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1 Campus de Araçatuba PRÓTESE TOTAL MANUAL DE LABORATÓRIO Professores. HUMBERTO GENNARI FILHO RENATO SALVIATO FAJARDO MARCELO COELHO GOIATO WIRLEY GONÇALVES ASSUNÇÃO DÉBORA DE BARROS BARBOSA KARINA HELGA LEAL TURCIO Técnico JÂNDER DE CARVALHO INÁCIO 2018 ÍNDICE

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1

Campus de Araçatuba

PRÓTESE TOTAL

MANUAL DE LABORATÓRIO

Professores.

HUMBERTO GENNARI FILHO

RENATO SALVIATO FAJARDO

MARCELO COELHO GOIATO

WIRLEY GONÇALVES ASSUNÇÃO

DÉBORA DE BARROS BARBOSA

KARINA HELGA LEAL TURCIO Técnico

JÂNDER DE CARVALHO INÁCIO

2018

ÍNDICE

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01. Moldeiras de estoque e individuais.................................................................. 4

1.1. Técnica de confecção................................................................................. 5

1.2. Materiais e instrumentais........................................................................... 6

02. Bases de prova................................................................................................. 11

2.1. Técnica de confecção................................................................................. 11

2.2.. Alivio das retenções mecânicas................................................................ 12

2.3. Preparo da resina acrílica ativada quimicamente....................................... 13

2.4. Confecção da base de prova....................................................................... 13

03. Orientação do plano de cera e transferência para o articulador....................... 16

3.1. Técnica de confecção do plano de cera..................................................... 16

3.2. Transferência para o articulador................................................................ 19

3.2.1. Arco facial........................................................................................ 19

3.2.2. Articulador....................................................................................... 21

3.3. Ajuste das guias condilares........................................................................ 21

3.4. Montagem do modelo superior no articulador........................................... 23

04. Dimensão vertical ........................................................................................... 24

4.1. Dimensão vertical de oclusão.................................................................... 24

4.2. Dimensão vertical de repouso.................................................................... 24

4.3. Espaço funcional livre............................................................................... 25

4.4. Método para o registro da dimensão vertical de oclusão........................... 25

05. Relação central................................................................................................. 27

5.1. Oclusão central.......................................................................................... 27

5.2. Registro gráfico extra-oral......................................................................... 29

5.3. Fixação dos planos..................................................................................... 31

5.4. Montagem do modelo inferior no articulador............................................ 31

06. Movimentos mandibulares e ajuste do articulador.......................................... 32

07. Montagem dos dentes artificiais...................................................................... 37

7.1. Linha mediana............................................................................................. 37

7.2. Suporte para os lábios................................................................................. 37

7.3. Posição, alinhamento e disposição dos dentes artificiais............................ 38

7.4. Montagem dos dentes anteriores superiores............................................... 40

7.5. Montagem dos dentes posteriores superiores............................................. 41

7.5.1. Linha principal do esforço mastigatório........................................... 41

7.5.2. Curva de compensação..................................................................... 42

7.6. Montagem dos dentes posteriores inferiores.............................................. 44

7.7. Montagem dos dentes anteriores inferiores................................................ 47

7.8. Observações importantes para a montagem dos dentes.............................. 48

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7.8.1. Trespasse vertical............................................................................... 49

7.8.2. Trespasse horizontal.......................................................................... 49

7.8.3. Desgastes dos dentes.......................................................................... 49

08. Escultura das próteses...................................................................................... 51

8.1. Materiais necessários.................................................................................. 51

8.2. Enceramento............................................................................................... 51

8.3. Delimitação dos colos................................................................................. 52

8.4. Escultura das bases..................................................................................... 52

09. Inclusão em mufla e polimerização das próteses............................................. 55

9.1. Introdução................................................................................................... 55

9.2. Inclusão....................................................................................................... 56

9.3. Abertura da mufla e remoção de cera......................................................... 59

9.4. Isolamento................................................................................................... 59

9.5. Polimerização.............................................................................................. 60

9.5.1. Ciclos de polimerização.................................................................... 62

10. Desinclusão com recuperação do modelo........................................................ 63

10.1. Remontagem e desgaste seletivo................................................................ 64

10.1.1. em abertura e fechamento................................................................ 64

10.1.2. em lateralidade e protrusão.............................................................. 65

10.1.3. Refinamento..................................................................................... 69

11. Acabamento e polimento................................................................................. 69

11.1. Materiais e instrumentais necessários........................................................ 69

11.2. Acabamento............................................................................................... 69

11.2.1. Separação do modelo...................................................................... 69

11.2.2. Eliminação das rebarbas................................................................. 70

11.2.3. Limpeza dos espaços interdentais................................................... 70

11.3. Polimento................................................................................................... 71

11.3.1. Com pedra pomes........................................................................... 71

11.3.2. Com branco de espanha.................................................................. 71

12. Referências – Sugestão para estudo.................................................................. 72

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MOLDEIRAS

Sempre que desejamos a cópia de um determinado objeto físico, há

necessidade de realizarmos uma ação denominada MOLDAGEM. O resultado da

moldagem, que corresponde ao negativo do objeto moldado denomina-se MOLDE. A

inserção de um determinado material no interior do molde (gesso, resina acrílica,

metal etc) resulta em um MODELO, que representa a cópia idêntica do objeto

moldado. No entanto, para que esta ação seja realizada, necessitamos de um

recipiente para conter o material moldador durante a execução da moldagem

denominado MOLDEIRA. Portanto, em prótese, moldeiras são recipientes

apropriados para levar à boca do paciente certa quantidade de material de

moldagem, previamente e corretamente manipulado, distribuindo-o uniformemente

sobre uma área a moldar e mantê-lo em posição até seu endurecimento total.

Temos dois tipos de moldeiras: de ESTOQUE e INDIVIDUAIS. As moldeiras

de estoque, como o próprio nome diz, são aquelas encontradas nas casas de artigos

dentários, geralmente feitas de alumínio, podendo ser LISAS quando utiliza-se um

material de moldagem que adere ao metal (godiva) ou PERFURADAS quando o

material não oferece aderência (silicone) (Figura 1a e 1b).

Figura 1a. Moldeiras lisas e perfuradas.

Figura 1b. Moldes representativos em moldeiras lisas(1) e perfuradas(2).

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As moldeiras INDIVIDUAIS são aquelas feitas manualmente, geralmente de

resina acrílica ativada quimicamente (RAAQ), sobre um modelo obtido

preliminarmente. Portanto ela é específica para cada indivíduo, daí seu nome (Figura

2).

Figura 2. Moldeira individual sobre o modelo.

Técnica de construção de Moldeiras Individuais.

Inicialmente devemos realizar um exame do modelo para determinar a presença de

áreas retentivas. Retenções são alterações da superfície do modelo que poderão

impedir a remoção da moldeira após sua confecção (Figura 3).

Figura 3. Exemplos de áreas retentivas e expulsivas.

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Assim, sempre que encontrarmos áreas retentivas, elas deverão ser ALIVIADAS com

a deposição de cera rosa nº 7, transformando-as em áreas expulsivas (Figura 4a,b, c e

d).

Figuras 4a,b, c e d. Alívio das retenções mecânicas do modelo.

O passo seguinte consiste no isolamento do modelo. Ele é necessário para

evitar que a resina acrílica penetre nos poros do gesso e impeça a sua remoção.

Normalmente o isolamento é feito com um material à base de alginato, denominado

Cel-Lac e aplicado com um pincel em camadas. O material, ao secar, forma uma

película protetora, evitando a aderência da RAAQ (Figura 5).

Figura 5. Isolamento do modelo com Cel-Lac.

Materiais e instrumentais utilizados:

a b

c d

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Os materiais e instrumentais necessários para a construção das moldeiras

individuais são mostrados nas figuras 5a e 5b.

Figuras 5a. Instrumentais para confecção das moldeiras.

Figura 5b. Materiais para confecção das moldeiras.

O preparo da RAAQ se faz proporcionando corretamente o monômero e o

polímero de acordo com as instruções do fabricante. Para a resina da marca Clássico

(normalmente utilizada no laboratório) a proporção é de 3/1, ou seja, três partes de pó

para uma de líquido. Coloca-se inicialmente o monômero no pote e a seguir, o

polímero. O conteúdo é espatulado até que ocorra a saturação de todo pó, com uma

mistura totalmente homogênea. Em seguida o pote de vidro é imediatamente fechado

com tampa para evitar a evaporação do monômero.

Após esta mistura, a RAAQ passará por fases até estar pronta para a utilização.

As fases são as seguintes:

a) Fase arenosa – logo após a mistura

b) Fase pegajosa - começa a adquirir consistência

a

b

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c) Fase fibrilosa – ao tocá-la nota-se a formação de fibrilas (fios)

d) Fase plástica – a resina permite a manipulação.

e) Fase borrachóide – a resina não permite mais ser manipulada

f) Fase densa ou dura – a resina esta polimerizada.

a) Fase arenosa b) Fase pegajosa

c) Fase fibrilosa d) Fase plástica

Logo após a fase plástica, a resina passa para a fase borrachóide onde não é

mais possível sua manipulação. Portanto, o trabalho deve ser executado na fase

plástica para permitir sua adaptação sobre o modelo, sem deformações.

Enquanto aguarda-se a fase plástica da resina, sobre o modelo isolado demarcam-se

os limites das bordas da moldeira, que deverão ser aproximadamente 1,5 mm aquém

do fórnix do vestíbulo. Para tal, marcaremos com um lápis cópia o fundo do sulco

que servirá de referência para o estabelecimento do limite (Figura 6).

Figura 6. Limites para determinar a altura da borda da moldeira superior.

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Além disso, também devem ser isoladas as duas placas de vidro e em suas

extremidades adaptar um tira de lâmina de cera nº7 dobrada, que determinará a

espessura da moldeira individual (+ ou – 2mm).

Ao atingir a fase plástica, ou ligeiramente antes, a resina é removida do pote,

manipulada formando uma esfera, colocada sobre uma das placas e com a outra,

executar compressão até que haja o contato com as tiras de cera. (Figura7a e 7b).

Figura 7a e 7b. prensagem da resina acrílica formando uma manta.

Após a prensagem a manta será levada sobre o modelo e sutilmente adaptada com

pressão digital até seu perfeito assentamento (Figura 8a e 8b). Os excessos serão

recortados com a espátula Le Cron e reservados para a confecção do cabo que deverá

ter um tamanho de aproximadamente 1x1cm (Figuras 9a e 9b), posicionado

centralmente e com angulação aproximada de 45graus para vestibular, sobre a crista

do rebordo alveolar. O recorte da borda dentro do limite estabelecido (1,5mm aquém

do fórnix do vestíbulo) poderá ser realizado neste momento, recortando a resina no

local demarcado com lápis cópia ou, desgastando-se a resina após sua polimerização

(Figuras 10a,b e c).

Figuras 8a e b. Recorte dos excessos de resina acrílica

a b

a b

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Figuras 9a e b. Adaptação do cabo na porção central (1cmx1cm).

