presidÊncia da repÚblica controladoria-geral da … · em atendimento à determinação contida...
TRANSCRIPT
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 1
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO
SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO
Unidade Auditada: NUCLEO ESTADUAL DO MS/MS
Município - UF: Campo Grande - MS
Relatório nº: 201503839
UCI Executora: CONTROLADORIA REGIONAL DA UNIÃO NO
ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL
RELATÓRIO DE AUDITORIA
Chefe,
Em atendimento à determinação contida na Ordem de Serviço nº 201503839,
apresentamos os resultados dos exames realizados sob atos e consequentes fatos de
gestão, ocorridos na supra-referida, no período de 01/06/2012 a 31/05/2015.
I – ESCOPO DO TRABALHO
Os trabalhos foram realizados na Sede do Serviço de Gestão Administrativa do Núcleo
Estadual no Mato Grosso do Sul do Ministério da Saúde, no período de 17/06/2015 a
24/07/2015, em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao serviço público
federal, objetivando o acompanhamento dos atos e fatos de gestão do Contrato de
Prestação de Serviços de Manutenção Preventiva e Corretiva nº 01/2012, ocorridos no
período de abrangência do trabalho, qual seja, 01/06/2012 a 31/05/2015. Nenhuma
restrição foi imposta aos nossos exames, realizados por amostragem, sobre a área de
Contratação de Bens e Serviços.
II – RESULTADO DOS EXAMES
1 DESENVOLVIMENTO DA AVICULTURA
1.1 PREVENÇÃO, CONTROLE E ERRADICAÇÃO DAS DOENÇAS
1.1.1 CONTRATOS DE OBRAS, COMPRAS E SERVIÇOS
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 2
1.1.1.1 INFORMAÇÃO
Fato
Trata o presente trabalho da análise do processo nº 25006.000494/2012-45, referente à
contratação de empresa para prestação de Serviços de Manutenção Preventiva e Corretiva
a serem executados nas instalações do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Mato
Grosso do Sul, com fornecimento de mão de obra e materiais.
A contratação ocorreu através do Pregão Eletrônico nº 02/2012, com abertura de
propostas em 09 de maio de 2012, sagrando-se vencedora a empresa Trizotti & Castro
Construções e Serviços Ltda. (CNPJ nº 08.033.254/0001-18) com proposta no valor
mensal de R$ 7.195,05 (sete mil, cento e noventa e cinco reais e cinco centavos),
perfazendo o valor total anual de R$ 86.340,60 (oitenta e seis mil, trezentos e quarenta
reais e sessenta centavos), dando origem ao Contrato nº 01/2012.
O Contrato nº 01/2012 foi firmado em 14 de maio de 2012, com efeito de vigência de 1º
de junho de 2012 a 31 de maio de 2015 e possibilidade de prorrogações até o limite de 60
(sessenta) meses.
##/Fato##
1.1.1.2 CONSTATAÇÃO
Contratação de serviços sem parâmetros de valores e sem especificação de
quantitativos e valores unitários.
Fato
Da análise da condução do Pregão nº 02/2012, constatou-se ausência de características
básicas indispensáveis e essenciais à definição do tipo de serviço a ser contratado, tais
como a ausência de detalhamento dos serviços que seriam executados, do quantitativo
estimado e dos valores que serviriam de base para a contratação do que se considerou
genericamente como “Serviços de Manutenção Preventiva e Corretiva”.
Tampouco foram estabelecidos parâmetros ou medidas que pudessem proporcionar a
quantificação dos serviços a serem prestados pela contratada, como, por exemplo, o
quantitativo de horas ou empregados a serem utilizados na execução de cada tipo de
serviço.
No Termo de Referência ao Pregão nº 02/2012 consta que os serviços de manutenção
preventiva e corretiva abrangeriam dez áreas, a saber:
1. Quadro Geral de Distribuição;
2. Quadro de Distribuição nos andares;
3. Sistema de Iluminação Geral;
4. Tomadas Elétricas Estabilizadas e Normais;
5. Instalações Hidro-Sanitárias;
6. Instalação de Sistema de detecção, alarme e combate a incêndio;
7. Portas e portões de acessos comuns, externos e internos;
8. Estrutura;
9. Cerca Elétrica;
10. Serviços diversos;
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 3
Para todos esses serviços não há especificação de quantitativos a serem executados, sendo
impossível mensurar o quanto cada um representaria na formação do preço máximo a ser
aceito pela Administração, bem como nota-se que a ausência de tais especificações
dificulta ou até mesmo impossibilita a definição de preços pelas empresas licitantes na
elaboração da proposta final. Ademais, não há, no processo nº 25006.000494/2012-45,
sob análise, informações sobre o quantitativo de materiais a serem empregados na
execução dos serviços.
Verificou-se que, no Pregão nº 02/2012, consta solicitação para que o vencedor
apresentasse planilha de custos e formação de preços, conforme modelo anexado ao
edital, em que deveriam constar os serviços de um profissional de manutenção predial.
De fato isso veio a acontecer, quando da apresentação da proposta de preços da empresa
vencedora.
Mas quando solicitados a apresentar documentos comprobatórios para identificação dos
custos de contratação, no que se refere a materiais e mão-de-obra, estes não foram
apresentados de maneira esclarecedora, pois não se quantifica os serviços que seriam
executados.
Como se vê na fl. 93, na minuta do Contrato já se previa a execução de serviços de
maneira genérica, sem especificar os quantitativos. Temos, por exemplo, no item 1.3.3:
“n) Troca de lâmpadas queimadas e reatores defeituosos”, sem haver, nos autos do
processo, informação sobre quantas lâmpadas existiam na Unidade.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 4
Fl. 93 do processo nº 25006.000494/2012-45
As indagações à Unidade ocorreram através da Solicitação de Auditoria nº
201503839/002, de 26/06/2015, reiterada através da Solicitação de Auditoria n.
201503839/004, de 01/07/2015. A seguir elencamos um dos questionamentos da
Solicitação de Auditoria n. 201503839/002:
“3. Considerando o Modelo da Planilha “Anexo II-B” de Custos e Formação de Preços
do Pregão nº 02/2012, solicitamos justificar a ausência de parâmetros técnicos para
formação dos valores a serem cobrados referentes aos MATERIAIS a serem empregados
na execução dos serviços, deixando, portanto, o contrato sem qualquer referência de
valores dos materiais e serviços empregados e se estavam ou não de acordo com o
praticado pelo Mercado. ”
As justificativas iniciais foram apresentadas por meio do Ofício nº
216/2015/MS/SE/SAA/SEGAD/MS, de 29/06/2015, da Chefe do Serviço de Gestão
Administrativa do Núcleo Estadual no MS, tendo anexado a manifestação do servidor de
matrícula nº 1.***.*73, que atuou como pregoeiro e fiscal do Contrato nº 012/2012, com
as seguintes alegações:
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 5
“Justificamos que foi realizado orçamento dos serviços no mercado local, em empresas
locais e em órgão federal, de forma a verificar os valores praticados no mercado, tendo
como base uma relação diversa de serviços como: instalações elétricas, instalações
hidráulico-sanitárias, sistema de iluminação de emergência, hidrantes anti-incêndio,
cerca elétrica e serviços de reforma, pintura, colocação de piso, entre outros, executados
por meio de chamados (Solicitações de serviços). Após coletados os orçamentos,
verificou-se que o valor anual estimado estava na média dos preços práticos no
mercado”.
Também se buscou apurar se o quantitativo de empregados, perfil profissional ou mesmo
quantidade de horas trabalhadas eram necessárias à realização dos serviços contratados e
se os registros trabalhistas coincidiam com valores propostos na planilha de composição
de custos apresentada em conjunto com a proposta de preços. As respostas aos
questionamentos do item “5” da Solicitação de Auditoria n. 201503839, de 26 de junho
de 2015, também estavam consignadas no documento elaborado pelo pregoeiro e fiscal
do Contrato 01/2012, como anexo do Ofício nº 216/2015/MS/SE/SAA/SEGAD/MS, de
29 de junho de 2015:
“Conforme solicitado no item 5, não estava previsto no edital a disponibilidade de
funcionário específico para prestação dos serviços contratados, tais como pintura,
serralheria, eletricista, encanador, serviço com gesso, os quais eram realizados por
demanda, onde a contratada atendia trazendo seu profissional técnico para executar
serviço específico, não permanecendo, desta forma, funcionário da empresa no órgão. ”
Ato contínuo reiterou-se à Unidade sobre a formação da composição dos valores do preço
contratado, e os novos esclarecimentos foram dados através do Ofício nº
225/2015/MS/SE/SAA/SEGAD/MS de 02/07/2015, em resposta à Solicitação de
Auditoria nº 201503839/004, de 1º de julho de 2015, com alegações que corroboram a
falta de parâmetro no valor da contratação:
“3) Conforme solicitação no item 3, a contratação inicialmente trataria de serviço SEM
dedicação exclusiva de mão de obra, conforme se insere na minuta inicial encaminhada
para apreciação da assessoria jurídica. Como pode ser percebido no edital e nos
contratos somente foi alterada a expressão "SEM" para “COM”, mas não houve
alteração das cláusulas contratuais (a f. 92 do edital não foi alterada nem no título),
conforme orientação do Parecer AGU 245/2012 da AGU (f. 60). O contrato firmado (f
142 a 147) cita nas Cláusulas Primeira e Oitava vinculação ao Edital (f. 75 a 81) e Termo
de Referência (f. 82 a 88). Por sua vez, em nenhuma cláusula do Termo de Referência há
instrução de contratação de mão de obra exclusiva com dedicação integral, somente o
TÍTULO do TR (Anexo I) há a expressão PRESTAÇÃO DE SERVIÇO CONTÍNIO COM
DISPONIBILIZAÇÃO DE MÃO DE OBRA", remetendo ao início deste parágrafo onde
somente houve alteração do “SEM” para “COM”.
Desta afirmação infere-se que a contratação efetivamente está regida pela não
disponibilização exclusiva da mão de obra, por falta de previsão contratual, e assim ela
foi fiscalizada. As exigências contratuais do TR (Cláusulas 4 e 6 com subitens) foram
observadas e cumpridas, notadamente a visita diária (com anotação em livro Ata),
execução dos serviços (conforme relatório) e utilização de mão de obra e materiais.
O sócio proprietário Sr. J. M. T. pessoalmente efetuava as visitas e reparos, sendo que
eventualmente utilizava mão de obra subcontratada (não há vedação editalícia), não
tendo vínculo empregatício com os eventuais auxiliares. Por solicitação da contratante
a partir de 05/03/2014 (f. 610) foi indicado o funcionário F. H. A. C., CPF ***.074.711-
**, como apoio das atividades, porém o Sr. J. permanece como responsável principal e
efetuando as visitas diárias para orientação da execução e acompanhamento da
qualidade dos serviços efetuados pelo funcionário F.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 6
...
Para nortear o preço foi utilizada a descrição dos serviços constantes no Termo de
Referência, porém sem individualização de custo e quantitativo. É uma relação
abrangente e que contempla as demandas levantadas pelo órgão.
As folhas 03 a 11 e 15 a 21 referem-se a contrato de Ilhéus/BA e de Linhares/ES, e foram
substituídos por determinação do Parecer AGU 245/2012 da AGU (f. 54), parágrafos 9
a 11, onde se destaca que não foi solicitada a pesquisa de preços individualizada,
somente a pesquisa local.
Por este entendimento e mantendo a primeira pesquisa de valor de mercado (f. 24 e 24v,
69), foi juntado o valor do pregão da DRT/MS (f. 65 a 67) e nova empresa de mercado
(f. 68) e determinado o novo preço de referência, com aprovação orçamentária (f. 72a
74).
Em relação ao preenchimento da planilha Anexo II-B (f. 102 a 107) sua inclusão na
licitação ocorreu principalmente para um eventual reequilíbrio por Acordo Coletivo,
porém considerando que a efetiva prestação foi sem a dedicação exclusiva tal premissa
não ocorreu não havendo alteração do valor contratado.
As folhas 102 e 104 referem-se ao custo do oficial de manutenção, mas não foi
contratado, tendo as atividades efetuadas pelo proprietário. O Sr. F. foi contratado como
eletricista, não tendo reflexo na planilha.
A planilha assim descaracteriza-se como parte de formação de preços, mas permite uma
análise de que a linha de materiais e ferramentas (f. 106) está com valor de R$ 75,00 que
se mostra inexequível, assim o valor desta linha está na realidade no Item II-C - Demais
Componentes, montando a R$ 3.521,69, valor este composto pelas despesas operacionais
(R$ 1.730,06) e Lucro (R$1.791.63).
Em conclusão, o norteador do preço de aquisição foi a consulta a duas empresas
prestadoras de serviços e o contrato DRT/MS do comprasnet (f. 65 a 68). Houve a
descrição pormenorizada das atividades a desempenhar e o compromisso de visitas
diárias, além do prazo de execução das ordens de serviço. O preço de referência pela
média foi de R$ 100.875,94 e a contratação de R$ 86.340,60 (decréscimo de 14,40%).
Houve participação de oito empresas no pregão o que comprova a disputa pelo menor
preço, com propostas condizentes com o preço de referência levantado. ”
Vislumbra-se novamente a falta de objetividade e incongruências na condução da
contratação, na execução do Contrato nº 01/2012 e na prestação de esclarecimentos,
quando o responsável pelo seu acompanhamento alega não existir cláusulas vinculantes
ao custo da mão-de-obra a ser empregada, mas o Contrato previa a disponibilização de
uma pessoa que seria a executora dos eventuais serviços a serem executados. Também se
vinculou a repactuação dos valores do contrato aos custos da mão-de-obra, representada
por eventuais empregados. Ora, não foram informados quais seriam os outros referenciais
de preços a serem utilizados para eventual repactuação, já que o único documento com
valores era a Planilha de Custos e Formação de Preços apresentada pela contratada, fls.
90 e 91 do processo nº 25006.000494/2012-45.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 7
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 8
Fls. 102 a 107 do processo nº 25006.000494/2012-45, Planilha de Custos e Formação de Preços da
empresa Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda.
