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Qual a Sua Facção e o Que Isso Diz Sobre Você? A Tipologia de Personalidade da Série de Ficção Divergent e Suas Relações com o Mundo Real

Autoria: Bruno Campello de Souza, Camila Rodrigues Silva Santos

O presente trabalhoinvestigou a tipologia de personalidade apresentada na série Divergent de Veronica Roth sob o nome de "Facções" quanto à sua validade psicológica e utilidade para compreender aspectos da vida profissional de um indivíduo. Através de um estudo com diversos questionários e instrumentos psicométricos aplicados a uma amostra de 217 sujeitos da Região Metropolitana do Recife, foram produzidas evidências estatísticas confirmando em grande parte o valor da tipologia avaliada enquanto alternativa aos famosos modelos Myers-Briggs e Big Five de personalidade. Ao final, foram apresentadas considerações sobre as implicações dos resultados e sugestões para pesquisas futuras sobre o assunto.

 

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1 – Introdução Os testes de personalidade foram desenvolvidos nas primeiras décadas do Século XX e, desde o início, foram projetados para auxiliar à seleção de pessoal, em especial nas forças armadas. Nas décadas seguintes, foram desenvolvidos diversos instrumentos que passaram a ser usados nas organizações não apenas em processos de avaliação de candidatos a vagas, mas também para dar suporte às atividades de gestão da qualidade de vida no trabalho, aconselhamento de carreira, coaching, formação de equipes, dinâmica de grupos, treinamento de liderança e marketing, dentre outras (Mischel, 1968; Kaplan &Saccuzzo, 2010). Dentre os principais testes usados nas organizações, destacam-se o Myers BriggsTypeIndicator (MBTI) e os testes desenvolvidos com base no modelo Big Five de personalidade, tais como o Revised NEO PersonalityInventory (NEO PI-R), o Five-FactorModel Rating Form(FFMRF) e o Big Five Inventory (BFI), havendo ainda o Ten Item PersonalityInventory (TIPI), o qual tem apenas 10 itens e édestinado a aplicações rápidas (Gosling,Rentfrow&Swann Jr., 2003). Apesar da sua popularidade e uso no ambiente corporativo, chegando a gastos anuais da ordem de US$ 2 a 4 bilhões, existem muitas críticas aos testes de personalidade quanto ao seu significado e eficácia (The Economist, 2013; Morgeson, Campion, Hollenbeck, Murphy & Schmitt, 2007). Tais críticas tem se mostrado exageradas em diversos casos, especialmente em se tratando dos testes baseados no Big Five (Rosenthal, 1990; Hunter, 1990; Mount&Barrick, 1998), mas são particularmente bem fundamentadas em se tratando do MBTI, paradoxalmente, o mais frequentemente empregado (The Economist, 2013; Coffield, Moseley& Ecclestone, 2004; Gardner &Martinko, 1996; Pittenger, 1993). Assim, tem-se, simultaneamente, indícios tanto de uma importância concreta do tema da personalidade para as organizações quanto a existência de um espaço substancial para se melhorar a compreensão do assunto. Entre 2011 e 2013 a escritora norte-americana Veronica Roth escreveu uma série de três livros de ficção chamados, respectivamente, Divergent, Insurgent e Allegiant, uma trilogia best-seller cujo primeiro livro já foi adaptado para o cinema e, dado o sucesso comercial, já foram assinados contratos para a adaptação dos dois restantes (Roth, 2013). Na obra é apresentada uma tipologia de personalidade que é utilizada para dividir uma sociedade ficcional em cinco “Facções”, cada uma com suas particularidades e funções, sendo elas: Abnegation (Abnegação), Amity (Amizade), Candor (Franqueza), Dauntless (Audácia) e Erudite (Erudição). Apesar da natureza puramente literária dessa classificação, sem qualquer pretensão prescritiva ou sequer inspiração científica, há um apelo intuitivo que chegou a levar alguns especialistas a sugerirem associações com o modelo Big Five ou a refletirem sobre a questão do uso de testes de personalidade na sociedade (Freeman, 2012). O presente trabalho investiga a validade psicológica da tipologia de personalidade presente na série Divergentpor meio da análise da associação dos resultados do FactionQuiz, uma medida da tendência às diversas Facções presente na obra The Divergent Series Complete Collection (Roth, 2013), com diversos tipos de testes psicológicos padronizados, bem como a utilidade de tal instrumentoe estrutura conceitual para a compreensão da relação de um indivíduo com o trabalho por meio de associações com vários aspectos da sua vida profissional. Ao final, são feitas considerações acerca das implicações dos achados e sugestões para pesquisas futuras. 2 – A Personalidade Humana e as Organizações 2.1 – A Importância da Personalidade Para as Organizações

Não existe na Psicologia uma definição universalmente aceita acerca do que é a personalidade, porém, a maioria dos autores concordaria que se trata de um conjunto de atributos característicos de um indivíduo que atuam nos processos motivacionais, emocionais,

 

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cognitivos e comportamentais, formando um padrão consistente de pensamento e ação da pessoa no decorrer de sua existência, originados das expectativas de autopercepção, de valores e atitudes, que auxiliam na avaliação dos problemas e das reações dos outros indivíduos (Krauskopf & Saunders, 1994). Tais atributos são tidos ainda como sendo relativamente estáveis ao longo do tempo e exclusivos a cada indivíduo (Feist & Gregory, 2009).

