português 2011

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Português _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 125 *MÓDULO 1* Noções de variação linguística Introdução Em boa parte dos vestibulares atualmente, há ênfase em verificar se o candidato conhece os diferentes usos possíveis de nossa língua. Discutiremos este assunto partindo da leitura do texto abaixo. No texto acima, notamos que os dois ladrões conhecem tanto as diferentes formas de falar o português como as implicações que cada forma traz. Eles sabem que certas formas são mais valorizadas que outras, por isso alteram o modo de falar na presença do guarda. Há diferentes formas de usar a língua portuguesa, por isso não podemos dizer que ela é homogênea. Assim, o importante para o falante será perceber em que contexto ele deve usar cada uma de suas variantes. Em uma entrevista de emprego, por exemplo, espera-se que o falante opte por uma variante diferente daquela que ele usa para bater papo com seus amigos. A concepção moderna de língua, segundo Celso Cunha em sua Nova gramática do português contemporâneo, coloca-a como instrumento de comunicação social, maleável e diversificado em todos os seus aspectos, meio de expressão de indivíduos que vivem em sociedades também diversificadas social, cultural e geograficamente”. Essa diversificação na sociedade faz com que surja na língua a variação linguística, ou seja, pode-se perceber que a situação (formal ou informal), o grupo social a que o falante pertence, a região e a época em que vive caracterizam o modo de um brasileiro expressar-se em português. De maneira bastante simplificada, podemos considerar a existência de três tipos gerais de variação, conforme mostra o quadro: TIPO ASPECTO AO QUAL SE RELACIONA Variação sociocultural idade, sexo, escolaridade, condições econômicas do falante e grupo social do qual ele faz parte Variação geográfica região em que o falante vive durante um certo tempo Variação histórica tempo (época) em que o falante vive Variação sociocultural A maneira como utilizamos a linguagem (como nos expressamos) é formada no convívio com outras pessoas que fazem parte do nosso grupo social. Assim, normalmente nos expressamos de acordo com nossa formação sociocultural. Nossa linguagem será adequada ao meio em que fomos criados e à nossa classe social. É claro que, assim como existe uma certa mobilidade social no mundo em que vivemos, ao longo de nossa vida podemos incorporar modos de expressão diferentes, à medida que vamos mudando de ambiente e reconstruindo nossa história de vida. A variante social mais notável é a que existe entre pessoas de classes socioeconômicas distintas. Uma pessoa da classe A não falará como alguém da classe C. Aliás, normalmente, quanto mais elevada estiver na escala econômica, mais próxima a linguagem da pessoa estará do que conhecemos por norma culta. Isto se explica: no mundo em que vivemos, é claro que é a linguagem dos mais ricos e mais poderosos que é considerada a de maior “prestígio”..., concorda? Relacionada a esse tipo de variação está aquela que diz respeito ao grau de instrução do falante. É lógico que pessoas de classe social mais alta, do ponto de vista financeiro, terão mais chances de estudar e se aprimorar culturalmente, aproximando-se mais do padrão culto de linguagem. Outro tipo importante e interessante de variação linguística é aquele que aparece quando confrontamos gerações diferentes: um grupo de idosos de 60 anos não Sketch - Dois homens tramando um assalto Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o cara de chumbo. Pra arejá. Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e pegá. Tá com o berro aí? Tá na mão. Aparece um guarda. Ih, sujou. Disfarça, disfarça... O guarda passa por eles. Discordo terminantemente. O imperativo categórico de Hegel chega a Marx diluído pela fenomenologia de Feurbach. Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que dizer que Kierkegaard não passa de um Kant com algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do século 18... O guarda se afasta. O berro, tá recheado? Tá. Então vamlá! Luís Fernando Veríssimo. O Estado de S. Paulo, 8/3/1998.

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Português _________________________________________________________________________________________________________________________

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 125

*MÓDULO 1*

Noções de variação linguística

Introdução

Em boa parte dos vestibulares atualmente, há ênfase

em verificar se o candidato conhece os diferentes usos

possíveis de nossa língua. Discutiremos este assunto

partindo da leitura do texto abaixo.

No texto acima, notamos que os dois ladrões

conhecem tanto as diferentes formas de falar o português

como as implicações que cada forma traz. Eles sabem

que certas formas são mais valorizadas que outras, por

isso alteram o modo de falar na presença do guarda.

Há diferentes formas de usar a língua portuguesa, por

isso não podemos dizer que ela é homogênea. Assim, o

importante para o falante será perceber em que contexto

ele deve usar cada uma de suas variantes. Em uma

entrevista de emprego, por exemplo, espera-se que o

falante opte por uma variante diferente daquela que ele

usa para bater papo com seus amigos.

A concepção moderna de língua, segundo Celso

Cunha em sua Nova gramática do português

contemporâneo, coloca-a “como instrumento de

comunicação social, maleável e diversificado em todos

os seus aspectos, meio de expressão de indivíduos que

vivem em sociedades também diversificadas social,

cultural e geograficamente”. Essa diversificação na

sociedade faz com que surja na língua a variação

linguística, ou seja, pode-se perceber que a situação

(formal ou informal), o grupo social a que o falante

pertence, a região e a época em que vive caracterizam o

modo de um brasileiro expressar-se em português.

De maneira bastante simplificada, podemos

considerar a existência de três tipos gerais de variação,

conforme mostra o quadro:

TIPO

ASPECTO AO QUAL

SE RELACIONA

Variação sociocultural

idade, sexo, escolaridade,

condições econômicas do

falante e grupo social do qual

ele faz parte

Variação geográfica região em que o falante vive

durante um certo tempo

Variação histórica tempo (época) em que o

falante vive

Variação sociocultural

A maneira como utilizamos a linguagem (como nos

expressamos) é formada no convívio com outras pessoas

que fazem parte do nosso grupo social. Assim,

normalmente nos expressamos de acordo com nossa

formação sociocultural. Nossa linguagem será adequada

ao meio em que fomos criados e à nossa classe social. É

claro que, assim como existe uma certa mobilidade social

no mundo em que vivemos, ao longo de nossa vida

podemos incorporar modos de expressão diferentes, à

medida que vamos mudando de ambiente e

reconstruindo nossa história de vida.

A variante social mais notável é a que existe entre

pessoas de classes socioeconômicas distintas. Uma

pessoa da classe A não falará como alguém da classe C.

Aliás, normalmente, quanto mais elevada estiver na

escala econômica, mais próxima a linguagem da pessoa

estará do que conhecemos por norma culta. Isto se

explica: no mundo em que vivemos, é claro que é a

linguagem dos mais ricos e mais poderosos que é

considerada a de maior “prestígio”..., concorda?

Relacionada a esse tipo de variação está aquela que

diz respeito ao grau de instrução do falante. É lógico que

pessoas de classe social mais alta, do ponto de vista

financeiro, terão mais chances de estudar e se aprimorar

culturalmente, aproximando-se mais do padrão culto de

linguagem.

Outro tipo importante e interessante de variação

linguística é aquele que aparece quando confrontamos

gerações diferentes: um grupo de idosos de 60 anos não

Sketch - Dois homens tramando um assalto

— Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis

vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o

cara de chumbo. Pra arejá.

— Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e

pegá.

— Tá com o berro aí?

— Tá na mão.

Aparece um guarda.

— Ih, sujou. Disfarça, disfarça...

O guarda passa por eles.

— Discordo terminantemente. O imperativo

categórico de Hegel chega a Marx diluído pela

fenomenologia de Feurbach.

— Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que

dizer que Kierkegaard não passa de um Kant com

algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do

século 18...

O guarda se afasta.

— O berro, tá recheado?

— Tá.

— Então vamlá!

Luís Fernando Veríssimo. O Estado de S. Paulo, 8/3/1998.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 126

fala como um grupo de adolescentes de 16... Cada

geração tem sua maneira própria de se comunicar e isso

é fácil observar no dia a dia. Um importante fenômeno

linguístico que aparece quando estudamos as variações

entre gerações é a gíria. Cada geração adota um certo

número de expressões, uma certa maneira de falar, para

marcar uma diferença entre a sua e a geração anterior.

Para cada situação de expressão da nossa

linguagem, temos um certo nível linguístico. Ao nível que

utilizamos em situações em que não nos preocupamos

tanto em atingir a chamada norma culta, chamamos de

nível informal; ao nível que utilizamos em situações de

comunicação que exigem uma linguagem mais próxima

da norma culta, chamamos de nível formal. Entre o nível

formal e o informal, podemos ter vários níveis

intermediários.

Variação geográfica

Pessoas de diferentes regiões falam de maneiras

diferentes. A essas características próprias da fala de um

determinado lugar damos o nome de regionalismos. Os

regionalismos são próprios dos falares locais, dialetos e

sotaques. Geralmente, pessoas de uma determinada

região agrupam-se em torno de um centro populacional

economicamente ou politicamente mais relevante e

assumem o dialeto característico do local. Assim, um

carioca irá se expressar com o r chiado característico do

Rio de Janeiro, um piracicabano normalmente emitirá um

r que os estudiosos conhecem por retroflexo, e assim por

diante. Essas diferenças se estenderão ao vocabulário, à

estrutura das frases e até aos significados das palavras.

Com o passar dos anos e o avanço dos meios de

comunicação sobre todo o território brasileiro, as

diferenças regionais vão diminuindo cada vez mais. As

redes de televisão, por exemplo, atingem todo o país

com uma linguagem típica do Sudeste brasileiro,

principalmente São Paulo, o que acaba contribuindo para

uma uniformização dos dialetos em torno de um padrão

de linguagem que aos poucos apaga as diferenças entre

eles.

Variação histórica

Ao ler textos escritos em português há cem anos, por

exemplo, você certamente sentirá um certo

estranhamento e terá uma dificuldade de compreensão e

fluência maior do que teria se lesse um artigo de jornal

publicado na semana passada, por exemplo. Isso

acontece porque as línguas variam com o tempo. O

nosso você já foi vossa mercê e vosmecê, chegando, em

nossos dias, a ser ouvido como simplesmente cê.

Em boa hora tornou-se embora. É fácil percebermos

essas diferenças quando nos deparamos com livros

cujas edições são muito antigas. O vocabulário de há

cem anos não era o mesmo de hoje, a grafia de muitas

palavras também não, o mesmo ocorria com a sintaxe.

Norma culta e adequação da linguagem

Você deve ter notado, então, que a língua possui

diversas variantes. Mas, ao tomarmos contato com a

língua na escola, adotamos uma determinada variante

que serve como referência. Essa variante-padrão, ao

longo dos tempos e por diversos motivos, ficou sendo

conhecida como a norma culta da língua.

Norma culta da língua é a chamada variante-padrão

da língua; aquela variante de maior prestígio, utilizada

pelas pessoas que compõem a chamada elite da

sociedade. A norma culta, tradicionalmente, acaba

servindo como parâmetro e sendo adotada para o ensino

da língua nas escolas, além de ser utilizada como padrão

para situações formais e na comunicação escrita na

sociedade. Toda língua muda com o tempo, portanto a

norma culta também muda, de acordo com as

modificações que ela sofre no seu uso.

Convém, assim, que o falante saiba distinguir quais

são as situações em que ele deve seguir essa variante-

-padrão daquelas em que pode usar uma variante mais

popular.

Outros tipos de variação linguística

Além das variações linguísticas relacionadas a tempo

e espaço, existem outros tipos de variação, que podem

ocorrer tanto na língua-padrão quanto nas variedades

não padrão da língua. As principais variações dizem

respeito ao uso da língua em situações de

oralidade/escrita e de formalidade/informalidade.

Variação sociocultural, portanto, é aquela que se

manifesta quando o uso da língua é marcado por

diferenças conforme a classe socioeconômica, o

grau de instrução, a geração ou a situação de

comunicação em que se encontra o falante.

Variação geográfica é aquela marcada por

diferenças regionais: a dimensão do Brasil permite-

nos perceber diferentes sotaques, vocabulários,

estruturas de frase e sentidos das palavras nas

diferentes regiões.

Variação histórica acontece porque a língua vai

recebendo transformações na forma de falar, novas

palavras, novas grafias e novos sentidos para

palavras já existentes.

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*********** ATIVIDADES ***********

1. (UEG-GO)

Folha de S. Paulo, 1.º/5/2007.

É correto afirmar que, na charge,

(A) a linguagem dos políticos é apropriada pelos

traficantes de drogas.

(B) a linguagem dos traficantes de drogas é apropriada

pelos políticos.

(C) o contexto dos políticos é apropriado pelos

traficantes de drogas.

(D) o contexto dos traficantes de drogas é apropriado

pelos políticos.

(E) não há apropriação nem da linguagem nem do

contexto.

2. (ENEM)

Iscute o que tô dizendo,

Seu dotô, seu coroné:

De fome tão padecendo

Meus fio e minha muié.

Sem briga, questão nem guerra,

Meça desta grande terra

Umas tarefa pra eu!

Tenha pena do agregado

Não me dêxe deserdado

Patativa do Assaré. A terra é naturá. In: Cordéis

e outros poemas. Fortaleza: Universidade

Federal do Ceará, 2008 (fragmento).

A partir da análise da linguagem utilizada no poema,

infere-se que o eu lírico revela-se como falante de uma

variedade linguística específica. Esse falante, em seu

grupo social, é identificado como um falante

(A) escolarizado proveniente de uma metrópole.

(B) sertanejo morador de uma área rural.

(C) idoso que habita uma comunidade urbana.

(D) escolarizado que habita uma comunidade do interior

do país.

(E) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do

Sul do país.

3. (ENEM)

Antigamente

Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando

perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois,

ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas

fedorentas. Doença nefasta era a phtísica, feia era o

gálico. Antigamente, os sobrados tinham assombrações,

os meninos, lombrigas (...)

Carlos Drummond de Andrade. Poesia completa e prosa.

Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar, p. 1.184.

O texto acima está escrito em linguagem de uma época

passada. Observe uma outra versão, em linguagem

atual.

Antigamente

Acontecia o indivíduo apanhar um resfriado; ficando

mal, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à

farmácia para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas

fedorentas. Doença nefasta era a tuberculose, feia era a

sífilis. Antigamente, os sobrados tinham assombrações,

os meninos, vermes (...)

Comparando-se esses dois textos, verifica-se que, na

segunda versão, houve mudanças relativas a

(A) vocabulário.

(B) construções sintáticas.

(C) pontuação.

(D) fonética.

(E) regência verbal.

4. (ENEM)

Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa

Excelência para que seja conjurada uma calamidade que

está prestes a desabar em cima da juventude feminina

do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento

entusiasta que está empolgando centenas de moças,

atraindo-as para se transformarem em jogadoras de

futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá

praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o

equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido

à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os

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jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos

de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo

Horizonte também já estão se constituindo outros. E,

neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em

todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes

femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados

da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais,

ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa

aos exibicionismos rudes e extravagantes.

Coluna Pênalti. Carta Capital, 28/4/2010.

O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro,

José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então

presidente da República Getúlio Vargas. As opções

linguísticas de Fuzeira mostram que seu texto foi

elaborado em linguagem

(A) regional, adequada à troca de informações na

situação apresentada.

(B) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do

futebol.

(C) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão

brasileiro comum.

(D) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação

de comunicação.

(E) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu

interlocutor.

5. (UFV-MG)

Vício na fala

Para dizerem milho dizem mio

Para melhor dizem mió

Para pior pió

Para telha dizem teia

Para telhado dizem teiado

E vão fazendo telhados

Oswald de Andrade. Obras completas.

5.ª ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 80.

Ao explorar a emotividade da linguagem, o autor faz

referência às variantes linguísticas de natureza

(A) estilística, pois utiliza a escrita para, de certa forma,

marcar uma nova época literária.

(B) regional, pois há regiões em que essa variedade

linguística descrita no poema é aceita como padrão

oficial.

(C) de registro, já que as variantes são formadas pelo

processo de neologismo, típico em autores

modernistas.

(D) sociocultural, pois revela o conflito social entre as

variantes de uma mesma língua.

(E) temporal, pois marca a variação linguística de

diferentes épocas.

6. (ENEM)

Veja, 7/5/1997.

Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à

mão que aborda a questão das atividades linguísticas e

sua relação com as modalidades oral e escrita da língua.

Esse comentário deixa evidente uma posição crítica

quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando

ser necessário

(A) implementar a fala, tendo em vista maior

desenvoltura, naturalidade e segurança no uso da

língua .

(B) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral

para a obtenção de clareza na comunicação oral e

escrita.

(C) dominar as diferentes variedades do registro oral da

língua portuguesa para escrever com adequação,

eficiência e correção.

(D) empregar vocabulário adequado e usar regras da

norma-padrão da língua em se tratando da

modalidade escrita.

(E) utilizar recursos mais expressivos e menos

desgastados da variedade-padrão da língua para se

expressar com alguma segurança e sucesso.

7. (ENEM)

Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?

Cliente – Estou interessado em financiamento para

compra de veículo.

Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de

crédito. O senhor é nosso cliente?

Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou

funcionário do banco.

Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá

em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de

Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma.

BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua

materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).

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Na representação escrita da conversa telefônica entre a

gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira

de falar da gerente foi alterada de repente devido

(A) à adequação de sua fala à conversa com um amigo,

caracterizada pela informalidade.

(B) à iniciativa do cliente em se apresentar como

funcionário do banco.

(C) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia

(Minas Gerais).

(D) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu

nome completo.

(E) ao seu interesse profissional em financiar o veículo

de Júlio.

8. (ENEM)

As dimensões continentais do Brasil são objeto de

reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema

aparece no seguinte poema:

“[...]

Que importa que uns falem mole descansado

Que os cariocas arranhem os erres na garganta

Que os capixabas e paroaras escancarem

[ as vogais?

Que tem se o quinhentos réis meridional

Vira cinco tostões do Rio pro Norte?

Junto formamos este assombro de misérias e

[ grandezas,

Brasil, nome de vegetal! [...]”

Mário de Andrade. Poesias completas. 6.ª ed.

São Paulo: Martins Editora, 1980.

O texto poético ora reproduzido trata das diferenças

brasileiras no âmbito

(A) étnico e religioso.

(B) linguístico e econômico.

(C) racial e folclórico.

(D) histórico e geográfico.

(E) literário e popular.

9. (ENEM)

Vera, Sílvia e Emília saíram para passear pela

chácara com Irene.

— A senhora tem um jardim deslumbrante, dona

Irene! — comenta Sílvia, maravilhada diante dos

canteiros de rosas e hortênsias.

— Para começar, deixe o “senhora” de lado e

esqueça o “dona” também — diz Irene, sorrindo. — Já é

um custo aguentar a Vera me chamando de “tia” o tempo

todo. Meu nome é Irene.

Todas sorriem. Irene prossegue:

— Agradeço os elogios para o jardim, só que você vai

ter de fazê-los para a Eulália, que é quem cuida das

flores. Eu sou um fracasso na jardinagem.

BAGNO, M. A língua de Eulália: novela

sociolinguística. São Paulo: Contexto,

2003 (adaptado).