Verificou-se que tão somente em 14 de outubro de 2013 a empresa oficializou a existência
de empregado específico para atendimento do Contrato nº 01/2012. Não há, nos autos do
processo, informação sobre a existência de empregados anteriores a essa data.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 9
Fl. 509 do processo nº 25006.000494/2012-45
No Contrato nº 01/2012, em sua Cláusula Sexta, que trata da Repactuação de valores,
previu-se que eventuais reajustes ocorreriam tomando por base a variação de custos
apresentados em memórias de cálculos e planilhas.
Reitera-se, portanto, que o único documento que apresentava composição de custos era a
Planilha de Custos e Formação de Preços apresentada pela contratada, fls. 102 e 107 do
processo nº 25006.000494/2012-45.
Fl. 288 do processo nº 25006.000494/2012-45, itens 6.1 e 6.2 do Contrato nº 01/2012.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 10
De todo o exposto e considerando que a Unidade sequer levou em consideração os preços
que até então eram praticados através do Contrato nº 04/2007, restou-se comprovada a
ausência de elementos probatórios para formação dos valores do Contrato nº 01/2012.
##/Fato##
Causa
As causas para a irregularidade apontada estão diretamente relacionadas à fragilidade dos
controles internos na contratação de bens e serviços da Unidade e à conduta dos agentes
públicos que não buscaram as melhores condições para a contratação.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Através do Ofício nº 5827/2016/GAB/CGU-Regional/MS, de 27 de janeiro de 2016
houve encaminhamento do Relatório Preliminar de Auditoria nº 201503839 para
considerações sobre os resultados da auditoria.
Em resposta a Unidade apresentou o Ofício nº 11/2016/MS/SE/SAA/SEGAD/MS, de 29
de fevereiro de 2016, acompanhado da manifestação formal assinada pela Chefe
Substituta do Serviço de Gestão Administrativa/NE/MS e pelo servidor de matrícula nº
1.***.*73, fiscal do Contrato nº 012/2012.
A manifestação inicia-se com a transcrição dos serviços constantes do Termo de
Referência do Pregão nº 02/2012, folhas nº 33 a 37 dos autos do processo nº
25006.000494/2012-45, seguida pelo seguinte texto:
“São quase 9 (nove) páginas de riquíssimo detalhamento dos serviços. Ir além disso
significaria cometer uma ilicitude, pois, de acordo com a Lei n° 10.520/02:
Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte:
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e ciara, vedadas especificações
que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem a competição;
(Grifou-se)
Na mesma linha, o Decreto n° 5.450/05 determina que:
Art. 9º Na fase preparatória do pregão, na forma eletrônica, será observado o seguinte:
I - elaboração de termo de referência pelo órgão requisitante, com indicação do objeto
de forma precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que por excessivas
irrelevantes ou desnecessárias, limitem ou frustrem a competição ou sua realização;
(...)
(Grifou-se)
A história desse procedimento é que, para a elaboração do Termo de Referência de
serviços de manutenção predial do processo n° 25006.000494/2012-45, foi utilizado
como referência o Termo de Referência contido no processo n° 25006.000209/2007-29,
fls. 04-06 e 16-17, no qual continha uma relação de itens e serviços, os quais eram:
01-Instalações elétricas,
02-instalações hidráulicas e hidrossanitárias,
03-sistema de iluminação de emergência,
04-sistemas de hidrante anti-incêndio, e
05-serviços diversos.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 11
Neste termo de referência os itens continham uma relação de serviços que eram prestados
por demanda, sendo que a contratada enviaria o profissional para prestar o serviço de
manutenção, sem que permanecesse no órgão, não havendo o caso de dedicação
exclusiva. O mesmo pode se observar nas cláusulas do Edital n° 01/2007 do processo n°
25006.000209/2007-29, fls. 07-29, no qual não consta anexo de planilha de custos e
formação de preços, indicando que não seria contratado funcionário com dedicação
exclusiva.
Assim, teve-se como base o edital e termo de referência do processo anterior, os quais
foram adequados às minutas de Edital, Termo de Referência e Contrato disponibilizados
no site da AGU, por estarem atualizados e conterem cláusulas comuns a vários contratos
de serviço. Por se tratar de contratação SEM disponibilização de mão-de-obra, foram
utilizados estes modelos (fls. 26-46 do processo n° 25006.000494/2012-45) e enviado à
GJU-MS para análise que, por meio do Parecer n° 245/2012/CJU-MS/CGU/AGU
orientou-se para alterar o Edital e anexos para que fossem COM disponibilização de
mão-de-obra, no entanto, foi alterada apenas a expressão "SEM" por "COM", mas não
houve alteração das cláusulas contratuais, ocorrendo a contratação pela não
disponibilização de mão-de-obra exclusiva.
Em relação aos preços praticados no Contrato n° 04/2007 do processo n°
25006.000209/2007-29, no ano de 2011 foi realizada cotação com as empresas locais
(também seguindo orientação do Parecer n° 245/2012/CJU-MS/CGU/AGU) a fim de
verificar se os preços praticados para os serviços contratados e, em suas folhas n° 839-
846 foram consultadas as seguintes empresas e respectivas ofertas:
- Empresa S.O.S. Manutenção, CNPJ: 02.403.701/0001-05, Valor Mensal: R$ 7.998,50;
- Empresa RICETTI Climatização e Tecnologia Ltda, CNPJ 02.689.728/0001-06, Valor
Mensal: R$ 8.109,15;
- Empresa ELETRO & CIA - Prestadora de Serviços em Elétrica e Informática, CNPJ
07.273.684/0001-44, Valor Mensal: R$ 7.100,00;
- Empresa Natalino & Rodrigues Ltda-ME, CNPJ 12.202.079/0001-12, Valor Mensal:
R$ 5.215,00.
Assim, já havia sido verificado que os valores do contrato n° 04/2007 estavam abaixo do
consultado no mercado local e, quando foi aberto novo processo para contratação dos
serviços de manutenção predial, no qual foram incluídos outros serviços que não
constavam no contrato anterior, e, feita a pesquisa de preços, os valores estavam
próximos ao observado na cotação feita no ano de 2011 no processo n°
25006.000209/2007-29. ”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Em que pese as alegações apresentadas pela Unidade de que os preços estavam
compatíveis com o praticado no mercado local e de que houve a alteração da expressão
“Sem Disponibilização de mão-de-obra” para “Com Disponibilização de mão-de-obra”,
conforme orientação da Advocacia Geral da União, sem que as cláusulas contratuais
tenham sido estabelecidas no Edital do Pregão nº 02/2012, verifica-se que na formação
dos contratos não se teve uma adequada estipulação de parâmetros para o preço praticado.
Foi utilizada, na fase de licitação, uma planilha de composição de custos para justificar o
preço apresentado pela empresa contratada, sendo que o Contrato previa a
disponibilização de um preposto da empresa para realizar eventuais serviços. Inclusive
houve vinculação dos custos à mão-de-obra para o caso de eventual repactuação de
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 12
valores do Contrato nº 01/2012. E agora a Unidade nega que deveria ser disponibilizado
preposto para atender as chamadas dos serviços.
Ademais a simples alegação de que houve incremento de serviços a serem executados
para se justificar a variação de 239,31% entre os Contratos nº 04/2007 e nº 01/2012 não
se sustenta, uma vez que não há comprovação da mensuração física e financeira de quanto
teria sido acrescentado em termos de serviços e unidades de medida, além de ser
inaceitável a diferença percentual de 239,31% entre preços praticados pela mesma
empresa, que eram de R$ 2.120,49 mensais até 31 de maio de 2012 (Contrato nº 04/2007),
e passaram para R$ 7.195,05 a partir do dia 1º de junho de 2012 (Contrato nº 01/2012).
Por todo exposto, e considerando que as alegações apresentadas perante o Relatório
Preliminar não trouxeram novos fatos ou elementos probatórios, conclui-se que as
alegações não são suficientes para elidir a irregularidade identificada.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Adotar rotinas de controle interno que proporcionem a adequada
quantificação dos serviços a serem prestados pela empresa contratada nos contratos de
prestação de serviços.
1.1.1.3 CONSTATAÇÃO
Favorecimento à empresa mediante acesso a informações do certame licitatório.
Fato
Outro ponto que merece destaque é o favorecimento dado à empresa contratada, pois, na
apresentação de “Proposta de Preços” datada de 16 de abril de 2012, fl. 68 do processo,
onde a empresa Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda. apresenta proposta de
preços com explícita referência ao título e número do futuro processo a ser instaurado, o
documento apresentado conta com folha timbrada do Pregão Eletrônico nº 02/2012. No
entanto, ressalta-se que o edital sequer havia sido publicado na data de 16 de abril de
2012, momento no qual a empresa Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda.
apresentou proposta em “papel timbrado” com informações preliminares do Pregão a ser
lançado em 26/04/2012, conforme demonstrado abaixo, com abertura das propostas em
09/05/2012, às 10:00 hs.
Ora, como a empresa teria acesso a um documento timbrado do processo licitatório que
ainda estava em fase de preparação pelo Núcleo de Saúde/MS, com ajustes e correções
decorrentes dos questionamentos da área jurídica?
Vejamos a cronologia dos atos praticados do processo nº 25006.000494/2012-45:
Data Evento Fls.
21/03/2012 Data que consta nas minutas do Pregão Eletrônico nº
02/2012 e do Termo de Referência;
26 a 46
27/03/2012 Elaboração do quadro demonstrativo da pesquisa de
preços, preparado pelo servidor de matrícula nº
1.748.373;
25
27/03/2012 Aprovação da minuta do edital e do termo de referência
pela Chefe Substituta da Divisão de Convênios e Gestão
– DICON/MS;
47
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 13
27/03/2012 Informação sobre disponibilidade orçamentária; 49
27/03/2012 Designação do Pregoeiro e equipe de apoio para
atuarem no Pregão Eletrônico nº 02/2012/NE/MS, pela
Chefe Substituta da Divisão de Convênios e Gestão –
DICON/MS;
50
27/03/2012 Encaminhamento da minuta do Pregão nº 02/2012 para
análise junto á Advocacia Geral da União – Ofício nº
58/2012/DICON/SEAD/MS de 27/03/2012
52
10/04/2012 Despacho da Advocacia Geral da União aprovando as
minutas do pregão eletrônico nº 02/2012, condicionado
ao acatamento das recomendações constantes do
Parecer CJU-MS/CGU/AGU nº 245/2012
64
26/04/2012 Divulgação do Edital no Comprasnet
Tela de consulta ao site www.comprasnet.gov.br, realizada em 26/01/2016.
A única forma de acesso ao referido documento era mediante disponibilização por parte
de algum servidor do Núcleo Estadual de Saúde/MS e que estivesse atuando junto ao
processo nº 25006.000494/2012-45. A seguir destacamos o detalhe da referência ao
Pregão Eletrônico nº 02/2012:
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 14
Fl. 68 do processo nº 25006.000494/2012-45
##/Fato##
Causa
As causas para irregularidade apontada estão diretamente relacionadas à fragilidade dos
controles internos de contratação de bens e serviços da Unidade e à conduta do agente
público envolvido.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
No Ofício nº 11/2016/MS/SE/SAA/SEGAD/MS, de 29 de fevereiro de 2016, que
encaminhou manifestação formal em relação ao Relatório Preliminar de Auditoria, foram
apresentadas as seguintes justificativas:
“Após análise da minuta de edital pela consultoria jurídica, verificou-se que a pesquisa
de preços deveria ser realizada no mercado local e, desta forma, eram necessárias mais
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 15
duas propostas de preços. Já havia sido consultadas empresas por meio de e-mail (cópias
anexas), as quais foram: AC/DC Manutenção e Reformas, SETEC Serviços Técnicos e
Manutenção Ltda, e REFORM Soluções em Manutenção Predial. Destas, apenas a
empresa SETEC havia respondido enviando cotação. Ainda, foi tentada consulta com
órgãos como o STM, ANVISA e INSS, sendo que o INSS informou sua planilha de custos,
tendo valores muito acima do estimado por este órgão.
Assim, foi consultada a ata do SRTE e solicitada cotação da empresa que já prestava
serviço ao órgão, sendo entregue apenas a folha do anexo II-A – Modelo de Proposta de
Preços, e não foi entregue ou disponibilizado o Edital ou Termo de Referência. Reafirmo
que não foi dado favorecimento à empresa contratada neste sentido, tendo se tratado de
equívoco no momento da entrega da folha de cotação, onde foi entregue apenas esta
folha do anexo II-A para que a empresa fornecesse o orçamento.
A simples constatação de que "a empresa Trizotti &Castro Construções e Serviços Ltda.
apresenta proposta de preços com explícita referência ao título e n° do futuro processo
a ser instaurado", não autoriza a presunção de "favorecimento à empresa mediante
acesso a informações do certame licitatório". Trata-se de uma dedução que vai muito
além do fato ocorrido, conforme descrito no parágrafo anterior.
Vale comentar, a propósito, que é praxe em vários órgãos federais, a cotação de preços
de mercado, por meio de remessa do mesmo formulário (tabela) usado na estimativa de
custos da licitação, especificações de tudo o que se pretende contratar/adquirir etc,
apenas a coluna dos valores (unitários e totais) é deixada em branco, para que os
interessados preencham com seus orçamentos. Daí a se concluir que alguém foi
favorecido, apenas porque apresentou seu orçamento num formulário desses, é mera
presunção, que, no presente caso, não tem qualquer correspondência com os fatos
ocorridos. ”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Temos nas alegações da Unidade a apresentação de pesquisas de preços junto a três
empresas mediante mensagens eletrônicas (email) enviadas pelo servidor de matrícula nº
1.***.*73. Registra-se que nenhuma dessas mensagens foi anexada previamente ao
processo nº 25006.000494/2012-45. Além disso, as mensagens foram apresentadas sem
os seus respectivos anexos. Na justificativa ainda não foi apresentada a mensagem que
teria sido enviada à empresa Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda., de modo a
identificar se o formulário enviado às demais empresas coincide com o que foi
disponibilizado à empresa Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda.
