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DIREITO ADMINISTRATIVO

TJ-RJ1 ParteDireito Administrativo Princpios informativos do Direito Administrativo. Administrao direta e indireta. rgos pblicos. Ato administrativo: requisitos, atributos, classificao, espcies e extino. Do processo administrativo. Agentes pblicos. Servidores Pblicos. Direito Constitucional Constituio: conceito. Da Administrao Pblica: disposies gerais, dos servidores pblicos.

A tarefa de viver nunca se conclui, a no ser que a gente determine. O sonho e o susto sopram em nosso ouvido quando tudo aparece apaziguado. ... Algo novo se posta junto a poltrona onde talvez estivssemos inocentemente vendo televiso. Uma palavra ouvida, uma frase lida, um rosto novo, um velho conhecido, um quase-nada nos toca. ... Podemos optar: Vou ficar dormindo. Vou at a prxima esquina ver o que acontece. Esse momento define a continuao de uma existncia em movimento cristalizada, afinada ou fora de sintonia. Essa possibilidade de escolher assusta mas apenas um sinal de que estamos embarcados, estamos em movimento e em transformao. ... Talvez a gente nem compreenda ainda, mas a sorte que preparar as armadilhas boas e ruins onde fatalmente cairemos porque estamos vivos sorri acenando com a nossa nova amante: a vida. O futuro pousa outra vez na nossa mo. Lya Luft

PROFESSOR ALEXANDRE [email protected]

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DA CONSTITUIO1)Conceito: considerada sua lei fundamental, seria, ento, a organizao dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurdicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisio e o exerccio do poder, o estabelecimento de sus rgos, os limites de sua ao, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias; em sntese, o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado. A constituio algo que tem, como forma, um complexo de normas; como contedo, a conduta humana motivada das relaes sociais; como fim, a realizao dos valores que apontam para o existir da comunidade; e, finalmente, como causa criadora e recriadora, o poder que emana do povo; no podendo ser compreendida e interpretada, se no tiver em mente essa estrutura, considerada como conexo de sentido, como tudo aquilo que integra um conjunto de valores. 2)Classificao das Constituies: quanto ao contedo: materiais e formas; quanto forma: escritas e no escritas; quanto ao modo de elaborao: dogmticas e histricas; quanto origem: populares (democrticas) ou outorgadas; quanto estabilidade: rgidas, flexveis e semi-rgidas. A constituio material em sentido amplo, identifica-se com a organizao total do Estado, com regime poltico; em sentido estrito, designa as normas escritas ou costumeiras, inseridas ou no num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, o organizao de seus rgos e os direitos fundamentais. A constituio formal o peculiar modo de existir do Estado, reduzido, sob forma escrita, a um documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte e somente modificvel por processos e formalidades especiais nela prpria estabelecidos. A constituio escrita considerada, quando codificada e sistematizada num texto nico, elaborado por um rgo constituinte, encerrando todas as normas tidas como fundamentais sobre a estrutura do Estado, [email protected]

organizao dos poderes constitudos, seu modo de exerccio e limites de atuao e os direitos fundamentais. No escrita, a que cujas normas no constam de um documento nico e solene, baseando-se nos costumes, na jurisprudncia e em convenes e em textos constitucionais esparsos. Ex. constituio inglesa. Constituio dogmtica a elaborada por um rgo constituinte, e sistematiza os dogmas ou idias fundamentais da teoria poltica e do Direito dominantes no momento. Histrica ou costumeira: a resultante de lenta formao histrica, do lento evoluir das tradies, dos fatos sciopolticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organizao de determinado Estado. So populares as que se originam de um rgo constituinte composto de representantes do povo, eleitos para o fim de elaborar e estabelecer a mesma. (Cfs de 1891, 1934, 1946 e 1988). Outorgadas so as elaboradas e estabelecidas sem a participao do povo, aquelas que o governante por si ou por interposta pessoa ou instituio, outorga, impe, concede ao povo. (Cfs 1824, 1937, 1967 e 1969). Rgida a somente altervel mediante processos, solenidades e exigncias formais especiais, diferentes e mais difceis que os de formao das leis ordinrias ou complementares. Flexvel a que pode ser livremente modificada pelo legislador segundo o mesmo processo de elaborao das leis ordinrias. Semi-rgida a que contm uma parte rgida e uma flexvel. 3) Objeto: estabelecer a estrutura do Estado, a organizao de seus rgos, o modo de quisio do poder e a forma de seu exerccio, limites de sua atuao, assegurar os direitos e garantias dos indivduos, fixar o regime poltico e disciplinar os fins scioeconmicos do Estado, bem como os fundamentos dos direitos econmicos, sociais e culturais. 4) Contedo: varivel no espao e no tempo, integrando a multiplicidade no 3

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unodas instituies econmicas, jurdicas, polticas e sociais na unidade mltipla da lei fundamental do Estado. 5) Elementos: por sua generalidade, revela em sua estrutura normativa as seguintes categorias: a) elementos orgnicos: que se contm nas normas que regulam a estrutura do Estado e do poder; b) limitativos: que se manifestam nas normas que consubstanciam o elenco dos direitos e garantias fundamentais; limitam a ao dos poderes estatais e do a tnica do Estado de Direito (individuais e suas garantias, de nacionalidade, polticos); c) scio-ideolgicos: consubstanciados nas normas scioideolgicas, que revelam a carter de compromisso das constituies modernas entre o Estado individualista e o social intervencionista; d) de estabilizao constitucional: consagrados nas normas destinadas a assegurar a soluo dos conflitos constitucionais, a defesa da constituio, do Estado e das instituies democrticas; e) formais de aplicabilidade: so os que se acham consubstanciados nas normas que estatuem regras de aplicao das constituies, assim, o prembulo, o dispositivo que contm as clusulas de promulgao e as disposies transitrias, assim, as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata. DA CONSTITUIO 6) Rigidez e supremacia constitucional: A rigidez decorre da maior dificuldade para sua modificao do que as demais; dela emana o princpio da supremacia da constituio, colocando-a no vrtice do sistema jurdico. 7) Supremacia da Constituio Federal: por ser rgida, toda autoridade s nela encontra fundamento e s ela confere poderes e competncias governamentais; exerce, suas atribuies nos termos dela; sendo que todas as normas que integram a ordenao jurdica nacional s sero vlidas se se conformarem com as normas constitucionais [email protected]

DA FEDERATIVA DO BRASIL

REPBLICA

8) O Pas e o Estado brasileiros: Pas se refere aos aspectos fsicos, ao habitat, ao torro nacional; manifesta a unidade geogrfica, histrica, econmica e cultural das terras ocupadas pelos brasileiros. Estado uma ordenao que tem por fim especfico e essencial a regulamentao global das relaes sociais entre os membros de uma dada populao sobre um dado territrio; constitui-se de um poder soberano de um povo situado num territrio com certas finalidades; a constituio organiza esses elementos. 9) Territrio e forma de Estado: territrio o limite espacial dentro do qual o Estado exerce de modo efetivo o poder de imprio sobre pessoas e bens. Forma de Estado o modo de exerccio do poder poltico em funo do territrio. 10) Estado Federal - forma do Estado brasileiro: o federalismo, refere-se a uma forma de Estado (federao ou Estado Federal) caracterizada pela unio de coletividades pblicas dotadas de autonomia poltico-constitucional, autonomia federativa; a federao consiste na unio de coletividades regionais autnomas (estados federados, estados-membros ou estado). Estado federal o todo, dotado de personalidade jurdica de Direito Pblico Internacional. A Unio a entidade federal formada pela reunio das partes componentes, constituindo pessoa jurdica de Direito Pblico interno, autnoma em relao aos Estados e a que cabe exercer as prerrogativas da soberania do Estado brasileiro. A autonomia federativa assenta-se em dois elementos: a) na existncia de rgos governamentais prprios; b) na posse de competncias exclusivas. O Estado federal apresenta-se como um Estado que, embora parecendo nico nas relaes internacionais, constitudo por Estados-membros dotados de autonomia, notadamente quanto ao exerccio de capacidade normativa sobre matrias reservadas sua competncia. 11) Forma de Governo a Repblica: Forma de governo conceito que se refere maneira como se d a instituio 4

SUPREMACIA

DA

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do poder na sociedade e como se d a relao entre governantes e governados. Repblica uma forma de governo que designa uma coletividade poltica com caractersticas da res pblica, ou seja, coisa do povo e para o povo, que se ope a toda forma de tirania. O princpio republicano (art. 1) no instaura a Repblica, recebe-a da evoluo constitucional. Sistema de Governo o modo como se relacionam os poderes, especialmente o Legislativo e o Executivo, que d origem aos sistemas parlamentarista, presidencialista e diretorial. 12) Fundamentos do Estado brasileiro: segundo o art. 1, o Estado brasileiro tem como fundamentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo poltico. 13) Objetivos fundamentais do Estado brasileiro: a Constituio consigna como objetivos fundamentais (art. 3): construir uma sociedade livre, justa e solidria; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalizao; reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e de outras formas de discriminao. PODER E DIVISO DE PODERES A diviso de poderes um princpio fundamental da Constituio, consta no ser art. 2 :so poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio; exprimem , a um tempo, as funes legislativa, executiva e jurisdicional e indicam os respectivos rgos, estabelecidos na organizao dos poderes. 14) Poder poltico: pode ser definido como uma energia capaz de coordenar e impor decises visando realizao de determinados fins; superior a todos os outros poderes sociais, os quais reconhece, rege e domina, visando a ordenar as relaes entre esses grupos de indivduos entre si e reciprocamente, de maneira a manter um mnimo de ordem e estimular o mximo de progresso vista do bem comum; possui [email protected]

caractersticas fundamentais; indivisibilidade e indelegabilidade.

unidade,

15) Governo e distino de funes do poder: Governo o conjunto de rgos mediante os quais a vontade do Estado formulada, expressada e realizada, ou , o conjunto de rgos supremos a quem incumbe o exerccio das funes do poder poltico; a distino das funes que so a legislativa, a executiva e a jurisdicional, fundamentalmente : - a legislativa consiste na edio de regras gerais(leis), abstratas, impessoais e inovadoras da ordem pblica; a executiva resolve os problemas concretos e individualizados, de acordo com as leis; a jurisdicional tem por objeto aplicar o direito aos casos concretos a fim de dirimir conflitos de interesse. 16) Diviso dos poderes: consiste em confiar cada uma das funes governamentais a rgos diferentes, que tomam os nomes das respectivas funes; fundamenta-se em dois elementos: a especializao funcional e a independncia orgnica. 17) Independncia e harmonia entre os poderes: a independncia dos poderes significa que a investidura e a permanncia das pessoas num dos rgos no dependem da confiana nem da vontade dos outros, que, no exerccio das atribuies que lhe sejam prprias, no precisam os titulares consultar os outros nem necessitam de sua autorizao, que, na organizao dos respectivos servios, cada um livre, observadas apenas as disposies constitucionais e legais. A harmonia entre os poderes verifica-se pelas normas de cortesia no trato recproco e no respeito s prerrogativas e faculdades a que mutuamente todos tm direito; a diviso de funes entre os rgos do poder nem sua independncia so absolutas; h interferncias, que visam ao estabelecimento de um sistema de freios e contrapesos, busca do equilibrio necessrio realizao do bem da coletividade. 18) Excees ao princpio: a Constituio estabelece incompatibilidades relativamente ao exerccio de funes e poderes (art. 54), e porque os limites e 5

