rcnei resumo eixos 2014

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1 Conhecimentos Didático-Pedagógicos em Educação Infantil Profª Jacqueline Campos/2014 Formação Pessoal e Social Considerando a fase transitória pela qual passam creches e pré-escolas na busca por uma ação integrada que incorpore às atividades educativas os cuidados essenciais das crianças e suas brincadeiras, o Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também, contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural. A instituição deve criar um ambiente de acolhimento que dê confiança às crianças, garantindo oportunidades para que se desenvolvam. A promoção do crescimento e do desenvolvimento saudável das crianças na instituição educativa está baseada no desenvolvimento de todas as atitudes e procedimentos que atendem as necessidades de afeto, alimentação, segurança e integridade corporal e psíquica durante o período do dia em que elas permanecem na instituição. O estabelecimento de um clima de segurança, confiança, afetividade, incentivo, elogios e limites colocados de forma sincera, clara e afetiva dão o tom de qualidade da interação entre adultos e crianças. O professor, consciente de que o vínculo é, para a criança, fonte contínua de significações, reconhece e valoriza a relação interpessoal. Saber o que é estável e o que é circunstancial em sua pessoa, conhecer suas características e potencialidades e reconhecer seus limites é central para o desenvolvimento da identidade e para a conquista da autonomia. A capacidade das crianças de terem confiança em si próprias e o fato de sentirem-se aceitas, ouvidas, cuidadas e amadas oferecem segurança para a formação pessoal e social. O desenvolvimento da identidade e da autonomia estão intimamente relacionados com os processos de socialização. Nas interações sociais se dá a ampliação dos laços afetivos que as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os adultos, contribuindo para que o reconhecimento do outro e a constatação das diferenças entre as pessoas sejam valorizadas e aproveitadas para o enriquecimento de si próprias. A identidade é um conceito do qual faz parte a ideia de distinção, de uma marca de diferença entre as pessoas, a começar pelo nome, seguido de todas as características físicas, de modos de agir e de pensar e da história pessoal. Sua construção é gradativa e se dá por meio de interações sociais estabelecidas pela criança, nas quais ela, alternadamente, imita e se funde com o outro para diferenciar-se dele em seguida, muitas vezes utilizando-se da oposição. A autonomia, definida como a capacidade de se conduzir e tomar decisões por si próprio, levando em conta regras, valores, sua perspectiva pessoal, bem como a perspectiva do outro, é, nessa faixa etária, mais do que um objetivo a ser alcançado com as crianças, um princípio das ações educativas. Conceber uma educação em direção à autonomia significa considerar as crianças como seres com vontade própria, capazes e competentes para construir conhecimentos, e, dentro de suas possibilidades, interferir no meio em que vivem. Exercitando o autogoverno em questões situadas no plano das ações concretas, poderão gradualmente fazê-lo no plano das ideias e dos valores. Assim, é preciso planejar oportunidades em que as crianças dirijam suas próprias ações, tendo em vista seus recursos individuais e os limites inerentes ao ambiente. O complexo processo de construção da identidade e da autonomia depende tanto das interações socioculturais como da vivência de algumas experiências consideradas essenciais associadas à fusão e Diferenciação, construção de vínculos e expressão da sexualidade. Para se desenvolver, portanto, as crianças precisam aprender com os outros, por meio dos vínculos que estabelece. Se as aprendizagens acontecem na interação com as outras pessoas, sejam elas adultos ou crianças, elas Eixos de Trabalho do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: 3 Identidade e Autonomia

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Resumo dos eixos do RECNEI, abordando ainda a forma de avaliação na educação infantil, bem como o perfil profissional de quem deseja atuar nesse nível de ensino.

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Page 1: RCNEI resumo eixos 2014

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Conhecimentos Didático-Pedagógicos em Educação Infantil

Profª Jacqueline Campos/2014

Formação Pessoal e Social

Considerando a fase transitória pela qual passam creches e pré-escolas na busca por uma ação integrada

que incorpore às atividades educativas os cuidados essenciais das crianças e suas brincadeiras, o Referencial

pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de

suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também,

contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes

que propiciem o acesso e a ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural.

A instituição deve criar um ambiente de acolhimento que dê confiança às crianças, garantindo

oportunidades para que se desenvolvam. A promoção do crescimento e do desenvolvimento saudável das crianças

na instituição educativa está baseada no desenvolvimento de todas as atitudes e procedimentos que atendem as

necessidades de afeto, alimentação, segurança e integridade corporal e psíquica durante o período do dia em que

elas permanecem na instituição.

O estabelecimento de um clima de segurança, confiança, afetividade, incentivo, elogios e limites colocados

de forma sincera, clara e afetiva dão o tom de qualidade da interação entre adultos e crianças. O professor,

consciente de que o vínculo é, para a criança, fonte contínua de significações, reconhece e valoriza a relação

interpessoal.

