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Protagonismo Juvenil Educação para valores e participação autônoma

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Page 1: Protagonismo

Protagonismo Juvenil

Educação para valores e participação autônoma

Page 2: Protagonismo

1 - O cenário

A juventude é histórica - nem sempre apareceu como etapa singular demarcada.

Nasce na sociedade moderna ocidental como tempo de preparação para a vida, para a complexidade das tarefas produtivas da sociedade industrial.

Page 3: Protagonismo

Preparação para a vida

Feita em instituições especializadas (escola), implicava a suspensão do mundo produtivo.

Estudar e não trabalhar eram elementos da condição juvenil.

Page 4: Protagonismo

Condição juvenil

- Forma como a sociedade representa/ pensa a juventude. - Tem relação com os movimentos que tiveram visibilidade nas diferentes épocas. 1950 - juventude transviada 1960 - juventude rebelde 1970 - juventude paz e amor 1980 - juventude alienada 1990 - as gangues, as galeras 2000 - os manos

Essas representações uniformizam e escondem a diversidade.

Page 5: Protagonismo

Situação juvenil

- Diferentes percursos: modos como os jovens vivem a condição juvenil de seu tempo.

- Fatores que interferem: grupo social, gênero, etnia, idade, escolaridade, religião, territorialidade, entre outros.

Para compreender a diversidade da situação juvenil hoje, é preciso analisar as mudanças em curso:

Page 6: Protagonismo

O ingresso na vida adulta não obedece mais a rituais tradicionais.

É possível ser pai ou mãe sem sair da casa dos pais, sem constituir uma nova base familiar, concluir a escolaridade ou ingressar no mundo do trabalho.

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A escola, a família e o trabalho deixam de ocupar o lugar de importância que possuíam na vida de jovens de outros tempos.

Os comportamentos de grupo mediados pelos meios de informação tornam-se muito mais significativos que as instituições socializadoras tradicionais.

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Observa-se a caracterização de uma cultura juvenil quase universal.

Substitui a transmissão cultural das instituições que são influenciadas por questões da vida do lugar em que vivem.

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A experiência da situação juvenil está relacionada com uma complexa e preocupante instabilidade no presente e incerteza frente ao futuro.

No Brasil, os jovens enfrentam a desigualdade do acesso à educação de qualidade, barreiras que dificultam o acesso ao primeiro emprego, o desemprego prolongado e a injusta distribuição salarial.

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A juvenilização da sociedade. Apesar da juventude ser vista como fonte de problemas, busca-se, cada vez mais, parecer jovem.

Produtos que prometem retardar o envelhecimento tornam-se fontes de renda, mobilizam propaganda e consumo, difundindo a juvenilização.

Page 11: Protagonismo

A questão juvenil - o que é ser jovem hoje

O significado de ser jovem (condição juvenil) é dado pelo modo como se pensa a juventude:

- o jeito como se fala dela, - as imagens produzidas em torno dela, - os valores a ela atribuídos.

Por isso se diz que “ser jovem” decorre de construções culturais, e o significado atribuído à juventude difere de acordo com a época, os grupos sociais e culturais de uma mesma sociedade.

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Quem é jovem

ONU - 15 a 24 anos Cada lugar determina sua faixa jovem de

acordo com sua realidade e cultura, e constrói políticas de acordo com ela.

No Brasil, o Plano Nacional de Juventude, é destinado aos jovens com idade entre 15 e 29 anos.

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Os jovens brasileiros - alguns dados

80% dos(as) jovens do Cone Sul vivem no Brasil.

O país concentra 50% dos(as) jovens da América Latina.

São 34 milhões de jovens entre 20 e 24 anos.

Representam aproximadamente 20% do total da população brasileira.

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28,2 milhões (83%) moram na zona urbana e 5,9 milhões (17%), na zona rural.

20 milhões (58,7%) vivem em famílias com renda per capita de até um salário mínimo.