Após a separação moldeira/modelo as marcações com lápis cópia aparecerão no

interior da moldeira indicando os locais a serem desgastados com a broca Maxi-Cut

(Figuras 10a,b e c). Primeiramente deve-se desgastar a borda em altura até o limite

demarcado e, a espessura da borda deverá ter, no final do desgaste, 2mm

aproximadamente.

Figuras 10a, b e c. Desgastes da borda da moldeira em altura e espessura.

Clinicamente, a região posterior da moldeira deverá ser desgastada ao nível da linha

do ah!. Em fase laboratorial, desgasta-se observando uma linha imaginária que passe

atrás das tuberosidades palatinas e espinha nasal posterior (Figuras 11a e b).

Figura 11a e 11b. Recorte da região posterior da moldeira superior

a b c

a b

a b

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A moldeira será finalizada com o lixamento de suas bordas, evitando dessa maneira

que quando levada à boca do paciente, não cause ferimentos decorrentes de asperezas

(Figuras 12a e b).

Figuras 12a e b. Lixamento e moldeira superior finalizada.

Para a confecção das moldeiras individuais inferiores a seqüência de construção é a

mesma das executadas para as superiores (Figura 13a e b), tendo em mente o recorte

da porção lingual.

Figura 13a e b. Moldeiras individuais inferiores finalizadas

BASES DE PROVA

É a base provisória da dentadura que possibilita ao profissional realizar na

boca do paciente as diversas operações clínicas, tais como o registro das relações

maxilomandibulares, a montagem e prova dos dentes na boca do paciente.

Existem diversos materiais com os quais podemos confeccionar as Bases de

Prova: resina acrílica ativada quimicamente, resina acrílica ativada termicamente,

placas de policarbonato, etc. O material recomendado é a resina acrílica ativada

quimicamente (RAAQ), incolor ou rosa.

a b

a b

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TÉCNICA DE CONFECÇÃO

I- BASE DE PROVA DE RAAQ

Material e instrumental

Modelos funcionais maxilar e mandibular

Cera rosa nº 7

Espátula nº 7, 31 e Le Cron

Pincel tigre nº 266-16

Resina acrílica auto-polimerizável ( Clássico ou similar)

Pote para resina acrílica

Isolante Cel-Lac

Duas placas de vidro

Lamparina a álcool

Lixa para madeira nº 180 ou 320

Mandril para tira de lixa

Broca Maxi-Cut

Micro motor

ALÍVIO DAS RETENÇÕES MECÂNICAS

a) Todas as retenções mecânicas dos modelos são removidas através do

preenchimento das mesmas com cera rosa nº 7 (Figura 1).

b) As retenções nos maxilares são mais frequentes na face vestibular da

região de canino a canino, e na região vestibular das tuberosidades alveolares.

c) As retenções na mandíbula são mais frequentes na região de canino a canino,

tanto por vestibular, como por lingual e na região da fossa retro-miloidea.

Deve ser lembrado que os alívios são menores que nas moldeiras, tendo em

vista a necessidade de retenção na boca do paciente.

Figura 1. Áreas retentivas e expulsivas

área retentiva

área expulsiva

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ISOLAMENTO DA ÁREA DE SUPORTE

Todo o modelo será isolado com Cel-Lac, com um pincel macio para evitar a

aderência da resina ao gesso do modelo.

PREPARO DA RESINA ACRÍLICA

Devemos proporcionar o polímero e o monômero de acordo com a indicação do

fabricante, colocando primeiramente o monômero no pote para resina, e depois o

polímero. Normalmente a proporção pó/líquido é 3/1 A mistura é feita com

espátula nº 36, e o recipiente fechado para evitar a evaporação do monômero da

mesma forma que a executada para as moldeiras.

CONFECÇÃO DA BASE DE PROVA

a) Prensagem da resina auto-polimerizável entre duas placas de vidro.

Quando a mistura atingir a fase plástica, daremos a ela um formato de bola que

será prensada entre duas placas de vidro isoladas com Cel-Lac.

Para proporcionar uma espessura homogênea durante esta prensagem, recortamos

duas tiras de cera, e colocamos entre as placas de vidro, uma tira em cada

extremidade, com a finalidade de homogeneizar a espessura da lâmina de resina

formada (Figura 2). Lembramos que para a confecção das moldeiras, a tira de

lâmina de cera era dobrada para obter maior espessura.

Figura 2. Prensagem da resina acrílica entre as placas de vidro

b) Aplicação da resina acrílica

A lâmina de resina acrílica será adaptada sobre o modelo funcional em toda a sua

extensão. Deveremos ter cuidado para não pressionar de forma exagerada, pois

isto poderá causar adelgaçamento ou mesmo furar certos pontos ou regiões da

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resina (Figura 3a). Os excessos deverão ser recortados com uma espátula Le Cron.

Toda a região correspondente ao fundo do sulco deverá ser preenchida com resina

(Figura 3b).

Figura 3a e b. Base de prova maxilar com o sulco totalmente preenchido

c) Separação da base de prova do modelo

Após alguns minutos, a resina polimeriza tornando-se completamente rígida.

Quando isto acontecer, poderemos separar a base de prova do modelo através de

uma espátula nº 7 ou Le Cron, introduzindo-a na borda posterior, entre a base de

prova e o modelo, com cuidado para não causar fratura do mesmo.

d) Eliminação das rebarbas

Utilizamos a broca Maxi-cut para desgastar a resina acrílica, eliminando as

rebarbas da borda da base de prova, com o cuidado de não deixá-la cortante e

respeitar ao mesmo tempo a espessura da mesma na região dos sulcos gengivo-

labial e gengivo-geniano (Figura 4).

Figura 4. Eliminação das rebarbas com broca Maxi-cut

e) Acabamento

O acabamento é dado apenas com tira de lixa, adaptada em mandril próprio.

Lixamos as bordas da base de prova de forma a não deixar arestas cortantes para dar

a b

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maior conforto ao paciente uma vez que a mesma ficara em intimo contato com o

fundo de sulco do paciente (Figura 5).

Figura 5. Acabamento da borda da base de prova com tira de lixa

f) Base de prova da mandíbula

A base de prova no modelo inferior é confeccionada da mesma maneira que a

superior. Em virtude de sua própria conformação, está mais propensa à introdução

de esforços e a deformações. Por este motivo devemos tomar o máximo cuidado

em seu acabamento, para evitar distorções, pois a base de prova deve ter a melhor

adaptação possível no modelo. Não se esquecer de recortar o excesso lingual

(Figura 6a,b e c).

Figura 6a e 6b . Recorte do excesso lingual com o sulco totalmente preenchido.

Figura 6c. Base de prova inferior concluída.

a b

c

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ORIENTAÇÃO DO PLANO DE CERA MAXILAR E

TRANSFERÊNCIA PARA O ARTICULADOR

Para a orientação do plano de cera, há necessidade de se confeccionar um rolete de

cera que deve ser unido firmemente à base de prova a fim de serem registradas as

diferentes operações de interesse protético. Nestes planos serão determinados:

1. As relações intermaxilares (dimensão vertical de oclusão e relação central).

2. Suporte adequado aos lábios e bochechas.

3. As linhas de referências para a seleção dos dentes.

4.Montagem dos dentes artificiais.

TÉCNICA DE CONFECÇÃO DO PLANO DE CERA

Materiais Utilizados:

1- Lâmina de cera rosa nº 7

2- Espátula nº 31

3- Espátula Le Cron

4- Espátula nº 7

5- Lamparina à álcool.

Inicialmente tomamos uma lâmina de cera rosa e plastificamos sobre a chama da

lamparina uma faixa de 1cm ao longo de seu comprimento, até que comece a se

curvar (Figura 8).

Figura 8. Plastificação da cera e início do dobramento para confecção do plano.

A parte da lâmina de cera que ficou plástica é dobrada, procurando conseguir uma

perfeita união das superfícies, evitando que incorporem bolhas de ar. Continuar

aquecendo e dobrando a lâmina de cera até que se consiga um rolete de cera

plástico (Figura 9).

Levamos novamente o rolete de cera à chama e dobramos ao meio com a

finalidade de ganhar em altura (Figura 10).

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Figura 9. Rolete de cera plastificado Figura 10. Dobramento ao meio

O passo seguinte consiste em dar forma ao rolete de cera de acordo com o arco

dental e adaptá-lo sobre a base de prova, unindo-o firmemente com cera fundida

(Figuras 11a, b e c)

Figura 11a Figura 11b

Figuras 11a,b e c. Adaptação e fixação do rolete de cera à base de prova.

O acabamento do plano de cera será dado utilizando-se a espátula 36 bem

aquecida para prover alisamento na superfície vestibular e lingual e uma espátula

de pintor para o acabamento da superfície oclusal. O plano estará finalizado ao

apresentar suas superfícies totalmente lisas e uniformes (Figuras 12 a e 12 b)

a b

c

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Figura 12a e b. Acabamento final do plano de cera.

Clinicamente, na maioria dos casos, o plano superior deverá ser construído de tal

forma que fique ao nível ou ultrapasse 1 ou 2 mm o tubérculo do lábio em repouso

(Figura 13a) e que tenha ligeira inclinação no sentido ocluso-gengival (Figura

13b).

Figura 13a e 13b.Configuração clínica inicial do plano de cera.

Para que seja possível a tomada dos registros dos movimentos mandibulares é

necessário que o profissional utilize um plano de referência, que será o plano

protético. Assim, o plano de cera superior deverá ser paralelo ao plano protético

lateralmente (Figura 14a), e na região anterior, paralelo à linha bipupilar (Figuras

14b). Este paralelismo possibilitará, durante a função, que as forças oriundas do

ato mastigatório incidam perpendicularmente sobre o rebordo, proporcionando

estabilidade da prótese. Para tal utiliza-se a Régua de Fox.

Assim, o plano maxilar é introduzido na boca do paciente e a cera será removida

ou acrescida, até que se consiga o paralelismo da Régua de Fox com o plano

protético, previamente traçado na face do paciente.

a b

a b

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Figuras 14a e 14b. Paralelismo do plano de cera com o plano protético e bipupilar

TRANSFERÊNCIA DO PLANO DE CERA COM ARCO FACIAL

O Arco Facial é um dispositivo acessório do articulador com a finalidade de

transportar o plano de cera superior, devidamente orientado, da boca do

paciente para o articulador, mantendo as mesmas relações côndilo-incisivos

(Figura 15).

Figura 15. Partes constituintes do Arco Facial.

Uma vez orientado, o plano de cera superior deve ser adaptado ao garfo do arco

facial. Para que isto seja feito, há necessidade de se definir a linha mediana, que é

traçada no plano de cera, estabelecendo desta maneira uma referência para o

posicionamento correto do garfo do arco facial e adaptando-se uma lâmina de cera

sobre ele (Figura 16a). O plano é unido ao garfo pela deposição de cera fundida na

junção dos mesmos pelo lado palatino (Figura 16b). A porção vestibular do plano

não deve sofrer nenhuma alteração considerando que ela é referência para a

montagem dos dentes artificiais.

a b

Régua

de FOX

1.suporte do arco facial

2. parafusos de fixação

3. relacionador nasal

4.barra horizontal transversal

5. garfo do arco facial

6. presilha da barra vertical

7. presilha da barra horizontal

8. oliva

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Figura 16a e b. União do plano de cera ao garfo do arco facial.

