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O Plenário do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, aprovou em julho de

2010 (Decisão PL 0922/2010) o documento Propostas para o Desenvolvimento Sustentável

Brasileiro. Em agosto, o documento foi apresentado durante a 67ª Semana Oficial

da Engenharia, da Arquitetura e Agronomia, realizada em Cuiabá, e na sequência, entregue

aos candidatos à presidência da República. Nele foram incluídas setoriais discutidas com as

instâncias do Sistema Confea/Crea, bem como no processo de mobilização do 7º Congresso

Nacional dos Profissionais.

Ao divulgar a síntese do documento, o Projeto Pensar o Brasil e as Américas, espera

estimular o seu debate junto às organizações profisisonais e à sociedade.

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Projeto Pensar o Brasil (logomarca)

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil que era de 0,757 no ano 2000, atinge atualmente o valor de 0,777. Quanto ao Índice de Gini, instrumento utilizado para medir o grau de concentração de renda em um país, segundo recente estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Brasil é o terceiro país mais desigual da América Latina e Caribe, com Gini igual a 0,560. Cabe lembrar que no ano 2000 o valor deste índice era 0,607, o que colocava o Brasil à frente apenas da Suazilândia, que apresentava o valor de 0,609.

Esses parâmetros são centrais para estabelecermos o novo modelo de crescimento, que considera não apenas uma economia regulada pelo mercado e medida pela produção de riquezas definidas no Produto Interno Bruto (PIB), mas com novos parâmetros de sustentabilidade ambiental e social. Esses, adotados no recente índice de Felicidade Interna Bruta (FIB), discutido na Conferência de Copenhague (COP-15). Assim, esse conceito contempla mais que critérios econômicos. Ao contrário, evidencia o componente humano e social, a diversidade do ecossistema, a saúde da população e a boa governança. Nesse sentido, um dos mecanismos para se garantir uma boa gestão é o combate à corrupção, devendo-se promover uma grande mobilização em favor da ética e da transparência, com a viabilização de pactos setoriais, por meio dos quais agentes públicos e privados, das diversas cadeias produtivas, se comprometam com a lisura na condução dos negócios e das licitações.

Práticas de corrupção conduzem ao panorama de desigualdade que se apresenta ainda hoje em áreas prioritárias como educação, saúde, alimentação, moradia, transporte e segurança, consistindo numa grave distorção do ambiente social. É preciso adotar critérios bem definidos e concretos que respeitem a ética das prioridades no estabelecimento das políticas públicas do país.

Ao longo da história do Brasil, observamos a falta da priorização do investimento em infraestrutura e o desmonte das equipes de planejamento, controle

e fiscalização nas últimas décadas. Nesse cenário, é oportuno questionar: existe um projeto de país que contemple as questões essenciais para a construção de uma nação justa? O desenvolvimento brasileiro exigirá a reforma do Estado equipando, modernizando e qualificando esses serviços e resgatando a cultura técnica do Estado no seu papel nesse novo ciclo.

Não podemos deixar de reconhecer que o Estado brasileiro, em sua trajetória, alcançou diversas conquistas, como o maior sistema elétrico nacionalmente interligado do mundo; a vanguarda na prospecção e extração de petróleo em águas profundas, inclusive o pré-sal; a criação e a implantação de alternativas de combustíveis renováveis, derivados da biomassa e outros; o domínio do ciclo completo do combustível nuclear, com técnica própria de enriquecimento do urânio; a criação de tecnologia de ponta em automação de serviços e processos; arquitetura e urbanismo modernos; a indústria aeronáutica com competitividade no mercado internacional; o desenvolvimento de tecnologias de ponta para a sustentabilidade da agricultura familiar e do agronegócio.

Todavia, o contexto social, econômico e político de atuação dos profissionais do Sistema Confea/Crea vem mudando de forma acelerada, principalmente devido ao que aconteceu no mundo do trabalho a partir dos anos 1980. As novas tecnologias, o exponencial crescimento do uso da informática nos mais variados setores da sociedade, o aumento de importância das telecomunicações, uma verdadeira revolução na biotecnologia, tudo isso alterou em profundidade os processos de trabalho e até nossas representações do mundo físico.

Entretanto, é importante ressaltar que o documento ora apresentado transcende as questões que podem ser definidas politicamente. Busca contribuir para a modificação da realidade atual que impede o crescimento pela insuficiência de infraestrutura e de mão de obra qualificada, que atenda à demanda do país.

Hoje temos a perspectiva de um futuro favorável.

