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    A EFETIVAO DOS DIREITOS DAS CRIANAS E DOSADOLESCENTES: DESAFIOS E POSSIBILIDADES.

    Edileine Costa BRIGUENTI1

    Maria Carolina Carvalho de CARLOS2

    Ana Paula DELLAGNESI3

    Juliene Aglio de OLIVEIRA4

    Eliana LONARDONI5

    Maristela Gomes QUEIROZ6

    Aline Linares de Oliveira SCANDELAI7

    Vanessa Rosa de SOUZA8

    RESUMO:Este artigo resultado das pesquisas dogrupo de iniciao cientifica das FaculdadesIntegradas Antnio Eufrsio de Toledo, ondedocentes e discentes do curso de Servio Social,objetivam diagnosticar as Polticas de atendimento criana e o adolescente no Municpio dePresidente Prudente. Enfocaremos neste estudo aimportncia da efetivao dos direitos da criana edo adolescente. So definidos e garantidos peloEstatuto da Criana e do Adolescente - ECA que,apesar do avano que representa, vem sofrendo

    resistncias por setores da sociedade, existindoassim, uma srie de desafios a serem enfrentados.

    1Discente do curso de Servio Social e pesquisador do projeto de pesquisa Diagnstico do Sistema de Garantiade Direitos das crianas e dos adolescentes no municpio de Presidente Prudente, pelas Faculdades IntegradasAntonio Eufrsio de Toledo de Presidente Prudente.2Discente do curso de Servio Social e pesquisador do projeto de pesquisa Diagnstico do Sistema de Garantiade Direitos das crianas e dos adolescentes no municpio de Presidente Prudente, pelas Faculdades IntegradasAntonio Eufrsio de Toledo de Presidente Prudente.3Discente do curso de Servio Social e pesquisador do projeto de pesquisa Diagnstico do Sistema de Garantiade Direitos das crianas e dos adolescentes no municpio de Presidente Prudente, pelas Faculdades IntegradasAntonio Eufrsio de Toledo de Presidente Prudente.4Docente do curso de Servio Social e orientadora do projeto de pesquisa Diagnstico do Sistema de Garantiade Direitos das crianas e dos adolescentes no municpio de Presidente Prudente, pelas Faculdades IntegradasAntonio Eufrsio de Toledo de Presidente Prudente.5Discente do curso de Servio Social e pesquisador do projeto de pesquisa Diagnstico do Sistema de Garantiade Direitos das crianas e dos adolescentes no municpio de Presidente Prudente, pelas Faculdades IntegradasAntonio Eufrsio de Toledo de Presidente Prudente.6Discente do curso de Servio Social e pesquisador do projeto de pesquisa Diagnstico do Sistema de Garantiade Direitos das crianas e dos adolescentes no municpio de Presidente Prudente, pelas Faculdades IntegradasAntonio Eufrsio de Toledo de Presidente Prudente.7Graduada em Servio Social. Discente do curso de especializao em Polticas Sociais e Processos de gesto.Bolsista do projeto de pesquisa Diagnstico do Sistema de Garantia de Direitos das crianas e dos adolescentesno municpio de Presidente Prudente, pelas Faculdades Integradas Antonio Eufrsio de Toledo de PresidentePrudente e-mail: [email protected] do curso de Servio Social e pesquisador do projeto de pesquisa Diagnstico do Sistema de Garantiade Direitos das crianas e dos adolescentes no municpio de Presidente Prudente, pelas Faculdades IntegradasAntonio Eufrsio de Toledo de Presidente Prudente.

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    A criana e o adolescente ocupam lugar menor nasociedade, apesar de todas as conquistas jfirmadas para esse segmento. So mantidos emposio de submisso ao mundo adulto, posio

    que poder ser ultrapassada quando eles prpriosatingirem essa condio. A, ento, passaro a ter,a princpio, direito aos direitos.

    PALAVRAS-CHAVE: Adolescentes; Crianas eDireitos.