Na língua portuguesa, a escolha por “você” ou

“senhor(a)” denota o grau de liberdade ou de respeito

que deve haver entre os interlocutores. No diálogo

apresentado acima, observa-se o emprego dessas

formas. A personagem Sílvia emprega a forma “senhora”

ao se referir à Irene. Na situação apresentada no texto, o

emprego de “senhora” ao se referir à interlocutora ocorre

porque Sílvia

(A) pensa que Irene é a jardineira da casa.

(B) acredita que Irene gosta de todos que a visitam.

(C) observa que Irene e Eulália são pessoas que vivem

em área rural.

(D) deseja expressar por meio de sua fala o fato de sua

família conhecer Irene.

(E) considera que Irene é uma pessoa mais velha, com a

qual não tem intimidade.

10. (ENEM)

A escrita é uma das formas de expressão que as

pessoas utilizam para comunicar algo e tem várias

finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar,

descrever. Assim, o conhecimento acerca das variedades

linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se

necessário para que se use a língua nas mais diversas

situações comunicativas.

Considerando as informações acima, imagine que você

está à procura de um emprego e encontrou duas

empresas que precisam de novos funcionários. Uma

delas exige uma carta de solicitação de emprego. Ao

redigi-la, você

(A) fará uso da linguagem metafórica.

(B) apresentará elementos não verbais.

(C) utilizará o registro informal.

(D) evidenciará a norma-padrão.

(E) fará uso de gírias.

________________________________________________ *Anotações*

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11. (ENEM)

Dick Browne. O melhor de Hagar, o horrível, v. 2. L&PM pocket, p. 55-6 (com adaptações).

Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro

informal, ou coloquial, da linguagem.

(A) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!”

(B) “E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus

chifres cairão!”

(C) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a

atravessar a rua...”

(D) “... e ela me deu um anel mágico que me levou a um

tesouro”

(E) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a

Etiópia, onde um dragão...”

12. (UNICAMP-SP)

O trecho abaixo foi extraído de uma crônica em que mãe

e filho conversam sobre o presente que ele pretendia lhe

dar no Dia das Mães.

[...]

— Posso escolher meu presente do Dia das Mães,

meu fofinho?

— Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai

ver. Compro um barato.

— Barato? Admito que você compre uma

lembrancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É

fazer pouco-caso de mim.

— lh, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não

sabe que barato é o melhor que tem, é um barato!

— Deixe eu escolher, deixe...

— Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado

que a senhora me deu no Natal!

— Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe

lhe deu um blazer furado?

— Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já

era, mãe, já era!

[...]

CarIos Drummond de Andrade. Poesia e prosa.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.

Em que tipo de variação linguística o autor se apoia para

criar as situações humorísticas apresentadas nesse

diálogo? Justifique sua resposta.

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13. (UFMA)

Folha de S. Paulo, 12/4/2003.

Considerando a fala dos interlocutores, pode-se concluir

que

(A) o uso de “excelência” denota desrespeito, pois o

depoente não reconhece no deputado uma

autoridade.

(B) o efeito humorístico é provocado pela passagem

brusca da linguagem formal para a informal.

(C) o uso da linguagem formal e da informal evidencia a

classe social a que pertencem as personagens.

(D) a linguagem empregada no texto serve apenas para

compor as imagens do deputado e do depoente.

(E) o pronome “seu” foi usado pelo depoente como sinal

de respeito para com o parlamentar ilustre.

________________________________________________ *Anotações*

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A interpretação de textos

Introdução

Um dos tópicos mais cobrados nos vestibulares nos

últimos anos é a interpretação de textos, que será o tema

desta seção.

Ler um texto não é difícil quando se domina uma

língua, mas compreendê-Io não é tão simples assim.

Cada leitor, de acordo com a sua história de leitura, ou

seja, de acordo com os textos que já tenha lido, sua

vivência no mundo, sua formação cultural etc., terá uma

forma de encarar um texto e de compreendê-Io.

Vejamos um exemplo:

Não tem jeito mesmo...

“Trinta palavras no máximo; não há espaço para

mais”, disse o chefe da redação ao jornalista. Por

isso, a notícia que apareceu no jornal foi:

Uma mulher escorregou numa casca de banana,

numa faixa de pedestres da Banhofstrasse. Foi

imediatamente transportada para a clínica da

universidade, onde lhe foi diagnosticada uma perna

quebrada.

A primeira reação surgiu imediatamente, numa

carta registrada em que um importador de bananas

escrevia: “Protestamos veementemente contra o

descrédito dado ao nosso produto. Considerando

que, nos últimos meses, vocês publicaram pelo

menos 14 comentários negativos sobre os países

produtores de bananas, não podemos deixar de

inferir uma intenção de difamação deliberada de sua

parte.”

Por sua vez, o diretor da clínica da universidade

também se pronunciou, alegando que a expressão

“foi transportada” poderia significar “o transporte de

seres humanos como se tratasse de carga”, o que

contrariava totalmente os hábitos de seu hospital.

“Além disso”, salientou, “posso provar que a fratura

da perna resultou da queda e não, como foi sugerido

com intenção malévola, do transporte para o

hospital”.

Para finalizar, um membro do Departamento

Municipal de Engenharia Civil telefonou, informando

ao jornal que a causa do tombo não deveria ser

atribuída ao estado da faixa de pedestres. Além

disso, como o Comitê de Defesa das Faixas para

Pedestres estava prestes a concluir seu relatório,

após seis anos de trabalho, perguntava se seria

possível – para evitar possíveis consequências

políticas – não fazer qualquer alusão a tais

passagens nos próximos meses.

A notícia foi revista e, na manhã seguinte,

apareceu com o seguinte texto: Uma mulher caiu na

rua e quebrou a perna.

No dia seguinte, os editores receberam apenas

duas cartas a respeito. Uma, indignada, era da

Associação Não Lucrativa dos Direitos das Mulheres,

cuja porta-voz repudiava “vivamente e em definitivo”

o texto discriminatório uma mulher caiu, o qual

evocava uma associação infeliz com “mulheres

caídas” e constituía uma prova de que “mais uma

vez, neste mundo dominado pelo homem, a imagem

da mulher estava sendo manipulada da maneira mais

pérfida e chauvinista!” A carta ameaçava com um

processo judicial, boicote e outras medidas.

A outra reação veio de um leitor que cancelava

sua assinatura, alegando o número cada vez maior

de notícias triviais e sem interesse.

Seleções do Reader's Digest. Tomo XXXVI, n.° 217.

Junho de 1989, p. 109 e 110 apud I. Koch, Coerência

textual. São Paulo, Contexto, 1997.

Note que, neste caso, o texto foi compreendido de

maneira diferente pelos leitores. Cada um, a partir de sua

visão de mundo e de seu posicionamento neste, chegou

a um sentido diferente para o mesmo texto.

Mas, embora haja, então, a influência do

conhecimento de mundo e do posicionamento dentro

deste na compreensão de um texto, ler com

compreensão também se pode aprender se prestarmos

atenção a alguns pontos, dos quais trataremos nesta

seção. Infelizmente, não é possível esgotar o assunto,

uma vez que mesmo os estudiosos da leitura ainda não

conseguiram determinar todos os tópicos que serão

necessários à aprendizagem da leitura.

O conhecimento de mundo e a leitura

O nosso conhecimento de mundo nos permite

relacionar o assunto de um texto com coisas do mundo,

mas também nos permite perceber se a forma de um

texto é igual à de outro, se um texto retoma um outro, se

uma informação foi corretamente apresentada ou não. À

medida que vamos lendo, vamos aprendendo a nos deter

em determinados trechos ou passar mais rápido por

outros, de acordo com o nosso principal objetivo de

leitura, mas também conforme consigamos construir mais

facilmente ou não o sentido do texto.

Dessa forma, constatamos que o conhecimento de

mundo vai nos ajudar a compreender o texto bem escrito

e até a inferir o significado correto de textos mal escritos.

Assim, se o conhecimento pode ajudar tanto na

compreensão de um texto, o melhor a fazer é procurar

ampliá-Io cada vez mais, lendo muito diferentes tipos de

textos e sobre diferentes assuntos. Além disso, nessas

leituras, é bastante importante prestar atenção ao gênero

de texto e à sua estrutura, aos objetivos do texto e à

linguagem empregada.

O gênero de texto e a sua estrutura

Conhecer, pelo menos um pouco, o gênero de texto

que se está lendo pode ajudar bastante na sua

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compreensão. Afinal, se estamos lendo um editorial de

um jornal e sabemos que este é um gênero de texto em

que se defende a posição do jornal sobre um

determinado tema, constataremos a necessidade de

ficarmos atentos aos pontos de vista e argumentos que

serão apresentados. Mas se estivermos diante de um

trecho de um manual para instalação de videocassete,

teremos outra preocupação; o mesmo ocorrerá se o texto

for um e-mail de um amigo, uma piada, um poema ou um

conto. Note que cada gênero, dada a sua estrutura e o

conjunto de elementos que o compõem, impõe ao leitor

um certo olhar.

A linguagem

Além do gênero de texto, é importante estarmos

atentos também à linguagem empregada em cada texto e

aos efeitos de sentido que ela pode produzir, isto é: em

um bom texto, a escolha das palavras, das construções

sintáticas, do tamanho dos parágrafos etc. costuma

contribuir para expressar o sentido “desejado” pelo autor.

Fica bem visível tal ideia quando comparamos textos

sobre um mesmo assunto publicados por jornais

diferentes. Vejamos dois trechos retirados de notícias

publicadas pela Folha de S. Paulo e pelo O Estado de S.

Paulo a respeito de um atentado ocorrido em Israel e de

seus possíveis autores:

“O grupo islâmico Hamas assumiu o atentado e divulgou

foto e nome do suicida.” (O Estado de S. Paulo)

“O grupo extremista Hamas reivindicou a autoria do

atentado, o pior desde julho.” (Folha de S. Paulo)

Reflita sobre as diferenças de escolha de vocabulário:

“grupo islâmico” X “grupo extremista”; “assumiu o

atentado” X “reivindicou a autoria do atentado”. Estão os

dois jornais falando exatamente a mesma coisa? Parece

que não! Há ainda a informação a mais que cada jornal

trouxe: o jornal O Estado de S. Paulo reforçou a

assunção do atentado pelo grupo ao dizer que ele até

mostrou foto e nome do suicida; enquanto a Folha

qualificou a intensidade do atentado relacionando-o a

anteriores, uma vez que mostrou que este foi “o pior

desde julho”, deixando subentendida a ideia de que antes

houve outros piores.

Na finalização das duas notícias também

encontramos outro ponto de confronto:

“O governo israelense já estuda uma ‘resposta’ aos

terroristas.” (O Estado de S. Paulo)

“O governo israelense, porém, aprovou uma reação

militar.” (Folha de S. Paulo)

Os predicados de ambos os períodos trazem ideias

bem diferentes. Enquanto a Folha afirma a reação militar

por meio do verbo “aprovou”, o jornal O Estado de S.

Paulo diz que o governo israelense estaria pensando

sobre isso, como nos sugere o verbo “estuda”.

Você deve estar se perguntando: se a intenção dos

dois jornais é informar, por que tantas diferenças de

linguagem que levam a diferenças de sentido? Porque

cada jornal é produzido por homens diferentes que têm

visões/conhecimentos de mundo/interesses diferentes

uns dos outros, e isso acaba refletindo na linguagem que

empregam, mesmo quando tentam buscar a neutralidade

e a imparcialidade. Daí a necessidade de estar bem

atento à linguagem para que você perceba não só o

assunto que é tratado em um texto, mas também o modo

como este foi apresentado e consiga, assim, perceber a

intencionalidade que subjaz a cada texto.

Lendo com atenção, veremos que em todos os textos,

quando bem escritos, a linguagem serve – mais do que

para falar de um assunto – para mostrar também como o

autor se relaciona com tal assunto e como imagina atingir

o leitor.

*********** ATIVIDADES ***********

1. (UNICAMP-SP)

Considere a tira a seguir:

Jornal da Tarde, 8/2/2001.

Nessa tira, a crítica ao “estrategista militar” não é

explícita. Para compreender a tira, o leitor deve

reconhecer uma alusão a um fato histórico e uma

hipótese sobre transmissão genética.

a) Qual é o fato histórico ao qual a tira faz alusão?

_______________________________________________

_______________________________________________

b) Qual é a explicação para as qualidades profissionais

do estrategista?

_______________________________________________

_______________________________________________

c) Explicite o raciocínio da personagem que critica o

estrategista.

_______________________________________________

_______________________________________________

2. (UNICAMP-SP)

Uma das últimas edições do jornal Visão de Barão

Geraldo trazia em sua seção “Sorria” esta anedota:

“No meio de uma visita de rotina, o presidente

daquela enorme empresa chega ao setor de produção e

pergunta ao encarregado:

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 133

— Quantos funcionários trabalham neste setor?

Depois de pensar por alguns segundos, o encarregado

responde:

— Mais ou menos a metade!”

a) Explique o que quis perguntar o presidente da

empresa.

_______________________________________________

_______________________________________________

b) Explique o que respondeu o encarregado.

_______________________________________________

_______________________________________________

c) Um dos sentidos de trabalhar é “estar empregado”.

Supondo que o encarregado entendesse a fala do

presidente da empresa nesse sentido e quisesse dar

uma resposta correta, que resposta teria que dar?

_______________________________________________

_______________________________________________

3. (FUVEST-SP)

Eu te amo

Ah, se já perdemos a noção da hora,

Se juntos já jogamos tudo fora,

Me conta agora como hei de partir...

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,

Rompi com o mundo, queimei meus navios,

Me diz pra onde é que inda posso ir...

(...)

Se entornaste a nossa sorte pelo chão,

Se na bagunça do teu coração

Meu sangue errou de veia e se perdeu...

(...)

Como, se nos amamos como dois pagãos,

Teus seios inda estão nas minhas mãos,

Me explica com que cara eu vou sair...

Não, acho que estás só fazendo de conta,

Te dei meus olhos pra tomares conta,

Agora conta como hei de partir...

Tom Jobim e Chico Buarque

O sentimento de perplexidade expresso nas frases “como

hei de partir”, “pra onde é que inda posso ir” e “com que

cara eu vou sair” deve-se ao fato de que a relação

amorosa do sujeito:

(A) foi marcada por sucessivos desencontros, em virtude

da intensidade da paixão.

(B) constituiu uma radical experiência de fusão com o

outro, da qual não vê como sair.

(C) provocou a subordinação emocional da pessoa

amada, de quem ele já não pode se livrar.

(D) ameaça jamais desfazer-se, agravando-se assim

uma interdependência destrutiva.

(E) está-se esgotando, sem que os amantes saibam o

que fazer para reacender a paixão.

Texto para as questões 4 e 5.

— Mandaram ler este livro...

Se o tal do livro for fraquinho, o desprazer pode

significar um precipitado mas decisivo adeus à literatura;

se for estimulante, outros virão sem o peso da obrigação.

As experiências com que o leitor se identifica não são

necessariamente as mais familiares, mas as que

mostram o quanto é vivo um repertório de novas

questões. Uma leitura proveitosa leva à convicção de que

as palavras podem constituir um movimento

profundamente revelador do próximo, do mundo, de nós

mesmos. Tal convicção faz caminhar para uma outra,

mais ampla, que um antigo pensador romano assim

formulou: Nada do que é humano me é alheio.

Cláudio Ferraretti, Inédito.

4. (FUVEST-SP)

De acordo com o texto, a identificação do leitor com o

que lê ocorre sobretudo quando:

(A) ele sabe reconhecer na obra o valor consagrado pela

tradição da crítica literária.

(B) ele já conhece, com alguma intimidade, as

experiências representadas numa obra.

(C) a obra expressa, em fórmulas sintéticas, a sabedoria

dos antigos humanistas.

(D) a obra o introduz num campo de questões cuja

vitalidade ele pode reconhecer.

(E) a obra expressa convicções tão verdadeiras que se

furtam à discussão.

5. (FUVEST-SP)

O sentido da frase “Nada do que é humano me é alheio”

é equivalente ao desta outra construção:

(A) O que não diz respeito ao Homem não deixa de me

interessar.

(B) Tudo o que se refere ao Homem diz respeito a mim.

(C) Como sou humano, não me alheio a nada.

(D) Para ser humano, mantenho interesse por tudo.

(E) A nada me sinto alheio que não seja humano.

6. (UNICAMP-SP)

Marca-passo natural – Uma alternativa menos invasiva

pode substituir o implante do marca-passo eletrônico (...).

Cientistas do Hospital John Hopkins, nos EUA,

conseguiram converter células cardíacas de porquinhos-

-da-índia em células especializadas, que atuam como um

marca-passo, controlando o ritmo dos batimentos

cardíacos. No experimento, o coração dos suínos

recuperou a regularidade dos movimentos. A expectativa

é de que em alguns anos seja possível testar a técnica

em humanos.

lstoÉ, n.º 1720, 18/9/2002.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 134

a) Alguém que nunca tivesse ouvido falar de marca-

-passo poderia dar uma definição desse instrumento

lendo este texto. Qual é essa definição?

_______________________________________________

_______________________________________________

b) A ocorrência da expressão “a técnica”, no final do

texto, indica que ela foi explicada anteriormente. Em

que consiste essa técnica?

_______________________________________________

_______________________________________________

c) Apesar do nome, o porquinho-da-índia é um roedor.

Sendo assim, há uma forma equivocada de referir-se

a ele no texto. Qual é essa forma e como se explica

sua ocorrência?

_______________________________________________

_______________________________________________

7. (UNICAMP-SP)

No folheto intitulado “Saúde da mulher – orientações”,

distribuído em consultórios médicos, encontramos estas

informações acerca de um produto que, aqui,

chamaremos “P”:

“A liberdade da mulher pode ficar comprometida

quando surge em sua vida o risco de uma gravidez

indesejada. Para estas situações, ela pode contar com P,

um método de Contracepção de Emergência, ou pós-ato

sexual, capaz de evitar a gestação com grande margem

de segurança. O ginecologista poderá orientá-Ia sobre o

uso correto desse método. (...) P é um método indolor,

bastante prático e quase sem efeitos colaterais. Deve ser

tomado num período de até 72 horas após o ato sexual

desprotegido, sendo mais efetivo nas primeiras 48 horas.

Age inibindo ou retardando a ovulação e torna o útero um

ambiente impróprio para que o óvulo se implante. Dessa

forma, não pode ser considerado um método abortivo, já

que, quando atua, ainda não houve implantação do óvulo

no útero.”

a) A posição assumida no texto baseia-se em uma

distinção entre (medicamento) contraceptivo e

(medicamento) abortivo. Explique o que vem a ser

aborto para os fabricantes de P.

_______________________________________________

_______________________________________________

b) Com base no trecho transcrito, pode-se dizer que o

folheto toma posição numa polêmica que tem um

aspecto ético-religioso e um aspecto científico. Qual

é a questão ético-religiosa da polêmica? Qual é a

questão científica?

_______________________________________________

_______________________________________________

8. (UNICAMP-SP)

Leia atentamente o folheto (distribuído nos pontos de

ônibus e feiras de Campinas) e as definições de

“simpatia” extraídas do Dicionário Houaiss da Língua

Portuguesa.

