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1 CURSO MEGE Site: www.mege.com.br Celular/Whatsapp: (99) 982622200 (Tim) Fanpage /cursomege Instagram: @cursomege Material: Prova Objetiva Comentada (TJ-RS, 2018) PROVA OBJETIVA COMENTADA (TJ-RS, 2018) 1 1 Prova Objetiva aplicada em 29/04/2018 e comentada pela Equipe Mege após gabarito preliminar.

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CURSO MEGE Site: www.mege.com.br Celular/Whatsapp: (99) 982622200 (Tim) Fanpage /cursomege Instagram: @cursomege Material: Prova Objetiva Comentada (TJ-RS, 2018)

PROVA OBJETIVA COMENTADA

(TJ-RS, 2018)1

1 Prova Objetiva aplicada em 29/04/2018 e comentada pela Equipe Mege após gabarito preliminar.

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OBSERVAÇÕES INICIAIS

O presente material foi elaborado na semana seguinte à prova objetiva do

concurso de 2018 do TJ-RS e tem como parâmetro a produção de material da turma de

reta final daquele período, assim como a legislação vigente durante o concurso.

Atualmente, o Mege segue em preparação em sua 2ª Turma de Reta Final para

o concurso de 2020 (com produção atualizada, ampliada e totalmente pensada para a

prova objetiva, que seria realizada no final de Março de 2020, mas acabou suspensa).

Ainda há tempo para focar no estudo para este concurso. E nada como o apoio

de um cupom com desconto exclusivo aos participantes da Maratona Mege ingressarem

agora na nova turma (iniciada dia 16/04/2020) para o certame:

MARATONAMEGE70

Link para inscrição em nosso site (videoaulas, materiais e simulados):

https://www.mege.com.br/produto-tjrs-2%C2%AA-turma-de-reta-final-977

Aguardamos vocês!

TEXTO QUE ACOMPANHA O MATERIAL DE APOIO NA 1ª TURMA DE RETA

FINAL PARA O TJ-RS

Sejam bem-vindos ao nosso foco em vencermos juntos o concurso para

ingresso na magistratura do TJ-RS!

Os comentários sobre rodadas e antecipações relatados nas questões são

referentes à nossa atuação na turma 2017-2018 e não esgotam as antecipações de

videoaulas e materiais do período (concurso finalizado e no qual comemoramos 15

aprovações entre os 29 novos magistrados, 52% da lista final, sendo 6 megeanos entre

os 10 primeiros). Essa será nossa 3ª atuação voltada para o TJ-RS, na primeira

comemoramos 13 alunos nomeados, chegamos neste momento a um total de 28

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vitórias nos dois últimos certames para magistratura do Rio Grande do Sul (que se

mantém como um dos complexos do país).

O que pensamos sobre a prova objetiva de 2020?

Certamente será acirrada e o primeiro impacto da nossa caminhada será

conhecer o curioso formato de prova com tantas questões dedicadas para “Português”,

disciplina que teremos atenção especial na turma de reta final – com aulas e materiais

em total sintonia com nosso edital e estilo de prova (com a excelente professora Aline

Rizzi).

Além deste estudo da última prova, não descuidaremos de revisar outras mais

recentes, mesmo que de outras bancas serão essenciais. É extremamente válido

conhecer tudo que foi cobrado nos últimos concursos para carreira, por isso

ganharemos tempo e produtividade ao iniciarmos com um foco tão propício em temas

selecionados que certamente poderão ser reprisados em nosso próximo desafio.

A partir deste importante primeiro passo, seguiremos firmes dentro de uma

estratégia muito alinhada ao melhor caminho para batermos o corte para 2ª fase. Não

deixem acumular atividades nesse período. A prova objetiva é logo ali e precisaremos

de total concentração para comemorarmos juntos o seu nome na lista de aprovados.

Contem com nosso total apoio.

Bons estudos!

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SUMÁRIO

1. LÍNGUA PORTUGUESA ............................................................................................. 5

2. DIREITO CIVIL ......................................................................................................... 16

3. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ................................................................................... 30

4. DIREITO DO CONSUMIDOR .................................................................................... 49

5. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ............................................................ 57

6. DIREITO PENAL ....................................................................................................... 64

7. DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................. 73

8. DIREITO CONSTITUCIONAL .................................................................................... 84

9. DIREITO ELEITORAL ................................................................................................ 94

10. DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................... 104

11. DIREITO TRIBUTÁRIO ......................................................................................... 111

12. DIREITO AMBIENTAL .......................................................................................... 130

13. DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................ 136

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ATENÇÃO! Utilizamos a verão 1 da prova como parâmetro (salvo em Direito Civil, em

que foi utilizada a versão 4, e Direito Eleitoral, em que foi utilizada a versão 2).

1. LÍNGUA PORTUGUESA

Leia o texto para responder às questões de números 01 a 06.

Nas escolas da Catalunha, a separação da Espanha tem apoio maciço. É uma

situação que contrasta com outros lugares de Barcelona, uma cidade que vive hoje em

duas dimensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas, que se cotovelam nos pontos

turísticos da cidade, fazem fila para entrar nos museus e buscam mesa nos restaurantes.

Para a maioria deles, a capital da Catalunha segue seu ritmo normal. Nos bairros

afastados do centro turístico, onde se concentram os moradores de Barcelona, todas as

conversas tratam da tensa situação política – e há muita divisão em relação à

independência. Segundo a última pesquisa feita pelo jornal El Mundo, 33% dos catalães

são a favor da criação de um estado independente, enquanto 58% são contra. A divisão

pode ser verificada pelas bandeiras penduradas nas sacadas e janelas. Chama a atenção

ver as esteladas, como são conhecidas as bandeiras independentistas, disputando o

espaço com as bandeiras da Espanha.

Nesse quadro de cisão, o separatismo tem nas escolas suas grandes aliadas

para propagar as ideias nacionalistas. Isso ocorre desde a redemocratização espanhola,

no fim dos anos 1970. Antes disso, durante a ditadura comandada pelo general

Francisco Franco, que governou a Espanha entre 1938 e 1973, os colégios públicos eram

proibidos de ensinar em catalão. Somente os privados ofereciam aulas nessa língua. Em

sua maioria, essas escolas tinham perfil inovador e vanguardista, se comparadas às

tradicionais escolas católicas da época. Com a queda do general Franco, as escolas

catalãs privadas foram incorporadas à rede pública e tornaram-se o modelo principal do

sistema educacional, que hoje abriga 1,5 milhão de alunos e 71 mil professores. Como

a educação pública na Espanha está a cargo dos governos regionais, os diretores dos

centros escolares são escolhidos a dedo pelo governo catalão – que toma o cuidado de

selecionar somente diretores separatistas. “A manipulação dos jovens é central para o

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independentismo catalão. É assim com qualquer movimento supremacista na Europa”,

diz a historiadora espanhola Maria Elvira Roca. “É mais fácil convencer estudantes a

apaixonarem-se por uma causa do que trabalhadores que estão encerrados num

escritório”.

(Época, 13.11.2017. Adaptado)

01. Ao tratar do movimento separatista catalão, o texto

(A) resgata dados da história da dominação franquista na Espanha, com a finalidade de

propiciar conclusões favoráveis ao retorno do sistema educacional aos moldes

tradicionais.

(B) mostra-se tendencioso, apontando fatos e dados que levam o leitor a concluir que o

objetivo da maioria dos catalães se justifica, em nome da liberdade ideológica.

(C) privilegia a objetividade na apresentação das diferenças de opinião da comunidade

catalã e aponta ações oficiais para afirmar a ideia de independência da Catalunha.

(D) apresenta argumentos contraditórios, ao partir de premissas que contrapõem dados

sem vínculo lógico, tais como o modo como os catalães e turistas se envolvem na causa.

(E) relata com subjetividade os princípios dos grupos ideologicamente divididos sobre a

causa, enfatizando o argumento da importância dos jovens nas tomadas de decisão.

RESPOSTA – C

COMENTÁRIOS

O texto é dissertativo expositivo, sendo assim, fundamentado apenas em cima de

premissas, de dados. O autor apenas apresenta aquilo que é, não se posicionando ou

induzindo a nenhuma conclusão. Por isso, pode-se afirmar que ‘privilegia a objetividade

na apresentação das diferenças de opinião da comunidade catalã e aponta ações oficiais

para afirmar a ideia de independência da Catalunha’.

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02. Leia as passagens do texto.

- De um lado, há a Barcelona dos turistas, que se cotovelam nos pontos turísticos da

cidade… -… o separatismo tem nas escolas suas grandes aliadas para propagar as ideias

nacionalistas. -“… do que trabalhadores que estão encerrados num escritório”.

Em relação aos significados dos termos em destaque, é correto afirmar que

(A) “propagar” e “se cotovelam” estão empregados em sentido figurado, equivalendo,

respectivamente, a “descortinar” e a “se apertam nos lugares”; “encerrados” está

empregado em sentido figurado, equivalendo a “retirados”.

(B) estão empregados em sentido literal, equivalendo, respectivamente, a “se juntam”,

a “irradiar” e a “presos”.

(C) estão empregados em sentido figurado, equivalendo, respectivamente, a “estarem

próximos”, a “intensificar” e a “confinados”.

(D) “propagar” está empregado em sentido literal, equivalendo a “alastrar”; “se

cotovelam” e “encerrados” estão empregados em sentido figurado, equivalendo,

respectivamente, a “se agridem” e a “expatriados”.

(E) “propagar” e “encerrados” estão empregados em sentido literal, equivalendo,

respectivamente, a “difundir” e a “enclausurados”; “se cotovelam” está empregado em

sentido figurado, equivalendo a “se amontoam”.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

Em “que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade…”, percebe-se o sentido

conotativo. O texto não apresenta a ideia de eles literalmente se cotovelam, mas de que

há uma grande concentração de pessoas nos pontos turísticos. Os termos ‘propagar’ e

‘encerrados’ foram usados em sentido literal, denotativo, e, de fato, significam ‘difundir’

e ‘enclausurados’, respectivamente.

03. Assinale a alternativa correta quanto à concordância, à regência e à colocação

pronominal, em conformidade com a norma-padrão.

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(A) Dado as dimensões da crise na Catalunha, as pessoas pedem que o governo as

protejam de atos violentos.

(B) Ensina-se espanhol na Catalunha para que no futuro não exista diferenças entre os

cidadãos da nação.

(C) É vedado, nas escolas catalãs, aulas ministradas nessa língua, embora já tenha

admitido-se exceções.

(D) Para que a situação seja o mais rapidamente possível controlada, determinaram-se

medidas drásticas.

(E) Certamente mais de um simpatizante do separatismo apoiam que recrute-se

docentes partidários da causa.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

ALTERNATIVA A – INCORRETA

Erro de concordância. Deveria ser: “DADAS’ as dimensões da crise...’

ALTERNATIVA B – INCORRETA

A palavra ‘se’ é partícula apassivadora: ‘espanhol é ensinado na escola...’- concordância

correta.

Em “exista diferenças entre os cidadãos da nação” o verbo existir é pessoal, e o sujeito

está no plural. Deveria ser: ‘EXISTAM diferenças’.

ALTERNATIVA C – INCORRETA

A estrutura está na ordem inversa, e a ‘aulas ministradas nessa língua’ é o sujeito.

Deveria ser: SÃO VEDADAS aulas.... Ademais, há erro de colocação pronominal em

‘tenha admitido-se’ (o pronome oblíquo não pode ficar preso ao verbo no particípio), e,

nesse trecho, também há erro de concordância. A palavra ‘se’ é partícula apassivadora

e ‘exceções’ é o sujeito da oração, deveria ser ‘embora já SE tenham admitido exceções’.

ALTERNATIVA D - CORRETA

A palavra ‘se’ é partícula apassivadora e ‘medidas drásticas’ é o sujeito da oração-

concordância correta.

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ALTERNATIVA E – INCORRETA

Erro de concordância e de colocação pronominal. Deveria ser: ‘mais de UM

simpatizante do separatismo APOIA que SE recrutem docentes partidários da causa.’ A

palavra ‘se’ é partícula apassivadora e ‘docentes partidários’ é o sujeito da oração., o

verbo deveria estar no plural.

04. No trecho do primeiro parágrafo do texto – Nas escolas da Catalunha, a separação

da Espanha tem apoio maciço. É uma situação que contrasta com outros lugares de

Barcelona, uma cidade que vive hoje em duas dimensões. De um lado, há a Barcelona

dos turistas, que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade, … –, empregam-se as

vírgulas para separar as expressões destacadas porque elas

(A) acrescem às informações precedentes comentários que lhes ampliam o sentido.

(B) sintetizam as ideias centrais das informações precedentes.

(C) apresentam informações que se opõem às informações precedentes.

(D) retificam as informações precedentes, dando-lhes o correto matiz semântico.

(E) estabelecem certas restrições de sentido às informações precedentes.

RESPOSTA - A

COMENTÁRIOS

O primeiro trecho destacado é aposto explicativo, e o segundo é uma oração

subordinada adjetiva explicativa, e por ter natureza explicativa, acrescem às

informações precedentes comentários que lhes ampliam o sentido.

05. Assinale a alternativa em que, no primeiro enunciado, a palavra “se” é pronome

expressando ideia de reciprocidade e, no segundo enunciado, o trecho destacado

expressa o sentido de causa.

(A) É mais fácil convencer estudantes a apaixonarem-se por uma causa… / Chama a

atenção ver as esteladas, como são conhecidas as bandeiras independentistas…

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(B) … há a Barcelona dos turistas, que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade… /

Com a queda do general Franco, as escolas catalãs privadas foram incorporadas à rede

pública…

(C) … onde se concentram os moradores de Barcelona… / Como a educação pública na

Espanha está a cargo dos governos regionais, os diretores dos centros escolares são

escolhidos a dedo pelo governo catalão…

(D) … e tornaram-se o modelo principal do sistema educacional… / A manipulação dos

jovens é central para o independentismo catalão.

(E) … se comparadas às tradicionais escolas católicas da época. / É mais fácil convencer

estudantes a apaixonarem-se por uma causa…

RESPOSTA - B

COMENTÁRIOS

Essa é a única alternativa em que o ‘se’ é pronome recíproco. Deu para resolver a

questão indo por eliminação. E em ‘Com a queda do general Franco, as escolas catalãs

privadas foram incorporadas à rede pública…’, entende-se que “as escolas catalãs

privadas foram incorporadas à rede pública por causa da queda do general Franco. Ideia

de causa.

ALTERNATIVA A – INCORRETA

A palavra ‘se’ é PIV, e há ideia de conformidade.

ALTERNATIVA C – INCORRETA

A palavra ‘se’ é PIV, e há ideia de causa.

ALTERNATIVA D – INCORRETA

A palavra ‘se’ é PIV, e há ideia de finalidade.

ALTERNATIVA E – INCORRETA

A palavra ‘se’ é condicional, e ‘por uma causa’ é um complemento verbal, não há uma

ideia de circunstância.

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06. Leia as frases.

• Observe-se que, na ditadura do general Franco, o governo não para que as escolas

particulares deixassem de oferecer o catalão em seus currículos.

• Ainda que bandeiras independencistas espalhadas por Barcelona, é fato que muitos

catalães se à ideia de separação.

• Se a Catalunha a se tornar independente, como ficará sua relação com a Espanha?

Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas dos enunciados devem ser

preenchidas, correta e respectivamente, com:

(A) interveio … haja … opõem … vier

(B) interviu … hajam … oporam … vim

(C) intervinha … haja … opuseram … vir

(D) interviu … haja … opõem … vier

(E) interveio … hajam … opuseram … vir

RESPOSTA - A

COMENTÁRIOS

- A conjugação de ‘intervir’ segue a conjugação do verbo ‘vir’ e não verbo ‘ver’, por isso,

deve ser ‘interveio’.

- O verbo haver é impessoal, deve, assim, ficar no singular.

- O sujeito de ‘opõem’ é ‘muitos catalães’, deve ficar no plural.

- Esse verbo deve ser conjugado no futuro do presente do subjuntivo: se vier...

Leia os textos para responder às questões de números 07 a 09.

Texto I

Como reparar a escravidão?

Como falar de um assunto grave e controverso no Brasil iracundo dos dias de

hoje? Como falar da herança do escravismo brasileiro no nosso cotidiano?

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Para fundamentar a pertinência da discussão, cabe lembrar que a maioria da

população brasileira, ou seja, 54% dos habitantes em 2014, se autoidentificam como

afrodescendente. A origem desse panorama cultural tem suas raízes no povoamento do

Brasil. Em cada 100 indivíduos desembarcados entre 1550 e 1850 no Brasil, 86 eram

africanos escravizados e só catorze eram cidadãos portugueses. As estatísticas podem

variar com novas pesquisas, mas é improvável que a proporção se altere. No século XX,

imigrantes de outras paragens aumentaram a categoria dos brancos e, mais geralmente,

dos habitantes não negros. Houve, contudo, desde 1960, uma queda geral da taxa de

fecundidade. Mais acentuado entre as mulheres brancas do que entre as mulheres

mulatas e negras, esse fenômeno acabou gerando a proeminência populacional

afrodescendente. Algumas constatações podem ser tiradas dessa evolução.

Foi essencialmente o trabalho africano e afro-brasileiro que sustentou os

chamados ciclos econômicos – açúcar, ouro e café – e costurou as capitanias e depois

as províncias num corpo nacional. Por esse motivo, faz todo o sentido incluir o estudo

da história africana e afro-brasileira no ensino médio. Em seguida, é preciso rever o

discurso sobre a nacionalidade. Não se pode dizer apenas que “O Brasil é uma obra de

imigrantes, homens e mulheres de todos os continentes”, como afirmou o presidente

no seu discurso na Organização das Nações Unidas. O que deve ser dito, na ONU e

alhures, é o seguinte: “O Brasil é obra de milhões de deportados africanos, índios e

outros milhões de imigrantes pobres, que criaram uma nação, um Estado independente

e multicultural”. (Luiz Felipe de Alencastro. Como reparar a escravidão. Veja,

22.11.2017. Adaptado)

Texto II

Os pretos e pardos representam metade da população brasileira, mas apenas

9,8% dos deputados e senadores, segundo levantamento da Transparência Brasil.

Considerado apenas o Senado, pretos e pardos compõem somente 3,7% da Casa – 3 de

um total de 81 senadores. Na Câmara, a parcela é de 10,7% – 55 dos 513 deputados.

(https://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br)

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07. Confrontando-se as informações dos dois textos, conclui-se corretamente que

(A) o papel dos afrodescendentes na política nacional revela uma forma justa de

legislação a favor de suas causas históricas.

(B) os afrodescendentes, como são maioria demográfica no Brasil, decidem as questões

de maior relevância para o país.

(C) o fato de os afrodescendentes serem minoria na política faz com que suas causas

sejam tratadas com mais rigor legal.

(D) os afrodescendentes são uma maioria demográfica, social e cultural, mas são uma

minoria na política.

(E) a política tem sido receptiva com os afrodescendentes, o que é coerente com o papel

destes no cenário demográfico nacional.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

No primeiro texto, apresentam-se os dados demográficos, evidenciando a

preponderância de afrodescendentes, o que se confirma em “Em cada 100 indivíduos

desembarcados entre 1550 e 1850 no Brasil, 86 eram africanos escravizados e só catorze

eram cidadãos portugueses. As estatísticas podem variar com novas pesquisas, mas é

improvável que a proporção se altere.”

No segundo texto, confirma-se essa estatística demográfica e aponta para a pequena

participação dos negros no contexto político: ‘mas apenas 9,8% dos deputados e

senadores’ e “Considerado apenas o Senado, pretos e pardos compõem somente 3,7%

da Casa – 3 de um total de 81 senadores. Na Câmara, a parcela é de 10,7% – 55 dos 513

deputados.”.

08. A leitura dos dois textos permite identificar, além da voz do narradores, uma outra,

cujo discurso sugere que se faça justiça à participação de povos escravizados na

formação do país. Essa voz está expressa em:

(A) O Brasil é uma obra de imigrantes, homens e mulheres de todos os continentes…

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(B) No século XX, imigrantes de outras paragens aumentaram a categoria dos brancos e,

mais geralmente, dos habitantes não negros.

(C) O Brasil é obra de milhões de deportados africanos, índios e outros milhões de

imigrantes pobres, que criaram uma nação, um Estado independente e multicultural.

(D) Em cada 100 indivíduos desembarcados entre 1550 e 1850 no Brasil, 86 eram

africanos escravizados e só catorze eram cidadãos portugueses.

(E) Os pretos e pardos representam metade da população brasileira, mas apenas 9,8%

dos deputados e senadores, segundo levantamento da Transparência Brasil.

RESPOSTA – C

COMENTÁRIOS

Esse comando não foi bem elaborado, visto que o texto é dissertativo argumentativo e

não narrativo, não há voz de narradores: o que há são dados e opiniões sendo

apresentados. Além disso, ocorreu erro de concordância no próprio comando da

questão: ‘além da voz do narradores..”. Apesar disso, acho que deu para julgar a questão

sem problema, pois ficou claro o que foi pedido: ele quer saber qual “discurso sugere

que se faça justiça à participação de povos escravizados na formação do país.” . Apesar

de haver erro formal, o comando foi claro.

Percebe-se um posicionamento do autor, sugerindo que algo seja revisto, por isso, para

que se faça justiça em “Em seguida, é preciso rever o discurso sobre a nacionalidade.” e

no momento em que o autor reconstrói o discurso do presidente em “O Brasil é obra de

milhões de deportados africanos, índios e outros milhões de imigrantes pobres, que

criaram uma nação, um Estado independente e multicultural”. A letra C está correta, até

mesmo porque, nas outras alternativas, só há premissas, informações, não há opinião.

09. Assinale a alternativa em que as expressões destacadas do Texto I mantêm, entre

si, relação de sentido responsável pela progressão temática do texto.

(A) A origem desse panorama cultural tem suas raízes no povoamento do Brasil. / … mas

é improvável que a proporção se altere.

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(B) No século XX, imigrantes de outras paragens aumentaram a categoria dos brancos…

/ Algumas constatações podem ser tiradas dessa evolução.

(C) … a maioria da população brasileira […] autoidentifica como afrodescendente. / “O

Brasil é uma obra de imigrantes, homens e mulheres de todos os continentes”…

(D) Como falar da herança do escravismo brasileiro no nosso cotidiano? / Para

fundamentar a pertinência da discussão…

(E) Houve, contudo, desde 1960, uma queda geral da taxa de fecundidade. / … esse

fenômeno acabou gerando a proeminência populacional afrodescendente.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

Nesse comando, o examinador cobrou a coesão textual. Ele quis saber em qual

alternativa o segundo termo destacado retoma uma ideia anteriormente mencionada

no texto. E isso só acontece na alternativa E.

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2. DIREITO CIVIL

ATENÇÃO! A versão 4 da prova foi utilizada como parâmetro em Direito Civil.

10. José e Maria (grávida de 9 meses) sofreram um acidente automobilístico. José

faleceu no acidente. Maria foi levada com vida ao hospital e o filho que estava em seu

ventre faleceu alguns minutos após o nascimento, tendo respirado. Na manhã

seguinte, Maria também faleceu em decorrência dos ferimentos causados pelo

acidente. José e Maria não tinham outros filhos. O casal tinha uma fortuna de R$

50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) em aplicações financeiras, numa conta

conjunta, valores acumulados exclusivamente durante o período do casamento, sob o

regime legal de bens (comunhão parcial). Os pais de José (Josefa e João) e os pais de

Maria (Ana e Paulo) ingressaram em juízo postulando seus direitos hereditários.

Assinale a alternativa correta.

(A) A herança deve ser atribuída totalmente aos pais de Maria, nada cabendo aos pais

de José.

(B) Os pais de Maria têm direito a 75% do valor da herança e os pais de José ao restante.

(C) Os pais de José e os pais de Maria têm direito, cada um deles, à metade da herança.

(D) Os pais de José têm direito a 75% do valor da herança e os pais de Maria ao restante.

(E) A herança deve ser atribuída totalmente aos pais de José, nada cabendo aos pais de

Maria.

RESPOSTA – A

- Tema abordado na Rodada 13 da Turma de Reta Final TJ-RS (páginas 143 e 163).

COMENTÁRIOS

Conforme preceitua o art. 2º do CC:

“A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo,

desde a concepção, os direitos do nascituro”.

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Assim, com a morte de José, o nascituro teve seu direito à herança assegurado,

conforme determina o art. 2º c/c art. 1.798 do CC (“Legitimam-se a suceder as pessoas

nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão”).

A abertura da sucessão de José se deu com sua morte, momento em que foram

chamados a suceder o nascituro e Maria, conforme ordem de vocação hereditária

prevista no art. 1.829, I, do CC. Assim, certo é que a herança de José foi transmitida ao

nascituro, que chegou a nascer com vida.

Portanto, recebeu a herança e, com a sua morte, transmitiu a herança a Maria, sua

genitora e única herdeira. Assim, independentemente do regime de bens, não há

dúvidas de que, no momento de sua morte, Maria era detentora de todo o patrimônio.

Dessa forma, não tendo Maria outros descendentes e/ou cônjuge, sua herança se

transmite integralmente a seus pais (CC, art. 1.836). Não havia qualquer possibilidade

dos pais de José herdarem, pois conforme ordem de vocação, os mais próximos excluem

os mais remotos, e os pais de José foram excluídos pelo filho deste, que nasceu com vida

e fez jus à herança. Com a morte do filho, a herança deste se transmitiu à Maria, sua

genitora. E com a morte desta, sua herança se transmitiu a seus ascendentes, na

integralidade.

11. Joaquina nasceu com o diagnóstico de síndrome de Down; aos 18 anos, conheceu

Raimundo e decidiu casar. Os pais de Joaquina declararam que somente autorizam o

casamento se o mesmo for celebrado sob o regime da separação convencional de

bens, tendo em vista que a família é possuidora de uma grande fortuna e Raimundo é

de origem humilde. Joaquina, que tem plena capacidade de comunicação, não aceitou

a sugestão dos pais e deseja casar sob o regime legal (comunhão parcial de bens).

Assinale a alternativa correta.

(A) Joaquina é relativamente incapaz e deve ser assistida no ato do casamento que

somente pode ser celebrado sob o regime da separação legal.

(B) Joaquina poderá casar sob o regime de bens que melhor entender, tendo em vista

que é dotada de plena capacidade civil.

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18

(C) O juiz deverá nomear um curador para que possa analisar as pretensões do noivo em

relação a Joaquina e decidir acerca do melhor regime patrimonial para o casal.

