português 2011
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 125
*MÓDULO 1*
Noções de variação linguística
Introdução
Em boa parte dos vestibulares atualmente, há ênfase
em verificar se o candidato conhece os diferentes usos
possíveis de nossa língua. Discutiremos este assunto
partindo da leitura do texto abaixo.
No texto acima, notamos que os dois ladrões
conhecem tanto as diferentes formas de falar o português
como as implicações que cada forma traz. Eles sabem
que certas formas são mais valorizadas que outras, por
isso alteram o modo de falar na presença do guarda.
Há diferentes formas de usar a língua portuguesa, por
isso não podemos dizer que ela é homogênea. Assim, o
importante para o falante será perceber em que contexto
ele deve usar cada uma de suas variantes. Em uma
entrevista de emprego, por exemplo, espera-se que o
falante opte por uma variante diferente daquela que ele
usa para bater papo com seus amigos.
A concepção moderna de língua, segundo Celso
Cunha em sua Nova gramática do português
contemporâneo, coloca-a “como instrumento de
comunicação social, maleável e diversificado em todos
os seus aspectos, meio de expressão de indivíduos que
vivem em sociedades também diversificadas social,
cultural e geograficamente”. Essa diversificação na
sociedade faz com que surja na língua a variação
linguística, ou seja, pode-se perceber que a situação
(formal ou informal), o grupo social a que o falante
pertence, a região e a época em que vive caracterizam o
modo de um brasileiro expressar-se em português.
De maneira bastante simplificada, podemos
considerar a existência de três tipos gerais de variação,
conforme mostra o quadro:
TIPO
ASPECTO AO QUAL
SE RELACIONA
Variação sociocultural
idade, sexo, escolaridade,
condições econômicas do
falante e grupo social do qual
ele faz parte
Variação geográfica região em que o falante vive
durante um certo tempo
Variação histórica tempo (época) em que o
falante vive
Variação sociocultural
A maneira como utilizamos a linguagem (como nos
expressamos) é formada no convívio com outras pessoas
que fazem parte do nosso grupo social. Assim,
normalmente nos expressamos de acordo com nossa
formação sociocultural. Nossa linguagem será adequada
ao meio em que fomos criados e à nossa classe social. É
claro que, assim como existe uma certa mobilidade social
no mundo em que vivemos, ao longo de nossa vida
podemos incorporar modos de expressão diferentes, à
medida que vamos mudando de ambiente e
reconstruindo nossa história de vida.
A variante social mais notável é a que existe entre
pessoas de classes socioeconômicas distintas. Uma
pessoa da classe A não falará como alguém da classe C.
Aliás, normalmente, quanto mais elevada estiver na
escala econômica, mais próxima a linguagem da pessoa
estará do que conhecemos por norma culta. Isto se
explica: no mundo em que vivemos, é claro que é a
linguagem dos mais ricos e mais poderosos que é
considerada a de maior “prestígio”..., concorda?
Relacionada a esse tipo de variação está aquela que
diz respeito ao grau de instrução do falante. É lógico que
pessoas de classe social mais alta, do ponto de vista
financeiro, terão mais chances de estudar e se aprimorar
culturalmente, aproximando-se mais do padrão culto de
linguagem.
Outro tipo importante e interessante de variação
linguística é aquele que aparece quando confrontamos
gerações diferentes: um grupo de idosos de 60 anos não
Sketch - Dois homens tramando um assalto
— Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis
vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o
cara de chumbo. Pra arejá.
— Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e
pegá.
— Tá com o berro aí?
— Tá na mão.
Aparece um guarda.
— Ih, sujou. Disfarça, disfarça...
O guarda passa por eles.
— Discordo terminantemente. O imperativo
categórico de Hegel chega a Marx diluído pela
fenomenologia de Feurbach.
— Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que
dizer que Kierkegaard não passa de um Kant com
algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do
século 18...
O guarda se afasta.
— O berro, tá recheado?
— Tá.
— Então vamlá!
Luís Fernando Veríssimo. O Estado de S. Paulo, 8/3/1998.
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fala como um grupo de adolescentes de 16... Cada
geração tem sua maneira própria de se comunicar e isso
é fácil observar no dia a dia. Um importante fenômeno
linguístico que aparece quando estudamos as variações
entre gerações é a gíria. Cada geração adota um certo
número de expressões, uma certa maneira de falar, para
marcar uma diferença entre a sua e a geração anterior.
Para cada situação de expressão da nossa
linguagem, temos um certo nível linguístico. Ao nível que
utilizamos em situações em que não nos preocupamos
tanto em atingir a chamada norma culta, chamamos de
nível informal; ao nível que utilizamos em situações de
comunicação que exigem uma linguagem mais próxima
da norma culta, chamamos de nível formal. Entre o nível
formal e o informal, podemos ter vários níveis
intermediários.
Variação geográfica
Pessoas de diferentes regiões falam de maneiras
diferentes. A essas características próprias da fala de um
determinado lugar damos o nome de regionalismos. Os
regionalismos são próprios dos falares locais, dialetos e
sotaques. Geralmente, pessoas de uma determinada
região agrupam-se em torno de um centro populacional
economicamente ou politicamente mais relevante e
assumem o dialeto característico do local. Assim, um
carioca irá se expressar com o r chiado característico do
Rio de Janeiro, um piracicabano normalmente emitirá um
r que os estudiosos conhecem por retroflexo, e assim por
diante. Essas diferenças se estenderão ao vocabulário, à
estrutura das frases e até aos significados das palavras.
Com o passar dos anos e o avanço dos meios de
comunicação sobre todo o território brasileiro, as
diferenças regionais vão diminuindo cada vez mais. As
redes de televisão, por exemplo, atingem todo o país
com uma linguagem típica do Sudeste brasileiro,
principalmente São Paulo, o que acaba contribuindo para
uma uniformização dos dialetos em torno de um padrão
de linguagem que aos poucos apaga as diferenças entre
eles.
Variação histórica
Ao ler textos escritos em português há cem anos, por
exemplo, você certamente sentirá um certo
estranhamento e terá uma dificuldade de compreensão e
fluência maior do que teria se lesse um artigo de jornal
publicado na semana passada, por exemplo. Isso
acontece porque as línguas variam com o tempo. O
nosso você já foi vossa mercê e vosmecê, chegando, em
nossos dias, a ser ouvido como simplesmente cê.
Em boa hora tornou-se embora. É fácil percebermos
essas diferenças quando nos deparamos com livros
cujas edições são muito antigas. O vocabulário de há
cem anos não era o mesmo de hoje, a grafia de muitas
palavras também não, o mesmo ocorria com a sintaxe.
Norma culta e adequação da linguagem
Você deve ter notado, então, que a língua possui
diversas variantes. Mas, ao tomarmos contato com a
língua na escola, adotamos uma determinada variante
que serve como referência. Essa variante-padrão, ao
longo dos tempos e por diversos motivos, ficou sendo
conhecida como a norma culta da língua.
Norma culta da língua é a chamada variante-padrão
da língua; aquela variante de maior prestígio, utilizada
pelas pessoas que compõem a chamada elite da
sociedade. A norma culta, tradicionalmente, acaba
servindo como parâmetro e sendo adotada para o ensino
da língua nas escolas, além de ser utilizada como padrão
para situações formais e na comunicação escrita na
sociedade. Toda língua muda com o tempo, portanto a
norma culta também muda, de acordo com as
modificações que ela sofre no seu uso.
Convém, assim, que o falante saiba distinguir quais
são as situações em que ele deve seguir essa variante-
-padrão daquelas em que pode usar uma variante mais
popular.
Outros tipos de variação linguística
Além das variações linguísticas relacionadas a tempo
e espaço, existem outros tipos de variação, que podem
ocorrer tanto na língua-padrão quanto nas variedades
não padrão da língua. As principais variações dizem
respeito ao uso da língua em situações de
oralidade/escrita e de formalidade/informalidade.
Variação sociocultural, portanto, é aquela que se
manifesta quando o uso da língua é marcado por
diferenças conforme a classe socioeconômica, o
grau de instrução, a geração ou a situação de
comunicação em que se encontra o falante.
Variação geográfica é aquela marcada por
diferenças regionais: a dimensão do Brasil permite-
nos perceber diferentes sotaques, vocabulários,
estruturas de frase e sentidos das palavras nas
diferentes regiões.
Variação histórica acontece porque a língua vai
recebendo transformações na forma de falar, novas
palavras, novas grafias e novos sentidos para
palavras já existentes.
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*********** ATIVIDADES ***********
1. (UEG-GO)
Folha de S. Paulo, 1.º/5/2007.
É correto afirmar que, na charge,
(A) a linguagem dos políticos é apropriada pelos
traficantes de drogas.
(B) a linguagem dos traficantes de drogas é apropriada
pelos políticos.
(C) o contexto dos políticos é apropriado pelos
traficantes de drogas.
(D) o contexto dos traficantes de drogas é apropriado
pelos políticos.
(E) não há apropriação nem da linguagem nem do
contexto.
2. (ENEM)
Iscute o que tô dizendo,
Seu dotô, seu coroné:
De fome tão padecendo
Meus fio e minha muié.
Sem briga, questão nem guerra,
Meça desta grande terra
Umas tarefa pra eu!
Tenha pena do agregado
Não me dêxe deserdado
Patativa do Assaré. A terra é naturá. In: Cordéis
e outros poemas. Fortaleza: Universidade
Federal do Ceará, 2008 (fragmento).
A partir da análise da linguagem utilizada no poema,
infere-se que o eu lírico revela-se como falante de uma
variedade linguística específica. Esse falante, em seu
grupo social, é identificado como um falante
(A) escolarizado proveniente de uma metrópole.
(B) sertanejo morador de uma área rural.
(C) idoso que habita uma comunidade urbana.
(D) escolarizado que habita uma comunidade do interior
do país.
(E) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do
Sul do país.
3. (ENEM)
Antigamente
Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando
perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois,
ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas
fedorentas. Doença nefasta era a phtísica, feia era o
gálico. Antigamente, os sobrados tinham assombrações,
os meninos, lombrigas (...)
Carlos Drummond de Andrade. Poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar, p. 1.184.
O texto acima está escrito em linguagem de uma época
passada. Observe uma outra versão, em linguagem
atual.
Antigamente
Acontecia o indivíduo apanhar um resfriado; ficando
mal, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à
farmácia para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas
fedorentas. Doença nefasta era a tuberculose, feia era a
sífilis. Antigamente, os sobrados tinham assombrações,
os meninos, vermes (...)
Comparando-se esses dois textos, verifica-se que, na
segunda versão, houve mudanças relativas a
(A) vocabulário.
(B) construções sintáticas.
(C) pontuação.
(D) fonética.
(E) regência verbal.
4. (ENEM)
Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa
Excelência para que seja conjurada uma calamidade que
está prestes a desabar em cima da juventude feminina
do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento
entusiasta que está empolgando centenas de moças,
atraindo-as para se transformarem em jogadoras de
futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá
praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o
equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido
à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os
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jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos
de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo
Horizonte também já estão se constituindo outros. E,
neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em
todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes
femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados
da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais,
ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa
aos exibicionismos rudes e extravagantes.
Coluna Pênalti. Carta Capital, 28/4/2010.
O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro,
José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então
presidente da República Getúlio Vargas. As opções
linguísticas de Fuzeira mostram que seu texto foi
elaborado em linguagem
(A) regional, adequada à troca de informações na
situação apresentada.
(B) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do
futebol.
(C) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão
brasileiro comum.
(D) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação
de comunicação.
(E) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu
interlocutor.
5. (UFV-MG)
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
Oswald de Andrade. Obras completas.
5.ª ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 80.
Ao explorar a emotividade da linguagem, o autor faz
referência às variantes linguísticas de natureza
(A) estilística, pois utiliza a escrita para, de certa forma,
marcar uma nova época literária.
(B) regional, pois há regiões em que essa variedade
linguística descrita no poema é aceita como padrão
oficial.
(C) de registro, já que as variantes são formadas pelo
processo de neologismo, típico em autores
modernistas.
(D) sociocultural, pois revela o conflito social entre as
variantes de uma mesma língua.
(E) temporal, pois marca a variação linguística de
diferentes épocas.
6. (ENEM)
Veja, 7/5/1997.
Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à
mão que aborda a questão das atividades linguísticas e
sua relação com as modalidades oral e escrita da língua.
Esse comentário deixa evidente uma posição crítica
quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando
ser necessário
(A) implementar a fala, tendo em vista maior
desenvoltura, naturalidade e segurança no uso da
língua .
(B) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral
para a obtenção de clareza na comunicação oral e
escrita.
(C) dominar as diferentes variedades do registro oral da
língua portuguesa para escrever com adequação,
eficiência e correção.
(D) empregar vocabulário adequado e usar regras da
norma-padrão da língua em se tratando da
modalidade escrita.
(E) utilizar recursos mais expressivos e menos
desgastados da variedade-padrão da língua para se
expressar com alguma segurança e sucesso.
7. (ENEM)
Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?
Cliente – Estou interessado em financiamento para
compra de veículo.
Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de
crédito. O senhor é nosso cliente?
Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou
funcionário do banco.
Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá
em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de
Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma.
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua
materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).
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Na representação escrita da conversa telefônica entre a
gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira
de falar da gerente foi alterada de repente devido
(A) à adequação de sua fala à conversa com um amigo,
caracterizada pela informalidade.
(B) à iniciativa do cliente em se apresentar como
funcionário do banco.
(C) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia
(Minas Gerais).
(D) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu
nome completo.
(E) ao seu interesse profissional em financiar o veículo
de Júlio.
8. (ENEM)
As dimensões continentais do Brasil são objeto de
reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema
aparece no seguinte poema:
“[...]
Que importa que uns falem mole descansado
Que os cariocas arranhem os erres na garganta
Que os capixabas e paroaras escancarem
[ as vogais?
Que tem se o quinhentos réis meridional
Vira cinco tostões do Rio pro Norte?
Junto formamos este assombro de misérias e
[ grandezas,
Brasil, nome de vegetal! [...]”
Mário de Andrade. Poesias completas. 6.ª ed.
São Paulo: Martins Editora, 1980.
O texto poético ora reproduzido trata das diferenças
brasileiras no âmbito
(A) étnico e religioso.
(B) linguístico e econômico.
(C) racial e folclórico.
(D) histórico e geográfico.
(E) literário e popular.
9. (ENEM)
Vera, Sílvia e Emília saíram para passear pela
chácara com Irene.
— A senhora tem um jardim deslumbrante, dona
Irene! — comenta Sílvia, maravilhada diante dos
canteiros de rosas e hortênsias.
— Para começar, deixe o “senhora” de lado e
esqueça o “dona” também — diz Irene, sorrindo. — Já é
um custo aguentar a Vera me chamando de “tia” o tempo
todo. Meu nome é Irene.
Todas sorriem. Irene prossegue:
— Agradeço os elogios para o jardim, só que você vai
ter de fazê-los para a Eulália, que é quem cuida das
flores. Eu sou um fracasso na jardinagem.
BAGNO, M. A língua de Eulália: novela
sociolinguística. São Paulo: Contexto,
2003 (adaptado).
Na língua portuguesa, a escolha por “você” ou
“senhor(a)” denota o grau de liberdade ou de respeito
que deve haver entre os interlocutores. No diálogo
apresentado acima, observa-se o emprego dessas
formas. A personagem Sílvia emprega a forma “senhora”
ao se referir à Irene. Na situação apresentada no texto, o
emprego de “senhora” ao se referir à interlocutora ocorre
porque Sílvia
(A) pensa que Irene é a jardineira da casa.
(B) acredita que Irene gosta de todos que a visitam.
(C) observa que Irene e Eulália são pessoas que vivem
em área rural.
(D) deseja expressar por meio de sua fala o fato de sua
família conhecer Irene.
(E) considera que Irene é uma pessoa mais velha, com a
qual não tem intimidade.
10. (ENEM)
A escrita é uma das formas de expressão que as
pessoas utilizam para comunicar algo e tem várias
finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar,
descrever. Assim, o conhecimento acerca das variedades
linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se
necessário para que se use a língua nas mais diversas
situações comunicativas.
Considerando as informações acima, imagine que você
está à procura de um emprego e encontrou duas
empresas que precisam de novos funcionários. Uma
delas exige uma carta de solicitação de emprego. Ao
redigi-la, você
(A) fará uso da linguagem metafórica.
(B) apresentará elementos não verbais.
(C) utilizará o registro informal.
(D) evidenciará a norma-padrão.
(E) fará uso de gírias.
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11. (ENEM)
Dick Browne. O melhor de Hagar, o horrível, v. 2. L&PM pocket, p. 55-6 (com adaptações).
Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro
informal, ou coloquial, da linguagem.
(A) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!”
(B) “E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus
chifres cairão!”
(C) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a
atravessar a rua...”
(D) “... e ela me deu um anel mágico que me levou a um
tesouro”
(E) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a
Etiópia, onde um dragão...”
12. (UNICAMP-SP)
O trecho abaixo foi extraído de uma crônica em que mãe
e filho conversam sobre o presente que ele pretendia lhe
dar no Dia das Mães.
[...]
— Posso escolher meu presente do Dia das Mães,
meu fofinho?
— Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai
ver. Compro um barato.
— Barato? Admito que você compre uma
lembrancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É
fazer pouco-caso de mim.
— lh, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não
sabe que barato é o melhor que tem, é um barato!
— Deixe eu escolher, deixe...
— Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado
que a senhora me deu no Natal!
— Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe
lhe deu um blazer furado?
— Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já
era, mãe, já era!
[...]
CarIos Drummond de Andrade. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.
Em que tipo de variação linguística o autor se apoia para
criar as situações humorísticas apresentadas nesse
diálogo? Justifique sua resposta.
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13. (UFMA)
Folha de S. Paulo, 12/4/2003.
Considerando a fala dos interlocutores, pode-se concluir
que
(A) o uso de “excelência” denota desrespeito, pois o
depoente não reconhece no deputado uma
autoridade.
(B) o efeito humorístico é provocado pela passagem
brusca da linguagem formal para a informal.
(C) o uso da linguagem formal e da informal evidencia a
classe social a que pertencem as personagens.
(D) a linguagem empregada no texto serve apenas para
compor as imagens do deputado e do depoente.
(E) o pronome “seu” foi usado pelo depoente como sinal
de respeito para com o parlamentar ilustre.
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A interpretação de textos
Introdução
Um dos tópicos mais cobrados nos vestibulares nos
últimos anos é a interpretação de textos, que será o tema
desta seção.
