jornal valor local edição novembro 2014

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Jornal Regional Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 19 • 21 Novembro 2014 • Preço 1 cêntimo Na Rota dos Lares de Idosos Ilegais Na Rota dos Lares de Idosos Ilegais Págs. 12, 13, 14, 15 e 16 Habitante de Azambuja foi infetada com legionella Alberto Mesquita faz balanço de mandato Pág. 4 Págs. 10 e 11 Valor Local

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Page 1: Jornal Valor Local edição Novembro 2014

Jornal Regional Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 19 • 21 Novembro 2014 • Preço 1 cêntimo

Na Rota dos Laresde Idosos IlegaisNa Rota dos Laresde Idosos Ilegais Págs. 12, 13, 14, 15 e 16

Habitante de Azambujafoi infetada com legionella

Alberto Mesquita fazbalanço de mandato

Pág. 4 Págs. 10 e 11

Valor Local

Page 2: Jornal Valor Local edição Novembro 2014

2 Valor LocalSolidariedade

¢ Miguel A. Rodrigues

Fundada em 1989, a Associa-ção do Centro de Dia para a

Terceira Idade de Nossa Senhorado Paraíso prepara-se agora paramais um desfio. Trata-se da reali-zação de um sonho antigo não sódos dirigentes, mas também dapopulação. José Eduardo Serra,presidente e fundador da institui-ção sediada em Vale do Paraíso,concelho de Azambuja, destaca aimportância da construção de umlar de idosos naquele ponto domunicípio.Por um lado, vinca que há “umapopulação cada vez mais enve-lhecida” e a precisar de certo tipode cuidados, e por outro, destacaque a construção do lar vem darresposta a algum tipo de necessi-dades desta camada populacio-nal.A inexistência da “valência lar erauma lacuna”, segundo JoséEduardo, que dá conta que a as-sociação tem vindo a perder uten-tes para outras instituições, “quenalguns casos até são de fora doconcelho de Azambuja”. Todavia,o responsável lembra que a Insti-tuição Particular de SolidariedadeSocial (IPSS) de Vale do Paraíso,já assegura o apoio domiciliário aquase três dezenas de pessoas,bem como acolhe outras tantasem centro de dia.A falta de camas no concelho le-

vou, assim, a que a instituiçãoconstruísse a nova valência nopiso superior do atual edifício,piso esse que já estava prepara-do para receber o novo lar, queserá inaugurado em Abril de2015, por ocasião dos 24 anos dainstituição.O projeto que vai custar perto de300 mil euros será construído poruma empresa do concelho. JoséEduardo reforça, assim, a con-fiança na Construaza que ganhouo concurso e que subcontratouserviços à empresa local Solgar-den. Para o responsável, o factode o concurso público ter sido ga-nho por empresas do município,significa que “estes 300 mil eurosficarão assim distribuídos por pes-soas do nosso concelho”.Ao todo, o novo lar terá seis quar-tos e 12 camas, em que se in-cluem seis suites. Este é um pro-jeto que tem sido “bastante pen-sado e ponderado”. Nesse senti-do, José Eduardo salienta quetodo o processo financeiro paradar origem ao lar, que em médiaronda os 12 mil euros, “foi acute-lado e sem sobressaltos”. O pre-sidente da instituição salienta quea gestão da instituição é rigorosa;“sendo esta uma IPSS solvente,pagando aos fornecedores no li-mite a trinta dias, e muitos levamo cheque na altura da entrega damercadoria”. José Eduardo refere

assim que com este tipo de ges-tão, a elaboração do projeto do lardecorreu sem problemas financei-ros, bem como as relações com aprópria Segurança Social, entida-de com a qual, a instituição espe-ra estabelecer protocolos para onovo lar, à semelhança, do que jáacontece nas outras valências.José Eduardo salienta que com aCâmara de Azambuja pensou-seem construir outro projeto à entra-da da localidade. Tratava-se deum novo edifício com quarentacamas, mas devido à situação fi-nanceira do país e da autarquia,este projeto terá sido abandona-do.Contudo, o responsável refereque o município de Azambuja“tem todas as potencialidadespara ser um concelho de índolesocial”, com a exploração da ofer-ta de um conjunto integrado derespostas sociais para a camadaidosa da população. O presidentedestaca as acessibilidades, a pro-ximidade geográfica com Lisboae a hospitalidade dos munícipes,para vincar que a aposta nestaárea seria positiva.Até porque longe vão os temposem que o concelho tinha comouma das suas principais ativida-des económicas, o setor automó-vel. José Eduardo destaca que asaída da Ford em 2000 e da Opelem 2006, vieram trazer proble-

mas sociais às famílias. Segundoo responsável que também foi umalto quadro da Opel, “o estrondofoi bastante maior do que se pen-sava”, sobretudo depois de se te-rem acabado os subsídios de de-semprego. José Eduardo salientaque o salário médio que em 2005era acima dos mil euros, é hoje,pouco mais de 700, o que faztoda a diferença na economia lo-cal. O responsável destaca, ain-da, que o município perdeu umasérie de quadros: “Pessoas quecompravam no concelho e querevitalizaram o tecido imobiliário,com uma interessante permutaentre o residente e consumidor”.Hoje, o quadro social apresenta-se como debilitado, e “temos res-postas sociais feitas com muitosacrifício e muito empenho porparte da IPSS’s”.Para José Eduardo, as IPSS’s domunicípio “superam-se a si pró-prias e por vezes as lacunas dopoder local e nacional, no dia-a-dia, nas localidades”.

Câmara de Azambuja podiamexer-se mais

Já o presidente da Câmara Luísde Sousa “não tem grande mobi-lidade de orçamentação para po-der ajudar mais as instituições”.Contudo, José Eduardo mostra-se otimista para que no próximo

ano, a Câmara de Azambuja pos-sa ter “um olhar mais atento paraesta causa”, que nem sempre temde ser traduzida em mais apoio fi-nanceiro. “Há outras formas deajudar”, salienta. No entanto, José Eduardo nãodeixa de apontar o dedo à Câma-ra de Azambuja. Falta, segundo oresponsável, capacidade de rei-vindicação do município face aoutras autarquias, lembrando queos apoios por parte do Estadoexistem, e que basta reivindicar,como aliás fazem outras institui-ções de outros concelhos: “A Câ-mara tem de ser o grande veículodesta impulsão, porque tem maisforça numa reunião com um mi-nistro ou secretário de Estado, doque uma IPSS sozinha”.José Eduardo considera, ainda,importante a criação do ConselhoLocal de Ação Social de Azambu-ja. O responsável aponta, no en-tanto, falhas “à falta de liderançacom posicionamento estratégico”do município. Para o presidenteda instituição, o trabalho que estáa ser feito só não chega “até por-que Azambuja tem todas as con-dições para competir com outrosconcelhos”, e lembra que a eco-nomia social já representa seispor cento do PIB. Nesse sentido,defende uma estratégia maisproactiva por parte do ConselhoLocal “que deve atuar para além

da gestão corrente”. “Temos dedesenvolver estratégias para quepossamos ser competitivos e cha-mar possíveis utentes oriundosde zonas mais perto de Lisboaonde os preços da oferta socialsão mais elevados, e por isso fa-zer de Azambuja uma possibilida-de para essas famílias”. Na componente do apoio domici-liário, a Associação do Centro deDia para a Terceira Idade de Nos-sa Senhora do Paraíso, é de res-to das poucas instituições quepresta aquela valência sete diaspor semana. José Eduardo dizque os pedidos vão chegando; eque a associação vai responden-do, mesmo fora da localidade. Oresponsável refere que apoia fa-mílias em Aveiras de Cima e deBaixo, Virtudes, Casais da Lagoae Casais das Boiças. Diz que issosó é possível através de uma“gestão rigorosa” e de “muita per-sistência, já que durante doisanos, a associação fez este servi-ço sem qualquer apoio de umaterceira entidade”. José Eduardorefere que o esforço valeu a pena,porque entretanto a SegurançaSocial reconheceu o trabalho ecomeçou a apoiar.Ao todo são onze funcionários emais dois voluntários que prestamserviço na instituição, mas com anova valência entrarão ao serviçomais cinco trabalhadores.

Contagem decrescente para a aberturado novo lar em Vale do Paraíso

A obra vai ser uma realidade em Abril

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3Valor Local Publicidade

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4 Valor LocalSociedade

¢ Sílvia Agostinho

Maria Adelaide foi uma das 331pessoas atingida pelo surto

de legionella. Moradora em Azam-buja, trabalha num jardim-de-in-fância na Póvoa de Santa Iria. Foia única atingida na instituição, jáque a doença não é contagiosa, erelaciona a circunstância com ofato de trabalhar na cozinha “ondeos vapores se adensam” e criama atmosfera propícia à doença. Começou a sentir os primeirossintomas no dia 8 de novembro,quando começaram a aparecertambém os primeiros infetadosdeste surto, mas só foi ao hospitalno dia 10. “Ainda fui trabalhar na-quela sexta, dia em que comeceia queixar-me. Vim para casa e to-mei vários comprimidos, desde obrufene, ao ben-u-ron. Passei as-sim o fim-de-semana”. Maria Ade-laide não associou os sintomas aosurto de legionella, pois confessaque não prestou atenção às notí-cias. Pensava que era uma gripe.Na segunda-feira, dia 8, foi aoHospital de Vila Franca de Xira,onde esperou quatro horas nas ur-

gências. Com o surto instalado jáhá vários dias, e com centenas depessoas hospitalizadas, a unidadenão criou qualquer espécie de cor-redor de urgência para quem che-gasse com sintomas de legionella.“Demoraram hora e meia paratriar, e deram-me a pulseira ama-rela”. Entretanto quando atendidafizeram-lhe análises, e disseram-lhe que tinha de ir imediatamentepara o Hospital São FranciscoXavier. Mas recorda – “Nunca medisseram qual era a minha doen-ça, mas eu também não pergun-tei”, relata, recordando que tam-bém nunca viu muita aberturapara fazer perguntas. No local,estavam outras pessoas que re-conheceu serem do Forte daCasa, pois viveu muitos anos nolocal, e estranhou ver tantas ca-ras conhecidas de uma só locali-dade.“Nunca imaginei ficar internada ouir para Lisboa por causa disto. Fi-quei em choque. A partir daí, fuitratada como deve ser, nada te-nho a assinalar”. No local ficou 8dias. Passou um mau bocado, e

lamenta profundamente que ospresumíveis culpados, as empre-sas da zona, “tenham brincadodesta maneira com a saúde daspessoas”. “Durante o tempo emque fiquei internada, tive expeto-ração com sangue, e muitas doresde estômago, devido à força datosse. Passei um mau bocado, fi-quei alarmada a pensar que podianão ser só legionella, mas depoislá me sossegaram.” No hospitalem Lisboa soube que estavam láoutros doentes com legionella. Sobre a possibilidade de o foco decontaminação ser oriundo da Adu-bos de Portugal, refere que “ver-dade seja dita que desde o seuencerramento que menos pes-soas acorreram aos hospitais.” Aúltima vez que foi fiscalizada aqualidade do ar naquela empresafoi em 2012, altura em que Gover-no deixou de impor a obrigatorie-dade dessa medida de controle daqualidade do ar. “O Governo este-ve mal e as fábricas andaram abrincar com a saúde das pes-soas”. Quanto a um possível pedi-do de indemnização, tem poucas

dúvidas – “Se outros avançaremtambém vou pedir, porque morre-ram pessoas e muitas foram hos-pitalizadas”. Maria Adelaide tem baixa até dia25 de novembro, altura em quetem de ir de novo ao hospital paraaferir do seu estado de saúde.

Este surto de legionella no conce-lho de Vila Franca de Xira deixouem sobressalto a população, au-toridades, câmara municipal entreoutras entidades. Portugal entroupara o mapa dos maiores surtosdeste tipo no mundo. As inspe-ções detetaram vestígios de legio-

nella nas fábricas da Solvay, Cen-tral de Cervejas, mas acredita-seque na origem terá estado a Adu-bos de Portugal. O caso está emsegredo de justiça e não foi confir-mado qual das empresas originoude fato este surto que matou oitopessoas.

Infetada com legionella

“Essas fábricas brincaram coma saúde das pessoas”

Os jovens empreendedores da Escola Damião de GoesTodos os anos, uma turma da

Escola Secundária Damião deGoes, em Alenquer, concorre aoconcurso de empreendedorismonas escolas, que passa por umaetapa regional e depois nacional.O Valor Local foi conhecer os vá-rios grupos que neste ano letivoconstroem em contexto de sala deaula uma ideia de negócio, com aapresentação de produto, planode investimentos, marketing e to-

dos os conceitos ligados a umaempresaBruna Coimbra, Cristiana Sousa eDiogo Vicente do curso de Gestãoidealizaram uns ténis especiaiscom íman, sem necessidade dese usar os atacadores. A empresachama-se Crin, que é a “junção decriar e inovar”, explica Bruna, pre-sidente nesta empresa fictícia. “Oíman é aberto ao meio, quando sedescalçar, basta levantar o pé que

o sapato sai, para calçar bastaunir os imans, não é preciso termais preocupações”, dá a conhe-cer o Diogo, responsável de mar-keting. “Este tipo de solução dábastante jeito no calçado paracrianças que têm mais dificulda-des em usar os atacadores”. Osjovens fizeram pesquisa e não en-contraram um produto semelhan-te, apenas uma empresa que aoinvés dos atacadores comercializa

o calçado com elásticos. Garanti-ram ainda que o íman vai adquirira cor dos sapatos para ficar dis-creto. Estes jovens também cria-ram mapa de pessoal, atas dasreuniões, sites, organigramas. Fa-zer desta ideia uma realidade se-ria o sonho destes jovens quepensam que o seu projeto tempernas para andar.Outro grupo de estudantes apos-tou na ecologia com uma espéciede sacos de tecido composto porformas com velcro, com divisões,para se colocar no banco do con-dutor para deposição de lixos, se-gundo as boas práticas da recicla-gem. “É didático e diferente”, refe-riram. Joana Carvalho, a porta-vozdo grupo, refere que já fizeram ostítulos de participação com vista àcaptação de novos acionistas.Nesta sala de aula, outro grupodesenvolveu uma fita luminosa,“para os jovens pendurarem o te-lemóvel, os porta chaves, ou para

as senhoras levarem dentro damala para que seja mais fácil en-contrarem o que desejam”, deuconta Denise Gandun. Há aindauma sweat que carrega telemó-veis, idealizada por outro grupo.Manuel Cabaço explica que den-tro da camisola pode ser instaladoo carregador previamente carre-gado em casa e depois basta uti-lizar um cabo USB para alimentara bateria do telefone. O grupo de João Florindo, VeraMendes e Pedro Antunes ideali-zou uma t-shirt para crianças emque podem ser modificados os pa-drões e as imagens através dovelcro. No futuro, gostariam todosde ter a sua própria empresa. Oúltimo grupo pensou num cartãode descontos para os alunos daescola para poder ser usado noscafés e restaurantes do bairro. “Ocartão vai oferecer descontos decinco, dez por cento, depende.Ainda estamos a ver se vamos fa-

zer o acordo apenas com um caféou mais, porque há muitos alunosque não comem na cantina, paradepois irem comer pizzas ao Pin-go Doce”. Os alunos referiram quecerca de metade da turma não al-moça na escola. “Se este cartãofosse uma realidade, penso quenão seria difícil captar o interessedos comerciantes”, referiram. Estegrupo ainda pensou em criar ca-pas protetoras para ratos de com-putador, mas abandonou a ideiaporque há demasiados modelos.O professor de Gestão, FernandoBarata, referiu que esta é umaparceria com a Junior Achieve-ment, associação que leva às es-colas o conceito de empreendedo-rismo jovem. Para além deste pro-jeto, está a ser desenvolvido umprojeto no quarto ano com a Câ-mara de Alenquer e AIP, e aindaoutro no 10º ano “a academia em-preender jovem”, numa parceriacom as mesmas entidades.

Maria Adelaide encontra-se a recuperar

Ideias não faltam a este grupo

Pais queixam-se da comida servida na EB 2,3 do Cartaxo Um grupo de encarregados

de educação da Escola Bá-sica 2,3 do Cartaxo está descon-tente com as ementas escola-res. De acordo com uma repre-sentante dos pais, que preferiumanter o anonimato, há queixasde que a comida é servida compouca apresentação, fria, e por

vezes até crua. Os pais já têmdado conta do seu desagradojunto da direção da escola quetem uma empresa exterior aconfecionar as refeições, a mes-ma que também trabalha com aEscola Secundária do Cartaxo,mas onde segundo afiançaramaos pais dos alunos da EB 2,3

do Cartaxo não há registo dequeixas. A encarregada de edu-cação com quem falámos atésalientou que as crianças estãoproibidas de tirarem uma fotodos pratos para assim elucida-rem da melhor forma os pais.“Por vezes, o aspeto da comidaé tão mau que nem sabem o

que estão a comer”. “Torna-se ainda mais preocu-pante este quadro quando sabe-mos que há crianças cuja únicarefeição quente que tomam é naescola. Então quando é peixecozido é para esquecer, as bata-tas são servidas quase cruas”.Jorge Tavares do conselho exe-

cutivo desta escola refere ao Va-lor Local que o refeitório da es-cola está aberto para todos ospais que desejem comprovar aqualidade da alimentação. Dizmesmo que estranha as quei-xas, mas reforça – “Desde o anopassado que institui que todosos dias, cinco pais podem almo-

çar na escola para comprova-rem a qualidade das ementas”.Diz ainda que há crianças quese queixam para depois ser-lhesmais fácil usarem a desculpa dofast food. Por outro lado, o esta-tuto do aluno adverte para aproibição de se tirar fotografiassem o consentimento do diretor.

