prospecÇÃo de biossurfactantes a partir de...

191
i DANIELA FERREIRA DOMINGOS PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE MICROBIOTA DE MANGUEZAIS PROSPECTION OF BIOSURFACTANT FROM MANGROVE MICROBIOTA CAMPINAS 2014

Upload: lekhue

Post on 10-Feb-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

i

DANIELA FERREIRA DOMINGOS

PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE MICROBIOTA DE MANGUEZAIS

PROSPECTION OF BIOSURFACTANT FROM MANGROVE MICROBIOTA

CAMPINAS

2014

Page 2: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

ii

Page 3: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

iii

Tese apresentada ao Instituto de Biologia da

Universidade Estadual de Campinas para a

obtenção do título de Doutora em Genética e

Biologia Molecular na Área de GENÉTICA DE

MICROORGANISMOS.

Thesis presented to the Institute of Biology of the

University of Campinas in partial fulfillment of the

requirements for the degree of Doctor in Genetics

and Molecular Biology the area of GENETICS OF

MICROORGANIMS.

PROSPECTION OF BIOSURFACTANT FROM MANGROVE MICROBIOTA

Page 4: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

iv

Page 5: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

v

Page 6: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

vi

Page 7: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

vii

ABSTRACT

Mangrove is an environment rich in microbial diversity, but little has been reported about it in Brazil,

making the knoledge and exploitation of new microorganisms in mangroves an imperative issue. The

prospection of microbial diversity in underexplored environments, such as mangroves, increses

possibility of success in looking for new bioactive molecules, contributing to a more sustentable

economy and environment. Although the cultivation techniques have been improved, allowing an

increased number of yet uncultivated microorganisms to be able recuperated in vitro, our knowledge

about their ecology is still insufficient to cultivate the marjority of them. Therefore, the metagenomic

library have emerged as a powerful tool to more widely access the overall microbial diversity in an

environment, enabling the functional analyses of genes and the discovery of new bioactive compounds,

mainly uncultured-microorganisms. The aim of the current work was the prospection of biosurfactant

from mangrove microbiota through a polifasica approach. For the independent-cultivation approach, a

metagenomic library of high molecular weight was constructed from mangrove sediment contaminated

with oil. The clones were subjected to functional and molecular screening to identify biosurfactant

activity. Three clones with the potential to procuce biosurfactant were selected, and the fosmid

sequencing for genetic chatacterization of the insert was carried out. Although the clones showed the

ability to reduce the surface tension, genes that may involved in biosurfactant synthesis were not

identified. The results showed that using the functional metagenomic to explore metabolic pathways of

microbial communities can have great limitation when in the prospection of biosurctants when the

operon are larger then 30-40 kb and the genome of wild bacteria contains sparse regulation elements.

For the dependent-cultivation approach, two strains that produce biosurfactant were selected: Bacillus

safensis CCMA-560 and Gordonia sp. CCMA-559. They were isolated and tested in previous study. The

biosurfactant production was opmized through the Placktt-Burman design and the Central Composite

Design. The pumilacidin produced by B. safensis CCMA-560 was chemically characterized, and the

metabolic pathway that is responsible for its production was genetically characterized. This work was

the first report the physiologic, genetic, and chemical analysis on the biosurfactant production by the B.

safensis strain.

Page 8: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

viii

Page 9: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

ix

RESUMO

O manguezal é um ambiente rico em diversidade microbiana, entretanto existem poucos estudos sobre

esse tema no Brasil, tornando imperativo o conhecimento e a exploração de novos micro-organismos e

seus metabólitos neste ecossistema. A prospecção da diversidade microbiana em ambientes pouco

explorados, como os manguezais, potencializa as chances de sucesso na busca por novas moléculas

bioativas, contribuindo para o desenvolvimento econômico e ambiental mais sustentável. Entretanto,

sabemos que embora as técnicas de cultivo tenham sido aprimoradas e tenham permitido a

recuperação in vitro de um número crescente de micro-organismos ainda não cultivados, nosso

conhecimento sobre sua ecologia permanece insuficiente para cultivar a maioria deles. Neste contexto,

as bibliotecas metagenômicas surgem como uma ferramenta poderosa para acessar de maneira mais

abrangente a diversidade microbiana total em um dado ambiente, permitindo a análise e exploração de

genes funcionais de membros da microbiota, principalmente de micro-organismos não-cultivados, e a

descoberta de novos compostos bioativos. O objetivo geral desse trabalho foi a prospecção de

biossurfactantes a partir de microbiota de manguezal utilizando uma abordagem polifásica. Para a

abordagem independente-de-cultivo, foi construída uma biblioteca metagenômica de alto peso

molecular a partir de sedimento de manguezal contaminado com petróleo. Os clones obtidos foram

submetidos à triagem funcional e molecular para compostos com atividade biossurfactante. Três clones

potencialmente produtores foram selecionados e submetidos ao sequenciamento fosmidial para a

caracterização gênica dos insertos. Embora os clones apresentassem uma redução na tensão superficial,

não foram identificados genes que pudessem estar envolvidos na síntese de algum biossurfactante. Os

resultados obtidos revelaram que o uso da metagenômica funcional para a exploração metabólica de

uma comunidade microbiana pode oferecer grandes limitações quando se trata de prospecção de

biossurfactantes, cujos operons são muitas vezes maiores que 30-40 kb e podem conter elementos de

regulação esparsos no genoma da bactéria selvagem. Na abordagem dependente-de-cultivo, foram

selecionadas duas linhagens produtoras de biossurfactantes, Bacillus safensis CCMA-560 e Gordonia sp.

CCMA-559, isoladas e testadas em estudo prévio. Através de planejamento experimental do tipo

Plackett-Burman e Delineamento Composto Central Rotacional foi otimizada a produção do

biossurfactante por essas linhagens. A pumolicidina produzida pelo B. safensis CCMA-560 foi

caracterizada quimicamente, bem como a via metabólica responsável por sua produção. Este foi o

primeiro trabalho a reportar a análise fisiológica, genética e química da produção de biossurfactante por

representantes da espécie B. safensis.

Page 10: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

x

Page 11: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

xi

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………………………………………………. 1

2. REVISÃO DA LITERATURA…………………………………………………………………………………………………….. 3

2.1. Importância ecológica do mangue…………………………………………………………………………………….. 3

2.2. Os biossurfactantes…………………………………………………………………………………………………………… 6

2.3. Aplicação industrial dos biossurfactantes…………………………………………………………………………. 10

2.3.1. Aplicação dos biossurfactantes em indústria de petróleo................................................ 11

2.4. Metagenômica aplicada à Microbiologia............................................................................... 14

2.5. Referências Bibliográficas...................................................................................................... 16

3. APRESENTAÇÃO DA TESE........................................................................................................ 21

CAPÍTULO 1 – Prospecção de biossurfactantes em biblioteca metagenômica de sedimento de

manguezal.................................................................................................................................. 23

1. Introdução......................................................................................................................... 24

2. Objetivos............................................................................................................................ 25

3. Material e métodos............................................................................................................ 25

3.1. Coleta do sedimento de manguezal.................................................................................... 25

3.2. Extração de DNA de alto peso molecular de sedimento de manguezal.............................. 26

3.2.1. Extração pelo kit PowerSoil® DNA Isolation (MoBio Laboratories, Inc.)........................ 26

3.2.2. Extração pelo kit PowerMax® Soil DNA Isolation (MoBio Laboratories, Inc.)................ 26

3.2.3. Extração pelo método CTAB-SDS................................................................................... 27

3.2.4. Extração por Freeze-Thaw............................................................................................. 27

3.3 Eletroforese.......................................................................................................................... 28

3.4. Pulsed-Field Gel Electrophoresis (PFGE)………………………………………………………………………….. 28

3.5. PRC do gene RNAr 16S......................................................................................................... 28

3.6. Construção da biblioteca metagenômica de sedimento do mangue.................................. 29

3.6.1. Seleção de fragmentos de DNA de alto peso molecular................................................ 29

3.6.2. Purificação dos fragmentos de DNA de alto peso molecular......................................... 29

3.6.3. Reação de End-Repair.................................................................................................... 30

3.6.4. Reação de ligação.......................................................................................................... 30

3.6.5. Empacotamento............................................................................................................. 30

3.6.6. Transfecção.................................................................................................................... 31

Page 12: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

xii

3.6.7. Validação da biblioteca metagenômica......................................................................... 31

3.6.8. Preservação dos clones.................................................................................................. 32

3.7. Screening funcional dos clones........................................................................................... 32

3.7.1. Colapso da gota............................................................................................................. 32

3.7.2. Colapso da gota modificado.......................................................................................... 33

3.7.3. Tensiometria.................................................................................................................. 33

3.8. Screening molecular dos clones.......................................................................................... 35

3.9. Sequenciamento dos fosmídios.......................................................................................... 37

3.9.1. Extração do DNA fosmidial............................................................................................ 37

3.7.2. Sequenciamento plea tecnologia do Ion-Torrent........................................................... 37

3.9.3. Assembling das sequências............................................................................................ 37

3.9.4. Fechamento dos gaps.................................................................................................... 38

3.9.5. Anotação dos genes....................................................................................................... 38

4. Resultados e Discussão..................................................................................................... 38

4.1. Construção da biblioteca metagenômica............................................................................ 38

4.2. Screening funcional............................................................................................................. 41

4.2.1. Colapso da gota............................................................................................................. 41

4.2.2. Tensiomentria................................................................................................................ 43

4.3. Screening molecular............................................................................................................ 49

4.4. Sequenciamento dos fosmídios.......................................................................................... 49

4.4.1. Montagem das sequências............................................................................................ 50

4.4.2. Características gerais dos fosmídios.............................................................................. 54

4.4.3. Anotação dos fosmídios................................................................................................. 57

4.4.3.1. Anotação do fosmídio A6........................................................................................ 57

4.4.3.2. Anotação do fosmídio F10....................................................................................... 63

4.4.3.3. Anotação do fosmídio H5........................................................................................ 70

5. Conclusões......................................................................................................................... 74

6. Referências Bibliográficas................................................................................................... 75

CAPÍTULO 2 - Planejamento experimental e otimização da produção de biossurfactantes nas

linhagens Gordonia sp. CCMA-559 e Bacillus safensis CCMA-560 isoladas de manguezal

contaminado com petróleo........................................................................................................ 79

1. Introdução......................................................................................................................... 80

Page 13: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

xiii

2. Objetivos............................................................................................................................ 81

3. Material e Métodos............................................................................................................ 81

3.1. Linhagens bacterianas......................................................................................................... 82

3.2. Teste de emulsificação........................................................................................................ 82

3.3. Avaliação da produção de biossurfactantes........................................................................ 83

3.3.1. Seleção de variáveis utilizando o planejamento experimental do tipo Plackett–

Burman (P&B) no processo de produção de biossurfactantes........................................................... 83

3.4. Otimização da produção de biossurfactante por meio do planejamento experimental do

tipo DCCR........................................................................................................................................... 85

3.4.1. Bacillus safensis CCMA-560........................................................................................... 86

3.4.2. Validação e cinética....................................................................................................... 87

3.4.3. Gordonia sp. CCMA-559................................................................................................ 88

3.4.4. Validação e cinética....................................................................................................... 89

4. Resultados e Discussão................................................................................................. 90

4.1. Teste de Emulsificação........................................................................................................ 91

4.2. Avaliação da produção de biossurfactante......................................................................... 92

4.2.1. Planejamento do tipo Plackett-Burman (P&B) .............................................................. 92

4.2.2. Bacillus safensis CCMA-560........................................................................................... 92

4.3. P&B de Gordonia sp. CCMA-559....................................................................................... 97

4.3.1. Otimização da produção de biossurfactante por meio do planejamento experimental

DCCR de Gordonia sp. CCMA-559...................................................................................................... 98

5. Conclusões................................................................................................................... 102

6. Referências Bibliográficas............................................................................................. 102

CAPÍTULO 3 - Draft Genome Sequence of the Biosurfactant-Producing Bacterium Gordonia

amicalis Strain CCMA-559, Isolated from Petroleum-Impacted Sediment.................................. 105

CAPÍTULO 4 - Draft Genome Genome Sequence of Bacillus pumilus CCMA-560, Isolated from

an Oil-Contaminated Oil Swamp............................................................................................ 109

CAPÍTULO 5 - Genomic and chemical insights into biosurfactant production by the mangrove-

derived strain Bacillus safensis CCMA 560.................................................................................. 111

4. DISCUSSÃO GERAL.................................................................................................................. 151

5. CONCLUSÃO GERAL................................................................................................................ 159

6. PERSPECTIVAS FUTURAS......................................................................................................... 161

Page 14: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

xiv

7. ANEXOS.................................................................................................................................. 163

Page 15: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

xv

“It is not the strongest of the species that survives,

Nor the most intelligent that survives.

It is the one that is the most adaptable to change.”

(Charles Darwin)

Page 16: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

xvi

Page 17: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

xvii

Aos meus queridos pais Márcio e Rose, que me fizeram estudar por acreditarem que a única herança que os

pais realmente podem deixar aos seus filhos é a moral e os estudos.

Ao meu marido Felipe pelo apoio incondicional em todos os momentos, principalmente nos de incertezas,

muito comum em quem trilha novos caminhos.

Dedico...

Page 18: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

xviii

Page 19: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

xix

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Dra. Valéria Maia de Oliveira,

Pela dedicação, paciência e competência científica com que orientou ao longo desses anos, e também

por contribuir para o meu crescimento profissional e pela confiança depositada no meu trabalho.

Ao meu co-orientador Dr. Itamar Soares de Melo,

Por confiar em meu trabalho e as palavras de apoio.

Ao meu supervisor Dr. David J. Midgley,

Pela recepção, hospitalidade no CSIRO e incansável disposição em me apresentar à bioinformática.

À toda equipe do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO – Animal, Food

and Health Sciences, Sydney – Austrália) – Phil Hendry, Nai Tran-Din, Wang Han, Dongmei Li e Carly

Rosewarne,

Pelos ensinamentos, infra-estrutura e os agradáveis momentos no laboratório.

À Profa. Dra. Vânia de Melo,

Por participar da minha qualificação com sugestões que foram fundamentais na continuidade deste

trabalho.

À Dra. Andréia Fonseca de Faria,

Por ajudar nas análises químicas e discussão deste trabalho.

À Profa. Dra. Suzan Pantaroto Vasconcellos,

Pela paciência e disposição em responder meus infinitos emails de dúvidas e perguntas sobre técnicas. E

também pela amizade adquirida ao longo desses anos.

À Profa. Dra. Rafaella Bonugli-Santos,

Pelo auxílio nas análises de planejamento experimental e discussão deste trabalho.

À Profa. Dra. Cynthia Canedo da Silva,

Por ensinar as técnicas de construção de bibliotecas metagenômicas.

A todos os membros da minha qualificação, pré-banca e banca,

Pela disponibilidade em participar de cada etapa e pelas críticas e sugestões.

Aos técnicos Milena, Éricka, Viviane e Túlio,

Pelos ensinamentos e amizade.

À minha companheira dos biossurfactantes Bruna M. Dellagnezze,

Pela colaboração nos meus experimentos e pela amizade ao longo desses anos.

Page 20: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

xx

À minha querida companheira de mangue e metagenômica Júlia R. Ottoni,

Pelos incontáveis favores, colaboração no meu trabalho, companheirismo no laboratório e amizade ao

longo dos quatro anos de trabalho.

À minha querida amiga Samantha,

Pela amizade construída nos quatro anos trabalhando juntas, os almoços, momentos de descontração e

desabafos.

À toda equipe DRM,

Pelos momentos de descontração, amizade e companheirismo nesses anos trabalhando juntos.

Aos meus queridos e amados pais Márcio e Rose,

Pelo amor infinito, apoio incondicional, por serem os meus verdadeiros mestres. Me ensinaram as

coisas mais simples, porém não menos importantes, que é o caráter, responsabilidade e força de

vontade para correr atrás dos meus objetivos.

Ao meu marido, amigo e companheiro Felipe,

Por estar sempre ao meu lado, por ter paciência e saber lidar com uma esposa doutoranda.

À minha querida vózinha Tereza,

Pelas orações.

À toda a minha família,

Pelo apoio e palavras de incentivo.

À minha família australiana, Lyn e Emily,

Que me receberam tão bem em sua casa durante a minha estadia na Austrália.

À FAPESP,

Pela concessão da bolsa de doutorado.

Ao CPQBA,

Pela infa-estrutura.

À Deus,

Pela fé que tenho nele.

A todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram para que esse trabalho fosse concluído.

Page 21: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

1

1. INTRODUÇÃO

A contaminação do solo e da água por petróleo e derivados é um problema de âmbito mundial.

Nesse sentido, micro-organismos capazes de degradar hidrocarbonetos e, portanto, adaptados ao

crescimento em ambientes contendo óleo, têm um importante papel no tratamento biológico desse

tipo de poluição. Muitos desses micro-organismos produzem, através de suas vias metabólicas,

biossurfactantes de natureza química diversificada e dos mais variados tamanhos moleculares. Algumas

bactérias se destacam como eficientes produtoras de biossurfactantes, dentre elas estão Bacillus spp.

(Cooper & Goldenberg, 1987), Halomonas spp. (Martínez-Checa et al. 2001), Volcaniella eurihalina

(Calvo et al. 2002), Pseudomonas spp., Corynebacterium spp. e Acinetobacter spp. (Rahman et al.

2002). Portanto, os biossurfactantes de origem microbiana constituem hoje um tópico atual e

importante nas pesquisas de biodegradação de petróleo, e oferecem enorme potencial de aplicação

tecnológica em processos de biorremediação de áreas impactadas e de MEOR (Microbial Enhancement

Oil Recovery), que visa aumentar a recuperação de óleos degradados a partir de reservatórios de

petróleo.

Embora as pesquisas sobre comunidades microbianas e suas funções nos manguezais ainda

sejam escassos, dados recentes levantados da literatura vêm demonstrando a grande diversidade

microbiana presente neste ecossistema, sendo a grande maioria ainda não cultivada (Dias et al. 2009;

Andreote et al. 2009; Taketani et al. 2010), e o potencial do seu arsenal enzimático para exploração na

busca de novos biocatalisadores e metabólitos bioativos a serem empregados em processos industriais e

biotecnológicos econômica e ambientalmente mais sustentáveis (Lin et al. 2007).

Nos últimos anos, várias iniciativas têm sido reportadas em âmbito mundial na tentativa de se

conhecer e explorar metagenomas de ambientes diversos, incluindo ambientes extremos, como

bacterioplâncton da Antártica, drenagem de minas ácidas, lagos salinos e hipersalinos, geizers do Parque

Yellowstone, dentre outros. No Brasil, a bioprospecção genômica microbiana é uma estratégia

inovadora na área de biotecnologia que poderá gerar grande impacto econômico para o setor industrial,

como a indústria farmacêutica, de detergentes, química fina, e até mesmo de biocombustíveis.

Neste contexto, o presente trabalho empregou uma abordagem polifásica, baseada na

investigação de bactérias cultivadas e de clones derivados de bibliotecas metagenômicas, para

Page 22: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

2

exploração do vasto potencial biocatalítico de micro-organismos de áreas de manguezais. Este

ecossistema apresenta, em geral, condições de alta salinidade, anóxia, escassez de nutrientes, oscilações

de pH, entre outras condições adversas, e pressupõe a presença de uma microbiota adaptada a crescer

e proliferar sob estas condições, oferecendo assim arsenais enzimáticos únicos e versáteis com grande

potencial em processos e tecnologias sustentáveis, uma tendência global atualmente.

Page 23: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

3

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Importância ecológica do manguezal

O manguezal é um sistema ecológico particular que ocorre em zonas litorâneas tropicais. É

localizado em terrenos baixos, planos e em regiões estuarinas, às margens de lagunas ou ao longo de

rios e de canais naturais, em áreas encharcadas, salobras e calmas, com influência das marés; porém,

não atingido pela ação direta das ondas. Nesses locais, a força das marés é branda e a velocidade das

correntes é baixa, favorecendo a intensa deposição de sedimentos finos e de matéria orgânica. A

palavra manguezal vem de mangue, que é a principal vegetação que constitui esse ecossistema. No

Brasil, a vegetação dos manguezais é representada pelos gêneros Rhizophora, Laguncularia e Avicennia.

O gênero Rhizophora compreende o mangue vermelho, R. mangle (Família Rhizophoraceae). O mangue

branco é representado pela Laguncularia racemosa (Família Combretaceae) e o mangue negro é

representado pelas espécies Avicennia germinans e Avicennia shaueriana (Família Verbenaceae)

(Gamero, 2001; Cury, 2002).

O ecossistema de manguezais é amplamente distribuído entre as zonas tropicais e subtropicais,

cobrindo aproximadamente 60 a 75% da linha costeira mundial (Figura 1). Brasil, Indonésia e Austrália

são os países com maior abundância de manguezais. Todos os países latino-americanos, tanto na costa

do oceano Atlântico como no Pacífico, possuem mangues que cobrem uma área total de 40.000 km2

(Holguin & Bashan, 2007).

Page 24: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

4

Figura 1. Distribuição mundial do ecossistema de manguezal. (Fonte: http://www.thefishsite.com/articles/612/current-status-

of-south-east-asian-mangrove-ecosystems)

O Brasil é um dos países com maior área de manguezal do mundo, com aproximadamente

20.000 km2, e esse ecossistema é encontrado ao longo de todo o litoral brasileiro, desde o extremo

norte, no Amapá, até o sul de Santa Catarina, na foz do rio Araraguá (Cury, 2002; Holguin & Bashan,

2007). A região da Baixada Santista, no Estado de São Paulo, que compreende os municípios de Bertioga,

Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e São Vicente, possui uma das

maiores concentrações de manguezal do estado, correspondendo à área de 125 km2.

Por ser um elo entre os ambientes marinho, terrestre e de água doce, caracteriza-se por um

grande acúmulo de sedimentos e detritos trazidos pelos rios e pelo mar, originando assim um substrato

pouco compactado, alagadiço, rico em matéria orgânica, pouco oxigenado e com salinidade variando de

5 a 30% (Rossi & Mattos, 2002).

Embora o manguezal seja rico em matéria orgânica e altamente produtivo, é um ambiente

pobre em alguns nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênio (Alongi 1988; Vázquez et al. 2000;

Holguin & Basham, 2007). Este paradoxo pode ser explicado em função da ciclagem de nutrientes

altamente eficiente que se mantém dentro desse ecossistema, através da qual nutrientes essenciais são

mantidos e novos nutrientes são gerados a partir da decomposição das folhas mortas do mangue.

Evidências sugerem que há uma estreita relação entre micro-organismos-plantas-nutrientes que

funciona como um mecanismo para conservar os nutrientes escassos. Uma alta taxa de suprimento

Page 25: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

5

desses nutrientes está relacionada à atividade bacteriana, que em manguezais tropicais e subtropicais

transforma a vegetação morta em fontes de nitrogênio, fósforo e outros nutrientes que podem ser

usados pelas plantas (Bashan & Holguin, 2002). Nesse contexto, as bactérias estão envolvidas em

processos de transformação (como amonificação, nitrificação e denitrificação), assim como são

responsáveis pela maior parte do fluxo de carbono em sedimentos de manguezais tropicais (Holguin et

al. 2001). Nestes, 91% da biomassa microbiana é composta por bactérias e fungos, enquanto algas e

protozoários representam somente 7% e 2%, respectivamente (Alongi, 1988).

Do ponto de vista ecológico, os manguezais apresentam condições propícias para alimentação,

proteção e reprodução de muitas espécies de animais aquáticos, que necessitam dessas áreas para se

reproduzirem durante o seu ciclo biológico e desenvolverem diferentes fases larvais das suas respectivas

proles (Correia, 2005). Por essas características, os manguezais são considerados áreas de preservação

permanente e verdadeiros santuários ecológicos, abrigando a maior biodiversidade em termos de

reprodução de espécies. Mesmo sendo uma Área de Preservação Permanente (Lei 4771 de 15 de

setembro de 1965 do código florestal), os manguezais têm sofrido diversas ações antrópicas, com a

finalidade de exploração econômica, agrícola, de pesca predatória e depósito de lixo, dentre outras. Foi

observado que nos últimos 20 anos, aproximadamente 50% dos manguezais existentes no mundo vêm

sendo destruídos por diversos fatores, como exploração de madeira, cultivo de crustáceos e o

desenvolvimento urbano. Holguin et al. (2007) sugerem que pela taxa anual de destruição os

manguezais desaparecerão em aproximadamente 50 anos. Segundo Oliveira & Ribeiro Netto (1989), no

litoral sudeste, os manguezais ainda existentes são frequentemente atingidos por vazamentos de

petróleo, dejetos, metais pesados, esgotos, depósito de lixo urbano-industrial e desmatamento para a

implantação de indústrias e domicílios. Ainda, os manguezais do estado de São Paulo vêm sofrendo

grande depreciação, sendo alvo de constante pressão sócio-econômica, dentre elas a construção de

aterros para edificação de marinas, condomínios náuticos e loteamentos, e o depósito de dejetos,

esgotos e produtos químicos diversos.

Embora as pesquisas sobre comunidades microbianas e suas funções nos manguezais ainda

sejam escassos, dados recentes levantados da literatura vêm demonstrando a grande diversidade

microbiana presente neste ecossistema, e o potencial do seu arsenal enzimático para exploração na

busca de novos biocatalisadores e metabólitos bioativos a serem empregados em processos industriais e

biotecnológicos economica e ambientalmente mais sustentáveis (Dias et al. 2009; Andreote et al. 2009;

Taketani et al. 2010; Andreote et al. 2012)

Page 26: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

6

2.2. Os biossurfactantes

Compostos bioativos são metabólitos sintetizados pelas células que apresentam inúmeras

atividades tanto na célula produtora como em organismos alvos. Atualmente, existe um grande

interesse por conhecer novos metabólitos que consigam atender a necessidades básicas, como vencer a

resistência de patógenos aos antibióticos clínicos, superar a resistência de células cancerígenas aos

diversos tratamentos quimioterápicos, assim como desenvolver novos medicamentos capazes de

bloquear a produção de colesterol, osteoporose e doenças respiratórias. Na indústria de papel, de

etanol de segunda geração, na produção de plásticos biodegradáveis, detergentes e emulsificantes, a

obtenção de enzimas com atividades diferenciadas também é uma prioridade (Xu, 2006).

Até hoje, a grande maioria de moléculas utilizadas pelo homem foi descoberta a partir de micro-

organismos do solo e, eventualmente, de plantas e organismos associados (endofíticos) (Anderson &

Wellington, 2001). O conhecimento sobre certos tipos de habitat, como manguezais, é quase nulo.

Estudos iniciais mostram uma população de micro-organismos muito bem adaptada a suas condições

peculiares, mas desconhecida quanto ao seu potencial de produção de compostos bioativos (Andreote

et al. 2012).

Entre os vários metabólitos bioativos produzidos por bactérias, os biossurfactantes e os

bioemulsificantes são de grande importância devido à diversidade estrutural e funcional e aplicações

industriais (Banat et al. 2000; Rodrigues et al. 2006).

Os surfactantes, tanto de origem biológica quanto de origem química, são compostos anfifílicos

que se acumulam na interface, tendo como característica principal a diminuição da tensão superficial e

interfacial. Os emulsificantes pertencem a uma sub-classe dos surfactantes que têm como característica

a emulsificação, ou seja, o processo que agrega estruturas em forma de micelas. Devido a essas

propriedades, os surfactantes estabilizam dispersões de um líquido em outro, como por exemplo,

emulsões óleo-água (Ron & Rosenberg, 2001; van Hamme et al. 2006).

Os micro-organismos são responsáveis pela produção de grande variedade de biossurfactantes,

como glicolipídios, lipopeptídios e lipoproteínas, ácidos graxos, lipídios neutros, fosfolipídios e

biossurfactantes poliméricos. Devido à grande variedade de biosurfactentes produzidos por micro-

organismos, estes compostos foram classificados de acordo com sua composição química, peso

molecular, propriedades fisico-químicas e modo de ação. De maneira mais ampla, os biossurfactantes

são divididos em duas classes: os de baixo peso molecular e os de alto peso molecular (Rosenberg &

Ron, 1999; Pacwa-Plociniczak et al. 2011), descritos abaixo.

Page 27: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

7

Biossurfactantes de baixo peso molecular

Os biossurfactantes de baixo peso molecular são geralmente os glicolipídios, fosfolipídios e os

lipopeptídios. A característica principal dessa classe de surfactantes é que eles são extremamente

eficientes na redução da tensão superficial, entretanto não são bons emulsificantes.

Dentre os glicolipídios, o ramnolipídio é amplamente estudado. Ele é comumente produzido por

Pseudomonas aeruginosa e composto por uma ou duas unidades de ramnose ligadas por uma ou duas

caudas de ácido hidroxidodecanóico, sendo que o tamanho dessa cauda pode variar de 8 a 16 carbonos.

A bactéria Burkholderia plantarii também é conhecida por produzir um ramnolipídio incomum,

contendo três caudas de ácido hidroxidodecanóico (Hörmann et al. 2010). Os ramnolipídios são

eficientes na na redução da tensão superficial, e confere vantagem ao micro-organismo uma vez que

possuem uma ampla atividade antimicrobiana (van Delden et al. 1998).

Outro grupo bastante estudado dentro da classe dos biossurfactantes de baixo peso molecular

são os lipopeptídios, tendo como principal representante a surfactina, embora a itaurina e a liquesina

também façam parte dessa classe. Esses compostos são produzidos por espécies de Bacillus como

metabólito secundário através da via não-ribossomal (NRPS). A biossíntese desses compostos envolve

um complexo multienzimático conhecido por peptídio sintase. A surfactina é o biossurfactante mais

estudado dessa classe. É um lipopeptídio cíclico com uma cadeia fechada e uma cauda de ácido graxo

produzido por Bacillus subtilis e tem sido reportado como o biossurfactante mais eficiente descrito até

hoje (Nakano et al. 1992).

Biossurfactantes de alto peso molecular

Os surfactantes de alto peso molecular são produzidos por grande número de espécies

bacterianas e são compostos de polissacarídios, proteínas, lipopolissacarídios, lipoproteínas ou uma

mistura complexa desses biopolímeros. Essa classe de biossurfactantes não é tão efetiva na redução da

tensão supercial, mas são muito eficientes na estabilização de emulsões. Esses bioemulsificantes

apresentam uma considerável especificidade por determinados substratos. Por exemplo, alguns

emulsificam eficientemente hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, entretanto não emulsificam

compostos alifáticos puros, em outros casos, pode acontecer a emulsificação apenas de

hidrocarbonetos de alto peso molecular (Ron & Rosenberg, 1999).

Nesse grupo, os bioemulsans produzidos por diferentes espécies de Acinetobacter são os mais

estudados. Dentre eles, está o emulsan que é produzido por A. calcoaceticus RAG-1, que é um complexo

Page 28: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

8

aniônico de heteropolissacarídio e proteínas. O emulsan é um emulsificante eficaz em baixas

concentrações e possui uma especificidade por substrato – ele não emulsifica hidrocarbonetos alifáticos,

aromáticos ou cíclicos puros, entretanto, ele emulsifica eficientemente hidrocarbonetos com a mistura

de todos os compostos citados anteriormente (Ron & Rosenberg, 2001).

O alasan e o dispersan são bioemulsificantes produzidos por A. radioresistens e A. calcoaceticus

A2 (Navon-Venezia et al. 1995), respectivamente. Ambos são complexos de polissacarídios aniônicos

com massa molecular maior que 50 kDa (Ron & Rosenberg, 2001).

Genes envolvidos na síntese dos biossurfactantes

Embora as técnicas de biologia molecular tenham sido aprimoradas, ainda existem poucos

estudos disponíveis na literatura elucidando as vias metabólicas responsáveis pela síntese de

biossurfactante. O que se sabe é que existe uma enorme variedade funcional e estrutural envolvida

neste processo. Na literatura existem estudos em nível molecular somente de dois biosurfactantes, os

ramnolipídios e as surfactinas (Hsieh et al. 2004; Reis et al. 2011). Ambos são controlados por quorum

sensing, ou seja, um sistema de comunicação bacteriana caracterizado pela secreção de moléculas

sinalizadoras – autoindutores – dentro de uma população bacteriana as quais são responsáveis por

comportamentos coordenados. O quorum sensing é um sistema regulatório encontrado na maioria das

espécies bacterianas que controla diversos fatores e funções biológicas, como virulência, formação de

biofilmes, bioluminescência e conjugação bacteriana (Williams & Camara, 2009).

A síntese de ramnolipídio em Pseudomonas aeruginosa é codificada pelo operon rhIAB (rhlA,

rhlB, rhlR, rhlI) e alguns genes adicionais também são requeridos. Um desses genes é o rhlG (Campos-

Garcia et al. 1998) que é homólogo ao gene fabG que codifica uma proteína transportadora redutase,

necessária na síntese de ácidos graxos. Em P. aeruginosa são produzidos dois principais tipos de

ramnolipídios: o monoramnolipídio, ramnosil-β-hidróxidecanoil-β-hidróxidecanoato (Rha-C10-C10) e o

diramnolipídio, ramnosil-ramnosil-β-hidróxidecanoil-β-hidróxidecanoato (Rha-Rha-C10-C10) (Deziel et al.

2003). A biossíntese do ramnolipídio ocorre através de reações sequenciais catalisadas pela enzima

ramnosiltransferase. Os monoramnolipídios são sintetizados pela ação da ramnosiltransferase-1, a partir

da timidina-difosfo-ramnose agindo como o dador e 3-hidroxi-decanoil-3-hidroxidecanoato agindo como

o receptor. Os diramnolipídios são sintetizados pela ramnosiltransferase-2 a partir de timidina-difosfato-

ramnose e mono-ramnolipídios. A produção desse biossurfactante ocorre durante a fase estácionaria de

crescimento e está relacionada à limitação de nitrogênio para a célula. Estudos revelam que a regulação

dos genes responsáveis pela biossíntese é feita pelo sistema de quorum sensing (Ochsner & Reiser,

Page 29: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

9

1995). Existem dois sistemas convencionais de quorum sensing bem elucidados em P. aeruginosa, o las e

o rhl. A sintases LasI e RhlI produzem homoserina lactona do tipo 3OC12-HSL e C4-HSL, respectivamente,

que juntamente com seus reguladores transcripcionais, LasR e RHlR, regulam a transcrição de 5-10% de

todo o genoma da P. aeruginosa (Dekimpe & Deziel, 2009). Um terceiro sistema de quorum sensing é

formado pelo fator transcripcional PqsR, também chamado de MvfR (Cao et al, 2001), que é responsável

por ativar o cluster de genes phnAB e pqsABCDE, ambos requeridos na produção de 4-hidroxi-2-

alquilquinolonas (HAQs) e Pseudomonas quinolona sinal (PQS), esses genes influenciam a produção de

alastase, piocianina, lectina e ramnolipídio (Diziel et al. 2005). A produção de ramnolipídio por P.

aeruginosa tem se mostrado diretamente relacionada com o sistema de quorum sensing regulado pelo

fator transcripcional RhlR. O RhlR age como um ativador do sistema rhlAB quando forma um complexo

com C4-HSL e como repressor na ausência de um autoindutor. O gene rhlR é conhecido por ter quatro

diferentes formas de transcrição (Medina et al, 2003a, Medina et al, 2003b). Em condições favoráveis,

ou seja, em meio rico, a expressão do RhlR é dependente do LasR; entretanto, em condições de

limitação de fosfato, a expressão do RhlR é regulada por múltiplos promotores através de diferentes

ativadores transcripcionais, incluindo VfR, RhlR e o fator sigma σ54 (Jensen et al. 2006). Além disso, nos

últimos anos têm sido relatados outros sistemas de quorum sensing que influenciam direta ou

indiretamente a produção de biossurfactantes (Reis et al. 2011).

Em Bacillus subtilis a síntese de surfactina é regulada pelo operon SrfA, este com

aproximadamente 25 kb. A biossíntese da surfactina também está diretamente relacionada ao quorum

sensing. O operon SrfA é composto pelos genes srfAA, srfAB, srfAC e srfAD. O gene srfAA exerce uma

função importante na biossíntese da surfactina, essa região do operon serve como template para

enzima, enquanto o gene sfp localizado na região downstream do operon srfA codifica a enzima 4’-

fosfopantoteinil transferase. Essa região contem o promotor srfA e duas ORFs, srfAA e srfAB, que

codificam as enzimas surfactina sintase I e II (Tsuge et al. 2001; Hsieh et al. 2004). A srfAA codifica três

aminoácidos com sítio ativo para Glu, Val e Leu, enquanto o srfAB sintetiza peptídios contendo domínios

ativos em Val, Asp e D-Leu. O gene srfC contem região ativa para Leu e codifica a enzima tioesterase do

tipo I que é responsável pela modificação terminal do peptídio. O terceiro locus dentro do operon srfA

corresponde ao gene srfAB que é requerido para a síntese da surfactina. O gene srfB também é

necessário para a expressão do srfA-lacZ e ele regula positivamente o operon srfA (Nakano & Zuber

1989; D’Souza et al. 1993). A biossíntese da surfactina é dependente dos níveis de transcrição do ComA

(SrfAB), que em seguida é estimulada por SrfD e inicia do processo de síntese da surfactina. Entretanto,

o mecanismo de liberação da surfactina no meio ainda é desconhecido. Existe uma suposição que pode

Page 30: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

10

ocorrer uma difusão passiva da surfactina através da membrana da célula. Uma vez que a densidade

celular atinge um nível alto, a proteína ComX que está acumulada no meio interage com as ligações de

histidina quinase (ComP) e ComA age como regulador de resposta. Além disso, após a fosforilação de

ComP, este fornece uma molécula de fosfato para a proteína ComA que então se liga ao promotor de

srfA e a transcrição é iniciada (Nakano & Zuber 1989; Steller et al. 2004). O fator estimulante de

competência (CSF) também é um peptídio sinal que influencia a expressão de srf. O CSF é transportado

através da membrana e interage com pelo menos dois diferentes receptores intracelulares, dependendo

de sua concentração. Além de todas as proteínas, ComR e SinR também estão envolvidas na expressão

de sfrA (Cosmina et al. 1993; D’Souza et al. 1993).

Os biossurfactantes poliméricos de alto peso molecular são mais complexos do que os de baixo

peso molecular. A síntese desses heteropolissacarídeos requer um grande número de genes e sua

organização genética torna-se mais complexa do que os outros tipos. O bioemulsificante desta categoria

mais bem estudado é um tipo produzido por Acinetobacter calcoaceticus BD4. Os genes responsáveis

pela produção deste estão organizados em um conjunto de genes com tamanho em torno de 60 kb e a

biossíntese do EPS é mediada por proteínas do tipo Ptk (proteína tirosina quinase) (Ron & Rosenberg,

2001).

2.3. Aplicação industrial dos biossurfactantes

Os surfactantes pertencem a uma classe de produtos químicos muito versátil, resultando em

diversas aplicações industriais (Singh et al. 2007; Makkar et al. 2011). Van Bogaert e colaboradores

estimaram que em 2007 a produção mundial de biossurfactante foi em torno de 10 milhões de

toneladas (van Bogaert et al, 2007). No ano de 2000, a produção mundial de surfactantes totalizou entre

17 a 19 milhões de toneladas, com um crescimento previsto entre 3 a 4% por ano. Isso ocorre devido à

crescente demanda em detergentes, setor que utiliza mais de 50% da produção de surfactantes. Entre

os principais setores que utilizam surfactantes estão incluídos os detergentes para uso doméstico,

produtos para uso pessoal (cosméticos, sabonetes, creme dentais), indústrias têxtil e petrolífera.

Os lipopeptídios cíclicos produzidos por espécies de Bacillus são muito utilizados como

antibióticos. Entre eles, o mais importante é a surfactina por sua diversidade e aplicação na indústria de

petróleo. A surfactina produzida por B. subtilis (98% pureza) é vendida pela empresa Sigma-Aldrich a um

valor de aproximadamente 295 dólares um frasco com 10 mg. Os ramnolipídios produzidos por P.

aeruginosa são comercializados pela empresa Jeneil Biotech Inc., EUA, e são utilizados principalmente

Page 31: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

11

na agricultura como fungicida e como aditivos para melhorar a atividade de biorremediação. Algumas

linhagens bacterianas já estão sendo utilizadas nas indústrias para a produção de biossurfactante, com a

principal finalidade de uso na biorremediação de áreas contaminadas por óleo. Dentre as linhagens

utilizadas estão: P. aeruginosa S2 para a produção de ramnolipídio utilizado em biorremediação (Chen

et al. 2007), B. subtilis ZW-3 para a produção de surfactina com aplicações na indústria farmacêutica,

cosmética, alimentícia, proteção ambiental e recuperação de petróleo (Wang et al. 2008), Micrococcus

luteus BN56 que produz trealose tetraester para ser utilizado em biorremediação (Tuleva et al. 2009),

dentre outras. O aprimoramento nos procedimentos de produção e a tecnologia tem ajudado no

processo de obtenção do biossurfactante (Makkar et al. 2011).