Ler um texto não é difícil quando se domina uma
língua, mas compreendê-Io não é tão simples assim.
Cada leitor, de acordo com a sua história de leitura, ou
seja, de acordo com os textos que já tenha lido, sua
vivência no mundo, sua formação cultural etc., terá uma
forma de encarar um texto e de compreendê-Io.
Vejamos um exemplo:
Não tem jeito mesmo...
“Trinta palavras no máximo; não há espaço para
mais”, disse o chefe da redação ao jornalista. Por
isso, a notícia que apareceu no jornal foi:
Uma mulher escorregou numa casca de banana,
numa faixa de pedestres da Banhofstrasse. Foi
imediatamente transportada para a clínica da
universidade, onde lhe foi diagnosticada uma perna
quebrada.
A primeira reação surgiu imediatamente, numa
carta registrada em que um importador de bananas
escrevia: “Protestamos veementemente contra o
descrédito dado ao nosso produto. Considerando
que, nos últimos meses, vocês publicaram pelo
menos 14 comentários negativos sobre os países
produtores de bananas, não podemos deixar de
inferir uma intenção de difamação deliberada de sua
parte.”
Por sua vez, o diretor da clínica da universidade
também se pronunciou, alegando que a expressão
“foi transportada” poderia significar “o transporte de
seres humanos como se tratasse de carga”, o que
contrariava totalmente os hábitos de seu hospital.
“Além disso”, salientou, “posso provar que a fratura
da perna resultou da queda e não, como foi sugerido
com intenção malévola, do transporte para o
hospital”.
Para finalizar, um membro do Departamento
Municipal de Engenharia Civil telefonou, informando
ao jornal que a causa do tombo não deveria ser
atribuída ao estado da faixa de pedestres. Além
disso, como o Comitê de Defesa das Faixas para
Pedestres estava prestes a concluir seu relatório,
após seis anos de trabalho, perguntava se seria
possível – para evitar possíveis consequências
políticas – não fazer qualquer alusão a tais
passagens nos próximos meses.
A notícia foi revista e, na manhã seguinte,
apareceu com o seguinte texto: Uma mulher caiu na
rua e quebrou a perna.
No dia seguinte, os editores receberam apenas
duas cartas a respeito. Uma, indignada, era da
Associação Não Lucrativa dos Direitos das Mulheres,
cuja porta-voz repudiava “vivamente e em definitivo”
o texto discriminatório uma mulher caiu, o qual
evocava uma associação infeliz com “mulheres
caídas” e constituía uma prova de que “mais uma
vez, neste mundo dominado pelo homem, a imagem
da mulher estava sendo manipulada da maneira mais
pérfida e chauvinista!” A carta ameaçava com um
processo judicial, boicote e outras medidas.
A outra reação veio de um leitor que cancelava
sua assinatura, alegando o número cada vez maior
de notícias triviais e sem interesse.
Seleções do Reader's Digest. Tomo XXXVI, n.° 217.
Junho de 1989, p. 109 e 110 apud I. Koch, Coerência
textual. São Paulo, Contexto, 1997.
Note que, neste caso, o texto foi compreendido de
maneira diferente pelos leitores. Cada um, a partir de sua
visão de mundo e de seu posicionamento neste, chegou
a um sentido diferente para o mesmo texto.
Mas, embora haja, então, a influência do
conhecimento de mundo e do posicionamento dentro
deste na compreensão de um texto, ler com
compreensão também se pode aprender se prestarmos
atenção a alguns pontos, dos quais trataremos nesta
seção. Infelizmente, não é possível esgotar o assunto,
uma vez que mesmo os estudiosos da leitura ainda não
conseguiram determinar todos os tópicos que serão
necessários à aprendizagem da leitura.
O conhecimento de mundo e a leitura
O nosso conhecimento de mundo nos permite
relacionar o assunto de um texto com coisas do mundo,
mas também nos permite perceber se a forma de um
texto é igual à de outro, se um texto retoma um outro, se
uma informação foi corretamente apresentada ou não. À
medida que vamos lendo, vamos aprendendo a nos deter
em determinados trechos ou passar mais rápido por
outros, de acordo com o nosso principal objetivo de
leitura, mas também conforme consigamos construir mais
facilmente ou não o sentido do texto.
Dessa forma, constatamos que o conhecimento de
mundo vai nos ajudar a compreender o texto bem escrito
e até a inferir o significado correto de textos mal escritos.
Assim, se o conhecimento pode ajudar tanto na
compreensão de um texto, o melhor a fazer é procurar
ampliá-Io cada vez mais, lendo muito diferentes tipos de
textos e sobre diferentes assuntos. Além disso, nessas
leituras, é bastante importante prestar atenção ao gênero
de texto e à sua estrutura, aos objetivos do texto e à
linguagem empregada.
O gênero de texto e a sua estrutura
Conhecer, pelo menos um pouco, o gênero de texto
que se está lendo pode ajudar bastante na sua
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compreensão. Afinal, se estamos lendo um editorial de
um jornal e sabemos que este é um gênero de texto em
que se defende a posição do jornal sobre um
determinado tema, constataremos a necessidade de
ficarmos atentos aos pontos de vista e argumentos que
serão apresentados. Mas se estivermos diante de um
trecho de um manual para instalação de videocassete,
teremos outra preocupação; o mesmo ocorrerá se o texto
for um e-mail de um amigo, uma piada, um poema ou um
conto. Note que cada gênero, dada a sua estrutura e o
conjunto de elementos que o compõem, impõe ao leitor
um certo olhar.
A linguagem
Além do gênero de texto, é importante estarmos
atentos também à linguagem empregada em cada texto e
aos efeitos de sentido que ela pode produzir, isto é: em
um bom texto, a escolha das palavras, das construções
sintáticas, do tamanho dos parágrafos etc. costuma
contribuir para expressar o sentido “desejado” pelo autor.
Fica bem visível tal ideia quando comparamos textos
sobre um mesmo assunto publicados por jornais
diferentes. Vejamos dois trechos retirados de notícias
publicadas pela Folha de S. Paulo e pelo O Estado de S.
Paulo a respeito de um atentado ocorrido em Israel e de
seus possíveis autores:
“O grupo islâmico Hamas assumiu o atentado e divulgou
foto e nome do suicida.” (O Estado de S. Paulo)
“O grupo extremista Hamas reivindicou a autoria do
atentado, o pior desde julho.” (Folha de S. Paulo)
Reflita sobre as diferenças de escolha de vocabulário:
“grupo islâmico” X “grupo extremista”; “assumiu o
atentado” X “reivindicou a autoria do atentado”. Estão os
dois jornais falando exatamente a mesma coisa? Parece
que não! Há ainda a informação a mais que cada jornal
trouxe: o jornal O Estado de S. Paulo reforçou a
assunção do atentado pelo grupo ao dizer que ele até
mostrou foto e nome do suicida; enquanto a Folha
qualificou a intensidade do atentado relacionando-o a
anteriores, uma vez que mostrou que este foi “o pior
desde julho”, deixando subentendida a ideia de que antes
houve outros piores.
Na finalização das duas notícias também
encontramos outro ponto de confronto:
“O governo israelense já estuda uma ‘resposta’ aos
terroristas.” (O Estado de S. Paulo)
“O governo israelense, porém, aprovou uma reação
militar.” (Folha de S. Paulo)
Os predicados de ambos os períodos trazem ideias
bem diferentes. Enquanto a Folha afirma a reação militar
por meio do verbo “aprovou”, o jornal O Estado de S.
Paulo diz que o governo israelense estaria pensando
sobre isso, como nos sugere o verbo “estuda”.
Você deve estar se perguntando: se a intenção dos
dois jornais é informar, por que tantas diferenças de
linguagem que levam a diferenças de sentido? Porque
cada jornal é produzido por homens diferentes que têm
visões/conhecimentos de mundo/interesses diferentes
uns dos outros, e isso acaba refletindo na linguagem que
empregam, mesmo quando tentam buscar a neutralidade
e a imparcialidade. Daí a necessidade de estar bem
atento à linguagem para que você perceba não só o
assunto que é tratado em um texto, mas também o modo
como este foi apresentado e consiga, assim, perceber a
intencionalidade que subjaz a cada texto.
Lendo com atenção, veremos que em todos os textos,
quando bem escritos, a linguagem serve – mais do que
para falar de um assunto – para mostrar também como o
autor se relaciona com tal assunto e como imagina atingir
o leitor.
*********** ATIVIDADES ***********
1. (UNICAMP-SP)
Considere a tira a seguir:
Jornal da Tarde, 8/2/2001.
Nessa tira, a crítica ao “estrategista militar” não é
explícita. Para compreender a tira, o leitor deve
reconhecer uma alusão a um fato histórico e uma
hipótese sobre transmissão genética.
a) Qual é o fato histórico ao qual a tira faz alusão?
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_______________________________________________
b) Qual é a explicação para as qualidades profissionais
do estrategista?
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_______________________________________________
c) Explicite o raciocínio da personagem que critica o
estrategista.
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_______________________________________________
2. (UNICAMP-SP)
Uma das últimas edições do jornal Visão de Barão
Geraldo trazia em sua seção “Sorria” esta anedota:
“No meio de uma visita de rotina, o presidente
daquela enorme empresa chega ao setor de produção e
pergunta ao encarregado:
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 133
— Quantos funcionários trabalham neste setor?
Depois de pensar por alguns segundos, o encarregado
responde:
— Mais ou menos a metade!”
a) Explique o que quis perguntar o presidente da
empresa.
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_______________________________________________
b) Explique o que respondeu o encarregado.
_______________________________________________
_______________________________________________
c) Um dos sentidos de trabalhar é “estar empregado”.
Supondo que o encarregado entendesse a fala do
presidente da empresa nesse sentido e quisesse dar
uma resposta correta, que resposta teria que dar?
_______________________________________________
_______________________________________________
3. (FUVEST-SP)
Eu te amo
Ah, se já perdemos a noção da hora,
Se juntos já jogamos tudo fora,
Me conta agora como hei de partir...
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,
Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Me diz pra onde é que inda posso ir...
(...)
Se entornaste a nossa sorte pelo chão,
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu...
(...)
Como, se nos amamos como dois pagãos,
Teus seios inda estão nas minhas mãos,
Me explica com que cara eu vou sair...
Não, acho que estás só fazendo de conta,
Te dei meus olhos pra tomares conta,
Agora conta como hei de partir...
Tom Jobim e Chico Buarque
O sentimento de perplexidade expresso nas frases “como
hei de partir”, “pra onde é que inda posso ir” e “com que
cara eu vou sair” deve-se ao fato de que a relação
amorosa do sujeito:
(A) foi marcada por sucessivos desencontros, em virtude
da intensidade da paixão.
(B) constituiu uma radical experiência de fusão com o
outro, da qual não vê como sair.
(C) provocou a subordinação emocional da pessoa
amada, de quem ele já não pode se livrar.
(D) ameaça jamais desfazer-se, agravando-se assim
uma interdependência destrutiva.
(E) está-se esgotando, sem que os amantes saibam o
que fazer para reacender a paixão.
Texto para as questões 4 e 5.
— Mandaram ler este livro...
Se o tal do livro for fraquinho, o desprazer pode
significar um precipitado mas decisivo adeus à literatura;
se for estimulante, outros virão sem o peso da obrigação.
As experiências com que o leitor se identifica não são
necessariamente as mais familiares, mas as que
mostram o quanto é vivo um repertório de novas
questões. Uma leitura proveitosa leva à convicção de que
as palavras podem constituir um movimento
profundamente revelador do próximo, do mundo, de nós
mesmos. Tal convicção faz caminhar para uma outra,
mais ampla, que um antigo pensador romano assim
formulou: Nada do que é humano me é alheio.
Cláudio Ferraretti, Inédito.
4. (FUVEST-SP)
De acordo com o texto, a identificação do leitor com o
que lê ocorre sobretudo quando:
(A) ele sabe reconhecer na obra o valor consagrado pela
tradição da crítica literária.
(B) ele já conhece, com alguma intimidade, as
experiências representadas numa obra.
(C) a obra expressa, em fórmulas sintéticas, a sabedoria
dos antigos humanistas.
(D) a obra o introduz num campo de questões cuja
vitalidade ele pode reconhecer.
(E) a obra expressa convicções tão verdadeiras que se
furtam à discussão.
5. (FUVEST-SP)
O sentido da frase “Nada do que é humano me é alheio”
é equivalente ao desta outra construção:
(A) O que não diz respeito ao Homem não deixa de me
interessar.
(B) Tudo o que se refere ao Homem diz respeito a mim.
(C) Como sou humano, não me alheio a nada.
(D) Para ser humano, mantenho interesse por tudo.
(E) A nada me sinto alheio que não seja humano.
6. (UNICAMP-SP)
Marca-passo natural – Uma alternativa menos invasiva
pode substituir o implante do marca-passo eletrônico (...).
Cientistas do Hospital John Hopkins, nos EUA,
conseguiram converter células cardíacas de porquinhos-
-da-índia em células especializadas, que atuam como um
marca-passo, controlando o ritmo dos batimentos
cardíacos. No experimento, o coração dos suínos
recuperou a regularidade dos movimentos. A expectativa
é de que em alguns anos seja possível testar a técnica
em humanos.
lstoÉ, n.º 1720, 18/9/2002.
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 134
a) Alguém que nunca tivesse ouvido falar de marca-
-passo poderia dar uma definição desse instrumento
lendo este texto. Qual é essa definição?
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_______________________________________________
b) A ocorrência da expressão “a técnica”, no final do
texto, indica que ela foi explicada anteriormente. Em
que consiste essa técnica?
_______________________________________________
_______________________________________________
c) Apesar do nome, o porquinho-da-índia é um roedor.
Sendo assim, há uma forma equivocada de referir-se
a ele no texto. Qual é essa forma e como se explica
sua ocorrência?
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_______________________________________________
7. (UNICAMP-SP)
No folheto intitulado “Saúde da mulher – orientações”,
distribuído em consultórios médicos, encontramos estas
informações acerca de um produto que, aqui,
chamaremos “P”:
“A liberdade da mulher pode ficar comprometida
quando surge em sua vida o risco de uma gravidez
indesejada. Para estas situações, ela pode contar com P,
um método de Contracepção de Emergência, ou pós-ato
sexual, capaz de evitar a gestação com grande margem
de segurança. O ginecologista poderá orientá-Ia sobre o
uso correto desse método. (...) P é um método indolor,
bastante prático e quase sem efeitos colaterais. Deve ser
tomado num período de até 72 horas após o ato sexual
desprotegido, sendo mais efetivo nas primeiras 48 horas.
Age inibindo ou retardando a ovulação e torna o útero um
ambiente impróprio para que o óvulo se implante. Dessa
forma, não pode ser considerado um método abortivo, já
que, quando atua, ainda não houve implantação do óvulo
no útero.”
a) A posição assumida no texto baseia-se em uma
distinção entre (medicamento) contraceptivo e
(medicamento) abortivo. Explique o que vem a ser
aborto para os fabricantes de P.
_______________________________________________
_______________________________________________
b) Com base no trecho transcrito, pode-se dizer que o
folheto toma posição numa polêmica que tem um
aspecto ético-religioso e um aspecto científico. Qual
é a questão ético-religiosa da polêmica? Qual é a
questão científica?
_______________________________________________
_______________________________________________
8. (UNICAMP-SP)
Leia atentamente o folheto (distribuído nos pontos de
ônibus e feiras de Campinas) e as definições de
“simpatia” extraídas do Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa.
CENTRO ESPÍRITA VOVÓ MARIA CONGA
Mãe Maria
Ensina qualquer tipo de simpatia, pois com uma única
consulta, ela desvendará todos os mistérios que lhe
atormenta: casos amorosos, financeiros, prosperidade
em seu trabalho, vícios, doenças, impotência sexual,
problemas de família e perseguições. Desvendará
qualquer que for o problema. Não perca mais tempo,
faça hoje mesmo uma consulta com MÃE MARIA, pelos
BÚZIOS – CARTAS E TAROT.
ORAÇÃO HEI DE VENCER
Traga sempre consigo esta oração.
Bendito seja a luz do dia, Bendito seja quem o guia,
Bendito seja o filho de Deus e de Virgem Maria, assim
como Deus separou a noite do dia, separe minha alma
de má companhia e meu corpo da feitiçaria. Pelo poder
de Deus e da Virgem Maria.
ATENDIMENTO TODOS OS DIAS
DAS 9:00 ÀS 20:00 HS
Fone: (019) 3387-2554
Rua Dr. Lúcio Peixoto, 330 – Chapadão – Campinas-SP
simpatia s.f. 1. afinidade moral, similitude no sentir e no
pensar que aproxima duas ou mais pessoas. [...] – 3.
impressão agradável, disposição favorável que se
experimenta em relação a alguém que pouco se
conhece. [...] – 6. atração por uma coisa ou uma ideia.
[...] – 9. Brasileirismo: usada como interlocutório pessoal
(— Qual o seu nome, simpatia?). – 10. “Brasileirismo”:
ação (observação de algum ritual, uso de um
determinado objeto etc.) praticada supersticiosamente
com finalidade de conseguir algo que se deseja.
a) Dentre as definições do dicionário Houaiss
mencionadas, qual é a mais próxima do sentido da
palavra “simpatia” no texto?
_______________________________________________
_______________________________________________
b) Há no texto duas ocorrências de “desvendar”, sendo
que uma delas não coincide com o uso-padrão desse
termo. Qual é? Por quê?
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c) Independentemente do título, algumas
características da segunda parte do texto são de
uma oração ou prece ou reza. Quais são essas
características?
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 135
Leia o texto abaixo para responder às questões de 9 a
12.
Aprenda a falar difícil
Em minha empresa, parece que o povo, do gerente
para cima, fala outro idioma. Por que as pessoas ficam
inventando expressões estranhas ou usando palavras
estrangeiras, quando é muito mais fácil falar português?
Lélio, São Caetano, SP
Para impressionar, Lélio. As pessoas que complicam
o vocabulário fazem isso com dois propósitos bem claros.
O primeiro é financeiro. “Falar abobrinha” pode ser
sinônimo de “Verbalizar cucurbitáceas”, mas a segunda
turma, via de regra, ganha mais. Você mesmo confirmou
isso, ao dizer: “de gerente para cima”. O segundo motivo
é se proteger. Através dos tempos, cada profissão foi
desenvolvendo sua maneira particular de se expressar.
Economista fala diferente de advogado, que fala diferente
de engenheiro, que fala diferente de psicólogo, e todos
eles falam diferente de nós.