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excees ao princpio decorrem de normas; Exemplos de exceo ao princpio: arts. 56, 62 (medidas provisrias com fora de lei) e 68 ( delegao de atribuies legislativas). DO DIREITO ESTADO DEMOCRTICO DE

A democracia, como realizao de valores de convivncia humana, conceito mais abrangente do que o de Estado de Direito, que surgiu como expresso jurdica da democracia liberal. O Estado Democrtico de Direito rene os princpios do Estado Democrtico e do Estado de Direito, no como simples reunio formal dos respectivos elemento, revela um conceito novo que os supera, na medida em que incorpora um componente revolucionrio de transformao do status quo. 19) Estado de Direito: suas caractersticas bsicas foram a submisso do imprio a lei, a diviso de poderes e o enunciado e garantia dos direitos individuais. 20) Estado Social de Direito: transformao do Estado de Direito, onde o qualitativo social refere-se correo do individualismo clssico liberal pela afirmao dos chamados direitos sociais e realizao de objetivos de justia social; caracteriza-se no propsito de compatibilizar, em um mesmo sistema, 2 elementos: o capitalismo, como forma de produo, e a consecuo do bemestar social geral, servindo de base ao neocapitalismo. 21) Estado Democrtico: se funda no princpio da soberania popular, que impe a participao efetiva e operante do povo na coisa pblica, participao que no se exaure, na simples formao das instituies representativas, que constituem em estgio da evoluo do Estado Democrtico, mas no o seu completo desenvolvimento; visa, assim, a realizar o princpio democrtico como garantia real dos direitos fundamentais da pessoa humana. 22) Caracterizao do Estado Democrtico de Direito: no significa apenas unir formalmente os conceitos de Estado de Democrtico e Estado de Direito;[email protected]

consiste na criao de um conceito novo, levando em conta os conceitos dos elementos componentes, mas os supera na medida em que incorpora um componente revolucionrio de transformao do status quo; um tipo de Estado que tende a realizar a sntese do processo contraditrio do mundo contemporneo, superando o Estado capitalista para configurar um Estado promotor de justia social que o personalismo e monismo poltico das democracias populares sob o influxo do socialismo real no foram capazes de construir; a CF de 88 apenas abre as perspectivas de realizao social profunda pela prtica dos direitos sociais que ela inscreve e pelo exerccio dos instrumentos que oferece cidadania e que possibilita concretizar as exigncias de um Estado de justia social, fundado na dignidade da pessoa humana. 23) A lei no Estado Democrtico de Direito: o princpio da legalidade tambm um princpio basilar desse Estado; da essncia do seu conceito subordinar-se Constituio e fundar-se na legalidade democrtica; sujeita-se ao imprio da lei, mas da lei que realize o princpio da igualdade e da justia no pela sua generalidade, mas pela busca da igualizao das condies dos socialmente desiguais. 24) Princpios a tarefa do Estado Democrtico de Direito: so os seguintes: princpio da constitucionalidade, democrtico, do sistema de direitos fundamentais, da justia social, da igualdade, da diviso de poderes, da legalidade e da segurana jurdica; sua tarefa fundamental consiste em superar as desigualdades sociais e regionais e instaurar um regime democrtico que realize a justia social.

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1 - ADMINISTRAO PBLICA1.1 CONCEITO ADMINISTRATIVO: DE DIREITO

Segundo Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo o conjunto harmnico de princpios jurdicos que regem os rgos, os agentes e as atividades pblicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. Maria Sylvia Zanella Di Pietro define o Direito Administrativo como ramo do direito pblico que tem por objeto os rgos, agentes e pessoas jurdicas administrativas que integram a Administrao Pblica, a atividade jurdica no contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecuo de seus fins, de natureza pblica. O Direito Administrativo, em ltima anlise, trata da organizao da Administrao Pblica e da relao desta com os administrados. 1.2 ADMINISTRAO PBLICA: PREMBULO No s o art. 37 e seguintes da Constituio da Repblica tratam da Administrao Pblica, bem como o art. 5, na medida em que toda a sua atividade jungida pelo respeito aos direitos fundamentais, expirada pelos princpios que constituem a ordem jurdica. Nesse momento, porm, sero estudados os arts. 37 e segs. Hoje, existe uma crise nos paradigmas do direito administrativo e da Administrao Pblica num modo geral, porque o direito administrativo constitucional desenhado pelo constituinte de CF/88, partia de algumas premissas que esto se sujeitando a releitura crtica. A CF/88 foi elaborada num momento em que se acreditava no Estado do Bem Estar Social. A Administrao Pblica foi erigida calcada em instrumentos, formalidades e mecanismos que visariam a proteger o interesse pblico, o cidado. Ocorre que, com o passar dos tempos, a mquina foi se tornando autista, o que era atividade-meio foi crescendo em detrimento da [email protected]

Cominando em burocratizaro, eficincia ... e de certa forma, a tendncia no direito administrativo moderno a flexibilizao de certos dogmas: legalidade, princpios como poder de polcia, da indisponibilidade do interesse pblico, da imperatividade da atuao administrativa. Caminha-se para um direito administrativo consensual: o Estado ao invs de obrigar, tenta induzir comportamentos, tenta agir em parceria com a iniciativa privada. Agora, se isso apenas demagogia, vou deixar em aberto com vocs. H, na doutrina, autores que apiam essa mudana (passagem do Estado Social para o Estado subsidirio Diogo de Figueiredo), como outros que consideram isso uma barbrie (Celso Antnio Bandeira de Melo). Estudaremos o Estado, prestador de servios pblicos, sob a tica da atual administrao gerencial, onde o foco est no cidado-cliente. Esse atual modelo de Estado, que permanece em constante evoluo, est cada vez mais amplo e o papel do administrativista conseguir visualiz-lo no seu grande mister de efetivo atendimento das necessidades sociais. Para tanto, o Estado cresceu e hoje dividido em trs diferentes setores. 1 SETOR: ADMINISTRAO PBLICA (Direta e Indireta) A ESTRUTURA ADMINISTRATIVA BRASILEIRA ENCONTRADA NO 1 SETOR E DIVIDIDA EM DOIS GRUPOS: O FORMADO PELAS PESSOAS JURDICAS DE DIREITO PBLICO E O FORMADO PELAS PESSOAS JURDICAS DE DIREITO PRIVADO. 2 SETOR: PARTICULAR COM FINS LUCRATIVOS (Concessionrias e Permissionrias de Servios Pblicos) Esse setor chamado de INICIATIVA PRIVADA COM FINS LUCRATIVOS, que muito conhecido na doutrina como DELEGAO DE SERVIO PBLICO. Essa matria tem matiz constitucional, no art. 175, sendo este o ponto de partida para o estudo deste 2 setor. a dobradinha, ou seja a parceria (palavra que est na moda) entre 7

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Poder Pblico e iniciativa privada. A rigor, o Poder Pblico no tem um tosto furado para atender ao interesse coletivo. Ento, qual o raciocnio? Fazer uma parceria com a iniciativa privada que, supostamente, tem dinheiro. Assim, o Poder Pblico empurra a bola da execuo do servio para a iniciativa privada. Da, a iniciativa privada no cobra do Poder Pblico pela execuo do servio e sim do usurio. Poder Pblico apenas ir controlar, isto , fiscalizar essa atividade. Quem paga ao concessionrio e ao permissionrio de servio pblico o usurio. 3 SETOR: PARTICULAR SEM FINS LUCRATIVOS (Sistema S, Organizaes Sociais e Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico) No 3 setor do Estado Gerencial Brasileiro, aparece a Sociedade Civil sem fins Lucrativos. Da, surgem dois integrantes: Temos, em primeiro lugar, o Servio Social Autnomo, conhecido como sistema S (S de servio ou S de social, como queiram) por causa das siglas SESC, SENAI, SESI, SENAI e SEBRAE. Portanto, este o sistema S, que o servio social autnomo. Em segundo lugar, temos as Organizaes No-Governamentais, que podem dar origem a duas entidades que interessam muito ao Poder Pblico. A princpio, a organizao nogovernamental propriamente dita no tem nada a ver com o Direito Administrativo. Tem a ver com o prprio Direito Civil. Afinal de contas se trata de uma organizao nogovernamental que nada tem a ver com a nossa matria. No entanto, a organizao nogovernamental pode dar origem a duas entidades que interessam ao Direito Administrativo, bem como ao Estado Gerencial: as Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico e as Organizaes Sociais. As organizaes da sociedade civil de interesse pblico esto previstas na Lei n 9.790/99 e as Organizaes Sociais esto previstas na Lei n 9.637/98. Elas [email protected]

normalmente tratadas Poder Pblico.

como

parceiras

do

1. ADMINISTRAO PBLICA CONCEITO Segundo Odete Medauar, Administrao Pblica como objeto precpuo do direito administrativo encontra-se inserida no Poder Executivo. Pode ser considerada sob o ngulo funcional e sob o ngulo organizacional. No aspecto funcional, Administrao Pblica significa um conjunto de atividades do Estado que auxiliam as instituies polticas de cpula no exerccio de funes de governo, que organizam a realizao das finalidades pblicas postas por tais instituies e que produzem servios, bens e utilidades para a populao, como, por exemplo: ensino pblico, calamento de ruas, coleta de lixo. (...) Sob o ngulo organizacional, Administrao Pblica representa o conjunto de rgos e entes estatais que produzem servios, bens e utilidades para a populao, coadjuvando as instituies polticas de cpula no exerccio das funes de governo. Nesse enfoque predomina a viso de uma estrutura ou aparelhamento articulado, destinado realizao de tais atividades; pensase, por exemplo, em ministrios, secretarias, departamentos, coordenadorias, etc. Os rgos e entes administrativos praticam atividades administrativas. Considera-se atividade administrativa a gesto dos interesses da sociedade, seja por necessidade, por utilidade ou convenincia de sua realizao. Na concepo clssica da separao de poderes, a tarefa de Administrao atribuda ao Poder Executivo, assim como a tarefa de legislar do Poder Legislativo e a de jurisdicionar do Poder Judicirio. Entretanto, 8

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atualmente, inexiste uma separao absoluta de funes: O Poder Executivo tem como funo administrar, mas em certos casos legisla (art. 62 da CF, por exemplo) e JAMAIS exerce funo jurisdicional; O Poder Judicirio tem como funo precpua, a jurisdio, mas, por vezes, legisla ( art. 93, que trata da iniciativa de lei) e administra; O Poder Legislativo tem como funo legislar, mas tambm administra e exerce a funo jurisdicional (art. 86 da CF). ADMINISTRAO E GOVERNO

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2.