A maioria de todo o surfactante atualmente em uso é produzida quimicamente, sendo derivado

do petróleo. Entretanto, na última década, a produção de surfactantes por micro-organismos tem sido

objeto de muitos estudos. Os surfactantes microbianos apresentam algumas vantagens de obtenção

quando comparados aos surfactantes sintéticos. Dentre elas, podemos citar: grande versatilidade dos

micro-organismos para sintetizar polissacarídeos neutros ou com cargas, com uma grande variedade de

composição e propriedades funcionais, fonte de produção renovável e inesgotável, produção

independente de condições climáticas, possibilidade de utilização de resíduos industriais como matérias-

primas, maior rapidez na obtenção do produto acabado e produção em espaço relativamente pequeno.

Além disso, apresentam maior uniformidade em suas propriedades físico-químicas, devido à

especificidade do micro-organismo utilizado e à possibilidade de um rígido controle dos parâmetros de

cultivo, como pH, temperatura, taxa de aeração, velocidade de agitação, tempo de crescimento do

micro-organismo e composição do meio de cultura. Outro aspecto positivo é a possibilidade de

manipular geneticamente os micro-organismos, produzindo polissacarídeos em maior quantidade e de

melhores propriedades funcionais (Mukherjee et al. 2006; Cameotra & Makkar, 2010).

2.3.1. Aplicação do biossurfactante em indústria de petróleo

Microbial Enhanced Oil Recovery (MEOR)

As tecnologias atuais de recuperação de petróleo recuperam no máximo 40-45% do óleo

presente no reservatório. Em geral, os métodos tradicionais de recuperação envolvem duas etapas: a

recuperação primária, que é o resultado da pressão natural da terra sobre a formação petrolífera, e a

recuperação secundária, que envolve a estimulação de poços de petróleo pela injeção de fluidos, o que

contribui para melhorar o fluxo de petróleo e gás à cabeça do poço (Sen, 2008). No entanto, mesmo

Page 32: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

12

com a aplicação da recuperação secundária estima-se que dois terços do óleo residual permaneçam

retidos no reservatório. No intuito de minimizar as perdas econômicas, outras medidas vêm sendo

adotadas para este fim, como a recuperação terciária, a qual inclui o uso de métodos químicos, tais

como injeção de polímeros, surfactantes e fluidos alcalinos, e até mesmo recursos térmicos, como

injeção de vapor ou combustão in situ (Brown, 2010). Quando é feita a injeção de água como fluido, o

processo é chamado water-flooding. A injeção de gás natural, a qual é uma opção dispendiosa, é

chamada de pressure maintenance. Outras técnicas físicas e mecânicas também são utlizadas nese

processo, como a utilização de bombas. Enquanto o processo primário recupera 5-10% de pretróleo, a

eficiência da recuperação secundária é em torno de 10-40%. Com a intenção de melhorar ainda mais a

recuperação do petróleo, algumas tecnologias vêm sendo desenvolvidas e aprimoradas, como a

recuperação avançada utilizando micro-organismos - Microbial Enhanced Oil Recovery (MEOR).

Os pioneiros a estudarem e proporem essa tecnologia foi um grupo de pesquisa americano

conduzido por Claude ZoBell na década de 30. Nas décadas de 60 e 70, muitos países do leste europeu,

como Hungria e Polônia, realizaram ensaios de campo utilizando MEOR, e esses ensaios foram baseados

na injeção de consórcios de bactérias facultativas e anaeróbias, selecionadas com base em sua

capacidade de gerar grandes quantidades de gases, ácidos, solventes, polímeros, surfactantes e

biomassa. Em meados da década de 80, iniciaram muitos estudos de aplicação de MEOR, sendo que

uma infinidade de indústrias petrolíferas começou a utilizar consórcios bacterianos para injeção nos

poços de petróleo. A tecnologia se mostrou muito promissora, mas também se mostrou ineficaz em

alguns casos (Brown, 2010; Volk & Liu, 2010).

Existem três estratégias diferentes para a utilização de MEOR: i) produção do biossurfactante

em reatores e posterior aplicação no reservatório; ii) injeção de micro-organismos exógenos para a

produção de biossurfactante in situ e iii) injeção de nutrientes no reservatório para estimular a

microbiota a produzir biossurfactantes (Singh et al. 2007). O maior obstáculo para implementação da

tecnologia de MEOR no caso da injeção de micro-organismos nos reservatórios tem sido a dificuldade de

isolamento e/ou manipulação genética de micro-organismos que sobrevivam em ambientes extremos,

bem como alta pressão, temperaturas acima de 85°C, pH extremo e alta salinidade (Sen, 2008; Brown,

2010). Pesquisas em engenharia genética já estão sendo realizadas a fim de desenvolver micro-

organismos que sobrevivam e sejam metabolicamente ativos em ambientes extremos, essa tecnologia é

conhecida por Genetically engineered MEOR (GEMEOR) (Sen, 2008). Algumas espécies de Bacilus tem

sido utilizadas para aplicação em reservatório de petróleo, essas linhagens aplicadas isoladamente

Page 33: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

13

podem reduzir a viscosidade do petróleo (Bryant, 1990). Entretanto, o processo pode ser mais eficiente

se for realizada a aplicação de um consórcio bacteriano. Esses consórcios podem contribuir para a

recuperação de duas formas: i) crescendo nas rochas do reservatório e produzindo gases,

biossurfactantes, biopolímeros e outros compostos não tóxicos, auxiliando assim a recuperação; e ii)

crescendo nos canais das rochas e aumentando a permeabilidade, favorecendo o processo de

recuperação (Brown, 2010; McInerney et al. 2005). O sucesso do MEOR in situ depende do

desenvolvimento do consórcio microbiano, ou seja, se consegue sobreviver e produzir metabólitos

ativos em ambientes extremos como os reservatórios. Então, as atividades em pesquisa tem focado em

bactérias anaeróbias extremófilas, incluindo halofílicas, barofílicas e termofílicas (Tango & Islam 2002;

Almeida et al. 2004).

Outra forma de MEOR é a injeção de nutrientes no reservatório para estimular a microbiota

endógena à produção de metabótitos de interesse. Alguns reservatórios requerem nutrientes

inorgânicos para o crescimento celular ou como aceptores de elétrons no lugar do oxigênio (Sundae &

Torsvik, 2004). Já foi patenteada a técnica de injeção de água contendo fontes de vitaminas, fosfatos,

nitratos para auxiliar o crescimento das bactérias anaeróbias sendo a principal fonte de carbono o

próprio óleo de reservatório (Sunde, 1992).

O método mais promissor para o MEOR é a utilização do biossurfactante produzido ex situ e

então aplicado no reservatório. Quando a solução entra em contato com as pequenas bolhas de óleo

aprisionadas nos poros das rochas, a tensão interfacial é drasticamente reduzida aumentando a

remoção do óleo por capilaridade. A formação da emulsão óleo em água geralmente aumenta a

eficiência na mobilidade do óleo nas rochas. Os biossurfactantes que apresentam os melhores

resultados na aplicação são os ramnolipídios, soforolipídios, glicolipídios e os lipopeptídios. Em uma

extensa revisão feita por Sen (2008) mostrou que muitos estudos, em escala laboratorial, tem sido

realizados com glicopeptídos produzidos por espécies de Pseudomonas, bem como a surfactina e

liquenisina, os lipopolissacarídios, representados pelo emulsan, tem apresentado resultados

satisfatórios. Mas a surfactina tem apresentado os melhores resultados, ela tem sido produzida em

fermentadores com rigorosos padrões de crescimentos e aplicada com muito sucesso em MEOR (Sen

2008). O bioprocesso desenvolvido para a produção de surfactina é dividido em três etapas: i)

otimização dos fatores nutricionais para o crescimento do micro-organismo; ii) otimização de

parâmetros físicos, incluindo pH, tempetatura e aeração e iii) otimização da concentração de inóculo.

Geralmente os biossurfactantes produzidos ex situ são injetados juntamente com água para facilitar a

Page 34: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

14

emulsificação do óleo (Sen 1997, Sen & Swaminathan 1997; Sen & Swaminathan 2004; Sen &

Swaminathan 2005).

Biorremediação

A contaminação causada por atividades industriais, sendo ela acidental ou por liberação de

resíduos tóxicos orgânicos e/ou inorgânicos tem sido um problema de âmbito mundial. Tais

contaminantes causam dificuldades na remediação, uma vez que se ligam às partículas do solo. A

aplicação de biossurfactantes na remediação de compostos ôrganicos, como hidrocarbonetos, tem

como objetivo a aceleração de processos biodegradativos naturais em ambientes contaminados,

melhorando a disponibilidade de materiais (nutrientes e oxigênio), das condições (pH e teor de

umidade), e dos micro-organismos já existentes no ambiente. A aplicação de biossurfactante na

remediação de compostos inorgânicos, como metais pesados, visa quelar e remover ions durante o

processo de lavagem facilitando as intereções de moléculas anfifílicas e os íons de metais.

A biorremediação de petróleo e derivados é realizada por micro-organismos capazes de utilizar

hidrocarbonetos como fonte de energia e de carbono. Esses micro-organismos são ubíquos na natureza

e são capazes de degradar diversos hidrocarbonetos – de cadeia curta ou longa, assim como numerosos

compostos aromáticos, incluindo hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PHAs). Todos esses

compostos possuem uma baixa solubilidade em água e podem estar solubilizados na fase aquosa,

adsorvidos às partículas do solo, adsorvidos na superfície das células ou na fase insolúvel. O

biossurfactante adicionado ao meio pode interagir tanto com as partículas abióticas como com as

células bacterianas. Isso, aliado ao fato de que o primeiro passo na degradação de hidrocarbonetos

implica na atividade de uma oxigenase ligada à membrana, é essencial para que as bactérias entrem em

contato direto com o substrato. A emulsificação é uma estratégia biológica que pode aumentar o

contato entre os micro-organismos e os hidrocarbonetos insolúveis em água. Portanto, bactérias que

crescem em ambientes com petróleo geralmente produzem potentes emulsificantes (Rosenberg, 1993).

2.4. Metagenômica aplicada à Microbiologia

Durante muito tempo a única forma de se estudar os micro-organismos era através do

isolamento de culturas puras, sendo este o primeiro passo para o estudo do metabolismo bacteriano. O

cultivo de bactérias serviu de base para o conhecimento da fisiologia e genética microbiana até meados

da década de 80 (Handelsman, 2004). No entanto, estudos de diversidade microbiana, utilizando

Page 35: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

15

técnicas de microscopia e contagem de células, mostraram que métodos tradicionais de isolamento e

cultivo são capazes de recuperar apenas uma pequena fração (1 a 10%) dos micro-organismos presentes

no ambiente (Amman et al. 1995). Isto é decorrente das limitações de técnicas de cultivo, uma vez que é

muito difícil reproduzir em laboratório as condições encontradas no meio ambiente.

Nas últimas décadas, muitas metodologias foram desenvolvidas na área de biologia molecular

(extração de ácidos nucleicos, amplificação por PCR, clonagem e sequenciamento de DNA), superando

limitações impostas pela abordagem clássica de estudo de populações microbianas, evitando o

isolamento e cultivo dos micro-organismos. A utilização destas metodologias vem permitindo uma

mudança drástica na perspectiva da diversidade microbiana no ambiente, com a descoberta de novos

grupos de organismos nunca antes cultivados (Hugenholtz et al., 1998; Rappé & Giovannoni, 2003).

Entretanto, estas metodologias não nos permitem ter acesso ao potencial metabólico destes novos

organismos, uma vez que as etapas de isolamento e cultivo são suprimidas nos estudos.

Porém, o uso dessas metodologias associado à estratégia de construção de bibliotecas

metagenômicas permite o acesso ao potencial metabólico de novos organismos, sendo uma alternativa

viável para a descoberta de novas enzimas e vias metabólicas (Handelsman, 2004).

As bibliotecas metagenômicas permitem ainda combinar o escrutínio de genes funcionais com a

análise de sequências de rRNA 16S, representando um mecanismo valioso no estabelecimento de

relações entre filogenia e função, podendo também ajudar a elucidar o papel ecológico dos

componentes da microbiota no ambiente.

A estratégia de bibliotecas metagenômicas consiste na clonagem de fragmentos grandes de DNA

(40 a 200 kb), que podem corresponder a um operon ou mesmo a uma via metabólica inteira, em

vetores do tipo BAC (Bacterial Artificial Chromosome), cosmídios ou fosmídios, e transformação da

bactéria hospedeira, geralmente Escherichia coli, com subsequente análise das bibliotecas resultantes

em busca da expressão da atividade biológica de interesse (Rondon et al., 2000; Singh, 2009).

A triagem de bibliotecas metagenômicas pode ser baseada na sequência de DNA ou na análise

da expressão biológica. Esta última estratégia, conhecida por análise funcional, tem a vantagem de

permitir o acesso a genes ainda não conhecidos, oferecendo grande potencial para identificar novas

classes gênicas ou ainda funções não conhecidas. O método de triagem baseado em sequencia de DNA é

mais conservador, uma vez que os oligonucleotídeos (sequências curtas de DNA) necessários para

identificar os genes-alvo, utilizando PCR ou métodos de hibridização, são desenhados com base em

Page 36: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

16

regiões conservadas das sequências de aminoácidos de proteínas conhecidas, de maneira a garantir uma

alta probabilidade de pareamento com sequências gênicas desconhecidas presentes no ambiente.

A viabilização das bibliotecas metagenômicas como um método para seleção de novos

compostos de interesse só é possível, no entanto, quando uma abordagem integrada é usada,

combinando metodologias de triagem de alto desempenho (high-throughput) recém-desenvolvidas,

como ensaios enzimáticos miniaturizados (em microplacas) associados a leitores de placa e tecnologia

de hibridização em microarrays de DNA, com sequenciamento em larga escala e a bioinformática. Esta

última envolve o desenvolvimento e o emprego de bases de dados e programas de análise de

sequências de DNA e proteínas para acelerar a análise funcional e comparativa dos genes ou operons

clonados (Oliveira et al., 2006).

Neste contexto, bibliotecas metagenômicas surgem como uma ferramenta poderosa para

acessar de maneira mais abrangente a diversidade microbiana total em um dado ambiente, permitindo

a análise de genes funcionais de membros da microbiota, principalmente de micro-organismos não-

cultivados, e a descoberta de novos produtos naturais. Aliado a isto, a prospecção da diversidade

microbiana em ambientes inóspitos, extremos e/ou pouco explorados, como no caso de manguezais,

potencializa as chances de sucesso na busca por novas moléculas bioativas, contribuindo para o

desenvolvimento industrial e econômico mais sustentável (Lorenz & Eck, 2005).

2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Almeida PF, Moreira RS, Almeida RCC, et al. (2004) Selection and application of microorganisms to improve oil

recovery. Eng Life Sciences 4:319-325.

Alongi, DM. (1988) Bacterial productivity and microbial biomass in tropical mangrove sediments. Microb Ecol

15:59-79.

Amann RI, Ludwig W, Schleifer K. (1995) Phylogenetic identification and in situ detection of individual microbial

cells without cultivation. Microbiol Rev 59:143-169.

Anderson A.L, Wellington E. (2001) The taxonomy of Streptomyces and related genera. Int J Syst Evol Micr 51:794-

814.

Andreote FD, Azevedo JL, Araújo WL. (2009) Assessing the diversity of bacterial communities associated with

plants. Braz J Microbiol 40:417-432.

Andreote FD, Jiménez DJ, Chaves D, et al. (2012) The microbiome of Brazilian mandrove sediment as reveled by

metagenomics. PlosOne 7:1-14.

Banat IM, Makkar SR, Cameotra SS. (2000) Potential commercial application of microbial surfactants. A review

article. Appl Microbiol Biotechnol 53:495-508.

Bashan Y, Holguin G. (2002) Plant growth-promoting bacteria: a potential tool for arid mangrove reforestation.

Tree 16:159-166.

Bryant RS. (1990) Microbial enhancedoilrecoveryandcompositionstherefor. USPatentNo. 4.905.761.

Page 37: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

17

Brown LR. (2010) Microbial enhanced oil recovery (MEOR). Curr Opin Microbiol 13:316-320.

Calvo C, Martínez-Checa F, Toledo FL, et al. (2002) Characteristics of bioemulsifiers synthesised in crude oil media

by Halomonas eurihalina and their effectiveness in the isolation of bacteria able to grow in the presence of

hydrocarbons. Appl Microbiol Biotechnol 60:347-351.

Campos-Garcia J, Caro AD, Najera R, et al. (1998) The Pseudomonas aeruginosa rhlG gene encodes an NADPH-

dependent ketoacyl reductase which is specifically involved in rhamnolipid synthesis. J Bacteriol 180:4442-

4451.

Cameotra SS, Makkar RS. (2004) Recent applications of biosurfactants as biological and immunological molecules.

Curr Opin Microbiol 7:262–266.

Cao H, Krishnan G, Goumnerov B, et al. (2001) A quorum sensing-associated virulence gene of Pseudomonas

aeruginosa encodes a LysR-like transcription regulator with a unique self-regulatory mechanism. Proc Natl Acad

Sci USA 98:14613-14618.

Chen SY, Wei YH, Chang JS. (2007) Repeated pH-stat fed-batch fermentation for rhamnolipid production with

indigenous Pseudomonas aeruginosa S2. Appl Microb Biotech 76:67-74.

Cooper DG, Goldenberg BG. (1987) Surface-active agents from Bacillus species. Appl Environ Microbiol 53:224-229.

Correia MD (2005) Ecossistemas marinhos: recifes, praias e manguezais. In: Conversando sobre ciências em

Alagoas. Eds. Correia MD, Sovierzoski HH – Maceió: EDUFAL, pp. 23-28.

Cosmina P, Rodriguez F, De Ferra F et al. (1993) Sequence and analysis of the genetic locus responsible for

surfactin synthesis in Bacillus subtilis. Mol Microbiol 8:821-831.

Cury JDC. (2002) Atividade microbiana e diversidades metabólica e genética em solo de mangue contaminado com

petróleo (Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo).

Dekimpe V, Deziel E. (2009) Revisiting the quorum-sensing hierarchy in Pseudomonas aeruginosa: the

transcriptional regulator RhlR regulates LasR specific factors. Microbiol 155:712-723.

Deziel E, Gopalan S, Tampakaki AP et al. (2005) The contribution of MvfR to Pseudomonas aeruginosa

pathogenesis and quorum sensing circuitry regulation: multiple quorum sensing-regulated genes are

modulated without affecting lasRI, rhlRI or the production of N-acyl-L-homoserine lactones. Mol Microbiol

55:998-1014.

Deziel E, Lepine F, Milot S, et al. (2003) RhlA is required for the production of a novel biosurfactant promoting

swarming motility in Pseudomonas aeruginosa: 3-(3-hydroxyalkanoyloxy)alkanoic acids (HAAs), the precursors

of rhamnolipids. Microbiol 149:2005-2013.

D’Souza C, Nakano M, Corbel N, et al. (1993) Amino acid site mutations in amino—acid-activating domains of

surfactin synthetase; Effects on surfactin production and competence development in Bacillus subtilis. J

Bacteriol 173:3502-3510.

Dias ACF, Andreote, FD, Dini-Andreote F, et al. (2009) Diversity and biotechnological potential of culturable

bacteria from Brazilian mangrove sediment. World J Micro Biot 25: 1305-1311.

Fabret C, Quentin Y, Guiseppi A, et al. (1995) Analysis of errors in finished DNA sequences: the surfactin operon of

Bacillus subtilis as an example. Microbiol 141:345-350.

Gamero, RMP (2001) Mineralogia, fisico-química e classificação dos solos de mangue do Rio Iriri no Canal de

Bertioga (Santos, SP) (Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo).

Handelsman J. (2004) Metagenomics: Application of genomics to uncultured microorganisms. Microbiol Molec Biol

Rev 68:669-685.

Holguin G, Bashan Y. (2007) La importancia de los manglares y su microbiologia para el sostenimiento de lãs

pesquerias costeras. In: Microbiologia agrícola: hongos, bacterias, micro y macrofauna, control biologico,

plantamicroorganismo. Eds. Ferrera-Cerrato R, Alarcon AC – Cidade do Méximo: EDITORIAL TRILLAS, pp. 239-

253.

Page 38: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

18

Holguin G, Vazquez P, Bashan Y. (2001) The role of sediment microorganisms in the productivity, conservation, and

rehabilitation of mangrove ecosystems: an overview. Biol Fertil Soils 33: 265-278.

Hörmann B, Müller MM, Syldatk C, et al. (2010) Rhamnolipid production by Burkholderia plantarii DSM 9509T. Eur

J Lipid Sci Tech 112:674-680.

Hsieh FC, Li MC, Lin TC et al. (2004) Rapid detection and characterization of surfactin-producing Bacillus subtilis and

closely related species based on PCR. Curr Microbiol 49:186-191.

Hugenholtz P, Goebel BM, Pace NR. (1998) Impact of culture-independent studies on the emerging phylogenetic

view of bacterial diversity. J Bacteriol 180:4765-4774.

Jensen V, Lons D, Zaoui C, et al. (2006) RhlR expression in Pseudomonas aeruginosa is modulated by the

Pseudomonas quinolone signal via PhoB-dependent and -independent pathways. J Bacteriol 188:8601-8606.

Lin W, Li L, Fu H, Sattler, I, et al. (2005) New cyclopentenone derivatives from an endophytic Streptomyces sp.

isolated from the mangrove plant Aegiceras comiculatum. J Antibiotics 58(9):594-598.

Lorenz P, Eck J. (2005) Metagenomics and industrial applications. Nat Rev Microb 3:510-516.

Makkar RS, Cameotra SS, Banat IM. (2011) Advances in utilization of renewable substrates for biosurfactant

production. AMB Express 1:1-19.

Martínez-Checa F, Toledo FL, Vílchez R, et al. (2002) Yiell production, chemical composition and functional

properties of emulsifier H28 synthesized by Halomonas eurihalina strain H-28 in media containing various

hydrocarbons. Appl Microbiol Biotechnol 58:358-363.

McInerney MJ, Knapp RM, Nagle DP, et al. (2005) Development of microorganisms with improved transport and

biosurfactant activity for enhanced oil recovery: annual report. (http://

www.osti.gov/energycitations/servlets/purl/822122-y6TLRl/native/ 822122.) p. 1–111.

Medina G, Juarez K, Diaz R, et al. (2003a) Transcriptional regulation of Pseudomonas aeruginosa rhlR, encoding a

quorum-sensing regulatory protein. Microbiology 149:3073-3081.

Medina G, Juarez K, Soberon-Chavez G. (2003b) The Pseudomonas aeruginosa rhlAB operon is not expressed

during the logarithmic phase of growth even in the presence of its activator RhlR and the autoinducer N-

butyryl-homoserine lactone. J Bacteriol 185:377-380.

Mukherjee S, Das P, Sen R. (2006) Towards commercial productions of microbial surfactant. Trends biotechnol 24:

509-515.

Nakano MM, Corbell N, Besson J, et al. (1992) Isolation and characterization of sfp: a gene that functions in the

production of the lipopeptide biosurfactant, surfactin, in Bacillus subtilis. Mol Gen Genet 232:313-321.

Nakano MM, Zuber P. Cloning and characterization of srfB, a regulatory gene involved in surfactin production and

competence in Bacillus subtilis. J Bacteriol 171:5347-5353.

Navon-Venezia S, Zosim Z, Gottlieb A, et al. (1995). Alasan, a new bioemulsifier from Acinetobacter radioresistens.

Appl Environ Microb 61:3240-3244.

Ochsner UA, Reiser J. (1995) Autoinducer-mediated regulation of rhamnolipid biosurfactant synthesis in

Pseudomonas aeruginosa. Proc Natl Acad Sci USA 92:6424-6428.

Oliveira MF, Ribeiro-Neto FB. (1989) Estratégias de sobrevivência de comunidades litorâneas em regiões

ecologicamente degradadas: o Caso da Baixada Santista. São Paulo. Progr Pesq e Conserv de Áreas Úmidas /

F.Ford/ UICN/ IOUSP, l32p.

Oliveira VM, Sette LD, Fantinatti-Garboggini F. (2006) Preservação e prospecção de recursos microbianos.

Construindo a História dos Produtos Naturais 7:1-18.

Pacwa-Płociniczak M, Płaza GA, Piotrowska-Seget Z, et al. (2011) Environmental applications of biosurfactants:

recent advances. Int J Mol Science 12:633-654.

Rahman KSM, Banat JM, Tahira J, et al. (2002) Towards efficient crude oil degradation by a mixed bacterial

consortium. Biores Technol 81:25-32.

Rappé MS, Giovannoni SJ. (2003) The uncultured microbial majority. Annu Rev Microbiol 57: 369-394.

Page 39: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

19

Reis RS, Pereira AG, Neves BC, et al. (2011) Gene regulation of rhamnolipid production in Pseudomonas aeruginosa

- A review. Bioresource technol 102:6377-6384.

Rodrigues L, Banat IM, Teixeira G, et al. (2006) Biosurfactants: potential applications in medicine. J Antimicrob

Chem 57:609–18.

Rondon MR, August PR, Bettermann AD, et al. (2000) Cloning the soil metagenome: a strategy for accessing the

genetic and functional diversity of uncultured microorganisms. Appl Environ Microbiol 66: 2541-2547.

Ron EZ, Rosenberg E. (2001) Natural roles of biosurfactants. Environ Microbiol 3:229-236.

Rosenberg E, Ron EZ. (1999) High- and low-molecular-mass microbial surfactants. Appl Microbial Biotechnol

52:154-162.

Rossi M, Mattos IFA. (2002) Solos de mangue do Estado de São Paulo: caracterização química e física. Revista do

Departamento de Geografia 15:101-113.

Sen R. (2008) Biotechnology in petroleum recovery: the microbial EOR. Prog Energ Combust 34:714-724.

Sen R. (1997) Response surface optimization of the critical media components for the production of surfactin. J

Chem Technol Biotechnol 68:263–70.

Sen R, Swaminathan T. (1997) Application of response surface methodology to evaluate the optimum

environmental conditions for the enhanced production of surfactin. Appl Microbiol Biotechnol 47:358–63.

Sen R, Swaminathan T. (2004) Response surface modeling and optimization to elucidate the effects of inoculum

age and size on surfactin production. Biochem Eng J 21:141–8.

Sen R, Swaminathan T. (2005) Characterization of concentration and purification parameters and operating

conditions for the small-scale recovery of surfactin. Proc Biochem 40:2953–8.

Singh BK. (2009) Exploring microbial diversity for biotechnology: the way forward. Trends Biotechnol 28:111-116.

Steller S, Sokoll A, Wilde C et al. (2004) Initiation of surfactin biosynthesis and role of Srf-D thioesterase protein.

Biochem 43:11331-11343.

Sunde E. (1992) Method of microbial enhanced oil recovery. US Patent No. 5.163.510.

Sunde E, Torsvik T. (2004) Method of microbial enhanced oil recovery. US Patent No. 6.758.270.

Taketani RG, Yoshiura CA, Dias ACF, et al. (2010) Diversity and identification of methanogenic archaea and

sulphate-reducing bacteria in sediments from a pristine tropical mangrove. Anton Leeuw 97:401-411.

Tango MSA., Islam MR. (2002) Potential of extremophiles for biotechnological and petroleum applications. Energy

Sources 24: 543-559.

Tsuge K, Ohata Y, Shoda M. (2001) Gene yerP, involved in surfactin self-resistance in Bacillus subtilis. Antimicrob

Agents Chemother 45:3566-3573.

Tuleva B, Christova N, Cohen R, et al. (2009) Isolation and characterization of trehalose tetraester biosurfactants

from a soil strain Micrococcus luteus BN56. Process Biochem 44:135-141.

Wang D, Liu Y, Lin Z, et al. (2008) Isolation and identification of surfactin producing Bacillus subtilis strain and its

effect of surfactin on crude oil. Acta Microb Sinica 48:304-311.

Williams P, Cámara, M. (2009) Quorum sensing and environmental adaptation in Pseudomonas aeruginosa: a tale

of regulatory networks and multifunctional signal molecules. Curr Opin Microbiol 12:182-191.

van Bogaert IN, Saerens K, De Muynck C, et al. (2007) Microbial production and application of sophorolipids. Appl

Microbiol Biotech 76:23-34.

van Delden C, Pesci EC, Pearson, JP, et al. (1998) Starvation selection restores elastase and rhamnolipid production

in a Pseudomonas aeruginosa quorum-sensing mutant. Infect Immun 66:4499-4502.

van Hamme JD, Singh A, Ward OP. (2006) Physiological aspects: Part 1 in a series of papers devoted to surfactants

in microbiology and biotechnology. Biotec Adv 24:604-620.

Vazquez P, Holguin G, Puente ME, et al. (2000) Phosphate-solubilizing microorganisms associated with the

rhizosphere of mangroves in a semiarid coastal lagoon. Biol Fertil Soils 30: 460-468.

Page 40: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

20

Volk H, Liu K. (2010). 3° Oil Recovery: Experiences and Economics of Microbially Enhanced Oil Recovery (MEOR). In

Handbook of Hydrocarbon and Lipid Microbiology pp. 2739-2751. Springer Berlin Heidelberg.

Xu J. (2006) Microbial ecology in the age of genomic and metagenomics: concepts, tools, and recent advances. Mol

Ecology 15:1713-1731.

Page 41: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

21

3. APRESENTAÇÃO DA TESE

Este trabalho empregou uma abordagem polifásica na prospecção de biossurfactantes. A

primeira abordagem foi a independente-de-cultivo, com a construção de uma biblioteca metagenômica

de DNA de alto peso molecular construída a partir de sedimento de manguezal contaminado por

petróleo. A outra abordagem foi a dependente-de-cultivo, prospectando biossurfactantes a partir de

bactérias isoladas da mesma área de manguezal. No Capítulo 1 serão apresentados os resultados da

construção da biblioteca metagenômica, da triagem para biossurfactantes e do sequenciamento dos

fosmídios selecionados. Nesse capítulo também será abordada a dificuldade de extração de DNA de alto

peso molecular a partir do sedimento de manguezal. No Capítulo 2 serão apresentados os resultados

dos ensaios com as melhores linhagens produtoras de biossurfactante. Também será apresentado o

planejamento experimental baseado em análises estatísticas para o melhoramento da produção de

biossurfactantes por essas linhagens. Os Capítulos 3 e 4 descrevem o sequenciamento do genoma das

duas linhagens que foram estudadas mais detalhadamente, os quais foram publicados na revista

Genome Announcement. E o Capítulo 5 apresentará os resultados da caracterização da via metabólica

do biossurfactante produzido pelo Bacillus safensis CCMA-560, bem como a sua caracterização química.

Estes resultados estarão disponíveis em formado de draft do artigo já aceito para publicação na revista

Applied Microbiology and Biotechnology.A seguir, todos os resultados serão discutidos de maneira

integrada no item Discussão Geral, e, finalmente, as Conclusões Gerais e as Perspectivas Futuras serão

apresentadas.

Page 42: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

22

Page 43: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

23

CAPÍTULO 1 Prospecção de biossurfactantes em biblioteca metagenômica de

sedimento de manguezal

Page 44: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

24

1. INTRODUÇÃO

Mais recentemente, com o aumento da consciência ambiental e ênfase em uma sociedade

sustentável em harmonia com o meio ambiente, os surfactantes naturais têm atraído mais a atenção

que os surfactantes químicos. Dentre os surfactantes naturais, aqueles produzidos por micro-

organismos, conhecidos como biossurfactantes, são os mais promissores. Eles são conhecidos por serem

estruturalmente diversos e terem grupos de moléculas tenso-ativas heterogêneas. Considerando a

variedade de aplicações dos biossurfactantes, suas propriedades bioquímicas e fisiológicas têm sido foco

de muitos estudos (Ron & Rosenberg 2001).

Durante muitos anos, a biotecnologia microbiana foi limitada à descoberta de metabólitos ativos

produzidos por micro-organismos cultivados, entretanto estima-se que a fração cultivada da diversidade

microbiana é de 1-10% (Amman et al. 1995). Portanto, a maior fração ainda não foi estudada,

consequentemente os metabólitos ainda não são conhecidos. Com a evolução de técnicas moleculares,

o avanço das plataformas de sequenciamento e as poderosas ferramentas de bioinformática, a

metagenômica oferece uma alternativa para permitir o acesso ao arsenal metabólico, sem que que haja

a necessidade de cultivar o micro-organismo. Como mencionado pela primeira vez, o termo

“metagenômica” refere-se ao conjunto de todos os genomas de uma comunidade microbiana

(Handelsman et al. 1998).

O primeiro passo para a construção de uma biblioteca metagenômica é a obtenção do DNA total

da comunidade microbiana. Esse passo é crucial para a construção da biblioteca, uma vez que a

obtanção de um DNA livre de contaminantes facilita as etapas subsequentes de biologia molecular

(Smalla et al. 1993; Tsai et al. 1992). O tamanho do fragmento do DNA também é importante,

bibliotecas metagenômicas construídas a partir de DNA de alto peso molecular tem mais chance de

conter vias metabólicas completas.

Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi a construção de biblioteca metagenômica de DNA

de alto peso molecular proveniente de sedimento de manguezal contaminado com petróleo e

subsequente triagem de vias metabólicas de biossurfactantes.

Page 45: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

25

2. OBJETIVOS

Construção de biblioteca metagenômica de sedimento de manguezal em vetor fosmidial;

Screening molecular e funcional visando a bioprospecção de biossurfactantes;

Sequenciamento dos clones fosmidiais de interesse (positivos nos ensaios de triagem) para

análises de genômica estrutural dos genes que codificam biossurfactantes;

Clonagem dos genes envolvidos na síntese de biossurfactantes em vetores de expressão

apropriados visando à purificação e caracterização química e funcional dos produtos gênicos.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Coleta do sedimento de manguezal

A coleta das amostras foi realizada pela equipe técnica da Embrapa Meio Ambiente, no âmbito

do Projeto “Biodiversidade e Atividades Funcionais de Micro-organismos de Manguezais do Estado de

São Paulo” (Processo FAPESP no 04/13910-6). Amostras de sedimentos foram coletadas de área de

manguezal altamente impactado localizado no município de Bertioga – SP (Figura 2). Foram coletadas

amostras em triplicata, usando tubos de polipropileno esterilizados, os quais foram totalmente

preenchidos com o sedimento para evitar a entrada de ar. As amostras foram imediatamente

congeladas em gelo seco e transportadas ao laboratório para subsequente extração de DNA.

Page 46: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

26

Figura 2. Localização do manguezal e esquema de amostragem. A linha vermelha indica o ponto em que a amostra do sedimento foi coletada. (Fonte: Andreote et al. 2012)

3.2. Extração de DNA de alto peso molecular de sedimento de manguezal

Vários protocolos foram testados a fim de padronizar e otimizar a extração de DNA de alto peso

molecular a partir de amostras de sedimento, os quais são descritos abaixo.

3.2.1. Extração pelo kit PowerSoil® DNA Isolation (MoBio Laboratories, Inc.)

A extração de DNA de amostras de sedimento do mangue através do PowerSoil® DNA Isolation

kit foi realizada de acordo com as instruções do fabricante.

3.2.2. Extração pelo kit PowerMax® Soil DNA Isolation (MoBio Laboratories, Inc.)

A extração de DNA de amostras de sedimento do mangue foi também realizada utilizando o kit

PowerMax® Soil DNA Isolation, de acordo com as instruções do fabricante e modificações sugeridas por

Sommer et al. (2010).

A extração foi realizada de acordo com o fabricante até o passo em que houve a passagem do

DNA pela coluna de purificação. A eluição foi realizada com 7,5 mL de Tris 10 mM pH 8,0. Para a

precipitação do DNA foi utilizado 0,1 volume de acetato de sódio 3 M pH 5,2 e dois volumes de etanol

absoluto gelado e, a seguir, a solução foi incubada por duas horas a -20°C. Após a incubação, o material

foi centrifugado a 5.000 rpm por 45 minutos a 4°C. O sobrenadante foi descartado e o pellet foi eluído

Page 47: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

27

em 500 µL de Tris 10 mM pH 8,0. Para que o DNA fosse completamente eluído, os tubos foram

incubados a 65°C por 1 hora.

3.2.3. Extração pelo método CTAB-SDS

O protocolo de extração de DNA de alto peso molecular foi realizado também de acordo com

Ghosh et al. (2010), com modificações. Um grama de sedimento foi misturado a 2,7 mL de tampão de

extração (100 mM Tris-HCl [pH 8,0]; 100 mM Na2EDTA [pH 8,0]; 100 mM Na2HPO4 [pH 8,0]; 1,5 M NaCl;

1% CTAB) e 10 µL de proteinase K (20 mg/mL), e incubado por 30 minutos a 37°C sob agitação de 225

rpm. Feito isso, foram adicionados 300 µL de SDS 20%, e a reação foi incubada novamente por 2 horas a

65°C sob agitação de 50 rpm. Em seguida, os tubos foram centrifugados a 6.000 rpm por 10 minutos. O

sobrenadante foi transferido para um novo tubo, ao qual foram adicionados 900 µL de tampão de

extração e 100 µL de SDS 20%, seguido de incubação a 65°C por 10 minutos. Após a incubação, os tubos

foram centrifugados a 6.000 rpm por 10 minutos. Esse procedimento foi repetido por duas vezes. Após a

obtenção do sobrenadante, foi adicionado igual volume de clorofórmio:álcool isoamílico (24:1). A

separação das fases foi realizada por centrifugação a 8.000 rpm por 5 minutos. A fase aquosa foi

transferida para um novo tubo e o DNA foi precipitado com 0,6 volume de isopropanol e, a seguir,

incubado overnight em temperatura ambiente. Os tubos foram centrifugados a 10.000 rpm por 20

minutos e o sobrenadante foi descartado. O pellet foi lavado com 5 mL de etanol 70% e eluído em Tris-

HCl 10 mM pH 8,0.

3.2.4. Extração por Freeze-Thaw

A extração de DNA pelo método Freeze-Thaw foi realizada utilizando uma combinação dos

protocolos descritos por Groβkopf . (1998) e Neria-Gonzáles . (2006), com modificações.

Foi adicionado em um microtubo 0,5 g de sedimento de manguezal, o qual foi lavado duas vezes

com tampão PBS. Feito isso, foram adicionados 600 µL de tampão PBS e lisozima na concentração final

de 17 mg/mL, incubando-se a 37°C por 30 minutos. Posteriormente, foi adicionada à solução proteinase

K na concentração final de 0,7 mg/mL e SDS na concentração final de 2%, seguido de incubação a 60°C

por 30 minutos. Em seguida, foram realizados três ciclos de 2 minutos cada de incubação em nitrogênio

líquido e banho-maria a 65°C. Após a lise mecânica da parede celular pelo ciclo de Freeze-Thaw, foi

realizada a limpeza com igual volume de fenol (pH 8,0) e, posteriormente, a centrifugação a 13.000 rpm

Page 48: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

28

por 5 minutos. A fase superior da solução foi transferida para um novo tubo, adicionado de igual volume

de clorofórmio:álcool isolamílico (24:1) e centrifugada a 13.000 rpm por 5 minutos. A fase superior

dessa solução foi novamente transferida para um novo tubo e o DNA foi precipitado com 10% do

volume de NaCl 5 M e com duas vezes o volume de etanol absoluto gelado, e incubado overnight a -

20°C. A solução contendo o DNA precipitado foi centrifugada a 13.000 rpm por 5 minutos e o

sobrenadante foi descartado. O pellet foi lavado duas vezes com etanol 70%, seco e eluído em 50 µL de

água Milli-Q.

3.3. Eletroforese

Para analisar a concentração do DNA obtido, foi realizada a eletroforese em gel de agarose 0,8%

em tampão TEB (Tris-EDTA – Ácido bórico) 1 X corado com brometo de etídio a 0,01%.

3.4. Pulsed-Field Gel Electrophoresis (PFGE)

Para analisar com precisão o tamanho dos fragmentos de DNA previamente extraídos, foi

realizada a Eletroforese em Campo Pulsado utilizando o equipamento Pulsed-field CHEF III (BIORAD).

Cinco microlitros do DNA extraído foram misturados em 3 µL de tampão de corrida e aplicados

em gel de agarose low-melting 1% (BioRad) em TEB 0,5 X. Foi utilizado como padrão de peso molecular

o High MW DNA Marker (InvitrogenTM). Para a corrida, foram utilizados os seguintes parâmetros: 9 volts;

swich time inicial e final de 0,5; ângulo de 120°; 12°C de temperatura e 5 horas de corrida.

3.5. PCR do gene RNAr 16S

Foi realizada a amplificação por PCR do gene RNAr 16S para verificar a qualidade do DNA

extraído. Para a realização das reações de amplificação, foram utilizados os primers e reagentes nas

seguintes concentrações: tampão 1x (Invitrogen), MgCl2 50 mM (Invitrogen), 0,5 μM de cada um dos

primers 1100r (AGGGTTGCGCTCGTTG) e 10f (GAGTTTGATCCTGGCTCAG), 0,2 mM de dNTPs, 2,5 U de Taq

DNA polimerase (Invitrogen) e 1 μL do DNA diluído 1:10, 1:100 e puro. As condições de amplificação

consistiram dos seguintes ciclos de temperatura: 94°C por 2 min, 30 ciclos de 94°C por 1 min, 55°C por 1

min e 72°C por 3 min, e uma extensão final de 72°C por 3 min.

