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 Defeitos Refrativos

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    Defeitos

    Refrativos

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    ndice

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    1Caractersticas Gerais do Olho Emetrope

    Um olho emetrope aquele que consegue focar a luz, vinda do infinito, sobre a retina. Desta

    forma h uma potenciao da acuidade visual.

    Acuidade visualcapacidade de reconhecer dois pontos muito prximos. determinadapela menor imagem retiniana percebida pelo indivduo. A sua medida dada pela relao entre

    o tamanho do menor objeto (optotipo) visualizado e a distncia entre observador e objeto.

    Pode, portanto ser descrita pela seguinte frmula matemtica:

    . . =..

    Em que: A.V. Acuidade Visual

    T.O. Tamanho do Objeto

    D Distncia do objeto

    Fig. 1Optotipos para medio da A.V.

    Por outras palavras, um olho emetrope forma as imagens de um objeto distante de maneira

    muito precisa na retina, ou seja, o ponto focal fica exatamente sobre a retina.

    Fig. 2Olho emetrope.

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    Convm, por isso, nesta altura, referir o que considerado um olho normal. Para isso vamos

    considerar as seguintes medidas morfolgicas:

    Dimetro ocular: 25mm

    Potncia da crnea: 44,00D

    Potncia do cristalino: 14,00D

    Potncia ocular total: 58,00D

    Podemos considerar, ento, que um olho humano que tenha as caractersticas acima

    mencionadas, consegue obter, sem ajuda tica externa o mximo de acuidade visual focando

    todas as imagens vindas do infinito sobre a retina.

    Este ser o nosso modelo comparativo para o estudo das ametropias oculares que iremos

    estudar daqui para a frente.

    2Miopia

    O mope v mal ao longe, mas bem ao perto. Na miopia, a distncia entre a crnea e a retina

    excessiva, ou seja, o olho demasiadolongo.A distncia para uma viso ntida ser tanto mais

    curta, quanto mais forte for a miopia. Desta forma, podemos concluir que a imagem, num olho

    mope, se forma frente da retina.

    Claro que esta explicao demasiado simplista e serve apenas como fundamento para um

    correto entendimento da sintomatologia associada a este defeito refrativo. Ao longo destes

    apontamentos iremos dar explicaes mais precisas para esta situao comum a nvel ocular.

    Para exemplificar o que foi dito podemos usar a seguinte imagem,

    Fig. 3Olho maior que o normal.

    Como se pode ver na Fig. 3, o olho mais comprido do que aquele que seria considerado normal.

    Por isso a imagem no se iria formar na retina mas sim frente desta. Como consequncia, a

    pessoa iria ver as imagens provenientes do infinito de forma desfocada precisando de

    compensao ocular por forma a movimentar a imagem formada para trs, fazendo-a

    coincidir com a retina.

    Como foi dito, julgar a existncia da miopia por um nico fator no s simplista como errado.

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    A alterao das potncias refrativas, quer da crnea quer do cristalino quer de ambos, um de

    outros fatores capazes de induzir a existncia deste defeito refrativo. Na verdade, se o poder

    diptrico destes meios refrativos estiver aumentado em relao ao normal a miopia ir instalar-

    se sendo necessrio retirar poder diptrico ao olho em questo.

    Outro fator, por vezes ignorado, a alterao do ndice de refrao. O aumento do ndice derefrao, normalmente associado ao aumento da idade e principalmente ocorrendo no

    cristalino, provoca o aparecimento da miopia. Por este motivo no so raras as notcias de

    pessoas com mais de oitenta anos conseguirem enfiar fios em agulhascatarata incipiente em

    que o cristalino mantm a sua transparncia.

    Fig. 4Viso de um mope no compensado.

    Fig. 5Olho mope.

    2.1Classificao da miopia

    Normalmente so considerados 3 nveis de miopia:

    - Ligeira, de 0,00 a -2,00 D;- Moderada, de -2,00 a -6,00 D;- Forte, de -6,00 a -20,00 dioptrias.

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    Quanto s suas origens podemos apontar as seguintes:

    Miopia congnita - no responde a um padro mais ou menos rentvel de respostavisual frente aos estmulos do meio ambiente. A falha na estrutura apareceu antes que

    o olho recebesse os raios de luz do mundo exterior.

    Esta miopia de nascimento um erro orgnico, um defeito visual sem nenhuma finalidadefuncional que surge no incio do desenvolvimento e que deve ser tratado o quanto antes.