O país vive um momento político-econômico favorável para um desenvolvimento ambientalmente sustentável e socialmente justo. As perspectivas positivas de crescimento devem contemplar as inovações tecnológicas, uma educação continuada e de qualidade, o combate à corrupção e a elevação da qualidade de vida das pessoas, melhorando o nível de emprego, renda, bem-estar social e emocional. Felizmente, há, hoje, a percepção de que a sociedade em geral entende que as questões associadas à ocupação e integração do território nacional, necessárias para garantir o desenvolvimento que é sinalizado e desejado por todos, devem ser efetivadas com a garantia dos pressupostos da sustentabilidade plena: justa distribuição de riquezas; redução das desigualdades sociais e regionais; e respeito ao meio ambiente.

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E, para responder às expectativas internas e externas, o Brasil precisa mobilizar sua capacidade instalada e os financiamentos necessários para produzir um projeto inovador. Vários são os desafios. É preciso fazer uma profunda reflexão sobre esse novo ciclo de desenvolvimento. E, para isso, apresentamos algumas propostas, contempladas em dois grupos:

A TRANSFORMAÇÃO SUSTENTÁVEL DA NATUREZA

No campo das profissões da área tecnológica, há muitos temas que são fundamentais para produzir um Projeto de Nação com essas características. As diretrizes gerais que devem nortear os programas de governo, essenciais à transformação sustentável da natureza para assegurar o nosso desenvolvimento, colocando o Brasil entre as cinco maiores economias do mundo, antes uma quimera, hoje uma possibilidade real, dadas as perspectivas de crescimento divulgadas pelos mais expressivos líderes mundiais e por todas as agências financeiras, são:

1. Políticas públicas continuadas e adequadas às realidades regionais dentro de uma identidade territorial nacional, formuladas com a participação da sociedade;

2. Planejamento e intervenções de integração considerando a sustentabilidade ambiental;

3. Interiorização do desenvolvimento com ocupação racional e equilibrada de grandes áreas ociosas e desabitadas;

4. Projetos de infraestrutura que compatibilizem a ocupação territorial com os meios de produção;

5. Utilização de novas tecnologias, prioritariamente nacionais, para produção das infraestruturas necessárias ao desenvolvimento e crescimento almejados;

6. Conservação e uso racional dos recursos naturais, com o gerenciamento integrado de bacias hidrográficas visando à racionalização do uso da água, do solo, da energia e dos modais de transportes.

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7. Garantia da capacidade de gestão do patrimônio ambiental, da independência científica, técnica e tecnológica, tanto na administração pública como no setor produtivo, para assegurar a soberania nacional.

O grupo “A Transformação Sustentável da Natureza” compõe-se dos seguintes temas setoriais:

• Energia – Desenvolvimento com Fontes Renováveis – Onde se propugna por uma matriz cada vez mais limpa, em que os combustíveis oriundos de fontes renováveis, onde já temos tradição e excelência na produção, consumo e exportação, terão pesos cada vez mais significativos;

• Pré-sal – Soberania e Financiamento da Sustentabilidade – Garantia de exploração sustentável, com soberania nacional sobre os recursos minerais e destinação dos recursos financeiros do Fundo Social proposto pelo Governo, principalmente: à mitigação dos eventuais danos ao ambiente; a todos os municípios brasileiros produtores ou não; ao desenvolvimento tecnológico; e à priorização do transporte urbano nas nossas cidades;

• Transportes – Racionalizar a Matriz e Aumentar a Competitividade – Defesa da mudança de nossa matriz hoje eminentemente rodoviária, com a construção de mais ferrovias e hidrovias, inclusive como elementos de integração continental, além da melhoria dos portos para resgatar o potencial marítimo, visando à redução do consumo de energia e de emissões; bem como a necessidade de promover ligação entre as principais metrópoles com trens de alta velocidade;

• Espaço Urbano, abrangendo os temas que compõem a política de desenvolvimento urbano:

i. Habitação – Assegurar a Função Social da Terra Urbana – Conquista do fim do déficit habitacional com garantia de investimentos plenos compostos por todas as fontes existentes, mais os recursos orçamentários da União, dos Estados e dos Municípios previstos na PEC 285/08 da Moradia Digna;

ii. Mobilidade Urbana – Prioridade para o Transporte Coletivo – Busca da priorização do transporte coletivo, assegurando modos adequados à realidade das cidades, com

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os cursos tecnológicos. A rapidez exigida para essas transformações torna crítica a situação. A condição desejável somente será alcançada mediante um esforço conjugado de vários setores da sociedade e ao final de um amplo processo participativo. Dessa forma, o Projeto de Nação estará necessariamente ancorado em um profundo processo de mudanças no quadro educacional em todos os níveis, condição indispensável para o desenvolvimento com sustentabilidade.

Nesse sentido, as instituições de ensino têm um papel estratégico a desempenhar. Ela, além de preparar os profissionais para um mercado em constante mutação, deve desenvolver uma visão prospectiva da sociedade e ser uma espécie de farol a iluminar e a guiar o caminho para um futuro melhor.

