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Enxerto Quinta-feira, 20 de junho de 2013 | D1 EU & Retorno em 2013 em %, até maio Retorno em 2012 em %, até maio T o p 2 0 M ult im er cados mai s r ent ávei s no an o Classificação Retorno (%) Font e: Anbi ma e est udo r eal i zado pel o economi st a Mar cel o D' Agost o, aut or do bl og " O cons ul t or f i nancei r o" , cons i der ados f undos com mai s de 50 cot i st as e pelo menos 12 mes es de hi st ór i co, s em r est r i ção por t i po de i nvest i dor. *At é 14 de junho Macro Trading Multiestratégia Multigestor Juros e Moedas Estratégia específica CDI Macro Trading Multiestratégia Multigestor Juros e Moedas Estratégia específica CDI Retorno ( % ) M Macro T Tra din n i g g M Mul ties M Mul ul tig tig t e e BB Mult Momentum Private FI Vinci Firenze Cred Priv FICFI Mult Ie Spx Raptor Feeder Ie FIC Mult Cred Priv BNY Mellon ARX Especial FI Mult R&C Top FI Mult Spx Nimitz Feeder FIC Mult Vinci FICFI Mult BTG Pactual Global FICFI Mult Cred Priv Azul Quantitativo FI Mult Np Hedge FIC de FI Mult Bnymellon ARX Hedge Plus FI Mult Trapezus Quant Mix FI Mult CSHG Verde FI Cotas de FI Mult Gavea Inv no Exterior FICFI Mult Kondor Lx FICFI Mult Kondor Krit FIC Mult Gavea Macro FICFI Mult Multimercados Multiestrategia Multimercados Multiestrategia Multimercados Macro Multimercados Macro Multimercados Multiestrategia Multimercados Macro Multimercados Multiestrategia Multimercados Multiestrategia Multimercados Multiestrategia Multimercados Multiestrategia Multimercados Macro Multimercados Multiestrategia Multimercados Macro Multimercados Multiestrategia Multimercados Multiestrategia Multimercados Multiestrategia Multimercados Multiestrategia 60,90 15,33 12,15 10,25 10,17 7,90 7,39 6,43 6,39 6,27 6,22 5,93 5,83 5,78 5,75 5,74 5,64 8,49 4,87 6,55 4,55 5,09 5,86 3,93 2,49 -4,47 1,33 2,38 1,29 -6,89 2,82 INCLUI L EGIS L A Ç Ã O & TRIBUTOS Empresas buscam trainees com mais experiência, como Mario Antônio dos Santos, de 29 anos D3 O paraíso é ali Apostas lá fora e operações vendidas em ativos locais renderam os maiores ganhos aos multimercados que se sobressaem no ano, mas só um terço do total consegue superar o CDI. Po r Luciana Seabra e A l e s s a n d ra B e l l ot to , de São Paulo Apostar contra ativos brasilei- ros e buscar oportunidades no exterior. Essas duas estratégias predominam entre os fundos de investimento multimercados de melhor desempenho em 2013. E depois de um dia como o de ontem, de tensão após a fala de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre o ho- rizonte para o fim do afrouxa- mento monetário, essas apostas devem continuar valendo. Em tempos turbulentos para juros, bolsa e câmbio, em que os resultados tendem a ser mais dis- persos, os multimercados, na média, perdem para o Certifica- do de Depósito Interfinanceiro (CDI), a principal referência para essas aplicações. Os fundos do ti- po macro, que apostam em uma tendência para os ativos, ga- nham 2,5% no ano até maio, bem abaixo dos 8,5% registrados pelo tipo no mesmo período do ano passado, segundo dados da Asso- ciação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Ca- pitais (Anbima). Os multiestraté- gia, que conferem mais liberda- de ao gestor e concentram a maior parte do patrimônio da ca- tegoria, têm retorno ainda me- nor, de 1,3%, também inferior aos 6,6% de janeiro a maio de 2012. No ano passado, os gestores fartaram-se apostando na que- da dos juros — estratégia segui- da em massa pelos multimerca- dos. Agora, sem tendências cla- ras para os ativos, as estratégias se dispersaram. E, naturalmen- te, também os resultados. Um levantamento realizado pelo economista Marcelo d’Agos- to, do blog “O consultor financei- ro”, no portal do Valor , mostra que, no acumulado do ano até 14 de junho, apenas um terço dos multimercados consegue supe- rar o CDI. De um total de 466 car- teiras com mais de 50 cotistas e pelo menos 12 meses de históri- co, sem restrição por tipo de in- vestidor, 17% tiveram perdas. O retorno médio ficou em 2,2%, abaixo do CDI para o período, de 3,1%. A dispersão de retornos é significativa. A rentabilidade nesse grupo vai, no período, de 15% negativos até 61% de ganho. A BB DTVM garantiu ganho de 61% até 14 de junho em um fun- do que aposta contra a bolsa brasileira, por meio de