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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM LITERATURA, MEMÓRIA CULTURAL E SOCIEDADE ADLER DOS SANTOS TATAGIBA “BANDAS DE MÚSICA” EM ITAPERUNA/RJ: “recontando” parte de uma memória cultural a partir de duas imagens. CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ Novembro de 2013

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM LITERATURA,

MEMÓRIA CULTURAL E SOCIEDADE

ADLER DOS SANTOS TATAGIBA

“BANDAS DE MÚSICA” EM ITAPERUNA/RJ:

“recontando” parte de uma memória cultural a partir de duas imagens.

CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

Novembro de 2013

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ADLER DOS SANTOS TATAGIBA

“BANDAS DE MÚSICA” EM ITAPERUNA/RJ:

“recontando” parte de uma memória cultural a partir de duas imagens.

Artigo apresentado ao Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense

como requisito parcial para conclusão do

Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em

Literatura, Memória Cultural e Sociedade.

Orientadora: Prof.ª Ms.ª Maria Catharina Reis Queiroz Prata

Campos dos Goytacazes/RJ

Novembro de 2013

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O diálogo razoável só é possível [...] quando os participantes nele se enganjarem com a disposição de viabilizá-lo, compartilhando a renúncia e prosseguindo indefinidamente o jogo metalinguístico que, a cada momento, pode ser provocado. Isso se faz buscando a compreensão perfeita e a interpretação precisa, mesmo que seja inatingível. [...] procura-se, indefinidamente, reduzir a taxa dos mal-entendidos possíveis. Para a ciência histórica, isso deve constituir uma busca constante.

Astor Antônio Diehl

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1

Folha de rosto do conjunto documental “La Marsellaise para banda marcial”...............13

FIGURA 2

“Banda de música da cidade de Itaperuna”....................................................................17

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SUMÁRIO

Lista de figuras.................................................................................................................... 5

Introdução a uma “tradição” cultural em Itaperuna/RJ - “bandas” dessas “bandas”...............................................................................................................................7 Discutindo a memória da “tradição” cultural de bandas de música em Itaperuna até a primeira metade do século XX a partir de duas imagens............................................... 8

Outras bandas.. ..................................................................................................................15 Ideologia, discurso e memória na “tradição” de bandas na região de Itaperuna........17

Considerações finais...........................................................................................................20

Referências..........................................................................................................................21

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“Bandas de Música” em Itaperuna/RJ: “recontando” parte de uma memória cultural a partir de duas imagens Resumo Este artigo examina parte da memória cultural de “bandas de música” em Itaperuna a partir de uma revisão bibliográfica e da análise de duas imagens: a folha de rosto de uma partitura para banda marcial e uma fotografia de banda de música do início do século 20 em Itaperuna/RJ. Palavras-Chave: Memória Cultural; Bandas de Música; Itaperuna.

“Brass Bands” at Itaperuna/RJ: “retelling” part of a cultural memory from two images Abstract

This article examines part of the cultural memory of “brass bands” in Itaperuna from a literature review and the analysis of two images: the cover of a score for marching band and one photograph of a brass band in the early twentieth century in Itaperuna/RJ. Keywords: Cultural Memory; Brass Bands; Itaperuna. Introdução a uma “tradição” cultural em Itaperuna/RJ - “bandas” dessas “bandas” Segundo Porphirio Henriques, em seu livro “Terra da Promissão” (1956, p. 300), “diversas foram as bandas de músicas criadas desde a fundação da cidade”. O período de criação do município de Itaperuna/RJ - contando com os distritos, sobretudo Laje do Muriaé - aconteceu num processo iniciado na metade da década de 18801. Deste modo, em princípio, procuramos através de uma revisão da bibliografia disponível com alguma informação sobre as bandas de música na região em questão, esclarecer as palavras de Porphirio Henriques que nos levam a crer que houve uma considerável atividade musical de bandas de música em Itaperuna, mas que, no entanto, acerca desta atividade cultural ainda nos restam inúmeras perguntas sem resposta. Para citarmos alguns exemplos: i) Existem fontes primárias acerca da existência destas “diversas” bandas de música, ou mesmo fontes secundárias, além das já conhecidas? ii) De que tipos eram estas “diversas” bandas? iii) Foram realmente diversas? São algumas das inúmeras questões que nos cercam a respeito, para demonstrar aqui a dificuldade de tecermos a trama destes fios.

1Em Diniz (1985, p. 23) observamos que “o primeiro ato referente a essa região foi a Provisão Episcopal de 30 de Janeiro de 1759 criando a freguesia de Santo Antônio dos Guarulhos [...]”. Até 1885, ou ainda, certamente em 1889, Itaperuna e toda a região, que a partir de 1889 se tornariam seus distritos, pertencia territorialmente a Campos dos Goytacazes, ou na época: “freguesia de Santo Antônio dos Guarulhos”. Até o ano de 1889, Itaperuna, havia recebido diversos nomes e categorias, como pode ser observado em Diniz (1985, p. 27-28). Foi somente a partir de 06/12/1889 que Itaperuna é considerada oficialmente cidade, com a criação da Comarca de Itaperuna, onde, Laje do Muriaé aparece como 3º Distrito, e, também mais outros dez, de acordo com Diniz (1985, p. 32). A respeito dos demais distritos, devemos salientar seu potencial como objeto de futuras pesquisas musicológicas, que poderão acrescentar novos dados sobre a atividade musical em questão na região.