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5Valor Local Sociedade

Centenas de pessoas quise-ram marcar presença no

dia 18 de Novembro no últimoadeus ao cónego João Canilho.O padre que esteve em Azam-buja ao longo dos últimos 45anos faleceu, aos 82 anos, nopassado fim-de-semana nosHospitais da Universidade deCoimbra vítima de um AVC.Nascido a 6 de julho de 1932,em Penamacor, Diocese daGuarda, o cónego Canilho foiordenado sacerdote pelo Car-deal D. Manuel Cerejeira, em15 de agosto de 1957. Foi pro-fessor e prefeito do Semináriode Santarém, entre 1957 e1966, e em 1968 foi nomeadopároco de Azambuja e VilaNova da Rainha. Foi também pároco de VilaFranca de Xira, entre 1974 e1975, e padre interino de Mani-que do Intendente, entre 1976 e1978.Em 1999, foi nomeado Cónegoda Sé de Lisboa. Foi juiz do Tri-bunal Patriarcal, entre 1994 e1999, e vigário de Vila Francade Xira, entre 1996 e 2001. Foipresidente da direção da CasaSacerdotal do Patriarcado de

Lisboa e membro do ConselhoPresbiteral, além de Vigário Ge-ral do Patriarcado de Lisboa,entre 2004 e 2013.Em Azambuja, deixa obrascomo o Centro Social e Paro-quial, onde funciona o centro dedia, e um lar de idosos, recen-temente inaugurado.A celebração de exéquias fúne-bres foi presidida pelo Patriarcade Lisboa, D. Manuel Clemente.Os restos mortais do cónegoJoão Canilho seguiram após amissa de corpo presente, paraa sua terra natal, Águas de Pe-namacor, Coimbra. Centenasde pessoas da comunidade enão só fizeram questão de lheprestar uma última homena-gem.Segundo apurou o Valor Local,o patriarcado de Lisboa aindanão nomeou nenhum padrepara a diocese azambujense.Todavia e interinamente, essasfunções serão asseguradaspelo padre Paulo Malicia, que jápassou pelas paróquias de Ma-nique do Intendente e Alcoen-tre. Para as próximas semanas,deverá ser conhecido o substi-tuto definitivo.

Último adeus ao cónego João Canilhocom centenas de pessoas

Cerimónia fúnebre

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6 Valor LocalSociedade

¢ Miguel A. Rodrigues

Os Bombeiros Voluntários deAzambuja vão voltar este ano

a realizar uma campanha de reco-lha de fundos. Esta é a terceiravez que os soldados da paz levama cabo esta iniciativa, sendo queos resultados, segundo o presi-dente da direção, André Salema,têm sido muito positivos.Em declarações ao Valor Local, oresponsável refere que a recetivi-dade da população faz-se sentir,embora seja difícil avaliar o nívelde solidariedade. André Salemarefere ainda que que embora umdos 13 mealheiros colocados nosvários pontos de recolha, no anopassado, tenha sido furtado, aindase conseguiu recolher 516,37 eu-ros. Todavia e segundo o respon-sável, no ano de 2012 e apenascom 8 mealheiros, em vez dos 13do ano passado, as verbas reco-lhidas foram de 826,55 euros, as

quais foram aplicadas na aquisi-ção de uma nova ambulância desocorro.Ainda assim, André Salema sa-lienta que os cidadãos são solidá-rios, mesmo com as dificuldadesdos dias que correm, e por issodestaca: “Queremos acreditar quecada um contribuiu com o que lhefoi possível, numa época crucialpara as famílias onde os rendi-mentos são cada vez menores”.Sendo esta uma área importanteno financiamento da corporação, opresidente salienta a necessidade“ em se continuar a expandir estascampanhas. Embora se trate deum projeto piloto, contará comuma maior divulgação por parte dacomunicação social, nomeada-mente, o Valor Local, e com maisdisponibilização de pontos de re-colha”.Por outro lado, o presidente dainstituição salienta que população,

embora solidária, não demonstrapreocupação acerca das necessi-dades da associação. André Sale-ma destaca mesmo que “as popu-lações, em termos gerais, não de-monstram interesse em informar-se sobre as dificuldades ou neces-sidades deste tipo de instituições,desde que a ajuda apareça quan-do necessário”. O responsável sa-lienta que isso é sobretudo visível“na falta de assiduidade dos pró-prios sócios nas assembleias ge-rais”.Quando questionado sobre aprenda que gostaria de recebereste Natal, o presidente da asso-ciação destaca a “aquisição deequipamento de proteção indivi-dual, principalmente no que dizrespeito a incêndios urbanos/in-dustriais”. Durante o ano, os bom-beiros viram crescer a família commais “dez estagiários e dezoito ca-detes/infantes”, lembrando por

isso que “se considerarmos quepara equipar futuramente cada umdestes elementos é necessário uminvestimento de cerca de dois mileuros, facilmente se concluíra quese trata de um grande esforço fi-nanceiro para esta instituição”.Posto isto é fácil verificar um cres-cendo de novos bombeiros. O pre-sidente da associação diz que afórmula para atrair mais pessoaspassa pelas iniciativas e ações“disciplinadas e motivadoras” quevão alimentando “a adrenalina quea internet e o sofá não lhes propor-ciona”.Por estes motivos, André Salemaconclui que “contráriamente aoque muitos advogam, os jovensestão cada vez mais sensíveis àsquestões sociais” e explica que seassim não fosse “não teríamos de-zoito elementos, mais três dos queo alinhamento previa, a frequentarum curso de formação de cade-

tes/infantes, com idades entre osoito e os 16 anos”. Sendo que jáexiste uma lista de mais de cincojovens a aguardar acesso a uma

nova formação e vinte bombeirosformados em cerca de um ano emeio com idades compreendidasentre os dezoito e os trinta anos.

Ao fim de dez anos, oito pa-res das danças de salão do

Club Azambujense voltaram areunir-se. A prova de que dançaré como andar de bicicleta, estábem patente no exemplo desteselementos que constituem achamada “geração de ouro” eque agora voltaram ao ativo.Segundo Pedro Fragoso, res-ponsável pelo sector cultural do

club, “esses pares já não dança-vam há mais de dez anos, masficou bem patente que aindatêm muito para dar conforme seviu no espetáculo dado no diada freguesia de Azambuja emsetembro passado”.Refere o dirigente, que a seccãoestá agora “mais viva que doque nunca”; e que depois dedois ou três ensaios, os pares

conseguiram alcançar os níveisdesejáveis para se apresenta-rem em espetáculos. Ao fim de dez anos “o estado deespirito é muito bom” refere Pe-dro Fragoso. Com este regresso“ficou patente a vontade de ele-var esta atividade desportiva,que levou além fronteiras o con-celho de Azambuja “. Este foium regresso que confirmou “o

carinho da população pelasdanças de salão como maisuma alternativa cultural e des-portiva no concelho”.De acordo com Pedro Fragoso,esta é uma iniciativa que deverácontinuar. A prova disso são asconstantes inscrições para asecção, que junta os mais ve-lhos e mais experientes, aosmais novos, com menos expe-

riência, num interessante inter-câmbio de gerações.O grupo já tem uma série de es-petáculos marcados para o con-celho de Azambuja e não só, eem breve fará também algumasexibições em empresas, nomea-damente, durante os festejosnatalícios.Esta é também uma época es-pecial para os elementos mais

novos que compõem agora asecção de dança do Club Azam-bujense. Pedro Fragoso diz queas crianças vão ter oportunida-de de ajudar a construir um pre-sépio, iniciativa que poderá es-tar aberta também a outrascrianças, destacando a realiza-ção de uma festa de natal nasinstalações do Club Azambujen-se.

A Câmara Municipal de Salva-terra de Magos colocou na

rua uma campanha com o obje-tivo de dinamizar o comércio lo-cal em época de Natal. Com o tí-tulo “ Natal e o Comércio Local”,esta iniciativa que se prolongaaté janeiro de 2015, vai tambémao encontro dos consumidores,já que para compras superiores

a 20 euros, habilitam-se a ga-nhar vales para poderem usarno comércio local aderente. Estaé uma iniciativa importante, quetem como parceira a Associaçãodos Comerciantes dos Conce-lhos de Coruche e Salvaterra.De acordo com o gabinete dopresidente da Câmara Municipalde Salvaterra de Magos, numa

nota enviada ao nosso jornal, “aedição do ano passado foi umsucesso reconhecido pelos co-merciantes aderentes”, daí quea reedição deste ano traga con-sigo um acréscimo de expetati-vas. Segundo a Câmara, no anopassado aderiram 150 estabele-cimentos comerciais, mas “esteano esperamos chegar aos

180”.Com um balanço positivo dasedições anteriores, a autarquiaconsidera que a iniciativa “impri-miu uma outra dinâmica, e cha-mou a atenção para a realidadedo incremento da economia lo-cal”, salientando, ainda, que noano passado durante esta cam-panha “foram distribuídas 33 mil

senhas, cada uma referente acompras de valor igual ou supe-rior a 20 euros” concluindo que,“durante cerca de um mês fo-ram registados nos estabeleci-mentos aderentes mais de 660mil euros de vendas. O entu-siasmo manifestado pelos co-merciantes e a vontade de volta-rem a aderir este ano, são o me-

lhor indicador do êxito da inicia-tiva”.Integrado nesta iniciativa, estátambém o concurso de montrasde Natal e a agenda com diver-sos eventos natalícios “quê sãomais uma aposta da CâmaraMunicipal no sentido de animaro concelho e de dinamizar aeconomia local”.

ACâmara Municipal de Salva-terra de Magos está a pro-

ceder à requalificação de seiscasas de renda social de que omunicípio é proprietário e quese situam no Bairro Pinhal daVila na sede de concelho.Os trabalhos relacionaram-se

com a substituição dos colecto-res domésticos, colocação delancis delimitando áreas de cir-culação automóvel e pedonal ecriando alguns lugares de esta-cionamento. Outra das tarefasprende-se com o interior das ca-sas, com a substituição das tu-

bagens e caixilharias e revestin-do os pavimentos e as paredescom materiais adequados. Oestado de abandono a que fo-ram votadas durante anos estashabitações impede que, por ora,possam ser atribuídas a famíliascarenciadas.

Neste caso e logo que as seishabitações sociais (T1) se en-contrem disponíveis serão en-tregues. A ideia é também a decolocar revestimentos de pare-des e de pavimentos, substituirportas e janelas e armários decozinha. Nalguns casos há ne-

cessidade de construir novasredes interiores (águas, esgotose eletricidade).Está ainda emcausa a substituição de louçassanitárias, pinturas e o arranjode pequenos logradouros.Paralelamente, a estes traba-lhos decorre também por admi-

nistração direta da Câmara umarranjo urbanístico daquele bair-ro social (construção de pas-seios, estacionamentos e zonasverdes). Estima-se que estes trabalhos,no seu conjunto, ultrapassem os50 mil euros.

No dia seis de Novembro, tevelugar, no Salão Nobre dos

Paços do Concelho da CâmaraMunicipal de Alenquer, a apresen-tação do Projeto do Museu Da-mião de Góis e das Vítimas da In-quisição, no valor de 260 mil eu-ros, a implementar na Igreja daVárzea. A apresentação contoucom a presença do embaixador

da Noruega em Lisboa, OveThorsheim.A Rede de Judiarias Portuguesasiniciou em Novembro um progra-ma de intervenções de reabilita-ção e adaptação museológica dopatrimónio sefardita português em13 Municípios, no âmbito do pro-jeto âncora “Rotas de Sefarad”,promovido por esta e monitoriza-

do pela Direção Regional de Cul-tura do Centro.O projeto “Rotas de Sefarad” tra-ta-se de uma iniciativa inédita deinvestigação e divulgação ao pú-blico da participação judaica nahistória de Portugal, além de valo-rizar as economias locais com acriação de uma nova rota patrimo-nial no mapa turístico português.

Inclui a investigação e publicaçãode livros, intervenções de centroshistóricos, recuperação de sina-gogas e outras iniciativas ouobras que se enquadrem no temada valorização da entidade judai-ca portuguesa. O projeto está a ser implementa-do até abril de 2016, é financiadoem cerca de 4 milhões de euros

pelo EEA Grants “2009-2014”, ummecanismo financeiro do EspaçoEconómico Europeu (EEA) atra-vés do qual a Noruega, Islândia eo Liechtenstein financiam diver-sas áreas prioritárias de ação jun-to dos países beneficiários doFundo de Coesão da União Euro-peia.O programa de obras tem um in-

vestimento previsto de mais de 2milhões de euros e será realizadoem parceria com os municípios ecom um conjunto alargado de par-ceiros técnicos das áreas da cul-tura e do turismo. A Embaixada daNoruega participará em todas assessões representando a Norue-ga na qualidade de Estado doa-dor.

Recuperação de habitação social em Salvaterra

Regresso da geração de ouro das danças de salão

Campanha solidária ajudabombeiros de Azambuja

Salvaterra com expetativas para mais um “Natal e o Comércio Local”

Museu Damião de Góis e das Vítimas da Inquisição em Alenquer

Campanha das latinhas é para continuar

Page 7: Jornal Valor Local edição Novembro 2014

7Valor Local AmbienteDepois de notícia no nosso jornal

Tecnovia vai pagar coimase remover asfalto

Continua braço de ferro entrea Quercus e a Câmara de Benavente

Na nossa última edição, fomosaté Casais das Amarelas, na

freguesia de Aveiras de Cima,onde a população convive pare-des-meias com uma montanha deasfalto que causa alguns condi-cionalismos a nível ambiental. Opresidente do município de Azam-buja, Luís de Sousa, encontrou-se, na última semana, com os res-ponsáveis, e garantiu ao Valor Lo-cal que a Tecnovia lhe prometeu aretirada dos materiais em causado local, bem como o pagamentode cerca de 40 mil euros, valor dacoima aplicada pela Câmara. Durante o mês de outubro, o nos-so jornal interpelou a Tecnovia so-bre o estado de coisas em Casaisdas Amarelas, assim como sobreo pagamento da coima. No entan-

to, a empresa furtou-se a quais-quer explicações, apressando-se,antes, a reunir-se com os presi-dentes da Câmara e da junta deAveiras de Cima. “Disseram-nos que vão retirar pro-gressivamente os materiais, e es-tão convencidos de que não sãotão prejudiciais quanto isso. Trata-se de um fresado usado para fa-zer massa de alcatrão”, diz Luísde Sousa. A empresa quis relativi-zar ainda as queixas que o ValorLocal recolheu na localidade, ar-gumentando que não ouviu nadade especial da boca dos morado-res. Recorde-se que os residentesreferiram aspetos como a sujida-de provocada nas habitações pe-las partículas de asfalto, bemcomo, a laboração, a dada altura,

do estaleiro a horas demasiadotardias. A empresa também voltou atrásna questão da coima. Se há cercade um mês atrás, a Tecnovia refe-ria que não tinha de pagar a verbapois esse valor já tinha sido liqui-dado através de materiais doadosà junta de Aveiras de Cima, ecomo tal lavava as mãos de algomais para pagar, e agora, em con-versa com o presidente da Câma-ra volta a assumir esse ónus. “De-veu-se a uma falha de interpreta-ção do administrador”, sintetizaLuís de Sousa. O problema parece estar agorasanado, mas Luís de Sousa nãodeixa de referir que a abordagemanterior da empresa não lhe “caiubem”.