Quanto mais complicado uma pessoa fala, mais fácil
ela poderá depois explicar: “Não foi bem isso que eu
disse”. Na prática, a coisa funciona assim. Se você tiver
uma pergunta —qualquer pergunta — e consultar alguém
de Marketing, ouvirá como resposta que é preciso “fazer
um brainstorming e extrapolar os dados”. Alguém de
Recursos Humanos dirá que, “enquanto seres funcionais,
temos de vivenciar parâmetros holísticos”. Um
engenheiro opinaria que “a coisa se deve a fatores
inerciais de natureza não técnica”. E uma pessoa de
Sistemas diria que a empresa está “num processo de
reformulação de conteúdo”. E assim por diante.
Essa foi uma grande lição que aprendi na vida
corporativa. Quando tinha alguma dúvida, perguntava a
um Diretor. E aprendia uma palavra nova. Aí, ia me
informar com o Seu Anísio da Portaria. Porque ele era o
único capaz de me explicar direitinho a situação. “É, vem
chumbo grosso por aí”.
Portanto, Lélio, e para bem de sua carreira, sugiro que
você comece a aprender esses “idiomas estranhos”.
Falando de maneira simples, e sendo entendido por
todos, você chegará, no máximo, a Supervisor. Adotando
uma verbalização direcional intrínseca, poderá chegar a
Diretor.
GEHRINGER, Max. Sua carreira. Época. São Paulo:
Editora Globo, n.º 411, 3 abr. 2006, p. 67.
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*Anotações*
9. (UFG-GO)
Na pergunta do leitor, há uma concepção de língua
portuguesa que
(A) rejeita as variações de caráter técnico-profissional,
por considerá-Ias desnecessárias.
(B) defende o uso da língua-padrão nas atividades
profissionais, por sugerir mais status.
(C) expressa um preconceito com o falar coloquial, por
relacioná-Io às classes populares.
(D) incorpora o uso de palavras estrangeiras como
necessário à comunicação.
(E) considera as mudanças de estilo uma consequência
inevitável das diferentes personalidades.
10. (UFG-GO)
O conselho para que Lélio “adote uma verbalização
direcional intrínseca” pode ser parafraseado por:
(A) assuma uma linguagem objetiva.
(B) prefira uma retórica rebuscada.
(C) use um jargão adequado.
(D) escolha uma comunicação atraente.
(E) utilize uma fala despojada.
11. (UFG-GO)
Na elaboração da resposta, o consultor Max Gehringer
sugere que
(A) o profissional deve manter em situações discursivas
informais a mesma linguagem própria da área na
qual atua.
(B) diferentes enunciados têm um mesmo significado e
sua expressão independe das características da
profissão.
(C) uma mesma informação pode ser veiculada por
enunciados diferentes, dependendo do papel social
exercido pelo locutor.
(D) os funcionários de uma empresa devem ser prolixos
em todas as situações que envolvam comunicação
com clientes.
(E) um mesmo enunciado pode desencadear diferentes
reações no interlocutor quando proferido em espaço
de trabalho.
12. (UFG-GO)
Resumindo-se os motivos apresentados no texto para
explicar a complicação do vocabulário, “falar difícil”
funciona como
(A) marca de poder aquisitivo e mecanismo de
autopreservação profissional.
(B) maneira de separar funcionários e patrões e tática de
garantia da produtividade.
(C) meio para aumentar lucros e artimanha para impedir
as ideias dos concorrentes.
(D) garantia de competência técnica e recurso para
valorizar os ouvintes.
(E) indicador da competição entre funcionários e
instrumento de aproximação dos clientes.
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 136
*MÓDULO 2*
Gêneros textuais – Conceito e organização
Um para cada ocasião
Os gêneros textuais são praticamente infinitos.
Escolhemos qual deles usar conforme o momento, a
situação e a intenção da comunicação.
Você sabia que, ao ler o horóscopo do jornal ou
escrever um scrap (recado) para algum amigo no site de
relacionamentos Orkut, você está exercendo sua
capacidade de compreender e aplicar diferentes formas
de expressão textual? Sem perceber, você transita de um
gênero de texto para outro o tempo inteiro. Usamos a
expressão gênero textual como uma noção
propositalmente vaga para nos referir aos textos
materializados que encontramos em nossa vida diária e
que apresentam características sociocomunicativas
definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e
composição característica.
Observe o texto reproduzido abaixo. Sobre ele, você
diria que se trata de um anúncio, parte de uma
campanha publicitária cujo objetivo é estimular os
estabelecimentos de saúde a notificarem casos de
violência contra crianças, mulheres e idosos. Ele é um
exemplo de que, para nos comunicarmos, utilizamos
determinados gêneros textuais, de acordo com a
intenção comunicativa, o momento e a situação em que
ocorre essa comunicação. Temos, assim, uma forma-
-padrão de estruturação do texto. No dia a dia,
reconhecemos e utilizamos cada um desses padrões e
estruturações, sem pensar em sua existência teórica. O
Enem, e também diversos vestibulares, avalia com
frequência a capacidade do estudante de reconhecer os
gêneros de texto. Dessa forma, vamos listar aqui alguns
gêneros presentes em nosso cotidiano.
O texto publicitário costuma se estruturar em frases curtas e em ordem direta. Também faz uso de elementos não verbais para reforçar sua mensagem – como a imagem utilizada no anúncio ao lado.
SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE/SP
Histórias em quadrinhos: utilizam, geralmente, um
tipo de discurso direto que é apresentado dentro de
balõezinhos. Sua principal característica é o uso da
linguagem verbal (palavras) e da não verbal
(ilustração).
Charge: faz uso de linguagem não verbal (caricatura)
e, na maioria das vezes, também da verbal. Costuma
satirizar algum fato em evidência com uma ou mais
personagens envolvidas.
Classificado: gênero de texto vinculado ao universo
jornalístico, em que indivíduos ou empresas
oferecem um produto ou um serviço. É escrito de
forma breve e concisa, apresentando alguns
elementos básicos do produto ou serviço que
possam interessar ao leitor.
Esses são apenas alguns exemplos de gêneros de
texto. Nos estudos da literatura, temos, por exemplo,
crônicas, contos, prosa etc. Os gêneros textuais
englobam esses e todos os textos produzidos por
usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do
conto, vamos também identificar a carta pessoal, a
conversa telefônica, o e-mail. São muitos os gêneros de
texto que circulam por aí. São as situações que definem
qual utilizar. É importante frisar que o conceito de texto
não se limita à linguagem verbal, ou seja, às palavras. O
texto pode ter várias dimensões, como o texto
cinematográfico, o teatral, o coreográfico (dança e
música) ou o pictórico (pintura). Uma obra de arte ou
uma ilustração, portanto, são formas de expressão
textual, providas de significado.
Alguns exemplos de gêneros textuais que
encontramos no dia a dia: telefonema, sermão, carta
comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem
jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio,
notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de
remédio, lista de compras, cardápio de restaurante,
instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha,
edital de concurso, piada, conversação espontânea,
conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador,
aulas virtuais, e assim por diante.
Conteúdo, estrutura e estilo
Como se organizam os gêneros textuais
Não importa qual o gênero, todo texto pode ser
analisado sob três características:
O conteúdo temático: refere-se aos traços que
marcam a função social do gênero nas situações de
uso. É o que define para que ele serve, quem são
seus destinatários preferenciais, seu tipo de
conteúdo básico.
A construção composicional (ou estrutura): é como o
gênero se estrutura, como é seu acabamento. Na
estrutura, indicam-se como são as bases, os
alicerces que sustentam o gênero em questão.
O estilo: são as marcas Iinguísticas próprias do
gênero. Alguns usos sintáticos, escolhas lexicais
mais comuns no uso do gênero dado.
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 137
Ao lado está reproduzida uma página da revista Veja
com resenhas de filmes e livros. Vamos analisar a
resenha de acordo com suas características como
gênero textual:
1. Conteúdo temático:
Constrói-se baseada em outra obra.
Sintetiza informações consideradas relevantes
dentro da obra resenhada.
É uma análise dos principais pontos (ideias ou
acontecimentos) da obra resenhada.
Há um posicionamento crítico diante da obra ou de
um tema relacionado, baseado em critérios como:
composição interna (coerência e consistência de
suas ideias), relevância (ou não) dentro do universo
de referências em que se insere etc.
2. Estrutura:
Apresenta dados da obra resenhada em forma de
ficha técnica.
Não há, normalmente, uma tese definida.
Há informações extraídas da obra resenhada (ou de
outras obras semelhantes) e comentários analíticos
sobre ela, baseados em exemplificação,
contextualização histórica, importância do autor ou
da obra em seu universo de referências etc.
3. Estilo:
Uso preferencial da terceira pessoa.
Uso preferencial de orações em ordem direta.
Uso preferencial de períodos e parágrafos curtos.
Abordar criticamente um texto consiste em opinar
sobre ele, apresentando problemas e qualidades que o
autor da resenha julga importante destacar para o leitor.
Portanto, a abordagem crítica não significa,
necessariamente, um levantamento dos problemas
detectados no objeto do texto. Pode constituir-se também
no destaque de certas qualidades. Em resumo: a
resenha é a apresentação de um texto resultante da
apreciação crítica por parte do autor.
Tipos de texto
Atenção: não confunda gêneros textuais com tipos
de texto. Os gêneros textuais são organizados com
base em vários tipos de texto (descrição, narração,
dissertação, exposição, injunção – que serão
detalhados ao longo do curso). Assim, um tipo
textual pode aparecer em qualquer gênero textual,
da mesma forma que um único gênero pode conter
mais de um tipo textual. Uma carta, por exemplo,
pode ter passagens narrativas e descritivas. Outro
exemplo: um conto de fadas e uma piada são
gêneros textuais diferentes, mas ambos são textos
narrativos.
Fonte: Veja, 20/4/2011, p. 140.
*********** ATIVIDADES ***********
Textos para as questões de 1 a 3.
Entre a vitória e a crise
Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, assumiu prometendo mudanças e herdou o maior déficit fiscal em seis décadas
No início de janeiro de 2009, poucas semanas antes
de assumir o posto de presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama, filho de um queniano negro e de uma
norte-americana branca, falou ao comando editorial do
jornal The Washington Post sobre o significado de os
Estados Unidos terem seu primeiro presidente negro: “Há
uma geração inteira que vai crescer achando normal que
o posto mais elevado do planeta seja ocupado por um
afro-americano”, declarou. “É algo radical. Muda como as
crianças negras olham para elas mesmas e muda
também como as crianças brancas olham para as
crianças negras. E eu não subestimaria a força disso.”
A véspera da posse, 20 de janeiro, foi marcada por
eventos do chamado Dia de Martin Luther King (1929-
1968), feriado nacional que homenageia o ativista político
que se tornou um ícone da luta pelos direitos civis de
negros e mulheres. “Amanhã [referindo-se ao dia da
posse], vamos nos unir como uma só pessoa no mesmo
local em que o sonho de Dr. King ainda ecoa”, disse
Obama, numa alusão ao discurso “Eu Tenho um Sonho”,
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 138
sobre o desejo de coexistência harmoniosa entre brancos
e negros, feito por Luther King em Washington, em 1963.
Sonhos à parte, Obama assumiu a Casa Branca como
o presidente em um momento em que o país registra a
maior dívida em sua história recente. Herdou um rombo
orçamentário estimado em 1,2 trilhão de dólares para
2009, o maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A
carranca da crise surge, inevitavelmente, por trás do
clima festivo.
Os sinais de desequilíbrio não param de aparecer.
Pouco antes da posse, a crise projetou-se sobre o
Citigroup e o Bank of America, o maior banco americano,
que pediu ao governo um socorro financeiro de 20
bilhões de dólares. “As dificuldades de Obama são muito
mais profundas e mais globais”, escreveu o colunista
Martin Wolf, em artigo no jornal inglês Financial Times
que teve repercussão entre economistas.
Como primeiro negro a presidir os Estados Unidos, a
posse de Obama é o coroamento de uma jornada
histórica. A dúvida é saber se seu governo marcará uma
nova era, aprumando os EUA para manterem seu status
de potência dominante do século 21, ou se será o
começo do fim de uma supremacia que moldou o planeta
tal como conhecemos hoje.
Carta de leitor
Obama terá grandes desafios pela frente, ainda mais
com a herança que Bush deixou. Chama a atenção dos
americanos ao ser sincero quanto às dificuldades que
seu governo enfrentará. Agora, só nos resta esperar os
impactos da nova hegemonia ou da queda americana.
Lígia Paiva, Araguari, MG.
Veja, 28/1/2009.
1. (AED-SP)
Embora tratem do mesmo tema, a reportagem, a carta de
leitor e a charge acima representam diferentes gêneros
de texto. Com base na leitura dos textos, indique, para
cada gênero representado, uma característica que
permita diferenciá-lo dos demais.
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2. (AED-SP)
Em uma sociedade letrada como a nossa, são
construídos textos diversos que variam de acordo com as
necessidades cotidianas de comunicação. Assim, para
utilizar-se de algum gênero textual, é preciso que
conheçamos seus elementos. Tendo em mente a carta
de leitor apresentada, pode-se afirmar que ela é um
gênero textual que
(A) apresenta sua estrutura por parágrafos, organizados
pela tipologia da ordem da injunção (comando) e
estilo de linguagem com alto grau de formalidade.
(B) se inscreve em uma categoria cujo objetivo é o de
descrever os assuntos e temas que circularam nos
jornais e revistas do país semanalmente.
(C) se organiza por uma estrutura bastante flexível, em
que o locutor encaminha a ampliação dos temas
tratados para o veículo de comunicação.
(D) se organiza em torno de um tema, de um estilo e em
forma de paragrafação, representando, em conjunto,
as ideias e opiniões de locutores que interagem
diretamente com o veículo de comunicação.
(E) se constitui por um estilo caracterizado pelo uso da
variedade não padrão da língua e tema construído
por fatos políticos.
3. (AED-SP)
Observando a charge, é possível afirmar que seu autor
(A) demonstrou conhecimento insuficiente de fatos ou
personagens relevantes na história recente dos
Estados Unidos.
(B) expressou graficamente sua visão sobre o novo
contexto político e econômico norte-americano por
meio do humor e da sátira.
(C) optou por um gênero textual caracterizado pelo
caráter burlesco e pela total carência de conteúdo
crítico.
(D) priorizou a qualidade da ilustração e o aspecto
estético, deixando a criticidade e a abordagem de
temas em evidência em segundo plano.
(E) usou um dos personagens retratados para revelar
sua crença na solidez da atual conjuntura econômica
norte-americana.
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 139
Textos para as questões de 4 a 6.
Instruções dos medicamentos devem facilitar a leitura e a compreensão
Em setembro de 2009, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que todos os
laboratórios passassem a fornecer bulas de remédio com
letras maiores do que o tamanho atual nas caixas dos
medicamentos. O objetivo da resolução foi facilitar a
leitura pelos pacientes e obrigar as empresas a dar
informações mais claras sobre quantidade,
características, composição e apresentação dos
medicamentos. Segundo as novas orientações, a bula do
paciente deve ser organizada em formato de perguntas e
respostas às principais dúvidas sobre o remédio, como
as indicações e contraindicações. A seguir, um modelo
do novo tipo de bula:
Medicamento Anvisa® .
Paracetamol .
APRESENTAÇÕES
Comprimidos revestidos de:
- 500 mg em embalagem com 20 ou 200 comprimidos
- 750 mg em embalagens de 20 ou 200 comprimidos
USO ORAL
USO ADULTO ACIMA DE 12 ANOS
COMPOSIÇÃO
Medicamento Anvisa® 500 mg
Cada comprimido revestido contém 500 mg de
paracetamol
Excipientes: ácido esteárico, amido pré-gelatinizado,
hipromelose, macrogol e providona
1. PARA QUE ESTE MEDICAMENTO É INDICADO?
Medicamento Anvisa® é indicado para o tratamento de
febre e de dores leves a moderadas, de adultos, tais como
dores associadas a gripes e resfriados comuns, dor de
cabeça, dor de dente, dor nas costas, dores associadas a
artrites e cólicas menstruais.
2. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA?
Medicamento Anvisa® reduz a febre atuando no centro
regulador da temperatura do Sistema Nervoso Central
(SNC) e diminui a sensibilidade para a dor. Seu efeito tem
início 15 a 30 minutos após a administração oral e
permanece por um período de 4 a 6 horas.
Disponível em http://www.portal.anvisa.gov.br
4. (AED-SP)
No exemplo apresentado, o texto caracterizado como
gênero bula de remédio é construído com base em:
(A) fatos e dados narrativos sobre medicamentos.
(B) teses defendidas acerca do uso de medicamentos
pelo produtor da bula.
(C) procedimentos relativos ao uso de medicamentos.
(D) crítica sobre o uso de medicamentos.
(E) relatos de especialistas sobre as reações acerca do
uso de medicamentos.
5. (AED-SP)
Assinale, entre as alternativas a seguir, aquela que não
apresenta características do gênero de texto em questão.
(A) Prescrições ao usuário.
(B) Descrição das características do produto.
(C) Informações sobre a composição do produto.
(D) Indicações e contraindicações do produto.
(E) Narrações e depoimentos sobre o uso do produto.
6. (AED-SP)
Com base nas novas orientações da Anvisa para a
formulação das bulas de remédio, pode-se dizer que:
(A) somente as pessoas que possuem vasto
conhecimento de termos técnicos conseguirão
compreender as informações presentes nesse
gênero de texto.
(B) as dificuldades para ler a bula do remédio receitado
pelo médico podem diminuir sensivelmente.
(C) a bula de remédio sempre foi um gênero de texto
conhecido por ser de fácil leitura e compreensão
para todos os leitores, tanto no âmbito linguístico,
quanto no material e no de conteúdo.
(D) as informações, que antes eram expostas de forma
clara neste gênero de texto, serão fornecidas de
forma mais confusa e menos compreensível.
(E) todas as alternativas anteriores estão corretas.
7. (ENEM)
Diferentemente do texto escrito, que em geral
compele os leitores a lerem numa onda linear – da
esquerda para a direita e de cima para baixo, na página
impressa – hipertextos encorajam os leitores a moverem-
se de um bloco de texto a outro, rapidamente e não
sequencialmente. Considerando que o hipertexto oferece
uma multiplicidade de caminhos a seguir, podendo ainda
o leitor incorporar seus caminhos e suas decisões como
novos caminhos, inserindo informações novas, o leitor-
-navegador passa a ter um papel mais ativo e uma
oportunidade diferente da de um leitor de texto impresso.
Dificilmente dois leitores de hipertextos farão os mesmos
caminhos e tomarão as mesmas decisões.
MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas
interacionais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.