(D) Joaquina somente poderá casar se obtiver autorização dos pais que poderá ser

suprida pelo juiz, ouvido o Ministério Público.

(E) Para que possa casar sob o regime da comunhão parcial de bens, deverá Joaquina

ser submetida, mesmo contra sua vontade, ao procedimento de tomada de decisão

apoiada.

RESPOSTA – B

COMENTÁRIOS

O Estatuto da Pessoa com Deficiência retirou os deficientes do rol das pessoas relativa

ou absolutamente incapazes (CC, arts. 3º e 4º). Dessa forma, não há mais relação direta

entre os conceitos de incapacidade e deficiência. Ao contrário, a regra é que a pessoa

deficiente seja considerada capaz e, somente em situações excepcionais, quando não

for possível ao deficiente manifestar sua vontade, é que este poderá sofrer limitação da

sua capacidade, sendo considerado relativamente incapaz. Ainda assim, o instituto da

curatela somente abarcará direitos patrimoniais, não podendo o curador restringir

direitos da personalidade do curatelado (Ex.: direito de casar). Na hipótese, a questão

dizia que Joaquina tinha “plena capacidade de comunicação”, logo, era plenamente

capaz de manifestar a sua vontade, razão pela qual deveria ser considerada capaz,

cabendo-lhe a escolha do seu regime de bens.

12. Sobre a prescrição e a decadência, é correto afirmar:

(A) os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes

ou representantes legais que derem causa à prescrição ou não a alegarem

oportunamente; no que se refere à decadência, a lei não prevê a referida ação

regressiva.

(B) a prescrição e a decadência legal e convencional podem ser alegadas em qualquer

grau de jurisdição, podendo o juiz conhecê-las de ofício, não havendo necessidade de

pedido das partes.

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(C) é válida a renúncia à prescrição e à decadência fixada em lei, desde que não versem

sobre direitos indisponíveis ou sobre questões de ordem pública ou interesse social.

(D) contra os ébrios habituais, os viciados em tóxico e aqueles que, por causa transitória

ou permanente, não puderem exprimir sua vontade, a prescrição e a decadência correm

normalmente.

(E) antes de sua consumação, a interrupção da prescrição pode ocorrer mais de uma

vez; aplicam-se à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a

prescrição, salvo disposição legal em contrário.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

ALTERNATIVA A: INCORRETA

O art. 195 do CC estabelece que: “Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm

ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição,

ou não a alegarem oportunamente”. Em complemento, o art. 208 do CC estatui que

“Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I”, o que contradiz a parte

final da assertiva.

ALTERNATIVA B: INCORRETA

A assertiva afirma que o juiz pode conhecer, de ofício, a prescrição, a decadência legal

e convencional, quando apenas a prescrição (NCPC, 332, I) e a decadência legal (CC, art.

210) podem ser conhecidas de ofício.

ALTERNATIVA C: INCORRETA

De fato, o art. 191 do CC autoriza a renúncia à prescrição. O art. 209 do CC, entretanto,

expressamente proíbe a renúncia à decadência legal (“Art. 209. É nula a renúncia à

decadência fixada em lei”).

ALTERNATIVA D: CORRETA

Os ébrios habituais, os viciados em tóxico e aqueles que por causa transitória ou

permanente não puderem exprimir a sua vontade são considerados relativamente

incapazes, a teor do art. 4º, I e II, do CC. Verifica-se que nos artigos que tratam de

prescrição e decadência não há qualquer referência aos relativamente incapazes, razão

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pela qual assertiva está correta, haja vista que contra esses a prescrição e a decadência

correm normalmente.

ALTERNATIVA E: INCORRETA

O art. 202 do CC estabelece que a interrupção da prescrição só ocorre uma vez; além

disso, o art. 207 preconiza que “Salvo disposição em contrário, não se aplicam à

decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

13. Sobre o registro de imóveis, assinale a alternativa correta.

(A) Se forem apresentadas no mesmo dia para registro duas escrituras públicas

realizadas no mesmo dia, em que conste a hora da sua lavratura, prevalecerá, para

efeito de prioridade, a que foi apresentada ao registro em primeiro lugar.

(B) São admitidos a registro escritos particulares autorizados em lei, assinados pelas

partes e testemunhas, tais como os atos praticados por entidades vinculadas ao Sistema

Financeiro da Habitação, desde que com as firmas reconhecidas.

(C) Apresentado título de segunda hipoteca, com referência expressa à existência de

outra anterior, o oficial, depois de prenotá-lo, aguardará durante 15 (quinze) dias que

os interessados na primeira promovam a inscrição.

(D) Para o desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais, bem

como para qualquer ato de transferência, o georreferenciamento do imóvel rural é

facultativo.

(E) Se o imóvel não estiver matriculado ou registrado em nome do outorgante, o oficial

exigirá a prévia matrícula e o registro do título anterior, qualquer que seja a sua

natureza, para manter a continuidade do registro.

RESPOSTA – E

- Tema abordado na Rodada 10 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 20).

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COMENTÁRIOS

ALTERNATIVA A: INCORRETA

Conforme estabelece o art. 192 da LRP: “O disposto nos arts. 190 e 191 não se aplica às

escrituras públicas, da mesma data e apresentadas no mesmo dia, que determinem,

taxativamente, a hora da sua lavratura, prevalecendo, para efeito de prioridade, a que

foi lavrada em primeiro lugar”.

ALTERNATIVA B: INCORRETA

O art. 221, II, da LRP, são admitidos a registro: “II - escritos particulares autorizados em

lei, assinados pelas partes e testemunhas, com as firmas reconhecidas, dispensado o

reconhecimento quando se tratar de atos praticados por entidades vinculadas ao

Sistema Financeiro da Habitação”.

ALTERNATIVA C: INCORRETA

Conforme art. 189 da LRP: “Apresentado título de segunda hipoteca, com referência

expressa à existência de outra anterior, o oficial, depois de prenotá-lo, aguardará

durante 30 (trinta) dias que os interessados na primeira promovam a inscrição.

Esgotado esse prazo, que correrá da data da prenotação, sem que seja apresentado o

título anterior, o segundo será inscrito e obterá preferência sobre aquele”.

ALTERNATIVA D: INCORRETA

Conforme art. 176 da LRP: “§ 3º Nos casos de desmembramento, parcelamento ou

remembramento de imóveis rurais, a identificação prevista na alínea a do item 3 do

inciso II do § 1º será obtida a partir de memorial descritivo, assinado por profissional

habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, contendo as

coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas

ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA,

garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja

somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais; § 4º A identificação de que trata

o § 3º tornar-se-á obrigatória para efetivação de registro, em qualquer situação de

transferência de imóvel rural, nos prazos fixados por ato do Poder Executivo”.

ALTERNATIVA E: CORRETA

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O artigo 195 da Lei de Registros Públicos, traz expressamente o teor da assertiva.

14. Egídio descobre que sua esposa Joana está com um câncer. Ao iniciar o tratamento,

o plano de saúde de Joana se recusa a cobrir as despesas, em razão da doença ser

preexistente à contratação. Em razão disso, o casal coloca à venda um imóvel de

propriedade do casal com valor de mercado de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais)

por R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), visando obter, de forma rápida,

valores necessários para o pagamento do tratamento de saúde de Joana. Raimundo,

tomando ciência da oferta da venda do imóvel de Egídio e Joana, não tendo qualquer

intenção de auferir um ganho exagerado na compra e em causar prejuízo aos

vendedores, apenas aproveitando o que considera um excelente negócio, compra o

imóvel em 01.01.2015. Em 02.01.2018, Egídio e Joana ajuízam uma ação judicial contra

Raimundo, na qual questionam a validade do negócio jurídico. Assinale a alternativa

correta.

(A) O negócio jurídico é anulável. Em razão da doença de Joana, o casal estava numa

situação que os levou à conclusão de um negócio jurídico eivado pelo vício da lesão que

pode ser desconstituído; caso Raimundo concorde em suplementar o valor

anteriormente pago, o negócio pode ser mantido.

(B) O negócio jurídico é válido e eficaz. Não há qualquer norma que impeça um

vendedor, por livre e espontânea vontade, de alienar um bem por valores abaixo dos

praticados no mercado, em razão do princípio da autonomia da vontade que prevalece,

principalmente no presente caso, onde não se verifica que uma das partes seja

hipossuficiente em relação à outra.

(C) O negócio jurídico é anulável. Em razão da doença de Joana, o casal estava numa

situação que os levou à conclusão de um negócio jurídico eivado pelo vício do estado de

perigo que, entretanto, não pode ser reconhecido em razão do decurso do prazo

decadencial de 2 (dois) anos.

(D) O negócio jurídico é anulável. Em razão da doença de Joana, o casal estava numa

situação que os levou à conclusão de um negócio jurídico eivado pelo vício da lesão que

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poderia ser decretada para restituir as partes à situação anterior, mas que não poderá

ser realizada em razão do decurso do prazo decadencial de 3 (três) anos.

(E) O negócio jurídico é nulo de pleno direito por ilicitude do objeto. Não existe uma

contraprestação válida, tendo em vista o valor da prestação, comparada ao preço real

do bem adquirido, bem como pela ausência de vontade válida, podendo a nulidade ser

declarada a qualquer tempo.

RESPOSTA – A

- Tema abordado na Rodada 7 da Turma de Reta Final TJ-RS (páginas 177 e 178).

COMENTÁRIOS

Conforme art. 157 do CC: “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente

necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente

desproporcional ao valor da prestação oposta”. Além disso, o §2º do mesmo artigo

estabelece que “não se decretará a anulação do negócio se for oferecido suplemento

suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito”. Em

complemento, o Enunciado 150 CJF estabelece que: “A lesão de que trata o art. 157 do

Código Civil não exige dolo de aproveitamento”. Assim, a hipótese era de lesão, vício do

consentimento que importa em anulabilidade do negócio jurídico (CC, art. 171, II).

15. André devia a quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) em dinheiro a Mateus.

Maria era fiadora de André. Mateus aceitou receber em pagamento pela dívida um

imóvel urbano de propriedade de André, avaliado em R$ 60.000,00 (sessenta mil reais)

com área de 200 m2 e deu regular quitação. Entretanto, o imóvel estava ocupado por

Pedro, que o habitava há mais de cinco anos, nele estabelecendo sua moradia. Pedro

ajuizou ação de usucapião para obter a declaração de propriedade do imóvel que foi

julgada procedente. Na época em que se evenceu, o imóvel foi avaliado em R$

65.000,00 (sessenta e cinco mil reais). A respeito dos efeitos da evicção sobre a

obrigação originária, é possível afirmar que a obrigação originária

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(A) foi extinta com a dação em pagamento. André será responsável perante Mateus pelo

valor correspondente ao bem imóvel perdido, na época em que houve a dação em

pagamento. Maria está liberada da fiança anteriormente prestada.

(B) é restabelecida, mas não contará mais com a garantia pessoal prestada por Maria.

Em razão da evicção, a obrigação repristinada terá por objeto o valor equivalente ao

bem na época em que se evenceu.

(C) é restabelecida, pelo seu valor original, em razão da evicção da coisa dada em

pagamento, mas sem a garantia pessoal prestada por Maria, tendo em vista que o

credor aceitou receber objeto diverso do constante na obrigação originária.

(D) é restabelecida, em razão da evicção da coisa dada em pagamento, inclusive com a

garantia pessoal prestada por Maria. Contudo, em razão da evicção, a obrigação

repristinada terá por objeto o valor equivalente ao bem na época em que se evenceu.

(E) foi extinta com a dação em pagamento. André será responsável perante Mateus pelo

valor correspondente ao bem imóvel perdido, na época em que se evenceu. Maria está

liberada da fiança anteriormente prestada.

RESPOSTA – C

COMENTÁRIOS

De acordo com o artigo 359 do CC: “Se o credor for evicto da coisa recebida em

pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada,

ressalvados os direitos de terceiros”. Em acréscimo, o art. 838, III, estabelece que: “Art.

838. O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado: III – se o credor, em pagamento

de dívida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a

lhe dar, ainda que depois venha a perde-lo por evicção”. A combinação dos dois artigos

leva à alternativa C como única correta.

16. Sobre os vícios redibitórios, assinale a alternativa correta.

(A) No caso de bens imóveis, quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido

mais tarde, o prazo é de um ano para que o vício apareça, tendo o comprador, a partir

disso, mais 180 dias para postular a redibição ou abatimento no preço.

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(B) No caso de bens móveis, quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido

mais tarde, se ele aparecer em até 180 dias, terá o comprador mais 30 dias para

requerer a redibição ou abatimento no preço.

(C) O adquirente que já estava na posse do bem decai do direito de obter a redibição ou

abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for

imóvel.

(D) Somente existe o direito de obter a redibição se a coisa foi adquirida em razão de

contrato comutativo, não se aplicando aos casos em que a aquisição decorreu de

doação, mesmo onerosa.

(E) O prazo para postular a redibição ou abatimento no preço, quando o vício, por sua

natureza, só puder ser conhecido mais tarde, somente começa a correr a partir do

aparecimento do vício, o que pode ocorrer a qualquer tempo.

RESPOSTA – B

- Tema abordado na Rodada 7 da Turma de Reta Final TJ-RS (páginas 141 e 142).

COMENTÁRIOS

É o teor do que se extrai do art. 445, caput, e §1º do CC, que assim estabelece: “Art. 445.

O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de

trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva;

se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.

§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo

contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e

oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis”. O próprio

teor do artigo elimina as demais assertivas.

17. José era proprietário de uma extensa área urbana não edificada, com mais de

50.000 m². Essa área não era vigiada e nem utilizada para qualquer finalidade. O

imóvel foi ocupado, no mês de janeiro de 2010, por um considerável número de

pessoas, que construíram suas moradias. Os ocupantes, por sua própria conta, em

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mutirão, além de construírem suas casas, realizaram a abertura de viários

posteriormente reconhecidos pelo poder público municipal, bem como construíram

espaços destinados a escolas e creches que estão em pleno funcionamento. Cada

moradia tem área superior a 350 m². Em março de 2016, José ajuizou uma ação

reivindicatória que deverá ser julgada

(A) improcedente, tendo em vista que o juiz deverá declarar que o proprietário perdeu

o imóvel reivindicado, em razão das obras de interesse social realizadas pelos

moradores, fixando a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a

sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.

(B) procedente, tendo em vista que ainda não houve o prazo para a aquisição mediante

usucapião. Dessa forma, os moradores deverão ser retirados, sem qualquer direito a

indenizações por benfeitorias e acessões, tendo em vista a posse de má-fé.

(C) procedente, tendo em vista que ainda não houve o prazo para a aquisição mediante

usucapião constitucional. Dessa forma, os moradores deverão ser retirados, mas terão

direito à retenção do imóvel até serem indenizados pelas benfeitorias e acessões, tendo

em vista a posse de boa-fé.

(D) improcedente, tendo em vista que o imóvel foi adquirido por usucapião especial

coletivo; José, assim, foi penalizado pelo não cumprimento da função social da

propriedade, bem como em razão da preponderância do direito social à moradia sobre

o direito de propriedade.

(E) improcedente, tendo em vista que o juiz deverá declarar que o proprietário perdeu

o imóvel reivindicado, em razão das obras de interesse social realizadas pelos

moradores, não havendo qualquer direito à indenização, tendo em vista o não

cumprimento da função social da propriedade e a preponderância do direito social à

moradia sobre o direito de propriedade.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

A hipótese trata da desapropriação judicial indireta, prevista nos parágrafos 4º e 5º do

art. 1.228 do CC, que assim estabelecem: “§ 4º O proprietário também pode ser privado

da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de

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boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela

houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados

pelo juiz de interesse social e econômico relevante; § 5º No caso do parágrafo

antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço,

valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores”,

restando apenas a alternativa “E” como correta.

18. Maria vivia em união estável com José, sob o regime da comunhão parcial de bens.

Este possuía dois filhos decorrentes de relacionamento anterior e três filhos com

Maria. José faleceu. Considerando a disciplina constante do Código Civil, bem como o

entendimento do STF proferido em Repercussão Geral sobre o tema, podemos afirmar

que caberá a Maria, na sucessão dos bens particulares de José,

(A) metade da herança.

(B) um quarto da herança.

(C) um terço da herança.

(D) um sexto da herança.

(E) metade do que couber a cada um dos filhos de José.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

O art. 1.832 do CC estatui que: “Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art.

1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não

podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos

herdeiros com que concorrer”. O referido artigo, entretanto, deixou de regular a

hipótese em que haja a chamada filiação híbrida, situação na qual há descendentes

comuns e exclusivos, razão pela qual a doutrina desenvolveu três correntes, a saber:

1ª Deve-se considerar todos os descendentes como se fossem comuns e manter a

reserva da quarta parte do cônjuge;

2ª Deve-se considerar todos os descendentes como exclusivos e afastar a garantia da

quarta parte;

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3ª Deve-se considerar todos os descendentes exclusivos, calculando-se a cota dos

exclusivos para depois retirar, do que sobrar, os 25% do cônjuge, e, por fim, dividir o

restante entre os herdeiros comuns.

Por sua vez, o Enunciado 527 CJF assim estabelece: “Art. 1.832. Na concorrência entre

o cônjuge e os herdeiros do de cujus, não será reservada a quarta parte da herança

para o sobrevivente no caso de filiação híbrida”. Assim, considerando o presente

Enunciado, a herança deveria ser partilhada na fração de 1/6 para o cônjuge e herdeiros

(comuns e exclusivos).

ATENÇÃO! QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO: Embora haja Enunciado dispondo sobre

o tema corroborando o entendimento adotado pela banca, não se pode considerar que

a questão esteja pacificada, havendo significativa divergência doutrinária e sem

qualquer pronunciamento definitivo dos tribunais superiores (STF/STJ) a respeito da

controvérsia. Assim, por violação ao art. 33 da Resolução 75/2009 do CNJ, entendo que

a questão deve ser anulada.

19. João emprestou a José, Joaquim e Manuel o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil

reais); foi previsto no instrumento contratual a solidariedade passiva. Manuel faleceu,

deixando dois herdeiros, Paulo e André. É possível afirmar que João poderá:

(A) cobrar de Paulo e André a totalidade da dívida, tendo em vista que ambos, reunidos,

são considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores; porém,

isoladamente, somente podem ser demandados pelo valor correspondente ao seu

quinhão hereditário.

(B) cobrar de Paulo ou André, isoladamente, a importância de R$ 100.000,00 (cem mil

reais) tendo em vista que o quinhão hereditário de Manuel é uma prestação indivisível

em relação aos herdeiros.

(C) cobrar de Paulo e André, reunidos, somente até o valor da parte relativa a Manuel,

ou seja, R$ 100.000,00 (cem mil reais), tendo em vista que o falecimento de um dos

devedores extingue a solidariedade em relação aos herdeiros do falecido.

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(D) cobrar a totalidade da dívida somente se acionar conjuntamente todos os

devedores, tendo em vista que o falecimento de um dos devedores solidários ocasiona

a extinção da solidariedade em relação a toda a obrigação.

(E) cobrar o valor da totalidade da dívida de José, Joaquim, Paulo ou André, isolada ou

conjuntamente, tendo em vista que, após o falecimento de Manuel, resultou numa

obrigação solidária passiva com 4 (quatro) devedores.

RESPOSTA – A

COMENTÁRIOS

O gabarito se extrai da interpretação do art. 276 do CC, que assim estabelece: “Art. 276.

Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será

obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se

a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor

solidário em relação aos demais devedores”.

ATENÇÃO! QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO: Ocorre que, o referido artigo não

encontra interpretação uníssona na doutrina, havendo entendimento no sentido de que

o credor só poderia cobrar o valor originalmente assumido pelo de cujus se acionasse o

espólio, mas não os herdeiros, haja vista que, com a morte, extingue-se a solidariedade,

razão pela qual os herdeiros só poderiam ser cobrados pelo valor fracionado, limitado

ao quinhão hereditário. Por sua vez, na jurisprudência não há qualquer manifestação no

sentido de pacificar o entendimento.

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3. DIREITO PROCESSUAL CIVIL

OBSERVAÇÃO: Antes de iniciarmos os comentários das questões, é importante destacar

que a Banca Examinadora buscou elaborar questões com base na letra fria do CPC.

Ressaltamos, sempre, a necessidade de leitura da lei seca. É o que observamos em quase

todas as provas de primeira fase.

20. Recebida a petição do recurso extraordinário, o recorrido será intimado para

apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão

conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá

(A) aplicar a súmula impeditiva de recurso, do tribunal local, se for o caso.

(B) remeter os autos ao STF, independentemente de juízo de admissibilidade.

(C) verificar se o recurso contraria súmula ou jurisprudência dominante do STF.

(D) reconhecer se há repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso,

sob pena de não admiti-lo.

(E) sobrestá-lo se versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida pelo

STF.

RESPOSTA – E

- Tema abordado na Rodada 13 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 76).

COMENTÁRIOS

A presente questão exigiu do candidato o conhecimento do art. 1030 do CPC.

O texto da questão reproduziu parcialmente o texto do caput do artigo 1030, e partindo

dele, exigiu que o candidato tivesse conhecimento dos seus incisos. Vejamos:

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será

intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os

autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que

deverá:

Deste modo, passamos a analisar cada alternativa:

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A – INCORRETA

Não está no rol do art.1030 do CPC.

B – INCORRETA

Consoante o art.1030, inciso V, antes de remeter o processo ao STF, deverá ser feito o

juízo de admissibilidade. Vejamos:

V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal

Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que:

a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de

julgamento de recursos repetitivos;

b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou

c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.

C - INCORRETA

Primeiramente, é preciso esclarecer que sempre que o recurso contrariar súmula ou

jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal será hipótese de repercussão

geral. Vejamos:

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do

recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver

repercussão geral, nos termos deste artigo.

§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:

I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;

II – (Revogado);

III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos

do art. 97 da Constituição Federal.

Pois bem. Analisando o art. 1030, não competirá ao presidente ou ao vice-presidente

verificar se o recurso contraria súmula ou jurisprudência dominante do STF. É dizer, a

opção aventada na alternativa em análise não se encontra no rol previsto pelo artigo

1030.

D - INCORRETA

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A análise sobre o reconhecimento ou não de repercussão geral das questões

constitucionais discutidas não será feita pelo Presidente ou Vice Presidente. Vejamos o

que dispõe o art. 1035 do CPC:

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do

recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver

repercussão geral, nos termos deste artigo.

E - CORRETA

É exatamente o que dispõe o art. 1030, “b”, inciso III do CPC. Vejamos:

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será

intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os

autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que

deverá:

b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja

em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior

Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos

repetitivos;

III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não

decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme

se trate de matéria constitucional ou infraconstitucional;

Deste modo, o gabarito apresentado pela Banca Examinadora está correto.

21. O pedido de suspensão ao recurso especial poderá ser formulado por

requerimento dirigido

(A) ao presidente do tribunal local, no caso de prejuízo processual comprovado à parte

recorrida.

(B) ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido

entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso.

(C) ao relator original do acórdão recorrido, se já distribuído o recurso.

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(D) ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a interposição do

recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para

julgá-lo.

(E) ao vice-presidente do tribunal local, após a admissão do recurso e antes de sua

distribuição no STJ.

RESPOSTA – B

- Tema abordado na Rodada 13 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 39 e 76).

COMENTÁRIOS

A questão buscou que o candidato demonstrasse seus conhecimentos sobre o tema

Recurso Especial e a possibilidade de concessão de efeito suspensivo a este.

Consoante o art. 1029, §5º, vejamos a quem o pedido de suspensão do recurso especial

deverá ser dirigido:

§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso

especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da

decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para

seu exame prevento para julgá-lo;

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período

compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão

do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art.

1.037.

A - INCORRETA

Não há previsão legal nesse sentido.

B – CORRETA

É exatamente o que dispõe o inciso III do artigo, 1029, §5º do CPC. Vejamos:

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III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período

compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão

do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art.

1.037.

C - INCORRETA

O art. 1029, inciso II não fala que o pedido deverá ser feito ao relator do acórdão

recorrido. Logo, a alternativa destoa do texto de lei.

D – INCORRETA

A alternativa diverge do texto expresso de lei na medida em que afirma que o período

para o pedido de suspensão será o compreendido entre “a interposição do recurso e sua

distribuição”.

O texto do inciso I do art. 1029 dispõe que deverá ser feito o pedido “ao tribunal superior

respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do

recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para

julgá-lo;”

E – INCORRETA

A alternativa contraria o texto expresso do art. 1029, inciso III. Vejamos:

A antiga redação do inciso III do art. 1029 era no sentido de que o pedido de suspensão

do recurso especial deveria ser dirigido ao presidente ou vice-presidente do tribunal

local, no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.

Contudo, a lei 13.256/2016 alterou a redação do inciso III que passou a ter a seguinte

redação:

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período

compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão

do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art.

1.037.

Deste modo, por violar texto expresso de lei, a alternativa está incorreta.

Nesse passo, o gabarito apresentado pela Banca Examinadora está correto.

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22. O juiz resolverá o mérito da ação quando:

(A) homologar a desistência da ação.

(B) indeferir a petição inicial.

(C) verificar a ausência de legitimidade de parte.

(D) verificar a impossibilidade jurídica do pedido.

(E) em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por lei.

RESPOSTA – D

- Tema abordado na Rodada 10 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 104 - 113).

COMENTÁRIOS

A Banca Examinadora exigiu o conhecimento do candidato a respeito da literalidade dos

arts. 485 e 487 do CPC. Vejamos o que dispõem estes artigos:

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;

II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a

causa por mais de 30 (trinta) dias;

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e

regular do processo;

V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo

arbitral reconhecer sua competência;

VIII - homologar a desistência da ação;

IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição

legal; e

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X - nos demais casos prescritos neste Código.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;

II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou

prescrição;

III - homologar:

a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;

b) a transação;

c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332, a prescrição e a

decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade

de manifestar-se.

Agora vamos analisar as alternativas:

A – INCORRETA

Trata-se de hipótese de extinção do processo sem exame do mérito. Art. 485, VIII.

B – INCORRETA

Trata-se de hipótese de extinção do processo sem exame do mérito. Art. 485, I.

C – INCORRETA

Trata-se de hipótese de extinção do processo sem exame do mérito. Art. 485, VI.