opções de venda do Ibovespa. Em geral, elas são feitas por um período de seis meses. A última, iniciada em março, vence em setembro. A carteira foi criada para funcio- nar como um hedge, ou seja, uma proteção às posições em bolsa dos clientes do private. O retorno foi potencializado pela alavancagem. Na atual opera- ção, a ideia é que o cliente apli- que R$ 1 no fundo para cada R$ 5 que investe em ações. Na prateleira da BB DTVM, ou- tro tipo de multimercado que tem tido bom desempenho é o trading, conta Marcelo Pacheco, gerente executivo de fundos multimercados da casa. Isso por- que eles conseguem usar a vola- tilidade a seu favor, aproveitan- do-se de movimentos de curto prazo. Para outras estratégias, foi mais difícil. “O problema é que a última turbulência pegou praticamente todos os ativos, quase ninguém passou imune”, diz. A retomada do ciclo de alta de juros trouxe fortes prejuízos para quem tinha títulos prefixa- dos em carteira. Ao mesmo tem- po, o Ibovespa teve uma forte queda. “Quem se saiu melhor foi quem estava posicionado em moedas, mas pouca gente tem isso, elas são mais usadas como proteção”, afirma Pacheco. O fundo multimercado do BTG Pactual com melhor desempe- nho no ano aplica cerca de 80% do patrimônio em uma carteira no exterior. A estratégia é bastan- te diversificada. No começo deste ano, uma parte importante dos ganhos veio do mercado hipote- cário dos Estados Unidos. “Vía- mos uma melhora substancial do mercado americano, que não estava bem refletida em produ- tos de hipotecas”, afirma João Scandiuzzi, estrategista-chefe da gestora do BTG Pactual. Como es- perado, esse títulos se valoriza- ram no começo deste ano. O BTG também aproveitou oportunidades em câmbio neste começo de ano. Dentre elas, ga- nhou com a expectativa de que a libra esterlina perdesse valor. A ideia era que, com a redução da incerteza internacional, o Reino Unido perderia parte do apelo como porto seguro. Por outro lado, considerou que re- formas no México levariam à apreciação do peso mexicano. Os principais ganhos para o fundo do BTG vieram, assim, do exterior. Bem diferente do ano passado, quando um terço da rentabilidade da carteira foi ob- tida com a crença na queda dos juros brasileiros. Ainda que a possibilidade de investir fora te- nha sido essencial para o desem- penho neste começo de ano, Scandiuzzi diz confiar que ativos locais também podem colaborar com o resultado neste ano. “Ain- da é um momento de bastante incerteza, mas não acho que não haverá oportunidades no merca- do brasileiro”, afirma. Na Credit Suisse Hedging-Grif- fo (CSHG), entre os multimerca- dos mais rentáveis da casa neste ano estão os que investem 100% dos recursos no exterior (para superqualificados), além do ba- dalado Verde, gerido por Luis Stuhlberger. “Foi um período di- fícil para o mercado local”, afir- ma Artur Wichmann, gestor de fundos internacionais da CSHG. Um dos destaques é o multimer- cado CSHG Global Equities, que direciona mais de 60% dos re- cursos para ações da América Latina. Os ganhos vieram tanto da alta do mercado americano acionário, quanto do câmbio. Gestoras independentes tam- bém aproveitaram o espaço para ganhar com apostas em ativos no exterior. Em dez anos de his- tória, a Gávea Investimentos sempre montou as estratégias de seus fundos a partir de uma análise macroeconômica global, conta o sócio e economista Ber- nardo Carvalho, aproveitan- do-se da experiência do funda- dor da casa, o ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, na gestão do portfólio de emer- gentes para o megainvestidor George Soros. Para se ter ideia, ao longo de todos esses anos, três quartos do retorno obtido além do referencial, o CDI, veio de operações globais. O Brasil contribuiu com um quarto. Neste ano, não foi diferente. A leitura foi de que o risco de um aperto de liquidez nos Estados Unidos e o crescimento abaixo do esperado na China prejudi- cariam ativos de emergentes, o que levou a Gávea a buscar pro- teção. Entre as estratégias ado- tadas, destaque para a venda de moedas de países exportadores de commodities. A casa obteve algum retorno ainda com posi- ções compradas em dólar, apostando na alta da moeda americana, e vendidas em uma cesta de moedas. No universo de mercados emergentes, o México tem sido uma importante fonte de retor- no