    Miopia patolgica - um estado de crescimento anormal do olho, associado a mudanasdegenerativas na sua estrutura.

    Pode aumentar na vida adulta e determinante o fator gentico. Uma caracterstica destamiopia, que h pouca melhoria na acuidade visual apesar do uso de lentes graduadas.

    Miopia de ndice - muito pouco significativa e associa-se a mudanas de densidade dosmeios e estruturas oculares. Ao mudar a densidade, o ndice de refrao varia tal comoa potncia do sistema tico ocular.

    Miopia noturna - em condies de pouca iluminao o olho tem dificuldades em detetaros pequenos detalhes, a pupila dilata-se para captar mais luz.

    Ao aumentar o seu dimetro pe em maior evidncia o excesso de curvatura do sistema, que a causa da miopia. Esta desfocagem do olho, em condies de baixa iluminao ambiental podeafetar indivduos mopes e no mopes.

    Falsa miopia - um caso significativo de falsa miopia, consiste no bloqueio mais ou menostransitrio do mecanismo de acomodao ocular. Esta tambm denominada de"espasmo de acomodao", apesar de ser um estado de excesso do sistema tico doolho, no se pode confundir com uma miopia estvel inibio dos processos ciliarescomo o uso de midriticos para promover a dilatao pupilar.

    Miopia instrumental - tpica de indivduos que trabalham com microscpios. No sedeve a um estmulo real pela observao de um objeto prximo, mas ao conhecimentoda sua proximidade por parte do observador. Na medida em que, o instrumento ticoem si est construdo para enviar ao olho a imagem do objeto como se estivesse aolonge, sem que seja necessrio acomodar para v-lo.

    2.2Sintomas e sinais

    Como j foi mencionado, o portador deste defeito refrativo sofre de insuficincia de acuidadevisual ao longe melhorando medida que a distncia a que se vm os objetos vai diminuindo(ver Fig. 4).

    Um dos principais sinais que se podem observar num mope o facto de este semicerrar os

    olhos quando tenta olhar para o longe. Efetivamente existe uma melhoria da acuidade visual domope essencialmente por dois fatores a ter em considerao.

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    O primeiro efeito trata da colimao dos raios de luz. Este efeito torna os raios de luz, vindos doinfinito, mais paralelos entre si e, desta forma, faz com que se concentrem numa zona maisespecfica e central da retina. A segunda consequncia desta ao a de promover um ligeiroaplanamento da superfcie da crnea. Assim, de forma artificial, obtm-se a diminuio do poderdiptrico do conjunto ocular aumentando a acuidade visual por aproximar a distncia focal da

    retina.

    Outro dos sinais mais evidentes a aproximao excessiva que os mopes tendem a adquirir deobjetos que pretendem ver com maior pormenor. Claro que esta aproximao est intimamenteligada com o grau de miopia. Assim, quanto maior for a miopia maior ser a tendncia deaproximao da pessoa quilo que quer ver. Este sinal muito importante para as crianas emidade escolar. No uma situao pouco usual quando uma miopia detetada pelos paisquando os seus filhos tm tendncia para se aproximar dos livros e cadernos ou pelosprofessores quando os alunos demonstram dificuldade de visualizao para o quadro.

    2.3Evoluo da miopia

    No normal nascermos mopes, exceto se essa miopia for congnita.

    A miopia surge ao longo do tempo e normalmente associada ao crescimento do globo ocular ouao excesso de utilizao da viso de perto.

    No caso do aumento do tamanho do globo ocular h um afastamento da retina em relao aofoco do sistema tico ocular. Assim, medida que o globo ocular vai crescendo a formao daimagem no interior do olho vai-se afastando do seu alvo (a retina).

    J o excesso de utilizao da viso de perto, principalmente por longos perodos de tempo, vaiforar a uma contrao excessiva do cristalino. O cristalino, tendo potncia varivel, responsvel pela focagem de imagens ao perto e, quando excessivamente utilizado tende aadquirir, de forma artificial, esse excesso de potncia por se tornar progressivamente incapazde um relaxamento total. Essa situao leva, inevitavelmente, a um excesso de potncia ocularpotenciando o surgimento e aumento de miopias.

    Depois de instalada a miopia tende, numa primeira fase, a ser evolutiva at uma determinadaidade.

    Se tivermos, por exemplo, um jovem adolescente ou jovem adulto teremos, com quase a certezaabsoluta, um aumento da miopia at aos 22, 23 anos. Depois dessa idade tende a haver umaestabilizao mantendo-se a miopia constante. A diminuio da mesma praticamenteimpossvel ou mesmo inexistente.