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A respeito da historiografia disponível para consultas, que consideramos aqui nossas principais fontes secundárias sobre a tradição cultural de bandas na região de Itaperuna, refiro-me mais especificamente aos trabalhos do Major Porphirio Henriques, de seu livro póstumo, intitulado “A Terra da Promissão” 2, bem como, o trabalho de pesquisa coordenado pela professora Dulce Diniz, que culminou no livro intitulado: “O Desenvolver de um município ITAPERUNA. Do Germinar à Frutificação.” Consideradas pelo autor deste artigo, embora ressalte-se igualmente suas contribuições menos positivas em relação à memória cultural a ser debatida, como duas das principais publicações sobre a tradição de bandas de música na região abordada, sobretudo, pela míngua de trabalhos musicológicos a respeito da atividade musical em pauta, sobretudo dentro dos limites da própria cidade de Itaperuna. Ao procurar analisar um recorte da cultura local de Itaperuna, não poderíamos deixar de mencionar que, sobre a cultura, Cliford Geertz (1989, p. 8), salienta que “o que devemos indagar é qual é a sua importância: o que está sendo transmitido com a sua ocorrência e através de sua agência [...]”. Acrescentando ainda que “isso pode parecer uma verdade óbvia, mas há inúmeras formas de obscurecê-la”. Por exemplo, Geertz (idem) destaca que uma destas formas seria “alegar que ela consiste no padrão bruto de acontecimentos comportamentais que de fato observamos ocorrer em uma ou outra comunidade identificável”, porém, como o próprio Geertz conclui em seu ensaio, isso “seria reduzí-la”. Discutindo a memória da “tradição” cultural de bandas de música em Itaperuna até a primeira metade do século XX a partir de duas imagens Antes de iniciarmos propriamente este artigo cabe dizer que a proposta não se baseia em desconstrução do discurso pré-existente, que por si só, por vezes, se encarrega de fazê-lo, mas, acima de tudo, pretende-se aqui que demonstrar que a materialidade das imagens, contextualizadas às citações da historiografia local e sua rede interdiscursiva em torno dos objetos em pauta podem contribuir se aplicadas ao interdiscurso (dos relevantes discursos destacados a seguir) que versam sobre a memória cultural das bandas de música (e/ou similares) na região abordada. Inúmeras tramas surgem quando analisamos, por exemplo, qual o sentido do termo diversas, empregado por Porphirio Henriques citado acima; que sugere grande variedade. Será que ele o emprega com a ressalva do uso e emprego (apenas) como adjetivo para algo idiossincrático? A tal variedade é o que Henriques (1956) tenciona demonstrar? A nosso ver transparece, em sua obra, uma busca pela aplicação do termo, no sentido de quantificação - pronome indefinido. Ou seja, pode nos parecer, em primeira análise, que no texto “Terra da promissão”, Porphirio Henriques atenta “apenas” para o viés quantitativo, sem maiores preocupações, por exemplo, com a “qualidade instrumental” dessas “diversas bandas”, de maneira geral. Salientando a importância de uma questão que corroboramos neste artigo que é a discussão, à luz de trabalhos de Fernando Binder (2004) e Lélio Alves (2009), principalmente, sobre como eram os tipos de bandas que se formaram no Brasil, a partir do século XIX.

2Pinho (200?, p. 19) confirma que o texto de Henriques foi escrito em 1930. Embora sua publicação esteja datada de 1956, e o mesmo tenha sofrido interpolações, de acordo com a historiografia local, iremos observar que no mínimo, podemos aproveitar algumas pistas deixadas por Henriques, como poderá ser observado com a análise das duas imagens trazidas para compor este artigo.

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Para efetivamente compreendermos a história desta inegável - porém ainda cortinada - memória cultural em Itaperuna, devemos perguntar de início se as “bandas”, sobre as quais o Major se refere, foram realmente bandas de música. Ou tão somente, grosso modo, conjuntos de “grupos musicais diversos”, para fazermos uso de suas próprias palavras. Ou ainda, para usar uma expressão de sentido mais lato, aproveitando novamente as palavras do próprio Henriques (1956, p. 300): “bandas de músicas”, de forma a designar, provavelmente, qualquer tipo de banda, executando qualquer tipo de repertório musical, esquecendo-se de - ou mesmo ignorando -possíveis nomenclaturas aplicadas a determinado grupo de músicos (enevoado pela sugestiva similaridade dos tipos de formação e instrumentação). Deste modo, talvez, o termo “banda de música” seja compreendido em sua obra simplesmente como um grupo de músicos, tão somente maior que um grupo de câmara, para citarmos um exemplo3. O que por certo podemos afirmar, de acordo com a historiografia local, e que são informações de interesse ao campo de ação das questões a serem apresentadas, é que já desde 1881, a região de Itaperuna e seu entorno passava a possuir mais recursos financeiros, sobretudo a partir de 1881, quando foi inaugurada sua linha ferroviária pela Companhia Estrada de Ferro do Carangola, inserindo-a em um estratégico entroncamento da importante ferrovia, que ligava algumas províncias do Estado do Rio de Janeiro às do Estado do Espírito Santo, perfazendo quase 450 quilômetros de extensão4. Sem sombra de dúvidas um contexto extremamente favorável ao surgimento de diversas “bandas de músicas”. Como foi dito antes, devemos perguntar: mas de que tipo? Com qual instrumental?5 É possível descortinarmos algo, através do diálogo com os autores citados e a análise das “duas” imagens, confrontando-as por sua parecença às notícias consultadas a respeito da referida memória cultural de bandas? Possivelmente sim. Acerca da ebulição econômica que acontece na região de Itaperuna a partir da década de 1880, cabe dizer que se trata de um fato que nos possibilita a crença na boa fé de Porphirio Henriques ao relatar a presença e a atividade de bandas, além de tratar-se de uma “quase certeza” que podemos oferecer sobre a possibilidade da existência de “bandas de música”, ou “grupos musicais”, em sentido mais abrangente na região em questão. É pertinente frisar que, de acordo com a análise do Professor Leandro Garcia Pinho, o período de apogeu econômico descrito pela historiografia da região de Itaperuna abrange o período entre 1881 e 1930. (DINIZ apud PINHO, 200?, p.21). Sendo assim, soma-se a este dado outro fato importante acerca do histórico da presença de bandas de música no Brasil, destacado por Ricardo Tacuchian (2009), que nos faz atentar para o “acaso” do fato de o crescimento econômico da região abordada, no período citado, acontecer praticamente durante o momento onde ocorre alguma efervescência das bandas de música pelo interior do país6.

3Cabe destacar a possibilidade de existência de materiais iconográficos sobre o tema, embora não saibamos ao certo onde se encontram, destacando também que poderão sim, caso realmente existam, tornar-se um material muito rico para futuros estudos. 4Salientando a extensão da Estrada de Ferro do Carangola até a estação Porto Alegre em 1881 (DINIZ, 1985). E ainda que, “Itaperuna era o ponto de convergência da linha férrea e das picadas que conduziam às fazendas.” (Guia turístico e informativo de Itaperuna. Ano 1. nº. 1. 1989. 1ª edição. Damadá Artes Gráficas e editora Ltda. p. 5-6). 5A respeito destas idiossincrasias, entre outras, ver artigo de Fernando Pereira Binder, “Novas fontes para o estudo das bandas de música brasileiras”, publicado nos anais do V Encontro de Musicologia Histórica, realizado em Juiz de Fora/MG, em 2002. 6De Ricardo Tacuchian e Lélio Alves, respectivamente, recomendo dois artigos publicados no Catálogo de Bandas de Música do Estado do Rio de Janeiro em 2009.