para a gestora, por ter funda- mentos melhores. “Nos últimos meses, ganhamos com o peso mexicano”, afirma Carvalho. No Brasil, a estratégia foi buscar re- torno com operações táticas em juros e moedas, ou seja, com um horizonte menor de tempo, se- manas ou dias. Com mercados mais voláteis, respondendo me- nos a questões de fundamentos, a palavra de ordem é manter re- duzido o risco das carteiras, diz. Na Ibiuna Investimentos, con- ta Caio M. A. Santos, sócio-res- ponsável pela área de relações com investidores e produtos, as estratégias também são defini- das a partir da análise do cenário global em busca dos mercados com a melhor relação risco/re- torno. “Operamos de maneira di- versificada nos mercados glo- bais, e o Brasil está inserido nesse contexto”, conta o executivo. Em 2013, uma parcela relevan- te do retorno veio de ativos no exterior, que pudessem se bene- ficiar da percepção de que a eco- nomia americana vinha numa recuperação. Um dos destaques, com cerca de dois terços da gera- ção do retorno, conta Santos, fo- ram as operações com moedas — compradas em dólar contra uma cesta de moedas, entre elas o real, além de posições vendidas em ie- ne em determinado momento. Na bolsa, a Ibiuna ganhou com apostas na valorização dos índi- ces S&P 500, da bolsa americana, e o japonês Nikkei. No mercado acionário brasileiro, a gestora ex- plora apenas operações de valor relativo, conhecidas como “long and short”. “Essa é uma estraté- gia que gera alfa [retorno acima do referencial] com baixa volati- lidade e sem correlação com os demais ativos”, explica Santos. No segmento de juros e inflação no Brasil, a Ibiuna privilegiou operações mais táticas. Santos destaca ainda que, em um mercado muito volátil, o gestor precisa poder mudar de opinião rapidamente. Assim, faz parte da filosofia da casa operar apenas ativos com muita liqui- dez, permitindo que as posições sejam revertidas em uma tarde, e sempre com metas de rentabi- lidade e limites de perda (“stop loss”) bem definidos. No quesito proteção, o multi- mercado é de fato o veículo mais apropriado entre as diversas es- tratégias de fundos, uma vez que pode montar posições vendidas. Também entre os mais rentáveis em 2013, o multimercado Azul, da gestora RMW, opera com base em modelos que reagem rapida- mente a movimentações de pre- ços. Foi principalmente a queda da bolsa que trouxe ganhos neste começo de ano. O câmbio tam- bém ajudou – em janeiro, foi a aposta na queda do dólar e, em abril, o movimento contrário. Agora, a gestora começa a olhar mais para ativos de fora do país. “Ainda não operamos no exterior, mas estamos avaliando e preten- demos operar em breve”, diz Ro- berto Pullin, gestor da RMW. Opportunity Midi Performance FICFI Mult Multimercados Macro 16,80 Opportunity Midi 30 FICFI Mult Multimercados Macro 15,80 Opportunity Total FIC em FI Mult Multimercados Macro 6,68 Os principais ganhos dos fun- dos do Opportunity neste come- ço de ano também vieram por meio de operações de arbitra- gem e aplicações em ativos de fora. A gestora investiu em bolsa norte-americana, por meio do índice S&P 500. Na bolsa brasi- leira, fez uma seleção funda- mentalista de empresas, mas se protegeu por meio da venda do Ibovespa no mercado futuro. “A diferença entre o desempenho desta carteira de ações escolhi- das pela equipe de analistas e o índice se mostrou muito rentá- vel neste início de ano”, diz o gestor Rafael Vasconcellos. A casa também apostou, ao longo do ano, na valorização do dólar em relação a uma cesta de moe- das, que incluiu o real, o dólar australiano e o iene. Desde o fim do ano passado, quando passou a avaliar como mais consistente a trajetória de recuperação americana, a equipe de gestão do Opportunity come- çou a ampliar a parcela de seus multimercados alocada no exte- rior, limitada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a 20% do patrimônio (no caso de fun- dos que não sejam destinados a investidores superqualificados). O otimismo com a recuperação da economia dos EUA permane- ce. Para o mercado brasileiro, po- dem surgir oportunidades, con- sidera Vasconcellos, mas o hori- zonte parece bastante desafia- dor. “A combinação de inflação pressionada e juros elevados pre- judica a rentabilidade das em- presas e adiciona risco aos inves- tidores locais”, afirma.