D - CORRETA

De acordo com o CPC/2015, a possibilidade jurídica do pedido não é mais uma condição

da ação. O artigo 485, VI, do CPC, ao referir exclusivamente às hipóteses de legitimidade

e interesse no plano de admissibilidade, automaticamente remeteu a impossibilidade

jurídica para o mérito. Portanto, caso o juiz venha a reconhecer a impossibilidade do

pedido, estará julgando o mérito.

Assim, a “possibilidade jurídica do pedido”, trata-se, pois, de questão de que julga o

mérito.

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Logo, essa foi a única alternativa que trouxe uma das hipóteses de resolução do mérito.

E – INCORRETA

Trata-se de hipótese de extinção do processo sem exame do mérito. Art. 485, IX.

Nesse passo, o gabarito apresentado pela Banca Examinadora está correto.

23. O ente sem personalidade jurídica

(A) poderá ingressar em juízo por possuir personalidade judiciária.

(B) não poderá ingressar em juízo sem representação especial.

(C) não poderá ingressar em juízo em nome próprio.

(D) não poderá ingressar em juízo por não responder patrimonialmente.

(E) poderá ingressar em juízo desde que autorizado em seus estatutos.

RESPOSTA – A

- Tema abordado na Rodada 10 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 30).

COMENTÁRIOS

A Banca Examinadora buscou aferir dos candidatos os seus conhecimentos a respeito

da “capacidade processual” dos entes despersonalizados.

Considerou como correta a alternativa que afirma que o ente sem personalidade jurídica

poderá ingressar em juízo por possuir personalidade Judiciária.

A - CORRETA

Pois bem. A lei processual admite como dotados de capacidade de ser parte alguns

entes, que, apesar de não possuírem personalidade jurídica de direito material, são

autorizados a ingressar em juízo. São as chamadas pessoas formais, ou seja, não têm a

personalidade jurídica de direito material, mas equivalem formalmente às pessoas no

que toca à possibilidade de figurarem no processo. É dizer, embora destituídas

de personalidade jurídica, seriam detentoras de personalidade judiciária.

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A título exemplificativo temos o espólio que é um ente despersonalizado que representa

a herança em juízo ou fora dele. Mesmo sem possuir personalidade jurídica, o espólio

tem capacidade para praticar atos jurídicos (ex: celebrar contratos, no interesse da

herança) e tem legitimidade processual (pode estar no polo ativo ou passivo da relação

processual) (FARIAS, Cristiano Chaves. et. al., Código Civil para concursos. Salvador:

Juspodivm, 2013, p. 1396).

Deste modo, a alternativa A está correta ao afirmar que ente sem personalidade jurídica

poderá ingressar em juízo por possuir personalidade Judiciária.

B - INCORRETA

Poderá ingressar em juízo, não sendo necessária uma representação especial.

C - INCORRETA

Poderá ingressar em juízo em nome próprio. A exemplo:

Súmula 525/STJ: A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas

personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus

direitos institucionais.

D – INCORRETA

Os entes despersonalizados são responsáveis patrimonialmente. O espólio, embora não

tenha personalidade jurídica, poderá responder patrimonialmente.

E – INCORRETA

Poderá ingressar em juízo, independente de autorização dos seus estatutos. Não há essa

exigência no CPC.

Nesse passo, o gabarito apresentado pela Banca Examinadora está correto.

24. O executado por título executivo extrajudicial, independentemente de penhora,

depósito ou caução, poderá se opor à execução por meio de embargos, cujo prazo será

contado, no caso de execuções por carta, da juntada

(A) na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou

defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens.

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(B) do último comprovante de citação, quando houver mais de um executado.

(C) do último comprovante de citação, que será contado em dobro no caso de

litisconsortes com advogados diversos.

(D) das respectivas citações, no caso de companheiros, sem contrato de união estável.

(E) nos autos de origem, quando versarem sobre a nulidade da citação na ação de

obrigação de pagar.

RESPOSTA – A

COMENTÁRIOS

A Banca Examinadora exigiu na presente questão que o candidato possuísse

conhecimento da literalidade do art. 915, §2º do CPC que trata sobre o início do prazo

para o oferecimento dos embargos nas execuções por carta. Vejamos o artigo retro

citado:

Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado,

conforme o caso, na forma do art. 231.

§ 1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar

conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de

cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último.

§ 2º Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado:

I - da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre

vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens;

II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4º deste artigo

ou, não havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem

sobre questões diversas da prevista no inciso I deste parágrafo.

A – CORRETA

É exatamente o que dispõe o art.915, §2º, inciso I do CPC.

B – INCORRETA

A alternativa diverge da regra imposta pelo §1º do art. 915. Vejamos:

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§ 1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar

conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de

cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último.

C - INCORRETA

Consoante dispõe o §3º, o art.229 do CPC não se aplica ao oferecimento dos embargos

à execução.

§ 3º Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o

disposto no art. 229.

Vejamos o que dispõe o art. 229 do CPC:

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de

advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas

manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.

§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é

oferecida defesa por apenas um deles.

§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.

D - INCORRETA

A regra do artigo. 915, § 1º, não exige que os companheiros tenham contrato de união

estável. Deste modo, os prazos para os companheiros ofereceram embargos será

contado a partir da juntada do último comprovante da citação.

E - INCORRETA

A alternativa diverge da regra estabelecida pelo inciso II, do §2º do art. 915. Vejamos:

II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4º deste artigo ou,

não havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre

questões diversas da prevista no inciso I deste parágrafo.

Nesse passo, o gabarito apresentado pela Banca Examinadora está correto.

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25. Quanto à arbitragem em geral, assinale a alternativa correta.

(A) Terá efeito suspensivo a apelação contra sentença que julga procedente o pedido de

instituição de arbitragem.

(B) O juiz poderá conhecer de ofício sua existência para extinguir a ação.

(C) Cabe agravo de instrumento contra decisão interlocutória que rejeita a alegação de

convenção de arbitragem.

(D) Tramitam em segredo de justiça todos os processos que versem sobre arbitragem.

(E) Haverá julgamento de mérito quando o juiz colher a alegação de existência de

convenção de arbitragem.

RESPOSTA – C

- Tema abordado na Rodada 13 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 38).

COMENTÁRIOS

A Banca Examinadora exigiu que o candidato tivesse conhecimentos a respeito do

instituto da arbitragem e seus reflexos no sistema processual.

A – INCORRETA

A apelação da sentença que que julga procedente o pedido de instituição de arbitragem

não terá efeito suspensivo. Vejamos o que dispõe o §1º do art. 1012 do CPC:

§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos

imediatamente após a sua publicação a sentença que:

IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;

B – INCORRETA

O juiz NÃO poderá conhecer de ofício da existência de convenção de arbitragem.

Vejamos a regra do §5º do art. 337 do CPC:

§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá

de ofício das matérias enumeradas neste artigo.

C – CORRETA

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É o que dispõe o art.1015, III do CPC:

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que

versarem sobre:

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

D – INCORRETA

Não são todos os processos que versam sobre arbitragem que correrão em segredo de

justiça. Vejamos o que dispõe o art. 189, inciso IV do CPC:

Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os

processos:

I - em que o exija o interesse público ou social;

II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união

estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;

III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;

IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral,

desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o

juízo.

E – INCORRETA

O juiz não resolverá o mérito acolher a alegação de existência de convenção de

arbitragem. Vejamos o que dispõe o art. 485, inciso VII do CPC.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;

II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a

causa por mais de 30 (trinta) dias;

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e

regular do processo;

V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

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VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo

arbitral reconhecer sua competência;

Nesse passo, o gabarito apresentado pela Banca Examinadora está correto.

26. São devidos honorários advocatícios, nos termos do Código

de Processo Civil:

(A) por quem deu causa à extinção, nos casos de perda de objeto.

(B) nos procedimentos de jurisdição voluntária.

(C) na apelação de sentença denegatória de mandado de segurança.

(D) pelo Fundo Público, no caso do vencido ser beneficiário da justiça gratuita.

(E) no cumprimento provisório de sentença.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

Na presente questão, a Banca Examinadora buscou analisar os conhecimentos a

respeito do tema honorários advocatícios, nos termos do Código de Processo Civil.

A - INCORRETA

Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao

processo. (Art.85, §10 do CPC).

B - INCORRETA

Não há essa previsão no art. 85, §1,º do CPC.

Ademais, o art.88 do CPC não traz a previsão de pagamento de honorários advocatícios

em procedimentos de jurisdição voluntária, mencionando, tão somente, as despesas

processuais. Vejamos:

Art. 88. Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas serão adiantadas pelo

requerente e rateadas entre os interessados.

C - INCORRETA

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Não há previsão no CPC sobre o pagamento de honorários advocatícios na apelação de

sentença denegatória de mandado de segurança.

D - INCORRETA

Quando o vencido é beneficiário da justiça gratuita, ele é quem deverá ressarcir as

custas antecipadas e os honorários sucumbenciais. Vejamos a regra esculpida no §3º

do art. 98 do NCPC:

§ 3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob

condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5

(cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais

obrigações do beneficiário.

E - CORRETA

É o que dispõe o artigo 85, §1º do CPC. Vejamos:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do

vencedor.

§ 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de

sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos

interpostos, cumulativamente.

Nesse passo, o gabarito apresentado pela Banca Examinadora está correto.

27. Sobre o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, é correto afirmar

que

(A) como efeito do acolhimento do pedido de desconsideração, passarão a estar sujeitos

à execução os bens do responsável limitado a sua cota social.

(B) é uma forma de intervenção de terceiros, podendo criar-se um litisconsórcio passivo

facultativo.

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(C) instaurado na petição inicial, ocorrerá a suspensão do processo, independentemente

do requerimento do interessado.

(D) resolvido o incidente em sentença, que julgar o mérito da demanda, caberá agravo

de instrumento quanto a esta questão.

(E) o Ministério Público poderá requerer o incidente, podendo ser instaurado de ofício

pelo juiz, se o caso.

RESPOSTA – B

COMENTÁRIOS

Nesta questão, a Banca Examinadora exigiu os conhecimentos do candidato a respeito

da desconsideração da personalidade jurídica. Trata-se de tema recorrente nas provas

de processo civil. É de extrema importância a leitura dos artigos do CPC que tratam

sobre o incidente.

Vamos analisar cada alternativa individualmente:

A - INCORRETA

Não há essa previsão no CPC. Logo, não se trata de um dos efeitos do acolhimento do

pedido de desconsideração.

B – CORRETA

O incidente de desconsideração da personalidade jurídica foi incluído no CPC como uma

nova modalidade de intervenção de terceiros. Um de seus reflexos é a possibilidade dele

vir a criar um litisconsórcio passivo facultativo, na medida em que amplia

subjetivamente o processo.

C – INCORRETA

A regra do §2º do art. 133 do CPC dispõe que dispensa-se a instauração do incidente se

a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial. Vejamos:

§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade

jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa

jurídica.

D – INCORRETA

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Se o incidente de desconsideração da personalidade jurídica for resolvido em sentença,

que julgar o mérito da demanda, caberá apelação

E – INCORRETA

Nos termos do artigo 133 do CPC, o juiz não pode instaurar o incidente do ofício.

A alternativa está correta apenas na parte em que afirma a possibilidade do MP requerer

a instauração do incidente. Vejamos o que dispõe o art. 133 do CPC:

Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a

pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.

Alertamos que existe previsão legal de desconsideração da personalidade jurídica de

oficio e ela está no art. 28 do CDC.

Nesse passo, o gabarito apresentado pela Banca Examinadora está correto.

28. Quanto à ação revisional de aluguel, assinale a alternativa correta.

(A) Na ação o juiz poderá homologar acordo de desocupação, que será executado

mediante expedição de mandado de despejo.

(B) O aluguel fixado na sentença retroage à data do reajuste anteriormente pactuado.

(C) A sentença não poderá estabelecer periodicidade de reajustamento do aluguel

diversa daquela prevista no contrato revisando.

(D) No curso da ação, o aluguel provisório não será reajustado.

(E) Em ação proposta pelo locatário, o aluguel provisório não poderá ser inferior ao

aluguel vigente.

RESPOSTA – A

COMENTÁRIOS

A Banca Examinadora buscou aferir os conhecimentos dos candidatos a respeito da ação

revisional de aluguel. Alertamos que todas as respostas se encontram positivadas na Lei

nº 8.245.

Vamos analisar cada alternativa.

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A - CORRETA

É exatamente o que dispõe o art. art. 70 da Lei nº 8.245. vejamos:

Art. 70. Na ação de revisão do aluguel, o juiz poderá homologar acordo de desocupação,

que será executado mediante expedição de mandado de despejo.

B – INCORRETA

A alternativa afirma que o aluguel fixado na sentença retroage à data do reajuste

anteriormente pactuado. Contudo, consoante o art. art. 69, caput, da Lei nº 8.245, o

aluguel fixado na sentença retroage à citação. Vejamos o que dispõe o artigo 69, caput:

Art. 69. O aluguel fixado na sentença retroage à citação, e as diferenças devidas durante

a ação de revisão, descontados os alugueres provisórios satisfeitos, serão pagas

corrigidas, exigíveis a partir do trânsito em julgado da decisão que fixar o novo aluguel.

C – INCORRETA

A alternativa viola a regra expressa no art. art. 69, § 1º, da Lei nº 8.245. Vejamos:

1° Se pedido pelo locador, ou sublocador, a sentença poderá estabelecer periodicidade

de reajustamento do aluguel diversa daquela prevista no contrato revisando, bem como

adotar outro indexador para reajustamento do aluguel.

D - INCORRETA

A alternativa viola regra expressa no art. art. 68, § 2º, da Lei nº 8.245. Vejamos:

2° No curso da ação de revisão, o aluguel provisório será reajustado na periodicidade

pactuada ou na fixada em lei.

E - INCORRETA

Em ação proposta pelo locatário, o aluguel provisório poderá ser inferior ao aluguel

vigente. O que a lei veda é que o aluguel provisório seja inferior a 80% do aluguel

vigente. Vejamos o que dispõe o art. 68, II, b, da Lei nº 8.245:

Art. 68. Na ação revisional de aluguel, que terá o rito sumário, observar-se-á o seguinte:

II – ao designar a audiência de conciliação, o juiz, se houver pedido e com base nos

elementos fornecidos tanto pelo locador como pelo locatário, ou nos que indicar, fixará

aluguel provisório, que será devido desde a citação, nos seguintes moldes:

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b) em ação proposta pelo locatário, o aluguel provisório não poderá ser inferior a 80%

(oitenta por cento) do aluguel vigente;

Nesse passo, o gabarito apresentado pela Banca Examinadora está correto.

29. A respeito da ação individual ser convertida em coletiva, é correto que

(A) não será possível quando verificar-se sua ineficácia.

(B) será possível em razão da tutela de bem jurídico difuso ou coletivo.

(C) será possível a pedido do Ministério Público ou da Defensoria Pública.

(D) não será possível porque o tema exige disciplina própria.

(E) será possível quando atendidos os pressupostos da relevância social.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

A Banca Examinadora buscou conhecer se os candidatos tinham conhecimento a

respeito do veto do art. 333 do NCPC que tratava da conversão da ação individual em

coletiva:

CAPÍTULO IV

DA CONVERSÃO DA AÇÃO INDIVIDUAL EM AÇÃO COLETIVA

Art. 333. (VETADO).

Deste modo, o gabarito apresentado pela Banca Examinadora está correto na medida

em que não será possível a conversão da ação individual em coletiva, pois o tema exige

disciplina própria.

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4. DIREITO DO CONSUMIDOR

30. João comprou um pacote de biscoitos, e ao levar à boca um deles, percebeu algo

estranho. Sem comer o biscoito, notou que havia pelos de ratos, o que ficou

devidamente confirmado em laudo pericial particular. Isso fez com que João

procurasse seus eventuais direitos em ação judicial. Em razão desse fato, assinale a

alternativa correta.

(A) Há direito de abatimento proporcional do produto, pois apenas um biscoito estava

contaminado, tendo direito à indenização moral, pela sensação de nojo provocada ao

consumidor.

(B) Há direito de indenização material, pelo valor do pacote de biscoito, e moral, mesmo

não tendo sido consumido o produto, pela exposição ao risco, o que torna ipso facto

defeituoso o produto.

(C) Há direito de indenização material, pelo valor do pacote de biscoito, mas não de

natureza moral, por não ter havido ingestão, podendo o consumidor optar pela

substituição do produto por outro da mesma espécie.

(D) Não há direito a qualquer espécie de indenização, uma vez que o fato não foi

comprovado por perícia submetida ao crivo do contraditório, o que exime o fabricante

de qualquer responsabilidade.

(E) Tratando-se de vício aparente e de fácil constatação, bastava ao consumidor

reclamar ao fabricante ou ao vendedor para que o produto fosse devidamente trocado,

posto que não houve qualquer ingestão ou exposição a perigo.

RESPOSTA – B

COMENTÁRIOS

Esse é um dos julgados “famosos” do STJ dos informativos de jurisprudência mais

recentes. Trata-se de julgado veiculado no informativo 616 de 2018. Nosso material

(rodada) sobre a Responsabilidade Civil de Consumo foi atualizado até o dia 08/12/2017

e o citado informativo veiculado já em 2018, razão pela qual, em que pese não ter

constado do material escrito, foi devidamente trabalhado referido com a

apresentação do julgado no aulão de véspera.

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Informativo 616 STJ 2018 (REsp 1.644.405/RS): O simples ato “levar à boca” do

alimento industrializado com corpo estranho gera dano moral in re ipsa,

independentemente de sua ingestão.

A aquisição de produto de gênero alimentício contendo em seu interior corpo estranho,

expondo o consumidor à risco concreto de lesão à sua saúde e segurança, ainda que não

ocorra a ingestão de seu conteúdo, dá direito à compensação por dano moral, dada a

ofensa ao direito fundamental à alimentação adequada, corolário do princípio da

dignidade da pessoa humana.

Hipótese em que se caracteriza defeito do produto (art. 12, CDC), o qual expõe o

consumidor à risco concreto de dano à sua saúde e segurança, em clara infringência ao

dever legal dirigido ao fornecedor, previsto no art. 8º do CDC.

Na hipótese dos autos, o simples "levar à boca" do corpo estranho possui as mesmas

consequências negativas à saúde e à integridade física do consumidor que sua

ingestão propriamente dita.

PECULIARIDADE: O corpo estranho – um anel indevidamente contido em uma bolacha

recheada – esteve prestes a ser engolido por criança de 8 anos, sendo cuspido no último

instante.

(REsp 1644405/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA).

CONCLUSÃO: Assim, o enunciado da questão reproduziu situação extremamente similar

à levada ao STJ, razão pela qual a resposta correta é a que preceitua existir fato/defeito

do produto e o dever de indenização tanto de dano material como de dano moral (este,

ipso fato, pela mera exposição do produto defeituoso a uma criança, colocando em risco

a sua saúde e integridade física).

31. Joias utilizadas como garantia de mútuo em contrato de penhor subscrito com

instituição financeira foram furtadas. A contraprestação devida nos contratos de

mútuo garantido por penhor é o pagamento do valor acordado para o empréstimo.

Nesse caso, a prescrição para que o proprietário das joias, que pagou sua dívida, seja

ressarcido pelo valor das mesmas é de

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(A) três anos, por se tratar de contrato de mútuo que não foi devidamente executado,

de natureza estritamente civil.

(B) três anos, por se fundamentar em causa de enriquecimento ilícito da instituição

financeira.

(C) cinco anos, por se tratar da pretensão de cobrança de obrigações líquidas constantes

de instrumento público ou particular.

(D) dez anos, por não se enquadrar em nenhuma situa- ção prevista em lei ou que gere

o reconhecimento de um direito de consumidor.

(E) cinco anos, por se tratar de reparação pelos danos causados por fato do produto ou

do serviço.

RESPOSTA – E

- Tema abordado na Rodada 1 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 23).

COMENTÁRIOS

Trata-se, igualmente, de julgado do STJ veiculado no informativo 616 de 2018.

Informativo 616 STJ 2018 (REsp 1.369.579/PR): As pretensões indenizatórias

decorrentes do furto de joias, objeto de penhor em instituição financeira, prescrevem

em 05 anos, de acordo com o disposto no art. 27 do CDC.

A jurisprudência do STJ assentou que, quando o credor é banco e o bem dado em

garantia fica depositado em cofre, não é possível admitir o furto ou o roubo como causas

excludentes do dever de indenizar, devendo-se considerar esse tipo de evento como um

fortuito interno, inerente à própria atividade, incapaz de afastar, enfim, a

responsabilidade do depositário. Há, portanto, nos casos de roubo de joias objeto de

contrato de penhor ligado ao mútuo, falha no serviço prestado pela instituição

financeira, a impor a incidência da norma especial. Com isso, na hipótese em análise

deve incidir o prazo de cinco anos previsto no art. 27 do CDC para a ação de indenização

por danos materiais e morais. Isso porque, frise-se, a indenização requerida não se

fundamenta no inadimplemento contratual, nada obstante a base da natureza jurídica

entre as partes seja o contrato regido pela lei consumerista. A guarda do bem

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penhorado é, sim, obrigação da instituição financeira, isso não se discute, mas não é

prestação contratual stricto sensu.

É importante atentar para o enunciado da questão, pois traz a informação de que as

joias foram furtadas. Se há furto, as joias não podem ser devolvidas ao final do contrato

porque ocorreu uma falha do serviço de guarda/depósito, incluído no contrato de

penhor (mútuo). Havendo defeito do serviço, atrai-se o prazo quinquenal próprio do art.

27 do CDC e, portanto, a alternativa correta é a letra E.

32. No contrato de promessa de compra e venda de imóvel em construção, além do

período previsto para o término do empreendimento, há, comumente, cláusula de

prorrogação excepcional do prazo de entrega da unidade ou de conclusão da obra, que

varia entre 90 (noventa) e 180 (cento e oitenta) dias: a conhecida cláusula de

tolerância. Considerando isso, assinale a alternativa correta.

(A) Trata-se de cláusula abusiva, por exigir do consumidor vantagem manifestamente

excessiva a favor da construtora.

(B) Não se trata de cláusula abusiva, diante dos costumes do mercado imobiliário, que

pode paralisar a obra se houver alguma necessidade financeira.

(C) Não se trata de cláusula abusiva, pois ameniza o risco da atividade advindo da

dificuldade de se fixar data certa para o término de obra de grande magnitude sujeita a

diversos obstáculos e situações imprevisíveis.

(D) Trata-se de cláusula abusiva, pois condiciona a entrega do produto sem justa causa

ou limites quantitativos.

(E) Trata-se de cláusula abusiva, pois representa uma oferta enganosa do prazo de

entrega do imóvel, que já estabelece condições para o construtor apurar eventual

necessidade de atraso.

RESPOSTA – C

- Tema abordado no 123º Simulado, TJ-RS III (página 20).

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COMENTÁRIOS

Trata-se de julgado do STJ veiculado no informativo 612.

Informativo 612 STJ (REsp 1.582.318/RJ): Não é abusiva a cláusula de tolerância nos

contratos de promessa de compra e venda de imóvel em construção que prevê

prorrogação do prazo inicial para a entrega da obra pelo lapso máximo de 180 (cento

e oitenta) dias – chamada de cláusula de tolerância.

Apesar de o Código de Defesa do Consumidor incidir na dinâmica dos negócios

imobiliários em geral, não há como ser reputada abusiva a cláusula de tolerância. Isso

porque existem no mercado diversos fatores de imprevisibilidade que podem afetar

negativamente a construção de edificações e onerar excessivamente seus atores, tais

como intempéries, chuvas, escassez de insumos, greves, falta de mão de obra, crise no

setor, entre outros contratempos.

Assim, a complexidade do negócio justifica a adoção no instrumento contratual, desde

que razoáveis, de condições e formas de eventual prorrogação do prazo de entrega da

obra, o qual foi, na realidade, apenas estimado, tanto que a própria lei de regência

disciplinou tal questão, conforme previsão do art. 48, § 2º, da Lei n. 4.591/1964. Logo,

observa-se que a cláusula de tolerância para atraso de obra possui amparo legal, não

constituindo abuso de direito (art. 187 do CC). Por outro lado, não se verifica também,

para fins de mora contratual, nenhuma desvantagem exagerada em

desfavor do consumidor, o que comprometeria o princípio da equivalência das

prestações estabelecidas. Tal disposição contratual concorre para a

diminuição do preço final da unidade habitacional a ser suportada pelo adquirente,

pois ameniza o risco da atividade advindo da dificuldade de se fixar data certa para o

término de obra de grande magnitude sujeita a diversos obstáculos e situações

imprevisíveis.

Desse modo, considerando o teor do informativo e as justificativas apresentadas pela

Corte Cidadã para o reconhecimento da inexistência de abusividade na cláusula de

tolerância de até 180 (cento e oitenta) dias, a alternativa correta é a letra C.

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33. Paciente com insuficiência renal grave faleceu em decorrência de ingerir, por

orientação médica, um anti-inflamatório, cuja bula continha informações de possíveis

reações adversas e a ocorrência de doenças graves renais. O laboratório, fornecedor

do produto,

(A) não responde, pois o produto tem periculosidade inerente (medicamento), cujos

riscos são normais à sua natureza e previsíveis.

(B) reponde objetivamente pela teoria do risco do empreendimento ou da atividade.

(C) responde objetivamente, por ser causador de um acidente de consumo.

(D) responde objetivamente pelos riscos do produto, pelo simples fato de tê-lo colocado

no mercado.

(E) responde subjetivamente, pois se trata de produto defeituoso.

RESPOSTA – A

COMENTÁRIOS

OBSERVAÇÃO: Essa questão foi trabalhada com a Turma de Reta Final tanto no material

escrito da Rodada 1 como no aulão presencial de véspera.

Novidade 2017 (Informativo 603): Em se tratando de produto de periculosidade

inerente (medicamento), cujos riscos são normais à sua natureza e previsíveis, eventual

dano por ele causado ao consumidor não enseja a responsabilização do fornecedor. A

Turma entendeu que NÃO havia fato do produto no caso de consumidor que veio a

morrer de insuficiência renal aguda após ingerir o medicamento. Isso porque a bula

advertia, expressamente, como possíveis reações adversas, a ocorrência de doenças

graves renais. Portanto, em se tratando de produto de periculosidade inerente, cujos

riscos são normais à sua natureza (medicamento com contraindicações) e previsíveis (na

medida em que o consumidor é deles expressamente advertido), eventual dano por ele

causado não enseja a responsabilização do fornecedor. (REsp 1.599.405, T3, Rel. Min.

Marco Aurélio Bellizze, DJe 17/4/2017).

Correta, portanto, somente a alternativa A.