No so conceitos sinnimos. Diferenciam-se: - Governo atividade poltica e discricionria. Administrao atividade neutra, normalmente vinculada lei ou norma tcnica.; - Governo conduta independente. Administrao conduta hierarquizada; - Governo comanda com responsabilidade constitucional e poltica, mas sem responsabilidade profissional pela execuo. Administrao executa sem responsabilidade constitucional ou poltica, mas com responsabilidade tcnica e legal para execuo. - Governo objeto de estudo do Direito Constitucional. Administrao objeto de estudo do Direito Administrativo. Na concepo de Helly Lopes Meirelles, as duas expresses diferenciam-se: Governo em sentido forma, o conjunto de Poderes e rgos constitucionais; em sentido material, o complexo de funes estatais bsicas; em sentido operacional, a condues poltica dos negcios pblicos. Na verdade, o governo ora se identifica com os Poderes e rgos supremos do Estado, ora se apresenta nas funes originrias desses Poderes e rgos como manifestao da soberania. A constante, porm, do governo a sua expresso poltica de comando, de iniciativa, de fixao de objetivos do Estado e da manuteno da ordem jurdica vigente. O [email protected]

atua mediante atos de soberania ou, pelo menos, de autonomia poltica na conduo dos negcios pblicos. Administrao Pblica em sentido formal (ou subjetivo), o conjunto de rgos institudos para consecuo dos objetivos do governo; em sentido material (ou objetivo), o conjunto das funes necessrias aos servios pblicos em geral; em acepo operacional, o desempenho perene e sistemtico, legal e tcnico, dos servios prprios do Estado ou por ele assumidos em benefcio da coletividade. Numa viso global, a administrao , pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado realizao de seus servios, visando satisfao das necessidades coletivas. A administrao no pratica atos de governo; pratica, to-somente, atos de execuo, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competncia do rgo e seus agentes. So chamados atos administrativos. 3. PERSONALIDADE JURDICA PBLICA

As pessoas jurdicas pblicas tm por finalidade a satisfao dos interesses pblicos, ou seja, interesses que so do Estado ou de entidades por ele constitudas ou reconhecidas. Elas se dividem em polticas e administrativas. 1. 2. Pessoas Jurdicas Pblicas Polticas Unio, Estados, Municpios e o Distrito Federal. Pessoas Jurdicas Pblicas Administrativas So as autarquias e as fundaes (conceito que ser visto em momento oportuno). Pessoas Jurdicas Privadas Colaboradoras com o Estado So as Empresas Pblicas e as Sociedades de Economia Mista. Estas, so denominadas por Hely Lopes Meirelles de entidades paraestatais. ORGANIZAO ADMINISTRATIVA

3.

4.

Na organizao administrativa brasileira h uma diviso decorrente da forma federativa adotada pelo Estado. denominada de diviso 9

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vertical, que no significa hierarquia entre os nveis. Segundo esse critrio, existe a Administrao Federal, Administrao Estadual, Administrao do Distrito Federal e a Administrao Municipal. No critrio horizontal, em cada uma dessas administraes, quanto o grau de complexidade a admitir, reparte-se a Administrao Pblica em Administrao Direta e Administrao Indireta. Essa diviso ingressou no ordenamento jurdico atravs do Decreto-lei 200/67. A organizao da Administrao Pblica, se faz atravs de uma estruturao legal das entidades e rgos que iro desempenhar funes, atravs de agentes pblicos. Via de regra, essa organizao feita por lei. Excepcionalmente, por decreto e normas inferiores, quando no exige a criao de cargos e no aumenta a despesa pblica (art. 84, VI, b, da CF). Entidade a pessoa jurdica, pblica ou privada. rgo elemento despersonalizado incumbido da realizao de atividades da entidade a que pertence, complexo de competncias. Agentes so as pessoas incumbidas de funes estatais. Em sntese, a Administrao Pblica se compe, de acordo com o Decreto-Lei n 200/67, da seguinte forma: I Administrao Direta, que se constitui dos servios integrados na estrutura administrativa da Presidncia da Repblica e dos Ministrios; II Administrao Indireta: Autarquias, Fundaes Pblicas, Empresas Pblicas e Sociedades de Economia Mista; O Decreto-Lei 200/67 se refere obrigatoriamente Unio, mas os Estados e Municpios, via de regra, tambm adotam essas entidades. Ento: Adm. Direta: Entidades: U, E, DF e M rgos: Ministrios, secretarias, procuradorias, inspetorias...

Adm. Indireta: Entidades: Autarquia, Fundao Pblica, Empresa Pblica, S.E.M

ADMINISTRAO INDIRETA: AUTARQUIA: Pessoa jurdica de direito pblico, criada por lei, com capacidade de auto-administrao, para o desempenho de servio pblico descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da lei. FUNDAO PBLICA: Patrimnio dotado de personalidade jurdica, destinado por lei ao desempenho de atividades do Estado na ordem social (sade, educao, cultura, meio ambiente, assistncia...), com capacidade de autoadministrao e mediante controle da Administrao Pblica, nos limites da lei.

Sociedades so pessoas jurdicas de forma associativa, onde diversos membros se juntam para atingir certos fins que a eles mesmos beneficiam, eles so scios da pessoa jurdica. Na fundao (privada) ocorre fenmeno diferente, pois um patrimnio, ao qual atribuda personalidade jurdica, destinado realizao de certos fins que ultrapassam o mbito da prpria entidade, indo beneficiar terceiros estranhos a ela. Nesse caso no h scios a se beneficiarem, lucrarem com a fundao. Na fundao (privada), o instituidor faz a dotao de determinada universalidade de bens livres, especificando o fim a que se destina e declarando, se quiser, a maneira de administr-la. Seu estatuto feito pela pessoa por ele designada ou pelo Ministrio Pblico, a quem compete velar pela fundao. A partir do momento em que a fundao (privada) adquire personalidade jurdica, ela ganha vida prpria, o instituidor no exerce mais nenhum poder sobre ela. Quando o Estado (Poder Pblico) cria uma fundao, ela ser chamada de Fundao Pblica. A partir da Constituio de 1988, parece que todas as fundaes pblicas, ou governamentais, so pessoas jurdicas de direito pblico, entretanto, existe a 10

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possibilidade de o poder pblico atribuir fundao pblica por ele instituda personalidade de direito pblico ou de direito privado. Em cada caso, para saber se a natureza jurdica da fundao pblica pblica ou privada, deve-se examinar a lei instituidora e os estatutos da fundao. Quando o Poder Pblico cria fundao de direito pblico, esta se reger pelas normas pblicas, se aproximando das autarquias, inclusive sendo chamadas de autarquias fundacionais. Quando criada fundao pblica com personalidade jurdica de direito privado, ela se submeter ao direito comum em tudo aquilo que no for derrogado pelo direito pblico. O interesse pblico que determina a criao da fundao pblica, por isso, seu destino pode ser mudado, pela alterao ou at a revogao da lei que a criou. EMPRESA PBLICA: Pessoa jurdica de direito privado, estruturada sob qualquer das formas admitidas em direito, com capital inteiramente pblico.

perguntando se o capital da empresa pblica inteiramente pblico. Em regra deve-se responder positivamente, entretanto, isso quer dizer que em seu capital s pode haver a participao de entidades da administrao direta ou indireta, da Unio, dos Estados e Municpios. Com isso, admite-se a possibilidade de participao de pessoas jurdicas de direito privado (empresas pblicas e sociedades de economia mista) em uma empresa pblica. O decreto-lei 900/69 exige ainda, para as empresas pblicas federais, que a maioria do capital votante permanea de propriedade da Unio. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: Pessoa jurdica de direito privado, estruturada sob a forma de Sociedade Annima, com capital majoritariamente pblico.

O capital da sociedade de economia mista pode ser constitudo por capital pblico e privado, desde que a maioria do capital votante (mais de 50% das aes com direito a voto) seja pblico.

Quanto ao capital, preciso cuidado em questes de concurso: So comuns questes

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1.3.1 QUADRO ESQUEMTICO: AUTARQUIA Atividade Tpica Estado FUNDAO EMPRESA PB. PBLICA Interesse Atpica Estado pblico Serv. Pblico ou Assistencial, atividade econmica Educacional ... IBGE, IPEA, CEF, CORREIOS, FUNAI INFRAERO NO PODE Direito Pblico Direito Privado ou Privado Servidor Pblico Estatutrio OU Empregado Pblico Empregado Pblico Estatutrio CLT CLT 100% pblico Qualquer tipo SOC. ECON. MISTA Atpica Estado Serv. Pblico ou atividade econmica BB, PETROBRAS, IRB PODE Direito Privado Empregado Pblico CLT >50% pblico S.A

Exemplo Fim lucrativo Personalidade jurdica Pessoal

INSS, IBAMA, BACEN NO Direito Pblico

Servidor Pblico Estatutrio OU Empregado Pblico Regime Jurdico Estatutrio CLT Capital Tipo de sociedade

Obs: As questes de pessoal e regime jurdico sero melhor tratadas no captulo relativo a Servidores Pblicos, entretanto, pode-se adiantar que, at a emenda constitucional 19, o artigo 39, caput, dispunha que A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios instituiro, no mbito de sua competncia, regime jurdico nico e planos de carreira para os servidores da Administrao Pblica Direta, das autarquias e das fundaes pblicas. Isso significa que cada um desses entes (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios) tinha seu prprio regime jurdico, nico para todo aquele ente federativo, tambm chamado de estatuto, regulando, entre outras coisas, os direitos e deveres de seus servidores. Por isso, diz-se que esses servidores so estatutrios, regidos pelo que determina aquele estatuto e no pela CLT e demais leis trabalhistas. No mbito federal, o estatuto a lei 8.112/90; No mbito do Estado do Rio de Janeiro, o estatuto o decreto-lei n 220, de 18/07/75; No mbito do Municpio do Rio de janeiro, o estatuto a lei municipal n 94, de 14/03/79. A partir da emenda constitucional 19, de 04/06/1998, o artigo 39 caput da Constituio Federal passou a ter o seguinte dispositivo: A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios instituiro conselho de poltica de administrao e remunerao de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.