    Por volta dos quarenta anos, idade em que comea a aparecer a presbiopia, pode haver umadiminuio ligeira da miopia. Essa diminuio ligeira mas, em todo o caso, pressupe arealizao de uma consulta de optometria/oftalmologia para averiguao das alteraeseventuais.

    Aps essa idade, a tendncia de diminuio da miopia pode vir a acentuar-se medida que apresbiopia vai aumentando. Isso at idade dos sessenta anos. A, o continuar de aumento da

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    graduao de perto e o atingir o mximo de presbiopia (com uma adio de 3,00 D) levam a quepossa haver uma diminuio efetiva da miopia.

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    Compensao da miopia

    A compensao da miopia , em geral, feita de forma simples. Usando lentes divergentes ounegativas o mope tem uma sensao imediata de melhoria. Essa melhoria traduz-se por umamaior nitidez das imagens longnquas sem detrimento da viso de perto desde que o mope noseja presbope.

    Fig. 6Miopia e miopia compensada com lente negativa

    3Hipermetropia

    A hipermetropia , na maior parte dos casos, assintomtica. Na verdade, os hipermetropes,normalmente, no tm qualquer tipo de dificuldade visual. Nem ao perto nem ao longe.

    Isto, claro est, at determinado valor de graduao e at determinada idade. Convm, ento,abordar este problema de forma mais especfica e no da forma generalista que se costumaencontrar na maior parte da literatura no cientfica.

    Fig. 7Olho Hipermetrope

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    Como se pode ver na Fig. 7, a imagem vista por um olho hipermetrope ir-se-ia focar atrs daretina. Dada a impossibilidade dessa situao, uma vez que a cmara posterior do globo ocular opaca, podemos falar de foco virtual.

    Ao contrrio do que j vimos na miopia, na hipermetropia estamos perante um olho com uma

    potencia inferior quela que seria considerada para um olho emetrope.

    Assim, atravs da contrao do cristalino, existe uma compensao para este defeito refrativo.Na verdade, usando o sistema acomodativo, consegue-se aumentar o poder diptrico ocularpara os valores da emetropia. Desta forma o hipermetrope consegue ficar com uma visoperfeita para longe.

    No entanto, usual dizer-se que os hipermetropes vm mal ao perto. Existe um fundo deverdade nesta afirmao apesar de no ser de todo correta. O hipermetrope v mal ao pertocaso a soma do poder diptrico para compensar a hipermetropia e da necessidade de poderdiptrico para ver ao perto ultrapasse o valor possvel de acomodao do cristalino.

    Podemos ento dizer que o hipermetrope v mal ao perto se no tiver capacidade acomodativasuficiente para suprir o seu defeito refrativo na totalidade. Caso o paciente tenha essacapacidade, a hipermetropia torna-se na realidade assintomtica.

    Temos, ento, que entrar, neste ponto, com outra varivel. A idade. Esta varivel influencia deforma determinante a capacidade acomodativa de todas as pessoas. Se temos um hipermetropeno compensado vamos inevitavelmente ter um jovem presbita (abaixo dos 40 anos). Apresbiopia surge mais cedo em virtude de um excesso de utilizao do sistema acomodativo,provocando um desgaste prematuro.

    Pelo fato da hipermetropia ser muitas vezes assintomtica existe uma grande resistncia suacompensao por parte dos pacientes. De fato, estes, muitas vezes no entendem essanecessidade.

    3.1Classificao da hipermetropia

    Existem dois tipos de hipermetropia:

    1Axial

    2Refrativo

    Tal como a miopia, a hipermetropia tem uma classificao quanto ao seu valor. Assim temos:

    - Ligeira, de 0 a 2 dioptrias;

    - Moderada, de 2 a 6 dioptrias;

    - Forte, de 6 a 20 dioptrias.

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    3.1.1Hipermetropia Axial

    Como o nome indica, a hipermetropia axial deriva da fisionomia ocular. Podemos apresentar asseguintes causas para este tipo de hipermetropia:

    Eixo do globo ocular mais curto que o normal. Aumento do raio de curvatura da crnea. Diminuio da curvatura das faces do cristalino.

    3.1.2Hipermetropia refrativa

    A hipermetropia refrativa tem a ver com a alterao dos meios refrativos e tem essencialmentetrs causas:

    Diminuio do ndice de refrao do cristalino e humor aquoso. Aumento do ndice de refrao do vtreo. Ausncia do cristalino (afaquia).