A importância do tema para a Administração de Empresas advém do fato de que as características do indivíduo podem influenciar e ser influenciadas pelas características da organização (Paz, 2004). Nesse sentido, existem diversos estudos buscando relacionar os fatores de personalidade com o desempenho na seleção de pessoal para diversas carreiras, bem como com o sucesso profissional (Santos, Sisto & Martins, 2003). Já outros procuram identificar o impacto das configurações de poder organizacional e das características de personalidade com o bem estar da organização (Dessen & Paz, 2010).

Entre os modelos da personalidade humana aplicados nas organizações destacam-se o Myers Briggs Type Indicatore o Big Five (Kaplan & Saccuzzo, 2010; Gosling, Rentfrow & Swann Jr., 2003; Mount & Barrick, 1998; Rosenthal, 1990; Hunter, 1990).

2.2 – O Indicador Myers-Briggs

O Myers-Briggs Type Indicator é um questionário psicométrico voltado para identificar como as pessoas percebem o mundo e tomam decisões, sendo inspiradas na teoria do psicanalista Carl Gustav Jung acerca dos tipos psicológicos, embora apresente algumas diferenças substanciais (Myers & Myers, 1980). É atualmente um dos modelos mais utilizados no ambiente corporativo (The Economist, 2013; Morgeson, Campion, Hollenbeck, Murphy & Schmitt, 2007).

Segundo o MBTI, existem quatro dicotomias funcionais básicas que constituem tipos de personalidade, sendo elas:Extroversão-Introversão, Sensação-Intuição, Pensamento-Sentimento e Julgamento-Percepção.

A premissa básica é a de que as pessoas tendem a apresentar a predominância de um dos polos opostos de cada um dos quatro eixos dicotômicos, de modo que se pode classificar as pessoas em 16 combinações possíveis (2 x 2 x 2 x 2 = 16). Considera-se, ainda, que as quatro funções apresentam uma hierarquia entre si, havendo uma primária, uma secundária, uma terciária e uma quaternária, a primeira sendo a mais conscientemente dominante e a última, denominada "inferior", sendo inconsciente (Myers e McCaulley, 1985).

Apesar da sua imensa popularidade, existem diversas críticas feitas ao MBTI, dentre as quais se destacam a validade estatística questionável, a baixa confiabilidade teste-reteste e as evidências duvidosas da sua utilidade prática no contexto profissional e organizacional (Coffield, Moseley & Ecclestone, 2004; Gardner & Martinko, 1996; Pittenger, 1993).

2.3 – O Modelo Big Five

O modelo Big Five de personalidade surgiu a partir de um estudo realizado pelo famoso psicometrista Sir Raymond Cattell com 171 adjetivos referentes a traços individuais observáveis e estáveis, a partir dos quais ele construiu o Sixteen Personality Factor Questionnaire (16PF). Por meio de análises estatísticas multivariadas desse instrumento, Cattell descobriu que haviam cinco fatores que poderiam explicar bem a maior parte da variância dos dados de personalidade (Tupes & Crhistal, 1961), achado confirmado depois por Walter Norman (1963). Após quase duas décadas de controvérsias sobre os testes de personalidade, os influentes pesquisadores Lewis Goldberg, Naomi Takemoto-Chock, Andrew Comrey e John M. Digman revisaram todos os instrumentos disponíveis na época e concluíram que os mais promissores eram justamente os que continham cinco fatores

 

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análogos aos encontrados por Cattell e Norman (Goldberg, 1980), levando à ampla disseminação e aceitação do modelo.

Lewis Goldberg (Goldberg, 1980) apresenta as cinco dimensões do modeloBig Fivecomo sendo cinco eixos bipolares:Extroversão-Introversão, Amabilidade-Misantropia, Conscienciosidade-Impulsividade, Estabilidade-Neuroticismo e Abertura-Convencionalismo.A ideia básica é a de que cada indivíduo teria o seu perfil de personalidade caracterizado por cinco medidas, uma para cada uma das dimensões.

Existem, naturalmente, os críticos dessa abordagem. Alguns pesquisadores argumentam que a relação dos traços de personalidade do Big Five não é completa, havendo dimensões adicionais a serem incluídas, enquanto outros questionaram a sua efetiva aplicabilidade (Morgeson, Campion, Hollenbeck, Murphy & Schmitt, 2007), mas, apesar disso, prevalece a sua boa reputação e as evidências a favor da sua utilidade (Mount & Barrick, 1998; Digman, 1990; Rosenthal, 1990; Hunter, 1990).

Gosling, Rentfrow e Swann Jr. (2003) criaram uma prática versão reduzida dos testes tradicionais usados para medir os cinco traços denominada The Ten-Item Personality Inventory (TIPI), a qual consta de apenas dez itens mas que apresenta propriedades psicométricas comparáveis às dos testes maiores. Trata-se de um instrumento de grande valor prático.