Assim, apesar da manifestação formal dos gestores, as alegações apresentadas não são
esclarecedores e suficientes para elidir a irregularidade apontada.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Adotar medidas administrativas necessárias à apuração da conduta e
responsabilidade dos servidores que aturam indevidamente no processo
25006.000494/2012-45, no que se refere às práticas em desacordo com os incisos III, VII
e VIII do artigo 116, e incisos IX e XII do artigo 117, ambos da Lei nº 8.112, de 11 de
dezembro de 1990 e o § 1º do artigo 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
1.1.1.4 CONSTATAÇÃO
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 16
Contratação de serviços em valor 239% acima do valor do contrato anterior.
Fato
O Contrato nº 01/2012, firmado com previsão de 12 (doze) meses e valor mensal de R$
7.195,05 (sete mil, cento e noventa e cinco reais e cinco centavos), previa a possibilidade
de prorrogação por até 60 (sessenta) meses. O Contrato nº 01/2012, substituiu o contrato
nº 04/2007, cujo prazo de vigência expirou em 31 de maio de 2012, após 60 meses, tendo
em ambos a mesma empresa executora, Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda.
O Contrato nº 01/2012, de 01/06/2012, teve o mesmo objeto do Contrato nº 04/2007, com
exceção dos “serviços na manutenção da cerca elétrica”, que foram acrescidos. Quando
da assinatura do Contrato nº 04/2007, em 01/06/2007, o valor pactuado foi de R$ 1.300,00
(mil e trezentos reais) e quando do encerramento o valor era de R$ 2.120,49 mensais,
conforme informações extraídas do Contrato nº 04/2007 e quatro termos de aditivos
disponibilizados para análise.
Outra situação de favorecimento identificada foi na pactuação dos valores do Contrato nº
01/2012, onde a empresa Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda. conseguiu nova
contratação sem apresentar qualquer detalhamento comprobatório que justificasse a
exorbitante variação de valor nos preços praticados até 31 de maio de 2012, R$ 2.120,49
mensais, os quais a partir do dia 1º de junho de 2012 passaram para R$ 7.195,05, ou seja,
uma variação de 239,31%.
Nos autos do processo nº 25006.000494/2012-4, que trata do Contrato nº 01/2012,
verifica-se que, quando da elaboração dos procedimentos de cotação de preços, bem como
da elaboração do termo de referência ou das minutas, não se fez nenhuma menção ao
preço que até então era praticado para execução do Contrato nº 04/2007. Ao invés disso
o servidor requisitante dos serviços, que fora quem realizou a maior parte dos atos
necessários à contratação, trouxe ao processo duas cotações de preços de outros Estados
e uma cotação da empresa SETEC – Serviços Técnicos e Manutenção Ltda., estabelecida
no Estado de MS, conforme fl. 25 do referido processo.
A cotação de preços apresentada pela empresa SETEC – Serviços Técnicos e Manutenção
Ltda. tomou por base os mesmos serviços elencados no Contrato nº 04/2007.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 17
Fl. 25 do processo nº 25006.000494/2012-45
Vê-se no quadro Resumo de Propostas, de 26/03/2012, elaborado pelo servidor de
matrícula nº 1.***.*73, o registro de que foi utilizado como referência de cálculo o
número de funcionários a serem alocados na execução dos serviços. Esse primeiro
Resumo de Propostas foi considerado irregular pela Advocacia Geral da União, quando
da apreciação jurídica das minutas do termo de referência, do edital e do contrato, por não
se tratar de pesquisa de preços realizada perante o mercado local.
Consta no processo de contratação que houve a elaboração de novo comparativo de
valores – Resumo de Propostas, datado de 19 de abril de 2012, realizado pelo servidor de
matrícula nº 1.***.*73, no qual são elencados três referências de preços:
1) Contratação efetuada pela Superintendência Regional de Trabalho e Emprego – SRTE:
R$ 6.894,41 mensais e R$ 82.732,92 anual;
2) Proposta de preços da Empresa SETEC – Serviços Técnicos e Manutenção Ltda.: R$
9.074,53 mensais e R$ 108.894,30 anual;
3) Proposta da Empresa Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda.: R$ 9.250,05
mensais e R$ 111.000,60 anual;
Ressalta-se que não há garantia de que os valores utilizados como referência para a
formação do preço máximo a ser aceito pela Administração guardam conformidade com
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 18
as especificações dos serviços a serem contratados pelo Núcleo de Saúde/MS, uma vez
que há clara dicotomia entre a área útil das Unidades, por exemplo, a sede da
Superintendência Regional de Trabalho e Emprego – SRTE/MS e a sede do Núcleo de
Saúde/MS, etc.
Ademais, a única empresa que apresentou cotação de preços foi a própria contratada, ou
seja, a empresa já detinha conhecimento de todo o serviço da próxima contratação a ser
efetuada, ofertando valores de acordo com seu interesse, no intuito de maximizar o valor
a ser contratado, em detrimento aos interesses da Administração – escolha da proposta
mais vantajosa.
Ressalta-se que há um significativo número de empresas atuantes no segmento de
Prestação de Serviços de Manutenção Predial Preventiva e Corretiva no Município de
Campo Grande/MS, que prestam serviços à Administração Pública Federal e que
poderiam ter sido instadas a apresentar cotação de preços para os serviços específicos a
serem contratados pelo Núcleo de Saúde, o que iria refletir adequadamente o parâmetro
dos valores de mercado exigido.
A título de exemplo citamos as empresas:
Razão Social Nº do CNPJ
Gomes & Azevedo Ltda. 03.688.640/0001-24
Brilhante Serviços de Limpeza e Manutenção Ltda. 07.644.422/0001-49
JP Comercio e Serviços Ltda. 10.705.330/0001-36
M. L. S. M. Comercio e Serviços Ltda. 02.179.475/0001-12
Empreiteira Lima Ltda. 08.052.050/0001-24
Neste sentido, há diversos posicionamentos do Tribunal de Contas da União que refletem
a necessária realização de adequada pesquisa de preços a fim de garantir a contratação a
preços de mercado à Administração:
Acórdão 100/2004 Segunda Câmara:
“Efetue pesquisa de preços ou outro procedimento que permita verificar a conformidade
das propostas com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial
competente, fazendo constar dos respectivos processos licitatórios o procedimento
utilizado (Lei nº 8.666/1993, art. 43, IV).”
Acórdão 90/2004 Segunda Câmara:
“Proceda ao Levantamento prévio dos custos para a aquisição de materiais, evitando,
desta forma, a realização de despesas em valores superiores aos praticados no mercado.”
Acórdão 64/2004 Segunda Câmara:
“Quando da elaboração do orçamento prévio para fins de licitação, em qualquer
modalidade, nos termos do artigo 7º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993, do artigo 3º, inciso
III, da Lei nº 10.520/2002 e do artigo 8º, inciso IV, do Decreto nº 3.555/2000, o faça
detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os custos unitários das
obras/serviços a serem contratados, de forma realista e fidedigna em relação aos valores
praticados pelo mercado.”
Assim a preparação de cotação de preços acostada aos autos não reflete adequadamente
os valores de mercado, a fim de subsidiar o valor máximo a ser aceito pela Administração,
e, como resultado, obteve-se, como orçamento máximo a ser aceito pela Administração,
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 19
o preço médio anual de R$ 100.875,94, sendo R$ 8.406,33 mensais, que foram utilizados
para fins de previsão orçamentária e financeira da Unidade.
Fl. 69 do processo nº 25006.000494/2012-45
Desse modo, constata-se que, em nenhum momento, na condução dos atos do processo
nº 25006.000494/2012-45, buscou-se o melhor preço para a Administração Pública, pois
sequer foi considerado o preço praticado no Contrato nº 04/2007, que era de R$ 2.120,49
mensais. Tal fato agrava-se pelo fato de o servidor de matrícula nº 1.748.373, responsável
pela elaboração das planilhas comparativas de cotação de preços, ter atuado como fiscal
designado para acompanhar a execução do Contrato nº 004/2007, desde 29 de setembro
de 2010, designado através da Portaria DICON/NE/ME Nº 48/2010, de 29 de setembro
de 2010. Portanto, era pleno conhecedor dos valores que até então eram praticados.
Ao final do processo, a empresa Trizotti & Castro Ltda. – Construções e Serviços Ltda.
conseguiu nova contratação com valor mensal 239,31% superior àquele praticado até 31
de maio de 2012, durante a vigência do Contrato nº 04/2007 (R$ 7.195,05/R$ 2.120,49).
Durante os trabalhos de campo a Unidade foi instada a se manifestar por meio da
Solicitação de Auditoria de nº 201503839/002, de 26/06/2015, sobre a ausência de
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 20
parâmetros técnicos para formação dos valores a serem cobrados, referentes aos materiais
e mão de obra a serem empregados na execução dos serviços.
As justificativas foram apresentadas por meio do Ofício nº
216/2015/MS/SE/SAA/SEGAD/MS de 29/06/2015, da Chefe do Serviço de Gestão
Administrativa do Núcleo Estadual no MS, tendo como anexo a manifestação do servidor
de matrícula nº 1.748.373, que atuou como pregoeiro e fiscal do Contrato nº 012/2012,
com as seguintes alegações:
“Justificamos que foi realizado orçamento dos serviços no mercado local, em empresas
locais e em órgão federal, de forma a verificar os valores praticados no mercado, tendo
como base uma relação diversa de serviços como: instalações elétricas, instalações
hidráulico-sanitárias, sistema de iluminação de emergência, hidrantes anti-incêndio,
cerca elétrica e serviços de reforma, pintura, colocação de piso, entre outros, executados
por meio de chamados (Solicitações de serviços). Após coletados os orçamentos,
verificou-se que o valor anual estimado estava na média dos preços práticos no
mercado”.
##/Fato##
Causa
As causas para a irregularidade apontada estão diretamente relacionadas à fragilidade dos
controles internos de contratação de bens e serviços da Unidade e à conduta do agente
público envolvido.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 5827/2016/GAB/CGU-Regional/MS, de 27 de janeiro de 2016,
foram encaminhadas justificativas em face do Relatório Preliminar de Auditoria nº
201503839, no qual a Unidade assim se manifestou:
“Encerrado o contrato n° 04/2007, foi iniciado processo para contratação de serviços de
manutenção predial, utilizando o termo de referência do contrato anterior como base,
sendo incluídos outros serviços de manutenção, onde foram relacionados 10 grupos com
diversos itens em cada grupo, sendo:
Item 1.1.1 - Quadro Geral de Distribuição;
Item 1.1.2 - Quadro de Distribuição nos andares;
Item 1.1.3 - Sistema de Iluminação Geral;
Item 1.1.4 - Tomadas elétricas e estabilizadores normais;
Item 1.1.5 - Instalações Hidro-sanitárias;
Item 1.1.6 - Instalação de sistema de detecção, alarme e combate a incêndio;
Item 1.1.7 - Portas e portões de acessos comuns, externos e internos;
Item 1.1.8 - Estrutura;
Item 1.1.9 - Cerca elétrica;
Item 1.1.10 - Serviços diversos
Por ter-se incluído uma maior quantidade de serviços de manutenção e, pelo fato de que
a cotação de preços realizada para o contrato n° 04/2007 no ano de 2011 ter verificado
aumento considerável em relação ao pago à contratada naquele período, sendo que o
valor médio mensal das cotações seria de R$ 7.105,66 enquanto que o valor pago do
contrato era de R$ 2.120,49, não se observou variação desproporcional às novas
cotações obtidas no ano de 2012, não demonstrando favorecimento à empresa
contratada.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 21
Para a elaboração dos orçamentos para o processo n° 25006.000494/2012-45, foram
enviados e-mails para empresas e órgãos federais, sendo que apenas a empresa SETEC
forneceu proposta no valor de R$ 9.074,52.
Foram incluídas atas de órgãos de outros Estados e, conforme f. 25 deste processo, na
tentativa de adequar as cotações, foram adotados parâmetros como número de
funcionários contratados, sendo que, no entanto, esta não foi a forma adequada de
análise, uma vez que não se previa funcionário com dedicação exclusiva no órgão do
Ministério da Saúde, tal como se observa na minuta de edital enviada para análise da
CJU-MS, fls. 26 a 46 do processo.
Após analisada a minuta de edital, a CJU-MS orientou para que fosse consultada
pesquisa de preços no mercado local, tanto com empresas quanto a órgãos federais.
Assim seguiu-se, consultando a ata do SRTE e a proposta fornecida pela empresa Trizotti
&Castro. Assim, foram obtidas 2 cotações de empresas do mercado local e 1 de ata de
órgão federal.
De forma a verificar se outras empresas do ramo enviariam orçamento para contratação
destes serviços tal como licitados, encaminhou-se e-mails às seguintes empresas (cópia
anexa), conforme cadastro no SICAF: Empresa Gomes & Azevedo Ltda., Brilhante
Serviços de Limpeza e Manutenção Ltda., JP Comércio e Serviços Ltda., M.L.S.M.
Comércio e Serviços Ltda., e Empreiteira Lima Ltda., sem que houvesse resposta aos e-
mails enviados.
Esclareço que, em ambos os processos n° 25006.000209/2007-29 e n°
25006.000494/2012-45 o fiscal do processo tentou buscar o melhor preço para a
contratação dos serviços designado, uma vez que no ano de 2011 foi realizada cotação
de preços no mercado e verificado que os valores de mercado estavam muito acima do
pago naquele momento no contrato n° 04/2007, sendo que o valor médio mensal das
cotações foi de R$ 7.105,66 enquanto que o valor pago do contrato era de R$ 2.120,49,
prorrogando-se a contratação por mais 12 meses. Também se buscou o melhor preço
para contratar o serviço no Pregão n° 02/2012, uma vez que houve 8 empresas
participantes da licitação, conforme ata do pregão, as quais foram:
- Empresa SISTEMA Comércio e Construções Ltda., CNPJ 04.843.989/0001-56,
ofertando valor inicial mensal de R$ 8.309,29;
• Empresa PLANALTO Limpeza e Conservação de Ambiente Ltda. - EPP, CNPJ
09.016.469/0001-93, ofertando valor inicial mensal de R$ 8.333,00;
• Empresa GARDIN & CIA LTDA-ME, CNPJ 02.745.038/0001-19, ofertando valor
inicial mensal de R$ 8.400,00;
• Empresa PEDRO BRUM V. OLIVEIRA & CIA LTDA-EPP, CNPJ 06.865.948/0001-96,
ofertando valor inicial mensal de R$8.400,00;
• Empresa VASCONCELOS & CIA LTDA-ME, CNPJ 08.943.578/0001-93, ofertando
valor inicial mensal de R$8.405,91;
• Empresa RONI CLEI HOFF-ME, CNPJ 13.821.804/0001-01, ofertando valor inicial
mensal de R$ 8.406,32;
• Empresa TRIZOTTI & CASTRO Construções e Serviços Ltda-ME, CNPJ
08.033.254/0001-18, ofertando valor inicial mensal de R$ 8.406,32;
• Empresa G B 8 Construções e Serviços Ltda-ME, CNPJ 11.401.095/0001-71, ofertando
valor inicial mensal de R$ 8.406,32.