Isto feito, o conjunto (plano de cera e garfo do arco facial) é levado à boca do

paciente e o arco facial é conectado ao conjunto pela introdução do garfo à “junta

universal” do arco facial.

A seguir, as olivas (peças plásticas das extremidades do arco facial) são

introduzidas no conduto auditivo externo e o paciente deverá segurá-lo com

pressão para frente. O passo seguinte consiste na adaptação do Relacionador

nasal que será fixado ao arco facial e colocado de encontro à sela do nariz. Esta

manobra, dará estabilidade ao conjunto, definindo uma altura correta para o

mesmo. Feito isto, e com a base de prova bem unida à área de suporte, os

parafusos são apertados (Figuras 17a e b).

Figuras 17a e b. Montagem do Arco Facial na face do paciente.

A Distância intercondilar (espaço entre os côndilos) do paciente é determinada

observando-se as marcas situadas na porção anterior do arco facial. Se a linha

inferior ficar entre as linhas da porção superior do arco, a largura condilar

registra-se como Mediana, se permanecer do lado esquerdo ( direito do paciente )

o registro será Pequeno e do lado contrário será Grande (Figura 18).

Relacionador

nasal

Junta

universal a b

a b

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21

Figura 18. Linhas de referências que indicam a distância intercondilar.

Feito isto, o conjunto será removido cuidadosamente do paciente, afrouxando-se

os parafusos laterais e central do arco.

O passo seguinte consiste em transferir ao articulador, o plano de orientação com

o modelo sobreposto à base de prova. Portanto, o Articulador é um aparelho

destinado a fixar os modelos, registrar as relações intermaxilares e reproduzir os

movimentos mandibulares de interesse protético (Figura 19).

Figura 19. Partes componentes do articulador

Para montar o modelo superior no articulador, inicialmente ajustamos a

distância intercondilar do mesmo, bastando para isso que cada um dos elementos

condilares seja adaptado na abertura correspondente, de acordo com a distância

intercondilar do paciente, como registrado com o arco facial. Este procedimento é

feito tanto para o ramo superior (Figura 20a) como para o ramo inferior do

articulador (Figura 20b).

1.parafuso de fixação do suporte para gesso

2. parafuso de fixação da inclinação da

guia condilar

3. parafuso de fixação das guias de

deslocamento

4. espaçadores da distância intercondilar

5. guia condilar

6. guia de deslocamento lateral (ângulo de

Bennett)

7. mesa incisal

8. pino guia incisal

9. ramo superior

10. ramo inferior

11. poste

12. suporte para gesso

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22

Figuras 20a e b. Ajuste da distância intercondilar no articulador.

A seguir, as guias condilares devem ser colocadas em 30º (Figuras 21a e b)

e as guias para o movimento de lateralidade (ângulo de Bennett) em 15º (Figuras

22a e b e c).

Figuras 21a e b. Ajuste em 30º para a trajetória condilar.

a b

a b

a b

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23

Figuras 22a,b e c. Ajuste para o movimento de lateralidade (Ângulo de Bennett)

O articulador está agora pronto para receber o arco facial em seu ramo superior.

Para isto, deve-se introduzir os orifícios existentes nas peças plásticas ( olivas ) do

arco facial nos pinos do plano externo das guias condilares, no articulador (Figura

23).

Deve-se observar que o ramo superior do articulador ficará sempre sobre a barra

transversal que une as duas hastes do arco facial. Isto feito, os parafusos do arco

facial são apertados para prover sua imobilização. (Figura 24).

Figura 23. Conexão das olivas ao articulador Figura 24. Apoio do ramo superior

Para que o modelo seja montado no articulador há necessidade de se fazer guias

(indexações ) na base do mesmo, cuja finalidade é de um futuro reposicionamento

do modelo no articulador. Para isto, basta desgastar o gesso do modelo em forma

de “V”, sendo uma na região anterior e duas na região posterior, uma de cada lado

(Figura 25).

Dessa maneira, o modelo superior é isolado com vaselina (Figura 26), posicionado

firmemente à base de prova, e o gesso é vazado, proporcionando sua fixação no

articulador (Figura 27).

Barra

transversal

c

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Figura 25. Guias ou indexações Figura 26. Isolamento do modelo

Figura 27. Modelo superior montado em articulador.

DIMENSÃO VERTICAL

Dimensão Vertical: em Prótese é qualquer medida em altura que depende da

separação ou aproximação dos maxilares e podem ser:

1- Dimensão Vertical de Repouso (DVR): Também chamada de Dimensão

Vertical de Postura, é a distância entre a maxila e a mandíbula quando esta se

encontra em repouso. Uma definição mais completa foi proposta por NISWONGER:

É a posição em coordenação recíproca dos músculos elevadores e depressores, com

os dentes superiores e inferiores separados. No passado acreditava-se que esta

posição mandibular fosse fixa e definida. Estudos evidenciaram que inúmeros fatores

podem alterá-la, inclusive que ela não é uma posição e sim uma zona de repouso

(Figura 1). Nesta posição os lábios se tocam ligeiramente, mas os dentes estão sem

contato.

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25

Figura 1. Dimensão vertical de repouso

2- Dimensão Vertical de Oclusão (DVO): Também chamada de Dimensão Vertical

Morfológica, é a distância entre a maxila e a mandíbula, quando os dentes estão em

contato (Figura 2).

Figura 2. Dimensão vertical de oclusão.

3- Espaço Funcional Livre (EFL): Também chamado de Espaço Interoclusal, é o

espaço que existe entre a posição de repouso e a posição de oclusão. Em outras

palavras, é a diferença entre a Dimensão Vertical de Repouso e a Dimensão Vertical

de Oclusão. Estudos realizados mostraram que o Espaço Funcional Livre mede em

média, de 2 a 4 mm. Como a posição de repouso é variável, admite-se também que o

espaço funcional livre sofra flutuações (Figura 3).

Figura 3. Espaço Funcional Livre

MENOS IGUAL EFL

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MÉTODO PARA O REGISTRO DA DIMENSÃO VERTICAL DE

OCLUSÃO

No desdentado total

Existem vários métodos para o registro da DVO, todos sujeitos a críticas. O método a

ser descrito aqui se baseia na DVR e é comumente chamado de Método dos dois

pontos.

TÉCNICA

a) Paciente sentado na cadeira de operações em posição ortostática (com o encosto e

o assento da cadeira formando um ângulo de 90º).

b) Marca-se na pele do paciente, de preferência sobre a linha mediana, dois pontos:

um na ponta do nariz e o outro na base do mento.

c) Mede-se por meio de um compasso a distância entre estes dois pontos. A

mandíbula do paciente deverá estar em repouso.

d) Da medida obtida, fecha-se o compasso de 2 a 4 mm, que corresponde ao espaço

funcional livre (Figura 4)

DVR – EFL = DVO

Figura 4. Determinando a DVO.

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e) Coloca-se na boca do paciente a base de prova superior com o plano de cera

corretamente orientado (paralelo ao plano protético e a linha bipupilar) e sua

superfície oclusal isolada com vaselina. Em seguida plastifica-se o plano de cera

inferior, com um canivete bem aquecido (Figura 1a), e leve-o à boca pedindo ao

paciente para ir fechando lentamente (Figura 1b). A cera plastificada vai sendo

“amassada” enquanto o profissional observa quando as pontas do compasso

coincidem com as marcas na pele do paciente. Esta coincidência significa que a

mandíbula está na posição de Dimensão Vertical de Oclusão e que a altura do plano

inferior esta definida. (Figuras 1c).

Figuras 1a, b e c. Seqüência para determinação da DVO.

Análise do plano inferior após o Registro da DVO

Foi observado por clínicos e investigadores que após o registro da DVO, o plano de

cera inferior deve ter uma altura adequada para que a fisiologia da língua e da

mastigação seja facilitada. Nestas condições:

1- A superfície oclusal do plano inferior deve estar no mesmo nível do ângulo da

boca quando a mesma estiver ligeiramente aberta.

2- A altura do plano na região posterior deve estar de 2 a 3 mm abaixo da porção

mais alta da papila retromolar.

RELAÇÃO CENTRAL

Quando existem os dentes naturais, a posição de Oclusão Central (OC)

entre a mandíbula e a maxila é regida pela relação das superfícies oclusais dos dentes.

OCLUSÃO CENTRAL, portanto, é a posição normal que produz a

máxima intercuspidação e o maior número de pontos de contato entre ambos os arcos

dentários (superior e inferior) (Figura 1).

a b c

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Figura 1. Posição de oclusão central

Ocorrendo a perda total dos dentes naturais (Figura 2), desaparece a oclusão

central e a posição da mandíbula é, então, governada pelo equilíbrio entre os vários

músculos que atuam sobre ela.

Na confecção de dentaduras não temos, portanto, as referências dentais para

o restabelecimento do esquema oclusal de nosso paciente. É a partir do registro da

Relação Central (RC) que podemos reposicionar a mandíbula no sentido ântero-

posterior em relação ao crânio e, então, restabelecer o relacionamento oclusal entre a

arco superior (maxila) e inferior (mandíbula). A relação central, portanto é uma

posição condilar, dentro da fossa mandibular, próxima ou coincidente àquela ocupada

pelo côndilo quando os dentes estavam em oclusão.

Figura 2. Desdentado total com perda da oclusão

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Portanto, no dentado, as posições de Relação Central e de Oclusão

Central podem apresentar uma pequena diferença de posição (não coincidência) ou

serem coincidentes. Assim, no desdentado, nós registramos a relação central e a partir

dela determinamos à oclusão central. Em resumo, fazemos coincidir ambas as

posições, a partir da relação central (Figura 3).

Figura 3. Posição de oclusão coincidente com a Relação Central.

Existem muitas definições de Relação Central, no entanto a que é aceita

pela Disciplina diz:

“É a posição mais posterior, não forçada, dos côndilos na cavidade

articular, a partir da qual, movimentos de lateralidade podem ser realizados, em

uma dimensão vertical dada”. Esta posição pode ser determinada através de:

1- Registros Gráficos: extra ou intra-oral;

2- Registro em cera ou Direto;

3- Registros Fisiológicos ou Funcionais: Deglutição, Fonética, Levantamento da

língua.

O método utilizado pela disciplina é o de Registro Gráfico extra-oral associado aos

métodos fisiológicos.

REGISTRO GRÁFICO EXTRA-ORAL

Os dispositivos de registro extra-oral da Relação Central compõem-se de

duas peças: uma pua registradora (Figura 4a), e uma plataforma ou placa de

registro (figura 4b).

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Figura 4a e b. Dispositivos para o registro extra-oral da RC.