No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o
conhecimento por ele produzido, o texto apresentado
deixa claro que o hipertexto muda a noção tradicional de
autoria, porque
(A) é o leitor que constrói a versão final do texto.
(B) o autor detém o controle absoluto do que escreve.
(C) aclara os limites entre o leitor e o autor.
(D) propicia um evento textual-interativo em que apenas
o autor é ativo.
(E) só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe
para o leitor.
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 140
8. (ENEM)
La Vie en Rose
ITURRUSGARAI, A. La Vie en Rose. Folha de S. Paulo, 11 ago. 2007.
Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em
Quadrinhos constituem um gênero textual
(A) em que a imagem pouco contribui para facilitar a
interpretação da mensagem contida no texto, como
pode ser constatado no primeiro quadrinho.
(B) cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara,
que facilita a compreensão, como se percebe na fala
do segundo quadrinho: “</DIV> </SPAN> <BR
CLEAR = ALL> < BR> <BR> <SCRIPT>”.
(C) em que o uso de letras com espessuras diversas
está ligado a sentimentos expressos pelos
personagens, como pode ser percebido no último
quadrinho.
(D) que possui em seu texto escrito características
próximas a uma conversação face a face, como pode
ser percebido no segundo quadrinho.
(E) em que a localização casual dos balões nos
quadrinhos expressa com clareza a sucessão
cronológica da história, como pode ser percebido no
segundo quadrinho.
9. (ENEM)
Em Touro Indomável, que a cinemateca lança nesta
semana nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a
dor maior e a violência verdadeira vêm dos demônios de
La Motta — que fizeram dele tanto um astro no ringue
como um homem fadado à destruição. Dirigida como um
senso vertiginoso do destino de seu personagem, essa
obra-prima de Martin Scorcese é daqueles filmes que
falam à perfeição de seu tema (o boxe) para então
transcendê-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos
seres humanos apenas isso mesmo, humanos e
tremendamente imperfeitos.
Revista Veja, 18 fev. 2009 (adaptado).
Ao escolher este gênero textual, o produtor do texto
objetivou
(A) construir uma apreciação irônica do filme.
(B) evidenciar argumentos contrários ao filme de
Scorcese.
(C) elaborar uma narrativa com descrição de tipos
literários.
(D) apresentar ao leitor um painel da obra e se
posicionar criticamente.
(E) afirmar que o filme transcende o seu objetivo inicial
e, por isso, perde sua qualidade.
10. (ENEM)
Disponível em: http://www.uol.com.br
Observe a charge, que satiriza o comportamento dos
participantes de uma entrevista coletiva por causa do que
fazem, do que falam e do ambiente em que se
encontram.
Considerando-se os elementos da charge, conclui-se que
ela
(A) defende, em teoria, o desmatamento.
(B) valoriza a transparência pública.
(C) destaca a atuação dos ambientalistas.
(D) ironiza o comportamento da imprensa.
(E) critica a ineficácia das políticas.
11. (ENEM)
Disponível em: http://www.heliorubiales.zip.net
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 141
A figura é uma adaptação da bandeira nacional. O uso
dessa imagem no anúncio tem como principal objetivo
(A) mostrar à população que a Mata Atlântica é mais
importante para o país do que a ordem e o
progresso.
(B) criticar a estética da bandeira nacional, que não
reflete com exatidão a essência do país que
representa.
(C) informar à população sobre a alteração que a
bandeira oficial do país sofrerá.
(D) alertar a população para o desmatamento da Mata
Atlântica e fazer um apelo para que as derrubadas
acabem.
(E) incentivar as campanhas ambientalistas e ecológicas
em defesa da Amazônia.
12. (ENEM)
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço
esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o
passo até parar, encostando-se à parede de uma casa.
Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida
da chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se
não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios,
não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco,
sugeriu que devia sofrer de ataque.
TREVISAN, D. Uma vela para Dario. Cemitério de Elefantes.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964 (adaptado).
No texto, um acontecimento é narrado em linguagem
literária. Esse mesmo fato, se relatado em versão
jornalística, com características de notícia, seria
identificado em:
(A) Aí, amigão, fui diminuindo o passo e tentei me apoiar
no guarda-chuva... mas não deu. Encostei na parede
e fui escorregando. Foi mal, cara! Perdi os sentidos
ali mesmo. Um povo que passava falou comigo e
tentou me socorrer. E eu, ali, estatelado, sem
conseguir falar nada! Cruzes! Que mal!
(B) O representante comercial Dario Ferreira, 43 anos,
não resistiu e caiu na calçada da Rua da Abolição,
quase esquina com a Padre Vieira, no centro da
cidade, ontem por volta do meio-dia. O homem ainda
tentou apoiar-se no guarda-chuva que trazia, mas
não conseguiu. Aos populares que tentaram socorrê-
lo não conseguiu dar qualquer informação.
(C) Eu logo vi que podia se tratar de um ataque. Eu
vinha logo atrás. O homem, todo aprumado, de
guarda-chuva no braço e cachimbo na boca, dobrou
a esquina e foi diminuindo o passo até se sentar no
chão da calçada. Algumas pessoas que passavam
pararam para ajudar, mas ele nem conseguia falar.
(D) Vítima
Idade: entre 40 e 45 anos
Sexo: masculino
Cor: branca
Ocorrência: Encontrado desacordado na Rua da
Abolição, quase esquina com Padre Vieira.
Ambulância chamada às 12h34min por homem
desconhecido. A caminho.
(E) Pronto socorro? Por favor, tem um homem caído na
calçada da rua da Abolição, quase esquina com a
Padre Vieira. Ele parece desmaiado. Tem um grupo
de pessoas em volta dele. Mas parece que ninguém
aqui pode ajudar. Ele precisa de uma ambulância
rápido. Por favor, venham logo!
13. (ENEM)
S.O.S Português
Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito
diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto
da língua com base em duas perspectivas. Na primeira
delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o
ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de
que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino
restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais,
sem a preocupação com situações de uso. Outra
abordagem permite encarar as diferenças como um
produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e
a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta
disso.
S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano
XXV, n.° 231, abr. 2010 (fragmento adaptado).
O assunto tratado no fragmento é relativo à língua
portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a
professores. Entre as características próprias desse tipo
de texto, identificam-se as marcas linguísticas próprias
do uso
(A) regional, pela presença de léxico de determinada
região do Brasil.
(B) literário, pela conformidade com as normas da
gramática.
(C) técnico, por meio de expressões próprias de textos
científicos.
(D) coloquial, por meio do registro de informalidade.
(E) oral, por meio do uso de expressões típicas da
oralidade.
________________________________________________ *Anotações*
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 142
A criatividade no uso da língua e a formação de palavras
Em nosso cotidiano, ao usarmos a língua, muitas
vezes recorremos à nossa criatividade linguística para
modificar as palavras já conhecidas e criarmos outras
que deem o efeito de sentido que desejamos em
determinada situação de comunicação. Vejamos um
exemplo.
Neste poema “Inventipalavração”, o autor explora os
processos de formação de palavras de um modo bem
peculiar. O próprio título já mostra isso.
Inventipalavração
Que felizdeza!
Que tristidade!
Que gordureza!
Que esbeltura!
O que diria
a mômica
Alice
diante dessa
loucurice?
Inseio-o.
Sua pele era
esverdolenga.
A criassoa era meio
causamedífera.
Mesmo estupefata,
naquele momento,
não o achei asquerento.
Há café?
Askentei.
Nada answerizou.
Há café granizado?
Permaneceu calado.
Quedei-me absurdada.
Chega de conversa.
Você me bouleversa.
Mais tarde, encasimificada,
em processo
de euzificação,
toca a campainha.
Ao porteabrir, depavi-me
com uma cartinhazinha.
Desenvelopizei-a
e startei a gargarrir.
Assim assinada vinha:
coracionalmente,
seu ET de Varginha.
(Donizete Galvão)
Lendo o poema inteiro, vemos que o autor brinca com
os processos de formação o tempo todo: troca felicidade
por felizdeza; gordura, por gordureza; esbelta, por
esbeltura; e assim por diante. Além disso, traz verbos do
inglês askentei, answerizou, startei, conjugando-os como
portugueses. Repare que o autor consegue criar um
efeito de estranhamento pelo vocabulário que utiliza e
esse estranhamento está diretamente relacionado à
estranha história que é contada: uma visita do ET de
Varginha. Ou seja, a forma das palavras e o conteúdo do
poema contribuem para o mesmo objetivo: mostrar algo
estranho, inusitado para o leitor.
Intuitivamente, como falante de português, você já
domina a estrutura e os processos de formação das
palavras, podendo, por isso, também fazer essas
“brincadeiras” com as palavras. Contudo, caso tivesse
que escrever para alguém ou mesmo em uma prova de
vestibular, faltar-Ihe-iam alguns “nomes” que você ainda
desconhece. Veremos esses “nomes” nas duas seções
seguintes.
A estrutura das palavras
Leia o poema concreto a seguir, exemplo de um
movimento literário que visava a trabalhar, na poesia,
sobretudo com o formato das palavras:
Repare que, mesmo mudando as palavras, houve
algo que se manteve: a forma. Compare este poema com
Ocidental:
Em ambos há brincadeiras com palavras, mas apenas
no primeiro mantém-se uma relação de sentido entre as
palavras que vão sendo criadas. Sendo assim, podemos
dizer que a palavra forma apresenta um radical com base
no qual podem-se criar outras palavras e que os
“pedacinhos” que apareceram antes desta palavra,
criando novos vocábulos, são os afixos. No outro poema,
Ocidental, podemos dizer que temos três radicais
diferentes.
A análise da estrutura das palavras revela-nos a
existência de vários elementos mórficos chamados
morfemas. Os elementos que contêm o significado
básico da palavra chamam-se morfemas lexicais, e os
que indicam a flexão das palavras, ou seja, as variações
para indicar gênero, número, pessoa, modo e tempo
recebem o nome de morfemas gramaticais. Em alunos,
por exemplo, alun- é morfema lexical, o é morfema
gramatical de gênero e s é morfema gramatical de
número.
Radical
É a parte da palavra que contém a sua significação
básica, à qual podem se juntar outros morfemas para
criar novas palavras. Por exemplo: livro, livraria e livreiro.
O que você vê em comum entre essas três palavras?
É o radical livr-. As palavras que têm o mesmo radical
são chamadas de cognatas.
Afixos
Elementos que se acrescentam ao radical, alterando-
-lhe o sentido. São os prefixos (in+feliz, re+ver) e os
sufixos (gost+oso, pobr+eza).
forma
reforma
disforma
transforma
conforma
informa
forma
(José Lino Grünewald)
Ocidental
a missa
a miss
o míssil
(José Paulo Paes)
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 143
Desinências
São morfemas que indicam flexões das palavras.
Podem ser:
nominais: elementos (-o, -a e -s) que indicam as
flexões de gênero e número: menino, menina, livros,
canetas;
verbais: elementos que se juntam aos verbos para
indicar o modo e o tempo (desinências modo-
temporais), e o número e a pessoa (desinências
número-pessoais).
Em andávamos, temos:
• -va-: desinência modo-temporal (indica o pretérito
imperfeito do indicativo);
• -mos: desinência número-pessoal (indica a 1.ª
pessoa do plural).
Vogal temática
É aquela que se junta ao radical para permitir que
este receba outros elementos mórficos:
nos verbos: dá-se esse nome às vogais -a (cant-a-r),
-e (vend-e-r), -i (part-i-r), as quais se juntam aos
radicais formando o tema: canta, vende, parti ;
nos nomes: as vogais -a , -e e -o, átonas finais:
mesa, ponte, corpo.
Interfixos
Elementos colocados entre o radical e o sufixo para
facilitar a pronúncia da palavra. São também conhecidos
como vogais e consoantes de ligação:
vogais: gas+ô+metro, camon+i+ano;
consoantes: cafe+t+eira, pau+l+ada.
Processos de formação de palavras
Temos dois processos principais de formação de
palavras em português: a derivação e a composição.
Derivação
É o processo pelo qual formamos uma palavra
derivada através do acréscimo de afixos (prefixo ou
sufixo) ou, ainda, pela supressão de elementos de uma
palavra primitiva ou pela mudança de classe gramatical.
São os seguintes os tipos de derivação:
Prefixal: prefixo + radical (imperfeito, rever).
Sufixal: radical + sufixo (dosagem, mocidade).
Parassintética: acréscimo simultâneo de prefixo e de
sufixo ou terminação verbal (envelhecer, anoitecer,
ajoelhar).
Obs.: Em, por exemplo, desigualdade, não ocorre
parassintetismo, pois o acréscimo dos afixos (prefixo
e sufixo) não é simultâneo. Neste caso, dizemos que
a palavra é derivada prefixal e sufixalmente.
Regressiva: redução da palavra pela retirada de
sufixo. Ocorre normalmente com verbos de ação,
que dão origem a substantivos também indicadores
de ação. Exemplos: pescar > pesca, estudar >
estudo.
Imprópria (conversão): consiste na mudança da
classe gramatical da palavra sem alterar-lhe a forma.
Exemplo: Quais são as novas? (“novas” é
originalmente um adjetivo, mas foi empregado como
substantivo).
Composição
É a formação de uma palavra pela junção de duas (ou
mais) outras: pé-de-meia, pernalta, passatempo. A
composição pode dar-se por:
justaposição: quando duas ou mais palavras se
juntam para formar uma outra, mas sem que haja
perda de fonemas em nenhuma delas: pé-de-meia,
passatempo;
aglutinação: uma das palavras se altera:
aguardente (água + ardente), embora (em + boa +
hora).
Outros processos de formação de palavras
Onomatopeia
É a reprodução aproximada de sons ou ruídos:
pingue-pongue, cacarejar, tilintar.
Abreviação vocabular
Consiste na redução de uma palavra até o limite da
compreensão: foto (fotografia), pneu (pneumático).
Hibridismo
É a formação de palavras com elementos de línguas
diferentes: televisão (grego e latim), Florianópolis
(português e grego).
Siglonimização
Essa palavra dá nome ao processo de formação de
siglas. As siglas são formadas pela combinação das
letras iniciais de uma sequência de palavras que constitui
um nome: UFAC (Universidade Federal do Acre), ENEM
(Exame Nacional do Ensino Médio).
*********** ATIVIDADES ***********
1. (UNICAMP-SP)
A coluna “Marketing” da revista Classe, ano XVII, n.° 94,
30/8 a 30/10, 2002, inclui as seguintes passagens
(parcialmente adaptadas):
“Os jovens de classe média e alta, nascidos a partir de
1980, foram criados sob a pressão de encaixarem
infinitas atividades dentro das 24 horas. E assim
aprenderam a ensanduichar atividades. (...)
Pressionados pelo tempo desde que nasceram,
desenvolveram um filtro e separam aquilo que para eles
é o trigo, do joio; ficam com o trigo, e naturalmente,
deletam joio.” (p. 26)
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 144
a) Explique qual é o sentido da palavra “ensanduichar”
no texto e diga por que ela é especialmente
expressiva ou sugestiva aqui.
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_______________________________________________
b) O texto menciona um ditado corrente, embora não na
ordem usual. Qual é o ditado e o que significa?
_______________________________________________
_______________________________________________
c) A palavra “deletar” confere um ar de atualidade ao
texto. Explique por quê.
_______________________________________________
_______________________________________________
2. (UNICAMP-SP)
Millôr Fernandes, considerado um dos maiores
humoristas brasileiros, escreveu o texto “Leite, quéqué
isso?” em sua coluna no Caderno 2, no jornal O Estado
de S. Paulo de 22/8/99. A seguir, está um excerto desse
texto. Leia-o com atenção e responda:
Vocês, que têm mais de 15 anos, se lembram quando
a gente comprava leite em garrafa, na leiteria da
esquina? Lembram mais longe, quando a vaca-leiteira,
que não era vaca coisa nenhuma, era uma caminhonete-
-depósito, vinha vender leite na porta de casa? Lembram
mais longe ainda, quando a gente ia comprar leite no
estábulo e tinha aquele cheiro forte de bicho, de bosta e
de mijo, que a gente achava nojento e só foi achar genial
quando aprendeu que aquilo tudo era ecológico?
Lembram bem mais longe ainda, quando a gente mesmo
criava a vaca e pegava nos peitinhos dela pra tirar o leite
dos filhos dela, com muito jeito pra ela não nos dar uma
cipoada?
Mas vocês não lembram de nada, pô! Vai ver nem
sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando
isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite –
leite em pacote, imagina, Tereza! – na porta dos fundos e
estava escrito que é pausterizado, ou pasteurizado, sei
lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi
enriquecido e o escambau.
a) A palavra “embromatologia” soa como um termo
técnico, mas não é. Diga por que parece e por que
não é.
_______________________________________________
_______________________________________________
b) O texto mostra que a moda pode afetar nossos
gostos. Em que passagem isso aparece?
_______________________________________________
_______________________________________________
c) As informações técnicas que acompanham muitos
produtos não necessariamente esclarecem o
consumidor, mas o impressionam. Transcreva a
passagem do texto em que o autor alude a esse
problema.
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_______________________________________________
3. (FUVEST-SP)
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-Ia desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-Ia brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
(João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina.)
a) A fim de obter um efeito expressivo, o poeta utiliza,
em “a fábrica” e “se fabrica”, um substantivo e um
verbo que têm o mesmo radical. Cite da estrofe outro
exemplo desse mesmo recurso expressivo.
_______________________________________________
b) A expressividade dos seis últimos versos decorre,
em parte, do jogo de oposições entre palavras. Cite
desse trecho um exemplo em que a oposição entre
as palavras seja de natureza semântica.
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4. (FUVEST-SP)
A gente via Brejeirinha: primeiro, os cabelos, compridos,
lisos, louro-cobre; e, no meio deles, coisicas diminutas: a
carinha não comprida, o perfilzinho agudo, um narizinho
que-carícia. Aos tantos, não parava, andorinhava,
espiava agora – o xixixi e o empapar-se da paisagem –
as pestanas til-til. Porém, disse-se-dizia ela, pouco se vê,
pelos entrefios: – “TANTO CHOVE, QUE ME GELA.”
(Guimarães Rosa, Partida do audaz navegante, Primeiras Estórias.)
a) Os diminutivos com que o narrador caracteriza a
personagem traduzem também sua atitude em
relação a ela. Identifique essa atitude, explicando-a
brevemente.
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 145
b) “Andorinhava” é palavra criada por Guimarães Rosa.
Explique o processo de formação dessa palavra.
Indique resumidamente o sentido dessa palavra no
texto.