    1. A PARTICIPAO COMO UM INSTRUMENTO NA DEFESA E PROTEO

    DOS DIREITOS SOCIAIS.

    O contexto social que configura as relaes sociais contemporneas

    caminha na direo oposta garantia de direitos sociais populao brasileira, de

    uma forma geral. No h como negar os avanos a partir dos anos de 1980. A

    chamada redemocratizao deste perodo, onde pessoas envolvidas com a justia

    social lutaram para a articulao e promulgao da Constituio Federal de 1988, oque se percebe que esta no se tornou ainda realidade no pas.

    A Carta Constitucional prev direitos sociais que devem ser traduzidos

    em deveres do Estado, atravs de polticas pblicas quando expressa que o Estado

    assegurar a assistncia famlia e a cada um dos que a integram, criando

    mecanismos para coibir a violncia no mbito de suas relaes (Constituio

    Federal, captulo VII, art. 226, pargrafo 8).

    No diferente quando analisamos o Estatuto da Criana e

    Adolescente (Lei n. 8.069/90), lei est que assegura a proteo da populao infanto

    juvenil, redefinindo assim o contedo, mtodo e gesto das polticas de atendimento

    a esta demanda especfica. O autor Frota (2003) enfatiza tais linhas e ao da

    poltica de atendimento firmadas pelo ECA:

    Polticas sociais bsicas; polticas e programas de assistncia social emcarter supletivo; servios especiais de atendimento mdico e psicossocials vtimas de qualquer forma de violncia; servios de identificao e

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    proteo jurdico-social, por entidades de defesa dos direitos (FROTA, 2003,p.68).

    H dezessete anos, o Estatuto da Criana e do Adolescente - ECA -

    estabeleceu parmetros para uma renovao das polticas e programas de

    atendimento das crianas e adolescentes no Brasil, propondo, entre outras

    inovaes, a criao dos Conselhos dos Direitos da Criana e do Adolescente e dos

    Conselhos Tutelares.

    Os Conselhos de Direito so formados por membros do poder pblico e

    da sociedade civil. Funcionam nos mbitos federal, estadual e municipal e so

    responsveis pela formulao e controle das polticas de atendimento s crianas e

    adolescentes. Os Conselhos Tutelares so responsveis pelo acolhimento e

    encaminhamento de crianas e adolescentes que tm seus direitos ameaados ou

    violados. A lei estabelece que cada Municpio deve ter seus Conselhos. No entanto,

    segundo dados da UNICIF apenas 27 % dos municpios tm Conselhos Tutelares e

    41 % tm Conselhos de Direito.

    Muitos indcios sugerem que o papel reservado pela legislao aos

    Conselhos no vem se efetivando como seria de se esperar. Muitos municpiosainda no criaram seus Conselhos, embora esta seja uma obrigao expressa de

    todas as administraes municipais. Por outro lado, muitos Conselhos foram

    constitudos formalmente, mas encontram diversos tipos de dificuldade para atuar de

    forma consistente e superar restries que os transformam em meras estruturas

    burocrticas formais e/ou simples elos de transmisso de polticas assistencialistas

    ou autoritrias, incompatveis com as determinaes do ECA e da Constituio

    Brasileira. Como contraponto a essas limitaes, possvel identificar experincias

    locais avanadas e consistentes, em que os Conselhos buscam assumir um papel

    significativo na implantao e gesto de polticas municipais de ateno integral

    criana e ao adolescente. No entanto, tais iniciativas so pouco divulgadas, o que

    no favorece sua disseminao.

    A questes atuais discutidas em relao participao social e o

    controle social merecem uma ateno primordial para a rea da criana e do

    adolescente, demonstrando o impasse que esse segmento enfrenta na

    regulamentao das polticas sociais e na efetivao de seus direitos de cidadania.

    Buscando aes prepositivas na elaborao e fiscalizao de polticas sociais

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    eficazes, de forma que seja fruto da participao social e de controle da sociedade

    sob o Estado.