A pua registradora é composta por um pino móvel no sentido de seu longo

eixo e está sob a ação de uma mola que o pressiona contra a plataforma de registro.

Esta, por sua vez, é constituída de uma lâmina metálica provida de duas hastes

ligeiramente curvas e móveis, para a adaptação à superfície vestibular do plano de

cera inferior.

A pua registradora é fixada à superfície vestibular do plano de orientação

superior de tal forma que o pino inscritor fique ao nível da linha mediana (Figura 5a)

e toque a plataforma de registro. A plataforma de registro é instalada, da mesma

forma, no plano inferior (Figura 5b).

Figura 5a e b. Instalação dos dispositivos nos planos superior e inferior.

Após a montagem do aparelho, coloca-se sobre a plataforma de registro,

uma fina camada de cera azul, para dar contraste, e a operação seguinte é executada

na boca do paciente (Figura 6).

Figura 6. Aplicação da camada de cera azul.

a b

a b

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As bases de prova, com seus planos de orientação e o aparelho de registro

fixado aos mesmos, são levados à boca observando-se o contato pino-plataforma.

Solicita-se ao paciente para executar movimentos de lateralidade esquerda e direita e

o movimento de protrusão. À medida que os movimentos são executados, o pino

inscritor registra, na superfície da plataforma, um gráfico denominado de “Arco

gótico”. O traçado produzido pela pua revela quando a mandíbula está em relação

central com a maxila (Figura 7).

Figura 7. Traçados produzidos pelos movimentos mandibulares.

O vértice do arco gótico, bem definido, assinala a posição mais posterior

não forçada dos côndilos na cavidade articular.

Um vértice arredondado do arco gótico significa que o paciente fez

movimento de lateralidade com ligeira protrusão (Figura 8a). Outras vezes o ápice do

arco gótico apresenta-se confuso. Isto pode ser motivado por folga do pino inscritor

no tubo, ou então, bases de prova que se movimentam sobre os rebordos (Figura 8b),

daí a necessidade de serem bem adaptadas. Muitas vezes o paciente não consegue

inscrever o arco gótico em virtude de interferências provocadas pelos planos de cera

ou pelas bases de prova (Figura 8c). Pode ocorrer, ainda, dificuldades por parte do

paciente em movimentar a mandíbula. Às vezes, um treinamento prévio pode sanar

esta limitação do paciente, porém em outras circunstâncias há necessidade da

associação de outros métodos para obtenção e registro da RC.

Figuras 8a,b e c. Arcos góticos que não definem a RC.

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FIXAÇÃO DOS PLANOS DE ORIENTAÇÃO

Após a obtenção de um arco gótico com o ápice bem definido, solicita-se ao

paciente permanecer firme na posição e procede-se à fixação dos planos entre si, por

meio de grampos metálicos (dois de cada lado) ao nível dos pré-molares (Figura 9).

Retira-se o conjunto da boca e em seguida transfere-se ao articulador.

Figura 9. Fixação dos planos com grampos metálicos.

MONTAGEM DO MODELO INFERIOR NO ARTICULADOR

Com o modelo superior já montado no articulador com o auxílio do arco

facial, monta-se agora o modelo inferior.

O modelo inferior é convenientemente tratado fazendo-se as indexações e

isolando a base do mesmo com vaselina sólida e a seguir realiza-se sua montagem

com uma quantidade suficiente de gesso pedra (em geral 100g X 30cc de H20). É

recomendável colocar um elástico passando pelos ramos superior e inferior do

articulador para evitar alteração devido à expansão de presa do gesso (Figura 10).

Figura 10. Vazamento de gesso para fixação do modelo inferior no articulador.

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MOVIMENTOS MANDIBULARES E AJUSTES DO

ARTICULADOR

1- Oclusão: É o contato entre os dentes superiores e inferiores, quando a

mandíbula está numa posição estática.

2- Oclusão central: É quando ocorre o maior número de pontos de contato entre

os dentes superiores e inferiores, estando a mandíbula numa posição estática.

Todas as oclusões que não sejam a Central, são denominadas de Oclusão

Excêntrica.

3- Oclusão Balanceada ou Equilibrada: Vem a ser qualquer posição estática da

mandíbula, em que ocorrem pelo menos três pontos de contato entre os dentes

superiores e inferiores, sendo um anterior e dois posteriores, um de cada lado.

4- Articulação: É qualquer contato entre os dentes superiores e inferiores,

quando a mandíbula está em movimento.

5- Articulação Balanceada: É quando ocorrem em qualquer movimentação da

mandíbula (protrusão ou lateralidade), pelo menos três pontos de contato,

sendo um anterior e dois posteriores, um de cada lado.

6- Articulador: É a representação mecânica da articulação têmporomandibular.

Quando ajustado de acordo com os movimentos mandibulares do paciente, ele

aproxima-se muito mais da realidade.

7- Curva de Compensação: Como o próprio nome diz, é uma curva que será

impressa durante a montagem dos dentes artificiais para compensar o descenso

da mandíbula, decorrente da inclinação da vertente anterior do osso temporal,

nos movimentos protrusivos (Ver o capítulo montagem dos dentes).

7.1- Curva Ântero-posterior ou de Spee: É a curva ântero-posterior bem

definida, descrita na face oclusal dos dentes do arco inferior natural (cúspide

do canino a cúspide vestibular dos pré-molares e molares) cujo prolongamento

coincide com a inclinação da vertente posterior da eminência do osso temporal

(Figura 1)

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Figura 1. Curva de Spee, que ocorre em bocas dentadas.

7.2- Curva Látero-lateral ou de Monson: Curva de Monson: é a curva de

oclusão na qual as cúspides e bordas incisais dos dentes inferiores tocam ou se

conformam a um Segmento de uma esfera, com 8 polegadas de diâmetro, cujo

centro se localiza na glabela (Figura 2).

Figura 2. Curva de Monson

7.3- Curva de Wilson: Linha imaginária, no plano frontal, que toca os vértices

das cúspides vestibulares e linguais dos dentes posteriores inferiores e

superiores de um lado até os vértices das cúspides linguais e vestibulares do

lado oposto (Figura 3)

Figura 3. Curva de Wilson

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8- Trajetória Sagital da cabeça da mandíbula: É a trajetória percorrida pela

cabeça da mandíbula, no interior da fossa mandibular, de cima para baixo e de

traz para frente, iniciando-se na posição de relação central, até mais ou menos

4 mm de protrusão (Figura 4).

Figura 4. Trajetória Condílica Sagital.

9- Ângulo de Bennett: É formado quando a mandíbula executa um movimento

lateral. Um dos côndilos sofre pequeno deslocamento ou rotação em torno de

um eixo virtual (lado de trabalho) chamado de “Movimento de Bennett”

enquanto que o outro sai da fossa mandibular, dirigindo-se para baixo, para

frente e para dentro (lado de balanceio). O ângulo formado no lado de

balanceio, em relação ao plano horizontal é denominado de “Ângulo de

Bennett” (Figura 5)

Figura 5. Movimento de lateralidade: Côndilo de balanceio = Â Bennett.

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10- Trajetória Incisiva: É a trajetória percorrida pela borda incisal do incisivo

central inferior na face palatina do incisivo central superior, durante o

movimento de protrusão da mandíbula (Figura 6).

Figura 6. Trajetória Incisiva.

Na construção de dentaduras, um dos objetivos do profissional é estabelecer

uma oclusão e articulação balanceadas.

Vamos inicialmente ajustar a guia condilar do articulador, que representa a trajetória

sagital da cabeça da mandíbula, também chamada de Trajetória Condílica do

paciente.

Sua média é de 33º, mas através de movimento de protrusão do paciente,

podemos graduar o articulador de acordo com a inclinação da fossa mandibular do

mesmo (Figura 7). Nesse movimento de protrusão, se os planos de orientação

estiverem paralelos ao plano protético (como devem estar), eles perderão o contato na

parte posterior, ocorrendo então o que chamamos de “Fenômeno de Christensen”,

que vem a ser o espaço formado entre os planos superior e inferior nessa região. Esse

espaço é proporcional à inclinação da trajetória condílica do paciente. Para que o

fenômeno de Christensen não ocorra, é necessário o estabelecimento da “Curva de

Compensação”. Se a trajetória condílica fosse reta (1 e 2) esse fenômeno não

ocorreria.

Figura 7. Ajuste da Trajetória Condílica Sagital

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O mesmo fenômeno ocorre no movimento de lateralidade da mandíbula, na ocasião

em que registramos o ângulo de Bennett. Se essa trajetória no sentido látero-lateral

fosse reta, este fenômeno também não ocorreria (1 e 2). No laboratório, fixamos esse

ângulo em 15º no articulador, que representa a sua média (Figura 8).

Figuras 8. Ajuste da trajetória Condílica Lateral (Bennett).

Precisamos ainda determinar, no articulador, a inclinação ântero-posterior da mesa

incisal, a qual depende da reabsorção do rebordo mandibular do paciente.

Um rebordo muito reabsorvido torna a prótese instável durante a movimentação

possibilitando seu deslocamento. Portanto necessitamos de dentes com cúspides

baixas para evitar o toque de ponta de cúspides. Assim, a mesa incisal do articulador

deve receber uma graduação baixa ou zero.

Numa reabsorção média, caso do nosso modelo de laboratório, graduamos a

mesa incisal em 10º.

Observamos no exemplo acima que se tivermos uma inclinação da trajetória

condílica sagital em 30 graus, e a inclinação das cúspides dos dentes em 30 graus

(Figura A), a mesa incisal deverá ser graduada em 30 graus. Mas, se tivermos uma

inclinação da trajetória condílica em 30 graus e a inclinação das cúspides dos dentes

em 20 graus, a inclinação da mesa incisal será a média ou seja, 20 graus (Figura B).

Figura A Figura B

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Na Figura C observamos que para cúspides em zero grau, mesmo com trajetória

condilar em 30 graus, a inclinação da mesa incisal será sempre zero grau acentuando

a curva de compensação.

Quanto menor a reabsorção do rebordo ósseo alveolar, maior poderá ser

a inclinação da mesa incisal (Figura 9). Ainda temos que determinar a inclinação

latero-lateral da mesa incisal que dependerá da altura das cúspides dos dentes que

serão utilizados. Da mesma forma que a inclinação ântero-posterior, quando se utiliza

dentes com cúspides zero grau, a inclinação lateral da mesa será também zero e assim

por diante (Figura 10).

MONTAGEM DOS DENTES ARTIFICIAIS

Os dentes anteriores assumem uma importância muito grande no que se

refere a estética, a fonética, e a parte mecânica (oclusão). Nestas condições, para

Figura 9. Ajuste da inclinação ântero-posterior da mesa

incisal

Figura 10. Ajuste da inclinação lateral da mesa incisal

Figura C

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uma montagem adequada, alguns princípios básicos deverão ser levados em

consideração:

1- Linha mediana: Corresponde ao plano sagital do paciente e ela é demarcada

no plano de cera no momento da seleção dos dentes artificiais. Divide a face

em duas metades iguais, desde que sejam proporcionais.