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5. (FUVEST-SP)
Um dos recursos expressivos de Guimarães Rosa
consiste em deslocar palavras da classe gramatical a que
elas pertencem. Destas frases de “Sorôco, sua mãe, sua
filha”, a única em que isso não ocorre é:
(A) “... os mais detrás quase que corriam. Foi o de não
sair mais da memória.”
(B) “... não queria dar-se ao espetáculo, mas
representava de outroras grandezas.”
(C) “... mas depois puxando pela voz ela pegou a
cantar.”
(D) “... sem jurisprudência, de motivo nem lugar,
nenhum, mas pelo antes, pelo depois.”
(E) “... ela batia com a cabeça, nos docementes.”
6. (CESGRANRIO-RJ)
Os vocábulos “aprimorar” e “encerrar” classificam-se,
quanto ao processo de formação de palavras,
respectivamente, em:
(A) parassíntese/prefixação.
(B) parassíntese/parassíntese.
(C) prefixação/parassíntese.
(D) sufixação/prefixação e sufixação.
(E) prefixação e sufixação/prefixação.
7. (FATEC-SP)
Após séculos de melancolia, gastos a olhar obsessiva e
nostalgicamente para seu passado de glórias, os
portugueses parecem estar olhando também para o
futuro. O país se informatiza, se “internetiza”, se sintoniza
com as tendências da vida internacional.
Folha de S. Paulo, 5/10/1995.
Sobre a palavra “internetiza”, é correto afirmar que:
(A) é um neologismo; é uma palavra formada por
derivação sufixal; refere-se à palavra internet.
(B) é formada por derivação prefixaI; refere-se à
internacionalização.
(C) é formada por derivação parassintética; refere-se à
internacionalização.
(D) está entre aspas porque é gíria; refere-se à União
Europeia.
(E) não está no dicionário, portanto, não tem validade
linguística.
Texto para as questões 8 e 9.
Rebento
1 Rebento, substantivo abstrato,
2 O ato, a criação, o seu momento,
3 Como uma estrela nova e seu barato
4 Que só Deus sabe lá, no firmamento.
5 Rebento, tudo que nasce é rebento,
6 Tudo que brota, que vinga, que medra,
7 Rebento raro como flor na pedra,
8 Rebento farto como trigo ao vento.
..............................................................
(Gilberto Gil, apud PASQUALE & ULISSES.
Gramática da língua portuguesa.)
8. (UFAC)
Há no texto uma palavra cujo processo de formação se
dá por derivação regressiva, consistindo esta na
supressão da “parte final de uma palavra primitiva,
obtendo-se por essa redução uma palavra derivada. É
um processo particularmente produtivo para a formação
de substantivos a partir de verbos principalmente da
primeira e da segunda conjugações. Esses substantivos,
chamados por isso deverbais, indicam sempre o nome de
uma ação.”
(PASQUALE & ULISSES, op. cit., pág. 73.)
A partir da explicação acima, é possível afirmar que, na
composição de Gilberto Gil, constitui exemplo de
derivação regressiva:
(A) a palavra rebento (ℓ. 1).
(B) a palavra rebento (ℓ. 5).
(C) a palavra rebento (ℓ. 7).
(D) a palavra rebento (ℓ. 8).
(E) a palavra rebento, em todas as suas ocorrências.
9. (UFAC)
Justifica a resposta ao item anterior o fato de a palavra
rebento:
(A) ser nome abstrato e exprimir ação (ℓ. 1).
(B) ser nome concreto e exprimir ação (ℓ. 5).
(C) ser nome concreto e não exprimir ação (ℓ. 7).
(D) ser nome abstrato e exprimir ação (ℓ. 8).
(E) ser nome abstrato e exprimir ação em todas as suas
ocorrências.
10. (UERJ-RJ)
“Os homens aqui mudam de nome quando têm um filho.
Maxihú é o pai de Maxi. Teró por muito tempo foi
Jaguarhú. Eu seria luicuihí se minha filha se chamasse
luicui? Ou Mairahú se meu filho pudesse chamar-se
Maíra? Será que pode?”
Levando em conta apenas os substantivos próprios
citados no trecho, é possível entender que, na língua dos
mairuns, o novo nome do pai de um filho homem contém:
(A) o nome da criança seguido do morfema -hí.
(B) o nome do filho seguido do morfema -hú.
(C) o nome da mãe seguido do morfema -hí.
(D) o nome do pai seguido do morfema -hú.
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________
SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 146
Texto para as questões de 11 a 16.
Guarani, a língua proibida
5
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30
Até meados do século XVIII, falar português não
era o suficiente para se comunicar no Brasil. Na
Colônia, predominava ainda a chamada língua
geral. Baseada originariamente no tupi, ela passou
por modificações ao longo dos contatos entre índios
e europeus, até tornar-se a linguagem
característica da sociedade colonial. A língua geral
era, portanto, falada não apenas pelos índios, mas
também por amplas camadas da população. Em
algumas regiões da Colônia, como em São Paulo e
na Amazônia, ela era utilizada pela maioria dos
habitantes, a ponto de exigir que as autoridades
portuguesas enviadas a esses lugares se valessem
de intérpretes para se comunicar.
Por tudo isso, na segunda metade do século
XVIII, a Coroa portuguesa criou uma série de leis
para transformar os índios em súditos iguais aos
demais colonos. Com as mudanças, pretendia-se
eliminar as diferenças culturais características dos
grupos indígenas, fazendo deles pessoas
“civilizadas”. (...) O principal mentor desta política
foi Sebastião José de Carvalho e Melo, conhecido
mais tarde como Marquês de Pombal. A Coroa
pretendia impor o uso do idioma português entre as
populações nativas da América porque Pombal
entendia que as línguas indígenas reforçavam os
costumes tribais, que ele pretendia extinguir. Na
sua visão, o uso da língua portuguesa ajudaria a
erradicar esses costumes, aumentando a sujeição
das populações indígenas ao Rei e à Coroa.
Elisa F. Garcia. Revista de História da Biblioteca
Nacional, jul. 2005, p. 73-74 (com adaptações).
11. (CESGRANRIO-RJ)
De acordo com o texto, a língua predominante, no Brasil,
na primeira metade do século XVIII, era o(a):
(A) tupi, que os índios falavam entre si.
(B) português, aprendido com os colonizadores.
(C) língua dos intérpretes enviados pela Coroa.
(D) língua de contato, chamada de língua geral.
(E) língua que os colonizadores ensinavam aos índios.
12. (CESGRANRIO-RJ)
A palavra “mentor” (ℓ. 21) pode ser adequadamente
substituída, no texto, por:
(A) advogado.
(B) estudante.
(C) conselheiro.
(D) seguidor.
(E) oponente.
13. (CESGRANRIO-RJ)
De acordo com o texto, a imposição do uso da língua
portuguesa às populações indígenas baseava-se no
entendimento de que:
(A) os índios, ao assimilar o português, deixariam seus
hábitos.
(B) os índios aprenderiam facilmente a língua
portuguesa e os costumes do povo.
(C) os índios não precisavam de seus idiomas nativos
para se comunicar.
(D) as línguas dos índios não tinham os mesmos
recursos que a língua portuguesa.
(E) a língua usada pelos colonizadores era melhor para
a comunicação.
14. (CESGRANRIO-RJ)
Observe as afirmativas abaixo sobre as razões para que
o texto utilize letras maiúsculas para as palavras “Até”
(ℓ. 1), “Brasil” (ℓ. 2) e “Colônia” (ℓ. 3) e indique se são
falsas (F) ou verdadeiras (V).
(**) O uso da letra maiúscula se faz necessário
porque as três palavras são substantivos próprios.
(**) O uso da maiúscula em “Até” deve-se ao fato de a
palavra estar iniciando frase, e o uso em “Brasil”
porque este é um nome próprio.
(**) A palavra “Colônia” é um substantivo comum
personificado e, portanto, deve ser grafado com
maiúscula.
A sequência correta é:
(A) V – F – F (D) F – V – V
(B) V – V – F (E) F – F – V
(C) F – V – F
15. (CESGRANRIO-RJ)
Segundo o texto, as leis criadas pela Coroa portuguesa
tinham como objetivo:
(A) promover a igualdade entre os súditos da Coroa e os
colonos.
(B) fazer com que índios e colonos fossem igualmente
súditos.
(C) reforçar os antigos hábitos culturais dos indígenas
brasileiros.
(D) eliminar as diferenças entre as diversas tribos
indígenas.
(E) evitar que os colonos adquirissem as culturas dos
índios.
16. (CESGRANRIO-RJ)
A palavra que expressa o contrário do significado de
“erradicar” (ℓ. 29) é:
(A) extrair. (D) eliminar.
(B) tirar. (E) desarraigar.
(C) fixar.
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 147
*MÓDULO 3*
Literatura brasileira
A literatura brasileira tem sua história dividida em
duas grandes eras, que acompanham a evolução política
e econômica do país: a Era Colonial e a Era Nacional,
separadas por um Período de Transição, que
corresponde à emancipação política do Brasil. As eras
apresentam subdivisões chamadas de escolas literárias
ou estilos de época. Dessa forma, temos:
Era Colonial
(de 1500 a 1808)
Quinhentismo (de 1500 a 1601)
Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768)
Setecentismo ou Arcadismo (de 1768 a 1808)
Período
de Transição
(de 1808 a 1836)
Era Nacional
(de 1836 até
nossos dias)
Romantismo (de 1836 a 1881)
Realismo/Naturalismo (de 1881 a 1893)
Parnasianismo (de 1882 a 1893)
Simbolismo (de 1893 a 1902)
Pré-Modernismo (de 1902 a 1922)
Modernismo (de 1922 a 1945)
Pós-Modernismo (de 1945 até nossos dias)
As datas que indicam o início e o fim de cada época
têm de ser entendidas apenas como marcos. Toda época
apresenta um período de ascensão, um ponto máximo e
um período de decadência (que coincide com o período
de ascensão da próxima época). Dessa forma podemos
perceber, ao final do Arcadismo, um período de Pré-
-Romantismo; ao final do Romantismo, um Pré-Realismo,
e assim por diante. De todos esses momentos de
transição, caracterizados pela quebra das velhas
estruturas (apesar de “o novo sempre pagar tributo ao
velho”), o mais significativo para a literatura brasileira foi
o Pré-Modernismo (entre 1902 e 1922), em que se
destacaram Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro
Lobato e Augusto dos Anjos.
Quinhentismo (1500-1601)
Marco inicial
Carta a El-Rei D. Manuel, de Pero Vaz de Caminha.
Panorama histórico
Este primeiro século da história do Brasil, de 1500 a
1601, ainda não pode ser considerado como uma
verdadeira literatura. Os textos são informações que
viajantes e missionários europeus colheram sobre nossa
terra. Quanto ao estilo, não passa de uma manifestação
da literatura portuguesa no Brasil. Quanto ao aspecto
ideológico, nota-se que os escritores tinham uma visão
aportuguesada da nossa realidade, então, registravam
curiosidades da terra recém-descoberta. Os escritos
apresentam uma visão ufanista dos valores da terra, que
serviam de incentivo à imigração e aos investimentos da
Metrópole na Colônia.
Verifica-se que os textos encontrados variam de
acordo com os interesses da Coroa portuguesa: alguns
são meramente informativos, outros são tipicamente
propagandísticos, e existem aqueles que são de caráter
catequético. Todos eles, porém, têm como assunto
básico a terra do Brasil, sua flora e fauna, seus
habitantes e curiosidades locais e culturais.
Nos períodos literários nacionalistas, Romantismo e
Modernismo, os autores costumavam recuperar os textos
quinhentistas e reaproveitar as informações neles
contidas. Os românticos exaltavam ingenuamente e os
modernistas analisavam criticamente a colonização.
ACERVO DO MUSEU PAULISTA DA USP
A Primeira Missa no Brasil, na concepção do pintor Vítor Meireles (1832-1903).
“E depois de acabada a missa, (...) muitos deles (os índios)
se levantaram e começaram a tocar corno ou buzina,
saltando e dançando por um bom tempo.”
(Carta de Caminha)
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 148
Principais autores e obras
Pero Vaz de Caminha — Carta a El-Rei D. Manuel
Pero Lopes de Sousa — Diário de Navegação
Pero de Magalhães Gândavo — Tratado da Terra do
Brasil; História da Província de Santa Cruz, a que
Vulgarmente Chamamos Brasil
Gabriel Soares de Sousa — Tratado Descritivo do
Brasil
Ambrósio Fernandes Brandão — Diálogos das
Grandezas do Brasil
Padre José de Anchieta — Poesias de José de
Anchieta; Na Festa de São Lourenço; Na Festa de
Natal; Na Visitação de Santa Isabel; Arte de
Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil;
Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e
Sermões
Fique ligado! Pesquise!
Assistir: aos filmes Como era gostoso o meu francês;
1492, a conquista do paraíso; Cristóvão Colombo e
Dança com lobos; compare a visão sobre o índio
apresentada nesses filmes com aquela presente nos
filmes que tratam do trabalho da cavalaria no Oeste
americano.
Pesquisar: sobre as relações da literatura do século
XVI com o movimento Pau-Brasil, de Oswald de
Andrade, e com o Tropicalismo (século XX).
Ouvir: a música Tropicália, de Caetano Veloso, que
se encontra no disco Tropicália ou Panis et circensis
(1968), prestando atenção na parte inicial, falada.
*********** ATIVIDADES ***********
1. (MACKENZIE-SP)
A produção literária do Quinhentismo brasileiro
caracterizou-se pela preocupação com:
(A) a descrição da terra recém-descoberta e a educação
dos nativos e colonos.
(B) a denúncia de desmandos dos governantes
portugueses e a salvação da alma.
(C) a defesa dos indígenas escravizados pelo
colonizador e o elogio da vida bucólica.
(D) a recusa de modelos culturais europeus e a pesquisa
do “caráter nacional”.
(E) o combate a formas poéticas decadentes e a
valorização dos sentimentos.
2. (UEL-PR)
A exuberância da natureza brasileira impressionou
artistas e viajantes europeus nos séculos XVI e XVII. Leia
o texto e observe a imagem a seguir:
[...] A América foi para os viajantes, evangelizadores e
filósofos uma construção imaginária e simbólica. Diante
da absoluta novidade, como explicá-Ia? Como
compreendê-Ia? Como ter acesso ao seu sentido?
Colombo, Vespúcio, Pero Vaz de Caminha, Las Casas,
dispunham de um único instrumento para aproximar-se
do Mundo Novo: os livros. [...] O Novo Mundo já existia,
não como realidade geográfica e cultural, mas como
texto, e os que para aqui vieram ou os que sobre aqui
escreveram não cessam de conferir a exatidão dos
antigos textos e o que aqui se encontra.
CHAUÍ, M. apud FRANZ, T. S. Educação para uma compreensão
crítica da arte. Florianópolis: Letras Contemporâneas
Oficina Editorial, 2003, p. 95.
MUSEUS CASTRO MAIA
DEBRET, J. B. Tribo Guaicuru em busca de novas pastagens, 1834-1839.
Com base no texto e na imagem, é correto afirmar:
I. O olhar do viajante europeu é contaminado pelo
imaginário construído a partir de textos da
Antiguidade e por relatos produzidos no contexto
cultural europeu.
II. Os artistas viajantes produziram imagens
precisas e detalhadas que apresentam com
exatidão a realidade geográfica do Brasil.
III. Nas representações feitas por artistas
estrangeiros coexistem elementos simbólicos e
mitológicos oriundos do imaginário europeu e
elementos advindos da observação da natureza
e das coisas que o artista tinha diante de seus
olhos.
IV. A imagem de Debret registra uma cena cotidiana
e revela a capacidade do artista em documentar
os costumes e a realidade do indígena brasileiro.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas
corretas.
(A) I e II. (C) II e IV. (E) II, III e IV.
(B) I e III. (D) I, III e IV.
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 149
3. (PROSEL/UEPA-PA, adaptada)
[...] Certa ocasião ouvimos, quase à meia-noite, gritos
de mulher [...] acudimos imediatamente e verificamos que
se tratava apenas de uma mulher em hora do parto. O
pai recebeu a criança nos braços, depois de cortar com
os dentes o cordão umbilical e amarrá-Io. Em seguida,
continuando no seu ofício de parteiro, enxugou com o
polegar o nariz do filho, como é de praxe entre os
selvagens do país. Note-se que nossas parteiras, ao
contrário, apertam o nariz aos recém-nascidos para dar
maior beleza, afilando-o.
Jean de Léry. Viagem à terra do Brasil, 1578. AMADO,
Janaína e GARClAS, Leônidas Franco. Navegar
é preciso – descobrimentos marítimos europeus.
São Paulo: Atual, 1989, p. 46-7.
A descrição do viajante francês no final do século XVI
sobre os habitantes nativos das terras portuguesas na
América nos possibilita identificar no texto:
(A) a absorção das práticas médicas das populações
nativas pelos europeus.
(B) a violência do colonizador em relação às práticas
higienizadoras dos nativos considerados bárbaros.
(C) o choque do europeu em relação às práticas
indígenas, denotando o confronto entre as duas
culturas.
(D) a aceitação do método adotado pelos indígenas, no
parto, considerado superior à prática médica
europeia.
(E) a surpresa das populações nativas diante do espanto
dos europeus em relação às práticas de pajelança.
4. (PSC/UFAM-AM)
Caracterizam a literatura dos viajantes as afirmativas
abaixo, exceto:
(A) Os escritos dos viajantes refletem a visão, os
conceitos e os interesses dos europeus em relação
às terras do além-mar.
(B) Observa-se a necessidade de informar a Coroa
portuguesa sobre as potencialidades econômicas da
nova terra.
(C) O conjunto do registro dos viajantes tem, sobretudo,
valor documental e histórico.
(D) As crônicas dos viajantes surgiram como o
desdobramento de um processo de mudanças
estruturais na Europa.
(E) Havia, por parte dos cronistas, uma preocupação
estética, um apuro literário formal.
5. (UEL-PR)
José de Anchieta, o “Apóstolo do Brasil”, trouxe em
sua bagagem, vindo das Canárias, onde nasceu, mais do
que seu pendor poético. Vinha ele com mais meia dúzia
de bravos com a espantosa missão de converter e
educar os índios, que a seus olhos e dos outros, a
princípio, não reconheciam qualquer cultura.
DELACY, M. Introdução ao teatro. Petrópolis: Vozes, 2003.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a prática
de catequização de José de Anchieta, considere as
afirmativas a seguir:
I. Para catequizar, Anchieta valeu-se de sua
criatividade, usando cocares coloridos, pintura
corporal e outros adereços que os indígenas lhe
mostravam.
