ipês amarelos. Um ou outro. Há mais ipês

brancos do que amarelos. A praça do mercado tem muito ipê branco. Bonitos.

Eu mesmo plantei um – branco – em frente à minha casa. Só espero que a

Câmara não ache que estou desfazendo de alguma determinação e, que seja

sempre do contra. Agora, tem muita murta florescente e perfumada em Mococa.

Aliás, em alguns bairros elas caracterizam o passeio com aroma e lembranças.

Por que não MURTA? Por causa dos cítricos? Aliás, deixe-me entrar em detalhes

de ordem político-partidária, o vereador fará aquilo – leis e projetos - que o

partido ao qual ele pertence quiser ou determinar em seu conjunto, passando por

reuniões e debates. O vereador tem a obrigação de defender no partido as leis e

projetos que pretende levar à Câmara, para ver se vai mesmo ou não. Não é o

vereador quem determina isso. Está aí mais um erro de representatividade. O

mandato é do partido e não do vereador, lembram-se? Tem mais: O vereador –

de qualquer partido - deve participar das reuniões partidárias. É obrigatório. É

ético. Uma vez eleitos não se tornam independentes. E, pode acontecer, então,

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de ter que votar em determinações que não são da sua própria opinião. Nada

mais evidente.

Outra pérola: TUCA deseja um PANOPTICON sobre as cabeças. Em

Ribeirão, numa enquete, a população detestou a mesma idéia. TUCA quer

legislar sobre segurança truculenta. Deseja convocar autoridades, empresários e

policias para resolverem o problema. TUCA quer montar torres de vídeos.

Deseja controlar e punir. Nossa(!), que coisa antiga. Estudiosos mundiais

determinam tal pensamento como um pensamento de retrocesso. Valha-me São

Foucault!! Haverá vídeo dentro da Câmara? Quando votam, os vereadores votam

em aberto ou terá, no futuro, seção secreta em que ninguém saberá da origem

dos votos? Vídeo e áudio desligados? Não é a mesma coisa? Convoque-se a

população. Eu, por exemplo, não quero câmeras pelas ruas. Sou contra. A

solução não é por aí. A questão da segurança se resolve com educação e

empregos. Sempre assim e nunca aplicado, convenientemente. Todos, em

estudando e trabalhando, não terão tempo – ou diminui – o tempo para

traquinagens. E, isso é um processo, um acesso. Leva anos. Instalar GRANDES

OLHOS IRMÃOS que nos observem andando pela rua ou na entrada da cidade?

Qual entrada? Todas? Tem umas cinco. Quem observará? Tem resultado

comprovado? Prefiro a educação, a meu ver a única saída. Custa? Sim... A

educação custa mas dura mais, mas, o PANOPTICON também custa. E caro.

Mais fácil será a disseminação cultural e educacional, ações conjuntas, para

diminuir o caos, e, nunca o CONTROLE BIG GLOBAL BROTHER. Ações

assim são germens da arquitetura da destruição. Vamos aproveitar que a cidade

ainda é pequena e promover diretrizes e não punições. Em NY há milícias

populares em rodízio. Assista e leia 1984 e veja no que dá. Por que o vereador

deseja olhar pelo buraco da fechadura? Não sei. Acho que andam vendo muita

TV.

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Estou no positivo. Já recebi duas moções – uma negativa e uma positiva –

e um diploma de honra ao mérito, de quebra. O saldo é positivo mesmo. Quem

recebeu tanto?

Ah! Em tempo. Sessão na câmara às segundas, 20 horas. Vá e constate.

Mas há gravações e pautas do que aconteceu na segunda e jazem arquivadas. Se

não puder ir por que trabalha – saibam os egrégios que muito professor trabalha

à noite e nem sempre na mesma cidade – acesse sites, gravações, leia jornais da

cidade e pautas. Dá no mesmo.

Boa semana. Vida longa e prosperidade. Cuidado com o olho grande!

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POBRE POBRE PATRIMÔNIO

O patrimônio Cultural de Mococa parece que vai para o brejo. A começar

pelo Teatro Municipal e finalizando pelo Museu de Arte Sacra. Sem contar peças

e objetos que deveriam ocupar tais espaços. Sem contar a biblioteca que vem se

desmanchando – e salvo qualquer milagre neste último final de semana – alguns

pedaços da biblioteca se desprendem. Mas quem é que deve responder por tudo

isso? Não sei. O cargo está vago.

Verifiquei pessoalmente o estado da nossa casa de livros e dá pena. Uma

das maiores casas da região e, das mais antigas, sempre é deixada de lado. É por

essas e por outras que concluímos que Fazer Cultural não passa de palavras

jogadas ao vento. Se não fosse pelo trabalho da Edna, da Dulce, da Izabel, da

Rogéria e da Regina aquele espaço teria fechado suas portas e seriam abertas as

salas da burrice crônica. E olha que já passou por várias e inúteis reformas.

Livros espalhados, livros fora de estantes, sujeira, destruição. Mococa é uma

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cidade que não sabe fazer reformas. Nenhuma delas dá certo. O que será?

Carência de material? Ele desaparece no meio da reforma? No último

governo/desastre, por exemplo, foram tapar goteiras e acabaram danificando

outras coisas. E, olha que demorou para que alguém se mexesse. Hoje a foto está

aí para mostrar a magnitude do desmazelo.

Tem mais.

Na última vez que o Teatro Municipal esteve aberto eu fui ao piano de

cauda e constatei que a reforma lá deles manteve as quedas livres de água. A

região central do teclado do piano está grudada monobloco por que a água

inchou cada tecla. Entrou água no piano. Como no governo/desastre dos

últimos 8 anos não havia responsável algum de plantão, a bola passou para o

atual governo. Um piano de 30 milhas destruindo-se lentamente e a Diretoria de

Cultura nem aí com isso – dando de ombros. Da reforma nem se fale. Trocaram

alhos por bugalhos e cós com as calças e o gato por lebre. Eu me disponibilizo a

fazer um concerto que arrecade algum recurso para consertar o que deve ser

consertado. Em breve teremos notícias dessa empreitada.

Livros e instrumentos musicais. E refletores e espelhos de refletores.

Houve conferência do patrimônio que saia de um governo para entrar no outro?

Há alguma lista que comprove qual é o patrimônio cultural da cidade? As peças

de arte sacra estão bem guardadas? Dentro das normas de preservação? O

acervo do museu de Artes Plásticas que a Câmara anterior – sempre a Câmara –

fez transportar pelas ruas, está em situação adequada nas condições normativas

de temperatura e pressão? E as esculturas do Brunão? Onde estão se não

expostas aos nossos olhos aprendizes?

Lá vai uma sugestão: Entrando-se pela porta da rua do gabinete tornamos

à esquerda e lá vemos duas portas. Uma – á direita - já ocupada há muito com

sua rotina determinada e uma segunda, em frente, dá entrada para um

departamento. Lá temos duas saletas. A primeira pequena e imediata servirá para

as pessoas e computadores e atendimento. A segunda, que tem uma mesa à

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esquerda, deve servir para expor as obras do Giorgi fazendo, daquele nicho, a

sala Bruno Giorgi, já que não tem outra serventia. O IPHAM que não nos ouça.

Boa semana. Visitem os museus. Constatem os estados físicos, fotografem

e mandem para os jornais. Vamos mostrar o que se dilui bem na nossa cara.

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PORQUE FAZER TEATRO OU CINEMA?

Livres e bem educados, os artistas abaixo fazem parte do TPM – Teatro Popular de Mococa Rogério

Cardoso, e trafegam no cinema com várias obras de fácil acesso no YouTube. Apesar de muita gente

fingir que esquece, o TPM existe e trabalga desde 1997, sem, parar. Em termos de teatro amador já

gerou profissionais. Dentre milhares de obras em vídeo, no YouTube, produzidas em Mococa, dentre

formaturas, brincadeira e coisa séria, 10% é produção nossa – INDÚSTRIA DO VÍDEO &

CINEMAFATEC. Portanto, fazemos a diferença. Basta olhar.

RAFAEL DE SOUZA: Pode parecer que um adolescente de 17 anos

como eu não se importe muito com os problemas sociais, diga-se de

passagem, mas particularmente acho que o TEATRO e o CINEMA

servem como uma grande base para as mudanças na sociedade atual.

E é claro que quanto mais peças e mais filmes nós produzirmos, maior fica a chance de cutucarmos

a mente das pessoas. (ator, estuda na Eletrô em vários períodos).

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KARINA PEREIRA: O porque de fazer teatro e cinema nem se precisa de uma resposta: basta ver no

rosto de cada ator quando é aplaudido no palco ou reconhecido por amigos e

profissionais e assim, destacado em jornais, reportagens, sites, escolas... não basta

ter vontade de fazer para isso ocorrer, tem que ter dedicação, amor pelo que faz e

confiança, pois você já estará fazendo o seu futuro, e dessa forma, você também

mudará a cabeça de muitas pessoas, fazendo-as pensar e ver o que REALMENTE

acontece ao nosso redor, e se cada ator fizer sua parte, poderemos fazer a cultura

voltar novamente a nossa cidade, transformando-a em lazer para todas as idades, e deixando de lado

essa moda contagiosa de aparelhos eletrônicos e a preguiça de realmente ver e participar da cultura de

nosso país ! (atriz, estuda na Eletrô).

MARIA AUGUSTA: A arte por si só é inteira.

Sendo a arte a exteriorização do sentimento, posso encontrar a

oportunidade de expressar as mais variadas vivencias, romper

barreiras, preconceitos, trabalhar a timidez, disciplinar-me

emocionalmente e maior de todas as conquistas: encontrar o

próprio "eu". A arte aguça a mente, provoca desafios e nos dá a possibilidade de exercitar a criatividade,

até então adormecida. (direto de Monte Santo de Minas)

ALAN BALBINO: Na minha opinião, bem como na minha situação, acredito ser

uma possibilidade de ser eu mesmo, de uma forma que a sociedade não

reconheceria. Ter a possibilidade de, através dos vários personagens

interpretados, ser algo mais do que a civilização moderna suportaria, ou seja,

poder ser, ter, e fazer o que quiser sem ser tachado, denominado como louco,

esquisito, enfim, anormal. Mas no meu caso, não deu muito certo. Só passei a ser normal, depois de

iniciar nas artes cênicas - efeito reverso. Acho que é isso. (ator)

ROSE TOMÉ: Por que [teatro] tem essa liberdade de te levar aos mais

variados pontos do “eu”. Faz você enxergar coisas até então

desconhecidas. Ensina, na prática, sem teorias banais e ensinamentos

patéticos. É vivo... faz viver. Muitas vezes faz cair a máscara da platéia

que reage conforme suas afeições ao sentir que aquilo que foi dito sem

nenhuma vergonha, em cima do palco, é aquilo que ela tenta ocultar

de si mesma. Ver tudo isso acontecer na sua frente é emocionante. A

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arte é verdadeira; expressa em suas mais variadas formas o mais oculto dos sentimentos do ser

humano. Gera conflitos, revoluciona, agride de forma intelectual, existe desde que a humanidade

existe... não quero ser radical mas artista é um ser aparte. (atriz, entrevista ao AKULTURA de 2003).