    Demonstrando Souza (2002, p.167) que a novidade estabelecida na

    concepo de participao social o controle do Estado realizado por meio de toda

    a sociedade, circunscrevendo a proposta dos mecanismos de controle social,

    principalmente, as conferncias e os conselhos de poltica e de direito. Porque

    atravs desses espaos sociais democrticos que a sociedade capaz de buscar

    meios e instrumentos de participao recriando possveis canais de controle do

    Estado, edificando assim o verdadeiro conceito da democracia.

    Permitindo que a populao intervir com uma maior adeso nas

    decises de interesse de toda a sociedade, principalmente no controle das polticas

    sociais, garantindo assim a implementao e continuidade qualificada dessas

    polticas. Portanto para Souza (1991) apud Souza (2004, p, 170):

    A participao deve ser observada enquanto questo social, e no comopoltica de reproduo da ordem vigente. Na condio de questo social, aparticipao constituda de contradies que desafiam o homem,fazendo-o assumir, dependendo da conjuntura, posies de enfrentamentoou na elaborao de proposies polticas para a melhoria das condiesde vida do trabalho da populao

    Sendo necessrio ostentar uma nova cultura participativa para todo o

    conjunto da sociedade brasileira, com o intuito de alcanar a universalizao dos

    direitos sociais ampliando e otimizando a cidadania em nosso pas. Para que

    possamos assim, tornar-se protagonistas no combate e controle do Estado,

    conduzindo-o a um novo tratamento das expresses da questo social.

    Pois no basta apenas criar espaos de participao social dando

    meios para que a sociedade realize o controle social sob o Estado, em luta e defesa

    de seus direitos de cidadania. Primeiramente de grande relevncia que a

    sociedade tome conhecimento e condicionamento da realidade social enfrentada

    pelo nosso pas, absorvendo culturalmente um sentimento de justia e igualdade

    para todos, ou seja, um sentimento indispensvel ao desenvolvimento humano.

    Contudo, a participao e o controle da sociedade no podem estar

    resumidos apenas com aes que sejam desenvolvidas no interior de conselhos e

    conferncias, pois no h melhor mecanismo de presso sobre o Estado do que os

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    movimentos sociais. Ou seja, os movimentos sociais no podem ser substitudos por

    outros meios de participao e controle e sim apenas complementados com estes.

    Sendo ele fundamental para o processo de transformao da sociedade. A

    institucionalizao dos conselhos d continuidade e eficcia ao dos movimentos

    sociais (SOARES E GODIN, 1998, apud MARTINS, 2004, p.193).

    2 CRIANA E ADOLESCENTE COMO SUJEITOS DE DIREITOS

    A criana e o adolescente no Brasil so concebidos legalmente como

    sujeitos de Direitos que neste sentindo devem ser considerados como pessoas em

    condio peculiar de desenvolvimento necessitando de ateno da famlia, da

    comunidade, da sociedade e do Poder Pblico.

    As transformaes no mundo do trabalho, da cultura e do papel do

    Estado, representam mudanas de paradigmas e rebatem na ao dos governos, do

    mercado e da sociedade civil. Se num primeiro momento as fronteiras entre os

    governos, o mercado e a sociedade civil eram claramente definidas, as novas

    tendncias colocam em questo essas demarcaes. Novas formas de combinaoesto sendo apresentadas, implantadas e avaliadas.

    No Brasil os desenhos das polticas pblicas voltadas para a infncia e

    adolescncia tm sido dificultados por vrios motivos, pois presenciamos nessas

    ultimas dcadas uma desregulamentao das polticas publicas por conta do Estado

    no assumir seu papel de provedor e no repassar recursos suficientes, onde os

    direitos de cidadania so comprimidos por uma lgica financeira.

    Porm, a necessidade de repensar as polticas pblicas, pressupe oestabelecimento de estratgias que respondam, de forma plena, a necessidade da

    criana e adolescente, protegendo-a da vulnerabilidade que so submetidas na

    sociedade capitalista.