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Page 1: Quinta-feira, 20 de junho de 2013 D1 Jornal Valor --- Página 1 da … · 2016. 6. 29. · Jornal Valor --- Página 1 da edição "20/06/2013 1a CAD D" ---- Impressa por GAvenia às

Jornal Valor --- Página 1 da edição "20/06/2013 1a CAD D" ---- Impressa por GAvenia às 19/06/2013@17:21:04

Enxerto

Jornal Valor Econômico - CAD D - EU - 20/6/2013 (17:21) - Página 1- Cor: BLACK CYAN MAGENTA YELLOW

Quinta-feira, 20 de junho de 2013 | D1

EU&

Retorno em 2013 em %, até maioRetorno em 2012 em %, até maio

Top 20Multimercados mais rentáveis no ano

Classi�cação Retorno (%)

Font e: Anbima e est udo r ealizado pelo economist a M ar celo D'Agost o, aut or do blog " O consult or f inanceir o" , considerados

f undos com mais de 50 cot ist as e pelo menos 12 meses de hist ór ico, sem r est r ição por t ipo de invest idor. *At é 14 de junho

Macro

Trading

Multiestratégia

Multigestor

Juros e Moedas

Estratégia especí�ca

CDI

Macro

Trading

Multiestratégia

Multigestor

Juros e Moedas

Estratégia especí�ca

CDI

Retorno ( % )

MMacro

TTra dinni gg

MMulties

MMulultigtigt ee

BB Mult Momentum Private FI

Vinci Firenze Cred Priv FICFI Mult IeSpx Raptor Feeder Ie FIC Mult Cred PrivBNY Mellon ARX Especial FI MultR&C Top FI MultSpx Nimitz Feeder FIC MultVinci FICFI Mult

BTG Pactual Global FICFI Mult Cred PrivAzul Quantitativo FI MultNp Hedge FIC de FI MultBnymellon ARX Hedge Plus FI MultTrapezus Quant Mix FI MultCSHG Verde FI Cotas de FI MultGavea Inv no Exterior FICFI MultKondor Lx FICFI MultKondor Krit FIC MultGavea Macro FICFI Mult

Multimercados Multiestrategia

Multimercados MultiestrategiaMultimercados MacroMultimercados MacroMultimercados MultiestrategiaMultimercados MacroMultimercados Multiestrategia

Multimercados MultiestrategiaMultimercados MultiestrategiaMultimercados MultiestrategiaMultimercados MacroMultimercados MultiestrategiaMultimercados MacroMultimercados MultiestrategiaMultimercados MultiestrategiaMultimercados MultiestrategiaMultimercados Multiestrategia

