qualidade - pressuposto bÁsico na gestÃo da … · 2009. 8. 6. · pouco tempo depois percebeu-se...
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
QUALIDADE - PRESSUPOSTO BÁSICO NA
GESTÃO DA INFORMAÇÃO
Por: Jacqueline da Silva Pereira
Orientador
Profª. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2008
2UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
QUALIDADE - PRESSUPOSTO BÁSICO NA
GESTÃO DA INFORMAÇÃO
Apresentação de monografia à Universidade
Cândido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialização em
Administração da qualidade.
Por: Jacqueline da Silva Pereira
Rio de Janeiro
2008
3
AGRADECIMENTO
A Deus por ter me dado mais uma vitória, e a
meus pais, por toda dedicação, carinho e
incentivo.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu marido, que
tanto colaborou para a realização do mesmo,
e com quem compartilho os melhores
momentos da minha vida.
5
RESUMO
Como qualquer trabalho de equipe, o Programa da Qualidade é
altamente sensível à qualidade das comunicações entre os membros de uma
organização seja ela pública ou privada. Quando se fala em implantar uma
política de Qualidade, está se falando em modificar comportamento de pessoas
e de modificar a cultura da organização - o que é também mudança cultural de
seus membros. A mudança de comportamento e de valores exige campanha
educativa mais pessoal, e deve ser implementada inicialmente com os lideres,
aqueles lideres naturais, porque estes são multiplicadores de comportamentos.
A responsabilidade por Qualidade não é somente da empresa. Compete a cada
membro de uma organização implementar seu próprio Programa de Qualidade
Humana, para manter-se competitivo em relação a seus cargos dentro da
empresa e no mercado de trabalho. Além de qualidade exigida de cada
membro da organização, é necessário que se tenha como foco o cliente, seja
ele interno ou externo, e para que este relacionamento tenha bons resultados,
a informação – principal ela da empresa com o cliente – tem que estar sempre
disponível, atendendo prontamente à demanda. Os cinco sensos, comumente
chamados de 5S, são por assim dizer a porta de entrada de um Programa de
Qualidade Total. Isto porque tem um grande efeito sobre a motivação para a
qualidade, visto que seus resultados são rápidos e visíveis. Na verdade a
essência dos cinco é mudar atitudes e comportamento. Sua prática contínua e
insistente leva, inevitavelmente, a uma mudança interior que resultará, ao final,
em uma disposição mental para a prática de um programa onde os resultados
são de médio ou longo prazo, como a Qualidade Total.
6
METODOLOGIA
Este estudo será desenvolvido através de pesquisas bibliográficas, pois
serão analisados livros, revistas, jornais, sites da internet e demais fontes
baseado em experiência própria, vivenciada no dia-a-dia, dentro de um centro
de informação.
Depois que todo o conteúdo do documento for completamente
analisado, será feito um rascunho que servirá como arcabouço para início da
redação sobre qualidade considerada essencial dentro das organizações seja
ela pública ou privada.
Com base nas conclusões alcançadas na pesquisa bibliográfica,
procurar-se-á estabelecer o que é necessário para obter a qualidade nas
organizações durante o gerenciamento da informação.
7SUMÁRIO
AGRADECIMENTO ........................................................................................... 3
DEDICATÓRIA .................................................................................................. 4
RESUMO............................................................................................................ 5
METODOLOGIA ................................................................................................ 6
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8
CAPÍTULO I ..................................................................................................... 10
A QUALIDADE ................................................................................................ 10
1.1 – História da Qualidade .......................................................................... 10
1.2 – Ferramentas da Qualidade .................................................................. 20
1.2.1 - Diagrama de Pareto ....................................................................... 21
1.2.2 – Diagrama de causa e efeito........................................................... 23
1.2.3 – Histogramas .................................................................................. 24
1.2.4 - Fluxogramas .................................................................................. 25
1.2.5 – Cartas de Controle ........................................................................ 28
1.3 – Princípios da Qualidade....................................................................... 29
1.4 – 5S ........................................................................................................ 33
1.5 Seis Sigma.............................................................................................. 41
1.6 Indicadores de Desempenho .................................................................. 42
CAPÍTULO II .................................................................................................... 44
A INFORMAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO........................................................... 44
2.1 – O que é Informação ............................................................................. 44
2.2 – O valor da informação para as organizações ...................................... 46
CAPÍTULO III ................................................................................................... 52
O FATOR HUMANO DA QUALIDADE............................................................ 52
3.1 - A importância do Fator Humano........................................................... 52
3.2 - Qual o Papel do Líder........................................................................... 55
3.3 - A motivação com agente da Qualidade ................................................ 57
CONCLUSÃO .................................................................................................. 61
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 63
8
INTRODUÇÃO
Vivemos uma época de profundas inquietações, onde as reais
necessidades do homem e das organizações se modificam com a explosão
permanente dos processos de mudança e a constante inovação tecnológica. A
rápida evolução dos fatos faz com que as organizações passem a conviver
com ambientes de turbulência, onde as adversidades sócio-econômicas,
políticas e culturais, e o aumento da competitividade e das exigências precisam
ser superadas.
No cenário atual, as informações são o principal diferencial competitivo
das organizações. A sua utilização correta e eficiente é de vital importância
para sobrevivência e manutenção das organizações. As informações compõem
um dos maiores e valiosos ativos da empresa.
As mudanças através de novas informações estão acontecendo de
forma tão profunda e de maneira tão avassaladora, que fazem as organizações
encararem o processo de transformação como inevitável. Conseqüentemente,
para permanecerem no mercado, geram mecanismos e soluções consistentes
e criativas para garantir novas oportunidades de sobrevivência.
É importante que as organizações estabeleçam, planejem e
implementem sistemas de qualidade de forma a garantir um melhor
desenvolvimento de seus produtos e serviços. Esse processo após a
implementado deve ser contínuo, e o cliente é a peça chave que irá definir a
colocação dessa organização no contexto em que se insere.
Para viabilizar o processo de transformação, as empresas necessitam
apoiar-se em técnicas administrativas que orientem seus esforços em busca da
9lucratividade. Todavia, estas técnicas, por si, não surtem efeito; é preciso
acrescentar auto-conhecimento, diálogo permanente, aberto e receptivo,
liderança e compromisso com a melhoria da qualidade.
Diante desta realidade, precisamos repensar as organizações, na
tentativa de avaliá-las e reformulá-las. A partir de considerações desta natureza
e do aumento constante da crise nas instituições, este trabalho se propõe a
questionar situações, atitudes e conceitos acreditados, no intuito de revitalizar
as empresas de maneira geral, embora sejam instituições econômicas,
enfrentam, também, sérias dificuldades ao lidarem com as chamadas leis da
oferta e procura.
Paralelamente a esta evolução do conceito de Qualidade, surgiu a visão
de que o mesmo era fundamental no posicionamento estratégico da empresa
perante o Mercado.
Pouco tempo depois percebeu-se que o planejamento estratégico da
empresa enfatizando a Qualidade e a Informação não era suficiente para seu
sucesso. O conceito de satisfação do cliente foi então estendido para outras
entidades envolvidas com as atividades da Empresa.
O envolvimento de pessoas no processo de implantação da qualidade é
essencial e permite que as suas competências sejam usadas em prol da
organização. A implementação do sistema de gestão da qualidade permite que
as organizações estejam bem estruturadas e a introdução de métodos de
trabalho mais eficientes visando a melhoria da qualidade, alcança não somente
os membros internos, como a toda a sociedade na qual esta organização está
inserida.
10
CAPÍTULO I
A QUALIDADE
Estamos na era da qualidade: todos, em todos os lugares e em todos os
tipos de empresas, estruturas e organizações, atentam para a qualidade. Na
realidade, desde que o ser humano está sobre a face da Terra existe a
preocupação com a qualidade, evidentemente não com os nomes que
permeiam os vários arcabouços científicos e organizacionais da atualidade,
pois a palavra qualidade parte de uma concepção mais ampla, mais global, que
é o suficiente para que possamos olhar ao longo da história e identificar os
vários processos, dados e fatos que construíram o que hoje norteia esse
conceito.
Ballestero-Alvarez (2001, p. 138) ressalta em sua obra as duas grandes
hecatombes mundiais, nas quais os paises e seus respectivos governantes
estavam preocupados em reconstruir e reerguer as nações do desastre sofrido.
Uma alternativa encontrada para resolver o grave problema do desemprego e
da fome que assolava as nações foi a conquista de novos mercados capazes
de consumir os produtos produzidos.
1.1 – História da Qualidade
Na administração, a cada década existe uma palavra de ordem
encarada como o termo da moda. Nos anos 60, o marketing era a palavra
mágica para combater os concorrentes. Na década de 70, a ênfase estava na
11produção. Nos anos 80 foi a hora e a vez da qualidade como mola mestra no
vocabulário das organizações (BALLESTERO-ALVAREZ, 2001).
Hoje ela continua na rotina das empresas. E não deve ser considerada
como modismo de épocas, e sim, como o produto de todos os esforços
realizados dentro de uma empresa.
Ao buscarmos a evolução histórica da qualidade observamos três
momentos distintos, ou seja, grandes fases que amadureceram métodos,
processos e conceitos que tornaram a qualidade uma área específica dentro
das organizações, sinônimo de evolução e melhoria continua para a otimização
de serviços, produtos e dos ambientes em que a organização está inserida
(BALLESTERO-ALVAREZ, 2001).
O conceito de Qualidade foi primeiramente associado à definição de
conformidade às especificações. Posteriormente o conceito evoluiu para a
visão de Satisfação do Cliente.
Obviamente a satisfação do cliente não é resultado apenas e tão
somente do grau de conformidade com as especificações técnicas mas
também de fatores como prazo e pontualidade de entrega, condições de
pagamento, atendimento pré e pós-venda, flexibilidade, etc.
Toda organização tem sua própria historia e, na medida que se
estrutura, adquire identidade, tradições e padrões de comportamento. E, para
alcançar seus objetivos, precisa ser organizada e administrada, por meio de
processos e instrumentos eficazes, hábeis de materializar suas ações.
Apesar do termo qualidade ser de difícil conceituação, por apresentar
uma série de definições que contribui para a complexidade do seu
entendimento; atualmente, o conceito de qualidade é aplicado em todos os
12setores e em todos os tipos de organizações (públicas, privadas, grandes,
pequenas, lucrativas e não lucrativas etc.)
Autores clássicos como Deming e Juran são considerados os gurus da
qualidade. Enquanto Juran fundamenta seus princípios na trilogia:
planejamento, controle e melhoria de qualidade para identificar e solucionar
problemas da organização, Deming (1990) centraliza sua filosofia nos recursos
humanos da empresa e enfatiza que o homem é o componente mais
importante na definição do destino da organização. Adepto da melhoria
continua, Deming (1990, p. 1) afirma que
A produtividade aumenta à medida que a qualidade melhora. Há menos retrabalho e não há tanto desperdício (...) a melhora da qualidade transfere o desperdício de homens-hora e tempo-máquina para a fabricação de um bom produto e uma melhor prestação de serviços.