CENTRO ESPÍRITA VOVÓ MARIA CONGA

Mãe Maria

Ensina qualquer tipo de simpatia, pois com uma única

consulta, ela desvendará todos os mistérios que lhe

atormenta: casos amorosos, financeiros, prosperidade

em seu trabalho, vícios, doenças, impotência sexual,

problemas de família e perseguições. Desvendará

qualquer que for o problema. Não perca mais tempo,

faça hoje mesmo uma consulta com MÃE MARIA, pelos

BÚZIOS – CARTAS E TAROT.

ORAÇÃO HEI DE VENCER

Traga sempre consigo esta oração.

Bendito seja a luz do dia, Bendito seja quem o guia,

Bendito seja o filho de Deus e de Virgem Maria, assim

como Deus separou a noite do dia, separe minha alma

de má companhia e meu corpo da feitiçaria. Pelo poder

de Deus e da Virgem Maria.

ATENDIMENTO TODOS OS DIAS

DAS 9:00 ÀS 20:00 HS

Fone: (019) 3387-2554

Rua Dr. Lúcio Peixoto, 330 – Chapadão – Campinas-SP

simpatia s.f. 1. afinidade moral, similitude no sentir e no

pensar que aproxima duas ou mais pessoas. [...] – 3.

impressão agradável, disposição favorável que se

experimenta em relação a alguém que pouco se

conhece. [...] – 6. atração por uma coisa ou uma ideia.

[...] – 9. Brasileirismo: usada como interlocutório pessoal

(— Qual o seu nome, simpatia?). – 10. “Brasileirismo”:

ação (observação de algum ritual, uso de um

determinado objeto etc.) praticada supersticiosamente

com finalidade de conseguir algo que se deseja.

a) Dentre as definições do dicionário Houaiss

mencionadas, qual é a mais próxima do sentido da

palavra “simpatia” no texto?

_______________________________________________

_______________________________________________

b) Há no texto duas ocorrências de “desvendar”, sendo

que uma delas não coincide com o uso-padrão desse

termo. Qual é? Por quê?

_______________________________________________

_______________________________________________

c) Independentemente do título, algumas

características da segunda parte do texto são de

uma oração ou prece ou reza. Quais são essas

características?

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 135

Leia o texto abaixo para responder às questões de 9 a

12.

Aprenda a falar difícil

Em minha empresa, parece que o povo, do gerente

para cima, fala outro idioma. Por que as pessoas ficam

inventando expressões estranhas ou usando palavras

estrangeiras, quando é muito mais fácil falar português?

Lélio, São Caetano, SP

Para impressionar, Lélio. As pessoas que complicam

o vocabulário fazem isso com dois propósitos bem claros.

O primeiro é financeiro. “Falar abobrinha” pode ser

sinônimo de “Verbalizar cucurbitáceas”, mas a segunda

turma, via de regra, ganha mais. Você mesmo confirmou

isso, ao dizer: “de gerente para cima”. O segundo motivo

é se proteger. Através dos tempos, cada profissão foi

desenvolvendo sua maneira particular de se expressar.

Economista fala diferente de advogado, que fala diferente

de engenheiro, que fala diferente de psicólogo, e todos

eles falam diferente de nós.

Quanto mais complicado uma pessoa fala, mais fácil

ela poderá depois explicar: “Não foi bem isso que eu

disse”. Na prática, a coisa funciona assim. Se você tiver

uma pergunta —qualquer pergunta — e consultar alguém

de Marketing, ouvirá como resposta que é preciso “fazer

um brainstorming e extrapolar os dados”. Alguém de

Recursos Humanos dirá que, “enquanto seres funcionais,

temos de vivenciar parâmetros holísticos”. Um

engenheiro opinaria que “a coisa se deve a fatores

inerciais de natureza não técnica”. E uma pessoa de

Sistemas diria que a empresa está “num processo de

reformulação de conteúdo”. E assim por diante.

Essa foi uma grande lição que aprendi na vida

corporativa. Quando tinha alguma dúvida, perguntava a

um Diretor. E aprendia uma palavra nova. Aí, ia me

informar com o Seu Anísio da Portaria. Porque ele era o

único capaz de me explicar direitinho a situação. “É, vem

chumbo grosso por aí”.

Portanto, Lélio, e para bem de sua carreira, sugiro que

você comece a aprender esses “idiomas estranhos”.

Falando de maneira simples, e sendo entendido por

todos, você chegará, no máximo, a Supervisor. Adotando

uma verbalização direcional intrínseca, poderá chegar a

Diretor.

GEHRINGER, Max. Sua carreira. Época. São Paulo:

Editora Globo, n.º 411, 3 abr. 2006, p. 67.

________________________________________________

*Anotações*

9. (UFG-GO)

Na pergunta do leitor, há uma concepção de língua

portuguesa que

(A) rejeita as variações de caráter técnico-profissional,

por considerá-Ias desnecessárias.

(B) defende o uso da língua-padrão nas atividades

profissionais, por sugerir mais status.

(C) expressa um preconceito com o falar coloquial, por

relacioná-Io às classes populares.

(D) incorpora o uso de palavras estrangeiras como

necessário à comunicação.

(E) considera as mudanças de estilo uma consequência

inevitável das diferentes personalidades.

10. (UFG-GO)

O conselho para que Lélio “adote uma verbalização

direcional intrínseca” pode ser parafraseado por:

(A) assuma uma linguagem objetiva.

(B) prefira uma retórica rebuscada.

(C) use um jargão adequado.

(D) escolha uma comunicação atraente.

(E) utilize uma fala despojada.

11. (UFG-GO)

Na elaboração da resposta, o consultor Max Gehringer

sugere que

(A) o profissional deve manter em situações discursivas

informais a mesma linguagem própria da área na

qual atua.

(B) diferentes enunciados têm um mesmo significado e

sua expressão independe das características da

profissão.

(C) uma mesma informação pode ser veiculada por

enunciados diferentes, dependendo do papel social

exercido pelo locutor.

(D) os funcionários de uma empresa devem ser prolixos

em todas as situações que envolvam comunicação

com clientes.

(E) um mesmo enunciado pode desencadear diferentes

reações no interlocutor quando proferido em espaço

de trabalho.

12. (UFG-GO)

Resumindo-se os motivos apresentados no texto para

explicar a complicação do vocabulário, “falar difícil”

funciona como

(A) marca de poder aquisitivo e mecanismo de

autopreservação profissional.

(B) maneira de separar funcionários e patrões e tática de

garantia da produtividade.

(C) meio para aumentar lucros e artimanha para impedir

as ideias dos concorrentes.

(D) garantia de competência técnica e recurso para

valorizar os ouvintes.

(E) indicador da competição entre funcionários e

instrumento de aproximação dos clientes.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 136

*MÓDULO 2*

Gêneros textuais – Conceito e organização

Um para cada ocasião

Os gêneros textuais são praticamente infinitos.

Escolhemos qual deles usar conforme o momento, a

situação e a intenção da comunicação.

Você sabia que, ao ler o horóscopo do jornal ou

escrever um scrap (recado) para algum amigo no site de

relacionamentos Orkut, você está exercendo sua

capacidade de compreender e aplicar diferentes formas

de expressão textual? Sem perceber, você transita de um

gênero de texto para outro o tempo inteiro. Usamos a

expressão gênero textual como uma noção

propositalmente vaga para nos referir aos textos

materializados que encontramos em nossa vida diária e

que apresentam características sociocomunicativas

definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e

composição característica.

Observe o texto reproduzido abaixo. Sobre ele, você

diria que se trata de um anúncio, parte de uma

campanha publicitária cujo objetivo é estimular os

estabelecimentos de saúde a notificarem casos de

violência contra crianças, mulheres e idosos. Ele é um

exemplo de que, para nos comunicarmos, utilizamos

determinados gêneros textuais, de acordo com a

intenção comunicativa, o momento e a situação em que

ocorre essa comunicação. Temos, assim, uma forma-

-padrão de estruturação do texto. No dia a dia,

reconhecemos e utilizamos cada um desses padrões e

estruturações, sem pensar em sua existência teórica. O

Enem, e também diversos vestibulares, avalia com

frequência a capacidade do estudante de reconhecer os

gêneros de texto. Dessa forma, vamos listar aqui alguns

gêneros presentes em nosso cotidiano.

O texto publicitário costuma se estruturar em frases curtas e em ordem direta. Também faz uso de elementos não verbais para reforçar sua mensagem – como a imagem utilizada no anúncio ao lado.

SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE/SP

Histórias em quadrinhos: utilizam, geralmente, um

tipo de discurso direto que é apresentado dentro de

balõezinhos. Sua principal característica é o uso da

linguagem verbal (palavras) e da não verbal

(ilustração).

Charge: faz uso de linguagem não verbal (caricatura)

e, na maioria das vezes, também da verbal. Costuma

satirizar algum fato em evidência com uma ou mais

personagens envolvidas.

Classificado: gênero de texto vinculado ao universo

jornalístico, em que indivíduos ou empresas

oferecem um produto ou um serviço. É escrito de

forma breve e concisa, apresentando alguns

elementos básicos do produto ou serviço que

possam interessar ao leitor.

Esses são apenas alguns exemplos de gêneros de

texto. Nos estudos da literatura, temos, por exemplo,

crônicas, contos, prosa etc. Os gêneros textuais

englobam esses e todos os textos produzidos por

usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do

conto, vamos também identificar a carta pessoal, a

conversa telefônica, o e-mail. São muitos os gêneros de

texto que circulam por aí. São as situações que definem

qual utilizar. É importante frisar que o conceito de texto

não se limita à linguagem verbal, ou seja, às palavras. O

texto pode ter várias dimensões, como o texto

cinematográfico, o teatral, o coreográfico (dança e

música) ou o pictórico (pintura). Uma obra de arte ou

uma ilustração, portanto, são formas de expressão

textual, providas de significado.

Alguns exemplos de gêneros textuais que

encontramos no dia a dia: telefonema, sermão, carta

comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem

jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio,

notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de

remédio, lista de compras, cardápio de restaurante,

instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha,

edital de concurso, piada, conversação espontânea,

conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador,

aulas virtuais, e assim por diante.

Conteúdo, estrutura e estilo

Como se organizam os gêneros textuais

Não importa qual o gênero, todo texto pode ser

analisado sob três características:

O conteúdo temático: refere-se aos traços que

marcam a função social do gênero nas situações de

uso. É o que define para que ele serve, quem são

seus destinatários preferenciais, seu tipo de

conteúdo básico.

A construção composicional (ou estrutura): é como o

gênero se estrutura, como é seu acabamento. Na

estrutura, indicam-se como são as bases, os

alicerces que sustentam o gênero em questão.

O estilo: são as marcas Iinguísticas próprias do

gênero. Alguns usos sintáticos, escolhas lexicais

mais comuns no uso do gênero dado.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 137

Ao lado está reproduzida uma página da revista Veja

com resenhas de filmes e livros. Vamos analisar a

resenha de acordo com suas características como

gênero textual:

1. Conteúdo temático:

Constrói-se baseada em outra obra.

Sintetiza informações consideradas relevantes

dentro da obra resenhada.

É uma análise dos principais pontos (ideias ou

acontecimentos) da obra resenhada.

Há um posicionamento crítico diante da obra ou de

um tema relacionado, baseado em critérios como:

composição interna (coerência e consistência de

suas ideias), relevância (ou não) dentro do universo

de referências em que se insere etc.

2. Estrutura:

Apresenta dados da obra resenhada em forma de

ficha técnica.

Não há, normalmente, uma tese definida.

Há informações extraídas da obra resenhada (ou de

outras obras semelhantes) e comentários analíticos

sobre ela, baseados em exemplificação,

contextualização histórica, importância do autor ou

da obra em seu universo de referências etc.

3. Estilo:

Uso preferencial da terceira pessoa.

Uso preferencial de orações em ordem direta.

Uso preferencial de períodos e parágrafos curtos.

Abordar criticamente um texto consiste em opinar

sobre ele, apresentando problemas e qualidades que o

autor da resenha julga importante destacar para o leitor.

Portanto, a abordagem crítica não significa,

necessariamente, um levantamento dos problemas

detectados no objeto do texto. Pode constituir-se também

no destaque de certas qualidades. Em resumo: a

resenha é a apresentação de um texto resultante da

apreciação crítica por parte do autor.

Tipos de texto

Atenção: não confunda gêneros textuais com tipos

de texto. Os gêneros textuais são organizados com

base em vários tipos de texto (descrição, narração,

dissertação, exposição, injunção – que serão

detalhados ao longo do curso). Assim, um tipo

textual pode aparecer em qualquer gênero textual,

da mesma forma que um único gênero pode conter

mais de um tipo textual. Uma carta, por exemplo,

pode ter passagens narrativas e descritivas. Outro

exemplo: um conto de fadas e uma piada são

gêneros textuais diferentes, mas ambos são textos

narrativos.

Fonte: Veja, 20/4/2011, p. 140.

*********** ATIVIDADES ***********

Textos para as questões de 1 a 3.

Entre a vitória e a crise

Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, assumiu prometendo mudanças e herdou o maior déficit fiscal em seis décadas

No início de janeiro de 2009, poucas semanas antes

de assumir o posto de presidente dos Estados Unidos,

Barack Obama, filho de um queniano negro e de uma

norte-americana branca, falou ao comando editorial do

jornal The Washington Post sobre o significado de os

Estados Unidos terem seu primeiro presidente negro: “Há

uma geração inteira que vai crescer achando normal que

o posto mais elevado do planeta seja ocupado por um

afro-americano”, declarou. “É algo radical. Muda como as

crianças negras olham para elas mesmas e muda

também como as crianças brancas olham para as

crianças negras. E eu não subestimaria a força disso.”

A véspera da posse, 20 de janeiro, foi marcada por

eventos do chamado Dia de Martin Luther King (1929-

1968), feriado nacional que homenageia o ativista político

que se tornou um ícone da luta pelos direitos civis de

negros e mulheres. “Amanhã [referindo-se ao dia da

posse], vamos nos unir como uma só pessoa no mesmo

local em que o sonho de Dr. King ainda ecoa”, disse

Obama, numa alusão ao discurso “Eu Tenho um Sonho”,

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 138

sobre o desejo de coexistência harmoniosa entre brancos

e negros, feito por Luther King em Washington, em 1963.

Sonhos à parte, Obama assumiu a Casa Branca como

o presidente em um momento em que o país registra a

maior dívida em sua história recente. Herdou um rombo

orçamentário estimado em 1,2 trilhão de dólares para

2009, o maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A

carranca da crise surge, inevitavelmente, por trás do

clima festivo.

Os sinais de desequilíbrio não param de aparecer.

Pouco antes da posse, a crise projetou-se sobre o

Citigroup e o Bank of America, o maior banco americano,

que pediu ao governo um socorro financeiro de 20

bilhões de dólares. “As dificuldades de Obama são muito

mais profundas e mais globais”, escreveu o colunista

Martin Wolf, em artigo no jornal inglês Financial Times

que teve repercussão entre economistas.

Como primeiro negro a presidir os Estados Unidos, a

posse de Obama é o coroamento de uma jornada

histórica. A dúvida é saber se seu governo marcará uma

nova era, aprumando os EUA para manterem seu status

de potência dominante do século 21, ou se será o

começo do fim de uma supremacia que moldou o planeta

tal como conhecemos hoje.

Carta de leitor

Obama terá grandes desafios pela frente, ainda mais

com a herança que Bush deixou. Chama a atenção dos

americanos ao ser sincero quanto às dificuldades que

seu governo enfrentará. Agora, só nos resta esperar os

impactos da nova hegemonia ou da queda americana.

Lígia Paiva, Araguari, MG.

Veja, 28/1/2009.

1. (AED-SP)

Embora tratem do mesmo tema, a reportagem, a carta de

leitor e a charge acima representam diferentes gêneros

de texto. Com base na leitura dos textos, indique, para

cada gênero representado, uma característica que

permita diferenciá-lo dos demais.

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2. (AED-SP)

Em uma sociedade letrada como a nossa, são

construídos textos diversos que variam de acordo com as

necessidades cotidianas de comunicação. Assim, para

utilizar-se de algum gênero textual, é preciso que

conheçamos seus elementos. Tendo em mente a carta

de leitor apresentada, pode-se afirmar que ela é um

gênero textual que

(A) apresenta sua estrutura por parágrafos, organizados

pela tipologia da ordem da injunção (comando) e

estilo de linguagem com alto grau de formalidade.

(B) se inscreve em uma categoria cujo objetivo é o de

descrever os assuntos e temas que circularam nos

jornais e revistas do país semanalmente.

(C) se organiza por uma estrutura bastante flexível, em

que o locutor encaminha a ampliação dos temas

tratados para o veículo de comunicação.

(D) se organiza em torno de um tema, de um estilo e em

forma de paragrafação, representando, em conjunto,

as ideias e opiniões de locutores que interagem

diretamente com o veículo de comunicação.

(E) se constitui por um estilo caracterizado pelo uso da

variedade não padrão da língua e tema construído

por fatos políticos.

3. (AED-SP)

Observando a charge, é possível afirmar que seu autor

(A) demonstrou conhecimento insuficiente de fatos ou

personagens relevantes na história recente dos

Estados Unidos.

(B) expressou graficamente sua visão sobre o novo

contexto político e econômico norte-americano por

meio do humor e da sátira.

(C) optou por um gênero textual caracterizado pelo

caráter burlesco e pela total carência de conteúdo

crítico.

(D) priorizou a qualidade da ilustração e o aspecto

estético, deixando a criticidade e a abordagem de

temas em evidência em segundo plano.

(E) usou um dos personagens retratados para revelar

sua crença na solidez da atual conjuntura econômica

norte-americana.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 139

Textos para as questões de 4 a 6.

Instruções dos medicamentos devem facilitar a leitura e a compreensão

Em setembro de 2009, a Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que todos os

laboratórios passassem a fornecer bulas de remédio com

letras maiores do que o tamanho atual nas caixas dos

medicamentos. O objetivo da resolução foi facilitar a

leitura pelos pacientes e obrigar as empresas a dar

informações mais claras sobre quantidade,

características, composição e apresentação dos

medicamentos. Segundo as novas orientações, a bula do

paciente deve ser organizada em formato de perguntas e

respostas às principais dúvidas sobre o remédio, como

as indicações e contraindicações. A seguir, um modelo

do novo tipo de bula:

Medicamento Anvisa® .

Paracetamol .

APRESENTAÇÕES

Comprimidos revestidos de:

- 500 mg em embalagem com 20 ou 200 comprimidos

- 750 mg em embalagens de 20 ou 200 comprimidos

USO ORAL

USO ADULTO ACIMA DE 12 ANOS

COMPOSIÇÃO

Medicamento Anvisa® 500 mg

Cada comprimido revestido contém 500 mg de

paracetamol

Excipientes: ácido esteárico, amido pré-gelatinizado,

hipromelose, macrogol e providona

1. PARA QUE ESTE MEDICAMENTO É INDICADO?

Medicamento Anvisa® é indicado para o tratamento de

febre e de dores leves a moderadas, de adultos, tais como

dores associadas a gripes e resfriados comuns, dor de

cabeça, dor de dente, dor nas costas, dores associadas a

artrites e cólicas menstruais.

2. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA?

Medicamento Anvisa® reduz a febre atuando no centro

regulador da temperatura do Sistema Nervoso Central

(SNC) e diminui a sensibilidade para a dor. Seu efeito tem

início 15 a 30 minutos após a administração oral e

permanece por um período de 4 a 6 horas.