Na prtica essa alterao acabou com a obrigatoriedade do regime jurdico nico para cada ente, possibilitando a cada um deles contratar empregados, pessoal regido pela CLT. Para aqueles servidores estatutrios, nenhuma modificao houve e, alm disso, a lei define as carreiras exclusivas de Estado, as quais s podero ser providas por servidores estatutrios, tais como aquelas ligadas ao Ministrio Pblico, advocacia, fiscalizao, segurana... Uma das principais caractersticas do servidor estatutrio, que no est presente no empregado pblico, a possibilidade de aquisio de estabilidade no servio pblico. CARACTERSTICAS COMUNS S ENTIDADES DA ADMINISTRAO INDIRETA 1)CRIAO E EXTINO POR LEI. Essa afirmativa, muitas vezes colocada em questes de concurso, deve ser interpretada com cuidado: At a emenda constitucional 19, o artigo 37 XIX da Constituio exigia lei especfica para a criao de empresa pblica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundao pblica. Agora, o referido inciso s exige lei especfica para a criao da autarquia. Quanto s demais entidades, a lei especfica apenas autoriza a criao, que se processa por atos constitutivos do Poder Executivo (Decreto de criao), afora a lei complementar que ir definir a rea de

atuao to-somente no caso das Fundaes Pblicas. Art. 37 XIX somente por lei especfica poder ser criada autarquia e autorizada a instituio de empresa pblica, de sociedade de economia mista e de fundao, cabendo lei complementar, neste ltimo caso, definir as reas de sua atuao. Entende parte da doutrina que se a fundao a ser criada for de direito pblico, a regra a mesma para criao de autarquia, por isso chamadas de autarquias fundacionais, necessitando portanto de criao por lei especfica. Caso a fundao seja de direito privado, porm, s ser necessria a lei especfica para autorizar-lhe a instituio, nos moldes das empresas pblicas e sociedades de economia mista. 1.1) So traos comuns s empresas pblicas e sociedades de economia mista: a) Possibilidade de exercer atividade econmica monopolizada; b) Personalidade jurdica de direito privado (como sociedades annimas S/A - s SEM); c) Criao e extino por lei. 2) EXIGNCIA DE CONCURSO PBLICO PARA INGRESSO DE PESSOAL. 3) PROIBIO DE ACUMULAO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNES. 4) EXIGNCIA DE LICITAO PBLICA (Regra). De acordo com o artigo 173 1 III da Constituio, lei estabelecer o estatuto jurdico da empresa pblica e da sociedade de economia mista que explore atividade econmica, dispondo sobre licitao e contratao de obras, servios, compras e alienaes. Dessa forma, criou-se a possibilidade de se estabelecer normas diferenciadas para essas entidades, entretanto, tal lei ainda no foi promulgada. 5) CONTROLE FINALSTICO OU TUTELA PELA ADMINISTRAO DIRETA: A desconcentrao entre rgos da administrao direta pressupe que existe um controle hierrquico entre eles, ao contrrio da descentralizao. Por definio, todas as entidades da administrao indireta tm autonomia, capacidade de auto-administrao, patrimnio prprio e oramento prprio, no havendo SUBORDINAO administrao

direta. Existe apenas a VINCULAO, que um controle, nos limites definidos em lei, para garantir a observncia da legalidade e o cumprimento das suas finalidades institucionais. DIFERENAS ENTRE AS ENTIDADES DA ADMINISTRAO INDIRETA 1)PRIVILGIOS DAS AUTARQUIAS E FUNDAES PBLICAS NO ESTENDIDOS S EMPRESAS PBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA (STF vem entendendo que esses privilgios, em regra, se estendem s EP e SEM prestadoras de servios pblicos): 1.1)PROCESSO ESPECIAL DE EXECUO: Os pagamentos devidos em virtude de sentena judiciria sero feitos por precatrios, nos moldes do Art. 100 da Constituio. 1.2)BENS SO IMPENHORVEIS: Embora os bens de empresas pblicas e sociedades de economia mista sejam suscetveis penhora, o STF tem entendido que aqueles bens que estejam diretamente vinculados prestao de servio pblico no podem ser penhorados, em funo do princpio da continuidade do servio pblico, uma vez que os mesmos no podem ser paralisados. 1.3)NO ESTO SUJEITOS FALNCIA. Pelo mesmo motivo, as empresas pblicas e sociedades de economia mista que prestem servio pblico, ao invs de desempenhar atividade econmica, tambm no estaro sujeitas falncia. 1.4)JUZO PRIVATIVO: As causas relativas s autarquias, fundaes e empresas pblicas federais, como autora ou r, so processadas e julgadas por juzes federais, exceto as de falncia, as de acidentes de trabalho e as sujeitas justia eleitoral e justia trabalhista. OBS: esse privilgio s no se estende s sociedades de economia mista. 1.5)IMUNIDADE TRIBUTRIA: Para impostos sobre patrimnio, renda e servios vinculados s suas finalidades essenciais ou s delas decorrentes, conforme Art. 150 3 da Constituio Federal. O STF tambm tem entendido que esse privilgio constitucional se estende s empresas pblicas que prestem servios pblicos.

1.6)PRIVILGIOS PROCESSUAIS: Os mesmos privilgios outorgados Administrao Direta, tais como: Prazo em qudruplo para contestar e em dobro para recorrer das decises nos processos em que for parte; Pagamento das custas judiciais somente ao final, quando vencidas; As sentenas proferidas contra elas esto sujeitas ao duplo grau de jurisdio obrigatrio, significando dizer que essas decises s produziro efeitos aps serem confirmadas pelo tribunal. No haver esse duplo grau de jurisdio quando o valor for pequeno (at 60 salrios mnimos) ou se a sentena for baseada em jurisprudncia do STF ou de outro tribunal superior.

OUTRAS ENTIDADES QUE INTEGRAM O ESTADO PRESTADOR DE SERVIOS PBLICOS - AGNCIAS REGULADORAS so autarquias de regime especial, so responsveis pela regulamentao, o controle e a fiscalizao de servios pblicos transferidos ao setor privado. As duas principais agncias so: ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica Lei 9427/96 e ANATEL Agncia Nacional das Telecomunicaes, ANP Agncia Nacional de Petrleo - AGNCIAS EXECUTIVAS - so Autarquias e Fundaes que por iniciativa da Administrao Direta celebram contrato de gesto visando a melhoria dos servios que prestam em troca de uma maior autonomia gerencial, oramentria e financeira. Criadas pela Lei 9649/98, a ttulo de exemplo, citamos o INMETRO. - SERVIOS SOCIAIS AUTNOMOS um rtulo atribudo a todas as pessoas jurdicas de direito privado, integrantes da iniciativa privada que foram criadas para desenvolver atividades de auxlio a determinadas categorias profissionais que no tenham finalidade lucrativa. Ex.: SESI, SENAC, SESC (a finalidade fomentar o desenvolvimento de certas categorias privadas e, por isso, interessa ao Estado ajudar). Podem receber incentivos com dotaes oramentrias e titularizam contribuies parafiscais.

- ORGANIZAES SOCIAIS no integram a Administrao Pblica, integram a iniciativa privada mas atuam ao lado do Estado, cooperando com ele estabelecendo parcerias com o poder pblico. So pessoas jurdicas de direito privado sem fins lucrativos criadas por particulares para a execuo de servios pblicos no exclusivos do Estado, previsto em lei. A Lei 9637/98 autorizou que fossem repassados servios de: pesquisa cientfica, ensino, meio ambiente, cultura e sade. O instrumento para o repasse contrato de gesto art. 37, 8 ( um contrato diferente j que o contrato de gesto se celebra entre a Administrao direta e a indireta), dispensa licitao como acontece em todos os outros casos de transferncia de servio pblico (facilita o desvio do dinheiro pblico). Podem receber: dotaes oramentrias, bens pblicos atravs de uma permisso de uso, recebem servidores pblicos. Conforme bem explicita Paulo Modesto, as Organizaes Sociais so instituies do terceiro setor (pessoas privadas de fins pblicos, sem finalidade lucrativa, constitudas voluntariamente por particulares, auxiliares do Estado na persecuo de atividades de contedo social relevante). Para ele, ser organizao social significa, apenas, possuir um ttulo jurdico especial, conferido pelo Poder Pblico em vista do atendimento de requisitos gerais de constituio e funcionamento previstos expressamente em lei. Traando um paralelo entre as tradicionais pessoas jurdicas qualificadas pelo ttulo de utilidade pblica e as atuais organizaes sociais, Paulo Modesto aponta as principais diferenas entre esses dois ttulos jurdicos, concedidos s entidades do terceiro setor: "O ttulo de organizao social, conferido pelo poder pblico, faz incidir sobre as instituies reconhecidas um plexo de disposies jurdicas especiais, que asseguram vantagens e sujeies incomuns para as tradicionais pessoas jurdicas qualificadas pelo ttulo de utilidade pblica. Em qualquer dos dois ttulos referidos, porm, d-se um plus personalidade jurdica das entidades privadas, que passam a gozar de benefcios especiais no extensveis s demais pessoas jurdicas privadas (benefcios tributrios e vantagens administrativas diversas).

- ORGANIZAES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PBLICO As Organizaes da sociedade civil de interesse pblico OSCIPs foram institudas pela Lei 9.790/99 e regulamentadas pelo Decreto 3.100/99. Assim como as Organizaes Sociais OS, so entidades do terceiro setor, constitudas como pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais abrangem a assistncia social, a promoo da cultura, educao, pesquisa e divulgao do conhecimento cientfico e tecnolgico, a promoo da sade, segurana alimentar e nutricional, a proteo ao patrimnio histrico e ao meio ambiente, entre outros. Apesar de ocupar um papel muito similar ao das organizaes sociais, possuem um diferencial bsico e fundamental na estrutura de sua formatao jurdico-administrativa, em especial pela composio associativa, que no prev a participao direta do Poder Pblico. A participao do Poder Pblico na atuao das OSCIPs d-se atravs da funo de fomento, na medida em que estas entidades se credenciam a receber recursos ou bens pblicos para o desempenho de suas atividades e desenvolvimento de suas metas e programas.

Essa relao de cooperao entre o Poder Pblico e as OSCIPs formalizada atravs de termo de parceria, cuja disciplina jurdica est estatuda no Captulo II da Lei 9.790/1999. Normalmente, o examinador adora perguntas do tipo: Qual a diferena entre organizao da sociedade civil de interesse pblico e organizao social? A OS entra no Programa de Publicizao e a OSCIP no; A OSCIP realiza termo de parceria e a OS realiza contrato de gesto. A OSCIP tem que ir ao Ministrio da Justia para depois procurar um rgo parceiro e a OS vai direto ao rgo parceiro.

