qualidade e defeitos de um texto

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Livro relacionado a tecnicas de correção de texto

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  • Qualidades e Defeitos de um Texto

    Joo Filipe Magnani

    Peo licena aos meus colegas do curso de Economia para mudar um pouco o foco da Janela

    Econmica. Temos observado, ao longo do semestre, brilhantes textos sobre taxa de juros,

    aplicaes financeiras, carga tributria etc. Porm, no irei me atrever a escrever sobre esses temas.

    Reservo-me ao que me direito: a lngua portuguesa, mais especificamente, ela registrada no texto

    escrito.

    No possvel esperar dessas linhas que rabisco, uma frmula mgica de como se dar bem

    na aventura das letras. Tentarei alert-los para alguns pontos que podem ser identificados mais

    facilmente.

    Primeiro ponto importante a leitura. S podemos escrever se tivermos o que dizer. Uma

    leitura de qualidade nos d fundamentos para um texto e nos coloca em contato com o bom uso da

    lngua. Entretanto, leitura no basta por si s; preciso que fiquemos muito atentos e que tenhamos

    conscincia de que, na hora em que estamos escrevendo, estamos lidando com um cdigo que tem

    suas e regras e que estas so, em certa medida, diferentes das da lngua falada.

    Um bom texto geralmente conciso. Isso significa que no devemos abusar das palavras para

    exprimir uma idia. Devemos eliminar tudo o que no necessrio ao texto. Em outras palavras, no

    devemos ficar enrolando ou enchendo lingia.

    A correo do texto outro fator crucial. A linguagem utilizada deve obedecer ao padro culto

    formal, isto , estar de acordo com os princpios da gramtica normativa. Conhecer esses princpios

    fundamental para a construo de um texto correto. Para evitar erros, tenha sempre mo uma

    gramtica e um bom dicionrio. Os riscos de desvios de norma reduzem-se bastante. Tome cuidado

    com alguns em especial:

    Grafia: cuidado com a grafia de palavras que no conhea. O problema no s escrever

    errado, mas tambm o de passar uma informao equivocada.

    Flexo das palavras: tome cuidado com a formao do plural de algumas palavras,

    sobretudo as compostas.

    Concordncia: lembre-se de que o verbo sempre concordar com o sujeito e os nomes

    devem estar concordando entre si.

    Regncia: fique atento regncia de verbos e nomes, sobretudo daqueles que exigem a

    preposio a, a fim de no errar no emprego da crase.

    O seu texto ter clareza na exposio das idias, isto , disp-las de uma forma que o leitor

    possa rapidamente compreender. Desse modo, preciso ser coerente e ter cuidado para no se

    contradizer e no confundir o leitor. A desobedincia s normas da lngua, os perodos longos, o

    vocabulrio rebuscado e a impreciso vocabular so inimigos da clareza.

    1

  • 2Feito tudo isso busque tornar o seu texto agradvel de ser lido. A elegncia consiste nisso.

    Uma linguagem original e criativa, adequada ao tema tratado, colabora para a produo de um texto

    elegante.

    Vistas as qualidades que um texto deve ter, voltemo-nos para alguns deslizes que devem ser

    evitados, mas que freqentemente aparecem.

    A ambigidade inimiga da clareza do texto. Uma frase ambgua apresenta mais de um

    sentido e considerada defeito do texto quando ocorre por conseqncia de uma impreciso; neste

    caso, no h inteno por parte do autor. Por outro lado, em textos literrios ou de propaganda muito

    comum a explorao intencional de frases ambguas. Neste caso, trata-se de um recurso expressivo

    e no de um defeito.

    A ambigidade no intencional ocorre geralmente por m pontuao ou pelo emprego

    inadequado de palavras ou expresses. considerada um defeito porque atenta contra a clareza.

    Observe um exemplo:

    Pedro disse a Sandra que saiu com sua irm.

    O uso do pronome possessivo sua deixa a frase ambgua; no sabemos se se trata da irm de

    Pedro ou da irm de Sandra.

    H tambm a obscuridade que significa falta de clareza. Vrios motivos podem determinar a

    obscuridade de um texto: perodos excessivamente longos, linguagem rebuscada, m pontuao.

    Observe:

    Encontrar a mesma idia vertida em expresses antigas mais claras, expressiva e

    elegantemente tem-me acontecido inmeras vezes na minha prtica longa, aturada e contnua do

    escrever depois de considerar necessria e insuprvel uma locuo nova por muito tempo.

    Evitemos o pleonasmo (ou redundncia) que consiste na repetio desnecessria de um

    termo. Observe:

    A brisa matinal da manh enchia-o de alegria.

    Ele teve uma hemorragia de sangue.

    A cacofonia um defeito que geralmente s percebemos quando verbalizamos o texto.

    Consiste num som desagradvel (s vezes, obsceno) resultante da unio das slabas finais de uma

    palavra com as iniciais de outra. Exemplos:

    Mande-me j os documentos.

    Nunca gaste dinheiro com bobagens.

    Uma herdeira confisca gado em Mato Grosso.

    Estas idias, como as concebo, so irrealizveis.

    Cuidado com o eco que a repetio do som final de palavras.

    Veja:

    A deciso da eleio no causou comoo na populao.

    Finalmente gostaria de alert-los para a prolixidade. Muitas vezes, confundimos um bom

    texto com um texto que tenha palavras bonitas ou diferentes. O perigo justamente cair na

    prolixidade. Ela o oposto da conciso. Consiste, portanto, na utilizao de um maior nmero de

    palavras que o necessrio para exprimir uma idia, o que torna o texto enfadonho. Evite, portanto, as

    frases feitas, que no acrescentam qualquer coisa ao texto. Veja o exemplo abaixo:

    Os jovens tm algo a transmitir aos mais velhos?

  • 3Antes de mais nada, no saberia responder com exatido. Grosso modo, h sempre uma

    eterna divergncia entre as geraes. Os jovens pensam de um jeito, s vezes, estranho, que chega a

    escandalizar os mais velhos...J os mais velhos, por outro lado, costumam, na maioria das vezes,

    achar que os mais jovens, em alguns casos, no tm absolutamente nada a transmitir aos mais

    idosos.

    Alm dos defeitos aqui apontados, procure evitar frases feitas, os chaves, pois empobrecem

    muito o texto. Veja alguns exemplos:

    "inflao galopante"

    "vitria esmagadora"

    "grande maioria"

    "caixinha de surpresas"

    "caloroso abrao"

    "sociedade atual"

    Eis algumas dicas que podem auxili-los na construo de um texto mais interessante. No se

    esqueam: leiam literatura de qualidade (isso mesmo, literatura. Ela auxilia na criatividade), tenham

    sempre um bom dicionrio por perto e, na dvida, perguntem.

    A JANELA ECONMICA um espao de divulgao das idias e produo cientfica dos professores, alunos e

    ex-alunos do Curso de Economia das Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba.

    - Cada artigo de responsabilidade dos autores e as ideias nele inseridos, no necessariamente, refletem o

    pensamento do curso.

    - O objetivo deste espao mostrar a importncia da formao do economista na sociedade.

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