    3.2Sintomas e sinais

    Como j foi dito, a hipermetropia no apresenta sintomas na maior parte dos casos ou, pelomenos, at determinada idade. Pode, contudo, apresentar alguma sintomatologia quando seatinge determinado nvel de esforo.

    Podemos, ento, enumerar os seguintes sintomas:

    Viso desfocada na viso de perto. Fadiga ocular e dores de cabeao hipermetrope pode chegar a sentir a necessidade

    de fechar os olhos para descansar do excesso de acomodao sado durante um perodode tempo mais ou menos longo.

    Dificuldades de concentrao, de leitura e de executar tarefas que necessitem viso deperto por longos perodos de tempo.

    Fig. 8Viso de um hipermetrope no compensado.

    Os sinais so inexistentes. Ao contrrio da miopia no existe nenhum sinal bvio que nos leve a

    fazer um diagnstico precoce.

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    3.3Evoluo da hipermetropia

    A evoluo da hipermetropia bastante simples.

    No desenvolvimento humano normal as pessoas nascem hipermetropes. O principal motivo

    para isso acontecer o tamanho do globo ocular. Efetivamente este muito pequeno e, comotal, induz o aparecimento da hipermetropia (axial). medida que o ser humano se vaidesenvolvendo e o globo ocular vai crescendo a hipermetropia tende a diminuir, chegandomesmo a desaparecer por completo. Idealmente esta alterao de graduao pararia a suamutao por do zero (olho emetrope).

    Aps os 40 anos, altura em que surge a presbiopia, existe uma tendncia para o ressurgimentoda hipermetropia e para o seu gradual aumento. A perda de capacidade de acomodao ,agora, o principal motivo para este acontecimento.

    Da mesma forma que h um aumento acelerado da graduao de perto, h um aumento da

    graduao de longe, tambm. A diferena que o aumento da graduao de longe no ocorrede forma pronunciada.

    3.4Compensao da hipermetropia

    A compensao da miopia feita com lentes positivas ou convergentes. Estas lentes permitemque se puxe a imagem para a frente. Na ausncia deste tipo de lentes o mec anismo decompensao seria o sistema de acomodao. O uso prolongado e persistente deste sistema,como foi dito antes, leva a um desgaste prematuro do mesmo.

    Aquando da compensao com lentes positivas no pouco usual haver uma reao adversapor parte do paciente. At que o cristalino e corpo ciliar voltem sua posio relaxada, ohipermetrope, pode sofrer, temporariamente, de uma hper compensao o que, realmente,corresponde a uma miopizao. Em termos prticos, o paciente fica com os sintomas de ummope no compensado.

    Como foi mencionado na evoluo da hipermetropia, em princpio, e com o desenvolvimentonormal, o ser humano nasce hipermetrope. Por este motivo errado fazer a compensao destedefeito refrativo em crianas que apresentem uma hipermetropia at as 1,50 D. Nestes casosdeve-se, apenas, fazer um acompanhamento informando os responsveis para que faamconsultas regulares (6 em 6 meses) com a criana.

    Fig. 9Olho hipermetrope no compensado e compensado

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    4Astigmatismo

    O astigmatismo o defeito refrativo de mais difcil compensao. O motivo para isso acontecer simples, tem duas componentes a ter em linha de considerao. A graduao propriamentedita e a posio onde essa graduao se encontra.

    Por graduao propriamente dita entende-se a quantidade de defeito refrativo, mensurvel emdioptrias que impede a boa viso e consequente desvio da emetropia. Por posio entende-seo eixo em que se encontra a dita graduao.

    Assim, sempre que falamos de astigmatismos, temos que ter a conscincia da criao de maisque um foco no interior do globo ocular. Esta ocorrncia vai, tambm, prejudicar a viso,incrementando a dificuldade da sua compensao e aumentando a sintomatologia do mesmo.

    No entanto, um ponto favorvel sua compensao o facto de se manter estvel durantemuito tempo. Um fator que poder alterar essa estabilidade o surgimento de patologias quercorneanas quer no cristalino. Como veremos mais frente, a maior parte dos astigmatismos temorigem corneana.