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Lembramos também que as informações sobre a riqueza da referida região, grande produtora de café, por um período de quase meio século, nos remetem, certamente, à presença de negros, mestiços e grupos de imigrantes, que acrescentam em grande medida, conteúdo às possibilidades especulativas acerca de uma possível diversidade e, mesmo a presença de bandas de música na região de Itaperuna, sobretudo a partir do ano de 18817. Não tivemos acesso à confirmação histórica - em fontes primárias - da presença de bandas de música no período anterior a 1881. O que temos de mais “concreto”, inclusive a partir de 1881, embora até mais ou menos a primeira metade do século XX, grosso modo são: breves notícias a respeito de grupos musicais. Notícias, porém, ressalte-se, não são consideradas aqui menos importantes, sobretudo por serem as únicas fontes a respeito da memória cultural em questão (disponíveis até então) com maior riqueza de detalhes, ainda que não apresentem suas fontes, ou mesmo, talvez, os discursos analisados acerca das “bandas” estejam tão somente respaldados pela memória oral. Em linhas gerais, pode-se afirmar que a historiografia da região conta que por volta de 1860 já havia um prenúncio do processo de crescimento econômico em Laje do Muriaé8. Em Itaperuna (sede do município) este crescimento econômico só se deu, conforme já observado antes, a partir de 1881, com a implantação e construção de uma ferrovia, como já dissemos anteriormente, e ainda, de acordo com as fontes consultadas, refere-se especificamente à época dos cafezais; assim como em Laje do Muriaé? É provável que sim, nos parece, embora devamos reconhecer que a possibilidade de uma forte produção de arroz em Laje do Muriaé, já desde 1860, que também é mencionada pela historiografia da região, possa ter oferecido também as condições para o surgimento de “bandas” já nesta época9. Jaqueline Deolindo diz que “[...] a leitura criteriosa de materiais jornalísticos [entre outros, acrescento] que um dia retrataram um presente, analisaram circunstâncias e ensaiaram uma tendência poderá ser útil para se compreender a vida local [...].” (DEOLINDO, 2005, p. 7). Complementando que, de acordo com Cliford Geertz (1989, p. 179), contextualizando suas palavras a este artigo, “o estudo do pensamento”, ou seja, o estudo dos homens que pensam “no mesmo local”, “[...] a natureza da integração cultural, da mudança cultural e do coflito cultural deve ser procurada aí: nas experiências dos indivíduos e grupos de indivíduos, à medida que, sob a direção dos símbolos, eles percebem, sentem, raciocinam, julgam e agem”.

7Reconhecendo que embora seja uma hipótese, vale ressaltar que a existência de atividade musical de bandas de música no período anterior a década de 1880 (onde seria estabelecida posteriormente a sede do município) é uma possibilidade deveras remota. Sobretudo, temos dito que, pela ausência de fontes primárias sobre esta atividade no período em questão, bem como, da própria região, em termos de cultura, no sentido antropológico do termo. Como pude constatar anteriormente, em outro trabalho, realizado ao longo de minha pesquisa de mestrado, existe esse período a ser descortinado em futuras pesquisas, que compreende os anos de 1830 até 1881, aproximadamente. 8De acordo com o que observamos, “Laje do Muriaé é o distrito mais antigo do Município (Itaperuna), criado em 1861.” (HENRIQUES, 1956, p. 323). Em Diniz (1985, p. 221), observamos que, “em 1850 Laje [do Muriaé] é elevada a categoria de curato, em 1857 passa a freguesia em 1861 se torna Paróquia”. Lyra (2006, p. 76), diz que Laje foi politicamente anexado a São Fidélis de Sigmaringa, pertencendo até 1872, depois, a Santo Antônio de Pádua, até 1887, e, a partir desta data até emancipar-se em 1962 à Itaperuna. Ou seja, observamos uma continuidade temporal considerável, o que de certo modo, nos remete à reconstituição de trajetos, ou até mesmo, certamente um translado dessas atividades ao longo desse período. Salientamos também as discrepâncias observadas em relação às datas e às informações citadas nesta nota. 9Salientamos, portanto, outra questão que merece ser discutida - não neste trabalho - com igual atenção; as notáveis discrepâncias entre o porte e os padrões das fazendas de arroz e de café, que podem acrescentar novos fios e tramas a serem estudados para que se chegue a uma fundamentada compreensão desta atividade cultural na região abordada.

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Destaco agora - a partir de uma leitura criteriosa - como sugere Deolindo (2005), as palavras colhidas em Diniz (1985, p. 227, grifo meu) sobre os “primórdios” da atividade musical em Laje do Muriaé (à época distrito de Itaperuna), na busca de compreendermos a vida local das bandas de música em Itaperuna. Vejamos: segundo a pesquisa coordenada pela citada autora, “a primeira banda do povoado [Laje do Muriaé] foi organizada pelo Sr. Francisco Tateri em 1881. Com o falecimento deste maestro, o Sr. José reorganizou-a e mais tarde sob a regência dos Srs. Antônio Teixeira, Francisco Teixeira e José Amâncio Garcia Bastos, foi denominada ‘Lira de Ouro’” 10. Acerca de outro grupo, ou melhor, “Lira”, Porphirio Henriques diz que:

Em 1870, aqui [em Laje do Muriaé] foi fundada a “Lira Lajense”, por um grupo de membros das famílias dos três Josés (os três bandeirantes da zona do Muriaé), a qual tinha como seu regente o maestro José Velho, tendo tocado a “Marselhesa”, em passeata por ocasião da proclamação da República [em 1889]. A família Garcia, em 1860, mais ou menos, proprietária da fazenda da Serra, tinha ali também um conjunto musical que fazia as delícias da sociedade lajense daquela época. (HENRIQUES, 1956, p. 322, grifo meu).