Saber o que é estável e o que é circunstancial em sua pessoa, conhecer suas características e

potencialidades e reconhecer seus limites é central para o desenvolvimento da identidade e para a conquista da

autonomia. A capacidade das crianças de terem confiança em si próprias e o fato de sentirem-se aceitas, ouvidas,

cuidadas e amadas oferecem segurança para a formação pessoal e social.

O desenvolvimento da identidade e da autonomia estão intimamente relacionados com os processos de

socialização. Nas interações sociais se dá a ampliação dos laços afetivos que as crianças podem estabelecer com as

outras crianças e com os adultos, contribuindo para que o reconhecimento do outro e a constatação das diferenças

entre as pessoas sejam valorizadas e aproveitadas para o enriquecimento de si próprias.

A identidade é um conceito do qual faz parte a ideia de distinção, de uma marca de diferença entre as

pessoas, a começar pelo nome, seguido de todas as características físicas, de modos de agir e de pensar e da história

pessoal. Sua construção é gradativa e se dá por meio de interações sociais estabelecidas pela criança, nas quais ela,

alternadamente, imita e se funde com o outro para diferenciar-se dele em seguida, muitas vezes utilizando-se da

oposição.

A autonomia, definida como a capacidade de se conduzir e tomar decisões por si próprio, levando em conta

regras, valores, sua perspectiva pessoal, bem como a perspectiva do outro, é, nessa faixa etária, mais do que um

objetivo a ser alcançado com as crianças, um princípio das ações educativas. Conceber uma educação em direção à

autonomia significa considerar as crianças como seres com vontade própria, capazes e competentes para construir

conhecimentos, e, dentro de suas possibilidades, interferir no meio em que vivem. Exercitando o autogoverno em

questões situadas no plano das ações concretas, poderão gradualmente fazê-lo no plano das ideias e dos valores.

Assim, é preciso planejar oportunidades em que as crianças dirijam suas próprias ações, tendo em vista seus

recursos individuais e os limites inerentes ao ambiente.

O complexo processo de construção da identidade e da autonomia depende tanto das interações

socioculturais como da vivência de algumas experiências consideradas essenciais associadas à fusão e

Diferenciação, construção de vínculos e expressão da sexualidade.

Para se desenvolver, portanto, as crianças precisam aprender com os outros, por meio dos vínculos que

estabelece. Se as aprendizagens acontecem na interação com as outras pessoas, sejam elas adultos ou crianças, elas

Eixos de Trabalho do Referencial Curricular Nacional

para a Educação Infantil: 3

Identidade e Autonomia

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também dependem dos recursos de cada criança. Dentre os recursos que as crianças utilizam, destacam-se a

Imitação, o faz-de-conta, a oposição, a linguagem e a apropriação da imagem corporal.

A imitação é resultado da capacidade de a criança observar e aprender com os outros e de seu desejo de se

identificar com eles, ser aceita e de diferenciar-se.

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. Nas

brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a

memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da

utilização e experimentação de regras e papéis sociais.

No faz-de-conta, as crianças aprendem a agir em função da imagem de uma pessoa, de uma personagem, de

um objeto e de situações que não estão imediatamente presentes e perceptíveis para elas no momento e que evocam

emoções, sentimentos e significados vivenciados em outras circunstâncias. Quando utilizam a linguagem do faz-de-

conta, as crianças enriquecem sua identidade, porque podem experimentar outras formas de ser e pensar, ampliando

suas concepções sobre as coisas e pessoas ao desempenhar vários papéis sociais ou personagens.

Além da imitação e do faz-de-conta, a oposição é outro recurso fundamental no processo de construção do

sujeito. Opor-se, significa, em certo sentido, diferenciar-se do outro, afirmar o seu ponto de vista, os seus desejos.

A aquisição da consciência dos limites do próprio corpo é um aspecto importante do processo de

diferenciação do eu e do outro e da construção da identidade. Por meio das explorações que faz, do contato físico

com outras pessoas, da observação daqueles com quem convive, a criança aprende sobre o mundo, sobre si mesma

e comunica-se pela linguagem corporal.

A autoestima que a criança aos poucos desenvolve é, em grande parte, interiorização da estima que se tem

por ela e da confiança da qual é alvo. Disso resulta a necessidade de o adulto confiar e acreditar na capacidade de

todas as crianças com as quais trabalha.

O processo de construção da autoconfiança envolve avanços e retrocessos. As crianças podem fazer birra

diante de frustrações, demonstrar sentimentos como vergonha e medo ou ter pesadelos, necessitando de apoio e

compreensão dos pais e professores. O adulto deve ter em relação a elas uma atitude continente, apoiando-as e

controlando-as de forma flexível, porém segura.