Acrescento que o fiscal do processo n° 25006.000494/2012-45 não atuou como pregoeiro
do Pregão n° 02/2012, tendo sido designado outro servidor conforme ata do pregão.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 22
Contratos diferentes, com prestação de serviços qualitativa e quantitativamente
diferentes, celebrados em épocas diferentes, após regulares competições em processos
licitatórios com ampla participação de interessados, não guardam entre si qualquer
relação de proporcionalidade matemática, no que se refere ao preço da contratação mais
vantajosa, em cada um deles, mesmo que, ao final, coincida da contratada ser a mesma.
O mercado impõe o valor, dentro dos parâmetros de aceitabilidade fixados pela
Administração. Quem quisesse cobrar menos e estivesse em condições de se habilitar no
certame, poderia ter cobrado e vencido a disputa. ”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Verifica-se que, nas alegações apresentadas pela Unidade, não foram trazidas outras
informações relevantes além das constantes do processo nº 25006.000494/2012-45 e já
registradas no presente Relatório.
Como já explicitado houve falhas na fase de cotação de preços, supostamente realizada
com três empresas, onde a Unidade não levou em consideração o preço ainda vigente no
Contrato nº 04/2007 (vigência até 31 de maio de 2012) com uma das empresas
pesquisadas. E não seria aplicável a utilização dos valores vigentes junto à
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego – SRTE/MS, em razão da divergência
da área útil a ser atendida, da mão-de-obra a ser empregada e da própria situação de
conservação de cada imóvel.
Por todo exposto, conclui-se que a manifestação formal com as justificativas dos gestores
não trouxeram novos fatos ou elementos probatórios, portanto não são suficientes para
elidir a irregularidade identificada.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Adotar parâmetros técnicos para formação dos preços de referência
para a aquisição de materiais e mão de obra, a serem empregados na execução de
contratos de serviços.
1.1.1.5 CONSTATAÇÃO
Manutenção de contrato com empresa inadimplente e com restrição para
contratar com a Administração Pública.
Fato
Com vistas a avaliar a legalidade da execução contratual, procedeu-se à análise das notas
fiscais, empenhos, termos aditivos, dentre outros documentos necessários à conferência
da habilitação jurídica e fiscal da empresa contratada.
Na análise da execução do Contrato nº 01/2012, constatou-se que a empresa contratada
Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda. foi favorecida pelo Núcleo Estadual de
Saúde/MS, com a não adoção de sanções administrativas em razão do não cumprimento
da exigência legal que trata da regularidade fiscal e trabalhista da empresa, nos termos
dos artigos 29 e 55 da Lei nº 8.666/1993. Tais normativos legais exigem que a Contratada
deva manter, durante a contratação, todas as condições de habilitação e qualificação que
foram exigidas na licitação.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 23
O Contrato nº 01/2012 foi firmado, em 14 de maio de 2012, para ter vigência a partir de
1º de junho de 2012. Na análise, verificou-se que, após a assinatura do Contrato nº
01/2012, quando da realização do pagamento do mês competência julho de 2012 (fl. 189),
a empresa já apresentava restrição pela inadimplência perante a Fazenda Municipal e
Estadual, conforme demonstrado abaixo:
Fl. 188 do processo nº 25006.000494/2012-45
A cada pagamento ou emissão de nota de empenho, o fiscal do Contrato, designado pela
Portaria DICON/NE/MS Nº 01/2012, de 03 de janeiro de 2012 deveria realizar consultas
ao Sistema SICAF – Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – e, uma vez
identificado irregularidades, de pronto notificar o contratante para sua regularização, mas
não foi o que se verificou no decorrer do primeiro ano de execução do Contrato nº
01/2012.
Data Resultado Consulta Sistema SICAF Fls.
01/08/2012 Regularidade Fiscal Municipal vencida 188
03/09/2012 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas 207
05/11/2012 Regularidade Fiscal Federal (Tributos Federais e
Dívida Ativa da União)
241
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 24
04/12/2012 Regularidade Fiscal Federal (Tributos Federais e
Dívida Ativa da União), Municipal e Estadual
vencidas.
258
08/01/2013 Regularidade Fiscal Municipal vencida 270
01/02/2013 Regularidade Fiscal Municipal vencida 283
01/03/2013 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas 300
01/04/2013 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas 311
02/05/2013 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas,
além da Regularidade perante o INSS
352
A comprovação da regularidade fiscal da contratada mediante consulta ao SICAF é
regulamentada pela IN MPOG/SLTI nº 02/2010, de 13 de outubro de 2010, e alterações
posteriores, que estabelece em seu artigo 3º:
“Art. 3º A habilitação dos fornecedores em licitação, dispensa, inexigibilidade e nos
contratos administrativos pertinentes à aquisição de bens e serviços, inclusive de obras
e publicidade, e a alienação e locação poderá ser comprovada por meio de prévia e
regular inscrição cadastral no SICAF, desde que os documentos comprobatórios estejam
validados e atualizados.
§ 1º Previamente à emissão de nota de empenho, à contratação e a cada pagamento a
fornecedor, a Administração realizará consulta ao SICAF para identificar possível
proibição de contratar com o Poder Público e verificar a manutenção das condições de
habilitação. ”
Ademais, esta exigência estava explícita no Termo de Referência do Pregão nº 02/2012,
conforme item “9.2.1 – Manter durante toda a vigência do contrato, em compatibilidade
com as obrigações assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas
na licitação. ”
Acrescenta-se ainda o amparo legal no artigo 55 da Lei nº 8.666/1993 e inciso XII do
artigo 14 do Decreto nº 5.450/2005, que regulamenta a modalidade Pregão Eletrônico:
Lei nº 8.666/1993:
“Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:
.....
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação
e qualificação exigidas na licitação. ”
Decreto nº 5.450/2005:
“Art. 14.Para habilitação dos licitantes, será exigida, exclusivamente, a documentação
relativa:
V - à regularidade fiscal perante as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o
caso;“
O Tribunal de Contas da União apresenta julgados no sentido da exigência da manutenção
das condições de habilitação no decorrer da execução dos contratos, vejamos:
Acórdão 2613/2008 – 2ª Câmara: “Verifique mensalmente a manutenção, pelos
contratados, durante toda execução do contrato, das condições de habilitação e
qualificação exigidas quando da contratação, em atenção ao que dispõe o art. 55, inciso
XIII, da Lei nº 8.666/1993, por afronta ao art. 195, §3º da Constituição Federal.” (SIC)
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 25
Acórdão 591/2006 – 2ª Câmara: “Anexe aos processos administrativos a impressão das
consultas realizadas no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (Sicaf),
para fins de comprovação da manutenção das condições de habilitação da contratada,
conforme o disposto nos arts. 28 a 31 da Lei nº 8.666/1993 e orientação da IN/MARE nº
5/1995.”(SIC) – A IN nº 05/1995 foi revogada, passando a viger a IN MPOG/SLTI nº
02/2010, de 13 de outubro de 2010.
Percebe-se, na consulta realizada no dia 02 de maio de 2013, que, no cadastro do Sistema
SICAF, constava inadimplência da Regularidade Fiscal Federal (INSS), expirada desde
28 de abril de 2013, além da Regularidade Fiscal perante a Receita Estadual, vencida em
02 de fevereiro de 2013, e da Regularidade Fiscal Municipal, vencida desde 28 de
dezembro de 2012.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 26
Fl. 352 do processo nº 25006.000494/2012-45
Conforme dispõe o artigo 15 da IN MPOG/SLTI nº 02/2010, de 13 de outubro de 2010,
o registro regular perante o Sistema SICAF supre as exigências do art. 29 da Lei nº
8.666/1993, no que tange aos âmbitos da Fazenda Estadual e Municipal, e, por se tratar
de prestação de serviços sujeita à tributação do ISS – Impostos Sobre Serviços de
Qualquer Natureza, de competência da Fazenda Municipal, muito lógico seriam os
gestores acompanharem se os tributos inerentes à atividade ou objeto pactuado estejam
sendo recolhidos. Embora o tema da regularidade fiscal perante a Fazenda Municipal e
Estadual seja objeto de discussões no meio jurídico aos que resistem à interpretação literal
do artigo 29 da Lei nº 8.666/1993, o acompanhamento da situação da regularidade fiscal
da empresa contratada possibilita levantar seu histórico, de modo a evitar os prejuízos
inclusive aos entes federativos e evitando a manutenção de contratos com empresa
inidônea.
1. Formalização do 1º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012:
Ante a análise da formalização do 1º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012, ocorrida em
08 de maio de 2013, faz-se necessário registrar que o objeto do Contrato nº 01/2012
caracterizou-se como serviço continuado.
Serviços continuados são considerados aqueles cuja interrupção possa comprometer a
continuidade das atividades da Administração Pública e cuja necessidade de contratação
estende-se por mais de um exercício financeiro e continuamente. Sua regulamentação se
dá através da IN-SLTI nº 02, de 30 de abril de 2008, e alterações posteriores.
Para o aditamento contratual são previstos os seguintes requisitos:
“Art. 30-A Nas contratações de serviço continuado, o contratado não tem direito
subjetivo à prorrogação contratual, que objetiva a obtenção de preços e condições mais
vantajosas para a Administração, conforme estabelece o art. 57, inciso II da Lei nº 8.666,
de 1993.
§ 1o Os contratos de serviços de natureza continuada poderão ser prorrogados, a cada
12 (doze) meses, até o limite de 60 (sessenta) meses, quando comprovadamente
vantajosos para a Administração, desde que haja autorização formal da autoridade
competente e observados os seguintes requisitos:
I - os serviços tenham sido prestados regularmente;
II - a Administração mantenha interesse na realização do serviço;
III - o valor do contrato permaneça economicamente vantajoso para a Administração; e
IV- a contratada manifeste expressamente interesse na prorrogação. ”
Como agravo, mesmo diante da situação de irregularidade fiscal da empresa contratada,
os gestores do Núcleo Estadual de Saúde deram continuidade aos procedimentos para a
formalização do 1º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012, formalizado em 08 de maio
de 2013.
Referente à formalização do 1º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012, formalizado em
08 de maio de 2013, merecem destaque as informações levantadas nos autos do processo
nº 25006.000494/2012-45, onde temos que informações foram ali inseridas de maneira
proposital, para dar aspecto de legalidade ao tramite processual em curso, senão vejamos:
a) O Relatório nº 01/2013, elaborado pelo fiscal do contrato em 12 de abril de 2013,
contém informações que permitem a prorrogação do contrato vigente, em especial a
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 27
adequação aos preços de mercado dos valores praticados, o que justificaria o interesse da
Administração na prorrogação da avença, bem como informa que a empresa manteve sua
regularidade perante o SICAF durante toda a vigência contratual (exercício de 2012):
Fl. 338 do processo nº 25006.000494/2012-45
No entanto, tais informações não se revestem de legalidade, como citamos:
a.1) Realização de pesquisa de mercado: as alegações ali registradas dão a entender que
houve a realização de pesquisa de mercado com lisura para garantir que os preços
praticados seriam vantajosos para a prorrogação contratual. No entanto, da análise
realizada, identifica-se situação contrária desde a contratação, quando sequer havia
parâmetros definidos de quantitativos de serviços a serem prestados.
a.2) Situação regular no SICAF: também não procedem as alegações de que a empresa
manteve sua situação regular durante a vigência do Contrato nº 01/2012, conforme
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 28
diversas ocorrências anteriores de inadimplência, sem que houvesse qualquer atuação
corretiva do órgão contratante.
A cada pagamento ou emissão de nota de empenho deveria ser realizada consulta ao
Sistema SICAF, onde, no período compreendido entre 1º agosto de 2012 a 02 de maio de
2013, foram realizadas 09 (nove) consultas ao Sistema SICAF e em todas registrou-se
ocorrência por inadimplência na Habilitação Fiscal da empresa contratada.
Data Resultado Consulta Sistema SICAF Fls.
01/08/2012 Regularidade Fiscal Municipal vencida 188
03/09/2012 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas 207
05/11/2012 Regularidade Fiscal Federal (Tributos Federais e
Dívida Ativa da União)
241
04/12/2012 Regularidade Fiscal Federal (Tributos Federais e
Dívida Ativa da União), Municipal e Estadual
vencidas.
258
08/01/2013 Regularidade Fiscal Municipal vencida 270
01/02/2013 Regularidade Fiscal Municipal vencida 283
01/03/2013 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas 300
01/04/2013 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas 311
02/05/2013 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas,
além da Regularidade perante o INSS
352
Ato contínuo, temos, na fl. 339 do Processo nº 25006.000494/2012-45, a Justificativa à
prorrogação do Contrato nº 01/2012, assinada pelo dirigente do órgão, documento este
que veio apenas a ratificar os apontamentos do fiscal do Contrato nº 01/2012, portanto
sem qualquer providência corretiva por parte do superior do fiscal do Contrato nº 01/2012
e dirigente do órgão, no sentido de correção das atitudes irregulares que até então foram
praticadas na condução do Contrato nº 01/2012.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 29
Fl. 339 do processo nº 25006.000494/2012-45
Verifica-se que, na folha nº 354 (frente e verso) do processo nº 25006.000494/2012, a
inserção da mensagem eletrônica do Sistema SIASG (Mensagem nº 060789), oriunda do
Órgão Central em Brasília, com o seguinte texto: “Bens e Serviços efetivamente entregues
ou realizados devem ser pagos, ainda que conste irregularidade do fornecedor no SICAF,
conforme parecer PGFN/PJU 401 de 23/03/2000.