Segundo Juran (1990, p.12) "qualidade é a adequação ao uso." De
acordo com o autor, existem vários usos e usuários, sendo que o termo cliente
abrange todos aqueles que são afetados por processos e produtos. Estão
incluídos nesta categoria todas as pessoas que pertencem ou não a empresa.
Lobos (1991, p. 2) diz:
Qualidade é tudo o que alguém faz ao longo de um processo para garantir que um cliente, fora ou dentro da organização, obtenha exatamente aquilo que deseja em termos de características intrínsecas, custo e atendimento.
Mirshauwka (1988, p.1 apud Deming, 1990) foi um dos primeiros
estudiosos da qualidade no Brasil. Analisou os 14 Pontos de Deming quanto a
forma como devem esses pontos serem aplicados à manufatura; desenvolveu
as tendências no que se refere a qualidade e indicou dez mudanças principais
na ênfase da qualidade. Nessas tendências apresentou um quadro
demonstrativo de como as coisas ocorriam antes da mudança e fez um
paralelo com o presente. Ainda, baseado nos 14 Pontos de Deming,
desenvolveu uma análise direcionada para os serviços, pontuando mais as
áreas da saúde e educação.
13Face a estas conceituações, podemos dizer que qualidade é algo muito
concreto. É a ação transformadora da realidade. É o resgate da dignidade de
todos. De quem produz, de quem usa e da própria instituição que se propôs
servir a uma determinada comunidade.
As formas pelas quais as organizações planejam, definem, obtém,
controlam, melhoram e demonstram a qualidade, têm sofrido contínua
evolução, respondendo a mudanças políticas, sociais e econômicas.
Das abordagens de diversos autores, dentre os quais: JURAN (1990),
JURAN; GRYNA (1991), TOLEDO (1987), PICCHI (1993), pode-se identificar
grandes etapas de evolução (ver fig. 1), observa-se que dentre os autores
existem variações nas formas de apresentar estas etapas, com subdivisão de
algumas e/ou agrupamento de outras.
Artesão
Supervisor
Inspetor
ControleEstatistico
T Q C
Garantia daQualidade
CWQC
Gestão daQualidade
Taylorismo
Métodos estatísticos
II Gerra Mundial
AbordagemCorretiva
AbordagemPreventiva
1920
1940
1960
1980
ASQC, Juran,.Eng. de Confiabilidade
Feigenbaum
Programas motivacionais
Zero defeito, Crosby
Teoria dos
Sistemas
Enfoque
Ocidental
Enfoque
Oriental
Deming, Juran no Japão
Prêmio Deming,
CCQ Ishikawa
Just-in-timeTQC, progras
de melhoria da Qualidade
Valorizaçào das propostas
de Deming, ISO 9000
Criação da JUSE em 1946
em 1954
FIGURA. 1 - Evolução da gestão da qualidade (PICCHI, 1993)
14O grande aumento na complexidade dos produtos, a partir da década de
50, exige uma maior sofisticação do enfoque da qualidade. Em 1945 é fundada
a American Society for Quality Control - ASQC, contribuindo para a
especialização de profissionais na área de Qualidade. Em 1951, Juram publica
a primeira versão de seu Handbook, consolidando e divulgando os
conhecimentos da engenharia da Qualidade, e apresentando o conceito de
custos da qualidade. Surge também na década de 50 a engenharia da
confiabilidade, voltada aos "sistemas complexos", além da indústria eletrônica e
aeroespacial. Especialistas americanos (Juran, Deming, Feigenbaum ) levam o
controle estatístico da qualidade para o Japão, tendo iniciado um grande
movimento naquele país. Nos Estados Unidos surgem programas
motivacionais, tendo destaque o programa zero defeitos, de grande sucesso
nos anos de 1961-62, na fabricação dos mísseis Pershing na Martin Company,
da qual surge Crosby, enfatizando aspectos de gestão e relações humanas.
Esta maior complexidade faz com que a qualidade, até então enfocada
exclusivamente com conformidade às especificações, no âmbito das fabricas,
passe a ser enfocada de maneira mais ampla, abrangendo do projeto à
utilização, e envolvendo todos os departamentos da empresa.
Com o enfoque sistêmico, a questão da qualidade passa a abranger a
empresa como um todo, tratando de aspectos técnicos, administrativos,
organizacionais, e a depender não só da engenharia e da estatística, mas
também de ciências tais como psicologia, sociologia, educação, economia,
informática, ciências jurídicas, e outros (MESEGUER, 1982).
A visão sistêmica, bastante integrada e voltada para o todo, veio de
encontro com o que Juran chama de "vida além dos diques da qualidade", ou
seja, uma preocupação crescente da sociedade, a partir do pós-guerra, com a
segurança e confiabilidade dos produtos, exigindo maiores garantias e
responsabilidades (JURAN; GRYNA ,1991).
15Estes conceitos passam a ser utilizados principalmente em indústrias de
elevada complexidade, que dependem de um grande número de fornecedores.
Com o surgimento das usinas nucleares na década de 50, foi desenvolvido o
conceito de Garantia da Qualidade, exigindo das empresas fornecedoras a
utilização de igualmente rígidos conceitos (TOLEDO, 1987). Para tanto
diversas normas foram desenvolvidas, estabelecendo-se os requisitos a serem
atendidos pelos fornecedores.
A seguir na tabela 1, algumas definições da Garantia da Qualidade,
segundo o enfoque ocidental, por diversos autores (PICCHI, 1993).
Referência Definição de Garantia da
Qualidade Observações
Juran HandbookUJURAN; GRYNA (1991)U
Atividade de fornecer as evidencias necessárias para estabelecer confiança, entre todos os envolvidos, de que a função qualidade está sendo executada de maneira eficaz.
A garantia da qualidade fornece proteção contra os problemas da qualidade por meio de alertas sobre os problemas que possa surgir, tanto interna como externamente, a garantia é dada pela evidência objetiva, porém o tipo de evidencia vária muito de acordo com as necessidades de quem pede a garantia e com a natureza do produto
Glossário American Society for Quality Control - ASQC (1983)
Todas as ações planejadas ou sistemáticas necessárias para proporcionar adequada confiança de que o produto ou serviço satisfaça as necessidades estabelecidas
Para um produto ou serviço especifico, garantia da qualidade envolve os necessários planos e ações para proporcionar confiança através de verificações, auditorias e da avaliação dos fatores da qualidade que afetam: a adequação ao projeto para aplicações pretendidas, especificação, produção, instalação, inspeção e uso do produto ou serviço. Proporcionar garantia pode envolver produzir evidencia.
Canadian Standard Association Z299.1-1987 Quality Assurance Program Requirements U
Um padrão planejado e sistemático de todos os meios e ações designadas para promover adequada confiança de que itens e serviços atendam requisitos jurídicos e contratuais e irá ter desempenho satisfatório em serviço
Terminologia do Instituto Brasileiro de Petróleo - IBP(1989)U
Conjunto de ações sistemáticas e planejadas para assegurar a confiabilidade, o desempenho e a adequação ao uso de um determinado produto ou serviço.
TABELA 1 - Definições de Garantia da Qualidade (visão ocidental). -com base em PICCHI (1993).
16Pelas definições da tabela acima, observa-se dois importantes
elementos: a prevenção e a comprovação. Estes elementos, estão expressos
na comparação que Juran e Gryna fazem entre os termos "seguro" e "garantia"
da qualidade: "enquanto no primeiro uma proteção é dada pelo pagamento de
uma importância, no caso de um desastre, no caso da Garantia a proteção
consiste na informação. Esta informação tem dois propósitos: 1. assegurar ao
receptor que esta tudo bem, isto é o produto é adequado para o uso; o
processo esta se comportando normalmente; os procedimentos estão sendo
seguidos; 2. Para dar ao receptor um aviso antecipado de que algo não está
indo bem, colocando-o na posição de poder tomar medidas preventivas para
evitar o desastre" (JURAN; GRYNA (1980) apud. PICCHI,1993).
Assim a Garantia da Qualidade tem como principais ações:
a) a priori: organização de medidas (planejamento, prevenção);
b) durante a implementação: "controle do controle" (procedimentos para
garantir que os controles planejados estão sendo realizados);
c) a posteriore: demonstração de que todos os procedimentos estão e foram
postos em prática (documentação).
A partir dos setores onde se originou (nuclear, aeroespacial,
aeronáutico), a Garantia da Qualidade expandiu-se para outros setores. Em
geral estes setores utilizam um grande número de fornecedores, que passam a
ser exigidos quando à implantação de Sistemas de Garantia da Qualidade.
Desta forma, os princípios de Garantia da Qualidade chegam a quase todos os
setores industriais, na forma de exigências contratuais.
A implantação de Sistemas da Qualidade tem grande impulso na década
de 80, quando diversas empresas, que num primeiro momento implantam estes
17sistemas somente para cumprir uma formalidade, começaram a perceber que a
adoção destes enfoques preventivos e sistêmico pode trazer uma grande
contribuição para a melhoria da qualidade e da produtividade.
A partir do esforço de reconstrução do pós-guerra, a indústria japonesa
surpreende o ocidente, ganhando liderança em diversos setores, fortemente
ligados a qualidade, que se torna estratégia nacional de sobrevivência e
competitividade. Enquanto que antes da II - Guerra predominava a visão de
que os produtos japoneses eram baratos e ruins, a partir da década de 60 o
Japão passa a ser modelo em gerenciamento da qualidade. Surge no Japão
alguns autores de impotência (Ishikawa, Kondo, Kusaba, Mizumo, etc.), que
propõem distinções do enfoque ocidental, e batizam-no de Controle de
Qualidade por Toda a Empresa (CWQC, sigla do inglês: Company Wide Quality
Control, também conhecido no Brasil por CQAE - Controle de Qualidade Amplo
Empresarial). Observa-se que no Japão utiliza-se como sinônimos as siglas
CWQC e TQC - ISHIKAWA (1986 apud DEMING, 1990).
Pode-se citar como importantes marcos deste desenvolvimento:
• criação em 1946 da JUSE (Japanese Union of Scientist and Engineers),
entidade que se torna o centro de difusão das atividades de controle da
qualidade no Japão.
• as visitas ao Japão de Deming, em 1950 e Juran, em 1954, a convite da
JUSE, que proferiram palestras à alta administração das empresas sobre
controle estatístico da qualidade e gerenciamento da qualidade, tendo grande
impacto;
• a difusão em massa dos conceitos da qualidade, através de séries de rádio
(1956 e 1962), televisão (1959) e textos vendidos em bancas de jornais;
18• a criação dos CCQs (Círculo de Controle da Qualidade), que são
conceituados segundo publicação da JUSE em 1970 apud. TOLEDO (1982
apud JURAN, 1990), como: "Um pequeno grupo de trabalhadores, de uma
mesma área, formado para desempenhar atividades de controle da qualidade.
Este grupo procura continuamente o desenvolver suas habilidades e resolver
os problemas relativos a qualidade no seu local de trabalho, através do uso de
técnicas de CQ (controle da qualidade) e da participação de todos os
membros." teve como importante instrumento de divulgação, a revista Gemba-
to-QC (Controle da Qualidade para encarregados), lançada em 1962.