No momento da redação final deste artigo a citação acima, que nos remete a década 1860 aproximadamente, permanece como a referência temporal mais antiga a respeito da atividade de um “conjunto musical” do tipo “parecido”, mais ou menos, com uma banda de música, na região que hoje reconhecemos por Laje do Muriaé. Também vale destacar que não sabemos ao certo como era, por exemplo, o instrumental das “Liras” nesta região naquela época. Quer dizer, seriam, talvez, parecidas ou mesmo idênticas (em sua instrumentação) às bandas marciais? Não sabemos com certeza11, mas, veremos mais adiante, ao apresentarmos a figura 1 que, talvez fossem semelhantes, ou mesmo, a própria banda marcial. Segundo as palavras de Henriques (1956, p. 322) a “Lira Lajense” esteve em atividade, pode-se depreender de suas colocações, por pelo menos dezenove anos, de 1870 até 188912. Em contrapartida observa-se que Dulce Diniz (1985, p. 227), em nota sobre a “Lira Lajense”, nos traz uma informação discrepante em relação à de Henriques (1956), supracitado. Vejamos: segundo Diniz (1985) a “Lira Lajense” surgiu em 1905, acrescentando que esta tinha como regente Nicolino Masini, filho de Giuseppe Masini13, e que esta banda, existiu até 1921. Uma simples observação nos permite perceber com clareza que não há consenso entre os autores citados sobre qual foi na verdade a primeira banda de música a surgir na região (ou mesmo corporação musical, banda de metais, ou banda marcial), e ainda, “conjunto

10Curiosamente, esta banda não figura no catálogo das bandas de música do estado do Rio de Janeiro (2009) e não há (ou não sabemos) da existência das fontes. 11Uma observação pertinente é que “frente ao que as bandas representam para a cultura brasileira, pouco foi feito em termos de trabalhos de musicologia, em especial os de cunho histórico e regional” de acordo com Lélio Alves (2009, p. 24). Infelizmente a região abordada se insere nesta colocação, como já observamos neste trabalho. 12Supondo que não tenha ocorrido recesso das atividades. 13“A chegada do Maestro Giuseppe Mazzini [sic] em 1860, [...], foi importantíssima. [...] modificou completamente a vida cultural lajense, fazendo surgir saraus, onde predominavam o bom gosto na indumentária, no canto e na música (especialmente o piano)”. (DINIZ, 1985, p. 227).

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musical” (termo que pode ter sido mencionado para designar algum tipo de “banda”). Ou ainda, o que foram de fato estas formações instrumentais e como elas funcionavam14. Deste modo, é certo que não há consenso se a primeira a surgir foi a “Lira Lajense”, segundo Porphirio Henriques (1956), já desde 1870, ou se foi aquela que deu origem à “Lira de Ouro” - surgida uma década mais adiante, já em 1881 - conforme nos fala Diniz (1985), e sobre a qual não sabemos nem como era conhecida, portanto, inserida na trama, sem fio, ou melhor, sem nome15. Deste modo, corroborando o pensamento de Barreto (2007, p. 162), acrescentamos que a condição semiológica da memória é dada pela articulação com a representação simbólica que, de acordo com a observação da citada autora, é o que leva os sujeitos a “expressar como percebem, como participam da cultura, e como constroem em suas identidades”, por exemplo. A referida autora nos diz ainda que a “memória é resultado dos entrelaçamentos das experiências de um tempo vivido e que nós ‘transmitimos para que o que vivemos, cremos e pensamos não venha a morrer conosco.” (DEBRAY, 2000 apud BARRETO, 2007, p. 162-163). Visto que a representação simbólica assume, e tende a ser complacente com diferentes perspectivas acerca do que seja preservação da memória, acrescenta Barreto (2007), existem as diferenças entre Memória e História, e que “depreende-se que a memória e a história são intrínsecas, sendo a primeira, a grande protagonista desta”. Justifica-se, portanto, salientar a dificuldade que enfrentamos quando buscamos fontes seguras em relação à memória da atividade em questão, tendo por base, a não existência de material iconográfico sobre os primórdios dessa memória, pelo menos no âmbito do nosso conhecimento, que nos permitam como as imagens aqui apresentadas16, trabalhar o caráter duplo dos dois planos complementares acima destacados, ou seja, o próprio caráter duplo da semiótica aplicada às imagens, sendo trabalhada no âmbito do significante e do significado. Dito isto, interessa informar que o tipo de interpretação que estamos buscando neste trabalho se baseia naquela que “traça a curva de determinado discurso social, para fixá-lo em uma forma inspecionável”, estando de acordo com este pensamento de Geertz (1989, p. 13). Desta forma podemos perceber também que “a situação é ainda mais delicada porque, como já foi observado, o que inscrevemos (ou tentamos fazê-lo) não é o discurso social bruto, [...] mas àquela pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreender”. (GEERTZ, 1989, p. 14). Mais adiante observamos que ele diz que “os estudos constroem-se sobre outros estudos, não no sentido de que retomam onde outros deixaram, mas no sentido de que, melhor informados e melhor conceitualizados eles mergulham mais profundamente nas mesmas coisas”. (GEERTZ, 1989, p. 18). Vamos, portanto, ao primeiro “mergulho”, através de uma breve análise da figura 1 que apresento a seguir; a imagem da folha de rosto de uma partitura para banda marcial, cujo instrumental está distribuído da seguinte maneira no âmbito do conjunto documental: folha de rosto (figura 1), seguida por partituras para: Bombo (Bumbo), 1º Sax em Mib (Saxhorn

14Mais especificamente, em Laje do Muriaé, que na época, possivelmente, devia ser “independente” de Itaperuna embora mantivesse laços estreitos com esta última, quanto ao aspecto de sua constituição político-administrativa, como temos destacado até aqui. 15 Ressalte-se ao conjunto dos pontos a possibilidade do embate com a questão ideológica, ao se realizarem os relatos da memória, haja vista que os trabalhos confrontados foram realizados por elementos distintos, com interesses, formações e aspirações também distintas, por exemplo. 16 Representantes de um conjunto de documentos descortinados pelo autor deste artigo, durante sua pesquisa no Mestrado, intitulada “O Acervo de José Carlos Ligiero”, que assim como as imagens, descortinadas ao longo da referida atividade, serão oportunamente trazidas à luz em futuros trabalhos.