É isso. Boa semana, vida longa e prosperidade.

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UMA CRÍTICA SOBRE TROIA

Segundo os créditos, Tróia, o Filme, foi baseado na obra de Homero “A Ilíada”. Tróia é Ílion. Vemos

claramente que é um filme de baixo orçamento, podendo facilmente ser classificado como Filme B.

Diversão para a sessão da tarde. Filme simplório, dotado de texto básico e fútil, bem ao estilo

Hollywood, apesar de algumas mensagens (torpedos?) na direção do velho e falecido Bush, como

quando Aquiles fala para Agamêmnon de que um dia viria em que os Reis lutariam, por si mesmos,

suas próprias guerras.

Não se encontra isso em Homero. E, o Peleu, falou de bobeira pois nunca vai acontecer. Já foi.

Meio faroeste é a cena em que Heitor manda que os exércitos levem seus mortos e o ajudante

pergunta: “Será que fariam o mesmo conosco?”. A cara que Heitor faz – bom moço - leva-me a

pensar que poderia ter dito: “ E eu sei lá? Acho que não. Esses gregos são tão maus.”

As liberdades em relação à obra de Homero são várias e gritantes e aborrecidas. O livro original

tem tanta violência e sangue e aventura que já basta. Dá bem para um filme de aventuras e nesse

sentido é perfeito – e para isso nem seria necessário que o autor se servisse da obra do poeta

cego. Inventaria outra, no mesmo molde e estilo, como tantas já existentes. Talvez pretendesse

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uma justificativa intelectual para a obra. Mas, a cada canto – ou capítulo - Homero também é

chegado a ganchos, como nas novelas.

Por que subtrair Cassandra – a profetisa – se ela tem mais “panache”, maior carisma, pela mocinha

Briseida? Além disso Cassandra é a mulher que tem tino para aconselhar que não levassem o tal

cavalo para dentro da cidade. Quem, em sã consciência, vendo um cavalo de pau parado em frente

à sua casa o pega e o leva para dentro, sem mais nem menos? E, olha que os Troianos achavam

a Cassandra meio amalucada.

Por que suprimir o sacrifício de Ifigênia – filha de Agamêmnon – sacrifício ordenado pelo próprio pai

para aplacar a ira dos deuses e garantir vento para a gigantesca esquadra? Se mantivessem a

cena do sacrifício, Agamêmnon se tornaria aos olhos do público como um terrível e sanguinário

general, elevando o grau de horror em relação à ele. E todos torceríamos para que morresse no

final. Mas, Agamêmnon é muito respeitado pelos seus seguidores. Só não topa muito o Aquiles

Peleu, rapaz independente e arisco. E eu me pergunto: “Agamêmnon? Pra que a pressa? Ílion não

sairia do lugar, mesmo”. Seria melhor diminuir o número de batalhas ou mesmo a cena do treino

entre Aquiles e o íntimo primo e investir na cegueira política de Agamêmnon.

Tirante o salário do Brad Pitt, que foi alto, vemos que tudo foi filmado em locação, numa praia, sem

maiores adornos e construções além daquele já ruinoso templo a Apolo. O resto – a multiplicação

de soldados e as construções em imagens virtuais, provavelmente, é hoje, um produto muito barato

na indústria cinematográfica americana. A maior parte do orçamento, com certeza, estava

relacionada com o processo de distribuição e divulgação do Filme Tróia.

Um argumento usado pelos críticos era de que a ação se focalizava nos humanos, eliminando a

participação dos deuses. Puro engano. Ledo e Ivo engano. Os deuses, na Ilíada de Homero, são

virtudes e qualidades que os humanos tomam para si a cada momento. Nada mais. Hoje em dia

fazemos o mesmo quando dizemos: “Ele escapou do acidente por um triz. Graças a São Cristóvão,

nada lhe aconteceu!”. Da mesma forma os gregos já o faziam. Quando Paris – também chamado de

divino Alexandre - luta com Menelau, filho de Atreu e aluno de Apolo, Menelau o toma pelo

capacete e o rapaz escapa por que a fita de couro arrebenta. No texto de Homero aparece como se

Atena arrebentasse a tal fita. “Graças a Atena!”

Como ninguém acreditaria que Aquiles, – o de pés rápidos, pois corria muito -, morreu com uma

flechada no calcanhar, arranjaram um jeito de encher o peito do herói com outras flechas, deixando

de lado o fato de que Aquiles só era mortal no calcanhar por causa de uma proteção recebida dos

deuses, durante banho na fonte sagrada. A culpa foi da mãe, que o segurou pelo calcanhar,

enquanto o banhava. E que azar do rapaz me tomar uma flechada justo ali. Esses deuses! Esses

banhos sagrados! Essas mães!

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Para a façanha da flechada trouxeram Páris - o antigo elfo do Senhor dos Anéis – já tarimbado

nessas lides de arco e flecha para desferir o tal dardo letal que ninguém sabe mesmo de onde veio.

Veio de alhures.

Não contente com o resultado, o roteirista do filme elimina Agamêmnon no final, como se fosse um

pobre rei babão qualquer, quando tenta agarrar a mocinha. Acontece que com esse “grand finale” o

diretor de Tróia extermina com o resto da mitologia e, por conseguinte, das obras para o Teatro

Grego. Sim, pois, no original Agamêmnon vence Tróia e retorna para suas terras, leva consigo

Cassandra como espolio de guerra, e, lá, ele será, então, assassinado pela sua esposa infiel e o fiel

amante Egisto. Ela, vingando a morte da filha Ifigênia, e, o outro pegando carona no poder. Para

vingar essa morte do pai – não a do filme – Orestes, o outro filho, retorna do exílio, e por aí vai, pois

já é uma outra história.

O filme é fraco. Uma aventura fraca. O texto é banal e tem coisas do tipo “Vamos fugir juntos de

Tróia, meu amor”. Só faltava dizer: “... e fundaremos Roma”.

Da mesma forma, as cenas de nudez – veladas por sombras e noites - são inúteis e podem estar

ali como não. Tão rápidas e furtivas que os atores levaram mais tempo tirando a roupa do que

gravando.

Na verdade, ou no sonho de Homero – a guerra de Tróia não dura dois dias. Dura dez anos, e,

aquilo que vemos na telona corresponde ao décimo ano da guerra. Esse longo tempo é dramático,

em si mesmo, onde teremos sítio, fome, doenças, desesperos, saudades da terra natal e outras

emoções que não passaram pela óptica dos autores de Tróia, o filme.

Há que se sublinhar a inexistência da Grécia, naquele tempo. Temos sim uma Liga do Peloponeso.

Temos atreus, argivos, micenenses, beócios, helenos, argólidas, espartanos e outros tantos juntos

numa Liga. Dizer, apenas, Grécia, fica mais fácil?

Tróia é um filme de puro senso comercial, sem nenhuma pretensão de outra coisa a não ser divertir.

Perderam, no entanto, a oportunidade de divertir e educar, sem perder a mão e nem o sangue

espirrado. Um paralelo positivo foi Brave Heart - Coração Valente – também na linha da lenda e da

história; maior conteúdo veraz, apesar da mortandade nas guerras. Aliás, alguns atores estiveram

nos dois filmes. Talvez sejam especializados em filmes épicos-sanguíneos.

A trilha sonora de Brave Heart é muito mais lírica, baseada em temas celtas, além de muito mais

pujante. A de Tróia chama atenção a melodia do canto, logo no início, muito inspirada nas 18 vozes

Búlgaras e nada mais. A música principal parece o tema do Thunder Cats.

Como última fala fica um pedido de atenção para que os responsáveis pelas máquinas do Cine

Mococa corrijam as lentes que embaçam ou desfocalizam o lado esquerdo das cenas na tela,

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mantendo o lado direito em foco. Haverá aí algum defeito e, isso já faz muito tempo. A mim parece

que as lentes estão tortas, fora do eixo, alterando o centro focal.

Fora de foco já basta a nossa consciência.

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A ESCOLA DE SAMBA

Passado o carnaval e toda a ufania obrigatória resta alguma coisa para reflexão.

As Escolas de Samba não têm o nome de Escola à toa. Devem ensinar e produzir

sambas. Não é o que acontece em Mococa. Temos sim, modernizados, cordões e blocos.

Bloco carnavalesco como um conjunto de pessoas que desfilam no Carnaval de forma semi-

organizada, muitas vezes trajando mesma fantasia, ou vestidas do modo que mais lhes agradar.

Conseguimos observar essa característica em muitas alas do último desfile. Dos Cordões: o

fato de serem formados por grupos de foliões mascarados com feições de velhos, palhaços,

diabos, reis, rainhas, índios, baianas, entre outros, conduzidos por um mestre obedecendo a

um apito de comando. Seu conjunto instrumental costumava ser exclusivamete de percussão.

E seguem outros detalhes e semelhanças.

O Carnaval de Mocoa funde as três vertentes. Para ser Escola de Samba há que

evoluir, não só na avenida mas também na conduta e no aprendizado do samba,

principalmente.

As Escolas tradicionais do país começam imediatamente – março – e se preparam para

2010. É isso o que acontece por aqui? Não. Quem é que ensina o samba? Ninguém. Uma

possibilidade seria criar, de raíz, uma fonte de futuras tradições, e, nas Escolas comuns. A

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estória a ser contada, a música a ser criada, as fantasias e ensaios poderiam surgir desde o

ensino fundamental, ao longo de todo ano, para desaguar na avenida em 2010. É tomo de

pesquisa da contribuição africana ao Brasil. Surgiriam aí tantas “escolinhas de samba” quanto

escolas tivermos na cidade. Ou seja, um processo de plantar um Carnaval sustentável.