A partir da década de 60 tem grande difusão entre as empresas
japonesas o CWQC, cujas principais características são resumidas por
Ishikawa apud. PICCHI (1993), em seis itens:
• TQC na empresa inteira com participação dos empregados;
• ênfase no ensino e no treinamento;
• atividades dos Círculos de Controle da Qualidade (CCQ);
• auditorias de TQC, exemplificada pela auditoria do Prêmio Deming e pela
auditoria do Presidente;
• aplicação de métodos estatísticos;
• promoção do TQC para a nação inteira.
JURAN (1990) enfatiza quatro estratégias como fundamentais na
revolução japonesa da qualidade: duas já citadas (o treinamento em todos os
níveis e a participação dos trabalhadores através do CCQ), sendo as demais:
• participação dos gerentes de alto nível, liderando pessoalmente a revolução;
• empreendimento do aperfeiçoamento da qualidade como um processo
continuo ("Kaizen").
O enfoque ocidental buscando se aproximar do enfoque japonês.
Uma comparação entre as visões de Garantia da Qualidade
apresentadas, mostra que, enquanto a ênfase, no enfoque ocidental, é voltada
19para: sistemas, aspectos técnicos, especialistas da qualidade e demonstração
da qualidade, a ênfase do enfoque japonês é voltada para: melhoramento
contínuo, aspectos gerenciais e motivacionais, participação de todos os
funcionários, satisfação do cliente. MACIEL NETO (1991) (apud PICCHI, 1993)
compara alguns dos aspectos, que são deferentes entre os enfoques japonês e
ocidental.
Ênfase: Enfoque Ocidental Enfoque Japonês - objetivoU - cumprimento de
regulamentações governamentais, códigos e leisU
- atendimento das expectativas dos clientes na forma mais economica possívelU
- implementaçãoU
- manuais, procedimentos e regitros de resultados - cada departamento cumpre as suas obrigações para com a qualidade
- motivação, consientização e capacitação do homem - forte interação entre os departamentos na busca de objetivos comuns
-aperfeiçoamento tecnológicoU
- técnicas de inspeção e controle da qualidade
- engenharia do produto e processo de fabricação
-mecanismos de controleU
- auditorias técnicasU - acompanhamento do desenpenho em serviçoU
TABELA 2 - Comparação entre os enfoques ocidental e japonês - MACIEL NETO (1991) (apud PICCHI, 1993).
Na década de 70 e principalmente na década de 80, várias empresas
ocidentais buscam adaptar os conceitos, métodos e técnicas japonesas de
gerenciamento da qualidade. A experiência destas empresas proporciona um
referencial e um "feedback" ao estilo ocidental, através de um conjunto de
"lições aprendidas", das quais JURAN; GRYNA (1991) destacam:
• gerenciamento da qualidade por toda a empresa;
• participação da alta gerência;
• a triologia da qualidade; planejamento, controle e melhoria;
• consumidores internos;
20• o grande "Q" ( gerenciamento da qualidade estendido a todos os produtos e
processos, inclusive os administrativos), ao em vez do pequeno "q"( limitado a
processos industriais);
• melhoria continua da qualidade;
• planejamento da qualidade;
• controle da qualidade (com ênfase na prevenção).
A esse respeito Oliveira (2004) ressalta em seus estudos como principal
característica dessa era responsabilização das empresas pela garantia da
qualidade dos produtos e/ou serviços, ou seja, ela envolve todos os
funcionários e todos os setores. Para tanto, é necessário que se pense sobre
os processos relacionados à gestão da qualidade de forma sistêmica, de tal
modo que os processos inter-relacionados e interdependentes sejam
considerados por todos os níveis da empresa.
1.2 – Ferramentas da Qualidade
As ferramentas de qualidade podem facilitar a operacionalização do
microplanejamento do referido serviço, tornando-se eficazes instrumentos de
suporte à tomada de decisões por parte do pessoal de obra, uma vez que:
permitem antecipar eventuais falhas, de modo a planejar a execução de cada
serviço de forma ótima; permitem ações preventivas e corretivas nos
processos, de modo a reduzir a variabilidade; podem integrar os procedimentos
gerenciais da empresa durante a implementação de um sistema da qualidade;
possibilitam introduzir a melhoria contínua no processo de execução das
estruturas de concreto armado, envolvendo a produtividade dos serviços e da
mão-de-obra e o controle da qualidade (ARAUJO, AQUINO, ROTONDARO,
1997).
21Segundo Araújo, Aquino e Rotondaro (1997), justifica-se ainda o uso
destas ferramentas diante da facilidade da aplicação prática por parte dos
gestores de obras. Adicionalmente, as ferramentas indicam - por meio de
ponderações - quais ações devem ser priorizadas pela gerência da obra, em
função da facilidade de atuação, da gravidade da falha e dos efeitos
produzidos.
Vê-se, portanto, que um planejamento desenvolvido segundo as
proposições supracitadas, possa constituir um meio para minimização de
custos ou como caminho para a busca da qualidade e produtividade dos
processos.
1.2.1 - Diagrama de Pareto
O Diagrama de Pareto Segundo Main (1994, p. 126) conhecido também
como gráfico de Pareto consistem em:
Uma forma simples de determinar prioridades. Traduz-se os dados provenientes, digamos, de uma folha de verificação, em um gráfico de barras. A causa maior do número de defeitos aparece como a barra mais alta e deve ser a maior prioridade.
O Diagrama de Pareto é utilizado quando for necessário ressaltar a
importância relativa entre vários problemas ou condições, no sentido de
escolher pontos de partida para a solução de um problema (avaliação de
efeitos indesejáveis); avaliar um progresso (efeitos positivos) e; identificar a
causa básica de um problema (FERREIRA, 2005).
Para se construir um Diagramas de Pareto é necessário primeiramente,
definir os problemas que serão investigados e a forma de coleta dos dados. Em
seguida decidir que tipo de problema você quer investigar como defeitos;
perdas financeiras; acidentes; baixa produtividade para poder definir os dados
22que serão necessários e a forma de classificação do tipo de defeito; equipe,
local, processo, método. É necessário determinar o método e o período de
coleta dos dados e usar formulário definido e criar um formulário para a coleta
dos dados (FERREIRA, 2005).
Coletar os dados e calcular os totais é uma fase muito importante pois
será útil na preparação de uma planilha de dados, com os totais individuais e
acumulados e calcular os percentuais individuais e acumulados (FERREIRA,
2005).
Em seguida classificar os itens em ordem decrescente, mantendo o item
outros como último, independente da sua grandeza (se o valor for muito grande
deve passar a ter os itens mais significativos fazendo parte da lista de itens
coletados). Por fim construir um Diagrama de Barras e registrar as informações
pertinentes (FERREIRA, 2005).
Exemplo de Diagrama de Pareto:
Fonte: Método de solução de problemas “QC Story” (FERREIRA, 2005)
231.2.2 – Diagrama de causa e efeito
O Diagrama de Causa e Efeito (ou Espinha de peixe) é uma técnica
largamente utilizada, que mostra a relação entre um efeito e as possíveis
causas que podem estar contribuindo para que ele ocorra. Construído com a
aparência de uma espinha de peixe, essa ferramenta foi aplicada, pela primeira
vez, em 1953, no Japão, pelo professor da Universidade de Tóquio, Kaoru
Ishikawa, para sintetizar as opiniões de engenheiros de uma fábrica quando
estes discutem problemas de qualidade (MAIN, 1994). Para Visualizar, em
conjunto, as causas principais e secundárias de um problema. Ampliar a visão
das possíveis causas de um problema, enriquecendo a sua análise e a
identificação de soluções. Analisar processos em busca de melhorias.
Para construir é necessário que se estabeleça claramente o problema
(efeito) a ser analisado. Desenhe uma seta horizontal apontando para a direita
e escreva o problema no interior de um retângulo localizado na ponta da seta.
Para melhor compreensão do problema, busque as sub-causas das causas já
identificadas ou faça outros diagramas de causa e efeito para cada uma das
causas encontradas. Neste caso, seriam encontradas as causas das causas.
Temos como exemplo este Diagrama de causa e efeito:
Fonte: Manual de ferramenta do construtor. (SEBRAE, 2005)
24
Temos como exemplo também um modelo deste diagrama:
Fonte: Manual de ferramenta do construtor. (SEBRAE, 2005)
1.2.3 – Histogramas
Segundo Main (1994, p. 127) “histograma é um gráfico de barras que
mostra a dispersão”. Por exemplo, é possível medir a espessura das peças de
metal que chegam, classificá-las segundo várias categorias e construir um
gráfico de barras mostrando o tamanho de cada categoria. Se todas as
medidas ficarem basicamente em algumas categorias, criando algumas barras
altas, a dispersão é pequena, se sua distribuição for mais uniforme, ao longo
de diversas categorias, a dispersão é grande.
O histograma é um gráfico composto por rectângulos justapostos em
que a base de cada um deles corresponde ao intervalo de classe e a sua altura
à respectiva frequência. Quando o número de dados aumenta indefinidamente
e o intervalo de classe tende a zero, a distribuição de frequência passa para
uma distribuição de densidade de probabilidades (PEDRO, et. al., 2008).
25A construção de histogramas tem carácter preliminar em qualquer
estudo e é um importante indicador da distribuição de dados. Podem indicar se
uma distribuição aproxima-se de uma função normal, como pode indicar
mistura de populações quando se apresentam bimodais (PEDRO, et. al., 2008).
Exemplo de Histograma:
Fonte: Controlo de qualidade. (PEDRO, et. al., 2008).
1.2.4 - Fluxogramas
Um Fluxograma é a representação gráfica da seqüência de atividades
de um processo. Segundo Main (1994, p. 126) “é apenas um diagrama que
apresenta um processo etapa por etapa, no qual cada etapa do processo vem
especificada no local apropriado”.
Além da seqüência das atividades, o fluxograma mostra o que é
realizado em cada etapa, os materiais ou serviços que entram e saem do
processo, as decisões que devem ser tomadas e as pessoas envolvidas
26(cadeia cliente/fornecedor). O mesmo é útil para a compreensão e posterior
simplificação de um processo ou eliminação das etapas desnecessárias (MAIN,
1994).
Utiliza-se o fluxograma para entender um processo e identificar
oportunidades de melhoria (situação atual); desenhar um novo processo, já
incorporando as melhorias (situação desejada); facilitara comunicação entre as
pessoas envolvidas no mesmo processo e; disseminar informações sobre o
processo (SEBRAE, 2005). O fluxograma torna mais fácil a análise de um
processo à identificação das entradas e de seus fornecedores; das saídas e de
seus clientes; de pontos críticos do processo.
O fluxograma utiliza um conjunto de símbolos para representar as
etapas do processo, as pessoas ou os setores envolvidos, a seqüência das
operações e a circulação dos dados e dos documentos. Os símbolos mais
comumente utilizados são os seguintes:
Operação: Indica uma etapa do processo. A etapa e quem a executa são
registrados no interior do retângulo (SEBRAE, 2005).