E que cláusulas contratuais que prevejam a suspensão dos pagamentos, quando a
contratada estiver irregular junto ao SICAF, não encontra amparo legal”.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 30
Fl. 354 (frente e verso) do processo nº 25006.000494/2012-45: Mensagem SIASG nº 060789.
O referido documento foi utilizado para a formalização do 1º Termo Aditivo ao Contrato
nº 01/2012 e em diversos pagamentos para dar ares de legalidade a pagamentos efetuados
à empresa inadimplente. Ora, no decorrer da execução do Contrato nº 01/2012, os gestores
não estavam diante de um caso pontual de certidões vencidas no SICAF, mas sim de uma
prática rotineira e às vésperas da formalização de um termo aditivo para mais doze meses
de execução do Contrato nº 01/2012.
Eis que no dia 02 de maio de 2013, a então Chefe da Divisão de Convênios e Gestão no
Mato Grosso do Sul encaminha ofício à empresa contratada dando prazo de 90 (noventa)
dias para regularizar a situação junto ao SICAF.
Embora nesta data, 02 de maio de 2013, ainda não houvesse normatização de prazo para
que as empresas regularizassem suas pendências junto ao Sistema SICAF, dado o
histórico de inadimplências da empresa, pode-se considerar que a empresa foi beneficiada
com a concessão de 90 dias para tentar regularizar sua situação. Registra-se que a questão
do prazo para regularização de pendências junto ao Sistema SICAF foi regulamentada
através da IN MPOG/SLTI/Nº 04, de 15 de outubro de 2013, do Ministério do
Planejamento Orçamento e Gestão, que procedeu à alteração ao artigo 3º da IN
MPOG/SLTI/Nº 02, de 13 de outubro de 2010, e estabeleceu a necessidade de notificação
ao fornecedor inadimplente junto ao SICAF, com prazo de regularização de 05 (cinco)
dias úteis;
No decorrer dos trabalhos de campo, os gestores foram instados a se manifestar por meio
da Solicitação de Auditoria nº 201503839/002, de 26 de junho de 2015, sobre o prazo de
90 (noventa) dias concedido à empresas e a formalização do 1º Termo Aditivo, quando
esta encontrava-se irregular perante o Sistema SICAF.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 31
As justificativas foram apresentadas por meio do Ofício nº
216/2015/MS/SE/SAA/SEGAD/MS, de 29 de junho de 2015, da Chefe do Serviço de
Gestão Administrativa do Núcleo Estadual no MS, tendo como anexo a manifestação do
servidor de matrícula nº 1.748.373, que atuou como pregoeiro e fiscal do Contrato nº
012/2012. Registra-se que a atual dirigente da Unidade restringiu-se a encaminhar as
alegações do fiscal do Contrato nº 01/2012, como anexo do Ofício nº
216/2015/MS/SE/SAA/SEGAD/MS, de 29 de junho de 2015.
As alegações apresentadas pelo fiscal do Contrato nº 01/2012 foram as seguintes:
“6. Em atendimento ao item 6, justificam-se os pagamentos pelos serviços prestados à
contratada nos casos em que se encontrava em situação irregular no SICAF pela
orientação do Parecer PGFN/CJU 401, de 23/03/2000 (anexo), no qual instruiu que os
serviços efetivamente realizados deveriam ser pagos, ainda que o fornecedor estivesse
irregular perante o SICAF, devendo-se proceder sua advertência, por escrito, no sentido
de regularizar sua situação no SICAF, sob pena de rescisão do Contrato. Assim,
constatada a irregularidade da empresa no SICAF, era enviado Ofício advertindo a
empresa para regularização e realizados os devidos pagamentos e, ainda, a contratada
procedia a regularização no SICAF, no prazo indicado no Ofício, não ensejando a
rescisão contratual. Na execução do contrato, tornou-se rotina as ocorrências junto ao
SICAF e, ainda quando a empresa não regularizou sua situação quanto à CNDT, a
administração realizou novo procedimento administrativo (Pregão Eletrônico), para
contratação de outra empresa, com metodologia diferente da anterior, visando dar maior
transparência à sua execução, o que fatalmente culminou na rescisão do contrato com a
empresa Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda.. - CNPJ n° 08.033.254/0001-18.
Em atenção ao aditamento do contrato, foram realizados os procedimentos para Termo
Aditivo com antecedência, enviando Ofício à contratada, realizando pesquisa de preços
no mercado, solicitada disponibilidade orçamentária e enviada minuta para análise da
consultoria jurídica, sendo que após retornado o processo, poucos dias após a empresa
constou em situação irregular junto ao SICAF e, por se tratar de um serviço continuado
necessário de manutenção das instalações do prédio locado pelo órgão, pela
proximidade do vencimento do contrato, e por ter sido concedido prazo por Ofício para
empresa regularizar a situação, foi celebrado Termo Aditivo. Ressaltamos, ainda, que a
empresa obteve certidão positiva com efeito de negativa junto ao INSS e voltou a estar
regular no SICAF durante o prazo previsto no Ofício, conforme certidão anexa.
Este lapso ocorreu, durante a execução do Contrato, foi contra a nossa vontade, não
havendo prejuízo ao erário, caracterizando-se apenas como um erro pontual, visto que
este contrato já se encontra encerrado.
Vê-se, através da manifestação do fiscal do Contrato nº 01/2012, o reconhecimento de
que a situação irregular do contratante tornou-se contumaz e, tão somente ao término do
terceiro ano, é que houve a adoção providências saneadoras.
2. Empresa contratada penalizada com impedimento de licitar e contratar com
Administração Pública
Além das restrições relativas ao cadastro no Sistema SICAF, verificou-se que a empresa
contratada Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda., a partir do dia 03 de junho de
2013, estava impedida de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou
Municípios, em razão do descumprimento de cláusulas contratuais junto ao Hospital
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 32
Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados/MS, processo nº
23005.000146/2013-33, conforme informações publicadas no DOU – Seção 3, de 03 de
junho de 2013.
Publicação do DOU – Seção 3, de 03 de junho de 2013.
Mesmo com o impedimento registrado no Sistema SICAF, não foi adotada nenhuma
providência por parte dos gestores do Núcleo Estadual de Saúde, no sentido de notificar
e proceder à rescisão do Contrato nº 01/2012, em especial uma postura do fiscal do
Contrato nº 01/2012, que realizava as consultas no Sistema SICAF, e que, com base nas
cláusulas contratuais descumpridas, deveria questionar os motivos do impedimento
registrado no Sistema SICAF e adotar as providências para a rescisão do contrato.
Ao contrário, o fiscal do Contrato nº 01/2012 deixava a execução do contrato transcorrer
normalmente. Em seguida, quando do momento do pagamento das notas fiscais, este
inseria, no processo, cópia da mensagem eletrônica nº 060789 do Sistema SIASG,
recebida do Órgão Central em Brasília, com o seguinte teor: “Bens e Serviços
efetivamente entregues ou realizados devem ser pagos, ainda que conste irregularidade
do fornecedor no SICAF, conforme parecer PGFN/PJU 401 de 23/03/2000.
E que cláusulas contratuais que prevejam a suspensão dos pagamentos, quando a
contratada estiver irregular junto ao SICAF, não encontra amparo legal”.
Vê-se essa sequência de acontecimentos nas fls. 394 a 399 do processo nº
25006.000494/2012-45, em que se tem, na fl. 395, frente e verso do extrato de consulta
ao Sistema SICAF, realizado em 04 de junho 2013, que consta o registro do
“IMPEDIMENTO DE LICITAR”, além da ocorrência de ressalvas no cadastro de
Regularidade Fiscal da Fazenda Federal (INSS e Receita Federal), Estadual e Municipal.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 33
Fl. 395, frente: Consulta ao SICAF em 04 de junho de 2013, com registro
de Ocorrência e Impedimento de Licitar.
No verso da fl. 395 temos a continuação da tela de consulta ao Sistema SICAF, realizada
em 04 de junho de 2013 pelo fiscal do Contrato nº 01/2012, o que corrobora que este
estava ciente da restrição da empresa contratada.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 34
Fl. 395, verso: Consulta ao SICAF em 04/06/2013, com registro de Impedimento de Licitar
Nos meses seguintes temos que a situação irregular persistiu, com o fiscal do Contrato nº
01/2012 realizando consultas ao Sistema SICAF após o recebimento de cada nota fiscal
apresentada pela empresa contratada e sem adoção de nenhuma providência. Ressalva-se
que determinadas consultas ao Sistema SICAF foram inseridas no processo de maneira
incompleta, com ausência da segunda página onde contém o chamado “ANEXO –
IMPEDIMENTOS DE LICITAR”. Constata-se, mais uma vez, ação do fiscal do Contrato
nº 01/2012 que resultou em favorecimento indevido à empresa, desta vez com omissão
de fatos relevantes e de interesse do processo. A seguir detalhamos as consultas realizadas
ao Sistema SICAF e respectivas pendências:
Data Resultado Consulta Sistema SICAF Fls.
01/07/2013 Regularidade Fiscal Municipal vencida e extrato de
consulta incompleto
415
01/08/2013 Regularidade Fiscal Municipal 429 e
430
02/09/2013 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas e
extrato de consulta incompleto
466
26/09/2013 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas e
extrato de consulta incompleto
492
06/11/2013 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas e
extrato de consulta incompleto
518
05/12/2013 Regularidade Fiscal Federal (Receita), Municipal e
Estadual vencidas e extrato de consulta incompleto
536
08/01/2014 Regularidade Fiscal Federal (Receita, FGTS e INSS,
Municipal e Estadual vencidas e extrato de consulta
incompleto
562
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 35
05/03/2014 Regularidade Fiscal Municipal vencida 621 e
621
(verso)
03/04/2014 Regularidade Fiscal Municipal vencida 669 e
669
(verso)
08/05/2014 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas e
extrato de consulta incompleto
682
02/06/2014 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas e
extrato de consulta incompleto
738
03/07/2014 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas e
extrato de consulta incompleto
768
06/08/2014 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas e
extrato de consulta incompleto
813
22/09/2014 Regularidade Fiscal Federal (Receita e INSS), Municipal e
Estadual vencidas e extrato de consulta incompleto
854
07/10/2014 Extrato de consulta do SICAF incompleto 887
08/12/2014 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas e
extrato de consulta incompleto
924
09/01/2015 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas e
extrato de consulta incompleto
954
27/02/2015 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas e
extrato de consulta incompleto
1034
09/03/2015 Regularidade Fiscal Municipal e Estadual vencidas e
extrato de consulta incompleto
1055
Registra-se, ainda, que a Nota Fiscal nº 214, de 01 de outubro de 2013, referente aos
serviços executados no mês de setembro de 2013, foi paga sem que houvesse consulta ao
Sistema SICAF.
Em 05 de dezembro de 2013 o Núcleo Estadual de Saúde/MS envia à empresa contratada
o Ofício nº 194/2013/MS/SE/SAA/SEGAD/MS, de mesma data, da Chefe do Serviço de
Gestão Administrativa/NE/MS, concedendo prazo de 30 dias para regularizar a pendência
da Regularidade Fiscal, sem ao menos mencionar o Impedimento de Licitar registrado
nos extratos de consulta ao Sistema SICAF.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 36
Fl. 539 do processo nº 25006.000494/2012-45
Ocorre que na data de 05 de dezembro de 2013 já era vigente a IN MPOG/SLTI/Nº 04,
de 15 de outubro de 2013, do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, que
estabelece prazo de 05 (cinco) dias para regularização de pendências junto ao Sistema
SICAF, sob pena de aplicação da penalidade de rescisão do contrato, além da obrigação
da contratante comunicar aos órgãos responsáveis pela fiscalização da regularidade fiscal
quanto à inadimplência do fornecedor:
"Art. 3º ..
....
§ 1º Previamente à emissão de nota de empenho e à contratação, a Administração
realizará consulta ao SICAF para identificar possível proibição de contratar com o
Poder Público. (NR)
(...)
§ 4º A cada pagamento ao fornecedor a Administração realizará consulta ao SICAF para
verificar a manutenção das condições de habilitação.
I - Constatando-se, junto ao SICAF, a situação de irregularidade do fornecedor
contratado, deve-se providenciar a sua advertência, por escrito, no sentido de que, no
prazo de cinco (5) dias úteis, o fornecedor regularize sua situação ou, no mesmo prazo,
apresente sua defesa;
II - O prazo do inciso anterior poderá ser prorrogado uma vez por igual período, a
critério da Administração;
III - Não havendo regularização ou sendo a defesa considerada improcedente, a
Administração deverá comunicar aos órgãos responsáveis pela fiscalização da
regularidade fiscal quanto à inadimplência do fornecedor, bem como quanto à existência
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 37
de pagamento a ser efetuado pela Administração, para que sejam acionados os meios
pertinentes e necessários para garantir o recebimento de seus créditos;
IV - Persistindo a irregularidade, a Administração deverá adotar as medidas necessárias
à rescisão dos contratos em execução, nos autos dos processos administrativos
correspondentes, assegurada à contratada a ampla defesa. ”
3. Formalização do 2º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012:
Já no mês de maio de 2014, prestes a expirar o Contrato nº 01/2012, estando novamente
os gestores do órgão alheios ao impedimento da empresa e à ilegalidade do Contrato e
sua manutenção, convocam a empresa para prorrogação do Contrato por mais 12 (doze)
meses, mediante assinatura do 2º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012, conforme se vê
no Ofício nº 62/2014/MS/SE/SAA/SEGAD/MS, de 07 de maio de 2014, da Chefe do
Serviço de Gestão Administrativa/NE/MS, cuja solicitação de aditamento foi
prontamente aceita pela empresa contratada.
FL. 705 do processo nº 25006.000494/2012-45
Tem-se novamente a repetição da formalização de termo aditivo ao Contrato nº 01/2012,
em que não foram cumpridos requisitos legais, como prestação adequada dos serviços,
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 38
valor economicamente vantajoso para Administração e impedimento de contratar com a
União.
Para o aditamento contratual na IN-SLTI nº 02, 30 de abril de 2008, e alterações
posteriores, são previstos os seguintes requisitos:
“Art. 30-A Nas contratações de serviço continuado, o contratado não tem direito
subjetivo à prorrogação contratual, que objetiva a obtenção de preços e condições mais
vantajosas para a Administração, conforme estabelece o art. 57, inciso II da Lei nº 8.666,
de 1993.