II. Com a missão de levar Jesus àqueles “bugres e
incultos”, Anchieta se afastou de suas próprias
crenças convertendo-se à religião daquele povo.
III. Com a finalidade de catequizar, Anchieta
começou a escrever autos, baseados nos autos
medievais, nas obras de Gil Vicente e em
encenações espanholas.
IV. Para implantar a fé como lhe foi ordenado,
Anchieta representava os autos na língua pátria
de Portugal.
Estão corretas apenas as afirmativas:
(A) I e III.
(B) I e IV.
(C) II e IV.
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV.
6. (MACKENZIE-SP)
Esta gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece
a Deus; somente aos trovões chama TUPANE, que é
como quem diz “cousa divina”. E assim nós não temos
outro vocábulo mais conveniente para os trazer ao
conhecimento de Deus, que chamar-lhe PAI TUPANE.
(Manuel da Nóbrega)
No texto,
(A) o missionário apresenta as razões de sua
condenação às atitudes profanas entre os gentios,
que busca catequizar.
(B) explicita-se a predominância da função fática, pois o
emissor tematiza a busca da melhor palavra para
designar a divindade.
(C) o emissor nega o sentimento de veneração entre os
gentios, mas se apropria de uma manifestação
linguística deles por reconhecer nela traços de
sacralidade.
(D) o autor revela sua estratégia de missionário: tenta
influenciar a prática religiosa dos nativos pelo
descrédito que passa a atribuir à palavra Tupane.
(E) o religioso informa sobre as práticas dos nativos e
defende a urgência de a metrópole adotar medidas
para a alfabetização dos gentios.
________________________________________________ *Anotações*
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 150
Barroco (1601-1768)
Marco inicial
Publicação do poema Prosopopeia, de Bento Teixeira.
Panorama histórico
O Barroco brasileiro coincide, historicamente, com a
época da colonização e absorve as influências do ideal
do colono português. Em termos sociais, temos como
centros dessa cultura a Bahia e Pernambuco.
Não podemos falar de período barroco sem falar de
uma cultura gerada por essa fase, resultado de uma
tentativa angustiada de conciliar ideias opostas: o
teocentrismo medieval e o antropocentrismo clássico. O
Barroco, de certo modo, já vinha se manifestando no final
do Renascimento, época em que se iniciam os conflitos.
Além do padre Antônio Vieira, prosador português,
devemos citar a poesia do baiano Gregório de Matos.
MUSEUS ESTATAIS DE BERLIM
Amor Victorius, Michelangelo Caravaggio, 1602-03. Óleo sobre tela, 156 x 113 cm.
Características barrocas
Dualismo: trata-se de uma atitude que designa o
culto do contraste tão tipicamente barroco. Assim, o
homem sempre estava entre dois aspectos: o
racionalismo mundano e o espiritual teocêntrico.
Essas posturas antagônicas em geral se relacionam
metaforicamente nos textos: o claro e o escuro; o
belo e o feio; o prazer e o sofrimento; o quente e o
frio.
Fusionismo: na arte barroca, o artista não se limita a
expor os contrários, porém quer fundi-los, conciliá-
los, integrá-los, através de uma linguagem
profundamente metafórica.
Feísmo: trata-se de uma preferência pelos aspectos
cruéis, dolorosos e sangrentos, pelo “belo horrendo”,
pelo espetáculo trágico, deformando as imagens pelo
exagero, a resvalar pelo grotesco.
Pessimismo: vivendo na órbita do medo e da dúvida,
o Barroco manifesta-se por uma visão desencantada
do mundo. A morte é uma constante preocupação,
ao lado da consciência da fugacidade do tempo e da
incerteza e inconstância da vida.
Atitude lúdica: o termo “lúdica” deriva de “ludo”, que
significa “jogo”. Portanto, podemos notar que a arte
barroca nos proporciona um eterno jogo de
contrastes, enredando-nos em verdadeiros labirintos
sintáticos e semânticos que, muitas vezes, levam-
nos a um niilismo temático.
Cultismo: também conhecido como “gongorismo” ou
“culteranismo”, designa um processo construtivo que
excede nas utilizações das figuras de linguagem,
causando um rebuscamento formal, uma excessiva
ornamentação estilística ou um preciosismo.
Normalmente, os textos cultistas são extravagantes,
herméticos e, não raro, de gosto duvidoso.
Conceptismo: trata-se de um processo construtivo
também conhecido como “quevedismo”, por causa
do escritor espanhol Quevedo, e que resulta,
finalmente, numa elaboração racional, numa retórica
aprimorada, através de um jogo de conceitos.
Quando analisamos um raciocínio, devemos
perceber se ele foi estruturado em bases
verdadeiras, um silogismo, ou se em bases falsas ou
metafóricas, um sofisma.
Principais autores e obras
Gregório de Matos (1633-1696) — I. Poesia Sacra; II.
Poesia Lírica; III. Poesia Graciosa; IV e V. Poesia
Satírica; VI. Poesia Última
(Nada publicou em vida; a compilação de sua poesia,
a partir de cópias manuscritas, realizou-se entre
1923 e 1933, pela Academia Brasileira de Letras.)
Padre Antônio Vieira (1608-1697) — 500 Cartas; 200
Sermões; História do Futuro; Esperanças de
Portugal, Quinto Império do Mundo; Clavis
Prophetarum (A Chave das Profecias)
Bento Teixeira (1560-1618) — Prosopopeia
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 151
Fique ligado! Pesquise!
Assistir: ao filme Caravaggio, que trata da vida e da
obra de um dos mais importantes pintores do Pré-
-Barroco.
Pesquisar: sobre a obra de grandes artistas
plásticos barrocos e pré-barrocos, como
Caravaggio, Tintoretto, Giuseppe Arcimboldo,
Georges de la Tour e Antoon Van Dyck; e também
sobre o genial Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho, arquiteto, pintor e escultor brasileiro,
que deixou significativas obras no Barroco mineiro.
Ouvir: a música de Vivaldi, a maior celebridade da
música barroca.
Ler: a obra Boca do Inferno, de Ana Miranda
(Editora Companhia das Letras), que trata da vida
do poeta baiano barroco Gregório de Matos e inclui
também o Padre Antônio Vieira.
*********** ATIVIDADES ***********
1. (UFAC)
Observe as afirmativas referentes ao Barroco:
I. A poesia caracteriza-se pelo culto do contraste e
consciência da efemeridade da vida.
II. Percebe-se uma postura antitética entre o
pensamento teocêntrico e o antropocêntrico.
III. Tem em Gregório de Matos seu maior
representante na literatura brasileira.
Assinale a alternativa correta.
(A) Apenas I e II são verdadeiras.
(B) Apenas I e III são verdadeiras.
(C) Apenas II e III são verdadeiras.
(D) Todas são verdadeiras.
(E) Nenhuma é verdadeira.
2. (FGV-RJ)
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas, a alegria.
Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos, a
principal característica do Barroco é:
(A) culto da natureza.
(B) a utilização de rimas alternadas.
(C) a forte presença de antíteses.
(D) culto do amor cortês.
(E) uso de aliterações.
3. (UFPE/UFRPE)
O estilo barroco – que nos séculos XVII e XVIII se
destacou com a arte de Diogo Velázquez, Rubens,
Caravaggio, entre outros – pode ser considerado como:
(A) expressão do respeito aos princípios da arte clássica
greco-romana.
(B) imitação dos pintores renascentistas florentinos.
(C) reflexo das concepções estéticas do Antigo Oriente.
(D) consagração do racionalismo e cartesianismo na
arte.
(E) resultado de uma arte que desafiava os padrões
clássicos.
4. (UEG-GO)
MARISTELA DO VALLE/FOLHA IMAGEM
ALEIJADINHO. Cristo do carregamento da Cruz. Enciclopédia Barsa, 1998.
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Obras poéticas de Gregório de Matos.
Rio de Janeiro: Record: 1990.
Durante o período colonial brasileiro, as principais
manifestações artísticas, populares ou eruditas foram,
assim como nos demais aspectos da vida cotidiana,
marcadas pela influência da religiosidade. Nesse sentido,
com base na análise da presença da religiosidade na
obra de Aleijadinho e Gregório de Matos, é correto
afirmar:
(A) Ambas são modelos da arte barroca, uma vez que se
inspiram mais na temática cristã do que em
elementos oriundos da mitologia greco-romana.
(B) A presença da temática religiosa em ambos deve-se
à influência protestante holandesa na região da
Bahia e de Minas Gerais.
(C) No trecho do poema, tem-se a expressão de um
pecador que, embora creia em Deus, não tem
certeza de que obterá o perdão divino.
(D) A pobreza estética da obra de Aleijadinho e Matos
deriva da censura promovida pela Santa Inquisição
às obras artísticas no Brasil.
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 152
5. (UFPA)
Assinale a alternativa correta a respeito de Gregório de
Matos ou do Barroco.
(A) Gregório de Matos é considerado o autor mais
importante do Barroco brasileiro por ter introduzido a
estética no país e ter escrito poemas épicos, de
herança camoniana, em louvor à pátria, traço do
nativismo literário da época.
(B) A crítica reconhece a obra lírica de Gregório de
Matos como superior à satírica, porque, nela, o autor
não trabalha com o jogo de palavras que instaura o
erótico e às vezes até o licencioso.
(C) Tematicamente, a poesia de Gregório de Matos
trabalha a religião, o amor, os costumes e a reflexão
moral, às vezes por meio de um jogo entre erotismo
idealizado X sensualismo desenfreado; temor divino
X desrespeito pelos encarregados dos cultos.
(D) Conceptismo e cultismo são processos técnicos e
expressivos do Barroco que dão simplicidade aos
textos, principal objetivo da estética que repudiava os
torneios na linguagem.
(E) O Barroco se destaca como movimento literário
único, uma vez que somente em sua estética
encontramos o uso de sugestões de luz, cor e som,
bem como o uso de metáforas, hipérboles,
perífrases, antíteses e paradoxos.
6. (UFV-MG)
Leia atentamente o fragmento do sermão do padre
Antônio Vieira:
A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é
que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este,
mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos
comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os
pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os
pequenos comeram os grandes, bastara um grande para
muitos pequenos; mas como os grandes comem os
pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um
só grande [...]. Os homens, com suas más e perversas
cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns
aos outros. Tão alheia causa é não só da razão, mas da
mesma natureza, que, sendo criados no mesmo
elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos
finalmente irmãos, vivais de vos comer.
VIEIRA, Antônio. Obras completas do padre Antônio Vieira:
sermões. Vol. III. Prefaciados e revistos pelo Pe. Gonçalo
Alves. Porto: Lello & Irmão, 1993, p. 264-5.
O texto de Vieira contém algumas características do
Barroco. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela
em que não se confirmam essas tendências estéticas:
(A) A utilização da alegoria, da comparação, como
recursos oratórios, visando à persuasão do ouvinte.
(B) A tentativa de convencer o homem do século XVII,
imbuído de práticas e sentimentos comuns ao
semipaganismo renascentista, a retomar o caminho
do espiritualismo medieval, privilegiando os valores
cristãos.
(C) A presença do discurso dramático, recorrendo ao
princípio horaciano de “ensinar deleitando” –
tendência didática e moralizante, comum à
Contrarreforma.
(D) O tratamento do tema principal – a denúncia à cobiça
humana – através do conceptismo, ou jogo de ideias.
(E) O culto do contraste, sugerindo a oposição bem X
mal, em linguagem simples, concisa, direta e
expressiva da intenção barroca de resgatar os
valores greco-Iatinos.
7. (UFSCar-SP)
O pregar há de ser como quem semeia, e não como
quem ladrilha ou azuleja. Ordenado, mas como as
estrelas. [...] Todas as estrelas estão por sua ordem; mas
é ordem que faz influência, não é ordem que faça lavor.
Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os
pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se
de uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar
negro; se de uma parte está dia, da outra há-de estar
noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer
sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de
dizer subiu. Basta que não havemos de ver num sermão
duas palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em
fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o
estilo da disposição, e também o das palavras.
Vieira, Sermão da Sexagésima.
No texto, Vieira critica um certo estilo de fazer sermão,
que era comum na arte de pregar dos padres
dominicanos da época. O uso da palavra xadrez tem o
objetivo de
(A) defender a ordenação das ideias em um sermão.
(B) fazer alusão metafórica a um certo tipo de tecido.
(C) comparar o sermão de certos pregadores a uma
verdadeira prisão.
(D) mostrar que o xadrez se assemelha ao semear.
(E) criticar a preocupação com a simetria do sermão.
________________________________________________ *Anotações*
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Arcadismo (1768-1808)
Marco inicial
Publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da
Costa.
ARQUIVO/UFMG
Vários poetas árcades participaram do movimento contra o governo português conhecido por Conjuração Mineira, mas somente Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, pagou com a vida a ousadia de querer lutar pela nossa independência. Na ilustração, uma representação impressionante do suplício de Tiradentes, obra do pintor Pedro Américo (1843-1905).
Panorama histórico
O Arcadismo ou Neoclassicismo corresponde ao
período de superação dos conflitos religiosos da época
barroca. No século XVIII, a fé e a religião perdem
importância, e a Razão e a Ciência passam a explicar o
homem e o mundo.
O Arcadismo coincide com o Século das Luzes,
marcado pelo Iluminismo (Rousseau, Montesquieu,
Voltaire); pelo Empirismo Científico (Newton, Lavoisier,
Lineu, Locke); pelo Enciclopedismo (Diderot, D’Alembert)
e, no âmbito político, pelo Despotismo Esclarecido.
Representa, historicamente, o último período de
dominação da aristocracia e as primeiras investidas da
burguesia emergente na Revolução Comercial. A partir
da Revolução Francesa (1789), a burguesia assume a
condição de classe dominante.
Em Portugal, corresponde à época do Marquês de
Pombal (1750-1777), que operou profundas
transformações administrativas e educacionais, como a
expulsão dos jesuítas, o fim da submissão à Santa
Inquisição, a laicização do ensino, a reforma universitária
e a divulgação das ideias científicas.
No Brasil, corresponde ao apogeu da mineração do
ouro em Minas Gerais e à transferência do centro
econômico e cultural da Colônia do Norte (Pernambuco e
Bahia) para o Centro-Sudeste (Minas Gerais e Rio de
Janeiro). Corresponde, também, à fase das primeiras
rebeliões contra o estatuto colonial, como a Inconfidência
Mineira, a Revolução dos Alfaiates, etc. Daí o nativismo,
que passa a ser reivindicatório, e não mais apenas
descritivo e pitoresco, como ocorrera no Quinhentismo e
no Barroco.
A vida literária ganha novo alento com o surgimento
de um público leitor. Estabiliza-se, dessa forma, a relação
autor-obra-leitor, vale dizer, surgem escritores brasileiros,
que escrevem sobre o Brasil, para leitores brasileiros.
Características árcades
Volta aos modelos clássicos: revalorização dos
princípios poéticos greco-romanos e renascentistas.
Daí a denominação Neoclassicismo.
Arte como imitação dos grandes autores: o poeta
imita, não a natureza, como propugnava Aristóteles
na Antiguidade, mas os autores antigos ou
renascentistas (Horácio, Ovídio, Virgílio, Petrarca,
Camões). O poeta arcádico não visa à originalidade,
mas à perfeição na imitação do modelo.
Bucolismo e pastoralismo: os árcades tematizam a
natureza, vista sempre como cenário ameno e
aprazível. A natureza é convencional e serve de
cenário para a vida serena dos pastores e suas
musas, ou de testemunha impassível dos lamentos e
desenganos do poeta.
Temas clássicos: o carpe diem (= aproveita o dia),
quando o pastor, tendo em vista que o tempo passa
e tudo degenera, convida a pastora a viver e gozar o
momento presente; o aurea mediocritas (= mediania
de ouro), ideal de vida pacata e sem excessos ou
extremos; o fugere urbem (= fugir da civilização), que
consiste na exaltação da vida simples, e o locus
amoenus (= lugar ameno), que significa buscar a
felicidade na natureza. Os poetas árcades adotavam
como lema o inutilia truncat (= cortar o inútil),
exprimindo a oposição aos exageros ornamentais do
Barroco.
Fingimento e afetação: os poetas árcades adotavam
pseudônimos pastoris e se referiam a suas amadas
como musas. Sempre estavam envolvidos em cenas
poéticas e musicais que exaltavam a vida campestre.
Não existe, porém, a subjetividade melancólica que
ainda vai assolar o homem romântico; os
sentimentos são “fingidos”, usados como motivos
estéticos, e não espontâneos.
Português _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 154
Principais autores e obras
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789; pseudônimo:
Glauceste Satúrnio) — Obras Poéticas; Vila Rica
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810; pseudônimos:
Dirceu e Critilo) — Marília de Dirceu; Cartas Chilenas
Basílio da Gama (1741-1795; pseudônimo: Termindo
Sipílio) — O Uraguai
Frei Santa Rita Durão (1722-1784) — Caramuru
Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805;
pseudônimo: Elmano Sadino) — Idílios Marítimos;
Rimas; A Pena de Talião
Pré-Romantismo (1808-1836)
Denomina-se Pré-Romantismo a fase de transição
entre a Era Colonial e a Era Nacional (1808-1836). Essa
fase foi marcada, no plano histórico, pela transmigração
da Família Real Portuguesa e pelos desdobramentos de
sua presença no Brasil (Abertura dos Portos, Imprensa
Régia, primeiros cursos superiores de Medicina e Direito,
etc.). No plano literário, destacam-se: o jornalismo
político (Evaristo da Veiga, Hipólito da Costa e Januário
Barbosa da Cunha); a oratória sacra (Frei Francisco de
Monte Alverne) e a poesia didática e moralizante (Padre
Sousa Caldas e Américo Elísio, pseudônimo de José
Bonifácio de Andrada e Silva).
Fique ligado! Pesquise!
Assistir: aos filmes Danton – O processo da
Revolução (1982), de Andrzej Wajda; Ligações
perigosas (1988), de Stephen Frears; Casanova e a
Revolução (1982), de Ettore Scola; Amadeus
(1984), de Milos Forman — todos relacionados com
o contexto político e cultural europeu da época.
Veja também A Missão (1986), de Roland Joffé,
cujo tema também foi tratado pelo poeta árcade
brasileiro Basílio da Gama, em seu poema épico
O Uraguai.
Pesquisar: sobre as ideias e as obras dos filósofos
iluministas Voltaire, Montesquieu, Rousseau,
Diderot e D’Alembert. Procure saber também sobre
a Enciclopédia, escrita por eles, e sobre o
Despotismo Esclarecido.