Disponível em http://www.portal.anvisa.gov.br

4. (AED-SP)

No exemplo apresentado, o texto caracterizado como

gênero bula de remédio é construído com base em:

(A) fatos e dados narrativos sobre medicamentos.

(B) teses defendidas acerca do uso de medicamentos

pelo produtor da bula.

(C) procedimentos relativos ao uso de medicamentos.

(D) crítica sobre o uso de medicamentos.

(E) relatos de especialistas sobre as reações acerca do

uso de medicamentos.

5. (AED-SP)

Assinale, entre as alternativas a seguir, aquela que não

apresenta características do gênero de texto em questão.

(A) Prescrições ao usuário.

(B) Descrição das características do produto.

(C) Informações sobre a composição do produto.

(D) Indicações e contraindicações do produto.

(E) Narrações e depoimentos sobre o uso do produto.

6. (AED-SP)

Com base nas novas orientações da Anvisa para a

formulação das bulas de remédio, pode-se dizer que:

(A) somente as pessoas que possuem vasto

conhecimento de termos técnicos conseguirão

compreender as informações presentes nesse

gênero de texto.

(B) as dificuldades para ler a bula do remédio receitado

pelo médico podem diminuir sensivelmente.

(C) a bula de remédio sempre foi um gênero de texto

conhecido por ser de fácil leitura e compreensão

para todos os leitores, tanto no âmbito linguístico,

quanto no material e no de conteúdo.

(D) as informações, que antes eram expostas de forma

clara neste gênero de texto, serão fornecidas de

forma mais confusa e menos compreensível.

(E) todas as alternativas anteriores estão corretas.

7. (ENEM)

Diferentemente do texto escrito, que em geral

compele os leitores a lerem numa onda linear – da

esquerda para a direita e de cima para baixo, na página

impressa – hipertextos encorajam os leitores a moverem-

se de um bloco de texto a outro, rapidamente e não

sequencialmente. Considerando que o hipertexto oferece

uma multiplicidade de caminhos a seguir, podendo ainda

o leitor incorporar seus caminhos e suas decisões como

novos caminhos, inserindo informações novas, o leitor-

-navegador passa a ter um papel mais ativo e uma

oportunidade diferente da de um leitor de texto impresso.

Dificilmente dois leitores de hipertextos farão os mesmos

caminhos e tomarão as mesmas decisões.

MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas

interacionais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o

conhecimento por ele produzido, o texto apresentado

deixa claro que o hipertexto muda a noção tradicional de

autoria, porque

(A) é o leitor que constrói a versão final do texto.

(B) o autor detém o controle absoluto do que escreve.

(C) aclara os limites entre o leitor e o autor.

(D) propicia um evento textual-interativo em que apenas

o autor é ativo.

(E) só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe

para o leitor.

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8. (ENEM)

La Vie en Rose

ITURRUSGARAI, A. La Vie en Rose. Folha de S. Paulo, 11 ago. 2007.

Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em

Quadrinhos constituem um gênero textual

(A) em que a imagem pouco contribui para facilitar a

interpretação da mensagem contida no texto, como

pode ser constatado no primeiro quadrinho.

(B) cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara,

que facilita a compreensão, como se percebe na fala

do segundo quadrinho: “</DIV> </SPAN> <BR

CLEAR = ALL> < BR> <BR> <SCRIPT>”.

(C) em que o uso de letras com espessuras diversas

está ligado a sentimentos expressos pelos

personagens, como pode ser percebido no último

quadrinho.

(D) que possui em seu texto escrito características

próximas a uma conversação face a face, como pode

ser percebido no segundo quadrinho.

(E) em que a localização casual dos balões nos

quadrinhos expressa com clareza a sucessão

cronológica da história, como pode ser percebido no

segundo quadrinho.

9. (ENEM)

Em Touro Indomável, que a cinemateca lança nesta

semana nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a

dor maior e a violência verdadeira vêm dos demônios de

La Motta — que fizeram dele tanto um astro no ringue

como um homem fadado à destruição. Dirigida como um

senso vertiginoso do destino de seu personagem, essa

obra-prima de Martin Scorcese é daqueles filmes que

falam à perfeição de seu tema (o boxe) para então

transcendê-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos

seres humanos apenas isso mesmo, humanos e

tremendamente imperfeitos.

Revista Veja, 18 fev. 2009 (adaptado).

Ao escolher este gênero textual, o produtor do texto

objetivou

(A) construir uma apreciação irônica do filme.

(B) evidenciar argumentos contrários ao filme de

Scorcese.

(C) elaborar uma narrativa com descrição de tipos

literários.

(D) apresentar ao leitor um painel da obra e se

posicionar criticamente.

(E) afirmar que o filme transcende o seu objetivo inicial

e, por isso, perde sua qualidade.

10. (ENEM)

Disponível em: http://www.uol.com.br

Observe a charge, que satiriza o comportamento dos

participantes de uma entrevista coletiva por causa do que

fazem, do que falam e do ambiente em que se

encontram.

Considerando-se os elementos da charge, conclui-se que

ela

(A) defende, em teoria, o desmatamento.

(B) valoriza a transparência pública.

(C) destaca a atuação dos ambientalistas.

(D) ironiza o comportamento da imprensa.

(E) critica a ineficácia das políticas.

11. (ENEM)

Disponível em: http://www.heliorubiales.zip.net

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 141

A figura é uma adaptação da bandeira nacional. O uso

dessa imagem no anúncio tem como principal objetivo

(A) mostrar à população que a Mata Atlântica é mais

importante para o país do que a ordem e o

progresso.

(B) criticar a estética da bandeira nacional, que não

reflete com exatidão a essência do país que

representa.

(C) informar à população sobre a alteração que a

bandeira oficial do país sofrerá.

(D) alertar a população para o desmatamento da Mata

Atlântica e fazer um apelo para que as derrubadas

acabem.

(E) incentivar as campanhas ambientalistas e ecológicas

em defesa da Amazônia.

12. (ENEM)

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço

esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o

passo até parar, encostando-se à parede de uma casa.

Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida

da chuva, e descansou na pedra o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se

não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios,

não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco,

sugeriu que devia sofrer de ataque.

TREVISAN, D. Uma vela para Dario. Cemitério de Elefantes.

Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964 (adaptado).

No texto, um acontecimento é narrado em linguagem

literária. Esse mesmo fato, se relatado em versão

jornalística, com características de notícia, seria

identificado em:

(A) Aí, amigão, fui diminuindo o passo e tentei me apoiar

no guarda-chuva... mas não deu. Encostei na parede

e fui escorregando. Foi mal, cara! Perdi os sentidos

ali mesmo. Um povo que passava falou comigo e

tentou me socorrer. E eu, ali, estatelado, sem

conseguir falar nada! Cruzes! Que mal!

(B) O representante comercial Dario Ferreira, 43 anos,

não resistiu e caiu na calçada da Rua da Abolição,

quase esquina com a Padre Vieira, no centro da

cidade, ontem por volta do meio-dia. O homem ainda

tentou apoiar-se no guarda-chuva que trazia, mas

não conseguiu. Aos populares que tentaram socorrê-

lo não conseguiu dar qualquer informação.

(C) Eu logo vi que podia se tratar de um ataque. Eu

vinha logo atrás. O homem, todo aprumado, de

guarda-chuva no braço e cachimbo na boca, dobrou

a esquina e foi diminuindo o passo até se sentar no

chão da calçada. Algumas pessoas que passavam

pararam para ajudar, mas ele nem conseguia falar.

(D) Vítima

Idade: entre 40 e 45 anos

Sexo: masculino

Cor: branca

Ocorrência: Encontrado desacordado na Rua da

Abolição, quase esquina com Padre Vieira.

Ambulância chamada às 12h34min por homem

desconhecido. A caminho.

(E) Pronto socorro? Por favor, tem um homem caído na

calçada da rua da Abolição, quase esquina com a

Padre Vieira. Ele parece desmaiado. Tem um grupo

de pessoas em volta dele. Mas parece que ninguém

aqui pode ajudar. Ele precisa de uma ambulância

rápido. Por favor, venham logo!

13. (ENEM)

S.O.S Português

Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito

diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto

da língua com base em duas perspectivas. Na primeira

delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o

ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de

que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino

restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais,

sem a preocupação com situações de uso. Outra

abordagem permite encarar as diferenças como um

produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e

a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta

disso.

S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano

XXV, n.° 231, abr. 2010 (fragmento adaptado).

O assunto tratado no fragmento é relativo à língua

portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a

professores. Entre as características próprias desse tipo

de texto, identificam-se as marcas linguísticas próprias

do uso

(A) regional, pela presença de léxico de determinada

região do Brasil.

(B) literário, pela conformidade com as normas da

gramática.

(C) técnico, por meio de expressões próprias de textos

científicos.

(D) coloquial, por meio do registro de informalidade.

(E) oral, por meio do uso de expressões típicas da

oralidade.

________________________________________________ *Anotações*

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 142

A criatividade no uso da língua e a formação de palavras

Em nosso cotidiano, ao usarmos a língua, muitas

vezes recorremos à nossa criatividade linguística para

modificar as palavras já conhecidas e criarmos outras

que deem o efeito de sentido que desejamos em

determinada situação de comunicação. Vejamos um

exemplo.

Neste poema “Inventipalavração”, o autor explora os

processos de formação de palavras de um modo bem

peculiar. O próprio título já mostra isso.

Inventipalavração

Que felizdeza!

Que tristidade!

Que gordureza!

Que esbeltura!

O que diria

a mômica

Alice

diante dessa

loucurice?

Inseio-o.

Sua pele era

esverdolenga.

A criassoa era meio

causamedífera.

Mesmo estupefata,

naquele momento,

não o achei asquerento.

Há café?

Askentei.

Nada answerizou.

Há café granizado?

Permaneceu calado.

Quedei-me absurdada.

Chega de conversa.

Você me bouleversa.

Mais tarde, encasimificada,

em processo

de euzificação,

toca a campainha.

Ao porteabrir, depavi-me

com uma cartinhazinha.

Desenvelopizei-a

e startei a gargarrir.

Assim assinada vinha:

coracionalmente,

seu ET de Varginha.

(Donizete Galvão)

Lendo o poema inteiro, vemos que o autor brinca com

os processos de formação o tempo todo: troca felicidade

por felizdeza; gordura, por gordureza; esbelta, por

esbeltura; e assim por diante. Além disso, traz verbos do

inglês askentei, answerizou, startei, conjugando-os como

portugueses. Repare que o autor consegue criar um

efeito de estranhamento pelo vocabulário que utiliza e

esse estranhamento está diretamente relacionado à

estranha história que é contada: uma visita do ET de

Varginha. Ou seja, a forma das palavras e o conteúdo do

poema contribuem para o mesmo objetivo: mostrar algo

estranho, inusitado para o leitor.

Intuitivamente, como falante de português, você já

domina a estrutura e os processos de formação das

palavras, podendo, por isso, também fazer essas

“brincadeiras” com as palavras. Contudo, caso tivesse

que escrever para alguém ou mesmo em uma prova de

vestibular, faltar-Ihe-iam alguns “nomes” que você ainda

desconhece. Veremos esses “nomes” nas duas seções

seguintes.

A estrutura das palavras

Leia o poema concreto a seguir, exemplo de um

movimento literário que visava a trabalhar, na poesia,

sobretudo com o formato das palavras:

Repare que, mesmo mudando as palavras, houve

algo que se manteve: a forma. Compare este poema com

Ocidental:

Em ambos há brincadeiras com palavras, mas apenas

no primeiro mantém-se uma relação de sentido entre as

palavras que vão sendo criadas. Sendo assim, podemos

dizer que a palavra forma apresenta um radical com base

no qual podem-se criar outras palavras e que os

“pedacinhos” que apareceram antes desta palavra,

criando novos vocábulos, são os afixos. No outro poema,

Ocidental, podemos dizer que temos três radicais

diferentes.

A análise da estrutura das palavras revela-nos a

existência de vários elementos mórficos chamados

morfemas. Os elementos que contêm o significado

básico da palavra chamam-se morfemas lexicais, e os

que indicam a flexão das palavras, ou seja, as variações

para indicar gênero, número, pessoa, modo e tempo

recebem o nome de morfemas gramaticais. Em alunos,

por exemplo, alun- é morfema lexical, o é morfema

gramatical de gênero e s é morfema gramatical de

número.

Radical

É a parte da palavra que contém a sua significação

básica, à qual podem se juntar outros morfemas para

criar novas palavras. Por exemplo: livro, livraria e livreiro.

O que você vê em comum entre essas três palavras?

É o radical livr-. As palavras que têm o mesmo radical

são chamadas de cognatas.

Afixos

Elementos que se acrescentam ao radical, alterando-

-lhe o sentido. São os prefixos (in+feliz, re+ver) e os

sufixos (gost+oso, pobr+eza).

forma

reforma

disforma

transforma

conforma

informa

forma

(José Lino Grünewald)

Ocidental

a missa

a miss

o míssil

(José Paulo Paes)

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 143

Desinências

São morfemas que indicam flexões das palavras.

Podem ser:

nominais: elementos (-o, -a e -s) que indicam as

flexões de gênero e número: menino, menina, livros,

canetas;

verbais: elementos que se juntam aos verbos para

indicar o modo e o tempo (desinências modo-

temporais), e o número e a pessoa (desinências

número-pessoais).

Em andávamos, temos:

• -va-: desinência modo-temporal (indica o pretérito

imperfeito do indicativo);

• -mos: desinência número-pessoal (indica a 1.ª

pessoa do plural).

Vogal temática

É aquela que se junta ao radical para permitir que

este receba outros elementos mórficos:

nos verbos: dá-se esse nome às vogais -a (cant-a-r),

-e (vend-e-r), -i (part-i-r), as quais se juntam aos

radicais formando o tema: canta, vende, parti ;

nos nomes: as vogais -a , -e e -o, átonas finais:

mesa, ponte, corpo.

Interfixos

Elementos colocados entre o radical e o sufixo para

facilitar a pronúncia da palavra. São também conhecidos

como vogais e consoantes de ligação:

vogais: gas+ô+metro, camon+i+ano;

consoantes: cafe+t+eira, pau+l+ada.

Processos de formação de palavras

Temos dois processos principais de formação de

palavras em português: a derivação e a composição.

Derivação

É o processo pelo qual formamos uma palavra

derivada através do acréscimo de afixos (prefixo ou

sufixo) ou, ainda, pela supressão de elementos de uma

palavra primitiva ou pela mudança de classe gramatical.

São os seguintes os tipos de derivação:

Prefixal: prefixo + radical (imperfeito, rever).

Sufixal: radical + sufixo (dosagem, mocidade).

Parassintética: acréscimo simultâneo de prefixo e de

sufixo ou terminação verbal (envelhecer, anoitecer,

ajoelhar).

Obs.: Em, por exemplo, desigualdade, não ocorre

parassintetismo, pois o acréscimo dos afixos (prefixo

e sufixo) não é simultâneo. Neste caso, dizemos que

a palavra é derivada prefixal e sufixalmente.

Regressiva: redução da palavra pela retirada de

sufixo. Ocorre normalmente com verbos de ação,

que dão origem a substantivos também indicadores

de ação. Exemplos: pescar > pesca, estudar >

estudo.

Imprópria (conversão): consiste na mudança da

classe gramatical da palavra sem alterar-lhe a forma.

Exemplo: Quais são as novas? (“novas” é

originalmente um adjetivo, mas foi empregado como

substantivo).

Composição

É a formação de uma palavra pela junção de duas (ou

mais) outras: pé-de-meia, pernalta, passatempo. A

composição pode dar-se por:

justaposição: quando duas ou mais palavras se

juntam para formar uma outra, mas sem que haja

perda de fonemas em nenhuma delas: pé-de-meia,

passatempo;

aglutinação: uma das palavras se altera:

aguardente (água + ardente), embora (em + boa +

hora).

Outros processos de formação de palavras

Onomatopeia

É a reprodução aproximada de sons ou ruídos:

pingue-pongue, cacarejar, tilintar.

Abreviação vocabular

Consiste na redução de uma palavra até o limite da

compreensão: foto (fotografia), pneu (pneumático).

Hibridismo

É a formação de palavras com elementos de línguas

diferentes: televisão (grego e latim), Florianópolis

(português e grego).

Siglonimização

Essa palavra dá nome ao processo de formação de

siglas. As siglas são formadas pela combinação das

letras iniciais de uma sequência de palavras que constitui

um nome: UFAC (Universidade Federal do Acre), ENEM

(Exame Nacional do Ensino Médio).

*********** ATIVIDADES ***********

1. (UNICAMP-SP)

A coluna “Marketing” da revista Classe, ano XVII, n.° 94,

30/8 a 30/10, 2002, inclui as seguintes passagens

(parcialmente adaptadas):

“Os jovens de classe média e alta, nascidos a partir de

1980, foram criados sob a pressão de encaixarem

infinitas atividades dentro das 24 horas. E assim

aprenderam a ensanduichar atividades. (...)

Pressionados pelo tempo desde que nasceram,

desenvolveram um filtro e separam aquilo que para eles

é o trigo, do joio; ficam com o trigo, e naturalmente,

deletam joio.” (p. 26)

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 144

a) Explique qual é o sentido da palavra “ensanduichar”

no texto e diga por que ela é especialmente

expressiva ou sugestiva aqui.

_______________________________________________

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b) O texto menciona um ditado corrente, embora não na

ordem usual. Qual é o ditado e o que significa?

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_______________________________________________

c) A palavra “deletar” confere um ar de atualidade ao

texto. Explique por quê.

_______________________________________________

_______________________________________________

2. (UNICAMP-SP)

Millôr Fernandes, considerado um dos maiores

humoristas brasileiros, escreveu o texto “Leite, quéqué

isso?” em sua coluna no Caderno 2, no jornal O Estado

de S. Paulo de 22/8/99. A seguir, está um excerto desse

texto. Leia-o com atenção e responda:

Vocês, que têm mais de 15 anos, se lembram quando

a gente comprava leite em garrafa, na leiteria da

esquina? Lembram mais longe, quando a vaca-leiteira,

que não era vaca coisa nenhuma, era uma caminhonete-

-depósito, vinha vender leite na porta de casa? Lembram

mais longe ainda, quando a gente ia comprar leite no

estábulo e tinha aquele cheiro forte de bicho, de bosta e

de mijo, que a gente achava nojento e só foi achar genial

quando aprendeu que aquilo tudo era ecológico?

Lembram bem mais longe ainda, quando a gente mesmo

criava a vaca e pegava nos peitinhos dela pra tirar o leite

dos filhos dela, com muito jeito pra ela não nos dar uma

cipoada?

Mas vocês não lembram de nada, pô! Vai ver nem

sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando

isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite –

leite em pacote, imagina, Tereza! – na porta dos fundos e

estava escrito que é pausterizado, ou pasteurizado, sei

lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi

enriquecido e o escambau.

a) A palavra “embromatologia” soa como um termo

técnico, mas não é. Diga por que parece e por que

não é.

_______________________________________________

_______________________________________________

b) O texto mostra que a moda pode afetar nossos

gostos. Em que passagem isso aparece?