É importante que os adultos refiram-se a cada criança pelo nome, bem como assegurem que conheçam os

nomes de todos. Para isso, várias atividades podem ser planejadas, com destaque para brincadeiras e cantigas em

que se podem inserir os nomes dos elementos do grupo, propiciando que sejam ditos e repetidos num contexto

lúdico e afetivo. Vários são os jogos que podem ser construídos utilizando os nomes próprios, como, por exemplo,

bingo, jogo da memória, dominó, e que podem ser reconstruídos substituindo as letras, as imagens ou os números,

respectivamente, pelo nome dos integrantes do grupo. Mas o nome traz mais do que uma grafia específica, ele traz

também uma história, um significado. Fazer uma pesquisa para descobrir a história do nome de cada elemento do

grupo (por que os familiares escolheram esse nome) pode ser uma interessante atividade, inclusive com o

envolvimento da família.

O espelho é um importante instrumento para a construção da identidade. Por meio das brincadeiras que faz

em frente a ele, a criança começa a reconhecer sua imagem e as características físicas que integram a sua pessoa. É

aconselhável que se coloque na sala, um espelho grande o suficiente para que várias crianças possam se ver de

corpo inteiro e brincar em frente a ele [construção da imagem]. Nesse sentido, a maquiagem (que as crianças podem

utilizar sozinhas ou auxiliadas pelo professor), fantasias diversas, roupas, sapatos e acessórios que os adultos não

usam mais, bijuterias, são ótimos materiais para o faz-de-conta nesta faixa etária. Com eles, e diante do espelho, a

criança consegue perceber que sua imagem muda, sem que modifique a sua pessoa.

No dia-a-dia, com relação a este eixo, deve-se propiciar a ajuda e interação entre as crianças/adultos

(estimular a cooperação mútua); planejar situações em que as crianças sejam solicitadas a colaborar com o bom

andamento das atividades; escolher o ajudante do dia para o cumprimento de tarefas mais específicas; conscientizá-

las do respeito à diversidade; construir a identidade de gênero (ações e encaminhamentos, valores de igualdade e

respeito entre as pessoas de sexos diferentes e permitir que a criança brinque com as possibilidades relacionadas

tanto ao papel de homem como ao da mulher); formular regras de convivência em grupo (combinados)

conscientizando-os das sanções quanto ao seu descumprimento; orientar a importância dos cuidados pessoais

(higiene corporal).

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Conhecimento do Mundo

Os conteúdos deverão priorizar o desenvolvimento das capacidades expressivas e instrumentais do

movimento, possibilitando a apropriação corporal pelas crianças de forma que possam agir com cada vez mais

intencionalidade. Devem ser organizados num processo contínuo e integrado que envolve múltiplas experiências

corporais, possíveis de serem realizadas pela criança sozinha ou em situações de interação. Os diferentes espaços e

materiais, os diversos repertórios de cultura corporal expressos em brincadeiras, jogos, danças, atividades

esportivas e outras práticas sociais são algumas das condições necessárias para que esse processo ocorra.

Outro ponto de reflexão diz respeito à lateralidade, ou seja, à predominância para o uso de um lado do corpo.

Durante o processo de definição da lateralidade, as crianças podem usar, indiscriminadamente, ambos os lados do

corpo. Espontaneamente a criança irá manifestar a preferência pelo uso de uma das mãos, definindo-se como destra

ou canhota. Assim, cabe ao professor acolher suas preferências, sem impor-lhes, por exemplo, o uso da mão direita.

O professor precisa cuidar de sua expressão e posturas corporais ao se relacionar com as crianças. Não deve

esquecer que seu corpo é um veículo expressivo, valorizando e adequando os próprios gestos, mímicas e

movimentos na comunicação com as crianças.

O professor, também, é modelo para as crianças, fornecendo-lhes repertório de gestos e posturas quando,

por exemplo, conta histórias pontuando idéias com gestos expressivos ou usa recursos vocais para enfatizar sua

dramaticidade. Conhecer jogos e brincadeiras e refletir sobre os tipos de movimentos que envolvem, é condição

importante para ajudar as crianças a desenvolverem uma motricidade harmoniosa.

São consideradas como experiências prioritárias para a aprendizagem do movimento realizada pelas

crianças de zero a três anos: uso de gestos e ritmos corporais diversos para expressar-se; deslocamentos no espaço

sem ajuda. Já a partir dos quatro anos pode-se esperar que as crianças reconheçam os movimentos e o utilizem

como linguagem expressiva, participando de jogos e brincadeiras envolvendo habilidades motoras diversas.

A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações,

sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A

música na educação infantil vem, ao longo de sua história, atendendo a vários objetivos.

Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de mãos etc., são

atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de atenderem a

necessidades de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva. Aprender música significa integrar

experiências que envolvem a vivência, a percepção e a reflexão. Cantar e ouvir músicas podem ocorrer com

frequência e de forma permanente nas instituições.

