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Prof. Francisco C. E. Mariotti

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O tamanho do governo

O governo pode ser entendido como o locus de disputa por recursos entre diversos setores da sociedade.

O gasto público afeta uma série de atividades , algumas das quais têm - ou tiveram - a ver com cada um de nós. (Stiglitz).

“Nunca se foge a um incoveniente sem incorrer em outro.”(Maquiavel)

Isto é, as escolhas são difíceis; há dilemas. Dificilmente se agrada uns sem se desagradar outros.

Sempre correm dilemas. Os conflitos de interesses se evidenciam no campo político.

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O tamanho do governo Mesmo quando há forte consenso

quanto à necessidade de redução do déficit público e da despesa governamental, sempre há discordância quanto aos gastos a serem suprimidos.

Todos querem que os cortes não os atinjam.

O governo não é uma abstração, uma entidade distante que “suga os recursos do povo”.

O governo é uma entidade que coleta recursos através dos impostos cobrados de parte da população para transferir esses recursos para outra parte da população.

(Giambiagi e Além)

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O tamanho do governo

Há funções típicas de governo:– saúde– educação– defesa nacional– policiamento– regulação– justiça– assistência social

No Brasil, o governo federal assumiu uma série de funções, como o ensino superior. Diversos estados também mantêm estabelecimentos de ensino superior.

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O tamanho do governo

Diversas funções são compartilhadas por duas ou mais esferas de governo (saúde, saneamento, transportes etc.).

Os governos estaduais assumem a segurança pública, enquanto os municípios zelam pela limpeza urbana, a iluminação pública e o transporte urbano.

A construção e a manutenção de estradas, que historicamente, em todos os países, têm sido funções governamentais, estão sendo transferidas para o setor privado.

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Mas o que são os gastos públicos?

Os gastos públicos constituem-se na principal peça de atuação do governo;

Através deles, o governo estabelece uma série de prioridades no que se refere à prestação de serviços públicos básicos e aos investimentos a serem realizados.

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A EVOLUÇÃO DO GASTO PÚBLICO

A tendência de crescimento do gasto público tem sido constatada há muito tempo.

Adolph Wagner, na década de 1880, baseado no retrospecto até a época e na análise das tendências, enunciou a “Lei de Wagner”, segundo a qual o desenvolvimento econômico experimentado pelas modernas economias provocaria pressões crescentes por expansão do gasto público.

Não apenas se expandiu a demanda por gastos públicos. Ela se modificou intensamente com a industrialização.

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A EVOLUÇÃO DO GASTO PÚBLICO

O custo de alguns serviços - de saúde, por exemplo - se elevou consideravelmente - em conseqüência do

avanço tecnológico. Guerras e fatores

políticos contribuíram para a expansão do governo, uma vez que criam condições para o aumento da tributação.

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A EVOLUÇÃO DO GASTO PÚBLICO

Uma vez cessadas as causas da expansão, dificilmente os gastos retornam á dimensão original (Peacock e Wiseman).

Verifica-se, em geral, modificação na estrutura dos gastos (efeito translação) após o final das guerras e crises políticas .

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Gastos governamentais x Gastos públicos

Consideram-se gastos governamentais apenas as despesas realizadas pelas unidades que compõem a administração governamental direta e parte da indireta. Dessa forma, seriam englobados neste conceito apenas os gastos realizados pelas esferas do governo mais autarquias e fundações. Trata-se dos gastos de manutenção dos serviços públicos

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Já os gastos públicos englobam em sua totalidade, além dos gastos governamentais, as despesas do governo com suas atividades econômicas produtivas, incluindo aí as empresas estatais.

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As contas públicas e o seu resultado

Dentre os vários temas econômicos que têm sido objeto de discussão nos últimos anos, dois têm merecido destaque especial dos analistas e da imprensa especializada: o déficit público e o seu correlato - o endividamento do setor público.

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Por "setor público" deve-se entender as três esferas de governo - federal, estadual e municipal - e as empresas por eles controladas. Deve-se, no entanto, excluir deste conceito as instituições financeiras (como, por exemplo, o Banco do Brasil) por sua natureza primordial de intermediários de recursos de terceiros.

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A atuação do governo é caracterizada tanto pelos gastos pro ele efetuados como pela arrecadação de recursos, através principalmente de impostos, com o objetivo de aumentar o bem-estar da população e de evitar eventuais distorções provocadas pelo livre jogo das forças de mercado.

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A ótica das Contas Nacionais

Nas contas nacionais, as despesas do governo são tratadas sob a denominação de "Administrações Públicas", englobando sob esse título os gastos da União, Estados e Municípios (apenas administração direta, autarquias e fundações públicas).

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Poderíamos apurar o resultado das contas principais das "Administrações Públicas".

Para tanto, incluímos a arrecadação do governo - que, nesse caso, se compõe da receita tributária (impostos diretos e indiretos) e outras receitas correntes (inclusive contribuições previdenciárias).

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Vejamos um exemplo:

A – Rec. tributária e outras receitas correntes: 135,0

B - Despesas correntes (=a+b+c)........................: 145,0

(a) Gastos de consumo (= i+ii)...............................: 77,0

(i) Despesas de pessoal............................................: 40,0

(ii) Compras de bens e serviços...............................: 37,0

(b) Transferências (=i+iii)......................................: 56,0

(i) Assistência previdenciária (pensões, aposentadorias, auxílios, etc.)......................................................: 32,0

(ii) Juros da dívida interna.....................................: 24,0

(c) Subsídios............................................................: 12,0

C – Poup. em conta corrente do governo (=A-B)..: -10,0

D - Despesas de capital ..........................................: 15,0

E - Déficit (ou superávit) fiscal (=A - B - C).........: -25,0

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O déficit fiscal de R$ 25,0 bilhões terá de ser financiado por:

a) endividamento interno (venda de títulos públicos); e/ou

b) endividamento externo; e/ou

c) emissão monetária (somente no caso da União).