Decisão: Indica o ponto em que a decisão deve ser tomada. A questão é
escrita dentro do losango, duas setas, saindo do losango mostram a direção do
processo em função da resposta (geralmente as respostas são SIM e NÃO)
(SEBRAE, 2005).
Sentido do fluxo: Indica o sentido e a seqüência das etapas do processo
(SEBRAE, 2005).
27Limites: Indica o início e o fim do processo (SEBRAE, 2005).
Para utilizar o fluxograma é preciso definir o processo a ser desenhado.
Escolher um processo que crie o produto ou o serviço mais importante, do
ponto de vista do cliente. Logo após, elaborar um macrofluxo do processo,
identificando os seus grandes blocos de atividades. Montar, para a elaboração
do fluxograma, um grupo, composto pelas pessoas envolvidas nas atividades
do processo. É necessário também detalhar as etapas do processo e descreva
as atividades e os produtos ou os serviços que compõem cada uma delas e,
identificar os responsáveis pela realização de cada atividade identificada. Por
último fazer a checagem se o fluxograma desenhado corresponde à forma
como o processo é executado e faça correções, se necessário (SEBRAE,
2005). Exemplo de fluxograma:
Fonte: Manual de ferramenta do construtor. (SEBRAE, 2005)
281.2.5 – Cartas de Controle
Este tipo de ferramenta também conhecido como gráfico comumente
utilizado para o acompanhamento durante o processo determina uma faixa
chamada de tolerância limitada pela linha superior (limite superior de controle)
e uma linha inferior (limite inferior de controle) e uma linha média do processo,
que foram estatisticamente determinadas (MAIN, 1994).
As cartas de controle surgiram a partir de problemas a serem resolvidos
na área de produção, mas agora passa a ser utilizada em outros setores
também. Pode-se monitorar, por exemplo, o nível de satisfação ou
reclamações de clientes utilizando-as convenientemente. A análise da evolução
das receitas em uma empresa, do mesmo modo, não deve ser avaliada com
base no número atual, ou simplesmente pela comparação com um número do
mesmo período anterior, pois é necessária uma avaliação de contexto, pois só
ela permite fugir de conclusões baseadas em episódios, e que portanto não
reflete o comportamento normal do sistema. As cartas de controle são,
portanto, uma ferramenta com eficácia comprovada, para entender e
fundamentar as ações de ajuste de curso nestes nossos tempos, cuja
constante é a turbulência (MIOTTO, 2002).
Realizada em amostras extraídas durante o processo, supõe-se
distribuição normal das características da qualidade. O objetivo é verificar se o
processo está sob controle. Este controle é feito através do gráfico (MAIN,
1994).
Tipos de Cartas de Controle:
a) Controles por variáveis:
Da Média ( X )
Do Desvio Padrão ( s )
Da Amplitude ( R )
29b) Controles por atributos:
Da fração defeituosa (p).
Do n° np de defeituosos na amostra n.
Do n° u de defeitos por unidade.
Do n° c de defeitos em uma amostra.
Exemplo de Carta (gráfico) de controle:
Fonte: Manual de ferramenta do construtor. (SEBRAE, 2005)
1.3 – Princípios da Qualidade
Uma empresa que adota os princípios da qualidade em sua plenitude,
passa a medir não só para acompanhar a variância dos padrões, mas muito
mais para estar na vanguarda dos novos requisitos de seus clientes e
fornecedores, procurando estar sempre atualizada no mercado competitivo. Na
verdade, cada dia que passa, para empresas assim, o fundamental não é mais
seguir os padrões, mas avaliar e medir a variância que a sociedade provoca
neles.
30Seguem abaixo alguns princípios básicos para se manter uma empresa
bem preparada perante outras organizações:
- Planejamento da Qualidade - Segundo Takashina (1997), é essencial para
delinear um guia da qualidade, pois prepara a empresa para alcançar as metas
da qualidade. Os elementos desse planejamento são os seguintes: identificar
quem são os clientes internos e externos e conhecer quais são suas
exigências, desenvolver o produto ou serviço face a essas exigências,
identificar os processos que tenham impacto sobre a qualidade, estabelecer
metas da qualidade e garantir a capacidade do processo para atingir essas
metas em condições normais de funcionamento.
- Total Satisfação dos Clientes - pode ser entendido como o ponto principal da
gestão da qualidade. Os clientes são a razão de existir de uma organização, e
o primeiro passo da qualidade é conhecer as necessidades dos clientes e
como os clientes avaliam os produtos A qualidade total visa obter um forte
efeito de sinergia, em que o todo é maior do que a soma das e serviços que
lhes são prestados. Essa avaliação deve ser transformada em indicadores
concretos, de modo a permitir a mensuração do grau de satisfação dos
clientes. A organização deve estabelecer um processo sistemático e regular de
troca e mútuo aprendizado com seus clientes, procurando antever suas
necessidades, antecipar seus desejos e superar suas expectativas
(TAKASHINA, 1997).
- Gestão participativa - nesse caso, o relacionamento entre chefia e
subordinados é a tônica. As novas idéias devem ser estimuladas e a
criatividade aproveitada para a resolução dos problemas e o constante
aperfeiçoamento das atividades. O medo deve ser eliminado, e os vários níveis
gerenciais devem adotar atitude de ouvir permanentemente o que pensam
seus colaboradores. Se essa cultura for adotada internamente, entende-se que
os clientes também serão ouvidos em qualquer nível hierárquico da
31organização. É necessário que os gerentes adotem atitudes de liderança e
transparência (TAKASHINA, 1997).
- Desenvolvimento dos recursos humanos – o sentido maior desse princípio é
buscar a valorização dos funcionários, enfocando seu crescimento e plena
realização como peças fundamentais na obtenção da qualidade total.Tal
enfoque implica uma nova postura, que preconiza a mudança de
comportamentos e atitudes na organização. A capacitação e o treinamento
cumprem um papel fundamental na modernização da empresa.
- Constância de propósitos - a adoção de novos valores é um processo lento e
gradual que deve levar em conta a cultura existente na organização. A
definição de propósitos através de um processo de planejamento estratégico
participativo, integrado e baseado em análise de dados íntegros e abrangentes,
determina o comprometimento, a confiança, o alinhamento e a convergência de
ações. O engajamento da alta direção, definindo e implementando a política da
qualidade e os seus objetivos, assegurando que a política e seu engajamento
sejam entendidos e mantidos em todos os níveis da organização, é vital
(TAKASHINA, 1997).
- Aperfeiçoamento contínuo - Nesta época de mudanças aceleradas, as reais
necessidades dos clientes se alteram rapidamente com a renovação
tecnológica ou de costumes, alimentadas por uma concorrência acirrada.
Novas leis e regulamentos são elaborados para se garantir a qualidade dos
produtos e serviços adquiridos. As características deste princípio encontram-se
no questionamento permanente de todas as atividades e ações realizadas na
empresas, buscando a inovação dos produtos, serviços e processos, a
criatividade e a flexibilidade de atuação, a análise comparativa com os
concorrentes e a capacidade de incorporar novas tecnologias (TAKASHINA,
1997).
32- Gerenciamento de processos - o conceito básico é que a organização deve
ser entendida como um sistema aberto, que tem como finalidade atender às
necessidades dos seus clientes e usuários, através da produção de bens e
serviços, gerados a partir de insumos recebidos de seus fornecedores e
manufaturados ou transformados através de seus recursos e tecnologia. O
gerenciamento de processos, aliado ao conceito de cadeia clientefornecedor,
propicia a queda de barreiras entre as áreas, com a extinção de “feudos” e uma
maior integração na organização (TAKASHINA, 1997).
- Disseminação das informações - na verdade, todos os princípios da qualidade
total têm como pré-requisito um fluxo de informações no mínimo funcional e
adequado. Todos os funcionários devem assimilar o negócio, a missão, os
grandes propósitos e planos empresariais. A empresa deve manter um canal
aberto de comunicação com seus clientes, levantando expectativas e
necessidades, firmando sua imagem com a divulgação de seus principais
objetivos, produtos e serviços. O processo de comunicação deve obedecer aos
quesitos de agilidade, seletividade e integridade, devendo propiciar total
transparência da organização frente aos seus funcionários, clientes,
fornecedores e sociedade (TAKASHINA, 1997).
- Garantia da qualidade - esse é o princípio mais formal, pois trata do
estabelecimento de normas e procedimentos da organização que forma um
sistema documentado passível de certificação pela análise comparativa com
normas internacionais. Essas normas, que podem ser as Normas ISO 9000,
VDA 6.1 ou outras reconhecidas internacionalmente, servem de base para a
definição de cláusulas contratuais entre clientes e fornecedores. A certificação
assegura que o fornecedor tem total controle sobre o processo e pode repetir
aquilo que foi feito.Aformalização dos processos deve assegurar, portanto, a
rastreabilidade e a disponibilidade de produtos e serviços. Deve prever também
o controle de projetos e da documentação, o uso de técnicas estatísticas, a
formalização com relação aos fornecedores, inspeções, testes de produtos,
controle das não-conformidades, ações corretivas, manuseio, armazenagem,
33embalagem, distribuição e auditorias internas. A formalização fornece
ferramentas para a uniformidade de procedimentos (TAKASHINA, 1997).
- Desempenho zero defeitos - Esse princípio deve ser incorporado à maneira
de pensar de todos os funcionários, de forma a que todos busquem a perfeição
em suas atividades. Todos na organização devem ter clara a noção do que é
estabelecido como “certo”. Isso se dá a partir das definições acordadas entre a
empresa e seus clientes, internos e externos, e da conseqüente formalização
dos processos dentro do princípio da garantia da qualidade. Os desvios devem
ser medidos para que no ciclo PDCA se localize a causa principal do problema
e se planejem ações corretivas.Ocusto de prevenir erros é sempre menor que o
de corrigi-los (TAKASHINA, 1997).
1.4 – 5S
O Programa 5S surgiu a partir de maio de 1950 quando a equipe do
professor Kaoru Ishikawa lançou um método de combate aos desperdícios e
eliminação de perdas, visando otimizar os parcos recursos existentes em um
país destruído pela guerra. Este método, que mexeu com o moral dos
japoneses, foi chamado de 5S sendo composto de cinco ações ou Sensos, que
começam com a letra “S” quando pronunciados em japonês. Os cinco Sensos
deste método são: Seleção, Ordenação, Limpeza, Bem Estar e Autodisciplina.
Os 5S’s são interpretados como sensos, primeiramente para manter o
nome original do programa, e ainda para refletir melhor a idéia de profunda
mudança comportamental (OSADA, 1992).
O programa mencionado objetiva a educação, treinamento, e busca a
qualidade através de constante aperfeiçoamento dos detalhes que compõem a
34rotina do dia- a- dia de trabalho. Os efeitos dos 5S’s são tão abrangentes que
se tornam uma prática fundamental para a obtenção e consolidação do
processo educacional de quaisquer atividades. Os conceitos fundamentais do
programa devem ser entendidos, incorporados e praticados por todos os níveis
hierárquicos, dos empregados à gerência, visando entre outras metas, evitar
desperdícios e garantir um ambiente de trabalho cada vez mais saudável
(OSADA, 1992).