1,3 milhões dos (as) jovens são analfabetos(as). Desses(as), 900 mil são negros(as).

Fontes: IBGE, 2004; www.ibase.org.br

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O que se espera dos jovens. Quais jovens?

1- Uma juventude: TEEN * Incluída, protegida, consumidora, escolarizada.

A entrada no mundo do trabalho se dá cada vez mais tarde.

Trabalho: ampliação do consumo.

- Servem de exemplos, modelos positivos...a televisão, revistas, propagandas difundem representações de juventude - tempo do belo, do corpo, do prazer, do tempo livre, da experimentação.

- Paradoxalmente são vistos pelo que lhes falta (valores, respeito, compromisso, participação etc.).

* Agrega várias juventudes

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2- Outra juventude: POPULAR* Excluída, empobrecida, desprotegida, discriminada,

exposta à violência e à orfandade. A entrada no mundo do trabalho é antecipada. Trabalho: sobrevivência imediata.

- Quase invisíveis no cotidiano, aparecem em noticiários para reforçar estereótipos. O cinema tem trazido à tona a situação de vida desses jovens, o que possibilita a reflexão.

(Cidade de Deus; Cidade dos Homens; Falcão, meninos do tráfico; Anjos do Sol).

- São vistos através do que ameaçam.

* Agrega várias juventudes

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O que desejam os jovens:- políticas públicas para o acesso a bens

materiais ou culturais, - consideração como sujeitos de direitos, - educação de qualidade,- trabalho,- emitir opiniões e interferir em questões que

lhes dizem respeito,- espaços para o lazer, esporte, cultura e

divertimento,- participar de grupos horizontais onde possam

expressar idéias, ampliar a rede de amigos, construir sentidos de vida e assim projetar o futuro.

Fonte: Pesquisa Perfil da Juventude Brasileira, 2004.

Instituto de Cidadania.

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Os jovens e a participação Dimensões da vida cotidiana vêm

transformando a prática da participação juvenil:

a família - se apresenta mais como uma relação do que como uma instituição;

o trabalho - ao deixar de ser estável, produz insegurança diante do futuro;

as formas tradicionais de participação (partidos políticos, sindicatos, movimento estudantil, escola) - desencanto e ceticismo.

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Criam-se novas formas de participação:

- múltiplas e por vezes episódicas; - ligadas a uma causa que pode

girar tanto em torno da defesa das baleias como da paz, do meio ambiente, dos direitos humanos, da igualdade racial.

A arte, principalmente a música, tem sido o canal de expressão pelo qual os

jovens participam da vida social.

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2- As juventudes

Subjetividade

Saber

Socialização

Page 21: Protagonismo

A educação

Família

Escola

Sociedade

Privado Transição Público

Page 22: Protagonismo

Os pilares da educaçãoAprender

a SER

Competência pessoal

Auto-estima, autoconfiança, auto-

realização, autonomia.

Aprender a CONVIVER

Competência social

Cidadania, democracia, participação, cooperação.

Aprender a FAZER

Competência produtiva

Polivalência, flexibilidade, pró-

atividade, criatividade, iniciativa.

Aprender a APRENDER

Competência cognitiva

Leitura, escrita, solução de problemas;

curiosidade, criticidade,

discernimento

Page 23: Protagonismo

A famíliaPotencialidades Dificuldades

Afetividade Pertencimento Permanência Privacidade Tolerância Compartilhamento Intimidade

Regras Limites Autoridade Medo Diálogo Valores Individualismo Cooperação

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A escolaPotencialidades Dificuldades

Proteção Negociação Pluralidade Colaboração Coletividade Empoderamento

Divisão de poder Interesses individuais Pluralidade de hábitos Conflito de valores Tempo delimitado Negociação Regras e limites

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A sociedade

Houve um tempo em que a moda era

instrumento de agressão. Os filhos usavam roupas para chocar os pais e os pais usavam roupas para marcar autoridade e distância. Agora as tendências são para todas as idades e muda só o tamanho. Esse novo conceito pode ser visto em todo o lugar do mundo mas se você não quiser ir tão longe, passe na C&A, onde tem tudo para toda a família.