EXERCCIOS DE FIXAO: FISCAL DO INSS 97/ CESPE UNB: Marque Certo ou Errado: 1) Embora seja pessoa jurdica de direito privado, a empresa pblica federal caracterizase por ser composta apenas por capital pblico. ( ) 2) Ao contrrio das entidades da administrao pblica indireta, os rgos da administrao pblica direta tm personalidade jurdica de direito pblico. ( ) 3) O fato de as sociedades de economia mista qualificarem-se como pessoas jurdicas de direito privado torna desnecessrio que as mesmas sejam criadas por lei especfica. ( ) 4) No direito administrativo brasileiro, autarquia conceitua-se como um patrimnio pblico dotado de personalidade jurdica para a consecuo de finalidade especificada em lei. ( ) 5) A autarquia concebida como pessoa jurdica destinada ao desenvolvimento de atividade econmica pelo Estado, de modo descentralizado. ( ) POLCIA FEDERAL 97 Marque Certo ou Errado: 6) A Unio criou o SERPRO, Servio Federal de Processamento de Dados, com natureza de empresa pblica, praticando a descentralizao administrativa. ( ) 7) O Departamento de Polcia Federal criou Superintendncia Regional da Polcia Federal praticando a desconcentrao administrativa. ( ) 8) O Ministrio Pblico Federal rgo da Unio sem personalidade jurdica, possui, portanto, natureza autrquica. ( ) 9) As entidades da Administrao Pblica Indireta constituem um produto do mecanismo da desconcentrao administrativa. ( ) 10)Tanto na descentralizao quanto na desconcentrao ocorre hierarquia. ( ) AFRF 2003 - ESAF 11) No h previso legal para a celebrao de contrato de gesto entre a pessoa jurdica de direito pblico poltica e a seguinte espcie: a) rgo pblico b) organizao social c) agncia executiva d) organizao da sociedade civil de interesse pblico e) sociedade de economia mista AGU 98 - [email protected]

12) A Administrao Pblica, como tal prevista na Constituio Federal (art. 37) e na legislao pertinente (Decreto-Lei no 200/67, com alteraes supervenientes), alm dos rgos estatais e de diversos tipos de entidades abrange, tambm, a) as concessionrias de servio pblico em geral. b) as universidades federais que so fundaes pblicas. c) as organizaes sindicais. d) os chamados servios sociais autnomos (Senai, Senac etc.). e) os partidos polticos. AGU 98 - ESAF 13) As autarquias e as empresas pblicas, como integrantes da Administrao Federal Indireta, equiparam-se entre si pelo fato de que ambas so a) pessoas administrativas, com personalidade jurdica prpria b) pessoas administrativas, sem personalidade jurdica prpria c) pessoas jurdicas de direito pblico interno d) pessoas jurdicas de direito privado e) pessoas ou entidades polticas estatais AFC 2002 ESAF 14) Como entidades da Administrao Pblica Federal Indireta, as autarquias e empresas pblicas podem ter em comum, por lhes serem iguais, a) a sua natureza jurdica. b) a imunidade fiscal. c) o foro da Justia Federal. d) o regime jurdico dos seus servidores. e) o fato de constiturem um servio pblico essencial personificado. AFC 2002 ESAF 15) Integram a Administrao Pblica Federal Indireta e esto sujeitas ao controle do Tribunal de Contas da Unio, as entidades caracterizadas como a) autarquias, empresas pblicas e concessionrias de servio pblico. b) partidos polticos e organizaes sindicais. c) organizaes sindicais, com os seus servios sociais autnomos. d) cartrios judiciais e extrajudiciais. e) fundaes pblicas e universidades fundacionais pblicas. 16

AFC STN 2000/ESAF: 16) A espcie organizacional da Administrao Pblica Indireta que deve ter sua rea de atuao definida em lei complementar : a) Empresa pblica. b) rgo autnomo. c) Autarquia. d) Fundao. e) Sociedade de economia mista. AFC STN 2000/ESAF: 17) Em relao organizao administrativa, no correto afirmar: a) A autonomia gerencial de rgo despersonalizado pode ser ampliada mediante contrato de gesto. b) Somente lei especfica pode criar autarquia. c) As organizaes sociais gozam de personalidade jurdica de direito privado. d) A rea de atuao da fundao deve ser objeto de lei complementar. e) A participao da sociedade de economia mista em empresa privada prescinde de autorizao legislativa. FISCAL DO TRABALHO 2003/ESAF: 18) A Constituio Federal estabeleceu a possibilidade de se firmar um contrato de gesto entre organismos da Administrao Pblica para concesso de autonomia gerencial, oramentria e financeira a rgos e entidades. A norma constitucional prev uma lei para reger o assunto. No est prevista para esta lei dispor sobre o seguinte: a) Prazo de durao do contrato. b) Critrios de avaliao de desempenho. c) Remunerao de pessoal. d) Formas de contratao de obras, compras e servios. e) Responsabilidade dos dirigentes. ANALISTA MPU 2004/ESAF: 19) O servio pblico personificado, com personalidade jurdica de direito pblico, e capacidade exclusivamente administrativa, conceituado como sendo um(a): a) Empresa pblica. b) rgo autnomo. c) Entidade autrquica. d) Fundao pblica. e) Sociedade de economia mista. ASSISTENTE JUR. AGU 1999/ESAF:

20) A Administrao Pblica, em sentido objetivo, no exerccio da funo administrativa, engloba as seguintes atividades, exceto: a) Polcia administrativa. b) Servio pblico. c) Elaborao legislativa com carter inovador. d) Fomento a atividades privadas de interesse pblico. e) Interveno no domnio pblico. ASSISTENTE JUR. AGU 1999/ESAF: 21) Pela teoria do rgo, entende-se que a vontade da pessoa jurdica manifesta-se por meio dos agentes que compem os rgos de sua estrutura. Por esta teoria, a vinculao da vontade rgo e agente se d mediante: a) Representao. b) Usurpao. c) Mandato. d) Delegao. e) Imputao.

Gabarito:01-C 08-E 15-E 02-E 09-E 16D 03-E 10-E 17-E 04-C 11D 18D 05-E 12B 19-C 06-C 13A 20-C 07-C 14-C 21-E

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PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA2.1 PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS: BSICOS,

De acordo com o artigo 37, caput, da Constituio, A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte:. Percebe-se que todos os Poderes, de todos os Entes Federados, devem obedincia aos princpios constitucionais.

No se deve confundir publicidade com publicao. A publicao de um ato significa que o mesmo deve figurar no Dirio Oficial do referido Ente. Em regra, a publicidade dos atos se d pela publicao em Dirio Oficial, entretanto, vrios atos que no so de interesse geral podem adquirir publicidade apenas no mbito necessrio, tais como circulares internas nos rgos, e, em outros casos, a lei no exige essa publicao, tais como a publicidade de licitao na modalidade convite, a qual s exige afixao de aviso em quadro prprio do rgo. EFICINCIA: Princpio acrescido pela emenda constitucional 19, significa, segundo Hely Lopes Meirelles, o que se impe a todo agente pblico de realizar suas atribuies com presteza, perfeio e rendimento funcional. o mais moderno princpio da funo administrativa, que j no se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o servio pblico e satisfatrio atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros. Encontra-se intimamente ligado alterao feita no artigo 41 1 da Constituio, tambm realizada pela emenda constitucional 19, ao criar nova possibilidade de perda do cargo para o servidor pblico estvel, mediante procedimento de avaliao peridica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. Dessa forma, o servidor, mesmo estvel, que no seja eficiente em seu desempenho funcional, poder perder o cargo, aps a devida regulamentao da matria por Lei Complementar.

LEGALIDADE: O cidado pode fazer tudo aquilo que a lei no probe, entretanto, a Administrao s pode fazer aquilo que a lei autoriza. IMPESSOALIDADE: Significa que a finalidade pblica que deve nortear toda a atividade administrativa. A Administrao no pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que sempre o interesse pblico que deve nortear o seu comportamento. Exemplo: Art. 37 1 da Constituio, que dispe que A publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos. MORALIDADE: O comportamento da Administrao e de seus agentes, embora esteja em consonncia com a lei, no pode ofender a moral, os bons costumes, as regras de boa administrao, os princpios de justia e de eqidade e a idia de honestidade. So as regras de conduta interna da Administrao, no se confundindo com os conceitos genricos de Moral comum. PUBLICIDADE: Os atos praticados pela Administrao devem ser pblicos, ou seja, do conhecimento de todos, com as devidas excees dispostas na Constituio, relativas queles atos cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado ou intimidade de terceiros. 18

2.2 - PRINCPIOS GERAIS DO DIREITO ADMINISTRATIVO: SUPREMACIA DO INTERESSE PBLICO SOBRE O INTERESSE PRIVADO: A Administrao pode, nos limites da lei, desapropriar, requisitar, intervir, policiar, punir, etc, sempre tendo em vista atender ao interesse geral, que no pode ceder diante do interesse individual. A Administrao tem, por um lado, suas prerrogativas, mas, por outro, deve atentar para suas sujeies, ou seja, ela est sujeita aos limites determinados em lei

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e sempre dever agir de forma a alcanar o bem comum, atendendo ao PRINCPIO DA FINALIDADE PBLICA. INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PBLICO: Sendo interesse qualificado como prprio da coletividade, no se encontra livre disposio de quem quer que seja, por ser inaproprivel. Os rgos e agentes pblicos no tm disponibilidade sobre os interesses pblicos confiados sua guarda e realizao. PRESUNO DE LEGITIMIDADE: Presume-se que todos os atos realizados pela Administrao sejam verdadeiros e praticados de forma legal. Essa presuno relativa, presuno juris tantum, vez que admitem prova em contrrio. ESPECIALIDADE: Quando a Administrao pratica a descentralizao, especializando a prestao de servios atravs da criao de autarquias. Maria Sylvia Zanella Di Pietro defende que esse princpio se refere descentralizao para qualquer tipo de entidade da adm. indireta, de preferncia autarquia. TUTELA: Ou Controle, da administrao direta sobre as entidades da administrao indireta, a fim de garantir a observncia de suas finalidades institucionais. AUTOTUTELA: Controle da administrao pblica sobre seus prprios atos, podendo anular os atos ilegais e revogar os atos que entender inconvenientes, independentemente do Poder Judicirio. a aplicao concreta da Smula 473, do STF, consoante verbis:Smula 473, do STF: A Administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornam ilegais, porque deles no se originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial.