Compreende-se a música como linguagem e forma de conhecimento. A linguagem musical é excelente

meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de

poderoso meio de integração social. O gesto e o movimento corporal estão intimamente ligados e

conectados ao trabalho musical.

Já a apreciação musical refere-se a audição e interação com músicas diversas.

Integrar a música à educação infantil implica que o professor deva assumir uma postura de disponibilidade

em relação a essa linguagem. Considerando-se que a maioria dos professores de educação infantil não tem uma

formação específica em música, sugere-se que cada profissional faça um contínuo trabalho pessoal consigo mesmo

em relação a este eixo de trabalho.

É importante desenvolver nas crianças atitudes de respeito e cuidado com os materiais musicais, de

valorização da voz humana e do corpo como materiais expressivos. Como o exemplo do professor é muito

importante, é desejável que ele fale e cante com os cuidados necessários à boa emissão do som, evitando gritar e

colaborando para desenvolver nas crianças atitudes semelhantes.

São consideradas como experiências prioritárias para a aprendizagem musical realizada pelas crianças, de

modo geral, a atenção para ouvir, responder ou imitar; a capacidade de expressar-se musicalmente por meio da voz,

do corpo e com os diversos materiais sonoros.

Movimento

Música

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A arte da criança, desde cedo, sofre influência da cultura, seja por

meio de materiais e suportes com que faz seus trabalhos, seja pelas imagens

e atos de produção artística que observa na TV, em revistas, em gibis,

rótulos, estampas, obras de arte, trabalhos artísticos de outras crianças etc.

Embora seja possível identificar espontaneidade e autonomia na

exploração e no fazer artístico das crianças, seus trabalhos revelam: o local e

a época histórica em que vivem; suas oportunidades de aprendizagem; suas

ideias ou representações sobre o trabalho artístico que realiza e sobre a

produção de arte à qual têm acesso, assim como seu potencial para refletir sobre ela.

No trabalho com as Artes Visuais em educação infantil, o pensamento, a sensibilidade, a imaginação, a

percepção, a intuição e a cognição da criança devem ser trabalhadas de forma integrada, visando a favorecer o

desenvolvimento de suas capacidades criativas. Orienta-se, inclusive, o trabalho com “leitura de imagens”

contemplando a maior diversidade possível de materiais que sejam significativos para as crianças.

De forma geral, é aconselhável que o trabalho seja organizado de forma a oferecer às crianças a

possibilidade de contato, uso e exploração de materiais, como caixas, latinhas, diferentes papéis, papelões, copos

plásticos, embalagens de produtos, pedaços de pano etc.

Com relação às sucatas é importante que se faça uma seleção, garantindo que não ofereçam perigo à saúde

da criança, que estejam em boas condições e que sejam adequadas ao uso.

Para que a criança possa desenhar, é importante que ela possa fazê-lo livremente sem intervenção direta,

explorando os diversos materiais, como lápis preto, lápis de cor, lápis de cera, pincéis, canetas, carvão, giz, penas,

gravetos etc., e utilizando suportes de diferentes tamanhos e texturas, como papéis, cartolinas, lixas, chão, areia,

terra etc.

É interessante propor às crianças que façam desenhos a partir da observação das mais diversas situações,

cenas, pessoas e objetos. O professor pode pedir que observem e desenhem a partir do que viram.

Guardar, organizar a sala e documentar as produções são ações que podem ajudar cada criança na

percepção de seu processo evolutivo e do desenrolar das etapas de trabalho. Essa é uma tarefa que o professor

poderá realizar junto ao grupo. A exposição dos trabalhos realizados é uma forma de propiciar a leitura dos objetos

feitos pelas crianças e a valorização de suas produções.

São consideradas como experiências prioritárias em Artes Visuais realizada para as crianças de zero a três

anos: a exploração de diferentes materiais e a possibilidade de expressar-se por meio deles. Para isso é necessário

que as crianças tenham tido oportunidade de desenhar, pintar, modelar, brincar com materiais de construção em

diversas situações, utilizando os mais diferentes materiais.

A partir dos quatro e até os seis anos, pode-se esperar que as crianças utilizem o desenho, a pintura, a

modelagem e outras formas de expressão plástica para representar, expressar-se e comunicar-se. Para tanto, é

necessário que as crianças tenham vivenciado diversas atividades, envolvendo o desenho, a pintura, a modelagem

etc., explorando as mais diversas técnicas e materiais.

Tome cuidado! Em muitas propostas as práticas de Artes Visuais são entendidas apenas como meros

passatempos em que atividades de desenhar, colar, pintar e modelar com argila ou massinha são destituídas

de significados.

Outra prática corrente, considera que o trabalho deve ter uma conotação decorativa, servindo para ilustrar

temas de datas comemorativas, enfeitar as paredes com motivos considerados infantis, elaborar convites, cartazes e

pequenos presentes para os pais etc. Nessa situação, é comum que os adultos façam grande parte do trabalho, uma

vez que não consideram que a criança tem competência para elaborar um produto adequado.