    Fig. 10Focos num olho astigmata (i)

    Fig. 11Focos num olho astigmata (ii)

    http://www.google.pt/imgres?sa=X&biw=1366&bih=673&tbm=isch&tbnid=l3hOPP8COJcf0M:&imgrefurl=http://neurovisao.zip.net/arch2005-10-30_2005-11-05.html&docid=veDWhTW3iGzXvM&imgurl=http://neurovisao.zip.net/images/Astigmatismo.jpg&w=330&h=212&ei=H9MNU-zoDdT07AaVp4DwBQ&zoom=1&ved=0CIkBEIQcMBE&iact=rc&dur=1291&page=2&start=16&ndsp=22
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    4.1Classificao do astigmatismo

    Como foi referido, a complexidade do astigmatismo vasta e isso reflete-se na sua classificao.Assim temos diferentes formas de classificar este defeito refrativo.

    Tipos de astigmatismo baseados na estrutura assimtrica:

    Astigmatismo corneano - devido a crnea de formato irregular. Astigmatismo lenticular - devido a lentes de formato irregular.

    Tipos de astigmatismo baseado nos meridianos principais:

    Astigmatismo regular. Astigmatismo irregular.

    Tipos de astigmatismo baseado no foco dos meridianos principais:

    Astigmatismo hipermtrope simples. Astigmatismo mitico simples. Astigmatismo composto. Astigmatismo hipermtrope composto. Astigmatismo mitico composto. Astigmatismo misto e rpido. Astigmatismo direto e inverso.

    Depois desta classificao genrica vamos, agora, caracterizar com maior pormenor osastigmatismos mais comuns e consequentemente mais importantes.

    4.1.1Astigmatismo Corneano

    Este , sem dvida, o astigmatismo mais comum. Isto quer dizer que a crnea no umasuperfcie trica regular tendo um raio de curvatura maior ou menor que o ortogonalmenteoposto (ortogonala 90 graus).

    Fig. 12Topografia corneana

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    Na figura acima podemos ver um astigmatismo regular com eixo a 90 e consequente aumentodo poder diptrico da crnea nesse eixo. Em correspondncia podemos constatar umadiminuio do mesmo poder diptrico a 180.

    Efetivamente, neste caso, estamos perante um astigmatismo corneano em que o aumento do

    raio de curvatura de um eixo vai coincidir com a diminuio do raio de curvatura do eixoortogonalmente oposto.

    4.1.2Astigmatismo Lenticular

    Este astigmatismo, apesar de no to frequente, divide-se em trs tipos diferentes e tem a suaorigem no cristalino. Assim,

    4.1.2.1Por luxao do cristalino

    O cristalino fica ligeiramente inclinado, a pupila fica deslocada, e o astigmatismo produzidopor incidncia oblqua da luz; normalmente, o cristalino sofre uma ligeira inclinao, para almou aqum daquela que tem normalmente, de forma a que a sua parte inferior esteja mais atrs,cerca de 3, do que a parte superior, o que produz um leve astigmatismo inverso.

    4.1.2.2Produzido na curvatura

    Usualmente, direto quando na parte anterior, e inverso quando na parte posterior; noentanto, como a parte posterior mais convexa do que a anterior, no seu conjunto o cristalinoapresenta astigmatismo inverso.

    4.1.2.3

    Por alteraes dos ndices de refrao

    O caso mais comum so os astigmatismos irregulares produzidos durante as cataratas.

    Fig. 13Astigmatismo corneano e lenticular

    http://www.google.pt/url?sa=i&source=images&cd=&cad=rja&docid=OU3pa16YDU6C8M&tbnid=y9vXPxlNuGi8wM:&ved=0CAgQjRw&url=http://www.opticamirim.com.br/saude-visual/view/id/30/astigmatismo.html&ei=auYNU--ZNLKy7AaiuICwAQ&psig=AFQjCNGRgbDzupNgEU3LVV0ur19kQmirKQ&ust=1393506283000637
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    4.1.3Astigmatismo Direto

    Este astigmatismo representa cerca de 70 % dos astigmatismos e caracteriza-se pelo facto domeridiano vertical ser mais curvo do que o meridiano horizontal; se a compensao for feitacom um cilindro negativo, devemos situ-lo com o eixo a 0;se a compensao for feita com um

    cilindro positivo, o eixo orientado a 90.

    Fig. 14Astigmatismo Direto

    4.1.4Astigmatismo Inverso

    Este astigmatismo representa cerca de 15 % dos astigmatismos analisados e caracteriza-se pelofacto do seu meridiano principal horizontal ser o de maior curvatura; comum em sujeitoshipermtropes, mais frequentemente do que o direto; a sua compensao feita com umcilindro negativo com o eixo orientado a 90, ou com um cilindro positivo com o eixo orientadoa 0.