No início podemos importar o saber das Escolas de São Paulo. Algumas têm projeto

para isso.

Do jeito que é e está o Carnaval de Mococa sempre ficará à mercê dos foliões que

moram fora; quando puderem, aparecerão na data marcada para desfilar o mesmo de sempre,

com os mesmos tropeços. E, por falar em tropeço, no geral, há um cantor principal - o tal

puxador, termo que Jamelão nunca gostou de usar, pois para ele quem puxa puxa carro –

então há o interprete principal, e, outros de apoio, em função do possível cansaço do primeiro

e uma ou outra pequena harmonia. O que ouvi foi que em vez de dar apoio ao cantor, os tais

“apoiadores” estavam atrapalhando o canto principal. É necessário afinação e noção espacial.

Sonhar com a coisa é uma coisa. Saber fazer é outra. Querer fazer e atrapalhar é crime.

Harmonia, no samba-enrêdo, deve ajudar e não atrapalhar. Há que se atentar para isso.

Além disso é necessário sambar, não marchar. Os desfiles parecem aos de 7 de

setembro com a diferença de que os braços ficam abertos como se pedissem alguma coisa ou

oferecessem a alegria plástica e sorridente com data marcada - é um vício de interpretaçãpo de

quem canta ou está no “samba usando paraquedas de griffe”. Pouca gente mostra que tem

samba para demonstrar.

É isso. Nerm é preciso dizer que são avaliações críticas positivas.

Deixo votos de sucesso, vida longa e prosperidade.

Boa Semana.

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LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA

Dentro das linguagens artísticas que Mococa produz, há a linguagem

cinematográfica. E hoje cinema não se faz mais, somente, com celulóide – fita –

mas, também com vídeo de baixa ou alta definição, por exemplo. No mundo

existem milhares, isso mesmo, milhares de festivais de vídeos que marcam a

imagem e a sensibilidade do mundo inteiro. E Mococa? Além da produção

heróica do Brás Machado – AMOR, PODER QUE TRANSFORMA, de

profundo apelo cristão ao estilo evangélico - Os irmãos evangélicos não lhe

foram irmãos e não deram muita trela para o filme e era de se contar que

houvesse maior interesse por parte desses grupos religiosos, já que a obra foi

para eles direcionada - temos também o Maurício Miguel e suas tentativas e

pesquisas e na maioria das vezes investidas concretas, mas também heróicas, na

área do documentário que, a meus olhos, lhe é o viés mais propício. Opinião

minha.

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Dentro das linguagens caricaturais que Mococa produz há uma, que se

sobressai quase que diariamente, que é a de agentes de mídia sem pé nem cabeça.

Sem falar nas grandes coberturas a lojas familiares, nas grandes entrevistas com

políticos subservientes, nas grandes coberturas a ruas asfaltadas que acabam ali e

et coetera, temos também direcionamentos de reportagens que conduzem a uma

auto-propaganda do nada, propaganda do inútil de plantão. Hiltons. Riltons.

Depois de Paris Hilton os Riltons são aqueles que ficam famosos sem terem

feito coisa alguma. Tem muito Rilton em Mococa. Voltemos ao cinema.

Arte em construção. Além da memória d’O CABELEREIRA, lembrando

sempre do Dr. José Olimpio – jovem ator naquela época de 62 - , já vimos

nomes mocoquenses no elenco de outras obras: atores de nome como Josué

Torres, Marília de Moraes, Bertolucci (ADÁGIO AO SOL, de Xavier de

Oliveira), e Sergio Spina (OBSESSÃO NEURÓTICA, AUTO DA BARCA DO

INFERNO). Mais. Desde 1997 a INDÚSTRIA DO VÍDEO vem produzindo

curtas metragens. Hoje aliada ao Núcleo de Cultura da FATECmococa parte

para a criação de médias e longas em 2009. Dessa forma saliento os nomes de

Amanda Garcia, Rafael de Souza, Bruna Freire, Karina Pereira, Lucilda Andrade,

que são jovens do núcleo de cinema da FATEC e contribuem efetivamente para

a arte a cultura da cidade. Até 2010 quando um surto de bobeira atingiu como

vendaval as estruturas.

A cidade faz o que? Nada. Então eu digo. Devem ir atrás. Devem assistir a

tudo. Devem ser testemunhas do que tais jovens fazem e seu potencial de

crescimento. Assim, se tornarão testemunhas do começo da carreira destes

jovens.

É isso. Deixo votos de sucesso, vida longa e prosperidade.

Boa semana!

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O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA

Produtores e Realizadores internacionais resolveram, por bem, oferecer

aos cinéfilos de todo mundo uma obra baseada no livro de Gabriel Garcia

Marques.

O filme é bonito e bem adaptado, em que pese adaptar um romance, inda

mais em se tratando de um Nobel de Literatura. Na imagem fílmica a história

pode até ficar outra. No entanto, no caso desse específico “CÓLERA” pesou

mais o colonialismo. Os produtores escolheram atrizes e atores que ganharam

ou foram indicados ao Oscar, sendo todos artistas latinos ou de língua latina.

Todos excelentes. Fernanda Montenegro (Brasil), Javier Bardem (Espanha),

Giovanna Mezzogiorno (Itália), mexicanos, colombianos, tendo ainda a voz de

Shakira para completar a sonoridade latino-americana, com um cancioneiro

lamentoso da América do Sul e Central. A paisagem caribenha dava sua cor

lapidada em tons de sol e céu anilado. Porém, todos os artistas falavam no

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idioma inglês, que mata o texto e, no caso, mata a interpretação. Para o ouvido

limitado do americano do norte, atrizes e atores, falando em inglês, carregam no

sotaque e, isso já será considerado outra língua lá para eles.

Um bom exemplo é a modernosa adaptação d’O CRIME DO PADRE

AMARO, em espanhol-mexicano. Porém, no “CÓLERA”, a metrópole manda.

A colônia obedece. Fala mais alto a voz do mercado. Fala mais baixo a língua

castelhana, que, apesar disso, vem ganhando seu espaço no planeta.

O treinamento mais intenso que precisamos ter é o de pensar

originalmente, mas, frequentadores assíduos de novelas não terão essa

oportunidade.

Ler outros autores que não o mago Coelho também será obrigatório e,

para quem gosta de andarilhagem e coisas de Santiago de Compostela existe um

livro escrito aqui em Mococa, autor local, que conta, com realidade, como se faz

aquele caminho. Autor: Itelberto Peres. É pegar e ler e se manifestar, pois,

permanecer refestelado e contemplativo não faz a cidade andar.

Mas, a peste colérica ganhou a parada e a plêiade de artistas passou a falar

em falso inglês. Os latinos freqüentadores de cinema terão que se ater a legendas

nos filmes importados da Metrópole, como sempre.

Dessa forma fica uma sugestão para o artista mocoquense: bolar roteiros e

enredos de peças teatrais sem texto algum. Assim todos entenderão,

independente do país e do idioma, até mesmo no Japão. Será um produto de

exportação facilitada.

A educação no país já é precária. As obras na tela grande consomem o

que nos resta da linguagem com péssima legendagem, e piora se não assistirmos

os nossos produtos cinematográficos brasileiros. Valorizar a obra brasileira,

então, é obrigação de todos e independe de gostar ou não. É necessário aprender

que existem múltiplos olhares para se enxergar a realidade. Aprender que o

modo americano de fazer filmes é apenas um deles e não é, necessariamente, o

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melhor. Existe o italiano, o hindu, o francês, o alemão... cada um em sua linha,

cada um com sua graça e peculiaridade.

Para acompanhar o processo de adaptação leia o livro “O AMOR NOS

TEMPOS DO CÓLERA”. Estude as imagens que o diretor do filme criou e

compare com a sua imagem de leitor. É, também esse, um exercício vigoroso

para ganhar poder crítico. Para ganhar distanciamento. Para ampliar o poder de

observação.

Dá próxima vez em que for à locadora pegue somente filme brasileiro. Ou

experimente os latino-americanos. Haverá muita surpresa. Exemplo: muito filme

que já passou em nosso circuito – CARANDIRU ou PIXOTE – é produto

brasileiro e foi dirigido por um artista argentino.

É isso. Sucesso, vida longa e prosperidade. Boa semana!

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CULTURA E / OU LEGISLATIVO

Não podia deixar de participar ativamente da vida política da minha cidade, portanto, venho

prestar apoio e auxilio enviando aulas importantes para que os atuais legisladores façam o dever

de casa, aquilo que devem fazer de vero, pois ainda há tempo. E tudo baseado no mestre Platão.

Para Platão, o filósofo deve se ligar na polis – cidade - e cumprir missão moral e social, daí

os confrontos entre a filosofia com hábitos estabelecidos na cidade – Mococa – em todas as

épocas, que volta-e-meia, condena alguém ao ostracismo, preferentemente alguém iluminado pela

luz de Goethe. Seguem, a partir daí, algumas definições e missões que serão encaradas como

Ordens a Cumprir, pois não caíram do céu e estão presentes em todo o mundo civilizado: a) O

legislador mocoquense deve purificar a alma e não temer a morte. Ser reto no seu pensamento e

não dar atenção a negociatas e empreguinhos para maridos ou parentes, por exemplo; b) O

legislador, ou vereador, no nosso caso, buscará, por obrigação, o conhecimento ideal do bem e do

justo para a cidade, e não só para si ou sua imagem de falso bom-samaritano (onde predomina o

samaritano nada bom) , que distribui nomes de ruas a torto e à direito e legisla em torno do umbigo;

c) o vereador(a) deve inquirir e purificar a alma dos cidadãos, com novos hábitos, novas idéias,

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novos caminhos, novos direcionamentos e não como vemos hoje (2009) com a repetição do óbvio

instalada nas recâmaras da Câmara, numa Câmara igual a qualquer outra já vista; d) o legislador

será o bom professor que se preocupa com a boa formação de seus discípulos na busca da

verdade e não nas picuinhas e tolices que chamam política por serem ignorantes e copiadores dos

maus exemplos de outros tempos. Por isso o Vereador deve saber ler e escrever corretamente e

não com a mão do gato.

Dessa forma há que se superar o sensível, o particular, o prazer e buscar viver em

consonância com a realidade supra-sensível desconhecida, daí a importância dessas aulas,

dirigidas aos políticos. Construirão a cidade justa, criando espaços de felicidade e moderação.