60,90

15,3312,1510,2510,17

7,907,39

6,436,396,276,225,935,835,785,755,745,64

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1,29

-6,89

2,82

INCLUIL EGIS L A Ç Ã O& TRIBUTOS

Empresas buscam traineescom mais experiência,como Mario Antôniodos Santos,de 29 anos D3

O paraíso é aliApostas lá fora eoperações vendidasem ativos locaisrenderam osmaiores ganhosaos multimercadosque se sobressaemno ano, mas sóum terço dototal conseguesuperar o CDI.Po r Luciana Seabrae A l e s s a n d raB e l l ot to ,de São Paulo

Apostar contra ativos brasilei-ros e buscar oportunidades noexterior. Essas duas estratégiaspredominam entre os fundos deinvestimento multimercados demelhor desempenho em 2013.E depois de um dia como o deontem, de tensão após a fala deBen Bernanke, presidente doFederal Reserve (Fed, o bancocentral americano) sobre o ho-rizonte para o �m do afrouxa-mento monetário, essas apostasdevem continuar valendo.

Em tempos turbulentos parajuros, bolsa e câmbio, em que osresultados tendem a ser mais dis-persos, os multimercados, namédia, perdem para o Certi�ca-do de Depósito Inter�nanceiro(CDI), a principal referência paraessas aplicações. Os fundos do ti-po macro, que apostam em umatendência para os ativos, ga-nham 2,5% no ano até maio, bemabaixo dos 8,5% registrados pelotipo no mesmo período do anopassado, segundo dados da Asso-ciação Brasileira das Entidadesdos Mercados Financeiro e de Ca-pitais (Anbima). Os multiestraté-gia, que conferem mais liberda-de ao gestor e concentram amaior parte do patrimônio da ca-tegoria, têm retorno ainda me-nor, de 1,3%, também inferior aos6,6% de janeiro a maio de 2012.

No ano passado, os gestoresfartaram-se apostando na que-da dos juros — estratégia segui-da em massa pelos multimerca-dos. Agora, sem tendências cla-ras para os ativos, as estratégiasse dispersaram. E, naturalmen-te, também os resultados.

Um levantamento realizadopelo economista Marcelo d’Agos -to, do blog “O consultor �nancei-r o”, no portal do Va l o r , mostraque, no acumulado do ano até 14de junho, apenas um terço dosmultimercados consegue supe-rar o CDI. De um total de 466 car-teiras com mais de 50 cotistas epelo menos 12 meses de históri-co, sem restrição por tipo de in-vestidor, 17% tiveram perdas. Oretorno médio �cou em 2,2%,abaixo do CDI para o período, de3,1%. A dispersão de retornos ésigni�cativa. A rentabilidadenesse grupo vai, no período, de15% negativos até 61% de ganho.

A BB DTVM garantiu ganho de61% até 14 de junho em um fun-do que aposta contra a bolsabrasileira, por meio de opçõesde venda do Ibovespa. Em geral,

elas são feitas por um períodode seis meses. A última, iniciadaem março, vence em setembro.A carteira foi criada para funcio-nar como um hedge, ou seja,uma proteção às posições embolsa dos clientes do private. Oretorno foi potencializado pelaalavancagem. Na atual opera-ção, a ideia é que o cliente apli-que R$ 1 no fundo para cadaR$ 5 que investe em ações.

Na prateleira da BB DTVM, ou-tro tipo de multimercado quetem tido bom desempenho é otrading, conta Marcelo Pacheco,gerente executivo de fundosmultimercados da casa. Isso por-que eles conseguem usar a vola-tilidade a seu favor, aproveitan-do-se de movimentos de curtoprazo. Para outras estratégias,foi mais difícil. “O problema éque a última turbulência pegoupraticamente todos os ativos,quase ninguém passou imune”,diz. A retomada do ciclo de altade juros trouxe fortes prejuízospara quem tinha títulos pre�xa-dos em carteira. Ao mesmo tem-po, o Ibovespa teve uma fortequeda. “Quem se saiu melhor foiquem estava posicionado emmoedas, mas pouca gente sótem isso, elas são mais usadascomo proteção”, a�rma Pacheco.