As Artes Visuais têm sido, também, bastante utilizadas como reforço para a aprendizagem dos mais

variados conteúdos. São comuns as práticas de colorir imagens feitas pelos adultos em folhas mimeografadas,

como exercícios de coordenação motora para fixação e memorização de letras e números.

É preciso valorizar a produção criadora infantil e se planejar um trabalho que lhe desenvolvam

tais potencialidades.

Artes Visuais

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Tendo clareza do seu projeto de trabalho, o professor poderá imprimir maior qualidade à sua ação

educativa. A organização do tempo em Artes Visuais deve respeitar as possibilidades das crianças relativas ao

ritmo e interesse pelo trabalho, ao tempo de concentração, bem como ao prazer na realização das atividades.

O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na educação infantil, dada sua importância

para a formação do sujeito, para a interação com as outras pessoas, na orientação das ações das crianças, na

construção de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento.

O domínio da linguagem surge do seu uso em múltiplas circunstâncias, nas quais as crianças podem

perceber a função social que ela exerce e assim desenvolver diferentes capacidades.

Por muito tempo prevaleceu, nos meios educacionais, a ideia de que o professor teria de planejar,

diariamente, novas atividades, não sendo necessário estabelecer uma relação e continuidade entre elas. No entanto,

a aprendizagem pressupõe uma combinação entre atividades inéditas e outras que se repetem. Dessa forma, a

organização dos conteúdos de Linguagem Oral e Escrita deve se subordinar a critérios que possibilitem, ao mesmo

tempo, a continuidade em relação às propostas didáticas e ao trabalho desenvolvido nas diferentes faixas etárias, e a

diversidade de situações didáticas em um nível crescente de desafios.

A oralidade, a leitura e a escrita devem ser trabalhadas de forma integrada e complementar,

potencializando-se os diferentes aspectos que cada uma dessas linguagens solicita das crianças. Neste documento,

os conteúdos são apresentados em um único bloco para as crianças de zero a três anos, considerando-se a

especificidade da faixa etária. Para as crianças de quatro a seis anos, os conteúdos são apresentados em três blocos:

“Falar e escutar”, “Práticas de leitura” e “Práticas de escrita”.

O ato de leitura é um ato cultural e social. Quando o professor faz uma seleção prévia da história que irá

contar para as crianças, independentemente da idade delas, dando atenção para a inteligibilidade e riqueza do texto,

para a nitidez e beleza das ilustrações, ele permite às crianças construírem um sentimento de curiosidade pelo livro

(ou revista, gibi etc.) e pela escrita. A importância dos livros e demais portadores de textos é incorporada pelas

crianças, também, quando o professor organiza o ambiente de tal forma que haja um local especial para livros,

gibis, revistas etc. que seja aconchegante e no qual as crianças possam manipulá-los e “lê-los” seja em momentos

organizados ou espontaneamente. Deixar as crianças levarem um livro para casa, para ser lido junto com seus

familiares, é um fato que deve ser considerado. As crianças, desde muito pequenas, podem construir uma relação

prazerosa com a leitura. Compartilhar essas descobertas com seus familiares é um fator positivo nas aprendizagens

das crianças, dando um sentido mais amplo para a leitura.

Considerando-se que o contato com o maior número possível de situações comunicativas e expressivas

resulta no desenvolvimento das capacidades linguísticas das crianças, uma das tarefas da educação infantil é

ampliar, integrar e ser continente da fala das crianças em contextos comunicativos para que ela se torne competente

como falante. Isso significa que o professor deve ampliar as condições da criança de manter-se no próprio texto

falado. Para tanto, deve escutar a fala da criança, deixando-se envolver por ela, ressignificando-a e resgatando-a

sempre que necessário.

Os professores podem funcionar como apoio ao desenvolvimento verbal das crianças, sempre buscando

trabalhar com a interlocução e a comunicação efetiva entre os participantes da conversa.

É importante planejar situações de comunicação que exijam diferentes graus de formalidade, como

conversas, exposições orais, entrevistas e não só a reprodução de contextos comunicativos informais.

A roda de conversa é o momento privilegiado de diálogo e intercâmbio de ideias. Por meio desse exercício

cotidiano as crianças podem ampliar suas capacidades comunicativas, como a fluência para falar, perguntar, expor

suas ideias, dúvidas e descobertas, ampliar seu vocabulário e aprender a valorizar o grupo como instância de troca e

aprendizagem. A participação na roda permite que as crianças aprendam a olhar e a ouvir os amigos, trocando

experiências. Pode-se, na roda, contar fatos às crianças, descrever ações e promover uma aproximação com

aspectos mais formais da linguagem por meio de situações como ler e contar histórias, cantar ou entoar canções,

declamar poesias, dizer parlendas, textos de brincadeiras infantis etc.