Ouvir: os compositores de destaque da época,
como Johann Sebastian Bach e Wolfgang Amadeus
Mozart.
Comparar: os princípios que regem a Constituição
brasileira e as ideias políticas dos iluministas do
século XVIII.
Conhecer: a pintura da época, especialmente a do
pintor francês Antoine Watteau.
*********** ATIVIDADES ***********
1. (UFAC)
O Arcadismo brasileiro surgiu por volta de 1700, tingindo
as artes de uma nova tonalidade burguesa, só não se
pode afirmar que:
(A) Tem suas fontes nos antigos grandes autores gregos
e latinos, dos quais imita os motivos e formas.
(B) Apresentou uma corrente de conotação ideológica,
envolvida com as questões sociais do seu tempo,
com a crítica aos abusos de poder da Coroa
portuguesa.
(C) Legou a nós os poemas de feição épica Caramuru,
de Frei José de Santa Rita Durão, e O Uraguai, de
Basílio da Gama, no qual se reconhece qualidade
literária destacada em relação ao primeiro.
(D) Teve em Cláudio Manuel da Costa o representante
que, de forma original, recusou a motivação bucólica
e os modelos camonianos da lírica amorosa.
(E) Em termos dos valores estéticos básicos, norteou a
produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que
celebrizou Tomás Antonio Gonzaga e que destaca a
originalidade de estilo e de tratamento local dos
temas pelo autor.
Texto para as questões 2 e 3.
01 Torno a ver-vos, ó montes; o destino
02 Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
03 Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
04 Pelo traje da Corte, rico e fino.
05 Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
06 Os meus fiéis, meus doces companheiros,
07 Vendo correr os míseros vaqueiros
08 Atrás de seu cansado desatino.
09 Se o bem desta choupana pode tanto,
10 Que chega a ter mais preço, e mais valia
11 Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,
12 Aqui descanse a louca fantasia,
13 E o que até agora se tornava em pranto
14 Se converta em afetos de alegria.
Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho.
A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.
2. (ENEM)
Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os
elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale
a opção correta acerca da relação entre o poema e o
momento histórico de sua produção.
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 155
(A) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira
estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou
seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico
e fino”.
(B) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como
núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada
pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo
urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da
Colônia.
(C) O bucolismo presente nas imagens do poema é
elemento estético do Arcadismo que evidencia a
preocupação do poeta árcade em realizar uma
representação literária realista da vida nacional.
(D) A relação de vantagem da “choupana” sobre a
“Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária
que reproduz a condição histórica paradoxalmente
vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.
(E) A realidade de atraso social, político e econômico do
Brasil Colônia está representada esteticamente no
poema pela referência, na última estrofe, à
transformação do pranto em alegria.
3. (ENEM)
Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de
Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao
seu interlocutor.
(A) “Torno a ver-vos, ó montes; o destino” (v. 1).
(B) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino” (v. 5).
(C) “Os meus fiéis, meus doces companheiros” (v. 6).
(D) “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v. 7).
(E) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto” (v. 11).
4. (FATEC-SP)
Sobre o Arcadismo brasileiro só não se pode afirmar que:
(A) tem suas fontes nos antigos autores gregos e latinos,
dos quais imita os motivos e as formas.
(B) teve em Cláudio Manuel da Costa o representante
que, de forma original, recusou a motivação bucólica
e os modelos camonianos da lírica amorosa.
(C) nos legou os poemas de feição épica Caramuru (de
Frei José de Santa Rita Durão) e O Uraguai (de
Basílio da Gama), no qual se reconhece qualidade
literária destacada em relação ao primeiro.
(D) norteou, em termos dos valores estéticos básicos, a
produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que
celebrizou Tomás Antônio Gonzaga e que destaca a
originalidade de estilo e de tratamento local dos
temas pelo autor.
(E) apresentou uma corrente de conotação ideológica,
envolvida com as questões sociais do seu tempo,
com a crítica aos abusos do poder da Coroa
portuguesa.
Leia o texto abaixo, de autoria de Cláudio Manuel da
Costa, para responder às questões 5 e 6:
Este é o rio, a montanha é esta,
Estes os troncos, estes os rochedos;
São estes inda os mesmos arvoredos;
Esta é a mesma rústica floresta.
Tudo cheio de horror se manifesta,
Rio, montanha, troncos e penedos;
Que de amor nos suavíssimos enredos
Foi cena alegre, e urna é já funesta.
Oh quão lembrado estou de haver subido
Aquele monte, e as vezes que, baixando,
Deixei do pranto o vale umedecido!
Tudo me está a memória retratando;
Que da mesma saudade o infame ruído
Vem as mortas espécies despertando.
5. (PSC/UFAM-AM)
Assinale a opção que se refere ao texto de modo correto:
(A) Observa-se o elogio do pastoralismo, com a
consequente crítica aos males que o meio urbano
traz ao homem.
(B) A natureza é cenário tranquilo, retratada sem levar
em conta o estado de espírito de quem a descreve.
(C) A antítese “Foi cena alegre, e urna é já funesta”
resume o poema, indicando a passagem do tempo e
a lembrança do amor perdido.
(D) Exemplo típico do Arcadismo, constata-se o
predomínio da razão sobre a emoção, o que revela a
influência da lógica iluminista.
(E) Recomenda que se aproveite o dia (carpe diem),
embora fazendo referência à constância da vida e à
previsibilidade do destino.
6. (PSC/UFAM-AM)
Ainda a respeito do poema, assinale a opção incorreta:
(A) A métrica regular e a estrutura – um soneto – indicam
a proximidade do Romantismo.
(B) Apresenta construções em ordem indireta, mas sem
o radicalismo da escrita barroca.
(C) Percebe-se uma identificação entre o poeta e a
natureza que o rodeia.
(D) A organização em dois quartetos e dois tercetos é de
natureza greco-Iatina.
(E) Há uma contenção do poeta no uso de figuras de
linguagem, como a metáfora “e urna é já funesta”.
7. (UESPI-PI)
Assinale a alternativa correta acerca do Arcadismo
brasileiro e de seus autores.
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 156
(A) Foi um movimento literário posterior ao Romantismo,
que teve repercussão em todo o Brasil,
especialmente em Minas e São Paulo.
(B) A obra lírica mais divulgada foi Marília de Dirceu,
longo poema de Tomás Antônio Gonzaga. Nele, o
poeta se transforma em Dirceu, pastor que se
enamora da pastora Marília, tendo como cenário um
ambiente bucólico.
(C) Cláudio Manuel da Costa, também árcade, escreveu
Cartas Chilenas, uma crítica à colonização
portuguesa.
(D) Silva Alvarenga é o autor de O Uraguai, único poema
épico do Arcadismo.
(E) Entre as características árcades estão: a volta aos
padrões greco-Iatinos, a visão idílica da natureza, o
uso exacerbado da linguagem figurada, das
contradições e dos contrastes.
8. (SEE-AC)
Assinale E nas erradas e C nas corretas:
01. (**) A literatura brasileira da fase colonial é
autônoma em relação à Metrópole.
02. (**) Toda a literatura colonial é basicamente
advinda dos membros da Companhia de
Jesus, sem nenhuma contribuição dos
colonos.
03. (**) A Carta de Pero Vaz de Caminha é
considerada como nossa “certidão de
nascimento”.
04. (**) A literatura dos cronistas é basicamente
informativa, geográfica e curiosa das coisas
locais.
05. (**) Autores românticos e modernistas valeram-se
de sugestões temáticas e formais das crônicas
de viagem.
06. (**) A literatura dos viajantes é ocorrência
exclusivamente brasileira, não tendo nenhum
similar em nenhuma outra parte do mundo.
07. (**) A poesia de Anchieta está presa aos modelos
renascentistas e reflete, em seus sonetos,
uma transparente influência de Camões.
08. (**) A literatura de informação ressalta a
importância do trabalho com o estilo, com a
forma.
09. (**) A atitude de Caminha em frente à terra recém-
-descoberta é de decepção e de repulsa pelo
índio.
10. (**) A produção informativa do Quinhentismo tem
maior valor histórico-documental que literário.
11. (**) A exaltação das virtudes da terra prestava-se,
também, ao incentivo à imigração e aos
investimentos da Europa na Colônia.
9. (SEE-AC)
Coloque o nome do estilo a que se referem as definições
seguintes (Barroco ou Arcadismo):
a) Procurou-se o campo, a sua pureza, para uma
motivação estética contra certa conturbação anterior
nas letras. (________________)
b) Os pastores seriam o modelo, procurando-se, acima
de tudo, simplicidade. (________________)
c) A arte é complexa, cheia de contrastes e hesitações.
(________________)
d) É um tempo místico, religioso, com o homem
tentando obter uma resposta para os seus problemas
nos valores espirituais. (________________)
e) A finalidade é depurar a língua, voltando ao “cattivo
gusto”. (________________)
f) “Inutilia truncat” é o lema, a expressão de vanguarda
para os seus princípios estéticos. (________________)
g) O estilo é contornado, rebuscado, com uma série de
raciocínios, ficando o homem em certo dilema.
(________________)
h) O Iluminismo é um dos princípios básicos, isso na
França, numa época em que o Enciclopedismo é
uma nota marcante. (________________)
i) A arte é o reflexo de todo o luxo que caracteriza a
escultura e a pintura das igrejas. (________________)
j) Nos poemas, a ordem da frase passa a ser mais
direta, embora ainda se procure certa perfeição
formal. (________________)
10. (UFPE)
Ao longo da história da literatura, ocorrem vários estilos.
O Barroco, por exemplo, é o nome de um estilo que
predominou no século XVII. Podemos dizer que estilo
literário:
(A) é a síntese das características do principal escritor
de uma época.
(B) são os procedimentos artísticos e as concepções de
mundo predominantes nas obras de uma certa
época.
(C) é o conjunto dos estilos individuais de todos os
autores de uma certa época.
(D) é a expressão exata do modo de pensar de todos os
escritores de uma certa época.
(E) n.d.a.
________________________________________________
*Anotações*
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 157
*MÓDULO 4*
Tipologia textual
Conforme vimos no Módulo 2, os diferentes textos
podem ser divididos em alguns tipos básicos que, no dia
a dia, se materializam em inúmeros gêneros textuais.
Vamos, agora, concentrar nossa análise em três tipos de
texto muito comuns em nosso cotidiano: a narração, a
descrição e a dissertação. Para explorar cada um deles,
você precisa conhecer bem suas diferenças.
Narrar, descrever, dissertar
A narração é marcada pela temporalidade; a
descrição, pela espacialização; e a dissertação, pela
racionalidade.
O redator que narra trabalha com fatos; o que
descreve, com características; e o que disserta, com
juízos.
O narrador conta fatos que ocorrem no tempo,
recordando, imaginando ou vendo. O descritor
caracteriza entes localizados no espaço. Para isso, basta
sentir, perceber e, principalmente, ver. O dissertador
expõe juízos estruturados racionalmente.
A trama narrativa apreende a ocorrência na sua
dinâmica temporal. O processo descritivo suspende o
tempo e capta o ente na sua espacialização atemporal. A
estrutura dissertativa articula ideias, relaciona juízos,
monta raciocínios e engendra teses.
O texto narrativo é caracterizado pelos verbos
nocionais (ações, fenômenos e movimentos); o
descritivo, pelos verbos relacionais (estados, qualidades
e condições) ou pela ausência de verbos; o dissertativo,
indiferentemente, pelos verbos nocionais e/ou
relacionais.
Narra-se o que tem história, o que é factual, o que
acontece no tempo; afinal, o narrador só conta o que viu
acontecer, o que lhe contaram como tendo acontecido ou
aquilo que ele próprio criou para acontecer.
Descreve-se o que tem sensorialidade e,
principalmente, perceptibilidade; afinal, o descritor é um
perceptor, ou melhor, um discriminador de sensações.
Assim, descreve-se o que se vê ou imagina ver, o que se
ouve ou imagina ouvir, o que se pega ou imagina pegar,
o que se prova gustativamente ou imagina provar, o que
se cheira ou imagina cheirar. Em outras palavras,
descreve-se o que tem linhas, forma, volume, cor,
tamanho, espessura, consistência, cheiro, gosto, etc.
Sentimentos e sensações também podem ser
caracterizados pela descrição (exemplos: paixão
abrasadora, raiva surda).
Disserta-se sobre o que pode ser discutido; o
dissertador trabalha com ideias, para montar juízos e
raciocínios.
Narrar
A narração constitui uma sequência temporal de
ações desencadeadas por personagens envoltas numa
trama que culmina num clímax e que, geralmente,
esclarece-se no desfecho.
Ouvimos passos no corredor; era D. Fortunata.
Capitu compôs-se depressa, tão depressa que, quando
a mãe apontou à porta, ela abanava a cabeça e ria.
Nenhum laivo amarelo, nenhuma contração de
acanhamento, um riso espontâneo e claro, que ela
explicou por estas palavras alegres:
— Mamãe, olhe como este senhor cabeleireiro me
penteou; pediu-me para acabar o penteado, e fez isto.
Veja que tranças!
— Que tem? acudiu a mãe, transbordando de
benevolência. Está muito bem, ninguém dirá que é de
pessoa que não sabe pentear.
— O quê, mamãe? Isto? redarguiu Capitu
desfazendo as tranças. Ora, mamãe!
E com um enfadamento gracioso e voluntário que às
vezes tinha, pegou o pente e alisou os cabelos para
renovar o penteado. D. Fortunata chamou-lhe tonta, e
disse-me que não fizesse caso, não era nada,
maluquices da filha. Olhava com ternura para mim e
para ela. Depois, parece-me que desconfiou. Vendo-me
calado, enfiado, cosido à parede, achou talvez que
houvera entre nós algo mais que penteado, e sorriu por
dissimulação...
(Machado de Assis)
Descrever
A descrição procura apresentar, com palavras, a
imagem de seres animados ou inanimados — em seus
traços mais peculiares e marcantes —, captados através
dos cinco sentidos. A caracterização desses entes
obedece a uma delimitação espacial.
O quarto respirava todo um ar triste de desmazelo e
boemia. Fazia má impressão estar ali: o vômito de
Amâncio secava-se no chão, azedando o ambiente; a
louça, que servia ao último jantar, ainda coberta pela
gordura coalhada, aparecia dentro de uma lata
abominável, cheia de contusões e roída de ferrugem.
Uma banquinha, encostada à parede, dizia com seu frio
aspecto desarranjado que alguém estivera aí a trabalhar
durante a noite, até que se extinguira a vela, cujas
últimas gotas de estearina se derramavam
melancolicamente pelas bordas de um frasco vazio de
xarope Larose, que lhe fizera as vezes de castiçal.
(Aluísio Azevedo)
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 158
Dissertar
A dissertação consiste na exposição lógica de ideias
discutidas com criticidade através de argumentos bem-
-fundamentados.
Homens e livros
Monteiro Lobato dizia que um país se faz com
homens e livros. O Brasil tem homens e livros. O
problema é o preço. A vida humana está valendo muito
pouco, já as cifras cobradas por livros exorbitam.
A notícia de que uma mãe vendeu o seu filho à
enfermeira por R$ 200,00, em duas prestações, mostra
como anda baixa a cotação da vida humana neste país.
Se esse é o valor que uma mãe atribui a seu próprio
filho, o que dizer quando não existem vínculos de
parentesco. De uma fútil briga de trânsito aos interesses
da indústria do tráfico, no Brasil, hoje, mata-se por nada.
A falta de instrução, impedindo a maioria dos
brasileiros de conhecer o conceito de cidadania, está
entre as causas das brutais taxas de violência
registradas no país.
Os livros são, como é óbvio, a principal fonte de
instrução já inventada pelo homem. E, para aprender
com os livros, são necessárias apenas duas condições:
saber lê-los e poder adquiri-los. Pelo menos 23% dos
brasileiros já encontram um obstáculo intransponível na
primeira condição. Um número incalculável, mas
certamente bastante alto, esbarra na segunda. [...]
O principal fator para explicar o alto preço das
edições nacionais são as pequenas tiragens. Num país
onde pouco se lê, de nada adianta fazer grandes
tiragens. Perde-se, assim, a possibilidade de reduzir o
custo do produto por meio dos ganhos de produção de
escala.
Numa aparente contradição à famosa lei da oferta e
da procura, o livro no Brasil é caro porque o brasileiro
não lê. Vencer esse suposto paradoxo, alfabetizando a
população e incentivando-a a ler cada vez mais, poderia
resultar num salutar processo de queda do preço do livro
e valorização da vida.
Um país se faz com homens e livros. Mas é preciso
que os homens valham mais, muito mais, do que os
livros.
Folha de S. Paulo, 1996 (com adaptações).
________________________________________________ *Anotações*
*********** ATIVIDADES ***********
Nos exercícios de 1 a 3, reconheça o tipo textual
predominante e justifique sua resposta.
1. (SEE-AC)
O relógio era uma enorme cebola de ouro, suíço, pedras
preciosas nos ponteiros, o tampo em filigranas, uma joia,
uma antiguidade, uma relíquia, uma preciosidade.
(Ribeiro Lester)
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2. (SEE-AC)
Tinha seis ou sete anos, nunca se lembrou bem. Foi até
o criado-mudo, a pedido do pai, apanhar o relógio.
Relógio do avô... No ato de pegar, deixou-o cair. Relógio
quebrado. Surra. Uma surra violentíssima, inesquecível.
(Ribeiro Lester)
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3. (SEE-AC)
O homem ocidental civilizado vive num mundo que gira
de acordo com os símbolos mecânicos e matemáticos
das horas marcadas pelo relógio. É ele que vai
determinar seus movimentos e dificultar suas ações. O
relógio transformou o tempo, transformando-o de um
processo natural em uma mercadoria que pode ser
comprada, vendida e medida como um sabonete ou um
punhado de passas de uvas. E, pelo simples fato de que,
se não houvesse um meio para marcar as horas com
exatidão, o capitalismo industrial nunca poderia ter se
desenvolvido, nem teria continuado a explorar os
trabalhadores, o relógio representa um elemento de
ditadura mecânica na vida do homem moderno, mais
poderoso do que qualquer outro explorador isolado, do
que qualquer outra máquina.
(George Woodcock)
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 159
Texto para as questões de 4 a 6.
Filosofia dos epitáfios
Saí, afastando-me do grupo, e fingindo ler os
epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a
gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto
egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um
farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem,
talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus
mortos na vala comum; parece-lhes que a podridão
anônima os alcança a eles mesmos.
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
4. (FUVEST-SP)
Do ponto de vista da composição, é correto afirmar que o
capítulo Filosofia dos epitáfios:
(A) é predominantemente dissertativo, servindo os dados
do enredo e do ambiente como fundo para a
digressão.