Não digo que devam se afastar do mundo, mas é necessário conhecer verdades variadas,

tornando-se sábio e justo, a partir do conhecimento do bem social e popular, de onde pode instituir

as mais belas e verdadeiras leis. Não há somente um caminho, uma verdade e uma luz. Existem

várias.

Portanto todo ser humano sério evita escrever coisas sérias para não abandoná-las à

aversão e à incapacidade de compreensão de outros que nada entendem. No entanto vemos que

uma Câmara como a de Mococa congrega em si uma quantidade impar de vereadores inaptos ao

bem pensar. O que fazer, então, se o século é 21 e a modernidade urge.

É mister desenvolver amplas reflexões sobre os grandes problemas da cidade, como

também, convencer-se de que o poder deve estar sempre aliado ao saber. Não há como entender

textos sem uma leitura fluente. Não entendo textos não se faz boa lei. Cidade e problemas são

sinônimos.

Pergunta: Quantos dos nossos insignes vereadores sabem ler e escrever corretamente e

sabem liderar algo? Levante a mão!

A meu ver devem ser imediatamente substituídos ou, para não desmerecer o voto daquele

que votou em inaptos, devem tais vereadores ter a oportunidade de estudar. Para compreender

como ocorre a desordem na alma, é preciso lembrar que os seres humanos não são iguais: uns têm

ouro na alma - estes são os que podem comandar e/ou legislar sobre a cidade, pois neles

predomina a parte racional; outros têm prata na alma - estes serão os auxiliares dos chefes, pois

estão aptos a desenvolver a coragem no mais alto ponto e a defender a cidade, de seus inimigos

internos e externos; em sua alma predomina a parte irascível, mas são extremamente úteis e

saudáveis. Outros, ainda, têm bronze e ferro na alma e, por enquanto, estes se limitam a votar –

votando mau - em apedeutas e pessoas incompetentes para cargos de suma importancia para uma

cidade que posa muito mas faz pouco.

Boa semana! Não se acomode.

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TPM – 13 ANOS

A Indústria Cultural não é, ainda, uma realidade. Não é atividade, ainda, completamente

instalada. Há muito empecilho. Mas há sementes plantadas.

O ideal seria que todos plantassem as sementes em vez de nela pisarem.

Nós que plantamos as sementes oferecemos mais um ato da conferencia dos nossos trabalhos

nas artes cênicas, conferência feita com quem nos acompanhar na jornada. Segue abaixo um

pouco da obra e da história do

TPM – Teatro Popular de Mococa “Rogério Cardoso”.

1997 - Outubro, ao lado de atrizes e atores, monta o TPM - Teatro Popular de Mococa que

foi buscar patrono em Rogério Cardoso. 1998 - TPM monta "PROMETEU", em Abril, e

participa do Festival de Araras-SP – no Mapa Cultural Paulista. Trouxe o prêmio de melhor

coadjuvante para o ator João Ramalho. Em seguida passa ler e produzir “O AUTO DA

BARCA DO INFERNO”, (Gil Vicente). 1999 - Estréia do “AUTO DA BARCA” que faz

turnê ou giro por Arceburgo, São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo e Guaxupé, em

Março e Abril, Maio e Junho. 2000 - Monta “LUA NEGRA” , estreando em São Jão da Boa

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Vista no mês de Maio. Mas, no mesmo ano monta “COMÉDIAS”, de Woody Allen, em

Novembro. 2001 - ”SEXO É COISA SÉRIA” de Veríssimo e Woody Allen em Março;

“DEUS” de Woody Allen em Abril, foram peças com recorde de público. E esse tipo de coisa

nunca foi bem aceito pela inteligentzia artística da cidade na época. Mas, a casa cheia nada

mais significa do que trabalho bem feito. Neste momento fecha-se o Teatro Municipal de

Mococa para reformas que duram 1 ano e meio. Reformas que nada reformam. O TPM se

instala com ensaios e produções no Teatro Oscar Villares. De lá saem “COMPUTA,

COMPUTADOR, COMPUTA de Millôr em Junho e o badalado “O TARADO” de Woody

Allen em Julho e Setembro num festival em Belo Horizonte. 2002 - “A MORTE AO

VIVO”, de Veríssimo, Fraga e Woody Allen em Abril; em seguida “O HOMEM DO

PRINCÍPIO AO FIM” , de Millôr Fernandes em Junho e a estréia em Outubro de “O

SANTO INQUÉRITO”, de Dias Gomes. Marcos obrigatórios de um grande fazer teatral na

cidade. “O SANTO INQUÉRITO” faz turnê em Outubro: Guaranésia, Arceburgo,Monte

Santo de Minas , Itamogi , Escola Carlos Lima Dias, Teatro Municipal de Mococa, finalmente

reaberto, porém demonstrando os mesmo problemas. Recuperamos “O HOMEM DOM

PRINCÍPIO AO FIM” do repertório, para apresentações na escola Barão de Monte Santo ,

São João da Boa Vista , Vargem Grande do Sul, Teatro Municipal de Mococa , com retorno a

Itamogi. 2003 - “TRIÂNGULOS AMOROSOS” – Albee e Silveira Sampaio, - Março

“MULHERES DESESPERADAS” – de Edward Albee, - Abril “RAMA & SITA”, musical

infantil baseado no Ramayana, - Maio “ATEUS, VAGABUNDOS E LOUCOS”, de Gordo

Netto - Maio. Turnê de MULHERES DESESPERADAS pelo Sul, de Minas Gerais. JOSÉ

DO EGITO, o musical, de Loyd Webber em Agosto, além de PROJETO ALFA – no SESC

Campinas em Novembro. Sem perder tempo fomos ao Mapa Cultural em Dezembro, com

apresentação em Campinas. 2004 - Mapa Cultural Paulista – fase regional – melhor direção,

peça e atriz – Janeiro. Sem deitar nos louros da glória seguimos com “O LIVRO DO

GENESIS”, em Julho; “RELAÇÕES AMOROSAS”, de Allen, Jabor, Millôr e Veríssimo –

Setembro e a terrível “A LIÇÃO”, de Ionesco – Outubro. 2005 - “JESUS CRISTO

SUPERSTAR”, musical de Lloyd Webber – Março; “TRÊS HOMENS BAIXOS”, de

Rodrigo Murat, teatro – Maio; “VIDA PRIVADA”, de Mara Carvalho, teatro – Julho, que

participou do Festival Cacilda Becker, em Pirassununga. 2006 - “MULHER, OBJETO DE

CAMA E MESA”, de Heloneida Studart e vários autores, Maio; “CORRUPTOS E

FELIZES”, de Jorge Dumarescq, em Dezembro. 2007 – “ANTROPOFAGIA”, baseado nos

textos de Oswald de Andrade e “UM ESTUDO SOBRE NELSON RODRIGUES –

TRAIÇÕES – Novembro. 2008 – “EU FAÇO A MINHA HISTÓRIA , baseado na obra de

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Marilu Alvarez, - Maio. 2009 - NIETZSCHE NO PARAÍSO, sobre textos de autores variados

– com estreia marcada para Março. 2010 – A MORTE BÊBADA DA MORTE, de Miranda

Junior e Woody Allen, que estreou em Fevereiro.

PRÊMIOS

Mapa Cultural Paulista – regional – teatro - melhor direção, peça e atriz – Janeiro 2004

TPM grupo Selecionado Festival Volkswagen, final em SP – Julho – 2003

Mapa Cultural Paulista. Prêmio ator coadjuvante, 1998

Festival de Varginha, MG – melhor direção, música e melhor peça – Setembro, 1997

Vemos que a contribuição do TPM para a cultura mocoquense é ímpar e vemos que define

uma escola de atuação e aprendizado e criação que merece ser copiada pelos grupos iniciantes.

Há vários deles em Mococa, hoje.

De qualquer forma fica o convite: Apóie a ação teatral de Mococa indo aos espetáculos. Dessa

forma você demonstrará inteligência e sua cidade crescerá.

Boa Semana!

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INDÚSTRIA DO VÍDEO

O leitor que me acompanha perceberá que Produtores Independente – PI – é um grupo que produz

teatro, cinema e música. Além de ser grupo capacitado, produz uma carga de atividades invejável. E

essa emoção transparece nas ações de muitos dos nossos seguidores, tomados entre platéia,

alunos ou artistas que aqui desenvolvem sua arte. Ainda a título de conferência segue um “resumo

da obra”, abaixo, da produção em curtas metragens que a INDÚSTRIA DO VÍDEO vem produzindo

desde 97. Um e outro título está cadastrado no curtagora.com.Br ou no Curta Vídeo, ou ainda pode

ser acessado no YouTube ou VideoLog. Pode ser acessado a qualquer momento. Um e outro título

já se mostrou no formato de treiler.

À medida que produzimos, os curtas vão direcionados para festivais e mostras do país e do mundo.

Mococa, então, participa do mundo com suas imagens e isso ajuda a alicerçar o turismo. É

escusado dizer que para a produção dessas obras há a pesquisa, o ócio criador, os ensaios, as

tomadas, as locações, a edição, disponibilidade de artistas. Tudo isso com custos de produção, que

para bom entendedor são palavras que bastam, mas, que para alguns ouvidos da cidade nada

significam.

Para mal entendedor, nem adianta perder o tempo. Mas, conheçam as recentes produções Quem

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sabe uma outra moral? Outro olhar? Outra audição? Preparar Mococa para sair do seu estado pré-

histórico, através da arte. INDÚSTRIA DO VÍDEO.

Seguem indicativos: produção P / direção D / edição E / trilha T/ narração N / atuação A / roteiro R

1997 "SONHOS", P/D/E/R, Agosto-Novembro. / 1998 I Mostra de Vídeo na antiga Industrial (Curtas

e Médias), P, Mococa – Janeiro. "PROMETEU", D/P, Abril. "O CASARÃO AMARELO", P/D/E/R,

entre Setembro e Dezembro. / 1999 II Mostra de Vídeo na antiga Industrial (Curtas e Médias), P,

Mococa – Janeiro. "O ZELADOR " , P/D/E/R, Março e Abril. “AS BRUXAS”, P/D/E/R, Maio. “O

ZELADOR II”, P/D/E/R, Junho. / 2000 A TESTEMUNHA, A, Março, direção Sergio Spina / 2001 III

Mostra de Vídeo na antiga Industrial, P, Mococa – Março. “SANTIFICAR AS FESTAS”, P/D/E/R,

Março.“COMPUTA, COMPUTADOR, COMPUTA”, de Millor Fernandes, P/D/E, Junho.