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alto ou Saxofone)17, 2º Sax em Mib (Saxhorn alto ou Saxofone), Basso em Dó (Tuba em Dó), Clarinette (Clarinete em Sib), Requinta (Clarinete em Mib), Bombardino, Trombone e Piston em Sib (Trompete).

Figura 1: Folha de rosto da partitura “La Marsellaise para banda marcial”. Fonte: Acervo José Carlos Ligiero.

Pode ser esta a partitura da “Marselhesa” a que se refere Henriques (1956, p. 322) citado anteriormente? Ainda não sabemos ao certo. Deste modo, supondo que seja a partitura executada, como nos conta o Major, cabem algumas perguntas: a “Lira Lajense” não passou de ser uma banda marcial? Pode ser que sim. É uma hipótese plausível, assim como, também o é se, enquanto “banda de música”, a “Lira Lajense” executou uma partitura escrita para banda marcial. Ou como dissemos anteriormente, uma “Lira”, ou mesmo a banda de música, talvez fosse o mesmo que “banda marcial”. “Ilustrando” que

17A edição concisa do Dicionário Grove de Música traz a informação de que o saxhorn em mib era parecido com um grande trompete. Outra informação importante em relação ao instrumento, colhida no dicionário, diz que os mais característicos são os saxhorns: alto (em mib) e o tenor (em sib), fazendo parte das bandas de metais britânicas e norte-americanas. Por outro lado, diz que o saxofone, também criado por Adolphe Sax, por volta de 1846, foi rapiadamente assimilado pelas bandas militares, embora introduzido nas bandas dos EUA somente a partir de 1890, segundo consta no mesmo dicionário. Destacamos que o saxofone também pode ser simplesmente denominado por “sax”, o que a princípio eliminaria a nossa dúvida. No entanto, atento a todas as peculiaridades destacadas neste artigo, preferimos a cautela - a fim de evitar um mau resultado.

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estes são alguns exemplos de questionamentos (ou dados novos) que a imagem pode provocar e/ou acrecentar à compreensão da memória cultural, ao passado e à própria história da “Lira Lajense”, assim como a própria história das bandas de música no Brasil e outras, sendo protagonizadas pela memória. Ainda a respeito da “Lira Lajense”, vale frisar aqui que a mesma não consta no catálogo de Bandas de Música do Estado do Rio de Janeiro, de 2009. Talvez por não ter sido propriamente uma banda de música, como, por exemplo, nos moldes do terceiro grupo instrumental citado por Binder (2002), ou como pode sugerir a análise do parágrafo anterior a partir do cruzamento dos dados e da própria imagem (que representa na verdade um conjunto de documentos) apresentada na figura 1. Fernando Pereira Binder (2002, p. 199) diz que “a historiografia musical brasileira agrupa três formações instrumentais sob o termo banda. A primeira é o grupo de choromeleiros ou charameleiros, registrada entre os séculos XVII e XVIII”; a segunda são os ternos ou terços coloniais e aparecem a partir da segunda metade do século XVIII. A terceira, a banda de música tal qual conhecemos hoje com a formação de instrumentos de sopro das madeiras, metais e percussão. Entretanto, no mesmo trabalho, Binder aponta outro problema, que de acordo com sua visão sobre o assunto tem passado despercebido em grande parte dos estudos sobre banda, “a grande diversidade do instrumental que existiu no século XIX, particularmente nos instrumentos de metais”, e complementa que a iconografia exerce papel importante na identificação do instrumental típico das bandas, por exemplo. (BINDER, 2002, p. 205). No caso da figura 1, observa-se a presença de instrumentos da família das madeiras, dos metais e percussão. Ou seja, observamos um intrumental típico do terceiro grupo descrito por Binder (2002), “a banda tal qual conhecemos hoje”. A primeira pergunta a ser feita em relação à memória cultural em questão: a figura 1 nos remete “a “Lira Lajense”, [...] a qual tinha como seu regente o maestro José Velho, tendo tocado a “Marselhesa”, em passeata por ocasião da proclamação da República [em 1889].”? Ainda no século XIX? (HENRIQUES, 1956, p. 322). Abre-se uma hipótese sobre o contexto de produção do objeto retratado na figura 1. Ou seja: a mesma partitura poderia ter sido utilizada em ambos os contextos destacados anteriormente? Provavelmente não. Portanto, a qual deles a figura 1 se refere,

Se a imagem, em sua materialidade e rede interdiscursiva, instaura sentidos, [e] não os instaura de forma isolada, desconectada: ela, antes de ser analisada como peça avulsa, fora do jogo da história, deve ser concebida de forma mais ampla. Na garimpagem das buscas por processos de significação, ela deve ser observada como inclusa em uma formação ideológica. O que não quer dizer que esta imagem possa ter tantas interpretações quantos leitores nela se debruçarem. (MEDEIROS, 2009, p. 95).

Cabe destacarmos de acordo com Jean-Jacques Courtine (2005) que, quando estamos diante de uma imagem, devemos observar e destacar nela os seus elementos semióticos, recuperando imagens (ou ainda textos) similares e/ou questionando suas condições de produção e circulação. Por isso estamos lançando aqui mais questões do que propriamente oferecendo “soluções”, tendo em vista a própria precariedade, ou melhor, a própria limitação imposta a este discurso na região de Itaperuna, pela falta de mais dados sobre a produção e a circulação da partitura representada pela figura 1.