    A histria da infncia como questo poltica e social, objeto de aes

    pblicas, tornou-se duas ltimas dcadas bastante conhecida. Isso se deu, a partir

    da mudana do paradigma legal e institucional no trato da questo, principalmente a

    passagem da situao irregular por falta de uma poltica voltada criana e ao

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    adolescente, para a proteo integral preconizada pelo Estatuto da Criana e do

    Adolescente.

    importante ressaltar que quando falamos de poltica de atendimento

    temos como referncia a lei n 8.069/90, que nos permite compreend-la como um

    conjunto articulado de aes governamentais e no governamentais, da unio, dos

    estados, do distrito federal e dos municpios.

    No obstante, como nos coloca Fvero9, ... no interior do projeto da

    profisso que sebusca as respostas a essas demandas profissionais, no fora dele.

    Outrossim, fundamental percebermos que os direitos de crianas e adolescentes

    no representam apenas convenes legais nacionais e/ou transnacionais, mas so,

    sobretudo, fruto de determinaes mltiplas que refletem a totalidade dos processossociais. Neste mbito, emergem as dimenses sciohistricas, econmicas e

    culturais, que nos possibilitam entender que ...o direito no , ele vem a ser10

    perspectiva que denota a relevncia de considerarmos que os direitos expressos no

    ECA se consolidam atravs da construo de sugestes e alternativas que

    confrontem as prticas autoritrias, punitivas, assistencialistas e descontnuas que

    caracterizam a trajetria histrica das aes voltadas para o atendimento de

    crianas e adolescentes no Brasil.Podemos ressaltar tambm, luz das reflexes de DEMO (1997) 11,

    que a construo das sugestes e alternativas supracitadas pressupe atingir a

    questo social em sua estrutura. Este posicionamento exige a superao da ...

    expectativa funcionalista de tratar problemas estruturais com remendos

    conjunturais... bem como da ...pretenso setorialista, como se pudessem ser

    efetivassem base econmica ou desgarradas da cidadania emancipatria.

    O ECA (Estatuto da Criana e do Adolescente) lei n 8.069/90regulamenta a lei, a proteo dos direitos da infncia articulados no paradigma da

    proteo integral, que considera a criana e o adolescente, sujeitos de direitos e

    seres em desenvolvimento e em especial como prioridade absolutas.

    913FVERO, Eunice Teresinha. O estudo social- fundamentos e particularidades de sua construo na reaJudiciria. IN: O Estudo social em percias, laudos e pareceres tcnicos: contribuio ao debate no judicirio, nopenitencirio e na previdncia social. Conselho Federal de Servio Social,(org.). So Paulo: Cortez, 2003, p. 42.10LYRA FILHO, Roberto. O que direito.(Coleo Primeiros Passos). 17 edio. So Paulo: Braziliense, 2003,

    p. 82.11DEMO, Pedro. Criana, prioridade absoluta. In: O Social em questo. Volume 2, nmero 2, 1997. Rio deJaneiro: PUC,Departamento de Servio Social, p.61.

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    H mais de uma dcada da instituio do ECA, a possibilidade de sua

    aplicao est muito distante de se realizar, face est ao desmonte das polticas

    sociais e da legitimidade das instituies de atendimento s crianas e aos

    adolescentes brasileiros. A luz desta problemtica, faz-se necessrio situar dois

    atores centrais: o Estado cuja resposta implica uma vontade poltica de colocar em

    prtica polticas sociais bsicas em favor destes sujeitos, e a Sociedade Civil no que

    tange a participao constante, atravs de canais prprios, no sentido de pressionar

    e cobrar do Estado a efetivao de mudanas previstas no reordenamento

    institucional, participar da formulao das polticas e fiscalizar o cumprimento das