OTribunal de Leiria indeferiu opedido de suspensão da dis-

cussão pública do PDM de Bena-vente tendo como base uma pro-vidência cautelar interposta em ju-

nho pela Quercus, que acusava omunicípio de não ter levado o temaa reunião de Câmara pública. En-tretanto, ainda está para resolverigualmente no Tribunal Fiscal e

Administrativo de Leiria outro pro-cesso que também opõe a Quer-cus e o município em que a asso-ciação levanta a questão da nãoinclusão do aeroporto no PDM. Ao Valor Local, Domingos Pata-cho, daquela associação ambien-talista, refere que “a Quercus vaitentar através de todas as vias aoseu alcance tentar repor a legali-dade num processo que nasceutorto, tendo em conta que nem to-dos os procedimentos foram res-peitados de acordo com a legisla-ção em vigor”. “Não compreende-mos por que o município não incluio aeroporto no PDM, quer se gos-

te ou não do mesmo, quando issoestá preconizado na declaraçãode impacte ambiental do Gover-no”. “Isto tudo é estranho, e aindaachamos mais estranho se al-guém não achar o mesmo”, defen-de, rematando – “A decisão domunicípio é super frágil”, até por-que “ao fim de dois anos quando adeclaração de impacte ambientalexpira, o promotor pede a prorro-gação e o Governo autoriza”,exemplifica, dando a entender queeste deverá ser o caminho normalda questão. Pelo que o fim doaeroporto, segundo a Quercus,não é um dado adquirido, só pelo

simples fato de ainda não ter saídodo papel. “Com a crise, é normalque não se avance, mas a Câma-ra não pode fechar os olhos, auto-rizar que se façam casinhas, e de-pois ter de expropriar quem cons-truiu, porque esse espaço não foireservado de antemão para oaeroporto já decidido pelo Gover-no”.“Se a questão do aeroporto não fortida em linha de conta, o PDM nãodeverá ser validado obviamente”,sustenta.Recorde-se que o argumento domunicípio reside na possibilidadede ter de pagar avultadas indem-

nizações a proprietários lesadoscom a perspetiva de não poderemconstruir se o aeroporto nunca sairdo papel. Por outro lado, ainda nãoestão completamente identificadase delimitadas as zonas de ReservaEcológica Nacional no município,o que segundo a Quercus, deverá“merecer o melhor olhar por parteda CCDR de modo a impedir queo PDM vá para a frente”. Carlos Coutinho, ao Valor Local,referiu que os argumentos daQuercus são pouco “sustentáveis”.“São mais as questões de formaque as de conteúdo. Aguardamosserenamente a decisão do juiz.”

Estaleiro encontra-se a funcionar há alguns anos

Câmara de Benavente ainda a braços comos processos movidos pela Quercus

Page 8: Jornal Valor Local edição Novembro 2014

8 Valor LocalDossier: Águas

¢ Sílvia Agostinho

Overeador da oposição, naCâmara de Azambuja, Jor-

ge Lopes, questionou o presi-dente da Câmara, numa das úl-timas reuniões, acerca do factode a autarquia ter suportado porcompleto o custo do parecer efe-tuado pela empresa de CunhaMarques, a RPG, relativo à res-posta enviada à Entidade Regu-

ladora dos Serviços de Água eSaneamento (ERSAR) no que serefere ao processo de aditamen-to ao contrato de concessão ce-lebrado com a Águas da Azam-buja. A Câmara pagou pelo pare-cer cerca de quatro mil euros,valor que na opinião do vereadordeveria, quanto muito, ser pagopelas duas partes, até porque éa Águas da Azambuja a pedir a

revisão do contrato, e quando ostécnicos do município fizeramtambém uma parte importantedo trabalho de casa.Luís de Sousa, presidente domunicípio, ao Valor Local, desva-loriza a questão, e refere mesmoque vai pedir um outro parecer àempresa de Cunha Marquesnuma outra matéria, relacionadacom a fusão dos sistemas em

perspetiva. “Não percebo essetipo de opiniões do vereador,porque já em outros mandatosse pediu pareceres, e até a ele-mentos do partido dele, e nin-guém objetou. Peço informaçõesa quem entendo”.O autarca diz que a decisão deconsultar o gabinete de CunhaMarques foi acordada entre omunicípio e a Águas da Azambu-

ja. “O senhor vereador deveriapreocupar-se com o mal que oGoverno dele faz ao país”, con-clui. Luís de Sousa ressalva ain-da que nas últimas semanas temdisponibilizado toda a informa-ção sobre o dossier das águasno site da autarquia, inclusive ofamigerado caso base, “ de quemuitos falavam e agora ninguémdiz nada… se calhar porque ain-

da o estão a ler”, diz. “Como vêmais transparência do que isto éimpossível”.Em suspenso continua a ques-tão da formalização da comissãode acompanhamento da conces-são das águas, e a permanênciaou não de Cunha Marques. Con-tatado pelo nosso jornal, o espe-cialista em águas referiu quecomo a presidência da comissão

Análise do parecer enviado à ERSAR pela ADAZ e Câmara Azambuja

Luís de Sousa diz que tem sido o maistransparente possível

Alenquer, Azambuja e Vila Franca de Xiratêm qualidade exemplar da água para consumo humanoSegundo a ERSAR na sua atribuição anual de selos de qualidade, Azambuja,

Alenquer e Vila Franca de Xira são os que mais se destacam pela positiva. Nosdois primeiros a concessão está entregue a privados, no terceiro a gestão é do mu-nicípio. A divulgação foi efetuada no dia 14 de novembro no site da entidade.Foram atribuídos 74 selos de qualidade exemplar de água no país, mais 13 do queno ano passado. Será entregue a essas entidades um certificado e o direito de usaressa imagem no sítio da Internet, comunicações e publicidade, entre outras aplica-ções, associando-lhe assim uma marca única identificativa da qualidade do serviçoprestado aos utilizadores.Este ano a ERSAR decidiu igualmente atribuir o selo de “Qualidade do serviço deabastecimento público de água”. Nesta componente a Águas da Azambuja tambémfoi reconhecida. Nesta categoria foi distinguido também o sistema do Cartaxo- Car-tágua, gerido pela Aqualia. “Pretendeu-se com a atribuição deste selo evidenciaras entidades prestadoras de serviços de abastecimento público de água que, noúltimo ano de avaliação regulatória, entre outros aspetos, tenham revelado cumu-lativamente todos os critérios previstos no regulamento”, refere a ERSAR no seusite.O sistema da Águas do Ribatejo não alcançou, este ano, nenhum dos selos dequalidade atribuídos pela ERSAR.A distinção da ERSAR apenas contempla os sistemas que no universo dos que ga-rantem pelo menos 98,2% de água segura, os que se distinguem pela excelência.Para a atribuição dos referidos selos foi verificado, entre outros aspetos, o cumpri-mento de todos os critérios previstos no respetivo regulamento.Esta iniciativa resulta de uma parceria entre a Entidade Reguladora dos Serviçosde Águas e Resíduos (ERSAR) e o Jornal Água&Ambiente, com a colaboração daAssociação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA), da Asso-ciação Portuguesa de Engenharia Sanitária e Ambiental (APESB), da AssociaçãoPortuguesa dos Recursos Hídricos (APRH) e do Laboratório Nacional de Engenha-ria Civil (LNEC).

Oposição continua a criticar as opções da Câmara em matéria de águas

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9Valor Local Dossier: Águasrequer que exista consenso, ecomo não estão reunidas ascondições para isso, não estará“disponível para assumir essaposição, tal como foi comunica-do desde o início”. No que se re-fere aos ataques que lhe foramdirigidos pela oposição, diz quese alguém escreveu ou referiualgo que ponha em causa a suahonorabilidade “responderá judi-cialmente pelos seus atos”.

Águas da Azambuja dizde sua justiça à ERSAR

Recorde-se que a ERSAR apon-tou, em informação enviada àCâmara, nos primeiros meses doano, várias fragilidades ao adita-mento ao contrato, arrasando-omesmo em alguns pontos. Maisrecentemente Melo Baptista es-teve em Azambuja, onde tevepalavras mais simpáticas paracom a concessão local, subli-nhando contudo a necessidadede alguns pontos serem melhoresclarecidos na nova informaçãojá enviada àquela entidade.O Valor Local teve acesso aesse documento que de certaforma repudia a postura da ER-SAR perante o primeiro docu-mento enviado pela ADAZ e Câ-mara – “Todas as questões le-vantadas (pela ERSAR) foramaqui clarificadas ou justificadas;e que, pelo menos, as maissubstantivas parecem resultar dealguns equívocos por parte daERSAR. No entanto, o tom e oestilo adotados pelo reguladorsão por vezes pouco construti-vos e parecem pôr em causa aseriedade das partes, o que na-turalmente tanto o concedente(Câmara) como o concessioná-rio não podem aceitar”, refere odocumento efetuado pelo gabi-nete de Cunha Marques.No que se refere aos temas maisdignos de preocupação quantoao futuro da relação entre asduas partes, é explicitado que noque se refere à Taxa Interna deRentabilidade (TIR) que a mes-ma não “foi considerada paraefeitos de reequilíbrio”, mas re-sulta antes de “um pedido ex-presso do município à conces-sionária em virtude da situação

económica do país”. O documento sustenta que odesvio dos caudais de sanea-mento e que os efeitos do atrasoda entrada em funcionamentodas infraestruturas da Águas doOeste não está contemplada nonovo caso base, “por se conside-rar que não deve ser imputadoao utilizador final”.Em relação ao caso base inicial,as partes procuram demonstrarque agora foram definidas novasexpetativas, (com um menor ín-dice de ambição relativamenteao que foi preconizado no inícioda concessão com a possibilida-de de um acréscimo populacio-nal, por via do aeroporto), “coma curva da procura a ser estabe-lecida com base nos caudaisefetivamente consumidos emcada ano e não na faturaçãoemitida em cada ano, como diz aERSAR”. “Não existe por issoum empolamento negativo daprocura com vista a sobrecarre-gar indevidamente as tarifas,como a ERSAR parece indiciar”.Noutros pontos, a concessioná-ria atribui à Águas do Oeste(AO) a falta de obra no concelho,no entanto, e segundo informa-ção do presidente da Câmara,no ano que vem as obras vão ar-rancar. Já foi lançado o concursointernacional para a ETAR de Ar-rifana, em Manique do Intenden-te. Luís de Sousa salienta queesta obra é da responsabilidadeda AO. O edil assegura que oconcurso está já aberto e assimficará até ao dia 2 de janeiro de2015. O edil anunciou ainda quea estação elevatória da Espi-nheira também já tem procedi-mento aberto. Trata-se de umoutro concurso internacional comprazo final até 6 de Janeiro de2015.Tanto num caso como no outroaquelas são obras antigas hámuito reclamadas pelos autarcase pala população, e que estãointegradas no plano de conces-são da empresa Águas do Oes-te.Por outro lado, um dos temasque mais celeuma tem levantadoprende-se com a cobrança de ta-rifa variável de saneamentoonde o esgoto tem caráter unitá-

rio, sendo que a concessionáriapretende continuar a levar emconta este desígnio, e com issosujeitar-se de novo a um coro decríticas, porque o aditamento aocontrato prevê a cobrança dessatarifa, independentemente, dadisponibilidade do serviço dedrenagem de águas residuais.Sendo que para os clientes semserviço efetivo, a concessionáriaassegura a limpeza sem custospara o utilizador das fossas sép-ticas, no máximo duas vezes porano.

População abrangida devefazer as ligações

ao saneamento básico

Numa considerável fatia de lo-cais no concelho onde foi com-pletada a rede de saneamentobásico pela empresa nos últimosanos, que neste momento atingeníveis na casa dos 90 por cento,muitos utilizadores preferemcontinuar a usar as fossas e arecusar as ligações à rede. Estarealidade é na opinião do verea-dor Silvino Lúcio algo “muitopreocupante”. Recorde-se quesegundo a empresa em declara-ções ao Valor Local, há 900 pes-soas a incorrer em prevaricação.“As ligações à rede são obrigató-rias, as coimas podem ir até aostrês mil euros. Os munícipes su-jeitam-se a pagar este valor,quando tinham, apenas, de de-sembolsar 40, 32 euros +IVApara se ligarem à rede de sanea-mento. Antes todos barafusta-vam porque não havia sanea-mento básico, agora que já o te-mos, há quem prefira continuar ausar as fossas, depois não nospodemos admirar que a empresapeça para alterar o contrato, pe-dindo o reequilíbrio”. Para promover a adesão dos uti-lizadores aos sistemas construí-dos, o aditamento prevê a gratui-tidade da tarifa de ligação e doramal de ligação para os utiliza-dores domésticos abrangidosem áreas de expansão da rede.Sendo que em locais onde foi aCâmara antes a fazer o investi-mento em ramais, e a concessio-nária cobrou valores, essas ver-bas vão ter de ser devolvidas.

Três questõesa Melo Baptista,presidente da ERSAR

Durante a sua presença em Azambuja, em que veio falar da apreciação da ERSAR sobre a con-cessão local, referiu que estão a ser estudados critérios para contornar alguns desequilíbrios quese estão a verificar no setor das águas de algum tempo a esta parte, nomeadamente, consumosprevistos não efetivados, vulgo consumos mínimos. O senhor presidente da ERSAR falou em in-centivos à eficiência nos operadores, quais vão ser?O regulamento tarifário dos serviços de águas, que está a ser ultimado pela ERSAR, vai incorporar so-luções que visam promover o aumento da eficiência produtiva e uma maior racionalidade nas decisõesde investimento, de modo a que as tarifas reflitam apenas os custos efetivamente necessários à provisãodos serviços.Em matéria de eficiência, o novo modelo vai procurar incentivar as entidades gestoras a obter ganhosde eficiência nos custos operacionais, através da limitação dos mesmos e da exigência de metas de efi-ciência para as decisões de investimento, as quais devem estar alinhadas com as necessidades efetivasda procura e com o plano estratégico do sector, tendo como referência os melhores desempenhos nosector. Com muita frequência são citados estudos da DECO ou outras entidades que referem que estemunicípio ou aquele ocupam determinada posição num ranking tarifário por eles elaborado, es-tamos perante algo fidedigno e para levar ao “pé da letra”? Se não, quais as razões?No âmbito da sua missão, a ERSAR procede regularmente à monitorização e comparação dos tarifáriosdos serviços de águas e resíduos aplicados em Portugal continental, visando a promoção da racionali-dade e equidade nos preços praticados pelas entidades gestoras, procedendo ainda à divulgação da in-formação relativa às tarifas e encargos tarifários dos utilizadores finais com os serviços de águas e resí-duos, garantindo o direito de acesso a informação credível e de fácil compreensão a todos os utilizado-res.Com este objetivo, é divulgado o encargo anual dos utilizadores domésticos com os serviços públicosde abastecimento de água para consumo humano, saneamento de águas residuais urbanas e gestãode resíduos urbanos para diferentes níveis de consumo de água (60 m3/ano, 120 m3/ano e 180 m3/ano)dividido pelas componentes fixa e variável dos tarifários, bem como referenciadas as entidades gestorasresponsáveis pelos serviços em cada um dos municípios portugueses (Portugal continental). Esta informação é divulgada no sítio da ERSAR na internet, designadamente através de aplicações in-terativas acessíveis e de fácil interpretação pelos consumidores, onde é apresentado igualmente o rankingdo encargo dos utilizadores finais domésticos para cada atividade no município em questão relativamenteao panorama nacional.Toda a informação é baseada em dados submetidos pelas entidades gestoras e validados pela ERSAR.Há que ter porém em conta que alguns tarifários já cobrem os custos efetivos com estes serviços en-quanto outros ainda não o fazem, contrariando a legislação que aponta para uma recuperação tendencialde custos. A sua análise comparativa deve portanto ser cautelosa.No que se refere à metodologia usada pela DECO, sugerimos a consulta a essa entidade para apurarqual o procedimento usado para o apuramento dos valores publicitados.Em muitos locais do país onde operam operadores privados e não só é referida alguma resistên-cia nas ligações da população ao saneamento. Estão previstas multas de certa forma até bastantepesadas. A ERSAR com os novos poderes vai aumentar o seu poder coercivo nesta matéria ecomo?O poder sancionatório da ERSAR respeita às infrações que sejam cometidas pelos operadores sujeitosà sua regulação (entidades gestoras).O poder coercivo no que diz respeito a infrações praticadas por utilizadores finais, nomeadamente emmatéria das ligações, não é exercido pela ERSAR, mas sim pelos respetivos operadores e municípios.Na verdade, constitui contraordenação o incumprimento da obrigação de ligação dos sistemas prediaisaos sistemas públicos. A fiscalização destas situações é feita pelos operadores, cabendo o processa-mento e a aplicação das coimas à entidade titular dos serviços (câmara municipal) na área onde tiversido praticada a infração.