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Outras bandas Dando continuidade à discussão, trago agora à luz as palavras de Porphirio Henriques (1956, p. 300), acerca de outras “corporações”, dizendo que, segundo este, por volta de 1893 havia a banda “Firme União”; “uma das melhores corporações que a cidade já teve, [...] organizada e mantida pelo partido da oposição aos governos do Estado e da União”, referindo-se ao período entre 1893 até 1930, na sede do município de Itaperuna. Todavia, Henriques (1956, p. 301) diz que “dessa época [1893] até os nossos dias [por volta de 1930] não mais se organizaram corporações musicais de eficiência”. Henriques (1956, p. 301, grifo meu), continua seu texto dizendo que “aparecem, de quando em vez, grupos de bons músicos, preciosos remanescentes das bandas extintas, que vão, mais ou menos, preenchendo a lacuna verificada”. Destaco, portanto, que há entremeado no discurso de Henriques (1956) uma probabilidade relativa à atribuição de maior valor a determinados grupos aos quais ele se refere em sua obra, chamando-os de “banda de música”, ou “corporação musical”, ou ainda, de “Lira”. Mesmo que uma “Lira” possivelmente, no contexto cultural da região abordada, pudesse significar tão somente o mesmo que uma “banda marcial”, talvez. Vejamos o que nos diz Tacuchian (2009, p. 22): “por meio da nossa história, as bandas (corporações, grêmios, sociedades ou clubes musicais, filarmônicas, euterpes, liras, às vezes adjetivadas como beneficentes, operárias ou conspiradoras e outros nomes mais [...])”, todas, consideradas, importantes símbolos da cultura nacional. Quer dizer, existe uma nova trama: até que ponto pode-se considerar distinguir que as formações, ou bandas, grêmios, euterpes, etc, foram distintas? Quanto aos demais grupos, quaisquer que fossem (porém sem maior interesse para Henriques) há igualmente a probabilidade de que este os considerava apenas “conjuntos musicais”, ou ainda por suas próprias palavras, como grupos de “bons músicos” (destaca em tom evasivo), como sendo estes considerados por ele não mais que “remanescentes das extintas bandas”. Estas “bandas”, talvez mais importantes para Henriques (1956)? Por que motivos seriam? Não sabemos ao certo quais eram os seus critérios neste sentido. Analisando as palavras destacadas do livro de Porphirio Henriques, desde o início deste artigo, podemos perguntar: quais bandas supostamente existiram entre 1885, data da criação do município até 1893? A primeira referência do próprio Henriques (1956) cita a existência de uma banda de música na sede do município, a “Firme União”. Sem deixar pistas, ou mesmo confirmações sobre o período aproximado entre 1885 até 1893 (oito anos de história, por enquanto, cortinados pela ausência de memória: seja oral, escrita ou imagética). Segundo observado em Henriques (1956), e não estamos aqui a levantar dúvidas sobre isso, existiram atividades relacionadas às bandas de música nessa região durante o período do referido apogeu econômico, ou seja, de 1881 até 1930, conforme já apresentado anteriormente. Pode-se, certamente, depreender que as atividades se deram tanto na sede do município quanto em seus distritos, ou equivalente à época, sobretudo em Laje do Muriaé, de acordo com as referências consultadas, já que, como nos conta a história local, a estrada de ferro conduzia às fazendas, localizadas em bom número nos distritos. Deste modo, necessitamos mais informações acerca das atividades nas fazendas dessa região, onde possivelmente, estavam as bandas. Entretanto, nota-se que o discurso de Henriques (1956) é contraditório, como discurso ideológico para a tradição cultural na sede do município, pois observamos neste mesmo trabalho de Henriques (1956), uma provável lacuna da atividade de bandas de música, entre 1893 e 1926, quando este menciona a ausência de “corporações musicais de

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eficiência”, (ele se refere às bandas de música, em sentido estrito?) dando lugar aos grupos, formados pelos “bons músicos das extintas bandas”. Possivelmente sim, porque se refere a elas como “extintas”. Não seriam estes grupos, também, novas “bandas”? Como, por exemplo, o grupo retratado na figura 2, destacada mais adiante, descrito como: “banda de música” da cidade de Itaperuna, tendo sido fotografada em 1915. Durante a tal “lacuna” de Henriques (1956), já citada. “Operários Itaperunenses”, em 1926, teria sido a primeira banda a surgir, logo após este suposto período de inatividade de bandas na sede do município, que se pode depreender das análises feitas até aqui e do qual voltaremos a falar a seguir, com o intuito de destacar uma forte presença ideológica em Henriques (1956), tanto em relação ao que este considerava como “banda de música”, em sentido estrito, tanto como em relação também à “supremacia” destacada por ele de Laje do Muriaé em relação à sua sede, o Município de Itaperuna. Observamos, em contrapartida, a fim de utilizarmos a figura 2 para ilustrar o provável equívoco de Porphirio Henriques, que no mesmo trabalho, Henriques (1956, p. 301), menciona que, existiu em Itaperuna um “grupo musical” (ou seria uma banda de música?) formado por mulheres (não apenas por mulheres). Assim ele o descreve: “para gáudio de nossa sociedade civilizada [a sociedade de Itaperuna], já naquele tempo [provável que seja entre 1885, ou 1889 até a década de 1920], um grupo musical composto de senhoras e senhoritas da melhor sociedade Itaperunense, [...] denominado “Flor de Maio”, [...]”. Percebe-se, como já destacado, que ele considera “Flor de Maio”, um “grupo musical”, e não uma “corporação” ou mesmo uma “banda de música”. Tudo indica, contextualizando a imagem a seguir às palavras de Henriques citadas acima que a banda de música (?) retratada na figura 2 é uma imagem da “Flor de Maio”. Será que foi por causa de alguma ideologia, ou até mesmo, “cuidado”, que podemos compreender pelo uso da expressão “melhor sociedade”, e certo preconceito ao uso do termo “banda de música”, como nos conta Ricardo Tacuchian18? Por isso, diferentemente da descrição observada na imagem: “banda de música da cidade de Itaperuna”, Henriques prefere chamar o provável grupo retratado de “grupo musical”? Pode ser. Havia também o provável preconceito em relação a participação de mulheres em determinadas situações sociais, quanto mais em retretas de bandas? Provavelmente sim. O que também devemos considerar devido aos costumes na sociedade naquela época em relação à participação da mulher na vida social, em linhas gerais. A respeito da “Flor de Maio”, sobre a qual não se sabe precisamente o seu período de atividade, uma pista é de que em 1915 possivelmente esteve ativa e foi fotografada, como poderá nos mostrar a figura 2 a seguir, extraída de um exemplar da revista “Fon-Fon”. Publicado em 1º de janeiro de 1916, o recorte “FON-FON! EM ITAPERUNA - E. do Rio”, reproduzido a seguir e que nos traz a seguinte descrição: “Banda de música da cidade de Itaperuna, photographia tirada pelo Padre Odorico Malvino, na ocasião que lá esteve como vigário de Santo Antônio do Carangola.” Em relação às atividades de bandas de música na sede do município de Itaperuna, a fotografia a seguir (Figura 2) é a referência temporal - em sentido iconográfico - mais remota que se tem notícia até o momento. De acordo com Henriques (1956, p. 301), citado também por Diniz (1985, p. 151), existiu uma “banda” de “operários”, chamada de “União Itaperunense”, partidária do governo e criada, segundo consta no livro “A terra da promissão: a história de Itaperuna”, em defesa do governo, logo após o surgimento da banda “Firme União” e que o regente desta banda foi João Carlos de Alvarenga. Ambas,