INTERFERÊNCIAS”, P/D/E/R, Vídeo. / 2002 O SANTO INQUÉRITO, Dias Gomes, P/D/E/, Maio.

O HOMEM DO PRINCÍPIO AO FIM, Millor Fernandes, P/D/E, Junho. AUTO DA BARCA DO

INFERNO, Gil Vicente, P/D/E, Julho. SITIADOS - P/D/E/R, Julho / 2003 RAMA & SITA, P/D/E/R,

Maio. ATEUS, VAGABUNDOS E LOUCOS, Gordo Netto, P/D/E, Maio / 2004 A LIÇÃO, Ionesco,

P/D/E, Outubro. / 2005 MOSTRA UNIOESTE DE VIDEO, com O FIM, Setembro. DIÁLOGOS,

P/D/E/T/R, Setembro. Projeto VíDEO_VESTIBULAR, fase um - de Setembro a Dezembro. / 2006

Projeto VíDEO_VESTIBULAR, fase dois - de Janeiro a Setembro. BUFUNFA NO MUNDO DAS

CORES, de Daniel Azulay, P/D/E/N, Janeiro. MISSA DO GALO, de Machado de Assis, P/D/E/R,

Janeiro. LEITURAS E VISÕES, sobre Mario Quintana, P/D/E/R, Janeiro. INSÔNIA, de Graciliano

Ramos, P/D/E/N/R, Março. MOSTRA UNIOESTE DE VIDEO, várias obras em horário especial,

Março. IRA, de Guilherme Giordano, P/E/N, video para TV, Abril. CERTA ENTIDADE , de Qorpo

Santo, P/D/E/R, Julho. REINO FRANCO, de Guilherme Giordano, P/E, Maio. LEPHANTE,

animação, P/D/E/R , de CDM, Julho. ENSAIOS SOBRE A MORTE, de Woody Allen, Millôr e Fraga,

P/D/E/N/R, Agosto. O DUENDE DA MARCIA, animação, P/D/E/N, CDM, Setembro. ENCONTROS E

DESENCONTROS, de David Ives e CDM, P/D/E/R - Novembro. QUEM TEM BOCA NÃO MANDA

ASSOPRAR, de Arthur Azevedo, P/D/E/R , Novembro. NA PELE DE SÓCRATES, de Woody Allen,

P/D/E/R Novembro. / 2007 A CASA, baseado em Borges, P/D/E/N/R – Janeiro. AS ESPOSAS DE

LOVBORG, de Woody Allen, P/D/E/R – Junho. LEITURAS E VISÕES, sobre Getúlio Cardoso,

P/T/D/E/R - Junho. EDEN, um estudo, texto coletivo /P/D/E/T - Julho. ENIGMAS?, de Coelho De

Moraes /P/D/E/T/R - Outubro. O MOCHILEIRO, de Coelho De Moraes /D/E/P/R – Novembro. /

2008 “A MÁQUINA DO BEM E DO MAL”, de Rodolpho Walsh, P/D/E/R, reedição Fevereiro. A

CARTOMANTE, de Machado de Assis P/D/E/T/R – Maio. LEITURAS E VISÕES, sobre Affonso

Romano de Sant’Anna, P/D/E/R, Junho. I FESTIVAL RATOEIRA - Ulrica e Interferências -

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selecionados – RJ – Julho. O MENINO DA BOLINHA AMARELA – D/E/A/P – Julho. UM OLHAR

SOBRE CAPITU – D/E/P/A/T – Setembro. 2009 HONRAR PAI E MÃE – D/E/P/R – Janeiro.

NOTÍCIAS DO FUTURO - P / D / E / T/ A / R – Abril. O FANTASMA DA CASA VELHA – P / D / E /

T/ A / R / Maio - O O LOBO E O CORDERIO – P / D / E / T / R Setembro. OSWALD DE ANDRADE

- P / D / E / T / R. Outubro. 2010 – O LEÃO E O COIRDEIRO - P / D / E / T/ A / R – Janeiro.

Eis a lista de produções que vão pelo mundo levando a arte mocoquense.

Tendo um tempo acesse: http://www.youtube.com/profile?user=COELHODEMORAESVIDEOS;

http://www.youtube.com/profile?user=COELHODEMORAESDIRECT;

http://www.youtube.com/user/INDUSTRIADOVIDEO?gl=BR&hl=pt;

http://videolog.uol.com.br/videos.php?ordem=1&periodo=1&id_usuario=309665; e encontrará muita

gente boa por lá.

É isso.

Boa semana!

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CULTURA POLUI?

A prática de ignorar ou fingir-se de morto é mato em Mococa.

Quantos pobres ignaros desconhecem que um artista deve ser pago pelo alto valor de

suas horas de trabalho? Principalmente, as de ócio criativo? Um artista que fica à disposição de

uma comunidade já deve ser pago, a priori. A presença do artista em uma cidade já faz a

diferença.

Há os que não ignoram isso e fazem todo o esforço para que a sua cidade tenha

cultura real, em tempo real. Cultura Crônica e Contemporânea. Tatuí, São João, Nova Odessa,

são exemplos. Mas, tivemos nossos bons exemplos e vale lembrar: Em 1996 - governo Naufel

(Profa. Vera Sandoval e Prof, Paladini) - a Escola Municipal de Música “Euclides Motta”.

Euclides Motta era vereador versado nos interesses educacionais e culturais. Serve de

referência para a nova safra de legisladores. Existe em Mococa uma escola de música pronta

desde 82. Inativa graças aos (des) governantes posteriores. Nos doze anos de vácuo cultural

que se seguiu - só mesmo rindo ou ruindo para crer que houve ato decente e programático.

Olhem bem: São José do Rio Pardo é braço do Conservatório de Tatuí. São João montou

uma Incubadora Cultural. Mococa cumpriu a sina de ver o “trem da cultura” passar.

Em 97 fundou-se o EMADMA - Escola Municipal de Artes Dramáticas e Musicais de

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Arceburgo. Surgiram os Coros Adultos e Infanto-Juvenil. Surgiu o GRADA, premiado cinco

vezes em Varginha – Teatro - logo nos primeiros seis meses de vida. Tais escolas foram

desativadas por questões da política local, canhestra e sinistra. O Coro da Cidade de Mococa,

desde Lu Amato, com 22 anos de idade foi desativado. Em Outubro de 97 surgia o grupo de

Teatro que veio a ser o TPM – Teatro Popular de Mococa “Rogério Cardoso”, por iniciativa

particular, e, a Indústria do Vídeo, para a produção de curtas e médias metragens: Um pólo de

cinema.

Entre 97 e 98 o Kuarteto Mokoka (música para cinema), saiu em turnê brasileira,

sendo primeira página em vários jornais do Brasil – do Arroio ao Chuí, digamos assim. Mas,

como se produzirá tudo isso? Com dinheiro celeste? Na verdade, os grupos vivem com o

problema crônico da falta de espaço, falta de transporte, falta de mídia. Mas, eu sei, isso é

problema nosso. Sempre foi. As manifestações da cultura são necessárias e obrigatórias ou

padeceremos de barbárie.

Os artistas correm atrás da profissão, enfim. Quando aparecem na mídia aparecem

sozinhos, sem papagaio de pirata pegando carona na foto. O artista tem luz própria.

Em 2001, Braz Machado gravou o longa “Amor, poder que transforma” de forte apelo

didático contra as drogas. Sem apoio efetivo a não ser o dos jovens e determinados artistas

que mantiveram a chama acesa. O folclorista João Ramalho foi ator revelação na fase regional

do Mapa Cultural de 1998, em Julho, Araras. O TPM, no Mapa 2003, fase regional, teve com

Rose Tomé melhor atriz, incluindo melhor peça e melhor direção.

Cadê o apoiador cultural, que deve oferecer apoio e não esperar o pires mendicante?

Há uma agenda para 2009, mas onde estão os espaços? Tomo a liberdade de citar alguns

nomes que atuantes hoje na frente da arte cênica: Amanda Garcia, Rafael de Souza, Karina

Pereira, Fabyo Vyeyra. Tiago Pereira, Alan Balbino... anotem esses nomes, por favor.

É isso. Deixo votos de sucesso, vida longa e prosperidade. Boa semana.

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90

DIÁRIO DE PIRATAS EXCERPTOS III

Dia Um, como se nascesse

Perdidos entre beijos e abraços nostálgicos eu e RoseBraga resolvemos comer a

pizza do sábado. Assim se começa um conto comum e vulgar. Terá começo meio

e fim?

Com quantos dígitos veremos no ar as aves de arribação? Como se conheceram

a América e o jovem melindroso perseguido pelo destino? O episódio foi de uma

banalidade comovedora, e envolveu uma pulseira perdida e um mal-entendido.

Menos irrelevante será talvez relatar como sucedeu a revelação de que eles

partilhavam algo mais do que a vontade indomável de transformar a Mogiana (de

Pinhal a Mococa) num imenso palco para os trânsitos e brados de Pentesiléia e

de Aquiles e de toda fauna de Vereadores que já ocuparam, e ocupam, as

cadeiras da Câmara, sonhando um dia serem Deputados Estaduais... tais

cadeiras aceitam quaisquer tipos de bundas... bundas dorminhocas, bundas

vagais, vagabundas, bundas perdulárias, bundas de futuros prefeitos e não há

nada que tenham construído a não ser a capacidade de observar o tempo passar

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– verdadeiros Fiscais da Natureza - pois tudo o que pretendem haver construído

existiria assim mesmo, sem interferência dos tais (geniais) parlamentares. Mas a

história é feita desses equívocos, e dessas bundas vazias, ou dessas estórias.

Valha-me Alexandre, o Herculano, que propunha uma bunda como predicado,

como cousa vulgar e nada mais.

Foi quando o povo da cidade de Muganga, tendo eleito por duas vezes ou três

vezes padres e analfabetos, fissos isso e aquilos, pró-rogos e vicariato sem

vergonha para um projeto Cura cuja eternidade se desdobra além de nossa

lucidez e cuja dívida avança pelo século 21, em piscinas inúteis e adulteradas, em

clubinhos populares para agrado da multidão faminta e alienada... tardia também,

tal turba, revelou que não saberia o que escolher, caso houvesse escolha: a

felicidade ignorante e feia ou a lucidez feliz e desavergonhada, profunda e

permanente sobre as razões e timbres da infelicidade. COELHO, não o do

Updike, sentia o mesmo, e estas coisas criam um vínculo menos quebradiço do

que um passado de banco de escola ou de caserna partilhada. Mas as cousas

não se ficam por aqui, há também a paixão comum pela gastronomia do sul de

minas, o "segredo mais bem guardado da cozinha mineira”, talvez. Perdições

entre pamonhas e curaus... literatura e um saudade de Arceburgo, talvez...