O resultado fiscal é também chamado de despoupança de governo, no valor de R$ 25 bilhões.

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A ótica Orçamentária

Para se apurar o déficit ou superávit orçamentário, basta somar todas as receitas correntes do governo (tributárias e outras), subtraindo dessas o total das despesas, isto é, a soma das despesas correntes com as despesas de capital. Caso o resultado seja negativo, o financiamento deste déficit se traduzirá, necessariamente, em maior endividamento do governo junto ao setor privado, ou através de empréstimos bancários, ou - o que é mais comum - através da venda de títulos públicos junto aos bancos e ao público em geral.

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A ótica das Necessidade de Financiamento do Setor Público - NFSP

Trata-se do método utilizado pela Secretária do Tesouro Nacional - STN e pelo Banco Central para o cálculo das Contas do Setor Público.

As NFSP são obtidas a partir da medição do chamado "Resultado do Setor Público Não-Financeiro" - RSP – por não incluir as contas das entidades financeiras públicas. Na prática, há dois critérios para se calcular o RSP ou, o que dá no mesmo, as NFSP:

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O critério "acima da linha" e que é utilizado pela STN, consiste na apuração da diferença entre receitas e despesas orçamentárias.

O segundo critério, denominado "abaixo da linha“, que é adotado pelo Banco Central do Brasil, é obtido pelo lado do financiamento do déficit público, sendo calculado a partir da variação da dívida líquida do setor público junto ao setor privado.

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O resultado do setor público - RSP - (déficit ou superávit) pode apresentar três valores diferentes, dependendo dos itens que se incluam ou se excluam do cálculo. Esses resultados denominados:

1. Resultado Nominal do Setor Público;

2. Resultado Operacional do Setor Público;

3. Resultado Primário do Setor Público.

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Resultado Nominal do Setor Público

É o resultado da diferença entre o total das receitas correntes do governo (tributárias e outras receitas) e o total de suas despesas (custeio, transferências, subsídios, financeiras e de capital). Dentro das despesas de capital, encontram-se os juros da dívida pública. Visto da ótica desta última, corresponde à variação da dívida líquida do setor público não-financeiro em determinado período de tempo (mês, trimestre ou ano), incluindo aí a variação devida à atualização monetária da própria dívida e dos ativos do setor público.

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Resultado Operacional do Setor Público

É o próprio resultado nominal, excluindo-se deste a atualização monetária da dívida pública.

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Resultado Primário do Setor Público

Consiste no resultado operacional das contas públicas, excluindo-se destas os juros da dívida referentes ao período anterior ao cálculo do resultado.

A importância desse conceito é a de possibilitar uma melhor avaliação das contas públicas no presente, isto é, sem considerar a influência dos juros que são o resultado de déficits passados e que deram origem à dívida pública.

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Observação:

Ressalta-se que quando o Resultado - nominal, operacional ou primário - é negativo diz-se que houve déficit - nominal, operacional ou primário. Se for positivo, houve superávit - nominal, operacional ou primário. Também deve ficar claro que os três resultados - nominal, operacional e primário - são calculados tanto de forma agregada - englobando sob a denominação de setor público (NFSP) os resultados da União (ou Tesouro Nacional), da Previdência Social, do Banco Central das Empresas Estatais e dos Estados e Municípios - como de forma desagregada, individualizando o resultado de cada uma dessas áreas, níveis ou esferas de governo.

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Exemplo:

Contas Públicas - em bilhões

1 - Receita total (*)............................... 121,3

1.1. Tributária.......................................... 80,0

1.2. Previdência........................................35,3

1.3. Outras receitas correntes................... 6,0

2 - Despesa total.................................... 148,0

2.1. Pessoal e encargos............................ 52,0

2.2. Benefícios da previdência................. 38,0

2.3. Juros nominais da dívida.................. 33,0

a) Atualização monetária......................... 1,0

b) Juros reais........................................... 32,0

3 - Resultado Nominal (= 1-2)...............-26,7

4 - Resultado Operacional (=3-2.3.a.).. -25,7

5 - Resultado Primário (= 3-2.3.)........... 7,3(*) líquidas das transferências constitucionais – Fundos de Participação e manutenção do programa de seguridade social

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Comentários sobre o déficit primário

O déficit “primário” representa a origem e a fonte de realimentação do déficit público e, conseqüentemente, da dívida pública. Quando o país obtém superávit primário nas suas contas, ele adquire a capacidade de pagar senão toda, a maior parte dos juros da dívida pública do país.

O resultado do esforço fiscal do governo, mesmo tendo sua contrapartida negativa, como a diminuição dos investimentos via despesas de capital, possibilita a este ajustar as suas contas para que, uma vez equilibradas, possam ser utilizadas como instrumento de políticas públicas benéficas a sociedade.

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Conclusões: Os gastos públicos, caracterizado pelo resultado das contas, são a evidenciação das políticas de gestão pública efetuadas pelos nossos governantes.

Com o crescimento do papel do governo na economia, passam estas a necessitarem de contínuo acompanhamento, de forma que os controles realizados sejam efetivos, especialmente quando destinados a evitarem políticas eleitoreiras que não visem a melhoria do bem estar da população.

Destaca-se que, mesmo no caso de políticas públicas adequadas a necessidade da população, é importante lembrar que um país vive não somente da geração presente, mas também das futuras gerações e que, neste caso, estas necessitam contar, no futuro, com a adequada capacidade de intervenção governamental nas chamadas falhas de mercado.