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34. Considerando as regras consumeristas, os empregados demitidos sem justa causa

e os aposentados que contribuíram para plano de saúde coletivo empresarial, nas

condições legais, que tenha sido extinto e um novo contratado em novas condições:

(A) não têm direito de serem mantidos nesse plano, pois as condições dos planos

coletivos impede novos integrantes sem vínculo com a empresa.

(B) não têm direito de serem mantidos nesse plano, por não pertencerem mais aos

quadros da empresa.

(C) têm direito a serem mantidos no plano anterior, com as mesmas condições já

pactuadas, por terem ingressado anteriormente à saída da empresa.

(D) não têm direito de serem mantidos nesse plano, desde que tenham sido asseguradas

a eles as mesmas condições de cobertura assistencial proporcionadas aos empregados

ativos.

(E) têm direito a serem mantidos no plano anterior, com as mesmas condições, por

abusividade da nova contratação.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

Trata-se de cobrança de um julgado do STJ veiculado na grade de Direito Civil dos

Informativos do STJ (Informativo 569 2015). Há alguns julgados posteriores reiterando

a decisão. Causou-nos certa estranheza a cobrança na prova de Direito do Consumidor,

mesmo porque envolve a análise de normas que não constam expressamente do

conteúdo programático.

De toda sorte, como foi veiculado em Informativo do STJ, não cremos ser o caso de

anulação da questão, a despeito dos comentários acima.

Os empregados demitidos sem justa causa e os aposentados que contribuíram para

plano de saúde coletivo empresarial que tenha sido extinto não têm direito de serem

mantidos nesse plano se o estipulante (ex-empregador) e a operadora redesenharam

o sistema estabelecendo um novo plano de saúde coletivo a fim de evitar o seu

colapso (exceção da ruína) ante prejuízos crescentes, desde que tenham sido

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asseguradas aos inativos as mesmas condições de cobertura assistencial

proporcionadas aos empregados ativos (REsp 1.479.420/SP).

Nesse sentido, aliás, a Quarta Turma do STJ (REsp 531.370-SP, DJe 6/9/2012) decidiu

que, embora seja garantida aos empregados demitidos sem justa causa e aos

aposentados "a manutenção no plano de saúde coletivo nas mesmas condições de

assistência médica e de valores de contribuição, desde que assuma o pagamento

integral desta", os valores de contribuição poderão "variar conforme as alterações

promovidas no plano paradigma, sempre em paridade com os que a ex-empregadora

tiver que custear". De fato, pela exceção da ruína - instituto que, conforme definição

doutrinária, representa a circunstância liberatória decorrente da "situação de ruína em

que o devedor poderia incorrer, caso a execução do contrato, atingida por alterações

fácticas, não fosse sustida" -, o vínculo contratual original pode sofrer ação liberatória

e adaptadora às novas circunstâncias da realidade, com a finalidade de manter a

relação jurídica sem a quebra do sistema, sendo imprescindível a cooperação mútua

para modificar o contrato do modo menos danoso às partes. É por isso que, nos

contratos cativos de longa duração, também chamados de relacionais, baseados na

confiança, o rigorismo e a perenidade do vínculo existente entre as partes podem sofrer,

excepcionalmente, algumas flexibilizações, a fim de evitar a ruína do sistema e da

empresa, devendo ser respeitados, em qualquer caso, a boa-fé, que é bilateral, e os

deveres de lealdade, de solidariedade (interna e externa) e de cooperação recíprocos.

Além do mais, ressalte-se que a onerosidade excessiva é vedada tanto para o

consumidor quanto para o fornecedor, nos termos do art. 51, § 2º, da Lei 8.078/1990.

Cumpre destacar, também, que a função social e a solidariedade nos planos de saúde

coletivos assumem grande relevo, tendo em vista o mutualismo existente,

caracterizador de um pacto tácito entre as diversas gerações de empregados passados,

atuais e futuros (solidariedade intergeracional), trazendo o dever de todos para a

viabilização do próprio contrato de assistência médica. Desse modo, na hipótese em

apreço, não há como preservar indefinidamente a sistemática contratual original se

verificada a exceção de ruína.

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5. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

35. No que diz respeito aos dispositivos previstos no Estatuto da Criança e do

Adolescente relativos ao período de gestação até o final da amamentação, assinale a

alternativa correta.

(A) Em virtude dos efeitos do estado gestacional ou puerperal, é vedado à gestante ou

à mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o

nascimento.

(B) A gestante ou mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes

ou logo após o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude,

sendo que após a formalização do interesse manifestado em audiência ou perante a

equipe interprofissional, é vedada a desistência da entrega da criança, pela mãe, após o

nascimento.

(C) O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas

ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de

liberdade, à exceção daquelas incluídas em regime disciplinar diferenciado.

(D) Os estabelecimentos de atendimento à saúde, à exceção das unidades neonatais e

de terapia intensiva, deverão proporcionar condições para a permanência em tempo

integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou

adolescente.

(E) A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência

durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.

RESPOSTA - E

COMENTÁRIOS

Art. 18, § 6º do ECA - A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de

sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto

imediato.

OBSERVAÇÃO: Questão adiantada no material de Reta Final e no Aulão de Véspera.

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36. Em relação ao poder familiar, é correto afirmar:

(A) o consentimento dos pais, detentores do poder familiar, nos pedidos para colocação

em família substituta, é retratável até a data da realização da audiência

judicial, sendo vedado aos pais exercerem o arrependimento após a prolação da

sentença de extinção do poder familiar.

(B) a condenação criminal do pai ou da mãe, por crime doloso praticado contra a vida,

implicará na destituição do poder familiar.

(C) é atribuição do Conselho Tutelar representar ao Ministério Público para efeito das

ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de

manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.

(D) no procedimento para suspensão ou perda do poder familiar é obrigatória a oitiva

dos pais sempre que eles forem identificados e estiverem em local conhecido,

ressalvados os casos de não comparecimento perante a Justiça quando devidamente

citados ou estiverem privados de liberdade.

(E) a falta ou a carência de recursos materiais como motivo suficiente para a perda ou a

suspensão do poder familiar deve ser comprovada mediante o devido processo legal

perante a autoridade judiciária competente.

RESPOSTA - C

COMENTÁRIOS

Art. 136, XI do ECA - São atribuições do Conselho Tutelar: (...) representar ao Ministério

Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas

as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.

OBSERVAÇÃO: Questão adiantada no material de Reta Final e no Aulão de Véspera.

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37. Assinale a alternativa correta no que se refere aos dispositivos previstos no

Estatuto da Criança e Adolescente em relação ao Título destinado à prática de atos

infracionais.

(A) A medida socioeducativa de advertência poderá ser aplicada ao adolescente desde

que haja indícios suficientes da autoria.

(B) A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da

responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir

eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação

em regime de semi-liberdade e a internação.

(C) A medida socioeducativa, denominada liberdade assistida, será fixada pelo prazo

mínimo de 01 (um) mês, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou

substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

(D) A medida de internação poderá ser aplicada na hipótese de reiteração no

cometimento de outras infrações por parte do adolescente infrator.

(E) Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao

adolescente as medidas socioeducativas, sendo vedada a simples determinação de

encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade.

RESPOSTA - B

COMENTÁRIOS

Art. 127 do ECA - A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou

comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes,

podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei,

exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.

OBSERVAÇÃO: Questão adiantada no material de Reta Final.

38. Em relação ao Juízo da Infância e da Juventude, ao Ministério Público, à Defensoria

e ao Advogado, assinale a alternativa correta.

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(A) Em caso de infração cometida por meio de transmissão simultânea de rádio ou

televisão, que atinja mais de uma comarca, será competente, para aplicação da

penalidade, a autoridade judiciária do domicílio dos pais ou responsável, tendo a

sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.

(B) A ausência do defensor do adolescente a quem se atribua ato infracional

determinará o adiamento do ato do processo.

(C) As associações legitimadas, nos termos do Estatuto da Criança e dos Adolescentes,

para ações cíveis fundadas em interesses coletivos ou difusos poderão tomar dos

interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, o qual

terá eficácia de título executivo extrajudicial.

(D) Compete ao Ministério Público conceder a remissão como forma de exclusão do

processo.

(E) Compete à autoridade judiciária disciplinar, por meio de portaria, ou autorizar,

mediante alvará, a entrada e permanência de criança ou adolescente em estúdios

cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.

RESPOSTA - D

COMENTÁRIOS

Art. 126 do ECA - Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato

infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como

forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato,

ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor

participação no ato infracional.

OBSERVAÇÃO: Questão adiantada no material de Reta Final.

39. Em relação à jurisprudência, aos crimes e infrações administrativas previstas no

Estatuto da Criança e dos Adolescentes, e à Organização Judiciária e demais

peculiaridades e competências do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, é correto

afirmar:

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(A) o Conselho da Magistratura do Rio Grande do Sul pode, excepcionalmente, atribuir

às varas da Infância e Juventude competência para processar e julgar o crime de estupro

de vulnerável cuja vítima seja criança ou adolescente.

(B) a conduta consistente em auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança

ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais sem o fito de

obter lucro é penalmente atípica, mas configura infração administrativa.

(C) aquele que adquire vídeo ou qualquer outra forma de representação visual que

apenas simula a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou

pornográfica não pode ser responsabilizado penalmente nos termos do Estatuto da

Criança e do Adolescente.

(D) hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem

autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em pensão é conduta

caracterizada como crime nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente.

(E) a conduta do médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à

saúde de gestante que deixa de efetuar imediato encaminhamento à autoridade

judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em

entregar seu filho para adoção é caracterizada como crime nos termos do Estatuto da

Criança e do Adolescente.

RESPOSTA - A

COMENTÁRIOS

Informativo 729 do STJ - "É constitucional lei estadual que confere poderes ao Conselho

da Magistratura para atribuir aos juizados da infância e juventude competência para

processar e julgar crimes de natureza sexual praticados contra criança e adolescente,

nos exatos limites da atribuição que a Constituição Federal confere aos tribunais. Com

base nesse entendimento, a 2ª Turma denegou habeas corpus em que se discutia a

incompetência absoluta de vara especializada para processar e julgar o paciente pela

suposta prática de delito de atentado violento ao pudor contra menor (CP, artigos 214

e 224). Reputou-se que não haveria violação aos princípios constitucionais da

legalidade, do juiz natural e do devido processo legal, visto que a leitura interpretativa

do art. 96, I, a, da CF admitiria a alteração da competência dos órgãos do Poder Judiciário

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62

por deliberação dos tribunais. Consignou-se que a especialização de varas consistiria em

alteração de competência territorial em razão da matéria, e não em alteração de

competência material, regida pelo art. 22 da CF." (HC 113018/RS, rel. Min. Ricardo

Lewandowski, 29.10.2013)

40. Assinale a alternativa correta de acordo com o entendimento sumulado do

Superior Tribunal de Justiça.

(A) A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em

princípio, do foro da sede da entidade ou do órgão responsável pela adoção das medidas

de proteção ao menor.

(B) A confissão do adolescente no procedimento para aplicação de medida

socioeducativa permite a desistência de outras provas e aplicação de medida mais

adequada ao princípio da reeducação e da proteção integral.

(C) É dispensável a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida

socioeducativa.

(D) A configuração do crime do art. 244-B do ECA depende da prova da efetiva corrupção

do menor, por se tratar de delito formal.

(E) O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em

proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar

dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98

do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos

acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.

RESPOSTA - E

COMENTÁRIOS

Súmula 594-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de

alimentos em proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do

poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco

descritas no artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros

questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.

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OBSERVAÇÃO: Questão adiantada no material de Reta Final e no Aulão de Véspera.

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6. DIREITO PENAL

41. De acordo com o Código Penal, aquele que pratica o fato em estrita obediência a

ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico

(A) responde criminalmente como partícipe de menor importância.

(B) não comete crime, pois tem a ilicitude de sua conduta afastada.

(C) não é punido criminalmente.

(D) responde criminalmente como partícipe.

(E) responde criminalmente como coautor.

RESPOSTA - C

- Tema abordado na Rodada 2 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 72).

COMENTÁRIOS

A questão trata da “obediência hierárquica”, prevista no artigo 22 do Código Penal: - “Se

o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não

manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da

ordem”.

Cuida-se de causa de exclusão da culpabilidade, fundada na inexigibilidade de conduta

diversa, que se dá na hipótese em que um funcionário público comete uma infração

penal em decorrência do cumprimento de ordem, não manifestamente ilegal, emitida

pela superior hierárquico.

Com efeito, a alternativa “não é punido criminalmente” é a que está de acordo com o

Código Penal diante da natureza jurídica de exclusão da culpabilidade da “obediência

hierárquica”.

42. Estritamente nos termos do quanto prescreve o art. 39 do CP, o trabalho do preso

(A) não é obrigatoriamente remunerado, mas se lhe garantem, facultativamente, os

benefícios da Previdência Social.

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(B) será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social.

(C) não é obrigatoriamente remunerado, mas se lhe garantem os benefícios da

Previdência Social.

(D) não é remunerado e não se lhe garantem os benefícios da Previdência Social.

(E) será sempre remunerado, contudo, não se lhe garantem os benefícios da Previdência

Social.

RESPOSTA – B

- Tema abordado na Rodada Extra da Turma de Reta Final TJ-RS (página 104).

COMENTÁRIOS

A questão trata do “trabalho do preso” e cobrou a literalidade da lei. Diz o artigo 39 do

Código Penal: O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os

benefícios da Previdência Social.

A alternativa “B” transcreve o artigo 39 do CP.

43. A pena restritiva de direitos (CP, arts. 43 a 48)

(A) na modalidade perda de bens e valores pertencentes ao condenado, dar-se-á em

favor da vítima.

(B) na modalidade prestação de serviços, pode ser substitutiva de qualquer pena

privativa de liberdade igual ou inferior a quatro anos.

(C) admite exclusivamente as modalidades de prestação pecuniária, perda de bens e

valores, limitação de fim de semana e prestação de serviço à comunidade ou entidade

pública.

(D) converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento

injustificado da restrição imposta.

(E) só pode ser aplicada a condenados primários.

RESPOSTA – D

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66

- Tema abordado na Rodada Extra da Turma de Reta Final TJ-RS (página 107).

COMENTÁRIOS

A questão se refere à pena restritiva de direitos. Pelo conteúdo da questão, seguem os

esclarecimentos.

A alternativa “D” transcreve a primeira parte do artigo 44, §4º, do CP: A pena restritiva

de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento

injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar

será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo

mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.

As demais alternativas estavam incorretas.

Em relação à alternativa “A”, está errada pois: artigo 45, §3º: A perda de bens e valores

pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do

Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante

do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em

consequência da prática do crime.

A alternativa “B” está incorreta diante do que estabelece o “caput” do artigo 46 do

CP: A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às

condenações superiores a seis meses de privação da liberdade

A alternativa “C” está incorreta porque não mencionou a modalidade “interdição

temporária de direitos” prevista no inciso V do artigo 43 e artigo 47 do CP.

A alternativa “E” está incorreta porque é possível a aplicação de pena restritiva de

direitos a reincidente em crime culposo (artigo 44, II, CP, só vedou para crime doloso)

e se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em

face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência

não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime (artigo 44, §3º, do CP).

44. João foi condenado por furto simples (CP, art. 155, caput) em sentença já

transitada em julgado para a acusação. Na primeira fase de dosimetria, a pena foi

fixada no mínimo legal. Reconhecidas circunstâncias agravantes, a pena foi majorada

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67

em 1/2 (metade). Por fim, em razão da continuidade delitiva, a pena foi novamente

aumentada em 1/2 (metade). A prescrição da pretensão executória dar-se-á em

(A) 4 (quatro) anos.

(B) 3 (três) anos.

(C) 8 (oito) anos.

(D) 12 (doze) anos.

(E) 2 (dois) anos

RESPOSTA – A

COMENTÁRIOS

A questão refere-se à aplicação da pena, prescrição da pretensão executória e exigia do

candidato o conhecimento do montante da pena cominada ao delito de furto (artigo

155, caput, do CP) e dos prazos prescricionais da pretensão executória (artigo 110 c/c

artigo 110, § 1º, do CP).

A pena mínima do furto simples é de reclusão, de um a quatro anos, e multa.

A pena base foi fixada no mínimo legal.

Na segunda fase, a pena foi exasperada em 1/2, resultando a pena intermediária em um

ano e seis meses.

Na terceira fase, a pena foi, novamente, majorada em 1/2, resultando a pena definitiva

em dois anos e três meses de reclusão.

Nos termos do artigo 110, §1º, c/c artigo 109, IV, do CP, a prescrição se dá em oito anos,

eis que a pena aplicada é superior a dois, mas não excede quatro anos.

Ao que parece, o examinador entendeu que o acréscimo decorrente da causa de

aumento incidiu sobre a pena mínima cominada e fixada como pena base (não sobre o

resultante da exasperação decorrente do reconhecimento de agravante), situação em

que a pena final resulta, diante das diretrizes da pergunta, em dois anos, ensejando,

portanto, o prazo prescricional de quatro anos.

Contudo, com o devido respeito, não se trata de posição unânime na doutrina e não se

trata de prática aplicada, uniformemente, nas Varas Criminais.

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68

Vale citar o entendimento de Cleber Masson ao transcorrer sobre a terceira fase da

aplicação da pena: “São circunstâncias obrigatórias ou facultativas de diminuição ou de

aumento da pena, previstas na Parte Geral ou na Parte Especial do Código Penal, e

também na legislação especial, em quantidade fixa ou variável. Incidem sobre o

aumento resultante da segunda fase de aplicação da pena (agravantes e atenuantes),

e não sobre a pena base (Direito Penal, Parte Geral, volume 1, 12ª edição, pg. 759).

ATENÇÃO! Com efeito, acredita-se que a alternativa “C” é a correta, ou também deve

ser assim considerada se não for o caso de anulação por se tratar de questão que admite

duas respostas corretas.

45. O feminicídio (CP, art. 121, § 2º, VI)

(A) está ausente do rol dos crimes hediondos (Lei no 8.072/90).

(B) demanda, para seu reconhecimento, obrigatória relação doméstica ou familiar entre

agressor e vítima.

(C) é o homicídio qualificado por condições do sexo feminino.

(D) foi introduzido em nosso ordenamento pela Lei Maria da Penha (Lei no 11.340/06).

(E) admite a modalidade preterdolosa.

RESPOSTA – C

- Tema abordado na Rodada 11 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 10).

COMENTÁRIOS

A questão trata do feminicídio e reproduziu como alternativa correta a literalidade do

inciso VI, incluído pela Lei 13.104/15 (lei que também previu o feminicídio como crime

hediondo), do artigo 121 parágrafo 2° do CP: contra a mulher por razões da condição de

sexo feminino.

O § 2º-A do artigo 121 do Código Penal contém uma norma explicativa sobre o que

consiste por razões da condição de sexo feminino.

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69

Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve (não

exigindo, obrigatoriamente, a relação doméstica ou familiar entre agressor e vítima,

diante do inciso II):

I - violência doméstica e familiar;

II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

46. Utilizando-se de uma chave falsa, José invadiu um museu e amarrou o vigilante

Marcos na cama em que este cochilava, a fim de efetivar a subtração de obras de arte

que guarneciam o local. Durante a amarração, Marcos acorda, tenta impedir José, mas

não consegue se desvencilhar das cordas e assiste, impotente, ao cometimento do

crime. Praticada a subtração, José deixou o local, sem desamarrar Marcos. Horas

depois, por conta de uma inesperada e forte chuva seguida de inundação, e em razão

de estar amarrado, Marcos morreu por afogamento. Considere a inundação causa

superveniente relativamente independente. Diante desse quadro, José será

responsabilizado por

(A) latrocínio (CP, art. 157, § 3º).

(B) roubo impróprio (CP, art. 157, § 1º).

(C) roubo (CP, art. 157) em concurso com homicídio culposo (CP, art. 121, § 3º).

(D) roubo próprio (CP, art. 157, caput).

(E) furto qualificado (CP, art. 155, § 4º, III) em concurso com homicídio culposo (CP, art.

121, § 3º).

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

A questão trata da tipificação do crime de roubo e do nexo de causalidade, sendo certo

que o examinador reconheceu a inundação como causa superveniente relativamente

independente.

Com efeito, à luz do artigo 13, §1º, do CP ( A superveniência de causa relativamente

independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos

anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou) a inundação deve ser

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70

reconhecida como geradora, por si só, do resultado, restando o fato anterior (roubo

próprio) a ser imputado a José.

47. De acordo com o § 1º do art. 302 da Lei no 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro),

no homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada

de 1/3 (um terço) à metade, se o agente

(A) estiver sob efeito de álcool ou droga.

(B) não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação.

(C) for contumaz infrator das leis de trânsito.

(D) praticá-lo conduzindo em velocidade excessiva.

(E) praticá-lo durante corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada

pela autoridade competente.

RESPOSTA – B

- Tema abordado na Rodada 2 da Turma de Reta Final TJ-RS (páginas 26 e 270).

COMENTÁRIOS

Art. 302, § 1º , CTB: No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a

pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do

acidente;

IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte

de passageiros.

A alternativa correta “B” retrata o inciso I (não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira

de Habilitação) do dispositivo legal, não constando as demais alternativas dentre as

hipóteses previsstas no referido enunciado legal.

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48. Assinale a proposição que reflete entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal

Federal.

(A) Se a cártula foi pré-datada, ainda que tenha havido fraude, não se configura o crime

de emissão de cheque sem fundos (súmula 246).

(B) É unicamente do Ministério Público, mediante representação, a legitimidade para a

ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas

funções (súmula 714).

(C) A medida de segurança pode ser aplicada em segunda instância, ainda que só o réu

tenha recorrido (súmula 525).

(D) Não se tipifica crime contra a ordem tributária (Lei no 8.137/90) antes do

lançamento definitivo do tributo (súmula vinculante 24).

(E) Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua

consumação (súmula 145).

RESPOSTA – E

- Tema abordado na Rodada 2 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 92).

COMENTÁRIOS

Súmula 246: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão

de cheque sem fundos.

Súmula 714: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério

Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra

a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.

Súmula 525: A medida de segurança não será aplicada em segunda instância, quando só

o réu tenha recorrido.

Súmula Vinculante 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto

no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.

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Súmula 145: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna

impossível a sua consumação.

Como se nota, o examinador exigiu o conhecimento da literalidade dos enunciados das

Súmulas mencionadas, apenas retratando, fidedignamente, o conteúdo da Súmula 145

na alternativa “E”. As demais não retratam corretamente os enunciados sumulados,

havendo mera semelhança na alternativa “D”, porém incorreta porque ampliou o

conteúdo da súmula vinculante 24.

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73

7. DIREITO PROCESSUAL PENAL

49. A respeito dos prazos previstos no CPP e em leis especiais, assinale a alternativa

correta.

(A) No procedimento relativo aos processos da competência do Tribunal do Júri, se

houver indícios de autoria ou de participação de outras pessoas não incluídas na

acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o acusado, determinará o retorno dos

autos ao Ministério Público, por 15 dias, aplicável, no que couber, o art. 80, do CPP.

(B) A audiência de instrução e julgamento no procedimento ordinário será realizada no

prazo máximo de 45 dias.

(C) O procedimento relativo aos processos da competência do Tribunal do Júri será

concluído no prazo máximo de 120 dias.

(D) Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro do prazo de 5 dias, se a

decisão for definitiva ou interlocutória mista.

(E) Em crime de tráfico de entorpecentes, recebida cópia do auto de prisão em flagrante,

o juiz, no prazo de 5 dias, certificará a regularidade formal do laudo de constatação e

determinará a destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à

realização do laudo definitivo.

RESPOSTA – A

COMENTÁRIOS

ALTERNATIVA A: CORRETA

De acordo com o art. 417 do CPP.

ALTERNATIVA B: INCORRETA

O prazo é de 60 dias, de acordo com o art. 400 do CPP.

ALTERNATIVA C: INCORRETA

O prazo é de 90 dias, de acordo com o art. 412 do CPP.

ALTERNATIVA D: INCORRETA

De acordo com o art. 800 do CPP:

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Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro dos prazos

seguintes, quando outros não estiverem estabelecidos:

I - de dez dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória mista;

II - de cinco dias, se for interlocutória simples;

III - de um dia, se se tratar de despacho de expediente.

ALTERNATIVA E: INCORRETA

O prazo é de 5 dias, de acordo com o art. 50, §3º da Lei nº 11.343/06.

50. Assinale a alternativa correta.

(A) A interceptação das comunicações telefônicas não poderá ser determinada ex officio

pelo juiz.

(B) Não pode o juiz, havendo indícios suficientes, decretar ex officio, no curso do

inquérito ou da ação penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias relacionadas

aos bens móveis e imóveis ou valores consistentes em produtos dos crimes previstos na

Lei no 11.343/06.

(C) As medidas protetivas de urgência, previstas na Lei no 11.340/06, não poderão ser

concedidas ex officio pelo juiz, dependendo sempre de requerimento da parte

interessada ou mesmo da autoridade policial ou do Ministério Público.

(D) Em relação à proteção aos réus colaboradores, prevista na Lei no 9.807/99, não pode

o juiz conceder o perdão judicial ex officio.

(E) No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois

de ouvido o Ministério Público, declarará a extinção da punibilidade.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

OBS: O tema desta questão foi objeto de abordagem na rodada de Processo Penal que

tratou do ponto “PROVAS” e “LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL ESPECIAL” Turma de

Reta Final do TJ/RS.

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ALTERNATIVA A: INCORRETA

De acordo com o art. 3º da Lei nº 9.296/96.

ALTERNATIVA B: INCORRETA

De acordo com o art. 60, caput, da Lei nº 11.343/06.

ALTERNATIVA C: INCORRETA

De acordo com o art. 22, caput, da Lei nº 11.340/06.

ALTERNATIVA D: INCORRETA

De acordo com o art. 13 Lei no 9.807/99.

ALTERNATIVA E: CORRETA

De acordo com o art. 62 do CPP.

51. Assinale a alternativa correta sobre o Tribunal do Júri.

(A) O exercício efetivo da função de jurado constitui serviço público relevante, mas não

estabelece presunção de idoneidade moral.

(B) O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 7 (sete)

jurados que serão sorteados dentre os alistados.

(C) O juiz presidente será ouvido nos pedidos de desaforamento quando não for ele o

solicitante.

(D) O serviço do júri é facultativo às gestantes e aos cidadãos maiores de 70 anos.

(E) Se forem dois ou mais os acusados, as recusas deverão ser feitas por um só defensor.