    Fig. 15Astigmatismo Inverso

    4.1.5Astigmatismo Obliquo

    Neste caso os meridianos principais da crnea (meridiano com maior e menor potncia) no seencontram numa posio horizontal ou vertical. A sua compensao faz-se da mesma maneira

    rodando apenas o eixo para o valor necessrio.

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    4.1.6Astigmatismo Regular

    O astigmatismo regular caracterizado pela manuteno do poder refrativo ao longo dosmeridianos principais.

    4.1.7

    Astigmatismo Irregular

    O astigmatismo irregular pode ter vrias causas. A saber, quando o poder refrativo varia ao longodos diferentes pontos de cada meridiano, ou , ainda, quando os meridianos no fazem umngulo de 90 entre si, deixando de ser ortogonalmente opostos; ocorre em casos dedeformaes grandes da crnea e em processos de desenvolvimento de cataratas.

    4.1.8Astigmatismo Hipermtrope Simples

    Neste caso, um dos meridianos emetrope e o outro hipermetrope.

    Fig. 16Astigmatismo Hipermetrpico Simples

    4.1.9Astigmatismo Mipico Simples

    Neste caso um dos meridianos emetrope e o outro mope.

    Fig. 17Astigmatismo Mipico Simples

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    4.1.10Astigmatismo Hipermetrpico Composto

    Aqui, ambos os meridianos so hipermetrpicos, mas com dioptrias diferentes.

    Fig. 18Astigmatismo Hipermetrpico Composto

    4.1.11Astigmatismo Mipico Composto

    Aqui, ambos os meridianos so mopes, mas com dioptrias diferentes.

    Fig. 19Astigmatismo Mipico Composto

    4.1.12Astigmatismo Misto

    Aqui, um dos meridianos hipermetrope e o outro mope.

    Fig. 20Astigmatismo Misto

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    4.2Sintomas e Sinais

    Os astigmatas apresentam sinais e sintomas que servem logo, ao primeiro contacto, comodespiste para a identificao do defeito refrativo.

    Na verdade, o semicerrar dos olhos e a queixa, frequente, de ver to mal ao longe quanto aoperto bem como as queixas de dores de cabea na zona parietal so, na maior parte dos casos,indicadores da existncia de astigmatismos. Estes sinais e sintomas sero mais pronunciadosquanto maior for o defeito refrativo existente. O astigmata tem uma viso imperfeita, quer aoperto, quer ao longe, porque no tem a perceo ntida dos contrastes entre linhas horizontais,verticais e oblquas.

    normal o astigmata confundir carateres. Assim, frequente existir confuso entre:

    o H confunde-se com o M e o N (e vice-versa); o 0 confunde-se com o 8(e vice-versa); o C confunde-se com o E (e vice-versa).

    Aps a devida compensao do astigmatismo estes fatores indicativos tendem a desaparecer.

    Fig. 21Viso de um astigmata no compensado.

    Fig. 22Comparao da viso de um olho emetrope e de um astigmata.

    4.3Evoluo do Astigmatismo

    Como j foi mencionado atrs, o astigmatismo tende a ser bastante estvel, quer na quantidadequer na posio. A exceo ser quando se trata de um astigmatismo adquirido, como, por

    http://www.google.pt/imgres?sa=X&biw=1366&bih=673&tbm=isch&tbnid=Xwk85naZ13bDAM:&imgrefurl=http://abdoptica.com/enfermvisuales/enfermedades.html&docid=wopMtOByY1MMHM&imgurl=http://abdoptica.com/enfermvisuales/img/astigmatismo.jpg&w=716&h=390&ei=tAIOU4-INImw7QaokoDwBA&zoom=1&ved=0COsBEIQcMCg&iact=rc&dur=3724&page=3&start=33&ndsp=21
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    exemplo, o surgimento de uma catarata. Neste caso, medida que a catarata se vaidesenvolvendo, o astigmatismo induzido por esta tambm se vai alterando.

    Para compreender melhor a estabilidade do astigmatismo convm, agora, mencionar que, aocontrrio da miopia e da hipermetropia, o astigmatismo no est associado s medidas do globo

    ocular. A sua origem est, quase sempre, associada forma da crnea e posio do cristalino.