Jornal do Brasil,

27/04/86, p.5

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3- O protagonismo juvenil O protagonismo juvenil é uma estratégia

de educação para a cidadania que considera os jovens como atores sociais que têm direitos, independente da condição ou situação em que vivem.

Jovens - vistos pelo que são, sabem, sentem, pensam, sonham e se relacionam.

Page 27: Protagonismo

Protagonismo Juvenil

É um processo de educação para valores que tem na participação social juvenil:

- uma forma de construção da co-responsabilidade;

- o caminho para o envolvimento com causas coletivas;

- a construção de competências que tornem duradouras as ações empreendidas.

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Protagonismo Juvenil Está sempre relacionado com ações coletivas

e participantes. (Tem na formação de redes a perspectiva da

multiplicação)

Faz educação para valores através da experimentação dos valores.

(Pratica-se mais o respeito do que se fala sobre sua importância)

Empodera os jovens para decidirem sobre seu futuro.

(Conhecimento, reflexão, diálogo, criticidade, criatividade)

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Os atores das ações são os coletivos jovens.

Não pressupõe a geração de lideranças individuais, mas a geração de participação e cooperação social.

A questão central é o processo formador que se dá por meio da ação dos jovens: a construção da cidadania e da participação.

Os educadores não são reféns dos discursos juvenis, mas têm a função de contextualizar e problematizar, de mediar a construção do conhecimento, de ampliar o universo cultural.

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Alerta!!! A autonomia – capacidade de agir a partir

de valores já internalizados, de reconhecer o que está de acordo com ideais, de identificar oportunidades para a viabilização de projetos.

O empoderamento – não só conferir poder aos jovens, mas assumir o poder da ação dos jovens como iniciativas válidas para a transformação e o desenvolvimento.

A intervenção – a partir dos interesses dos próprios jovens e por sua deliberação.

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PJ, processo formador, competências

Compreender o terreno de sua atuação: Apropriação de informações e capacidade de interpretar dados, identificar problemas e questões que comprometem o bem estar de uma coletividade e se posicionar criticamente. Aderir a uma causa e engajar-se em grupos: Identificação de temas mobilizadores, conhecimento dos fatos, busca de grupos já organizados, responsabilização social e decisão em participar da busca de soluções. Operar na realidade para transformá-la: Desenvolvimento de competências para a atuação coletiva na complexidade. Capacidade de tomar a iniciativa, propor, planejar, participar da realização do planejado, avaliar, rever estratégias e permanecer no processo.

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Processo formador

A família, a escola, os espaços de formação de

jovens -saberes necessários.

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Etapas da participação

1. Manipulada – faz o que o adulto quer

2. Decorativa – segura a bandeira no palco

3. Simbólica – dança, teatro, coral

4. Execução utilitária – festa junina

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5. Planejamento + Execução = Quando será? Onde será? Como será?

6. Decisão + Planejamento + Execução = Vai ter festa? Quando? Como será? Para

quais resultados?

7. Decisão + Planejamento + Execução + Avaliação = Avaliação participativa

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8. Decisão + Planejamento + Execução + Avaliação + Apropriação dos resultados =

Participação responsável

9. Decisão + Iniciativa + Planejamento + Execução + Avaliação + Apropriação dos resultados =

Participação autônoma – sem a presença do educador

10. Participação autônoma Com adultos sob sua responsabilidade

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Etapas e fases da ação protagônica

FasesEtapas

Dependência Colaboração Autonomia

1ª Iniciativa Educadores decidem quais iniciativas devem ser tomadas.

Educadores e jovens debatem e decidem em conjunto realizar ou não uma ação.

A ação parte da decisão dos próprios jovens.

2ª Planejamento

Os educadores planejam as ações sem a participação dos jovens.

Os educadores e os jovens planejam juntos a ação.

