portfolio @ país positivo #41

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positivo WWW.PAISPOSITIVO.ORG //// Janeiro ‘11 / EDIÇÃO Nº 41 ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL ‘PÚBLICO’ FOTOGRAFIA: DIANA QUINTELA // LOCAL: MUDE “AINDA HÁ MUITO A FAZER PARA CONSEGUIRMOS PERTENCER A UMA SOCIEDADE ONDE MULHERES E HOMENS VIVAM EM IGUALDADE E LIVRES DE PRECONCEITOS”, EM IGUALDADE E LIVRES DE PRECONCEITOS”, “AINDA HÁ MUITO A FAZER PARA SOCIEDADE ONDE MULHERES E HOMENS VIVAM CONSEGUIRMOS PERTENCER A UMA UCC | Unidade de Cuidados Continuados SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO ENTRONCAMENTO | SAÚDE: A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA DAE refere Sandra Ribeiro, Presidente da CITE. (9.ª Edição da entrega dos prémios Igualdade é Qualidade) refere Sandra Ribeiro , Presidente da CITE. (9.ª Edição da entrega dos prémios Igualdade é Qualidade)

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Page 1: Portfolio @ País Positivo #41

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CONSEGUIRMOS PERTENCER A UMA

SOCIEDADE ONDE MULHERES E HOMENS VIVAM

EM IGUALDADE E LIVRES DE PRECONCEITOS”, EM IGUALDADE E LIVRES DE PRECONCEITOS”,

“AINDA HÁ MUITO A FAZER PARA

SOCIEDADE ONDE MULHERES E HOMENS VIVAM

CONSEGUIRMOS PERTENCER A UMA

UCC | Unidade de Cuidados Continuados

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO ENTRONCAMENTO | SAÚDE: A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA DAE

refere Sandra Ribeiro, Presidente da CITE. (9.ª Edição da entrega dos prémios Igualdade é Qualidade)

refere Sandra Ribeiro, Presidente da CITE.(9.ª Edição da entrega dos prémios Igualdade é Qualidade)

Page 2: Portfolio @ País Positivo #41

Índice

A problemática da desertificação Ao longo dos anos, o Interior de Portugal tem vindo a ser vítima do fenómeno da desertificação, tanto a nível da perda da capacidade produtiva dos terrenos causada pela constante actividade humana, como do despovoamento dos territórios devido ao fluxo migratório das populações para o litoral em busca de uma maior qualidade de vida. Conheça nesta edição o que está a ser feito para combater este flagelo.

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FICH

A TÉ

CNIC

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Como funciona o seu coração? Carlos Morais, coordenador nacional da Associação Bate Bate Coração fala desta iniciativa pioneira em Portugal

O Ensino Particular e Cooperativo está na senda da agenda mediática. Saiba porquê pela voz do Padre Querubim, director do Colégio Calvão

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09 A IGUALDADE DE DIREITOS ENTRE HO-MENS E MULHERES EM DESTAQUE NA 9ª EDIÇÃO DA ENTREGA DOS PRÉMIOS IGUALDADE É QUALIDADE

A problemática da habitabilidade nos grandes centros urbanos. O espaço público, os equipamentos e as infra-estruturas na óptica de Romão Lavadinho, presidente da AIL

Felino: 75 anos de história no sector da Fundição em Portugal. Manuel Braga Lino conta-nos o segredo do sucesso

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Propriedade, Edição, Administração e Autor Publicações Directas, S.A. - Rua da Bélgica, 2340 | 4400-046 Vila Nova de Gaia |Telefone 22 206 10 20 Fax 22 206 10 39E-mail [email protected] | NIPC 507 824 830 | Directo-ra Fernanda Pereira | Editora Clara Henriques (clara.henriques@publica-

coesdirectas.pt) | Produção de Conteúdos Adélia Abreu (adelia.abreu@

publicacoesdirectas.pt), Ana Mota ([email protected]),

Luís Manuel Martins ([email protected]) | Produção Gráfica e Paginação Lídia Pinto | Gestão de Comunicação Car-los Almeida, Carlos Lopes, Fernando Ferreira, Filipe Amorim, Jorge D’Almeida, José Machado, José Moreira, Moura Lopes, Olavo Pereira, Paulo Laranjeira, Rui Santos, Sandra Pereira, Sérgio Dinis e Sofia Silva.