(B) é predominantemente descritivo, com a suspensão
do curso da história dando lugar à construção do
cenário.
(C) equilibra em harmonia narração e descrição, à
medida que faz avançar a história e cria o cenário de
sua ambientação.
(D) é predominantemente narrativo, visto que o narrador
evoca os acontecimentos que marcaram sua saída.
(E) equilibra narração e dissertação, com o uso do
discurso indireto para registrar as impressões que o
ambiente provoca no narrador.
5. (FUVEST-SP)
“Saí, afastando-me do grupo, e fingindo ler os epitáfios.”
Dando nova redação a essa frase, sem alterar as
relações sintáticas e semânticas nela presentes, obtém-
-se:
(A) Quando me afastei do grupo, fingi ler os epitáfios e
então saí.
(B) Enquanto me afastava do grupo e fingia ler os
epitáfios, fui saindo.
(C) Fingi ler os epitáfios, afastei-me do grupo e saí.
(D) Ao afastar-me do grupo, fingi ler os epitáfios, antes
de sair.
(E) Ao sair, fingia ler os epitáfios e afastei-me do grupo.
6. (FUVEST-SP)
O processo de transposição de uma palavra de uma
classe gramatical para outra é conhecido pelo nome de
derivação imprópria. É correto afirmar que, no texto, esse
processo ocorre no emprego do vocábulo:
(A) epitáfios. (C) inconsolável. (E) podridão.
(B) tristeza. (D) mortos.
7. (UFMG)
E memória de morto, como se sabe, é coisa sagrada,
não é para estar na boca pouco limpa de cachaceiros,
jogadores e contrabandistas de maconha. Quando um
homem morre, ele se reintegra em sua respeitabilidade a
mais autêntica, mesmo tendo cometido loucuras em sua
vida. A morte apaga, com sua mão de ausência, as
manchas do passado e a memória do morto fulge como
um diamante. Essa, a tese da família, aplaudida por
vizinhos e amigos.
(Jorge Amado)
Quanto ao modo de composição, o trecho acima, de uma
obra de ficção, representa uma:
(A) descrição com função de alongar a narração.
(B) descrição da ação de uma personagem.
(C) narrativa secundária com o valor de exemplo.
(D) dissertação definidora de um fato social por meio de
argumentos controversos.
(E) dissertação representativa de um conceito emanado
de personagem.
8. (UFPB)
Da casa-grande até a cachoeira se alçava um renque
de cajueiros revelhos tão conchegados uns aos outros
que formavam — mal comparando — uma baita lagarta
verde de pés cinza. (José Américo)
Quanto ao modo de composição, o texto apresenta-se
sob a forma de:
(A) narração.
(B) narração e dissertação.
(C) descrição.
(D) descrição e narração.
(E) dissertação e descrição.
9. (UFRJ)
Está a verdade naquilo que sucede todos os dias, nos
quotidianos acontecimentos, na mesquinhez e chatice da
vida, na imensa maioria dos homens ou reside a verdade
no sonho que nos é dado sonhar para fugir de nossa
triste condição? Como se elevou o homem em sua
caminhada pelo mundo: através do dia a dia de miséria e
futricas ou pelo livre sonho, sem fronteiras nem
limitações? [...] Onde está a verdade, respondam-me por
favor, na pequena realidade de cada um ou no imenso
sonho humano? Quem a conduz pelo mundo afora,
iluminando o caminho do homem?
AMADO, Jorge. Os velhos marinheiros: duas histórias
do cais da Bahia. São Paulo: Martins, 1972, p. 295.
Quanto ao modo de composição, o texto é:
(A) descritivo.
(B) narrativo.
(C) dissertativo.
(D) narrativo e descritivo.
(E) narrativo, dissertativo e descritivo.
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 160
Texto para as questões 10 e 11.
Maria-sem-tempo
Era pequena, magra, escura. Tinha a extrema
humildade dos que vivem longos anos sob o céu
destruidor, sem pensar ao menos em resistir à sorte, com
a passividade inerte da folha que o vento rola pelos
caminhos. Era assim mirrada e seca e sombria, como se
tivesse perdido a seiva ao ardor dos estios, como se
guardasse das noites sem estrelas o negrume cada vez
mais intenso. Era louca, porque só tinha uma ideia, e a
criatura humana pode não ter ideias, mas não pode ter
só uma. A sua era o angustioso desassossego das
maternidades malogradas. Perdera um filho e o
procurava. Andava pelos caminhos para buscá-lo e só
levantava a voz para chamá-lo ansiosamente,
carinhosamente: “Luciano! Meu filho!...” e escutava longo
tempo por trás das cercas, nos aceiros dos matos, à
entrada dos terreiros das fazendas, nos desertos e nos
povoados, onde quer que a levasse a sua dolorosa
esperança. Aquela figura miserável, toda feita num gesto
indagador, a mão abrigando os olhos, à espreita, ou
levantando o xale que lhe cobria a cabeça de cabelos
hirtos, para ouvir melhor a resposta ideal, aquela
encarnação de uma aspiração sempre iludida, enturvava
o esplendor do mais radioso meio-dia.
GAMA, Domício da. Histórias curtas. p. 121.
10. (UFAC)
Maria-sem-tempo descreve:
(A) uma pobre louca em incessante busca de um filho,
que ela perdera.
(B) o desespero de uma pobre mulher motivado pelo
abandono do filho.
(C) a grandeza do ser humano diante dos reveses da
vida.
(D) o infortúnio de uma pobre mãe à procura de um filho,
que ela perdera em trágico acidente.
(E) a luta de uma mãe desesperada à procura
incansável de um filho que abandonara o lar.
11. (UFAC)
Relativamente ao modo de organização do texto,
podemos afirmar que se trata de uma:
(A) simples descrição.
(B) simples narração.
(C) descrição, mas há passagens de cunho
acentuadamente narrativo.
(D) descrição, mas há passagens de cunho
acentuadamente dissertativo.
(E) narração, mas há frases de cunho acentuadamente
dissertativo.
Estrutura da dissertação
Dissertar é expor ideias a respeito de um determinado
assunto. É discutir essas ideias, analisá-las e apresentar
provas que convençam o leitor da validade do ponto de
vista de quem as defende.
A dissertação, por isso, pressupõe:
exame crítico do assunto sobre o qual se vai
escrever;
raciocínio lógico;
clareza, coerência e objetividade na exposição.
Não pense que dissertar é uma prática destinada
apenas a suprir as exigências dos vestibulares e outros
concursos, ou, ainda, que só grandes escritores ou
políticos é que discutem e defendem seus pontos de
vista porque dominam a oratória. Você também, no seu
dia a dia, dispõe dos recursos que a língua oferece.
Dissertar é um exercício cotidiano, e você o utiliza toda
vez que discute com alguém, tentando fazer valer sua
opinião sobre qualquer assunto, por exemplo, futebol.
Isso porque o ato de pensar é uma prática permanente
da nossa condição de seres sociais, cujas ideias são
debatidas e veiculadas por meio da comunicação
linguística.
Portanto, dissertar é analisar de maneira crítica
situações diversas, questionando a realidade e nossas
posições diante dela.
A dissertação, comumente, apresenta três partes:
Introdução (tese) — É a apresentação do assunto a
ser discutido no desenvolvimento. Pode ser
elaborada com uma afirmação, uma definição, uma
citação ou uma interrogação, combinadas ou não
entre si.
Desenvolvimento (argumentação) — É a elaboração
argumentativa da tese, uma análise crítica. Deve
apresentar exemplificações, justificativas,
explicações, juízos. Pode-se proceder a um
confronto entre os pontos positivos e negativos do
assunto (se houver), às relações de causa e
consequência, às comparações de natureza histórica
ou geográfica, à passagem do geral para o particular
(e vice-versa), etc.
Conclusão (ponto de chegada da discussão) — É o
parágrafo final em que se podem levantar
perspectivas sobre o problema discutido (possíveis
soluções). A conclusão pode, ainda, ser uma síntese
da argumentação ou uma retomada da tese,
reafirmando-se o posicionamento nela proposto.
A seguir, há um exemplo de texto dissertativo. Com
base no que foi exposto sobre essa modalidade
redacional, observe com atenção como o autor defende
seu ponto de vista sobre o tema abordado.
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 161
*********** ATIVIDADES ***********
A capacidade de analisar, de modo claro e coerente,
questões relacionadas à realidade é muito valorizada nos
processos de seleção para as universidades brasileiras.
A produção de texto é um dos principais meios de avaliar
essa capacidade nos candidatos inscritos nos exames
vestibulares. A maioria das tarefas propostas solicita a
redação de um texto de caráter dissertativo, que alie
exposição e argumentação. A seguir, reproduzimos uma
dissertação escrita em resposta a um tema do vestibular
da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
(EDM-SP) Texto para as questões de 1 a 12.
Por trás das paredes
Do encontro à união. Talvez duas famílias amigas em
busca de convivência amigável, talvez pessoas em
perigo na luta contra um inimigo comum... Ou, quem
sabe, nada disso! Por que não uma “trombada” casual
entre um homem e uma mulher andando em sentido
contrário? A trombada explicaria melhor toda a dinâmica
do que é atualmente uma cópia diminuída (mas nem por
isso menos complexa) do planeta como um todo.
A cidade, vista em toda a sua diversidade, mostra
constantemente os choques entre grupos diferentes
quanto a pontos de vista, filosofias, ideais, trabalho, ou
mesmo quanto à marca de uma camiseta que não pode
ser de todos. Desde suas formas mais primitivas, quando
os primeiros seres humanos resolveram ou, por acaso,
passaram a conviver em um mesmo local, a inconstância
de um comportamento padrão nos núcleos urbanos
tornou-se marca registrada e pouquíssimas vezes
violada. Inconscientemente muitas pessoas se chocam.
Sempre foi assim e certamente continuará sendo não
pelo fato de os semelhantes se repelirem (como chamar
de semelhantes seres tão complexos e singulares como
os homens?), mas sim pela incompreensível lei antifísica
que trata da repulsão não generalizada entre os
diferentes.
Com o passar dos anos, o caráter ainda rural das
pioneiras cidades foi sendo modificado pela dinâmica de
seus moradores e, consequentemente, de seus
interesses. De simples agrupamentos humanos em
busca de segurança a gigantescos espaços geográficos
em constante ebulição, o crescimento nem sempre foi
contínuo. A ruralização feudal freou todo o esplendor e
magnitude das lendárias cidades da Antiguidade
Clássica, símbolos do poder de seus imperadores e
instrumentos de dominação da imensa maioria
marginalizada. Com o renascimento comercial, a
urbanização reapareceu com toda a sua força e, a partir
de então, passando pela Revolução Industrial, as cidades
não pararam mais de crescer. O resultado não concluído
de tal processo pode ser visto hoje através das
megacidades espalhadas ao redor do mundo, mas, como
tudo o que é humano, existe também o oposto. Vilarejos,
distritos e pequenos municípios ainda conservam o ar
feudal há muito vivido.
Mas a questão é: qual a magia das cidades, que
reúnem pessoas tão diferentes em espaços também tão
distintos, em busca de objetivos variados através de
instrumentos também incomuns? A resposta talvez seja a
incompatibilidade entre o espírito humano e a dinâmica
alucinada da cidade. Não apenas da grande metrópole
abarrotada de gente, mas também do pequeno
município, cuja dinâmica se adéqua às pessoas que nele
vivem.
O campo limita a sobrevivência ao plantio ou ao
cuidado de animais. Não oferece mais opções. Já a
cidade vive graças ao novo, abre espaço àquilo que é
diferente, estimula os desvios de padrão. Como não
observar a abertura dos shoppings, tipicamente elitistas,
às camadas mais populares? Como não notar o cinturão
de favelas envolvendo o núcleo rico dos grandes centros,
ou mesmo as casas mais pobres em contraste com as
mansões das pequenas cidades? O núcleo urbano se
adéqua à essência humana na medida em que oferece
perspectivas de progresso aos mais ricos e de ascensão
aos marginalizados. A diversidade encanta, a
multiplicidade estimula o sonho mesmo daqueles que
não têm onde dormir. É o sonhar acordado na busca do
melhor.
Inegavelmente, a cidade também oferece mais
recursos relativos à educação, saúde, lazer e cultura,
embora tais recursos obedeçam à lógica irracional de
desigualdades que governa o mundo. A cidade é o
microcosmo do planeta. Todas as relações observadas
entre países ricos e países pobres são também vistas
nela, em escala reduzida. São essas reações que
explicam a atual situação de violência e medo, mas
também de crescimento, progresso e união.
Cidade é fruto de união entre o que não combina,
resultando numa harmonia toda especial e desajeitada,
ora tímida, ora agressiva, muitas vezes aconchegante e
tantas outras repulsiva. A cidade não é um lugar, mas
sim um conjunto de pessoas que têm, cada uma, uma
visão toda particular e única desse modo de vida. São
essas pessoas, nas suas relações diárias, que
movimentam as engrenagens deste complexo e o fazem
andar.
Enquanto existir vida humana e diversidade de
pensamento, a cidade e seus mecanismos estarão de pé.
Isso porque cidade não é concreto, nem tijolo, nem água
encanada. Cidade é, pura e simplesmente, o que se
chama vida.
S. E SILVA, Murilo di PauIa. Vestibular Unicamp: redações 2004.
Campinas: Editora da Unicamp, 2004, p. 68-73.
NOTA: Não foram feitas alterações ou correções no texto original da dissertação reproduzida acima.
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 162
1. Qual é o tema abordado no texto?
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2. O 1.º parágrafo apresenta uma série de exemplos
hipotéticos. Que função eles cumprem na introdução
do tema? Explique.
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3. Nos 2.º e 3.º parágrafos, o autor do texto faz uma
retomada histórica referente ao tema do texto.
Identifique as passagens em que isso ocorre.
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4. De que modo essa retomada contribui para o
desenvolvimento da análise?
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Releia.
Mas a questão é: qual a magia das cidades, que
reúnem pessoas tão diferentes em espaços também tão
distintos, em busca de objetivos variados através de
instrumentos também incomuns? A resposta talvez seja a
incompatibilidade entre o espírito humano e a dinâmica
alucinada da cidade. Não apenas da grande metrópole
abarrotada de gente, mas também do pequeno
município, cuja dinâmica se adéqua às pessoas que nele
vivem.
5. O autor do texto faz uso, no início do parágrafo
acima, de recurso argumentativo bastante utilizado.
Identifique-o.
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6. Que função esse recurso desempenha no
encaminhamento da análise? Explique.
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7. Algumas palavras foram destacadas no trecho
acima. Que função morfológica elas desempenham
em relação aos seus referentes?
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8. A seleção desses termos garantiu a manutenção de
um mesmo campo semântico. Qual é ele?
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9. Por que isso é importante em termos
argumentativos?
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Essa dissertação foi escrita em resposta à seguinte
proposta do vestibular da Unicamp:
Trabalhe sua dissertação a partir do seguinte recorte
temático:
A cidade é o lugar da vida, espaço físico no qual
acontecem encontros, negociações, tensões, num
dinamismo permanente de criação e transformação.
Instruções:
• discuta a cidade como um espaço múltiplo;
• argumente em favor de uma visão dinâmica dessa
multiplicidade;
• explore os argumentos para mostrar que a cidade é
um espaço que se configura a partir de relações
diversas.
10. O autor do texto desenvolveu a proposta
apresentada? Justifique.
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11. De que modo o texto foi organizado para cumprir as
tarefas definidas nas instruções dadas pela
Unicamp?
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12. Podemos identificar, na conclusão do texto (7.º
parágrafo), uma retomada, agora mais generalizante,
da perspectiva analítica anunciada no 1.º parágrafo.
Explique como isso ocorre.
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 163
13. (EDM-SP)
Você já leu vários textos e estudou a estrutura-padrão do
texto dissertativo, por isso poderá completar as partes
que faltam nos textos a seguir. Complete-os, escrevendo:
no Texto 1, a introdução; no Texto 2, o desenvolvimento;
no Texto 3, a conclusão.
Texto 1
O melhor amigo do homem moderno
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O aparelho celular é o passaporte da vida moderna e,
em breve, vai reunir tudo o que você precisa na vida
digital. Hoje já é um item indispensável. Em todo o
mundo, há 1,5 bilhão de usuários, número três vezes
maior que o de proprietários de computadores. Só no
Brasil são 32 milhões de usuários ativos. A grande
expectativa para os próximos dois anos é a 3G, a
próxima geração de celulares. Essa tecnologia vai
possibilitar o acesso simultâneo e em tempo real a
serviços e aplicativos de voz, dados, áudio e imagem
com qualidade de cinema. Vai permitir também que o
usuário do celular se conecte a serviços de mensagem
instantânea, como ICQ e Messenger, e até organize uma
videoconferência.
Aparelhos celulares com diversas funções já estão se
tornando lugar-comum.
Superinteressante, São Paulo, mar. 2005.
Edição especial: O Livro do Futuro.
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*rascunho*
Texto 2
Um novo Brasil
O Brasil hoje não é europeu, africano, asiático,
indígena. Nós somos a mistura exata de tudo isso,
completamente diferente das nossas origens, únicos. E,
apesar disso, estamos indiscutivelmente atrelados aos
princípios da nossa matriz.
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Temos certeza de que há um futuro promissor à
nossa frente. Resta à sociedade cobrar dos governantes
o que prometeram em suas campanhas e extirpar a
corrupção, o analfabetismo, a pobreza e o desemprego
de nossa terra. Só assim teremos um Brasil respeitado
com um lugar garantido no Primeiro Mundo.
Trecho de redação de vestibular. Disponível em:
http://epocaglobo.com/semanal/redacao2/2000_pg2.htm
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio Português 164
Texto 3 A Amazônia
A Floresta Amazônica é a grande responsável por boa
parte da riqueza natural do país. Com 5,5 milhões de
quilômetros quadrados, possui nada menos que um terço
de todas as espécies vivas do planeta. No Rio Amazonas
e em seus mais de 1.000 afluentes, estima-se que haja
quinze vezes mais peixes que em todo o continente
europeu. Apenas 1 hectare da floresta pode trazer até
300 tipos de árvore. A floresta temperada dos Estados
Unidos possui 13% do número de espécies de árvores da
Amazônia. A Floresta Amazônica é considerada a grande
“caixa-preta” da biodiversidade mundial. Há estimativas
que indicam existir mais de 10 milhões de espécies vivas
em toda a floresta, mas o número real é incalculável.
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Veja, São Paulo, dez. 2002. Edição especial: Ecologia.
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*Anotações*
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