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10 Valor LocalEm Foco

¢ Miguel A. Rodrigues

No cargo há um ano, o atualpresidente da Câmara Munici-

pal de Vila Franca de Xira, AlbertoMesquita que sucedeu a Maria daLuz Rosinha na presidência domunicípio, considera que estemandato tem sido um desafio. Al-berto Mesquita herdou uma câma-ra sem problemas de maior e comuma situação financeira estável econtrolada. Em entrevista ao Valor Local con-cedida em pleno pico do surto delegionella, o autarca destaca quea situação do país o obrigou a re-pensar os investimentos, isto por-que independentemente da situa-ção financeira herdada a nível domunicípio, “o plano socioeconómi-co do país é difícil”. “Tivemos de

nos adaptar” refere o autarca quelembra que o plano e orçamentopara 2015 já reflete “uma diminui-ção significativa do montante glo-bal, que desceu porque a Câmaraquis ser rigorosa nas estimativasde receita”. Neste sentido, o autar-ca refere a necessidade de se tra-balhar “com os meios disponíveise priorizar as diferentes ações”. Oorçamento para 2015 é de 52,4milhões de euros, menos 6,7 mi-lhões em relação a 2014.Alberto Mesquita reforça a apostana área da Educação, anunciandoa construção de novos estabele-cimentos de ensino no âmbito dopré-escolar e primeiro ciclo queestão na alçada das competênciasda Câmara Municipal de Vila Fran-ca de Xira, e que fazem parte de

uma estratégia que já vem do anode 2014. O presidente da Câmaralembra que nesta área a autarquiajá tem em curso algumas ações,como a gratuitidade dos manuaisescolares e refeições paras ascrianças sinalizadas pelos servi-ços sociais . Por outro lado, Alber-to Mesquita recorda que está emcurso a retirada dos painéis de fi-brocimento das escolas tuteladaspela autarquia. Sendo que nestaaltura “esse trabalho já foi feito em50% das nossas escolas”.Ainda no âmbito da Educação,que parece ser um dos principaispilares deste mandato, a par como investimento local, Alberto Mes-quita anunciou, ainda, ao Valor Lo-cal, a constituição de uma novacarta educativa para vários anos.

“Isto para se perceber quais sãoas necessidades futuras no nossoconcelho”. Segundo o edil, este éum documento que pretende ser

muito abrangente que abarca nãosó a escola pública “como todasas outras opções de ensino, sejamelas de caráter público, particular,

solidário ou cooperativo”.Sobre esta carta educativa, AlbertoMesquita anuncia ainda que amesma articular-se-á também

Projetos da Câmara de Vila Franca para este mandato

Museu da Tauromaquiae Regeneração Urbana são objetivos

Alberto Mesquita refere que as verbas diminuiram para este ano

Em entrevista ao Valor Local, o presidente da Câ-mara de Vila Franca, Alberto Mesquita, fala da obraque pretende concretizar ainda neste mandatocomo um museu da tauromaquia, reconversão deespaços degradados em áreas de utilidade empresa-rial e comercial, e se possível estender a requalifi-cação da zona ribeirinha até à Vala do Carregado.

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11Valor Local Em Fococom as empresas do município.De acordo com o autarca, o docu-mento também visa as “necessi-dades empresariais do nosso con-celho”. O autarca esclarece que acarta aponta para a criação de cur-sos profissionais, de modo a que“os alunos consigam ser apetre-chados tendo em vista o mercadode trabalho de acordo com as ne-cessidades empresariais do nossoconcelho”. Do ponto de vista económico, Al-berto Mesquita lembra que a au-tarquia já está a trabalhar num pla-no de regeneração urbana, “quenos vai referir quais os planos e aslinhas a ter em conta no futuro”. Oedil diz haver necessidade de serequalificar as vilas e cidades doconcelho, mas tal deve obedecera um plano consistente “de acordocom as expectativas empresariaise dos proprietários dos edifícios,que precisam de ser reabilitados,sendo por isso necessário encon-trar soluções viáveis”, lembrandoque toda a regeneração urbanadeverá ser candidatada ao QREN,nomeadamente, em termos de fi-nanciamento, integrada nas medi-das deste programa.No âmbito do ambiente, AlbertoMesquita anunciou que a Câmaratem em vista um plano de investi-mento ambiental por um lado, epor outro, um plano ligado ao mar-keting e ao turismo. O autarca falada necessidade de potenciar omunicípio nestas áreas, nomeada-mente, no que toca à gastronomiavilafranquense, bem como, a tau-romaquia, que o presidente da Câ-mara considera uma “marca fun-damental e diferenciadora”, vin-cando, igualmente, o patrimónionatural como o Rio Tejo “que é ri-quíssimo”. Neste domínio, AlbertoMesquita destaca também queeste trabalho vai abranger outrasáreas, como os grandes eventosdesportivos e culturais, nomeada-mente, a Corrida das Lezírias. Opresidente da Câmara diz que éfundamental aproveitar todos es-ses eventos de forma a dar a co-nhecer outras realidades e poten-cialidades do município de VilaFranca de Xira.No que toca aos aspetos sociais,Alberto Mesquita mantém em prá-tica as políticas herdadas dos

mandatos de Maria da Luz Rosi-nha. O autarca refere como impor-tantes as colaborações com asInstituições Particulares de Solida-riedade Social “que têm sido muitoefetivas”, lembrando que o apoioda Câmara Municipal tem sido im-portante para algumas famílias eque sem o qual “teriam muitasmais dificuldades”.

Regeneração urbanana ordem do dia

Alberto Mesquita considera que aregeneração urbana no concelhoé uma prioridade. O concelho temmuitas fábricas abandonadas, no-meadamente, junto ao Tejo, e é ur-gente dar um destino a esses ter-renos e edifícios devolutos. Nessesentido a própria Câmara Munici-pal de Vila Franca de Xira, deu iní-cio a uma parceria com o Institutode Ciências Sociais da Universida-de de Lisboa.Este é um projeto que deve en-contrar soluções para os edifíciose terrenos abandonados. Duranteo ano, vão por isso decorrer umasérie de sessões tendo em vista aparticipação cívica da população.Todavia, os técnicos já identifica-ram para a zona ribeirinha do con-celho de Vila Franca de Xira umaserie de possíveis projetos.Desde logo, a aproximação aoTejo e as boas acessibilidades fa-zem com que o local possa seruma extensão do Parque das Na-ções em Lisboa. Os técnicos con-cordam no aproveitamento de ar-mazéns para logística, e tambémna potencialização de espaços derestauração e lazer.Sobre este assunto, Alberto Mes-quita nega que este projeto sejauma continuação do plano estraté-gico, que de resto foi muito critica-do pela oposição. O presidente daautarquia vilafranquense, vincaque o plano estratégico foi funda-mental para o município e quemuitas das indicações surgidasnesses debates foram mesmo se-guidas pela Câmara. O autarca re-jeita comparações com o que estáem cima da mesa para a regene-ração urbana, e lembra que ostempos são outros e que “a dinâ-mica económica e social mudou”acrescentando, por isso, que

“esse plano estratégico teve o seutempo e por isso temos de chegarmais longe”. Defende ainda que oplano estratégico também ajudouna revisão do Plano Diretor Muni-cipal de Vila Franca de Xira.Alberto Mesquita salienta, ainda,que o município se destacou noaproveitamento de fundos comu-nitários , pois foi o concelho queconseguiu fazer o maior númerode investimentos com as verbasdo QREN. De acordo com o autar-ca, o município de Vila Franca deXira aproveitou verbas na ordemdos 20 milhões de euros “o que re-presentou em termos de per capi-ta, uma parcela financeira impor-tante, cerca de 42 mil euros porhabitante”.Alberto Mesquita destaca que talesforço, já deu origem a que o mu-nicípio tenha em preparação vá-rias outras candidaturas, “para darsequência a esse trabalho”. O pre-sidente da Câmara enumera, en-tre outras obras, a continuação darequalificação da zona ribeirinhalocal, “atraindo ainda mais pes-soas para a zona da beira rio, quepermaneceu muitos anos degra-dada”. Aliás o autarca lembra mes-

mo que esse foi um assunto recor-rente durante anos, mas que nun-ca saiu do papel, apenas resolvido“nos mandatos de Maria da LuzRosinha”.Mas há mais questões em abertoe a precisar de um “lifting” por par-te do município. Em causa estápara já a requalificação da Vala doCarregado, e a ligação do parquelinear ribeirinho a Alverca: “Algoque só conseguiremos com fun-dos comunitários”, refere, vincan-do que a autarquia “vai apresentartodas as candidaturas que puderno sentido de atrair esses fundos”.No âmbito da regeneração urbanajunto do Rio Tejo, Alberto Mesquitavinca ainda que estão em curso al-guns projetos para alargar essa re-qualificação a norte de Vila Francade Xira.Nesta altura, o passeio ribeirinhovai de Vila Franca à Povoa, sendointerrompido em Alverca. Mas nofuturo para além de Alverca, tam-bém a zona da Vala do Carregadopoderá ser contemplada.Essa é para já a intenção de Alber-to Mesquita que destacou ao ValorLocal a possibilidade de requalifi-car a zona com a instalação de an-

coradouros para os barcos. O pre-sidente da Câmara diz que não sejustifica mais uma marina no con-celho, isto porque nesta altura omunicípio já dispõe dessas estru-turas em Vila Franca e Alhandra.Contudo “se se vier a ajustar umapossibilidade dessas mais a sul, amesma poderá ser gerida por umaassociação na qual depositemos anossa confiança para essa ges-tão”; como aliás acontece no con-celho.

Vila Franca terá museuda Tauromaquia

Terra de touros e toureiros, VilaFranca de Xira já há muito que as-pira a um museu ligado a essa ati-vidade artística. Atualmente, o an-tigo matador de toiros Mário Coe-lho é o proprietário de um espaçoimportante, mas o município querir mais longe e homenagear a tau-romaquia num todo, complemen-tando o trabalho já feito por aquelafigura do mundo taurino.Alberto Mesquita destaca que omuseu é um sonho de há muitosanos e que ainda vem do tempode Vidal Batista “que foi dos pri-

meiros a falar destas coisas, comgrande paixão e interesse”.Embora os tempos sejam outros,o presidente da Câmara consideraque o museu faz falta: “A nossamarca tem muito a ver com a festabrava e com a tauromaquia” sen-do que a constituição do espaçose torna vital “para reforçar estamarca identitária da nossa cultu-ra”.Alberto Mesquita lembra que, embreve, será levado para aprova-ção, em reunião do executivo, o lo-cal para edificar o museu, desta-cando que o município está tam-bém a trabalhar para lançar umconcurso para o diretor cientificodaquele espaço. O presidente daCâmara que quer implantar o mu-seu ainda durante este mandato,não se compromete com possíveisescolhas de locais ou de pessoaspara o projeto.O presidente da Câmara esclare-ce que a autarquia tudo fará paradar corpo ao projeto neste manda-to, e por isso espera condições fi-nanceiras para tal, e apela a todaa vereação no sentido de aprovar“este sonho acalentado há muitasdécadas”.

Bom desempenho do município a nível das verbas do QREN

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12 Valor LocalDestaque

¢ Sílvia Agostinho

Quem passa na estrada na-cional entre Foros de Sal-

vaterra e Coruche não conse-gue deixar de reparar na multi-plicação de locais que anun-ciam serviços de apoio a ido-sos, vulgo lares. Grande partedeste tipo de negócios encon-tra-se em situação de irregulari-dade – não possuem alvará,não têm acordos com a Segu-rança Social, pelo que as condi-ções deixam a desejar em algu-mas matérias.A nossa reportagem esteve navivenda de uma das “empresá-rias” mais conhecidas na terra.Segundo nos disseram terámais do que uma casa de aco-lhimento, mas só na principaltem 22 idosos a residir. Os quar-

tos são na sua maioria triplos,não havendo muito espaço en-tre as camas, que de resto sãobanais. (A portaria de Março de2012 refere que no caso dosquartos triplos estes devem ter20,5m2, e as camas têm de serortopédicas adaptadas aqueletipo de população). Por cadaidoso, é cobrado neste lar clan-destino o valor de 620 euros. Ajuntar a este preço, quem entratem de pagar uma caução arondar os 200 euros. Verba quea proprietária introduziu recen-temente, dado ter apanhado “al-guns escaldões com falta de pa-gamento das mensalidades porparte de alguns familiares”. Aopção pelos quartos triplos tam-bém é fácil de explicar –“Sódessa forma, é que consigo fa-

zer face às despesas que sãomuitas, de outra forma não con-seguia”, queixa-se. Recibo parao cliente, “só se o mesmo qui-ser”, adianta. Consigo tem a tra-balhar cerca de oito emprega-das, mas à noite, é esta proprie-tária que tem a seu cargo os 22utentes, separados por alas, se-gundo o sexo. “Há que ter umolho no burro e outro no ciga-no”. Mas nada “que um compri-mido à noite não resolva”.Não tem consigo funcionárias ànoite: “Já viu se tivesse de me-ter mais uma empregada. Isto jáestá tão mau. Assim poupo umordenado. Já há muitos anosque durmo aqui num dos quar-tos para ficar alerta se houvernecessidade.”. Também nesteaspeto, a lei refere que determi-

nada estrutura residencial devedispor de pessoal que assegurea prestação dos serviços 24 ho-ras por dia. Sendo que os ráciosde pessoal devem aumentarsempre que se verifiquem casosde idosos com grande depen-dência. Neste caso, a proprietá-ria contava também com aca-mados no local. Para além dascamas não terem proteção, ascampainhas de chamada ti-nham sido arrancadas, ou por-ventura nunca foram colocadas,permanecendo apenas os fios.Este lar ilegal tenta imitar damelhor forma que pode os queestão legais: dispõe de lavanda-ria, de salas de arrumos, salapara medicamentos, e de umescritório, que antes servia de“divisão para os idosos mais ba-

rulhentos”. A boa fama da pro-prietária chegou longe, e são osmuitos os anexos que tem vindoa construir ao longo do tempo,para conseguir acomodar o má-ximo de idosos possível. A pro-prietária deu ainda a conheceroutra regra de ouro – “Durante oprimeiro mês não venham cons-tantemente visitar o familiar,porque ainda se está a habituarà casa e a nós, pelo que é natu-ral que faça pressão para se irembora”Na localidade de Foros, e na vi-zinha freguesia de Marinhaiseste negócio clandestino dá decomer a várias pessoas que es-colheram acolher idosos emcasa como modo de vida. E porisso, Manuela, vamos chamar-lhe assim, sabe que tem con-

corrência – “Os ciclistas vestema camisola amarela, eu fiz omesmo, mas quem não gostaque não a vista! Porque isto jánão dá ganhos. É preciso fazermuitos malabarismos, porquehá muita concorrência, e hojeas pessoas querem bom, bonitoe barato”. Sobre os preços pra-ticados no mercado legal, refereque são normais – “Para umidoso ter de pagar mais de 1000euros, alguma coisa de especialdevem ter. Mas no meu casoera incapaz de dar meia bananade comer a um idoso”, lançapara se referir à ginástica eco-nómica que muitos lares regula-res praticam. Na sua casa, osidosos comem o que entendem– “Não faço comida com muitosal, mas ao pequeno-almoço

Na rota dos Lares de IdososIlegais na RegiãoFizemos o périplo pela rota de uma realidade que se tem multiplicado em alguns concelhos da região, a doslares ilegais. Muitos dirão que é a solução de último recurso de quem tem pouco dinheiro e magras refor-mas. Mas de acordo com o que nos foi possível identificar, há locais alheios à Segurança Social a praticarempara a qualidade do serviço oferecido valores até bastante altos. As motivações destas estruturas de fim delinha, o que dizem as associações do setor, as responsabilidades da Segurança Social, e a cumplicidade dosprofissionais de Saúde, bem como, as divisões no setor entre privados e misericórdias nesta reportagem.

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13Valor Local Destaquepodem beber café, leite, sopasde café, chá. Estão à vontade”.Quanto a casas de banho, sãoinsuficientes face ao número dequartos. Também nesta compo-nente, a lei é exigente, ao dizerque cada uma deve servir nomáximo quatro residentes, masManuela não é de meias tintas– “Como a maioria dos utentesjá está a fraldas…”. Nesta com-ponente, refere que as mudacerca de três vezes por dia aosidosos, desde que os familiaresas forneçam, numa despesa àparte da mensalidade. “Nalgunscasos prefiro ser eu a comprá-las porque muitos familiares ad-quirem as mais ordinárias quenão dão para absorver nada”,queixa-se. Quando necessita dedar banho aos idosos, no lugarda banheira existe um bancobanal. Este é aliás um clássiconeste tipo de lares clandestinos,onde não existe o conceito debanho geriátrico em que a ba-nheira possui apoios, a par dolavatório. Nesta residência, amaioria dos utentes segundo oque nos foi dito não é na suamaioria do concelho de Salva-terra de Magos – “Santos dacasa não fazem milagres!”,apressou-se a responder.É ainda muito frequente estetipo de lares receberem a visitade médicos e de enfermeiros,por vezes do Serviço Nacionalde Saúde, devidamente contra-tualizados pelos proprietários,

numa autêntica rede de cumpli-cidades que trabalha à margemda lei. No caso desta mulher, éuma médica que tem casa deférias na localidade que dá as-sistência. Como as condiçõesonde estão alojados os idososnão são as ideais face à fragili-dade do seu estado de saúde,até porque muitos estão acama-dos, é dever do profissional nãonegar a assistência, mas tam-bém proceder à denúncia destetipo de situações. Numa resposta escrita enviadapelo Instituto de Segurança So-cial ao nosso jornal é nos ditoque “é dever ético e deontológi-co dos profissionais efetuaressa referenciação (…) Salien-ta-se que o Instituto da Segu-rança Social tem efetuado umgrande investimento na articula-ção com todas as entidades ofi-ciais com competências e obri-gações junto das populaçõesidosas, como é o caso da Or-dem dos Enfermeiros e da Or-dem dos Médicos, alertandopara a necessidade de denun-ciarem e reportarem as situa-ções irregulares e de negligên-cia de que tenham conhecimen-to”. O Valor Local contatou a Ordemdos Médicos a pedir um parecersobre este tipo de serviçosprestado pelos seus profissio-nais, mas até à hora de fechodesta edição não recebemosresposta.