Osada (1992) sugere que a alta administração deve demonstrar
comprometimento com a melhoria, antes de solicitar-lhes qualquer tipo de
colaboração. Além do comprometimento, a alta administração deve realizar um
evento oficial de lançamento do programa, com a presença do presidente e
diretores, para que todos entendam a importância e a seriedade com que o
assunto é tratado. Implantar o Programa 5S por toda a organização é uma
decisão que cabe somente à alta administração.
No início da implantação a alta administração deve os explicar aos
envolvidos seus objetivos e os benefícios da mudança, o suporte da gerência
ao Programa 5S no presente pode proporcionar muita economia em termos de
qualidade, prevenção de acidentes e produtividade no futuro. Além de
melhorias no aspecto motivacional dos operários da empresa.
Costa e Rosa (1999), salientam também o papel essencial da alta
administração e acrescentam que o programa destina-se a educação contínua,
dessa forma, os colaboradores da empresa poderão incorporar novos hábitos e
atitudes em seu ambiente de trabalho.
Uma das dificuldades que as construtoras encontram para a implantação
efetiva dos Sistemas de Gestão da Qualidade nos canteiros de obra é a
resistência nos níveis hierárquicos mais baixos. A adesão dos operários às
transformações necessárias é ponto fundamental para que os objetivos do
programa sejam alcançados. As deficiências educacionais da população no
35Brasil agravam esse fator. Segundo Osada (1992), pelo desenvolvimento de
cinco conceitos básicos, denominado “5S’s”, torna-se possível a criação de um
ambiente propício à mudanças de comportamento e de atitudes das pessoas.
A implantação deste programa nas construtoras tem se mostrado um
importante instrumento a ser explorado no início dos processos de mudanças,
e na introdução de novos conceitos de gestão, pois possibilita uma ligação
eficaz entre a engenharia e os trabalhadores, ajudando a transmitir de forma
simples os conceitos de Qualidade e os procedimentos para a implantação de
Programas de Qualidade mais abrangentes (COSTA & ROSA, 1999).
O Programa 5S no canteiro traz benefícios concretos, pois os resultados
são facilmente e rapidamente observados. Além disso, os conceitos aplicados
são simples, o programa é participativo ou seja, promove o envolvimento de
todas as equipes produtivas da obra. O programa se propõe a melhorar a
organização e a limpeza das obras, ao mesmo tempo, provoca a mudança de
comportamento dos profissionais com relação à cultura do desperdício (COSTA
& ROSA, 1999).
O “5S” é uma filosofia de trabalho, uma ferramenta de qualidade útil à
organização no alcance das suas metas e de uma gestão eficiente.
O “5S” ou “Programa 5S”, como também é conhecido, é um conjunto de
cinco conceitos simples que, ao serem praticados, são capazes de modificar o
ambiente de trabalho.
O “5S” é constituído pela utilização de 5 (cinco) palavras de origem
japonesa, cuja definição é apresentada a seguir:
SEIRI: senso de utilização;
SEITON: senso de ordenação;
36SEISO: senso de limpeza;
SEIKETSU: senso de saúde;
SHITSUKE: senso de autodisciplina.
O termo “5S” é derivado de cinco palavras japonesas, todas iniciadas
com a letra S. Na interpretação dos ideogramas que representam essas
palavras, do japonês para o inglês, conseguiu-se encontrar palavras que se
iniciavam com a letra S e que tinham um significado aproximado do original em
japonês. Porém, tal não ocorreu com a tradução para o português. A melhor
forma encontrada para expressar a abrangência e profundidade dos
significados desses ideogramas foi acrescentar o termo "senso de" antes de
cada palavra em português que mais se aproximava do significado original.
Assim, o termo original “5S” ficou mantido mesmo na língua portuguesa.
O principal objetivo do “5S” é criar um ambiente digno de trabalho, onde
o homem possa sentir-se bem consigo próprio e com aqueles com os quais se
relaciona.
Com a presença do “5S” nas diversas atividades do trabalho, outros
objetivos são atingidos, tais como: melhoria na qualidade, prevenção de
acidentes, melhoria da produtividade, redução de custos, conservação de
energia, prevenção quanto à parada por quebras, melhoria na atmosfera e
ambiente de trabalho, exercício da administração participativa, incentivo à
criatividade e melhoria do moral dos empregados.
A filosofia do “5S” é profunda e pressupõe mudanças que
acompanharão as pessoas onde quer que elas estejam. Do estagiário ao
presidente, todos, sem exceção, encontrarão no “5S” uma linguagem comum.
A mudança comportamental deve iniciar-se por meio do “5S”. O
programa tem a vantagem de iniciar-se por ações simples e praticáveis,
37imediatamente, sem teorias complicadas. Sem o medo da aprendizagem de
conhecimentos novos, mesmo o mais humilde colaborador pode liberar o seu
potencial e iniciar um ciclo de conhecimento e habilidades para solução de
problemas individuais e de equipe.
Os primeiros resultados obtidos com a implantação dos “3S” iniciais
impressionam, mas a sua manutenção e melhoria a longo prazo é
extremamente difícil. Entretanto, é um desafio do qual não se pode fugir, pois é
impossível obter excelência na organização sem a excelência do “5S”. O
monitoramento do “5S” deve ser realizado para garantir seu melhoramento
contínuo e a sua manutenção.
Para manter e melhorar o programa, entretanto, é necessário refletir
seriamente sobre o estilo de administração vigente. A longo prazo, somente
uma grande mudança de estilo administrativo garantirá uma profunda mudança
dos colaboradores.
A diretriz para a implantação do “5S” deve ser, portanto: montar um
plano que não entre em choque com a cultura local e que, ao contrário, permita
que a mudança ocorra a partir da base preexistente, sem rupturas
desestabilizadoras. Nenhum plano pronto, nenhuma experiência alheia deve
ser copiada sem uma profunda análise das relações existentes. Respeitar as
peculiaridades de cada empresa, conhecer sua realidade atual e partir dela são
premissas fundamentais para o sucesso do programa.
O “5S” tem início, porém não tem fim. Para que permaneça ativa, a
promoção do “5S” deve ser feita de forma contínua, a fim de motivar os
servidores, educando e fortalecendo a convicção de que o “5S” é fundamental
para a Organização.
38O acompanhamento dos resultados do programa ocorre por meio das
auto-avaliações que são realizadas nas reuniões. A avaliação é o instrumento
utilizado para a verificação do andamento do processo. Possibilita a realização
de ações corretivas necessárias em cada área. A responsabilidade pelas
ações corretivas é de todos os servidores, mas deve haver sempre um
responsável por cada tarefa.
O “5S” é uma ferramenta útil a qualquer tipo de organização,
independentemente do estágio de implantação de programas de qualidade,
porte ou segmento da economia.
É um programa para todas as pessoas. Deve ser aplicado no trabalho,
em casa, na escola e em qualquer lugar em que exista uma comunidade.
Baseia-se em educação, treinamento e prática em grupo. Visa a mudar a
maneira de pensar das pessoas na direção de um melhor comportamento para
toda a vida. O sucesso do programa depende da colaboração de cada um e da
participação de todos no processo.
Para implementar os 5S é necessário seguir algumas etapas para se
obter sucesso:
1ª etapa: equipe de implantação -Formada por 3 pessoas, no mínimo, de
diferentes setores da instituição e 1 pessoa da alta administração. A equipe
tem que ter disponibilidade para conduzir o processo, orientar, esclarecer
dúvidas e fazer visitas rotineiras de acompanhamento.
2ª etapa: Planejamento -Equipe de implantação pode elaborar um cronograma,
um plano de orientação, determinar as ferramentas que serão utilizadas e
dividir as atividades. As tarefas e as responsabilidades devem ser distribuídas
e todos devem se comprometer com os prazos de cumprimento.
393ª etapa: Fotos e registros - É importante registrar a situação atual da
organização, em todas as áreas, especialmente onde forem percebidas
necessidades de melhoria. Posteriormente, a equipe deve se reunir e discutir
as falhas, as ações corretivas, dar sugestões de melhoria baseadas nas fotos.
É importante a opinião de cada um, principalmente por que pertencem a áreas
diferentes na empresa.
4ª etapa: Reunião - A equipe pode convidar o pessoal da instituição para uma
reunião, compartilhar os dados e mostrar o compromisso e a disposição para
implantar o método. Nesta reunião, a equipe pode iniciar o trabalho de
conscientização do pessoal, da importância do programa 5S para a melhoria do
trabalho. A equipe também pode explicar os objetivos do trabalho, mostrar as
vantagens do programa e os benefícios.
5ª Etapa: Implantação - Após esta reunião de sensibilização do pessoal com a
equipe responsável, o programa começa a ser efetivamente implantado. As
responsabilidades são divididas de acordo com as áreas de trabalho, bem
como os mapas de acompanhamento do trabalho. Em casa fase, o pessoal
envolvido deve se reunir para definir as atividades, esclarecer as dúvidas, citar
exemplos, etc. A interação da equipe com o pessoal envolvido é importante,
para que não fiquem dúvidas a respeito do programa e para que tudo corra
bem na fase seguinte.
6ª Etapa: Acompanhamento - A equipe organizadora planeja e se organiza
para fazer visitas nas áreas de implantação com pelo menos um membro da
equipe organizadora supervisionando a visita. Nas visitas, os quesitos
necessários para a implantação do programa devem ser acordados, conforme
a orientação do colaborador. Os pontos positivos, como os negativos devem
ser apontados, pois o pessoal deve ser motivado a seguir as orientações. O
ideal é que a equipe faça um mapa de acompanhamento mensal para verificar
os benefícios, os resultados, as mudanças. É essencial que todos sigam o
programa, desde os gerentes e diretores aos técnicos de apoio. Com o tempo,
40cada integrante vai diagnosticar a importância dos conceitos e de sua
aplicação, tornando a metodologia um hábito no trabalho. Dessa forma, o
sistema vai se consolidando, junto com o Sistema da Qualidade.
Os técnicos e funcionários novos, que forem se incorporando à empresa,
também se habituarão a aplicar os conceitos, uma vez que entrarem num
sistema já implantado.
A gerência, setor ou empresa deve também se responsabilizar por
planejar reuniões periódicas com os membros da equipe para verificar como
está sendo seguida cada fase do programa e as melhorias que podem ser
feitas. Isso garante a motivação em sempre manter o hábito da metodologia e a
manutenção do programa sempre implantado.
Os treinamentos dos membros da equipe, técnicos e funcionários, deve
ser periódico e o acompanhamento deve ser constante. Com os novos
treinamentos, a equipe pode verificar os resultados, avaliações do pessoal, as
melhoras e o que ainda pode ser feito.
O custo para a implantação do programa não é alto e os recursos podem
ser alocados do orçamento da empresa ou do setor. De acordo depoimentos
de instituições em que com o método já foi implantado ou está em implantação,
não houve dificuldades para o custeio ou necessidades de compra excessiva
de itens.