Page 49: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

29

3.6. Construção da biblioteca metagenômica de sedimento do mangue

A construção da biblioteca metagenômica foi realizada de acordo com as especificações do

fabricante, com algumas modificações, utilizando o kit CopyControl™ Fosmid Library Production Kit

(Epicentre® Biotechnologies), conforme as etapas detalhadas abaixo.

3.6.1. Seleção de fragmentos de DNA de alto peso molecular

Para a seleção de fragmentos de DNA de alto peso molecular foi realizada nova eletroforese em

PFGE nas mesmas condições citadas no item 3.4. Entretanto, o DNA foi concentrado no Concentrator

plus (Eppendorf) e todo o volume obtido ( 20 g) foi aplicado em gel de agarose low-melting point 1%

(BioRad) em tampão TAE (Tris-EDTA – Ácido acético) 0,5 x. O tampão de corrida do PFGE foi trocado por

TAE uma vez que o ácido bórico inibe a ação da enzima utilizada nas etapas posteriores.

3.6.2. Purificação dos fragmentos de DNA de alto peso molecular

Após a seleção dos fragmentos de interesse, foi realizada a excisão do DNA do gel de agarose

com o auxílio de um bisturi, e então iniciado o processo de purificação.

Pequenas porções da agarose contendo o DNA de tamanho desejado foram pesadas, colocadas

em microtubos e aquecidas a 70°C por 10-15 minutos. Após completo derretimento da agarose, os

tubos foram transferidos para banho-maria a 45°C, adicionados de volume adequado de GELase 50 X

Buffer pré-aquecido para a concentração final de 1 X e homogeneizados delicadamente. Em seguida, foi

adicionada 1 U da enzima GELase para cada 100 mg de gel e os tubos foram incubados a 45°C por 1

hora. Para a inativação da enzima, os tubos foram transferidos para banho-maria a 70°C por 10 minutos.

Alíquotas de 500 µL da solução foram adicionadas em novos tubos esterilizados de 1,5 mL e resfriados

em gelo por 5 minutos. Posteriormente, foi realizada a centrifugação a 10.000 rpm por 20 minutos e 90-

95% do sobrenadante foi recolhido cuidadosamente em um novo tubo esterilizado.

A seguir, foi realizada a precipitação do DNA adicionando 1/10 do volume de acetato de sódio 3

M (pH 7,0) e 2,5 volumes de etanol absoluto, e a solução foi homogeneizada por inversão. Os tubos

foram incubados por 10 minutos em temperatura ambiente e posteriormente centrifugados a 10.000

rpm por 20 minutos. O sobrenadante foi descartado e o pellet lavado duas vezes com etanol 70%

Page 50: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

30

gelado. Após a segunda lavagem, o pellet foi seco em temperatura ambiente e o DNA suspenso em 53

µL de água ultra-pura estéril.

Para determinar a concentração de DNA, foi realizada a eletroforese utilizando 1 µL do DNA em

um gel de agarose 0,8% em tampão TEB 0,5 X. Como controle para a estimativa da concentração, foi

utilizado o Fosmid Control DNA.

3.6.3. Reação de End-Repair

Para a reação de end-repair, todos os reagentes foram descongelados em gelo e a reação

também foi realizada em banho de gelo. Para a montagem da reação, foram utilizados 52 µL de DNA

(aproximadamente 10 µg de DNA), 8 µL do End-Repair Buffer 10X, 8 µL do dNTP Mix 2,5 mM, 8 µL de

ATP 10 mM e 4 µL do End-Repair Enzyme Mix. A reação foi incubada por 45 minutos em temperatura

ambiente. Em seguida, para a inativação da enzima End-Repair Enzyme Mix, a reação foi levada ao

banho-maria a 70°C por 10 minutos. Posteriormente, foi realizada a precipitação do DNA seguindo o

mesmo procedimento descrito no item 3.6.2, entretanto, o DNA foi suspenso em 7 µL de água ultra-

pura estéril.

Para determinar a concentração do DNA, foi realizada a eletroforese utilizando 1 µL do DNA em

um gel de agarose 0,8% em tampão TEB 0,5 X. Como controle para a estimativa da concentração, foi

utilizado o Fosmid Control DNA.

3.6.4. Reação de ligação

Para a reação de ligação, todos os reagentes foram descongelados em gelo e a reação também

foi realizada em banho de gelo. Para a montagem da reação, foram utilizados 6 µL de DNA

(aproximadamente 0,25 µg de DNA), 1 µL do Fast-Link Ligation Buffer 10X, 1 µL de ATP 10 mM, 1 µL do

vetor CopyControl pCC2FOS (0,5 µg/mL) e 1 µL da enzima Fast-Link DNA Ligase. A reação foi incubada

em termociclador a 16°C overnight. Em seguida, para a inativação da enzima Fast-Link DNA Ligase, a

reação foi levada a banho-maria a 70°C por 10 minutos.

Page 51: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

31

3.6.5. Empacotamento

A linhagem de E. coli EPI300-T1R utilizada como célula hospedeira na clonagem foi reativada em

meio LA (Luria-Bertani Ágar) a 37°C por 18 horas. Então, foi realizado o pré-inóculo de uma única colônia

da EPI300-T1R em 50 mL de meio LB + 10 mM de MgSO4 + 0,2% de maltose e incubado a 37°C por 18

horas sob agitação de 180 rpm.

Antes de iniciar a reação de empacotamento, 5 mL da cultura crescida no dia anterior foram

inoculados em um novo tubo contendo 45 mL de meio LB + 10 mM de MgSO4 + 0,2% de maltose e o

cultivo foi incubado a 37°C sob agitação de 180 rpm até atingir a OD600 = 0,8 - 1,0.

Um tubo de Lambda Packaging Extracts foi descongelado em banho de gelo e metade do volume

(25 µL) foi transferido para um novo microtubo esterilizado, sendo o restante do material novamente

congelado a -70°C. No tubo contendo 25 µL do extrato de fagos foi adicionado o volume total (10 µL) da

reação de ligação, seguido de incubação a 30°C por duas horas. Em seguida, o volume restante do

Lambda Packaging Extracts foi novamente descongelado em gelo, adicionado ao tubo com a reação de

empacotamento e incubado por mais duas horas a 30°C. Após a reação de empacotamento, foram

adicionados 940 µL de Phage Dilution Buffer (10 mM Tris-HCl [pH 8,3]; 100 mM NaCl; 10 mM MgCl2) e

12,5 µg/mL de clorofórmio para precipitação de qualquer resíduo de proteína.

3.6.6. Transfecção

Após a obtenção da biblioteca (≈1 mL), foi realizada a transfecção na célula hospedeira EPI300-

T1®. Alíquotas de 100 µL de células, previamente crescidas (DO600 = 0,8 - 1,0), foram distribuídas em

microtubos esterilizados e adicionadas de 10 µL da solução de fagos já empacotados. A reação foi

incubada em banho-maria a 37°C por 1 hora.

Em seguida, a reação foi inoculada com o auxílio de alça de Drigalsky em meio LA acrescido de

12,5 µg/mL de cloranfenicol e incubada a 37°C por 18 horas.

3.6.7. Validação da biblioteca metagenômica

Para a validação da biblioteca, dez clones foram selecionados aleatoriamente. O DNA fosmidial

foi extraído por lise alcalina (Sambrook et al. 1989) Aproximadamente, 500 ng de DNA fosmidial foram

clivados com a enzima de restrição NotI e o padrão de digestão dos fosmídios foi visualizado em gel de

Page 52: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

32

agarose 1%, utilizando-se cuba de eletroforese em campo pulsado (PFGE) (CHEF-DR III, BIORAD®) a 6 V

cm-1, switch de 1-12 por 10 horas.

3.6.8. Preservação dos clones

Após o crescimento das colônias em meio LA, os clones foram repicados em placas de

polietileno de 96 poços em meio de cultura HMFM (1,6% triptona; 1% extrato de levedura; 0,5% de

NaCl; 8% Solução A [0,8 mM MgSO4 .7H2O; 3,4 mM citrato de sódio; 13,6 mM (NH4)SO4; 44% glicerol];

2% Solução B [0,66 M KH2PO4; 1,34 M K2HPO4]) e congelados em ultra-freezer -80°C.

3.7. Screening funcional dos clones

3.7.1. Colapso da gota

Para a realização dos ensaios de triagem de clones com atividade biossurfactante foi selecionada

a metodologia descrita no trabalho de Bodour et al. (2003) e denominada “teste do colapso da gota”.

Alíquotas de 5 μL de petróleo foram colocadas em microplacas de fundo chato (96 poços),

deixando- se por 24 horas à temperatura ambiente. Ao mesmo tempo, as culturas de clones foram

repicadas em LB contendo cloranfenicol (12,5 μg/mL) e incubadas até 24 horas a 37°C sob agitação de

180 rpm. Após este período, as placas contendo as culturas dos clones foram centrifugadas a 3.600 rpm

por 8 minutos e alíquotas de 5 μL do sobrenadante foram adicionadas ao petróleo com auxílio de

micropipeta. Os resultados foram considerados positivos quando a gota entrou em colapso. O resultado

foi considerado negativo para a atividade de biossurfactante quando a gota do permaneceu intacta na

amostra. Esse ensaio baseia-se na desestabilização da gota pelo biossurfactante. Uma gota da

suspensão celular ou sobrenadante da cultura são colocadas sobre uma superfície sólida revestida de

óleo. Se a amostra não tiver biossurfactante, as moléculas polares da água são repelidas a partir da

superfície hidrofóbica e as gotas permanecem estáveis. Se a amostra tiver biossurfactante a gota entra

em colapso, uma vez que a tensão interfacial entre o líquido da gota e a superfície do óleo é reduzida

(Jain et al. 1993).

Page 53: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

33

3.7.2 Colapso da gota modificado

Inicialmente foi realizado o teste do colapso da gota com 4.800 clones, dos quais 1.122 foram

positivos. Um novo teste foi realizado a fim de confirmar os resultados obtidos, entretanto com algumas

modificações.

No primeiro ensaio, foi realizado um inóculo em microplacas com LB e então feito o teste. No

novo ensaio, foi realizado o pré-inóculo em LB e posteriormente o inóculo em meio mineral (5 g extrato

de levedura; 1 g (NH4)2SO4; 6 g Na2HPO4; 3 g KH2PO4; 2,7 g NaCl; 0,6 g MgSO4 ∙7H2O, 1000 mL água

destilada). Ao meio pronto foi adicionado 0,1 % (v/v) de solução de micronutrientes [10,95 g ZnSO4∙

7H2O; 5 g FeSO4∙ 7H2O; 1,54 g MnSO4∙ 7H2O; 0,39 g CuSO4∙ 5H2O; 0,25 g Co(NO3)2 6H2O; 0,17 g Na2B4O7

10H2O]) (Oliveira et al., 2013) acrescido de 1% de glicerol, e a seguir as culturas foram crescidas a 37°C,

sob agitação de 150 rpm por 120 horas. Após este período, as placas contendo as culturas dos clones

foram centrifugadas a 3.600 rpm por 8 minutos e alíquotas de 5 μL do sobrenadante foram adicionadas

ao petróleo com auxílio de uma pipeta.

3.7.3. Tensiometria

O ensaio de tensiometria foi realizado a fim de confirmar a produção de biossurfactantes pelos

clones que apresentaram resultados positivos no screening preliminar realizado pelo teste “colapso da

gota”.

Algumas tentativas de padronização do teste de tensiometria foram realizadas. O primeiro teste

foi realizado a fim de analisar a melhor fonte de carbono (hexadecano ou glicose) e também verificar a

medida da tensão superficial após remoção química do hexadecano com hexano. Para este teste, foram

utilizadas linhagens sabidamente produtoras de biossurfactantes, dentre elas: um pool de sete isolados

previamente caracterizados por Reys (2009) e a Pseudomonas aeruginosa CBMAI 602. Também foi

utilizada a linhagem hospedeira da biblioteca metagenômica (E. coli EPI-300) como controle negativo, e

dois pools de 20 clones foram testados. Antes da incubação em meio mineral (2 g NaCl; 0,4 g K2HPO4;

0,4g KH2PO4; 0,4 g (NH4)2SO4; 0,08 g MgSO4∙7H2O; 1,2 g NaNO3; 1000mL H2O), foi realizado um pré-

inóculo das amostras em tubos Falcon contendo 40 mL de meio LB acrescido de 12,5 µg/mL de

cloranfenicol e incubados por 24 horas a 37°C sob agitação de 180 rpm. Posteriormente, as amostras

foram transferidas para frascos “SCHOTT” com 200 mL de meio LB e crescidas nas mesmas condições.

Após o crescimento, as culturas foram centrifugadas a 8.000 rpm por 10 minutos e o pellet suspenso em

Page 54: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

34

água ultra-pura. Alíquotas de 5 mL da suspensão de células ajustada na DO = 0,1 foram inoculadas em

frascos Erlenmeyer com 50 mL de meio mineral acrescido de 12,5 μg/mL de cloranfenicol, 250 μL de

solução de vitaminas e 0,5 % de hexadecano ou glicose como única fonte de carbono, e então as

culturas foram incubadas por 10 dias a 37°C sob agitação de 180 rpm. Após o término do período da

incubação, as culturas foram centrifugadas por 10 minutos a 8.000 rpm e 4°C. Uma alíquota de

aproximadamente 25 mL, da cultura crescida com o hexadecano, foi removido utilizando hexano. Para

tal procedimento, uma alíquota do sobrenadante livre de células foi colocada em um funil de separação

e adicionada de mesmo volume de hexano. O material foi homogeneizado vigorosamente e a primeira

fase foi coletada. Este procedimento foi repetido três vezes seguidas. O sobrenadante obtido foi

avaliado em tensiômetro (Digital Tensiometer K10-ST – Krüss®) utilizando água destilada como padrão

para calibrar o equipamento. Dezoito pools foram avaliados utilizando o método descrito acima usando

o hexadecano (sem a remoção química) como fonte de carbono, entretanto no decorrer do

experimento, foi observado que as replicatas não apresentavam boa reprodutibilidade e também que o

hexadecano por si só alterava a tensão superficial do meio.

Com base nesta observação, um segundo teste foi proposto. Para esse teste, o inóculo foi

realizado com o mesmo procedimento utilizado anteriormente. Entretanto, o hexadecano foi removido

fisicamente por centrifugação a 0°C. O sobrenadante obtido foi avaliado em tensiômetro (Digital

Tensiometer K10-ST – Krüss®), utilizando água destilada como padrão para calibrar o equipamento.

Foram analisadas duas linhagens sabidamente produtoras de biossurfactantes (CBMAI 557 e CBMAI

602), um pool de isolados sabidamente produtores de biossurfactante e como controle negativo a E. coli

EPI-300 (hospedeira da biblioteca metagenômica). Todas as amostras foram avaliadas na ausência e na

presença do hexadecano. Com esse teste, foi observado que o hexadecano realmente interfere na

leitura do equipamento, e que esta fonte de carbono não foi eficiente para estimular a produção de

biossurfactante.

Dessa forma, novos testes foram realizados a fim de verificar qual a melhor fonte de carbono

para estimular a produção de biossurfactante e o melhor tempo de produção. Alguns parâmetros foram

alterados, tais como o meio de cultura, o tempo de incubação e as fontes de carbono. Nestes testes, foi

utilizado o meio mineral (5 g extrato de levedura; 1 g (NH4)2SO4; 6 g Na2HPO4; 3 g KH2PO4; 2,7 g NaCl; 0,6

g MgSO4 ∙ 7H2O, 1000 mL água destilada). Ao meio pronto foi adicionado 0,1 % (v/v) de solução de

micronutrientes [10,95 g ZnSO4 ∙ 7H2O; 5 g FeSO4 ∙ 7H2O; 1,54 g MnSO4 ∙ 7H2O; 0,39 g CuSO4 ∙ 5H2O; 0,25

g Co(NO3)2 ∙ 6H2O; 0,17 g Na2B4O7 ∙ 10H2O]) e 1% de diferentes fontes de carbono, dentre elas: n-

Page 55: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

35

hexadecano, n-fenantreno, glicose e glicerol. Uma alíquota de 10 % (v/v) da cultura em fase exponencial

de crescimento, com absorbância ajustada para DO600 = 0,150 ± 0,030 foi utilizada como inóculo. As

culturas foram incubadas sob agitação contínua de 150 rpm, a 37°C por oito diferentes tempos (48 h, 72

h, 96 h, 120 h, 144 h, 168 h, 192 h e 216 h). Após o período de incubação, o material foi centrifugado a

10.000 rpm por 15 minutos. As amostras acrescidas de hexadecano foram centrifugadas sob

refrigeração de 0 °C, a fim de remover fisicamente o composto, que em baixa temperatura solidifica-se

no meio. Os sobrenadantes livres de células foram utilizados para medida da tensão superficial

utilizando dois diferentes tensiômetros (Krüss - K10-ST e Sigma 701). Para essa análise, foi utilizado um

pool de clones produtores de biossurfactantes previamente selecionados por Dellagnezze (2010). Após a

seleção da melhor fonte de carbono e dos melhores tempos, o experimento foi realizado com a E. coli

linhagem EPI-300 (hospedeira da biblioteca metagenômica).

Após os ensaios preliminares, os testes foram realizados com os clones crescendo

individualmente em frascos Erlenmeyer com 25 mL de meio mineral (13,99 g K2HPO4; 6,0 g KH2PO4; 0,2

g MgSO4·H2O; 4,0 g (NH4)2SO4 e 0,04% extrato de levedura em 1.000 mL de água destilada) acrescido de

0,01% de elementos traços (2,5 g EDTA; 10,95 g ZnSO4; 5,0 g FeSO4·7H2O; 1,54 g MnSO4·H2O; 0,392 g

CuSO4·5H2O; 0,25 g Co(NO3)2·7H2O; 0,177 g Na2B4O7·10H2O em 1.000 mL de água destilada), 1% de fonte

de carbono (glicerol) e 12,5 µg/mL de cloranfenicol. Uma alíquota de 10% (v/v) da cultura em fase

exponencial de crescimento, com absorbância ajustada para DO600 = 0,150 ± 0,030 foi utilizada como

inóculo. As culturas foram incubadas sob agitação contínua de 150 rpm, a 37° C por 120 horas. Após o

período de incubação, o material foi centrifugado a 8.000 rpm por 15 minutos. Os sobrenadantes livres

de células foram utilizados para medida da tensão superficial utilizando tensiômetro (Krüss – K20

EasyDine).

3.8. Screening molecular dos clones

A triagem dos clones por similaridade de sequência foi realizada através de reações de

amplificação por PCR utilizando primers relacionados à síntese de biossurfactantes descritos na

literatura (McInerney et al. 2007; Bodour et al. 2003) (Tabela 1). As amplificações foram realizadas em

pools de 20 clones.

Page 56: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

36

Primer Sequência (5’-3’) Referência

sfrA/licA (F) CAA AAK CGC AKC ATA CCA CKT TGA G McInerney et al. (2007) sfrA/licA (R) TCA TAR AGC GGC AYA TAT TGA TGC McInerney et al. (2007) rhlR (F) CTG CGC TCC WCG GAA ATG GTG McInerney et al. (2007) rhlR (R) TCT GGA TGW YCT TGW GGT GGA AGTT C McInerney et al. (2007) kpd1(F) GCC CAC GAC CAG TTC GAC Bodour et al. (2003) kpd2 (R) CAT CCC CCT CCC TAT GAC Bodour et al. (2003)

Para a amplificação do gene da ramnosil transferase (rhIB), que faz parte da via de biossíntese

do ramnolipídeo, foram realizadas reações de amplificação com os primers e reagentes nas seguintes

concentrações: tampão 1x (Invitrogen®), 50 mM MgCl2 (Invitrogen®), 0,5 μM de cada um dos primers

kpd1 e kpd2, 0,2 mM de dNTPs, 2,5 U de Taq DNA polimerase (Invitrogen®) e 50 ng de DNA. As

condições de amplificação consistiram dos seguintes ciclos de temperatura: 94°C por 2 min; 30 ciclos de

94°C por 15 seg, 54°C por 15 seg e 72°C por 15 seg; e uma extensão final de 72°C por 2 min.

Para a detecção dos genes srfA/licA (biossíntese de surfactina) e rhIR (biossíntese de

ramnolipídio) foram utilizadas as mesmas concentrações de primers e reagentes estabelecidas por

McInerney et al. (2007), a saber: tampão 1x (Invitrogen®), 50 mM de MgCl2 (Invitrogen®), 10 mM dNTP,

5 μM primer, 2,5 U de Taq DNA Polimerase (Invitrogen®) e 50 ng de DNA. Para cada par de primers

foram realizadas reações de PCR com diferentes ciclos de temperatura. Para o par srfA/licA foi utilizado

um ciclo de desnaturação inicial a 95°C por 5 min, um touchdown de 10 ciclos a 94°C por 35 s, 55°C

(decrescendo 0,5°C por ciclo) por 35 s, e 72°C por 45 s para extensão. Foram adicionados mais 23 ciclos

a 95°C para desnaturação, 35 s a 50°C para anelamento, 45 s a 72°C para extensão, e um ciclo de

extensão final a 72°C por 6 min. Para o par de primers rhIR foi utilizado um ciclo de desnaturação inicial

a 95°C por 5 min, seguidos de 10 ciclos de 40 s a 95°C, 40 s a 57,3°C até 52,3°C (com touchdown para

anelamento), 45 s a 72°C para extensão. Foram adicionados mais 23 ciclos a 95°C para desnaturação, 40

s a 52,3°C para anelamento, 45 s a 72°C para extensão, seguidos de 7 min a 72°C para a extensão final.

Tabela 1. Primers utilizados para a triagem molecular por PCR

Page 57: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

37

3.9. Sequenciamento dos fosmídios

Os três fomídios que apresentaram melhores resultados na análise de tensão superficial foram

selecionados para o sequenciamento e análise genômica.

3.9.1 Extração do DNA fosmidial

Para a extração do DNA fosmidial foi utilizado o kit QIAGEN® Large-Construct. O rendimento de

DNA com este kit foi de aproximadamente 150 µg. Embora sejam necessários somente 2 µg de DNA

para o sequenciamento, este kit foi utilizado uma vez que permite a obtenção de DNA fosmidial livre de

DNA genômico contaminante.

3.9.2 Sequenciamento pela tecnologia do Ion-Torrent

O sequenciamento dos fosmídios foi realizado pela empresa Helixxa. Para o sequenciamento foi

utilizado o 314™ Chip, Plataforma Ion Torrent (Life Technologies).

3.9.3. Assembling das sequências

A avaliação da qualidade e a montagem das sequências dos fosmídios foram realizadas através

do programa Velvet 1.1.17 (k = 41) (Zerbino & Birney, 2008). Essa ferramenta é ideal para a montagem

de genomas ou metagenomas sequenciados através de tecnologia que geram reads curtos (50 – 200

pb), p.ex. Illumina, Solexa e IonTorrent. O Velvet oferece um rico conjunto de diferentes opções de

algoritmos adaptados para diferentes tarefas e, assim, proporciona uma plataforma versátil de

montagem de genomas de procariotos e eucariotos. Este programa possui também a vantagem de fazer

o assembling com muita rapidez e eficiência. Zerbino e Birney (2008) fizeram a comparação da

montagem do genoma de uma linhagem de Streptococcus suis sequenciada pela plataforma Solexa e

observaram que utilizando o Velvet o tempo de montagem era de 2 min e 57 seg, ao passo que

utilizando as ferramentas SSAKE 2.0 e VCAKE 1.0 o tempo era de 1 h e 47 min e 4 h e 25 min,

respectivamente. A taxa de erro foi de 0,02% para o Velvet, 0,2% para o SSAKE 2.0 e 0,64% para VCAKE

1.0 (Zerbino & Birney, 2008). O assembling das sequências foi realizado em parceria com o Dr. Paul

Greenfield (CSIRO - Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation – Sydney, Austrália).

Page 58: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

38

3.9.4. Fechamento dos gaps

Embora o sequenciamento dos fosmidíos tenha gerado uma cobertura de aproximadamente

85X, permaneceram alguns gaps. Ferramentas computacionais como Python 2.7, Biopython, Muscle e

BioEdit, e dados brutos obtidos no IonTorrent permitiram o fechamento destes gaps. Não foi necessária

a realização de novos sequenciamentos, já que tal análise foi baseada no princípio de sequenciamento

por primer walking in silico, permitindo assim a otimização de tempo.

3.9.5. Anotação dos genes

Para a identificação das ORFs (Open Reading Frames) e anotação dos genes contidos nos

fosmídios foi utilizada a ferramenta Integrated Microbial Genomes Expert Review (IMG/MER)

(Markowitz et al. 2012). O IMG é uma plataforma que otimiza a anotação de dados de genômica e

metagenômica de micro-organismos. Em um único programa, ele reúne vários bancos de dados, como

COG, Pfam, Ko, Enzyme, KEGG e MetaCyc. Após a predição pelo IMG/MER e anotação automática, foi

realizada também a anotação manual utilizando ferramentas de bioinformática, como a busca de

sequências similares utilizando BLASTx contra as bases de dados de sequências EMBL/GeneBank e de

famílias de proteínas utilizando InterProScan (combina diferentes métodos de reconhecimento de

proteínas contra proteínas nos bancos de dados PROSITE, PRINTS, Pfam, ProDom, SMART e

TIGRFAMMs) (Quevillon et al., 2005; http://www.ebi.ac.uk/Tools/pfa/iprscan/).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Construção da biblioteca metagenômica

A construção de bibliotecas metagenômicas com DNA de alto peso molecular (25-40 kb) é uma

opção interessante para se ter o acesso a vias metabólicas completas, já que estas geralmente

abrangem operons inteiros para a síntese de compostos de interesse biotecnológico. Dessa forma, o

passo de extração de DNA de alto peso é crucial, pois irá determinar a integridade destas eventuais vias

metabólicas, viabilizando a busca pelo metabólito desejado.

Algumas dificuldades foram encontradas para a construção da biblioteca metagenômica a partir

da amostra de sedimento de manguezal impactado, dentre elas a obtenção do DNA de alto peso (acima

de 25 kb), e a concentração necessária para a clonagem e a purificação. O mangue é um ambiente rico

em matéria orgânica, e o processo de extração de DNA a partir de amostras de sedimento resulta em

Page 59: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

39

uma alta concentração de compostos húmicos que inibem a ação de enzimas, como no caso das reações

de PCR (Smalla et al. 1993, Tsai et al. 1992), digestão com enzimas de restrição (Porteous et al. 1991) e

redução na eficiência de transformação (Tebbe et al. 1993).

As extrações de DNA do sedimento de mangue, realizadas pelos kits Power Soil® e PowerMax®

Soil com modificações (MoBio – Laboratories, Inc.), não foram eficientes. O DNA apresentou alta

concentração (Figura 3), porém os fragmentos apresentaram-se pequenos (< 10 kb), inviabilizando assim

a construção da biblioteca metagenômica. A quebra do DNA pode ter sido acarretada pela sua

passagem através da coluna de purificação. Então, essa metodologia para a obtenção do DNA foi

descartada.

O protocolo de CTAB-SDS foi utilizado para testes preliminares. A extração resultou em uma alta

quantidade de DNA de alto peso molecular (Figura 4), porém não foi obtida a pureza necessária para

reações de PCR ou outras reações enzimáticas necessárias para a construção da biblioteca

metagenômica. Mesmo após a purificação com cloreto de césio, não foi obtido o DNA puro para ensaios

posteriores. Para a confirmação da qualidade do material obtido, foi realizada a PCR do gene RNAr 16S,

mas não foi obtido sinal positivo de amplificação do gene em nenhuma das diluições testadas (1:10 e

1:100).

1 2 3 4

1 2 3 1 2 3

Figura 3. (A) Eletroforese das amostras de DNA extraídas de sedimento de manguezal em gel de agarose

0,8%. 1. DNA do fago λ usado como padrão de concentração: 50 ng; 2. DNA do fago λ: 100 ng; 3. DNA de

sedimento de mangue obtido pelo kit Power Soil®; 4. DNA obtido pelo kit PowerMax® Soil, com

modificações. (B) Gel de PFGE 1%. 1. High MW DNA Markers (InvitrogenTM

); 2. DNA fosmidial (Epicentre®

Biotechnologies); 3. Extração de DNA pelo kit Power Soil®. (C) Gel de PFGE 1%. 1. High MW DNA Markers

(InvitrogenTM

); 2. DNA fosmidial 36 kb (Epicentre® Biotechnologies); 3. Extração de DNA pelo kit

PowerMax Soil®.

19.399 pb 19.399 pb

12.220 pb

12.220 pb

(A)

(B) (C)

Page 60: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

40

A extração pelo método Freeze-Thaw foi a mais eficiente na obtenção do DNA adequado para a

construção de bibliotecas metagenômicas (Figura 5), e gerou alta concentração de DNA e fragmentos

com alto peso molecular.

A construção da biblioteca metagenômica resultou em 12.800 clones. Dez clones foram

selecionados aleatoriamente e digeridos com a enzima NotI para validação da biblioteca (Figura 6).

Foram observados diferentes perfis de restrição e a presença de vetor em todas as amostras, indicando,

assim, que os clones correspondiam a eventos de inserção distintos e sugerindo que a biblioteca obtida

continha grande diversidade de genes a ser explorada.

1 2 3

1 2 3

Figura 5. (A) Gel de eletroforese 0,8%. 1. DNA do fago λ usado como padrão de concentração: 50 ng; 2. DNA

do fago λ: 100 ng; 3. DNA obtido do sedimento pelo método Freeze Thaw. (B) Gel de PFGE 1%. 1. High MW

DNA Markers (InvitrogenTM

); 2. DNA Fosmidial 36 kb (EPICENTRE®); 3. DNA obtido do sedimento pelo

método Freeze Thaw.

(A) (B) 1 2 3 1 2 3

24.776

19.399

12.220

Figura 4. (A) Eletroforese em gel de agarose 0,8%. 1. DNA do fago λ usado como padrão de

concentração: 50 ng; 2. DNA do fago λ: 100 ng; 3. DNA obtido pelo protocolo SDS-CTAB. (B) Gel de

PFGE 1%. 1. High MW DNA Markers (InvitrogenTM

); 2. DNA fosmidial 36 kb (Epicentre®

Biotechnologies); 3. DNA obtido pelo protocolo SDS-CTAB.

19.399

12.220

24.776

(A)

(B)

Page 61: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

41

4.2. Screening funcional

4.2.1. Colapso da gota

Desde 1970, uma grande variedade de métodos de triagem de biossurfactantes produzidos por

micro-organismos tem sido desenvolvida e aplicada com sucesso. Entretanto, essas triagens têm sido

quase sempre limitadas a um número reduzido de amostras. Atualmente, métodos automatizados e

miniaturizados têm levado ao desenvolvimento de técnicas de High-Throughput Screening (HTS) ou

técnicas de triagem de alta eficiência, tornando viável a busca de novos biossurfactantes a partir de um

grande número de amostras (Walter et al. 2010) .

Os biossurfactantes pertencem a grupos de biomoléculas muito diversos, p.ex. glicolipídios,

lipopeptídios, lipoproteínas, lipopolissacarídios ou fosfolipídios. Sendo assim, a maioria dos métodos de

triagem dos surfactantes é baseada em seus efeitos físicos, podendo ser qualitativos e/ou quantitativos.

Para o primeiro screening de muitos isolados ou clones metagenômicos, o método qualitativo se mostra

mais eficiente (Walter et al. 2010).

Nesta proposta, o teste utilizado foi realizado através da metodologia descrita por Bodour et al.

(2003), denominado “teste de colapso da gota”, e permitiu a avaliação de 4.800 clones, dos quais 1.122

foram positivos para a produção de biossurfactantes (exemplo na Figura 7). Todos os clones

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Figura 6. Eletroforese de campo pulsado em gel de agarose Low Melting 1%. 1. High MW DNA Markers

(InvitrogenTM

); 2. DNA Fosmidial 36 kb (EPICENTRE®); 3. pCCFOS2; 4-12. Perfil dos clones com a enzima

de restrição NotI. A seta indica a banda que corresponde ao vetor.

Page 62: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

42

considerados positivos foram selecionados para testes subsequentes de tensiometria para a

confirmação do resultado.

Após análise criteriosa do método, foi observado que muitas vezes são registrados resultados

falso-positivos, uma vez que fazer o screening com o auxílio de uma pipeta multi-canal acarreta a

pipetagem acidental no canto dos orifícios das placas e consequentes erros metodológicos.

Neste sentido, um novo ensaio foi realizado a fim de confirmar os resultados obtidos

anteriormente. Os 1.122 clones foram triados novamente, com o inóculo e o crescimento modificado, e

o teste foi realizado com o auxílio de uma pipeta monocanal a fim de minimizar os resultados falso-

positivos. Dos 1.122 clones testados, 266 apresentaram atividade surfactante no teste do colapso da

gota.

Embora Plaza et al. (2006) afirmem que o teste do colapso da gota não requer equipamentos

especializados, em nossos ensaios observamos que o teste realizado com pipeta multi-canal tem uma

grande margem de erro. Portanto, a fim de otimizar o processo de triagem, é sugerido que o teste seja

realizado utilizando sistema automatizado, uma vez que esta abordagem diminui consideravelmente o

erro de pipetagem e não incorre em resultados falso-positivos.

Embora o teste do colapso da gota não tenha se mostrado eficiente neste estudo utilizando

pipetas multi-canais, e ofereça uma baixa sensibilidade uma vez que a concentração do composto ativo

geralmente é baixa, esse teste ainda é o mais comumente utilizado em ensaios HTS para a triagem de

biossurfactantes (Boudor et al. 2003; Plaza et al. 2006; Youssef et al. 2005; Dellagnezze 2009). Além

disso, este teste pode ser realizado em microplacas de 96 poços (Tugrol & Cansunar, 2005), o que facilita

a condução do experimento.

Figura 7. Fotos ilustrativas do teste “colapso da gota” utilizado para screening funcional de biossurfactantes.

Seta vermelha indica resultado negativo para o colapso da gota; Seta azul indica resultado positivo para o

colapso da gota.

Page 63: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

43

4.2.2. Tensiometria

Como descrito anteriormente, os ensaios de tensiometria foram realizados com o objetivo de

confirmar a produção de biossurfactantes pelos clones previamente selecionados pelo teste do colapso

da gota.

Um surfactante considerado ideal e eficiente seria aquele com baixa concentração micelar

crítica (CMC) e tensão superficial com valores menores que 30 mN/m (Ashby et al. 2008). Neste

trabalho, a avaliação da concentração micelar crítica foi deixada para uma etapa futura, após a seleção

dos melhores clones produtores.

O primeiro teste realizado permitiu concluir que o hexadecano foi a melhor fonte de carbono

para a produção de biossurfactante, e que fazendo a remoção química do mesmo utilizando o hexano,

houve alteração na tensão superficial. Isso sugere que o hexano também removeu o biossurfactante

produzido pelosmicro-organismos. O pool CCMA teve a redução da tensão superficial para 28,1 mN/m, e

fazendo a remoção química com hexano houve a redução para 52,5 mN/m. Em ambas as análises a

redução foi comparada aos controles negativos contendo o meio de cultura e a E. coli EPI 300. O uso da

glicose como substrato não promoveu redução significativa em comparação com o hexadecano. Todas

as amostras foram lidas em triplicatas e os resultados estão descritos na Tabela 2. A unidade de medida

utilizada na análise é mN/m.

Amostras MM + hexa MM - hex

b MM + glicose

c

Controle negativo (meio de cultura)

45,4 70,3 60,4

Controle negativo EPI 300

45,1 54,5 51,5

Controle positivo CBMAI 602

37,8 56,2 46,7

Controle positivo Pool CCMA

28,1 52,5 49,9

Pool 1 43,7 52,1 50,2

Pool 2 46,9 58,2 49,5

Após a seleção do hexadecano como a melhor fonte de carbono, mais 18 pools de clones foram

testados utilizando a mesma metodologia. Entretanto, os ensaios não apresentaram reprodutibilidade.

Tabela 2. Valores das médias de tensiometria das linhagens selecionadas para o teste

preliminar.

a. Meio Mineral com hexadecano;

b. Meio Mineral com o hexadecano removido

com hexano; c. Meio Mineral com glicose.

Page 64: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

44

Foi possível observar uma película de hexadecano sobre a amostra analisada, sugerindo que este

composto, por si só, foi capaz de alterar a tensão superficial das amostras analisadas. Os resultados

estão descritos na Tabela 3.

Nas amostras em destaque, foi possível verificar que houve grande diferença nas análises das

replicatas. Embora seja um sistema biológico, a variação de leitura foi grande, não permitindo assim a

confiabilidade do teste realizado.

Page 65: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

45

Pool Replicatas

A B C Média

MM s/ hex a 45,2 44,2 45,6 45

MM c/ hex b

38,2 40,1 38,9 39,1

Pool CCMA 26,2 26,7 25,9 26,3

EPI-300 45 46,2 46,7 46,0

3 27,2 28,4 39,1 31,6

4 30,6 40,2 39 36,6

5 27,5 31,2 36,6 31,8

6 28,7 38,4 28,8 31,9

7 36,5 36,4 44 38,8

8 37,8 43,2 42,5 41,2

9 40 40,5 41 40,5

10 40,2 47,1 36,1 41,1

11 41,5 27 36,4 35

12 37,3 26,3 28,8 30,8

13 26,7 27 31 28,2

14 46,8 28,4 28,8 34,7

15 46,6 27,3 28,9 34,3

16 29,1 27,5 30,7 29,1

17 28,2 27,6 30,1 28,6

18 42,2 39,9 30,9 37,7 a Meio Mineral sem hexadecano;

b Meio Mineral com hexadecano. As linhas destacadas representam os pools

cujos valores de redução da tensão superficial são se reproduziram dentre as replicatas.

Frente aos resultados obtidos, um novo experimento foi proposto no qual o hexadecano foi

removido fisicamente, o que permitiu verificar se realmente este composto interferiu na leitura da

tensão superficial. Foi observado que o hexadecano realmente apresentou interferência nas análises, e

que, portanto, não representa a melhor fonte para estimular a produção de biossurfactantes (Tabela 4).

Destaque deve ser dado para o pool CCMA, que na presença de hexadecano teve a redução da tensão

superficial para 35,4 mN/m, e na mesma replicata, removendo o hexadecano fisicamente, a tensão

superficial foi 52 mN/m. Estes resultados confirmaram que esta fonte de carbono não estimula a

produção de biossurfactante, e que o hexadecano estava interferindo na análise.

Tabela 3. Valores de tensiometria dos pools de clones positivos para o teste de colapso da gota

Page 66: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

46

Amostras Replicatas

A B C Média

MM c/ hex a 47,9 45,2 47,1 46,7

MM s/ hex b 50,7 53,4 55,6 53,2

MM hex rem c 60,6 59,1 57,8 59,2

EPI-300 ch d 54,8 47,8 48,8 50,5

EPI-300 sh e

55,2 58,3 54,2 55,9

Pool CCMA ch 36,7 32,3 37,1 35,4

Pool CCMA sh 52,1 52,4 51,4 52,0

CCMA 557 ch 42,8 48,1 50,2 47,0

CCMA 557 sh 50,3 49,1 56 51,8

CBMAI 602 ch 46,1 45 48,9 46,7

CBMAI 602 sh 51,6 56,7 48,9 52,4

Este experimento foi conduzido utilizando o meio mineral (com ou sem hexadecano) e a

linhagem de E. coli EPI 300 como controles negativos, um pool de linhagens sabidamente produtoras de

biossurfactante, a linhagem CBMAI 557 e a linhagem CBMAI 602 como controles positivos. Após a

análise dos resultados, foi tomada a decisão de montar um experimento em maior dimensão com o

objetivo de: i. analisar a melhor fonte de carbono para estimular a produção de biossurfactante; ii.

otimizar o tempo de produção; iii. analisar as amostras em um equipamento diferente do utilizado nas

análises anteriores e, iv. alterar o meio de cultura, a fim de verificar se há melhora na produção.

Com base nos resultados obtidos por meio deste experimento, foi possível concluir que não

houve diferença significativa nas análises feitas com diferentes tensiômetros. A melhor fonte de

carbono foi o glicerol e, quanto ao tempo de incubação, a redução significativa da tensão superficial foi

constatada a partir de 168 horas. Os resultados estão demonstrados na Tabela 5. Os gráficos abaixo

ilustram mais claramente a redução da tensão superficial utilizando os tensiometros da Krüss (Figura 7)

e Sigma (Figura 8).