A natureza essencialmente descritiva dessa estrutura torna-se uma vantagem, tendo em vista que a sua validade empírica para múltiplos contextos e comportamentos, somada à falta de vinculação a um modelo específico, favorece uma taxonomia comum para a área sem prejuízo de uma posterior elaboração teórica (Goldberg, 1981). 2.4– As Facções da Série Divergent

Entre 2011 e 2013 a escritora norte-americana Veronica Roth escreveu uma série de três livros de ficção chamados, respectivamente, Divergent, Insurgent e Allegiant, uma trilogia best-seller cujo primeiro livro já foi adaptado para o cinema e, dado o sucesso comercial, já foram assinados contratos para a adaptação dos dois restantes. Em tal obra, é retratada uma sociedade que divide-se em cinco Facções caracterizadas cada uma por seus valores, funções sociais e personalidade dos membros. A trama revolve ao redor dos Divergentes, ou seja, pessoas que não podem ser classificadas claramente numa dada Facção, e dos Sem Facção, isto é, as pessoas expulsas de suas facções por inadequações ou fracassos (Roth, 2013).

As cinco facções apresentadas na série Divergent e suas principais características são as apresentadas na Tabela 1.

Cada Facção apresenta ainda um padrão específico de vestuário e apresentação pelo qual seus membros são facilmente reconhecidos, tais como vestimentas cinza e ausência de adereços, salvo apenas um relógio simples, para os Abnegation, trajes vermelhos e amarelos, ou então em tons de terra, para os Amity, preto e branco para os Candor, roupas negras e tatuagens para os Dauntless e peças azuis, podendo ser acompanhadas de óculos com aros grossos (independente da necessidade de grau) para os Erudite.

O material anexo à obra The Divergent Series Complete Collection, uma compilação dos três livros da série, inclui o chamado Faction Quiz, um questionário contendo sete perguntas, com cinco alternativas cada, destinado a medir a inclinação de uma pessoa a cada uma das Facções. É um instrumento que essencialmente pede que o respondente aloque um total de sete pontos em cinco categorias.

 

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Tabela 1: Síntese descritiva das facções apresentadas na série Divergent de Veronica Roth (Roth, 2013). Facção Função Social Perfil Psicológico

Abnegation (Os Altruístas)

Liderança, gestão pública e assistência social

Foco nos deveres, altruísmo, dedicação a valores externos, meticulosidade, organização e autodisciplina, religiosidade

Amity (Os Pacíficos)

Produção agrícola Pacifismo, facilidade para perdoar, desejo de agradar, gosto pelas belas artes, hedonismo

Candor (Os Honestos)

Aplicação da Lei e julgamentos

Franco, sincero, energético, busca a atenção dos outros, temperamento expansivo

Dauntless (Os Bravos)

Defesa e manutenção da ordem

Capacidade de superar o medo e de lidar com ansiedade e estresse, espírito competitivo

Erudite (Os Inteligentes)

Ensino, pesquisa, tecnologia, medicina e biblioteconomia

Inteligência, curiosidade, eloquência, valorização da informação e do conhecimento, criatividade

Factionless (Os Sem Facção)

Apenas atividades servis e braçais (exclusão social)

Variado

Divergent Indefinida Combinação dos perfis de duas ou mais das cinco facções formais.

Independente das crenças ou ideologias políticas subjacentes à trama da série

Divergent, a tipologia representada pelas Facções tem um forte apelo popular, sendo apontada como um dos principais motivos do sucesso comercial dos livros e do filme e inspirando diversos websites dedicados à obra, a maioria contendo instrumentos voltados para determinar a que Facção cada um “pertence”. 3 – Problemática

Engler (2008) aponta que vários estudos acerca da personalidade foram desenvolvidos

por teóricos históricos e contemporâneos a partir de pressupostos filosóficos amplos, com alguns contemplando a inclusão da ciência, da filosofia e até da arte para produzir uma conceituação mais ampla do assunto. Assim sendo, não há por que não se conceber o uso de uma obra de ficção como fonte de inspiração para uma tipologia da personalidade, especialmente em se tratando de uma obra que apresenta não apenas um modelo explícito para tal que é bastante convincente, mas até um instrumento de medida. De fato, psicólogos como Freeman (2012) identificam nas Facções de Roth (2013) uma correspondência direta com as cinco dimensões do Big Five (Conscienciosidade-Abnegation, Amabilidade-Amity, Extroversão-Candor, Estabilidade-Dauntless e Abertura-Erudite). Assim sendo, parece haver espaço para uma investigação científicaacerca do valor psicológico da classificação das Facções e sua utilidade para a compreensão das relações entre um indivíduo e o seu trabalho. 4 – Objetivos 4.1 – Gerais

 