§ 1o Os contratos de serviços de natureza continuada poderão ser prorrogados, a cada
12 (doze) meses, até o limite de 60 (sessenta) meses, quando comprovadamente
vantajosos para a Administração, desde que haja autorização formal da autoridade
competente e observados os seguintes requisitos:
I - os serviços tenham sido prestados regularmente;
II - a Administração mantenha interesse na realização do serviço;
III - o valor do contrato permaneça economicamente vantajoso para a Administração; e
IV- a contratada manifeste expressamente interesse na prorrogação.
...
§ 5º A Administração não poderá prorrogar o contrato quando:
I - os preços estiverem superiores aos estabelecidos como limites pelas Portarias do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, admitindo-se a negociação para
redução de preços; ou
II – a contratada tiver sido declarada inidônea ou suspensa no âmbito da União ou do
próprio órgão contratante, enquanto perdurarem os efeitos. (Incluído dada pela
Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013) ”
Como se observa nos autos do processo, na fl. 682, foi realizada consulta ao Sistema
SICAF em 08 de maio de 2014 e, mesmo diante do impedimento da empresa contratada,
o fiscal do Contrato deu prosseguimento aos demais atos necessários à formalização do
2º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 39
FL. 682 do processo nº 25006.000494/2012-45
Outro ponto que merece destaque, na fase de formalização do 2º Termo Aditivo ao
Contrato nº 01/2012 foi a JUSTIFICATIVA nº 08/RL/SEGAD/MS, de 16 de maio de
2014, assinada pelo fiscal do Contrato nº 01/2012 e ratificada pela Chefe do Serviço de
Gestão Administrativa/NE/MS.
O fiscal do contrato inseriu informação inverídica no processo nº 25006.000494/2012-45
ao declarar que a empresa apresentava situação regular perante o Sistema SICAF e que
estaria executando os serviços de maneira eficiente e satisfatória. Os aspectos da execução
dos serviços, conforme apurado no processo e tratado em item específico deste Relatório,
não estavam sendo realizados de maneira eficiente, dada as reiteradas cobranças por parte
da contratante.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 40
FL. 709 do processo nº 25006.000494/2012-45
Verificou-se ainda a prática de omissão na exigência da comprovação da Certidão
Negativa de Débito Trabalhistas, nos termos da Lei nº 12.440/11, que acrescentou a
exigência de comprovação da regularidade trabalhista da pessoa física ou jurídica
interessada em contratar com a Administração Pública, passando o art. 29, V, da mesma
lei geral, a ter a seguinte redação:
“Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso,
consistirá em:
[…]
V - prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho,
mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio
de 1943.”
Os pagamentos, lançamentos de notas de empenho e outros inerentes ao Contrato nº
01/2012, realizados após o mês de abril de 2014, ocorreram sem que houvesse a exigência
da Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), conforme evidenciado no
processo nº 25006.000494/2012-45, onde não consta qualquer certidão. A certidão mais
recente com efeitos válidos para fins de pagamentos que foi visualizada no referido
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 41
processo é a que consta na fl. 670, de 07/04/2014, gerada por ocasião do pagamento da
nota fiscal nº 224, de 02/04/2014.
Verifica-se que, tão somente em 13/01/2015, foi encaminhado Ofício nº
003/2014/MS/SE/SAA/SEGAD/MS, de 13/01/2015, da Chefe do Serviço de Gestão
Administrativa – Substituta, solicitando que a empresa regularizasse sua situação
cadastral perante o Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (fl. 957).
Em razão dos fatos relatados, conclui-se pela existência de favorecimento à empresa
contratada, iniciando-se na sua contratação por preços superiores ao mercado e
persistindo no decorrer da execução do Contrato nº 01/2012, mediante omissão diante de
sua situação de inadimplente desde os primeiros meses de vigência do Contrato.
##/Fato##
Causa
As causas para irregularidade apontada estão diretamente relacionadas à fragilidade dos
controles internos na fiscalização do Contrato nº 01/2012 e à conduta do agente público
envolvido e de seus superiores.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 5827/2016/GAB/CGU-Regional/MS, de 27 de janeiro de 2016,
houve encaminhamento do Relatório Preliminar de Auditoria nº 201503839, no qual a
Unidade assim se manifestou sobre o apontamento de irregularidade:
“A regularidade fiscal da contratada era acompanhada mediante consulta ao SICAF no
nível III - Regularidade Fiscal Federal, por ser uma rotina do órgão para realizar os
pagamentos das faturas dos processos do órgão.
Por exemplo, no processo n° 25006.002038/2011-59, de prestação de serviços pela
empresa VIVO (cópias anexas), na f. 366 foi consultado SICAF em 13/09/2011 e
verificada certidão da Receita Federal, Estadual e Municipal vencidas, sendo que foi
enviado Ofício n° 157/2011 (f.367) concedendo prazo de 90 (noventa) dias para
regularização da empresa. Em 14/10/2011 foi realizada nova consulta ao SICAF na f.
374 e também verificadas as certidões da Receita Federal, Estadual e Municipal
vencidas, tendo sido realizados os pagamentos nas fls. 375-377. Em 21/10/2011 também
se verificou no SICAF as mesmas certidões vencidas (f.380), tendo sido anexadas
Certidão Positiva de Débitos com Efeito de Negativa de competência municipal, e
Certidão Conjunta Positiva com Efeito de Negativa Federal (fls. 381-382), seguindo-se
com o pagamento conforme fls. 385-387.
Assim, no processo n° 25006.000494/2012-45 foi juntada Certidão Conjunta Negativa
na f. 242 referente ao SICAF na f. 241, e Certidão Conjunta Negativa na f. 259 referente
ao SICAF na f. 258, e enviado Ofício n° 112/2013 concedendo prazo de 90 (noventa) dias
para regularização pela empresa, não havendo favorecimento à empresa, sendo este um
procedimento comum nos pagamentos dos diversos serviços contratados pelo órgão.
Em atenção aos serviços sujeitos à tributação do ISS, de competência da Fazenda
Municipal, este tributo era retido na fonte pelo órgão em todos os pagamentos realizados
à contratada, consoante orientação na cartilha elaborada pela SEFAZ/MS sobre ISSQN,
e o art. 37 da Lei Complementar n° 59 de 02/10/2009 do município de Campo Grande-
MS, o qual regula que "São responsáveis tributários pela retenção na fonte, pela
declaração e pelo pagamento do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza - ISSQN
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 42
ao Município as pessoas jurídicas de direito público e direito privado, a serem elencadas
em regulamento, que contratarem e se utilizarem de serviços de pessoa física ou jurídica,
estabelecidas ou não no Município de Campo Grande - MS". Assim, esta retenção do ISS
na fonte era realizada nos pagamentos, conforme se observa nas Notas Fiscais pagas e
respectiva retenção do ISS destes pagamentos, tendo sido acompanhada no processo.
Assim, com relação à tributação municipal, incidente sobre o contrato em tela, o órgão
não necessitava de certidões para assegurar-se da quitação, pois era ele próprio que
realizava a retenção dos valores respectivos. Quanto aos demais haveres tributários, dos
quais o município entenda que seja credor, cabe a ele, no uso de seu poder de polícia,
apurar e cobrar, pelos meios que lhe competem.
1) Formalização do 1º Termo Aditivo ao Contrato n° 01/2012
No 1º Termo Aditivo de prorrogação contratual foi realizada pesquisa de preços nas fls.
323-333 com 2 empresas, as quais ofertaram valor acima da contratada, demonstrando
que manter o contrato era vantajoso ao órgão. Quanto à regularidade da empresa junto
ao SICAF, era analisado o nível III de certidões federais, sendo que por duas vezes no
SICAF constou vencida a Receita e uma vez o INSS, sendo que, após solicitada
regularização, a contratada regularizava sua situação no SICAF e que, considerando os
12 meses de contrato, entendia-se que ela manteve uma situação regular.
Assim, reitero que não houve má-fé nas informações apresentadas nem foi realizada de
forma proposital, e sim adotado procedimento para prorrogação do contrato conforme
realizado para outros contratos.
2) Empresa contratada penalizada com impedimento de licitar e contratar com a
Administração Pública
O procedimento para realizar os pagamentos no órgão é por meio da consulta ao sistema
SICAF no nível III - Regularidade Fiscal Federal. Assim, era juntada esta folha no
processo e, em algumas verificações no sistema, também foi verificada esta ocorrência e
juntada ao processo, mas não houve conduta proposital para não anexar esta folha anexa
do SICAF, apenas não fazia parte da rotina de pagamento do órgão.
Quanto ao impedimento de licitar da empresa, afirmo que não houve má-fé deste
servidor, nem intenção de favorecer a empresa contratada, uma vez que se seguiu o
entendimento do Acórdão n° 3.243/2012 - Plenário - do TCU, no qual se entende que a
penalidade de suspensão temporária somente afeta a relação jurídica da empresa com o
órgão ou ente responsável pela aplicação da sanção por força do princípio da
proporcionalidade e dos arts. 6o, XI e XII, e 87, III e IV, da Lei n° 8.666/93.
A respeito da discricionariedade do gestor, quanto à conveniência e oportunidade de não
romper a contratação, em casos assim, vale aqui transcrever a Orientação Normativa
AGU n° 49/2014 (DOU 02/05/2014), lavrada nos seguintes termos:
AAPLICAÇÃO DAS SANÇÕES DE IMPEDIMENTO DE LICITAR E CONTRATAR NO
ÂMBITO DA UNIÃO (ART V DA LEI N" 10.520, DE 2002) E DE DECLARAÇÃO DE
INIDONEIDADE (ART. 87, INC. IV, DA LEI N° 8.666, DE 1993) POSSUEM EFEITO
EX NUNC, COMPETINDO A ADMINISTRAÇÃO, DIANTE DE CONTRATOS
EXISTENTES, AVALIARA IMEDIATA RESCISÃO NO CASO CONCRETO. (Grifo
nosso)
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 43
Em relação às certidões vencidas no SICAF, na f. 536 foi enviado Ofício n° 194/2013
(f.539) à empresa para regularizar a situação; no SICAF f. 562 foi enviado Ofício n°
02/2014 (f.566) à empresa para regularizar a situação; no SICAF f. 854 foi enviado
Ofício n° 155/2014 (f.856) à empresa para regularizar a situação.
Ainda, em relação à NFS n° 214 (f. 495) esta foi paga após consulta ao SICAF contida
na f. 492, na qual constavam as certidões federais válidas na data de pagamento da
respectiva fatura.
3) Formalização do 2o Termo Aditivo ao Contrato n° 01/2012
Os serviços prestados pela empresa eram executados no órgão, mesmo havendo
cobranças à empresa para executá-los nos prazos. Havia algumas situações em que a
contratada informava o motivo de demora, como no caso de troca de paletas de persianas
quebradas, que precisava ser adquirida no formato e tamanho que não é padrão,
ensejando certa demora no atendimento, ou em serviços que necessitavam ser realizados
fora do expediente, para não prejudicar os serviços do órgão.
A Certidão Negativa de Débito Trabalhista era juntada ao processo, constando na f. 130
Certidão expedida em 10/05/2012 com validade até 05/11/2012 (180 dias). Ao longo do
processo foram juntadas Certidões CNDT, com validade de 180 dias a contar de sua
emissão, nas quais não constava restrição à contratada.
Ainda, quando a certidão CNDT expedida em 13/01/2015 (f. 958) constava a situação
irregular da contratada, foi enviado Ofício n° 03/2014 para a contratada regularizar a
certidão, o que não aconteceu, ensejando a abertura de processo para análise de rescisão
contratual, o que de fato aconteceu, encerrando-se o processo em 19/05/2015 conforme
Ofício n° 38/2015 (f. 1151), não ocorrendo favorecimento à contratada. ”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Verifica-se que, nas justificativas da Unidade, não foram apresentados fatos novos ou
elementos probatórios que demonstrem condutas e ações praticadas pelo fiscal do
Contrato nº 01/2012, no sentido da observância dos dispositivos legais.
Tampouco é cabível a alegação da discricionariedade do gestor quanto à conveniência e
oportunidade para romper a contratação em face do descumprimento de cláusulas
contratuais quanto à regularidade fiscal ou mesmo do registro do “Impedimento de
Licitar”, pois no Edital já se previa a proibição de contratar com empresa “Impedida de
Licitar”, atendendo a proposição da Advocacia Geral da União, no Parecer nº
245/2012/CJU-RMS/CGU/AGU, de 03 de abril de 2012, que tratou especificamente da
análise jurídica do Pregão nº 02/2012 e encontra-se acostado nas fls. 54 a 63 do processo
nº 25006.000494/2012-45.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 44
FL. 75 (verso) do processo nº 25006.000494/2012-45: Edital do Pregão nº 02/2012.
Como se vê na fl. 75 (verso) do processo nº 25006.000494/2012-45, no Edital do Pregão
nº 02/2012, item 5.2.2, já se previa a proibição para contratação de empresas que estivem
na condição de suspensas ou impedidas de licitar. A seguir demonstramos que o Parecer
nº 245/2012/CJU-RMS/CGU/AGU, de 03 de abril de 2012, dirigido à Unidade, já tratava
sobre a obrigatoriedade de se o observar o “Impedimento de Licitar”, independente do
órgão ou esfera de governo que tenha atribuído a punição.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 45
FL. 57 do processo nº 25006.000494/2012-45: Trecho do Parecer nº 245/2012/CJU-
RMS/CGU/AGU, de 03 de abril de 2012.
Por todo exposto, conclui-se que os gestores da Unidade deveriam ter rescindido o
Contrato nº 01/2012 e aplicado outras penalidades cabíveis já que a empresa Trizotti &
Castro Construções e Serviços Ltda. manteve-se na condição de inadimplente na maior
parte da execução do Contrato nº 01/2012. ##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Observar a situação da empresa contratada perante o Cadastrado
Nacional de Empresas Inidôneas ou Suspensas, de modo a evitar a renovação de
contratos, ou contratações com empresas impedidas, ou suspensas de contratar com a
Administração Pública.
1.1.1.6 CONSTATAÇÃO
Vínculo societário entre as empresas que apresentaram orçamentos para subsidiar
a formalização de termos aditivos ao Contrato nº 01/2012.