Ações de fiscalizaçãode lares ilegais De acordo com dados da Segurança Social, durante o ano de 2014, e até 15 de outubro, foram reali-

zadas 1.346 ações de fiscalização a equipamentos sociais, sendo que 754 ações de fiscalizaçãoforam realizadas a respostas na área de idosos. Como resultado das ações de fiscalização a equipa-mentos sociais, foram encerrados 69 estabelecimentos, dos quais 60 respeitam à área dos idosos.Especificamente na Região de Lisboa e Vale do Tejo, e até 15 de outubro, foram realizadas 204 açõesde fiscalização a respostas sociais na área de idosos. Como resultados destas ações foram já encerrados20 estabelecimentos encontrando-se quatro processos em fase de audiência prévia. As ações de fiscalização, e em função do tipo e gravidade das irregularidades verificadas, podem tercomo resultado processo de contraordenação, encerramento administrativo, encerramento urgente atéprocesso-crime por indícios de maus-tratos ou de desobediência (caso haja reiteração da conduta).Os motivos que levam ao encerramento destes lares prendem-se, em geral, com: alvará; instalações;certificado de condições de segurança do Serviço Nacional de Bombeiros e Proteção Civil; certificadode vistoria higieno-sanitária; licença de utilização das instalações; regulamento interno; diretor técnico;plano de atividades; livro de registo de admissão de utentes.Procede-se ao encerramento urgente quando se verifica perigo iminente para os direitos dos idosos epara a sua qualidade de vida, suscetíveis de colocar em risco a sua integridade física e psíquica, sendo,nestes casos, recolhida prova para comunicação ao Ministério Público.Em março deste ano, foram decretadas novas regras para o regime contraordenacional, em que as coi-mas subiram substancialmente face ao passado. Atualmente, os montantes das coimas relativas às ir-regularidades passíveis de contraordenação podem ser entre 20 mil e 40 mil euros para a infração muitograve. Quando em 2013, os prevaricadores podiam pagar no máximo entre 2 mil 493 euros e 9 mil 775euros. Os infratores graves pagam agora entre 2500 a cinco mil euros, e no caso das infrações levesentre 500 a 1000 euros. No universo total de ações de fiscalização a respostas sociais, de janeiro a início de outubro, o Institutoda Segurança Social identificou cerca de 2.695 infrações no país, num total de 344 autos de notícia,que representam um valor de coimas superior a 4 milhões de euros.Também à DECO surgem queixas relacionadas com lares de idosos. Segundo, a DECO-Proteste em2012, foram registadas como principais queixas, quer em ilegais ou legais, quartos interiores sem janelasou tão apertados que as portas não fechavam, escadas com acessos impossíveis de transpor por idososcom dificuldades motoras, portas de quartos fechadas à chave para impedir a ida dos idosos ao quartodurante o dia, falta de higiene, desaparecimento de bens pessoais, negligência nos cuidados do dia-a-dia, ou mesmo desrespeito na toma de medicação, entre outras situações. Há ainda lares em que, muitasvezes, a única atividade oferecida é ver televisão ou jogar às cartas. Por outro lado há reclamações re-lacionadas com questões contratuais, como por exemplo, o pagamento de caução e sua devolução, cus-tos inesperados, faturas incompletas ou pouco claras, aumento inesperado da mensalidade.

Associações pedem mais medidasQuer a Associação de Apoio Domiciliário e Casa de Repouso de Idosos (ALI) quer a Associação de Apoio aos Amigos da Grande Idade des-

confiam da possível ação coerciva e dissuasora do Governo junto dos lares ilegais, tendo em conta a nova lei. A ALI pela voz do seu presidente,João Ferreira Almeida, ao Valor Local defende que há que diferenciar “os encerramentos urgentes” das “ordens de encerramento” que na maioriados casos coincidem com o fecho de uma casa num determinado local e a sua reabertura noutro. Já Rui Fontes, da Associação de Apoio aos Amigos da Grande Idade, refere que “não é com coimas que vamos a algum lado”. “A penalização nãotraz qualquer vantagem, pois o problema é mais de formação do que outra coisa. Por outro lado, multam-se os lares, mas os médicos e enfermeirosque lá vão também têm responsabilidades sociais de alerta”. A ALI também insiste que nem sempre o lar que se encontra ilegal é clandestino, carecendo apenas de uma autorização, dado que observa asregras básicas de funcionamento. Sobre os preços praticados nos clandestinos, João Ferreira Almeida é perentório – “É impossível com esses va-lores de 500 ou 600 euros ou até menos conseguirmos dar o nível de qualidade exigível, porque se fizer as contas um lar que cobre 1200 eurospor mês, isso significa 40 euros por dia com a obrigação de pagar a alimentação, a higiene pessoal, a higiene da casa, médico, enfermeiro, animadorcultural e os outros empregados. Parece muito dinheiro mas não é caro.”

É dever dos profissionais de saúde denunciarem casos de negligência com idosos

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14 Valor LocalDestaque

Numa vivenda situada à beirade uma estrada onde poucos

veículos passam numa localidadeisolada na zona de Carnota emAlenquer, a nossa reportagem de-parou-se com um cenário caótico.O anúncio na internet despertou anossa atenção, pois de todos osque consultámos era o que fazia opreço mais barato da região – ape-nas 450 euros.Deslocámo-nos ao local, onde amulher que colocara o anúncio ti-nha uma vaga disponível, e ondetambém morava com os familiares.Às quatro da tarde de um domingorecebeu-nos, através de marcaçãoprévia, vestida com umas calçasde pijama. As vagas situadas logoà entrada da casa, compreendiamum quarto duplo. Ao lado numquarto simples uma idosa estavadeitada. O ar dentro da habitaçãoera irrespirável tendo em conta oforte odor a tabaco, sendo que nacozinha era possível verificar queexistia um tabuleiro com muito ta-baco de enrolar e uma maquinazi-nha para o efeito. Luísa, vamos chamá-la assim, nãose cansou de dizer – “É uma casi-

nha simples, mas aqui são bemtratados, têm carinho”. Disse quenão precisava de levar mais doque os 450 euros – “Não quero en-riquecer, basta o meu poucochinhopara o dia-a-dia. Regra geral – “Háquem goste de cá estar, há quemnão goste e se vá embora, masdeixo todos à vontade”.Quando se fala em banho, tam-bém na habitação desta senhorahá um banco naquela divisão dacasa, sendo que a higiene não temcaráter de obrigação – “As pes-soas tomam banho quando que-rem, não obrigo a nada”, e prosse-gue neste aspeto – “Agora de in-verno não dou banho todos osdias, quando têm chichi passocom um toalhete, se porventura fi-zerem cocó na fralda aí é que temde ser”, elucidou com toda a natu-ralidade. Sobre o preço que pe-dem nos lares considera que sãodemasiado caros, “e há quempeça subsídio de férias e de natalcomo me chegaram a contar”.Enquanto se percorre as peque-nas divisões desta casa, há um ce-nário de desarrumação e até depenas de galinha pelo chão. Sa-

bendo da visita de antemão, nãohouve um cuidado em tentar agra-dar a um possível novo cliente. Quando lhe perguntamos pelas re-feições, referiu que à noite é sem-pre sopa de carne – “É do que elesgostam!”. Incrivelmente há elementos doServiço Nacional de Saúde a pres-tar cuidados nesta casa. Foramadiantados nomes à nossa repor-tagem que comprovámos presta-rem cuidados de saúde no conce-lho de Alenquer. O Valor Local ex-pos o caso através de mail (foi omeio que nos pediram para utili-zar) à delegada de saúde de Alen-quer, Túlia Quinto, que nos fezchegar a seguinte resposta: “Cum-pre-me informar que ultimamentenão foi formalizada nenhuma quei-xa à Unidade de Saúde Pública doACES Estuário do Tejo sobre laresde idosos ilegais, nem sobre casasde acolhimento de idosos situadasno concelho de Alenquer”. Apesarde referirmos a deteção de umcaso especifico, o ACES Estuáriodo Tejo não manifestou interesseem saber mais tendo em vista umapossivél actuação no terreno.

Alexandre Tomás, da Ordem dosEnfermeiros, contatado pelo nossojornal também refere que emboraos profissionais tenham o dever deprestarem cuidados de saúde, noscasos em que a dignidade e ascondições de higiene e de salubri-dade sejam postas em causa, taldeve ser reportado e comunicadojunto da Segurança Social, sendoessa uma obrigação dos profissio-nais.

Segurança Social excluiresponsabilidades

De acordo com a Segurança So-cial, só se considera como lar umaestrutura residencial que alberguequatro ou mais idosos. No casodas ditas casa de acolhimento nãoé legalmente viável a realização deuma ação de fiscalização, uma vezque a atividade de prestação decuidados até três idosos não con-figura a existência de um lar, con-tudo poderá haver intervenção so-cial se os idosos forem maltratadoou negligenciados.No que se refere ao caso que de-mos a conhecer junto da seguran-

ça social, “quando haja uma quei-xa referindo que os idosos sãomaltratados ou que estão negli-genciados, a Segurança Social in-tervém no âmbito da ação social,para aferir da eventual necessida-de de apoiar os idosos. Sempreque alguém toma conhecimentode situações de negligência devetambém participar o facto às auto-ridades competentes (PSP, Minis-tério Público).”O Valor Local contatou ainda ou-tras estruturas familiares de acolhi-mento. No concelho de Azambujafoi nos possível averiguar a exis-tência de uma casa na zona deAveiras de Cima, onde acolhiam

um máximo de três idosos, pelopreço de 600 euros por mês. Esteé aliás o preço que em média es-tas estruturas praticam, quasesempre sem recibo e com o tradi-cional fraldas e medicamentos àparte, tal como nos lares regulares.A maioria destas casas são geri-das por pequenas famílias, ou pormulheres entre os 50 e 60 anos,que regra geral também só estãodisponíveis para aceitar idosas.Em todos os casos que pudemosverificar há acordos com médicose enfermeiros, que trabalham noServiço Nacional de Saúde, e nãohá acordos com a Segurança So-cial.

Casa de acolhimento com ambiente caótico

Mavíldia Dionísio gere a Resi-dencial Sonhos Meus, com

24 idosos, em Marinhais, há 16anos, e é das empresárias doramo que mais sofre com a feroz“visibilidade” das casas de acolhi-mento e de lares ilegais, que nãoconsidera “concorrência”. Segun-do a mesma haverá cerca de 12casas na vila de Marinhais ondese presta este tipo de serviço.A filha de Mavíldia Dionísio, CíniaPereira, diretora técnica do lar, atéconta que chegou a ter conheci-mento de “um lar onde idosos co-miam junto com os pombos àmesa”. Sendo também muito co-nhecido “o caso de um homemque chegou a ter quatro casasdestas aqui na vila”.Há alguns anos que tenta denun-ciar, “até com emails para o minis-tro”, este tipo de casos, não por-que lhe roubem clientes, mas por-que está sujeita a um infindávelconjunto de regras junto da Segu-rança Social, enquanto as casasem causa não têm de se preocu-par com isso, e até dá conta quesó em papelada para conseguiracrescentar uma nova ala, hámeia dúzia de anos, ao seu largastou 12 mil euros. “Para ter oprimeiro alvará cheguei quase ater de dormir à porta da Seguran-ça Social em 1998”.Hoje a quase totalidade dos quar-tos está lotada, uma boa fatia dosclientes é oriunda de Lisboa, ondeos preços são mais caros e daí a

opção por uma residencial na pro-víncia. “A grande maioria dos fami-liares vem visitar os seus idososao fim-de-semana”.No entanto, é da opinião de queapesar das dificuldades, os proce-dimentos da Segurança Socialmudaram bastante – “Hoje conse-guem ajudar mais quem quiser es-tar legal, por isso quem está porbem neste ramo, consegue terajuda se se esforçar para isso”. Alegislação na sua opinião melho-rou no que se refere à questão donúmero de casas de banho obri-gatórias bem como a possibilidadede existirem quartos triplos desdeque respeitem as medidas impos-tas por lei. Os seus preços variam entre os890 (quarto duplo) e os 970 euros(quarto simples). Mavíldia Dionísiocumpre as obrigações quanto aum animador sócio-cultural, médi-cos, e pessoal de acordo com onúmero de utentes. É visitada pelafiscalização duas vezes por ano.“Fico muito revoltada porque tenhode observar todas as condições emais algumas, porque se for pre-ciso implicam com tudo, e os ile-gais podem andar como querem,que nada lhes acontece.”Cínia Pereira relata que quandofez estágio numa instituição, nocaso uma IPSS, em Santarém “afiscalização até implicou com umsalame de chocolate”.Sobre quem possui cerca de trêsa quatro idosos em casa, refere

que regra geral, as pessoas quese dedicam a essa atividade “nãosão supervisionadas pela Segu-rança Social como deveriam ser,visto que se assim fosse não ga-nhariam o suficiente para pagar osimpostos e ter em atenção tudo oque é exigido”. “As pessoas vãono engodo do dinheiro fácil, masse andassem dentro da legalida-de, veriam que os lucros são cur-tos”.Quando confronta responsáveisda Segurança Social de Santa-rém, a resposta é quase sempre amesma – “Dizem que não há laresque cheguem, que não têm ondepôr os idosos que estão nessascasas ilegais, mas mesmo assimnão consigo perceber porque nãofecham essas casas, se fiscalizas-sem ainda mais e passassem mul-tas, tinham mais dinheiro para aju-dar quem necessita de respostasà altura”. Por outro lado, reconhece queesse tipo de casas continua a serum chamariz mesmo para quemapesar de conhecer as condiçõesde um lar regular, prefere a dadaaltura outra alternativa. Cínia Pe-reira conta um caso que a marcou– “Tivemos uma idosa com escle-rose que já não nos reconhecia,não falava. O filho achou que na-quele estado a mãe podia estarbem em qualquer lado, porque aidosa já não se conseguia queixar.Este caso chocou-me bastante.Levou a mãe para uma dessas ca-

sas com muitos anexos, onde aidosa morreu porque deixou decomer”. “Não somos objetos nemuma peça de roupa velha”, juntaMavíldia Dionísio. “Nota-se que osfilhos têm cada vez menos respei-to pelos pais, muitos têm dinheiroe não se importam de os meternum buraco”.Mavíldia Dionísio vê poucas solu-ções para o estado de coisas, masuma delas poderia passar por umsistema de atribuição de estrelasaos lares, como nos hotéis. Assim

quem quisesse trabalhar com me-nos exigências, ainda que dentrodos padrões impostos, podia con-seguir, e passar à legalidade.“Dessa forma dava para todosneste ramo, porque as obrigaçõeseram comuns, algo que não acon-tece” com o atual clima de impuni-dade. “Para algumas dessas pes-soas pagar dois mil euros de multaé uma brincadeira, se for precisomudam de casa, e continuam atrabalhar à mesma”.No fim desta entrevista, ficámos a

conhecer a dona Quitéria, com 79anos, uma idosa que chegou aestar numa casa de acolhimentomas que regressou à ResidencialSonhos Meus. Não tem muitasmemórias da sua passagem pelaoutra casa, mas diz que “não tevetempo de fazer muitos amigos,”nesse local, onde esteve poucotempo. Gosta de estar na residen-cial, mas não se lembra de muitasdiferenças em relação ao localanterior, mas assegura – “A minhafilha prefere a residencial”.