Dia dois, e Kafka na panela

Terça-feira e é dia marcado para o cinema. Eu e RoseBraga, vinte horas pouco

mais sairemos do Jardim São Luiz, rumo ao quinquagenário Cine Mococa. A

marcar em todas as agendas e datas de passagem: Ver e rever “O Cozinheiro, o

Ladrão, a mulher e o amante”, mas não se deve passar sem o “Bebê Santo de

Macon”, ou ainda “A Tempestade”, já que falamos sempre de um Pedro

CaminhoVerde, autor de obras primas. Todas suas obras serão primas? Nada

disso porém passa pela cabeça de muitos mocoquenses que estão aquém dos

símbolos e das abstrações. A eles se permite dormir em música que dizem ser

sertanejas (guarânias, na verdade) ... mas, limitam-se a nos deixar Zen – Zen

paciência. A saga das testas cobertas de galhos, as dores de cotovelo, a

choradeira de trouxas alcoólicos esparramados nos bares do Descanso, por

exemplo, enquanto as vacas mugem ao longe e de longe se vê um por-de-sol

flagrado entre cambiante de violenta e um sulferino dormido de épocas. Isso

antes. Agora, hora noturna e pouco fria, nos sentiremos aquecidos no cinema.

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Enquanto não chega o momento de despejar do trono ou seja lá quem nada fizer

de programado ou planejado, a corja de lambões e lambe-sacos; enquanto a saga

do senhor sem anéis não se der à mostra, contentemo-nos com as glórias

passadas, idas e desguarnecidas de qualquer atavio.

Dia três, enquanto as chuvas disparam

Excelente.

Por favor, tentem compreender. Ou não! Não julgamos, sim julguemos como

cousa de puro oiro, mas, não condenamos, sim, sim, condenemos, enfim para

outras terras e exclusões maravilhosas, porém, não pratiquemos o ostracismo,

entre estranhos em terras estranhas, contudo enviemos para o exílio as piores de

nossas malfadadas idéias. Em Muganga, Macondo e outras terras, idéias não

servem para nada. Não é uma questão de fundamentalismo, nem islamismo,

nem alcoranismo, nem xiitismo, podendo ser shiitismo dos ingleses em que tudo

se transforma em porcaria ou (s)crap, como por exemplo a cultura de uma cidade

como a nossa – como orgulhosa cidade do interior mogiano – mugiante - , tudo se

transforma em nihilismos; não é uma questão de atropelo a qualquer direito

natural. Apenas pedimos respeito e consideração. Reclamamos somente o direito

ao nosso quinhão quotidiano de ar relativamente puro. É só isto. Há espaço para

todo mundo, porém, você pode, até, ficar bem de verde, quando engolir sua

fumaça e se transformar em um saco podre de câncer. Você merece.

Dia quatro, um momento no viés

REPÚBLICA 70 RIACHUELO: Por lá passaram SemiDeus, Bado, Preto,

Mandrake, Pancada, o caro CDF, o Zize, o Vasconcelos de São José do Rio

Pardo – cidade onde muita gente grada ia mijar nos bailes, e na devolução, o mijo

de SanZé vinha em retorno na AEM - além da quebradeira de copos, corpos e

vidros e janelas... bailes e brigas... esses, entre outros. Indicaram-me

recentemente dois fatos com relevância republicana assinalável.

Eu e RoseBraga, na manhã, ouvíamos tais histórias, comendo muito requeijão e

pão preto.

No sítio de não sei que pessoa duas amigas, íntimas amigas, amantes amigas da

mais pura sociedade mocoquense se mataram pois seu amor não era permitido

pela sociedade da época... Seria agora?... isso, entre outras cousas... entre

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outras coisas, leio textos cujo teor denota uma das mais louváveis atividades que

conheço: hoje vejo que os partidos políticos se misturam como iguais e, aqueles

que são tidos como radicais - cá de fora - se mostram anacrônicos, bem démodè,

bem nulos, na verdade, esperando aposentadoria... Culpa minha? por que fomos

tão cegos? Já não se misturavam antes? Não vimos? Éramos coniventes?...

concordata!

Para além destes temas de óbvia e lamentável atualidade, muitos outros são

abordados, investido de uma grande e magnífica opulência. Falece o comediante

mas a piada continua com a laicidade e os valores republicanos (ou as suas

violações) como denominador comum.

Há certo desconforto, muita vez, se exprimir o vocábulo "partidários" e derivados.

Assistimos a lógica da negação partidária, re-fundação de outra vertente,

mudando o nome da estrela, ou no mais, nomeado a estrela para outros sóis; a

contestação que está implícita parece-me, em certas ocasiões, poder tornar-se

contraproducente; no entanto há um barco para se navegar. Talvez com mais

espaço, para desatinos e desvarios e devaneios... Prestemos atenção às aves de

alta plumagem.

Dia 5, enquanto a água não me chega aos pés no Descanso

Excelente domingo para nós.

TV a satélite e tudo mais. Muito filme bobo, mas algumas relíquias.

ANÚNCIOS de outros tempos: Este é velho como muita gente da cidade... Parada

no tempo antigo como muita gente da cidade... Tem muitos que ainda choram por

uma fonte dos Amores que nunca conheceram corretamente... Teriam saudades

dos pernilongos? Ou do mal cheiro? Ou ainda dos lacerdinhas que infestavam

nossos cabelos? Vá saber!!... antiguinhos, antiquados, antiqualha. Dado Histórico:

A antiga Fonte dos Amores vinha da décda de 30. Em meados dos anos 60 já era

sujeira. Foi remodelada em 70 e durou, normal em funcionamento, até 2008,

quando foi remodelada, tentando voltar ao que era.

Se contarmos bem a Segunda fonte durou de, 70 a 2008, mais que a primeira,

portanto, esta deve receber o galardão de tradicional. Homessa!

Mas, o filme continua: Inseticida Banzé, cuidado para não matar o cão também:

E a velha tinha moscas... e as moscas orbitavam... sobre a velha volitavam... lá

na casa suja e limpa... Morriam as moscas, matavam a velha... A velha dizia...

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bradava... ninguém ouvia... banzé, banzai! Flavinho corria no quintal, acorria

atrás dos balões e gritava banzai! banzé... Contras as moscas bato o pé! Festa

Junina! Balõezinhos a subir. Os chinesinhos.

Sabem, aquela velha que dá um pontapé no balde?

Esquece, tal velha não existe... velhos se acomodam... comodistas... raros os

ativos. Em geral se entregam ao ficcional céu empírico. Com direito a nuvem e

lua.

É noite.

Assim acaba nossa história de amor.

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NÓS TEMOS TANTO EM QUE PENSAR

Mas, não se iluda, somos só nós. O resto do mundo pensa em mais nada. Vive de inércia, dentro de

um padrão pré-estabelecido. Mesmo que vivamos esse padrão em muita coisa que fazemos,

também fazemos a diferença por que rompemos o padrão. E, essa diferença não quer dizer que

seja para melhor. Pode ser a diferença que esculhamba o normal – padrão – do dia a dia; e as

pessoas não querem saber desses caras. Vide Jesus. Independente de ser ou não filho de Deus -

provavelmente não – ele escangalhou – tirou a cangalha, a opressão, tirou o jugo – das autoridades

locais e foi parar aonde?

Todo mundo fala nele e não segue nenhum dos seus ensinamentos e preceitos, mesmo por que a

sociedade ficaria inviável e talvez seja essa a verdade, para que ninguém lucre com a realidade -

mas mantêm a pose de que são da turma da paróquia. Beatos e bentos.

Vá seguir tais ensinamentos!! Sai pra rua com 12 caras sem lar ou dinheiro e vê no que dá.

Vamos ver se há uma Igreja que não cobre dízimos; de que seus representantes sejam

maltrapilhos e nem usem roupa de grife; vamos ver quem é que vai querer receber conselhos de

uns caras desses?

Utopias. Mentiras ditas mil vezes.

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Na verdade foram valores usados por inescrupulosos que montaram suas igrejas e clubinhos

religiosos munidos de CNPJ pago em dia a aproveitaram da carência afetiva de cada pessoa.

Peixes que caíram nas redes.

Enfim.

Nossa arte não para.

Quero ir para o Globo? Pode ser, mas eu – Coelho - não fui quando lançaram meu CD de Natal ao

programa da Xuxa. Os princípios permanecem. A base da luta é essa e não tem prêmio algum no

final pois as pessoas dirão: “Como você é bobo... que que tem ir na Xuxa?”

A dona Susan Boyle – para quem acompanha o que vai pelo mundo, mas, para quem não

acompanha não faz diferença - faz pensar e faz chorar por que ela é o símbolo de bilhões de outras

pessoas, tanto ou mais criativas, que nós dois – Coelho e Spina – e elas nunca terão voz. Nós,

quando não nos deixam falar inventamos um blog ou gritamos na rua.

Acabou a eletricidade e acabou o blog? Subo no palco.

Nosso diferencial é ir atrás do auto-falante para gritar e fazer que nos ouçam: teatro, música,

vídeo... são nossas armas. Mesmo assim muitas vezes nos desconvidam pela impertinência. Nossa

expressão corporal na rua (pose?) é nossa arma e bandeira fincada no solo. Jesus era impertinente

e chatonildo. Nossa cabeça erguida pode ser arrogância – e nada mais é do que uma maneira de

olhar mais longe.

O CD de Natal vende. É pop. Minhas outras obras no sitio www.jamendo.com.br – dá um pulo lá e

escreve Coelho De Moraes – e você ouvirá álbuns que ninguém deseja comprar – se é esse o caso,

vender – mas, no entanto, são expressões.

Mas, será esse mesmo o caso. Fazer arte e vender e sofrer se não compram? Cada um compra o

que quiser.

E pra que servirá tudo isso se não passa de mera arte?

Por isso estou fazendo Filosofia. Quero entrar numa sala de aula com 45 alunos para escangalhar

45 cabeças de uma vez.

Estarei me repetindo?