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Investigar o valor psicológico e a aplicabilidade prática para a compreensão das organizações da tipologia de personalidade apresentada na série Divergent de Veronica Roth sob o nome de “Facções” e medida sob a forma do Faction Quiz. 4.2 - Específicos 4.2.1 – Identificar as relações existentes entreas pontuações da Facções no Faction Quiz com as grandezas psicológicas de inteligência, conhecimentos gerais, regulação emocional, valores humanos básicos e medidas de personalidade; 4.2.2 –Explorar as associações entre as pontuações da Facções no Faction Quiz com indicadores de sucesso profissional, relacionamentos profissionais e satisfação com o trabalho, bem como área de formação, ocupação profissional e segmento de atuação; 4.2.3 –Avaliar o potencial da tipologia de personalidade apresentada na série Divergent de Veronica Roth sob o nome de “Facções” e medida sob a forma do Faction Quiz enquanto instrumento útil para as organizações. 5 – Método 5.1 – Sujeitos:

Um total de 217 indivíduos oriundos da Região Metropolitana do Recife, sendo 101 homens (46.5%) e 116 mulheres (53.5%), com média de idade de 35.7 anos (DP=14.42), variando individualmente dos 16.5 aos 84.3 anos. Cerca de 40.6% tinham até o ensino fundamental, 17.5% o ensino médio, 20.7% o ensino superior e 21.2% pós-graduação. 5.2 – Materiais:

Foram utilizados os questionários e instrumentos psicométricos de pesquisa listados a

seguir: Questionário Sociodemográfico e de Relação com o Trabalho: Conjunto de

perguntas objetivas acerca de sexo, idade, renda, escolaridade, área de formação, estado civil, ocupação, sucesso profissional, relacionamentos profissionais, satisfação com o trabalho, ocupação profissional e segmento de atuação;

Mini Teste de QI: Medida de inteligência padronizada com cinco itens de aplicação e resposta oral;

Mini Teste de Conhecimentos Gerais: Medida curta de conhecimentos escolares do

ensino médio contendo 10 perguntas;

Questionário dos Valores Básicos (QVB) de Gouveia (2003): Instrumento padronizado de 18 itens para a medida de valores segundo a teoria funcionalista;

Ten Item Personality Inventory (Gosling, Rentfrow&Swann Jr., 2003): Medida padronizada de personalidade com 10 itens segundo o modelo Big Five (Conscienciosidade, Amabilidade, Extroversão, Estabilidade e Abertura);

Questionário de Regulação Emocional (Gross & John, 2003): Teste padronizado

de autocontrole emocional com 10 itens abrangendo as dimensões de Reavaliação

 

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Cognitiva (controle via direcionamento dos pensamentos) e Supressão Emocional (controle das manifestações das emoções);

FactionQuiz de Veronica Roth: Questionário contendo sete perguntas, com cinco

alternativas cada, destinado a medir a inclinação de uma pessoa a cada uma das cinco Facções (Abnegation, Amity, Candor, Dauntless e Erudite). É um instrumento que essencialmente pede que o respondente aloque um total de sete pontos em cinco categorias.

5.3 – Procedimentos:

Um total de 16 alunos da disciplina de Estatística Básica do PROPAD-UFPE no 1º semestre de 2014 aplicaram os instrumentos a transeuntes das ruas da Região Metropolitana do Recife segundo instruções especificando que cada um deveria coletar dados de 16 sujeitos, sendo metade do sexo masculino e metade do sexo feminino, metade com 30 anos de idade ou mais e metade com menos, metade com escolaridade fundamental ou menos e metade com escolaridade acima disso. 6 - Resultados 6.1 – Facções vs. Variáveis Psicológicas A Tabela 2 mostra a correlação entre a pontuação nas cinco Facções segundo o Faction Quiz e os escores nos 18 itens do Questionário dos Valores Básicos. Tabela 2: Correlação de Spearman entre a pontuação nas Facções versus Valores Humanos Básicos.

Valores Abnegation Amity Candor Dauntless Erudite Rho P Rho p Rho p Rho p Rho p

Sexualidade -0.09 0.21 0.11 0.10 -0.04 0.58 0.13 0.05 -0.01 0.83Êxito -0.04 0.55 0.06 0.35 -0.11 0.12 0.05 0.50 0.04 0.54Apoio Social 0.11 0.11 -0.04 0.58 -0.12 0.07 0.08 0.24 0.00 0.99Conhecimento -0.03 0.64 0.05 0.43 -0.10 0.15 -0.03 0.66 0.17 0.01Emoção 0.05 0.44 0.16 0.02 -0.07 0.33 -0.07 0.34 -0.14 0.04Poder -0.04 0.59 0.05 0.51 -0.01 0.89 -0.13 0.05 0.03 0.65Afetividade 0.12 0.09 -0.08 0.25 -0.15 0.03 -0.07 0.31 0.12 0.09Religiosidade 0.17 0.01 -0.09 0.17 -0.11 0.11 0.01 0.85 -0.01 0.83Saúde 0.15 0.03 0.07 0.31 -0.09 0.17 -0.03 0.65 -0.10 0.13Prazer -0.04 0.53 0.15 0.03 0.03 0.71 0.11 0.12 -0.18 0.01Prestígio -0.03 0.66 -0.03 0.65 0.00 0.99 0.00 0.99 -0.02 0.73Obediência 0.21 <.01 -0.04 0.54 -0.10 0.15 0.06 0.38 -0.07 0.30Estabilidade Pessoal 0.07 0.29 0.07 0.31 -0.18 0.01 -0.02 0.79 0.05 0.50Convivência 0.19 <.01 0.05 0.44 -0.10 0.14 -0.11 0.10 -0.14 0.05Beleza 0.05 0.45 0.11 0.10 -0.12 0.08 -0.09 0.20 0.04 0.56Tradição 0.15 0.03 -0.05 0.46 -0.10 0.14 -0.02 0.73 0.01 0.89Sobrevivência 0.03 0.64 0.08 0.26 -0.15 0.03 0.08 0.27 0.03 0.70Maturidade -0.01 0.90 0.01 0.89 -0.09 0.20 0.03 0.62 0.04 0.55