18“[...] as bandas eram vítimas de um preconceito elitista por parte das comunidades e, mesmo, por parte dos próprios músicos. [...] Por fim, as comunidades onde estavam inseridas as euterpes lhes eram indiferentes e as autoridades lhes negavam apoio”. (TACUCHIAN, 2009, p. 19)

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diferentemente da suposta fotografia de uma banda de música: a “Flor de Maio” (Figura 2), não contam, pelo menos até o momento, com este tipo de registro (iconográfico) acerca de sua atividade. A seguir apresento a imagem (figura 2) do que suponho, seja o grupo, ou melhor, banda de música, conhecida e noticiada pela historografia local como “Flor de Maio”, vide a presença de mulheres na composição da imagem, empunhando seus instrumentos musicais.

Figura 2: “Banda de música da cidade de Itaperuna”, Revista Fon-Fon, ano X, nº1.

Fonte: Acervo Fundação Biblioteca Nacional.

Deste modo provavelmente, a atividade de bandas civis entre 1885 e 1926 talvez estivesse resumida às citadas bandas civis “políticas”, conforme se observa na obra de Henriques (1956). Exceto pela presença da “banda” “Flor de Maio”, que provavelmente não foi uma “banda política”, e pela um tanto imprecisa “presença” de outra “banda”, denominada “19 de Março”, dirigida pelo padre Humberto Lindelauf, que tocava nos “ofícios da igreja”. Também, a título de informação, assim como as demais, uma banda que não consta no catálogo de bandas da FUNARTE. Ideologia, discurso e memória na “tradição” de bandas na região de Itaperuna. Para Michel Pêcheux (1990, grifo meu), “é preciso considerar o caráter regionalizado das formações ideológicas”, já que, de acordo com o mesmo, “é porque as formações ideológicas têm um caráter regional que elas se referem às mesmas “coisas” de modo diferente e é porque as formações ideológicas têm um caráter de classe que elas se referem simultaneamente às mesmas “coisas””. A memória discursiva, ou todo discurso,

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ainda segundo Pêcheux (1995), “se constitui a partir de uma memória e do esquecimento”. Que dito de outra maneira pelo próprio Pêcheux pode ser observado também como “espécie de conhecimento que nos possibilita a conformação de sentido aos dizeres e às imagens”. Homi Bhabha, tomando aqui emprestadas as suas palavras, acrescenta que:

[...] esses mitos [os discursos unificadores que não traduzem a complexidade do processo de tradução cultural] incrustados da particularidade da cultura não pode [m] ter referências imediatas. A grande, embora desestabilizadora, vantagem dessa posição é que ela nos torna progressivamente conscientes da construção da cultura e da invenção da tradição (BHABHA, 1998, p. 241).

E esse saber, ao qual Pêcheux se refere acima, corresponde a algo falado/revelado anteriormente. Ou seja, algo preexistente, porém, em permanente “recomeço” com os demais discursos (e as demais ideologias) que se inserem também como contribuição, ou mesmo, ainda com a própria polissemia produzida junto ao discurso preexistente; mesmo que não seja esta uma finalidade inicial, acrescenta Pêcheux. Contextualizando as palavras de Homi Bhabha, observadas em livro “O local da Cultura”, podemos citar ainda que:

Na inquieta pulsão de tradução cultural, lugares híbridos de sentido [como o caso de Itaperuna] abrem uma clivagem na linguagem da cultura que sugere que a semelhança do símbolo [banda de música], ao atravessar os locais culturais, não deve obscurecer o fato de que a repetição do signo [banda de música] é, em cada prática social específica, ao mesmo tempo diferente e diferencial [...] (BHABHA, 1998, p. 229-230).

No caso das citações apresentadas sobre esta tradição musical da região analisada, inspirando-se nas observações e citações acima, a análise diz respeito exclusivamente à base dos processos discursivos inscritos nas relações ideológicas de classes. (PÊCHEUX, 1995). Que são, remetendo-os às palavras de Homi Bhabha (1998), “diferentes e diferenciais”, às quais acrescentamos também os sentidos extraídos de uma breve análise de duas imagens que tratam do mesmo contexto das citações e, deste modo, oferecendo nossa contribuição com a memória da tradição cultural de bandas de música de Itaperuna. Pretendemos até aqui discutir e demonstrar pela ótica de Michel Pêcheux que, se todo discurso se constitui a partir de uma memória e do esquecimento, os sentidos destes discursos, então, sem dúvidas, se constroem e se afirmam (ou não) no embate com outros sentidos. Por confrontação dos discursos preexistentes, tanto quanto, como neste caso específico, através de uma breve confrontação de duas imagens representativas ao discurso “falado”, ou escrito, acerca das bandas de música em Itaperuna. Saber de que tipos eram as “diversas bandas” e, em alguns casos, sobretudo, aquelas mencionadas como anteriores ao século XX, bem como aquelas que mencionamos aqui, já no século XX, quer dizer também que continua sendo pertinente perguntar: onde “reside” essa memória? Pelo exposto ao longo do texto verificamos que nesta região, as corporações, ou bandas civis, não foram muitas, ou mesmo, diversas, é bem verdade. Como mostra a citação a seguir, verificamos que as bandas que surgiram após a virada para o século XX, de um modo geral, por todo o Brasil, duraram pouco tempo. Ou tiveram uma representação social

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e/ou musical “apagada”.

Em meados do século 20, a instituição das bandas de música civis, no Brasil, estava em declínio, devido ao surgimento das mídias eletrônicas mais modernas. Uma visão antropológica do fenômeno constatou que as bandas eram vítimas de um preconceito elitista por parte das comunidades e, mesmo, por parte dos próprios músicos. A autoestima dos músicos de banda estava em pleno declínio. [...] Por fim, as comunidades onde estavam inseridas as euterpes lhes eram indiferentes e as autoridades lhes negavam apoio. (TACUCHIAN, 2009, p. 19).