Outras atividades interessantes para este eixo de trabalho: entrevistas, práticas de leitura realizadas pelo

professor, trabalhando com gêneros textuais diversos (livros, bilhetes, revistas, cartas, jornais, anúncios, poesias,

Linguagem Oral e Escrita

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parlendas, trava-línguas, jogos de palavras memorizados e repetidos, etc.), a leitura de histórias, o reconto de

histórias pelas crianças entre outros.

São inúmeras as estratégias das quais o professor pode lançar mão para enriquecer as atividades de leitura,

como comentar previamente o assunto do qual trata o texto; fazer com que as crianças levantem hipóteses sobre o

tema a partir do título; oferecer informações que situem a leitura; criar certo suspense, quando for o caso; lembrar-

se de outros textos conhecidos a partir do texto lido; favorecer a conversa entre as crianças para que possam

compartilhar o efeito que a leitura produziu, trocar opiniões e comentários etc.

Saber escrever o próprio nome é um valioso conhecimento que fornece às crianças um repertório básico de

letras que lhes servirá de fonte de informação para produzir outras escritas. A instituição de educação infantil deve

preocupar-se em marcar os pertences, os objetos pessoais e as produções das crianças com seus nomes. É

importante realizar um trabalho intencional que leve ao reconhecimento e reprodução do próprio nome para que

elas se apropriem progressivamente da sua escrita convencional. A coleção dos nomes das crianças de um mesmo

grupo, registrados em pequenas tiras de papel, pode estar afixada em lugar visível da sala. Os nomes podem estar

escritos em letra maiúscula, tipo de imprensa (conhecida também como letra de fôrma), pois, para a criança,

inicialmente, é mais fácil imitar esse tipo de letra. Trata-se de uma letra mais simples do ponto de vista gráfico que

possibilita perceber cada caractere, não deixando dúvidas sobre onde começa e onde termina cada letra.

Ao iniciar-se o desenvolvimento da escrita, as letras móveis adquirem uma importante função em situações

de interação, pois permitem fazer e desfazer escritas a partir da discussão entre as crianças, comparar, pensar em

como deixar a escrita final, copiar nos casos em que é preciso ter registro etc.

Em relação às práticas de oralidade, os progressos apontam para a ampliação do vocabulário infantil, com a

incorporação de novas expressões e utilização de expressões de cortesia, além de perceberem a diferença de quando

o professor está lendo ou falando. Também desenvolvem a capacidade de reconhecer tipos de linguagem escrita ou

falada.

Em relação às práticas de escrita e produção de textos, pode-se observar o interesse das crianças em

escrever o próprio nome e o nome de outras pessoas e de utilizar a escrita em situações de comunicação como a

necessidade de se mandar uma mensagem por escrito a um destinatário ausente.

Mesmo sem a exigência de que as crianças estejam alfabetizadas aos 5 anos, todos os aspectos envolvidos

no processo de alfabetização devem ser considerados na educação infantil.

O eixo de trabalho denominado “Natureza e Sociedade” reúne temas pertinentes ao mundo social, às

Ciências Humanas e Naturais, às noções de tempo e espaço, à diversidade cultural, geográfica e histórica.

O trabalho com este eixo, portanto, deve propiciar experiências que possibilitem uma aproximação ao

conhecimento das diversas formas de representação e explicação do mundo social e natural para que as crianças

possam estabelecer progressivamente a diferenciação que existe entre mitos, lendas, explicações provenientes do

“senso comum” e conhecimentos científicos.

Dada a grande diversidade de temas que este eixo oferece, é preciso estruturar o trabalho de forma a

escolher os assuntos mais relevantes para as crianças e o seu grupo social. As crianças devem, desde pequenas, ser

instigadas a observar fenômenos, relatar acontecimentos, formular hipóteses, prever resultados para experimentos,

conhecer diferentes contextos históricos e sociais, tentar localizá-los no espaço e no tempo.

Os conteúdos deverão ser selecionados em função dos seguintes critérios:

• relevância social e vínculo com as práticas sociais significativas;

• grau de significado para a criança;

• possibilidade que oferecem de construção de uma visão de mundo integrada e relacional;

• possibilidade de ampliação do repertório de conhecimentos a respeito do mundo social e natural.

Propõe-se que os conteúdos sejam trabalhados junto às crianças, prioritariamente, na forma de projetos que

integrem diversas dimensões do mundo social e natural, em função da diversidade de escolhas possibilitada por

este eixo de trabalho.