Os jovens planejam suas ações.

3ª Execução Os educadores executam - os jovens recebem a ação.

Os educadores e os jovens executam juntos a ação planejada.

Os jovens executam o que foi planejado.

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FasesEtapas

Dependência Colaboração Autonomia

4ª Avaliação Os educadores avaliam os jovens.

Os educadores e os jovens discutem o quê e como avaliar a ação realizada.

Os próprios jovens avaliam a ação realizada.

5ª Compreensão do resultado

Os resultados da ação são inteiramente apropriados pelos educadores, que os devolvem aos jovens na forma de elogios ou queixas.

Os educadores e os jovens compartilham os resultados da ação desenvolvida.

Os jovens compreendem o processo que originou o resultado.

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Importante!!!

ONU, organismos internacionais, governos, instituições financeiras, sociedade civil – têm no protagonismo um importante aliado para o combate à pobreza, à marginalidade, à criminalidade ...

... as práticas desenvolvidas pelos jovens são, por um lado, de afirmação de direitos e participação política e, por outro, de criação e ação cultural.

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“- Por favor, o senhor poderia me dizer qual é o caminho para sair daqui? – perguntou Alice.- Isso depende muito do lugar para onde você quer ir. - disse o Gato.- Não me importa muito onde... - disse Alice.-Neste caso, pouco importa o caminho que você tomar. - declarou o Gato.”

Lewis Carroll, Alice no país das maravilhas.

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A minha alma- O RappaA minha alma tá armadaE apontada para a cara

Do sossego (sego...)Pois paz sem voz

Não é paz é medo, (medo)

Às vezes eu falo com a vidaÀs vezes é ela quem diz

Qual a paz que eu não queroConservar

Para tentar ser feliz (...)

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Depoimento 1

“Éramos inocentes, acreditávamos em quase tudo que nos diziam. Foi se tornando cada vez mais impossível e desnecessário aceitar os valores que nos impõem. Esse tempo passou: as coisas mudaram, novas percepções se tornaram consciência. Hoje enfrentamos o conservador, vivemos e criamos o novo. Sonhamos com liberdade, vivemos intensamente a juventude!”

Fanzine da ONG Atitude, 2005

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Depoimento 2

“ A peça clássica 'Opus 26', de Max Bruch, é pura adrenalina, igual a de pichar em cima do viaduto ou no alto do prédio.”

Jovem de 17 anos (ex-pichador, toca violino no projeto Guri de São Paulo)

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Depoimento 3

“Protagonismo não é deixar o jovem à solta,

simplesmente aguardando sua vontade de

participar de tarefas que levem às ações. Devemos

abrandar o medo de agir, o que pode ser feito

através de problematizações bem planejadas.

Considero que contextualizar e questionar os

jovens sobre a provável eficiência de seus planos é

uma forma de organizar a reflexão, como se fosse

um alinhavo, e isso é diferente de induzir. Muito

diferente.”

Renato José da Mata (RJ), educador de jovens.

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Fontes importanteswww.ibase.org.br(pesquisa: Juventude Brasileira e

Democracia)

www.acaoeducativa.org.br(pesquisa: Juventude, Escolarização e Poder

Local)

www.institutocidadania.org.br(pesquisa: Perfil da Juventude Brasileira)

www. interagir.org.br(site organizado por jovens)

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Referências:

IULIANELLI, Jorge e FRAGA, Paulo Cesar. Jovens em tempo real. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2003.

CARRANO, Paulo César. Juventudes e cidades educadoras. Petrópolis: Vozes, 2003.

CHARLOT, Bernard. Os jovens e o saber: perspectivas mundiais. Porto Alegre: Artmed, 2001.

NOVAES, Regina (org.). Juventude e sociedade. São Paulo: Instituto de Cidadania, 2004.

CASTRO, Mary Garcia; ABRAMOVAY, Miriam. Por um novo paradigma do fazer política. Brasília: Unesco, 2003.