Tabela 4. Valores de tensiometria para análise da interferência do hexadecano.

a. Meio Mineral com hexadecano;

b. Meio Mineral sem hexadecano;

c. Meio

Mineral com hexadecano removido fisicamente; d.

ch = Com hexadecano; e.

sh = Sem hexadecano

Page 67: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

47

Equip. Fonte

C. Controle 48 h 72 h 96 h 120 h 144 h 168 h 192 h 216 h

Sigma 701 Hexad.

62,95 48,07 49,83 50,35 53,30 46,67 50,24 50,35 53,21

Krüss K10 61,90 44,27 46,35 49,10 52,20 48,90 50,07 54,27 50,00

Sigma 701 Fenan.

62,85 58,16 55,75 56,37 53,43 55,42 58,40 57,56 56,33

Krüss K10 61,27 51,57 52,63 54,73 52,20 57,03 57,73 57,17 55,70

Sigma 701 Glicerol

58,92 59,51 58,88 60,11 53,34 42,63 43,75 45,38 42,61

Krüss K10 60,37 57,30 57,33 56,17 48,53 50,07 42,80 41,65 40,93

Sigma 701 Glicose

53,28 53,28 54,20 60,48 60,91 47,07 46,52 46,08 54,85

Krüss K10 58,67 58,67 57,67 58,03 56,53 56,57 42,57 53,47 50,40

Figura 7. Gráfico mostrando a redução da tensão superficial utilizando o equipamento Krüss – K10.

Figura 8. Gráfico mostrando a redução da tensão superficial utilizando o equipamento Sigma 701.

Tabela 5. Valores de tensiometria dos ensaios de otimização de tempo e fonte de carbono.

Page 68: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

48

Após a fixação do melhor tempo de produção (a partir 168 h) e a melhor fonte de carbono

(glicerol), o mesmo experimento foi realizado com a E. coli EPI-300 para a sua padronização como

controle negativo e, o mais importante, para verificar se a linhagem hospedeira não produz

biossufactante, o que poderia interferir em análises posteriores. A linhagem foi cultivada nas mesmas

condições descritas anteriormente, e o sobrenadante livre de células foi lido no tensiômetro Krüss –

K10. Para uma melhor margem de análise foram avaliadas amostras com 96 h, 120 h, 144 h e 168 h de

crescimento.

Diante dos resultados apresentados na Tabela 6, foi possível verificar que a linhagem hospedeira

da biblioteca metagenômica, E. coli EPI-300, reduz significativamente a tensão superficial do meio, de

70,3 mN/m para 40,7 mN/m na cultura de 168 h.

Linhagem Tempo

96 h 120 h 144 h 168 h

Replicata

EPI-300

A 58,3 46,0 46,7 43,1

B 53,6 51,1 43,4 41,1

C 49,4 47,6 49,4 38,0

Média 53,8 48,2 46,5 40,7

Tendo em vista que a linhagem hospedeira E. coli EPI-300 possui a capacidade de reduzir a

tensão superficial, então tomamos o valor da tensão superficial desta bactéria como controle negativo

(53,8 mN/m). Além disso, após várias tentativas de padronização do ensaio de tensiometria, foi decidido

que os clones positivos para o ensaio do colapso da gota modificado seriam testados individualmente,

uma vez que existem bactérias com capacidade desemulsificante (Huang el at. 2008, Liu et al. 2011) as

quais poderiam mascarar algum possível resultado positivo. Dos 266 clones analisados, 90 apresentaram

tensão superficial abaixo de 53,8 mN/m, com valores de 47,4 ,47,1, 45,0 e 42,6 mN/m, entretando a

maioria apresentou tensão superficial igual ou superior ao valor da EPI-300. Embora um surfactante

considerado ideal e eficiente seja aquele com valores de tensão superficial menores que 30 mN/m

(Ashby et al. 2008), os resultados obtidos para alguns clones (A6, H5 e F10) foram considerados

satisfatórios, uma vez que se trata de um sistema de expressão heterólogo. Portanto, estes clones que

apresentaram a tensão superficial considerada satisfatória foram selecionados para o sequenciamento

do fosmídeo para a caracterização genética.

Tabela 6. Análise de tensiometria da E. coli linhagem EPI-300

Page 69: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

49

4.3. Screening molecular

Como já descrito, para os ensaios baseados em similaridade de sequência por PCR foram

utilizados três pares de primers. O par srfA/lic (F) e srfA/lic (R) está relacionado à síntese de surfactina

em espécies de Bacillus e os outros dois, que são os pares de primers degenerados rhlR (F)/ rhlR (R) e

kpd1(F)/ kpd2 (R), estão relacionados à síntese de ramnolipídios em Pseudomonas aeruginosa.

Os ensaios de PCR utilizando culturas puras para padronização das condições de reação foram

bem sucedidos, mostrando sinal positivo de amplificação para Bacillus subtilis CBMAI 707, no caso dos

primers sfrA/lic (F)/ sfrA/lic (R) e, para Pseudomonas aeruginosa CBMAI 602, no caso dos pares de

primers kpd1/kpd 2 e rhlR (F)/ rhlR (R) (dados não apresentados). Por outro lado, os ensaios por PCR

com os 57 pools de clones não evidenciaram nenhum sinal positivo de amplificação para quaisquer dos

primers testados.

Há disponível na litetatura uma infinidade de trabalhos relatando a ocorrência de

biossurfactantes em linhagens de Acinetobacter (Navon-Venezia et al. 1995), Gordonia (Franzetti et al.

2009), Serratia (Ferraz et al. 2002), Rhodococcus (Philp et al. 2002), Halomonas (Donio et al. 2013), e

outras bactérias. Entretanto, é possível observar claramente que as pesquisas são focadas em sua

grande maioria em duas espécies apenas, Pseudomonas aeruginosa e Bacillus subtilis, produtores de

ramnolipídios e surfactina, respectivamente. Isso se dá não somente na área de caracterização química

dos compostos produzidos por esses micro-organismos, mas também em relação à caracterização

genética das vias metabólicas. Então, a maior dificuldade inerente ao screening molecular é que não há

na literatura informação disponivel sobre primers ou sondas específicas para genes de biossurfactantes,

diferentemente de enzimas como lipases, esterases e celulases. Em função disto, neste trabalho foi

investigada somente a ocorrência de surfactinas e ramnolipídios. Outro fator que dificulta o screening

molecular é que a vias metabólicas desses compostos são alocadas em grandes operons. Uma vez

clonados, eles podem não estar completos, e a região de anelamento dos primers pode não estar

presente, o que resulta em falsos-negativos.

4.4. Sequenciamento dos fosmídios

O sequenciamento dos fosmídios foi realizado utilizando 314TM Chip conforme descrito no item

3.6. Foram gerados aproximadamente 100 mil leituras de até 200 bases. No Chip foram sequenciados

seis fosmídios, então com uma cobertura de aproximadamente 85 X para cada fosmídio de 40 kb.

Page 70: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

50

4.4.1. Montagem das sequências

Após a montagem dos reads utilizando o programa Velvet, foram obtidos quatro, cinco e seis

contigs para os fosmídios A6, F10 e H5, respectivamente. Como um dos objetivos do trabalho era fazer a

clonagem de possíveis genes envolvidos na síntese de biossurfactante, e considerando que os mesmos

poderiam estar em contigs diferentes, o fechamento das lacunas entre as sequencias (gaps) foi essencial

para a continuidade do trabalho. Como mencionado acima, este procedimento foi realizado pelo

princípio do sequenciamento de primer walking in silico.

Após a remoção manual da sequencia do vetor do fosmídio A6, obtivemos uma sequência com

somente dois contigs. Foi possível observar que o gap formado ocorreu devido a uma sobreposição de

apenas seis pares de base nas sequências (Figura 9). Com o auxílio do programa Python 2.7 e dos dados

brutos derivados do sequenciamento no IonTorrent foi possível afirmar que não era uma sequência

repetida de seis pares de base, uma vez que essa ferramenta fez uma busca nos dados brutos

sequenciados e mostrou que não havia ocorrência de sequências repetidas nessa região do fragmento

de DNA. Ao finalizar a montagem foi obtido um fragmento contíguo de DNA de 24.878 bp.

Figura 9. Esquema de montagem do Fosmídio A6.

Para a montagem do fosmídio F10, o primeiro passo foi identificar os contigs que tinham

fragmentos de vetores. Fazendo a remoção dos mesmos, foram obtidos três contigs para análise. O

primeiro gap fechado foi entre o contig 1 e o contig 4, este também não era um gap e sim uma

sobreposição de 10 bp do contig 1 em posição reversa complementar com o início do contig 4.

Conhecendo as extremidades dos contig 4 e do contig 2, e sabendo que ambos tinham

fragmentos de vetores, foi possível concluir que o contig 1 era uma continuidade do 2. Entretanto, entre

Sobreposição de 6 pb

Page 71: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

51

eles havia um gap que, a princípio, não apresentava um tamanho identificável. Para que esse gap fosse

fechado, o princípio do primer walking foi utilizado. Sequências de 20 bp de ambas as extremidades

foram selecionadas e utilizadas como primer. O programa Python 2.7 foi utilizado para a busca de

sequências que anelassem nesses primers e então foi gerado um arquivo somente com os dados

(sequências) de interesse. Vale ressaltar, que todas as buscas foram realizadas também com os primers

em reverso complemento. Em seguida, todas as sequências foram alinhadas utilizando o programa

Muscle, gerando novamente um arquivo com as sequências alinhadas. Finalmente, esses dados foram

visualizados e analisados no programa BioEdit, o que permitiu identificar o gap formado, e com as

sequências alinhadas, foi possível fechar o gap de 18 bp entre os contigs 1 e 2 (Figura 10). Após a

conclusão, foi obtido um fragmento contíguo de DNA com 43.995 bp. O maior fragmento dentre os três

fosmídios estudados.

A montagem do fosmídio H5 foi iniciada da mesma forma que dos outros fosmídios,

identificando primeiramente os contigs que possuíam fragmentos de vetor. O primeiro gap fechado

estava localizado entre o contig 2 e contig 3. Foi possível observar nesse gap que havia uma sequência

repetida de sete nucleotídeos C no final do contig 2 e sete nucleotídeos C no início do contig 3. Assim

Figura 10. Esquema de montagem do Fosmídio F10.

Sobreposição de 10 pb

Page 72: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

52

sendo, com o alinhamento das sequências no Muscle foi possível observar através do BioEdit que

algumas sequências possuíam seis, sete, oito ou nove nucleotídeos C. Após fazermos uma busca nos

dados brutos do sequenciamento, observamos que a maioria das sequências (75%) era composta de

sete nucleotídeos C, nos permitindo afirmar então que a sequência era composta de sete C. Sugere-se

que o Velvet, ao realizar o assembling, não obteve o k necessário para formar o contig.

O segundo gap fechado estava entre os contigs 1 e 4. O processo realizado foi mais trabalhoso,

uma vez que foi necessária a realização de dois primers walking para identificar a posição do gap em

ambos os contigs e assim identificar a sequência de 41 bp para o fechamento do gap. O contig 5 e o

contig 6 eram relativamente pequenos quando comparados com os demais, sendo de 902 e 349 bp,

respectivamente, supondo que poderiam estar correlacionados de alguma forma, seja por um overlap

ou mesmo por um gap. Então, novamente utilizando o princípio do primer walking, foi possível concluir

que entre os dois contigs havia um gap de 15 bp e ainda o contig 5 estava na posição de reverso

complemento.

Além disso, o fosmídio era composto por três contigs maiores. Uma vez que as extremidades

livres do contig 1 e do contig 2 eram compostas por vetor e eram coesivas, não haveria mais ligação de

fragmento exógeno de DNA no local. Com isso, depois das montagens dos fosmídios anteriores, uma

busca simples por sobreposição foi realizada entre os contigs 4 e 6, e desta forma mais um gap foi

fechado. A sequência do contig 4 estava em posição de reverso complemento com uma sobreposição de

13 bp com o contig 6. Finalmente, com dois grandes contigs a mesma busca simples por sobreposição

foi realizada, foi fechado então o último gap, havendo uma sobreposição de 9 bp entre os contigs 3 e 5.

O processo fica mais claro de ser compreendido através da Figura 11.

Entre todas as etapas de fechamento dos gaps, foram realizadas análises complementares

utilizando o Python 2.7 para confirmação das sobreposições e das sequências obtidas através do

método descrito acima.

Page 73: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

53

Figura 11. Esquema de montagem do Fosmídio H5.

Sobreposição de 13 pb

Sobreposição de 9 pb

Page 74: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

54

4.4.2. Características gerais dos fosmídios

As características gerais dos insertos dos 3 clones fosmidiais estudados estão descritas na Tabela

7.

Tabela 7. Resumo das características gerais dos três fragmentos metagenômicos analisados. Os números à frente

de cada fosmídio referem-se ao valor da tensão superficial analisada pelo médo Du-Nouy. A unidade de medida é

mN/m2

Dados

Fosmídio A6 (47,1) Fosmídio F10 (45,0) Fosmídio H5 (42,6)

N° % de Assembled

N° % de Assembled

N° % de Assembled

N° de sequências 1 100,00% 1 100,00% 1 100,00%

N° de nucleotídios 24.878 100,00% 43.995 100,00% 31.586 100,00%

% GC 16.133 64,85% 26.711 60,71% 20314 64,31%

Genes

Genes de RNA 1 3,45% * * * *

Genes de tRNA 1 3,45% * * * *

Genes de codificam proteínas

28 96,55% 46 100,00% 25 100,00%

Genes com classificação em:

16 55,17% 35 70,09% 18 72,00%

COG 18 62,07% 36 78,26% 17 68,00%

Pfam 21 72,41% 39 84,78% 23 92,00%

KO 10 34,48% 21 45,65% 7 28,00%

Enzyme 4 13,79% 12 20,09% 3 1,00%

MetaCyc 2 6,90% 9 19,17% 2 8,00%

KEGG 3 10,34% 13 28,26% 5 20,00%

COG Clusters 17 0,35% 40 0,82% 20 0,41%

Pfam Clusters 33 0,22% 56 0,38% 42 0,28%

Os produtos dos genes preditos foram divididos em categorias funcionais de acordo com a lista

fornecida pelo agrupamento de grupos ortólogos de proteínas (COGs), conforme descrito na Tabela 8.

Page 75: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

55

Tabela 8. Resumo do número total de ORFs encontradas para cada fosmídio atribuídas em categorias COG

estabelecidas.

Código COG

n° ORF Fosmídio

A6

n° ORF Fosmídio

F10

n° ORF Fosmídio

H5

Categorias funcionais

E 1 3 1 Transporte e metabolismo de aminoácidos

G 1 1 1 Transporte e metabolismo de carboidratos

P 0 5 0 Transporte e metabolismo de íons inorgânicos

I 1 2 0 Transporte e metabolismo de lipídios

F 0 3 0 Transporte e metabolismo de nucleotídeos

U 0 4 0 Tráfico intracelular, secreção e transporte vesicular

V 1 0 0 Mecanismo de defesa

L 1 2 2 Replicação, recombinação e reparo

D 0 2 1 Controle de ciclo celular, divisão celular e divisão cromossômica

M 1 2 0 Biossíntese de parede celular/membrana/envelope

H 0 2 1 Transporte e metabolismo de coenzimas

C 0 1 1 Produção e conversão de energia

R 3 6 14 Predição funcional geral

O 6 0 1 Modificação pós-traducional e chaperonas

T 1 5 2 Mecanismos de transdução de sinal

K 1 4 0 Transcrição

J 0 2 0 Tradução, estrutura ribossomal e biogênise

S 2 3 1 Função desconhecida

Nenhum marcador taxonômico conhecido, como RNA ribossomal 16S, estava presente nas

sequências metagenômicas analisadas. Portanto, a origem taxonômica dos insertos foi predita com o

auxílio do programa IMG/MER, que baseia-se em homologia de sequências que codificam proteínas

disponíveis no BLAST (Markowitz et al. 2012). Os resultados da predição sugeriram que o fragmento

fosmidial A6 pertence ao filo Proteobacteria, o fragmento H5 ao filo Chloroflexi e o fragmento F10 ao filo

Acidobacteria. O fosmídio A6 apresentou uma sequência completa de RNA transportador (tRNA) com 76

bp. Esta sequência foi submetida ao BLASTn, apresentando 95% de similaridade com o micro-organismo

Desulfovibrio alaskensis (n° de acesso CP000112.1), corroborando com a análise do IMG, uma vez que

essa espécie pertence à classe Deltaproteobacteria. As espécies de Desulfovibrio são moderadamente

halofílicas, mesófilas, estritamente anaeróbias e sulfato-redutoras. A conversão de energia para sua

sobrevivência é decorrente da sua habilidade de utilização do sulfato em seu processo metabólico,

fermentando ácidos orgânicos e vivendo em associações sintróficas (Feio et al. 2004; Hauser et al.

2011). No geral, o sedimento de um manguezal é composto por uma fina camada superficial aeróbia e

os sedimentos mais profundos são anaeróbios, sendo nessa segunda camada onde ocorrem os

Page 76: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

56

principais processos de degradação da matéria orgânica. Esse processo se dá devido à presença de

micro-organismos anaeróbios redutores de sulfato (Nedwell et al. 1994). No mangue de Goa, na Índia,

quatro espécies de Desulfovibrio foram isoladas, dentre elas D. desulfuricans, D. aestuarii, D. salexigens

e D. orientalis (Loka-Bharanthi et al. 1991). Os autores relatam que esse gênero bacteriano é

nutricionalmente versátil, pois tem a habilidade de metabolizar uma variedade de compostos simples

incluindo lactato, acetato, propionato, butirato e benzoato. A habilidade de uso de diferentes substratos

no manguezal permite que esses micro-organismos compitam eficientemente por nutrientes no

ambiente (Loka-Bharanthi et al. 1991), embora essa versatilidade esteja presente em outros gêneros de

micro-organismos associados à rizosfera (Bashan & Holguin, 1997). No sedimento do mangue, a

disponibilidade de ferro e fósforo depende da atividade de bactérias sulfato-redutoras. Em condição de

anóxia, o fosfato reage com o oxi-hidróxido, criando um composto insolúvel de FeOOH-PO4. Quando o

sulfato é reduzido pelos micro-organismos sulfato-redutores são formados compostos de sulfatos

solúveis, H2S e HS. Esse sulfato solúvel reage com o ferro, reduzindo Fe3 em Fe2 e produzido pirita (FeS2).

A pirita é o principal produto da redução de sulfato em salinas (Sherman et al. 1998). Os micro-

organismos redutores de sulfato representam os principais decompositores de matéria orgânica no

mangue e desempenham um papel importante na mineralização do enxofre orgânico e na produção de

ferro e fósforo solúveis utilizados por outros organismos associados ao ecossistema do manguezal

(Holguin et al. 2001).

O fragmento fosmidial H5 apresentou sete genes (28%) de similaridade com o filo Chloroflexi.

Esse filo é representado por bactérias filamentosas e é bastante diversificado, incluindo micro-

organismos aeróbicos e anaeróbicos termófilos, filamentosos fototróficos anoxigênicos, e anaeróbicos

com respiração organo-halógena, que utilizam compostos halógenos como aceptores de elétrons. Esse

filo tem sido estimado como comunidade dominante em alguns ambientes marinhos, podendo chegar

até 16% do total da comunidade. Também podem ser encontrados em ambientes salinos mesófilos e

hipersalinos. Entretanto, muitas espécies bacterianas pertencentes ao filo Chloroflexi foram encontradas

nesses ambientes em forma não cultivada, apenas baseado em estudos do gene RNAr 16S. Além disso,

ainda são poucos os estudos de fisiologia desse grupo de micro-organismos (Krzmarzick et al. 2013).

Nas análises realizadas pelo IMG-MER, o fragmento do fosmídio F10 apresentou sete genes

(15,22%) com o filo Acidobacteria, sete (15,22%) com o filo Proteobacteria e 15 sequências não foram

afiliadas a qualquer filo conhecido. Entretanto, na anotação manual realizada pelo BLASTx, 21 genes

foram afiliados ao filo Acidobacteria, sendo que alguns genes tiveram até 83% de similaridade com

Page 77: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

57

Thermoanaerobaculum aquaticum. A maioria dos micro-organismos do filo Acidobacteria não tem

representantes cultivados, entretanto, nos estudos utilizando RNA ribossomal 16S, esse grupo de micro-

organismos tem sido amplamente detectado em uma variedade de ambientes, como solo (Zimmermann

et al. 2005; Chan et al. 2006), águas termais (Barns et al. 1999), pântanos (Juottonen et al. 2005; Dedysh

et al. 2006), esponjas marinhas (Hentschel et al. 2002) e mangue (Andreote et al. 2012). Embora os

micro-organismos do filo Acidobacteria sejam ubíquos e abundantes, o nosso conhecimento sobre este

filo ainda é limitado, uma vez que não existem muitas espécies descritas e caracterizadas.

4.4.3. Anotação dos fosmídios

4.4.3.1. Anotação do fosmídio A6

Após o fechamento dos gaps como descrito acima, os dados foram submetidos para o IMG/

MER. As funções preditas para as 28 ORFs detectadas no fosmídio A6 são descritas na Tabela 9, com

informação referente ao tamanho das regiões codificantes em nucleotídeos e suas referências

relacionadas à base de dados COG. Para 18 ORFs foi possível atribuir funções, enquanto dez ORFs

permaneceram com função desconhecida

Page 78: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

58

Tabela 9. ORFs anotadas do fosmídio A6 proveniente da biblioteca metagenômica de manguezal

Identificação do Gene

Nome do gene Início Final Tamanho (bp) ID COG Função COG

FOSA6_1011 Acetylornithine deacetylase/Succinyl-diaminopimelate desuccinylase and related deacylases

3 1061 1059 COG0624 Acetylornithine deacetylase/Succinyl-diaminopimelate desuccinylase and

related deacylases

FOSA6_10110 hypothetical protein 7136 7687 552 *

FOSA6_10111 Glycine/sarcosine/betaine reductase selenoprotein B (GRDB)

7759 8241 483 *

FOSA6_10112 hypothetical protein 8251 8508 258 *

FOSA6_10113 hypothetical protein 8584 8937 354 *

FOSA6_10114 ABC-type multidrug transport system, ATPase and permease components

9075 10376 1302 COG1132 ABC-type multidrug transport system,

ATPase and permease components

FOSA6_10115 Putative protein-S-isoprenylcysteine methyltransferase

10381 10956 576 COG2020 Putative protein-S-isoprenylcysteine

methyltransferase

FOSA6_10116 hypothetical protein 11324 11695 372 *

FOSA6_10117 hypothetical protein 11727 12425 699 COG0478 RIO-like serine/threonine protein kinase

fused to N-terminal HTH domain

FOSA6_10118 hypothetical protein 12445 13659 1215 COG4717 Uncharacterized conserved protein

FOSA6_10119 hypothetical protein 13887 14294 408

FOSA6_1012 Acetyl-CoA acetyltransferase 1112 1318 207 COG0183 Acetyl-CoA acetyltransferase

FOSA6_10120 hypothetical protein 14321 15148 828 COG4717 Uncharacterized conserved protein

FOSA6_10121 DNA repair exonuclease 15148 16398 1251 COG0420 DNA repair exonuclease

FOSA6_10122 hypothetical protein 16403 17113 711

FOSA6_10123 Hydrogenase maturation factor 17113 18132 1020 COG0309 Hydrogenase maturation factor

FOSA6_10124 Hydrogenase maturation factor 18129 19235 1107 COG0409 Hydrogenase maturation factor

FOSA6_10125 Hydrogenase maturation factor 19232 19459 228 COG0298 Hydrogenase maturation factor

FOSA6_10126 yrdC domain 19628 21838 2211 COG0068 Hydrogenase maturation factor

FOSA6_10127 Ni2+-binding GTPase involved in regulation of expression and maturation of urease and hydrogenase

21985 22656 672 COG0378 Ni2+-binding GTPase involved in

regulation of expression and maturation of urease and hydrogenase

Continuação da Tabela 9.

Page 79: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

59

FOSA6_10128 Zn finger protein HypA/HybF (possibly regulating hydrogenase expression)

22692 23060 369 COG0375 Zn finger protein HypA/HybF (possibly

regulating hydrogenase expression)

FOSA6_10129 Nucleoside-diphosphate-sugar epimerases

23229 24746 1518 COG0451 Nucleoside-diphosphate-sugar epimerases

FOSA6_1013 hypothetical protein 1455 1739 285 *

FOSA6_1015 hypothetical protein 2383 2601 219 COG1664 Integral membrane protein CcmA involved

in cell shape determination

FOSA6_1016 Predicted permease 2675 3829 1155 COG0628 Predicted permease

FOSA6_1017 hypothetical protein 3832 4125 294 *

FOSA6_1018 Predicted Zn-dependent peptidases 4768 6396 1629 COG0612 Predicted Zn-dependent peptidases

FOSA6_1019 hypothetical protein 6973 7173 201 *

Page 80: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

60

A organização das ORFs presentes no inserto fosmidial encontra-se ilustrada na Figura 12.

A próxima etapa do trabalho foi a busca por possíveis genes que codificassem

biossurfactantes. De acordo com a literatura, os biossurfactantes são moléculas basicamente compostas

de lipídios e carboidratos, então as buscas se concentraram primeiramente em genes que codificam

esses tipos de moléculas. Foi identificada uma ORF (FOSA6_1012) que codifica uma enzima no

metabolismo de lipídio, acetil-CoA acetiltransferase, pertencente à família das tiolases (pfam00108).

Analisando a via metabólica de síntese de ácidos graxos através da plataforma KEGG (Figura 13), essa

enzima poderia estar relacionada à produção de biossurfactante, uma vez que pertence à via de 3-oxo-

hexanoil-CoA. Essa molécula já foi descrita no sistema de quorum sensing que está diretamente

relacionado com a regulação de genes envolvidos na produção de biossurfactante em micro-organismos

marinhos (Satpute et al. 2010).

Posteriormente, foi realizada a busca por genes que codificam moléculas de carboidrato,

sendo identificado um gene para nucleosideo-difosfato epimerase pertencente à família epimerase

(pfam01370). Essa enzima é produzida pela espécie de Bacillus subtilis em condição limitante de fosfato.

Ela catalisa a hidrólise de nucleosídeo-difosfato em nucleosídeo, fosfato inorgânico e açúcar (Mauck &

Glaser, 1970). Sendo assim, não há evidência que este gene possa estar envolvido na síntese de

biossurfactante. Nesse fosmídio ainda existem algumas proteínas hipotéticas, sendo possíveis alvos de

clonagem em estudos futuros.

Embora esse não seja o foco do trabalho, não podemos deixar de ressaltar que um cluster

gênico que codifica para hidrogenases foi predito nesse fosmídio. Foram identificados cinco genes da

Figura 12. Representação esquemática do inserto totalmente sequenciado do fosmídio A6 derivado da biblioteca

metagenômica. As diferentes cores indicam as categorias funcionais dos genes codificando proteínas putativas.

Genes relacionados ao transporte e metabolismo de aminoácidos (categoria E); Genes relacionados ao

transporte e metabolismo de lipídios (categoria I); Genes relacionados a bissíntese de parede, membrana e

envelope celular (categoria M); Genes relacionados a predição functional geral (categoria R); Genes

relacionados a mecanismos de defesa (categoria V); Genes relacionados modificação pós-traducional e

chaperonas (categoria O); Genes relacionados a mecanismos de transdução de sinal (categoria T); Genes

relacionados a replicação, recombinação e reparo do DNA (categoria L); Genes relacionados ao metabolismo e

transporte de carboidratos (categoria G); Gene de tRNA; Genes sem classificação.

Page 81: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

61

enzima, e através da ORF FOSA6_10126 foi possível classificá-la dentro da classe das NiFe-hidrogenases.

Entretanto, para a completa maturação das hidrogenases é necessário um complexo que envolve pelo

menos sete proteínas, o qual é conhecido por Hyp. Dentro desse complexo estão as proteínas HypA – F

e uma endopeptidase. Esse conjunto de proteínas direciona a síntese e incorporação do metal (Ni ou Fe)

no centro na enzima, sendo essencial na via metabólica (Mulrooney & Hausinger, 2003). O metabolismo

de hidrogênio tem se mostrado essencial nas espécies de Desulfovibrio (Hauser et al. 2011),

corroborando assim a afiliação filogenética do inserto do fosmídio A6.

Page 82: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

62

Figura 13. Via metabólica de ácidos graxos. A ORF FOSA6_1012 anotada no fosmídio A6, participa em dois processos do metabolismo, os quais estão

evidenciados na cor rosa. (fonte: IMG/MER)

Page 83: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

63

4.4.3.2. Anotação do fosmídio F10

A anotação do fosmídio F10 também foi realizada com a ferramenta IMG/MER. Um total de 46

ORFs foi predito, sendo possível atribuir alguma função para 36 delas. A organização das ORFs presentes

no inserto fosmidial encontra-se ilustrada na Figura 14. As informações referentes ao tamanho das

regiões codificantes em nucleotídeos e suas referências relacionadas à base de dados COG estão

descritas na Tabela 10.

Figura 14. Representação esquemática do inserto totalmente sequenciado do fosmídio F10 derivado da biblioteca

metagenômica. As diferentes cores indicam as categorias funcionais dos genes codificando proteínas putativas.

Genes ralacionados ao transporte e metabolismo de aminoácidos (categoria E); Genes relacionados ao

transporte e metabolismo de nucleotídeos (categoria F); Genes relacionados à predição funcional geral (categoria R);

Genes relacionados ao transporte e metabolismo de íons inorgânicos Genes sem classificação; Genes

relacionados ao metabolismo e transporte de carboidratos (categoria G); Genes relacionados ao transporte e

metabolismo de co-enzimas (categoria H); Genes relacionados ao transporte e metabolismo de lipídios (categoria I);

Genes relacionados a transcrição (categoria K); Genes com função desconhecida (categoria S); ); Genes

relacionados a replicação, recombinação e reparo do DNA (categoria L); Genes relacionados ao tráfico intracelular,

secreção e transporte vesicular (categoria U); Genes relacionados a biossíntese de parede, membrana e envelope

celular (categoria M); Genes relacionados a mecanismos de transdução de sinal (categoria T); Genes

relacionados ao controle de ciclo celular, divisão celular e divisão cromossômica (categoria D).

Page 84: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

64

Tabela 10. ORFs anotadas no fosmídio F10 proveniente da biblioteca metagenômica de manguezal

Identificação do

Gene Nome do Gene Início Final

Tamanho

(bp) COG ID Função COG

FOSF10_10011 hypothetical protein 46 171 126 COG0174 Glutamine synthetase

FOSF10_10012 Cytidylate kinase 236 1042 807 COG1102 Cytidylate kinase

FOSF10_10013 Cytidylate kinase 1524 2951 1428

COG0517;

COG1102;

COG4109

FOG: CBS domain; Cytidylate kinase; Predicted

transcriptional regulator containing CBS domains

FOSF10_10014 Di- and tricarboxylate

transporters 2944 3489 546 COG0471 Di- and tricarboxylate transporters

FOSF10_10015 Di- and tricarboxylate

transporters 3486 4517 1032 COG0471 Di- and tricarboxylate transporters

FOSF10_10016 Carbonic anhydrase 4564 5202 639 COG0288 Carbonic anhydrase

FOSF10_10017 hypothetical protein 5723 6367 645 *

FOSF10_10018 Glycine/serine

hydroxymethyltransferase 6416 7720 1305 COG0112 Glycine/serine hydroxymethyltransferase

FOSF10_10019 Ribose 5-phosphate isomerase

RpiB 7717 8148 432 COG0698 Ribose 5-phosphate isomerase RpiB

FOSF10_100110 dGTP triphosphohydrolase 8159 9493 1335 COG0232 dGTP triphosphohydrolase

FOSF10_100111 Folylpolyglutamate synthase 9490 10536 1047 COG0285 Folylpolyglutamate synthase

FOSF10_100112 hypothetical protein 10678 10821 144 COG0777 Acetyl-CoA carboxylase beta subunit

FOSF10_100113 Acetyl-CoA carboxylase beta

subunit 10842 11477 636 COG0777 Acetyl-CoA carboxylase beta subunit

FOSF10_100114 Tup N-terminal 11594 11821 228 *

FOSF10_100115 Serine/threonine protein kinase 11837 14632 2796

COG0515;

COG0745;

COG0810;

COG3827

Serine/threonine protein kinase; Response regulators

consisting of a CheY-like receiver domain and a

winged-helix DNA-binding domain; Periplasmic protein

TonB, links inner and outer membranes;

Uncharacterized protein conserved in bacteria

FOSF10_100116 Uncharacterized conserved

protein 14834 15583 750 COG0217 Uncharacterized conserved protein

Page 85: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

65

Continuação da Tabela 10.

FOSF10_100117 Holliday junction resolvasome,

endonuclease subunit 15596 16081 486 COG0817 Holliday junction resolvasome, endonuclease subunit

FOSF10_100118 Biopolymer transport proteins 16307 16918 612 COG0811 Biopolymer transport proteins

FOSF10_100119 Biopolymer transport protein 16933 17397 465 COG0848 Biopolymer transport protein

FOSF10_100120 Biopolymer transport protein 17410 17907 498 COG0848 Biopolymer transport protein

FOSF10_100121 Gram-negative bacteria tonB

protein 17919 18641 723 COG0810

Periplasmic protein TonB, links inner and outer

membranes

FOSF10_100122 hypothetical protein 18651 19304 654 *

FOSF10_100123 hypothetical protein 19445 20755 1311 COG3851;

COG4783

Signal transduction histidine kinase, glucose-6-

phosphate specific; Putative Zn-dependent protease,

contains TPR repeats

FOSF10_100124 Cell division protein 20877 21731 855 COG2177 Cell division protein

FOSF10_100125 Predicted ATPase involved in cell

division 21728 22396 669 COG2884 Predicted ATPase involved in cell division

FOSF10_100126 Uncharacterized conserved

protein 22433 23227 795 COG1496 Uncharacterized conserved protein

FOSF10_100127 Predicted Fe-S-cluster redox

enzyme 23215 24246 1032 COG0820 Predicted Fe-S-cluster redox enzyme

FOSF10_100128 hypothetical protein 24262 24624 363 *

FOSF10_100129 Predicted phosphotransferase

related to Ser/Thr protein kinases 24714 25673 960 COG3178

Predicted phosphotransferase related to Ser/Thr

protein kinases

FOSF10_100130 Sec-independent protein

secretion pathway components 25707 25907 201 COG1826

Sec-independent protein secretion pathway

components

FOSF10_100131 FOG: GAF domain 25959 27140 1182 COG2199;

COG2203 FOG: GGDEF domain; FOG: GAF domain

FOSF10_100132 Stress-induced morphogen

(activity unknown) 27215 27499 285 COG0271 Stress-induced morphogen (activity unknown)

FOSF10_100133 Selenocysteine lyase 27519 28724 1206 COG0520 Selenocysteine lyase

FOSF10_100134 Transcriptional regulators 28733 29425 693 COG1802 Transcriptional regulators

FOSF10_100135 hypothetical protein 29516 30634 1119 *

Page 86: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

66

Continuação da Tabela 10.

FOSF10_100136 Cytochrome bd-type quinol

oxidase, subunit 1 30631 32151 1521 COG1271 Cytochrome bd-type quinol oxidase, subunit 1

FOSF10_100137 Fe2+/Zn2+ uptake regulation

proteins 32416 32883 468 COG0735 Fe2+/Zn2+ uptake regulation proteins

FOSF10_100138 Tyrosyl-tRNA synthetase 33119 34354 1236 COG0162 Tyrosyl-tRNA synthetase

FOSF10_100139 hypothetical protein 34462 36372 1911 *

FOSF10_100140 CDP-alcohol

phosphatidyltransferase 36379 37314 936 *

FOSF10_100141 Ferritin-like protein 37412 37927 516 COG1528 Ferritin-like protein

FOSF10_100142

Glutathione synthase/Ribosomal

protein S6 modification enzyme

(glutaminyl transferase)

37934 38800 867 COG0189 Glutathione synthase/Ribosomal protein S6

modification enzyme (glutaminyl transferase)

FOSF10_100143 hypothetical protein 39045 40421 1377 *

FOSF10_100144 Histidine kinase-, DNA gyrase B-,

and HSP90-like ATPase 40424 42613 2190

COG2205;

COG2229;

COG3604

Osmosensitive K+ channel histidine kinase; Predicted

GTPase; Transcriptional regulator containing GAF,

AAA-type ATPase, and DNA binding domains

FOSF10_100145 hypothetical protein 42678 43589 912 *

FOSF10_100146 hypothetical protein 43740 43994 255 *

Page 87: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

67

Conforme descrito para o fosmídio A6, as buscas se concentraram primeiramente em genes

que codificam moléculas de caboidratos e lipídios. O primeiro gene a ser investigado foi o da ORF

FOSF1_10019, ribose-5-fosfato isomerase, pertencente à familia LacAB_rpiB (pfam 02502). Este gene,

particularmente detectado neste fosmídio, está envolvido no metabolismo de pentose fosfato (Figuras

15 e 16). A enzima ribose-5-fosfato isomerase (Rpi, EC 5.3.1.6) é responsável por catalisar a conversão

reversível de aldose fosfato-ribose-5-fosfato (R5P) em metabolismo de pentose fosfato não oxidativo,

também está envolvida no ciclo de Kevin e no processo de fotossíntese (Ishikawa et al. 2002). Sendo

assim, também não há evidência que este gene esteja envolvido na síntese de biossurfactante.

Outras ORFs analisadas foram a FOSF10_10012 e FOSF10_10013. Embora para a primeira ORF

a predição não tenha atribuído nome ao produto gênico (proteína hipotética), foi predita a função de

metabolismo e transporte de lipídios no COG, sendo uma enzima com função de acetil-CoA carboxilase

de sub-unidade beta (pfam01039, pfam07282, pfam13719). A mesma classificação foi dada à ORF

FOSF10_10013. Analisando essa enzima no mapa KEGG, ela está envolvida no metabolismo de

propanoato, em fixação de carbono em procariotos, biossíntese de ácidos gráxos e metabolismo de

tetraciclina. Em todas essas vias a enzima é responsável na conversão de acetil-CoA em metonil-CoA.

Outro conjunto gênico que poderia estar envolvido no transporte de biossurfactante, são as

ORFS FOSF10_100118, FOSF10_100119 e FOSF10_100120, sendo proteínas envolvidas no transporte de

biopolímeros. Entretanto todas essas proteínas são da família ExbB/ExbD, que estão diretamente

envolvidas com a proteína TonB. O sistema multiproteico TonB envolve proteínas da membrana

citoplasmática e proteínas externas à membrana. Ainda não está claro o mecanismo de ação dessas

proteínas, entretanto é sabido que as proteínas TonB, ExbB e ExbD são requeridas no processo de

transporte de energia através da membrana citoplasmática. Em Escherichia coli essas proteínas estão

envolvidas no complexo de sideróforos, no transporte de vitamina B12 e colicinas e (Postle, 2007).

Page 88: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

68

Figura 15. Via metabólica de pentose fosfato. A ORF FOSF1_10019 anotada do fosmídio F10, corresponde à enzima que participa na conversão de D-ribulose

5P em D-ribose 5P e vice-versa, a qual está evidenciada na cor rosa (5.3.1.6). (fonte: IMG/MER)

Page 89: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

69

Figura 16. Via metabólica de fixação de carbono em organismos fotossintéticos. Neste processo A ORF FOSF1_10019 anotada no fosmídio F10, corresponde à

enzima que participa somente na conversão de D-ribose 5P em D-ribulose 5P, a qual está evidenciada na cor rosa (5.3.1.6). (fonte: IMG/MER)

Page 90: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

70

4.4.3.3. Anotação do fosmídio H5

A anotação do fosmídio H5 também foi realizada com a ferramenta IMG/MER. Um total de 25

ORFs foi predito, sendo que foi possível atribuir alguma função para 17 delas. A organização das ORFs

presentes no inserto fosmidial encontra-se ilustrada na Figura 17. As informações referentes ao

tamanho das regiões codificantes em nucleotídeos e suas referências relacionadas à base de dados COG

estão descritas na Tabela 11.

Embora o fosmídio H5 tenha apresentado a melhor redução na tensão superficial, foi

detectado somente uma ORF (FOSH5_100123) relacionada ao metabolismo de carboidrato, classificada

em pfam07690, sendo uma proteína transportadora da superfamília de facilitadores (MFS). Essa classe

de proteínas é responsável pelo transporte secundário de pequenas moléculas através do gradiente

quimiosmótico (Paulsen et al. 1998; Gould et al. 1998). As proteínas MSF foram originalmente descritas

com a função de absorção de açúcar, mas estudos revelaram que também estão envolvidas no sistema

de efluxo de antibióticos, de metabólitos gerados no ciclo de Krebs, na transformação de

organofosforados em fosfato, dentre outras. Esses estudos mostraram que as MFS são mais difundidas

no ambiente do que se imaginava e com as mais diversas funções. Hoje, são conhecidos 17 subgrupos

dessa proteína e mais de 4.900 espécies bacterianas possuem esse sistema de efluxo MSF (Pao et al.

1998). Analisando essa ORF na categoria COG, foi possível observar que é uma proteína envolvida no

efluxo de arabinose (COG2814). Com essas evidências podemos concluir que essa ORF não está

envolvida na síntese ou transporte de algum biossurfactante.