Dentre as possibilidades de aprendizagem das crianças desta faixa etária estão:

Natureza e Sociedade

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a observação e exploração do meio;

a troca de ideias que nasce do contato com pequenos animais como

formigas, peixes, tartarugas, passarinhos, patos etc.;

conhecimento sobre as plantas e os animais;

preservação da vida e do meio ambiente;

questões sobre reciclagem e combate ao desperdício;

ampliação e valorização da cultura;

elaboração de receitas culinárias, confecção de massas caseiras, tintas não tóxicas e outras misturas

pelo simples prazer do manuseio;

percepção integrada do próprio corpo, nominação de suas partes e de algumas de suas funções;

diversidade de hábitos, modos de vida e costumes de diferentes épocas, lugares ou povo;

percepção dos elementos que compõem a paisagem do lugar onde vive;

variação do dia e da noite; sucessão das estações do ano; a passagem dos meses e dos anos;

fenômenos da natureza (seca, chuvas, enchentes, arco-íris, sol, lua, estrelas, planetas etc.).

Recursos Didáticos: experiências diversas; criação de hortas, minhocários e terrários; suporte de

fotografias, ilustrações, cartões postais, cartazes e outros tipos de imagem; murais; uso de mapas, globos terrestres

e maquetes; brincadeiras, músicas, histórias, jogos e danças tradicionais; textos informativos e literários,

documentários e filmes; entrevistas (pessoas como fontes de informação); pesquisas, coleta de dados; a variedade

de objetos presentes no meio etc.

No que se refere à aprendizagem neste eixo, são consideradas como experiências prioritárias para as

crianças: participar das atividades que envolvam a exploração do ambiente imediato e a manipulação de objetos;

vivenciar experiências envolvendo aprendizagens significativas relacionadas com este eixo, pode-se esperar que as

crianças conheçam e valorizem algumas das manifestações culturais de sua comunidade e manifestem suas

opiniões, hipóteses e ideias sobre os diversos assuntos colocados.

O contato com a natureza é de fundamental importância para as crianças e o professor deve oferecer

oportunidades diversas para que elas possam descobrir sua riqueza e beleza. Fazer passeios por parques e locais de

área verde, manter contato com pequenos animais, pesquisar em livros e fotografias a diversidade da fauna e da

flora, principalmente brasileira, são algumas das formas de se promover o interesse e a valorização da natureza pela

criança.

As crianças, desde o nascimento, estão imersas em um universo do qual os

conhecimentos matemáticos são parte integrante. As crianças participam de uma série de

situações envolvendo números, relações entre quantidades, noções sobre espaço.

Utilizando recursos próprios e pouco convencionais, elas recorrem a contagem e operações

para resolver problemas cotidianos, como conferir figurinhas, marcar e controlar os pontos

de um jogo, repartir as balas entre os amigos, mostrar com os dedos a idade, manipular o

dinheiro e operar com ele etc. Também observam e atuam no espaço ao seu redor e, aos

poucos, vão organizando seus deslocamentos, descobrindo caminhos, estabelecendo

sistemas de referência, identificando posições e comparando distâncias. Essa vivência

inicial favorece a elaboração de conhecimentos matemáticos.

A seleção e a organização dos conteúdos matemáticos representam um passo importante no planejamento

da aprendizagem e devem considerar os conhecimentos prévios e as possibilidades cognitivas das crianças para

ampliá-los. Para tanto, deve-se levar em conta que:

• aprender matemática é um processo contínuo de abstração no qual as crianças atribuem significados e

estabelecem relações com base nas observações, experiências e ações que fazem, desde cedo, sobre elementos do

seu ambiente físico e sociocultural;

• a construção de competências matemáticas pela criança ocorre simultaneamente ao desenvolvimento de inúmeras

outras de naturezas diferentes e igualmente importantes, tais como comunicar-se oralmente, desenhar, ler, escrever,

movimentar-se, cantar etc.

Matemática

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As modificações no espaço, a construção de diferentes circuitos de obstáculos com cadeiras, mesas, pneus e

panos por onde as crianças possam engatinhar ou andar — subindo, descendo, passando por dentro, por cima, por

baixo — permitem a construção gradativa de conceitos, dentro de um contexto significativo, ampliando

experiências. As brincadeiras de construir torres, pistas para carrinhos e cidades, com blocos de madeira ou

encaixe, possibilitam representar o espaço numa outra dimensão. O faz-de-conta das crianças pode ser enriquecido,

organizando-se espaços próprios com objetos e brinquedos que contenham números, como telefone, máquina de

calcular, relógio etc. As situações de festas de aniversário podem constituir-se em momento rico de aproximação

com a função dos números. O professor pode organizar junto com as crianças um quadro de aniversariantes,

contendo a data do aniversário e a idade de cada criança. Pode também acompanhar a passagem do tempo,

utilizando o calendário. Pode-se organizar um painel com pesos e medidas das crianças para que elas observem

suas diferenças. As crianças podem comparar o tamanho de seus pés e depois olhar os números em seus sapatos. O

folclore brasileiro é fonte riquíssima de cantigas e rimas infantis envolvendo contagem e números, que podem ser

utilizadas como forma de aproximação com a sequência numérica oral. São muitas as formas possíveis de se

realizar o trabalho com a Matemática nessa faixa etária, mas ele sempre deve acontecer inserido e integrado no

cotidiano das crianças.