_______________________________________________

_______________________________________________

c) As informações técnicas que acompanham muitos

produtos não necessariamente esclarecem o

consumidor, mas o impressionam. Transcreva a

passagem do texto em que o autor alude a esse

problema.

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_______________________________________________

3. (FUVEST-SP)

E não há melhor resposta

que o espetáculo da vida:

vê-Ia desfiar seu fio,

que também se chama vida,

ver a fábrica que ela mesma,

teimosamente, se fabrica,

vê-Ia brotar como há pouco

em nova vida explodida;

mesmo quando é assim pequena

a explosão, como a ocorrida;

mesmo quando é uma explosão

como a de há pouco, franzina;

mesmo quando é a explosão

de uma vida severina.

(João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina.)

a) A fim de obter um efeito expressivo, o poeta utiliza,

em “a fábrica” e “se fabrica”, um substantivo e um

verbo que têm o mesmo radical. Cite da estrofe outro

exemplo desse mesmo recurso expressivo.

_______________________________________________

b) A expressividade dos seis últimos versos decorre,

em parte, do jogo de oposições entre palavras. Cite

desse trecho um exemplo em que a oposição entre

as palavras seja de natureza semântica.

_______________________________________________

4. (FUVEST-SP)

A gente via Brejeirinha: primeiro, os cabelos, compridos,

lisos, louro-cobre; e, no meio deles, coisicas diminutas: a

carinha não comprida, o perfilzinho agudo, um narizinho

que-carícia. Aos tantos, não parava, andorinhava,

espiava agora – o xixixi e o empapar-se da paisagem –

as pestanas til-til. Porém, disse-se-dizia ela, pouco se vê,

pelos entrefios: – “TANTO CHOVE, QUE ME GELA.”

(Guimarães Rosa, Partida do audaz navegante, Primeiras Estórias.)

a) Os diminutivos com que o narrador caracteriza a

personagem traduzem também sua atitude em

relação a ela. Identifique essa atitude, explicando-a

brevemente.

_______________________________________________

_______________________________________________

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 145

b) “Andorinhava” é palavra criada por Guimarães Rosa.

Explique o processo de formação dessa palavra.

Indique resumidamente o sentido dessa palavra no

texto.

_______________________________________________

_______________________________________________

_______________________________________________

5. (FUVEST-SP)

Um dos recursos expressivos de Guimarães Rosa

consiste em deslocar palavras da classe gramatical a que

elas pertencem. Destas frases de “Sorôco, sua mãe, sua

filha”, a única em que isso não ocorre é:

(A) “... os mais detrás quase que corriam. Foi o de não

sair mais da memória.”

(B) “... não queria dar-se ao espetáculo, mas

representava de outroras grandezas.”

(C) “... mas depois puxando pela voz ela pegou a

cantar.”

(D) “... sem jurisprudência, de motivo nem lugar,

nenhum, mas pelo antes, pelo depois.”

(E) “... ela batia com a cabeça, nos docementes.”

6. (CESGRANRIO-RJ)

Os vocábulos “aprimorar” e “encerrar” classificam-se,

quanto ao processo de formação de palavras,

respectivamente, em:

(A) parassíntese/prefixação.

(B) parassíntese/parassíntese.

(C) prefixação/parassíntese.

(D) sufixação/prefixação e sufixação.

(E) prefixação e sufixação/prefixação.

7. (FATEC-SP)

Após séculos de melancolia, gastos a olhar obsessiva e

nostalgicamente para seu passado de glórias, os

portugueses parecem estar olhando também para o

futuro. O país se informatiza, se “internetiza”, se sintoniza

com as tendências da vida internacional.

Folha de S. Paulo, 5/10/1995.

Sobre a palavra “internetiza”, é correto afirmar que:

(A) é um neologismo; é uma palavra formada por

derivação sufixal; refere-se à palavra internet.

(B) é formada por derivação prefixaI; refere-se à

internacionalização.

(C) é formada por derivação parassintética; refere-se à

internacionalização.

(D) está entre aspas porque é gíria; refere-se à União

Europeia.

(E) não está no dicionário, portanto, não tem validade

linguística.

Texto para as questões 8 e 9.

Rebento

1 Rebento, substantivo abstrato,

2 O ato, a criação, o seu momento,

3 Como uma estrela nova e seu barato

4 Que só Deus sabe lá, no firmamento.

5 Rebento, tudo que nasce é rebento,

6 Tudo que brota, que vinga, que medra,

7 Rebento raro como flor na pedra,

8 Rebento farto como trigo ao vento.

..............................................................

(Gilberto Gil, apud PASQUALE & ULISSES.

Gramática da língua portuguesa.)

8. (UFAC)

Há no texto uma palavra cujo processo de formação se

dá por derivação regressiva, consistindo esta na

supressão da “parte final de uma palavra primitiva,

obtendo-se por essa redução uma palavra derivada. É

um processo particularmente produtivo para a formação

de substantivos a partir de verbos principalmente da

primeira e da segunda conjugações. Esses substantivos,

chamados por isso deverbais, indicam sempre o nome de

uma ação.”

(PASQUALE & ULISSES, op. cit., pág. 73.)

A partir da explicação acima, é possível afirmar que, na

composição de Gilberto Gil, constitui exemplo de

derivação regressiva:

(A) a palavra rebento (ℓ. 1).

(B) a palavra rebento (ℓ. 5).

(C) a palavra rebento (ℓ. 7).

(D) a palavra rebento (ℓ. 8).

(E) a palavra rebento, em todas as suas ocorrências.

9. (UFAC)

Justifica a resposta ao item anterior o fato de a palavra

rebento:

(A) ser nome abstrato e exprimir ação (ℓ. 1).

(B) ser nome concreto e exprimir ação (ℓ. 5).

(C) ser nome concreto e não exprimir ação (ℓ. 7).

(D) ser nome abstrato e exprimir ação (ℓ. 8).

(E) ser nome abstrato e exprimir ação em todas as suas

ocorrências.

10. (UERJ-RJ)

“Os homens aqui mudam de nome quando têm um filho.

Maxihú é o pai de Maxi. Teró por muito tempo foi

Jaguarhú. Eu seria luicuihí se minha filha se chamasse

luicui? Ou Mairahú se meu filho pudesse chamar-se

Maíra? Será que pode?”

Levando em conta apenas os substantivos próprios

citados no trecho, é possível entender que, na língua dos

mairuns, o novo nome do pai de um filho homem contém:

(A) o nome da criança seguido do morfema -hí.

(B) o nome do filho seguido do morfema -hú.

(C) o nome da mãe seguido do morfema -hí.

(D) o nome do pai seguido do morfema -hú.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 146

Texto para as questões de 11 a 16.

Guarani, a língua proibida

5

10

15

20

25

30

Até meados do século XVIII, falar português não

era o suficiente para se comunicar no Brasil. Na

Colônia, predominava ainda a chamada língua

geral. Baseada originariamente no tupi, ela passou

por modificações ao longo dos contatos entre índios

e europeus, até tornar-se a linguagem

característica da sociedade colonial. A língua geral

era, portanto, falada não apenas pelos índios, mas

também por amplas camadas da população. Em

algumas regiões da Colônia, como em São Paulo e

na Amazônia, ela era utilizada pela maioria dos

habitantes, a ponto de exigir que as autoridades

portuguesas enviadas a esses lugares se valessem

de intérpretes para se comunicar.

Por tudo isso, na segunda metade do século

XVIII, a Coroa portuguesa criou uma série de leis

para transformar os índios em súditos iguais aos

demais colonos. Com as mudanças, pretendia-se

eliminar as diferenças culturais características dos

grupos indígenas, fazendo deles pessoas

“civilizadas”. (...) O principal mentor desta política

foi Sebastião José de Carvalho e Melo, conhecido

mais tarde como Marquês de Pombal. A Coroa

pretendia impor o uso do idioma português entre as

populações nativas da América porque Pombal

entendia que as línguas indígenas reforçavam os

costumes tribais, que ele pretendia extinguir. Na

sua visão, o uso da língua portuguesa ajudaria a

erradicar esses costumes, aumentando a sujeição

das populações indígenas ao Rei e à Coroa.

Elisa F. Garcia. Revista de História da Biblioteca

Nacional, jul. 2005, p. 73-74 (com adaptações).

11. (CESGRANRIO-RJ)

De acordo com o texto, a língua predominante, no Brasil,

na primeira metade do século XVIII, era o(a):

(A) tupi, que os índios falavam entre si.

(B) português, aprendido com os colonizadores.

(C) língua dos intérpretes enviados pela Coroa.

(D) língua de contato, chamada de língua geral.

(E) língua que os colonizadores ensinavam aos índios.

12. (CESGRANRIO-RJ)

A palavra “mentor” (ℓ. 21) pode ser adequadamente

substituída, no texto, por:

(A) advogado.

(B) estudante.

(C) conselheiro.

(D) seguidor.

(E) oponente.

13. (CESGRANRIO-RJ)

De acordo com o texto, a imposição do uso da língua

portuguesa às populações indígenas baseava-se no

entendimento de que:

(A) os índios, ao assimilar o português, deixariam seus

hábitos.

(B) os índios aprenderiam facilmente a língua

portuguesa e os costumes do povo.

(C) os índios não precisavam de seus idiomas nativos

para se comunicar.

(D) as línguas dos índios não tinham os mesmos

recursos que a língua portuguesa.

(E) a língua usada pelos colonizadores era melhor para

a comunicação.

14. (CESGRANRIO-RJ)

Observe as afirmativas abaixo sobre as razões para que

o texto utilize letras maiúsculas para as palavras “Até”

(ℓ. 1), “Brasil” (ℓ. 2) e “Colônia” (ℓ. 3) e indique se são

falsas (F) ou verdadeiras (V).

(**) O uso da letra maiúscula se faz necessário

porque as três palavras são substantivos próprios.

(**) O uso da maiúscula em “Até” deve-se ao fato de a

palavra estar iniciando frase, e o uso em “Brasil”

porque este é um nome próprio.

(**) A palavra “Colônia” é um substantivo comum

personificado e, portanto, deve ser grafado com

maiúscula.

A sequência correta é:

(A) V – F – F (D) F – V – V

(B) V – V – F (E) F – F – V

(C) F – V – F

15. (CESGRANRIO-RJ)

Segundo o texto, as leis criadas pela Coroa portuguesa

tinham como objetivo:

(A) promover a igualdade entre os súditos da Coroa e os

colonos.

(B) fazer com que índios e colonos fossem igualmente

súditos.

(C) reforçar os antigos hábitos culturais dos indígenas

brasileiros.

(D) eliminar as diferenças entre as diversas tribos

indígenas.

(E) evitar que os colonos adquirissem as culturas dos

índios.

16. (CESGRANRIO-RJ)

A palavra que expressa o contrário do significado de

“erradicar” (ℓ. 29) é:

(A) extrair. (D) eliminar.

(B) tirar. (E) desarraigar.

(C) fixar.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 147

*MÓDULO 3*

Literatura brasileira

A literatura brasileira tem sua história dividida em

duas grandes eras, que acompanham a evolução política

e econômica do país: a Era Colonial e a Era Nacional,

separadas por um Período de Transição, que

corresponde à emancipação política do Brasil. As eras

apresentam subdivisões chamadas de escolas literárias

ou estilos de época. Dessa forma, temos:

Era Colonial

(de 1500 a 1808)

Quinhentismo (de 1500 a 1601)

Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768)

Setecentismo ou Arcadismo (de 1768 a 1808)

Período

de Transição

(de 1808 a 1836)

Era Nacional

(de 1836 até

nossos dias)

Romantismo (de 1836 a 1881)

Realismo/Naturalismo (de 1881 a 1893)

Parnasianismo (de 1882 a 1893)

Simbolismo (de 1893 a 1902)

Pré-Modernismo (de 1902 a 1922)

Modernismo (de 1922 a 1945)

Pós-Modernismo (de 1945 até nossos dias)

As datas que indicam o início e o fim de cada época

têm de ser entendidas apenas como marcos. Toda época

apresenta um período de ascensão, um ponto máximo e

um período de decadência (que coincide com o período

de ascensão da próxima época). Dessa forma podemos

perceber, ao final do Arcadismo, um período de Pré-

-Romantismo; ao final do Romantismo, um Pré-Realismo,

e assim por diante. De todos esses momentos de

transição, caracterizados pela quebra das velhas

estruturas (apesar de “o novo sempre pagar tributo ao

velho”), o mais significativo para a literatura brasileira foi

o Pré-Modernismo (entre 1902 e 1922), em que se

destacaram Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro

Lobato e Augusto dos Anjos.

Quinhentismo (1500-1601)

Marco inicial

Carta a El-Rei D. Manuel, de Pero Vaz de Caminha.

Panorama histórico

Este primeiro século da história do Brasil, de 1500 a

1601, ainda não pode ser considerado como uma

verdadeira literatura. Os textos são informações que

viajantes e missionários europeus colheram sobre nossa

terra. Quanto ao estilo, não passa de uma manifestação

da literatura portuguesa no Brasil. Quanto ao aspecto

ideológico, nota-se que os escritores tinham uma visão

aportuguesada da nossa realidade, então, registravam

curiosidades da terra recém-descoberta. Os escritos

apresentam uma visão ufanista dos valores da terra, que

serviam de incentivo à imigração e aos investimentos da

Metrópole na Colônia.

Verifica-se que os textos encontrados variam de

acordo com os interesses da Coroa portuguesa: alguns

são meramente informativos, outros são tipicamente

propagandísticos, e existem aqueles que são de caráter

catequético. Todos eles, porém, têm como assunto

básico a terra do Brasil, sua flora e fauna, seus

habitantes e curiosidades locais e culturais.

Nos períodos literários nacionalistas, Romantismo e

Modernismo, os autores costumavam recuperar os textos

quinhentistas e reaproveitar as informações neles

contidas. Os românticos exaltavam ingenuamente e os

modernistas analisavam criticamente a colonização.

ACERVO DO MUSEU PAULISTA DA USP

A Primeira Missa no Brasil, na concepção do pintor Vítor Meireles (1832-1903).

“E depois de acabada a missa, (...) muitos deles (os índios)

se levantaram e começaram a tocar corno ou buzina,

saltando e dançando por um bom tempo.”

(Carta de Caminha)

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 148

Principais autores e obras

Pero Vaz de Caminha — Carta a El-Rei D. Manuel

Pero Lopes de Sousa — Diário de Navegação

Pero de Magalhães Gândavo — Tratado da Terra do

Brasil; História da Província de Santa Cruz, a que

Vulgarmente Chamamos Brasil

Gabriel Soares de Sousa — Tratado Descritivo do

Brasil

Ambrósio Fernandes Brandão — Diálogos das

Grandezas do Brasil

Padre José de Anchieta — Poesias de José de

Anchieta; Na Festa de São Lourenço; Na Festa de

Natal; Na Visitação de Santa Isabel; Arte de

Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil;

Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e

Sermões

Fique ligado! Pesquise!

Assistir: aos filmes Como era gostoso o meu francês;

1492, a conquista do paraíso; Cristóvão Colombo e

Dança com lobos; compare a visão sobre o índio

apresentada nesses filmes com aquela presente nos

filmes que tratam do trabalho da cavalaria no Oeste

americano.

Pesquisar: sobre as relações da literatura do século

XVI com o movimento Pau-Brasil, de Oswald de

Andrade, e com o Tropicalismo (século XX).

Ouvir: a música Tropicália, de Caetano Veloso, que

se encontra no disco Tropicália ou Panis et circensis

(1968), prestando atenção na parte inicial, falada.

*********** ATIVIDADES ***********

1. (MACKENZIE-SP)

A produção literária do Quinhentismo brasileiro

caracterizou-se pela preocupação com:

(A) a descrição da terra recém-descoberta e a educação

dos nativos e colonos.

(B) a denúncia de desmandos dos governantes

portugueses e a salvação da alma.

(C) a defesa dos indígenas escravizados pelo

colonizador e o elogio da vida bucólica.

(D) a recusa de modelos culturais europeus e a pesquisa

do “caráter nacional”.

(E) o combate a formas poéticas decadentes e a

valorização dos sentimentos.

2. (UEL-PR)

A exuberância da natureza brasileira impressionou

artistas e viajantes europeus nos séculos XVI e XVII. Leia

o texto e observe a imagem a seguir:

[...] A América foi para os viajantes, evangelizadores e

filósofos uma construção imaginária e simbólica. Diante

da absoluta novidade, como explicá-Ia? Como

compreendê-Ia? Como ter acesso ao seu sentido?

Colombo, Vespúcio, Pero Vaz de Caminha, Las Casas,

dispunham de um único instrumento para aproximar-se

do Mundo Novo: os livros. [...] O Novo Mundo já existia,

não como realidade geográfica e cultural, mas como

texto, e os que para aqui vieram ou os que sobre aqui

escreveram não cessam de conferir a exatidão dos

antigos textos e o que aqui se encontra.

CHAUÍ, M. apud FRANZ, T. S. Educação para uma compreensão

crítica da arte. Florianópolis: Letras Contemporâneas

Oficina Editorial, 2003, p. 95.

MUSEUS CASTRO MAIA

DEBRET, J. B. Tribo Guaicuru em busca de novas pastagens, 1834-1839.

Com base no texto e na imagem, é correto afirmar:

I. O olhar do viajante europeu é contaminado pelo

imaginário construído a partir de textos da

Antiguidade e por relatos produzidos no contexto

cultural europeu.

II. Os artistas viajantes produziram imagens

precisas e detalhadas que apresentam com

exatidão a realidade geográfica do Brasil.

III. Nas representações feitas por artistas

estrangeiros coexistem elementos simbólicos e

mitológicos oriundos do imaginário europeu e

elementos advindos da observação da natureza

e das coisas que o artista tinha diante de seus

olhos.

IV. A imagem de Debret registra uma cena cotidiana

e revela a capacidade do artista em documentar

os costumes e a realidade do indígena brasileiro.

Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas

corretas.

(A) I e II. (C) II e IV. (E) II, III e IV.

(B) I e III. (D) I, III e IV.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 149

3. (PROSEL/UEPA-PA, adaptada)

[...] Certa ocasião ouvimos, quase à meia-noite, gritos

de mulher [...] acudimos imediatamente e verificamos que

se tratava apenas de uma mulher em hora do parto. O

pai recebeu a criança nos braços, depois de cortar com

os dentes o cordão umbilical e amarrá-Io. Em seguida,

continuando no seu ofício de parteiro, enxugou com o

polegar o nariz do filho, como é de praxe entre os

selvagens do país. Note-se que nossas parteiras, ao

contrário, apertam o nariz aos recém-nascidos para dar

maior beleza, afilando-o.

Jean de Léry. Viagem à terra do Brasil, 1578. AMADO,

Janaína e GARClAS, Leônidas Franco. Navegar

é preciso – descobrimentos marítimos europeus.

São Paulo: Atual, 1989, p. 46-7.

A descrição do viajante francês no final do século XVI

sobre os habitantes nativos das terras portuguesas na

América nos possibilita identificar no texto:

(A) a absorção das práticas médicas das populações

nativas pelos europeus.

(B) a violência do colonizador em relação às práticas

higienizadoras dos nativos considerados bárbaros.

(C) o choque do europeu em relação às práticas

indígenas, denotando o confronto entre as duas

culturas.