CONTINUIDADE DO SERVIO PBLICO: O servio pblico no pode ser interrompido. As necessidades da coletividade no podem deixar de ser atendidas. Em conseqncia desse princpio ocorrem a proibio de greve nos servios pblicos (atualmente j abrandada, de acordo com o artigo 37 VII da Constituio) e a impossibilidade, para o contratado, de invocar plenamente a exceptio non adimpleti contractus contra a Administrao pblica. A exceptio non adimpleti contractus a exceo ao contrato no cumprido, se refere permisso dada a uma das partes em um contrato privado para deixar de cumprir com seus deveres assumidos, em funo de a outra parte no ter honrado com a sua contrapartida. Isso quer dizer que, ao contrrio do que ocorre em um contrato privado, nos contratos administrativos, ainda que a administrao pblica deixe de honrar com suas obrigaes, no realizando os pagamentos devidos, o contratado no pode interromper imediatamente a prestao dos servios. A lei 8.666/93 estabelece que o contratado poder suspender a execuo dos servios aps 90 dias de atraso de pagamento. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE: Necessidade de adequao entre meios e fins imposta Administrao, sendo vedada a imposio de obrigaes, restries e sanes em medida superior quela estritamente necessria ao atendimento do interesse pblico e devendo ser observadas as formalidades essenciais garantia dos direitos dos administrados, limitando a discricionariedade da Administrao. A Administrao deve ser razovel em sua atuao, no fazendo exigncias absurdas, desnecessrias, desproporcionais ao caso em questo. A proporcionalidade est ligada razoabilidade. MOTIVAO: Exige que a Administrao Pblica indique os fundamentos de fato e de direito de suas decises quando: neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; imponham ou agravem deveres, encargos ou sanes; decidam processos administrativos de concurso ou seleo pblica; dispensem ou declarem a inexigibilidade de procedimento licitatrio;

HIERARQUIA: Relao de coordenao e subordinao entre os rgos e entre os agentes. 19

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decidam recursos administrativos; etc. A doutrina defende que todos os atos devem ser motivados, podendo haver, excepcionalmente, ato que, por sua prpria caracterstica, dispense a necessidade de motivao. INAFASTABILIDADE DO CONTROLE JUDICIAL: No se pode impedir o acesso de ningum ao Poder Judicirio, logo, pode haver o controle judicial sobre a Administrao, vigorando aqui o sistema de jurisdio una. Em outros pases existe o sistema dual, onde atos privados so analisados pelo Poder Judicirio e atos da Administrao so analisados pela prpria Administrao, no cabendo verificao pelo Judicirio, fazendo coisa julgada, Contencioso Administrativo. ISONOMIA: Veda o tratamento desigual entre pessoas que estejam na mesma situao. Tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente. AUTO-EXECUTORIEDADE: Possibilidade que tem a Administrao de, com os prprios meios, pr em execuo as suas decises, sem precisar recorrer previamente ao Poder Judicirio, realizando diretamente uma execuo forada, aps deciso executria, usando, se necessrio, de fora pblica para obrigar o administrado. Por exemplo, quando apreende mercadorias, interdita estabelecimento... Nem todos os atos so autoexecutrios, pois necessrio que as medidas utilizadas estejam expressamente autorizadas em lei.

sobre o privado e o da indisponibilidade do interesse pblico. importante que se diga que nem sempre a Administrao submete-se a regime jurdico de direito pblico. s vezes ela se submeter a regime jurdico de direito privado, como por exemplo estabelecido no artigo 173 1 da CRFB, determinando que a lei estabelecer regime jurdico prprio das empresas privadas s empresas pblicas e sociedades de economia mista que explorem atividade econmica. Entretanto, mesmo aqui a Administrao no perder todos os seus privilgios, sendo o regime privado parcialmente derrogado pelo regime pblico. 2.4 ABUSO DE PODER: Vcio do ato administrativo que ocorre quando o agente pblico, praticando determinado ato para o qual tem competncia, mas extrapolando os seus limites, abusa do poder que lhe foi conferido pelo Estado, de duas formas distintas, configurando as espcies do abuso de poder: 1)EXCESSO DE PODER: Quando o agente exorbita de suas atribuies, agindo imoderadamente quando desnecessrio, no cumprindo com o princpio da proporcionalidade dos seus atos, como quando se excede no uso de fora policial para praticar ato de sua competncia. 2)DESVIO DE PODER ou DESVIO DE FINALIDADE: Quando o agente pratica ato com finalidade diversa da que decorre implcita ou explicitamente da lei, como quando decreta desapropriao de prdio de partido poltico com o intuito de perseguio, ou promove a remoo de um servidor pblico federal para localidade distante, apenas com intuito de prejudiclo.

2.3 REGIME JURDICO-ADMINISTRATIVO: o conjunto de normas que regem a relao entre a Administrao e o administrado conferindo poderes maiores, privilgios Administrao Pblica, colocando-a em uma posio superior, o que no seria aceito em uma relao entre particulares, regida pelo direito privado, ao mesmo tempo que estabelece as restries a serem respeitadas pela Administrao. So exemplos dessas prerrogativas da Administrao a autoexecutoriedade, o poder de expropriar, de aplicar sanes contratuais, impor medidas de polcia... Em suma, os princpios j vistos servem para garantir o regime jurdico-administrativo, as prerrogativas da Administrao, sobretudo os princpios da supremacia do interesse [email protected]

PODERES ADMINISTRATIVOSNoes Iniciais: Para bem atender ao interesse pblico a Administrao dotada de poderes administrativos. Estes poderes so verdadeiros instrumentos de trabalho, adequados realizao das tarefas administrativas. So inerentes Administrao de todas as entidades estatais (Unio, estados e municpios) na 20

proporo e limites de suas competncias institucionais, e podem ser usados isolada ou cumulativamente para a consecuo do mesmo ato.

Classificao: So classificados em poder vinculado, discricionrio, hierrquico, disciplinar, regulamentar ou normativo e de polcia.

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DIREITO

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APOSTILA DE ATOS ADMINISTRATIVO S

DIREITO ADMINISTRATIVO

2 Parte

ATOS ADMINISTRATIVOS

PROFESSOR ALEXANDRE LOPES

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APOSTILA DE ATOS ADMINISTRATIVO S

ATOS ADMINISTRATIVOS1 ATO ADMINISTRATIVO O estudo do ato administrativo o estudo mais importante do Direito Administrativo. (MARCELO CAETANO). extinguir ou declarar relaes jurdicas entre este (o Estado) e o administrado, suscetvel de ser contestada pelo Poder Judicirio. 4.2 ATRIBUTOS OU CARACTERSTICAS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS: 1) 2) 3) 4) 5) PRESUNO DE LEGITIMIDADE & VERACIDADE; AUTO-EXECUTORIEDADE; IMPERATIVIDADE; TIPICIDADE; EXIGIBILIDADE.

2 FATO ADMINISTRATIVO toda realizao material da Administrao em cumprimento de alguma deciso administrativa (construo de uma ponte). conseqncia do ato administrativo.

3 ATO JURDICO. CONCEITO Art. 81 do CC/1916 c/c art. 185 CC/2002 !!! Lei n 3.071, de 1 de janeiro de 1916: Art. 81 - Todo o ato lcito, que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos, se denomina ato jurdico. O ATO ADMINISTRATIVO EXIGE A FINALIDADE PBLICA.

4 PRTICA DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Na verdade, essas so as caractersticas da maioria dos atos administrativos, entretanto, todos admitem excees, visto que a presuno de legitimidade relativa ou juris tantum, admitindo prova em contrrio. A imperatividade s ocorre nos atos em que a Administrao usa seu poder de imprio, impondo obrigaes a terceiros, no existindo nos atos que conferem direitos ao administrado, como nos atos de licena e autorizao. A auto-executoriedade tambm no est presente em todos os atos administrativos, como j visto no poder de polcia, s ocorrendo quando expressamente prevista em lei ou em casos de urgncia. Conforme Celso Antnio Bandeira de Mello, o atributo da auto-executoriedade abrange dois conceitos, o da Exigibilidade e o da Executoriedade. Exigibilidade significa que a Administrao exige dos administrados o cumprimento de todos os atos administrativos, enquanto executoriedade seria propriamente executar, fazer valer o ato administrativo. Todos os atos administrativos gozam de exigibilidade, mas nem todos gozam de executoriedade, visto que a Administrao s pode executar os atos que dependem dela prpria (por exemplo, pode interditar estabelecimento, apreender mercadoria, demolir construo irregular que oferea risco...) mas no pode executar os atos que dependam do administrado, obrigando-o a fazer (por exemplo, a pagar uma multa, a consertar a calada de sua residncia...) A tipicidade o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente em lei. A tipicidade tambm s ocorre quando h imposio de vontades da Administrao, no havendo nos atos negociais, em que esto presentes os interesses pblico e particular e nos quais pode haver conveno entre as partes. 4.3 REQUISITOS OU ELEMENTOS DE VALIDADE: Competncia; Finalidade; Forma. Motivo; Objeto; Fi Co Vinculados For Vinculados ou Mo Discricionrios Ob

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Normalmente praticado pelos rgos executivos, mas as autoridades judicirias e legislativas tambm podem pratic-los. Os delegatrios de servios pblicos tambm podem praticar atos administrativos (v.g. diretor de escola). M.S.

4.1 DEFINIO: Ato administrativo toda manifestao unilateral de vontade do Estado, por meio de seus representantes, no exerccio regular de suas funes, ou por qualquer pessoa que detenha poder reconhecido pelo Estado, que tenha por finalidade criar, extinguir, declarar, alienar ou modificar direitos. HELY Ato administrativo toda manifestao unilateral de vontade da Administrao Pblica que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigaes aos administrados ou a si prpria. - Sofre controle jurisdicional e ser sempre norteado pelo princpio da legalidade.

BANDEIRA DE MELLO: Declarao do Estado (ou de quem lhe faa as vezes como, por exemplo, um concessionrio de servio pblico), no exerccio de prerrogativas pblicas, manifestada mediante providncias jurdicas complementares da lei a ttulo de lhe dar cumprimento, e sujeitos a controle de legitimidade por rgo jurisdicional. LUCIA VALLE FIGUEIREDO: Norma concreta emanada pelo Estado ou por quem esteja no exerccio da funo administrativa, que tem por finalidade criar, modificar,[email protected]

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Conceito legal: art. 2 da lei n 4.717/65. Lei n 4.717, de 29 de junho de 1965:

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APOSTILA DE ATOS ADMINISTRATIVO S

Art. 2 - So nulos os atos lesivos ao patrimnio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: (grifo meu) a) incompetncia; b) vcio de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistncia dos motivos; e) desvio de finalidade.

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A administrao atividade infralegal ou sublegal. administrar aplicar a lei de ofcio. (SEABRA FAGUNDES)

FINALIDADE o resultado que a Administrao quer alcanar com a prtica do ato; de forma ampla, a finalidade deve ser sempre atender ao interesse pblico. o resultado que a Administrao quer alcanar com a prtica do ato. o objetivo de interesse pblico a atingir. Todo ato administrativo tem fim pblico. A finalidade do ato administrativo aquela que a lei indica explcita ou implicitamente. elemento vinculado. Desvio de poder ou desvio de finalidade: ato ilegtimo. Ex. remoo de servidor para punir.

COMPETNCIA do rgo ou agente o conjunto de atribuies fixado por lei. Em regra possvel a delegao de competncias, salvo quando se tratar de competncia outorgada com exclusividade a determinado rgo. Maria Sylvia Zanella Di Pietro chama esse primeiro requisito de SUJEITO.