Algumas fases podem ter o custo mais elevado que outras, o que
dependerá também do número de pessoas envolvidas no processo, do nível de
compromisso da equipe,da estrutura física e da situação atual da empresa.
Quanto mais rápido o pessoal se mobilizar para implantar o programa e se
dedicar, menores serão tempo e gastos para implantar.
411.5 Seis Sigma
Estratégia Seis Sigma é uma extensão dos conceitos da Qualidade Total
com foco na melhoria contínua dos processos, iniciando por aqueles que
atingem diretamente o cliente. A estratégia Seis Sigma não é uma proposta
inovadora. Ela aproveita todas as iniciativas de qualidade que estão em
andamento ou que já foram implantadas na instituição, harmonizando-as e
estabelecendo metas desafiadoras de redução de desperdício (BLAUTH,
2003).
A estratégia Seis Sigma considera a natureza do negócio, seu tamanho,
suas características específicas e os aspectos culturais e sociais das pessoas
que dele participam. Nessa caracterização, são identificadas as lacunas
existentes entre as necessidades e desejos dos clientes e as atuais
capacidades produtivas. Para cada empresa, são escolhidas as ferramentas da
qualidade a serem empregadas, são estabelecidas as metas e quantificados os
recursos necessários para atingi-las.
A aplicação da estratégia exige um minucioso diagnóstico e elaboração
de um projeto personalizado para a implementação das melhorias. Para uma
instituição, a prioridade pode ser, por exemplo, a melhoria na logística,
otimizando os processos de transporte, tempo de espera, dimensionamento de
estoques, procedimentos de controle e inventário; para outra instituição, o
primordial pode ser a melhoria dos processos de transformação; e em outra, a
prioridade pode ser o relacionamento com os clientes e a rede de distribuição
(BLAUTH, 2003).
Ressalte-se que uma empresa que utiliza máquinas sofisticadas,
desenvolve processos inteiramente automatizados e fabrica produtos de
altíssima precisão e sem defeitos não necessariamente representa uma
organização Seis Sigma, se nessa empresa existirem outros processos
42ineficientes e pessoas descomprometidas. Uma instituição, porém, pode iniciar
a estratégia Seis Sigma melhorando alguns processos e convivendo com
outros que optar por manter sem alterações devido a limitações de recursos
(BLAUTH, 2003).
Ao adotar o Seis Sigma, uma instituição não precisa obrigatoriamente
utilizar esse nome. Muitas instituições adotaram a estratégia Seis Sigma e a
chamaram por nomes próprios. Porém, mais importante que o nome é o
resultado alcançado . (BLAUTH, 2003).
1.6 Indicadores de Desempenho
Indicadores de gestão e desempenho são ferramentas indispensáveis
para a tomada de decisão no que diz respeito à alocação de recursos, análise
de gastos e relação custo–eficácia. A comparação dos níveis atingidos pelas
diversas Instituições permite classificá-las de acordo com o respectivo
desempenho, identificando simultaneamente os pontos fortes e fracos.
Os indicadores tornaram-se tão populares para controlar a qualidade da
manufatura que passaram a serem usados em outras áreas para outras
finalidades. Na logística, eles avaliam e auxiliam o controle da performance
logística.
A busca por eficiência tem como pré-requisito a alta qualidade dos
serviços prestados ao cliente final (FLEURY e IAVALLE, 2000). No entanto,
atualmente para se atingir esse objetivo não basta apenas ter o aprimoramento
das atividades internas da empresa. É fundamental também que exista um alto
nível de integração entre os parceiros de uma mesma cadeia.
43As empresas cada vez mais estão conscientizando-se de que não é
possível atender às exigências de serviço dos clientes e, simultaneamente,
cumprir com os objetivos de custo da empresa sem trabalhar de forma
coordenada com outros participantes da cadeia de suprimentos (FLEURY e
LAVALLE, 2000).
Assim, os indicadores de desempenho podem monitorar a qualidade das
atividades logísticas internas à empresa ou a de seus parceiros (fornecedores).
A necessidade de aprimoramento das relações entre empresas de uma cadeia
fez surgir a preocupação de monitoramento de indicadores de âmbito externo.
Muito mais do que ferramentas de acompanhamento do serviço prestado pelos
parceiros da cadeia de suprimentos para possível negociação, os indicadores
de desempenho são fundamentais para a definição de políticas e processos
internos que dependem do desempenho de seus parceiros. Além disso, eles
são essenciais na coordenação de políticas que garantam a competitividade da
cadeia de suprimentos (FLEURY e LAVALLE, 2000).
44
CAPÍTULO II
A INFORMAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO
Hoje em dia, existe o consenso de que na sociedade pósindustrial, cuja
economia assume tendências globais, a informação passou a ser considerada
um capital precioso equiparando-se aos recursos de produção, materiais e
financeiros. O que tem sido relevante é a mudança fundamental no significado
que a informação assume na nova realidade mundial de uma sociedade
globalizada: agora a informação não é apenas um recurso, mas o recurso. A
aceitação desta idéia a coloca como o recursochave de competitividade efetiva,
de diferencial de mercado e de lucratividade nesta nova sociedade.
2.1 – O que é Informação
Informação é um termo que pode assumir muitos significados
dependendo do contexto, mas como regra geral está relacionada com alguns
conceitos como símbolos, significância, dados, conhecimento, entropia
negativa, comunicação, verdade e mensagem, se utilizado no contexto dos
sistemas de comunicação.
De acordo com Simões (2006): a informação está presente sempre que
um sinal é transmitido de um lugar para outro. Se utilizado no contexto de
sistemas de informação, o termo relaciona-se à organização de dados brutos.
A informação representa o dado interpretado, contextualizado ou utilizado por
alguém. Considerando que informar é dar forma a algo, informação é o dado
bruto lapidado, formatado, comunicado por algum agente.
45O avanço de tecnologias como a informática, telecomunicação, robótica,
fez a busca pela informação e consequentemente pelo conhecimento atingir
uma velocidade frenética.
Hoje em dia, criou-se a idéia de que o conhecimento traz poder, talvez
seja por isso que a alta competitividade nos fez entrar num ritmo alucinante
pela busca da informação.
Para Rego (2002) informação é uma abstração informal, pois não pode
ser formalizada por uma teoria lógica ou matemática, que está na mente de
alguém, com uma representação de algo significativo para essa pessoa. Setzer
esclarece que ele não está definindo e sim caracterizando o que é informação.
A frase "Paris é uma cidade fascinante" é uma informação, desde que seja lida
ou ouvida por alguém que entenda que "Paris" é a cidade capital da França, etc
e que "fascinante" tenha a qualidade usual e intuitiva associada com essa
palavra.
Quando se traz a comunicação como componente do processo
organizacional, clarificase a função da informação: ativar e organizar os
elementos envolvidos nas relações da organização com seus públicos,
interligando interesses, ou seja, “a qualidade dos dados, com significado e
utilidade para as partes, com a verdade e reduzindo a incerteza em face da
necessidade de resposta a uma pergunta [...] levando à ação corporativa entre
as partes”. (SIMÕES, 2006, p. 60). O detentor da informação tem o poder de
decisão ou de influenciar a ação do outro.
Simões (2006) considera que o elemento fundamental entre a ação e a
comunicação é a informação, entendendo comunicação como um processo
fundamental na troca de informações, o que resulta na compreensão mútua
entre os sujeitos da organização, buscando minimizar os conflitos que são
iminentes.
46Neste contexto, Bahia (1998) considera que a comunicação é um canal
primário utilizado para promover o desenvolvimento e a manutenção da cultura
organizacional, estabelecendo uma forte relação entre ambas. A comunicação
aliada à cultura organizacional torna-se um mecanismo instrumental de
redução de equívocos por parte dos indivíduos da organização, dando a idéia
de ordem frente à interpretação da grande quantidade de processos, metas e
procedimentos apresentados pela organização.
A comunicação e a organização são atividades humanas fortemente
relacionadas. A informação é a variável mediadora que conecta ambas, sendo
por sua vez, o resultado da comunicação, que se utiliza para restringir e
coordenar as atividades dos indivíduos, estabelecendo, assim, a ordem. A
comunicação, processo dinâmico, contínuo e irreversível, é, também, um
processo de recolhimento, envio e interpretação de mensagens que permite
que as pessoas compreendam suas experiências.
Observa que a comunicação nas organizações está baseada em quatro
níveis, onde a informação é o elo: a comunicação intrapessoal (que possibilita
ao indivíduo processar a informação), a comunicação interpessoal (permitindo
que os indivíduos estabeleçam e mantenham relações), a comunicação de
grupos pequenos (que permite aos membros das unidades de trabalho
coordenarem as atividades) e a comunicação multigrupos (viabilizando a
coordenação de esforços a distintas unidades funcionais das organizações).
2.2 – O valor da informação para as organizações
A importância da informação para as organizações é universalmente
aceita, constituindo, senão o mais importante, pelo menos um dos recursos
47cuja gestão e aproveitamento estão diretamente relacionados com o sucesso
desejado. A informação também é considerada e utilizada em muitas
organizações como um fator estruturante e um instrumento de gestão.
Portanto, a gestão efetiva de uma organização requer a percepção objetiva e
precisa dos valores da informação e do sistema de informação (MORESI,
2000).
A aceitação de que a informação possua um valor da mesma forma que
outros recursos da organização é, ainda, um assunto polêmico. As diferenças
da informação em relação a outros recursos dificultam ou impossibilitam a sua
categorização em termos econômicos. Estas dificuldades motivam as
organizações, como alternativa ao gerenciamento da informação, a direcionar
os seus esforços de gestão sobre as tecnologias da informação (King &
Kraemer, 1988, apud MORESI, 2000), por encontrarem aí maior aplicabilidade
de seus modelos tradicionais.
Basicamente, a informação tem duas finalidades: para conhecimento
dos ambientes interno e externo de uma organização e para atuação nestes
ambientes (Chaumier, 1986 apud MORESI, 2000). Uma derivação desta
classificação deve ser feita em função do papel que a informação pode
desempenhar nas atividades de uma organização (informação crítica, mínima,
potencial, sem interesse).
Reconhecendo a importância da informação, muitas organizações não
são sensíveis a alguns excessos na busca e na manutenção da informação. Os
esforços principais de uma organização devem priorizar a busca e a
manutenção da informações crítica, mínima e potencial, respectivamente. Em
relação à informação sem interesse, o esforço é, obviamente, no sentido de se
evitar desperdício de recursos na sua obtenção. A aceitação do princípio
subjacente a classificações como esta é comum e utilizado em muitas
abordagens de gerenciamento da informação.
48Contudo, a operacionalização deste princípio é muito delicada, pois a
classificação de uma dada informação, em particular, em uma destas classes
é, obviamente, um problema de difícil resolução prática.
Para minimizar esta dificuldade na classificação, é imprescindível
compreender um outro princípio, o do valor da informação. Antes disso, é
preciso definir qual o conceito aqui adotado para o termo informação. Saracevic
(1999, apud MORESI, 2000) ressalta que informação tem uma variedade de
conotações em diferentes campos. Em alguns campos, incluindo a ciência da
informação, a noção de informação está geralmente associada às mensagens.