 

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Observa-se que a pontuação dada a cada uma das cinco Facções apresentou correlação

estatística ou marginalmente significativacom mais de um dos valores humanos básicos avaliados, porém, os valores de Êxito, Prestígio e Maturidade não apresentaram correlação relevante com a pontuação de qualquer das Facções. A Tabela 3 mostra a correlação entre a pontuação nas cinco Facções segundo o Faction Quis e os escores nas medidas de personalidade, QI, Conhecimentos Gerais, Escolaridade, Ecletismo (número de áreas do conhecimento em que tem formação) e Regulação Emocional.

Tabela 3: Correlação de Spearman entre a intensidade das Facções versus dimensões da personalidade, variáveis cognitivas e regulação emocional.

Abnegation Amity Candor Dauntless Erudite Rho p Rho p Rho p Rho p Rho p

Conscienciosidade 0.02 0.77 -0.07 0.29 -0.02 0.75 0.04 0.54 0.04 0.56Amabilidade 0.01 0.83 -0.05 0.49 -0.10 0.14 0.10 0.16 0.00 0.99Extroversão -0.09 0.17 0.07 0.32 0.08 0.22 0.01 0.92 -0.09 0.21Estabilidade -0.10 0.13 -0.09 0.21 -0.08 0.23 0.00 0.98 0.14 0.04Abertura -0.09 0.17 -0.07 0.33 0.01 0.87 0.01 0.92 0.09 0.19QI -0.12 0.08 -0.09 0.21 -0.04 0.59 0.03 0.69 0.15 0.03Conhecimentos Gerais -0.13 0.06 0.02 0.77 -0.11 0.10 -0.06 0.38 0.24 <.01Escolaridade -0.18 0.01 -0.07 0.32 -0.08 0.24 -0.08 0.24 0.33 <.01Ecletismo -0.14 0.03 -0.04 0.60 -0.02 0.79 -0.11 0.12 0.25 <.01Reavaliação Cognitiva 0.15 0.03 -0.09 0.17 -0.05 0.45 -0.04 0.56 0.04 0.52Supressão Emocional 0.14 0.04 0.03 0.70 -0.09 0.20 0.02 0.72 -0.09 0.21

Nota-se queapenas a pontuação em Erudite apresentou correlação estatística com alguma medida de personalidade, no caso, a dimensão de estabilidade. Abnegation, Candor e Erudite apresentaram correlação estatística ou marginal com as medidas de cognição (QI, Conhecimentos Gerais, Escolaridade e Ecletismo). Somente Abnegation apresentou correlação com as medidas de Regulação Emocional. Amity e Dauntless não apresentaram qualquer associação com medidas de personalidade, cognição ou controle emocional. 6.2 – Facções vs. Vida Profissional A Tabela 4 mostra o Coeficiente de Incerteza (Theil's U) e o Qui-quadrado (p) da associação entre a pontuação nas cinco Facções segundo o Faction Quis e a propensão a trabalhar em diferentes segmentos e ocupações, bem como ter formação em diferentes áreas. Constata-se que todas as cinco Facções apresentaram associações estatísticas ou marginalmente significativas com trabalhar em diferentes segmentos, ter diferentes ocupações e/ou, ter formação em diferentes áreas. O Gráfico 1 mostra o escalonamento multidimensional (Smallest Space Analysis – SSA) da pontuação nas cinco Facções segundo o Faction Quiz, incluindo um indicador de Divergência (calculado como sendo o inverso do erro médio entre as pontuações nas Facções) bem como medidas de satisfação com diversos aspectos do trabalho (Geral, Atividades, Salário, Promoção e Perspectivas), relacionamento com os colegas (Chefia, Colegas e

 

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Subordinados), Renda por Tempo de Serviço e Velocidade de Progressão (nível do cargo dividido pelo tempo de serviço). Tabela 4: Associação entre a intensidade das Facções e a propensão a trabalhar em diferentes segmentos e ocupações, bem como ter formação em diferentes áreas.