2- Suporte para os lábios: A fim de que o suporte para os lábios seja

satisfatório, os dentes artificiais devem ser montados “exatamente” nos locais

que eram ocupados pelos dentes naturais. Ponto importante que deve ser

considerado é que o suporte para o lábio é dado não pelo bordo incisal, mas

pela parte média da face vestibular do dente (A,B,C eD). A Papila incisiva é

uma referência bastante significativa para a montagem do incisivo central

superior. Quando os dentes naturais anteriores superiores estão presentes, a

papila incisiva é localizada ligeiramente atrás dos mesmos. Após as extrações

dos dentes anteriores, em consequência do processo de reabsorção óssea, a

papila incisiva passa a ocupar uma posição sobre o rebordo, evidenciando

dessa maneira, maior reabsorção da parte vestibular do alvéolo dental. Desde

que a reabsorção não tenha sido muito grande ela passa a ser referência para o

posicionamento dos incisivos centrais

A) Dente natural em posição. B) Dente extraído. C) Dente artificial. E) Raiz imaginária

POSIÇÃO, ALINHAMENTO E DISPOSIÇÃO DOS DENTES ARTIFICIAIS

Segundo SAIZAR, é possível distinguir sob a denominação genérica de alinhamento,

três elementos que definem a situação dos dentes ao formarem o arco; elementos que

podem variar independentemente uns dos outros e que são chamados de:

Posição- É a situação do conjunto de órgãos dentais no espaço, em relação com os

lábios, nariz, comissuras e dentes antagonistas. Em outras palavras, é a posição do

arco dental relacionado com a fisionomia. Assim, cada dente tem seu lugar reservado

(figura 1).

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Figura 1. Posição do incisivo central.

Alinhamento- Refere-se à forma do arco dental que se obtêm após a montagem dos

dentes. Ao dispor os dentes, observar o alinhamento, que deve acompanhar a forma

do rebordo alveolar. Assim, em um rebordo triangular, por exemplo, os dentes

deverão dispor-se de tal forma que resulte em um arco dental triangular quando

observar o arco dental superior pela face oclusal (Figura 2).

Figura 2. Alinhamento observado pela face oclusal

Disposição- Refere-se à situação individual de cada dente na arcada. No estudo da

disposição dos dentes devemos analisar inicialmente a questão da sequência de

colocação dos dentes para depois estudarmos os problemas de disposição

propriamente dita. Assim, observamos na figura 3 que a disposição do canino

apresenta seu eixo cervico-oclusal mais inclinado que os demais dentes.

Figura 3. Disposição do canino.

Existem várias maneiras de iniciarmos a montagem dos dentes artificiais de

uma dentadura. Alguns autores recomendam a montagem dos dentes do hemiarco

superior e depois do hemiarco inferior do lado correspondente. Posteriormente do

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hemiarco antagonista desse lado. Outros autores recomendam inicialmente a

montagem dos seis dentes superiores e inferiores, estabelecendo o trespasse

horizontal e vertical para o caso. Após a prova, na boca do paciente, completa-se a

montagem dos dentes posteriores.

A técnica a ser descrita aqui, para a montagem dos dentes anteriores

superiores, proporciona um arranjo padronizado para as dentaduras. Conhecendo-se a

posição, alinhamento e disposição dos dentes, é possível com o tempo e a

experiência, tentar estabelecer uma individualização na montagem, fugindo dessa

forma de padronização.

MONTAGEM DOS DENTES ANTERIORES SUPERIORES

INCISIVO CENTRAL SUPERIOR

1- Retira-se do plano superior uma porção de cera correspondente ao tamanho do

incisivo central superior, tendo-se como referência a linha mediana inscrita no

mesmo.

2- Plastifica-se a cera no espaço deixado e fixa-se o dente, de tal modo que a face

mesial do mesmo tangencie a linha mediana (Figura 4).

- O incisivo central será colocado de modo a ficar:

a) Ligeiramente inclinado para vestibular (vista lateral)

b) Bordo incisal descansando exatamente sobre a superfície do plano de

orientação inferior.

c) Com seu longo eixo na posição vertical (vista frontal).

Figura 4. Montagem do Incisivo Central.

INCISIVO LATERAL SUPERIOR

1- Retira-se do plano superior uma porção de cera correspondente ao tamanho do

dente, tendo-se como referência a face distal do incisivo central superior.

2- Plastifica-se a cera no espaço deixado e fixa-se o dente (Figura 5).

- O incisivo lateral será colocado de modo a ficar:

a) Colo ligeiramente mais deprimido que o central (+ p/ dentro)

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b) Bordo incisal ligeiramente mais elevado que o central (ñ toca o plano)

c) Seu longo eixo ligeiramente inclinado para mesial.

Figura 5. Montagem do Incisivo Lateral

CANINO

1- Retira-se do plano superior etc...

2- Plastifica-se a cera no espaço deixado e fixa-se o dente (Figura 6).

- O canino será colocado de modo a ficar:

a) Vértice da cúspide deverá situar-se ao nível do plano de orientação inferior

(tocando-o ou ligeiramente a baixo)

b) Visto pela face vestibular, seu longo eixo deverá estar ligeiramente

inclinado para mesial

c) Visto pela face mesial, o seu longo eixo deverá estar ligeiramente inclinado

para a região palatina de tal forma que a porção cervical apareça mais

volumosa. Isto caracteriza a bossa canina.

d) Olhando-se a prótese pela frente, somente será visível a metade mesial de

sua face vestibular.

Figura 6. Vista frontal e lateral da montagem do canino.

Após a montagem dos seis dentes anteriores teremos a seguinte configuração:

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MONTAGEM DOS DENTES POSTERIORES SUPERIORES

Tal como os dentes anteriores superiores, para a montagem dos dentes

posteriores superiores há necessidade de referências para que os dentes possam ser

montados no plano de cera convenientemente, para executarem seu trabalho

funcionalmente. Assim, dois fatores devem ser considerados, ou sejam:

a) Linha principal do esforço mastigatório

b) Curva de compensação

LINHA PRINCIPAL DO ESFORÇO MASTIGATÓRIO

A montagem dos dentes posteriores superiores, deve ser feita de maneira tal

que os mesmos fiquem sobre a crista do rebordo alveolar. Para que isto aconteça

precisamos traçar uma linha, no modelo inferior, sobre a crista do rebordo ósseo

alveolar. Esta linha deve iniciar-se do centro da papila retromolar em direção

anterior, abrangendo a maior extensão em linha reta (Figura 7).

Figura 7. Traçado para a Linha Principal do esforço Mastigatório.

Esta linha traçada no modelo é agora transportada para o plano de cera inferior, com

o auxílio de uma régua flexível. Os dentes serão então montados de maneira tal que

as cúspides palatinas fiquem exatamente sobre esta linha. Com este artifício, as forças

transmitidas pelos dentes posteriores superiores incidirão exatamente sobre a crista

do rebordo ósseo alveolar inferior, fazendo com que elas sejam absorvidas sem

prejuízo ao osso dando maior estabilidade às próteses quando em função.

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CURVA DE COMPENSAÇÃO

Como o plano de orientação superior foi construído paralelo ao plano

Protético, quando o paciente executa o movimento de protrusão os planos perdem

contato na região posterior, formando um espaço que é chamado de “Fenômeno de

Christensen”. Isto ocorre em virtude da inclinação da cavidade articular no sentido

de trás pra frente e de cima para baixo.

Na construção das dentaduras artificiais devemos sempre evitar que haja formação

deste espaço, pois se o mesmo ocorrer, as próteses podem perder a estabilidade e o

paciente não conseguir usá-la. Por este motivo, devemos utilizar um artifício que

compense este espaço formado. Para tal, os dentes deverão ser dispostos em uma

curva no sentido ântero-posterior, chamada de “Curva de compensação” (Figura 8)

O mesmo fenômeno ocorre durante os movimentos de lateralidade. Em virtude da

inclinação da cavidade articular no sentido lateral (de cima para baixo e de fora para

dentro), os planos perdem contato entre si. Assim sendo, não há possibilidade de se

conseguir estabilidade para a dentadura. Por este motivo, os dentes são dispostos de

maneira tal a compensar este espaço com o fim de prover uma Articulação bilateral

balanceada (Figura 8).

Figura 8. Curvas de compensação lateral e ântero-posterior

Existem dois métodos para o estabelecimento da Curva de Compensação: o

Fisiológico e o Mecânico.

No método Fisiológico, o próprio paciente individualiza esta curva. Para isto, são

abertas canaletas, uma no plano de orientação superior e outra no plano de orientação

inferior, e ambas são preenchidas com uma mistura de pó abrasivo. Os planos são

levados à boca do paciente e o mesmo executa movimentos de lateralidade e de

protrusão. Pelo desgaste dos planos individualizar-se-á, a Curva de compensação. A

seguir, os dentes são montados em relação a esta curva estabelecida.

No método Mecânico, (adotado pela disciplina), o estabelecimento da Curva de

Compensação é dado pela inclinação dos dentes no sentido vestíbulo-palatino e

mésio-distal, que se inicia no 1º molar superior. Assim, a técnica para a montagem

dos dentes posteriores superiores é a seguinte:

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PRÉ-MOLARES SUPERIORES

Os pré-molares são colocados de modo a ficarem:

a) o seu longo eixo na vertical

b) as cúspides vestibulares e palatinas tocam o plano inferior

c) faces vestibulares ao nível do canino ou ligeiramente para dentro

d) cúspides palatinas sobre a linha principal de esforço mastigatório.

Figura 9. Montagem dos Pré-molares Superiores.

MOLARES SUPERIORES

Os molares são colocados de modo a ficarem:

a) suas cúspides palatinas deverão incidir sobre a linha principal do

esforço mastigatório

b) o 1º molar situar-se-á em contato com o plano oclusal inferior, somente

por sua cúspide mésio-palatina. Inicia-se aqui a curva de compensação.

A cúspide mésio-vestibular distará 0,5 mm aproximadamente do plano

oclusal e a disto-vestibular a quase 1 mm.

c) O 2º molar acompanha a inclinação do 1º molar, porém suas cúspides

vestibulares são mais altas em relação ao plano oclusal inferior.

Levantam-se para trás, em direção às cabeças da mandíbula

completando a Curva de Compensação.

Figura 10. Montagem dos Molares superiores.

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MONTAGEM DOS DENTES POSTERIORES INFERIORES

A ordem de montagem dos dentes inferiores varia segundo os autores.

Tamaki inicia pelos incisivos e segue, pela ordem, para posterior. Saizar, e a

Disciplina de Prótese Total, depois de concluída a montagem dos dentes superiores,

iniciam pelo primeiro molar inferior, já que esse dente, na dentição natural, é

considerado (segundo Angle) a chave de oclusão.