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TREM DA CULTURA E ACESSÓRIOS

Dentro da conferência geral que empreendemos durante essas

semanas, abusando da paciência do leitor, a título de apresentações e

trabalhos executados no âmbito da cultura, apresentamos mais um

sucedâneos de ações. Aquilo que é ou que foi – sempre surpreendente

– o TREM DA CULTURA, jornal devezenquandário, nascido em

Arceburgo nos idos de 97 e que depois ganhou ares mocoquenses.

A idéia era formatar um periódico que falasse sobre filosofia e literatura

em geral, palpitasse e criticasse à vontade, em textos curtos, sem

esquecer da crítica e da agenda cultural. Foi em 1997, junto aos jovens

do GRADA - Grupo de Artes Dramáticas de Arceburgo, que tudo nasceu.

O GRADA entrou na caverna em 1999.

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Os grupos não param. Hibernam, mas não param. Mesmo por que são

muitos os trabalhos e nós somos poucos empreendedores. Se a

atividade se limitasse a teatro apenas, talvez ficasse mais fácil.

O TREM DA CULTURA teve poucos números, se dando ao, luxo de até

de pular o número 5. Não conseguindo ser periódico, pois teve vida

curta em sua terra natal graças à burrice crônica da política local da

época – estamos efetuando pesquisas sobre a atual -, uma vez que

estava em 97 atrelado à Escola Municipal de Artes Dramática e Musicais

de Arceburgo. Fechadas tais portas O TREM se mudou para Mococa e se

desenvolveu com a criatividade de Scarparo Maciel.

Graças ao estudo dos métodos e da geração de diagramas que o TREM

tomou sua forma final, doze ou treze números depois. Temos dúvida

pois, como já disse, o número cinco nunca saiu. Esquecemo-nos dele.

Compilações, História da Arte, pequenos contos, um Concurso Nacional

de Poesia, críticas, textos crípticos (quer dizer, textos cujos assuntos

estão sob código ou escritos de maneira bem arquitetada, própria para

a compreensão de poucos), piadas enfadonhas, pensamentos em geral,

resumos, foram matéria constante do TREM DA CULTURA. Hoje a

abordagem será diferente.

Há computadores por todo lado e os gatilhos da Internet nos levam a

bolar um TREM DA CULTURA online, ou, pelo menos, enviado para cada

e-mail, na forma de um bom SPAM, pois foi para o SPAM que a internet

foi feita, por que se for para ser lerdo eu mando carta.

Os internautas, sábios jovens da informática e da rede – mesmo que só

para uso de chats chatos e pesquisas escolares – estão com a faca, o

queijo e a goiabada na mão. Além do TREM, surgiram o NUNCA LEIA!, o

PRODUÇÃO DE ARTE e mais recentemente o KULTURA?; todos, com

intuito de promover o trabalho cultural. E hoje? Vamos conferir e fazer

a chamada. É isso!

Boa semana para todos!

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DA HISTÓRIA COMO PASSE PARA UMA NOVA MÁSCARA Conversando com amigas muito íntimas - musas célebres e convidativas - sobre leitos quentes, relendo Nietzsche, sem ser, necessariamente, nesta ordem, passamos a refletir sobre a arte da cópia. Fazia isso enquanto enrolava meus dedos em cachos de cabelos notáveis. - Não sendo arte de alta envergadura, - disse-me Kleio, - os povos chamados modernos a praticam diariamente. Nesse ponto, sou obrigado a intervir, centramos em Muganga – cidade que Kleio bem conhece, nossa amadamarga terra-cidade do café-com-leite – onde encontramos contingente enorme de entediados, emburrescentes crônicos e, aptos incansáveis copiadores. Ela disse: - Seres, que ainda considerados humanos, pararam no tempo, concluindo que o tempo melhor era sempre o tempo de ontem, - ela o disse, folheando seus papiros, proclamando os textos de seu interminável pergaminho.

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- Tais seres muganguenses – disse-o eu, lembrando do cheiro de goiaba, aos modos de Macondo, - eles praticam tudo aquilo já foi, sempre, sem perceber que o futuro é o novo que deve espantar a todos. Mesmo espantar a quem pratica o novo. - A prática do futuro requer têmpera e coragem, - a musa concluiu, balançando sua cabeça de cabelos ruivos. Os cacheados aqueles. E fechou seu livro: - Requer tempo, na verdade. Ousadia. Audácia. Sem audácia não se faz uma Revolução Francesa. Sem audácia burguesa. Audácia e a fome do outro. Sim, pois o pobre faminto não tem audácia. Olhei para os dois lados para ver se alguém nos observava. - Acho que você exagera, Clio... - Kleio. Não gosto que me chamam assim... não é Clio... é Kleio... ---- Desculpa sempre me esqueço que você é quem confere a fiama... a musa da História... - Se não a fama, disse ela, pelo menos o crédito de algum feito. Sem pestenejar ela tomou do clarim heróico e obrigou os céus a se elevarem durante bem uns cinco mintuos. Quando ela parou perguntei, para puzar qualquer assunto...: - O que é que você está lendo? - Tucíddides... – e, mostrou-me o livro, - o livro é muito antigo, confeccionado num material frrágil, mas eu tomo muiuto cuidado com ele. Eu amo os livros... e aqui diz, - abriu repentinamente as páginas amareladas e apontou num verbete, - aqui diz que os muganguenses atuais não praticam o caminho que vai para a frente, porém, pensam que sim. - Sei, - disse eu, - independente de romancear futuros frutos e COSMicidade por-vir. Temem, na verdade, a CAOScidade do devir e se escondem sob capas duras dos livros já escritos. Muganguenses da estirpe Átila-café dão passos para trás e posam de cultos. Estátuas de sal. - Há que passar esta geração, - disse ela - Muganguenses, aqui nascidos ou não, pensam na repetição do óbvio e tratam disso como novidade. São mímicos e cegos ao mesmo tempo e cada passo representa retorno ao que há de pior a uma era romana da decadência dos imperadores. Todos loucos, aliás. É necessário reafirmar a burrice pois impérios onde se estabelecem novelas e sopóperas, dizquediz de esquinas e papo político do leva e traz inter-bares, sopapos literários e prolapsos de úteros tardiamente estéreis, não pode merecer epíteto outro que não seja o da limitada capacidade de reflexão. Kleio falou como se vento fosse. Brisa macia. Na verdade nem estava aí.

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- Esta é uma terra em que fumantes inveterados se tornam Secretários de Saúde. - O que? – Kleio perguntou, - não entendi. Na época do canelone o argumento da retrógrada cultura estabelecida era que o escritor destas mal traçadas linhas estava com inveja cujo cotovelo doía. Na atualidade o que se pretenderá? Que tipo de inveja ou ciúme terá este autor agora? Aquela em que se sabe que graça a inoperância e prevalece o sonho? O leitor dirá. Esta é uma cidade onde se fala de tudo sem saber a fonte. Quando o profeta João-O-Não dizia que o “Sonho Acabou”, também desejava dizer – “Vivamos a realidade. Mesmo que sejam muitas e que cada um tenha a sua. Ou, no mínimo, a realidade possível. Ou ainda, a realidade que pudermos criar a cada momento. Pior que isso é a esquizofrenia no poder. Esta é uma cidade em que as pessoas têm medo das múltiplas realidade e nem se olha ao espelho. Trocaram um reino por um sonho. Trocaram resultados satisfatórios por período de aprendizado e de espera. Marcam passo como bons militares sem caminhos. Trocaram ações reais por tentativas no estilo “eu-acho-que-é-assim’. E a cidade, como boa Muganga que é, excetuando, um número de pessoas e pensadores que cabe na mão direita ou esquerda – hoje tanto faz - não reage a nada, pois, morta está. Onírica. Deitados no louro da história antiga – se é que os há – vivem com exemplos do passado e cortam as sementes do futuro. Vivem com as enchentes do passado/hoje. Temos que esperar que desapareçam – morram - e levem consigo o carma, ai será hora de retirar dos obeliscos os nomes dessa gente toda e dar fim a uma era. Aos seus atributos acrescentam-se ainda o globo terrestre sobre o qual ela descansa, e o tempo que se vê ao seu lado, para mostrar que a história alcança todos os lugares e todas as épocas.

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ENTREVISTA

cedida ao Jornal Linha-Direta, online

Lançamento do MARCUS, O IMORTAL, em PDF.

LD – Do que trata MARCUS, o imortal? CDM – É uma ficção localizada na Idade Média, na época da escolástica, séculos 12 e 13 e lá eu invento uma estória baseada em fatos reais, como é o caso do debate sobre a filosofia da época. Debate entre doutores e mestres da Igreja. LD – Por que o interesse pela Filosofia da Idade Média? CDM – Não só da Idade Média. Mas meu interesse pela Filosofia é geral. Junto à Sociologia, a Filosofia foi uma das cadeiras cortadas pela Ditadura Militar. A idéia dos que não pensavam – os militares – era fazer tabula rasa das cabeças de todos. Conseguiram. A Filosofia só volta ao currículo do ensino médio neste ano que vem. Uma geração de servos e vassalos foi criada. A partir de 2010 os alunos começarão a aprender a pensar, novamente. Prevejo grande revolução lá pelo ano 2016. Além disso, eu me formo em Filosofia ano que vem – 2010 - e participarei desta revolução. LD – Mas, nem só de Filosofia trata “MARCUS, o imortal”.