Abnegation Amity Candor Dauntless Erudite

U �2 (p)

U �2 (p)

U �2 (p)

U �2 (p)

U �2 (p)

Serviços -0.01 0.58 0.01 0.40 0.02 0.30 0.02 0.11 0.02 0.14 Comércio 0.03 0.09 0.01 0.47 -0.01 0.58 -0.01 0.46 -0.03 0.07 Produção -0.01 0.77 0.00 0.94 0.02 0.16 -0.02 0.32 0.01 0.89 Outros -0.02 0.31 0.03 0.03 0.01 0.54 0.01 0.47 0.03 0.10 Não Trabalha -0.01 0.48 0.01 0.48 0.01 0.51 0.01 0.63 -0.01 0.61 Emp. Público -0.02 0.58 0.00 0.93 -0.01 0.73 0.01 0.72 0.04 0.02 Emp. Privado -0.02 0.29 0.01 0.59 0.01 0.39 0.05 <.01 -0.02 0.29 Autônomo 0.03 0.06 -0.01 0.57 0.04 0.02 0.01 0.40 -0.03 0.14 Empreendimento 0.02 0.33 -0.01 0.52 -0.01 0.82 -0.02 0.29 -0.01 0.67 Outro -0.02 0.34 0.00 0.77 0.01 0.72 -0.04 0.01 0.01 0.80 Exatas/Tecnologia -0.02 0.23 -0.01 0.32 -0.03 0.04 -0.01 0.43 0.06 <.01 Biológicas/Saúde -0.02 0.51 -0.02 0.13 -0.02 0.31 0.02 0.27 0.00 0.96 Sociais/Humanas -0.02 0.30 -0.01 0.67 0.01 0.54 -0.03 0.05 0.03 0.10 Rurais/Agrárias 0.02 0.44 0.02 0.25 0.02 0.34 -0.01 0.55 -0.01 0.87 Artes -0.01 0.76 0.03 0.10 0.01 0.75 -0.01 0.86 0.01 0.69

 

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Gráfico 1: SSA das Facções e aspectos da vivência profissional.

Observa-se que o diagrama SSA obtido pode ser dividido numa estrutura polar onde se discernequatro partições: Sucesso Profissional (Erudite – Renda por Tempo de Serviço e Velocidade de Progressão), Satisfação com o Trabalho (Abnegation – Satisfação Geral – Satisfação com a Atividade - Satisfação com o Salário – Satisfação com Promoção – Satisfação com Perspectivas), Relacionamentos Profissionais (Candor – Relacionamento com Chefia – Relacionamento com Colegas – Relacionamento com Subordinados) e Não Profissional (Amity – Dauntless – Divergência).

7 - Discussão

7.1 – Sintetizando os Achados Estatísticos

Os diversos achados obtidos nas análises estatísticas do presente trabalho podem ser

sintetizados de forma bastante intuitiva por meio de mapas conceituais que expressem as grandezas por meio de caixas e as relações por meio de setas, sendo as ligações fortes ou com poder estatístico representadas por linhas cheias e as mais fracas ou apenas marginalmente significativas por meio de linhas pontilhadas. Também se pode indicar a natureza positiva ou negativa das associações. Assim sendo, a Figura 1 mostra os mapas conceituais referentes às relaçõesencontradas entre as Facções e as variáveis psicológicas. Já a Figura 2 expressa os mapas conceituais das relações das Facções com os diversos aspectos da vida profissional.

7.2 - As Facções e Suas Associações Psicológicas

SSA 3D - Distância 1-Pearson r - Amalgamação de Ward - Alienação=.14 e estresse=.11

Velocidade de

Progressão

Renda por

Tempo de Serviço

Abnegation

Amity

Candor

Dauntless

Erudite

Divergência

Satisfação

Geral

Satisfação

c/ Salário

Satisfação

c/ Atividades

Relacionamento

c/ Chefia

Relacionamento

c/ Subordinados

Relacionamento

c/ Colegas

Satisfação

c/ Avaliação e

Promoção

Satisfação

c/ Perspectivas

Dimensão 1

Dim

ensã

o 2

Velocidade de

Progressão

Renda por

Tempo de Serviço

Abnegation

Amity

Candor

Dauntless

Erudite

Divergência

Satisfação

Geral

Satisfação

c/ Salário

Satisfação

c/ Atividades

Relacionamento

c/ Chefia

Relacionamento

c/ Subordinados

Relacionamento

c/ Colegas

Satisfação

c/ Avaliação e

Promoção

Satisfação

c/ Perspectivas

RelacionamentosProfissionais

SucessoProfissional

Satisfaçãoc/ o Trabalho

NãoProfissional

 

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Observando-se o conjunto as informações representadas na Figura 1, fica claro que a pontuação nas cinco Facções segundo o Faction Quiz apresentou diversas associações específicas com as diversas variáveis psicológicas estudadas.

Abnegation mostrou-se positivamente associada aos Valores Humanos de Obediência, Tradição, Convivência, Religiosidade, Saúde e Afetividade, bem como aos mecanismos de Regulação Emocional relativos a Reavaliação Cognitiva e Supressão. Houve associação negativa com as variáveis cognitivas ligadas à busca por saber, ou seja, Escolaridade, Ecletismo e Conhecimentos Gerais. Tais achados são bastante consistentes com a descrição desta Facção dada na série Divergent em termos dos ideais externos almejados e da ênfase no autocontrole, conforme apontado na Tabela 1, mas também no que concerne a uma rejeição ao intelectualismo, conforme narrado na obra de Roth (2013).