Dona de residencial em Marinhaisrevoltada com proliferação de ilegais

Mavíldia conta que investiu bastante na nova ala

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Especialista em Gerontologia não tem dúvidas:“Há cada vez mais familiares a ficarem com o dinheiro dos idosos”

15Valor Local Destaque

Mesmo entre os lares que seencontram legais, o setor

não é dominado pelo pacifismo.De acordo com a ALI, o Estadopratica descriminação entre osdenominados lares privados oulucrativos e as misericórdias.Diz a associação que se um ido-so tiver um baixo rendimento “oque tiver a sorte de conseguirque o serviço de lar seja presta-do por uma instituição social temdireito a ser subsidiado pela Se-

gurança Social, já o outro que ti-ver o azar de só conseguir queo mesmo serviço seja prestadopor uma empresa privada nãotem o mesmo direito, salvo si-tuações pontuais”. A ALI refere ainda que se assis-te atualmente a uma inversão depapéis dos lares sociais commuitos idosos com recursos apagar mensalidades altas e la-res privados com muitos idosossem recursos e sem subsídio. A

associação não tem dúvidas deque há idosos com mais recur-sos que estão a ultrapassar ou-tros nas instituições sociais, queassim desvirtuam a sua nature-za, nomeadamente, com a cons-trução de lares mais recentesnuma “lógica comercial e lucra-tiva”.A Segurança Social ao nossojornal responde que de acordocom a lei em vigor é com a redesolidária (Instituições Particula-

res de Solidariedade Social ouinstituições equiparadas) quemantém acordos. Sendo que naquestão dos apoios “estes acor-dos de cooperação configuramo apoio financeiro para o funcio-namento das respostas sociaisdirigidas a diversas populaçõese neles está previsto um conjun-to de regras que deverão seraplicadas às comparticipaçõesfamiliares devidas pela utiliza-ção dos serviços ou equipamen-

Paula Guimarães, responsáveldesde 2006 pelo Gabinete

de Responsabilidade Social doMontepio, e especialista em Ge-rontologia Social, área que inves-tiga as problemáticas da terceiraidade, é das especialistas comuma posição mais frontal em re-lação à proliferação de lares ile-gais e de casas de acolhimento,em particular. Mas Paula Guima-rães salvaguarda que as culpasnão devem ser atiradas às dife-rentes soluções onde os idosossão colocados, mas aos filhosque “preferem ficar com o dinhei-ro dos pais a dar-lhes condições

para viverem da melhor forma osseus últimos anos de vida”. Com o intensificar da crise eco-nómica, Paula Guimarães não

tem dúvidas em afirmar que assituações de exploração financei-ra aumentaram. “Sabemos decasos de pessoas idosas, queembora não tenham uma pensãomuito alta, possuem patrimónioque podia ser rentabilizado parasuportar a sua estadia num equi-pamento de qualidade, mas queé gerido abusivamente pelosdescendentes”. Ou mesmo ca-sos de “familiares que puseram oidoso num lar quando ainda po-dia estar em casa, mas como asituação financeira agravou-seretiram o idoso do lar, já comuma idade mais avançada e

quando de facto deveria conti-nuar na instituição”. “Precisam dodinheiro do idoso para a sua pró-pria subsistência”. Em entrevista ao Valor local, dizainda que as casas de acolhi-mento levantam várias questõesporque entre outros fatores estáem causa “a deficiente supervi-são e enquadramento legal des-sa reposta, nomeadamente, emquestões como a formação des-sas pessoas, o entendimento ju-rídico que os diversos elementosda família devem ter em relaçãoao idoso acolhido”. E vai maislonge: “Há algo que me parece

absolutamente inconcebível queé o fato de o Estado financiar,ainda que em poucos casos,(dado que a grande maioria estáà margem de qualquer interven-ção da Segurança Social) pes-soas estranhas que acolhem ido-sos, quando deveria dar esseapoio aos seus descendentes.”“Há filhos que cuidam dos paisem casa porque estão desem-pregados mas não são reconhe-cidos como cuidadores, mas sefor buscar uma mãe de uma ami-ga sua já recebe apoios. Isto nãofaz sentido nenhum”. A especia-lista defende que só em casos

muito específicos esse acompa-nhamento poderá ser bem suce-dido quando “é prestado por vizi-nhos, ou entre pessoas que já seconhecem há muito tempo, emmeios rurais, mas generalizaristo em centros urbanos é perigo-so”.Quanto aos casos em que sepresta deficiente acompanha-mento ao idoso, por vezes no li-miar da dignidade humana, refor-ça que devem ser combatidos edenunciados. Redobrar a forma-ção e a vigilância poderá ser ocaminho de acordo com a espe-cialista.

Lares privados versus Misericórdias:Concorrência desleal ou não?

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16 Valor LocalDestaquetos sociais, sendo a compartici-pação proporcional ao rendi-mento do agregado familiar, me-diante a aplicação de uma per-centagem sobre o rendimentoper capita.”Ouvimos algumas misericórdiasda região. Segundo ElisabeteTeófilo, da Santa Casa do Carta-xo, esta entidade que “apoia dia-riamente mais de 200 pessoas,contando com 65 residentes noLar de S. João, 10 em residên-cias assistidas, e 35 na Casa deSanta Cruz” pratica mensalida-des na vertente de lar de 477euros em média. Sendo que as mensalidades en-globam todos os serviços pres-tados, nomeadamente, os servi-ços clínicos e de reabilitação.“Mas para conseguir cumprircom todos os nossos compro-missos, por vezes, temos de nosvaler de verbas provenientes dopatrimónio”. Sobre a questãopolémica levantada pela ALI deconcorrência desleal no setor,entende que as misericórdiaspodem praticar as mesmasmensalidades que os lares pri-vados pois abrangem o mesmopúblico alvo.À semelhança dos lares priva-dos, refere a Santa Casa doCartaxo que também dinamizaatividades ocupacionais e dedesenvolvimento pessoal, desig-nadamente, ações de psicomo-tricidade, expressão corporal(sessões de ginástica e ativida-de psicomotoras nas salas deestar com os utentes menosparticipativos), atividades lúdi-cas/recreativas (atelier Sentiar-te, Orquestra da Misericórdia),atividades intelectuais/formati-vas (jogos e dinâmicas de gru-po), culturais/sociais (sessõesde leitura e escrita, multimédia,intercâmbios, passeios e visitas,

comemoração de datas festi-vas), atividades espirituais e re-ligiosas.Esta entidade do Cartaxo refereainda que é um dos primeirosseis empregadores do Cartaxo,e conta “com um orçamentomuito razoável para a sua di-mensão”. “De realçar que a in-fluência das ajudas estatais àMisericórdia do Cartaxo repre-senta apenas 23% do seu orça-mento, logo depende muito me-nos que o habitual”, o que “de-monstra o imenso trabalho nagestão desta instituição”. Acres-ce ainda que ao contrário doque a maioria das pessoas pen-sam “apenas a Santa Casa daMisericórdia de Lisboa é umaentidade pública e a única dopaís que recebe o lucro dos jo-gos da santa casa. Todas asrestantes misericórdias sãoIPPS’s.” Sebastião Bexiga, provedor daSanta Casa da Misericórdia deAzambuja, refere que presente-mente a entidade tem capacida-de em lar para 49 utentes, epresta apoio domiciliário a 15pessoas. Conta ainda com can-tina social que fornece diaria-mente 15 refeições. Paralela-mente está em projeto umanova unidade funcional commais 24 camas, no valor de 1milhão 100 mil euros, com 80por cento de comparticipaçãodos fundos comunitários, bemcomo melhorias na unidadeatual, com reformulação da co-zinha e armazém. O provedorespera que a nova unidade pos-sa estar pronta dentro de umano e meio, embora o projeto játenha 20 anos. O preço de referência da unida-de em articulação com a Uniãode Misericórdias para a vertentede lar é de 725 euros, no entan-

to, e de acordo com o provedor,a instituição não fecha a porta aquem não consegue pagar a to-talidade da mensalidade. Peloque a média atualmente andapelos 483 euros. Quando a novaunidade for uma realidade, ospreços vão ficar dentro dosatuais. O provedor refere que cada vezmais a questão do envelheci-mento tem de ser vista à luz dostempos atuais, dado o estado dedegradação física e mental comque os idosos chegam aos la-res, sem a mínima autonomia.“Por via de terem à sua disposi-ção o apoio domiciliário e oscentros de dia, procuram-se oslares numa fase muito avança-da, pelo que aquelas estruturasdevem também estar equipadascom condições ainda mais exi-gentes, e com aumento do ráciode pessoal auxiliar”, refere paraexplicar também a polémicaquestão das mensalidades. Sobre a questão levantada pelaALI, afasta a possibilidade de“as misericórdias terem algumaespécie de lucro”. “Isso não fazqualquer sentido, e se não tivés-semos apoio tínhamos aindamais dificuldades”

Proliferação de estruturaisilegais

Através desta reportagem, foi-nos dado a perceber que o con-celho de Azambuja é dos quemenos lares ilegais ou casas deacolhimento possui. Longe vãoos tempos em que o concelhofoi notícia pelo encerramento deum lar ilegal em Manique do In-tendente, e no entender de Se-bastião Bexiga, tem sido possí-vel afastar aquele tipo de reali-dade, graças a uma dinâmicaconcelhia que fez com que em

muitas freguesias nascessemrespostas sociais das institui-ções e dos privados, como oCentro Social e Paroquial deAzambuja, o de Aveiras deCima, Aveiras de Baixo, Casaisda Lagoa. Mais recentementeinstalou-se no concelho uma es-trutura que tem dado que falaraté na comunicação social na-cional, de que é exemplo o larda IURD, dotado de condiçõesmuito acima da média. Já no caso do Cartaxo, o cená-rio já foi mais dramático. Peloque apurámos algumas estrutu-ras localizadas em freguesiasmais rurais têm vindo a desapa-recer, mas de acordo com Elisa-bete Teófilo, nos últimos anos“assistimos a muitas notícias deencerramento compulsivo de la-res ilegais por parte da Seguran-ça Social mas o que acontece éque os lares ilegais são encerra-dos num dia e os responsáveisdestes lares ‘deslocalizam-nos’para outros espaços”. “Na minha opinião continua aexistir dificuldade em fiscalizarpois os responsáveis destes la-res não são obrigados a abrir asportas dos seus estabelecimen-tos às entidades competentes.” Por outro lado, a resposta Social“Estrutura Residencial para Ido-sos”, do lar de S. João da SantaCasa da Misericórdia do Cartaxotem mais de 300 pessoas inscri-tas a aguardar vaga. “Temos no-ção que não conseguimos res-ponder a todas as necessida-des, mas no atendimento às fa-mílias também nos apercebe-mos que muitas vezes as mes-mas optam pela institucionaliza-ção em lar, quando existem res-postas sociais intermédias comocentro de dia e apoio domiciliá-rio, que seriam mais adequadaspara as necessidades.”

EditorialOs leitores do Valor local sabem que não é meu hábito ocu-

par espaço do jornal com editorais. Sempre entendi, desdeo tempo em que dirigi o jornal MalaPosta, que sendo limitado, oespaço do jornal, deve ser colocado ao serviço da população,quer através das notícias ou reportagens, quer de artigos de opi-nião ou simplesmente desabafos.Contudo, esta edição do Valor Local está carregada de motivosespeciais para abrir uma exceção, nesse sentido. Nesta edição,o Valor Local foi confrontado com uma realidade, que emboraseja por demais conhecida, não é reconhecida junto à nossaporta. Trata-se da proliferação de lares ilegais ou de casas deacolhimentos de idosos, que têm crescido na nossa área de in-fluência.Os portugueses são por norma um povo que é solidário e incré-dulo. Sabem da existência deste tipo de situações, mas pensamsempre que se encontram noutros sítios, e nunca na sua locali-dade e muitas vezes à sua porta.Foi esta triste realidade que constatamos numa grande reporta-gem feita nos concelhos de Azambuja, Cartaxo, Alenquer e Sal-vaterra de Magos, onde chegam a existir, apenas numa locali-dade doze casas, sem qualquer tipo de autorização da Seguran-ça Social ou de outras entidades. O panorama é por isso deso-lador. Se por um lado todos já vimos nos supermercados anún-cios onde algumas senhoras se oferecem para tomar conta deidosos, nunca os associamos às condições oferecidas a trocode 600 ou mesmo de 400 euros. Muitas das instituições ilegaisinvestigadas pelo nosso jornal, não têm as condições necessá-rias para acolher idosos. Muitas usam camas banalíssimas, semqualquer tipo de proteção e a higiene chega a ser feita apenasquando o idoso pede; ou quando já está há muitas horas semmudar a fralda.O curioso nestes casos é que todas as casas visitadas pelo nos-so jornal têm acordos com médicos e enfermeiros. Mas se é cer-to que devem prestar a assistência pedida, também é certo quedevem denunciar casos a quem de direito, que neste caso sãoas autoridades.Esta é uma realidade que está mesmo à nossa porta. E se porum lado nas sociedades actuais, os filhos, porque trabalham,deixam de ter hipótese para cuidar dos pais; há por outro lado,uma falta de respeito pelos progenitores atirando-os para esteslocais, que representam muitas vezes o fim de vida, e que nemsempre é o mais digno.Urge por isso uma mudança de mentalidades em todos estesprocessos. Em primeiro lugar por parte das entidades estataispara que regulamentam estas casas, que exploram ao máximotodas as potencialidades e vazios legais, incrementando aindamais esta economia paralela. Em segundo lugar, é importante,mais do que discutir e refletir, dotar as famílias de mecanismospara que estas possam cuidar dos seus velhos com a dignidadeque merecem.Noutro contexto, é notório que o Valor Local tem vindo a crescernos últimos meses. É nosso propósito, até através da nossa integração na ACISMA(Associação Comércio Industria e Serviços do Município deAzambuja) o fomento de debates e discussões sobre temas deinteresse geral. Sob esse desiderato, vamos levar a cabo o pri-meiro de muitos outros debates, no próximo dia seis de dezem-bro, sobre o atual momento da economia local e nacional e assaídas de investimento para as empresas através do QREN. Trata-se de uma parceria entre o Valor Local e a Caixa de Cré-dito Agrícola de Azambuja, que desde a primeira hora tem sidouma parceira incansável do nosso jornal, na pessoa do Comen-dador Francisco João Silva.Este será um debate para refletir sobre a economia local e na-cional, assente na logística, serviços e agricultura, estando porisso previsto na abertura deste certame, a presença do Secre-tário de Estado do sector, José Diogo Albuquerque.Este é de resto um dos motivos de orgulho do nosso jovem jor-nal, que já é reconhecido como uma referência nos concelhosonde estamos inseridos.

Miguel António RodriguesA média das mensalidades da Santa Casa de Azambuja é de 483 euros

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17Valor Local Opinião

Aaposta, em exclusividade nosrecursos financeiros, tecnoló-

gicos e logísticos, deixou de ser aúnica preocupação das organiza-ções. A crescente necessidade dedesenvolvimento das competên-cias/qualificações dos seus recur-sos humanos, constitui uma mu-dança de paradigma na gestão,dada a permanente competitivida-de nos mercados de trabalho edas constantes inovações tecnoló-gicas que envolvem o mundo or-ganizacional (empresarial).Qualquer organização bem estru-turada, empreendedora e que pre-tenda ser competitiva, seja ela, pe-quena, média ou grande empresa,tem necessidade de efetuar umbalanço no que concerne à perfor-mance dos seus colaboradores.Basicamente, a avaliação de de-sempenho (AdD), é um dos princi-pais vetores, responsáveis pelamelhoria comportamental e, con-sequentemente, pelo progressoprofissional do colaborador. A AdD pretende identificar e men-surar os desempenhos dos cola-boradores de uma organização,realizados em um dado período detempo e, tem por objetivo, diag-nosticar e analisar o desempenhoindividual e grupal. Fornece aogestor de recursos humanos(GRH) informações relevantes,tendentes à tomada de decisão,impactante na ação de despedi-mento por extinção do posto detrabalho (PT) mas também, noprocesso de decisão acerca de re-munerações, recompensas, pro-moções, necessidades formativas,

planeamento e progressão na car-reira, seleção e retenção de talen-tos, entre outras ações pertinentespara o GRH, em consonância comos objetivos da organização.A concretização do processo deavaliação, procura perceber se osobjetivos delineados pela gestãode topo da organização, estão ounão, sendo cumpridos pelos seusatores organizacionais (Aguinis,2007). Nesse âmbito são realiza-dos questionários (incluindo todosos stakeholders), observaçõescomportamentais, entrevistas aoscolaboradores em avaliação, obje-tivando a perceção se os seuscomportamentos em contexto pro-fissional coincidem com os objeti-vos globais da organização (Go-mes, Cunha, Cardoso e Marques,2008). Neste âmbito, teem vindo a seridentificadas inúmeras barreirasque poderão dificultar a aplicaçãoda AdD no seio organizacional,dada a subjetividade presente noprocesso. Essas barreiras devemser prontamente identificadas,contornadas e substituídas porpráticas avaliativas mais eficazes. É, de todo importante, a formaçãodos avaliadores para que o pro-cesso avaliativo se processe comeficácia, uma vez que possibilitatomadas de decisão, mais objeti-vas e fiáveis. Outro aspeto de pri-mordial importância é, a manuten-ção da confidencialidade dos ava-liados e dos avaliadores. Qualquer processo avaliativo temcustos temporais e monetários quedevem ser igualmente mensura-

dos. De entre os vários métodos utiliza-dos na AdD, e são muitos, há um,que nos parece ser mais concer-nente com a democraticidade eabrangência que deve prevalecerem qualquer avaliação; trata-se daavaliação a 360 graus, que permite

que o avaliado receba feedback detodas as pessoas com quem inte-rage, os stakeholders: pares, su-perior imediato, subordinados,clientes, fornecedores, etc. Permi-te também, a autoavaliação. Não se exclui a aplicação de ou-tros métodos (nomeadamente top-down) em complementaridade,desde que, se revelem eficazes.

