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Brasscom - Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação
Rua Funchal 263, conj. 151, Vila Olímpia, São Paulo, SP, CEP 04551-060
Brasscom-DOC-2016-025 (PP&N Políticas Públicas Brasil Digital) v15 1/2
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA UM BRASIL DIGITAL
POSICIONAMENTO NO SEMINÁRIO BRASSCOM POLÍTICAS PÚBLICAS & NEGÓCIOS
Brasília, 30 de março de 2016
Dados do IDC mostram que em 2014 o setor de Tecnologia da Informação e
Comunicação – TIC, incluindo atividades de Business Process Outsourcing e a produção In House,
em conjunto com o setor de Telecomunicações movimentou no Brasil cerca de R$ 498 bilhões.
Este número representa 9% do PIB do País. O mercado de TIC de brasileiro é o 7o maior do mundo,
com produção da ordem de R$ 144 bilhões, 9,4% de crescimento e 1,5 milhão de trabalhadores.
Os profissionais que trabalham de TI e TIC estão entre os de maior nível de escolaridade e o
salário médio no setor é cerca de 2,2 vezes maior do que a média nacional.
O setor se apresenta como uma das molas mestras da economia brasileira, tanto pelo
seu desempenho, quanto pelo papel transversal como propulsor de eficiência e produtividade
para empresas e para os serviços ao cidadão, bem como viabilizador da integração nacional com
base na comunicação, cada vez mais veloz, colaboração e difusão de informação. O Brasil tem
vocações já mercadologicamente comprovadas em TI e TIC que balizam prognósticos favoráveis
de desenvolvimento. Todavia, devido a velocidade com que novas tecnologias e modelos de
negócio são introduzidos, em função do contínuo processo de inovação que é a marca do setor,
é necessário desenvolver e executar políticas públicas que removam gargalos e fatores inibidores
indesejados e fomentem o crescimento sustentável.
A visão estratégica da Brasscom para o setor baliza-se em dois eixos principais:
competitividade e transformação digital. O primeiro eixo diz respeito ao aperfeiçoamento do
ambiente de negócios Pátrio, transcendendo, em certa medida, as fronteiras setoriais. O segundo
traz ao espaço de debate público a agenda tecnológica do setor, tendo em vista sua característica
transformacional nas relações econômicas e sociais.
Entendemos que a competitividade do País está diretamente ligada a um ambiente de
negócios aberto e ágil, que se oferece aos agentes econômicos com baixos custos de transação,
segurança jurídica e incentivo para inovar, de modo a suscitar confiança para investir. Neste
sentido, o aperfeiçoamento das relações laborais, uma política tributária equilibrada e o fomento
à inovação e internacionalização se apresentam como fatores críticos e prioritários. Propugnamos
por um direito do trabalho aperfeiçoado que faça deslanchar a economia do conhecimento,
reduzindo conflitos e passivos trabalhistas. Defendemos a terceirização como uma moderna
prática de gestão voltada à produtividade e eficiência, decorrente da superespecialização do
trabalho. Ressaltamos, também, que somos contrários à informalidade nas relações laborais, e
não nos coadunamos com a precarização do trabalho e do trabalhador.
O fortalecimento do setor se dá por intermédio da inovação e agregação de valor. Assim
sendo, é fundamental manter e expandir os mecanismos de apoio e fomento à inovação e as
iniciativas voltadas ao empreendedorismo inovador e startups. A proteção da Propriedade
Intelectual e a celeridade no registro devem ser encarados como prioridade. Também se faz
necessário uma política tributária que não onere o custo do trabalho e que induza investimentos
em inovação e em infraestruturas essenciais, tais como, datacenters e redes de acesso à Internet
em banda larga.
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Em função da nova realidade cambial, o Brasil recuperou a competitividade para
prestação de serviços de fornecimento de software no âmbito internacional. O aproveitamento
desta oportunidade passa pelo apoio a internacionalização de empresas brasileiras e a introdução
de instrumentos que impulsionem o desenvolvimento do Brasil como plataforma de exportação
de serviços de TI, por empresas nacionais e multinacionais.
A mobilidade e as tecnologias digitais vêm provocando rápidas mudanças nos negócios
e na sociedade. É a transformação digital da sociedade brasileira – governo e setor privado – que
possibilitará a oferta de melhores serviços com maior engajamento, eficiência e novos modelos
de negócio em uma data-driven economy. Temas como educação digital, internet das coisas,
governo digital, segurança e privacidade são estratégicos para o Brasil.
As novas gerações de brasileiros crescerão em um ambiente altamente tecnológico,
conectado e digital. É necessário adequar a pedagogia de modo a potencializar as novas formas
de aquisição e aplicação do conhecimento, o espírito de colaboração e o desenvolvimento de
habilidades para trabalho em equipe.
A Internet das Coisas se apresenta como a maior onda tecnológica com projeções que
chegam a US$ 19 trilhões em volume de negócios e 1 trilhão de sensores conectados até 2025.
O fenômeno se apresenta como uma grande oportunidade para o Brasil, tanto no
desenvolvimento de políticas públicas de fomento nas verticais para as quais o País tenha
possibilidades de desenvolver escala global, quanto de adoção, em verticais que tragam
benefícios econômicos e sociais.
A transformação digital deve ser abraçada pelo Estado brasileiro, em todas as esferas,
como instrumento de eficiência pública e qualidade na prestação dos serviços ao cidadão. Os
processos licitatórios devem ser aperfeiçoados para que as compras de equipamentos, software
e serviços de TI e TIC maximizem o benefício em face ao custo. A busca do equilíbrio ótimo entre
a qualidade técnica da oferta e o preço deve nortear o licitante público.
A gestão da segurança da informação e comunicação, incluindo a garantia de
inviolabilidade dos dados circulantes e armazenados e proteção ante as tentativas de intrusão em
áreas seguras por parte de atores não autorizados deve ser uma prioridade. O desafio da
segurança da informação requer uma visão holística, tecnicamente aprofundada,
perseverantemente evolutiva, que não negligencie processos e governança e que respeite e
proteja a propriedade intelectual dos provedores de hardware, software e serviços de TI!
A construção de um Brasil digital e competitivo passa necessariamente pela concepção
de políticas públicas modernas e em sintonia com os grandes desafios e tendências tecnológicas.
Neste sentido, esperamos que este Seminário sejam um fórum de debate e uma caixa de
ressonância que nos aglutinem na jornada rumo ao País que almejamos.