    4.4Compensao do astigmatismo

    Com lentes oftlmicas, o astigmatismo compensado atravs de lentes cil ndricas. Estas lentesapresentam raios de curvatura diferentes na sua superfcie. Assim, aps a luz passar por estaslentes, a imagem formada pelo olho vai incidir sobre a retina do paciente, retirando o defeitorefrativo, devolvendo-lhe a viso com uma acuidade visual to alta quanto possvel (depreferncia de 10/10).

    Fig. 23Astigmatismo e compensao com lente cilndrica.

    Como o astigmatismo aparece, muitas vezes, em conjunto com outros defeitos refrativos(miopia e hipermetropia), as lentes cilndricas esto, tambm, combinadas com potncias

    negativas ou positivas esfricas.

    Ento, se estamos a fazer a compensao de um astigmatismo puro, usamos lentes cilndricas.Se estivermos a fazer a compensao de mais de um defeito refrativo, miopia ou hipermetropiacombinados com astigmatismo, usamos lentes esfero-cilndricas.

    5- Presbiopia

    A presbiopia um defeito refrativo que tem como varivel a idade. Assim, a presbiopia aparecepor volta dos 40 anos e vai-se desenvolvendo at aos 60. Nesta idade atinge o seu valor mximo,

    de 3,00 D (Adio - ADD). Temos, ento, que a presbiopia a diferena de graduao esfricaentre VP e VL.

    Este defeito refrativo acontece porque h uma degradao do sistema de acomodao. Narealidade, o cristalino e o corpo ciliar perdem algumas das suas capacidades. A mais relevante a capacidade de alterar a sua potncia dioptrica. Progressivamente, medida que a idade vaiaumentando, o cristalino vai diminuindo a sua capacidade de alterar a sua potncia.

    5.1Sinais e sintomas

    Para nos apercebermos dos sinais e sintomas da presbiopia temos que ter em linha de conta oponto de partida do defeito refrativo original. Normalmente, na maior parte dos casos, a

    http://www.google.pt/imgres?start=143&sa=X&biw=1366&bih=673&tbm=isch&tbnid=Z-vAiwF6-1lcQM:&imgrefurl=http://www.univet.it/es/guides-defectos-visuales.html&docid=WpiRMwIS9c49dM&imgurl=http://www.univet.it/users/immagini/images/es/astigmatismo.jpg&w=651&h=200&ei=XwoOU-qLNoeK7AaPvIHoAQ&zoom=1&ved=0CIoBEIQcMCs4ZA&iact=rc&dur=2079&page=8&ndsp=23
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    presbiopia facilmente identificada pela queixa dos pacientes quanto perda de nitidez quandovm ao perto. Esse ser o principal sintomafalta de viso ao perto.

    Quanto a sinais, o primeiro e mais facilmente identificvel o ato instintivo que o presbiope temem afastar os objetos que pretende observar.

    As queixas mais comuns so, dependendo da atividade profissional:

    - Dificuldade em enfiar uma agulha;

    - Dificuldade em ler;

    - Dificuldade em olhar para o computador ou telemvel.

    Fig. 24Viso de um presbiope

    Como foi dito, os sinais e sintomas da presbiopia podem ser diferentes consoante o defeitorefrativo original. Vamos ver, em seguida, como cada defeito refrativo para longe influencia asintomatologia da presbiopia.

    5.1.1Emetropia

    A descrio da presbiopia feita at agora acentou na ausncia de defeitos refrativoscomo ocaso da emetropia.

    5.1.2

    Hipermetropia

    Quando o paciente tem uma hipermetropia para longe os sinais e sintomas da presbiopia vosurgir mais cedo e de forma mais proeminente que no caso da emetropia. Na realidade umhipermetrope ter a necessidade de compensao ocular para a viso de perto e, normalmente,com uma evoluo mais rpida, principalmente se tiver evitado a compensao dahipermetropia ao longo da sua vida. Este fator pode ter provocado um desgaste mais rpido eprematuro do corpo ciliar. No esquecer que a hipermetropia pode ser compensadainternamente, pelo olho, usando o sistema de acomodao.

    5.1.3Miopia

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    Com este defeito refrativo original, os sintomas e sinais da presbiopia tero que ser subdivididos.A quantidade de miopia existente, enquanto defeito refrativo original, influencia odesenvolvimento e sintomatologia da presbiopia.

    5.1.3.1Miopia baixa (< -1,50 D)

    Neste caso, os sintomas e sinais de presbiopia so atrasados. A pessoa que sofre deste tipo demiopia s apresentar sintomas por volta dos 50 anos ou, ento, a partir do momento em quea presbiopia seja maior que a miopia.