Nesse sentido, existe um grande número de interpretações que são assumidas
em diferentes abordagens teóricas e práticas para o tratamento da informação.
Barreto (1996, apud MORESI, 2000) define o termo informação da seguinte
maneira: estruturas significantes com a competência de gerar conhecimento no
indivíduo, em seu grupo, ou a sociedade. Trata-se de um conceito muito
interessante, devido à profundidade e abrangência alcançados. A classificação
da informação segundo a sua finalidade para uma organização.
Fonte: (Amaral 1994 apud MORESI, 2000)
Como é possível admitir que a informação possua valor, é preciso definir
parâmetros capazes de quantificá-lo, o que não é uma tarefa trivial. Uma das
49maneiras é realizada por meio dos juízos de valor, que, apesar de serem
indefinidos, consideram que o valor varia de acordo com o tempo e a
perspectiva. Podem, em certos casos, ser negativos, como acontece na
sobrecarga de informação.
Sob esta perspectiva, o valor da informação pode ser classificado nos
seguintes tipos (CRONIN, 1990, apud MORESI, 2000):
• valor de uso: baseia-se na utilização final que se fará com a informação;
• valor de troca: é aquele que o usuário está preparado para pagar e
variará de acordo com as leis de oferta e demanda, podendo também ser
denominado de valor de mercado;
• valor de propriedade, que reflete o custo substitutivo de um bem;
• valor de restrição, que surge no caso de informação secreta ou de
interesse comercial, quando o uso fica restrito apenas a algumas pessoas.
Muitas vezes não é possível quantificar o valor da informação
estabelecendo uma equivalência a uma quantia em dinheiro. Por ser um bem
abstrato e intangível, o seu valor estará associado a um contexto. Assim, os
valores de uso e de troca poderão ser úteis na definição de uma provável
equivalência monetária.
Assim, o valor da informação pode ser traduzido em uma equação que
contenha todos os fatores que influenciam a avaliação de valor da informação.
É preciso definir quem é o cliente, qual a finalidade de utilização da informação,
a que nível organizacional atenderá à necessidade, qual a utilidade para outros
clientes e os resultados esperados (MORESI, 2000).
As formas de comunicação que utilizam a informação classificam-se
mais em três tipos: comunicação descendente, comunicação ascendente e
comunicação horizontal. O primeiro tipo é o básico, onde as informações fluem
da alta direção aos níveis mais inferiores da hierarquia (SOARES, 2001).
50Torna-se uma ferramenta que facilita o controle sobre o desempenho
dos trabalhadores ao cumprir suas tarefas. Pode-se dizer que este modelo
envia ordens às hierarquias inferiores, proporcionando informação relacionada
com o trabalho e uma análise do desempenho das atividades. Além disso,
orienta os sujeitos a reconhecerem e internalizarem as metas organizacionais
(SOARES, 2001).
A comunicação ascendente flui dos empregados dos níveis inferiores
para as categorias altas da organização, geralmente à direção. É o caminho
inverso da anterior. Proporciona a retroalimentação aos diretores sobre os
problemas atuais, informa sobre as operações cotidianas e orienta os diretores
com relação às decisões que precisam ser tomadas.
É uma fonte primária de feedback da direção para determinar a
efetividade de suas comunicações descendentes. Chama a atenção que este
modelo, também, libera as tensões dos trabalhadores ao permitir que os
sujeitos dos níveis baixos da organização compartilhem importantes
informações com seus superiores, alimentando a participação dos indivíduos,
aumentando, assim, a coesão na organização (SOARES, 2001).
Os canais internos de comunicação nas organizações são importantes
para o cumprimento das tarefas e das metas estabelecidas. A comunicação
interna das organizações é o instrumento para realizar funções diretivas, que
incluem:
• informar os indivíduos da organização acerca das metas, propósitos e
diretivas, assim como identificar os interesses mútuos dos membros para o
êxito da organização;
• descrever as tarefas organizacionais específicas que devem ser cumpridas
por todos;
• identificar responsabilidades de trabalho específicas dos indivíduos
organizacionais e treiná-los para cumpri-las;
51• desenvolver e manter um bom clima organizacional;
• impor a adesão dos membros às regras, regulamentos e normas da
organização;
• valorar o desempenho do trabalho desenvolvido e estabelecer o desempenho
profissional ideal;
• coordenar as atividades dos sujeitos da organização e dos grupos de trabalho
para o cumprimento das tarefas específicas;
• buscar retroalimentação dos indivíduos para resolver os problemas internos e
o conflito;
• manter os resultados e o desempenho da organização com alta qualidade
(BAHIA, 1998).
52
CAPÍTULO III
O FATOR HUMANO DA QUALIDADE
Deve-se interpretar a qualidade de vida como valor da vida, que é
determinado pela habilidade de pessoa de realizar certos objetivos em sua
vida. A qualidade de vida não é sinônimo de vida plena, fisiológica, psicológica
ou emocional. As pessoa são respeitadas como pessoas humanas,
independentemente do grau com que desempenhem suas funções. Contudo, o
nível em que as pessoas desenvolvem suas funções tem um papel importante
na de decisões. O aspecto central da decisão é o benefício do profissional e
inclui que ele seja capaz de atingir determinados objetivos da vida.
Existem diferentes formas de se ver a motivação, duas delas é pelo
ponto de vista da empresa que é a mais importante e a outra é a que vem das
pessoas. O que se pode compreender é que a motivação nas pessoas ocorre
se elas querem se motivar, e alguns esforços que fazemos para levá-las a
motivação costumam durar pouco e logo se esvai.
3.1 - A importância do Fator Humano
O fator humano é um processo que governa escolhas entre
comportamentos. O indivíduo percebe as conseqüências de cada alternativa de
comportamento como resultados representando uma cadeia de relações entre
meios e fins. Assim, quando o indivíduo procura um resultado intermediário
(produtividade elevada, por exemplo), está buscando meios para alcançar
resultados finais (dinheiro, benefícios sociais, apoio do supervisor, promoção
ou aceitação do grupo).
53Cada indivíduo tem preferências (valências) para determinados
resultados finais, lembrando a teoria de campo. Uma valência positiva indica
um desejo de alcançar determinado resultado final, enquanto uma valência
negativa implica um desejo de fugir de determinado resultado final. Os
resultados intermediários apresentam valência em função de sua relação
percebida com os resultados finais desejados. A produtividade elevada
(resultado intermediário) não tem valência em si, mas ganha-a enquanto estiver
relacionada com o desejo do indivíduo de atingir determinados resultados
finais. Essa relação causal entre resultado intermediário e resultado final é
denominada instrumentalidade (AIDAR, 1995).
A instrumentalidade apresenta valores que variam de + 1,0 a - 1,0 (como
os coeficientes de correlação), dependendo de estar diretamente ligada ao
alcance dos resultados finais ou não. Se, no caso acima, o indivíduo perceber
que não há alguma relação entre sua produtividade elevada e o dinheiro, a
instrumentalidade será zero, ou, em outros termos, de nada adianta para ele a
produtividade elevada para alcançar dinheiro (AIDAR, 1995).
O desejo do indivíduo (valência) para uma produtividade elevada é
determinado pela soma das instrumentalidades e valências de todos os
resultados finais. Assim, a teoria de Vroom é denominada Modelo
Contingencial de Motivação, porque enfatiza as diferenças entre as pessoas e
entre os cargos. O nível de uma pessoa é contingente sob duas forças que
atuam em uma situação de trabalho: as diferenças individuais e as maneiras de
operacionalizá-las. A teoria de Vroom é uma teoria da motivação e não do
comportamento.
São quatro os motivos fundamentais da existência humana: o ser, o
poder, o saber e o ter.
- O indivíduo motivado para ser, caracteriza seu desempenho pela busca da
lato realização. Existem duas manifestações desse motivo: a artística e a
mística.
54- O indivíduo cuja motivação é o poder tem como necessidade suprema a
conquista e a ascendência sobre os outros.
- O indivíduo orientado para o saber faz do conhecimento a razão da sua
existência.
- O indivíduo orientado para o ter caracteriza-se pela exacerbação da
necessidade de adquirir e acumular bens materiais. Acumula bens que podem
ser considerados supérfluos e, às vezes, além de possuir coisas materiais
sente prazer em “possuir” pessoas.
O relacionamento de trabalho deve basear-se no respeito mútuo, tanto
para evitar o stress do funcionário, como para manter o equilíbrio entre a
equipe no ambiente de trabalho. Querer motivar o subordinado para um tipo de
trabalho desmotivador só pode ser ingenuidade ou desonestidade.
Pode alguém adulto e mentalmente saudável sentir-se motivado de fato
para desempenhar funções tão empobrecedoras psicologicamente? Os
instrumentos principais de manipulação costumam ser: promessa de vantagens
futuras, ameaça de perda de algo (comissão, flexibilidade de horário,
condução, sala, enfim alguma vantagem cujo usufruto dependa do beneplácito
do superior).
Concessão de benefícios e vantagens mais comuns são: salário no nível
de mercado, estabilidade, alimentação subsidiada, transporte, assistência
médica, residência funcional, instalações de recreação e laser, aposentadoria
complementar e etc.
Os benefícios citados representam fatores de manutenção e não de
motivação. Esses benefícios são o mínimo para a manutenção da sobre-vida
do profissional, assim como uma das maneiras de evitar e prevenir o stress no
trabalho. O homem motivado não se circunscreve à organização que o
emprega. Trabalho para ele, é um meio de manifestação na sociedade e na
história, não uma simples fonte de subsistência.
55O comportamento motivado é impulsionado por valores que encontram
respaldo nas necessidades superiores do indivíduo, ao passo que o de
subsistência é impulsionado pela busca da redução da insatisfação.
3.2 - Qual o Papel do Líder
A gestão de pessoas baseia-se no fato de que o desempenho de uma
organização depende fortemente da contribuição das pessoas que a compõem
e da forma como as pessoas estão organizadas, são estimuladas e
capacitadas, e como são mantidas num ambiente de trabalho num clima
organizacional adequados. E ainda, como estão estruturados e organizados os
membros da equipe, de modo a habilitá-los a exercer maior poder e liberdade
de decisão, levando à maior flexibilidade e à reação mais rápida as mudanças
do mercado.
Atualmente, as organizações possuem uma visão mais abrangente do
papel das pessoas, antes as pessoas eram vistas simplesmente como recursos
dotados de habilidades, capacidade e conhecimento para a execução de
tarefas para alcançar os objetivos da empresa. Hoje, há a percepção das
pessoas como pessoas realmente, ou seja, dotadas de características próprias
de personalidade, valores, crenças, atitudes, aspirações e objetivos individuais.
Pessoas fazem parte da organização e significam talentos que precisam ser
desenvolvidos e mantidos, é o capital intelectual que leva a organização na
direção que ela determina. Gerir pessoas não é mais sinônimo de controle e
padronização. Gerir pessoas significa hoje o envolvimento e o desenvolvimento
dos mesmos.