    mesmas, inclusive denunciando as omisses e aes que no correspondem

    doutrina da proteo integral preconizada no ECA.O Estatuto da Criana e Adolescente apresenta um perfil bsico da

    poltica de atendimento, onde estabelecida a criao do Conselho de Direito da

    Criana e adolescente a nvel Municipal, Estadual e Federal e o Conselho Tutelar, os

    quais constituem-se rgos representativos formados por representantes da

    sociedade civil e poder pblico municipal, podendo ser eleitos por representantes

    das entidades municipais ou atravs de eleio por parte da populao,

    assegurando a participao da mesma de forma organizada. So estabelecidastambm criao e manuteno de programas voltados infncia e adolescncia,

    de acordo com um fundo especfico, observando a descentralizao poltica

    administrativa e a municipalizao do atendimento, previsto tambm na Lei Orgnica

    da Assistncia Social - LOAS contemplada na Constituio Federal de 1988, a qual

    define como destinatrios da assistncia social.

    Ressaltamos ainda que se polticas sociais no forem bem executadas,

    ou se o municpio no possuir programas de preveno, proteo e scio-educativosdestinados a suas crianas, adolescentes e famlias, no possui uma verdadeira

    poltica de atendimento tal qual preconizado pela Lei n 8.069/90, dando pouca ou

    nenhuma condio para que os rgos pblicos e autoridades encarregadas da

    defesa de direitos de crianas e adolescentes, possam cumprir sua misso,

    colocando assim em grave situao de risco, na forma do previsto no art.98, inciso I

    da Lei n 8.069/90, toda populao infanto - juvenil local. Assim, no basta que

    municpios tenham programas e projetos que cubram todas as demandas

    apresentas; pois se as polticas no so forem eficientes, os resultados raramente

    sero positivos.

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    Logo, o artigo 227 da Constituio Federal de 1988 preceitua que

    dever da famlia, da sociedade e do Estado assegurar criana e ao adolescente,

    com prioridade absoluta, o direito vida, sade, alimentao, educao, ao

    lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e

    convivncia familiar e comunitria, alm de coloc-lo a salvo de toda forma de

    negligncia, discriminao, explorao, crueldade, opresso e violncia.

    A criana e o adolescente, por expressa determinao do art.227,

    caput, da Constituio Federal, destinatria da mais absoluta prioridade de

    tratamento por parte do Poder Pblico, sendo que tal garantia de prioridade, ex vi do

    disposto no art.4, alneas c e d da Lei n 8.069/90, dentre outras importa na

    preferncia na formulao e execuo das polticas sociais pblicas e nadestinao privilegiada de recursos pblicos nas reas relacionadas com a proteo

    infncia e juventude, razo pela qual est o Poder Executivo obrigado a

    assegurar recursos oramentrios em carter privilegiado para a implantao e

    manuteno de polticas de atendimento a crianas, adolescentes e famlias

    definidas pelo Conselho de Direitos, que por sua vez tero preferncia na execuo

    deste mesmo oramento.

    3 A PESQUISA: DESAFIOS PARA O MUNICIPIO DE PRESIDENTE PRUDENTENO ATENDIMENTO A CRIANA E AO ADOLESCENTE.

    O tema proposto para o projeto de iniciao intitulado Diagnstico do

    Sistema de Garantia de Direitos das Crianas e dos Adolescentes no Municpio de

    Presidente Prudente tem como objetivo geral diagnosticar e compreender de

    maneira aprofundada as polticas pblicas de atendimento a crianas e adolescentes

    do Municpio acima citado.

    Uma das questes norteadoras a qual o projeto se refere esta

    vinculada a importncia de avaliar a disseminao das prticas sociais e suas

    capacidades de produzir impactos positivos na qualidade de vida das crianas e

    adolescentes, contribuindo para uma compreenso mais rica das possibilidades

    qualitativas e estratgias que consolidem as aes de atendimento a criana e doadolescente.