De acordo com a classificação COG, a ORF FOSH5_10017, está relacionada a lipoproteínas

periplasmáticas (COG5633) e na função pfam está relacionada à formação de lipídios (pfam06474).

Figura 17. Representação esquemática do inserto totalmente sequenciado do fosmídio H5 derivado da biblioteca

metagenômica. As diferentes cores indicam as categorias funcionais dos genes codificando proteínas putativas.

Genes relacionados a predição funcional geral (categoria R); Genes relacionados a mecanismos de transdução de

sinal (categoria T); Genes sem classificação; Genes relacionados ao controle de ciclo celular, divisão celular e divisão cromossômica (categoria D); Genes relacionados ao transporte e metabolismo de co-enzimas (categoria H);

Genes relacionados com a produção e conversão de energia (categoria C) e Genes relacionados ao metabolismo e transporte de carboidratos (categoria G).

Page 91: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

71

Entretanto, essa relação não está bem elucidada, não sendo assim possível afirmar se seria um alvo para

clonagem e estudos posteriores ou não.

Page 92: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

72

Tabela 11. ORFs anotadas no fosmídio H5 proveniente da biblioteca metagenômica de manguezal.

Gene ID Nome do gene Início Final Tamanho

(pb) COG ID Função COG

FOSH5_10011 Uncharacterized protein, 4-oxalocrotonate

tautomerase homolog 82 288 207 COG1942

Uncharacterized protein, 4-oxalocrotonate

tautomerase homolog

FOSH5_10012 Putative homoserine kinase type II (protein kinase

fold) 374 1273 900 COG2334

Putative homoserine kinase type II (protein

kinase fold)

FOSH5_10013 hypothetical protein 1529 1972 444 COG3903 Predicted ATPase

FOSH5_10014 hypothetical protein 1920 4052 2133 COG3899 Predicted ATPase

FOSH5_10015 DNA-binding transcriptional activator of the SARP

family 4150 5208 1059

COG3629;

COG3899

DNA-binding transcriptional activator of the

SARP family; Predicted ATPase

FOSH5_10016 hypothetical protein 5397 5693 297 *

FOSH5_10017 MLTD_N 5749 6237 489 COG5633 Predicted periplasmic lipoprotein

FOSH5_10018 hypothetical protein 6275 9883 3609 COG2866;

COG3401

Predicted carboxypeptidase; Fibronectin type

3 domain-containing protein

FOSH5_10019 Predicted ATPase 10033 13767 3735

COG3629;

COG3899;

COG3903

DNA-binding transcriptional activator of the

SARP family; Predicted ATPase; Predicted

ATPase

FOSH5_100110 hypothetical protein 13782 14174 393 *

FOSH5_100111 Thrombospondin type 3 repeat 14452 18294 3843 *

FOSH5_100112 Cysteine protease 18422 20002 1581

COG3087;

COG4870;

COG5513

Cell division protein; Cysteine protease;

Predicted secreted protein

FOSH5_100113 Protein of unknown function (DUF998) 20498 20746 249 *

FOSH5_100114 hypothetical protein 20768 21250 483 *

FOSH5_100115 hypothetical protein 21250 22449 1200 *

FOSH5_100116 Acetyltransferases 22651 23724 1074 COG0456 Acetyltransferases

FOSH5_100117 Predicted esterase of the alpha-beta hydrolase

superfamily 23823 24791 969 COG1752

Predicted esterase of the alpha-beta hydrolase

superfamily

Continuação da Tabela 11.

Page 93: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

73

FOSH5_100118 Conserved protein/domain typically associated

with flavoprotein oxygenases, DIM6/NTAB family 24832 25005 174 COG1853

Conserved protein/domain typically associated

with flavoprotein oxygenases, DIM6/NTAB

family

FOSH5_100119 Methylase involved in ubiquinone/menaquinone

biosynthesis 25054 25716 663 COG2226

Methylase involved in

ubiquinone/menaquinone biosynthesis

FOSH5_100120 NADPH:quinone reductase and related Zn-

dependent oxidoreductases 25713 26747 1035 COG0604

NADPH:quinone reductase and related Zn-

dependent oxidoreductases

FOSH5_100121 SUR7/PalI Family 26785 27297 513 *

FOSH5_100122 Major Facilitator Superfamily 27314 27487 174 *

FOSH5_100123 Major Facilitator Superfamily 27484 28572 1089 COG2814 Arabinose efflux permease

FOSH5_100124 Exopolyphosphatase-related proteins 28585 29595 1011 COG0618 Exopolyphosphatase-related proteins

FOSH5_100125 Phosphotransacetylase 29613 31586 1974 COG0280;

COG0857

Phosphotransacetylase; BioD-like N-terminal

domain of phosphotransacetylase

Page 94: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

74

5. CONCLUSÕES

Embora a metagenômica seja uma ferramenta poderosa para acessar de maneira mais

abrangente a diversidade microbiana total, permitindo a análise de genes funcionais de membros da

microbiota, principalmente de micro-organismos não-cultivados, e a descoberta de novos produtos

naturais, infelizmente não obtivemos sucesso com essa abordagem na busca de biossurfactantes em

sedimentos de manguezal.

Após os obstáculos encontrados em relação à bactéria hospedeira, E. coli EPI-300, e o árduo

trabalho de screening, a perspectiva de que três fosmídios pudessem ter genes de biossurfactantes por

apresentarem redução da tensiometria foi grande. Com o sequenciamento e análise de cada uma das

ORFs dos fosmídios foi possível concluir que as chances de haver gene de biossurfactante nos clones

analisados são mínimas.

A via metabólica de biossurfactante é extremamente complexa, ela é composta por grandes

operons e, em alguns micro-organismos já estudados, outros genes que não fazem parte do operon

regulam a transcrição dos genes. Em Pseudomonas spp. a via de biossurfactante é regulada em duas

regiões diferentes do cromossomo e um complexo sistema de quorum-sensing regula o processo de

transcrição (Reis et al. 2011). Em Bacillus spp. a via de biossurfactante é regulada por um grande

operon, de aproximadamente 25 kb, entretanto, genes regulatórios que não fazem parte desse operon

são essenciais para a produção do biossurfactante (D’Souza et al. 1993). Em Acinetobacter spp. e

Serratia spp., as vias metabólicas não são tão bem elucidadas quanto os gêneros citados acima, mas do

que é conhecido, genes que não fazem parte do operon também são importantes para a produção de

biossurfactantes (Satpute et al. 2010).

Não há duvidas de que a a abordagem metagenômica é uma ferramenta poderosa para acessar

e explorar o potencial metabólico de uma dada microbiota, porém esta deve se mostrar mais profícua

na busca de compostos com vias metabólicas mais simples, que não envolvam genes presentes em

grandes operons ou localizados em outras regiões no cromossomo.

Page 95: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

75

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Amann RI, Ludwig W, Schleifer KH. (1995) Phylogenetic identification and in situ detection of individual microbial

cells without cultivation. Microbiol Rev 59:143-169.

Andreote FD, Jiménez DJ, Chaves D, et al. (2012) The microbiome of Brazilian mandrove sediment as reveled by

metagenomics. PlosOne 7: 1-14.

Ashby RD, Solaiman DKY, Foglia TF. (2008) Property control of sophorolipids: influence of fatty acid substrate and

blending. Biotechnol Lett 30: 1093-1100.

Barns SM, Takala SL, Kuske C R. (1999) Wide distribution and diversity of members of the bacterial kingdom

Acidobacterium in the environment. Appl Environ Microbiol 65:1731-1737.

Bashan Y, Holguin G. (1997). Azospirillum-plant relationships: environmental and physiological advances (1990-

1996). Can J Microbiol 43: 103-121.

Bodour AA, Drees KP, Maier RM. (2003) Distribution of biosurfactant-producing bacteria in undisturbed and

contaminated arid southwestern soils. Appl Environ Microbiol 69: 3280–3287.

Chan OC, Yang XD, Fu Yet al. (2006) 16S rRNA gene analyses of bacterial community structures in the soils of ever

green broad-leaved forests in south-west China. FEMS Microbiol Ecol 58: 247–259.

Dedysh SN, Pankratov TA, Belova SE, et al. (2006) Phylogenetic analysis and in situ identification of Bacteria

community composition in an acidic Sphagnum peat bog. Appl Environ Microbiol 72: 2110–2117.

Dellagnezze BM. (2009) Bioprospecção de genes envolvidos na síntese de biossurfactantes a partir de microbiota

de reservatório de petróleo. Tese (Mestrado em Genética e Biologia Molecular) – Instituto de Biologia,

Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

Donio MBS, Ronica FA, Viji VT, et al. (2013) Halomonas sp. BS4, a biosurfactant producing halophilic bacterium

isolated from solar salt works in India and their biomedical importance. SpringerPlus 2: 1-10.

D’Souza C, Nakano M, Corbel N, et al. (1993) Amino acid site mutations in amino—acid-activating domains of

surfactin synthetase; Effects on surfactin production and competence development in Bacillus subtilis. J

Bacteriol 173:3502-3510.

Feio MJ, Zinkevich V, Beech IB, et al. (2004) Desulfovibrio alaskensis sp. nov., a sulphate-reducing bacterium from a

soured oil reservoir. Int J Syst Evol Micr 54: 1747-1752.

Ferraz C, De Araújo AA, Pastore, GM. (2002) The influence of vegetable oils on biosurfactant production by Serratia

marcescens. In Biotechnology for Fuels and Chemicals 841-847.

Franzetti A, Caredda P, La Colla P, et al. (2009). Cultural factors affecting biosurfactant production by Gordonia sp.

BS29. Int Biodeter Biodegr 63: 943-947.

Gould GW, Walmsley AR, Barrett MP, et al. (1998) Sugar transporters from bacteria, parasites and mammals:

structure-activity relationships. Trends Biochem Sci 23(12): 476-481.

Grokopf R, Stubner S, Liesack W. (1998) Novel Euryarchaeita lineages detected on rice roots and in the

anoxic bulk soil of flooded rice microcosms. Appl Environ Microbiol 64: 960-969.

Hauser LJ, Land ML, Brown SD, et al. (2011). Complete genome sequence and updated annotation of Desulfovibrio

alaskensis G20. J Bacteriol. 193: 4268-4269.

Hentschel U, Hopke J, Horn M, et al. (2002) Molecular evidence for a uniform microbial community in sponges

from different oceans. Appl Environ Microbiol 68: 4431–4440.

Huang XF, Guan W, Liu J, et al. (2010) Characterization and phylogenetic analysis of biodemulsifier-producing

bacteria. Bioresour Technol 101: 317-323.

Holguin G, Vazquez P, Bashan Y. (2001) The role of sediment microorganisms in the productivity, conservation, and

rehabilitation of mangrove ecosystems: an overview. Biol Fertil Soils 33: 265-278

Jain DK, Collins-Thompson HL, Trevors JT. (1991) A drop-collapsing test for screening surfactant-producing

microorganisms. J Microbial Methods 13: 271-279.

Page 96: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

76

Juottonen H, Galand PE, Tuittila E-S, et al. (2005) Methanogen communities and Bacteria along an ecohydrological

gradient in a northern raised bog complex. Environ Microbiol 7: 1547–1557.

Krzmarzick MJ, Crary BB, Harding JJ, et al. (2012). Natural niche for organohalide-respiring Chloroflexi. Appl Environ

Microb 78(2): 393-401.

Loka-Bharathi PA, Oak S, Chandramohan D. (1991) Sulfate-reducing bacteria from mangrove swamps II: Their

ecology and physiology. Oceanol Acta 14: 163-171

Liu L, Huang XF, Lu LJ, et al. (2009) Comparison between waste frying oil and paraffin as carbon source in the

production of biodemulsifier by Dietzia sp. S-JS-1. Bioresour Technol 100: 6481-6487.

Mauckf J, Glaser L. (1971). Periplasmic nucleoside diphosphate sugar hydrolase from Bacillus subtilis. Biochemistry

9(5): 1140-1147.

Markowitz, VM, Chen I-MA., Palaniappan K, et al. (2012) IMG: the integrated microbial genomes database and

comparative analysis system. Nucleic Acids Res 40: D115-D122.

Markowitz VM, Chen IMA, Chu K, et al. (2012) IMG/M: the integrated metagenome data management and

comparative analysis system. Nucleic Acids Res, 40: D123-D129.

McInerney MJ, Knapp RM, Nagle DP, et al. (2005) Development of microorganisms with improved transport and

biosurfactant activity for enhanced oil recovery: annual report. (http://

www.osti.gov/energycitations/servlets/purl/822122-y6TLRl/native/ 822122.) p. 1–111.

Mulrooney SB, Hausinger RP. (2003) Nickel uptake and utilization by microorganisms. FEMS Microbiol Rev 27(2‐3):

239-261.

Navon-Venezia S, Zosim Z, Gottlieb A, et al. (1995) Alasan, a new bioemulsifier fromAcinetobacter radioresistens.

Appl EnvironMicrobiol 61: 3240-3244.

Nedwell DB, Blackburn TH, Wiebe WJ. (1994) Dynamic nature of the turnover of organic carbon, nitrogen and

sulphur in the sediments of a Jamaican mangrove forest. Mar Ecol Prog Ser. 110: 223–231

Neria-Gonzáles I, Wang ET, Ramírez F, et al. (2006) Characterization of bacterial community associated to biofilms

of corroded oil pipelines from southeast of Mexico. Anaerobe 12: 122-133.

Paulsen IT, Pao SS, Saier Jr MH. (1998) Major Facilitator Superfamily. Microbiol Mol Biol Rev 62(1): 1-34.

Philp J, Kuyukina M, Ivshina I, et al. (2002). Alkanotrophic Rhodococcus ruber as a biosurfactant producer. Appl

Microbiol Biotech 59: 318-324.

Plaza G, Zjawiony I, Banat I. (2006) Use of different methods for detection of thermophilic biosurfactant-producing

bacteria from hydrocarbon-contaminated bioremediated soils. J Petro Science Eng 50: 71-77.

Porteous LA, Armstrong L. (1991). Recovery of bulk DNA from soil by a rapid, small-scale extraction method. Curr

Microbiol 22: 345–348.

Postle K. (2007) TonB System, in vivo assays and characterization. In: Methods in Enzymology 42: 245-269.

Quevillon E, Silventoinen V, Pillai S, et al. (2005). InterProScan: protein domains identifier. Nucleic Acids Res

33(suppl 2): W116-W120.

Reis RS, Pereira AG, Neves BC, et al. (2011) Gene regulation of rhamnolipid production in Pseudomonas aeruginosa

- A review. Bioresource technol 102:6377-6384.

Rondon MR, August PR, Bettermann AD, et al. (2000) Cloning the soil metagenome: a strategy for accessing the

genetic and functional diversity of uncultured microorganisms. Appl Environ Microbiol 66: 2541-2547.

Sambrook J, Fritsch EF, Maniatis T. (1989) Molecular Cloning. A Laboratory Manual, 2nd edition. Cold Spring Harbor

Laboratory Press, New York.

Satpute SK, Banat IM, Dhakephalkar PK, et al. (2010) Biosurfactants, bioemulsifiers and exopolysaccharides from

marine microorganisms. Biotechnol Adv 28(4): 436–450.

Sherman RE, Fahey TJ, Howarth RW. (1998) Soil-plant interactions in a neotropical mangrove forest: iron,

phosphorus and sulfur dynamics. Oecologia 115: 553-563.

Page 97: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

77

Smalla K, Cresswell N, Mendonca-Hagler LC, et al. (1993). Rapid DNA extraction protocol from soil for polymerase

chain reaction-mediated amplification. J Appl Bacteriol 74: 78-85.

Sommer MO, Church GM, Dantas G. (2010). A functional metagenomic approach for expanding the synthetic

biology toolbox for biomass conversion. Molr Syst Biol 6: (1).

Tebbe CC, Vahjen W. (1993). Interference of humic acids and DNA extracted directly from soil in detection and

transformation of recombinant DNA from bacteria and yeast. Appl Environ Microbiol 59: 2657–2665.

Tsai YL., Olson BH. (1992). Rapid method for separation of bacterial DNA from humic substances in Sediments for

polymerase chain reaction. Appl Environ Microbiol 58:2292–2295.

Tugrul T, Cansunar E. (2005) Detecting surfactant-producing microorganisms by the drop-collapse test. World J

Microbiol Biotechnol 21: 851-853.

Youssef N, Duncan K, Nagle D, et al. (2004) Comparison of method to detect biosurfactant production by diverse

microorganisms. J Microbiol Methods 56: 339-347.

Walter V, Syldatk C, Housmann, R. (2010) Screening concepts for the isolation of biosurfactants producing

microorganisms. In: Biosurfactans. (Eds) Sen R. – New York: EDITORA SPRINGER SCIENCE, v. 672, pp.1-13.

Capítulo 1.

Zerbino DR, Birney, E. 2008. Velvet: Algorithms for de novo short read assembly using de Bruijn graphs. Genome

Research. 18: 821-829.

Zimmermann J, Gonzalez JM, Saiz-Jiminez C, et al. (2005) Detection and phylogenetic relationships of highly diverse uncultured acidobacterial communities in Altamira Cave using 23S rRNA sequence analyses. Geomicrobiol J 22: 379–388.

Page 98: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

78

Page 99: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

79

CAPÍTULO 2 Planejamento experimental e otimização da produção de

biossurfactantes nas linhagens Gordonia sp. CCMA-559 e Bacillus

safensis CCMA-560 isoladas de manguezal contaminado com petróleo

Page 100: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

80

1. INTRODUÇÃO

Muitos micro-organismos procariotos e eucariotos sintetizam uma variedade de moléculas

anfifílicas com diferentes estruturas químicas. Esses compostos podem ser extracelulares ou ligados à

membrana da célula. Neu (1996) separou os compostos ativos em superfície (CASs) em dois grupos: os

CASs de baixo peso molecular, também chamados de biossurfactantes, e os de alto peso molecular, que

compreendem os polissacarídeos, proteínas, lipopolissacarídios, lipoproteínas ou uma mistura complexa

de biopolímeros. Como principais características, os CASs de baixo peso molecular são eficientes na

redução da tensão superficial e os CASs de alto peso molecular são bons estabilizadores de emulsão

(água-óleo), sendo também chamados de bioemulsificantes (Ron & Rosenberg, 2002).

Atualmente os biossurfactantes/bioemulsificantes tem ganho importância em aplicações de

MEOR (Microbial Enhanced Oil Recovery), biorremediação, indústrias de alimentos e indústrias

farmacêuticas devido às suas propriedades, como alta biodegradabilidade, baixa toxicidade, e estável

em condições extremas de pH, temperatura e salinidade. Entretanto, a produção em larga-escala desses

compostos ainda não é viável em função do baixo rendimento de produção e o alto custo de

recuperação e purificação do composto. Neste sentido, algumas alternativas têm sido adotadas para

tornar o processo mais economicamente atrativo, isto inclui o uso de matéria prima mais barata,

otimização no processo de produção, obtenção e purificação e desenvolvimento de cepas mutantes e

recombinantes.

A seleção de variáveis que interferem significativamente sobre a atividade de produção de

biossurfactantes pode ser feita variando-se um fator por vez ou através de métodos estatísticos. O

primeiro método é o procedimento experimental mais difundido e usual, e envolve o estudo de uma

variável por vez, “one-at-a-time”, no qual é avaliada uma das variáveis estudadas em diferentes

condições e as demais são fixadas. Este método negligencia possíveis interações entre os fatores por

não explorar completamente o espaço experimental. Além disso, experimentos com todas as

combinações de variáveis são praticamente impossíveis de reproduzir, levando em consideração,

principalmente, o número de ensaios. Tais limitações podem ser eliminadas empregando-se

planejamentos experimentais estatísticos que usam um número menor de medidas e exploram todo o

espaço experimental (Montgomery, 2007).

Inicialmente, quando se conhece pouco do processo, o ideal é utilizar metodologias de triagem

das condições de cultivo, entre elas o planejamento fatorial fracionado e o planejamento do tipo

Plackett - Burman (P&B), que promove a seleção de variáveis com foco na redução do número de

Page 101: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

81

ensaios (Rodrigues & Iemma 2009). Nesta primeira triagem, recomenda-se avaliar o resultado e estimar

os efeitos principais de acordo com um modelo linear, e as variáveis que exibirem maior influência no

processo são selecionadas para novos estudos e otimização. Nesta segunda fase, a mais bem sucedida

técnica usada para análise e otimização das variáveis de um processo é conhecida por Delineamento

Composto Central Rotacional (DCCR), que possibilita a avaliação dos efeitos de cada variável

individualmente e de suas interações sobre uma dada resposta. Ao final, a metodologia de superfície de

resposta pode ser empregada para obtenção de um modelo teórico e dedução das condições otimizadas

(Rodrigues & Iemma, 2009). O planejamento estatístico de experimentos implica grande economia de

tempo e custos devido à diminuição considerável do número de ensaios necessários ao estudo de um

processo influenciado por diversas variáveis.

Neste contexto, a proposta desse capítulo foi a otimização do processo de produção de

biossurfactantes utilizando a metogologia de planejamento experimental.

2. OBJETIVOS

Avaliar a produção de biossurfactante das linhagens selecionadas;

Selecionar as variáveis que interferem na produção de biossurfactante através do planejamento

experimental do tipo Plackett–Burman;

Otimizar a produção do biossurfactante por meio do Delineamento Composto Central

Rotacional – DCCR (software STATISTICA 7.0);

Realizar o estudo cinético do processo otimizado de produção de biossurfactante.

Page 102: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

82

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Linhagens bacterianas

As sete bactérias utilizadas neste estudo (Tabela 1) foram isoladas de sedimentos de manguezais

contaminados com petróleo, localizados em Bertioga, no âmbito do Projeto Temático “Biodiversidade e

Atividades Funcionais de Microrganismos de Manguezais do Estado de São Paulo” (Processo FAPESP n°

04/13910-6), coordenado pelo Dr. Itamar Soares de Melo. Estas bactérias são sabidamente produtoras

de biossurfactante e fazem parte do acervo de pesquisa da Coleção de Micro-organismos de

Importância Agrícola e Ambiental da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP).

Linhagem Identificação Preliminar Fonte de isolamento Referência

CCMA-553 Sphingomomas paucimobilis

Sedimento de

manguezal

contaminado com

petróleo

Reyes, 2009

CCMA-557 Nocardia brasiliensis

CCMA-558 Pseudomonas mendocina

CCMA-559 Gordonia rubripertincata

CCMA-560 Sem identificação

CCMA-561 Achromobacter xylosoxidans

CCMA-580 Pseudomonas stutzeri

3.2. Teste de emulsificação

Foi realizado o pré-inóculo em meio Caldo Nutriente e as culturas foram incubadas a 30° C por

24 horas sob agitação contínua de 150 rpm. Posteriomente, uma alíquota de 10 % (v/v) com

absorbância ajustada para DO600 = 0,150 ± 0,030 foi utilizada como inóculo nos ensaios em meio mineral

(5 g extrato de levedura; 1 g (NH4)2SO4; 6 g Na2HPO4; 3 g KH2PO4; 2,7 g NaCl; 0,6 g MgSO4 ∙7H2O, 1000

mL água destilada). Ao meio pronto foi adicionado 0,1 % (v/v) de solução de micronutrientes [10,95 g

ZnSO4∙ 7H2O; 5 g FeSO4∙ 7H2O; 1,54 g MnSO4∙ 7H2O; 0,39 g CuSO4∙ 5H2O; 0,25 g Co(NO3)2 6H2O; 0,17 g

Na2B4O7 10H2O]) acrescido de 1% de glicose, seguido de incubação a 30° C por 96 horas sob agitação

contínua de 150 rpm. As linhagens CBMAI 602 e CBMAI 707 foram utilizadas como controles biológicos

positivos, o Tween 80 como controle químico positivo, e como controle negativo foram utilizados o meio

de cultura sem inóculo e água.

Em um tubo de ensaio com rosca (10 x 130 mm) foram adicionados 1 mL do sobrenadante da

cultura livre de células e 1 mL de querosene. A solução foi homogeneizada vigorosamente em vórtex por

2 minutos e deixada em repouso por 24 horas à temperatura ambiente. Para avaliar a atividade

Tabela 1. Linhagens utilizadas neste trabalho

Page 103: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

83

emulsificante, a altura da mistura foi mensurada bem como a altura da emulsão formada na interface.

Os valores foram aplicados na fórmula (Pruthi & Cameotra, 1997):

E24 =

3.3. Avaliação da produção de biossurfactantes

As duas linhagens bacterianas, CCMA-559 (Gordonia sp.) e CCMA-560 (Bacillus safensis), foram

reativadas em meio Ágar Nutriente e incubadas por 24 horas a 30°C. Posteriormente, uma única colônia

foi inoculada em meio Caldo Nutriente e incubada novamente por 24 horas a 30°C. Após o crescimento,

a cultura foi centrifugada e uma alíquota de 10 % (v/v) com absorbância ajustada para DO600 = 0,150 ±

0,030 foi utilizada como inóculo nos ensaios determinados com base no planejamento experimental.

3.3.1. Seleção de variáveis utilizando o planejamento experimental do tipo Plackett–Burman (P&B) no

processo de produção de biossurfactantes

Inicialmente foi realizado um planejamento Plackett-Burman para avaliação de 12 variáveis

(Tabela 2). Todas as diferentes variáveis foram preparadas em dois níveis, designados como -1 para o

inferior e +1 para o superior. Três ensaios no ponto central foram acrescentados à matriz para a

determinação do erro padrão durante a análise dos resultados.

Page 104: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

84

As bactérias foram inoculadas em 50 mL de meio de cultura em frascos Erlenmeyer de 125 mL e

incubadas a 30° C por 96 horas sob agitação contínua de 150 rpm. O pH do meio de cultura foi ajustado

para 7,0 antes de autoclavar. A composição do meio de cultura bem como as concentrações neste

primeiro P&B para a produção de biossurfactante está descrita na Tabela 3. Em todos os frascos, foi

adicionado 0,01% de solução de elementos traços (0,625 g EDTA; 2,74 g ZnSO4; 1,25 g FeSO4.7H2O; 0,385

g MnSO4.7H2O; 0,098 g CuSO4.5H2O; 0,044g Na2B4O7.10H2O).

Tabela 2. Matriz do planejamento experimental Plackett-Burman com 12 variáveis. Variáveis reais e variáveis

codificadas (-1, 0 e +1).

Nº Exp. F1

(%)

F2

(%)

F3

(%)

F4

(%)

F5

(%)

F6

(%)

F7

(g/L)

F8

(g/L)

F9

(g/L)

F10

(g/L)

F11

(g/L)

F12

(%)

1 1(+1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 1(+1) 0(-1) 0(-1) 5(+1) 5(+1) 0(-1) 2(+1) 0(-1)

2 1(+1) 1(+1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 5(+)1 0(-1) 0(-1) 5(+1) 2(+1) 0(-1) 3(+1)

3 1(+1) 1(+1) 1(+1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 5(+1) 0(-1) 0(-1) 2(+1) 2(+1) 0(-1)

4 1(+1) 1(+1) 1(+1) 1(+1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 5(+1) 0(-1) 0(-1) 2(+1) 3(+1)

5 0(-1) 1(+1) 1(+1) 1(+1) 1(+1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 5(+1) 0(-1) 0(-1) 3(+1)

6 1(+1) 0(-1) 1(+1) 1(+1) 1(+1) 5(+1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 2(+1) 0(-1) 0(-1)

7 0(-1) 1(+1) 0(-1) 1(+1) 1(+1) 5(+1) 5(+1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 2(+1) 0(-1)

8 1(+1) 0(-1) 1(+1) 0(-1) 1(+1) 5(+1) 5(+1) 5(+1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 3(+1)

9 1(+1) 1(+1) 0(-1) 1(+1) 0(-1) 5(+1) 5(+1) 5(+1) 5(+1) 0(-1) 0(-1) 0(-1)

10 0(-1) 1(+1) 1(+1) 0(-1) 1(+1) 0(-1) 5(+1) 5(+1) 5(+1) 2(+1) 0(-1) 0(-1)

11 0(-1) 0(-1) 1(+1) 1(+1) 0(-1) 5(+1) 0(-1) 5(+1) 5(+1) 2(+1) 2(+1) 0(-1)

12 1(+1) 0(-1) 0(-1) 1(+1) 1(+1) 0(-1) 5(+1) 0(-1) 5(+1) 2(+1) 2(+1) 3(+1)

13 0(-1) 1(+1) 0(-1) 0(-1) 1(+1) 5(+1) 0(-1) 5(+1) 0(-1) 2(+1) 2(+1) 3(+1)

14 0(-1) 0(-1) 1(+1) 0(-1) 0(-1) 5(+1) 5(+1) 0(-1) 5(+1) 0(-1) 2(+1) 3(+1)

15 0(-1) 0(-1) 0(-1) 1(+1) 0(-1) 0(-1) 5(+1) 5(+1) 0(-1) 2(+1) 0(-1) 3(+1)

16 0(-1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 0(-1) 0(-1)

17(C) 0,5(0) 0,5(0) 0,5(0) 0,5(0) 0,5(0) 2,5(0) 2,5(0) 2,5(0) 2,5(0) 1(0) 1(0) 1,5(0)

18 (C) 0,5(0) 0,5(0) 0,5(0) 0,5(0) 0,5(0) 2,5(0) 2,5(0) 2,5(0) 2,5(0) 1(0) 1(0) 1,5(0)

19 (C) 0,5(0) 0,5(0) 0,5(0) 0,5(0) 0,5(0) 2,5(0) 2,5(0) 2,5(0) 2,5(0) 1(0) 1(0) 1,5(0)

Page 105: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

85

Tabela 3. Componentes do meio de cultura utilizados nos experimentos de Plackett-Burman e suas determinadas concentrações

Variáveis Constituintes do

meio Unidade -1 0 +1

F1 Sacarose % 0 0,5 1

F2 Hexadecano % 0 0,5 1

F3 Glicerol % 0 0,5 1

F4 Óleo de soja % 0 0,5 1

F5 Glicose % 0 0,5 1

F6 Uréia g/L 0 2,5 5

F7 (NH4)2SO4 g/L 0 2,5 5

F8 Peptona g/L 0 2,5 5

F9 Ex. levedura g/L 0 2,5 5

F10 K2HPO4 g/L 0 1 2

F11 KHHPO4 g/L 0 1 2

F12 NaCl % 0 1,5 3

Na primeira triagem foi utilizada a redução da tensão superficial (tensiometria) como resposta.

Para tal, foi analisada a tensão superficial do sobrenadante livre de células pelo método Du-Noi em

tensiômetro K-20 EasyDine – Krüss. Os resultados foram analisados pelo software STATISTICA 8. O nível

de significância de 10% (p <0,1) foi considerado para as variáveis que tiveram influência significativa na

redução da tensão superficial.

3.4. Otimização da produção de biossurfactante por meio do planejamento experimental do tipo

DCCR

Após o planejamento P&B, as variáveis significativas foram selecionadas e utilizadas no

Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR), visando a otimização da produção de

biossurfactante. Estes experimentos foram realizados para obter um modelo de segunda ordem, que

poderá prever, ao final dos estudos, o melhoramento da produção de biossurfactante em função das

diferentes variáveis estudadas. Todos os experimentos foram realizados em um estudo randomizado, e

as distâncias dos pontos axiais foram calculadas pela equação:

α = (22)¼ ou α = (23)¼,

onde α é a distância dos pontos axiais e n o número de variáveis independentes.

Page 106: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

86

Os dados foram tratados com o auxílio do software STATISTICA 8 (2325 13th Street Oriente,

Tulsa, OK, 74 104, EUA). A qualidade do ajuste da equação do modelo foi expressa pelo coeficiente de

determinação R2, e sua significância estatística foi determinada pelo teste F (análise de variância -

ANOVA). De acordo com os resultados do P&B, estratégias diferentes foram empregadas para cada

isolado.

3.4.1. Bacillus safensis CCMA-560

Com base nos efeitos do P&B, foi realizado um delineamento composto central rotacional

(DCCR) 23 com 3 repetições no ponto central capaz de avaliar o efeito de três variáveis sobre as

respostas (Tabela 3). Neste experimento foi estudada a influência dos fatores: concentração de peptona,

extrato de levedura e óleo de soja (Tabela 4). O inóculo inicial de cada ensaio foi realizado de acordo

com o item 2.3, sendo as demais condições de cultivo fixadas a 30° C, 96 horas e 150 rpm. Os fatores

hexadecano, glicerol, glicose e uréia foram eliminados, pois os níveis -1 estudados foi de 0 g/L. Os

demais elementos, bem como a sacarose, (NH4)2SO4, K2HPO4, KH2PO4 e NaCl foram fixados no ponto

central.

Tabela 4. Matriz com as variáveis reais e codificadas do DCCR.

ENSAIOS Óleo de soja

(%)

Peptona

(g/L)

Ex. Levedura

(g/L)

1 1,2 (-1) 5,2 (-1) 5,2 (-1)

2 1,79 (1) 5,2 (-1) 5,2 (-1)

3 1,2 (-1) 5,79 (1) 5,2 (-1)

4 1,79 (1) 5,79 (1) 5,2 (-1)

5 1,2 (-1) 5,79 (1) 5,79 (1)

6 1,79 (1) 5,2 (-1) 5,79 (1)

7 1,2 (-1) 5,79 (1) 5,79 (1)

8 1,79 (1) 5,79 (1) 5,5 (1)

9 1 (-1,68) 5,5 (0) 5,5 (0)

10 2 (1,68) 5,5 (0) 5,5 (0)

11 1,5 (0) 5 (-1,68) 5,5 (0)

12 1,5 (0) 6 (1,68) 5,5 (0)

13 1,5 (0) 5,5 (0) 5 (-1,68)

14 1,5 (0) 5,5 (0) 6 (1,68)

15 1,5 (0) 5,5 (0) 5,5 (0)

16 1,5 (0) 5,5 (0) 5,5 (0)

17 1,5 (0) 5,5 (0) 5,5 (0)

Page 107: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

87

Para avaliação da melhor resposta a ser usada na a análise do DCCR, foi realizada a quantificação

do extrato bruto, bem como a tensiometria e o teste E24 (item 3.2 deste capítulo). A tensiometria

sabidamente não seria a melhor resposta para análise, uma vez que quando chega ao ponto de

saturação não é possível mais identificar se houve ou não maior produção de biossurfactante. Desta

forma, a quantificação do extrato bruto e o teste E24 foram selecionados para analisar as respostas.

Obtenção do extrato bruto. O procedimento para a obtenção do extrato bruto foi realizado de acordo

com Mnif et al. (2012), com modificações. Uma alíquota de 25 mL do sobrenadante livre de células foi

acidificada utilizando HCl 6 N e incubada a 4°C por 24 horas. Após esse período, as amostras foram

filtradas em papel filtro e secas a 80°C por 2 horas. A massa do extrato bruto foi calculada pela diferença

entre o peso seco total e o peso seco do papel de filtro.

3.4.2. Validação e cinética

Com base na análise do DCCR foram derivadas as condições para a validação da produção de

biossurfactante. Apesar dos experimentos não resultarem em condições estatisticamente significativas

para a avaliação em nível de otimização (gráfico de superfície de resposta e curva de contorno), o

resultado encontrado foi significante do ponto de vista da redução da tensão superficial, e o

experimento foi validado com os dois ensaios que apresentaram maior significância nas análises

matemáticas, ensaios 10 e 14 (Tabela 2.3). A validação foi realizada em triplicata seguindo as condições:

0,5% sacarose, 2% óleo de soja, 5 g/L (NH4)2SO4, 2 g/L K2HPO4, 1 g/L KH2PO4, 5,5% peptona, 5,5% extrato

de levedura e 3% NaCl, e a bactéria foi crescida em Erlenmeyer de 125 mL a 30 °C por 96 horas sob

agitação contínua de 150 rpm. Para a avaliação da resposta foram utilizados a tensiometria e o teste

E24.

A cinética foi utilizada para otimizar o melhor tempo de produção do biossurfactante. Para tal,

os ensaios 10 e 14 foram reproduzidos em triplicatas e incubados por 24, 48, 72, 96 e 120 horas. Após

esse período, os frascos foram sacrificados e o teste de emulsificação E24 e a tensiometria foram

avaliados como resposta para a cinética.

Page 108: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

88

3.4.3. Gordonia sp. CCMA-559

De acordo com os efeitos observados no planejamento P&B, foi realizado um delineamento

composto central rotacional (DCCR) 23 com 3 repetições no ponto central capaz de avaliar o efeito de

três variáveis sobre as respostas (Tabela 5). Neste experimento foi estudada a influência dos fatores

concentração de hexadecano, óleo de soja e peptona (Tabela 6). O inóculo inicial de cada ensaio foi

realizado de acordo com o item 3.3, sendo as demais condições de cultivo fixadas a 30° C, 96 horas, 150

rpm. Os fatores sacarose, glicerol, uréia, (NH4)2SO4 e KH2PO4 foram eliminados, pois os níveis -1

estudados foram de 0 g/L. Os demais elementos, bem como a glicose, extrato de levedura, K2HPO4, e

NaCl foram fixados.

Tabela 5. Matriz com as variáveis reais e codificadas do DCCR (23).

ENSAIOS Hexadecano

(%)

Óleo de soja

(%) Peptona (g/L)

1 1,2 (-1) 1,2 (-1) 5,2 (-1)

2 1,79 (1) 1,2 (-1) 5,2 (-1)

3 1,2 (-1) 1,79 (1) 5,2 (-1)

4 1,79 (1) 1,79 (1) 5,2 (-1)

5 1,2 (-1) 1,79 (1) 5,79 (1)

6 1,79 (1) 1,2 (-1) 5,79 (1)

7 1,2 (-1) 1,2 (1) 5,79 (1)

8 1,79 (1) 1,79 (1) 5,79 (1)

9 1 (-1,68) 1,5 (0) 5,5 (0)

10 2 (1,68) 1,5 (0) 5,5 (0)

11 1,5 (0) 1 (-1,68) 5,5 (0)

12 1,5 (0) 2 (1,68) 5,5 (0)

13 1,5 (0) 1,5 (0) 5 (-1,68)

14 1,5 (0) 1,5 (0) 6 (1,68)

15 1,5 (0) 1,5 (0) 5,5 (0)

16 1,5 (0) 1,5 (0) 5,5 (0)

17 1,5 (0) 1,5 (0) 5,5 (0)

Para avaliação da resposta do DCCR, foi realizado o teste de espalhamento do óleo, bem como a

tensiometria e o teste E24 com hexadecano, óleo diesel e querosene.

Page 109: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

89

Teste de espalhamento do óleo. O método de espalhamento do óleo foi realizado de acordo com

Youssef et al. (2004). Em uma placa de Petri (150 x 30 mm) foram adicionados 100 mL de água

deionizada e 30 μL de petróleo bruto foram depositados na superfície da água de modo a formar uma

fina película de óleo. Uma gota de 10 μL do sobrenadante da cultura livre de células foi cuidadosamente

depositada sobre a película de óleo. Para verificar a atividade do biossurfactante foi realizada a medida

do diâmetro do halo claro formado no filme de óleo. Ainda não há disponível surfactante comercial

produzido por espécies de Gordonia para que seja feita a curva padrão e o cálculo da concentração.

Entretanto, o teste se mostrou bastante eficiente para essa análise.

Embora alcançando resultados satisfatórios com o DCCR 23, não foi possível gerar o gráfico de

superfície. Então, um novo planejamento do tipo DCCR 22 com três repetições no ponto central foi

realizado a fim de avaliar o efeito de duas variáveis, o hexadecano e a peptona (Tabela 6). O óleo de soja

foi fixado na menor concentração (1%), e a glicose, extrato de levedura, K2HPO4, e NaCl foram mantidas.

Tabela 6. Matriz com as variáveis reais e codificadas do DCCR (22)

ENSAIOS Hexadecano (%)

Peptona (g/L)

1 1,65 (-1) 5,65 (-1)

2 2,35 (1) 5,65 (-1)

3 1,65 (-1) 6,35 (1)

4 2,35 (1) 6,35 (1)

5 1,5 (-1,41) 6 (0)

6 2,5 (1,41) 6 (0)

7 2 (0) 5,5 (-1,41)

8 2 (0) 6,5 (1,41)

9 2 (0) 6 (0)

10 2 (0) 6 (0)

11 2 (0) 6 (0)

3.4.4. Validação e cinética

Com base na superfície de resposta foram derivadas as condições para a validação da produção

de biossurfactante pela linhagem de Gordonia sp. CCMA-559. Foi realizado o inóculo conforme descrito

no item 3.3 em Erlenmeyer de 125 mL contendo 50 ml do meio líquido preparado com 2,5% de

hexadecano, 6 g/L de peptona, 1% de óleo de soja, 0,5% de glicose, 0,5% de extrato de levedura, 2 g/L

de K2HPO4 e 3% de NaCl, ao meio pronto foi acrescentado 0,01% de elemento traço. Todos os ensaios

foram realizados em triplicatas e o ensaio E24 foi utilizado como resposta.