Fato
Verificou-se que na fase de formalização dos termos aditivos ao Contrato nº 01/2012, em
razão da sua caracterização como serviço continuado e a necessidade de observância à
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 46
regulamentação da IN-SLTI nº 02, de 30 de abril de 2008, e alterações posteriores,
deveriam ter sido observados os seguintes requisitos:
“Art. 30-A Nas contratações de serviço continuado, o contratado não tem direito
subjetivo à prorrogação contratual, que objetiva a obtenção de preços e condições mais
vantajosas para a Administração, conforme estabelece o art. 57, inciso II da Lei nº 8.666,
de 1993.
§ 1o Os contratos de serviços de natureza continuada poderão ser prorrogados, a cada
12 (doze) meses, até o limite de 60 (sessenta) meses, quando comprovadamente
vantajosos para a Administração, desde que haja autorização formal da autoridade
competente e observados os seguintes requisitos:
I - os serviços tenham sido prestados regularmente;
II - a Administração mantenha interesse na realização do serviço;
III - o valor do contrato permaneça economicamente vantajoso para a Administração; e
IV- a contratada manifeste expressamente interesse na prorrogação. ”
Constatou-se que, na execução do Contrato nº 01/2012, houve fraude nos atos de
formalização dos termos aditivos, para que fosse mantido o Contrato em favor da empresa
Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda., mediante a solicitação de orçamentos a
serem apresentados por empresas que possuíssem vínculos societários com a contratada,
conforme descrito a seguir:
1. Formalização do 1º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012:
Para a formalização do 1º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012, em 08/05/2013,
utilizou-se da cotação de preços de duas empresas, além da proposta de preços da atual
contratada, Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda., onde se verifica a existência
de relacionamento entre as partes:
1.1) Nas fls. 318, 323 e 328 constam as propostas de preços das três empresas utilizadas
na cotação de preços para o 1º Termo Aditivo ao Contrato 01/2012:
Empresa CNPJ Data Valor
proposta Trizotti & Castro Construções e
Serviços Ltda.. (fl. 318)
08.033.254/0001-18 22/03/2013 R$ 7.195,05
W. Félix – Prestadora de Serviços Ltda -
ME (fl. 323)
11.536.788/0001-71 27/03/2013 R$ 8.250,49
José Augusto Vicente. – ME (fl. 328) 11.552.927/0001-50 20/03/2013 R$ 9.983,00
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 47
Fl. 318 do processo nº 25006.000494/2012-45
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 48
Fl. 323 do processo nº 25006.000494/2012-45
Fl. 328 do processo nº 25006.000494/2012-45
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 49
Ademais, cumpre mencionar que as três empresas citadas possuem o mesmo contador
cadastrado na base de CNPJ, A. A. V. (CPF ***.009.101-**), inscrito no CRC/MS sob
nº 004303/O-MS.
1.2) A empresa W. Félix – Prestadora de Serviços Ltda., tem como sócios W. F. O. (CPF
nº ***.643.291-**) e F. H. A. C. (CPF ***.009.101-**), que constaram na Base de Dados
da RAIS como empregados da empresa Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda.
Inclusive W. F. O. (CPF nº ***.643.291-**) e F. H. A. C. (CPF ***.009.101-**) , como
se vê na fl. 509 do processo nº 25006.000494/2012-45, foram designados como prepostos
da empresa contratada para atuarem na execução de serviços do Contrato nº 01/2012:
Fl. 509 do processo nº 25006.000494/2012-45
Há, portanto evidências de que o pedido de orçamento foi encaminhado pelo Núcleo
Estadual de Saúde do MS a duas empresas com vínculos com a empresa que já prestava
os serviços, o que aponta para a possível simulação de propostas para facilitar a
prorrogação do Contrato nº 01/2012.
2. Formalização do 2º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012:
Na análise da formalização do 2º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012, os seguintes
fatos merecem ser destacados:
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 50
2.1) Para a formalização do 2º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012, em 20/05/2014,
utilizou-se a cotação de preços de duas empresas: Guerra & Machado Ltda. e José
Augusto Vicente. – ME. A terceira proposta constante do processo de valor era da
empresa Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda., onde se verifica que o Núcleo
Estadual de Saúde/MS utilizou a proposta de preços apresentada em 09/05/2012 e inserida
anteriormente à fl. 101 do processo nº 25006.000494/2012-45, sem solicitar nova cotação
à empresa.
2.2) Nas fls. 697, 700 e 703 constam as propostas de preços das três empresas utilizadas
na cotação de preços para o 2º Termo Aditivo ao Contrato 01/2012:
Empresa CNPJ Data Valor
proposta Guerra & Machado Ltda. 14.362.806/0001-34 30/04/2014 R$ 9.253,20
José Augusto Vicente. – ME 11.552.927/0001-50 05/05/2014 R$ 8.343,30
Trizotti & Castro Construções e
Serviços Ltda.
08.033.254/0001-18 09/05/2012 R$ 7.195,05
2.3) A empresa Guerra & Machado Ltda. (CNPJ nº 14.362.806/0001-34), que devido à
alteração societária passou sua razão social para J. Machado Construções Reformas Ltda.,
teve como empregado E. T. (CPF nº ***.165.331-**), que é sócio da Trizotti & Castro
Construções e Serviços Ltda.
Conforme apurado na base de dados dos sistemas corporativos do Governo Federal, E. T.
(CPF nº ***.165.331-**) tem o mesmo endereço de A. A. V. (CPF ***.009.101-**), que
é o contador da empresa Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda.;
2.4) As empresas José Augusto Vicente. – ME (CNPJ nº 11.552.927/0001-50) e Trizotti
& Castro Construções e Serviços Ltda. (CNPJ nº 08.033.254/0001-18-) têm em comum
o mesmo contador, A. A. V. (CPF ***.009.101-**), inscrito no CRC/MS sob nº
004303/O-MS, assim como ocorrido na formalização do 1º Termo Aditivo ao Contrato
nº 01/2012, com a suposta apresentação de proposta da empresa W. FELIX – Prestadora
de Serviços Ltda.;
Portanto, houve simulação de informações e favorecimento à empresa contratada, com o
objetivo precípuo de garantir a renovação do Contrato nº 01/2012.
##/Fato##
Causa
As causas para irregularidade apontada estão diretamente relacionadas à fragilidade dos
controles internos na fiscalização do Contrato nº 01/2012 e à conduta do agente público
envolvido, que culminaram no favorecimento à empresa contratada.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 5827/2016/GAB/CGU-Regional/MS, de 27 de janeiro de 2016,
houve encaminhamento de justificativas ao Relatório Preliminar de Auditoria nº
201503839, no qual a Unidade assim se manifestou sobre o apontamento de
irregularidade:
“Na formalização do 1º Termo Aditivo ao contrato, foram consultadas, além das
empresas que forneceram proposta contida no processo, outras empresas, por meio de
e-mail (cópia anexa), as quais foram:
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 51
- Empresa SISTEMA Comércio e Construções LTDA-ME
- Empresa Planalto Limpeza e Conservação de Ambiente LTDA-EPP
- Empresa GARDIN & CIA LTDA-ME,
- Empresa Vasconcelos & Cia LTDA-ME
- Empresa HOFF Montagem e Serviços
Destas, apenas a empresa HOFF Montagem e Serviços respondeu ao email em
15/04/2013, enviando proposta de preços no valor mensal de R$ 30.000,00. Ainda, em
17/04/2013, enviou novo e-mail reduzindo o valor da proposta para o valor mensal de
R$ 13.000,00. Quanto às propostas contidas no processo, não havia conhecimento de
que possuíam vínculo de contador. Quanto aos profissionais indicados na f. 509, este
documento foi enviado em 14/10/2013, não havendo como ter conhecimento no momento
em que foi recebida a proposta, não se dispondo de meios administrativos para averiguar
eventuais vínculos societários e tampouco se um contador tem ou não a competência de
atender uma ou mais empresas, na oferta de seus serviços.
Na formalização do 2o Termo Aditivo, foram consultadas 2 empresas que forneceram
proposta de preços. Não se observou, naquele momento, que haveria relação entre as
empresas. Na pesquisa de preços feita pelo órgão se fez contato com a empresa e solicitou
elaborar orçamento de serviço, sendo que essas empresas poderiam vir ao órgão para
verificar as instalações e mandarem as propostas.
Reafirmamos que não houve simulação ou favorecimento à contratada. Não se sabe da
existência de qualquer tipo de treinamento, conhecimento ou curso de fiscalização de
contratos, que auxilie nesse tipo de situação. Por outro lado, o custo/benefício de um
cuidado levado a tal extremo seria certamente muito desfavorável e não recomendado.
Imagine-se, num ambiente de carência de servidores, que só tende a se agravar com os
contingenciamentos orçamentários, dedicar-se um servidor, submetido a múltiplas
tarefas ordinárias, ter de cruzar informações do quadro societários de empresas (ativas
ou não), com o quadro de empregados de outras (atual ou histórico), com a identificação
dos contadores que possam estar atendendo a mais de uma delas.
Ações de controle são indispensáveis e permanentemente executadas pelos servidores do
órgão, inclusive e principalmente pelo que é posto sob suspeitas ao longo do Relatório,
servidor esse que se desdobra para dar conta de todas as tarefas que lhe são cometidas,
esmerando-se por colocar sempre por escrito, até as ocorrências mais simples, que nos
demais órgãos os fiscais de contrato resolvem verbalmente, mas que aqui, numa inversão
total de valores, são tomadas como evidências de uma tolerância indevida à má execução
do contrato, quando, na verdade, o controle sempre foi firme sobre a boa execução e,
quando a execução deixou de ser boa, o contrato foi rescindido.
Todavia, em relação às ações de controle, não se pode esquecer da seguinte regra do
Decreto-Lei n° 200/67:
Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante simplificação de
processos e supressão de controles que se evidenciarem como puramente formais ou cujo
custo seja evidentemente superior ao risco. ”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Nas justificativas da Unidade, não foram apresentados elementos probatórios em face das
irregularidades aqui apontadas. As justificativas restringiram-se a alegações sobre a
carência de pessoal para a manutenção de um adequado controle da contratação à
fiscalização dos contratos públicos.
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 52
Além disso, não foi apresentada a comprovação de como se deu o chamamento das
empresas relacionados no processo nº 250006.000494/2012-45, ou mesmo cópia dos e-
mais encaminhados a estas. No caso em questão foram citadas as seguintes empresas
como mantenedoras de vínculos societários e profissionais e que apresentaram propostas
no citado processo:
Empresa CNPJ Data Valor
proposta Trizotti & Castro Construções e
Serviços Ltda. (fl. 318)
08.033.254/0001-18 22/03/2013 R$ 7.195,05
W. Félix – Prestadora de Serviços Ltda -
ME (fl. 323)
11.536.788/0001-71 27/03/2013 R$ 8.250,49
José Augusto Vicente. – ME (fl. 328) 11.552.927/0001-50 20/03/2013 R$ 9.983,00
Guerra & Machado Ltda. (fl. 697) 14.362.806/0001-34 30/04/2014 R$ 9.253,20
José Augusto Vicente. – ME (fl. 700) 11.552.927/0001-50 05/05/2014 R$ 8.343,30
Trizotti & Castro Construções e Serviços
Ltda. (fl. 703)
08.033.254/0001-18 09/05/2012 R$ 7.195,05
Como se vê no quadro acima a empresa Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda.
sequer apresentou proposta de preços para fins de comparativo prévio à formalização do
2º Termo Aditivo ao Contrato nº 01/2012, pois foi considerada no processo sua proposta
inicial firmada em 09/05/2012.
Ora, já que não houve a convocação pública de fornecedores a apresentarem propostas
mediante edital, conclui-se que essas empresas se dispuseram a apresentar proposta de
preços mediante convocação de alguém que detinha o conhecimento do trâmite
processual e que não deixou registrada tal convocação no processo. E considerando que
os prepostos da Trizotti & Castro Construções e Serviços Ltda. apresentaram as propostas
de preços, é inegável a articulação entre estas empresas que mantinham entre si vínculos
empregatícios e societários.
Por todo exposto, conclui-se que as alegações apresentadas pelos gestores não elidem a
irregularidade, pelo contrário, ao não se comprovar a forma de como ocorreu o
chamamento das empresas aqui ressalvadas, torna-se mais incisivo que houve
favorecimento na formalização do 1º e 2º Termos Aditivos ao Contrato nº 01/2012, com
a participação de empresas que mantinham relações de cunho societário e profissional.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Adotar medidas administrativas necessárias à responsabilização das
empresas com vínculos societários e que apresentaram orçamentos de simulados, nos
termos dos artigos 87 e 88 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
1.1.1.7 CONSTATAÇÃO
Ausência de segregação nos atos de requisição, contratação e fiscalização dos
Contratos de manutenção preventiva e corretiva.
Fato
A designação do servidor de matrícula nº 1.***.*73 como fiscal do Contrato nº 01/2012
e anteriormente do Contrato nº 04/2007, deriva das Portarias DICON/NE/MS Nº 01/2012,
de 03/01/2012, e DICON/NE/MS Nº 48/2010, de 29/09/2010, as quais previam que este
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 53
deveria acompanhar e fiscalizar o processo referente ao serviço de manutenção predial,
consoante art. 67 da Lei nº 8666/1993.