RESPOSTA – C

COMENTÁRIOS

ALTERNATIVA A: INCORRETA

O exercício efetivo da função de jurado constitui serviço público relevante e estabelece

presunção de idoneidade moral, de acordo com o art. 439 do CPP.

ALTERNATIVA B: INCORRETA

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76

O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e

cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão

o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento, de acordo com o art. 447 do

CPP.

ALTERNATIVA C: CORRETA

De acordo com o art. 427, §3º do CPP.

ALTERNATIVA D: INCORRETA

Inexiste facultatividade ao serviço do júri, pois este é obrigatório. Não consta do rol dos

isentos do serviço do júri (art. 437 do CPP) as gestantes e maiores de 70 anos)

ALTERNATIVA E: INCORRETA

De acordo com o art. 469 do CPP (é uma faculdade, e não obrigatoriedade): Se forem 2

(dois) ou mais os acusados, as recusas poderão ser feitas por um só defensor.

52. Assinale a alternativa correta em relação às assertivas a seguir.

(A) Caberá recurso em sentido estrito da decisão que julgar o incidente de falsidade.

(B) A revisão criminal não poderá ser requerida após a extinção da pena.

(C) Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença

não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou

qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, do CPP, ainda que não se tenha habilitado

como assistente, poderá interpor apelação com efeito suspensivo.

(D) Não há mais previsão legal do recurso então chamado “Carta Testemunhável”.

(E) No julgamento das apelações, não poderá o tribunal, câmara ou turma proceder a

novo interrogatório do acusado.

RESPOSTA – A

COMENTÁRIOS

OBS: O tema desta questão foi objeto de abordagem na rodada de Processo Penal que

tratou do ponto “RECURSOS” na turma de Reta Final do TJ/RS.

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ALTERNATIVA A: CORRETA

De acordo com o art. 581, XVIII do CPP.

ALTERNATIVA B: INCORRETA

Poderá, de acordo com o art. 622 do CPP.

ALTERNATIVA C: INCORRETA

A apelação não possui efeito suspensivo, de acordo com o art. 598 do CPP.

ALTERNATIVA D: INCORRETA

Existe previsão do art. 639 e seguintes do CPP.

ALTERNATIVA E: INCORRETA

A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido

fundamentado de qualquer das partes, de acordo com o art. 196 do CPP.

53. Em relação aos enunciados a seguir, assinale o que representa entendimento já

sumulado pelo STJ.

(A) O excesso de prazo na instrução, independentemente de quem o produz, gera

constrangimento ilegal a ensejar o relaxamento da prisão.

(B) É admissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao

regime aberto.

(C) Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, considera-se

o tempo de cumprimento da pena no regime fechado, salvo se houver falta grave.

(D) A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.

(E) É desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do Código de Processo

Penal.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

OBS: A Súmula 441 do STJ, assertiva correta da questão, foi tratada na MEGA REVISÃO

de véspera do TJ/RS.

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ALTERNATIVA A: INCORRETA

STJ, Súmula 64 - Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução,

provocado pela defesa.

ALTERNATIVA B: INCORRETA

STJ, Súmula 493 - É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como

condição especial ao regime aberto.

ALTERNATIVA C: INCORRETA

STJ, Súmula 40 - Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo,

considera- se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado (inexiste ressalva

quanto à falta grave).

ALTERNATIVA D: CORRETA

STJ, Súmula 441 - A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento

condicional.

ALTERNATIVA E: INCORRETA

STJ, Súmula 330 - É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do

Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial (somente nesta

hipótese, e não como regra geral como a questão induziu).

54. O juiz, ao proferir sentença condenatória,

(A) poderá deixar de indicar os motivos de fato e de direito em que se funda a decisão,

caso não haja divergência entre as partes.

(B) se aditada a denúncia e, em sendo recebido referido aditamento, está adstrito na

sua sentença aos termos do aditamento, não podendo considerar a definição jurídica

anterior contida na denúncia.

(C) estabelecerá valor máximo para reparação dos danos causados pela infração,

considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido.

(D) mencionará as circunstâncias agravantes, desde que tenham sido estas requeridas

na denúncia ou mesmo em alegações finais.

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(E) decidirá de forma resumida sobre a manutenção da prisão preventiva.

RESPOSTA – B

- Tema abordado no 123º Simulado Mege, TJ-RS III (Questão 55, explicação sobre a letra

D).

COMENTÁRIOS

ALTERNATIVA A: INCORRETA

De acordo com o art. 381, III do CPP (norma cogente).

ALTERNATIVA B: CORRETA

De acordo com o art. 384, §4º do CPP.

ALTERNATIVA C: INCORRETA

De acordo com o art. 387, IV, do CPP (valor mínimo, e não máximo).

ALTERNATIVA D: INCORRETA

De acordo com o art. 387, I CPP, o juiz pode reconhecer de ofício as circunstâncias

agravantes.

ALTERNATIVA E: INCORRETA

De acordo com o art. 387, §1º CPP, o juiz deve decidir fundamentadamente.

55. Sobre prisão e medidas cautelares, é correto afirmar:

(A) por se tratar de medida urgente, a prisão deverá ser efetuada em qualquer lugar e

dia e a qualquer hora.

(B) a falta de exibição do mandado não obsta a prisão se a infração for inafiançável.

(C) deverão ser aplicadas, observando-se a necessidade, adequação, regulamentação,

usos e costumes e os princípios gerais de direito.

(D) o juiz não pode dispensar a manifestação da parte contrária antes de decidir sobre

o pedido de medida cautelar.

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80

(E) dispensa-se a assinatura no mandado de prisão quando a autoridade judiciária

responsável pela sua expedição se fizer presente em seu cumprimento.

RESPOSTA – B

COMENTÁRIOS

OBS: O tema desta questão foi objeto de abordagem na rodada de Processo Penal que

tratou do ponto “PRISÕES, LIBERDADE PROVISÓRIA E MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS

DA PRISÃO” na turma de Reta Final do TJ/RS.

ALTERNATIVA A: INCORRETA

De acordo com o art. 283, §2º do CPP: A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e

a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio.

OBS: Entendo que a presente questão é passível de anulação, uma vez que a presente

assertiva trouxe a regra geral, sem trazer em seu enunciado termos como “sempre”, ou

“em todos os casos”, ou afins. Assim, apesar de incompleto, o item não poderia ser

considerado errado pela banca examinadora.

ALTERNATIVA B: CORRETA

De acordo com o art. 287 do CPP.

ALTERNATIVA C: INCORRETA

De acordo com o art. 282 do CPP, que só faz referência à necessidade e adequação.

ALTERNATIVA D: INCORRETA

De acordo com o art. 282, §3º do CPP, o juiz pode dispensar o contraditório em casos

de urgência ou perigo de ineficácia da medida.

ALTERNATIVA E: INCORRETA

Inexiste essa previsão no nosso ordenamento processual penal.

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56. A respeito das provas, assinale a alternativa correta.

(A) São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilegítimas,

assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

(B) A pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa será computada como

testemunha.

(C) O exame para o reconhecimento de escritos, tal como o reconhecimento fotográfico,

não tem previsão legal.

(D) O juiz não tem iniciativa probatória.

(E) A falta de exame complementar, em caso de lesões corporais, poderá ser suprida

pela prova testemunhal.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

OBS: O tema desta questão, além de profundamente abordada na rodada de Processo

Penal que versou sobre provas na Turma de Reta Final do TJ/RS, também foi tratada na

MEGA REVISÃO de véspera do TJ/RS.

ALTERNATIVA A: INCORRETA

De acordo com o art. 157, caput, do CPP.

A doutrina processual penal faz uma distinção conceitual entre a prova ilícita e a prova

ilegítima, sendo aquela a obtida com violação ao direito substantivo (material) e esta a

obtida com violação ao direito adjetivo (processual). O enunciado se refere à prova

ilícita, e não ilegítima.

ALTERNATIVA B: INCORRETA

Art. 209, §2º do CPP: Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber

que interesse à decisão da causa.

ALTERNATIVA C: INCORRETA

O reconhecimento de escritos possui previsão no art. 174 do CPP.

ALTERNATIVA D: INCORRETA

De acordo com o art. 156, caput, do CPP.

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ALTERNATIVA E: CORRETA

De acordo com o art. 167, §3º do CPP.

57. Assinale a alternativa correta.

(A) O procedimento comum será ordinário, sumário ou especial.

(B) Os processos que apuram a prática de crime hediondo terão prioridade de

tramitação em todas as instâncias apenas se houver réu preso.

(C) O juiz terá o prazo de 5 dias para proferir a sentença caso conceda às partes prazo

para a apresentação de memoriais.

(D) No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão

proferida em processo penal, é facultativa a citação do réu como litisconsorte passivo.

(E) Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ainda que

seja patente o constrangimento ilegal causado.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

ALTERNATIVA A: INCORRETA

De acordo com o art. 394, §1º do CPP: O procedimento comum será ordinário, sumário

ou sumaríssimo (e não especial).

ALTERNATIVA B: INCORRETA

De acordo com o art. 394-A do CPP (a prioridade de tramitação independe de o réu se

encontrar preso).

ALTERNATIVA C: INCORRETA

De acordo com o art. 403, §3º do CPP (prazo de 10 dias).

ALTERNATIVA D: INCORRETA

De acordo com a SÚMULA Nº 701 DO STF, no mandado de segurança impetrado pelo

Ministério Público contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação

do réu como litisconsorte passivo.

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ALTERNATIVA E: CORRETA

De acordo com a SÚMULA Nº 693 DO STF: Não cabe "habeas corpus" contra decisão

condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que

a pena pecuniária seja a única cominada.

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84

8. DIREITO CONSTITUCIONAL

58. No ano de 2017, o Ministro Relator Luís Roberto Barroso suscitou, no âmbito do

Supremo Tribunal Federal, uma questão de ordem na Ação Penal (AP) 937,

defendendo a tese de que o foro de prerrogativa de função deve ser aplicado somente

aos delitos cometidos por um deputado federal no exercício do cargo público ou em

razão dele. O julgamento se encontra suspenso por um pedido de vistas, mas, se

prevalecer o entendimento do Ministro Relator, haverá uma mudança de

posicionamento do Supremo Tribunal Federal em relação ao instituto do foro de

prerrogativa de função, que ocorrerá independentemente da edição de uma Emenda

Constitucional. A hermenêutica constitucional denomina esse fenômeno de

(A) força normativa da Constituição.

(B) princípio da concordância prática.

(C) mutação informal da Constituição.

(D) maximização das normas constitucionais.

(E) interpretação sistêmica.

RESPOSTA – C

- Tema abordado na Rodada 8 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 33).

COMENTÁRIOS

Conforme rodada MEGE: “mutação constitucional”: Processos informais de alteração

da Constituição, sem que ocorra alteração no texto magno. Como assim? Sem reformar

(sem alterar o texto), extrai-se uma nova intepretação do que está escrito com base nas

alterações das circunstâncias fáticas (contexto econômico, social, político,

ideológico...)”. É exatamente o que se faz na espécie.

59. Assinale a alternativa que corretamente contempla um exemplo de aplicação do

conceito de dimensão objetiva dos direitos fundamentais.

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(A) Decisão do Supremo Tribunal Federal em que foi firmado o entendimento de que a

revista íntima em mulheres em fábrica de lingerie, ou seja, empresa privada, constitui

constrangimento ilegal.

(B) Habeas Corpus que se fundamenta no argumento de que a liberdade de um indivíduo

suspeito da prática de infração penal somente pode sofrer restrições se houver decisão

judicial devidamente fundamentada.

(C) A previsão da Constituição Federal que afirma que “é livre a expressão da atividade

intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou

licença”.

(D) Propositura de ação, com pedido de tutela de urgência, por indivíduo que pleiteia

que o Poder Público forneça medicamentos dos quais necessita e não possui condições

de adquirir.

(E) Mandado de injunção em que é questionada omissão normativa que inviabiliza o

exercício de prerrogativas inerentes à nacionalidade, pleiteando-se decisão judicial que

afaste as consequências da inércia do legislador.

RESPOSTA – A

COMENTÁRIOS

Os direitos fundamentais possuem dimensão dúplice:

A dimensão subjetiva gravita em torno da posição jurídica do indivíduo,

consubstanciando-se na faculdade de o titular de um direito exigir uma ação ou uma

abstenção do Estado ou de outro indivíduo tendo em vista preservar a sua situação em

particular: “O direito subjectivo consagrado por uma norma de direito fundamental

reconduz-se, assim, a uma relação trilateral entre o titular, o destinatário e o objecto do

direito” (Canotilho).

Já da dimensão jurídico-objetiva inovações constitucionais de extrema importância e

alcance, tais como:

a) a irradiação e a propagação dos direitos fundamentais a toda a esfera do Direito

Privado; em rigor, a todas as províncias do Direito, sejam jusprivatistas, sejam

juspublicísticas;

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86

b) a elevação de tais direitos à categoria de princípios, de tal sorte que se convertem no

mais importante pólo de eficácia normativa da Constituição;

c) a eficácia vinculante, cada vez mais enérgica e extensa, com respeito aos três Poderes,

nomeadamente o Legislativo;

d) a aplicabilidade direta e a eficácia imediata dos direitos fundamentais com perda do

caráter de normas programáticas;

e) a dimensão axiológica, mediante a qual os direitos fundamentais aparecem como

postulados sociais que exprimem uma determinada ordem de valores e ao mesmo passo

servem de inspiração, impulso e diretriz para a legislação, a administração e a jurisdição;

f) o desenvolvimento da eficácia inter privatos, ou seja, em relação a terceiros

(Drittwirkung), com atuação no campo dos poderes sociais, fora, portanto, da órbita

propriamente dita do Poder Público ou do Estado, dissolvendo, assim, a exclusividade

do confronto subjetivo imediato entre o direito individual e a máquina estatal;

confronto do qual, nessa qualificação, os direitos fundamentais se desataram;

g) a aquisição de um "duplo caráter" (Doppelcharakter; Doppelgestalt ou

Doppelqualifizierung), ou seja, os direitos fundamentais conservam a dimensão

subjetiva - da qual nunca se podem apartar, pois, se o fizessem, perderiam parte de sua

essencialidade - e recebem um aditivo, uma nova qualidade, um novo feitio, que é a

dimensão objetiva, dotada de conteúdo valorativo-decisório, e de função protetora tão

excelentemente assinalada pelos publicistas e juízes constitucionais da Alemanha;

h) a elaboração do conceito de concretização, de grau constitucional, de que se têm

valido, com assiduidade, os tribunais constitucionais do Velho Mundo na sua construção

jurisprudencial em matéria de direitos fundamentais;

i) o emprego do princípio da proporcionalidade vinculado à hermenêutica concretizante,

emprego não raro abusivo, de que derivam graves riscos para o equilíbrio dos Poderes,

com os membros da judicatura constitucional desempenhando de fato e de maneira

insólita o papel de legisladores constituintes paralelos, sem todavia possuírem, para

tanto, o indeclinável título de legitimidade; e

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87

j) a introdução do conceito de pré-compreensão (Vorverständnis), sem o qual não há

concretização” (Bonavides). Assim, a vedação à revista íntima é aplicação da teoria

horizontal dos direitos fundamentais e da sua dimensão objetiva.

60. A iniciativa popular no processo de reforma da Constituição Federal de 1988

(A) não é contemplada pelo texto constitucional vigente, posto que este prevê que todo

poder emana do povo, que o exercerá exclusivamente por meio de representantes

eleitos.

(B) é vedada pelo texto constitucional vigente, que prevê que a participação popular se

dará exclusivamente por meio do voto, do plebiscito e do referendo.

(C) é prevista expressamente pelo texto constitucional, podendo ser exercida pela

apresentação de proposta subscrita por, no mínimo, cinco por cento do eleitorado

nacional.

(D) não é prevista expressamente pelo texto constitucional, muito embora seja admitida

por alguns autores, com fundamento em uma interpretação sistemática da Constituição

Federal.

(E) é prevista expressamente pelo texto constitucional, podendo ser exercida pela

apresentação de proposta subscrita por, no mínimo, um por cento do eleitorado

nacional.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

Não há previsão expressa de iniciativa popular para PEC, mas há autores que a admitem

por analogia, a partir de uma interpretação sistemática da CF (José Afonso da Silva

(Rodada MEGE Extensiva).

61. Considere a seguinte situação hipotética: Na ausência de lei federal sobre um

determinado tema, de competência legislativa concorrente, em 1995, o Estado do Rio

Grande do Sul exerceu sua competência legislativa em matéria de proteção e defesa

da saúde, nos termos da Constituição Federal, editando lei estadual que proibiu o uso

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88

de determinada substância no território estadual. Em 2007, a União editou lei federal

que regulou o uso dessa mesma substância, permitindo-o, ainda que de forma restrita.

No entanto, a lei federal foi objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o

Supremo Tribunal Federal. Não foi suspensa a aplicação da norma federal, no entanto,

ela foi declarada inconstitucional, em 2017. Com isso, a lei estadual deve ser

considerada

(A) inválida, pois no âmbito da competência legislativa concorrente, caberia ao

Município – e não ao Estado – legislar sobre proteção e defesa da saúde, sobretudo se

o uso da substância for relacionado ao interesse local.

(B) válida, pois a superveniência de lei federal apenas suspende a eficácia da lei estadual

no âmbito da competência concorrente, de modo que, com a declaração de

inconstitucionalidade da lei federal, a norma estadual teve sua eficácia restabelecida.

(C) inválida, pois a declaração de inconstitucionalidade da lei federal não restabelece a

eficácia da lei estadual, tendo como efeito apenas a devolução da competência ao

Estado para legislar sobre normas gerais enquanto não for editada nova lei federal.

(D) válida, pois a lei federal não revoga nem suspende a eficácia da lei estadual; em casos

em que as normas federal e estadual forem incompatíveis, caberá ao Supremo Tribunal

Federal decidir qual delas é aplicável.

(E) inválida, pois a competência legislativa concorrente permite que o Estado exerça sua

competência suplementar somente após a União exercer plenamente sua competência

de legislar sobre normas gerais.

RESPOSTA – B

COMENTÁRIOS

Conforme artigo 24, § 4º, da CF: “A superveniência de lei federal sobre normas gerais

suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário”.

62. Assinale a alternativa que corretamente discorre sobre o Conselho Nacional de

Justiça.

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(A) O Conselho Nacional de Justiça poderá exercer o controle abstrato de

constitucionalidade, declarando, em tese e como questão principal de eventual

procedimento de controle administrativo, a inconstitucionalidade de lei ou ato

normativo.

(B) Sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos Tribunais, o Conselho

Nacional de Justiça pode avocar processos disciplinares e determinar, dentre outras

sanções cabíveis, a perda do cargo de membro do Poder Judiciário.

(C) O fato de o Conselho Nacional de Justiça ser composto por algumas pessoas

estranhas ao Poder Judiciário fere a independência desse poder, tanto que o Supremo

Tribunal Federal já declarou inconstitucionais os dispositivos que versam sobre a

composição do Conselho.

(D) A Constituição Federal determina que a União crie ouvidorias de justiça, que serão

competentes para receber reclamações e denúncias contra membros do Poder

Judiciário e encaminhá-las aos respectivos Tribunais, mas não diretamente ao Conselho

Nacional de Justiça.

(E) O Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma competência sobre o Supremo

Tribunal Federal e seus ministros, sendo esse o órgão máximo do Poder Judiciário

nacional, a que aquele está sujeito.

RESPOSTA – E

- Tema abordado no 109º Simulado Mege (Questão 62).

COMENTÁRIOS

“CNJ. Órgão de natureza exclusivamente administrativa. Atribuições de controle da

atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura. Competência relativa

apenas aos órgãos e juízes situados, hierarquicamente, abaixo do STF. Preeminência

deste, como órgão máximo do Poder Judiciário, sobre o Conselho, cujos atos e decisões

estão sujeitos a seu controle jurisdicional. Inteligência dos arts. 102, caput, I, r, e 103-B,

§ 4º, da CF. O CNJ não tem nenhuma competência sobre o STF e seus ministros, sendo

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90

este o órgão máximo do Poder Judiciário nacional, a que aquele está sujeito” (STF, ADI

3.367, rel. min. Cezar Peluso, j. 13-4-2005, P, DJ de 22-9-2006.)

63. Conforme já decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em matéria de controle de

constitucionalidade,

(A) se os órgãos fracionários dos tribunais não submeterem ao plenário, ou ao órgão

especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamentos

destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão, haverá violação da

cláusula de reserva de plenário.

(B) aqueles que integram o processo em primeira instância na qualidade de terceiros –

como assistentes, denunciados à lide ou chamados ao processo – não podem suscitar,

pela via difusa, questão prejudicial de constitucionalidade.

(C) a ação civil pública ajuizada para resguardar direitos difusos ou coletivos pode

substituir a ação direta, própria do controle concentrado das normas, não cabendo, no

entanto, tal substituição se a ação civil pública versar sobre direitos individuais

homogêneos.

(D) tanto as normas constitucionais originárias quanto as normas constitucionais

derivadas podem ser objeto de controle difuso, pela via de defesa, e de controle

concentrado, a ser exercido pelo próprio Supremo Tribunal Federal.

(E) inexiste usurpação de competência do STF quando os Tribunais de Justiça analisam,

em controle concentrado, a constitucionalidade de leis municipais ante normas

constitucionais estaduais que reproduzam regras da Constituição Federal que sejam de

observância obrigatória.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

“Os Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis

municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se

trate de normas de reprodução obrigatória pelos estados. STF. Plenário. RE 650898/RS,

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91

rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/2/2017

(repercussão geral) (Info 852)”. Colacionada na Rodada do MEGE.

64. No atual sistema normativo brasileiro, à luz do posicionamento assumido pelo

Supremo Tribunal Federal, os tratados que possuem status normativo supralegal

(A) estão submetidos ao controle de convencionalidade concentrado,

independentemente da forma como foram incorporados ao ordenamento interno,

cabendo admitir o uso de todos os instrumentos desse controle perante o Supremo

Tribunal Federal.

(B) são sujeitos a um controle concentrado, realizado pelo Supremo Tribunal Federal,

por meio da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, quando for

relevante o fundamento da controvérsia entre o tratado internacional e o direito

interno.

(C) são sujeitos a um controle de convencionalidade difuso, sendo dever do juiz nacional

examinar a compatibilidade das normas internas com as convencionais, mediante

provocação da parte ou de ofício.

(D) foram incorporados pelo processo legislativo de emendas constitucionais e podem

ser objeto de controle de constitucionalidade e convencionalidade, tanto pela via

concentrada quanto pela via difusa.

(E) foram incorporados pelo processo legislativo comum e não podem ser objeto de

controle de constitucionalidade ou de convencionalidade, este reservado aos tratados

que possuem status normativo supraconstitucional.

RESPOSTA – C

COMENTÁRIOS

“Se o tratado internacional de direito humano não tiver sido aprovado com o quórum

qualificado, não poderá servir de parâmetro de controle de constitucionalidade (é

materialmente, mas não formalmente constitucional). Como são normas supralegais,

podem ser parâmetro de controle convencionalidade ou de supralegalidade” (Rodada

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MEGE). Por lógico, esse controle pode ser pela via difusa, de ofício ou mediante

provocação.

65. A Súmula Vinculante nº 49 afirma que a lei municipal que impede a instalação de

estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área é

(A) inconstitucional, porque compete privativamente à União legislar sobre atividades

financeiras, econômicas e comerciais.

(B) inconstitucional, porque viola o princípio da livre concorrência, previsto como

princípio expresso da ordem econômica na Constituição Federal de 1988.

(C) inconstitucional, porque um dos princípios da ordem econômica na Constituição

Federal de 1988 é a redução das desigualdades regionais e sociais.

(D) constitucional, porque os Municípios são competentes para legislar sobre assuntos

de interesse local conforme prevê o texto da Carta da República.

(E) constitucional, porque no âmbito da ordem econômica da Constituição Federal de

1988, a intervenção do Estado deve coibir o abuso do poder econômico.

RESPOSTA – B

- Tema abordado no 123º Simulado Mege, TJ-RS IIII (Questão 64).

COMENTÁRIOS

A súmula vinculante nº 49 é conversão da Súmula 646 do Supremo Tribunal Federal,

segundo a qual: “ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a

instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área”.

66. A Constituição Federal de 1988 propicia amparo a alguns grupos sociais

vulneráveis, sendo um exemplo disso

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(A) a garantia de acesso e locomoção adequados às pessoas portadoras de deficiência,

sendo a construção ou adaptação dos logradouros públicos e privados de

responsabilidade do Estado.

(B) a proteção especial de crianças e adolescentes órfãos ou abandonados, por meio de

acolhimento institucional, que será mantido com os recursos oriundos do salário-

família.

(C) a posse permanente, pelos índios, das terras por eles tradicionalmente ocupadas,

cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas

existentes.

(D) a garantia de gratuidade nos transportes coletivos às pessoas com idade igual ou

superior a 60 (sessenta) anos.

(E) o conceito de família, estabelecido na Carta de 1988, de caráter limitado à

comunidade entre ambos os pais com os respectivos filhos, como base da sociedade e

destinatária de proteção especial do Estado.

RESPOSTA – C

COMENTÁRIOS

Redação exata do artigo 231, § 2º: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios

destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas

do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes”.

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9. DIREITO ELEITORAL

ATENÇÃO! A versão 2 da prova foi utilizada como parâmetro em Direito Eleitoral.

67. Com o advento da Emenda Constitucional no 97/2017, a partir das eleições de

2020, a celebração de coligações será

(A) vedada em qualquer hipótese, atingindo tanto as eleições majoritárias quanto as

proporcionais.

(B) permitida para as eleições proporcionais, ou seja, em relação aos cargos de Prefeito,

Governador, Senador¬ e Presidente da República.

(C) vedada nas eleições majoritárias, atingindo, assim, a proibição, os cargos de Prefeito,

Governador, Senador e Presidente da República.

(D) vedada nas eleições proporcionais, atingindo, assim, a proibição, os cargos de

Vereador, Deputado Estadual, Deputado Federal e Deputado Distrital.

(E) permitida para as eleições majoritárias, ou seja, em relação aos cargos de Vereador,

Deputado Estadual, Deputado Federal e Deputado Distrital.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

O tema desta questão foi objeto de abordagem nas diretrizes para o estudo da banca,

bem como, nas aulas sobre a minirreforma eleitoral de 2017.

A questão também foi expressamente destacada no gabarito comentado dos exercícios

de fixação sobre a minirreforma (questão 2).