Page 110: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

90

A cinética foi utilizada concomitantemente ao ensaio de validação com o objetivo de avaliar o

melhor tempo de produção do biossurfactante. Para tal, os ensaios foram incubados por 24, 48, 72, 96 e

120 horas. Após esse período, os frascos foram sacrificados.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Teste de Emulsificação

Das sete linhagens analisadas neste estudo, duas apresentaram melhores resultados, a CCMA-

560 e a CCMA-559, com 30 e 35% de emulsificação, respectivamente. Embora as linhagens testadas

tenham apresentado valores abaixo de 50%, que indica boa atividade, houve uma alteração bem visível

na interface entre o sobrenadante da linhagem e o querosene. Uma emulsão esbranquiçada e micro-

bolhas puderam ser observadas (Figura 1), diferente do controle negativo (água), sugerindo a atividade

emulsificante.

(A) (B) (C)

(D) (E) (F)

(G)

a b c a b c a b c

a b c a b c a b c

a b c

(A) (B) (C)

Figura 1. Teste de emulsificação das linhagens isoladas de mangue. Os itens (a), (b) e (c) são representados

pelo controle negativo (água), controle positivo (Tween 80) e a linhagens em estudo, respectivamente. (A)

CCMA 560; (B) CCMA 580; (C) CCMA 561; (D) CCMA 559; (E) CCMA 556; (F) CCMA 553 e (G) CCMA 557.

Page 111: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

91

4.2. Avaliação da produção de biossurfactante

4.2.1. Planejamento do tipo Plackett-Burman (P&B)

Visando obter os melhores resultados para a produção de biossurfactantes, a avaliação das

condições fisico-químicas do processo pode ser considerada como um fator relevante. Neste sentido, o

uso de abordagens estatísticas tem sido amplamente empregado. Assim, o objetivo desta etapa foi a

seleção de componentes do meio de cultura com efeito positivo sobre a produção de biossurfactante

pelos isolados, verificada através dos valores de tensiometria. A estratégia utilizada foi um

planejamento experimental do tipo Plackett-Burman, recomendada quando se deseja avaliar um grande

número de fatores através de uma triagem experimental com foco na redução do número de ensaios

(Rodrigues & Iemma, 2005).

Foram avaliadas inicialmente 12 variáveis, dentre elas cinco fontes de carbono (sacarose, glicose,

glicerol, óleo de soja e hexadecano), quatro fontes de nitrogênio (uréia, (NH4)2SO4, extrato de levedura e

peptona) e três fontes de sais (NaCl, K2HPO4 e KH2PO4). Os valores centrais dos níveis estudados (PC),

bem como os constituintes do meio são dados disponíveis na literatura (Sanket et al. 2007; Franzetti et

al. 2009; Onwosi & Odibo 2012).

4.2.2. Bacillus safensis CCMA-560

No planejamento do tipo P&B a linhagem CCMA-560 de B. safensis apresentou melhor resposta

(tensiometria) no ensaio em que o óleo de soja, a peptona e o extrato de levedura foram utilizados

(Anexo 1). A linhagem reduziu a TS (tensão superficial) a 29,5 mN/m.

A análise estatística do cálculo do efeito e o erro padrão (Anexo 2) identificaram as variáveis

óleo de soja, extrato de levedura e peptona como significativas no processo em um nível de significância

de 10% (p < 0,1), todos com efeito positivo, ou seja, o aumento da resposta pode ser alcançado

trabalhando com concentrações maiores das três variáveis. Neste sentido, no delineamento do próximo

ensaio visando a otimização, os efeitos das variáveis significativas foram considerados (Figura 2) e novos

valores foram delimitados, levando em consideração o ensaio com a maior redução da tensão superficial

e seu efeito positivo. As variáveis não significativas: sacarose, K2HPO4, KH2PO4 e NaCl foram fixadas, com

base no ensaio com a maior redução da tensão superficial (Tabela 4, ensaio 14). Além disso, as variáveis

não significativas com efeito negativo (hexadecano, glicerol, glicose e uréia) foram retiradas, uma vez

que o valor mínimo avaliado foi zero. Assim, três variáveis foram selecionadas para o estudo numa nova

Page 112: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

92

faixa: óleo de soja, extrato de levedura e peptona, permitindo a otimização da produção de

biossurfactante através de um Delineamento Composto Central Rotacional – DCCR do tipo 23.

Embora as condições que afetam a síntese de biossurfactantes tenham sido extensivamente

estudadas, principalmente nas espécies B. subtilis, B. amyloliquefaciens e B. licheniformis (Joshi et al.

2007, Liu et al. 2012, Najafi et al. 2012), ainda existem poucos estudos mostrando que o óleo vegetal é

uma boa fonte de carbono para a produção de biossurfactantes. Já em linhagens de Pseudomonas

aeruginosa, esta fonte foi utilizada com sucesso (Benincasa et al. 2002; Nitschke et al. 2010) e os

ramnolipídios são estimulados por ponte de carbono hidrofóbicas (Abbasi et al. 2013). Das e

colaboradores (2009) estudaram óleos vegetais (óleo de mostarda, girassol e arroz) como fonte de

carbono para a produção de biossurfactante em B. circulans e não obtiveram sucesso na produção.

Entretanto, no presente trabalho, os ensaios de P&B mostraram que o óleo de soja influenciou

positivamente (efeito = 12) na produção do biossurfactante por B. safensis CCMA-560 com alta

probabilidade estatística (p = 0,009). Por outro lado, muitos trabalhos mostram o efeito positivos do uso

de glicose (Mukherjee et al. 2008, Najafi et al. 2010, Mnif et al. 2012), e neste trabalho esta fonte de

carbono teve efeito negativo na produção (efeito = -0,25).

De acordo com estudos já realizados, a limitação de nitrogênio acarreta o aumento na produção

de biossurfactante em micro-organismos como P. aeruginosa (Ramana & Karant, 1989), Candida

tropicalis (Singh et al. 1990) e Nocardia sp. (Kosaric et al. 1990). Matsufuji e colaboradores aumentaram

-4.00000

-2.00000

0.00000

2.00000

4.00000

6.00000

8.00000

10.00000

12.00000

14.00000

Efe

ito

mN

/m

Compostos do meio de cultura

Bacillus safensis CCMA-560

*

Figura 2. Efeito de cada variável estudada na matriz. *Variáveis que apresentaram melhor resposta (significância

estatística) no P&B.

*

Page 113: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

93

significativamente a produção de ramnolipídio por P. aeruginosa quando cultivaram o micro-organismo

sob limitação de nitrogênio na proporção 18:1 (C:N) (Matsufuji et al. 1997). Neste trabalho, as fontes de

nitrogênio utilizadas no meio de cultura apresentaram efeito positivo na produção de biossurfactante, a

peptona apresentou efeito de 6,03 e o extrato de levedura de 6,25. Diferente dos micro-organismos

citados acima, há relatos na literatura que o nitrogênio age positivamente na produção de

biossurfactantes em espécies de Bacillus (Najafi et al. 2010; Liu et al. 2012). Isso sugere que além do

nitrogênio ter papel importante no crescimento e metabolismo dos micro-organismos, ele é um

importante constituinte da porção peptídica da molécula de lipopeptídio, tipo de biossurfactante

produzido por espécies de Bacillus.

4.2.3. Otimização da produção de biossurfactante por meio do planejamento experimental DCCR de B.

safensis CCMA-560

Após a realização do P&B para a linhagem CCMA-560, conforme a análise das variáveis e do

efeito (item 4.2.2), três variáveis foram selecionadas para o estudo numa nova faixa: óleo de soja,

extrato de levedura e peptona. Para a variável óleo de soja um valor intermediário de 1 a 2% foi testado,

uma vez que no P&B foi estudado de 0 a 1%. Já para o extrato de levedura e para a peptona, a faixa

selecionada foi de 5 a 6 g/L. Os resultados mostram que a resposta da tensão superficial não teve

variação significativa. A tensão superficial diminui gradativamente com o aumento da concentração de

biossurfactante. Mas em determinada concentração, conhecida por concentração micelar crítica (CMC),

a diminuição é cessada. Quando é atingido o CMC, a tensão superficial permanece constante, mesmo

que a concentração de biossurfactante seja aumentada (Butt et al. 2004). Portanto, embora muitos

estudos tenham sido realizados somente com a análise da tensão superficial (Sanket et al. 2007,

Khopade et al. 2012, Liu et al. 2012, Mnif et al. 2012), este trabalho mostrou que a estratégia de

planejamento experimental para produção de biossurfactante foi capaz de explorar mais do que análise

da tensão superficial é capaz de detectar. Embora a tensão superficial não tenha se mostrado uma

metodologia aquedada para a análise do DCCR, ela foi adequada e teve resposta significativa na análise

da matriz de P&B, onde foi realizado o screening prévio para os ensaios seguintes. E além disso, é

possível considerar o resultado da tensiometria favorável, uma vez que em vários ensaios foram obtidos

valores abaixo de 29,5 mN/, este que foi obtido no P&B (Anexo 3). Portanto, para análise do DCCR, além

da tensão superficial, foi realizada a análise do teste de emulsificação (E24) e quantificação do extrato

bruto.

Page 114: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

94

De acordo com as análises estatísticas, nenhuma variável foi significante com base na resposta

da tensiometria e do extrato bruto (Anexos 4 e 5), uma vez que nenhuma demonstrou p-valor inferior a

0,1. Este resultado indica que nenhuma das variáveis estudadas está interferindo de maneira efetiva no

resultado, sem a presença de um perfil (positivo ou negativo) em relação as suas variações nos

diferentes ensaios.

A análise estatística da resposta do teste de emulsificação mostrou que a variável peptona não

foi significativa, as variáveis com significância de 10% foram: óleo de soja quadrático, e a interação óleo

de soja e extrato de levedura (Anexo 6).

Baseado nos resultados do coeficiente de regressão (Tabela 7), um modelo de segunda ordem

para o teste de emulsificação foi estabelecido:

% de Emulsificação por Bacillus safensis linhagem CCMA-560 = 0,11 + 0,05 X2 + 0,07 X vs Y, onde

X = óleo de soja e Y = extrato de levedura.

Tabela 7. Coeficiente de regressão das variáveis significativas.

Regressão Erro

padrão t(14) p-valor

Mean/Interc. 0,112003 0,030247 3,702949 0,002363

Óleo de soja (Q) 0,047340 0,025493 1,857000 0,084474

Óleo de soja e Ex. Levedura (L) 0,068750 0,032472 2,117194 0,052630

A significância estatística do modelo (Tabela 8) não foi confirmada pelo teste F (Anova), pois o

valor do teste F (6,51) para a regressão foi inferior ao F tabelado = 3,01. Esse baixo valor do teste F,

juntamente com o baixo valor de R2 (36%), que é a porcentagem de variação explicada pela equação,

mostra que não houve um bom ajuste dos valores experimentais ao modelo, indicando que não é

adequado utilizar o modelo matemático para gerar a superfície de resposta e consequentemente a

otimização. Contudo, o resultado encontrado foi significante do ponto de vista da redução da tensão

superficial nos primeiros ensaios.

Page 115: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

95

Fonte de Variação Soma dos quadrados Grau de liberdade Quadrado médio F calculado

Regressão 0,066902 2 0,033451 3,965469356

Resíduo 0,118098 14 0,008435571

Total 0,185 16 0,0115625

R2 = 36% e p-valor = 0,0001

F = 2; 14; 0,1 (F Tabelado) = 2,73

Embora não tenha sido possível gerar o gráfico de contorno e superfície de resposta, julgamos

que os resultados foram satisfatórios uma vez que conseguimos identificar variáveis importantes na

produção de biossurfactante, responsáveis pelo aumento da quantidade produzida pela bactéria. Desta

forma, foi possível obter quantidades suficientes de biossurfactante para a caracterização química e

avaliação da sua aplicação potencial em ensaios de MEOR.

Com base nos resultados do DCCR, os ensaios 10 e 14 foram validados utilizando como resposta

a emulsificação e a tensiometria, respectivamente. Concomitantemente, o ensaio de cinética também

foi realizado.

Emulsificação. Na validação, com 96 horas de crescimento, a linhagem emulsificou o querosene em

26%, valor um pouco inferior ao obtido no ensaio de DCCR, cujo valor máximo foi de 35%. Na cinética foi

possível observar que a emulsificação ocorreu a partir de 96 horas, sendo que em 120 horas não houve

aumento da atividade emulsificante (Figura 3).

Tensiometria. Na validação do ensaio 14, com 96 horas de crescimento a tensão superficial média foi de

28,1 mN/m e com 120 horas foi de 28,5 mN/m. Estes dados sugerem que não é necesessário o

crescimento da bactéria por mais de 96 horas. Então, para ensaios posteriores essa será a condição

Tabela 8. Anova do modelo quadrático para a produção de biossurfactante por Bacillus safensis CCMA-560.

Figura 3. Gráfico da cinética do ensaio 10 (DCCR) com Bacillus safensis CCMA-560.

Page 116: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

96

utilizada. Nos ensaios de cinética, foi possível observar que a redução da tensão superficial foi

significativa após 72 horas de crescimento, chegando ao seu ápice com 96 h (Figura 4).

Corroborando com os resultados do P&B e do DCCR, a produção de biossurfactante se deu a

partir de 96 horas de crescimento, sendo então o tempo necessário de incubação do micro-organismo.

O lipopeptídio produzido por espécies de Bacillus é sintetizado em um operon de aproximadamente 25

kb, sob regulação do sistema de quorum-sensing (D’Souza et al. 1994). Uma vez que a alta densidade

celular é atingida, um sinal molecular é liberado e então é iniciada a expressão dos genes, o que ocorre

normalmente na fase estacionária de crescimento (Ron & Rosenberg, 2002). Embora as espécies de

Bacillus tenham o crescimento rápido e alguns estudos tenham mostrado que a bactéria é capaz de

produzir biossurfactante com menos de 72 horas de cultivo (Abdel-Mawgoud et al. 2008), a linhagem de

B. safensis CCMA-560 produziu o biossurfactante a partir de 96 horas de crescimento. Isto pode ter sido

resultadodo uso de óleo de soja como principal fonte de carbono, que pode ter interferido no

crescimento bacteriano. O óleo utilizado é uma fonte de carbono complexa e, em outros relatos, as

fontes de carbono utilizadas eram simples, como sacarose e glicose. Ainda assim, a utilização do óleo de

soja é vantajosa comparada ao uso de glicose e sacarose, uma vez que é uma fonte mais barata. O custo

elevado e o baixo rendimento na produção ainda são fatores limitantes para a maior utilização do

biossurfactante (Mukherjee et al. 2006), portanto matérias primas baratas tem sido uma alternativa

para o aumento do potencial de utilização.

Figura 4. Gráfico da cinética do ensaio 14 (DCCR) com Bacillus safensis CCMA-560.

Page 117: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

97

4.3. P&B de Gordonia sp. CCMA-559

No planejamento do tipo P&B, a linhagem CCMA-559 de Gordonia sp. apresentou melhor

resposta no ensaio em que o hexadecano, o óleo de soja e a peptona foram utilizados. A linhagem

reduziu a tensão superficial para 37,2 mN/m (Anexo 6).

A análise estatística do cálculo do efeito e o erro padrão (Figura 5, Anexo 7) identificou as

variáveis de hexadecano, óleo de soja e peptona como significativas no processo com um nível de

significância de 10% (p<0,1), todos com efeito positivo, ou seja, o aumento da resposta pode ser

alcançado trabalhando com concentrações maiores das três variáveis. Neste sentido, no delineamento

do próximo ensaio visando a otimização, os efeitos das variáveis significativas foram considerados

(Anexo 7) e novos valores foram delimitados, levando em consideração o ensaio com a maior redução

da tensão superficial e seu efeito positivo. As variáveis não significativas, glicose, extrato de levedura,

K2HPO4, e NaCl, foram fixadas, com base no ensaio com a maior redução da tensão superficial (ensaio

15). Além disso, as variáveis não significativas com efeito negativo (sacarose, glicerol, uréia, (NH4)2SO4 e

KH2PO4) foram retiradas, uma vez que o valor mínimo avaliado foi zero. Assim, três variáveis foram

selecionadas para o estudo em uma nova faixa: hexadecano, óleo de soja e peptona, permitindo a

otimização da produção de biossurfactante através de um Delineamento Composto Central Rotacional –

DCCR do tipo 23.

Figura 5. Efeito de cada variável estudada na matriz sobre a redução da tensão superficial para a Gordonia

sp. CCMA-559.

Page 118: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

98

Em estudos já realizados com espécies de Gordonia foi mostrado que a produção de

biossurfactante é estimulada com o uso do hexadecano (Franzetti et al. 2009; Pagilla et al. 2002),

entretanto, não há relatos da utilização de óleo vegetal. E como foi possível observar, o hexadecano e o

óleo de soja afetaram positivamente a produção, com efeito de 5,68 e 10,76, respectivamente.

Conforme já citado anteriormente, em algumas espécies de micro-organismos a limitação de nitrogênio

no cultivo estimula a produção de surfactantes, mas neste trabalho foi possível observar que a peptona

afetou positivamente a produção, com efeito de 6,33. Contrariamente aos dados apresentados por

Franzetti et al (2009), que observaram que a linhagem de Gordonia sp. BS29 não sofreu influência na

síntese de biossurfactante com a utilização de (NH4)2SO4, neste planejamento P&B foi observado que

essa fonte de nitrogênio apresentou efeito negativo na produção (efeito = -1,76).

4.3.1. Otimização da produção de biossurfactante por meio do planejamento experimental DCCR de

Gordonia sp. CCMA-559

Após a realização do P&B para a linhagem CCMA-559, conforme as análises das variáveis e do

efeito, três variáveis foram selecionadas para o estudo numa nova faixa: hexadecano, óleo de soja e

peptona. Para as variáveis hexadecano e óleo de soja, um valor intermediário de 1 a 2% foi testado, uma

vez que no P&B foi estudado de 0 a 1%. Já para peptona, a faixa selecionada foi de 5 a 6 g/L. Nas

análises da tensão superficial foi possível observar que a resposta não teve variação significativa,

corroborando o fato de que após alcançar o CMC não é possível detectar se houve aumento na

produção do biossurfactante (Anexo 8). Por esse motivo, as análises do espalhamento do óleo e da E24

foram adotadas como resposta.

De acordo com as análises estatísticas, nenhuma variável foi significativa para a resposta de

tensiometria e espalhamento do óleo, uma vez que nenhuma demonstrou p-valor > 0,1 (Anexos 9 e 10).

Como resultados do primeiro DCCR, não foi obtida a otimização (gráfico de superfície), então um

novo DCCR do tipo 22 foi realizado. O óleo de soja foi fixado na menor concentração (1%) e uma faixa

mais estreita das variáveis significativas (hexadecano e peptona) foram trabalhadas. Os resultados das

respostas analisadas estão descritos na Tabela 9.

Page 119: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

99

Ensaio Hexadecano (%)

Peptona (g/L)

Tensiometria* (mN/m)

Espalhamento* (mm)

Emulsificação*ɸ (%)

1 -1 -1 49,5 6 32,6

2 1 -1 45,1 14 25

3 -1 1 42,9 3 23,3

4 1 1 39,8 19 42,3

5 -1,41 0 38,4 5 16,6

6 1,41 0 49,1 2 53,3

7 0 -1,41 56,8 0 0

8 0 1,41 48,7 1 41,3

9 0 0 37,2 5 40

10 0 0 40,5 5 46,6

11 0 0 37,7 4 46

* Todas as leituras foram realizadas em triplicata e os valores da tabela representam a média. ɸ Ensaio realizado com querosene.

Na análise estatística das respostas dos testes de tensiometria e espalhamento de óleo foi

possível observar que nenhuma variável testada foi significativa, uma vez que os resultados dep-valor

foram < 0,1 (Anexos 11 e 12).

De acordo com os resultados do DCCR 22, apenas a variável resposta (%) de emulsificação foi

estatisticamente significativa (p < 0,1). A maior (%) de emulsificação foi obtida no ensaio 6 (53,3%, com

2,5 mL.L-1 de hexadecano e 6 g.L-1 de peptona, Tabela 9). O hexadecano e a peptona na forma linear

influenciaram positivamente e a peptona na forma quadrática influenciou negativamente (p < 0,1)

(Anexo 13).

A significância estatística das análises (Tabela 10) foi confirmada pelo teste F (ANOVA), como o

valor do teste F (7,9586) para a regressão foi significativo [maior do que o F tabelado (3,11)] e a

porcentagem de variação explicada pelo modelo foi adequado (R2= 67%), o modelo foi considerado

previsível e, portanto, utilizado para gerar os gráficos de contorno e a superfície de resposta

apresentados na Figura 6. O modelo estatístico do DCCR 22 para (%) de emulsificação pela linhagem de

Gordonia sp. CCMA-559 foi:

% Emulsificação = 40,56638 + 7,91693 (x) + 8,3038306 (y) - 9,93332 (y)2 , onde x = hexadecano

e y = peptona.

Tabela 9. Matriz do planejamento DCCR 22

e respostas das análises de Gordonia sp. linhagem

CCMA-559

Page 120: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

100

Fonte de Variação

Soma dos quadrados

Graus de liberdade

Quadrado médio

F calculado

Regressão 1653,928 2 826,9641 7,958684

Resíduo 831,2571769 8 103,9071

F ajuste 804,617 5 160,9234

12,08134 Erro puro 26,640 2 13,32

Total 2485,185 10 248,5185

R2

= 67%; p-valor = 0,1 F-tabelado = 2; 8; 0,1 (3,11)

Os resultados derivados da superfície de resposta mostraram que os ensaios ficaram próximos

do ponto de otimização, trabalhando com o máximo de hexadecano (2,5%) e ponto central de peptona

(6 g/L). Com base neste resultado foram determinadas as condições de validação do experimento,

utilizadas nos ensaios de caracterização química do biossurfactante. Nos ensaios de validação e cinética,

foi possível observar que a linhagem inicia o processo de produção de biossurfactante a partir de 72

horas de crescimento (23% de emulsificação), atingindo a melhor produção com 96 horas (52% de

emulsificação). Esses dados confirmam que o melhor tempo de crescimento para que a Gordonia sp.

CCMA-559 atinja a melhor produção é de 96 horas (Figura 7).

Tabela 10. Tabela ANOVA do DCCR 22 (hexadecano vs peptona) para (%) de

emulsificação

Figura 6. Superfícies de resposta e de contorno para (%) de emulsificação. DCCR 22 com a função

hexadecano vs. peptona (p < 0,05).

Page 121: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

101

Foi observado que no primeiro DCCR (23) a Gordonia sp. CCMA-559 apresentou excelentes

resultados de redução da tensão superficial e no ensaio de espalhamento do óleo, mostrando que a

linhagem produz biossurfactante. Mas nos mesmos ensaios não foram observados resultados

satisfatórios de emulsificação dos substratos testados. Entretanto, após a realização do novo DCCR (22),

houve a inversão dos resultados. A tensiometria e o ensaio de espalhamento do óleo não apresentaram

boas respostas, ao passo que foram observados excelentes resultados no ensaio de emulsificação,

utilizando o querosene como substrato. Esses dados sugerem que a linhagem de Gordonia sp. CCMA-

559 possui duas vias metabólicas distintas para a produção de CASs, uma de biossurfactante e outra de

bioemulsificante. Estes dados corroboram com aqueles apresentados por Franzetti et al (2009a) que

mostraram que a linhagem de Gordonia sp. BS29 apresenta pelo menos dois diferentes CASs, um

bioemulsificante extracelular com capacidade de estabilizar emulsões, mas que não é eficiete na

redução da tensão superficial, e um biossurfactante glicolipídico, eficiente na redução da tensão

superficial.

As análises estatísticas foram essenciais para a conclusão dos resultados obtidos, onde 12

fatores foram estudados em apenas duas bateladas para a linhagem de Bacillus safensis CCMA-560 e

três bateladas de ensaio para a linhagem de Gordonia sp. CCMA-559. Com o total de 36 ensaios para o

B. safensis CCMA-560 e 47 ensaios para Gordonia sp. CCMA-559 foi possível avaliar o fator de cada

variável na produção de biossurfactante e também a interação desses fatores, dado que não seria

possível interpretar em experimentos de “um-fator-por-vez”. Além disso, o modelo matemático

Figura 7. Gráfico da cinética do teste E24 de Gordonia sp. CCMA-559.

Page 122: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

102

permitiu a obtenção da condição otimizada da produção de biossurfactante com a redução de tempo e

dos gastos laboratoriais.

5. CONCLUSÕES

O planejamento de P&B foi útil para a seleção de variáveis significantes utilizando a tensão

superficial como resposta. É importante salientar que as análises estatísticas permitiram explorar o

universo de variáveis do meio de cultivo e suas interações, o que não é possível com o uso da

tensiometria por si só. Os resultados mostraram que testes complementares são necessários para

avaliar a produção dos biossurfactantes e bioemulsificantes.

Este foi o primeiro relato de otimização da produção de biossurfactantes em Bacillus safensis

utilizando o planejamento experimental. Embora não tenha chegado na superfície de resposta (condição

otimizada), o uso do DCCR aumentou a produção de biossurfactante pela linhagem de B. safensis CCMA-

560, mostrando que o óleo de soja e o extrato de levedura interferem positivamente na produção. E, de

acordo com os resultados da validação e cinética, o tempo de cultivo de 96 horas foi o mais adequado

para o experimento.

Com o uso do P&B e DCCR foi possível chegar na condição otimizada da produção de CASs pela

linhagem de Gordonia sp. CCMA-559. Com base nos resultados obtidos, foi observado que a peptona e o

hexadecano interferem positivamente na produção de CASs. Também foi possível concluir que esse

micro-organismo, possivelmente, apresenta duas vias metabólicas distintas para a produção de CASs,

uma para bioemulsificante e outra de biossurfactante, sendo estimulados por hexadecano e óleo de

soja, respectivamente. Com os resultados obtidos na validação, o modelo estatístico foi considerado

confiável para a previsão da produção de biosurfactante pela Gordonia sp. CCMA-559.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abbasi H, Sharafi H, Alidost L, et al. (2013) Response surface optimization of biosurfactant produced by

Pseudomonas aeruginosa MA01 isolated from spoiled apples. Prep Biochem Biotech 43(4): 398-414.

Abdel-Mawgoud AM, Aboulwafa MM, Hassouna, NAH. (2008) Optimization of surfactin production by Bacillus

subtilis isolate BS5. Appl Biochem Biotech 150(3): 305-325.

Benincasa M, Contiero J, Manresa MA, et al. (2002) Rhamnolipid production by Pseudomonas aeruginosa LBI

growing on soapstock as the sole carbon source. J Food Eng 54(4): 283-288.

Page 123: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

103

Das P, Mukherjee S, Sen, R. (2009) Substrate dependent production of extracellular biosurfactant by a marine

bacterium. Bioresource Technol 100(2): 1015-1019.

D’Souza C, Nakano MM, Zuber P. (1994) Identification of comS, a gene of the srfA operon that regulates the

establishment of genetic competence in Bacillus subtilis. Proc Natl Acad Sci USA 91(20): 9397-9401.

Franzetti A, Caredda P, La Colla P, et al. (2009) Cultural factors affecting biosurfactant production by Gordonia sp.

BS29. Int Biodeter Biodegr 63: 943-947.

Franzetti A, Caredda P, Ruggeri C, et al. (2009a) Potential applications of surface active compounds by Gordonia sp.

strain BS29 in soil remediation technologies. Chemosphere 75(6): 801-807.

Joshi S, Bharucha C, Desai AJ. (2008) Production of biosurfactant and antifungal compound by fermented food

isolate Bacillus subtilis 20B. Bioresource Technol 99(11): 4603-4608.

Khopade A, Biao R, Liu X, et al. (2012) Production and stability studies of the biosurfactant isolated from marine

Nocardiopsis sp. B4. Desalination 285: 198-204.

Kosaric N, Choi HY, Bhaszczyk R. (1990) Biosurfactant production from Nocardia SFC-D. Tenside Surfact Det 27:

294-297.

Liu X, Ren B, Gao H, et al. (2012) Optimization for the production of surfactin with a new synergistic antifungal

activity. PloS one 7(5): e34430.

Matsufuji M, Nakata K, Yoshimoto A. (1997) High production of rhamnolipids by Pseudomonas aeruginosa growing

on ethanol. Biotechnol Lett 19(12) :1213-1215.

Mnif I, Chaabouni-Ellouze S, Ghribi D. (2012). Optimization of the nutritional parameters for enhanced production

of B. subtilis SPB1 biosurfactant in submerged culture using response surface methodology. Biotechnol Res Int

2012: 1-8.

Montgomery DC. (2008) Design and analysis of experiments. John Wiley & Sons.

Mukherjee S, Das P, Sen R. (2006) Towards commercial production of microbial surfactants. Trends Biotechnol

24(11): 509-515.

Mukherjee S, Das P, Sivapathasekaran C, et al. (2008) Enhanced production of biosurfactant by a marine bacterium

on statistical screening of nutritional parameters. Biocheml Eng J 42(3): 254-260.

Najafi AR, Rahimpour MR, Jahanmiri AH, et al. (2010) Enhancing biosurfactant production from an indigenous

strain of Bacillus mycoides by optimizing the growth conditions using a response surface methodology. Chem

Eng J 163(3): 188-194.

Neu TR. (1996) Significance of bacterial surface-active compounds in interaction of bacteria with interfaces.

Microbiol Rev 60: 151.

Nitschke M, Costa SG, Haddad R, et al. (2005) Oil wastes as unconventional substrates for rhamnolipid

biosurfactant production by Pseudomonas aeruginosa LBI. Biotechnol Progr 21(5): 1562-1566.

Onwosi CO, Odibo FJC. (2012) Effects of carbon and nitrogen sources on rhamnolipid biosurfactant production by

Pseudomonas nitroreducens isolated from soil. World J Microb Biot 28(3): 937-942.

Pagilla K, Sood A, Kim H. (2002). Gordonia (Nocardia) amarae foaming due to biosurfactant production. Water Sci

Technol 46: 519-524.

Pruthi V, Cameotra SS. (1997) Production of Biosurfactant Synthesized by Arthrobacter protophormiae - An

Antarctic Strain. World J Microbiol Biotechnol 13:137.

Ramana KV, Karanth NG. (1989) Factors affecting biosurfactants production using Pseudomonas aeruginosa CFTR-6

under submerged conditions. J Chem Technol Biot 45: 249-257.

Rodrigues MI, Iemma AF. (2005) Planejamento de experimentos e otimização de processos: uma estratégia

seqüencial de planejamentos. Editora Casa do Pão, Campinas, Brasil.

Ron EZ, Rosenberg E. (2001) Natural roles of biosurfactants. Environ Microbiol 3: 229-236.

Page 124: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

104

Page 125: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

105

CAPÍTULO 3 Draft Genome Sequence of the Biosurfactant-Producing Bacterium

Gordonia amicalis Strain CCMA-559, Isolated from Petroleum-

Impacted Sediment Daniela F. Domingos, Bruna M. Dellagnezze, Paul Greenfield, Luciana R. Reyes, Itamar S. Melo, David J.

Midgley & Valéria M. Oliveira

Artigo publicado pela revista Genome Announcements

Page 126: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

106

Page 127: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

107

Page 128: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

108

Page 129: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

109

CAPÍTULO 4 Draft Genome Genome Sequence of Bacillus pumilus CCMA-560,

Isolated from an Oil-Contaminated Oil Swamp Daniela F. Domingos, Bruna M. Dellagnezze, Paul Greenfield, Luciana R. Reyes, Itamar S. Melo, David J.

Midgley & Valéria M. Oliveira

Artigo publicado pela revista Genome Announcements

Page 130: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

110

CAPÍTULO 5

Page 131: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

111

Genomic and chemical insights into biosurfactant production by the

mangrove-derived strain Bacillus safensis CCMA 560 Daniela F. Domingos, Andreia F. Faria, Renan S. Galaverna, Marcos N. Eberlin, Paul Greenfield, Tiago D. Zucchi, Itamar S. Melo, Nai Tran-Dinh, David J. Midgley & Valéria M. Oliveira Artigo aceito pela revista Applied Microbiology and Biot echnology

Page 132: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

112

Page 133: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

113

Genomic and chemical insights into biosurfactant production by the mangrove-derived strain Bacillus

safensis CCMA 560

Daniela Ferreira Domingos1*, Andreia Fonseca de Faria2, Renan de Souza Galaverna3, Marcos Nogueira

Eberlin3, Paul Greenfield4, Tiago Domingues Zucchi5, Itamar Soares Melo5, Nai Tran-Dinh6, David

Midgley6 and Valéria Maia de Oliveira1

1Microbial Resources Division, Research Center for Chemistry, Biology and Agriculture (CPQBA),

University of Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brazil;

2 Department of Chemical and Environmental Engineering, Yale University, New Haven,

Connecticut, 06520-8286, United States of America.

3ThoMSon Mass Spectrometry Laboratory, Institute of Chemistry, University of Campinas (UNICAMP),

Campinas, SP Brazil;

4CSIRO Mathematics, Informatics and Statistics, North Ryde, NSW, Australia 2113;

5Laboratory of Environmental Microbiology, EMBRAPA Environment, Jaguariúna, São Paulo, Brazil;

6CSIRO Animal, Food and Health Sciences, North Ryde, NSW, Australia 2113.

*email: [email protected]

Av. Alexandre Cazelatto, 999

Paulínia – SP – Brazil, CEP 13148-218

phone: +55 19 2139-2873

fax: +55 19 2139-2852

Page 134: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

114

ABSTRACT

Many Bacillus species can produce biosurfactant, although most of the studies on lipopeptide

production by this genus have been focused on B. subtilis. Surfactants are broadly used in

pharmaceutical, food and petroleum industry and biological surfactant shows some advantages over the

chemical surfactants, such as, less toxicity, production from renewable, cheaper feedstocks and

development of novel recombinant hyperproducer strains. This study is aimed to unveil the

biosurfactant metabolic pathway and chemical composition in Bacillus safensis strain CCMA 560. The

whole genome of CCMA 560 strain was previously sequenced and with aid of bioinformatics tools its

biosurfactant metabolic pathway was compared to other pathways of closely related species. Fourier

transform infrared (FTIR) and high resolution TOF mass spectrometry (MS) were used to characterize the

biosurfactant molecule. B. safensis CCMA 560 metabolic pathway is similar to other Bacillus species,

however some differences in amino acid incorporation were observed and chemical analyses

corroborated the genetic results. The strain CCMA 560 harbours two genes flanked by srfAC and srfAD

not present in other Bacillus spp., which can be involved in the production of the analogue gramicidin.

FTIR and MS showed that B. safensis CCMA 560 produces a mixture of at least four lipopeptides with

seven amino acids incorporated and a fatty acid chain with 14 carbons, which makes this molecule

similar to the biosurfactant of B. pumilus, namely pumilacidin. This is the first report on the

biosurfactant production by B. safensis, encompassing investigation of the metabolic pathway and

chemical characterization of the biosurfactant molecule.

KEYWORDS

Pumilacidin, metabolic pathway, chemical characterization, surfactant, Bacillus.

Page 135: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

115

INTRODUCTION

Bacillus species are abundantly recovered members of global microbial surveys. These ubiquitous

organisms have been isolated from air samples, soil, sediments, subsurface, inhabiting plant tissues and

animal digestive tracts (Vilas-Bôas et al., 2007). Most species are aerobes or facultative anaerobes, and

form highly resistant endospores which allow them to survive in extremely challenging conditions. Given

that spores readily germinate in laboratory conditions, but may not be represented by vegetative cells in

the environment, means that describing an environmental niche for these taxa is surprisingly difficult

(Earl, Losick, & Kolter, 2008). The genus has been the focus of significant research as taxa therein

produce an array of antimicrobial compounds, extracellular enzymes and surface-active compounds

(surfactants). The best studied group within the genus is probably the taxon that includes Bacillus

thuringiensis, Bacillus cereus and Bacillus anthracis which, depending on their plasmids, can cause insect

disease, food borne illnesses and anthrax, respectively (Helgason et al., 2000). Bacillus subtilis and

Bacillus licheniformis are also comparatively well studied (Al-Wahaibi et al., 2014; Fang et al., 2013; Liu

et al., 2013), the former has been particularly important in the understanding of the biofilm formation

by bacterial populations (Colledge et al., 2011). Furthermore, it has been demonstrated that surfactants

play an important role on the biofilm formation (as signal molecules) and/or as (as signal molecules) and

as antimicrobial compounds (Dunlap et al., 2013).

Chemically, surfactants are usually organic, amphiphilic compounds that comprise both a

hydrophobic ‘tail’ and a hydrophilic ‘head’ group. The purpose of such molecules in microbial

environments is to alter conditions at interfaces between surfaces. These molecules can be divided into

two broad groups based on their molecular weight (MW). Low-MW surfactants include glycolipids and

lipopeptides, while the high-MW surfactants include lipoproteins, lipopolysaccharides, polysaccharides

and proteins.

Page 136: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

116

The global market in surfactants is significant and generated US$ 24 million in revenues in 2009

and is predicted to reach ~US$40 million by 2018. They are used in a wide range of industries. For

instance, in the oil industry they are important lubricants, may be deployed to recover oil from declining

assets, or may be used to clean-up oil spills (Bannat et al., 2010; Singh et al., 2007). Surfactants are also

widely used in cosmetic manufacture, food industry, paper processing and are agriculturally and

medically important due to their antimicrobial and antitumor properties (Rodrigues LR, Teixeira JA,

2010). Increasingly, surfactant-producing bacteria have become appealing targets for industry as they

are less toxic, may be produced from renewable, cheaper feedstocks and are more suitable to the global

trend of environmental-friendly products (Mukherjee, 2006).

Mostly due to its nonpathogenic nature, most of the effort has been focused on B. subtilis which has

arguably the best studied surfactant producing pathway. In this taxon, the regulatory system for

surfactin is relatively complex (D’Souza et al., 1994, Peypoux et al., 1999) and consists of a cell-density

dependant pheromone (ComX), a two-component response regulatory system (ComA/ComP), the

extracellular-signalling factor (PhrC) and the phosphatase (RapC). Increasing cell density leads to

increases in extracellular concentrations of ComX. The cell-wall bound ComP responds to ComX by

phosphorylating ComA, which in turn binds to the promoter region of the srf operon. In reverse, RapC

suppresses expression by dephosphorylating ComA, and is in turn dependant on (high) intracellular

concentrations of PhrC (Setpute et al., 2010). A similar system was reasonably well described for B.

licheniformis (Yakimov et al., 1995).

Despite their wide occurrence the related taxa Bacillus pumilus and Bacillus safensis have been

the subject of scarce biotechnological study. They have been found growing in a range of environments

including bulk soil, rhizosphere soil, sediment, host plant, and in the ultra-clean assembly rooms for

spacecraft (Agbobatinkpo et al., 2013; Hernandez et al., 2009; Kavamura et al., 2013; Lorenz et al.,

2013;Nicholson et al., 2012). In both taxa, the mechanisms of their extreme spore resistance to a range

Page 137: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

117

of stressors have been the focus of the majority of studies, and the surfactant production systems of

these taxa remain largely unexplored. The aims of the current study were to understand the genetic

basis and chemically characterize the biosurfactant molecule produced by Bacillus safensis CCMA 560.

MATERIAL AND METHODS

Bacterial strains

A biosurfactant-producing strain, Bacillus sp. CCMA 560 was isolated from oil contaminated swamp and

its whole genome sequence was done previously (Domingos et al., 2013). This strain showed

biosurfactant production in different carbon sources, such as glucose, glycerol and soybean oil.

Details about the Bacillus strains and their genomes used to compare the biosurfactant metabolic

pathways in this study are listed in Table 1.

Table 1. Genome details of Bacillus spp. strains used in this study.

Genome Size (bp) G+C% Genes Habitat Reference

Bacillus safensis CCMA 560 3848972 41.4 4121 Mangrove sediment Domingos et al., 2013

Bacillus safensis VK 3683090 41.6 3908 Rhizosphere from desert Kothari et al., 2013

Bacillus safensis CFA-06 3771318 41.5 3824 Petroleum reservoir Unpublished

Bacillus pumilus ATCC 7061 3833614 41.7 4162 Soil Tirumalai et al., 2013

Bacillus pumilus BA06 3747338 41.3 3923 Soil Zhao et al., 2012

Bacillus pumilus SAFR 032 3704441 41.3 3822 Space craft surface and

assembly facility

Gioia et al., 2007

Bacillus pumilus S-1 3692856 41.3 3873 Soil Hua et al., 2007

Bacillus pumilus INR7 3681709 41.3 3818 Cucumber stem Unpublished

Bacillus pumilus Fairview 3840236 41.5 3992 Coal Vockler et al., 2014

Bacillus amyloliquefaciens

FBZ42

3918589 46.5 3812 Rhizosphere Chen et al., 2007

Bacillus licheniformis

DSM13

4222334

46.2 4332 Soil Rey et al., 2004

Page 138: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

118

Phylogenetic analysis

The almost complete 16S rRNA gene sequences (1,416 nucleotides [nt]) were aligned manually using

MEGA version 5 software (Tamura et al., 2011) against corresponding sequences of closely related type

strains of Bacillus species retrieved from the GenBank database using the EzTaxon-e server (Kim et al.,

2012; http://eztaxon-e.ezbiocloud.net/). The gyrase subunit A (gyrA) and B (gyrB) genes (Satomi et al.,

2006) were also evaluated for further enhancing the taxonomic position of isolate CCMA 560; sequences

of closely related strains were retrieved from the GenBank database. Phylogenetic trees and bootstrap

analysis were inferred following the procedures described by Zucchi et al. (2013). The root position of

the neighbor-joining tree was inferred by using Paenibacillus polymyxa ATCC 842T (GenBank accession

no. D16276). Finally, the average nucleotide identity against the closest phylogenetic available whole-

genome sequence (B. pumilus ATCC 7061) was determined by using the JSpecies package (Richter &

Rosselló-Móra, 2009).