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CDM – Não. MARCUS levanta o esoterismo da época. As lutas entre sarracenos e cristãos, também, e traz uma figura inesperada que é o abade de Clairvaux, São Bernardo, idealizador do movimento Cruzado. Há citações da sabedoria oriental. Há muita citação e muita invenção também. LD – Que importância pode ter uma obra como esta, em Mococa, ou no Brasil? CDM – Sendo ficção e dada a liberdades amplas, a obra MARCUS serve como introdutora do leitor no universo da reflexão filosófica. No universo da alquimia. No mundo das cruzadas e da perseguição religiosa. Além disso o Brasil só aparece na cena em 1500. Há proposta de trazer MARCUS para o Brasil quando chegar o momento. LD – MARCUS, o imortal: o livro termina em aberto. Terá continuidade? CDM – Terá. Mantendo o espírito ficcional. A idéia é trazer o estudante Marcus até os dias de hoje, debatendo a Filosofia moderna. Preservando o que há de busca da verdade e a busca do imaginário. LD – Por que foi lançado no formato PDF? CDM – Temos que caminhar com as novas mídias. Além disso, o custo para se editar em papel é muito alto. Sem necessidade. As editoras e gráficas desejam ganhar muito, mas importante mesmo é o escritor, não a editora. Seria muita presunção querer vender o livro, então, eu, mero desconhecido. No fim guardamos nossos originais e nunca os editamos. Vão para a gaveta. Acabamos por perder o bonde da História. Como eu fui o idealizador do antigo TREM DA CULTURA, não posso me dar ao luxo de perder bonde algum. Daí a idéia de editar no formato PDF e espalhar para todos os interessados mais uma obra de literatura construída em Mococa. Lerá quem quiser. Trata-se de um presente. LD – Há mais livros? CDM – Há. Quero buscar os formatos de e-book. Talvez livros falados. Cheguei a fazer duas coletâneas de livros falados. Poesias recitadas com fundo musical próprio. A FATEC mesmo editará o resultado de seus concursos de contos e poesia, neste ano de 2010, no formato de novas mídias. Acredito que o livro-fetiche (o de papel) está com seus dias contados. Este “MARCUS, o imortal” saiu através do que chamo de Selo Editorial FATECmococa, projetado na Coordenação de Cultura da FATEC. Eu sou o coordenador. E, o sistema está aberto para todos os interessados, sabendo de antemão que não há fim comercial na coisa. É espalhar cultura. E, de repente, iluminar a sua obra com algum olhar. LD – Há um subtítulo que é UM ENCONTRO COM ALBERTO MAGNUS. Por que? CDM – Alberto Magnus e Tomas Aquinas são figuraças da Idade Média. Trouxeram o conhecimento grego via Aristóteles para o seio da Igreja. Os árabes já conheciam Aristóteles e o traduziram. É o mesmo que o lançamento do

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Sputinik. Não se pode ficar para trás. E ambos eram dados à alquimia. Outra figura é o Siger de Brabant, filósofo averroísta. Vale dizer que Dante Alighieri citou os três na Divina Comédia capítulo Paraíso. Sugiro que os mocoquenses leiam a Divina Comédia pois muita família daqui é citada lá. LD – E o futuro da literatura? CDM – Nada sei disso. Mas sei que as mídias mudam os formatos e mudam a abordagem do leitor com o material lido. Existe um livro digital que tem o mesmo formato do livro tradicional só que mais leve. Você pode mudar o tamanho da letra, a cor, iluminar se estiver no escuro, mudar a cor de fundo e tal. Hoje custa 600 dólares, e, lá cabem 200 livros. Não tem papel. Se eu tivesse uns 10 desses teria toda a minha biblioteca pessoal –2000 títulos - dentro dele. Caberia numa prateleira pequena. Se a Biblioteca de Mococa tiver uns 30.000 títulos caberiam todos em 100 livros. Umas dez prateleiras. Podendo ser lido em telão ou TV. Podendo ser lido coletivamente. É o mesmo que a BARSA em um DVD. Isso é a revolução. Essa é a mudança. O ganho do espaço. O resto é tradicionalismo e viver no passado. Como diz Santo Agostinho: Passado e Futuro não existem. Só o hoje. A nova linguagem e a nova mídia são o hoje. Quem for contemporâneo e cosmopolita verá.

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IMPRESSÕES SOBRE UM FESTIVAL DE MÚSICAS

O longo período de inanição – em termos de festivais carnavalescos - de uma cidade “monteirolobato” como Mococa pode ter chegado ao fim graças à iniciativa de uma série de pessoas e mais a ação de Luis Romão. Que isso fique bem entendido. Com a participação de última hora da BANDA ZÉ PEREIRA houve a preocupação de levar a montagem do festival a um topo de importância: a importância que a cidade e música merecem. Assim, o que se espera é que a Banda esteja conjunta nos próximos pois ganharão a experiência necessária e que seja uma Banda muito bem paga. É preciso mais tempo. Patrícia, Guilherme, John e trupe precisam de tempo para trabalhar nos arranjos, precisam de ensaios; arranjos e ensaios consomem tempo e os organizadores devem pensar em valores do tipo 650 reais por três horas de trabalho (que é um cachê mínimo, para cada um). Na questão da organização do FEMUC, não digo comercialização, mas em termos de criatividade da montagem, que são coisas muito diferentes, muita gente espera favores do poder público e fica a reclamar pelas esquinas. Isso é cômodo. No caso do FEMUC é evidente que esses novos são poucos uma vez que a velha guarda, digamos assim, venceu mais uma vez o festival. É coisa da tradição? Não. É coisa da incompetência dos outros, dos menores, dos novos, dos que nunca se preocuparam em estudar nada, termos dessas questões e marchas/marcha-rancho e frevo. Prevalece o formato Silvio Santos de produzir marchinhas.

É possível que as últimas grandes música de carnaval que foram à grande mídia, morreram com Blecaute e Zé Kéti. Fica um abraço nas vozes que fazem nossa

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memória: Bertholucci e Luis Henrique. Os apresentadores magnos que dirigiram e ligaram as pontas soltas. Um pelo profundo estar profissional e outro pela sua espontaneidade e naturalidade. Escolham o adjetivo para cada um deles. Atenção! Não quero aqui dizer que a velha guarda não é competente. Claro que é. Kico Zamarian venceu com méritos e sua técnica de composição funcionou novamente. Letra inclusa. Zé Wagner honrou seu trabalho na música com uma balada interessante e saudosista, já dentro da letra chorosa e piegas, mas esteve lá com melodias e variações. José “Teia” Mônaco, o mais tradicional dos tradicionais também por lá venceu mostrando a sua verve. Valeu a novidade com a música do Bálico, muito mais por causa do intérprete, Júnior Bálico. Não é que fizeram a diferença mas deram o tom do futuro, talvez. Música ainda simples em estilo silviosantos mas teve uma preocupação a mais na construção harmônica. Coisa que as outras – as não selecionadas – não tiveram. A maioria das músicas se mostrou monótona na melodia e monótona na construção harmônica se estamos aqui, sim, falando de purismo e excelência em música. Se é para ser qualquer coisa não há necessidade de festival. Seguindo sabiamente a previsão do jurado Scarparo Maciel a música com inspiração no DÚ levou a melhor em relação ao público.

Sendo assim o resultado final, agraciado pelos jurados em total concordância e critério, fez merecer o que havia de melhor. Quando juntarmos alegria e marcha e brincadeira, no futuro, talvez haja lugar para o argumento de Carnaval é alegria. Bem, não é. Para muitos, de acordo com as letras choramingas, o carnaval é lembrança do passado e melancolia da lembrança do velho que chora as pitangas de sua juventude. Pena. Mas é assim. Do trio de repórteres e jornalistas (sic) nada sei pois nenhumas delas se aproximou dos jurados, engaiolados em suas plásticas cadeiras brahmânicas.

Brâmanes por excelência a decidirem sobre o os destinos da humanidade momesca.

Apesar das (des) conversações sobre o jornalista hodierno ainda é o repórter quem vai à notícia, não é? Ou mudou? Isenta-se o jornalista de vitrine e de celebridades. Jornalismo menor. A impressão que dá é que dentro das artes vale mais a paixão, o coração, do que a técnica e o pensamento. Pois não é e nem pode ser assim. Essa balela de paixão, coração e subjetivismo serve muito bem para texto de filme americano e para arranjar uma desculpa para explicar o inexplicável. É um tipo de pensamento arcaico, romântico, coisa do século 12, que está em voga ainda hoje. Coisas do tipo Mensagem do Yoda: - “A força está dentro de você. Confie na força”. Convenhamos, coisa pueril. É necessário um trabalho árduo. São pensamentos assim que subjazem nas pessoas que pedem para que você trabalhe por amor à arte. Um ultraje sem rigor.

Faltou mulher no carnaval – cantantes e compositoras. Parabéns para Beta Melo. Reina solitária. Sugiro a seguinte coisa, para o ano que vem. Os três campeões devem ser chamados para jurados e impedidos de participar com qualquer composição, pulando sempre um ano. Ou seja, os campeões de uma série não participarão da série seguinte. E, argumento, sendo então jurados, tudo farão para eleger o realmente melhores compositor e música, para que no ano seguinte não venham competir com eles. A coisa é simples e previsível. Se estiverem no

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palco em 2011 é bem provável que voltem a vencer e não será culpa deles. Aos outros eu peço estudos: de voz, de afinação, de busca da melhor letra, de história dos carnavais. Evitem plágio, pois houve muito disso. É assim que a arte se torna uma representante cultural, de outra forma se torna lixo. Havia letra sem pé nem cabeça e isso escrito por gente de letras. Muito erro de prosódia (o correto batimento do verso – a tônica - coincidir com o batimento - o ritmo de acordo com a força de seus pulsos - da música. Os sertanejos das rádios cometem o erro o tempo todo, são uns ignorantes, claro, e, isso passa por normal, mas, não é. É erro mesmo. Basta pesquisar e perceberá que as grandes obras de todos os tempos são preciosas construções artísticas em letra e música). Depois não sabem por que é que existe mais cacique do que índio.

Sugiro revisitar a máxima de Sócrates. O FEMUC pode e deve continuar a existir e depende de iniciativas várias. Não precisa, necessariamente, de obter apoio público. Tendo, ótimo, gasta-se o dinheiro. Soube já que ano que vem teremos TRIO ELÉTRICO; assim, a popularização daquilo que em si tem que ser de cunho popular, cairá nas ruas da cidade. Espero que o Zé Pereira esteja por lá. A coisa toda pode rolar por iniciativa particular, privada, também, para não ficar parecendo favor. Assim sendo o FEMUC acontecerá com ou sem tais apoios pois, apenas os artistas interessados já resolverão o caso. Se não houver interessados, daqui 12 anos teremos outro FEMUC, obedecendo o aparecimento das explosões e manchas solares. Se se mantiver o espírito de Cidades Mortas do Monteiro Lobato, os grandes gênios da civitas revolverão suas entranhas e meterão o malho em debates loquazes em cada bar ou esquina sem se envolver ou resolver nada, que já é uma prática comum. Assim, esperamos uma Mococa acordada. Lendo, porém, o que foi publicado como Diário Oficial do Município, notei que os prêmios eram distribuídos diferentemente do que rolou no Coreto e os homenageados seriam outros três. Pra que se publicou aquilo então, já que mudou tudo? Não era ato oficial?

Mistérios da polis.

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