ALTERNATIVA A: INCORRETA.

Não abrange as eleições majoritárias, conforme o art. 17, §1º, da CF.

ALTERNATIVA B: INCORRETA

A assertiva inclui o “governador” (eleição majoritária).

ALTERNATIVA C: INCORRETA

Não abrange as eleições majoritárias, conforme o art. 17, §1º, da CF.

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ALTERNATIVA D: CORRETA

Art. 17, § 1º, CF. É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua

estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos

permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os

critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a

sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as

candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus

estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.

ALTERNATIVA E: INCORRETA

Não abrange as eleições majoritárias, conforme o art. 17, §1º, da CF.

68. Justiça Eleitoral, diferentemente dos demais órgãos judiciais, pode exercer a

função consultiva que

(A) consiste em preparar, organizar e administrar todo o processo eleitoral, desde a fase

do alistamento até a diplomação dos eleitos.

(B) consiste em responder, fundamentadamente, mas sem força vinculante, a consultas

em matéria eleitoral, por meio do Tribunal Superior Eleitoral e dos Tribunais Regionais

Eleitorais.

(C) se realiza por meio do Tribunal Superior Eleitoral, dos Tribunais Regionais Eleitorais

e dos Juízes Eleitorais.

(D) resulta na expedição de instruções para fiel execução da lei eleitoral, ouvidos,

previamente, os delegados ou representantes dos partidos políticos.

(E) ocorre de ofício ou mediante provocação por órgão nacional, estadual ou municipal

de partido político, ou pelo Procurador Geral da República.

RESPOSTA – B

COMENTÁRIOS

ALTERNATIVA A: INCORRETA

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A assertiva não apresenta conceito correto da função consultiva, segundo código

eleitoral nos arts. 23, XII (TSE) e 30, VIII (TRE).

ALTERNATIVA B: CORRETA

A assertiva apresenta conceito correto da função consultiva, segundo a doutrina e o

código eleitoral nos arts. 23, XII (TSE) e 30, VIII (TRE).

ALTERNATIVA C: INCORRETA

Os juízes eleitorais não possuem essa competência, segundo código eleitoral nos arts.

23, XII (TSE) e 30, VIII (TRE).

ALTERNATIVA D: INCORRETA

A assertiva não apresenta conceito correto da função consultiva, segundo código

eleitoral nos arts. 23, XII (TSE) e 30, VIII (TRE).

ALTERNATIVA E: CORRETA

A assertiva não apresenta conceito correto da função consultiva, segundo código

eleitoral nos arts. 23, XII (TSE) e 30, VIII (TRE).

69. Considere a seguinte situação hipotética:

Candidato X declara na prestação de contas de sua campanha um gasto com

combustíveis e lubrificantes no valor de R$ 10.000,00, cuja receita, no entanto, não foi

declarada. Verifica-se, também, a omissão de despesas relevantes para a divulgação e

distribuição de material de campanha. É instaurada uma Representação por captação

e gastos ilícitos eleitorais (Lei Federal no 9.504/97), que será julgada procedente se

(A) comprovado que as fontes não declaradas são ilícitas e que o candidato agiu de má-

fé na obtenção dos recursos.

(B) provado que o candidato agiu de má-fé na obtenção dos recursos, não importando

se as fontes não declaradas¬ são lícitas ou ilícitas.

(C) comprovado o dando causado em face do resultado eleitoral, ou seja, desde que o

candidato que praticou os ilícitos seja eleito.

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(D) provada a potencialidade do dano causado em face do resultado eleitoral, ou seja,

desde que comprovado que os ilícitos realmente poderiam desequilibrar o pleito

eleitoral.

(E) comprovada a relevância jurídica dos atos praticados pelo candidato em face do

pleito eleitoral, independente se o candidato agiu de boa ou má-fé ou se as fontes são

lícitas ou ilícitas.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

OBS: QUESTÃO POLÊMICA, na resposta da letra “e”.

ALTERNATIVA A: INCORRETA

A doutrina e jurisprudência eleitoral, não possuem como requisito a boa ou má-fé para

procedência da representação, mas sim a relevância jurídica para o pleito eleitoral da

conduta.

“Recurso ordinário. Eleição 2010. Representação. Lei nº 9.504/97. Art. 30-A. Deputado

estadual. Contas de campanha. Cassação. Diploma. Princípio da proporcionalidade.

Provimento. 1. Na representação instituída pelo art. 30-A da Lei nº 9.504/97, deve-se

comprovar a existência de ilícitos que possuam relevância jurídica para comprometer

a moralidade da eleição. 2. No caso dos autos, as omissões relativas a determinados

gastos de campanha não possuem gravidade suficiente para ensejar a cassação do

diploma do recorrente, na medida em que não ficou comprovada a utilização de

recursos de fontes vedadas ou a prática de caixa dois.3. Recurso ordinário provido. NE:

Trecho do voto do relator: [...] O Ministério Público Eleitoral é parte legítima para propor

a ação de investigação judicial com base no art. 30-A [...] Tal orientação teve como

leading case o RO nº 1596/MG, no qual a legitimidade ministerial foi reconhecida com

base no art. 129 da CF/88 e em dispositivos da LC nº 75/93” (fl. 7).

(Ac de 1.8.2014 no RO nº 39322, rel. Min. Dias Toffoli e no mesmo sentido o Ac de

12.2.2009 no RO nº 1596, rel. Min. Joaquim Barbosa e o RO nº 1540 de 28.4.2009, rel.

Min. Felix Fischer.)

ALTERNATIVA B: INCORRETA

Page 98: PROVA OBJETIVA COMENTADA 1 (TJ-RS, 2018)1 · PROVA OBJETIVA COMENTADA (TJ-RS, 2018)1 1 Prova Objetiva aplicada em 29/04/2018 e comentada pela Equipe Mege após gabarito preliminar

98

A doutrina e jurisprudência eleitoral, não possuem como requisito a boa ou má-fé para

procedência da representação, mas sim a relevância jurídica para o pleito eleitoral da

conduta.

“Recurso ordinário. Eleição 2010. Representação. Lei nº 9.504/97. Art. 30-A. Deputado

estadual. Contas de campanha. Cassação. Diploma. Princípio da proporcionalidade.

Provimento. 1. Na representação instituída pelo art. 30-A da Lei nº 9.504/97, deve-se

comprovar a existência de ilícitos que possuam relevância jurídica para comprometer

a moralidade da eleição. 2. No caso dos autos, as omissões relativas a determinados

gastos de campanha não possuem gravidade suficiente para ensejar a cassação do

diploma do recorrente, na medida em que não ficou comprovada a utilização de

recursos de fontes vedadas ou a prática de caixa dois.3. Recurso ordinário provido. NE:

Trecho do voto do relator: [...] O Ministério Público Eleitoral é parte legítima para propor

a ação de investigação judicial com base no art. 30-A [...] Tal orientação teve como

leading case o RO nº 1596/MG, no qual a legitimidade ministerial foi reconhecida com

base no art. 129 da CF/88 e em dispositivos da LC nº 75/93” (fl. 7).

(Ac de 1.8.2014 no RO nº 39322, rel. Min. Dias Toffoli e no mesmo sentido o Ac de

12.2.2009 no RO nº 1596, rel. Min. Joaquim Barbosa e o RO nº 1540 de 28.4.2009, rel.

Min. Felix Fischer.)

ALTERNATIVA C: INCORRETA

Doutrina/ Jurisprudência. O que se deve perquirir é a relevância jurídica dos eventuais

ilícitos praticados pelo candidato em face do pleito eleitoral e não prova da

potencialidade do dano em face do resultado eleitoral.

ALTERNATIVA D: INCORRETA

Doutrina/Jurisprudência. O que se deve perquirir é a relevância jurídica dos eventuais

ilícitos praticados pelo candidato em face do pleito eleitoral e não prova da

potencialidade do dano em face do resultado eleitoral.

ALTERNATIVA E: CORRETA

Questão polêmica, pois, apesar de a doutrina e jurisprudência eleitoral, não

entenderem que a boa ou má-fé são requisitos essências para a procedência da

representação, mas sim a relevância jurídica para o pleito eleitoral da conduta, há

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99

necessidade de comprovar a ilicitude da fonte, o que não questão afirma

“independente se o candidato agiu de boa ou má-fé ou se as fontes são lícitas ou

ilícitas”.

ELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. PREFEITO E

VICE-PREFEITO. REPRESENTAÇÃO. ART. 30-A DA LEI Nº 9.504/1997. CASSAÇÃO DO

DIPLOMA. DESPROVIMENTO.

1. A atuação da Justiça Eleitoral deve ocorrer de forma minimalista, tendo em vista a

possibilidade de se verificar uma judicialização extremada do processo político eleitoral,

levando-se, mediante vias tecnocráticas ou advocatícias,

à subversão do processo democrático de escolha de detentores de mandatos eletivos,

desrespeitando-se, portanto, a soberania popular, traduzida nos votos obtidos por

aquele que foi escolhido pelo povo.

2. O art. 30-A da Lei nº 9.504/1997, introduzido pela Lei nº 11.300/2006, estabelece:

"qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça Eleitoral, no prazo

de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando fatos e

indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar condutas em

desacordo com as normas desta Lei, relativas à arrecadação e gastos de recursos". O §

2º do referido artigo assim dispõe: "comprovados captação ou gastos ilícitos de

recursos, para fins eleitorais, será negado diploma ao candidato, ou cassado, se já

houver sido outorgado". A referida norma, introduzida como uma forma de responder

ao alegado "caixa dois" ocorrido no denominado processo do "Petrolão", tutela os

princípios da moralidade das disputas na perspectiva da lisura das eleições, buscando

coibir precipuamente condutas à margem da fiscalização da Justiça Eleitoral, pautadas

pela má-fé dos candidatos.

3. A moldura fática do acórdão regional revela:

i) ausência de abertura de conta bancária específica para o candidato, ressaltando que

a movimentação financeira ocorreu na conta do comitê; ii) realização de contrato de

comodato de sala comercial utilizada para a instalação do

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100

comitê de campanha antes do prazo permitido por lei; iii) omissão na prestação de

contas de doações estimáveis em dinheiro - a utilização de veículos dos candidatos; iv)

omissão na prestação de contas de doações estimáveis em dinheiro - produção de um

jingle doado por artista da região; v) R$1.200,00 (mil e duzentos reais) de gastos com

material de propaganda ficaram sem registro de pagamento por meio de chegue

nominal ou transferência bancária; vi) R$6.216,01 (seis mil, duzentos e dezesseis reais e

um centavo) arrecadados a maior e não declarados na prestação final; vii) gastos de

R$5.898,09 (cinco mil, oitocentos e noventa e oito reais e nove centavos) não

contabilizados na prestação de contas final; viii) as despesas de combustíveis e de

lubrificantes não foram emitidas para o CNPJ de candidatura, mas para o CPF do

candidato.

4. Conquanto as irregularidades tenham repercussão no âmbito da prestação de

contas, não ensejam procedência do pedido da representação do art. 30-A da Lei nº

9.504/1997. Não há no caso concreto a mínima indicação da suposta fonte ilícita dos

recursos, como, à guisa de exemplificação, uma das hipóteses elencadas no art. 24 da

Lei nº 9.504/1997. Tampouco é possível concluir que se tratava de caixa dois de

campanha, pois os valores arrecadados a maior na campanha (R$6.216,01) estão

devidamente comprovados por recibos eleitorais, enquanto as despesas que não

constaram na prestação final (R$5.898,09) também foram demonstradas, o que, longe

de revelar algo orquestrado, com evidente má-fé, demonstra uma clara

desorganização contábil da campanha, compreensível em municípios de pequeno

porte do nosso país.

5. A tipificação do art. 30-A da Lei nº 9.504/1997, à semelhança do abuso de poder, leva

"em conta elementos e requisitos diferentes daqueles observados no julgamento das

contas" (RO nº 780/SP, rel. Min. Fernando Neves, julgado em

8.6.2004), razão pela qual a representação fundada nesse dispositivo legal exige não

apenas ilegalidade na forma de arrecadação e gasto de campanha, mas a ilegalidade

qualificada, marcada pela má-fé do candidato, suficiente para macular a necessária

lisura do pleito, o que não ficou demonstrado pelo representante nem pelo Tribunal

Regional. Precedentes do TSE.

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6. Agravo regimental desprovido. Ação Cautelar nº 1363-28/RS prejudicada.

(Recurso Especial Eleitoral nº <font class="highlight">172</font>, Acórdão, Relator(a)

Min. Gilmar Ferreira Mendes, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 25,

Data 03/02/2017, Página 119/120)

“Recurso ordinário. Eleição 2010. Representação. Lei nº 9.504/97. Art. 30-A. Deputado

estadual. Contas de campanha. Cassação. Diploma. Princípio da proporcionalidade.

Provimento. 1. Na representação instituída pelo art. 30-A da Lei nº 9.504/97, deve-se

comprovar a existência de ilícitos que possuam relevância jurídica para comprometer

a moralidade da eleição. 2. No caso dos autos, as omissões relativas a determinados

gastos de campanha não possuem gravidade suficiente para ensejar a cassação do

diploma do recorrente, na medida em que não ficou comprovada a utilização de

recursos de fontes vedadas ou a prática de caixa dois. 3. Recurso ordinário provido. NE:

Trecho do voto do relator: [...] O Ministério Público Eleitoral é parte legítima para propor

a ação de investigação judicial com base no art. 30-A [...] Tal orientação teve como

leading case o RO nº 1596/MG, no qual a legitimidade ministerial foi reconhecida com

base no art. 129 da CF/88 e em dispositivos da LC nº 75/93” (fl. 7).

(Ac de 1.8.2014 no RO nº 39322, rel. Min. Dias Toffoli e no mesmo sentido o Ac de

12.2.2009 no RO nº 1596, rel. Min. Joaquim Barbosa e o RO nº 1540 de 28.4.2009, rel.

Min. Felix Fischer.)

70. Acerca do uso da internet em campanhas eleitorais, disciplinado por modificações

introduzidas na Lei Federal no 9.504/97, é correto afirmar que

(A) a propaganda eleitoral na internet é permitida quando se tratar, por exemplo, de

menções em redes sociais, cujo conteúdo seja gerado por candidatos, partidos,

coligações ou qualquer pessoa natural, sem contratação de impulsionamento de

conteúdos.

(B) a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-

candidatos e a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive

nas redes sociais, configuram propaganda eleitoral antecipada.

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(C) nenhuma pessoa jurídica de direito privado, com fins lucrativos, poderá doar ou

ceder o cadastro eletrônico de seus clientes em favor de candidatos, partidos ou

coligações.

(D) o poder de polícia da Justiça Eleitoral se restringe às providências necessárias para

inibir práticas ilegais, sendo, portanto, possível a censura prévia sobre o teor dos

programas a serem exibidos na internet.

(E) o candidato poderá divulgar sua candidatura em sítios de pessoas jurídicas sem fins

lucrativos, desde que o espaço seja fornecido gratuitamente.

RESPOSTA – A

COMENTÁRIOS

OBS: O tema desta questão foi objeto de abordagem na rodada de Eleitoral que tratou

do ponto “Propaganda Eleitoral” na turma de Reta Final do TJ/RS, bem como, na aula de

revisão online e aula sobre a minirreforma eleitoral 2017 (pessoa natural não poderia

impulsionar conteúdo – ver questão 20 de nosso exercício de fixação).

ALTERNATIVA A: CORRETA

De acordo com o art. 57-B, IV da Lei das Eleições.

ALTERNATIVA B: INCORRETA

Não configuram propaganda eleitoral antecipada, art. 36-A, V, da Lei das Eleições.

ALTERNATIVA C: INCORRETA

Somente as pessoas relacionadas no art. 24 da Lei das Eleições, e, sem fins lucrativos.

Art. 57-E. São vedadas às pessoas relacionadas no art. 24 a utilização, doação ou cessão

de cadastro eletrônico de seus clientes, em favor de candidatos, partidos ou coligações.

(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009).

ALTERNATIVA D: INCORRETA

Art. 41. § 2º O poder de polícia se restringe às providências necessárias para inibir

práticas ilegais, vedada a censura prévia sobre o teor dos programas a serem exibidos

na televisão, no rádio ou na internet. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009).

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103

ALTERNATIVA E: INCORRETA

Art. 57- C. § 1º É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral

na internet, em sítios: (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos; (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

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104

10. DIREITO EMPRESARIAL

71. O artigo 966 do Código Civil define como empresário aquele que exerce

(A) atividade profissional organizada com a finalidade de produção ou circulação de bens

ou de serviços.

(B) atividade profissional econômica organizada com a finalidade de produção ou

circulação de bens ou de serviços.

(C) atividade eventual econômica, organizada com a finalidade de circulação de bens ou

serviços.

(D) atividade eventual econômica não organizada com a finalidade de produção e

circulação de bens ou de serviços.

(E) atividade profissional econômica organizada com a finalidade de produção e

circulação de bens ou de serviços.

RESPOSTA – B

- Tema abordado na Rodada 3 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 170).

COMENTÁRIOS

“Empresário é quem exerce atividade econômica (finalidade lucrativa) voltada à

produção ou circulação de bens ou serviços, com profissionalidade (habitualidade,

continuidade, pessoalidade e monopólio das informações) e mediante organização dos

fatores de produção (capital, tecnologia, mão de obra e insumos)” (Rodada MEGE – art.

966 do CC).

72. Caio é sócio proprietário de uma empresa que fabrica móveis. Nos últimos cinco

anos houve uma importante queda em seu faturamento, resultado do cenário

econômico vivenciado em nosso país. Infelizmente, hoje sua empresa se encontra

devedora de débitos trabalhistas, tributários e bancários. Para avaliação acerca da

viabilidade de uma recuperação extrajudicial, é preciso saber que tipos de credores

poderão ser atingidos pelo seu plano de recuperação. Assim, de acordo com o texto

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105

legal, são credores que possuem seus direitos preservados do plano de recuperação

extrajudicial:

(A) credor titular da posição de fiduciário de bens móveis e imóveis, proprietários em

contrato de venda sem reserva de domínio, credores de débitos trabalhistas, credores

de débitos tributários e instituição financeira.

(B) credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de

arrendador mercantil, proprietário em contrato de venda com reserva de domínio,

credores trabalhistas e credores tributários.

(C) credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de

arrendador mercantil, proprietário em contrato de venda com reserva de domínio,

credores de débitos tributários e instituição financeira credora por adiantamento ao

exportador.

(D) credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de

arrendador mercantil, proprietário em contrato de venda com reserva de domínio;

credores de débitos trabalhistas; e instituição financeira credora por adiantamento ao

exportador.

(E) credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de

arrendador mercantil, proprietário em contrato de venda com reserva de domínio;

credores de débitos trabalhistas; credores de débitos tributários e instituição financeira

credora por adiantamento ao exportador.

RESPOSTA – E

- Tema abordado na Rodada 12 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 199).

COMENTÁRIOS

Conforme artigo 49, § 3º, da Lei nº 11.101/05: “Tratando-se de credor titular da posição

de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de

proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham

cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações

imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu

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106

crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos

de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação

respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere

o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos

bens de capital essenciais a sua atividade empresarial”.

73. A respeito do tema teoria da desconsideração da personalidade jurídica, o Superior

Tribunal de Justiça em muitos de seus julgados faz menção à teoria maior e à teoria

menor da desconsideração. Com base nessa informação, assinale a alternativa

correta.

(A) Para aplicação da teoria maior da desconsideração, regra aplicada excepcionalmente

em nosso sistema jurídico, basta a comprovação da prova da insolvência da pessoa

jurídica, enquanto para incidência da teoria menor da desconsideração é preciso apenas

a demonstração de confusão patrimonial.

(B) Considera-se correta a aplicação da teoria maior da desconsideração, regra

excepcional em nosso sistema jurídico brasileiro, com a comprovação da prova da

insolvência da pessoa jurídica juntamente com o desvio de finalidade ou confusão

patrimonial. A teoria menor, por consequência, regra geral em nosso sistema jurídico,

considera-se correta sua aplicação apenas diante da comprovação da insolvência da

pessoa jurídica.

(C) Para incidência da teoria maior da desconsideração, regra geral do sistema jurídico

brasileiro, exige-se para além da prova da insolvência, ou a demonstração de desvio de

finalidade ou a demonstração de confusão patrimonial. Para caracterização da teoria

menor, por sua vez, regra excepcional, basta a prova de insolvência da pessoa jurídica.

(D) Caracteriza-se a teoria maior da desconsideração, regra geral do sistema jurídico

brasileiro, com a identificação apenas do desvio de finalidade da pessoa jurídica, ao

passo que a teoria menor da desconsideração concretiza-se com a comprovação

somente da insolvência da pessoa jurídica.

(E) Para devida incidência da aplicação da teoria maior da desconsideração, regra geral

do sistema jurídico brasileiro, torna-se necessária a comprovação da insolvência da

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pessoa jurídica, a demonstração do desvio de finalidade e da demonstração de confusão

patrimonial. Para a correta aplicação da teoria menor, por sua vez, regra excepcional

em nosso sistema jurídico, basta a comprovação da insolvência da pessoa jurídica.

RESPOSTA – C

COMENTÁRIOS

Teoria maior (CC, art. 50): desvio de finalidade e confusão patrimonial x Teoria menor

(CDC, art. 28): abuso de direito ou excesso de poder; fato ou ato ilícito; violação do

contrato social; falência, insolvência ou encerramento da atividade por má

administração; sempre que for um obstáculo para o ressarcimento ao consumidor

(Rodada MEGE).

74. Para os efeitos da Lei Complementar no 123/2006, consideram-se microempresas

ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a

empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o

artigo 966 do Código Civil em vigor, devidamente registrados no Registro de Empresas

Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:

(A) no caso da microempresa, aufira em cada ano-calendário, receita bruta igual ou

inferior a R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais); no caso de empresa de pequeno porte,

aufira receita bruta superior a R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) e igual ou inferior

a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais).

(B) no caso da microempresa, aufira em cada ano-calendário, receita bruta igual ou

inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); no caso de empresa de

pequeno porte aufira receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil

reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais).

(C) no caso da microempresa, aufira em cada ano-calendário, receita bruta igual ou

inferior a R$ 380.000,00 (trezentos e oitenta mil reais); no caso de empresa de pequeno

porte, aufira receita bruta superior a R$ 380.000,00 (trezentos e oitenta mil reais) e igual

ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais).

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(D) no caso da microempresa, aufira em cada ano-calendário, receita bruta igual ou

inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); no caso de empresa de

pequeno porte, aufira receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil

reais) e igual ou inferior a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais).

(E) no caso da microempresa, aufira em cada ano-calendário, receita bruta igual ou

inferior a R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais); no caso de empresa de pequeno porte

aufira receita bruta superior a R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) e igual ou inferior

a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais).

RESPOSTA – B

COMENTÁRIOS

Conforme artigo 3º da Lei Complementar nº 123/20016: “Para os efeitos desta Lei

Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a

sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade

limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de

2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no

Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso da

microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$

360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e II - no caso de empresa de pequeno porte,

aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e

sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil

reais). (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016)”.

75. De acordo com o artigo 11 da Lei no 9.279/96 (Lei de Propriedade Industrial), a

invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não compreendidos

no estado da técnica. Assinale a alternativa que corresponde ao conceito legal de

estado da técnica.

(A) O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes

da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou

qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e

17.

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109

(B) O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes

da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou

qualquer outro meio, no Brasil, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17.

(C) O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes

da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou

qualquer outro meio, no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17.

(D) O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público após

a data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou

qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e

17.

(E) O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes

da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, no Brasil ou no

exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17.

RESPOSTA – A

COMENTÁRIOS

Perfeita redação do artigo 11, § 1º, da Lei nº 9.279/96: “O estado da técnica é

constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do

pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no

Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17”.

76. Assinale a alternativa que corresponde ao conceito de título de crédito disposto

no artigo 887 do Código Civil.

(A) O título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito autônomo nele

contido, que somente produz efeito se preenchidos os requisitos legais.

(B) O título de crédito, documento dispensável ao exercício do direito literal e autônomo

nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

(C) O título de crédito, documento necessário ao exercí- cio do direito nele contido,

produz efeito independentemente de preenchidos os requisitos legais.

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(D) O título de crédito, documento necessário ao exercí- cio do direito literal e autônomo

nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

(E) O título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e

autônomo nele contido, que produz seus efeitos independentemente de preenchidos

os requisitos legais.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

“Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito literal e

autônomo nele mencionado” (Cesare Vivante – Rodada MEGE). Por evidente, acaso o

título não preencha os requisitos legais, perde a característica específica cambiária,

tornando-se mera prova de relação contratual, se for o caso.

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111

11. DIREITO TRIBUTÁRIO

OBSERVAÇÃO: Após análise das questões da prova objetiva do TJRS, verifiquei que não

há questões sujeitas à anulação. A maioria das alternativas se encontram em

dispositivos expressos da lei seca, seja na CF seja no CTN. Apenas duas delas têm

respaldo, também, na jurisprudência do STF, conforme comentários adiante.

77. A Empresa X possui vultoso montante de débitos tributários de ICMS e necessita

saneá-los para dar prosseguimento ao seu pedido de recuperação judicial. Não

dispondo do montante integral para a quitação dos valores à vista, a empresa X

pretende parcelar o montante devido à Fazenda Estadual.

Considerando as disposições do Código Tributário Nacional sobre o parcelamento, é

correto afirmar que

(A) em razão da indisponibilidade do interesse público, não há possibilidade de se prever

condições especiais de parcelamento para débitos tributários de empresas que estejam

em processo de recuperação judicial.

(B) por se tratar de devedor em recuperação judicial, ele poderá se valer de condições

especiais de parcelamento dos seus créditos tributários, na forma e condição

estabelecida em lei complementar.

(C) o parcelamento para empresas que se encontram em processo de recuperação

judicial abrange apenas os débitos inscritos em dívida ativa e deve observar a forma e

condição estabelecidas em lei complementar.

(D) salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário do

devedor em processo de recuperação judicial exclui a incidência de multas e juros.

(E) a inexistência da lei específica para empresas em recuperação judicial importa na

aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor que se

encontre nessa situação, não podendo, nesse caso, ser o prazo de parcelamento inferior

ao concedido pela lei federal específica.

RESPOSTA – E

- Tema abordado na Rodada 12 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 24).

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112

COMENTÁRIOS

LETRA A - ERRADA

CTN

Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei

específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

§ 3º Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários

do devedor em recuperação judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

LETRA B - ERRADA

A exigência é de lei específica; não há necessidade de Lc.