De acordo com nossa análise, uma hipótese para o declínio “prenunciado” pelo Major Porphirio Henriques e certificado por Tacuchian, supracitado, perpassa também por um provável preconceito da sociedade Itaperunense da virada do século 19 para o 20 em relação às corporações civis e formações instrumentais similares. Tal preconceito, supomos que tenha sido ocasionado talvez já a partir do apogeu econômico da região, que, ao mesmo tempo serviu de estímulo para o surgimento de algumas bandas, é verdade, mas também pode ter tido, simultaneamente, sobretudo na sede, um papel decisivo para o fôlego ao preconceito em relação à atividade das bandas de música, pois o auge econômico e a própria localização geográfica em relação aos trilhos da ferrovia “garantiam” a Itaperuna o statuto privilegiado de “cidade”, centralizadora e outras coisas mais, revela a historiografia da região. Observa-se também a possibilidade da presença de uma estratégia discursiva (por vezes excessivamente eloquente) apontada por Stuart Hall (2011, p. 54), desenvolvendo uma ideia de Eric Hobsbawm, que nos parece ser a “mola propulsora” - que se encontra num plano de evidência em determinadas citações de Henriques (1956) - e, ao mesmo tempo, uma “estratégia às avessas” que poderá acalorar o debate sobre o tema. Essa estratégia é o que ele chama de “invenção da tradição” e tem sido observada, como uma estratégia, ao mesmo tempo provedora e “protetora” de valorações e normas comportamentais, que se opera através da repetição. Stuart Hall nos diz ainda que a repetição dessa invenção, automaticamente, sem uma análise crítica, implica em “continuidade com um passado histórico adequado”, o que seria, para melhor exemplificar, neste caso, um passado contado de modo “inadequado”, ou melhor, insuficiente. Talvez sim. Dentre outras estratégias apontadas, resume-se, da análise de Stuart Hall (2011), que em relação à formação do discurso da cultura nacional, “[...] são tentadas, algumas vezes, a se voltar para o passado, a recuar defensivamente para aquele ‘tempo perdido’, quando a nação era ‘grande’; são tentadas a restaurar as identidades passadas”. (HALL, 2011, p. 56). Não estamos tentados a restaurar as “identidades passadas”, como um “bom sintoma de cultura”, como pretendeu Henriques (1956), mas sim compreender como era de fato essa cultura em Itaperuna. Ainda a respeito da memória dessa tradição, faço uma analogia, citando Canclini (2008), que dirige suas palavras mais especificamente ao Brasil, sobre o qual ele diz que procuramos, nós, brasileiros, de algum modo - em nossas pesquisas sociais - a convergência de nossas regiões e etnias numa mestiçagem nacional, graças à ideia de nação, ainda que não estivéssemos nos dando conta de que a variedade dessas práticas regionais e étnicas se pudessem interligar, mesmo que de maneira conflituosa como as tramas destes fios que nos “embrenhamos”.

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Considerações finais Concluímos este artigo corroborando o pensamento de alguns autores consultados, como, por exemplo, Cliford Geertz, para citar, de cujo célebre ensaio: “Interpretação das Culturas”, trouxe aqui algumas citações para fundamentar a discussão que envolve, grosso modo: música, cultura e educação. Assim como, justifico nestas considerações que a “contribuição” “mais forte” apresentada neste trabalho, talvez resida nas palavras de Howard Becker (2007), que nos fala alertando para a necessidade de “escolhermos com cuidado, não ritualisticamente, que tipos de dados procuramos, registramos e incluímos em nossas análises”, assim como, na maneira de Thomas Kuhn (1970), citado por Becker (2007, p. 117, grifo meu), chamar a atenção para uma determinada situação, ou objeto, onde, segundo suas conclusões, há abundância de cientistas, porém, “nenhuma” ciência, para chamar a atenção para a necessidade de se empreender revisões historiográficas, de tempos em tempos, digamos assim. Como foi dito antes, longe de nós fazermos deste artigo algo com sentido ideológico, até porque o próprio Geertz nos aconselha a não nos deixar levar por questões ideológicas. Contudo, não podemos deixar de observar que Henriques (1956) ora se refere a um determinado conjunto de músicos como “banda” - banda de música - ora a grupos talvez similares às bandas de música, ou mesmo uma banda de música propriamente dita (tal qual conhecemos hoje) como no caso da figura 2, apenas como meros “remanescentes das extintas bandas”. Sendo assim, pela aparente presença ideológica nas palavras de Henriques (1956), nos faz reafirmar que acreditamos sim que, por tudo que foi apresentado neste trabalho, devemos chegar a estudar o objeto “ignorando” praticamente tudo aquilo, e fechando os nossos olhos para quase todos os dados disponíveis. Para reforçar a assertiva de que a nosso ver a memória oral ou mesmo os escritos “não científicos” apresentados neste artigo não são suficientes para explicar a presença e a memória cultural das bandas de música em Itaperuna. Mario Vieira de Carvalho, citado por Maria Alice Volpe nos alerta sobre o ponto importante a respeito da construção da memória social, acerca do qual nos mantivemos alerta:

[...] como aspirar-se uma perspectiva neutra, seja sobre outra cultura, seja sobre o passado, se todo conhecimento é contextual? Isto é, se o ponto de vista do cientista [enunciador] é necessariamente enformado pela tradição ideológica-cultural em que se insere, pelo meio onde interage, pela construção e experiência específica do eu social. (VIEIRA DE CARVALHO, 1999 apud VOLPE, 2009).

É justo, portanto, considerar por fim que tudo o que foi apresentado neste texto, tendo por base o “eu social” do enunciador, partiu de um ponto de vista observado em Becker (2007, p. 119), e longe de pretender encontrar-se em uma perspectiva neutra, pelo contrário, se trata de um estudo que paira sobre “como começar a encontrar [as peças em] casos que não se encaixam”, ou não estavam se encaixando, principalmente em relação à memória cultural das bandas de música em Itaperuna, procurando desta forma, colaborar desfazendo possíveis mitos sobre esta tradição cultural.

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