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    No que diz respeito realidade do municpio de Presidente Prudente

    segundo estimativa populacional do IBGE12 2006 de aproximadamente 207 mil

    habitantes; desta populao cerca de 97% vivem na zona urbana. Tem como

    expectativa de vida 73 anos e a taxa de alfabetizao de 93,81%

    estimado que 15.250 famlias, ou 57.080 pessoas esto em situao

    de pobreza e, para atender toda esta demanda necessrio articulao entre os

    diversos profissionais e projetos, assim como, conhecer a realidade atravs das

    polticas de atendimento a realidade do Municpio. Outro dado fundamental que

    segundo o IBGE o Municpio tem uma populao total de crianas e adolescentes de

    64.539.

    A renda per capita mdia do municpio cresceu 30,43%, passando de

    R$ 370,02 em 1991 para R$ 482,62 em 2000. A pobreza (medida pela proporo de

    pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 75,50, equivalente metade

    do salrio mnimo vigente em agosto de 2000) diminuiu 4,24%, passando de 12,5%

    em 1991 para 12,0% em 2000. A desigualdade cresceu: o ndice de Gini passou de

    0,56 em 1991 para 0,59 em 2000.

    Indicadores de Vulnerabilidade Familiar, 1991 e 200013

    % de mulheres de 10 a 14 anoscom filhos

    ND 0,5

    % de mulheres de 15 a 17 anoscom filhos

    1,6 7,8

    % de crianas em famlias comrenda inferior 1/2 salrio mnimo

    18,2 18,8

    % de mes chefes de famlia, semcnjuge, com filhos menores

    6,0 4,5

    Frente a essa realidade desigual que vulnerabilizada a criana e

    adolescente, no qual se encontra em situao de pobreza com ausncia de sade,

    baixa escolaridade, evaso e repetncia escolar e discriminao por raa. Estes

    problemas levam a criana e adolescente a enfrentar precocemente o mundo do

    trabalho estando exposto rua, subordinao, prostituio e a outros problemas

    sociais.

    12Fonte IBGE:13Fonte: http://www.rc.unesp.br/igce/ceurb/basededados/pdf/presidente%20prudente.PDF

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    Esta situao de vulnerabilidade em que se encontra a populao de

    Presidente Prudente expressa-se tambm atravs do Censo 2000 realizado pela

    fonte Seade que verificou que : 42% da populao prudentina vive com at salrio

    mnimo, 10,14 % entre mais de e 1 salrio mnimo, 14,87 % entre 2 e 3 salrios

    mnimos e, 15,80% vive entre mais de 3 salrios mnimos.

    A partir da necessidade de promover a complementariedade e melhoria

    dos servios prestados em beneficio da criana a Secretaria de Assistncia Social

    estimulada pelas iniciativas do BNDS buscaram a construo de uma rede local.

    Este processo de formao das redes teve idas e vindas, iniciada com um curso de

    capacitao, mas logo esbarrada nas mudanas poltico-municipais. Atualmente,

    existe a construo de uma rede on-line com um banco de dados unificado afim de

    que se tenha um cadastro nico das pessoas que participam dos programas.

    Vale ressaltar que j existiam aes realizadas pelas entidades da

    regio no atendimento a acriana e ao adolescente, contudo, essas aes no eram

    articuladas e complementares. Visando a formao de uma rede local, a Secretaria

    da Assistncia Social SAS assinou um contrato com o Banco Nacional de

    Desenvolvimento Social BNDES no segundo semestre de 2000, sendo

    posteriormente, iniciado um processo de sensibilizao, mobilizao e capacitao

    das instituies que integrariam a rede; o que favoreceu uma reflexo do tema.

    Porm, somente no final de 2000 houve uma mudana de gesto

    poltica no municpio, colocando em xeque a continuidade de implementao da

    rede, levando a uma desmobilizao das entidades. Para enfrentar essa possvel

    ameaa foi constitudo um Comit Gestor composto por representantes de ONGs,

    Conselhos Municipais, Conselhos Tutelares, com a responsabilidade de informar a

    nova administrao sobre a importncia da rede local, visando a garantia de

    continuidade no processo de implementao da rede.