(D) a aceitação do método adotado pelos indígenas, no

parto, considerado superior à prática médica

europeia.

(E) a surpresa das populações nativas diante do espanto

dos europeus em relação às práticas de pajelança.

4. (PSC/UFAM-AM)

Caracterizam a literatura dos viajantes as afirmativas

abaixo, exceto:

(A) Os escritos dos viajantes refletem a visão, os

conceitos e os interesses dos europeus em relação

às terras do além-mar.

(B) Observa-se a necessidade de informar a Coroa

portuguesa sobre as potencialidades econômicas da

nova terra.

(C) O conjunto do registro dos viajantes tem, sobretudo,

valor documental e histórico.

(D) As crônicas dos viajantes surgiram como o

desdobramento de um processo de mudanças

estruturais na Europa.

(E) Havia, por parte dos cronistas, uma preocupação

estética, um apuro literário formal.

5. (UEL-PR)

José de Anchieta, o “Apóstolo do Brasil”, trouxe em

sua bagagem, vindo das Canárias, onde nasceu, mais do

que seu pendor poético. Vinha ele com mais meia dúzia

de bravos com a espantosa missão de converter e

educar os índios, que a seus olhos e dos outros, a

princípio, não reconheciam qualquer cultura.

DELACY, M. Introdução ao teatro. Petrópolis: Vozes, 2003.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a prática

de catequização de José de Anchieta, considere as

afirmativas a seguir:

I. Para catequizar, Anchieta valeu-se de sua

criatividade, usando cocares coloridos, pintura

corporal e outros adereços que os indígenas lhe

mostravam.

II. Com a missão de levar Jesus àqueles “bugres e

incultos”, Anchieta se afastou de suas próprias

crenças convertendo-se à religião daquele povo.

III. Com a finalidade de catequizar, Anchieta

começou a escrever autos, baseados nos autos

medievais, nas obras de Gil Vicente e em

encenações espanholas.

IV. Para implantar a fé como lhe foi ordenado,

Anchieta representava os autos na língua pátria

de Portugal.

Estão corretas apenas as afirmativas:

(A) I e III.

(B) I e IV.

(C) II e IV.

(D) I, II e III.

(E) II, III e IV.

6. (MACKENZIE-SP)

Esta gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece

a Deus; somente aos trovões chama TUPANE, que é

como quem diz “cousa divina”. E assim nós não temos

outro vocábulo mais conveniente para os trazer ao

conhecimento de Deus, que chamar-lhe PAI TUPANE.

(Manuel da Nóbrega)

No texto,

(A) o missionário apresenta as razões de sua

condenação às atitudes profanas entre os gentios,

que busca catequizar.

(B) explicita-se a predominância da função fática, pois o

emissor tematiza a busca da melhor palavra para

designar a divindade.

(C) o emissor nega o sentimento de veneração entre os

gentios, mas se apropria de uma manifestação

linguística deles por reconhecer nela traços de

sacralidade.

(D) o autor revela sua estratégia de missionário: tenta

influenciar a prática religiosa dos nativos pelo

descrédito que passa a atribuir à palavra Tupane.

(E) o religioso informa sobre as práticas dos nativos e

defende a urgência de a metrópole adotar medidas

para a alfabetização dos gentios.

________________________________________________ *Anotações*

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 150

Barroco (1601-1768)

Marco inicial

Publicação do poema Prosopopeia, de Bento Teixeira.

Panorama histórico

O Barroco brasileiro coincide, historicamente, com a

época da colonização e absorve as influências do ideal

do colono português. Em termos sociais, temos como

centros dessa cultura a Bahia e Pernambuco.

Não podemos falar de período barroco sem falar de

uma cultura gerada por essa fase, resultado de uma

tentativa angustiada de conciliar ideias opostas: o

teocentrismo medieval e o antropocentrismo clássico. O

Barroco, de certo modo, já vinha se manifestando no final

do Renascimento, época em que se iniciam os conflitos.

Além do padre Antônio Vieira, prosador português,

devemos citar a poesia do baiano Gregório de Matos.

MUSEUS ESTATAIS DE BERLIM

Amor Victorius, Michelangelo Caravaggio, 1602-03. Óleo sobre tela, 156 x 113 cm.

Características barrocas

Dualismo: trata-se de uma atitude que designa o

culto do contraste tão tipicamente barroco. Assim, o

homem sempre estava entre dois aspectos: o

racionalismo mundano e o espiritual teocêntrico.

Essas posturas antagônicas em geral se relacionam

metaforicamente nos textos: o claro e o escuro; o

belo e o feio; o prazer e o sofrimento; o quente e o

frio.

Fusionismo: na arte barroca, o artista não se limita a

expor os contrários, porém quer fundi-los, conciliá-

los, integrá-los, através de uma linguagem

profundamente metafórica.

Feísmo: trata-se de uma preferência pelos aspectos

cruéis, dolorosos e sangrentos, pelo “belo horrendo”,

pelo espetáculo trágico, deformando as imagens pelo

exagero, a resvalar pelo grotesco.

Pessimismo: vivendo na órbita do medo e da dúvida,

o Barroco manifesta-se por uma visão desencantada

do mundo. A morte é uma constante preocupação,

ao lado da consciência da fugacidade do tempo e da

incerteza e inconstância da vida.

Atitude lúdica: o termo “lúdica” deriva de “ludo”, que

significa “jogo”. Portanto, podemos notar que a arte

barroca nos proporciona um eterno jogo de

contrastes, enredando-nos em verdadeiros labirintos

sintáticos e semânticos que, muitas vezes, levam-

nos a um niilismo temático.

Cultismo: também conhecido como “gongorismo” ou

“culteranismo”, designa um processo construtivo que

excede nas utilizações das figuras de linguagem,

causando um rebuscamento formal, uma excessiva

ornamentação estilística ou um preciosismo.

Normalmente, os textos cultistas são extravagantes,

herméticos e, não raro, de gosto duvidoso.

Conceptismo: trata-se de um processo construtivo

também conhecido como “quevedismo”, por causa

do escritor espanhol Quevedo, e que resulta,

finalmente, numa elaboração racional, numa retórica

aprimorada, através de um jogo de conceitos.

Quando analisamos um raciocínio, devemos

perceber se ele foi estruturado em bases

verdadeiras, um silogismo, ou se em bases falsas ou

metafóricas, um sofisma.

Principais autores e obras

Gregório de Matos (1633-1696) — I. Poesia Sacra; II.

Poesia Lírica; III. Poesia Graciosa; IV e V. Poesia

Satírica; VI. Poesia Última

(Nada publicou em vida; a compilação de sua poesia,

a partir de cópias manuscritas, realizou-se entre

1923 e 1933, pela Academia Brasileira de Letras.)

Padre Antônio Vieira (1608-1697) — 500 Cartas; 200

Sermões; História do Futuro; Esperanças de

Portugal, Quinto Império do Mundo; Clavis

Prophetarum (A Chave das Profecias)

Bento Teixeira (1560-1618) — Prosopopeia

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 151

Fique ligado! Pesquise!

Assistir: ao filme Caravaggio, que trata da vida e da

obra de um dos mais importantes pintores do Pré-

-Barroco.

Pesquisar: sobre a obra de grandes artistas

plásticos barrocos e pré-barrocos, como

Caravaggio, Tintoretto, Giuseppe Arcimboldo,

Georges de la Tour e Antoon Van Dyck; e também

sobre o genial Antônio Francisco Lisboa, o

Aleijadinho, arquiteto, pintor e escultor brasileiro,

que deixou significativas obras no Barroco mineiro.

Ouvir: a música de Vivaldi, a maior celebridade da

música barroca.

Ler: a obra Boca do Inferno, de Ana Miranda

(Editora Companhia das Letras), que trata da vida

do poeta baiano barroco Gregório de Matos e inclui

também o Padre Antônio Vieira.

*********** ATIVIDADES ***********

1. (UFAC)

Observe as afirmativas referentes ao Barroco:

I. A poesia caracteriza-se pelo culto do contraste e

consciência da efemeridade da vida.

II. Percebe-se uma postura antitética entre o

pensamento teocêntrico e o antropocêntrico.

III. Tem em Gregório de Matos seu maior

representante na literatura brasileira.

Assinale a alternativa correta.

(A) Apenas I e II são verdadeiras.

(B) Apenas I e III são verdadeiras.

(C) Apenas II e III são verdadeiras.

(D) Todas são verdadeiras.

(E) Nenhuma é verdadeira.

2. (FGV-RJ)

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas, a alegria.

Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos, a

principal característica do Barroco é:

(A) culto da natureza.

(B) a utilização de rimas alternadas.

(C) a forte presença de antíteses.

(D) culto do amor cortês.

(E) uso de aliterações.

3. (UFPE/UFRPE)

O estilo barroco – que nos séculos XVII e XVIII se

destacou com a arte de Diogo Velázquez, Rubens,

Caravaggio, entre outros – pode ser considerado como:

(A) expressão do respeito aos princípios da arte clássica

greco-romana.

(B) imitação dos pintores renascentistas florentinos.

(C) reflexo das concepções estéticas do Antigo Oriente.

(D) consagração do racionalismo e cartesianismo na

arte.

(E) resultado de uma arte que desafiava os padrões

clássicos.

4. (UEG-GO)

MARISTELA DO VALLE/FOLHA IMAGEM

ALEIJADINHO. Cristo do carregamento da Cruz. Enciclopédia Barsa, 1998.

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,

Da vossa alta clemência me despido;

Porque quanto mais tenho delinquido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Obras poéticas de Gregório de Matos.

Rio de Janeiro: Record: 1990.

Durante o período colonial brasileiro, as principais

manifestações artísticas, populares ou eruditas foram,

assim como nos demais aspectos da vida cotidiana,

marcadas pela influência da religiosidade. Nesse sentido,

com base na análise da presença da religiosidade na

obra de Aleijadinho e Gregório de Matos, é correto

afirmar:

(A) Ambas são modelos da arte barroca, uma vez que se

inspiram mais na temática cristã do que em

elementos oriundos da mitologia greco-romana.

(B) A presença da temática religiosa em ambos deve-se

à influência protestante holandesa na região da

Bahia e de Minas Gerais.

(C) No trecho do poema, tem-se a expressão de um

pecador que, embora creia em Deus, não tem

certeza de que obterá o perdão divino.

(D) A pobreza estética da obra de Aleijadinho e Matos

deriva da censura promovida pela Santa Inquisição

às obras artísticas no Brasil.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 152

5. (UFPA)

Assinale a alternativa correta a respeito de Gregório de

Matos ou do Barroco.

(A) Gregório de Matos é considerado o autor mais

importante do Barroco brasileiro por ter introduzido a

estética no país e ter escrito poemas épicos, de

herança camoniana, em louvor à pátria, traço do

nativismo literário da época.

(B) A crítica reconhece a obra lírica de Gregório de

Matos como superior à satírica, porque, nela, o autor

não trabalha com o jogo de palavras que instaura o

erótico e às vezes até o licencioso.

(C) Tematicamente, a poesia de Gregório de Matos

trabalha a religião, o amor, os costumes e a reflexão

moral, às vezes por meio de um jogo entre erotismo

idealizado X sensualismo desenfreado; temor divino

X desrespeito pelos encarregados dos cultos.

(D) Conceptismo e cultismo são processos técnicos e

expressivos do Barroco que dão simplicidade aos

textos, principal objetivo da estética que repudiava os

torneios na linguagem.

(E) O Barroco se destaca como movimento literário

único, uma vez que somente em sua estética

encontramos o uso de sugestões de luz, cor e som,

bem como o uso de metáforas, hipérboles,

perífrases, antíteses e paradoxos.

6. (UFV-MG)

Leia atentamente o fragmento do sermão do padre

Antônio Vieira:

A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é

que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este,

mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos

comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os

pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os

pequenos comeram os grandes, bastara um grande para

muitos pequenos; mas como os grandes comem os

pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um

só grande [...]. Os homens, com suas más e perversas

cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns

aos outros. Tão alheia causa é não só da razão, mas da

mesma natureza, que, sendo criados no mesmo

elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos

finalmente irmãos, vivais de vos comer.

VIEIRA, Antônio. Obras completas do padre Antônio Vieira:

sermões. Vol. III. Prefaciados e revistos pelo Pe. Gonçalo

Alves. Porto: Lello & Irmão, 1993, p. 264-5.

O texto de Vieira contém algumas características do

Barroco. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela

em que não se confirmam essas tendências estéticas:

(A) A utilização da alegoria, da comparação, como

recursos oratórios, visando à persuasão do ouvinte.

(B) A tentativa de convencer o homem do século XVII,

imbuído de práticas e sentimentos comuns ao

semipaganismo renascentista, a retomar o caminho

do espiritualismo medieval, privilegiando os valores

cristãos.

(C) A presença do discurso dramático, recorrendo ao

princípio horaciano de “ensinar deleitando” –

tendência didática e moralizante, comum à

Contrarreforma.

(D) O tratamento do tema principal – a denúncia à cobiça

humana – através do conceptismo, ou jogo de ideias.

(E) O culto do contraste, sugerindo a oposição bem X

mal, em linguagem simples, concisa, direta e

expressiva da intenção barroca de resgatar os

valores greco-Iatinos.

7. (UFSCar-SP)

O pregar há de ser como quem semeia, e não como

quem ladrilha ou azuleja. Ordenado, mas como as

estrelas. [...] Todas as estrelas estão por sua ordem; mas

é ordem que faz influência, não é ordem que faça lavor.

Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os

pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se

de uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar

negro; se de uma parte está dia, da outra há-de estar

noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer

sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de

dizer subiu. Basta que não havemos de ver num sermão

duas palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em

fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o

estilo da disposição, e também o das palavras.

Vieira, Sermão da Sexagésima.

No texto, Vieira critica um certo estilo de fazer sermão,

que era comum na arte de pregar dos padres

dominicanos da época. O uso da palavra xadrez tem o

objetivo de

(A) defender a ordenação das ideias em um sermão.

(B) fazer alusão metafórica a um certo tipo de tecido.

(C) comparar o sermão de certos pregadores a uma

verdadeira prisão.

(D) mostrar que o xadrez se assemelha ao semear.

(E) criticar a preocupação com a simetria do sermão.

________________________________________________ *Anotações*

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Arcadismo (1768-1808)

Marco inicial

Publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da

Costa.

ARQUIVO/UFMG

Vários poetas árcades participaram do movimento contra o governo português conhecido por Conjuração Mineira, mas somente Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, pagou com a vida a ousadia de querer lutar pela nossa independência. Na ilustração, uma representação impressionante do suplício de Tiradentes, obra do pintor Pedro Américo (1843-1905).

Panorama histórico

O Arcadismo ou Neoclassicismo corresponde ao

período de superação dos conflitos religiosos da época

barroca. No século XVIII, a fé e a religião perdem

importância, e a Razão e a Ciência passam a explicar o

homem e o mundo.

O Arcadismo coincide com o Século das Luzes,

marcado pelo Iluminismo (Rousseau, Montesquieu,

Voltaire); pelo Empirismo Científico (Newton, Lavoisier,

Lineu, Locke); pelo Enciclopedismo (Diderot, D’Alembert)

e, no âmbito político, pelo Despotismo Esclarecido.

Representa, historicamente, o último período de

dominação da aristocracia e as primeiras investidas da

burguesia emergente na Revolução Comercial. A partir

da Revolução Francesa (1789), a burguesia assume a

condição de classe dominante.

Em Portugal, corresponde à época do Marquês de

Pombal (1750-1777), que operou profundas

transformações administrativas e educacionais, como a

expulsão dos jesuítas, o fim da submissão à Santa

Inquisição, a laicização do ensino, a reforma universitária

e a divulgação das ideias científicas.

No Brasil, corresponde ao apogeu da mineração do

ouro em Minas Gerais e à transferência do centro

econômico e cultural da Colônia do Norte (Pernambuco e

Bahia) para o Centro-Sudeste (Minas Gerais e Rio de

Janeiro). Corresponde, também, à fase das primeiras

rebeliões contra o estatuto colonial, como a Inconfidência

Mineira, a Revolução dos Alfaiates, etc. Daí o nativismo,

que passa a ser reivindicatório, e não mais apenas

descritivo e pitoresco, como ocorrera no Quinhentismo e

no Barroco.

A vida literária ganha novo alento com o surgimento

de um público leitor. Estabiliza-se, dessa forma, a relação

autor-obra-leitor, vale dizer, surgem escritores brasileiros,

que escrevem sobre o Brasil, para leitores brasileiros.

Características árcades

Volta aos modelos clássicos: revalorização dos

princípios poéticos greco-romanos e renascentistas.

Daí a denominação Neoclassicismo.

Arte como imitação dos grandes autores: o poeta

imita, não a natureza, como propugnava Aristóteles

na Antiguidade, mas os autores antigos ou

renascentistas (Horácio, Ovídio, Virgílio, Petrarca,

Camões). O poeta arcádico não visa à originalidade,

mas à perfeição na imitação do modelo.

Bucolismo e pastoralismo: os árcades tematizam a

natureza, vista sempre como cenário ameno e

aprazível. A natureza é convencional e serve de

cenário para a vida serena dos pastores e suas

musas, ou de testemunha impassível dos lamentos e

desenganos do poeta.

Temas clássicos: o carpe diem (= aproveita o dia),

quando o pastor, tendo em vista que o tempo passa

e tudo degenera, convida a pastora a viver e gozar o

momento presente; o aurea mediocritas (= mediania

de ouro), ideal de vida pacata e sem excessos ou

extremos; o fugere urbem (= fugir da civilização), que

consiste na exaltação da vida simples, e o locus

amoenus (= lugar ameno), que significa buscar a

felicidade na natureza. Os poetas árcades adotavam

como lema o inutilia truncat (= cortar o inútil),

exprimindo a oposição aos exageros ornamentais do

Barroco.

Fingimento e afetação: os poetas árcades adotavam

pseudônimos pastoris e se referiam a suas amadas

como musas. Sempre estavam envolvidos em cenas

poéticas e musicais que exaltavam a vida campestre.

Não existe, porém, a subjetividade melancólica que

ainda vai assolar o homem romântico; os

sentimentos são “fingidos”, usados como motivos

estéticos, e não espontâneos.

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Principais autores e obras

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789; pseudônimo:

Glauceste Satúrnio) — Obras Poéticas; Vila Rica

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810; pseudônimos:

Dirceu e Critilo) — Marília de Dirceu; Cartas Chilenas

Basílio da Gama (1741-1795; pseudônimo: Termindo

Sipílio) — O Uraguai

Frei Santa Rita Durão (1722-1784) — Caramuru

Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805;

pseudônimo: Elmano Sadino) — Idílios Marítimos;

Rimas; A Pena de Talião

Pré-Romantismo (1808-1836)

Denomina-se Pré-Romantismo a fase de transição

entre a Era Colonial e a Era Nacional (1808-1836). Essa

fase foi marcada, no plano histórico, pela transmigração

da Família Real Portuguesa e pelos desdobramentos de

sua presença no Brasil (Abertura dos Portos, Imprensa

Régia, primeiros cursos superiores de Medicina e Direito,

etc.). No plano literário, destacam-se: o jornalismo

político (Evaristo da Veiga, Hipólito da Costa e Januário

Barbosa da Cunha); a oratória sacra (Frei Francisco de

Monte Alverne) e a poesia didática e moralizante (Padre

Sousa Caldas e Américo Elísio, pseudônimo de José

Bonifácio de Andrada e Silva).