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Nenhum ato administrativo pode ser praticado sem que o agente disponha de poder legal para pratic-lo. - A competncia administrativa resulta da lei, sendo o poder atribudo ao agente da Administrao para o desempenho especfico de suas funes (Lei em sentido amplo). A competncia advm do texto expresso da Constituio, da lei e das normas administrativas. No competente quem quer, mas quem pode, segundo a norma de Direito. (CAIO TCITO). A competncia no um cheque em branco; delimitada por lei. Ex. Competncia da Polcia Federal. CRFB/1988, art. 144: (...) 1 A polcia federal, instituda por lei como rgo permanente, organizado e mantido pela Unio e estruturado em carreira, destina-se a: - I - apurar infraes penais contra a ordem poltica e social ou em detrimento de bens, servios e interesses da Unio ou de suas entidades autrquicas e empresas pblicas, assim como outras infraes cuja prtica tenha repercusso interestadual ou internacional e exija represso uniforme, segundo se dispuser em lei; - II - prevenir e reprimir o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuzo da ao fazendria e de outros rgos pblicos nas respectivas reas de competncia; - III - exercer as funes de polcia martima, aeroporturia e de fronteiras; - IV - exercer, com exclusividade, as funes de polcia judiciria da Unio. (grifos meus) ------------------------------------------------------Pode ser delegada ou avocada, desde que a lei o permita. elemento vinculado do ato administrativo. invlido o ato praticado por agente incompetente. Ex. a edio de um Decreto por um Ministro de Estado. VALLE FIGUEIREDO: o conjunto de atribuies outorgadas pela lei ao agente administrativo par consecuo do interesse pblico postulado pela norma.

FORMA do ato o modo pelo qual a declarao se exterioriza. o revestimento exteriorizador do ato administrativo. Todo ato administrativo , em princpio, formal. Justificativa: controle interno, controle externo e garantia para o administrado. A forma normal a escrita, exceo: sinais de trnsito. elemento vinculado Direito privado: Regra: liberdade de formas. Direito Pblico: Regra: solenidade das formas.

MOTIVO o pressuposto que serve de fundamento ao ato administrativo, diferente da finalidade pois o motivo anterior ao ato, fatos que levam prtica do ato. A finalidade posterior ao ato. a situao de fato ou de direito que determina ou autoriza a realizao do ato administrativo. - Pode vir expresso na lei (vinculado) ou pode ser deixado ao critrio do administrador (discricionrio). Teoria dos Motivos Determinantes (TMD): a obrigatoriedade da existncia dos motivos alegados e que determinam a prtica de um ato administrativo. - Atos discricionrios: Cargo em Comisso (art.37, V, CRFB/88) Motivao a exposio dos motivos ou explicitao dos motivos. - Discute-se se a motivao ou no obrigatria. Para Hely, o ato vinculado deve ser motivado. Princpio da motivao (art. 93, IX, CRFB/88). O motivo deve ser srio e real. OBJETO ou CONTEDO do ato o efeito jurdico que ele produz. o que o ato dispe ou enuncia. O objeto deve ser lcito, moral e possvel. - o efeito jurdico imediato que o ato produz. Basta ver o que o ato enuncia, prescreve, dispe. Para que serve o ato? - O objeto lcito, possvel e moral (DI PIETRO)

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APOSTILA DE ATOS ADMINISTRATIVO S

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Na desapropriao a transferncia compulsria da propriedade privada para o Estado, mediante prvia e justa indenizao. Objeto: aquisio, transferncia, resguardo, modificao, extino ou declarao de direitos.

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EXERCCIOS DE FIXAO: FISCAL DE TRIBUTO PA/ESAF: 4.1)Analise o seguinte ato administrativo: O Prefeito Municipal de So Tom baixa Decreto declarando um imvel urbano de utilidade pblica, para fins de desapropriao, para a construo de uma escola pblica, por necessidade de vagas na rede municipal de ensino. Identifique os elementos desse ato, correlacionando as duas colunas e assinale a opo correspondente. 1-Prefeito Municipal 2-Decreto 3-Interesse pblico 4-Necessidade de vagas na rede pblica 5-Declarao de utilidade pblica a)3/5/4/2/1 b)4/1/3/2/5 c)4/3/5/1/2 d)5/4/3/2/1 e)3/4/5/2/1 4.4 DISCRICIONARIEDADE E VINCULAO: Ato vinculado aquele em que todos os seus elementos so vinculados, no restando Administrao possibilidade de avaliao conforme seus critrios. Todos eles esto dispostos pelo legislador. Ato discricionrio aquele em que nem todos os elementos so vinculados. A Administrao pode avaliar o MOTIVO e o OBJETO conforme critrios de oportunidade e convenincia, o chamado mrito administrativo. A COMPETNCIA determinada em lei; A FINALIDADE deve ser sempre aquela prevista para aquele ato, pois no se admite um decreto de desapropriao de ATO VINCULADO CO FI FOR M OB V V V V V Ex: Licena de obra 4.5 FORMAS ADMINISTRATIVOS: DE EXTINO DOS ATOS ( ( ( ( ( )finalidade )objeto )motivo )forma ) competncia

determinado imvel com a finalidade de perseguir algum inimigo, por exemplo. A divergncia existe quanto FORMA, pois a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro defende que nem todos os atos tm forma determinada. Segundo ela, para alguns atos, a lei prev mais de uma forma possvel, cabendo Administrao avaliar qual delas ser utilizada. Dessa maneira, a forma seria elemento tambm discricionrio. Quanto ao MOTIVO, existe a teoria dos motivos determinantes ou vinculantes, segundo a qual a validade do ato se vincula aos motivos indicados como seu fundamento, de tal modo que, se inexistentes ou falsos, implicam a sua nulidade. Por outras palavras, quando a Administrao motiva o ato, mesmo que a lei no exija a MOTIVAO, ele s ser vlido se os motivos forem verdadeiros. No se pode confundir MOTIVO com MOTIVAO. A motivao a exposio dos motivos daquele ato. A doutrina majoritria entende que todos os atos, vinculados ou discricionrios, devem ser motivados. Excepcionalmente, poder haver algum ato discricionrio (nunca vinculado) que, por sua prpria caracterstica, dispense a motivao, como na exonerao de cargo em comisso. O Motivo vinculado quando a lei o define de forma taxativa, como por exemplo para aposentadoria, em que todas as regras esto definidas, no cabendo Administrao avaliao. Para o ato de exonerao, ao contrrio, no h motivos determinados em lei. O Objeto vinculado quando s h um objeto possvel. Por exemplo, se para determinada infrao de um servidor a lei prev mais de uma penalidade possvel, podendo haver ato de demisso ou ato de suspenso, h discricionariedade, entretanto, se s possvel a demisso, o objeto vinculado.

ATO DISCRICIONRIO CO FI FOR M e/ou OB V V V D D Ex: Autorizao de camel

REVOGAO: Retirada de ato discricionrio pela

CASSAO: Extino de ato que nasceu legtimo

mas se tornou ilegal depois, durante execuo. Ex: Cassao de licena de obra.

CADUCIDADE: Retirada do ato em virtude de nova lei,

Administrao, de acordo com o mrito administrativo, caso entenda que aquele ato no mais oportuno ou inconveniente. De qualquer forma, no se cogita de ter havido qualquer ilegalidade no ato. A revogao s pode ser feita pela prpria Administrao, nunca pelo Poder Judicirio, no exerccio da jurisdio. Os efeitos se do a partir do momento da revogao, sendo vlidos todos os efeitos gerados anteriormente, os efeitos so ex nunc.

posterior, que torna inadmissvel a situao antes permitida por aquele ato.

ANULAO ou INVALIDAO: Extino do ato por

CONTRAPOSIO, DERRUBADA: Retirada do ato

porque foi emitido outro ato com efeito contrrio ao primeiro, como a demisso, derrubando a nomeao original.

RENNCIA: Quando o beneficirio abre mo do atoque lhe beneficiava.

motivos de ilegalidade, vcio em qualquer dos elementos quanto competncia, finalidade, forma, motivo ou objeto. A anulao pode se dar pela prpria Administrao, de forma interna, de acordo com a sua capacidade de autotutela, ou ainda pelo Poder Judicirio, no exerccio da jurisdio, quando provocado por qualquer interessado. Os efeitos da anulao se do desde o momento do nascimento do ato, retroagindo os efeitos, ou seja, so ex tunc. ANULAO

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Motivo Ato discricionrio Ato vinculado Quem pode Efeitos 4.6 CONTROLE ADMINISTRATIVOS:

Por convenincia Por avaliao de Motivo ou Objeto No pode ser revogado Prpria Administrao Ex nunc JUDICIAL SOBRE OS ATOS

Por ilegalidade Por vcio em qualquer elemento Por vcio em qualquer elemento Prpria Administrao ou o Judicirio Ex tunc

Preliminarmente, cabe registrar que, quando se afirma que no cabvel revogao de atos administrativos pelo Poder Judicirio, quer-se referir aos atos da Administrao em sentido restrito, ou seja, os atos desempenhados pelo Poder Executivo, j que nesse caso haveria uma interferncia de um Poder sobre o outro em um ato discricionrio, o que no possvel. Entretanto, deve-se lembrar que o Poder Judicirio, assim como o Poder Legislativo, tambm editam atos administrativos, como por exemplo a nomeao de seus prprios servidores. Nesse caso, o Poder Judicirio pode revogar um ato administrativo seu, tal como revogar uma permisso de uso de lanchonete no interior de um tribunal, por exemplo. preciso ter cuidado com o controle judicial sobre os atos discricionrios, uma vez que ele sempre dever respeitar a discricionariedade administrativa nos limites da lei. O Poder Judicirio pode apreciar os aspectos de legalidade e verificar vcios em quaisquer dos elementos do ato, inclusive quanto ao MOTIVO e ao OBJETO, entretanto, no pode avaliar os critrios de oportunidade e convenincia adotados pela Administrao. 4.7 CLASSIFICAO: 1)QUANTO POSIO DA ADM. PBLICA: 1.1)ATOS DE IMPRIO: Aqueles em que a Administrao goza de todas as suas prerrogativas e privilgios, de forma coercitiva ao particular. 1.2)ATOS DE GESTO: Quando a Administrao se coloca praticamente no mesmo nvel do particular, realizando atos negociais. 1.3)ATOS DE MERO EXPEDIENTE: Mera tramitao burocrtica. 2)QUANTO AO DESTINATRIO: 2.1)ATOS GERAIS: Atingem todas as pessoas que estiverem na mesma situao, de forma geral. 2.2)ATOS INDIVIDUAIS: Alcanam pessoas determinadas nominalmente. 3)QUANTO EXEQIBILIDADE: 3.1)ATO PERFEITO: Quando j completou todo o seu ciclo de formao, todas as etapas necessrias: Est motivado, assinado, publicado... OU se faltar alguma dessas fases, diz-se que o ato IMPERFEITO. 3.2)ATO VLIDO: Quando todos os requisitos esto de acordo com a lei, a autoridade que assinou deve ter competncia, a finalidade pblica, a publicao deve ser da forma exigida por lei... OU se algum deles no estiver de acordo, ser INVLIDO ou NULO.