Biosurfactant metabolic pathway comparisons

Since the metabolic pathway of lipopeptide in B. subtilis is already known, the operon that encodes the

biosurfactant was identified in B. subtilis 6051 HGW genome and the comparison with B. safensis CCMA

560 genome was carried out using IMG-ER (Markowitz et al., 2012), which provides tools for automatic

annotation and comparative analysis of available whole-genome sequences. When the putative genes

were found out, all of them were thoroughly analysed using the automatic annotation performed by

IMG-ER, as well as the manually annotation by BLASTx, thus providing more detailed function

information for each gene.

As it is already elucidated, the lipopeptide synthesis is mediated via nonribosomal peptidase

synthetase (NRPS), thus the prediction of the protein structure from the biosurfactant operon was

detailed using AntiSMASH 2.0 plataform (Blin et al., 2013; Medema et al., 2011). Muscle 3.8.31 (Edgar,

Page 139: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

119

2009) and BioEdit 7.1.9 (Hall, 1999) were used to compare the sequence similarity among the genes

involved in the biosurfactant pathway. In addition, a complementary analysis based on the full operon of

the 12 Bacillus strains under study was carried out on VISTA website (Frazer et al., 2004) in order to

show the relationships among the species.

Chemical characterization

Growth conditions

Strain CCMA 560 was cultivated in Nutrient Agar (Difco®) and incubated at 30°C for 24 hours.

Subsequently, a single colony was inoculated in Nutrient Broth (Difco®) and the cultivation was carried

out in a rotary shaker (Innova® 44R, New Brunswick, USA) at 30°C at 150 rpm for 24 hours. After growth,

the culture was pelleted by centrifugation for 5 minutes at 8,000 rpm (Eppendorf 5810R). The pellet was

suspended in water, adjusted to ODλ600 = 0.15 ± 0.03 and an aliquot of 10% (v/v) was used as inoculum in

Mineral Medium containing per liter: 5 g yeast extract; 1 g (NH4)2SO4; 6 g Na2HPO4; 3 g KH2PO4:; 2.7 g

NaCl; 0.6 g MgSO4 7 H2O and 0.1% trace solution containing per liter: 10.95 g ZnSO4 7 H2O; 5 g FeSO4 7

H2O; 1.54 g MnSO4 7 H2O; 0.39 g CuSO4 5 H2O; 0.25 g Co(NO3)2 6 H2O; 0.17 g Na2B4O7 10 H2O

supplemented with 1% glucose. The flasks were incubated in a rotary shaker (Innova® 44R, New

Brunswick, USA) at 30°C at 150 rpm for 96 hours.

Biosurfactant recovery and purification

The culture broth was centrifuged at 10,000 x g for 20 min at 15°C (Eppendorf 5810R), the cell-free

supernatant was collected and the pH adjusted to 2.0 by adding 6 M HCl. The resultant solution was

maintained at rest for 12 h to allow surfactin to settle. The precipitate was collected by centrifugation at

Page 140: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

120

10,000 × g for 15 min at 15°C for the recovery of the crude surfactin. The precipitate was washed twice

with acidified water at pH 2.0 and then resuspended in distilled water at pH 7.0.

Crude biosurfactant was purified through dialysis tubing MWCO 12 – 14 kDa (Fisher Scientific)

for 72 hours; the water was changed every 4 hours. After purification the material was freeze-dried for

48 hours.

Fourier transform infrared (FTIR) analysis

The FTIR analysis was performed by mixing approximately 1 mg of purified biosurfactant with 100 mg of

KBr and pressing the mixture at 134 MPa for 2-3 minutes to obtain transparent pellets. The FTIR

spectrum was collected from 400 to 4000 wavelengths (cm-1) and 32 scans using a FTIR (FTLA2000)

spectrometer.

Mass Spectrometry

The sample was prepared by dissolving 2 µg of biosurfactant in methanol/water solution (1:1 v/v). For

Electrospray Ionization in the positive ion mode, ESI(+), formic acid 0.1% was added to facilitate

protonation of the basics compounds to yield [M + H]+ ions. The sample solution was directly infused

into the ESI source of the Citius LC−HRT system with the following parameters: spray voltage, +2.8 kV;

nozzle potential, +110 V; Q1 direct current (DC) potential, +100 V; skimmer potential, +41 V; nebulizer

pressure, 30 psi; N2 desolvation flow, 6.0 L min−1; desolvation temperature, 300°C; and nozzle

temperature, 120°C. In this exploratory study, to ensure full coverage of the m/z range of interest for

biosurfactants studies, data were recorded in full MS mode along the m/z 100-1200 range. Mass spectra

were the result of over 100 scans at 50,000 resolving power (m/Δm) accumulated via the Chroma-TOF

software (LECO Corporation, St. Joseph, MI).

Page 141: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

121

The MS/MS experiments were performed using ESI(+) and a HCT Ultra Mass Spectrometer

(Bruker Daltonics). The width isolation and fragmentation amplitude were adjusted to obtain the best

condition for each experiment. Data acquisition was performed along the m/z 100-1200 range and

accumulated via the DataAnalysis 4.0 software.

RESULTS

Phylogenetic analysis

Strain CCMA 560 was previously classified as Bacillus pumilus based on whole genome similarity data

with other related species (Domingos et al., 2013). However, accurate phylogenetic analysis carried out

based on the 16S rRNA gene sequence revealed that the isolate CCMA 560 was strongly related with the

type strain of B. safensis FO-036bT (AF234854) and other two biosurfactant producers; a taxonomic

position supported by all of the tree-making algorithms and by a bootstrap value of 87% (Figure 1). The

organism shares a 16S rRNA gene similarity of 100% with B. safensis FO-036bT (AF234854). The 16S rRNA

similarities with B. aerophilus, B. altitudinis, B. pumilus and B. stratosphericus type strains fell within the

range 99.6-99.8%, values corresponding to 6 and 3 nt differences, respectively.

Page 142: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

122

Figure 1. Neighbor-joining tree based on nearly complete 16S rRNA gene sequences (~1400 bp) showing

relationships between isolate CCMA 560 and the type strains of phylogenetically close Bacillus species. White

circles indicate branches of the tree that were recovered with the maximum-likelihood and maximum-parsimony

tree-making algorithms; the black diamond stands for a branch which was recovered using the maximum-

parsimony tree-making algorithm. Numbers at the nodes are percentage bootstrap values based on a neighbor-

joining analysis of 1000 resampled datasets; only values above 50% are given. Paenibacillus polymyxa ATCC 842T

(D16276) was used as the outgroup; the arrow indicates the inferred root position. Bar, 0.01 substitutions per

nucleotide position.

A similar phylogenetic structure was observed in the housekeeping genes analysis (Figure 2) and

therefore, isolate CCMA 560 was strongly associated with B. safensis gene subclade. The result for the

gyrA was underpinned by all tree-making algorithms and by a bootstrap value of 100% (Figure 2a). The

Page 143: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

123

isolate phylogenetic position in the gyrB phylogenetic tree was not supported by other tree-making

algorithms, but it was supported by a high bootstrap value (83%). Both gyrase gene-based phylogenetic

trees showed clearly the distinct phylogenetic position of isolate CCMA 560 from B. pumilus. In addition,

the average nucleotide identity (ANI) between isolate CCMA 560 and B. pumilus was 91.4%,

corroborating that they are different species.

Page 144: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

124

Figure 2. Neighbor-joining tree based on nearly complete gyrase subunit A (gyrA; A) and B (gyrB; B) gene

sequences (~2000 bp) showing relationships between isolate CCMA 560 and strains of Bacillus species.

Paenibacilus validus JCM 9077 (AB769953) and Paenibacillus polymyxa ATCC 842T (D16276) were used as the

outgroups. Bar, 0.05 substitutions per nucleotide position.

Page 145: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

125

Bacillus sp. CCMA 560 was further deposited at the Brazilian Collection of Environmental and

Industrial Microorganisms (CBMAI/UNICAMP, Brazil) as Bacillus safensis under the acronymous CBMAI

1669.

Biosurfactant pathway comparison

All species studied in this work showed a structurally conserved region represented by sfp (Figure 3). In

B. safensis strain CCMA 560, the sfp gene is 693 bp in length and codes for a 230 amino acid- protein, in

other B. safensis, such as Injune, CFA-06 and VK strains and in B. pumilus SARF-032 and ATCC7061 the

sfp gene codes for a similar size protein. In B. subtilis 6051 HGW and B. amyloliquefaciens FZB472, the

sfp gene is 675 bp in length and codes for a protein of 224 amino acids. In B. licheniformis DSM13, the

sfp gene is 681 bp in length and codes for a protein containing 226 amino acids. The nucleotide and

amino acid sequences between B. safensis and B. pumilus species are very similar, over 80%. On the

other hand, B. safensis and the species B. subtilis, B. amyloliquefaciens and B. licheniformis showed

53.8%, 54.5% and 51% nucleotide sequence similarity, respectively.

Page 146: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

126

Figure 3. Phylogenetic tree based on MLAGAN and diagram showing biosurfactant metabolic pathway comparison among Bacillus spp. Arrows with the same

color correspond to orthologous genes. Numbers into arrows, base pair (bp) length.

Page 147: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

127

Another structurally conserved region found among the biosurfactant pathways was the end of

Srf operon, represented by srfAD gene. In B. safensis CCMA 560, as well as in all B. pumilus and B.

licheniformis strains under study, srfAD gene is 741 bp and codes for a protein containing 246 amino

acids. In B. subtilis and B. amyloliquefaciens, this gene is smaller, corresponding to 729 bp and 732 bp,

respectively. As observed for the sfp gene, the similarity of B. safensis CCMA 560 srfAD gene with B.

subtilis, B. licheniformis and B. amyloliquefaciens was smaller.

The complex SrfA-C was also structurally conserved (Figure 3). Through amino acid sequence

analysis, seven modules typical of peptide synthetases could be identified within the characterized srfA-

C genes in B. safensis CCMA 560. The SrfAA, SrfAB and SrfAC proteins are arranged in modules of 10, 10

and 4 domains, respectively. The srfAA gene is 10713 bp in length and codes for a 3570 amino acid-

protein. This protein has 10 modules, three of them are AMP-binding sites that are activated by Glu/Gln-

Leu-Leu amino acids, present in the biosurfactant structure. Furthermore, this gene has tree

condensation sites (C), three peptidyl carrier domains (PCP) and one epimerization domain (E) (Figure 4).

Although the amino acid sequences between B. safensis CCMA 560 and B. subtilis, B. amyloliquefaciens

and B. licheniformis have shown low similarity, the protein structure is very similar. The srfAB gene is

10701 bp in length and codes for a protein with 3566 amino acids. This protein also has shown

conserved modules, with three condensation sites, three peptidyl carrier domains (PCP) and one

epimerization domain (E) and all of them incorporate Val/Leu/Ile-Asp-Leu to the peptide. Finally, srfAC

gene is 3834 bp in length and codes for a protein containing 1277 amino acids. As well as the other

proteins belonging to the NRPS operon, it has shown structurally conserved domains among the species

under study. The protein structure has a C domain, followed by an AMP-binding domain that

incorporates isoleucine to the chain, a PCP domain and a TE domain attached to the end of the protein.

In B. subtilis and B. amyloliquefaciens, the operon structure is the same, although the AMP-binding

domain incorporates valine.

Page 148: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

128

Figure 4. NRPS operon prediction diagram by antiSMASH for B. safensis strain CCMA 560. A, B, C and D: homologous structure with SrfA-D operon in B. subtilis. X and Y: different genes inserted in the metabolic pathway.

The greatest difference observed between B. safensis and the species B. subtilis, B.

amyloliquefaciens and B. licheniformis is the occurrence of two genes, ORFy and ORFx, inserted in the

operon and flanked by srfAC and srfAD genes. The ORFy is 8193 bp in length and codes for a protein

with 2730 amino acids. This protein has seven domains, two AMP-binding sites, a keto-redutase (KR),

two PCP, a condensation site and a TE. The ORFx is 10134 bp in length and codes for a protein

containing 3377 amino acids. The protein structure is also arranged in modules, the first module is

comprised by an AMP-binding site, a KR site and a PCP domain, followed by a second module with a C

domain, an AMP-binding site and a PCP domain, and the last domains are comprised by the

epimerization and condensation domains.

ORFx and ORFy (Figure 3) were analysed at the IMG/ER in order to find similar genes in other

genomes with the same top COG (COG1020) hit and roughly the same matching length. The results

showed that in addition to B. pumilus, other bacteria such as Bacillus sp. HYC-10, B. aerophilus KACC

16563 and B. stratosphericus LAMA-585 also harbour these ORFs in the same region of B. safensis

strains. The function of these ORFs has not been elucidated yet, but they showed 90% similarity with

linear gramicidin synthetase of B. pumilus ATCC 7061.

The phylogenetic tree generated using the MLAGAN alignment program (Brudno et al., 2003) is

represented by 2 main clades (Figure 3); clade A is represented by the species B. subtilis, B.

Page 149: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

129

amyloliquefaciens and B. licheniformis and is responsible for the production of surfactin and lichenysin,

while clade B, where B. safensis CCMA 560 is located, is able to produce pumilacidin. Such

complementary analysis clearly shows that B. subtilis and B. amyloliquefaciens have a closely related

metabolic pathway, and both produce surfactin. B. pumilus and B. safensis species belong to clade B,

and both produce pumilacidin and have similar metabolic pathways (Table 2).

Page 150: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

130

Table 2. Surfactin, linchenysin and pumilacidin variants.

Bacteria Lipopeptide

type

Position amino-acid sequence

Fatty-acid Ref.

1 2 3 4 5 6 7

B.subtilis and

B.amyloliquefaciens Surfactin

Glu Leu D-Leu Val Asp D-Leu Leu C14, C15 or C16

data reviewed

by Bonmatin

et al., 2003

Glu Orn D-Leu Val Asp D-Leu Ile C13 to C15

Glu Leu D-Leu Ala Asp D-Leu Leu C14 or C15

Glu Leu D-Leu Leu Asp D-Leu Leu C15

Glu Leu D-Leu Ile Asp D-Leu Leu C15

Glu Leu D-Leu Val Asp D-Leu Leu C14 or C15

Glu Leu D-Leu Val Asp D-Leu Ile C14 or C15

Glu Leu D-Leu Val Asp D-Leu Cys

Glu Leu D-Leu Val Asp D-Leu Orn

Glu Leu D-Leu Val Asp D-Leu Phe

Glu Ile D-Leu Ile Asp D-Leu Leu C15

Glu Val D-Leu Val Asp D-Leu Val C13 to C15

Glu Val D-Leu Val Asp D-Leu Ile C13 to C15

Glu Ile D-Leu Val Asp D-Leu Val C13 to C15

Glu Ile D-Leu Ile Asp D-Leu Ile C15

B.licheniformis Lichenysin

Gln Leu D-Leu Val Asp D-Leu Ile C13 to C15

Gln Leu D-Leu Ile Asp D-Leu Ile C15

Gln Leu D-Leu Val Asp D-Leu Val C13 to C15

Gln Ile D-Leu Val Asp D-Leu Ile C15

B.pumilus Pumilacidin Glu Leu D-Leu Leu Asp D-Leu Val

Naruse et al.

1990

Page 151: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

131

Chemical characterization

The biosurfactant produced by B. safensis CCMA 560 was investigated trough FTIR analysis. The FTIR

spectrum displayed strong absorbing bands which are consistent with the presence of peptide and fatty

acid components (Figure 5). The stretching modes at 3300 cm-1 and 1650 cm-1 are related to N-H and

CO-N bond, respectively. In addition, the stretching mode at 1535 cm-1 can be associated to the

deformation mode of the N-H bond combined with the C-N stretching mode. The presence of an

aliphatic chain was indicated by the C-H stretching modes from 2970 to 2850 cm-1 and 1470-1370 cm-1.

Figure 5. Fourier transform infrared (FTIR) spectrum of the biosurfactant produced by B. safensis CCMA 560.

The chemical structure of the biosurfactant produced by B. safensis strain CCMA-560 was

confirmed by mass spectrometry analysis. The ESI(+)-MS showed ions of m/z 1036 [M + H]+, 1058 [M +

Page 152: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

132

Na]+, and 1072 [M + Na]+, whereas the sodiated molecule of m/z 1072 was the most predominant

homologue in the biosurfactant sample (Figure 6).

Figure 6: ESI-HRT-MS data for the biosurfactant produced by B. safensis CCMA-560 with detection of Lipopeptides isoforms ions.

The peptide sequence was investigated by collision induced dissociation (Figure 7). The ion of

1036 [M+H]+ produced fragment ions of m/z 923, 808, 709, 596, 483, 370, and 227, which correspond to

the sequential loss of the amino acid residues Leu/Asp/Val/Leu/Leu/Leu/Glu-OMe (leucine, aspartic

acid, valine, and glutamic acid). The amino acid residues were present at a ratio of 4:1:1:1

(Leu/Asp/Val/Glu-OMe). As it can be observed, the loss of a 143 Da residue from m/z 370 to m/z 227

corresponds to the mass of methylated glutamic acid (Glu-OMe), confirming that the glutamic acid

residue was esterified with a methyl group (Figure 7a). Additionally, the ion of m/z 227 is associated

with an aliphatic fatty acid chain containing 14 carbons in the normal, iso or anteiso forms. The

fragmentation would be however indistinguishable from Ile by mass spectrometry because Ile and Leu

are isomers presenting the same molecular mass.

Figure 7b shows the ESI(+)-MS/MS data with the dissociation pattern of the ion of m/z 1058, and

two different sequential losses of amino acids are noted The first is assigned with the amino acid

Page 153: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

133

sequence of Leu/Val/Asp/Leu/Leu/Leu/GluOMe. The second suggests an amino acid sequence

equivalent to Val/Leu/Asp/Leu/Leu/Leu/GluOMe. It was possible to observe that both homologues are

structurally similar although the amino acids at the positions 1 and 2 are different. This is an indicative

that the biosurfactant sample contains two different homologues/isoforms for the same protonated

molecule of m/z 1058. The peptide sequence of the ion of m/z 1072 was also investigated (Figure 7c),

and found to be Leu/Asp/Leu/Leu/Leu/Leu/GluOMe. This sequence was very similar to the previous

sequence described for the ion of m/z 1036, except by the replacement of amino acid at position 3 (Val)

by Leu. Additionally, the presence of an ion of m/z 391 indicates that the Glu-OMe is directly linked with

the C14 fatty acid chain.

The biosurfactant produced by B. safensis strain CCMA-560 is likely comprised therefore by a

cyclic heptapeptide and a lipid portion with a chain length of 14 carbons (Figure 8). The amino acids

composition between the isoforms is very similar, although its sequence can be variable. Specifically for

the ions of m/z 1036, 1058, and 1072, it was observed that the amino acids at positions 1, 2, and 3

change positions in the peptide ring. For instance, the ion of m/z 1036 displayed the amino acids

Leu/Asp/Val at position 1, 2, and 3 whereas the ion of m/z 1072 showed an amino acid sequence of

Leu/Asp/Leu. On the other hand, the ion of m/z 1058 was found to have two different isoforms with the

amino acids sequences of Leu/Val/Asp or Val/Leu/Asp at the positions 1, 2, and 3 in the peptide moiety.

Finally, the biosurfactant was found to be composed by a mixture of at least 4 lipopeptides which differ

in their sequence of amino acids in the peptide ring. For all of those homologues, the lipid portion was

comprised by a fatty acid with length chain of 14 carbons.

Page 154: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

134

Figure 7. ESI(+)-HRT-MS/MS for CID of the ions of (a) m/z 1036, (b) m/z 1058, and (c) m/z 1072.

Page 155: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

135

Figure 8: Illustration of the primary chemical structure for the biosurfactant produced by B. safensis strain CCMA-560. R represents the isomers for the terminal part of the fatty acid chain (iso, anteiso, and normal).

DISCUSSION

The biosurfactant production in Bacillus safensis, as well as in other Bacillus spp. is regulated via non-

ribosomal peptidase synthetases (NRPS) and the corresponding genes are organized in an operon.

Downstream to this operon there is a sfp gene, required for the members of the genus Bacillus to

become a lipopeptide producer (Nakano et al., 1992). Although the similarity was low between B.

safensis and other Bacillus studied in this work, the Sfp protein encoded by B. safensis CCMA 560

belonged to the 4'-phosphopantetheinyl transferase family (pfam01648), as well as the B. subtilis Sfp

protein, which has been characterized elsewhere (Nakano et al., 1992). The B. pumilus sfp gene is an

Page 156: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

136

orthologous of sfp from B. subtilis, and due to the evidences showed herein, we can suggest that this

gene has the same function in B. safensis.

As already described above, the SrfA-D complex also showed structurally conserved region. The

srfAD locus has already been elucidated in B. subtilis; in this species the surfactin can be formed by the

interaction of the three amino acid activating components of surfactin synthetase SrfA, B and C in a

process stimulated by SrfD (Steller et al., 2004). Although the amino acid sequence similarity was lower

than 50% between B. subtilis and B. safensis, the protein encoded by B. safensis CCMA 560 srfAD gene

has a thioesterase domain, such as in B. subtilis. This protein is required for the addition of the last

amino acid to the peptide, thereby forming a cyclic biosurfactant (Schneider et al., 1998). As well as sfp

and srfAD, the SrfA-C complex has structurally conserved domains among the species under study. All

peptide synthetases involved in lipopeptide production have a C domain as their very first position. This

C domain is supposed to serve as an acceptor for a fatty acid which is transferred by acyltransferase.

This acylation process has been observed for surfactin biosynthesis (Konz et al., 1999). Basically, the

operon and protein structures are conserved in all strains surveyed in this work, however the sequence

similarity is low due to the different aminoacids incorporated in the AMP-binding sites, which lead to

differences in the metabolite structure.

B. safensis CCMA 560 operon coding for the lipopeptide harbours two ORFs flanked by sfrAC and

srfAD. ORFx and ORFy are probably not involved in biosurfactant synthesis due to two apparent reasons.

Firstly, the biosurfactant structure observed through chemical analyses (FTIR and MS) was shown to

have almost the same amino acid sequence that was predicted by antiSMASH, suggesting that although

the metabolic pathway harbours these two ORFs, they have not incorporated any amino acid into the

lipopeptide. Secondly, unlike what has been described so far for peptide synthetases involved in the

production of lipopeptides, the first domain of ORFX and ORFY proteins is an AMP-binding instead of a C

Page 157: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

137

domain (Koss et al., 1999). Both ORFs were analysed at the IMG/ER showing 90% similarity with linear

gramicidin synthetase. This is a cycle decapeptide antimicrobial compound produced by Bacillus brevis

also via NRPS (Kessler et al., 2004). These data altogether suggest that the B. safensis CCMA 560

produces an analogue of gramicidin using the same gene regulation system of the lipopeptide.

The antiSMASH pipeline is capable of identifying biosynthetic loci covering the whole range of

known secondary metabolite compound classes and it is an effective tool for in silico identification of

the most promising targets within genomes (Madena et al., 2011). Although amino acid prediction

carried out using this pipeline was different from the one inferred by chemical characterization, this

platform was useful to unveil the protein structure, specially the inserted genes in the operon.

The surfactin is the lipopeptide produced by B. subtilis composed by a heptapeptide interlinked

with a β-hydroxy fatty acid containing 13 to 15 C atoms (Arima et al., 1968). Our results strongly indicate

that the biosurfactant produced by B. safensis contains a peptide-like moiety and also an aliphatic chain

in its structure. Furthermore, the biosurfactant seems to belong to the well-known class of biological

surfactants so-called as lipopeptides. Besides, the FTIR spectrum for the biosurfactant produced by B.

safensis CCMA 560 was very similar to the ones of other lipopeptides described previously (Joshi et al.,

2004; Pueyo et al., 2009; Faria et al., 2011) and its chemical structure slightly different from the surfactin

produced by B. subtilis. Several Bacillus strains were shown to be able to produce surfactin homologues

(Nitschke and Pastore, 2006; Liu et al., 2009; Li et al., 2010; Pereira et al., 2013). The original surfactin,

produced by a soil isolated B. subtilis strain, is a cyclic lipopeptide with seven amino acids

(Glu/Leu/Leu/Val/Asp/Leu/Leu) in the protein moiety and a fatty acid portion containing from 13 to 15

carbon atoms (Arima et al., 1968). Although the amino acid composition in the biosurfactant of B.

safensis CCMA 560 is almost the same to the one of surfactin (Sigma), some differences in the structural

composition could be detected. For instance, valine has been replaced by leucine at position 4 in the ion

Page 158: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

138

at m/z 1036. In addition, the acid glutamic residue in the biosurfactant produced by B. safensis CCMA

560 was found to be esterified when compared with surfactin (Sigma). Moreover, the lipophilic

component in the biosurfactant has a fatty moiety of 14 carbon atoms instead of 15 found in the

commercial surfactin Sigma. Naruse et al. (1990) described the production of a complex mixture of

biosurfactant homologues by a B. pumilus strain. The biosurfactant was called as pumilacidin and the

homologue structures were systematically categorized in seven different groups (A, B, C, D, E, F, and G)

based on the differences in their fatty acid chain and/or amino acid composition. In general, they were

classified as lipopeptides composed by a hydroxyl fatty acid and a peptide portion containing L-Leu/D-

Leu/L-Glu/L-Asp/L-Ileu (or Val). Kalinoviskaya et al. (1995) also studied the production of lipopeptides by

a B. pumilus strain isolated from the marine sponge Ircina sp. They identified the biosurfactant sample

as a complex mixture of pumilacidins, which had an identical peptide ring, but the length of the fatty

acid chains was different. More recently, Kalinoviskaya et al. (2002) studied the surfactants produced by

a marine B. pumilus KMM 1364 isolated from the surface of the ascidian Halocynthia aurantium. The

structural characterization revealed the presence of a mixture of lipopeptides which presented a

chemical composition very close to the surfactin. Similarly to the present work, these lipopeptides

produced by the KMM 1694 strain differed from surfactin by a substitution of valine residue by leucine

at position 4. They have also isolated two surfactin isoforms with valine or isoleucine at position 7 in the

peptide ring. In addition, homologues with lipophilic chains of 15, 16, and 17 carbon atoms were also

determined. It can be assumed that the surface active compounds produced by B. pumilus and other

strains of the Bacillus genus are closely related, but may eventually differ in terms of the fatty acid

length and as well as sequence and amino acid composition. Finally, the structural diversity of

biosurfactants might be affected by the fermentative conditions such as the source of nutrients,

temperature and pH. A better understanding about the genetics of the biosurfactant production and the

Page 159: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

139

regulatory mechanisms that control the lipopeptide biosynthesis will be of great relevance for future

biotechnological applications.

This is the first report on the biosurfactant production by Bacillus safensis, as well as its

metabolic pathway and chemical characterization. Although the biosurfactant produced by B. safensis

CCMA 560 was shown to be chemically similar to the ones produced by B. subtilis, B. licheniformis and B.

amyloliquefaciens strains, the genetic and chemical data gathered in this work contribute to broaden

the knowledge about microbial surfactants and pave the way for the prospection of new biosurfactant

molecules from other Bacillus species. Finally, the genetic knowledge may allow further development

and use of overproducing or recombinant strains for enhanced biosurfactant yields.

ACKNOWLEDGEMENTS

We acknowledge the São Paulo Research Foundation - FAPESP for financial support (Process numbers

2010/15519-3, 2011/50809-5 and 2011/50243-1). Genome sequencing, correction, and assembly were

funded by CSIRO Animal, Food and Health Sciences. We are thankful to Prof. Dr. Anita J. Marsaioli and

Prof. Dr. Anete Pereira de Souza for sharing the genome data of Bacillus safensis CFA-06. The authors

thank Prof. Dr. Oswaldo Luiz Alves for his valorous assistance with the FTIR analysis.

REFERENCES Agbobatinkpo PB, Thorsen L, Nielsen DS, Azokpota P, Akissoe N, Hounhouigan JD, Jakobsen M (2013).

Biodiversity of aerobic endospore-forming bacterial species occurring in Yanyanku and Ikpiru, fermented

seeds of Hibiscus sabdariffa used to produce food condiments in Benin. I J F Microbiol 163:231-238. doi:

10.1016/j.ijfoodmicro.2013.02.008

Page 160: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

140

Al-Wahaibi Y, Joshi S, Al-Bahry S, Elshafie A, Al-Bemani A, Shibulal B (2014) Biosurfactant production by

Bacillus subtilis B30 and its application in enhancing oil recovery. Col and Surf B: Bioint 114:324-333. doi:

10.1016/j.colsurfb.2013.09.022

Arima K, Kakinuma A, Tamura G (1968) Surfactin, a crystalline peptidelipid surfactant produced by

Bacillus subtilis: isolation characterization and its inhibition of fibrin clot formation. Biochem Biophys Res

Commun 31:488-494.

Banat, IM, Franzetti A, Gandolfi I, Bestetti G, Martinotti M, Fracchia L, Smyth TJ, Marchant R (2010)

Microbial biosurfactants production, applications and future potential. Appl Microbiol Biotechnol

87:427-44. doi: 10.1007/s00253-010-2589-0

Blin K, Marnix Medema H, Kazempour D, Fischbach MA, Breitling R, Takano E, Weber T (2013)

antiSMASH 2.0 — a versatile platform for genome mining of secondary metabolite producers. Nucleic

Acids Res 41: W204-W212. doi: 10.1093/nar/gkt449

Bonmatin JM, Laprevote O, Peypoux F (2003). Diversity among microbial cyclic lipopeptides: iturins and

surfactins. Activity-structure relationships to design new bioactive agents. Comb Chem High T Scr 6:541-

556. doi: org/10.2174/138620703106298716

Brudno M, Do CB, Cooper GM, Kim MF, Davydov E, Green ED, Sidow A, Batzoglou S (2003). NISC

comparative sequencing program. LAGAN and Multi-LAGAN: efficient tools for large-scale multiple

alignment of genomic DNA. Genome Res 13:721-731. doi: 10.1101/gr.926603

Page 161: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

141

Chen XH, Koumoutsi A, Scholz R, Eisenreich A, Schneider K, Heinemeyer I, Morgenstern B, Voss B, Hess

WR, Reva O, Junge H, Voigt B, Jungblut PR, Vater J, Süssmuth R, Liesegang H, Strittmatter A, Gottschalk

G, Borriss R (2007). Comparative analysis of the complete genome sequence of the plant growth-

promoting bacterium Bacillus amyloliquefaciens FZB42. Nat Biotechnol 25:1007-1014. doi:

10.1038/nbt1325

Colledge VL, Fogg MJ, Levdikov VM, Leech A, Dodson EJ, Wilkinson AJ (2011) Structure and organisation

of SinR, the master regulator of biofilm formation in Bacillus subtilis. J Mol Biol 411:597-613. doi:

10.1016/j.jmb.2011.06.004

Cosmina P, Rodriguez F, de Ferra F, Grandi G, Perego M, Venema G, van Sinderen D (1993) Sequence

and analysis of the genetic locus responsible for surfactin synthesis in Bacillus subtilis. Mol

Microbiol 8:821-831.

Domingos DF, Dellagnezze BM, Greenfield P, Reyes LR, Melo IS, Midgley DJ, Oliveira VM (2013) Draft

genome sequence of Bacillus pumilus CCMA-560, isolated from an oil-contaminated mangrove swamp.

Genome Announc 1:e00707-13. doi: 10.1128/genomeA.00707-13

D’Souza C, Nakano M, Corbel N, Zuber P (1993) Amino acid site mutations in amino—acid-activating

domains of surfactin synthetase; Effects on surfactin production and competence development in

Bacillus subtilis. J Bacteriol 173:3502-3510.

Page 162: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

142

Dunlap AC, Bowman MJ, Schisler DA (2013) Genomic analysis and secondary metabolite production in

Bacillus amyloliquefaciens AS43.3: A biocontrol antagonist of Fusarium head blight. Biol Control 64:166-

175. doi: 0.1007/s12275-011-1044-y

Earl AM, Losick R, Kolter R (2008) Ecology and genomics of Bacillus subtilis. Trends Microbial 16:269–

275. doi: 10.1016/j.tim.2008.03.004

Edgar RC (2010) Quality measures for protein alignment benchmarks. Nucleic Acids Res 38:2145-2153.

doi:10.1093/nar/gkp1196

Fang Y, Liu S, Lu M, Jiao Y, Wang S (2013) A novel method for promoting antioxidant

exopolysaccharidess production of Bacillus licheniformis. Carbohyd Polym 92:1172-1176. doi:

10.1016/j.carbpol.2012.10.016

Faria AF, Teodoro-Martinez DS, Barbosa GNO, Gontijo BV, Silva ÍS, Garcia JS, Tótola MR, Eberlin M,

Grossman M, Alves OL, Durrant LR (2011) Production and structural characterization of surfactin (C-

14/Leu(7)) produced by Bacillus subtilis isolate LSFM-05 grown on raw glycerol from the biodiesel

industry. Process Biochem 46:1951-1957. doi: 10.1016/j.procbio.2011.07.001

Frazer KA, Pachter L, Poliakov A, Rubin EM, Dubchak I (2004) VISTA: computational tools for comparative

genomics. Nucleic Acids Res 32: W273-W279. doi: 10.1093/nar/gkh458

Gioia J, Yerrapragada S, Qin X, Jiang H, Igboeli OC, Muzny D, Dugan-Rocha S, Ding Y, Hawes A, Liu W,

Perez L, Kovar C, Dinh H, Lee S, Nazareth L, Blyth P, Holder M, Buhay C, Tirumalai MR, Liu Y, Dasgupta I,

Page 163: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

143

Bokhetache L, Fujita M, Karouia F, Moorthy PE, Siefert J, Uzman A, Buzumbo P, Verma A, Zwiya H,

McWilliams BD, Olowu A, Clinkenbeard KD, Newcombe D, Golebiewski L, Petrosino JF, Nicholson WL,

Fox GE, Venkateswaran K, Highlander SK, WeinstocK GM (2007) Paradoxical DNA repair and peroxide

resistance gene conservation in Bacillus pumilus SAFR-032. PLoS One 2:e928. doi:

10.1371/journal.pone.0000928

Hall, TA (1999). BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor and analysis program for

Windows 95/98/NT. Nucl Acids Symp Ser 41:95-98.

Helgason E, Økstad OA, Caugant DA, Johansen HA, Fouet A, Mock M, Hegna I, Kolstø, AB (2000) Bacillus

anthracis, Bacillus cereus, and Bacillus thuringiensis—one species on the basis of genetic evidence. Appl

Environ Microbiol 66:2627-2630. doi: 10.1128/AEM.66.6.2627-2630.2000

Hernandez JP, de-Bashan LE, Rodriguez JD, Rodriguez Y, Bashan Y (2009) Growth promotion of the

freshwater microalga Chlorella vulgaris by the nitrogen-fixing, plant growth-promoting bacterium

Bacillus pumilus from arid zone soils. Eur J Soil Bio 45:88-93. doi: 10.1016/j.ejsobi.2008.08.004

Hua D, Ma C, Lin S, Song L, Deng Z, Maomy Z, Zhang Z, Yu B, Xu P (2007) Biotransformation of isoeugenol

to vanillin by a newly isolated Bacillus pumilus strain: identification of major metabolites. J Biotechnol

130:463-770. doi: 10.1016/j.jbiotec.2007.05.003

Joshi S, Bharucha C, Desai AJ (2008) Production of biosurfactant and antifungal compound by fermented

food isolate Bacillus subtilis 20B. Bioresource Technol 99:4603-4608. doi:

10.1016/j.biortech.2007.07.030

Page 164: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

144

Kabisch J, Thürmer A, Hübel T, Popper L, Daniel R, Schweder T (2013) Characterization and optimization

of Bacillus subtilis ATCC 6051 as an expression host. J Biotechnol 163:97-104. doi:

10.1016/j.jbiotec.2012.06.034.

Kalinovskaya NI, Kuznetsova TA, Ivanova EP, Romanenko LA, Voinov VG, Huth F, Laatsch H (2002)

Characterization of surfactin-like cyclic depsipeptides synthesized by Bacillus pumilus from ascidian

Halocynthia aurantium. Mar Biotechnology 4:179-188. doi: 10.1007/s1012601-0084-4

Kalinovskaya NL, Kuznetsova TA, Rashkes YV, Mil'grom YM, Mil'grom EG, Willis RH, Wood AI, Kurtz HA,

Carabedian C, Murphy P, Elyakov GB (1995) Surfactin-like structures of five cyclic depsipeptides from the

marine isolate of Bacillus pumilus, Russ Chem B+ 44:951-955.

Kavamura VN, Santos SN, Silva JL, Parma MM, Ávila LA, Visconti A, Zucchi TD, Taketani RG, Andreote FD,

Melo IS (2013) Screening of Brazilian cacti rhizobacteria for plant growth promotion under

drought. Microbiol Res 168:183–191. doi: 10.1016/j.micres.2012.12.002

Kessler N, Schuhmann H, Morneweg S, Linne U and Marahiel MA (2004) The linear pentadecapeptide

gramicidin is assembled by four multimodular nonribosomal peptide synthetases that comprise 16

modules with 56 catalytic domains. J Bio Chem 279:7413-7419. doi: 10.1074/jbc.M309658200

Kim OS, Cho YJ, Lee K, Yoon SH, Kim M, Na H, Park SC., Jeon YS, Lee JH, Yi H, Won S, Chun J (2012).

Introducing EzTaxon-e: a prokaryotic 16S rRNA gene sequence database with phylotypes that represent

uncultured species. Int J Syst Evol Microbiol 62:716–721. doi: 10.1099/ijs.0.038075-0

Page 165: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

145

Konz D, Doekel S, Marahiel M (1999) Molecular and biochemical characterization of the protein

template controlling biosynthesis of the lipopeptide lichenysin. J Bacteriol 181:133-140.

Kothari VV, Kothari RK, Kothari CR, Bhatt VD, Nathani NM, Koringa PG, Joshi CG, Vyas BR (2013) Genome

sequence of salt-tolerant Bacillus safensis strain VK, isolated from saline desert area of Gujarat, India.

Genome Announc 1:e00671-13. doi: 10.1128/genomeA.00671-13

Liu Y, Liu L, Shin H, Chen RR, Li J, Du G, Chen J (2013) Pathway engineering of Bacillus subtilis for

microbial production of N-acetylglucosamine. Metab Enging 19:107-115. doi:

10.1016/j.ymben.2013.07.002

Li Y, Yang S, Mu B (2010). Structural characterization of lipopeptide methyl esters produced by Bacillus

licheniformis HSN 221. Chem Biodiversity 7:2065-2075. doi: 10.1002/cbdv.200900155

Liu XY, Yang SZ, Mu BZ (2009) Production and characterization of a C15-surfactin-O-methyl ester by a

lipopeptide producing strain Bacillus subtilis HSO121. Process Biochem 44:1144–1151. doi:

10.1016/j.procbio.2009.06.014

Lorenz L, Lins B, Barrett J, Montgomery A, Trapani S, Schindler A, Christie GE, Cresawn SG, Temple L

(2013) Genomic characterization of six novel Bacillus pumilus bacteriophages. Virology 444:374-383. doi:

10.1016/j.virol.2013.07.004

Page 166: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

146

Markowitz VM, Chen IA, Palaniappan K, Chu K, Szeto E, Grechkin Y, Ratner A, Jacob B, Huang J, Williams

P, Huntemann M, Anderson I, Mavromatis K, Ivanova NN, Kyrpides NC (2012) IMG: the integrated

microbial genomes database and comparative analysis system. Nucl Acids Res 40:D115-D122. doi:

10.1093/nar/gkr1044

Medema MH, Blin K, Cimermancic P, de Jager V, Zakrzewski P, Fischbach MA, Weber T, Rainer B, Takano

E (2013) antiSMASH: Rapid identification, annotation and analysis of secondary metabolite biosynthesis

gene clusters. Nucl Acids Res 39:W339-W346. doi: 10.1093/nar/gkt449

Medema, MH, Blin K, Cimermancic P, Jager V, Zakrzewski P, Fischbach M, Weber T, Takano E, Breitling R

(2011) antiSMASH: rapid identification, annotation and analysis of secondary metabolite biosynthesis

gene clusters in bacterial and fungal genome sequences. Nucl Acids Res 39:W339-W346. doi:

10.1093/nar/gkr466

Mukherjee S, Das P, Sen R (2006) Towards commercial production of microbial surfactants. Trends

biotechnol 24:509-515. doi: 10.1016/j.tibtech.2006.09.005

Nakano MM, Corbell N, Besson J, Zuber P (1992) Isolation and characterization of sfp: a gene that

functions in the production of the lipopeptide biosurfactant, surfactin, in Bacillus subtilis. Mol Gen Genet

232:313-321.