CTN

Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei

específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

§ 3º Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários

do devedor em recuperação judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

LETRA C - ERRADA

O CTN não limita a créditos inscritos em dívida ativa. Há a necessidade, apenas, de lei

específica especificar as condições.

CTN

Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei

específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

§ 3º Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários

do devedor em recuperação judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

LETRA D – ERRADA

CTN

Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei

específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

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113

§ 1º Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não

exclui a incidência de juros e multas. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

§ 3º Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários

do devedor em recuperação judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

LETRA E - CORRETA

CTN

Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei

específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

§ 4º A inexistência da lei específica a que se refere o § 3º deste artigo importa na

aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em

recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao

concedido pela lei federal específica. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

78. Assinale a alternativa correta em relação à legislação tributária.

(A) A atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo somente pode ser

estabelecida por lei, uma vez que implica na sua majoração.

(B) As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas não são

consideradas como normas complementares em matéria tributária, pois não possuem

conteúdo normativo.

(C) A redução de tributo somente pode ser estabelecida por lei, já sua extinção poderá

ser veiculada por decreto ou ato normativo expedido pela autoridade administrativa

competente.

(D) Os tratados e as convenções internacionais são normas complementares das leis

nacionais, não podendo revogar ou modificar a legislação tributária interna.

(E) As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa podem

ter eficácia normativa, desde que lei lhes atribua tal efeito.

RESPOSTA – E

- Tema abordado no 109º Simulado Mege, TJ-RS III (página 149).

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114

COMENTÁRIOS

LETRA A - ERRADA

CTN

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26,

39, 57 e 65;

§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste

artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.

LETRA B - ERRADA

CTN

Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções

internacionais e dos decretos:

III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;

LETRA C - ERRADA

CTN

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26,

39, 57 e 65;

LETRA D – ERRADA

CTN

Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação

tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.

LETRA E - CORRETA

CTN

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115

Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções

internacionais e dos decretos:

II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a

lei atribua eficácia normativa;

79. Um cidadão protocola pedido administrativo junto à Secretaria da Fazenda do

Município X, pleiteando acesso à lista dos 50 maiores devedores do Município,

considerando apenas os débitos inscritos em dívida ativa.

A autoridade competente da Secretaria da Fazenda, com base na legislação tributária

vigente, deve

(A) deferir o pedido, porque não há vedação legal à divulgação de informações relativas

às inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública.

(B) indeferir o pedido, porque a divulgação desses dados somente é permitida quando

houver solicitação de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública,

desde que comprovada a instauração regular de processo administrativo com o objetivo

de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de infração

administrativa.

(C) indeferir o pedido, porque essas informações foram obtidas pela Fazenda Pública em

razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo e sobre a

natureza e o estado de seus negócios ou atividades.

(D) deferir o pedido, desde que a entrega das informações seja realizada pessoalmente

ao solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência dos dados solicitados e

assegure a preservação do seu sigilo.

(E) indeferir o pedido, porque a divulgação de informações sobre inscrição de débito em

dívida ativa da Fazenda Pública somente pode ser realizada ante a requisição de

autoridade judiciária no interesse da justiça.

RESPOSTA – A

- Tema abordado na Rodada 3 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 144).

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116

COMENTÁRIOS

LETRA A - CORRETA

Em regra, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de

informações obtidas pelo fisco, a respeito de sujeitos passivos e terceiros. Contudo, o

próprio CTN apresenta exceções, dentre elas, as divulgações de informações sobre

créditos tributários inscritos em dívida ativa. Portanto, a letra “a” está correta.

CTN

Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por

parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício

sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a

natureza e o estado de seus negócios ou atividades. (Redação dada pela Lcp nº 104, de

2001)

§ 3º Não é vedada a divulgação de informações relativas a: (Incluído pela Lcp nº 104, de

2001)

II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

80. O prefeito do Município X pretende instituir uma taxa para custear o serviço de

coleta, remoção e destinação do lixo doméstico produzido no Município. A taxa será

calculada em função da frequência da realização da coleta, remoção e destinação dos

dejetos e da área construída do imóvel ou da testada do terreno.

Acerca dessa taxa, é correto afirmar que ela é

(A) ilegal, porque a coleta, remoção e destinação do lixo doméstico não podem ser

considerados como serviço público específico e divisível.

(B) ilegal, porque sua base de cálculo utiliza elemento idêntico ao do IPTU, qual seja, a

metragem da área construída ou a testada do imóvel.

(C) legal se houver equivalência razoável entre o valor cobrado do contribuinte e o custo

individual do serviço que lhe é prestado.

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117

(D) ilegal, porque não possui correspondência precisa com o valor despendido na

prestação do serviço.

(E) legal, porque foi instituída em razão do exercício regular de poder de polícia,

concernente à atividade da Administração Pública que regula ato de interesse público

referente à higiene.

RESPOSTA – C

- Tema abordado na Rodada 10 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 160).

COMENTÁRIOS

A taxa é um tributo vinculado, retributivo ou contraprestacional, pois só pode ser

instituído se houver uma prestação de serviço, efetiva ou potencial, específico e

divisível, ou um exercício do poder de polícia.

Quanto ao valor a ser cobrado pela taxa, tem-se que deve corresponder ao custo do

serviço; assim, pode-se dizer que o cálculo deve ser correlato ao custo da atividade

estatal.

Por esse motivo, o STF decidiu que a taxa judiciária deveria ser proporcional ao custo da

atuação estatal:

Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato

normativo infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos da

atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de

fiscalização em percentual superior aos índices de correção monetária legalmente

previstos. (STF, Plenário, RE 838284/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/10/2016,

repercussão geral, Informativo 844).

No caso da taxa de coleta de lixo domiciliar, o STF também julgou constitucional e firmou

o entendimento na seguinte súmula vinculante:

Sv. 19. A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta,

remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não

viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.

Page 118: PROVA OBJETIVA COMENTADA 1 (TJ-RS, 2018)1 · PROVA OBJETIVA COMENTADA (TJ-RS, 2018)1 1 Prova Objetiva aplicada em 29/04/2018 e comentada pela Equipe Mege após gabarito preliminar

118

Do mesmo modo, o STF já firmou entendimento de que pode ter como BC a área do

imóvel:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE COLETA DE LIXO: BASE DE CÁLCULO.

IPTU. MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS, S.P. I. - O fato de um dos elementos utilizados na

fixação da base de cálculo do IPTU - a metragem da área construída do imóvel - que é

o valor do imóvel (CTN, art. 33), ser tomado em linha de conta na determinação da

alíquota da taxa de coleta de lixo, não quer dizer que teria essa taxa base de cálculo

igual à do IPTU: o custo do serviço constitui a base imponível da taxa. Todavia, para o

fim de aferir, em cada caso concreto, a alíquota, utiliza-se a metragem da área

construída do imóvel, certo que a alíquota não se confunde com a base imponível do

tributo. Tem-se, com isto, também, forma de realização da isonomia tributária e do

princípio da capacidade contributiva: C.F., artigos 150, II, 145, § 1º. II. - R.E. não

conhecido.

(STF - RE 232393, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em

12/08/1999, DJ 05-04-2002 PP-00055 EMENT VOL-02063-03 PP-00470)

Portanto, a letra “c” é a correta.

81. O governo estadual quer fomentar as áreas de lazer e turismo do Estado com a

construção de um complexo multiuso com arena coberta que comporte a realização

de shows e outros eventos de lazer, além de um aquário. Para tanto, pretende

conceder à iniciativa privada a realização das obras de construção do complexo, que

deverá ser levantado em área pública predefinida, e sua posterior exploração pelo

prazo de 30 (trinta anos). O concessionário será remunerado exclusivamente pelas

receitas advindas da exploração econômica do novo equipamento, inclusive

acessórias. Para que o projeto tenha viabilidade econômica, está prevista a

possibilidade de construção de restaurantes, de um centro comercial, de pelo menos

um hotel dentro da área do novo complexo, além da cobrança de ingresso para

visitação do aquário e dos eventos e shows que vierem a ser realizados na nova arena.

Há previsão de pagamento de outorga para o Estado em razão da concessão. Em

relação à cobrança do IPTU pelo município onde se situa a área do complexo, é correto

afirmar que

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119

(A) por se tratar de área pública estadual, o Município não poderá cobrar IPTU em

nenhuma hipótese, em razão da imunidade recíproca, prevista no artigo 150, inciso VI,

‘a‘ da Constituição Federal de 1988.

(B) a cobrança do IPTU é indevida porque o concessionário não exerce nenhum direito

de propriedade sobre o imóvel, sendo mero detentor de posse precária e desdobrada,

decorrente de direito pessoal, fundada em contrato de cessão de uso, não podendo ser

considerado contribuinte do imposto.

(C) apesar de o imóvel ser de propriedade do Estado, o Município poderá cobrar IPTU

se não restar comprovado que a outorga paga pelo concessionário ao Estado pela

concessão foi integralmente revertida para a realização de atividades de caráter

eminentemente público.

(D) apesar do imóvel ser de propriedade do Estado, o Município poderá cobrar IPTU

porque a área foi cedida a pessoa jurídica de direito privado para a realização de

atividades com fins lucrativos, sendo o concessionário o contribuinte do imposto.

(E) a cobrança do IPTU é indevida porque o imóvel é público, sendo irrelevante para a

caracterização do fato gerador a finalidade que o Estado dá ao imóvel.

RESPOSTA – D

- Tema abordado na Rodada 6 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 41).

COMENTÁRIOS

A imunidade recíproca não se estende aos imóveis públicos cedidos à pessoa jurídica de

direito privado para explorar atividade econômica, conforme art. 150, § 3º, CF e

entendimento do STF adiante transcritos:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à

União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

§ 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao

patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades

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120

econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que

haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o

promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA (ART. 150,

INC. VI, AL. A, DA CONSTITUIÇÃO). BEM IMÓVEL DA UNIÃO. CESSÃO A

EMPREENDIMENTO PRIVADO EXPLORADOR DE ATIVIDADE ECONÔMICA.

INAPLICABILIDADE DA SALVAGUARDA CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO

PROVIDO. (STF - RE 434251, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/

Acórdão: Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 19/04/2017)

IPTU – BEM PÚBLICO – CESSÃO – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. Incide o

imposto Predial e Territorial Urbano considerado bem público cedido a pessoa jurídica

de direito privado, sendo esta a devedora. (STF - RE 601720, Relator(a): Min. EDSON

FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em

19/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-200 DIVULG

04-09-2017 PUBLIC 05-09-2017)

Portanto, correta a letra “d”.

82. Sobre a disciplina do fato gerador trazida pelo Código Tributário Nacional, é

correto afirmar que

(A) a autoridade administrativa não poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos

praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a

natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, salvo nos casos expressos

em lei.

(B) se tratando de situação de fato, salvo disposição de lei em contrário, considera-se

ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos desde o momento em que se

verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que

normalmente lhe são próprios.

(C) fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação definida em lei como

necessária e suficiente à sua ocorrência.

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121

(D) a definição legal do fato gerador é interpretada considerando-se a validade jurídica

dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis ou terceiros, bem

como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos.

(E) se tratando de atos ou negócios jurídicos sujeitos a condição suspensiva, considera-

se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos desde o momento da prática do

ato ou da celebração do negócio.

RESPOSTA – B

- Tema abordado na Rodada 9 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 94).

COMENTÁRIOS

LETRA A – ERRADA

CTN

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e

existentes os seus efeitos:

Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios

jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do

tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados

os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de

2001)

LETRA B – CORRETA

CTN

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e

existentes os seus efeitos:

I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as

circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são

próprios;

LETRA C – ERRADA

A alternativa traz definição de obrigação principal.

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122

CTN

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como

necessária e suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da

legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação

principal.

LETRA D – ERRADA

CTN

Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:

I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes,

responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;

LETRA E – ERRADA

CTN

Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em

contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:

I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;

II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração

do negócio.

83. De acordo com as disposições constantes do Código Tributário Nacional acerca da

responsabilidade por infrações à legislação tributária, é correto afirmar que

(A) a denúncia espontânea pode ser apresentada após o início de qualquer

procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração,

desde que seja acompanhada pelo pagamento do tributo devido e dos juros de mora.

(B) a responsabilidade por infração à legislação tributária não é excluída pela denúncia

espontânea da infração se esta for conceituada por lei como crime ou contravenção.

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123

(C) os pais podem ser responsabilizados por infrações tributárias cometidas por seus

filhos menores quando essas infrações forem conceituadas por lei como crimes ou

contravenções.

(D) salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação

tributária depende da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza

e extensão dos efeitos do ato.

(E) a responsabilidade é pessoal dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas

jurídicas de direito privado quanto às infrações à legislação tributária praticadas pela

empresa, quando decorram direta e exclusivamente de dolo específico contra a

empresa.

RESPOSTA – E

- Tema abordado na Rodada 9 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 145).

COMENTÁRIOS

LETRA A – ERRADA

CTN

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração,

acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou

do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o

montante do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início

de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados

com a infração.

LETRA B – ERRADA

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração,

acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou

do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o

montante do tributo dependa de apuração.

LETRA C – ERRADA

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124

CTN

Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente:

I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo

quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou

emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito;

LETRA D – ERRADA

CTN

Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da

legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da

efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

LETRA E – CORRETA

CTN

Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente:

III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:

(C) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado,

contra estas.

84. Acerca do lançamento tributário, é correto afirmar que

(A) a retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir

ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde e

antes de notificado o lançamento.

(B) salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em

moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao

câmbio do dia em que este ato for realizado.

(C) é vedado à autoridade administrativa responsável pela revisão da declaração

retificar de ofício os erros nela contidos e apuráveis pelo seu exame.

(D) a modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão administrativa

ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício

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125

do lançamento, alcança os fatos geradores ocorridos anteriormente à sua introdução,

desde que relacionados ao mesmo sujeito passivo.

(E) não se aplica ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato

gerador da obrigação, tenha ampliado os poderes de investigação das autoridades

administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste

último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.

RESPOSTA – A

- Tema abordado na Rodada 2 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 68).

COMENTÁRIOS

LETRA A – CORRETA

CTN

Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de

terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade

administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.

§ 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a

reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se

funde, e antes de notificado o lançamento.

LETRA B – ERRADA

CTN

Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso

em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao

câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.

LETRA C – ERRADA

CTN

Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado

em virtude de:

I - impugnação do sujeito passivo;

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126

II - recurso de ofício;

III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.

Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos

seguintes casos:

I - quando a lei assim o determine;

II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da

legislação tributária;

III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos

termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária,

a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a

prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;

IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento

definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória;

V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente

obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;

VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente

obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;

VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu

com dolo, fraude ou simulação;

VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do

lançamento anterior;

IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional

da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou

formalidade especial.

Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o

direito da Fazenda Pública.

LETRA D – ERRADA

CTN

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127

Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão

administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade

administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a

um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua

introdução.

LETRA E – ERRADA

CTN

Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e

rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.

§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato

gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de

fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou

outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o

efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.

85. Considerando as disposições do Código Tributário Nacional acerca do pagamento,

é correto afirmar que

(A) quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é efetuado no

local indicado pelo sujeito ativo.

(B) a existência de consulta formulada pelo devedor, dentro do prazo legal para

pagamento, não afasta a incidência de juros de mora e penalidades cabíveis nem a

aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas na legislação tributária caso o

tributo não seja integralmente pago no seu vencimento.

(C) a importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito

passivo na hipótese de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento

de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória.

(D) o pagamento do tributo deve ser realizado em moeda corrente, podendo, nos casos

expressamente previstos em lei, ser realizado por meio de cheque ou vale postal.

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128

(E) quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do

crédito ocorre quinze dias depois da data em que se considera o sujeito passivo

notificado do lançamento.

RESPOSTA – C

- Tema abordado na Rodada 12 da Turma de Reta Final TJ-RS (página 59).

COMENTÁRIOS

LETRA A – ERRADA

CTN

Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é

efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo.

LETRA B – ERRADA

CTN

Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de

mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das

penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta

Lei ou em lei tributária.

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo

devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.

LETRA C – CORRETA

CTN

Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo

sujeito passivo, nos casos:

I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo

ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;

LETRA D – ERRADA

CTN

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129

Art. 162. O pagamento é efetuado:

I - em moeda corrente, cheque ou vale postal;

II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo

mecânico.

LETRA E – ERRADA

CTN

Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento

do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo

notificado do lançamento.

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130

12. DIREITO AMBIENTAL

86. Quanto ao licenciamento ambiental, assinale a alternativa correta.

(A) O prazo de validade da Licença Prévia (LP) não pode ser superior a 3 (três) anos.

(B) A renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento

deverá ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração

de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença.

(C) Considera-se Impacto Ambiental Regional todo e qualquer impacto ambiental que

afete diretamente (a área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o

território de dois ou mais Municípios.

(D) O arquivamento do processo de licenciamento não impedirá a apresentação de novo

requerimento de licença, ficando isento de novo pagamento de custo de análise.

(E) O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser o estabelecido pelo

cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior

a 5 (cinco) anos.

RESPOSTA – B

COMENTÁRIOS

Art. 18, § 4º da RES CONAMA 237/97 - A renovação da Licença de Operação (LO) de uma

atividade ou empreendimento deverá ser requerida com antecedência mínima de 120

(cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença,

ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão

ambiental competente.

Art. 14, § 4º da LC 140/2011 - A renovação de licenças ambientais deve ser requerida

COM ANTECEDÊNCIA MÍNIMA DE 120 (CENTO E VINTE) DIAS DA EXPIRAÇÃO DE SEU

PRAZO DE VALIDADE, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente

prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente.

OBSERVAÇÃO: Questão adiantada no material de Reta Final.

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131

87. Considerando o disposto no Código Florestal – Lei no 12.651/2012, é correta a

seguinte afirmação:

(A) poderá ser autorizada a supressão de vegetação nativa protetora de nascentes,

dunas e restingas nas hipóteses de utilidade pública ou de interesse social.

(B) a responsabilidade por infração pelo uso irregular de fogo em terras públicas ou

particulares independe de estabelecimento de nexo causal.

(C) é proibido o uso de fogo na vegetação em quaisquer circunstâncias.

(D) não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções

ou supressões de vegetação nativa, além das previstas na Lei no 12.651/2012.

(E) ao tomar conhecimento do desmatamento em desacordo com a Lei, o órgão

ambiental deverá embargar a obra ou atividade que deu causa ao uso alternativo do

solo, como medida punitiva que alcança as demais atividades realizadas no imóvel,

mesmo que não relacionadas com a infração.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

Art. 8, § 4º do Código Florestal - Não haverá, em qualquer hipótese, direito à

regularização de futuras intervenções ou supressões de vegetação nativa, além das

previstas nesta Lei.

OBSERVAÇÃO: Questão adiantada no material de Reta Final.

88. No tocante às águas, nos termos da Constituição Federal e da Lei das Águas,

assinale a alternativa correta.

(A) Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não inferior

a vinte e cinco anos, renovável.

(B) Os planos de Recursos Hídricos são elaborados por bacia hidrográfica, por Município

e por Estado.

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132

(C) São bens da União todas as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes

e em depósito.

(D) Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados

exclusivamente na bacia hidrográfica em que foram gerados.

(E) A União tem competência privativa para legislar sobre águas.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

Art. 22, IV da CF - Compete privativamente à União legislar sobre: (...) águas, energia,

informática, telecomunicações e radiodifusão;

OBSERVAÇÃO: Questão adiantada no material de Reta Final.

89. No que tange às unidades de conservação, assinale a alternativa correta.

(A) A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de

pesquisas científicas.

(B) O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo a preservação de ecossistemas

naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica.

(C) Na Estação Ecológica não podem ser permitidas alterações dos ecossistemas.

(D) O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é preservar a natureza, sendo

admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.

(E) A Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de espécies

predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos

recursos florestais e a pesquisa científica.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

Art. 17 da Lei 9985/2000 - A Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de

espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo

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133

sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para

exploração sustentável de florestas nativas.

OBSERVAÇÃO: Questão adiantada no material de Reta Final.

90. Nos termos da Lei no 9.605/1998, assinale a alternativa correta.

(A) O abate de animal realizado para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação

predatória ou destruidora de animais, ainda que sem autorização da autoridade

competente, não é considerado crime.

(B) Não é possível a suspensão condicional da pena nos casos de condenação a pena

privativa de liberdade superior a três anos, nos crimes previstos nesta Lei.

(C) Nos termos do artigo 89 da Lei no 9.099/1995, esgotado o prazo máximo de

prorrogação da suspensão do processo por não ter sido completa a reparação do dano

ambiental, será automaticamente declarada a extinção da punibilidade.

(D) A pena de proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios

subvenções ou doações aplicadas a uma pessoa jurídica não poderá exceder o prazo de

cinco anos.

(E) A pena de prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado

de tarefas gratuitas ou com remuneração módica, se o condenado for hipossuficiente,

prestado junto a parques, jardins públicos ou unidades de conservação.

RESPOSTA – B

COMENTÁRIOS

Art. 16 da Lei de Crimes Ambientais - Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão

condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de

liberdade não superior a três anos.

OBSERVAÇÃO: Questão adiantada no material de Reta Final e no Aulão de Véspera.

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134

91. Supondo-se que um grande navio com cargas explodiu em um porto brasileiro,

despejando milhões de litros de óleo e metanol que causou a degradação do meio

ambiente marinho, inviabilizando a pesca pelos moradores próximos ao local, pois o

Poder Público estabeleceu uma proibição temporária da pesca em razão da poluição

ambiental. Em razão disso, os pescadores prejudicados ingressaram com ação judicial,

calcado em responsabilidade civil.

De acordo com a jurisprudência dominante do STJ, assinale a alternativa correta.

(A) Os proprietários do navio e as empresas adquirentes das cargas transportadas pelo

navio que explodiu respondem solidariamente pelos danos morais e materiais

suportados pelos pescadores prejudicados.

(B) Para demonstração da legitimidade para vindicar indenização por dano ambiental

que resultou na redução da pesca na área atingida, basta que o autor tenha o registro

de pescador profissional.

(C) A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco

integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se

integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo

dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de

indenizar.

(D) Não será devida indenização aos pescadores se restar comprovada pela empresa

responsável pela carga que o acidente foi decorrente de caso fortuito ou força maior.

(E) É devida a indenização por lucros cessantes ainda que o período de proibição da

pesca em razão do acidente ambiental coincida com o período de “defeso”, em que por

lei seja vedada a atividade pesqueira.

RESPOSTA – C

COMENTÁRIOS

Responsabilidade Objetiva do Poluidor - art. 14, § 1º da Lei 6.938/81 - Sem obstar a

aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,

INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE CULPA, a indenizar ou reparar os danos

causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade.

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135

A posição que prevalece na doutrina ambiental é no sentido de que a Lei nº 6.938/81

adotou, em seu art. 14, § 1º, a responsabilidade objetiva na modalidade do risco

integral, ou seja, o dever de reparação é fundamentado simplesmente pelo fato de

existir uma atividade de onde adveio o prejuízo, sendo desprezadas as excludentes da

responsabilidade, como o caso fortuito ou a força maior, ou seja, não há necessidade de

verificar a intenção do agente. Basta que se configure um prejuízo relacionado com a

atividade praticada.

OBSERVAÇÃO: Questão adiantada no material de Reta Final e no Aulão de Véspera.

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136

13. DIREITO ADMINISTRATIVO

92. Um Município, ao promover a reintegração de posse de área pública, observando

os requisitos previstos em lei municipal, cadastrou as famílias que ocupavam

irregularmente a área, a fim de conceder-lhes auxílio aluguel provisório. Nos termos

do artigo 3o da Lei municipal, o valor do benefício é de R$ 300,00 (trezentos reais) por

família, a ser transferido pelo período estimado de 24 (vinte e quatro) meses,

prorrogáveis a critério do Chefe do Poder Executivo municipal. Associação das famílias

instaladas na localidade, contudo, impetrou Mandado de Segurança e, liminarmente,

pleiteou que o Município fosse compelido a efetuar pagamento de, pelo menos, R$

500,00 (quinhentos reais) por família, valor que supostamente equivaleria ao valor

médio de aluguel residencial em área próxima àquela objeto da reintegração. Nesse

caso, à associação dos ocupantes da área pública

(A) não assiste razão porque, no caso, não é possível afirmar a existência de ilegalidade

na atuação em concreto do Município.

(B) assiste razão, porque ao preestabelecer valor fixo a título de aluguel social, a lei

municipal é inconstitucional por ferir os princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

(C) assiste razão, devendo ser judicialmente garantida efetividade ao direito

constitucional à moradia, independentemente da comprovação da veracidade e

razoabilidade do valor do benefício pleiteado na ação mandamental.

(D) não assiste razão porque, de acordo com o princípio da separação dos poderes, não

compete ao Poder Judiciário examinar a constitucionalidade de lei municipal produto

do exercício de competência discricionária típica dos Poderes Executivo e Legislativo.

(E) não assiste razão porque a decisão quanto ao pagamento de benefício assistencial e

respectivo valor deve decorrer de decisão do Poder Executivo municipal, fundada em

critérios orçamentários, limitados pela reserva do possível, os quais não cabe ao Poder

Judiciário perscrutar.

RESPOSTA – A

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137

COMENTÁRIOS

De fato, não existe ilegalidade na conduta do Município, uma vez que a ação de

reintegração de posse encontra fundamento no artigo 1.210 do Código Civil. As famílias

que ocupavam irregularmente área pública não possuem direito a cobrar qualquer valor

a título de aluguel provisório. No caso, o Poder Público não quedou inerte diante da

situação, cadastrou as famílias a fim de conceder-lhes auxílio aluguel provisório, nos

termos da lei municipal. Assim, não cabe ao Poder Judiciário a determinação do valor a

ser pago a título de aluguel provisório, em contradição às políticas habitacionais

desenvolvidas pela municipalidade, sob pena de indevida ingerência do Judiciário na

Administração Pública (violação ao princípio da separação dos poderes). Em sentido

similar, os seguintes julgados do TJ-RS:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. ÁREA INVADIDA.