Ideias a reter

1. A AdD é uma prática primordialno seio de qualquer organização,porque será através deste que setomam decisões determinantespara a eficácia organizacional;

2. A formação dos avaliadores écrucial para o processo avaliativoque, se pretende eficaz;3. A AdD é um processo complexoque tem associado, custos tempo-rais e monetários, à subjetividadedos avaliadores;4. Devem ser percebidas quais as

principais barreiras, identificá-las econtorná-las por forma a seremsubstituídas por práticas/métodosavaliativos mais eficazes;5. O método de avaliação a 360º,parece-nos ser o mais democráti-co e o menos exposto à subjetivi-dade, dado o número de partici-pantes, incluindo os stakeholders,igualmente interessados na orga-nização (clientes e fornecedores).O novo Código de Trabalho (CT),a Lei 27/2014, que entrou em vigorem 01 junho 2014, preceitua osnovos critérios para o despedi-mento por extinção do posto detrabalho.Este novo regime, substitui final-

mente, o critério baseado no ideá-rio castrense, “a antiguidade é umposto”, i.e, que privilegiava a anti-guidade do trabalhador na empre-sa em detrimento de quaisquer ou-tros critérios avaliativos. Este novoparadigma, permitirá, pensamosnós, uma maior equidade nas futu-ras decisões que o GRH venha ater de tomar, dando-lhe, quanto anós, uma dimensão ética e deon-tológica que, deve ser de primor-dial importância e a principal preo-cupação, na difícil tarefa de reali-zar um despedimento.A avaliação de desempenho passaa ser o principal critério de despe-dimento, entre cinco critérios, a sa-ber: 1. Pior avaliação do desempe-nho, com parâmetros previamenteconhecidos pelo trabalhador; 2º.Menores habilitações académicase profissionais; 3º. Maior onerosi-dade pela manutenção do vínculolaboral do trabalhador para a em-presa (questionável); 4º. Menor ex-periência na função; 5º. Menor an-tiguidade na empresa.O parágrafo 4 da referida Lei pre-ceitua que, “uma vez extinto o pos-to de trabalho, considera-se que asubsistência da relação de traba-lho é praticamente impossívelquando o empregador não dispo-nha de outro compatível com a ca-tegoria profissional do trabalha-dor”.Para o processamento da AdDteem de existir parâmetros - ba-seados no (s) método(s) aplica-do(s) - que devem ser previamenteconhecidos pelo trabalhador, comoaliás, está expresso na lei. Os sin-

dicatos e/ou a comissão de traba-lhadores devem ter um papel fisca-lizador da aplicação da lei nas ava-liações e intervir sempre que ne-cessário.

Informação a reter

Os cinco critérios, para o despedi-mento, por extinção do posto detrabalho:1. Pior avaliação do desempenho;2. Menores habilitações académi-cas e profissionais;3. Maior onerosidade do vínculo la-boral;4. Menor experiência profissional;5. Menor antiguidade na empresa.Muito mais haveria a escrever so-bre esta temática mas, infelizmen-te, não cabe no âmbito de umacrónica jornalística, pelo que, ten-támos de alguma forma, sumariaro tema, deixando algumas ideiasconducentes a uma melhor perce-ção do que está em causa.Para epílogo, importa informarque, também as organizaçõesteem a sua avaliação de desem-penho, mais concretamente, uminstrumento de medição (BalancedScorecard) do desempenho orga-nizacional que, à tradicional pers-petiva financeira, acrescenta crité-rios referentes a clientes, aos pro-cessos internos e à inovação,aprendizagem e crescimentonuma cadeia de relações causa-efeito.Até à próxima crónica e boas leitu-ras!

Os critériosde despedimento ea avaliação de desempenho

O Novo Quadro Comunitário:Estratégia “Europa 2020”Oquadro comunitário lançado

pela EU, com incidência entreos anos 2014 e 2020, representauma considerável viragem na filo-sofia económica que presidiu aosanteriores quadros. De um conjun-to de instrumentos virados para asinfra-estruturas físicas surge ago-ra, fruto de uma política de coesãopara uma Europa de 27 estados e271 regiões com enormes dispari-dades entre si e constrangimentosna velocidade de evolução das di-ferentes economias, um quadrocomunitário que se pretende maisconcentrado no potencial humano,na empregabilidade e qualificaçãodos recursos, na inovação e de-senvolvimento procurando sermais inteligente e mais inclusivo.

Em suma, transferir o investimentodo “betão” e do “alcatrão”, para aspessoas e para o desenvolvimentohumano procurando respostaspara a crise económica, financeirae social que atravessa o espaçoeuropeu. Mas é igualmente umquadro bastante mais exigente naanálise do investimento, na aplica-ção e recuperação dos recursos,colocando às empresas e agentespúblicos desafios novos. A “Estratégia Europa 2020” reflec-tida no quadro comunitário assentaem torno de três prioridades comum forte enfatizar da necessidadede uma maior coordenação emtermos de governação económica:“crescimento inteligente” atravésde uma economia com fortes raí-

zes no conhecimento e na inova-ção e assente em três iniciativas –Agenda Digital para a Europa,União da Inovação e Juventudeem Movimento; “crescimento sus-tentável” procurando tornar a eco-nomia mais eficiente na utilizaçãodos recursos e mais ecológica, emtorno de dois eixos – Europa maiscapaz na gestão dos recursos euma política industrial que respon-da aos desafios da globalização;“crescimento inclusivo” fomentan-do uma economia com níveis maiselevados de emprego na busca deuma maior coesão social e territo-rial, consubstanciado em duas me-didas – Agenda para Novas Com-petências e Empregos e Platafor-ma Europeia contra a Pobreza.

Deste quadro estratégico procura-se extrair com sucesso cinco ob-jectivos fundamentais até 2010:Emprego: 75% da população entreos 20 e os 64 anos deve estar em-pregada; I&D: 3% do PIB da UniãoEuropeia deve ser investido emInovação e Desenvolvimento; Alte-rações climáticas e energia: to-mando como referência 1990 con-seguir -20% de emissão de gases,+20% de quota de energia renová-vel e +20% de eficiência energéti-ca; Educação: atingir uma taxa deabandono escolar precoce inferiora 10% e a meta de 40% dos jo-vens com ensino superior; Pobre-za e exclusão social: retirar 20 mi-lhões de pessoas do risco de po-breza.

Estamos assim em presença, tam-bém no nosso concelho, de umdesafio considerável. Com umaeconomia debilitada e um conjuntode empresas e associações comas dificuldades inerentes a umaconjuntura de forte recessão tere-mos de fazer um enorme esforçopara aproveitar as oportunidadesem presença. Não vale a penaolhar muito para o passado… sese quiser ganhar o futuro, dadasas condições objectivas em quenos encontramos, é urgente umesforço concertado entre as autar-quias e os agentes económicos esociais, incluindo as diversas asso-ciações, através, nomeadamente,da criação de uma equipa quepossa promover o esclarecimen-

to/acompanhamento do QC (Qua-dro Comunitário) e produzir reco-mendações estratégicas concretasem tempo útil que permitam poten-ciar um aproveitamento eficaz dosmecanismos de apoio. O tempoé… agora! Fontes: - COM (2010) 2020 final (Bruxelas,3.3.2010) – “Europa 2020: Estraté-gia para um crescimento inteligen-te, sustentável e inclusivo”;- Sociedade Consultores AugustoMateus e Associados.

Daniel Claro,Acisma

Augusto MoitaLic. Recursos Humanos

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18 Política Valor Local

Omodelo de gestão da Águasdo Ribatejo (AR) “é o mais

amigo dos clientes e o que me-lhor defende os interesses doscidadãos”. Esta foi uma das con-clusões da participação dos pre-sidentes das Câmaras Munici-pais de Benavente, Carlos Cou-tinho, e de Almeirim, Pedro Ri-beiro na Conferência Nacionalda Água a 18 de novembro emLisboa.Os autarcas intervieram no“Grande Debate: Soluções paraa Reestruturação Territorial dosSistemas em Baixa” que contoucom quatro exemplos diferentesde gestão no setor. Poças Mar-tins, moderador do debate, fez oquadro comparativo que “permi-tiu concluir que o tarifário da ARé o mais económico na água eno saneamento, sendo o valormédio da fatura para uma famí-lia tipo de 3 pessoas, com umconsumo de 10 m3 mensais, naordem dos 13 euros.”, refere aÁguas do Ribatejo em comuni-cado de imprensa.Carlos Coutinho, vogal do Con-selho de Administração da em-presa municipal Águas do Riba-tejo, acredita que o modelo da

empresa pode ser um exemplopara o país já que defende aágua como bem fundamental,mantendo um sistema que é de-terminado pela vontade dos mu-nicípios e seus eleitos na defesados superiores interesses da

sua população.Pedro Ribeiro, autarca de Almei-rim, manifestou a vontade dosautarcas blindarem os estatutosda empresa à entrada de priva-dos, respondendo assim à pos-sibilidade de haver interessados

na aquisição da Águas do Riba-tejo. O autarca sublinhou a“enorme” solidariedade existenteentre os municípios integrantesque permitiu que todas as deci-sões fossem tomadas por unani-midade. “ Em cinco anos, inves-

timos 110 milhões de euros, nossete municípios, mantendo umtarifário socialmente equilibradoe justo”, referiu o presidente daAssembleia Geral da AR paraenfatizar os méritos de um pro-jeto que gerou “muitas descon-

fianças e mau estar”.“Os municípios prescindem dosdividendos que são aplicadosem investimento e na ampliaçãodo universo de clientes abrangi-dos com o tarifário social”, refe-riram.

Autarcas defenderam méritosda “Águas do Ribatejo”

Autarcas defenderam o seu modelo de gestão

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19Valor Local Política

ACâmara Municipal do Carta-xo, na reunião extraordinária

de dia 5 de novembro, deliberouaprovar, com o voto contra doPaulo Varanda-Movimento peloCartaxo (PV-MPC) e a absten-

ção dos vereadores do PSD, asGrandes Opções do Plano e oOrçamento para 2015, que Pe-dro Magalhães Ribeiro, presi-dente da Câmara, apresentoucomo “um documento que refle-

te já alguns resultados de 2014,um ano que foi de imensa difi-culdade”, afirmando que “o Car-taxo vive um tempo de emer-gência, que exige a todas as for-ças políticas a capacidade de

trabalhar em conjunto na cons-trução de soluções que garan-tam sustentabilidade no futuro”.Referindo-se por isso à rutura fi-nanceira do município, que temuma dívida que em setembro de

2014 era superior a 53 milhõesde euros, mais de 4,8 vezesmaior do que a média da sua re-ceita líquida corrente, que nos 3últimos exercícios foi de 11 mi-lhões de euros.O presidente da autarquia, queem reuniões de Câmara anterio-res já tinha proposto a adesãoao FAM e ao ATU, num total de44 milhões de euros e dera co-nhecimento que o Tribunal deContas dera “o visto ao PAEL,que representa cerca de 16 mi-lhões de euros para pagamentoa terceiros que aguardam háanos que a Câmara cumpra osseus compromissos”, conside-rou que “este orçamento refleteos prejuízos que a dívida galo-pante, dos últimos anos, trouxeao Cartaxo”. O autarca reconheceu que “oCartaxo está entre os cinco mu-nicípios mais endividados dopaís”, explicando que “apesar deem 2014 o rigor colocado na re-dução de despesa e maximiza-ção de receita ter dado os pri-meiros frutos – com a curva dadívida municipal a baixar pelaprimeira vez em 20 anos – en-frentamos diariamente inúmerasdificuldades para garantir os ser-viços aos cidadãos, às empre-

sas e às associações e fregue-sias”.O PAEL e o FAM apresentam-secomo dois instrumentos que per-mitirão gerir a Câmara “comuma incerteza bem menor, coma capacidade de voltarmos a tercredibilidade junto dos nossosinterlocutores, permitindo-nosplanear sem a ameaça constan-te de processos de execução edos seus custos, quer financei-ros, quer de reputação institucio-nal e com a possibilidade de ga-rantir segurança aos nossos tra-balhadores e às suas famílias”.

Juros e encargos da dívidaque pesam no orçamento

poderão ser aliviados

Na apresentação do documentoprevisional para 2015, o presi-dente da Câmara refere quecom o elevado nível de endivi-damento da Câmara, os encar-gos financeiros são uma dasmaiores rúbricas de despesacorrente e que “o município nãotem qualquer intenção de con-tratação de novos empréstimosfinanceiros”.O orçamento será agora envia-do para apreciação e delibera-ção da Assembleia Municipal.

Orçamento de 59,5 milhões de euros para 2015no Cartaxo, menos 17,2 milhões do que em 2014

São dados da Transparência eIntegridade, Associação Cívi-

ca. No cômputo geral, as autar-quias da região não saem mal detodo nesta fotografia. Alenquer éa autarquia que ocupa um lugarmais acima neste ranking: na 35ªposição a nível do país. A Transparência e Integridade,Associação Cívica teve comobase na elaboração deste ran-king, dado a conhecer pelo se-gundo ano consecutivo, a infor-mação disponibilizada nos sitesdas Câmaras aos cidadãos. O

investimento na prestação decontas é em traços gerais o queé aferido pela associação, queesclarece que este ranking nadatem a ver com um possível bomou mau comportamento dos mu-nicípios quando se fala em te-mas como a corrupção, porexemplo. O grau de fiabilidadedos dados que são apresentadosnos sites dos municípios tambémnão são alvo deste estudo, queincide principalmente na quanti-ficação dos vários itens postosao dispor dos cidadãos.

Sendo assim, a Câmara de Alen-quer é a que surge mais desta-cada, melhorando a sua perfor-mance neste ranking ao passarda posição 142 em 2013 para a35ª. Logo a seguir surge Bena-vente, que este ano reforçou aaposta na disponibilização de in-formação aos seus cidadãos epassa da posição 207 em 2013,para a 42. Azambuja é dos con-celhos que desce. Em 2013 eraa 21ª do país, e a melhor da re-gião, mas este ano surge na po-sição 43. Cartaxo foi outro dos

concelhos que também subiu asua posição neste ranking, pas-sando da posição 194 para a52ª. Salvaterra de Magos tam-bém melhorou e é agora a 118ªdo país, no ano passado estavana posição 159.Por último VilaFranca de Xira na 144ª posição,no ano passado era a 159ªNo cômputo geral, pode-se dizerque as câmaras da região embo-ra com algumas nuances aca-bam por estar bem longe dos úl-timos lugares da lista.A Câmara mais transparente dopaís é a de Alfândega da Fé, amenos transparente a de Bel-monte.

Câmara de Alenquer é a mais transparenteda região e a 35ª do país

Câmara isenta estufas até 2000 m2

ACâmara Municipal de Azambuja vai sentar de alguns procedimentos as instalações de estufas agrí-colas até 2000 metros quadrados. A informação foi avançada em reunião do executivo na última ter-

ça-feira, dia 17 novembro, que decorreu na freguesia de Vale do Paraíso.De acordo com o presidente da autarquia, Luís de Sousa, existe um vazio legal sobre este assunto noPlano Diretor Municipal e por isso teve de ser a própria Câmara a criar regulamentação adicional atravésdos serviços jurídicos.O presidente da Câmara salienta que, nos últimos tempos, tem recebido pedidos para instalação de es-tufas, e considera importante dotar o município e os serviços deste instrumento.Em reunião de Câmara, Luís de Sousa avançou que até ao momento já deram entrada nos serviços 13pedidos do mesmo género, e que a inexistência de procedimentos estaria a dificultar o licenciamentodas estufas.O município de Azambuja está disponível para licenciar estas estruturas entre os 420 e os 5000m2, masaté aos 2000 m2, anuncia alguma flexibilidade para o processo.

CIMLT poderá analisaro ar que respiramos

Silvino Lúcio, vice-presidente da Câmara Municipal de Azambuja, anunciou em reunião de câmara quepropôs à Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) para que esta passe a monitorizar

a qualidade do ar respirado nos municípios que a integram.Segundo o vice-presidente, a proposta terá sido bem acolhida, até porque a CIMLT, terá mais e melhoresmeios para contratualizar este tipo de serviços, quer de uma forma mais barata, quer de uma forma maiscélere. Silvino Lúcio considera que existe uma lacuna ao nível deste tipo de monitorização, e diz acreditarque através da Comunidade Intermunicipal, as coisas serão mais fáceis para os municípios.Silvino Lúcio respondia assim a uma questão levantada pelo vereador da CDU, David Mendes, que apropósito do recente surto de legionella, questionou o executivo sobre essas ações.Aliás, David Mendes voltou a reiterar a sua preocupação, pela falta de informação sobre o controlo daqualidade do ar medido pela CLC (Companhia Logística de Combustíveis).Silvino Lúcio, que se mostrou sensível à preocupação do vereador comunista, vincou igualmente que jáfoi abordada a hipótese de se fazer uma visita às instalações da empresa com sede em Aveiras de Cima.Uma hipótese que parece ganhar alguma força com as desconfianças geradas pelo surto de legionella,e que a administração da empresa estará a ponderar.