Segundo Vergara (1999):
Nessa nova era o que se quer são pessoas que tenham mentalidade global, aceitando e lidando com as contradições da vida, lidando com
56o inesperado, abrindo-se para si mesmas e para os outros, encontrando significado no trabalho e permitindo que outros também encontrem. Parece claro que tais pessoas devem ter certas características pessoais capazes de facilitar o processo de influenciação.
Rhinesmith (1993) afirma que o líder deve ser uma pessoa com
conhecimento do negócio e do ambiente competitivo no qual o negócio se
insere, sensibilidade e capacidade de avaliação, julgamento de situações,
habilidade reflexiva e flexibilidade. Outra característica pessoal apontada por
Rhinesmith é a disponibilidade para aprender continuamente.
Rhinesmith (1993) informa que:
Liderança requer humildade suficiente para se aprender, permanentemente, a lidar com indivíduos e grupos, de forma a mobilizá-los por uma causa, no caso, atrelados as escolhas da empresa. Espera-se que o líder da nova era possua múltiplas habilidades, tanto de natureza comportamental quanto técnica que, ancoradas em valores e atitudes, lhe permitam lidar adequadamente com ambigüidades
Liderança é a capacidade de exercer influência sobre indivíduos e
grupos. (VERGARA,1990). Segundo Resende (2004) “uma qualidade que faz
com que alguém seja capaz de influenciar ou conduzir pessoas para um
objetivo”.
A influência exercida pelo líder se traduz na busca em atingir os
propósitos, missão e estratégias estabelecidas pela empresa. Sem uma
liderança dificilmente esses propósitos seriam alcançados, já que as empresas,
como qualquer coletividade, são movidas por movimentos contrários de
cooperação e conflito, sendo assim é preciso magnificar a cooperação e
direcionar os conflitos para seus aspectos contributivos de mudança e de
criatividade. Esse é o papel da liderança. É um papel integrador.
573.3 - A motivação com agente da Qualidade
Compreender a motivação humana tem sido um desafio para muitos
administradores e até mesmo psicólogos. Várias pesquisas têm sido
elaboradas e diversas teorias têm tentado explicar o funcionamento desta força
que leva as pessoas a agirem em prol do alcance de objetivos. Analisando as
enquetes a respeito do assunto percebemos que existem ainda muita confusão
e desconhecimento sobre o que é e o que não é motivação. Vemos ainda que
a motivação seja quase sempre relacionada com desempenho positivo.
Segundo Kondo (1991), “qualquer que seja o trabalho que estejamos
considerando, motivar as pessoas que estão envolvidas é uma das mais
importantes políticas e condição fundamental para que possamos atingir
nossos objetivos”.
Peixoto (2001), afirma que os fatores que levam uma pessoa a caminhar
em determinada direção podem-lhe ser intrínsecos ou extrínsecos. Quando são
intrínsecos, há motivação; quando são extrínsecos, há apenas movimento. É
fato que muitas vezes, uma pessoa sente-se levada a fazer algo para evitar
uma punição ou para conquistar uma recompensa. Entretanto, em ambos os
casos, a iniciativa para a realização da tarefa não partiu da própria pessoa,
mas de um terceiro, que a estimulou de alguma forma para que ela se
movimentasse em direção ao objetivo pretendido. A pessoa não teria
caminhado em direção ao objetivo caso não houvesse a punição ou a
recompensa. As pessoas podem, também, agirem levadas por um impulso
interno, por uma necessidade interior. Neste caso, existe vontade própria para
alcançar o objetivo, existe motivação, que pode ser transformada em
movimento permanente por meio da doutrinação. Aliás, é isso que as
organizações produtivas buscam. Porém, na maioria das vezes, o que se vê é
a aplicação de técnicas de estimulo ao movimento imediatista. O movimento é
uma situação passageira. Só dura enquanto persistirem os estímulos que o
geraram. Além disso, a eliminação dos estímulos normalmente provoca
insatisfação e um comportamento indesejável.
58Uma das teorias mais citadas é a teoria da "hierarquia das
necessidades" formulada por Abraham Maslow (CHIAVENATO, 1994).
As necessidades básicas, identificadas por Maslow, como fatores
causadores de motivação são bastante aceitas, embora os aspectos
hierárquicos dessas necessidades sejam questionáveis. Segundo Maslow
(apud CHIAVENATO, 1994), as necessidades humanas básicas, em ordem
hierárquica, são as seguintes:
1. Necessidades fisiológicas: São necessidades básicas para a sustentação da
própria vida, tais como comida, abrigo, sono, sexo.
Segundo Maslow (apud CHIAVENATO, 1994), enquanto estas
necessidades não estiverem satisfeitas, outras necessidades não poderiam
motivar as pessoas.
2.Necessidades de segurança: São necessidades de estar livre do perigo físico
e do medo da perda do emprego, do abrigo, da sustentabilidade, etc.
3. Necessidades de afiliação ou aceitação: Por serem seres sociais, as
pessoas têm necessidade de se sentirem aceitas, pertencentes a um grupo.
4. Necessidades de estima: Uma vez satisfeita a necessidade de afiliação, as
pessoas passam a sentir necessidade de serem estimadas, respeitadas pelos
outros. Passam a sentir necessidade de poder, prestígio, status, etc.
5. Necessidade de auto-realização: Segundo Maslow (apud CHIAVENATO,
1994), esta é a mais alta necessidade em sua hierarquia. É o desejo de tornar-
se aquilo que a pessoa é capaz de ser - maximizar seu potencial, realizar tudo
que seja possível.
Não é necessário que uma necessidade esteja 100% satisfeita para
surgir a seguinte. Na realidade, a maioria das pessoas normais está
59parcialmente satisfeita e parcialmente insatisfeita em todas as suas
necessidades básicas.
Aparentemente, funcionamos melhor quando estamos lutando por
alguma coisa que necessitamos. Para Herzberg (1973), entretanto, isto
depende também do ambiente em que estivermos atuando.
Concluiu que existem fatores que, se presentes, nos causam motivação,
e que existem fatores que, se presentes, nos causam insatisfação.
Exemplo de fatores que, se presentes, nos causam motivação:
possibilidade de crescimento pessoal, importância do trabalho, reconhecimento
pelo trabalho.
Exemplo de fatores que, se presentes, nos causam insatisfação: falta de
boas condições de trabalho, baixos salários, más relações interpessoais.
Entretanto, Herzberg (1973) concluiu também que quando estes fatores
estão presentes (boas condições de trabalho, bons salários, boas relações
interpessoais) não ficamos motivados, porque consideramos estes fatores
obrigatórios em qualquer ambiente.
Por isso, Herzberg (1973) chamou estes fatores de "fatores higiênicos".
E ele chamou os primeiros fatores (possibilidade de crescimento pessoal,
importância do trabalho, reconhecimento do trabalho) de fatores motivacionais.
Desta forma, Herzberg (1973) concluiu que maximizar a motivação das
pessoas e minimizar a insatisfação, são processos diferentes. E que, portanto,
é necessário, em primeiro lugar, eliminar os fatores que causam insatisfação
nas pessoas para, depois, dar ênfase nos fatores que motivam.
Se as pessoas forem capazes de atender suas necessidades elas
gostarão de seu trabalho. Se não houver esta possibilidade as pessoas se
sentirão privadas e seu comportamento será desmotivado.
60Uma empresa pode construir um ambiente de trabalho propício para que
os funcionários se motivem ou se mantenham motivados. As atitudes da
empresa são:
• Compromisso com os objetivos de planejamento; A expectativa com o
crescimento através do seu trabalho na empresa.
• A forma de como o líder atua no dia-a-dia. Que ele se sinta
recompensado por salário de acordo com suas necessidades
• Adequação de sua atividade ao seu perfil individual.
De acordo com Cecília W. Bergamini (1997), “os fatores de satisfação
que estão fora das pessoas só podem ser entendidos como reforçadores de
comportamentos e como tal têm efeito passageiro”. Se a empresa não investe
profissionalmente em seus funcionários, a satisfação refletida naquele
momento transforma-se em descontentamento e relaxamento, gerando assim
prejuízos organizacionais.
61
CONCLUSÃO
Estar à frente de uma organização, com a função de ser o mentor, o
mediador, o incentivador e carregar a responsabilidade de prosperar ao lado do
sucesso e do fracasso, com certeza é uma grande responsabilidade.
Na administração de organizações que pretendem se diferenciar de seus
concorrentes, é preciso determinar processos de qualidade e de inovação cuja
responsabilidade de liderança seja vista como algo bastante complexo,
principalmente se considerarmos que cada instituição possui um mundo
próprio, e que as ações do gestor fazem parte do problema ou da solução, no
que a administração deixa a marca não “em apenas ser, mas sim em evoluir”.
Verificou-se que as ferramentas da qualidade são necessárias pois
reduz o número das falhas potencialmente prejudiciais ao bom andamento dos
serviços, mediante uma atuação proativa junto as suas principais causas,
estar-se-á diminuindo o número de reprogramações e, por conseguinte,
reduzindo os custos do serviço. O uso das ferramentas e técnicas da
qualidade, conforme proposto neste trabalho, mostrouse capaz de auxiliar
sobremaneira o gerenciamento de serviços, a eficiência e facilidade de
aplicação encontradas durante a tarefa exigida. O microplanejamento pode se
tornar uma ferramenta realmente potente quando realizado num cenário onde
as falhas inerentes ao processos de produção sejam, sempre que possível,
antecipadas.
Estudamos também a importância da informação para a organização. E
verificamos que o valor da informação é uma função do contexto da
organização, da finalidade de utilização, do processo decisório e dos resultados
das decisões. No âmbito do processo decisório, a informação assume níveis
62hierárquicos distintos. Os sistemas de informação têm sido desenvolvidos para
otimizar o fluxo de informação relevante no âmbito de uma organização,
desencadeando um processo de conhecimento e de tomada de decisão e
intervenção na realidade.
Por fim estudamos que a compreensão da motivação do comportamento
supõe o conhecimento das necessidades humanas. A Teoria das Relações
Humanas constatou a existência das necessidades humanas básicas. O
comportamento humano é determinado por causas que, às vezes, escapam ao
próprio entendimento e controle do homem. Essas causas se chamam
necessidades ou motivos: são forças conscientes ou inconscientes que levam o
indivíduo a um determinado comportamento. A motivação se refere ao
comportamento que é causado por necessidades dentro do indivíduo e que é
dirigido em direção aos objetivos que podem satisfazer essas necessidades.
Satisfeita uma necessidade, surge outra em seu lugar e, assim por diante,
contínua e infinitamente. As necessidades motivam o comportamento humano
dando-lhe direção e conteúdo. Ao longo de sua vida, o homem evolui por três
níveis ou estágios de motivação
Na verdade motivação é algo endógeno, ou seja, só o próprio indivíduo
pode se motivar. A motivação vem de dentro para fora. Os líderes e
treinamentos de motivação só tentem despertar algo dentro da pessoa que
faça com que ela se motive. Por melhor que sejam esses líderes e esses
treinamentos se a pessoa a ser motivada não quiser, não adianta.
63
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