DESOCUPAÇÃO POR ORDEM JUDICIAL. FORNECIMENTO DE MORADIA OU ALUGUEL

SOCIAL. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. DESCABIMENTO. Em ação de reintegração de posse,

foi determinada a desocupação de área invadida por diversas famílias, fato que ensejou

o ajuizamento desta ação pela Defensoria Pública. Conforme demonstrado, a invasão

ocorrera há menos de ano e dia. Não há surpresa aos autores, pois no local haviam

recentemente se assentado, sabendo que poderiam dali ser retirados, por se tratar de

gleba de terceiro. Apesar da situação das famílias retiradas da área, não cabe determinar

ao município, liminarmente, que providencie moradia ou aluguel social, especialmente

quando há programa para tal finalidade. Decisão indeferitória de antecipação de tutela

mantida. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº

70068287358, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Almir

Porto da Rocha Filho, Julgado em 27/04/2016)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ECA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MUNICÍPIO DE SANTA MARIA.

DISPONIBILIZAÇÃO DE MORADIA OU PAGAMENTO DE ALUGUEL SOCIAL.

DESCABIMENTO, NO CASO. NÚCLEO FAMILIAR INSERIDO EM PROGRAMA SOCIAL DE

HABITAÇÃO. Considerando que o núcleo familiar já se encontra inserido em programa

social de habitação, bem como que apenas a mudança de residência não dará conta de

toda uma situação social, inviável compelir o ente municipal, em sede de cognição

sumária, que disponibilize moradia à família, ou que efetue o pagamento de aluguel

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138

social até a contemplação em programa habitacional. AGRAVO DE INSTRUMENTO

PROVIDO. (Agravo de Instrumento nº 70064263627, Oitava Câmara Cível, Tribunal de

Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 18/06/2015)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ECA. DIREITO SOCIAL À MORADIA. CONSTRUÇÃO DE NOVA

CASA À FAMÍLIA. IMPOSSIBILIDADE DE ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO, ALHEIO À

POLÍTICA HABITACIONAL DO MUNICÍPIO. PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA ENTRE OS

PODERES. ADOÇÃO DE OUTRAS MEDIDAS PROTETIVAS EM FAVOR DOS MENORES.

MULTA DIÁRIA. FALTA DE INTERESSE RECURSAL. 1. Não obstante a evidente

precariedade das condições da residência da família, a determinação, pelo Poder

Judiciário, de que o Executivo Municipal construa uma nova casa para o grupo familiar

fere os princípios da independência dos poderes e da impessoalidade, ao ordenar um

atendimento individualizado à família dos menores, dissociado das políticas

habitacionais desenvolvidas pela municipalidade. Por outro lado, é certo que o Poder

Público não pode quedar inerte diante da situação, devendo promover a inclusão da

família nos programas habitacionais destinados a família de baixa renda, visando

assegurar o direito social à moradia. 2. A fim de resguardar os interesses dos menores,

cabe ao Magistrado adotar as medidas protetivas pertinentes, que, todavia, não

representem indevida ingerência do Judiciário na Administração Pública. 3. Não se

conhece do recurso quanto ao pedido de afastamento de multa diária, porquanto a

decisão agravada não cominou astreintes em caso de descumprimento, inexistindo

interesse recursal no ponto, portanto. CONHECERAM EM PARTE E, NA PARTE

CONHECIDA, DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento nº

70054986203, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil

Santos, Julgado em 01/08/2013)

93. Considerando a disciplina legal e jurisprudencial da invalidação dos atos

administrativos e, em especial, o previsto na Lei federal no 9.784/99, a anulação de

ato administrativo ampliativo de direitos

(A) decorre do exercício do poder de polícia administrativa a fim de garantir segurança

jurídica e estabilidade das relações entre Administração e administrado.

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139

(B) só pode se dar por força de decisão judicial, observados os prazos de prescrição

previstos no Código Civil.

(C) decorre do exercício do poder de autotutela administrativa e independe de

procedimento em que seja assegurado contraditório e ampla defesa do beneficiário dos

efeitos do ato anulável sempre que houver má-fé.

(D) só pode se dar pela Administração Pública, no exercício do poder hierárquico, e não

pode alcançar terceiro interessado de boa-fé.

(E) só pode se dar no prazo de até cinco anos, pela própria Administração Pública.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

OBSERVAÇÃO: A questão tratou do tema “anulação dos atos administrativos” – assunto

indicado na rodada 3 como o ponto mais cobrado pela VUNESP quando o assunto é ato

administrativo e muito importante para a prova. A leitura do material da rodada 3 era

suficiente para responder a questão corretamente.

A alternativa “a” está incorreta, pois a anulação dos atos administrativos decorre do

princípio da autotutela administrativa.

A alternativa “b” está incorreta porque, conforme indicado reiteradamente no material

do curso, a anulação pode ser realizada tanto pela Administração quanto pelo Poder

Judiciário.

O erro da alternativa “c” está em apontar que o exercício da autotutela independe de

procedimento em que seja assegurado o contraditório e ampla defesa. Constou

expressamente no material da rodada 3 do curso que “o entendimento do STF é firme

no sentido de que a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios

atos não dispensa a observância do contraditório e ampla defesa prévios em âmbito

administrativo (entre outros RMS 31661/DF)”.

A alternativa “d” também está incorreta logo de cara, pois a anulação dos atos

administrativos não decorre do poder hierárquico e pode ser realizada não só pela

Administração Pública, mas também pelo Poder Judiciário.

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140

A alternativa correta, portanto, é a letra “e”, pois a Administração para anular seus

próprios atos deve respeitar o prazo decadencial de 5 anos, nos termos do art. 54 da Lei

nº 9.784-99, trazido também no material do curso.

94. Um determinado ente da federação, na execução de sua política para o

agronegócio, pretende contratar pessoa jurídica que exerce atividade de pesquisa, de

reconhecida capacidade tecnológica no setor, com vistas ao desenvolvimento de

produto hábil a controlar de forma imediata, eficiente e sustentável (não poluente),

pragas que estão atacando as plantações de uma determinada espécie frutífera típica

daquela localidade. O valor estimado da contratação é de R$ 55.000.000,00 (cinquenta

e cinco milhões de reais). Considerando que os padrões de desempenho e qualidade

da contratação envolvem especificações não usuais no mercado, bem como que a

pesquisa de preços realizada não localizou a existência de solução similar, essa

contratação

(A) poderá se dar de forma direta somente se a pessoa jurídica contratada for fundação

que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da

Administração Pública direta e indireta, nos termos da lei.

(B) poderá se dar de forma direta, mediante dispensa de licitação, desde que o objeto

da contratação, segundo critérios técnicos constantes do processo administrativo

correlato, caracterize produto para pesquisa e desenvolvimento, nos termos da lei.

(C) deverá ser precedida de audiência pública e subsequente licitação, na modalidade

concorrência, nos termos da lei.

(D) deverá ser precedida de licitação, na modalidade pregão.

(E) deverá ser precedida de concurso para seleção do melhor projeto.

RESPOSTA – B

COMENTÁRIOS

OBSERVAÇÃO: A questão tratou do tema da contratação direta, também uma das

apostas do curso, abordada na rodada 12. Na oportunidade, destacamos as alterações

legislativas mais recentes que acrescentaram dois incisos no art. 24 da Lei nº 8.666/93,

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141

sendo um deles exatamente o inciso XXI, que trata da hipótese trazida no enunciado da

questão – dispensa de licitação para aquisição ou contratação de produto para pesquisa

e desenvolvimento. Assim, a leitura do material do curso também permitiria acertar essa

questão.

A alternativa A está errada, pois apenas seria aplicável a hipótese de dispensa do inciso

XXXIV do art. 24 da Lei nº 8.666/93 para a aquisição de insumos estratégicos para a

saúde, o que não é o caso narrado no enunciado da questão. Também não seria o caso

de licitação pela modalidade concurso, uma vez que não se trata de escolha de trabalho

técnico, científico ou artístico. Tampouco seria o caso de aplicar a modalidade pregão,

pois o enunciado deixa expresso que os padrões de desempenho e qualidade envolvem

especificações não usuais no mercado. Por fim, não há necessidade de licitação, em

razão da possibilidade de dispensa prevista no art. 24, inciso XXI, da Lei nº 8.666/93.

Ademais, a necessidade de audiência pública aplica-se apenas quando o valor estimado

da contratação é superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, I, alínea “c”, da

Lei nº 8.666/93, o que não é o caso (art. 39).

95. Um determinado Estado celebrou contrato, precedido de licitação, com a empresa

RS Ltda., tendo por objeto a execução de reforma de edifício público. Durante a

execução do contrato, sobreveio determinação legal para adaptação do imóvel, de

forma a torná-lo acessível às pessoas com deficiência, havendo necessidade de

modificar o projeto licitado. Ao adequar o projeto, o Estado constatou aumento do

valor orçado em R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais), montante equivalente a 50%

do valor original do contrato. Nesse caso, é correto afirmar que o contrato deverá ser

(A) rescindido amigavelmente, por motivo de força maior caracterizada pela verificação

técnica de inaplicabilidade dos termos contratuais originários, sendo devidas ao

contratado as parcelas da obra já executadas até a data da rescisão, além de pagamento

do custo de desmobilização.

(B) modificado para reajustar os preços previstos de acordo com o novo projeto

adaptado, já que, nos termos da lei, o contratado é obrigado a aceitar o acréscimo na

obra de reforma até o limite de 50% do valor original ajustado.

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142

(C) modificado para adequação técnica do projeto e correspondente restabelecimento

do equilíbrio econômico financeiro inicial ajustado.

(D) revogado por razão de interesse público decorrente de fato superveniente

devidamente comprovado, sendo devida indenização ao contratado, além do

pagamento pelas parcelas já executadas.

(E) rescindido unilateralmente pelo Estado, em razão da superveniência de fato novo, a

justificar relicitação do projeto adequado, sendo devidas ao contratado as parcelas da

obra já executadas.

RESPOSTA – C

COMENTÁRIOS

OBSERVAÇÃO: Mais uma questão cujo assunto foi abordado nas rodadas de direito

administrativo. Trata-se do tema de alteração unilateral dos contratos administrativos,

objeto da rodada 14 do nosso curso específico para o TJ-RS.

Nessa questão, era essencial que o aluno estivesse atento ao enunciado da questão que

indicou explicitamente que tratava de contrato de reforma de edifício. Com efeito, nos

casos de reforma de edifício ou de equipamento, a legislação expressamente admite a

alteração do contrato em até o limite de 50% do valor inicial. É o que dispõe o art. 65,

§1º, da Lei nº 8.666/93, o qual, inclusive, destacamos no material do curso como artigo

importante para ser memorizado.

Ademais, destacamos ainda que no material que “caso a alteração venha a aumentar o

encargo do contratado, deverá haver correspondente revisão das cláusulas econômico-

financeiras do contrato a fim de que seja restabelecido o equilíbrio econômico-

financeiro inicial (art. 58, §2º, e art. 65, §6º)”.

96. Um município, que deixou de aplicar o percentual mínimo da sua receita resultante

de impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino, pretende firmar convênio

com o Estado do Rio Grande do Sul, tendo por objeto o recebimento de recursos

financeiros estaduais para prestação de serviços de fornecimento de refeições à

população em situação de rua. Nesse caso, o convênio

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143

(A) não poderá ser firmado enquanto o município não comprovar que se encontra em

dia com suas obrigações legais e constitucionais, por meio de certidão emitida pelo

Tribunal de Contas do Estado.

(B) poderá ser firmado, desde que o município convenente comprove que observou o

limite constitucional relativo à saúde.

(C) não poderá ser firmado porque a Lei de Responsabilidade Fiscal determina a

suspensão do recebimento de transferências voluntárias por municípios que não

observem os limites constitucionais relativos à educação e à saúde.

(D) poderá ser firmado porque não há vedação legal à realização de transferências

voluntárias entre entes federados para ações de assistência social.

(E) não poderá ser firmado porque o caso retrata hipótese de transferência obrigatória,

que se formaliza por meio de adesão a programa específico de política pública.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

Para responder esta questão bastava uma leitura atenta da Lei de Responsabilidade

Fiscal (LRF). O tema é tratado no art. 25 da Lei Complementar nº 101/00. Com efeito,

em regra, exige-se para a realização de transferência voluntária que o beneficiário

comprove: a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e

financiamentos devidos ao ente transferidor, bem como quanto à prestação de contas

de recursos anteriormente dele recebidos; b) cumprimento dos limites constitucionais

relativos à educação e à saúde; c) observância dos limites das dívidas consolidada e

mobiliária, de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição

em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal; d) previsão orçamentária de

contrapartida.

Todavia, o § 3º do mesmo art. 25 da LRF estabelece que para fins da aplicação das

sanções de suspensão de transferências voluntárias, excetuam-se aquelas relativas a

ações de educação, saúde e assistência social. Isso significa que se a transferência

voluntária tiver por objeto (finalidade) a realização de ações de educação, saúde,

assistência social será permitido o repasse dos valores mesmo que o beneficiário não

comprove o cumprimento de todas exigências previstas no art. 25.

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144

Assim, conforme previsão na LRF, ainda que o Município não tenha aplicado o mínimo

exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino poderá

receber transferência voluntária desde que os valores recebidos sejam destinados a

ações de educação, saúde e assistência social. No caso narrado na questão, o enunciado

indica que os valores serão utilizados para prestação de serviços de fornecimento de

refeições à população em situação de rua (atividade de assistência social), razão pela

qual o Município poderá receber a transferência voluntária.

97. Decisão proferida pelo Conselho Superior de Agência Reguladora estadual, órgão

máximo de direção da autarquia, que mantém aplicação de sanção ao concessionário

de serviço público por ela regulado em razão do descumprimento de cláusula

contratual,

(A) pode ser objeto de recurso administrativo interno, dirigido ao Dirigente Superior da

Agência Reguladora.

(B) é ilegal, por desbordar os limites da competência das agências reguladoras,

autarquias submetidas ao princípio constitucional da estrita legalidade.

(C) salvo disposição específica em contrário, é irrecorrível no âmbito administrativo,

especialmente por se tratar de atividade finalística da agência reguladora.

(D) pode ser objeto de recurso hierárquico, dirigido ao Chefe do Poder Executivo

estadual.

(E) é inconstitucional, porque sanções aplicadas ao particular só podem decorrer de lei

em sentido estrito e não de contrato de concessão de serviço público, do qual o órgão

regulador não é parte.

RESPOSTA – C

COMENTÁRIOS

A questão trata do tema de recurso hierárquico no âmbito das agências reguladoras –

assunto que gera certas controvérsias doutrinárias, razão pela qual cabível a

interposição de recuso. Como visto na aula de organização administrativa, as agências

reguladoras são criadas para controlar e fiscalizar a prestação dos serviços públicos

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145

pelos particulares. São espécie de autarquias de regime especial, que possuem

autonomia reforçada em face da Administração direta a fim de desempenhar a atividade

regulatória livre (ou com o mínimo possível) de interferências políticas. Fato é que não

existe hierarquia/subordinação entre a entidade da Administração indireta (autarquia)

e o ente federativo que a instituiu, mas apenas relação de vinculação e controle

finalístico.

O recurso hierárquico decorre do poder hierárquico/ hierarquia existente entre os

órgãos integrantes da Administração direta, razão pela qual independe de previsão

legal. Por outro lado, o recurso hierárquico impróprio existe para levar alguns atos da

entidade da administração indireta para apreciação pela Administração direta, portanto

não decorre da hierarquia, sendo necessária previsão legal para a sua existência. Neste

caso, o órgão revisor será aquele que a lei determinar. Contudo, importante destacar

que, em relação às agências reguladoras, em razão da sua maior independência, persiste

discussão doutrinária quanto a possibilidade de recurso hierárquico.

Para alguns autores, não é possível a interposição de recurso hierárquico impróprio, a

fim assegurar que a decisão final na esfera administrativa seja da autarquia regulatória

– seus atos não poderiam ser revistos ou alterados pelo Executivo. Há ainda quem

entenda que é possível o recurso hierárquico impróprio para reanálise das decisões das

agências reguladoras, mas limitado aos casos em que a decisão ultrapassa os limites de

suas competências e/ou viole as políticas públicas definidas para o setor regulado, não

sendo possível diante de decisões em matéria de natureza regulatória em seu âmbito

de competência (sob pena de afronta à independência que lhe é inerente).

ATENÇÃO! Em face de todo o exposto, a alternativa correta é mesmo a letra B, mas em

razão das divergências doutrinária é possível encontrar argumentos para buscar a

anulação da questão em razão da ausência de entendimento pacífico na doutrina

quanto a possibilidade de recurso hierárquico impróprio das decisões das agências

reguladoras. No entanto, adiantamos que há poucas chances de êxito no recurso, uma

vez que para fins de concurso tem prevalecido o entendimento da possibilidade do

recurso hierárquico impróprio desde que previsto em lei. Nesse sentido, inclusive, o

CESPE considerou correta a seguinte assertiva: “As decisões das agências reguladoras

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146

federais estão sujeitas à revisão ministerial, inclusive por meio de recurso hierárquico

impróprio” (ANTAQ – 2014).

98. De acordo com a Constituição Federal, a respeito dos agentes públicos, é correto

afirmar que

(A) é vedada a percepção acumulada de proventos de aposentadoria do regime próprio

de previdência social ou militar com a remuneração de cargo, emprego ou função

pública, inclusive cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

(B) somente os empregados públicos previamente aprovados em concurso público

podem adquirir estabilidade após o período de três anos de efetivo exercício.

(C) os cargos, empregos e funções públicas não são acessíveis a estrangeiros, exceto

cargo de professor ou pesquisador junto a instituição de ensino.

(D) é vedada a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções, exceto quando

houver compatibilidade de horários, a de dois empregos em empresa pública, sociedade

de economia mista, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta ou indiretamente,

pelo poder público, observado, em qualquer caso, o limite máximo de remuneração no

setor público.

(E) as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de

cargo efetivo, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

RESPOSTA – E

COMENTÁRIOS

OBSERVAÇÃO: A questão abordou o tema “agentes públicos”, sob a perspectiva dos

dispositivos constitucionais, uma das nossas apostas para a prova. O assunto foi objeto

de estudo na rodada 9. A alternativa correta é a letra E, conforme previsão expressa no

art. 37, V, CF (tratado expressamente no curso).

A alternativa A está incorreta em razão do termo “inclusive”, consoante disposto no art.

37, § 10, da CF.

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O erro da alternativa B está em apontar que os empregados públicos podem adquirir

estabilidade. Trata-se de garantia restrita aos servidores estatutários, conforme firme

entendimento do STF.

A alternativa C está errada porque “os cargos, empregos e funções públicas são

acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como

aos estrangeiros, na forma da lei”, nos termos do art. 37, I, da CF.

Por fim, a alternativa D está errada, conforme se depreende da leitura do art. 37, incisos

XVI e XVII, da CF.

99. Pelas obrigações assumidas por consórcio público:

(A) nos termos da lei, respondem solidariamente os entes públicos consorciados,

observadas as disposições do seu estatuto.

(B) responde subsidiariamente o ente público líder do consórcio.

(C) respondem pessoal e subsidiariamente os agentes públicos incumbidos da gestão do

consórcio, observadas as disposições do seu estatuto.

(D) respondem subsidiariamente os entes públicos consorciados.

(E) nos termos da lei, respondem pessoal e solidariamente os agentes públicos

incumbidos da gestão do consórcio, observadas as disposições do seu estatuto.

RESPOSTA – D

COMENTÁRIOS

O tema objeto da questão “consórcios públicos” foi abordado brevemente na aula de

organização da Administração Pública, na qual indicamos a leitura da Lei nº

11.107/2005. No caso, a resposta da questão está no art. 13, § 2º, da referida lei, que

estabelece:

“No caso de a gestão associada originar a transferência total ou parcial de encargos,

serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos, o contrato

de programa, sob pena de nulidade, deverá conter cláusulas que estabeleçam:

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148

I – os encargos transferidos e a responsabilidade subsidiária da entidade que os

transferiu”.

100. A respeito do tombamento, é correto afirmar que

(A) o Supremo Tribunal Federal já afirmou que a hierarquia verticalizada dos entes

federados prevista expressamente na Lei de Desapropriação (Decreto-lei no 3.365/41)

não se estende ao tombamento, não havendo vedação a que Estado possa tombar bem

da União, tampouco que Município possa tombar bem estadual ou federal.

(B) se constitui mediante decreto expedido pelo Poder Legislativo Federal, Estadual,

Distrital ou Municipal, reconhecendo o valor histórico, artístico, paisagístico, turístico,

cultural ou científico de um bem ou bens, individual ou coletivamente considerados,

culminando com ato administrativo de registro em livro próprio.

(C) se recair sobre bem particular, sua instituição pelo Poder Público, em regra, admite

pagamento de indenização por limitação de uso da propriedade.

(D) se recair sobre bem público, poderá ser provisório ou definitivo, conforme a fase do

procedimento administrativo, que se conclui com a inscrição do bem no competente

Livro do Tombo.

(E) se recair sobre bem público, poderá se dar de ofício pela autoridade competente e a

prévia notificação do ente proprietário constitui condição de validade do ato

administrativo de tombamento.

RESPOSTA – A

COMENTÁRIOS

A questão foi baseada no julgamento do STF na ACO 1208 AgR. Na referida decisão, o

Supremo manifestou-se expressamente acerca da possibilidade de realização de

tombamento de bens públicos por outro ente federado, adotando o mesmo

entendimento do STJ na questão. Em razão da pertinência, transcreve-se a ementa do

julgado em que o STF decidiu que não se aplica a hierarquia verticalizada da Lei de

Desapropriação no caso do tombamento:

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149

Agravo em ação cível originária. 2. Administrativo e Constitucional. 3. Tombamento de

bem público da União por Estado. Conflito Federativo. Competência desta Corte. 4.

Hierarquia verticalizada, prevista na Lei de Desapropriação (Decreto-Lei 3.365/41).

Inaplicabilidade no tombamento. Regramento específico. Decreto-Lei 25/1937 (arts. 2º,

5º e 11). Interpretação histórica, teleológica, sistemática e/ou literal. Possibilidade de o

Estado tombar bem da União. Doutrina. 5. Lei do Estado de Mato Grosso do Sul

1.526/1994. Devido processo legal observado. 6. Competências concorrentes material

(art. 23, III e IV, c/c art. 216, § 1º, da CF) e legislativa (art. 24, VII, da CF). Ausência de

previsão expressa na Constituição Estadual quanto à competência legislativa.

Desnecessidade. Rol exemplificativo do art. 62 da CE. Proteção do patrimônio histórico,

cultural, artístico, turístico e paisagístico regional. Interesse estadual. 7. Ilegalidade.

Vício de procedimento por ser implementado apenas por ato administrativo. Rejeição.

Possibilidade de lei realizar tombamento de bem. Fase provisória. Efeito meramente

declaratório. Necessidade de implementação de procedimentos ulteriores pelo Poder

Executivo. 8. Notificação prévia. Tombamento de ofício (art. 5º do Decreto-Lei 25/1937).

Cientificação do proprietário postergada para a fase definitiva. Condição de eficácia e

não de validade. Doutrina. 9. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão

agravada. 10. Agravo desprovido. 11. Honorários advocatícios majorados para 20% do

valor atualizado da causa à época de decisão recorrida (§ 11 do art. 85 do CPC). (ACO

1208 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2017).

Na ocasião, o voto do Min. Relator definiu tombamento da seguinte forma:

“Constitui-se mediante a declaração do Poder Público Federal, Estadual, Distrital ou

Municipal, reconhecendo o valor histórico, artístico, paisagístico, turístico, cultural ou

científico de bem(ns), individual ou coletivamente considerados, que impõem ser

preservados, culminando-se, ao final, com a inscrição em livro próprio (Tombo) e

averbação no registro no cartório de imóveis, se for o caso”.

Assim, a alternativa B está incorreta. É que não há vedação ao tombamento feito por

ato legislativo, mas, em regra, ele decorre de ato do Poder Executivo. Em caso de

tombamento decorrente do Poder Legislativo este possui caráter provisório, ficando o

tombamento permanente pendente de ato restrito do Executivo.

Page 150: PROVA OBJETIVA COMENTADA 1 (TJ-RS, 2018)1 · PROVA OBJETIVA COMENTADA (TJ-RS, 2018)1 1 Prova Objetiva aplicada em 29/04/2018 e comentada pela Equipe Mege após gabarito preliminar

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O erro da alternativa C está em indicar que, em regra, admite-se pagamento de

indenização pelo tombamento. Ao contrário do que consta na assertiva, a regra é que o

tombamento não dá origem ao dever de indenizar. Segundo constou na decisão do STF

comentada, “a instituição do tombamento, em regra, não permite o pagamento de

indenização, ante a observância do cumprimento da função sociocultural da

propriedade, nos termos do § 1º do art. 1228 do Código Civil”. Para que seja reconhecido

o direito à indenização é preciso demonstrar que o proprietário sofre um dano especial,

peculiar, no direito de propriedade (RE 361127).

A fase provisória do tombamento constitui-se mediante ato de natureza declaratória e

ostenta caráter preventivo, de sorte que se consiste em etapa preparatória para sua

implementação posterior pelo Poder Executivo, que cientificará o proprietário e dará

sequência ao procedimento definitivo, a depender do caso (de ofício, voluntário ou

compulsório).

Segundo decidiu o STF, salvo a transcrição no cartório de registro de imóveis e no livro

Tombo, os efeitos do tombamento provisório de bem público equiparam-se ao

definitivo. Assim, a alternativa D estaria errada porque indica que o tombamento

definitivo conclui-se com a inscrição do bem no Livro do Tombo, quando, em alguns

casos, será necessário a inscrição no registro de imóveis. Assim, entendo caber recurso

desta questão, uma vez que não será sempre que existirá inscrição no registro de

imóveis, providência desnecessária no tombamento de bens móveis. No entanto,

acreditamos que há pouca chance de provimento do recurso.

Por fim, a alternativa E está errada, pois no julgamento em análise, o STF decidiu que

se o tombamento cair sobre bem público não é necessária notificação prévia do

proprietário, uma vez que para este há norma específica - o art. 5° do Decreto-Lei 25/37.

Consta expressamente da decisão que “da leitura desse dispositivo conclui-se que, ao se

referir à modalidade de tombamento de ofício, a notificação é posterior ao ato de

tombamento provisório. O objetivo da notificação é que os efeitos do tombamento

sejam plenos, o qual se finalizará com a averbação no cartório de imóveis, ocasião em

que restará perfectibilizado o tombamento definitivo”. Assim, “a notificação, por

conseguinte, é posterior ao ato declaratório de tombamento, consistindo em condição

de eficácia da medida” e não condição de validade como consta na alternativa.