O fundo multimercado do BTGPa c t u a l com melhor desempe-nho no ano aplica cerca de 80%do patrimônio em uma carteirano exterior. A estratégia é bastan-te diversi�cada. No começo desteano, uma parte importante dosganhos veio do mercado hipote-cário dos Estados Unidos. “Vía -mos uma melhora substancialdo mercado americano, que nãoestava bem re�etida em produ-tos de hipotecas”, a�rma JoãoScandiuzzi, estrategista-chefe dagestora do BTG Pactual. Como es-perado, esse títulos se valoriza-ram no começo deste ano.

O BTG também aproveitouoportunidades em câmbio nestecomeço de ano. Dentre elas, ga-nhou com a expectativa de quea libra esterlina perdesse valor.A ideia era que, com a reduçãoda incerteza internacional, oReino Unido perderia parte doapelo como porto seguro. Poroutro lado, considerou que re-formas no México levariam àapreciação do peso mexicano.

Os principais ganhos para ofundo do BTG vieram, assim, doexterior. Bem diferente do ano

passado, quando um terço darentabilidade da carteira foi ob-tida com a crença na queda dosjuros brasileiros. Ainda que apossibilidade de investir fora te-nha sido essencial para o desem-penho neste começo de ano,Scandiuzzi diz con�ar que ativoslocais também podem colaborarcom o resultado neste ano. “Ain -da é um momento de bastanteincerteza, mas não acho que nãohaverá oportunidades no merca-do brasileiro”, a�rma.

Na Credit Suisse Hedging-Grif-fo (CSHG), entre os multimerca-dos mais rentáveis da casa nesteano estão os que investem 100%dos recursos no exterior (parasuperquali�cados), além do ba-dalado Verde, gerido por LuisStuhlberger. “Foi um período di-

fícil para o mercado local”, a�r-ma Artur Wichmann, gestor defundos internacionais da CSHG.Um dos destaques é o multimer-cado CSHG Global Equities, quedireciona mais de 60% dos re-cursos para ações da AméricaLatina. Os ganhos vieram tantoda alta do mercado americanoacionário, quanto do câmbio.

Gestoras independentes tam-bém aproveitaram o espaço paraganhar com apostas em ativosno exterior. Em dez anos de his-tória, a Gávea Investimentossempre montou as estratégiasde seus fundos a partir de umaanálise macroeconômica global,conta o sócio e economista Ber-nardo Carvalho, aproveitan-do-se da experiência do funda-dor da casa, o ex-presidente doBanco Central, Arminio Fraga,na gestão do portfólio de emer-gentes para o megainvestidorGeorge Soros. Para se ter ideia,ao longo de todos esses anos,três quartos do retorno obtidoalém do referencial, o CDI, veiode operações globais. O Brasilcontribuiu com um quarto.

Neste ano, não foi diferente. Aleitura foi de que o risco de umaperto de liquidez nos EstadosUnidos e o crescimento abaixodo esperado na China prejudi-cariam ativos de emergentes, oque levou a Gávea a buscar pro-teção. Entre as estratégias ado-tadas, destaque para a venda demoedas de países exportadoresde commodities. A casa obtevealgum retorno ainda com posi-ções compradas em dólar,apostando na alta da moedaamericana, e vendidas em umacesta de moedas.

No universo de mercadosemergentes, o México tem sidouma importante fonte de retor-no para a gestora, por ter funda-mentos melhores. “Nos últimosmeses, ganhamos com o pesom e x i c a n o”, a�rma Carvalho. NoBrasil, a estratégia foi buscar re-torno com operações táticas emjuros e moedas, ou seja, com umhorizonte menor de tempo, se-manas ou dias. Com mercadosmais voláteis, respondendo me-nos a questões de fundamentos,a palavra de ordem é manter re-duzido o risco das carteiras, diz.