Marcam-se na cera, no plano de orientação inferior, com o articulador

fechado, dois traços: um ao nível da cúspide vestibular do segundo pré-molar

superior, e outro ao nível da cúspide disto-vestibular do primeiro molar superior, que

corresponde ao posicionamento do primeiro molar inferior. Observar, pela foto, que

foi removido a metade do plano de cera, para que o menor volume facilite a

montagem. Plastifica-se a cera na região compreendida entre os dois traços, prende-se

o primeiro molar inferior com cera plastificada, e fecha-se o articulador

cuidadosamente, para que a pressão de fechamento faça chegar o molar em oclusão

central; observando se a cúspide mésio-vestibular incide no centro das cristas

marginais proximais do segundo pré-molar e primeiro molar superior e se a cúspide

disto-vestibular do molar inferior incide sob a fossa principal do molar superior

(Figura 11).

Figura 11. Montagem do primeiro Molar Inferior de ambos os lados

Montado o molar de um lado, monta-se o do lado oposto seguindo o mesmo

procedimento. Segue-se, agora, o ajuste da mesa incisal. Inicialmente ela é inclinada

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no sentido sagital, de 0º a 20º dependendo da reabsorção do rebordo. Esta inclinação

é determinada pelo profissional e corresponde à inclinação da trajetória incisiva. Para

rebordos muito reabsorvidos a inclinação ântero-posterior deverá ser diminuída

podendo chegar até 0º (neste caso usamos dentes artificiais sem cúspides ou dentes

0º).

As aletas laterais da mesa incisal são levantadas, para compensar a altura da

cúspide, se houver, movimentando-se lateralmente o ramo superior do articulador.

Leva-se o ramo superior do articulador para a direita, mantendo o contato do dente

superior com o dente inferior e inclina-se a aleta esquerda até que o pino guia incisal

toque a mesa novamente (Figura 12).

Figura 12. Movimentos para o ajuste da Mesa Incisal.

Procede-se igualmente para o outro lado (quando a montagem dos dentes

inicia-se pelos incisivos a mesa incisal é ajustada, no sentido transversal, pelas

vertentes dos caninos). Acertada a mesa nos dois planos voltamos a movimentar o

ramo superior do articulador em lateralidade direita, esquerda e, agora, também no

sentido de protrusão para verificarmos se os dentes mantêm contato por suas cúspides

a fim de se conseguir uma oclusão bilateral balanceada.

Na posição de trabalho, as cúspides vestibulares superiores e inferiores

tocam-se, ocorrendo o mesmo com a palatina superior e a lingual Inferior. Na posição

de balanceio, a cúspide palatina superior deverá tocar a vestibular inferior. Na

posição de protrusão as cúspides vestibulares e linguais dos dentes inferiores tocam

as cúspides vestibulares e linguais dos dentes superiores ao mesmo tempo, porém

mais a frente. Considerada satisfatória a montagem dos primeiros molares inferiores

passaremos a montar os segundos molares, e depois, os segundos pré-molares, com o

Lado de

trabalho

Lado de

Balanceio

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mesmo procedimento, tendo-se o cuidado de movimentar o ramo superior do

articulador, sempre após a montagem de cada dente, nas três situações já descritas.

Ocorre, às vezes, que para conseguir bom “engrenamento” dos dentes nas suas

excursões de lateralidade e protrusão, temos a necessidade de movimentar o dente

superior já montado, ou mesmo desgastar com uma broca esférica nº 8 ou 10,

determinada vertente de cúspide para conseguir o contato desejado.

MONTAGEM DOS DENTES ANTERIORES INFERIORES

INCISIVOS CENTRAIS

a) face mesial toca a linha mediana

b) face vestibular acompanha o contorno do plano de cera

c) longo eixo na vertical

d) não tocam os incisivos mesiais superiores quando as dentaduras estão em

oclusão central (Figura 13)

Durante a montagem dos incisivos centrais inferiores realizam-se movimentos

protrusivos e laterais, para observar os contatos que devem ocorrer com os incisivos

superiores (Figura 14).

Figura 13. Montagem dos incisivos centrais inferiores em oclusão.

Figura 14. Movimentos protrusivos com contacto nos superiores.

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INCISIVOS LATERAIS

a) face mesial mantem contato com a distal dos centrais

b) face vestibular acompanha o contorno do plano de orientação

c) longo eixo na vertical

d) não tocam os superiores em oclusão central.

CANINOS

a) face mesial contatando a face distal do lateral

b) cúspide localizada na linha do ponto de contato do incisivo lateral e do

canino superior

c) longo eixo, no sentido mésio-distal, ligeiramente inclinado para mesial e no

sentido vestíbulo lingual, perpendicular ao plano oclusal.

Figura 15. Montagem dos caninos inferiores

PRIMEIROS PRÉ-MOLARES

a) em altura não deverá ultrapassar o canto da boca

b) longo eixo na vertical

c) deverá ser o ultimo dente a ser montado, permitindo assim um ajuste oclusal

correto e evitando apinhamento dos dentes anteriores

d) quando necessário, devemos desgastar sua face mesial.

Figura 16. Montagem dos pré-molares inferiores.

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OBSERVAÇÕES IMPORTANTES PARA A MONTAGEM DOS DENTES

ANTERIORES

Os dentes anteriores mandibulares raramente se apresentam regularmente ou

simetricamente. Variações gerais, somadas a desgaste dos bordos incisais melhoram

sua aparência estética.

OVERBITE (TRESPASSE VERTICAL): diz respeito ao espaço existente entre a

superfície incisal do incisivo superior e a incisal do incisivo inferior, em oclusão.

Para casos práticos de dentaduras não deve exceder um milímetro e, em muitos casos

será reduzido além deste limite. No entanto este trespasse vai depender da altura das

cúspides dos dentes posteriores que durante a movimentação protrusiva separa mais

ou menos os dentes anteriores. Os dentes anteriores (superiores e inferiores) nunca

devem estar em contato quando as dentaduras estão na boca, em oclusão central. É

preferível articulá-los de modo que somente haja contato em lateralidade e protrusão.

OVERJET (TRESPASSE HORIZONTAL): diz respeito à relação horizontal que

existe entre os dentes superiores e inferiores ou seja, a distância entre a superfície

palatina do incisivo superior e a vestibular do inferior. Varia consideravelmente

conforme a relação horizontal dos rebordos (Figura 17).

Figura 17. trespasses vertical e horizontal

DESGASTES DOS DENTES: Às vezes há necessidade de desgastarmos

os dentes para que possamos montá-los adequadamente, em especial os anteriores. Os

desgastes feitos sem conhecimento ou com descuido podem determinar a perda da

estética dos dentes. Colocar mais para trás ou mais para cima, sem diminuir o

comprimento da superfície vestibular é o objetivo deste desgaste.

A Figura 18 ilustra as áreas que podem ser desgastadas. Em A, uma quantidade

média de desgaste; em B, grande quantidade (só pode ser realizada quando utilizamos

dentes plásticos). Os dentes de porcelana não admitem este desgaste.

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Figura 18. Desgastes que podem ser efetuados.

Além da classe I, ou relação normal entre os rebordos, existem pacientes cuja

relação entre os rebordos é classe II ou retrusão mandibular ou ainda classe III ou

protrusão mandibular

Na classe II, o trespasse horizontal entre os dentes anteriores é bastante

aumentado dificultando assim o contato anterior na articulação (Figura 19)

Na montagem dos dentes posteriores podemos suprimir o primeiro pré-

molar inferior, isto porque na classe II, a extensão do maxilar é bem maior do que a

extensão da mandibula, e consequentemente na mandíbula, haverá falta de espaço.

Na classe III, o contato entre os dentes anteriores será topo a topo, isto é,

não existe nem trespasse vertical e nem trespasse horizontal.

Às vezes a classe III é tão acentuada que é necessário que o trespasse

horizontal e vertical seja invertido (Figura 20).

Figura 19. Classe II de oclusão Figura 20. Classe III de oclusão

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A relação entre os dentes posteriores poderá ser normal ou cruzada, dependendo

logicamente do tamanho da mandíbula em relação à maxila, principalmente de sua

largura. Quando a mandíbula é bem mais larga que a maxila, nós precisamos montar

em mordida cruzada, isto é, a cúspide vestibular do molar superior, se contata com o

sulco principal do molar inferior (Figura 20).

ESCULTURA DAS BASES DE DENTADURAS

1- Material necessário:

Lamparina à álcool

Espátulas: 7, 31 e Le Cron

Cera rosa nº 7

2- Enceramento

Denomina-se enceramento o procedimento de laboratório, mediante o qual

se da forma e volume às bases gengivais protéticas com o auxílio de cera rosa.

Em primeiro lugar, as bases de prova são fixadas aos modelos usando cera fundida

depositada ao longo das bordas das mesmas.

Esta operação deve ser feita preferencialmente no articulador e os dentes de ambos os

arcos devem estar em contato oclusal. A seguir, removem-se os modelos do

articulador e completa-se o enceramento, por vestibular e por lingual. A cera, por

vestibular, deverá recobrir em torno de 1/3 do dente (Figura 1).

A forma das superfícies, vestibular superior e inferior e a lingual inferior deve

favorecer a retenção dirigindo as forças dos músculos e dos tecidos (figuras 5a e 5b).

Figura 1. Enceramento das bases das dentaduras.

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3-Delimitação dos colos

No primeiro recorte não devemos nos importar com precisão de detalhes.

Fazemos apenas uma delimitação aproximada do colo de todos os dentes começando

pelo último dente de um lado e terminando no último do outro lado.

Com o auxílio de uma espátula Le Cron, bem afiada, formando um ângulo

de 45º com a superfície do dente, recortamos os colos dos dentes (Figura 2).

Figura 2. Delimitação dos colos.

4-Escultura

Não existem regras definidas para a escultura das bases das dentaduras.

Cada profissional segue a sua própria orientação colocando em prática o seu senso

artístico e as suas idéias sobre estética. Para os que se iniciam nesta prática, algumas

indicações podem servir de base para esta orientação.

Após o endurecimento da cera faz-se, como já foi descrito, o recorte inicial

dos colos dos dentes. As papilas interdentais são importantes na qualidade estética

da dentadura terminada. Por ser área propícia à retenção de restos alimentares, deve

ser recortada com muito cuidado. As papilas devem ser convexas, e preencher os

espaços interdentais. O recorte na zona das papilas deve ser feito de tal forma a

refletir a idade do paciente, já que as papilas mais longas e delgadas estão associadas

com os jovens enquanto as mais curtas se associam com a idade mais avançada

(Figura 2).

Na sequência, com o auxílio da espátula nº 7 (sua parte mais estreita) ou do

Le Cron, são feitas marcas triangulares na superfície da base de prova, para indicar o

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comprimento e a largura das raízes, lembrando que o canino superior tem sua raiz

mais comprida; o lateral mais curta e o central média. Os posteriores variam em

altura entre si. Na base de prova inferior, a raiz do canino é mais longa, a do lateral

média e a do central mais curta (Figura 3).

Figura 3. Delimitações das raízes.

A seguir, com a parte mais larga da espátula nº 7 escavamos a cera dos

espaços entre os triângulos, dando forma às raízes (Figura 8).