Nesta análise, alguns aspectos são destacáveis:

1. O papel das novas tecnologias, o aumento e rapidez das telecomunicações e a transmissão de grande massa de dados em tempo extremamente reduzido, as redes de comunicação com o aumento da importância da informática, o surgimento da nanotecnologia e da biotecnologia.

2. A busca pelo aumento de produtividade, as novas formas de organizar os processos de trabalho, a automatização dos processos de produção e de projeto.

3. O aumento da necessidade de profissionais no setor de serviços, com postos de trabalho mais próximos aos clientes e mais voltados a satisfazerem suas demandas e interesses.

4. O aumento da consciência da sociedade quanto às limitações energéticas e ambientais e de atendimento das questões colocadas pela ecologia.

Isto tem indicado que a busca por novas formas de energia é uma área promissora para os profissionais, bem como o estudo da reciclagem dos materiais e das pesquisas de impacto ambiental.

O grupo “A Formação e as Relações Profissionais” compõe-se dos seguintes temas setoriais:

• Educação – Investimento na Autonomia – Onde se propugna pela definição das formações adequadas aos diversos perfis profissionais de acordo com as

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integração de corredores de ônibus, metrôs, trens suburbanos, em detrimento da ótica vigente de se financiar o transporte individual motorizado, como forma de assegurar, antes de tudo, o direito pleno à cidade;

iii. Saneamento – Universalização dos Serviços – Provimento do tratamento de água, da coleta e tratamento dos esgotos e resíduos sólidos e drenagem, em vinte anos, com investimentos públicos e privados totais da ordem de R$ 200 bilhões;

• Espaço Rural – Alimentos para o Brasil e para o Mundo – A importância da Agricultura Familiar como fator de segurança alimentar, e do Agronegócio por seu importante papel na balança das exportações brasileiras, com a garantia de exploração sustentável de nossos recursos naturais;

• Meio Ambiente – Desenvolvimento com Sustentabilidade – Abrangendo dois temas de suma importância para a garantia da sustentabilidade ambiental e perenidade dos nossos recursos, especialmente o nosso potencial hídrico:

i. Mudanças Climáticas – Prevenção para a Sobrevivência - Onde se propõe a priorização da redução de emissões nos setores de desmatamento e mudança do uso do solo e no setor de energia, especialmente na mudança da nossa matriz de transportes;

ii. Recursos Hídricos – Bem Cuidar para Perenizar – Onde se apresentam diversas propostas para as ações governamentais visando a perenização dos nossos recursos, de forma a assegurar a nossa independência e garantir a vida das gerações futuras;

• Infraestrutura Continental – Integração da América do Sul – Implantação de redes físicas, rodoviárias, hidroviárias, ferroviárias, dutoviárias e infoviárias, para reduzir as assimetrias existentes entre os países do continente americano.

A FORMAÇÃO E AS RELAÇÕES PROFISSIONAIS

O novo ciclo do desenvolvimento brasileiro exigirá um enorme esforço para mudar em profundidade

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para a engenharia consultiva e o fomento à formação e ampliação de empresas desta natureza;

• Trabalho – Valorização Profissional – Onde se procura garantir a autonomia no desenvolvimento tecnológico e a consequente valorização dos profissionais, com melhor remuneração para assegurar os melhores quadros técnicos para o desenvolvimento que se apresenta;

Trata-se, portanto, de um documento que, após discutido por presidentes dos Creas, de entidades nacionais e conselheiros federais e aprovado por este Conselho Federal na Sessão Plenária Extraordinária nº 2, de 20 de julho de 2010, propõe uma reengenharia social, econômica e tecnológica, tendo em seu escopo uma visão multiprofissional, com um olhar não apenas técnico, mas, principalmente, humano voltado para o desenvolvimento tão esperado pelos brasileiros.

necessidades atuais e projetadas, tendo em vista os projetos estratégicos do Estado Brasileiro e propostas pelos interessados: o governo, a iniciativa privada, o sistema educacional e o sistema de representação profissional;

• Ciência, Tecnologia & Inovação – Independência e Autonomia – Onde se busca o fortalecimento da C,T&I para o desenvolvimento social e democrático, com distribuição de renda, cidadania e inclusão social, com universalização da educação e da cultura, popularização da ciência e construção de uma cultura científica em todo o país.

• Engenharia Consultiva – Fomentar o Parque Consultivo Nacional – Onde se propõe a reconstrução do nosso parque consultivo, de forma a garantir os projetos necessários ao novo ciclo de desenvolvimento, que assegurem a melhor solução técnica para cada empreendimento e em termos ambientais e de menor custo; e o estabelecimento de um programa nacional de empreendedorismo

Marcos Túlio de Melo

Presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

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