Na Ibiuna Investimentos, con-ta Caio M. A. Santos, sócio-res-ponsável pela área de relaçõescom investidores e produtos, asestratégias também são de�ni-

das a partir da análise do cenárioglobal em busca dos mercadoscom a melhor relação risco/re-torno. “Operamos de maneira di-versi�cada nos mercados glo-bais, e o Brasil está inserido nessec o n t e x t o”, conta o executivo.

Em 2013, uma parcela relevan-te do retorno veio de ativos noexterior, que pudessem se bene-�ciar da percepção de que a eco-nomia americana vinha numarecuperação. Um dos destaques,com cerca de dois terços da gera-ção do retorno, conta Santos, fo-ram as operações com moedas —compradas em dólar contra umacesta de moedas, entre elas o real,além de posições vendidas em ie-ne em determinado momento.

Na bolsa, a Ibiuna ganhou comapostas na valorização dos índi-ces S&P 500, da bolsa americana,e o japonês Nikkei. No mercadoacionário brasileiro, a gestora ex-plora apenas operações de valorrelativo, conhecidas como “longand short”. “Essa é uma estraté-gia que gera alfa [retorno acimado referencial] com baixa volati-lidade e sem correlação com osdemais ativos”, explica Santos.No segmento de juros e in�açãono Brasil, a Ibiuna privilegiouoperações mais táticas.

Santos destaca ainda que, emum mercado muito volátil, ogestor precisa poder mudar deopinião rapidamente. Assim, fazparte da �loso�a da casa operarapenas ativos com muita liqui-dez, permitindo que as posiçõessejam revertidas em uma tarde,e sempre com metas de rentabi-lidade e limites de perda (“stoploss”) bem de�nidos.

No quesito proteção, o multi-mercado é de fato o veículo maisapropriado entre as diversas es-tratégias de fundos, uma vez quepode montar posições vendidas.Também entre os mais rentáveisem 2013, o multimercado Azul,da gestora R M W, opera com baseem modelos que reagem rapida-mente a movimentações de pre-ços. Foi principalmente a quedada bolsa que trouxe ganhos nestecomeço de ano. O câmbio tam-bém ajudou – em janeiro, foi aaposta na queda do dólar e, emabril, o movimento contrário.Agora, a gestora começa a olharmais para ativos de fora do país.“Ainda não operamos no exterior,mas estamos avaliando e preten-demos operar em breve”, diz Ro-berto Pullin, gestor da RMW.

Opportunity Midi Performance FICFI Mult Multimercados Macro 16,80Opportunity Midi 30 FICFI Mult Multimercados Macro 15,80

Opportunity Total FIC em FI Mult Multimercados Macro 6,68

Os principais ganhos dos fun-dos do Opportunity neste come-ço de ano também vieram pormeio de operações de arbitra-gem e aplicações em ativos defora. A gestora investiu em bolsanorte-americana, por meio doíndice S&P 500. Na bolsa brasi-leira, fez uma seleção funda-mentalista de empresas, mas seprotegeu por meio da venda doIbovespa no mercado futuro. “Adiferença entre o desempenhodesta carteira de ações escolhi-das pela equipe de analistas e oíndice se mostrou muito rentá-vel neste início de ano”, diz ogestor Rafael Vasconcellos. Acasa também apostou, ao longodo ano, na valorização do dólarem relação a uma cesta de moe-das, que incluiu o real, o dólaraustraliano e o iene.

Desde o �m do ano passado,quando passou a avaliar comomais consistente a trajetória derecuperação americana, a equipede gestão do Opportunity come-çou a ampliar a parcela de seusmultimercados alocada no exte-rior, limitada pela Comissão deValores Mobiliários (CVM) a 20%do patrimônio (no caso de fun-dos que não sejam destinados ainvestidores superquali�cados).O otimismo com a recuperaçãoda economia dos EUA permane-ce. Para o mercado brasileiro, po-dem surgir oportunidades, con-sidera Vasconcellos, mas o hori-zonte parece bastante desa�a-dor. “A combinação de in�açãopressionada e juros elevados pre-judica a rentabilidade das em-presas e adiciona risco aos inves-tidores locais”, a�rma.