3.3)ATO EFICAZ: Quando, alm de perfeito, j pode gerar efeitos. Se ainda depender de algum Termo, Condio ou outro ato complementar ser ATO INEFICAZ ou PENDENTE. 3.4)ATO CONSUMADO: Aquele que no pode mais ser modificado pois j exauriu todos os seus efeitos. 4)QUANTO REGRA: 4.1)ATO VINCULADO 4.2)ATO DISCRICIONRIO 5)QUANTO AOS EFEITOS: 5.1)ATO CONSTITUTIVO: Quando a Administrao cria uma situao nova. Exemplo: Nomeao. 5.2)ATO DECLARATRIO: Aquele ato que declara, reconhece um direito que j existia mesmo antes do ato, como na licena de obras. Como o ato vinculado, o particular j tinha direito licena, a Administrao apenas reconhece. 5.3)ATO ENUNCIATIVO: Aquele em que a Administrao enuncia, atesta determinada situao que j existia, como nas certides negativas de tributos. 6)QUANTO AO ALCANCE: 6.1)INTERNO: Quando s interessa ao mbito repartio. A publicidade pode ser feita internamente. 6.2)EXTERNO: Quando interessa externamente administrao. da

coletividade,

7)QUANTO MANIFESTAO DA VONTADE: 7.1)ATOS SIMPLES: So os que decorrem da declarao de vontade de um nico rgo, seja ele singular ou colegiado. Exemplo: despacho de chefe de seo, deliberao de um Conselho de Contribuintes. 7.2)ATOS COMPLEXOS: Segundo Hely Lopes Meirelles, so os que se formam pela conjugao de vontades de mais de um rgo administrativo. O essencial nessa categoria de atos o concurso de vontades de rgos diferentes para a formao de um ato nico. Exemplo: Concesso de regime tributrio especial para determinados medicamentos, que exige a aprovao do Min. da Sade e da Secretaria da Receita Federal. 7.3)ATOS COMPOSTOS: Ainda de acordo com Hely Lopes Meirelles, so os que resultam da vontade nica de um rgo, mas depende da verificao por parte de outro, para se tornar exeqvel. Exemplo: Uma autorizao que dependa do visto de uma autoridade superior. Em tal caso a autorizao o ato principal e o visto o complementar que lhe d exeqibilidade. O ato complexo s se forma com a conjugao de vontades de rgos diversos, ao passo que o ato composto formado pela vontade nica de um rgo, sendo apenas ratificado por outra autoridade.

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CUIDADO: A definio de Hely Lopes Meirelles coincidente com a doutrina majoritria, entretanto, a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro adota uma viso diferente, baseada na quantidade de atos que so editados. Dessa forma, defende ela que tanto os atos complexos como os atos compostos resultam da manifestao de vontades de mais de um rgo, entretanto, no ato complexo, o importante que h duas ou mais vontades para a formao de um ato nico, enquanto no ato composto ocorre mais de um ato, sendo aquele formado por vontades num binmio acessrio x principal. Os atos compostos, conforme a professora, resultam da manifestao das vontades de dois ou mais rgos, sejam eles singulares ou colegiados, em que a vontade de um instrumental em relao vontade de outro. Por isso, na verdade h dois atos, o ato principal e o ato acessrio. O ato acessrio pode ser anterior ao ato principal, sendo chamado de PRESSUPOSTO, quando ele visa autorizar o ato principal que ainda ser editado, ou pode ser posterior ao ato principal, sendo chamado de COMPLEMENTAR, quando visa aprovar, homologar o ato principal j editado. Com isso, existe divergncia entre os principais autores quanto classificao do ato de nomeao do Procurador Geral da Repblica (ou do diretor do Banco Central e outros casos similares, onde necessria a prvia aprovao pelo Senado Federal para posterior nomeao pelo Presidente da Repblica). Para Hely Lopes Meirelles, seria exemplo de ato complexo, vez que se conjugam as vontades do Senado Federal e da Presidncia da Repblica (vontades de dois rgos independentes). Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, seria exemplo de ato composto, vez que a aprovao pelo Senado Federal o ato acessrio e a nomeao pelo Presidente da Repblica o ato principal (dois atos). No se deve confundir atos, sejam complexos ou compostos, com mero procedimento administrativo, onde ocorrem vrios atos independentes que se sucedem e se ligam, como por exemplo a licitao pblica, que abrange, entre outros atos, a publicao, o julgamento, a homologao e a adjudicao da autoridade superior. 8)QUANTO S CONSEQNCIAS DE SEUS VCIOS: 8.1)ATO NULO: aquele no qual existe um vcio que atinge regra fundamental, razo pela qual deve ser invalidado, no havendo possibilidade de sua permanncia no mundo jurdico. 8.2)ATO ANULVEL: aquele que, embora possua um vcio, esse no considerado essencial, sendo melhor para o interesse pblico sua convalidao. 8.3)ATO INEXISTENTE: o que no chega a entrar no mundo jurdico, como ocorre quando praticado por um menor impbere. 9 ESPCIES DE ATOS Meirelles): (Conforme Hely Lopes 9.1

Resoluo, Regimento, Deliberao, Instruo Normativa. ORDINATRIOS: Ordenam o funcionamento da administrao: Instruo, Circular, Aviso, Portaria, Ofcio, Despacho. NEGOCIAIS: Se referem gesto administrativa: Licena, Autorizao, Permisso, Aprovao, Admisso, Visto, Homologao. ENUNCIATIVOS: Certido, Atestado, Parecer, Apostila. PUNITIVOS: Multa, Interdio, Embargo. Atos Normativos

De acordo com Hely Lopes Meirelles: Atos administrativos normativos so aqueles que contm um comando geral do Executivo, visando correta aplicao da lei. O objetivo imediato de tais atos explicitar a norma legal a ser observada pela Administrao e pelos administrados. Esses atos expressam em mincia o mandamento abstrato da lei, e o fazem com a mesma normatividade da regra legislativa, embora sejam manifestaes tipicamente administrativas. A essa categoria pertencem os decretos regulamentares e os regimentos, bem como as resolues, deliberaes e portarias de contedo geral. Tais atos, conquanto normalmente estabeleam regras gerais e abstratas de conduta, no so leis em sentido formal. So leis apenas em sentido material, vale dizer, provimentos executivos com contedo de lei, com matria de lei. Esses atos, por serem gerais e abstratos, tm a mesma normatividade da lei e a ela se equiparam para fins de controle judicial, mas, quando, sob a aparncia de norma, individualizam situaes e impem encargos especficos a administrados, so considerados de efeitos concretos e podem ser atacados e invalidados direta e imediatamente por via judicial comum, ou por mandado de segurana, se lesivos de direito individual lquido e certo. 9.1.1 Decretos De competncia privada dos chefes do Poder Executivo, so destinados a prover situaes gerais ou individuais, abstratamente previstas de modo expresso, explcito ou implcito pela lei. Como ato administrativo o decreto sempre inferior lei e no pode contrari-la. a) Decreto Independente ou Autnomo: dispe sobre matria ainda no regulada especificamente em lei. b) Decreto Regulamentar ou de Execuo: visa a explicar a lei e facilitar a sua execuo. 9.1.2 Regulamentos

So atos administrativos postos em vigncia atravs de decretos, para especificar os mandamentos da lei, ou prover situaes ainda no disciplinadas por lei. No podem nem contrariar, nem ir alm da lei. 9.1.3 Instrues Normativas

NORMATIVOS: Dispem normas concretas ou abstratas do Poder Executivo: Decreto, Regulamento,

So atos administrativos expedidos pelos Ministros de Estado para a execuo das lei, decretos e regulamentos,

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mas so tambm utilizadas por outros rgos superiores para o mesmo fim. 9.1.4 Regimentos

9.2.7

Ofcios

So atos administrativos normativos de autuao interna, dado que se destinam a reger o funcionamento de rgos colegiados e de corporaes legislativas. 9.1.5 Resolues

So comunicaes escritas que as autoridades fazem entre si, entre subalternos e superiores, e entre Administrao e particulares em carter oficial. 9.2.8 Despachos

So os atos que visam a disciplinar o funcionamento de seus agentes. 9.1.6 Deliberaes

So decises administrativas, das autoridades executivas (ou legislativas ou judicirias, mas em funes administrativas), em papis, requerimentos e processos sujeitos sua apreciao.

Atos administrativos normativos ou decisrios emanados de rgos colegiados.

9.3

Atos Negociais

9.2

Atos Ordinatrios

So praticados contendo uma declarao de vontade do Poder Pblico, coincidente com a pretenso do particular, visando concretizao de negcios jurdicos pblicos, ou atribuio de certos direitos ou vantagem ao interessado. 9.3.1 Licena

Os atos ordinrios visam a disciplinar o funcionamento da administrao e a conduta funcional de seus agentes. 9.2.1 Instrues

o ato vinculado e definitivo, pelo qual o Poder Pblico, verificando que o interessado atendeu a todas as exigncias legais, faculta-lhe o desempenho de atividade. 9.3.2 Autorizao

So ordens escritas e gerais a respeito do modo e forma de execuo de determinado servio pblico. 9.2.2 Circulares

So ordens escritas, de carter uniforme, expedidas a determinados funcionrios ou agentes administrativos incumbidos de certo servio, ou de desempenho de certas atribuies em circunstncias especiais. 9.2.3 Avisos

Ato que torna possvel ao pretendente a realizao de certa atividade, servio ou a utilizao de determinado bem. 9.3.3 Permisso

Ato pelo qual o Poder Pblico faculta ao particular a execuo de servios de interesse coletivo, ou o uso especial de bens pblicos. 9.3.4 Aprovao

Atos emanados dos Ministros de Estado, a respeito de assuntos afetos aos seus ministrios. 9.2.4 Portarias

Ato pelo qual o Poder Pblico aprova a legalidade ou mrito de rgo pblico ou entidade particular. 9.3.5 Admisso

So atos administrativos internos, pelos quais os chefes de rgos, reparties ou servios, expedem determinaes gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam servidores para funes e cargos secundrios. Por portarias tambm se iniciam sindicncias e processos administrativos. 9.2.5 Ordens de Servio

Ato pelo qual o Poder Pblico defere ao particular determinada situao jurdica de seu interesse. 9.3.6 Visto

So determinaes especiais dirigidas aos responsveis por obras ou servios pblicos, contendo imposies de carter administrativo 9.2.6 Provimentos

Ato pelo qual o Poder Pblico controla outro ato da prpria Administrao ou do administrado aferindo sua legitimidade formal para dar-lhe exeqibilidade. 9.3.7 Homologao

So atos administrativos internos, contendo determinaes e instrues que a Corregedoria ou os tribunais expedem para a regularizao e uniformizao dos servios, especialmente os da Justia, com o objetivo de evitar erros e omisses na observncia da [email protected]

Ato pelo qua