Amity apresentou associação positiva com os Valores Humanos de Prazer, Emoção, Beleza e, em grau menor, Sexualidade, refletindo bem a natureza hedonista da Facção, assim como uma ausência de associações negativas com quaisquer traços psicológicos, em sintonia com a noção de pacifismo. Tem-se, portanto, um excelente ajuste com a descrição dada por Roth (2013) resumida na Tabela 1.

Candor apresentou apenas associações negativas com os traços psicológicos, particularmente os Valores Humanos de Estabilidade Pessoal, Sobrevivência, Apoio Social e Beleza, bem como a variável cognitiva de Conhecimentos Gerais. Isso parece dar suporte à noção de uma personalidade relativamente despreocupada em assegurar os aspectos materiais, sociais e pragmáticos da vida, o que pode produzir uma personalidade não consequencialista que se preocupa mais com o aqui e agora, além de uma certa independência psicológica, ambas as coisas favorecendo a franqueza brutal descrita por Roth (2013) para esta Facção, conforme apresentado na Tabela 1. Também se pode considerar a possibilidade de que, ao se dar conta de que nem todos são tão francos e honestos assim, a pessoa pode apresentar um certo grau de desconfiança para com o conhecimento formal, preferindo o saber adquirido em primeira mão.

 

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Figura 1: Mapas conceituais das relações entre as Facções e as variáveis psicológicas.

Dauntless apresentou associação positiva apenas com a Sexualidade, mais intensamente do que no caso de Amity, além de uma associação negativa com os Valores Humanos de Poder e Convivência. Isso retrata um tipo de personalidade relativamente antissocial, evitando fazer parte de um grupo mesmo que seja para liderar, apresentando motivações essencialmente pessoais. Isso é consistente com a agressividade e transgressão apresentados por determinados personagens da obra de Roth (2013), embora não se tenha observado a esperada associação com o valor Emoção (definido como "desfrutar desafiando o perigo; buscar aventuras"). É possível que, apesar da descrição dada na Tabela 1, o que mova este tipo de indivíduo seja mais uma competitividade, um desejo de vencer ou conquistar outros, do que propriamente um "gosto por adrenalina" ou a superação do medo. A descrição de Roth (2013) acerca desta Facção e do seu processo de iniciação de novos membros, funcionando por meio de uma competição onde os melhores colocados tem direito às posições mais cobiçadas na sociedade e os piores colocados são expulsos e se tornam Factionless (Sem Facção), certamente dá suporte a esta interpretação.

Erudite apresentou associação positiva com todas as variáveis cognitivas medidas, ou seja, QI, Conhecimentos Gerais, Escolaridade e Ecletismo, assim como com o Valor Humano de Conhecimento e também com a dimensão de personalidade do Big Five denominada Estabilidade. Houve associação negativa com os Valores Humanos de Emoção, Convivência e

 

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Prazer. Tais achados são perfeitamente consistentes com o intelectualismo da Facção, retratada como sendo mais "cerebral" do que emotiva, podendo chegar ao ascetismo e à frieza, em total acordo com Roth (2013), conforme descrito na Tabela 1.

Vale à pena observar que, conforme apresentado na Tabela 3, não se encontrou quaisquer das associações entre as Facções e as dimensões de personalidade do Big Five que seriam de se esperar a partir das analogias apontadas por Freeman (2012). Isso sugere que as Facções representam uma nova tipologia completamente independente do Big Five.

Figura 2: Mapas conceituais das relações entre as Facções e a vida profissional.

 

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7.3 - As Facções e a Vida Profissional Conforme indicado na Figura 2, a pontuação nas cinco Facções segundo o Faction

Quiz apresentou diversas associações peculiares com os diferentes aspectos da vida profissional.

Abnegation mostrou-se positivamente associada à Satisfação com o Trabalho, bem como com a atuação no Comércio e no Trabalho Autônomo, estando negativamente associada ao Sucesso Profissional e aos Relacionamentos Profissionais. É possível que este resultado reflita um forte senso de dever que se realiza por meio do trabalho e do cumprimento das obrigações, somado às consequências de uma rejeição da qualificação educacional e de uma meticulosidade ou diligência que gerem antipatia. Em sua obra, Roth (2013) aponta esta Facção como responsável pelos serviços públicos, porém, no presente estudo isso não se confirma, havendo maior proximidade da atividade comercial autônoma, concebivelmente devido à dificuldade em se relacionarem com colegas de empresa.

Amity associou-se positivamente a uma formação em Artes e a uma ocupação "alternativa" que não Serviços, Comércio ou Produção, havendo associação negativa com praticamente todos os aspectos da vivência profissional, isto é, Sucesso Profissional, Satisfação com o Trabalho e Relacionamentos Profissionais. Trata-se de achado que corrobora a noção desta Facção como sendo essencialmente hedonista, provavelmente não tendo no trabalho o seu ponto mais forte. Na obra de Roth (2013), o grupo seria responsável pela produção agrícola, mas isto não ocorreu aqui.