    A rede tem como misso consolidar e expandir as aes de

    atendimento s crianas em adolescentes em situao de risco social no Municpio

    de Presidente Prudente, fortalecendo a atuao dos rgos gestores da poltica de

    atendimento e consolidando a Rede de Ateno a Crianas e Adolescentes do

    Municpio.

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    A Rede ainda est em processo de formao, mas j se pode notar

    uma certa mudana de atitude das organizaes, que perceberam que no realizam

    um trabalho isolado. Outro aspecto observado foi o grande numero de polticas de

    atendimento s pessoas que j esto com risco instalado, havendo pouqussimos

    trabalhos de preveno. Trabalhar a preveno em bairros de excluso social com

    certeza pode ser um dos principais fatores positivos voltados para a alterao da

    realidade.

    As polticas sociais emergem a partir desse ponto de vulnerabilidade

    na busca pela garantia de assistncia, preveno e proteo a determinadas

    demandas sociais. Diante do atendimento da criana e adolescente, os rgos e as

    entidades responsveis necessitam de instrumentos que sejam eficientes para

    quantificar a populao em situao de risco, a ausncia de um programa no

    municpio para qualificao dos servios oferecidos, ou seja, no h padro de

    qualidade.

    necessrio que se faa esse diagnostico da situao da criana e

    do adolescente no Municpio, buscando uma atuao de melhorar a qualidade de

    vida desse segmento, e assegurando o exerccio de seus direitos e criando melhores

    condies de vida para as famlias das camadas populares.

    Expressa-se a necessidade de articular os dados, tendo acesso a

    equipamentos, e aes dos programas j existentes no municpio e apontar aes

    propositivas do que no esta sendo efetivado, diagnosticando as qualidade e os

    problemas do sistema de atendimento as crianas e adolescentes. Compreender

    suas necessidades bsicas e diagnosticar uma situao aparente, em que

    buscamos realizar um novo foco nas suas situaes reais de vida.

    Contudo, a coleta e produo de informaes relativas ao tema, torna

    possvel identificar os acertos e erros das polticas de atendimento, articular os

    diferentes servios e programas em torno, dirigidas s crianas e adolescente bem

    como acompanhar o trabalho realizado, propor correes e ajustes e,

    principalmente, acompanhar o desenvolvimento destas, na famlia e no servio de

    atendimento.

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    Diagnosticar as polticas de atendimento de suma importncia para

    seus usurios e para seus gestores vez que ser possvel detectar as falhas e

    conseqentemente a busca por melhorias no atendimento.

    Portanto, com as constantes violaes dos direitos de tal segmento,

    caracterizado como o mais vulnervel a violncia, descriminaes e abusos de todas

    as ordens, colocam em questo as polticas de atendimento e as aes

    desenvolvidas na perspectiva do acesso aos direitos sociais assegurados no ECA,

    que tambm so objetivos vislumbrados pela rede social.

    4. CONSIDERAES FINAIS.

    Na atualidade, o desafio de implementar polticas eficazes no

    atendimento voltado para crianas e adolescentes no Brasil vem sendo enfrentado

    de diversas formas, num processo atravessado por lutas polticas e interesses

    contraditrios, mediados especialmente pelo contexto socioeconmico de retrao

    do Estado e descontinuidade de aes pblicas.

    Outrossim, apesar das conquistas delineadas no final da dcada de 80

    e incio da dcada de 90- que possibilitaram, especialmente, a aprovao do

    Estatuto da Criana e do Adolescente - ECA (Lei 8069/90), notrio que a

    nova/velha poltica instaurada a partir desta lei complementar ainda projeto e

    processo engajado e comprometido com a realidade de onde ele brota

    acompanhando as contradies da realidade concreta e de suas condies

    materiais.