Fique ligado! Pesquise!

Assistir: aos filmes Danton – O processo da

Revolução (1982), de Andrzej Wajda; Ligações

perigosas (1988), de Stephen Frears; Casanova e a

Revolução (1982), de Ettore Scola; Amadeus

(1984), de Milos Forman — todos relacionados com

o contexto político e cultural europeu da época.

Veja também A Missão (1986), de Roland Joffé,

cujo tema também foi tratado pelo poeta árcade

brasileiro Basílio da Gama, em seu poema épico

O Uraguai.

Pesquisar: sobre as ideias e as obras dos filósofos

iluministas Voltaire, Montesquieu, Rousseau,

Diderot e D’Alembert. Procure saber também sobre

a Enciclopédia, escrita por eles, e sobre o

Despotismo Esclarecido.

Ouvir: os compositores de destaque da época,

como Johann Sebastian Bach e Wolfgang Amadeus

Mozart.

Comparar: os princípios que regem a Constituição

brasileira e as ideias políticas dos iluministas do

século XVIII.

Conhecer: a pintura da época, especialmente a do

pintor francês Antoine Watteau.

*********** ATIVIDADES ***********

1. (UFAC)

O Arcadismo brasileiro surgiu por volta de 1700, tingindo

as artes de uma nova tonalidade burguesa, só não se

pode afirmar que:

(A) Tem suas fontes nos antigos grandes autores gregos

e latinos, dos quais imita os motivos e formas.

(B) Apresentou uma corrente de conotação ideológica,

envolvida com as questões sociais do seu tempo,

com a crítica aos abusos de poder da Coroa

portuguesa.

(C) Legou a nós os poemas de feição épica Caramuru,

de Frei José de Santa Rita Durão, e O Uraguai, de

Basílio da Gama, no qual se reconhece qualidade

literária destacada em relação ao primeiro.

(D) Teve em Cláudio Manuel da Costa o representante

que, de forma original, recusou a motivação bucólica

e os modelos camonianos da lírica amorosa.

(E) Em termos dos valores estéticos básicos, norteou a

produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que

celebrizou Tomás Antonio Gonzaga e que destaca a

originalidade de estilo e de tratamento local dos

temas pelo autor.

Texto para as questões 2 e 3.

01 Torno a ver-vos, ó montes; o destino

02 Aqui me torna a pôr nestes outeiros,

03 Onde um tempo os gabões deixei grosseiros

04 Pelo traje da Corte, rico e fino.

05 Aqui estou entre Almendro, entre Corino,

06 Os meus fiéis, meus doces companheiros,

07 Vendo correr os míseros vaqueiros

08 Atrás de seu cansado desatino.

09 Se o bem desta choupana pode tanto,

10 Que chega a ter mais preço, e mais valia

11 Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,

12 Aqui descanse a louca fantasia,

13 E o que até agora se tornava em pranto

14 Se converta em afetos de alegria.

Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho.

A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro:

Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.

2. (ENEM)

Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os

elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale

a opção correta acerca da relação entre o poema e o

momento histórico de sua produção.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 155

(A) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira

estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou

seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico

e fino”.

(B) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como

núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada

pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo

urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da

Colônia.

(C) O bucolismo presente nas imagens do poema é

elemento estético do Arcadismo que evidencia a

preocupação do poeta árcade em realizar uma

representação literária realista da vida nacional.

(D) A relação de vantagem da “choupana” sobre a

“Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária

que reproduz a condição histórica paradoxalmente

vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.

(E) A realidade de atraso social, político e econômico do

Brasil Colônia está representada esteticamente no

poema pela referência, na última estrofe, à

transformação do pranto em alegria.

3. (ENEM)

Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de

Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao

seu interlocutor.

(A) “Torno a ver-vos, ó montes; o destino” (v. 1).

(B) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino” (v. 5).

(C) “Os meus fiéis, meus doces companheiros” (v. 6).

(D) “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v. 7).

(E) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto” (v. 11).

4. (FATEC-SP)

Sobre o Arcadismo brasileiro só não se pode afirmar que:

(A) tem suas fontes nos antigos autores gregos e latinos,

dos quais imita os motivos e as formas.

(B) teve em Cláudio Manuel da Costa o representante

que, de forma original, recusou a motivação bucólica

e os modelos camonianos da lírica amorosa.

(C) nos legou os poemas de feição épica Caramuru (de

Frei José de Santa Rita Durão) e O Uraguai (de

Basílio da Gama), no qual se reconhece qualidade

literária destacada em relação ao primeiro.

(D) norteou, em termos dos valores estéticos básicos, a

produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que

celebrizou Tomás Antônio Gonzaga e que destaca a

originalidade de estilo e de tratamento local dos

temas pelo autor.

(E) apresentou uma corrente de conotação ideológica,

envolvida com as questões sociais do seu tempo,

com a crítica aos abusos do poder da Coroa

portuguesa.

Leia o texto abaixo, de autoria de Cláudio Manuel da

Costa, para responder às questões 5 e 6:

Este é o rio, a montanha é esta,

Estes os troncos, estes os rochedos;

São estes inda os mesmos arvoredos;

Esta é a mesma rústica floresta.

Tudo cheio de horror se manifesta,

Rio, montanha, troncos e penedos;

Que de amor nos suavíssimos enredos

Foi cena alegre, e urna é já funesta.

Oh quão lembrado estou de haver subido

Aquele monte, e as vezes que, baixando,

Deixei do pranto o vale umedecido!

Tudo me está a memória retratando;

Que da mesma saudade o infame ruído

Vem as mortas espécies despertando.

5. (PSC/UFAM-AM)

Assinale a opção que se refere ao texto de modo correto:

(A) Observa-se o elogio do pastoralismo, com a

consequente crítica aos males que o meio urbano

traz ao homem.

(B) A natureza é cenário tranquilo, retratada sem levar

em conta o estado de espírito de quem a descreve.

(C) A antítese “Foi cena alegre, e urna é já funesta”

resume o poema, indicando a passagem do tempo e

a lembrança do amor perdido.

(D) Exemplo típico do Arcadismo, constata-se o

predomínio da razão sobre a emoção, o que revela a

influência da lógica iluminista.

(E) Recomenda que se aproveite o dia (carpe diem),

embora fazendo referência à constância da vida e à

previsibilidade do destino.

6. (PSC/UFAM-AM)

Ainda a respeito do poema, assinale a opção incorreta:

(A) A métrica regular e a estrutura – um soneto – indicam

a proximidade do Romantismo.

(B) Apresenta construções em ordem indireta, mas sem

o radicalismo da escrita barroca.

(C) Percebe-se uma identificação entre o poeta e a

natureza que o rodeia.

(D) A organização em dois quartetos e dois tercetos é de

natureza greco-Iatina.

(E) Há uma contenção do poeta no uso de figuras de

linguagem, como a metáfora “e urna é já funesta”.

7. (UESPI-PI)

Assinale a alternativa correta acerca do Arcadismo

brasileiro e de seus autores.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 156

(A) Foi um movimento literário posterior ao Romantismo,

que teve repercussão em todo o Brasil,

especialmente em Minas e São Paulo.

(B) A obra lírica mais divulgada foi Marília de Dirceu,

longo poema de Tomás Antônio Gonzaga. Nele, o

poeta se transforma em Dirceu, pastor que se

enamora da pastora Marília, tendo como cenário um

ambiente bucólico.

(C) Cláudio Manuel da Costa, também árcade, escreveu

Cartas Chilenas, uma crítica à colonização

portuguesa.

(D) Silva Alvarenga é o autor de O Uraguai, único poema

épico do Arcadismo.

(E) Entre as características árcades estão: a volta aos

padrões greco-Iatinos, a visão idílica da natureza, o

uso exacerbado da linguagem figurada, das

contradições e dos contrastes.

8. (SEE-AC)

Assinale E nas erradas e C nas corretas:

01. (**) A literatura brasileira da fase colonial é

autônoma em relação à Metrópole.

02. (**) Toda a literatura colonial é basicamente

advinda dos membros da Companhia de

Jesus, sem nenhuma contribuição dos

colonos.

03. (**) A Carta de Pero Vaz de Caminha é

considerada como nossa “certidão de

nascimento”.

04. (**) A literatura dos cronistas é basicamente

informativa, geográfica e curiosa das coisas

locais.

05. (**) Autores românticos e modernistas valeram-se

de sugestões temáticas e formais das crônicas

de viagem.

06. (**) A literatura dos viajantes é ocorrência

exclusivamente brasileira, não tendo nenhum

similar em nenhuma outra parte do mundo.

07. (**) A poesia de Anchieta está presa aos modelos

renascentistas e reflete, em seus sonetos,

uma transparente influência de Camões.

08. (**) A literatura de informação ressalta a

importância do trabalho com o estilo, com a

forma.

09. (**) A atitude de Caminha em frente à terra recém-

-descoberta é de decepção e de repulsa pelo

índio.

10. (**) A produção informativa do Quinhentismo tem

maior valor histórico-documental que literário.

11. (**) A exaltação das virtudes da terra prestava-se,

também, ao incentivo à imigração e aos

investimentos da Europa na Colônia.

9. (SEE-AC)

Coloque o nome do estilo a que se referem as definições

seguintes (Barroco ou Arcadismo):

a) Procurou-se o campo, a sua pureza, para uma

motivação estética contra certa conturbação anterior

nas letras. (________________)

b) Os pastores seriam o modelo, procurando-se, acima

de tudo, simplicidade. (________________)

c) A arte é complexa, cheia de contrastes e hesitações.

(________________)

d) É um tempo místico, religioso, com o homem

tentando obter uma resposta para os seus problemas

nos valores espirituais. (________________)

e) A finalidade é depurar a língua, voltando ao “cattivo

gusto”. (________________)

f) “Inutilia truncat” é o lema, a expressão de vanguarda

para os seus princípios estéticos. (________________)

g) O estilo é contornado, rebuscado, com uma série de

raciocínios, ficando o homem em certo dilema.

(________________)

h) O Iluminismo é um dos princípios básicos, isso na

França, numa época em que o Enciclopedismo é

uma nota marcante. (________________)

i) A arte é o reflexo de todo o luxo que caracteriza a

escultura e a pintura das igrejas. (________________)

j) Nos poemas, a ordem da frase passa a ser mais

direta, embora ainda se procure certa perfeição

formal. (________________)

10. (UFPE)

Ao longo da história da literatura, ocorrem vários estilos.

O Barroco, por exemplo, é o nome de um estilo que

predominou no século XVII. Podemos dizer que estilo

literário:

(A) é a síntese das características do principal escritor

de uma época.

(B) são os procedimentos artísticos e as concepções de

mundo predominantes nas obras de uma certa

época.

(C) é o conjunto dos estilos individuais de todos os

autores de uma certa época.

(D) é a expressão exata do modo de pensar de todos os

escritores de uma certa época.

(E) n.d.a.

________________________________________________

*Anotações*

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 157

*MÓDULO 4*

Tipologia textual

Conforme vimos no Módulo 2, os diferentes textos

podem ser divididos em alguns tipos básicos que, no dia

a dia, se materializam em inúmeros gêneros textuais.

Vamos, agora, concentrar nossa análise em três tipos de

texto muito comuns em nosso cotidiano: a narração, a

descrição e a dissertação. Para explorar cada um deles,

você precisa conhecer bem suas diferenças.

Narrar, descrever, dissertar

A narração é marcada pela temporalidade; a

descrição, pela espacialização; e a dissertação, pela

racionalidade.

O redator que narra trabalha com fatos; o que

descreve, com características; e o que disserta, com

juízos.

O narrador conta fatos que ocorrem no tempo,

recordando, imaginando ou vendo. O descritor

caracteriza entes localizados no espaço. Para isso, basta

sentir, perceber e, principalmente, ver. O dissertador

expõe juízos estruturados racionalmente.

A trama narrativa apreende a ocorrência na sua

dinâmica temporal. O processo descritivo suspende o

tempo e capta o ente na sua espacialização atemporal. A

estrutura dissertativa articula ideias, relaciona juízos,

monta raciocínios e engendra teses.

O texto narrativo é caracterizado pelos verbos

nocionais (ações, fenômenos e movimentos); o

descritivo, pelos verbos relacionais (estados, qualidades

e condições) ou pela ausência de verbos; o dissertativo,

indiferentemente, pelos verbos nocionais e/ou

relacionais.

Narra-se o que tem história, o que é factual, o que

acontece no tempo; afinal, o narrador só conta o que viu

acontecer, o que lhe contaram como tendo acontecido ou

aquilo que ele próprio criou para acontecer.

Descreve-se o que tem sensorialidade e,

principalmente, perceptibilidade; afinal, o descritor é um

perceptor, ou melhor, um discriminador de sensações.

Assim, descreve-se o que se vê ou imagina ver, o que se

ouve ou imagina ouvir, o que se pega ou imagina pegar,

o que se prova gustativamente ou imagina provar, o que

se cheira ou imagina cheirar. Em outras palavras,

descreve-se o que tem linhas, forma, volume, cor,

tamanho, espessura, consistência, cheiro, gosto, etc.

Sentimentos e sensações também podem ser

caracterizados pela descrição (exemplos: paixão

abrasadora, raiva surda).

Disserta-se sobre o que pode ser discutido; o

dissertador trabalha com ideias, para montar juízos e

raciocínios.

Narrar

A narração constitui uma sequência temporal de

ações desencadeadas por personagens envoltas numa

trama que culmina num clímax e que, geralmente,

esclarece-se no desfecho.

Ouvimos passos no corredor; era D. Fortunata.

Capitu compôs-se depressa, tão depressa que, quando

a mãe apontou à porta, ela abanava a cabeça e ria.

Nenhum laivo amarelo, nenhuma contração de

acanhamento, um riso espontâneo e claro, que ela

explicou por estas palavras alegres:

— Mamãe, olhe como este senhor cabeleireiro me

penteou; pediu-me para acabar o penteado, e fez isto.

Veja que tranças!

— Que tem? acudiu a mãe, transbordando de

benevolência. Está muito bem, ninguém dirá que é de

pessoa que não sabe pentear.

— O quê, mamãe? Isto? redarguiu Capitu

desfazendo as tranças. Ora, mamãe!

E com um enfadamento gracioso e voluntário que às

vezes tinha, pegou o pente e alisou os cabelos para

renovar o penteado. D. Fortunata chamou-lhe tonta, e

disse-me que não fizesse caso, não era nada,

maluquices da filha. Olhava com ternura para mim e

para ela. Depois, parece-me que desconfiou. Vendo-me

calado, enfiado, cosido à parede, achou talvez que

houvera entre nós algo mais que penteado, e sorriu por

dissimulação...

(Machado de Assis)

Descrever

A descrição procura apresentar, com palavras, a

imagem de seres animados ou inanimados — em seus

traços mais peculiares e marcantes —, captados através

dos cinco sentidos. A caracterização desses entes

obedece a uma delimitação espacial.

O quarto respirava todo um ar triste de desmazelo e

boemia. Fazia má impressão estar ali: o vômito de

Amâncio secava-se no chão, azedando o ambiente; a

louça, que servia ao último jantar, ainda coberta pela

gordura coalhada, aparecia dentro de uma lata

abominável, cheia de contusões e roída de ferrugem.

Uma banquinha, encostada à parede, dizia com seu frio

aspecto desarranjado que alguém estivera aí a trabalhar

durante a noite, até que se extinguira a vela, cujas

últimas gotas de estearina se derramavam

melancolicamente pelas bordas de um frasco vazio de

xarope Larose, que lhe fizera as vezes de castiçal.

(Aluísio Azevedo)

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 158

Dissertar

A dissertação consiste na exposição lógica de ideias

discutidas com criticidade através de argumentos bem-

-fundamentados.

Homens e livros

Monteiro Lobato dizia que um país se faz com

homens e livros. O Brasil tem homens e livros. O

problema é o preço. A vida humana está valendo muito

pouco, já as cifras cobradas por livros exorbitam.

A notícia de que uma mãe vendeu o seu filho à

enfermeira por R$ 200,00, em duas prestações, mostra

como anda baixa a cotação da vida humana neste país.

Se esse é o valor que uma mãe atribui a seu próprio

filho, o que dizer quando não existem vínculos de

parentesco. De uma fútil briga de trânsito aos interesses

da indústria do tráfico, no Brasil, hoje, mata-se por nada.

A falta de instrução, impedindo a maioria dos

brasileiros de conhecer o conceito de cidadania, está

entre as causas das brutais taxas de violência

registradas no país.

Os livros são, como é óbvio, a principal fonte de

instrução já inventada pelo homem. E, para aprender

com os livros, são necessárias apenas duas condições:

saber lê-los e poder adquiri-los. Pelo menos 23% dos

brasileiros já encontram um obstáculo intransponível na

primeira condição. Um número incalculável, mas

certamente bastante alto, esbarra na segunda. [...]

O principal fator para explicar o alto preço das

edições nacionais são as pequenas tiragens. Num país

onde pouco se lê, de nada adianta fazer grandes

tiragens. Perde-se, assim, a possibilidade de reduzir o

custo do produto por meio dos ganhos de produção de

escala.

Numa aparente contradição à famosa lei da oferta e

da procura, o livro no Brasil é caro porque o brasileiro

não lê. Vencer esse suposto paradoxo, alfabetizando a

população e incentivando-a a ler cada vez mais, poderia

resultar num salutar processo de queda do preço do livro

e valorização da vida.

Um país se faz com homens e livros. Mas é preciso

que os homens valham mais, muito mais, do que os

livros.

Folha de S. Paulo, 1996 (com adaptações).

________________________________________________ *Anotações*

*********** ATIVIDADES ***********

Nos exercícios de 1 a 3, reconheça o tipo textual

predominante e justifique sua resposta.

1. (SEE-AC)

O relógio era uma enorme cebola de ouro, suíço, pedras

preciosas nos ponteiros, o tampo em filigranas, uma joia,

uma antiguidade, uma relíquia, uma preciosidade.

(Ribeiro Lester)

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2. (SEE-AC)

Tinha seis ou sete anos, nunca se lembrou bem. Foi até

o criado-mudo, a pedido do pai, apanhar o relógio.

Relógio do avô... No ato de pegar, deixou-o cair. Relógio

quebrado. Surra. Uma surra violentíssima, inesquecível.

(Ribeiro Lester)

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3. (SEE-AC)

O homem ocidental civilizado vive num mundo que gira

de acordo com os símbolos mecânicos e matemáticos

das horas marcadas pelo relógio. É ele que vai

determinar seus movimentos e dificultar suas ações. O

relógio transformou o tempo, transformando-o de um

processo natural em uma mercadoria que pode ser

comprada, vendida e medida como um sabonete ou um

punhado de passas de uvas. E, pelo simples fato de que,

se não houvesse um meio para marcar as horas com

exatidão, o capitalismo industrial nunca poderia ter se

desenvolvido, nem teria continuado a explorar os

trabalhadores, o relógio representa um elemento de

ditadura mecânica na vida do homem moderno, mais

poderoso do que qualquer outro explorador isolado, do

que qualquer outra máquina.