Além da atuação do servidor de matrícula nº 1.***.*73 como fiscal nos Contratos nº
04/2007 e 01/2012, constatou-se que ele praticou vários atos relevantes e necessários à
formalização do Pregão nº 02/2012, que resultou na formalização do Contrato nº 01/2012,
tais como:
1) Elaboração das minutas do Termo de Referência, do Edital e do Contrato, uma vez que
figurou nestes documentos como sendo Pregoeiro (fls. 26 a 46);
2) Elaboração do Despacho nº 97/2012/Recursos Logísticos/DICON/MS, de 27/03/2012,
no qual o servidor se pronuncia que o Contrato nº 01/2012 está consoante com as
especificações do Contrato anterior, que teve o mesmo objeto e que fora realizada
pesquisa de preços (fl. 047);
FL. 47 do processo nº 25006.000494/2012-45: Despacho nº
97/2012/Recursos Logísticos/DICON/MS de 27/03/2012
3) Elaboração do Despacho nº 98/2012/2012/Recursos Logísticos/DICON/MS, de
27/03/2012, para consulta sobre disponibilidade orçamentária (fl. 048);
4) Elaboração de Planilhas comparativa de preços – Resumo das propostas (fls. 025 e
069);
5) No Despacho nº 116/2012/Recursos Logísticos/DICON/MS, esse mesmo servidor de
matrícula nº 1.***.*73 é designado para compor a equipe de apoio à realização do Pregão
nº 02/2012 (fl. 070). No entanto verifica-se, nos documentos do processo nº
25006.000494/2012-45, que na condução do Pregão nº 02/2012, o servidor passou de
membro da equipe de apoio para exercer atos pertinentes ao pregoeiro;
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 54
Fl. 81 do processo nº 25006.000494/2012-4: Edital do Pregão nº 02/2012
FL. 97 do processo nº 25006.000494/2012-45: Despacho nº 122/2012/Recursos
Logísticos/DICON/MS de 27/03/2012
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 55
6) A partir da formalização do Contrato nº 01/2012, verificou-se que o servidor passou a
ser responsável pelo seu acompanhamento, inclusive com as atribuições de consulta da
regularidade fiscal e cadastral da empresa e os procedimentos para formalização dos
termos aditivos ao contrato. Agrava-se tal situação pelo fato de que a concentração dos
atos em determinado servidor potencializa o risco de manipulações e/ou erros na
condução processual, uma vez que não há ratificação de outro componente sobre os atos
processuais realizados. Deficiências no elemento segregação de função deixam
vulneráveis os controles internos da entidade, com consequências internas ou mesmo
externas.
Sobre a necessidade de segregação de funções, o Tribunal de Contas da União possui
diversas decisões em que a atribuição, ao pregoeiro, da responsabilidade pela elaboração
do edital cumulativamente às atribuições de sua estrita competência afronta também o
princípio da segregação de funções adequado à condução do pregão, inclusive o
eletrônico, e não encontra respaldo nos normativos legais que regem o procedimento
(TCU – Acórdão 3381/2013 – Plenário).
Sendo assim, nas etapas para aquisição de bens e serviços, deve ocorrer a devida
segregação de função dos servidores nelas envolvidos, destacando-se os seguintes pontos
no processo de contratação: o solicitante da aquisição não realiza a compra ou a licitação;
quem faz a cotação de preços não procede à licitação, em especial à fase de abertura e
julgamento das propostas; quem atesta a execução contratual não efetiva o pagamento,
além de outras restrições que devem ser implementadas no ambiente de controle interno
pelo dirigente da Unidade.
A questão da adequada segregação de funções inclusive é prevista em normativos como
a IN SFC n.º 1/2001, que, no item 3.IV da Seção VIII do Capítulo VII, a prescreve como
um dos princípios de controle interno administrativo, que deve ser utilizado pelos órgãos
do Poder Executivo Federal.
“Princípios de controle interno administrativo
3. Constituem-se no conjunto de regras, diretrizes e sistemas que visam ao atingimento
de objetivos específicos, tais como:
IV. segregação de funções - a estrutura das unidades/entidades deve prever a separação
entre as funções de autorização/aprovação de operações, execução, controle e
contabilização, de tal forma que nenhuma pessoa detenha competências e atribuições em
desacordo com este princípio;
Finalidade do controle interno administrativo
4. O objetivo geral dos controles internos administrativos é evitar a ocorrência de
impropriedades e irregularidades, por meio dos princípios e instrumentos próprios,
destacando-se entre os objetivos específicos, a serem atingidos, os seguintes:
I. observar as normas legais, instruções normativas, estatutos e regimentos;
II. assegurar, nas informações contábeis, financeira s, administrativas e operacionais,
sua exatidão, confiabilidade, integridade e oportunidade;
III. evitar o cometimento de erros, desperdícios, abusos, práticas antieconômicas e
fraudes; ”
##/Fato##
Causa
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 56
Designação de um único servidor para as atividades de pregoeiro e fiscal do contrato,
inclusive com as atribuições de consulta da regularidade fiscal e cadastral da empresa e
responsável pelos procedimentos para formalização dos termos aditivos ao Contrato.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 5827/2016/GAB/CGU-Regional/MS, de 27 de janeiro de 2016,
foram encaminhadas justificativas em face do Relatório Preliminar de Auditoria nº
201503839, no qual a Unidade assim se manifestou:
“Para a contratação dos serviços de manutenção predial do processo n°
25006.000494/2012-45 foi utilizado como referência o processo n° 25006.000209/2007-
29. Neste processo, um servidor realizou vários atos no processo, os quais foram a
elaboração de termo de referência (fls. 04-06), Edital 01/2007 e anexos (fls. 07-29),
pesquisa de preços (fls. 31-32), Despacho para informar disponibilidade orçamentária
(f. 35). Presidiu a sessão de Pregão conforme ata fls. 98-102, e também atuava como
fiscal no pagamento das faturas. Este era o procedimento de rotina do órgão nos
processos, seguindo assim a rotina verificada no processo anterior.
Com o devido respeito ao Princípio da Segregação de Funções, que cada vez experimenta
um descompasso maior com a realidade da Administração Pública brasileira, dada a
crescente e notória carência de servidores na esmagadora maioria dos órgãos públicos,
mormente os federais, pede-se licença para transcrever abaixo uma regra do Código de
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo
Decreto N° 1.171/94:
XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou
procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante
de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em
que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário;
(...)
(Grifou-se)
Portanto, num setor de logística, por exemplo, o servidor pode sim ser chamado a
desempenhar os papéis de autor do edital, pregoeiro, fiscal de contrato etc, em tantos
processos quanto a carência de servidores exigir. Pela lei acima, a invocação do
Princípio da Segregação de Funções, como fundamento da recusa de um pregoeiro em
aceitar o encargo de fiscal do contrato, celebrado no mesmo processo, seria uma
infração ética, no mínimo. O que importa é a sua prontidão para resolver as questões
atinentes à prestação dos serviços pelo seu "setor" e não a sua acomodação na função
anterior que já desempenhou. No mais, deve apenas observar os princípios insculpidos
na CF/88, art. 37, caput (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência).
Eis o dilema: o princípio doutrinário, traduzindo o pensamento dos estudiosos sobre um
mundo ideal, diz uma coisa, mas a lei, no mesmo caso, diz o contrário. O caminho da
legalidade apresenta-se mais seguro que o da doutrina.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
As alegações apresentadas não trouxeram novos elementos à irregularidade apontada,
onde se vê por parte da Unidade a tentativa de defesa das práticas adotadas pelo servidor,
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 57
seja com anuência ou por determinação de seus superiores, que não se coadunam com as
boas práticas da Administração Pública e são graves afrontas às determinações do Egrégio
Tribunal de Contas da União, que nos seus julgados assim se posicionou:
“A segregação de funções, princípio básico de controle interno que consiste na
separação de atribuições ou responsabilidades entre diferentes pessoas, deve possibilitar
o controle das etapas do processo de pregão por setores distintos e impedir que a mesma
pessoa seja responsável por mais de uma atividade sensível ao mesmo tempo.” - TCU,
Acórdão 2829/2015 Plenário;
“É vedado o exercício, por uma mesma pessoa, das atribuições de pregoeiro e de fiscal
do contrato celebrado, por atentar contra o princípio da segregação das funções.” -
TCU, Acórdão 1375/2015 Plenário;
“A atribuição, ao pregoeiro, da responsabilidade pela elaboração do edital
cumulativamente às atribuições de sua estrita competência afronta o princípio da
segregação de funções adequado à condução do pregão, inclusive o eletrônico, e não
encontra respaldo nos normativos legais que regem o procedimento.” - TCU, Acórdão
3381/2013, Plenário;
Conclui-se, portanto, que as alegações apresentadas pelos gestores não elidem a
irregularidade apontada.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Proceder à avaliação e distribuição das funções administrativas de
requisição e contratação de bens e serviços, de modo que não fiquem restritas em um
único servidor, além da segregação da função de fiscalização dos contratos
administrativos, nos termos do artigo 67 da Lei 8.666/93, de 21 de junho de 1993.
1.1.1.8 CONSTATAÇÃO
Fragilidade nos registros de acompanhamento da execução do Contrato 01/2012.
Fato
No tocante à execução do Contrato nº 01/2012, buscou-se também avaliar se houve a
efetiva prestação dos serviços de manutenção corretiva e preventiva nas dependências do
Núcleo Estadual de Saúde MS.
De acordo com o pactuado no Contrato nº 01/2012, a prestação dos serviços ocorreria de
duas maneiras: mediante vistoria prévia e atendimento aos chamados emanados da
Contratante.
Da análise do processo em tela, verificou-se que, na modalidade de atendimento das
chamadas, ocorreram diversas falhas de atendimento, com demora ao atendimento e
reabertura de chamadas pelo não aceite de serviços prestados, fatos estes que poderiam
inclusive ensejar em rescisão do Contrato nº 01/2012, conforme previsto na Cláusula
Décima Primeira do referido Contrato, em consonância com os incisos I a III do artigo
78 da Lei nº 8666/93, que assim dispõe:
“Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua rescisão, com as
consequências contratuais e as previstas em lei ou regulamento.
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos;
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 58
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e prazos;
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração a comprovar a
impossibilidade da conclusão da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos
estipulados; ”
As situações de descumprimento das obrigações contratuais estão evidenciadas em
relatórios e documentos produzidos pelos gestores do Contrato nº 01/2012, constantes do
processo nº 25006.000494/2012-45.
A título de exemplo citamos os fatos constantes dos Relatórios de nº 29.2013 (fl. 487) e
30.2013 (fl. 494), elaborados pelo fiscal do Contrato nº 01/2012.
Fl. 487 do processo nº 25006.000494/2012-45
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 59
Fl. 494 do processo nº 25006.000494/2012-45
No tocante à manutenção preventiva estavam previstas vistorias diárias ao prédio do
NE/MS e, segundo informado pela Unidade, deveria ocorrer anotação de data e horário
de cada visita em caderno de registro. As evidências apuradas no processo, bem como as
respostas apresentadas aos questionamentos da auditoria, indicam que as vistorias
preventivas não ocorreram da forma apresentada pela Unidade e que os documentos
apresentados não correspondem à realidade dos fatos apurados no processo nº
25006.000494/2012-45, senão vejamos:
Por meio da Solicitação de Auditoria nº 201503839/002, de 26 de junho de 2015, reiterada
pela Solicitação de Auditoria nº 20150389/004, de 01 de julho de 2015, foi solicitada a
apresentação dos relatórios de vistorias diárias de 08 (datas) selecionadas aleatoriamente.
Na análise do livro disponibilizado, modelo Livro Ata, constata-se que este não se reveste
de características de que tenha sido utilizado para registro das vistorias pelos seguintes
motivos:
a) Inexistência de termo de abertura ou de encerramento, conforme fls. 01 e 12;
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 60
1ª Página do Livro Ata Página 06 do Livro Ata
Página 10 do Livro Ata Página 12 do Livro Ata
b) Não há qualquer registro dos resultados das vistorias (se havia serviços a serem
executados ou não); ora, do que adianta a realização de uma vistoria, se não há o registro
de eventuais ocorrências ou mesmo de serviços a serem executados?
c) Falta de identificação da única pessoa que assinou o citado Livro Ata, conforme se vê
nas figuras retro reproduzidas, da pessoa que realizou a vistoria diária, bem como de quem
firmou a rubrica/assinatura. Ora, de que adianta um livro de registro de vistorias, se ao
menos um representante de cada uma das partes envolvidas, contratada e contratante, não
atesta a realização destas e se não há identificação do responsável pela vistoria?
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 61
Fl. 509 do processo nº 25006. 000494/2012-45
Pelo exposto, conclui-se que a empresa contratada descumpriu cláusulas contratuais, em
virtude da prestação inadequada do serviço de manutenção predial contratado, dando
motivo para a rescisão contratual, sendo que não houve qualquer ação punitiva por parte
dos gestores do Contrato nº 01/2012.
##/Fato##
Causa
As causas para irregularidade apontada estão diretamente relacionadas à fragilidade dos
controles internos na fiscalização do Contrato nº 01/2012 e à conduta do agente público
envolvido.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 5827/2016/GAB/CGU-Regional/MS, de 27 de janeiro de 2016,
houve encaminhamento das justificativas em face do Relatório Preliminar de Auditoria
nº 201503839, no qual a Unidade assim se manifestou:
“Os serviços eram realizados por meio de "solicitações de serviço", no qual constavam
os pedidos pelos setores, os quais eram acompanhados durante a execução ou logo após
feitos. Havia situações de pedidos de vários serviços, sendo que alguns não eram
Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 62
executados juntos porque a contratada justificava ter que comprar as peças e materiais,
diferindo sua execução no tempo. Também havia casos em que a contratada era
solicitada para refazer o serviço, a qual atendia à solicitação.
Ainda, havia casos em que o serviço deveria ser executado fora do horário de expediente
pelos serviços no setor, ensejando maior tempo na obtenção do resultado, mas a
contratada executava o serviço. Ressalto que os serviços solicitados à contratada foram
sempre prestados, o que pode ser confirmado pelos solicitantes dos serviços e outros
servidores do órgão.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
As justificativas apresentadas pela Unidade sobre as fragilidades no acompanhamento da
execução dos serviços do Contrato nº 01/2012 foram dadas de forma subjetiva e sequer
foram esclarecidos os apontamentos da constatação, portanto não são condizentes com as
informações levantadas no processo nº 25006.000494/2012-45.
Sendo assim, conclui-se que as alegações da Unidade não são suficientes para elidir a
irregularidade apontada.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Intensificar as ações de fiscalização dos contratos administrativos
mediante elaboração de relatórios com o detalhamento dos serviços executados.
III – CONCLUSÃO
Em face dos exames realizados, somos de opinião que a Unidade Gestora deve adotar
medidas corretivas com vistas a elidirem os pontos ressalvados nos itens: 1.1.1.2, 1.1.1.3,
1.1.1.4, 1.1.1.5, 1.1.1.6, 1.1.1.7 e 1.1.1.8.
Campo Grande/MS, 13 de abril de 2016.