Naruse N, Tenmyo O, Kobaru S, Kamei H, Miyaki T, Konishi M, Oki T (1990). Pumilacidin, a complex of

new antiviral antibiotics production, isolation, chemical properties, structure and biological activity. J

Antibiot 43:267-280.

Page 167: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

147

Nicholson WL, McCoy LE, Kerney KR, Ming DW, Golden DC, Schuerger AC (2012) Aqueous extracts of a

Mars analogue regolith that mimics the Phoenix landing site do not inhibit spore germination or growth

of model spacecraft contaminants Bacillus subtilis 168 and Bacillus pumilus SAFR-032. Icarus 220:904-

910. doi: 10.1016/j.icarus.2012.06.033

Nitschke M, Pastore GM (2006) Production and properties of a surfactant obtained from Bacillus subtilis

grown on cassava wastewater. Bioresource Technol 97:336-441. doi: 10.1016/j.biortech.2005.02.044

Pereira JFB, Gudiña EJ, Costa R, Vitorino R, Teixeira JA, Coutinho JAP, Rodrigues LR (2013) Optimization

and characterization of biosurfactant production by Bacillus subtilis isolates towards microbial enhanced

oil recovery applications. Fuel 11:259-268. doi: 10.1016/j.fuel.2013.04.040

Peypoux F, Bonmatin JM, Wallach J (1999) Recent trends in the biochemistry of surfactin. Appl Microbiol

Biotechnol 51:553-563.

Pueyo MT, Jr CB, Carmona-Ribeiro AM, di Mascio P (2009) Lipopeptides produced by a soil Bacillus

megaterium strain. Microb Ecol 57:367-378. doi: 10.1007/s00248-008-9464-x

Rey MW, Ramaiya P, Nelson BA, Brody-Karpin SD, Zaretsky EJ, Tang M, Lopez de Leon A, Xiang H, Gusti

V, Clausen IG, Olsen PB, Rasmussen MD, Andersen JT, Jørgensen PL, Larsen TS, Sorokin A, Bolotin A,

Lapidus A, Galleron N, Ehrlich SD, Berka RM. Complete genome sequence of the industrial bacterium

Bacillus licheniformis and comparisons with closely related Bacillus species. Genome Biol 5:R77. doi:

10.1186/gb-2004-5-10-r77

Page 168: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

148

Richter M, Rosselló-Móra R (2009) Shifting the genomic gold standard for the prokaryotic species

definition. Proc Natl Acad Sci USA 106:19126–19131. doi: 10.1073/pnas.0906412106

Rodrigues LR, Teixeira JA (2010) Biomedical and therapeutic application of biosurfactants. In:

Ramkrishna S (ed) Biosurfactants. Springer, New York, pp 14-41.

Satomi M, La Duc MT, Venkateswaran, K (2006) Bacillus safensis sp. nov., isolated from spacecraft and

assembly-facility surfaces. Int J Syst Evol Microbiol 56:1735-1740. doi: 10.1099/ijs.0.64189-0

Satpute SK, Bhuyan SS, Pardesi KR, Mujumdar SS, Dhakephalkar PK, Shete AM, Chopade BA (2010)

Molecular genetics of biosurfactant synthesis in microorganisms. In: Ramkrishna S (ed) Biosurfactants.

Springer, New York, pp 14-41.

Schneider A, Marahiel MA (1998) Genetic evidence for a role of thioesterase domains, integrated in or

associated with peptide synthetases, in non-ribosomal peptide biosynthesis in Bacillus subtilis. Arch

Microbiol (169):404-410.

Singh A, Van Hamme JD, Ward OP (2007) Surfactants in microbiology and biotechnology: Part 2.

Application aspects. Biotechnol adv 25:99-121. doi: 10.1016/j.biotechadv.2006.10.004

Steller S, Sokoll A, Wilde C, Bernhard F Franke P, Vater J (2004) Initiation of surfactin biosynthesis and

the role of the SrfD-thioesterase protein. Biochemistry 43:11331-11343. doi: 10.1021/bi0493416

Page 169: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

149

Tamura K, Peterson D, Peterson N, Stecher G, Nei M, Kumar S (2011) MEGA5: Molecular evolutionary

genetics analysis using maximum likelihood, evolutionary distance, and maximum parsimony methods.

Mol Biol Evol 28(10): 2731–2739. doi: 10.1093/molbev/msr121

Tirumalai MR, Rastogi R, Zamani N, Williams EOB, Allen S, Diouf F, Kwende S, Weinstock GM,

Venkateswaran KJ, Fox GE (2013) Candidate genes that may be responsible for the unusual resistances

exhibited by Bacillus pumilus SAFR-032 spores. PLoS ONE 8:e66012. doi: 10.1371/journal.pone.0066012

Vilas-Bôas GT, Peruca APS, Arantes OMN (2007) Biology and taxonomy of Bacillus cereus, Bacillus

anthracis, and Bacillus thuringiensis. Can J Microb 53:673-687. doi: 10.1139/W07-029

Vockler CJ, Greenfield P, Tran-Dinh N, Midgley DJ (2014) Draft genome sequence of Bacillus pumilus

Fairview, an isolate recovered from a microbial methanogenic enrichment of coal seam gas formation

water from Queensland, Australia. Genome Announc 2:e00279-14. doi: 10.1128/genomeA.00279-14

Yakimov MM, Timmis, KN, Wray V, Fredrickson HL (1995). Characterization of a new lipopeptide

surfactant produced by thermotolerant and halotolerant subsurface Bacillus licheniformis BAS50. Appl

Environ Microb 61):1706-1713.

Zhao CW, Wang HY, Zhang YZ, Feng H (2012) Draft genome sequence of Bacillus pumilus BA06, a

producer of alkaline serine protease with leather-dehairing function. J Bacteriol 194:6668-6669. doi:

10.1128/JB.01694-12

Page 170: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

150

Zucchi TD, Kim BY, Bonda ANV, Goodfellow M (2013) Actinomadura xylanilytica sp. nov., an

actinomycete isolated from soil. Int J Syst Evol Microbiol 63:576-580. doi: 10.1099/ijs.0.042325-0

Page 171: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

151

4. DISCUSSÃO GERAL

O petróleo é uma das substâncias mais utilizadas na sociedade moderna. Ele não é só matéria

prima de plásticos e outros produtos, mas também é combustível para a produção de energia, para a

indústria, aquecimento e transporte. Os combustíveis derivados do petróleo fornecem mais da metade

da energia consumida no planeta. A gasolina, querosene e óleo diesel são combustíveis para

automóveis, caminhões, tratores, navios e aviões. O óleo combustível e o gás natural são usados para

aquecimento de residências e prédios comerciais, bem como em gerador de eletricidade. Ainda, os

produtos derivados do petróleo são materiais utilizados em fibras sintéticas para roupa e plástico, tintas,

fertilizantes, inseticidas, sabões e borracha sintética. Portanto, o petróleo é fonte de matéria prima em

uma infinidade de produtos da indústria moderna (Speight, 2014).

Devido à crescente demanda de utilização do petróleo, é inevitável a ocorrêcia de problemas

inerentes à exploração e contaminação ambiental, tornando premente o desenvolvimento de pesquisas

que permitam a viabilização de processos economica e ambientalmente sustentáveis. Atualmente, uma

alternativa que tem se destacado, é a utilização dos surfactantes biológicos, ou biorssurfactantes, para

aplicação em tecnologias como Microbial Ehnhanded Oil Recovery (MEOR) ou mesmo na

biorremediação. Os biossurfactantes tem oferecido a possibilidade de subtituição dos surfactantes

químicos, que são produzidos por fontes não renováveis.

O uso dos surfactantes tem crescido muito ao longo das últimas décadas, entretanto, é difícil

determinar números exatos de produção em um mercado tão variado. No entanto, foi estimado que 8,8

kilotoneladas foram utilizadas em 1995 e esse número subiu para 13 kilotoneladas em 2008 (Marchant

& Banat, 2012). Uma estimativa mostra que para a produção de 1 tonelada de surfactante químico são

emitidas 4,27 toneladas de CO2 na atmostera (Petel et al. 1999). De acordo com a Agência de Proteção

Ambiental dos Estados Unidos, a combustão de um galão de gasolina produz aproximadamente 8,8 kg

de CO2, sendo assim, a estimativa anual do uso de surfactantes químicos é equivalente à combustão de

3,6 bilhões de galões de gasolina. Se a produção de todo o surfactante químico fosse substituída pela

produção de surfactante a partir de óleo vegetal, a emissão de CO2 cairia 37% (Patel, 2004). Entretanto,

essa hipótese tem necessidade de gerenciamento cuidadoso para evitar que a produção de óleo vegetal

Page 172: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

152

destrua a vegetação nativa, uma vez que esta é essencial no ciclo do CO2 e manutenção da

biodiversidade (Danielson et al. 2009; Fitzherbert et al. 2008).

Frente ao cenário mundial de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável, há uma

grande necessidade de se recorrer a fontes alternativas para produção de surfactantes, e uma das

possibilidades é a utilização de micro-organismos. Estes, por sua vez, tem a capacidade de produzir

biossurfactante a partir de fonte renovável, produção independente de condições climáticas,

possibilidade de utilização de matérias-primas regionais, maior rapidez na obtenção do produto acabado

e produção em espaço relativamente pequeno (Parikhi & Madamwar, 2006). Entretanto, ainda existem

algumas limitações na utilização dos biossurfactantes, uma vez que o baixo rendimento e o alto custo de

produção inviabilizam o processo, sendo difícil a competição com os surfactantes de origem química

(Marchant & Banat, 2012). Neste sentido, o processo do crescimento do micro-organismo é a chave

para a redução do custo de produção, o qual pode empregar diferentes bactérias e substratos.

Neste trabalho, um dos objetivos foi otimizar a produção de biossurfactante para melhorar o

rendimento e diminuir o custo de produção em escala laboratorial. A metodologia de planejamento

Plackett - Burman (P&B) foi eficiente como método de triagem das melhores fontes de carbono e

nitrogênio para a produção de biossurfactantes pelas linhagens estudadas, B. safensis CCMA-560 e

Gordonia sp. CCMA-559, com redução da tensão superficial para 29,5 mN/m e 37,2 mN/m,

respectivamente. A Gordonia sp. CCMA-557 aumentou ainda a capacidade emulsificante de 35% para

53%. Resultados similares aos observados nesse trabalho foram obtidos por Joshi e colaboradores

(2008) quando estudaram a linhagem B. subtilis 20B. Com a utilização do planejamento experimental

para a otimização da produção de biossurfactantes, essa linhagem passou a reduzir a tensão superficial

para 29,2 mN/m. Outros estudos também foram realizados com espécies de Bacillus e todos

demonstraram resultados bem sucedidos com a utilização de metodologias de planejamento

experimental (Liu et al. 2012; Abdel-Mawgoud et al. 2008). Entretanto, em todos os estudos foi

observado que a fonte de carbono que mais influencia positivamente a produção do biossurfactante é a

glicose. No presente trabalho observamos que a glicose é um fator que interfere negativamente na

produção, sendo o óleo de soja a melhor fonte de carbono a ser trabalhada. Sendo assim, como

perspectiva futura para melhorar o custo de produção, um novo planejamento experimental para

otimização poderá ser realizado com óleo residual de fritura, estratégia que já vem sendo utilizada por

Halim et al. (2009). A utilização de resíduos industriais de baixo-custo como substrato para o

crescimento dos micro-organismos é uma alternativa para reduzir significativamente o custo de

Page 173: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

153

produção (Pacwa-Plociniczak et al. 2011). O principal desafio na utilização de resíduos é a obtenção do

substrato com o equilíbrio apropriado para suportar o crescimento celular, bem como o rendimento

adequado e consistente do produto final (Nitschke & Pastore, 2006). Fontes de nitrogênio também

foram avaliadas neste trabalho, além de papel fundamental no crescimento celular, estas também se

mostraram importantes na produção de biossurfactante pela linhagem B. safensis CCMA-560. É sugerido

que a importância de fontes de nitrogênio na produção do biossurfactante por Bacillus spp. é devida à

composição da molécula de lipopeptídios.

No planejamento experimental da linhagem de Gordonia sp. CCMA-559 foram obtidos bons

resultados com relação à otimização das condições de crescimento para a produção de CASs. Além de

obter as condições ideais de crescimento desse micro-organismo para a produção de CASs, também foi

observado nitidamente que dependendo das condições de cultivo a linhagem tem resposta fisiológica

diferente, produzindo biossurfactante ou bioemulsificante. Ao avaliar as fontes de carbono que

influenciam a produção, observamos que o hexadecano responde positivamente, bem como o óleo de

soja. A utilização do hexadecano para a produção de CASs por linhagens de Gordonia também foi

realizada com sucesso por outros grupos de pesquisa, sendo observando o aumento na produção de

CASs (Franzetti et al. 2009, Pagilla et al. 2002). Nos experimentos realizados, quando a concentração de

hexadecano foi aumentada, a linhagem diminuiu a produção de biossurfactante e passou a produzir

com maior eficiência um emulsificante. Franzetti e colaboradores também observaram a produção de

dois tipos CASs pelA linhagem Gordonia sp. BS29, um que apresenta boa atividade emulsificante

(exopolissacarídio) e um que apresenta boa atividade de biossurfactante (glicolipídio) (Franzetti et al.

2009a).

Também, podemos citar outra forma de melhoramento da produção dos biossurfactantantes, o

melhoramento genético. Para isso, é fundamental o conhecimento detalhado das vias metabólicas e dos

genes que estão envolvidos no processo. Os bioprocessos normalmente dependem de micro-

organismos superprodutores, mesmo com a utilização de matéria prima de baixo custo, otimização nas

condições de cultivo e métodos eficientes de recuperação do produto final, o processo só é viável se

houver alto rendimento (Mukherjee et al. 2006). Mesmo conhecendo a importância de se estudar as

vias metabólicas dos micro-organismos produtores de biossurfactantes, ainda há poucos estudos

disponíveis na literatura, talvez devido à diversidade dessas vias, o que dificulta as análises. Os estudos

concentram-se em espécies de B. subtilis, B. licheniformis e P. aeruginosa. Neste trabalho, foi estudada a

via metabólica da produção de pumolicidina, lipopeptídio produzido por linhagens de B. safensis. Este

Page 174: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

154

foi o primeiro trabalho de caracterização química e genética do biossurfactante produzido por essa

espécie de Bacillus. Os dados fisiológicos, obtidos através do planejamento experimental, químicos e

genéticos combinados fornecem informações importantes para estudos posteriores visando a produção

do biossurfactante por micro-organismo recombinante com maior rendimento e melhores

características químicas.

A outra linhagem bacteriana que despertou interesse ao longo desse trabalho foi Gordonia sp.

CCMA-559. O gênero Gordonia tem sido amplamente estudado e tem gerado interesse na comunidade

científica devido ao grande potencial de biorremediação e biodegradação (Yoon et al. 2000). Muitas

espécies de Gordonia apresentam a capacidade de degradar ou modificar hidrocarbonetos alifáticos e

aromáticos, compostos aromáticos halogenados, poli-isopreno, xileno, entre outros. A incorporação das

cadeias alifáticas longas dos ácidos micólicos na parede celular está associada com a hidrofobicidade e

adesão de superfície, e pode ter um papel importante na degradação de poluentes hidrofóbicos

(Bendinger et al. 1993). Esse gênero de bactérias também tem a habilidade de degradar outros

compostos xenobióticos, como butil-éter, metil-butil-éter, alcanos cíclicos e hidrocarbonetos aromáticos

policíclicos (Kastner et al. 1998, Hernandez-Perez et al. 2001).

A capacidade de biodegradação de compostos insolúveis e hidrofóbicos está geralmente

associada com a produção de (CASs) pelo micro-organismo (Banat et al. 2000). A importância dos CASs

na degradação de poluentes ocorre devido a: (i) o biossurfactante, tal como o ácido micólico, causa a

aderência da célula microbiana em fases hidrofóbicas em sistemas bifásicos (Nazina et al. 2003); (ii) os

surfactantes promovem o acesso do micro-organismo a fontes hidrofóbicas através da redução da

tensão superficial (Fiechter, 1992); e (iii) os CASs dispersam os compostos hidrofóbicos, aumentanto a

área de superfície para o ataque microbiano (Finnerty, 1994). A produção de CASs tem sido relatada em

diversas espécies de Gordonia, sendo que, em geral, G. amarae é a mais estuda. Tendo em vista a

capacidade de espécies de Gordonia produzirem CASs e apresentarem alta capacidade de degradação,

isso foi abordado neste trabalho. Embora os dados do sequenciamento do genoma tenham sido

apresentados neste trabalho, dificuldades foram encontradas para a caracterização genética da via

metabólica em função da escassez de informações sobre as bases genéticas da produção de

biossurfactantes por micro-organismos similares nas bases de dados. Entretanto, essa espécie de micro-

organismo tem fornecido dados promissores de produção de enzimas, degradação de hidrocarbonetos

(dados não mostrados) e produção de CASs.

Page 175: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

155

Além da abordagem dependente-de-cultivo (cultivo, avaliação e otimização da produção de

biossurfactante e genômica), também foi utilizada neste trabalho a abordagem independente-de-cultivo

(metagenômica) para a prospecção de biossurfactantes a partir de sedimentos de manguezais. Esta

etapa teve início com a construção de uma biblioteca fosmidial de DNA com alto peso molecular (25-40

kb) visando a subsequente triagem de vias metabólicas completas de biossurfactantes, uma vez que

essas normalmente estão localizadas em grandes operons. Muitos trabalhos empregaram essa

abordagem para a prospecção de enzimas, como esterases (Henne et al. 2000; Rondon et al. 2000),

proteases (Gupta et al. 2002), quitinases (Cottreel et al. 1999) e celulases (Rees et al. 2002, Kim et al.

2013), resultando na detecção e caracterização genética e/ou química das mesmas. Um dos fatores que

contribuem para isso, é que normalmente essas enzimas são codificadas por genes pequenos, os quais

independem da regulação por genes localizados em outra região do genoma, diferente do que ocorre

com os biossurfactantes. Do pouco que é conhecido da genética dos biossurfactantes, podemos afirmar

que as vias metabólicas são muito complexas, sendo reguladas por genes externos ao operon, ou ainda

sendo expressas de acordo com o ambiente que o micro-organismo se encontra (Nakano et al. 1988,

Ochsner et al. 1994, Rahim et al. 2001, Nakar& Gutnik 2003). Aliado a isto, a grande diversidade química

dos biossurfactantes compromete as metodologias para o screening, dificultando ainda mais o sucesso

dessa abordagem.

REFERÊNCIAS

Banat IM, Makkar RS, Cameotra SS (2000). Potential commercial applications of microbial surfactants. Appl

Microbiol Biotechnol 53:495-508.

Bendinger B Rijnaarts HHM, Altendorf K et al (1993) Physicochemical cell surface and adhesive properties of

coryneform bacteria related to the presence and chain length of mycolic acids. Appl Environ Microbiol 59:3973–

3977.

Cottrell MT, Moore JA, Kirchman DL (1999) Chitinases from uncultured marine microorganisms. Appl Environ

Microbiol 65, 2553–2557).

Danielson F, Beukema H, Burgess N, et al (2009) Biofuel plantations on forested lands: double jeopardy for

diversity and climate. Conserv Biol 23:348-358.

D’Souza C, Nakano MM, Zuber P. (1994) Identification of comS, a gene of the srfA operon that regulates the

establishment of genetic competence in Bacillus subtilis. Proc Natl Acad Sci USA 91(20):9397-9401.

Fiechter A (1992) Biosurfactants: moving towards industrial application. Trends Biotechnol 10:208–217.

Finnerty WM (1994) Biosurfactants in environmental biotechnology. Curr Opin Biotechnol 5:291–295.

Fitzherbert E, Struebig M, Morel A, et al (2008) How will palm oil expansion affect biodiversity? Trends Ecol Evol

23:538-545.

Page 176: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

156

Franzetti A, Caredda P, La Colla P, et al. (2009) Cultural factors affecting biosurfactant production by Gordonia sp.

BS29. Int Biodeter Biodegr 63: 943-947.

Franzetti A, Caredda P, Ruggeri C, et al. (2009a) Potential applications of surface active compounds by Gordonia sp.

strain BS29 in soil remediation technologies. Chemosphere 75(6): 801-807.

Gupta R, Beg QK, Lorenz P. Bacterial alkaline proteases: molecular approaches and industrial applications. Appl

Microbiol Biotechnol 59:15–32.

Halim SFA., Kamaruddin AH, Fernando WJN (2009) Continuous biosynthesis of biodiesel from waste cooking palm

oil in a packed bed reactor: optimization using response surface methodology (RSM) and mass transfer studies.

Bioresource Technol 100(2):710-716.

Henne A, Schmitz RA, Bömeke M, et al (2002). Screening of environmental DNA libraries for the presence of genes

conferring lipolytic activity on Escherichia coli. Appl Environ Microbiol 66, 3113–3116.

Hernandez-Perez G, Fayolle F, Vandecasteele JP (2001) Biodegradation of ethyl t-butyl ether (ETBE), methyl t-butyl

ether (MTBE) and t-amyl methyl ether (TAME) by Gordonia terrae. Appl Microbiol Biotechnol 55:117–121.

Joshi S, Bharucha C, Desai AJ (2008) Production of biosurfactant and antifungal compound by fermented food

isolate Bacillus subtilis 20B. Bioresource Technol 99(11): 4603-4608.

Kastner M, Breuer-Jammali M, Mahro B (1998). Impact of inoculation protocols, salinity, and pH on the

degradation of polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) and survival of PAH-degrading bacteria introduced into

soil. Appl Environ Microbiol 64:359–362.

Kim D, Kim SN, Baik KS, et al (2011) Screening and characterization of a cellulase gene from the gut microflora of

abalone using metagenomic library. J Microbiol 49(1):141-145.

Marchant R, Banat IM (2012) Microbial biosurfactants: challenges and opportunities for future exploitation. Trends

biotech 30(11):558-565.

Mukherjee S, Das P, Sen R. (2006). Towards commercial production of microbial surfactants. Trends biotech

24(11):509-515.

Nakano MM, Marahiel MA, Zuber P. (1988) Identification of a genetic locus required for biosynthesis of the

lipopeptide antibiotic surfactin in Bacillus subtilis. J Bacteriol 170(12):5662-5668.

Nakar D, Gutnick DL (2003). Involvement of a protein tyrosine kinase in production of the polymeric bioemulsifier

emulsan from the oil-degrading strain Acinetobacter lwoffii RAG-1. J Bacteriol 185(3):1001-1009.

Nazina TN, Sokolova Grigor’yan DS, et al (2003) Production of oil-releasing compounds by microorganisms from the

Daqing oil field, China. Microbiology 72:206–211.

Nitschke M, Pastore GM (2006) Production and properties of a surfactant obtained from Bacillus subtilis grown on

cassava wastewater Bioresource Technol 97:336–341.

Ochsner UA, Koch AK, Fiechter A et al. (1994) Isolation and characterization of a regulatory gene affecting

rhamnolipid biosurfactant synthesis in Pseudomonas aeruginosa. J Bacteriol 176(7):2044-2054.

Pagilla K, Sood A, Kim H. (2002). Gordonia (Nocardia) amarae foaming due to biosurfactant production. Water Sci

Technol 46: 519-524.

Pacwa-Plociniczak M, Plaza GA, Piotrowska-Seget S, et al (2011). Environmental applications of biosurfactants:

recent advances. Int J Mol Sci 12:633–654.

Parikhi A, Madamwar D (2006) Partial characterization of extracellular polysaccharides from cyanobacteria.

Bioresource Technol 97:1822-1827.

Patel M (2004) Surfactants based on renewable raw materials: carbon dioxide reduction potential and policies and

measures for the European Union. J Ind Ecol 7(3-4):47-62.

Patel MK, Theiss A, Worrell E (1999) Surfactant production and use in Germany: resource requirements and CO2

emissions. Resour Conserv Recy 25:61-78.

Page 177: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

157

Rahim R, Ochsner UA, Olvera C et al. (2001) Cloning and functional characterization of the Pseudomonas

aeruginosa rhlC gene that encodes rhamnosyltransferase 2, an enzyme responsible for di-rhamnolipid

biosynthesis. Mol Microbiol 40(3):708-718.

Rees HC, Grant S, Jones B, et al (2003) Detecting cellulase and esterase enzyme activities encoded by novel genes

present in environmental DNA libraries. Extremophiles 7:415–421.

Rondon MR, et al (2000) Cloning the soil metagenome: a strategy for accessing the genetic and functional diversity

of uncultured microorganisms. Appl Environ Microbiol 66:2541–2547.

Speight JG (2014) The chemistry and technology of petroleum. CRC press.

Yoon JH, Lee J, Kang S, et al (2000) Gordonia nitida sp. nov., a bacterium that degrades 3-ethylpyridine and 3-

methylpyridine. Int J Syst Evol Microbiol 50:1203-1210.

Page 178: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

158

Page 179: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

159

5. CONCLUSÃO GERAL

I) Embora a metagenômica seja uma ferramenta eficiente na prospecção de novos compostos

microbianos, neste trabalho não tivemos sucesso na busca de biossurfactantes. Isto ocorreu

devido à complexidade das vias metabólicas, o que dificultou o acesso através de bibliotecas

metagenômicas.

II) Este foi o primeiro trabalho na literatura a reportar análises fisiológica, genética e química

da produção de biossurfactantes em linhagem de Bacillus safensis. Além disso, esse micro-

organismo teve a capacidade de reduzir a tensão superficial do meio para 29,5 mN/m,

mostrando um potencial de aplicação em biorremediação e Microbial Enhanced Oil

Recovery.

III) O biossurfactante produzido pela linhagem de B. safensis CCMA-560 é semelhante ao

produzido por espécies de B. pumilus, ainda assim o conhecimento e caracterização desses

compostos são importantes no sentido em que podem permitir a manipulação genética

futura para a construção de micro-organismos superprodutores visando a aplicação na

indústria.

IV) O planejamento experimental do tipo P&B e DCCR foi uma abordagem eficiente para

aumentar a produção do biossurfactante nas linhagens estudadas. Com essa metodologia,

poucas bateladas de experimentos foram realizadas para analisar multi-fatores que

influenciam a produção de biosurfactantes, otimizando o tempo e o custo de produção.

V) Com base nos dados obtidos no planejamento experimental da linhagem da Gordonia sp.

CCMA-559, a produção de Compostos Ativos de Superfície é estimulada por fontes de

carbono hidrofóbicas, como o hexadecano e o óleo de soja. Quando a concentração de

hexadecano é maior que a de óleo de soja, a linhagem produz mais bioemulsificante;

entretanto, em concentrações iguais das duas fontes há uma maior produção de

biossurfactante, indicando que a linhagem apresenta duas vias metabólicas distintas, uma

para a produção de bioemulsificante e outra de biossurfactante.

VI) Devido a diminuição das reservas petrolíferas e a elevação no custo de obtenção do

petróleo, o MEOR mostra-se uma tecnologia promissora para o aumento de recuperação

deste recurso energético. No entanto, a aplicação in situ de micro-organismos produtores

de CASs apresenta uma grande limitação que é o crescimento microbiano sob as condições

extremas presentes nos reservatórios. Desta forma, a produção do CASs ex situ para a

posterior aplicação no reservatório mostra-se uma alternativa em potencial. Sendo assim, o

melhoramento da produção CASs através de planejamento experimental, bem como o

Page 180: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

160

conhecimento das estruturas químicas e das vias metabólicas envolvidas na síntese de

biossurfactantes/bioemulsificantes, agregam conhecimento para a otimização e redução de

custo no processo.

Page 181: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

161

6. PERSPECTIVAS FUTURAS

Os biossurfactantes produzidos por B. safensis CCMA-560 e Gordonia sp. CCMA-559 serão

testados em ensaios de recuperação de petróleo em núcleo poroso em escala laboratorial a fim

de avaliar seu potencial de aplicação em MEOR;

Serão realizados ajustes na metodologia de extração e purificação dos CASs produzidos por

Gordonia sp. CCMA-559 visando a caracterização química dos compostos;

Após a caracterização química dos CASs produzidos por Gordonia sp. CCMA-559, será realizada a

caracterização genética das vias metabólicas;

Com o sequenciamento e a disponibilização dos dados do genoma das duas linhagens utilizadas

nesse trabalho, outros estudos de prospecção de enzimas e/ou outros metabólitos poderão ser

realizados, com a vantagem de conhecer a anotação desses micro-organismos

A biblioteca metagenômica obtida, com 12.800 clones, encontra-se preservada em glicerol a -

80oC na Coleção Brasileira de Micro-organismos de Ambiente e Indústria (CBMAI/UNICAMP) e

poderá ser utilizada em estudos futuros para a prospecção de compostos com atividade

biológica cujos operons ou vias metabólicas não sejam complexas.

Page 182: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

162

Page 183: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

163

7. ANEXOS

Anexo 1. Resposta do ensaio

P&B de B. safensis CCMA 560

N° do

ensaio Resposta (mN/m)

1 44,1

2 46,1

3 55,3

4 42,4

5 41,6

6 45,4

7 50,3

8 50,6

9 39,1

10 51,5

11 36,2

12 36,1

13 50

14 49,8

15 29,5

16 69,2

17 39,5

18 43,2

19 36,7

Page 184: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

164

Anexo 3. Respostas das análises de DDCR de B. safensis

CCMA-560

Ensaio Tensiometria

(mN/m)

E24

(%)

Ex. Bruto

(g)

1 28 15 0,1429

2 28,5 10 0,1421

3 28,8 25 0,1304

4 29 5 0,0982

5 30,4 0 0,0966

6 28,7 20 0,1519

7 29,1 20 0,1149

8 28,5 30 0,1311

9 29,4 15 0,0911

10 28,2 35 0,1237

11 29,2 30 0,111

12 28,9 15 0,1324

13 29,1 10 0,1128

14 27,6 0 0,1249

15 28,8 10 0,1579

16 35,3 0 0,0629

17 29,4 15 0,1312

Anexo 2. Efeito de cada variável e estimativa do p-valor.

Efeito Erro Padrão t(6) p-valor

Mean/Interc. 24,11579 1,470202 16,40305 0,000003

Sacarose 2,37500 3,204231 0,74121 0,486553

Hexadecano -1,92500 3,204231 -0,60077 0,569977

Glicerol -1,05000 3,204231 -0,32769 0,754277

Óleo de soja 12,00000 3,204231 3,74505 0,009565

Glicose -0,25000 3,204231 -0,07802 0,940348

Uréia 0,27500 3,204231 0,08582 0,934399

(NH4)2SO4 1,60000 3,204231 0,49934 0,635318

Peptona 6,30000 3,204231 1,96615 0,096866

Ex. levedura 6,02500 3,204231 1,88033 0,109106

K2HPO4 4,62500 3,204231 1,44340 0,199014

KH2PO4 1,10000 3,204231 0,34330 0,743085

NaCl 5,62500 3,204231 1,75549 0,129702

As variáveis destacadas em vermelho foram as que apresentaram nível de significância (p<0,1) na produção de biossurfactante pela linhagem CCMA-560.

Page 185: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

165

Anexo 4. Coeficientes de regressão gerados a partir da tensiometria

Fator Coefiente de

regressão Erro padrão t(7) p-valor

Mean/Interc. 28,72389 0,391653 73,34015 0,000000

Óleo de soja (L) -0,26501 0,184031 -1,44002 0,193044

Óleo de soja (Q) 0,05523 0,202743 0,27241 0,793166

Peptona (L) -0,05159 0,184031 -0,28036 0,787307

Peptona (Q) 0,14381 0,202743 0,70930 0,501071

Ex. levedura (L) -0,00879 0,184031 -0,04779 0,963220

Ex. levedura (Q) -0,10421 0,202743 -0,51400 0,623077

Óleo de soja e Peptona (L) 0,10000 0,240342 0,41607 0,689816

Óleo de soja e Ex. Levedura (L) -0,37500 0,240342 -1,56028 0,162661

Peptona e Ex. Levedura (L) -0,35000 0,240342 -1,45626 0,188662

(L) – Linear / (Q) – Quadrátrático

Anexo 5. Coeficientes de regressão gerados a partir do extrato bruto

Fator Coefiente de

regressão Erro padão t(7) P

Mean/Interc. 0,116659 0,016805 6,942047 0,000223

Óleo de soja (L) 0,006835 0,007896 0,865655 0,415360

Óleo de soja (Q) -0,001263 0,008699 -0,145162 0,888674

Peptona (L) -0,001682 0,007896 -0,212989 0,837406

Peptona (Q) 0,003804 0,008699 0,437265 0,675091

Ex. levedura (L) 0,000090 0,007896 0,011398 0,991224

Ex. levedura (Q) 0,002794 0,008699 0,321187 0,757446

Óleo de soja e Peptona (L) -0,008813 0,010312 -0,854554 0,421079

Óleo de soja e Ex. Levedura (L) 0,013063 0,010312 1,266680 0,245787

Peptona e Ex. Levedura (L) 0,006738 0,010312 0,653340 0,534400

Page 186: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

166

Anexo 6. Coeficientes de regressão gerados a partir do teste E24

Fator Coefiente de

regressão Erro Padrão t(7) P

Mean/Interc. 0,084968 0,051958 1,635334 0,145994

Óleo de soja (L) 0,028289 0,024414 1,158728 0,284564

Óleo de soja (Q) 0,053581 0,026896 1,992126 0,086619

Peptona (L) 0,007182 0,024414 0,294185 0,777149

Peptona (Q) 0,044723 0,026896 1,662798 0,140304

Ex. levedura (L) -0,001319 0,024414 -0,054034 0,958418

Ex. levedura (Q) -0,017281 0,026896 -0,642497 0,541014

Óleo de soja e Peptona (L) -0,031250 0,031884 -0,980106 0,359685

Óleo de soja e Ex. Levedura (L) 0,068750 0,031884 2,156233 0,067985

Peptona e Ex. Levedura (L) 0,031250 0,031884 0,980106 0,359685

Anexo 7. Resposta do ensaio P&B de Gordonia sp. CCMA-559.

N° do ensaio

Resposta (mN/m)

1 50,3

2 42,7

3 61,4

4 39,2

5 41,7

6 44,5

7 46,6

8 56,7

9 42,3

10 45,5

11 45,6

12 48,6

13 46,6

14 57,5

15 37,2

16 71,1

17 45,8

18 41,4

19 37,9

Page 187: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

167

Anexo 8. Efeito de cada variável e estimativa do p-valor.

Efeito Erro padrão t(6) p-valor

Mean/Interc. 23,59474 1,713356 13,77107 0,000009

Sacarose 0,76250 3,734172 0,20420 0,844951

Hexadecano 5,68750 3,734172 1,52310 0,178566

Glicerol -0,83750 3,734172 -0,22428 0,829982

Óleo de soja 10,76250 3,734172 2,88217 0,027978

Glicose 2,06250 3,734172 0,55233 0,600675

Uréia 1,56250 3,734172 0,41843 0,690195

(NH4)2SO4 -1,76250 3,734172 -0,47199 0,653609

Peptona 6,33750 3,734172 1,69716 0,140589

Ex. levedura 3,63750 3,734172 0,97411 0,367621

K2HPO4 4,16250 3,734172 1,11470 0,307625

KH2PO4 -1,76250 3,734172 -0,47199 0,653609

NaCl 4,63750 3,734172 1,24191 0,260612

As variáveis destacadas em vermelho foram as que apresentaram nível de significância (p<0,1) na produção de biossurfactante pela linhagem CCMA-

559.

Page 188: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

168

Anexo 9. Respostas das análises de DDCR 2

3 de Gordonia sp. linhagem CCMA-559

Ensaio Tensiometria

(mN/m)* Espalhamento do óleo (mm)*

E24 (%) *

Hexadecano Óleo diesel Querosene

1 29,2 37 0 0 0

2 31,1 32 0 0 0

3 30,4 19 0 0 0

4 31,2 14 0 0 0

5 29,1 28 0 0 0

6 30 27 0 0 0

7 33,6 15 0 0 0

8 29,4 30 0 0 0

9 31,1 26 0 0 0

10 40,9 3 0 0 0

11 43,9 0 0 0 0

12 34,2 6 0 0 0

13 39,7 10 0 0 0

14 29,7 21 0 0 0

15 40,6 16 0 0 0

16 38,9 16 0 0 0

17 40 17 0 0 0

* Todas as leituras foram realizadas em triplicata e os valores da tabela representam a média.

Anexo 10. Coeficientes de regressão para o DCCR 23 gerados a partir da tensiometria

Coeficiente

de regressão Erro

padrão t(7) p-valor

Mean/Interc. 3,67474 3,186794 1,153115 0,286713

Hexadecano(L) -1,16264 1,497421 -0,776429 0,462919

Hexadecano(Q) 2,66988 1,649675 1,618425 0,149604

Óleo de soja(L) 0,81320 1,497421 0,543070 0,603936

Óleo de soja(Q) 1,58923 1,649675 0,963362 0,367457

Peptona (L) 1,21658 1,497421 0,812451 0,443282

Peptona (Q) 3,13048 1,649675 1,897632 0,099552

Hexadecano (L) e Óleo de soja (L) 0,77500 1,955611 0,396296 0,703690

Óleo de soja (L) e Peptona (L) 0,75000 1,955611 0,383512 0,712722

Hexadecano (L) e Peptona (L) -0,32500 1,955611 -0,166188 0,872707

Page 189: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

169

Anexo 11. Coeficientes de regressão para o DCCR 23 gerados a partir do espalhamento do óleo

Coeficiente de regressão

Erro padrão

t(7) p-valor

Mean/Interc. 15,36095 7,276039 2,111169 0,072663

Hexadecano(L) -2,53870 3,418888 -0,742550 0,481923

Hexadecano(Q) 2,60480 3,766512 0,691567 0,511487

Óleo de soja(L) -2,63250 3,418888 -0,769989 0,466492

Óleo de soja(Q) -1,46975 3,766512 -0,390215 0,707980

Peptona (L) 1,20779 3,418888 0,353269 0,734287

Peptona (Q) 2,95911 3,766512 0,785635 0,457844

Hexadecano (L) e Óleo de soja (L) 2,00000 4,465021 0,447926 0,667741

Óleo de soja (L) e Peptona (L) 3,00000 4,465021 0,671889 0,523203

Hexadecano (L) e Peptona (L) 3,25000 4,465021 0,727880 0,490312

Coeficiente de regressão

Erro padrão

t(5) p-valor

Mean/Interc. 38,48247 2,607468 14,75856 0,000026

Hexadecano (L) 0,95120 1,599141 0,59482 0,577857

Hexadecano (Q) 1,64772 1,908191 0,86350 0,427333

Peptona (L) -2,92382 1,599141 -1,82837 0,127034

Peptona (Q) 6,17466 1,908191 3,23587 0,023055

Hexadecano (L) e Peptona (L) 0,32500 2,258160 0,14392 0,891183

Coeficiente de regressão

Erro padrão

t(5) p-valor

Mean/Interc. 4,632888 4,036292 1,147808 0,302983

Hexadecano (L) 2,478624 2,475428 1,001291 0,362651

Hexadecano (Q) 1,571810 2,953830 0,532126 0,617425

Peptona (L) 0,427522 2,475428 0,172706 0,869656

Peptona (Q) 0,062832 2,953830 0,021271 0,983852

Hexadecano (L) e Peptona (L) 2,000000 3,495573 0,572152 0,591982

Anexo 12. Coeficientes de regressão para o DCCR 22 gerados a partir de tensiometria

Anexo 13. Coeficientes de regressão para o DCCR 22 gerados a partir de espalhamento do

óleo

Page 190: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

170

Coeficiente de regressão

Erro padrão

t(5) p-valor

Mean/Interc. 44,1877 6,167500 7,16461 0,000824

Hexadecano (L) 7,9169 3,782483 2,09305 0,090548

Hexadecano (Q) -3,8674 4,513486 -0,85684 0,430673

Peptona (L) 8,3038 3,782483 2,19534 0,079560

Peptona (Q) -11,0602 4,513486 -2,45047 0,057903

Hexadecano (L) e Peptona (L) 6,6500 5,341276 1,24502 0,268293

Anexo 14. Coeficiente de regressão para o DCCR 22 gerados a partir de emulsificação.

Page 191: PROSPECÇÃO DE BIOSSURFACTANTES A PARTIR DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317333/1/Domingos_Daniela... · O objetivo geral desse trabalho foi a ... bem como a via metabólica

171

Anexo 16. Aprovação do CNBio