(George Woodcock)

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 159

Texto para as questões de 4 a 6.

Filosofia dos epitáfios

Saí, afastando-me do grupo, e fingindo ler os

epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a

gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto

egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um

farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem,

talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus

mortos na vala comum; parece-lhes que a podridão

anônima os alcança a eles mesmos.

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.

4. (FUVEST-SP)

Do ponto de vista da composição, é correto afirmar que o

capítulo Filosofia dos epitáfios:

(A) é predominantemente dissertativo, servindo os dados

do enredo e do ambiente como fundo para a

digressão.

(B) é predominantemente descritivo, com a suspensão

do curso da história dando lugar à construção do

cenário.

(C) equilibra em harmonia narração e descrição, à

medida que faz avançar a história e cria o cenário de

sua ambientação.

(D) é predominantemente narrativo, visto que o narrador

evoca os acontecimentos que marcaram sua saída.

(E) equilibra narração e dissertação, com o uso do

discurso indireto para registrar as impressões que o

ambiente provoca no narrador.

5. (FUVEST-SP)

“Saí, afastando-me do grupo, e fingindo ler os epitáfios.”

Dando nova redação a essa frase, sem alterar as

relações sintáticas e semânticas nela presentes, obtém-

-se:

(A) Quando me afastei do grupo, fingi ler os epitáfios e

então saí.

(B) Enquanto me afastava do grupo e fingia ler os

epitáfios, fui saindo.

(C) Fingi ler os epitáfios, afastei-me do grupo e saí.

(D) Ao afastar-me do grupo, fingi ler os epitáfios, antes

de sair.

(E) Ao sair, fingia ler os epitáfios e afastei-me do grupo.

6. (FUVEST-SP)

O processo de transposição de uma palavra de uma

classe gramatical para outra é conhecido pelo nome de

derivação imprópria. É correto afirmar que, no texto, esse

processo ocorre no emprego do vocábulo:

(A) epitáfios. (C) inconsolável. (E) podridão.

(B) tristeza. (D) mortos.

7. (UFMG)

E memória de morto, como se sabe, é coisa sagrada,

não é para estar na boca pouco limpa de cachaceiros,

jogadores e contrabandistas de maconha. Quando um

homem morre, ele se reintegra em sua respeitabilidade a

mais autêntica, mesmo tendo cometido loucuras em sua

vida. A morte apaga, com sua mão de ausência, as

manchas do passado e a memória do morto fulge como

um diamante. Essa, a tese da família, aplaudida por

vizinhos e amigos.

(Jorge Amado)

Quanto ao modo de composição, o trecho acima, de uma

obra de ficção, representa uma:

(A) descrição com função de alongar a narração.

(B) descrição da ação de uma personagem.

(C) narrativa secundária com o valor de exemplo.

(D) dissertação definidora de um fato social por meio de

argumentos controversos.

(E) dissertação representativa de um conceito emanado

de personagem.

8. (UFPB)

Da casa-grande até a cachoeira se alçava um renque

de cajueiros revelhos tão conchegados uns aos outros

que formavam — mal comparando — uma baita lagarta

verde de pés cinza. (José Américo)

Quanto ao modo de composição, o texto apresenta-se

sob a forma de:

(A) narração.

(B) narração e dissertação.

(C) descrição.

(D) descrição e narração.

(E) dissertação e descrição.

9. (UFRJ)

Está a verdade naquilo que sucede todos os dias, nos

quotidianos acontecimentos, na mesquinhez e chatice da

vida, na imensa maioria dos homens ou reside a verdade

no sonho que nos é dado sonhar para fugir de nossa

triste condição? Como se elevou o homem em sua

caminhada pelo mundo: através do dia a dia de miséria e

futricas ou pelo livre sonho, sem fronteiras nem

limitações? [...] Onde está a verdade, respondam-me por

favor, na pequena realidade de cada um ou no imenso

sonho humano? Quem a conduz pelo mundo afora,

iluminando o caminho do homem?

AMADO, Jorge. Os velhos marinheiros: duas histórias

do cais da Bahia. São Paulo: Martins, 1972, p. 295.

Quanto ao modo de composição, o texto é:

(A) descritivo.

(B) narrativo.

(C) dissertativo.

(D) narrativo e descritivo.

(E) narrativo, dissertativo e descritivo.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 160

Texto para as questões 10 e 11.

Maria-sem-tempo

Era pequena, magra, escura. Tinha a extrema

humildade dos que vivem longos anos sob o céu

destruidor, sem pensar ao menos em resistir à sorte, com

a passividade inerte da folha que o vento rola pelos

caminhos. Era assim mirrada e seca e sombria, como se

tivesse perdido a seiva ao ardor dos estios, como se

guardasse das noites sem estrelas o negrume cada vez

mais intenso. Era louca, porque só tinha uma ideia, e a

criatura humana pode não ter ideias, mas não pode ter

só uma. A sua era o angustioso desassossego das

maternidades malogradas. Perdera um filho e o

procurava. Andava pelos caminhos para buscá-lo e só

levantava a voz para chamá-lo ansiosamente,

carinhosamente: “Luciano! Meu filho!...” e escutava longo

tempo por trás das cercas, nos aceiros dos matos, à

entrada dos terreiros das fazendas, nos desertos e nos

povoados, onde quer que a levasse a sua dolorosa

esperança. Aquela figura miserável, toda feita num gesto

indagador, a mão abrigando os olhos, à espreita, ou

levantando o xale que lhe cobria a cabeça de cabelos

hirtos, para ouvir melhor a resposta ideal, aquela

encarnação de uma aspiração sempre iludida, enturvava

o esplendor do mais radioso meio-dia.

GAMA, Domício da. Histórias curtas. p. 121.

10. (UFAC)

Maria-sem-tempo descreve:

(A) uma pobre louca em incessante busca de um filho,

que ela perdera.

(B) o desespero de uma pobre mulher motivado pelo

abandono do filho.

(C) a grandeza do ser humano diante dos reveses da

vida.

(D) o infortúnio de uma pobre mãe à procura de um filho,

que ela perdera em trágico acidente.

(E) a luta de uma mãe desesperada à procura

incansável de um filho que abandonara o lar.

11. (UFAC)

Relativamente ao modo de organização do texto,

podemos afirmar que se trata de uma:

(A) simples descrição.

(B) simples narração.

(C) descrição, mas há passagens de cunho

acentuadamente narrativo.

(D) descrição, mas há passagens de cunho

acentuadamente dissertativo.

(E) narração, mas há frases de cunho acentuadamente

dissertativo.

Estrutura da dissertação

Dissertar é expor ideias a respeito de um determinado

assunto. É discutir essas ideias, analisá-las e apresentar

provas que convençam o leitor da validade do ponto de

vista de quem as defende.

A dissertação, por isso, pressupõe:

exame crítico do assunto sobre o qual se vai

escrever;

raciocínio lógico;

clareza, coerência e objetividade na exposição.

Não pense que dissertar é uma prática destinada

apenas a suprir as exigências dos vestibulares e outros

concursos, ou, ainda, que só grandes escritores ou

políticos é que discutem e defendem seus pontos de

vista porque dominam a oratória. Você também, no seu

dia a dia, dispõe dos recursos que a língua oferece.

Dissertar é um exercício cotidiano, e você o utiliza toda

vez que discute com alguém, tentando fazer valer sua

opinião sobre qualquer assunto, por exemplo, futebol.

Isso porque o ato de pensar é uma prática permanente

da nossa condição de seres sociais, cujas ideias são

debatidas e veiculadas por meio da comunicação

linguística.

Portanto, dissertar é analisar de maneira crítica

situações diversas, questionando a realidade e nossas

posições diante dela.

A dissertação, comumente, apresenta três partes:

Introdução (tese) — É a apresentação do assunto a

ser discutido no desenvolvimento. Pode ser

elaborada com uma afirmação, uma definição, uma

citação ou uma interrogação, combinadas ou não

entre si.

Desenvolvimento (argumentação) — É a elaboração

argumentativa da tese, uma análise crítica. Deve

apresentar exemplificações, justificativas,

explicações, juízos. Pode-se proceder a um

confronto entre os pontos positivos e negativos do

assunto (se houver), às relações de causa e

consequência, às comparações de natureza histórica

ou geográfica, à passagem do geral para o particular

(e vice-versa), etc.

Conclusão (ponto de chegada da discussão) — É o

parágrafo final em que se podem levantar

perspectivas sobre o problema discutido (possíveis

soluções). A conclusão pode, ainda, ser uma síntese

da argumentação ou uma retomada da tese,

reafirmando-se o posicionamento nela proposto.

A seguir, há um exemplo de texto dissertativo. Com

base no que foi exposto sobre essa modalidade

redacional, observe com atenção como o autor defende

seu ponto de vista sobre o tema abordado.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 161

*********** ATIVIDADES ***********

A capacidade de analisar, de modo claro e coerente,

questões relacionadas à realidade é muito valorizada nos

processos de seleção para as universidades brasileiras.

A produção de texto é um dos principais meios de avaliar

essa capacidade nos candidatos inscritos nos exames

vestibulares. A maioria das tarefas propostas solicita a

redação de um texto de caráter dissertativo, que alie

exposição e argumentação. A seguir, reproduzimos uma

dissertação escrita em resposta a um tema do vestibular

da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

(EDM-SP) Texto para as questões de 1 a 12.

Por trás das paredes

Do encontro à união. Talvez duas famílias amigas em

busca de convivência amigável, talvez pessoas em

perigo na luta contra um inimigo comum... Ou, quem

sabe, nada disso! Por que não uma “trombada” casual

entre um homem e uma mulher andando em sentido

contrário? A trombada explicaria melhor toda a dinâmica

do que é atualmente uma cópia diminuída (mas nem por

isso menos complexa) do planeta como um todo.

A cidade, vista em toda a sua diversidade, mostra

constantemente os choques entre grupos diferentes

quanto a pontos de vista, filosofias, ideais, trabalho, ou

mesmo quanto à marca de uma camiseta que não pode

ser de todos. Desde suas formas mais primitivas, quando

os primeiros seres humanos resolveram ou, por acaso,

passaram a conviver em um mesmo local, a inconstância

de um comportamento padrão nos núcleos urbanos

tornou-se marca registrada e pouquíssimas vezes

violada. Inconscientemente muitas pessoas se chocam.

Sempre foi assim e certamente continuará sendo não

pelo fato de os semelhantes se repelirem (como chamar

de semelhantes seres tão complexos e singulares como

os homens?), mas sim pela incompreensível lei antifísica

que trata da repulsão não generalizada entre os

diferentes.

Com o passar dos anos, o caráter ainda rural das

pioneiras cidades foi sendo modificado pela dinâmica de

seus moradores e, consequentemente, de seus

interesses. De simples agrupamentos humanos em

busca de segurança a gigantescos espaços geográficos

em constante ebulição, o crescimento nem sempre foi

contínuo. A ruralização feudal freou todo o esplendor e

magnitude das lendárias cidades da Antiguidade

Clássica, símbolos do poder de seus imperadores e

instrumentos de dominação da imensa maioria

marginalizada. Com o renascimento comercial, a

urbanização reapareceu com toda a sua força e, a partir

de então, passando pela Revolução Industrial, as cidades

não pararam mais de crescer. O resultado não concluído

de tal processo pode ser visto hoje através das

megacidades espalhadas ao redor do mundo, mas, como

tudo o que é humano, existe também o oposto. Vilarejos,

distritos e pequenos municípios ainda conservam o ar

feudal há muito vivido.

Mas a questão é: qual a magia das cidades, que

reúnem pessoas tão diferentes em espaços também tão

distintos, em busca de objetivos variados através de

instrumentos também incomuns? A resposta talvez seja a

incompatibilidade entre o espírito humano e a dinâmica

alucinada da cidade. Não apenas da grande metrópole

abarrotada de gente, mas também do pequeno

município, cuja dinâmica se adéqua às pessoas que nele

vivem.

O campo limita a sobrevivência ao plantio ou ao

cuidado de animais. Não oferece mais opções. Já a

cidade vive graças ao novo, abre espaço àquilo que é

diferente, estimula os desvios de padrão. Como não

observar a abertura dos shoppings, tipicamente elitistas,

às camadas mais populares? Como não notar o cinturão

de favelas envolvendo o núcleo rico dos grandes centros,

ou mesmo as casas mais pobres em contraste com as

mansões das pequenas cidades? O núcleo urbano se

adéqua à essência humana na medida em que oferece

perspectivas de progresso aos mais ricos e de ascensão

aos marginalizados. A diversidade encanta, a

multiplicidade estimula o sonho mesmo daqueles que

não têm onde dormir. É o sonhar acordado na busca do

melhor.

Inegavelmente, a cidade também oferece mais

recursos relativos à educação, saúde, lazer e cultura,

embora tais recursos obedeçam à lógica irracional de

desigualdades que governa o mundo. A cidade é o

microcosmo do planeta. Todas as relações observadas

entre países ricos e países pobres são também vistas

nela, em escala reduzida. São essas reações que

explicam a atual situação de violência e medo, mas

também de crescimento, progresso e união.

Cidade é fruto de união entre o que não combina,

resultando numa harmonia toda especial e desajeitada,

ora tímida, ora agressiva, muitas vezes aconchegante e

tantas outras repulsiva. A cidade não é um lugar, mas

sim um conjunto de pessoas que têm, cada uma, uma

visão toda particular e única desse modo de vida. São

essas pessoas, nas suas relações diárias, que

movimentam as engrenagens deste complexo e o fazem

andar.

Enquanto existir vida humana e diversidade de

pensamento, a cidade e seus mecanismos estarão de pé.

Isso porque cidade não é concreto, nem tijolo, nem água

encanada. Cidade é, pura e simplesmente, o que se

chama vida.

S. E SILVA, Murilo di PauIa. Vestibular Unicamp: redações 2004.

Campinas: Editora da Unicamp, 2004, p. 68-73.

NOTA: Não foram feitas alterações ou correções no texto original da dissertação reproduzida acima.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 162

1. Qual é o tema abordado no texto?

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2. O 1.º parágrafo apresenta uma série de exemplos

hipotéticos. Que função eles cumprem na introdução

do tema? Explique.

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3. Nos 2.º e 3.º parágrafos, o autor do texto faz uma

retomada histórica referente ao tema do texto.

Identifique as passagens em que isso ocorre.

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4. De que modo essa retomada contribui para o

desenvolvimento da análise?

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Releia.

Mas a questão é: qual a magia das cidades, que

reúnem pessoas tão diferentes em espaços também tão

distintos, em busca de objetivos variados através de

instrumentos também incomuns? A resposta talvez seja a

incompatibilidade entre o espírito humano e a dinâmica

alucinada da cidade. Não apenas da grande metrópole

abarrotada de gente, mas também do pequeno

município, cuja dinâmica se adéqua às pessoas que nele

vivem.

5. O autor do texto faz uso, no início do parágrafo

acima, de recurso argumentativo bastante utilizado.

Identifique-o.

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6. Que função esse recurso desempenha no

encaminhamento da análise? Explique.

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7. Algumas palavras foram destacadas no trecho

acima. Que função morfológica elas desempenham

em relação aos seus referentes?

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8. A seleção desses termos garantiu a manutenção de

um mesmo campo semântico. Qual é ele?

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9. Por que isso é importante em termos

argumentativos?

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_______________________________________________

Essa dissertação foi escrita em resposta à seguinte

proposta do vestibular da Unicamp:

Trabalhe sua dissertação a partir do seguinte recorte

temático:

A cidade é o lugar da vida, espaço físico no qual

acontecem encontros, negociações, tensões, num

dinamismo permanente de criação e transformação.

Instruções:

• discuta a cidade como um espaço múltiplo;

• argumente em favor de uma visão dinâmica dessa

multiplicidade;

• explore os argumentos para mostrar que a cidade é

um espaço que se configura a partir de relações

diversas.

10. O autor do texto desenvolveu a proposta

apresentada? Justifique.

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11. De que modo o texto foi organizado para cumprir as

tarefas definidas nas instruções dadas pela

Unicamp?

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12. Podemos identificar, na conclusão do texto (7.º

parágrafo), uma retomada, agora mais generalizante,

da perspectiva analítica anunciada no 1.º parágrafo.

Explique como isso ocorre.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 163

13. (EDM-SP)

Você já leu vários textos e estudou a estrutura-padrão do

texto dissertativo, por isso poderá completar as partes

que faltam nos textos a seguir. Complete-os, escrevendo:

no Texto 1, a introdução; no Texto 2, o desenvolvimento;

no Texto 3, a conclusão.

Texto 1

O melhor amigo do homem moderno

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O aparelho celular é o passaporte da vida moderna e,

em breve, vai reunir tudo o que você precisa na vida

digital. Hoje já é um item indispensável. Em todo o

mundo, há 1,5 bilhão de usuários, número três vezes

maior que o de proprietários de computadores. Só no

Brasil são 32 milhões de usuários ativos. A grande

expectativa para os próximos dois anos é a 3G, a

próxima geração de celulares. Essa tecnologia vai

possibilitar o acesso simultâneo e em tempo real a

serviços e aplicativos de voz, dados, áudio e imagem

com qualidade de cinema. Vai permitir também que o

usuário do celular se conecte a serviços de mensagem

instantânea, como ICQ e Messenger, e até organize uma

videoconferência.

Aparelhos celulares com diversas funções já estão se

tornando lugar-comum.

Superinteressante, São Paulo, mar. 2005.

Edição especial: O Livro do Futuro.

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*rascunho*

Texto 2

Um novo Brasil

O Brasil hoje não é europeu, africano, asiático,

indígena. Nós somos a mistura exata de tudo isso,

completamente diferente das nossas origens, únicos. E,

apesar disso, estamos indiscutivelmente atrelados aos

princípios da nossa matriz.

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Temos certeza de que há um futuro promissor à

nossa frente. Resta à sociedade cobrar dos governantes

o que prometeram em suas campanhas e extirpar a

corrupção, o analfabetismo, a pobreza e o desemprego

de nossa terra. Só assim teremos um Brasil respeitado

com um lugar garantido no Primeiro Mundo.

Trecho de redação de vestibular. Disponível em:

http://epocaglobo.com/semanal/redacao2/2000_pg2.htm

Page 40: Português 2011

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 164

Texto 3 A Amazônia

A Floresta Amazônica é a grande responsável por boa

parte da riqueza natural do país. Com 5,5 milhões de

quilômetros quadrados, possui nada menos que um terço

de todas as espécies vivas do planeta. No Rio Amazonas

e em seus mais de 1.000 afluentes, estima-se que haja

quinze vezes mais peixes que em todo o continente

europeu. Apenas 1 hectare da floresta pode trazer até

300 tipos de árvore. A floresta temperada dos Estados

Unidos possui 13% do número de espécies de árvores da

Amazônia. A Floresta Amazônica é considerada a grande

“caixa-preta” da biodiversidade mundial. Há estimativas

que indicam existir mais de 10 milhões de espécies vivas

em toda a floresta, mas o número real é incalculável.

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Veja, São Paulo, dez. 2002. Edição especial: Ecologia.

________________________________________________ *rascunho*

*Anotações*

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