    O Servio Social, tendo como fio condutor o referencial tico-poltico

    construdo historicamente pela profisso, e expresso no atual Cdigo de tica

    Profissional. Este traz em seu bojo princpios que reforam a materializao de uma

    conduta aliada no apenas a um projeto profissional, mas, sobretudo, a um projeto

    societrio anticapitalista e antiburgus. Dentre tais princpios, frisamos a defesa do

    aprofundamento da democracia, o posicionamento em favor da eqidade e da

    justia social, a ampliao e consolidao da cidadania e o compromisso com a

    qualidade dos servios prestados.

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    Neste sentido, entendemos que se faz necessrio e urgente pensar os

    desafios propostos pra a nossa profisso no que tange a efetivao e defesa dos

    direitos, aqui neste estudo especificamente dos direitos de crianas e adolescentes.

    Entendemos como os principais desafios (mas no nicos e exclusivos)

    1) Efetivar o projeto tico-poltico e profissional no sentido da

    consolidao de uma viso dialtica do direito, contribuindo, assim, para a

    superao das lgicas positiva e iurisnaturalista que norteiam as prticas

    profissionais dos demandatrios da instituio. Neste contexto, o direito deixa de ser

    a manifestao da ordem estabelecida ou um conjunto de princpios fixos e

    inalterveis, surgindo ento ...como uma conquista e possibilidade do ser humano,

    no sentido de que seja uma possibilidade mltipla a todos.

    2) Efetivar o projeto tico-poltico e profissional no sentido da

    construo de uma contraideologia que questione os pilares de sustentao da

    ordem vigente - com nfase nos princpios e valores evidenciados pelo

    neoliberalismo, e seja ...capaz de desvendar, desmascarar esse primeiro discurso

    ideolgico, que, sub-repticiamente, perpassa todas as demais formas de discurso. E

    nessa condio que o saber se torna ento arma contra opoder.20. Neste sentido,

    cabe enfatizar a importncia da construo de estratgias de carter coletivo. Estas

    incluem, sobretudo, o envolvimento com movimentos da categoria e, tambm, com

    outros movimentos e grupos que partilhem dos princpios que norteiam nosso projeto

    profissional;

    3) Incentivar e propiciar condies para a participao da populao

    nas instncias de decises e formulao das polticas sociais voltadas criana e ao

    adolescente;

    4) Refletir e propor trabalho social em rede constitui-se, hoje, um

    grande desafio para os profissionais vinculados s polticas pblicas, gestores

    municipais, conselheiros pertencentes aos diferentes Conselhos de Direitos que

    respondem pela garantia dos direitos fundamentais do cidado, principalmente num

    contexto em que a excluso social marcante.

    5) Diagnosticar as polticas existentes para o segmento (criana e

    adolescente) no somente no sentido de avaliar o que est em execuo, masapresentar indicadores sociais, capazes de contribuir na construo de novas

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    proposituras e alternativas de enfrentamento as reais necessidades desta

    populao.

    Diante deste quadro, reafirmando a necessidade da efetivao da

    garantia dos direitos, oportuno lembrar da importncia da construo de uma

    moderna gesto social onde possamos definir estratgias que viabilizem, na

    realidade local, um processo de incluso social. Enfrentar estes desafios exige, num

    primeiro momento, definir o que se pretende na rea social, especialmente no

    contexto da gesto municipal dos servios de ateno s necessidades da famlia,

    criana e adolescente, que deve atender ao princpio de proteo integral previsto

    pelo ECA.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BENEVIDES, M. V. Entrevista realizada por Silvio Caccia Bava,diretor daABONG, janeiro de 2000.

    BRASIL. Estatuto da Criana e do Adolescente. Lei n. 8.069/90. Braslia, D.F,1990.

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    FERRAZ, A.T.R.Cenrios da participao poltica no Brasil: os conselhosgestores de polticas publ icas. Revista Servio Social e Sociedade. n88, anoXXVI, nov. 2006, p. 59-74.

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