Figura 4. Colos e raízes delimitados

Na superfície palatina os colos são delimitados e a cera é alisada (Figura 2).

A superfície lingual inferior deve ser côncava, sem levar a concavidade abaixo do

bordo lingual dos dentes. A concavidade permite um melhor assentamento da língua,

melhorando a estabilidade da dentadura (Figura 5a e b).

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Figura 5a e b. Concavidade da área lingual.

Figura 5b. Delimitação dos colos e término da escultura.

A delimitação final dos colos é executada e dependendo da idade do

paciente estes variam em altura.

Esculpidos todos os detalhes anatômicos, damos acabamento às bases de

prova com o auxílio da chama da lâmpada à álcool ou algodão embebido em benzina.

Podemos picotar a superfície vestibular com a ajuda de uma escova de

dente, o que dá um aspecto mais natural à dentadura terminada (casca de laranja). Isto

permite que a reflexão da luz seja pequena e o brilho do acrílico mais natural na

presença da saliva (Figura 6). Para pacientes com higiene bucal precária, não se

aconselha o picotamento.

Figura 6. Picotamento da superfície vestibular.

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Como acabamento final, limpam-se os resíduos de cera da região dos sulcos

gengivais e principalmente dos dentes.

INCLUSÃO EM MUFLA E POLIMERIZAÇÃO DAS BASES

1- Introdução

Para iniciarmos a inclusão das dentaduras em mufla devemos proceder a

fixação das bases de prova superior e inferior aos seus respectivos modelos (Figura

1).

Figura 1. Fixação das bases de prova aos modelos.

Figura 2. Partes constituintes da mufla.

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57

a) Mufla ou hemi-mufla inferior, onde colocamos o modelo.

b) Contra-mufla ou hemi-mufla superior, onde são fixados os dentes quando

removida a cera.

c) tampa que, evidentemente serve para fechar a mufla, permitindo a prensagem.

2- Inclusão em mufla

A inclusão em mufla é uma operação que se processa da seguinte maneira:

2.1- Isolamos o modelo com vaselina

2.2- Selecionamos uma mufla de tamanho adequado, de modo a conter o

modelo com relativa folga.

2.3- Testamos o tamanho colocando o modelo na hemi-mufla inferior. O

modelo deverá deixar espaços nas laterais para o gesso (figura 2.2)

2.4- A altura é observada adaptando-se a hemi-mufla superior.

Figura 3. Preparo e início da inclusão em mufla.

As superfícies incisais e oclusais deverão estar abaixo das bordas da hemi-

mufla superior (figura 2.4) com suficiente espaço para uma boa espessura de gesso,

evitando assim, deslocamento dos dentes no ato da prensagem.

2.5- Preparamos uma porção de gesso comum. Normalmente 100gr são

suficientes. Colocamos 50 c/c de água no gral de borracha, adicionamos o gesso e

espatulamos convenientemente.

2.1 2.2

2.4

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2.6- Colocamos o gesso preparado na hemi-mufla inferior e sobre o mesmo

vamos adaptar o modelo com a dentadura nele fixada (a). O modelo deverá ficar

centralizado e contornado por uma camada de gesso relativamente espessa, para

oferecer resistência às operações subseqüentes, impedindo fraturas e deslocamento, e,

ainda, evitando o contato da resina acrílica com as paredes da mufla. Apenas o

modelo ficará preso ao gesso (b). A dentadura permanecerá livre de contato com o

mesmo. As retenções devem ser evitadas para que, futuramente, na abertura da mufla,

não haja fratura do modelo (c). Observar os espaços suficientes da contra-mufla (d).

Aguardamos a presa do gesso.

Figura 4. Inclusão na hemi-mufla inferior.

2.7- Após a presa do gesso, Isolamos toda a sua superfície com vaselina.

2.8- Colocamos a hemi-mufla superior e preparamos mais uma porção de

gesso pedra (150g de gesso por 48 c/c de água).

2.9- Com o auxílio de um vibrador, colocamos o gesso preparado até as

superfícies incisais e oclusais dos dentes, cobrindo-as (Figura 5).

Figura 5. O gesso pedra é vertido até a superfície incisal e oclusal dos dentes

a b

c d

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59

Observações: Podemos, após o isolamento citados no item 2.7, fazer uma

muralha de gesso pedra sobre os dentes com o auxílio de um pincel pêlo de camelo nº

10 e após a presa inicial, preenchemos a hemi-mufla superior com gesso comum.

Pode ser usado também, silicones especiais para o revestimento dos dentes e base da

dentadura (. Este produto tem como vantagem a facilidade da abertura da mufla e a

recuperação da prótese totalmente isenta de gesso) (Figura 6).

Figura 6. Revestimento dos dentes e base com silicone, para preenchimento com

gesso pedra.

2.10- Após a presa inicial do gesso pedra, completamos o preenchimento da

hemi-mufla com o mesmo gesso ou gesso comum (Figura 7)

2.11- Finalmente, fechamos a mufla.

2.12- A seguir levamos a mufla à prensa e aguardamos a presa final do

gesso (Figura 8)

Figuras 7 e 8. Complementação com gesso comum e prensagem.

Os procedimentos para a inclusão da prótese inferior são os mesmos daqueles

descritos para a prótese superior. Deve-se levar em consideração, com muito mais

rigor, os alívios para evitar fraturas no momento da abertura da mufla (Figura 9).

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Figura 9. Alivio das retenções mecânicas.

3- Abertura da mufla e remoção da cera.

A mufla é colocada num recipiente com água fervente. Cinco minutos são

suficientes para a plastificação conveniente da cera. Retiramos a mufla e abrimos a

mesma. Removemos a base de prova, e a cera é eliminada com água em ebulição. Os

resíduos de cera podem ser eliminados com detergente e, após isto, fazemos uma

lavagem final com água fervente.

O caso apresentar-se-á da seguinte forma:

Na hemi-mufla inferior, estará preso o modelo funcional e na hemi-mufla

superior, os dentes (Figura 10).

Figura 10. Muflas abertas e limpas

4- Isolamento

4.1- Modelo

É totalmente isolado, usando-se para isto uma substância líquida – sabão

líquido ou isolante à base de alginato (Cel Lac). O isolamento é feito também sobre o

gesso que circunda o modelo, com um pincel nº10.

4.2- Gesso da hemi-mufla superior

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Com o pincel, isolamos com cuidado a região onde estão presos os dentes,

sem incluí-los. Quando utilizamos o revestimento, caso da fotografia, não há

necessidade de isolar a área envolvida pelo silicone (Figura 11).

Figura 11. Isolamento da área do modelo e molde.

5- Polimerização

5.1- Manipulação do acrílico

A preparação da Resina Acrílica Termo Polimerizável consiste na mistura

do monômero com o polímero, até a completa saturação deste.

Num pote com tampa colocamos uma porção suficiente de pó e líquido. A

proporção pó/líquido é de 3:1. Cuidados na proporção devem ser tomados pois uma

quantidade maior de monômero provocará uma temperatura de reação maior; haverá

porosidade e a contração, durante a reação será também, maior.

Após a mistura, fechamos o pote para que não haja evaporação do

monômero. As reações químicas são processadas no pote fechado. As fases pelas

quais passam a resina são: arenosa, fibrilosa ou filamentosa plástica e

borrachóide.

Na fase plástica a resina não adere às paredes do recipiente, apresentando-se

homogênea, lisa e é facilmente manuseada. É nesta consistência que a resina deve ser

condensada na mufla. Retiramos a resina do pote e terminamos a plastificação nas

mãos, amassando-a entre os dedos. Concluída esta operação, com uma porção de

resina fazemos um rolo que será colocado sobre os dentes. A seguir, colocamos a

resina também sobre a parte correspondente à abóboda palatina (Figura 12)

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Figura 12. Manipulação da resina e inclusão no molde.

Cobrimos a massa de resina com papel celofane umedecido e fechamos a mufla,

adaptando os encaixes da mesma com cuidado. Levamos à prensa, centralizamos para

que a pressão seja uniforme e, gradativamente prensamos, até que as partes metálicas

da mufla entrem em contato. O excesso de resina escoa-se lentamente (Figura 13).

Figura 13. Prensagem da resina acrílica termo-polimerizável.

Quando cessa o escoamento do excesso, retiramos a mufla da prensa e abrimos.

Retiramos o papel celofane e com o auxílio de uma Le Cron, recortamos os excessos

de resina que contorna a dentadura. Fazemos um novo isolamento de hemi-mufla que

contém o modelo funcional e levamos novamente à prensa. Feita a prensagem final, a

mufla é transferida para a prensa de polimerização (Figura 14).

Figura 14. Recorte dos excessos e fixação em prensa individual.

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5.2- Polimerização propriamente dita

Alguns autores acham que a mufla deve ser levada imediatamente ao polimerizador,

após a prensagem. Outros indicam aguardar um tempo que vai de uma a quatro

horas. Denominam esta fase de “polimerização de bancada”. Justificando que

existem inúmeras vantagens sobre esta prática como:

a) Longo período de escoamento da massa, permitindo um equilíbrio de pressões

através do molde;

b) Permite tempo para uma dispersão mais uniforme do monômero através da

massa de resina, posto que a última porção de material adicionado é,

usualmente, mais seca que a primeira;

c) Permite também, maior exposição dos dentes de resina, quando usados, ao

monômero da massa, produzindo uma união melhor dos dentes com o material.

CICLOS DE POLIMERIZAÇÃO

Existem diversos ciclos de polimerização (tempo/temperatura) considerados

satisfatórios para a polimerização da resina de base das dentaduras. Podem ser

realizados em banho de água quente ou através de microondas e que também

dependem da marca da resina acrílica.

Ciclo de Polimerização em banho de água quenteCiclo de Polimerização em banho de água quente

Resina Acrílica QC 20Resina Acrílica QC 20

20 minutos

-Água em ebulição ou temperatura ambiente

-Aguardar 20 minutos após voltar a ebulição

-Resfriar a seco

O resfriamento a seco durante 30 minutos e em seguida 15 minutos em água

corrente, também é satisfatório

Ciclo de Polimerização em banho de água quenteCiclo de Polimerização em banho de água quente

Resina Acrílica CLÁSSICOResina Acrílica CLÁSSICO

3 Horas

-Temperatura ambiente

-Elevação até 65º C e manter por 90 minutos

-Seguir até 100º C em 30 minutos e permanecer nesta temp. por mais 1 hora

-Resfriar a seco durante 12 horas.

Ciclo de Polimerização em banho de água quenteCiclo de Polimerização em banho de água quente

Resina Acrílica CLÁSSICO ou outraResina Acrílica CLÁSSICO ou outra

9 Horas

-Temperatura ambiente

-Elevação até 70º C e manter por 8 horas

-Resfriar a seco durante 12 horas.