Conhecido novo orçamento da Câmara do Cartaxo

Município conseguiu uma boa posição

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20 Política Valor Local

ACâmara Municipal de Azam-buja tem para gastar durante

2015 - 13 milhões 345 mil euros(mais 200 mil euros do que em2014), com 43 por cento destaverba a ir diretamente para o pa-gamento de ordenados. Educa-ção, Ambiente, Modernização,Reorganização de Serviços, eSaneamento serão as áreas pri-vilegiadas ao longo do próximoano. Foram alvo de questionamento eaté de supresa por parte da opo-sição, obras como a constituiçãode um ninho de empresas, a pro-messa de uma escola profissio-nal, uma verba de 93 mil eurospara as piscinas, outra de 78 mileuros para valorização da zonaribeirinha e turismo, e o já célebree há muito prometido mercado deManique com cerca de sete mileuros. A oposição composta por CDU eColigação Pelo Futuro da NossaTerra exprimiu algumas dúvidasquanto à real concretização dasobras elencadas, e David Men-des da CDU disse mesmo: “Senão é para fazer não percebo porque são incluídas neste orça-mento”. O vereador estranhou

ainda que dos 70 mil euros paraas coletividades, 17 mil são sópara a Casa do Pessoal da Câ-mara. David Mendes saudou adiminuição da dívida camaráriamas lembrou uma série de pro-cessos que a Câmara tem em tri-bunal, nos quais estão em causavários milhares de euros. Já o vereador da Coligação PeloFuturo da Nossa Terra, Jorge Lo-pes, estranhou que a Câmara aocontrário do que é suposto nãoouviu a oposição aquando daelaboração do Orçamento. Sobreo documento em si teceu os se-guintes comentários - “Este é umorçamento irrealista e impossível,porque o valor das verbas a defi-nir em determinadas rubricas éde tal forma pouco significativo,que praticamente não vai ser fei-to nada. É ridículo elencar açõescom verbas de 50 ou 100 euros”.Depois lamentou que até à dataainda não se saiba qual “a ideiado presidente da Câmara para oconcelho”. “A sua linha de orien-tação resume-se a algo como -vamos lá ver se até ao final domês conseguimos receber o nos-so”. “É por tudo isto que hoje as-sistimos a uma grande desorien-

tação dos funcionários desta Câ-mara, porque não há liderança”,finalizou.O presidente do município, Luísde Sousa, ripostou com os últi-mos percalços do Governo dacor de Jorge Lopes, acusando-ode ser “arrogante”.Na discussão sobre o Orçamentosobressaiu ainda que pese em-bora o acréscimo de vitalidade fi-nanceira dos cofres da autarquianos últimos tempos, ainda nãovai ser possível diminuir o valordo IMI. A Câmara deverá chegarao fim do ano com 100 por centode execução orçamental.O Orçamento para o ano 2015 eas Grandes Opções do Plano(2015/2018) seguem a agorapara apreciação e votação na As-sembleia Municipal. Foram apro-vados em reunião de Câmaracom os votos favoráveis da maio-ria, abstenção da CDU, e votoscontra da coligação de centro-di-reita.Foi aprovada também a autoriza-ção prévia genérica com vista àassunção de compromissos plu-rianuais pela Câmara Municipalpara projetos ou ações constan-tes nas Grandes Opções do Pla-

no. Esta medida integra-se na lei8/2012 (Lei dos Compromissos edos Pagamentos em Atraso),destina-se a situações que re-queiram simplificação e celerida-

de processuais e tem duas con-dições principais: que resultemde planos plurianuais legalmenteaprovados e que os respetivosencargos não excedam o limite

máximo de € 99.759,58 por anonum máximo de 3 anos.Esta deliberação será, igualmen-te, sujeita a confirmação pela As-sembleia Municipal.

Câmara Municipal Azambujaaprova Plano e Orçamento para 2015

Câmara foi criticada em vários pontos

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21Valor Local Economia

OJornal Valor Local e a Caixade Crédito Agrícola Mútuo

de Azambuja vão levar a cabo,no próximo dia seis de dezembro,o primeiro de vários semináriosdedicados à economia e às em-presas. Numa altura em que osindicadores económicos come-çam a dar sinais ténues mas po-sitivos, importa perguntar se nes-ta altura, faz sentido investir equais os desafios apresentadospelo novo Quadro de ReferênciaEstratégica Nacional (QREN). Éesta a temática que vai estar emdestaque no encontro com iníciomarcado para as 15 horas no Pá-teo do Valverde em Azambuja.

Para Francisco João Silva, presi-dente da Caixa de Crédito Agrí-cola de Azambuja, parceira dojornal nesta iniciativa, o novo ci-clo de fundos comunitários pode-rá resultar como interessantepara quem deseje aventurar-senesta altura. O responsável salienta que “oprincipal aspeto a considerar namotivação de um investidor quese sinta mobilizadao para arriscarnum novo investimento é a con-fiança”. “É sabido que desde2008,Portugal e alguns estadosmembros da União Europeia,atravessam uma crise que semanifesta por uma diversidade

de aspetos, cujas consequênciasse têm feito sentir e que o de-semprego é a evidência mais re-levante e cruel”.Segundo Francisco João Silva,este novo ciclo de fundos comu-nitários “poderá constituir um ins-trumento e um incentivo para no-vas decisões empresariais”, re-forçando que aguarda a “regula-mentação nacional dos diferentesincentivos sectoriais” para depoispoder assumir um papel ativo nosapoios ao investimento, “nomea-damente no financiamento da-quela componente financeira dosinvestimentos que complementeo autofinanciamento e os incenti-

vos comunitários”. “Esta estraté-gia, tem-se constituído comouma das nossas prioridades, quetemos vindo a divulgar de norte asul do país, em iniciativas locaise regionais das diferentes CaixasAgrícolas”.Por outro lado, e sobre esta ini-ciativa em conjunto com o ValorLocal, Francisco João Silva, refe-re que a Caixa Agrícola de Azam-buja, “dentro das suas possibili-dades e da sua política de comu-nicação, sempre colaborou como Jornal Valor Local”. Segundo opresidente do Crédito Agrícolaazambujense, “há uma afinidadede motivações, de afirmação e

valorização dos valores da nossaterra e da procura do desenvolvi-mento económico e social, que aCaixa Agrícola e o Jornal, no âm-bito das suas diferentes funções,encontram pontos profícuos decooperação”.Para o director do Jornal, MiguelAntónio Rodrigues, esta é umainiciativa importante para os ob-jetivos do jornal “pois desde quefoi criado em 2013, sempre tive-mos planos para levar a caboeste tipo de iniciativas. A parceriacom a Caixa de Crédito Agrícolade Azambuja tem sido fundamen-tal para o crescimento do nossoprojecto, e a prova está em mais

este desafio que lançámos a estainstituição bancária, tendo sidoimediatamente aceite sem quais-quer reservas”. Por outro lado odirector do jornal lembra, que porestar ligado à ACISMA (Associa-ção Comércio Industria e Servi-ços do Município de Azambuja),o Valor Local, tem em carteiramais iniciativas deste género,previstas para os próximos me-ses. De saudar também o conviteaceite pela CCDR Alentejo coma disponibilidade de um dos seustécnicos para vir a Azambuja dara conhecer as novas especifici-dades de mais um quadro comu-nitário de apoio.

Valor Local e Caixa Agrícola

Debate sobre as novasoportunidades do QREN

Não basta ter uma boa ideia,é preciso saber se terá ou

não pernas para andar e a ga-rantia de um mínimo de suces-so. Esta foi uma das ideias-cha-ve defendidas por Casimiro Ra-mos, diretor do Instituto Politéc-nico do Oeste, num debate queteve lugar no gabinete de apoioao empreendedor no Carrega-do, no final de outubro, promo-vido pelo município de Alenquer.O orador deu vários exemplos auma plateia, composta por pos-síveis investidores, de que épreciso avaliar muito bem aspossibilidades de se ser bem-sucedido “Por exemplo, possogostar muito de comer, mas nãosignifica que posso ter um res-taurante”. Ter a capacidade deplanear, e projetar o futuro sig-nifica ser um bom empreende-dor, “mas isso não tem de cor-responder a ser automatica-mente dono de um negócio”, re-feriu. “Podemos ser empreende-dores a trabalhar por conta dealguém, desde que tenhamoscriatividade e soluções”.Por outro lado, há quem tenhaum bom know-how sobre algunstipos de negócio (e deu o exem-plo de uma empresa no sectordo ar condicionado que conhe-ceu uma rápida ascensão paradepois conhecer uma rápidaqueda) mas depois não possuacapacidade de gestão. “O em-presário já trabalhava no ramonuma outra empresa, trouxe delá os contactos, cresceu rapida-mente, com filiais espalhadaspelo país, mas decaíu porquenão conseguia controlar as ho-ras extraordinárias dos funcio-nários”.

Por outro lado, é necessárioidentificar possíveis clientes –“Não basta ter uma ideia muitogira, como por exemplo, abriruma loja de produtos para ani-mais, se na zona em causa nãohá potenciais clientes com ani-mais de estimação, ou clínicasveterinárias. Porque depois te-mos de conseguir um rendimen-to suficiente para nós e para asdespesas”. Conseguir identificarlacunas no mercado, pode sermeio caminho andado para seencontrar um possível nicho deinvestimento, e deu comoexemplo o seu caso pessoalquando se lançou com um escri-tório de documentação há al-guns anos atrás. “As pessoas

do meu concelho tinham de ir aoutras localidades próximas.” Uma vez encontrado o negócioe depois de se conseguir clien-tes, é imprescindível conseguiruma relação de fidelização.“Algo que se tem vindo a perder,principalmente nas grandes em-presas. Estamos a falar do mar-keting relacional, como haviaantigamente quando estabele-cíamos uma relação próximacom o alfaiate ou com o padei-ro. O cliente tem de sentir quesou amigo dele, esta noção decompromisso é o que se está atentar encontrar por parte degrandes empresas, que caemfacilmente no lado impessoaldos seus negócios”.

Oportunidadesno ramo hoteleiro

O município de Alenquer decidiuisentar os novos empreendi-mentos turísticos de taxas deconstrução. E no dia seis de no-vembro, teve lugar um debate,também no mesmo espaço noCarregado, dedicado às novasoportunidades no mercado dahotelaria. O vereador na autar-quia alenquerense, Paulo Fran-co, deu conta que a Câmaratem sido procurada por “em-preendedores daquela área in-teressados em investir no con-celho”. Perante uma plateia de possí-

veis investidores neste ramo,Paulo Simões da Direção Geraldas Atividades Económicas dei-xou algumas dicas– “Procuremconhecer o vosso público poten-cial, não pensem que aquilo queele quer, é o que vocês dese-jam. Apostem sobretudo emalgo diferenciador, não tem queser um serviço de excelência”,referiu, desabafando – “Tenho omaior receio de quem abre umestabelecimento para o fechartrês meses depois”. Depois su-geriu a possibilidade de os futu-ros investidores poderem traba-lhar em rede “com unidades derestauração locais, entre outrosatores no terreno”. E qualidadenão tem de ser sinónimo de

quantidade – “Pode ser maisvantajoso terem uma unidadecom quatro quartos, do que com10”, numa lógica de hotelaria decharme tão em voga nos nossosdias. “Um senhor teve uma ideiade fazer um hotel pequenino noPorto com cinco quartos, muitogiro, com o designado ‘rótuloecológico’ que se encontra sem-pre esgotado, este pode ser umpossível nicho”, deixou no ar.O responsável apelou ainda àpresença online dos possíveisfuturos donos de estabeleci-mentos, até porque está prova-do que “78 por cento dos consu-midores decidem através da in-formação à qual têm acesso nainternet”.

Ações para novos empreendedores em Alenquer

Como apostar no negócio certo

Uma das sessões decorridas

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23Valor Local Instantâneos

Ficha técnica: Valor Local, Jornal de informação regional, sede de redacção e administração: Quinta da Mina 2050-273 Azambuja; telefones: 263 047 625, 96 197 13 23 correio electrónico: [email protected] • Site: www.valorlocal.pt • Propriedadee Editor:Associação Comércio e Indústria do Município de Azambuja (ACISMA); Quinta da Mina 2050-273 Azambuja. NIPC 502 648724 • correio electrónico: [email protected] • Director: Miguel António Rodrigues CP 3351 [email protected] •Colaboradores: Sílvia Agostinho CO-1198 [email protected], Vera Galamba CP 6781, José Machado Pereira, DanielClaro, Rui Alves Veloso, Miguel Ouro, Nuno Filipe, Augusto Moita • Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida: [email protected] • Fotografia: José Júlio Cachado • Serviços Administrativos e Departamento Comercial: Ana Reis, telefones: 263 047625, 93 244 63 22 correio electrónico: [email protected] • N.º de Registo ERC: 126362, Depósito legal: 359672/13 • Im-pressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga • Tiragem:4000 exemplares

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Terra VelhinhaAzambujaem França 1983Foto e publicação por AntónioJosé Soares, 02/10/14Vítor Carlos, Evangelina Soares eAdelina MateusSegundo Fátima Alves Martins“Gostava muito destas senhoras,o Vitor Carlos está igual.”Segundo Augusto Brás “Duasgrandes senhoras.”Segundo Alice Maria Pinto “ Foionde estudei. Estas duas senho-ras estão maravilhosas bjs”Segundo Isabel Nolasco “Todasboas pessoas mas o meu primoVictor Carlos é especial, paramim obviamente.”Segundo Regina Garrido “Tam-bém estudei aqui, que saudadesdesse tempo! E dessas senhoras!Beijos”

Agostinho PereiraFoto e publicação por AntónioRibeiro, 05/10/14Segundo António Ribeiro” Hojecomeçou a caça.” 1991 o pai doPedro e João Alfredo num copito.Reunião com amigos que regres-savam da caça.Segundo Miguel Ouro “O Agosti-nho Pereira é marca registadados Casais da Margana.”Segundo Joaquim Carvalho“Agostinho e Mário eram umafesta mas das rijas, que estejamem paz.”Segundo Mário Carvalho “Olha oSr. Agostinho (Sarrazina) como omeu pai lhe chamava, eram mui-to amigos e passaram bons mo-mentos sempre acompanhadoscom o garrafão, saudades.”Segundo Jorge Miranda “OSr.Agostinho Pereira e o jovemJosé António Anselmo Isidromais conhecido como (SetonhoManca).”

Ti Elisa Pedreiro eEmília RosaFoto e publicação por Alexan-dre Grazina, 31/10/14 Segundo Ana Monteiro “É verda-de uma Mãe querida...foi sem-pre muito querida paramim...gostava muito dela.”Segundo Madalena Matos “Quesaudades Alexandre, duas mu-lheres de garra...”Segundo Mafalda Maia “Lem-bro-me tão bem.”Segundo Manuel Jesus Correia“A tua mãe tinha sempre umapalavra amiga e um bom conse-lho, paz à sua alma.”Segundo Rosário Pereira “Dormimuito na casa dela quando omarido morreu ensinou me a re-zar e muitas outras coisas tenhosaudades dela, a Emília era umaquerida vizinha e a Ti Domingase as irmãs - nunca vou esquece-las e outras que estão no meucoração”Segundo Inês Grazina “VovóEmília.”Segundo José Luís Salema “Nãotenho palavras amigo.

Retratos da Nossa Terra

O presidente da Junta de freguesia de Aveiras de Cima foi apanhado pelo Valor Local com aboca na botija… ups, melhor dizendo na sandocha. António Torrão bem tentou colocar em prá-tica as normas da boa educação que ditam que não se deve falar com a boca cheia. Contudo, afomeca era tanta e a sandocha tão boa, que o autarca preferiu ignorar a etiqueta.

Apanhados a ler o Valor Local… ExpoCartaxo 2014

Estes simpáticos bichanos fazem parte daquilo que Luís de Sousa chamou de gatil: as antigasinstalações do centro de saúde em Azambuja que estão à espera de melhores dias. Se nada forconstruído no local entretanto, bem que os gatos de Azambuja podem continuar a tomar os seusbanhos de sol no muro do futuro lar de grandes dependentes da Santa Casa da Misericórdia deAzambuja.

Carta ao diretorParque Infantil danificado em Aveiras de Cima

Oparque desta escola encontra-se danificado ecom falta de segurança para as crianças deste

estabelecimento de ensino.Desde Setembro de 2013 que está nestas condi-ções, ocorrendo até alguns acidentes com crian-ças. Em Janeiro 2014, numa Assembleia Municipalem Aveiras de cima foi comunicada ao presidenteda Câmara esta situação. Foi prometido que a iamresolver e até agora nada. Já começou um novoano lectivo e o parque infantil continua danificado.

Hugo Duarte

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