Candor apresentou relação com Relacionamentos Profissionais e, em grau menor, Satisfação com o Trabalho, além do Trabalho Autônomo. Houve associação negativa com a formação em Ciências Exatas e Tecnologia e também com o Sucesso Profissional. É possível especular tratar-se da consequência da combinação de franqueza, independência e desconfiança, onde a honestidade favorece os relacionamentos, a liberdade facilita a escolha de atividades satisfatórias, mas a reticência em relação ao conhecimento formal dificulta o desempenho e o progresso na profissão.

Dauntless mostrou-se positivamente associada ao Emprego privado e negativamente associada a Sucesso Profissional, Satisfação com o Trabalho e Relacionamentos Profissionais, bem como à formação em Ciências Sociais e Humanas e à atuação em atividades mais informais ou heterodoxas. Isso é consistente com o maior gosto pela competição, a qual pode chegar a prejudicar a cooperação, gerando prejuízos profissionais.

Erudite apresentou associação positiva com o Sucesso Profissional, formação em Ciência Exatas e Tecnologia bem como, em grau menor, em Ciências Sociais e Humanas, assim como com o Emprego Público e atividades que não Serviços, Comércio ou Produção. Houve associação negativa com Satisfação com o Trabalho e Relacionamentos Profissionais, junto com ocupação ligada ao Comércio. Parece tratar-se de um reflexo da maior formação e qualificação associada a esta Facção, bem como ao pendor científico, existência de maiores oportunidades no setor público para pessoas altamente qualificadas no Brasil e à menor emotividade. 8 – Conclusão

O presente estudo procurou investigar a tipologia de personalidade apresentada na série Divergent de Veronica Roth (Roth, 2013) sob o nome de "Facções", medida sob a forma do FactionQuiz presente na obra, quanto à sua validade psicológica e utilidade em termos de ajudar a compreender diversos aspectos da vida profissional de um indivíduo. Para tanto, foram aplicados diversos instrumentos psicométricos e questionários a uma amostra de 217

 

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sujeitos da Região Metropolitana do Recife, sendo realizadas diversas análises estatísticas dos dados assim levantados.

Os resultados obtidos apontam que, em grande parte, a tipologia quíntupla de personalidade investigada apresenta associações com as medidas psicológicas avaliadas que são consistentes com as definições e descrições de Roth (2013), mas não equivale ao famoso modelo Big Five de personalidade, apesar de sugestões nesse sentido de Freeman (2012). Mais ainda, as Facções mostraram-se ligadas a características específicas da vida profissional dos indivíduos, particularmente o sucesso profissional, os relacionamentos profissionais e a satisfação com o trabalho, bem como a área de formação, a ocupação profissional e o segmento de atuação.

Conclui-se que a tipologia das Facções apresenta um interessante potencial para uso na Psicologia e na Administração de Empresas, representando uma possível alternativa a modelos tradicionais amplamente utilizados, tais como o Myers-Briggs e o Big Five. Estudos futuros acerca do assunto devem explorar amostras maiores e mais variadas, bem como mais medidas e instrumentos psicológicos, além de contemplar o desenvolvimento de instrumentos psicométricos mais amplos e sofisticados do que o FactionQuiz. Também é importante desenvolver teorias que possam explicar as causas e funcionamento da tipologia em questão. Referências Coffield F, Moseley D, Hall E, Ecclestone K (2004). Learning styles and pedagogy in post-16 learning: A systematic and critical review (PDF). Learning and Skills Research Centre. Digman, J.M. (1990). Personality structure: Emergence of the five-factor model. Annual Review of Psychology, (v. 41, p. 417–440). Feist, J., Gregory, J.. (2009). Theories of personality (7th ed.). Boston: McGraw Hill Higher Education. Freeman, Louise. (2012). A Dip in the OCEAN: Divergent Factions and the Big Five Personality Factors. In: Hogwarts Professor: thoughts for serious readers. Disponívelem: <http://www.hogwartsprofessor.com/a-dip-in-the-ocean-ii-double-dipping-dauntless-can-the-neurotic-be-brave/>. Acessoem: 24/03/2014. Gardner, William L. e Martinko, Mark J. (1996). Using the Myers-Briggs Type Indicator to study managers: A literature review and research agenda. Journal of Management 22: 45-83. doi:10.1177/014920639602200103. Goldberg, L. R. (1981). Language and individual differences: The search for universals in personality lexicons. In Wheeler (Ed.), Review of Personality and social psychology, (Vol. 1, 141–165). Beverly Hills, CA: Sage. _____________. (1980). Some ruminations about the structure of individual differences: Developing a common lexicon for the major characteristics of human personality. Symposium presentation at the meeting of the Western Psychological Association, Honolulu, HI. Gosling, S. D., Rentfrow, P. J., Swann Jr., W. B. (2003). A Very Brief Measure of the Big-Five Personality Domains. Journal of Research in Personality 37, 2003, p. 504-528.

 

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