Nesta faixa etária os conteúdos estão organizados em três blocos: “Números e sistema de numeração”,

“Grandezas e medidas” e “Espaço e forma”.

Envolvem contagem, uso de números em diversas situações cotidianas, comunicação de quantidades,

sequência numérica, correspondência termo a termo, noção de antecessor e sucessor, quantidade; pesos e medidas;

Contextualizar nas diversas atividades: números presentes em telefones, placas, camisas de jogadores,

etiquetas de preços, contas de luz, numeração das páginas de um livro, álbum e respectivas figurinhas; calendários,

tabelas (idade, número do sapato e da roupa, altura, peso, etc.), relógios, baralhos; jogos com dados; encartes de

preços; boliche. Envolver passeios a feiras e supermercados. Propiciar jogos de faz-de-conta e propor situações-

problemas com dinheiro de brincadeira ou em situações de interesse da criança.

As crianças podem utilizar para suas construções os mais diversos materiais: areia, massa de modelar,

argila, pedras, folhas e pequenos troncos de árvores. Além desses, materiais concebidos intencionalmente para a

construção, como blocos geométricos das mais diversas formas, espessuras, volumes e tamanhos; blocos imitando

tijolos ou ainda pequenos ou grandes blocos plásticos, contendo estruturas de encaixe, propiciam não somente o

conhecimento das propriedades de volumes e formas geométricas como desenvolvem nas crianças capacidades

relativas à construção com proporcionalidade e representações mais aproximadas das imagens desejadas,

auxiliando-as a desenvolver seu pensamento antecipatório, a iniciativa e a solução de problemas no âmbito das

relações entre espaço e objetos.

São recursos pedagógicos que podem ser utilizados para auxiliar no

desenvolvimento do pensamento lógico-matemático: caixa de contagem, ábaco,

blocos lógicos, material dourado, dominós, baralhos, reprodução de cédulas ou

moedas, coleções diversas, jogos numéricos, jogos com pistas ou tabuleiros

numerados que contam com o uso de dados, músicas que envolvam noções

matemáticas, etc.

São consideradas como experiências prioritárias para a aprendizagem matemática realizada pelas crianças,

inicialmente o contato com os números e a exploração do espaço e posteriormente que as crianças utilizem

conhecimentos da contagem oral, registrem quantidades de forma convencional ou não convencional e

comuniquem posições relativas à localização de pessoas e objetos.

Em educação infantil, a avaliação é um trabalho de reflexão do professor que se faz pela observação e pelo

registro. O registro é entendido aqui como fonte de informação valiosa sobre as crianças, em seu processo de

aprender, e sobre o professor, em seu processo de ensinar. O registro é o acervo de conhecimentos do professor,

que lhe possibilita recuperar a história do que foi vivido, tanto quanto lhe possibilita avaliá-la propondo novos

encaminhamentos.

Avaliação em Educação Infantil

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O professor deve colecionar produções das crianças (suas escritas, desenhos com escrita, ensaios de letras,

os comentários que fez sobre suas produções e foram registrados pelo professor etc.) e suas próprias anotações

como observador da produção de cada uma. Isto resultará no que chamamos de portifólio. Com esse material, é

possível fazer um acompanhamento periódico da aprendizagem e formular indicadores que permitam ter uma visão

da evolução de cada criança.

Art. 10, das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil: As instituições de Educação

Infantil devem criar procedimentos para acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do

desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação, garantindo:

I - a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano;

II - utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos,

álbuns etc.);

III - a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos

diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições

no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/ Ensino Fundamental);

IV - documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e

os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil;

V - a não retenção das crianças na Educação Infantil.

O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência POLIVALENTE.

Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde

cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este

caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele

também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as

famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos

essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a

avaliação.

A implementação e/ou implantação de uma proposta curricular de qualidade depende, principalmente dos

professores que trabalham nas instituições. Por meio de suas ações, que devem ser planejadas e compartilhadas

com seus pares e outros profissionais da instituição, pode-se construir projetos educativos de qualidade junto aos

familiares e às crianças. A ideia que preside a construção de um projeto educativo é a de que se trata de um

processo sempre inacabado, provisório e historicamente contextualizado que demanda reflexão e debates

constantes com todas as pessoas envolvidas e interessadas.

Para que os projetos educativos das instituições possam, de fato, representar esse diálogo e debate

constante, é preciso ter professores que estejam comprometidos com a prática educacional, capazes de responder às

demandas familiares e das crianças, assim como às questões específicas relativas aos cuidados e aprendizagens

infantis.

Conhecimentos Didático-Pedagógicos em Educação Infantil

Profª Jacqueline Campos/2014

Perfil Profissional