Ciclo de Polimerização por MicroondasCiclo de Polimerização por Microondas

Potência máxima 800 watts

- 3 minutos a uma potência de 40%

- 4 minutos a 0% de potência

- 3 minutos a uma potência de 90%

- Resfriar a seco

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Uma vez polimerizada, a retirada da dentadura da mufla é uma operação simples

se os cuidados na inclusão foram devidamente observados. Os modelos devem ser

recuperados intactos para o procedimento de remontagem no articulador.

DESINCLUSÃO COM RECUPERAÇÃO DO MODELO –

REMONTAGEM E DESGASTE SELETIVO

Após a polimerização e resfriamento da mufla, esta será aberta para retirar a

dentadura com o respectivo modelo. Essa operação é realizada com o auxílio de um

martelo de madeira, serra e tesoura para gesso. Com o martelo de madeira golpeia-se

a mufla a fim de se deslocar o gesso da parte metálica. Consegue-se, desse modo,

retirar a tampa, depois a hemi-mufla superior e em seguida a hemi-mufla inferior.

Obtém-se um bloco de gesso (Figura 1a) tendo a dentadura em seu interior. Com

serra e tesoura remove-se o gesso que envolve a dentadura tendo-se o cuidado de não

fraturá-la, bem como o modelo (Figura 1b).

Figura 1a e b. Separação dos modelos da mufla

Dentadura e modelo voltam para o articulador. Deve-se evitar que

fragmentos de gesso ou cera se interponham entre o modelo e o suporte, no

articulador. Essa operação é chamada de “Remontagem”. O objetivo principal é

observar os contatos oclusais, de tal forma que os contatos prematuros possam ser

eliminados, e com isso, recuperada a dimensão vertical de oclusão previamente

registrada no articulador. Durante a polimerização, em virtude das pressões dentro da

mufla, poderá ocorrer movimentação de dentes, ou ainda, após a polimerização,

liberações de tensões internas do material de base, ou dos próprios dentes, quando os

mesmos forem de plástico. Com isso haverá, provavelmente, alteração na dimensão

vertical de oclusão, oclusão central e oclusões excêntricas, corretamente estabelecidas

quando da montagem dos dentes. Observa-se então, que o guia pino incisal do

articulador distancia-se um pouco da mesa incisal. Se o levantamento do pino for

acentuado, verificar se existe interposição de elementos estranhos entre o modelo e o

gesso de suporte, ou se ocorreu movimentação dos dentes. Persistindo o levantamento

acentuado, de 3 ou 4 mm, é contra-indicado o desgaste pois levaria a uma destruição

a b

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grande dos dentes. Para o pino voltar a tocar a mesa incisal (consequentemente

restabelecer a dimensão vertical de oclusão perdida) é necessário proceder ao ajuste

oclusal, através do desgaste seletivo (figura 2).

Figura 2. Observar o levantamento do pino guia incisal.

AJUSTE OCLUSAL EM ABERTURA E FECHAMENTO

Faz-se no articulador, movimentos de abertura e fechamento com papel carbono

interposto entre os dentes superiores e inferiores. Com isso ficam impressos nos

dentes, marcas com os seguintes aspectos: manchas inteiriças cheias e manchas

circulares com o centro em branco (Figuras 3).

Figuras 3. Impressão de carbono nas cúspides mais altas.

As cúspides que imprimem a forma circular são mais altas do que as que

imprimem marcas puntiformes, pois as primeiras chegam a perfurar o papel carbono.

Verificada a existência de pontos prematuros de contato pode-se desgastar com

broca esférica nº 8 ou 10 as fossas principais e ou secundárias, as cristas marginais

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e as vertentes de cúspide, conforme as marcas. Evita-se desgastar pontas das

cúspides quando do restabelecimento da dimensão vertical de oclusão (Figuras 4).

Figuras 4. Procedimento de desgaste com broca esférica nº 8.

Se houver contato nos dentes anteriores, desgasta-se a face palatina dos superiores

desde que não seja excessivo. Pode-se também desgastar ligeiramente as incisais dos

inferiores.

Conseguido que o pino guia incisal volte a tocar a mesa incisal passamos, agora, a

analisar os contatos prematuros em lateralidade.

AJUSTE OCLUSAL EM LATERALIDADE

Interpõem-se novamente o papel carbono entre os dentes e executam-se

movimentos laterais com o ramo superior do articulador para avaliar o lado de

trabalho e de balanceio; primeiramente para um lado e depois para o outro.

As marcas deixadas no papel carbono são de forma semelhantes as primeiras,

porém alongadas. O propósito é conseguir uma articulação bilateral balanceada.

Observado o contato prematuro devemos desgastar as cúspides, não antes de um

cuidadoso exame. Como regra geral desgasta-se, sempre que possível, as cúspides

vestibulares dos dentes superiores ou as cúspides linguais dos dentes inferiores,

chamadas de cúspides livres. São cúspides que não tocam as fossas em oclusão

central, consequentemente não determinam a dimensão vertical de oclusão.

As cúspides vestibulares inferiores e palatinas superiores são chamadas de

cúspides de posição que devem ser preservadas (Figura 5).

A e D = cúspides livres

B e C = cúspides de posição

onde podemos desgastar

¿

Figura 5. Cúspides livre e de posição.

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Quando ocorre o contato nos dentes anteriores desgasta-se a incisal dos inferiores,

de preferência, podendo-se desgastar a incisal dos superiores desde que não

comprometa a estética.

Os seguintes exemplos podem ilustrar o diagnóstico de contato prematuro e sua

remoção.

Correção do contato excêntrico prematuro do lado de trabalho. Desgasta-se a

cúspide vestibular superior (livre). Na inversão do movimento ela ficará suspensa

sem contato com nenhum dente. Portanto ela é quem deve ser desgastada.

Correção do contato excêntrico prematuro do lado de trabalho. Desgasta-se a

cúspide lingual inferior (livre). Como a anterior, na inversão do movimento ela não

tocará nenhum dente. Portanto nesta situação ela deve ser desgastada.

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Correção do contato excêntrico prematuro do lado de balanceio. Desgasta-se

uma cúspide de posição, palatina superior ou vestibular inferior, após analise,

invertendo-se o movimento. A cúspide que permanecer com contato prematuro em

balanceio e em trabalho, será desgastada.

Correção dos contatos prematuros cêntrico e excêntrico com desgaste de uma só

cúspide. A mesma cúspide interferindo em três posições.

Os locais de desgaste até aqui estudados referem-se as classe I e II de oclusão. Na

classe III de oclusão, quando se inverte a articulação, para se rebaixar os dentes e

OCLUSÃO LATERALIDADE

ESQUERDA

LATERALIDADE

DIREITA

EM OCLUSÃO

APÓS O

DESGASTE

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corrigir a oclusão nas posições central e excêntrica, aplicam-se os mesmos princípios

fundamentais já explicados, lembrando que temos de reduzir a cúspide do lado de

trabalho que não faz contato em posição central. No lado de balanceio é necessário

corrigir as cúspides linguais inferiores e as vestibulares superiores, em vez da lingual

superior e da vestibular inferior.

No movimento de protrusão, os contatos prematuros ocorrem nas vertentes distais

dos dentes superiores e nas vertentes mesiais nas cúspides inferiores. Terminado o

desgaste seletivo o pino guia incisal deve deslizar sobre a mesa incisal livremente,

sem interferência.

Podemos ainda, para um refinamento de acabamento, interpor entre as cúspides

dos dentes superiores e inferiores uma pasta abrasiva fina (pasta dental + pó de

carborundum) e movimentar o ramo superior do articulador em todos os sentidos.

Esta manobra tem por objetivo conseguir um melhor deslizamento entre os dentes

promovendo um alisamento nas cúspides que foram desgastadas com brocas (Figura

5).

Figura 5. Refinamento das superfícies oclusais.

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ACABAMENTO E POLIMENTO DAS PRÓTESES

Materiais e instrumentais necessários:

- Porta mandril

- Broca Maxi-Cut

- Mandril para tira de lixa

- Lixa nº 00

- Cone de feltro

- Escova de pelo para polimento com pedra pomes

- Escova de pano para polimento com branco de Espanha

- Pedra pomes

- Branco de Espanha (carbonato de cálcio)

- Gral de borracha

ACABAMENTO

Separação base-modelo- Após o desgaste seletivo, removemos o gesso

correspondente aos modelos funcionais das dentaduras. Se o modelo funcional ficar

aderido na prótese, a sua remoção muitas vezes é bastante trabalhosa, pois deve ser

realizada em pequenos pedaços, cuidadosamente com o auxílio da serra para gesso e

tesoura (Figura 6).

Figura 6. Separação das próteses dos modelos.

Eliminação das rebarbas- Após a separação dentadura/modelo, removemos o

excesso de resina junto às suas bordas, tomando-se o cuidado de preservar a

espessura das mesmas, acompanhando a sua delimitação deixada pelo sulco do

modelo funcional.

Essa remoção é feita utilizando-se o micromotor e as brocas apropriadas. As

regiões correspondentes aos frênulos e inserções musculares podem ser aliviadas com

broca de fissura.

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Figura 7. Desgaste, limpeza dos espaços interdentais e alisamento.

Com instrumentos manuais faz-se a remoção de resíduos de gesso junto aos colos e

nos espaços interdentais. O passo seguinte consiste em remover irregularidades

maiores da base, através da utilização da broca Maxi-Cut e lixas, tomando-se o

cuidado para não remover os pontilhados na face vestibular, e que corresponde à

gengiva inserida. Após esta fase, não deverá permanecer nenhum risco deixado pela

broca. A tira de lixa é colocada no mandril de modo que fique em forma de cone,

afunilada, para poder penetrar nos sulcos.

Polimento.

Polimento com escova de pelo e pedra pomes – A mistura não deverá ficar

grossa. Motor em baixa rotação, para não queimar a resina. Molha-se toda a

dentadura com a mistura e leva-se de encontro à escova executando ligeira pressão.

Esta operação deve ser repetida até que se observe o alisamento total da resina

acrílica. Não deverão permanecer riscos deixados pela broca. Atenção deve ser dada

à superfície vestibular, na região do “picotamento,” pois o excesso de pressão poderá

removê-lo.

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Polimento final com escova de pano e branco de Espanha- O polimento final

ou o brilho é dado com escova de pano macia e mistura de branco de Espanha e água.

O motor é ligado em alta rotação e a dentadura com a mistura é apenas encostada na

escova, portanto sem fazer pressão. Na face vestibular que recebeu o “picotamento”

será dado ligeiro polimento, sendo que as demais partes, o polimento será realizado

com esmero, pois a superfície lisa e polida favorece a higiene, preservando a prótese

por mais tempo. Concluído o polimento, lavamos a prótese com água e sabão neutro

com o auxilio de uma escova dental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Sugestões para estudo

1. Dentaduras completas – Tadachi Tamaki

2. Prostodoncia Total – Pedro Saizar

3. Protesis para el desdentado total – Carl O. Boucher

4. Fundamentos de Prótese Total – José Ceratti Turano

Luiz Martins Turano

5. Tratamento protético para os pacientes edêntulos – Zarb & Bolender