    Por exemplo:

    VL: -0,75; ADD: 0,75 VP: 0,00 Tirar os culos para ver bem ao perto. Sem sintimatologia paraVP.

    VL: -1,00; ADD: 1,50 VP: +0,50 Simtomatologia ligeira para VP. Necessidade de usar culospara VP.

    5.1.3.2Miopia mdia ([-1,75 ;-3,00])

    Neste caso, os sintomas da presbiopia so muito atrasados. S aparecero por volta dos 55 anos,bastando, ao paciente, retirar os culos para ficar a ver bem ao perto.

    5.1.3.3Miopia alta (>-3,00)

    O paciente que sofra deste defeito refrativo dificilmente apresentar sintomas de presbiopia.Na realidade, sabendo que o valor mximo normal para a adio de 3,00D, o valor degraduao de VP ser sempre menor ou igual a 0,00D (VP 0,00). Isto quer dizer que o valor dagraduao de perto ser sempre negativo (mantendo a miopia, mesmo para perto) ou, na piordas hipoteses, ser zero.

    5.2Evoluo da Presbiopia

    Como j foi dito, a presbiopia evolutiva e tem, como base desse desenvolvimento, a idade.

    Se a realidade que este defeito refrativo surge por volta dos 40 anos, tambm no menos

    verdade que a necessidade de compensao s surge por volta dos 43 anos, quando o valor daadio (ADD) se torna superior a 0,75D.

    Deste momento em diante existe uma eviluo quase tabelada. Havendo um desenvolvimentoocular normal, sabe-se que por volta dos 50 anos o valor da persbiopia andar por volta das2,00D, aos 55 anos por volta das 2,50D e aos 60 anos, quase invariavelmente, o valor da adioatingir o seu valor mximo de 3,00D.

    Existem situaes em que este valor ultrapassado. At s 3,50D de ADD, mas no umasituao comum e normalmente s se usa este recurso para pessoas que utilizem muito a visode perto. Ao aumentarmos o valor da ADD acima das 3,00D e, no mximo at s 3,50D,

    garantimos que a sensao de cansao surge mais tarde, garantindo uma maior capacidade deutilizao da viso de perto em termos de tempo.

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    5.3Compensao da Presbiopia

    Existem trs maneiras diferentes de compensao da presbiopia.

    5.3.1

    Lentes unifocaisA pessoa, neste caso, usa uns culos para longe e outros para perto. Isto no caso de ter algumdefeito refrativo para longe e sofrer de presbiopia.

    Se a pessoa for emetrope para longe, s necessitar de culos para perto. E, se tiver uma miopiasuperior ao valor da presbiopia s precisar de culos para longe.

    Para a viso de perto est recomendada a utilizao de armaes denominadas meia lua. Estasarmaes caracterizam-se por terem uma ponte em posio superior s oculares impedindo,assim, que a graduao de perto interfira com a viso de longe.

    Fig. 25Armao meia-lua

    5.3.2Lentes bifocais

    Este tipo de lentes garante a compensao quer da viso de longe, quer da viso de perto. Existe,na lente, uma rea de grandes dimenses que compensa a viso de longe e, na parte inferior epara o lado nasal, uma pastilha que tem a responsabilidade de compensar a viso de perto.

    Fig. 26Esquema da lente bifocal

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    Fig. 27Lente bifocal

    Estas lentes passam imediatamente da graduao de longe para a graduao de perto. Alm dafalta de compensao para as distncias intermdias, o outro inconveniente destas lentes ode poder, facilmente, provocar confuso s pessoas que as usam se, por acaso, olharem paralonge atravs da graduao de perto podendo, inclusivamente, provocar alguns acidentes(descer escadas uma vez que nessa situao usa-se a viso de longe e a postura corporalimplica, quase sempre, que a pessoa use a pastilha para ver).

    5.3.3Lentes progressivas

    Hoje em dia, este o tipo de lente mais utilizada para a compensao da presbiopia. Sendocapaz de fazer a compensao a todas as distncias, permite que a pessoa escolha a graduaoque necessita para obter uma boa viso a qualquer distncia. O inconveniente do uso dete tipode lente que necessita de uma aprendizagem (adaptao) para o seu correto uso.

    Fig. 28Esquema de uma lente progressiva

    Fig. 29Lente progressiva em armao

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    Fig. 30Lente progressiva com marcaes por cortar