Impressão Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, SA | Distribuição Na-cional | Periodicidade Bimestral |Registo ICS nº 124877 | Nr Depósito Legal 215441/04 |Assinaturas Para assinar ligue 22 206 10 20 ou envie o seu pedido para Publicações Directas, S.A. - Rua da Bélgica, 2340 - 4400-046 V. N. Gaia |Fax 22 206 10 39E-mail [email protected] |Preço de capa 4,00 euros (iva incluído a 6%) | Assinatura 12 números Portugal 34 euros (iva incluído a 6%) Europa 65 euros, Resto do Mundo 88 euros

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

EXEMPLOS DAS MELHORES PRÁTICAS 04

Page 3: Portfolio @ País Positivo #41

C omo filho do Entroncamento, sempre me preocupei com a vida e desenvolvimento do meu conce-

lho. A minha empatia com a Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento co-meçou com o seu nascimento. Em 1955, data da inauguração do hospital, parti-cipei com um rancho de crianças do qual eu era o ensaiador. Nesse mesmo dia a população do Entroncamento juntou-se para participar com um histórico corte-jo de oferendas que foi bastante genero-so para a Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento.Mais tarde e já como Autarca, Vereador a tempo inteiro e depois como Presidente do Município, sempre me preocupei, tendo como objectivo, dar todo o apoio a esta grande Instituição que é a Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento. Por essa altura, o Hospital, que entretanto tinha sido nacionalizado, foi devolvido, pelo Go-verno, em estado de total degradação. Foi esse o momento que mais me ligou à Santa Casa, porque a sua recuperação era muito difícil sem o apoio da Câmara Municipal. Efectivamente, esta minha afinidade para com a Instituição veio a tornar-se num compromisso ao aceitar o convite que me foi feito, em momentos muito difíceis para a Instituição, com a grave doença que en-volveu o Provedor, Manuel Rosa Valério.Um grupo de amigos, não olhando a dificuldades e fazendo apelo às suas energias, começou a fazer grandes obras

no Hospital e no Lar. No Hospital, com ajuda do Saúde XXI, efectuou-se a tão necessária ampliação bem como a im-prescindível remodelação, colocando novos equipamentos e camas moder-nas. Fizeram-se novas parcerias com o Estado no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para a Cirurgia (SIGIC), Cardiologia, Imagiologia, Cirur-gia, e ingressámos na Rede Nacional de Cuidados Continuados. Efectuaram-se outros acordos com companhias de se-guros, Portugal Telecom (PT), Militares, PSP, GNR, Médis Saúde, entre outros.No Lar, procedeu-se à instalação de uma central detectora de incêndios, instalou-se ar condicionado em todos os quartos, corredores, salas-de-estar e ginásio. Efectuaram-se, também, peque-nas obras de modernidade e conforto. Compraram-se várias viaturas para dar apoio domiciliário, e uma dotada de ele-vador hidráulico para transporte de ido-sos em cadeiras de rodas. Conseguimos, ainda, obter os meios necessários para a construção de um novo lar.É justo lembrar os Corpos Sociais e os Ir-mãos, que em geral, com dedicação e gene-rosidade serviram a Santa Casa da Mise-ricórdia. Não esquecendo os beneméritos que em muito tem ajudado a Instituição tanto a nível pessoal como institucional, principalmente a Câmara Municipal do Entroncamento, Bombeiros, PSP, União das Misericórdias Portuguesas, nas pes-

soas dos Excelentíssimos Senhores Padre Vítor Melícias e Manuel Lemos.Estas palavras não pretendem ser mais do que uma introdução ao que fizemos, embora

muita haja para fazer, continuando a nossa obra do “Bem-Fazer” e servir cada vez mais e melhor os que nos procuram, sempre com uma atenção devida aos mais necessitados.

A caminho dos 60 anos de História, efeméride que se cumpre no dia 9 de Fevereiro, a Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento é uma Instituição Particular de Solidariedade Social dinâmica que inaugurou no passado dia 22 de Dezembro de 2010 a Unidade de Cuidados Conti-nuados homónima do Provedor, Manuel Fanha Vieira, num evento que contou com a presença da Ministra da Saúde, Ana Jorge. Esta resposta social veio dar continuidade à longa tradição de prestação de cuidados de saúde, no Hospital São João Baptista, e no apoio à população sénior, nos lares Fernando Eiró Gomes e da Santa Casa da Misericórdia. A abrir, uma mensagem do Provedor, Manuel Fanha Vieira.

TRADIÇÃO DE BEM-FAZERAO SERVIÇO DA COMUNIDADE

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO ENTRONCAMENTO

LAR DA SCM DO ENTRONCAMENTOUma obra recentemente construída, dotada de 60 camas, sala de ginástica, quatro salas de estar, cozinha e lavandaria. Trata-se de uma Unidade com mui-ta qualidade e foi inaugurada em 2 de Maio de 2009 pelo Primeiro Ministro, José Sócrates. Tem as valências de centro de dia (35 utentes) e apoio domici-liário (55 utentes).

LAR FERNANDO EIRÓ GOMESO lar Fernando Eiró Gomes tem 54 idosos residentes e um quadro de pessoal de 38 funcionários.

ACÇÃO SOCIAL

Hoje, mais do que nunca, a acção social assume um papel preponderante. Conheça alguns dos exemplos da misericórdia que se faz em Portugal e de que forma conseguem estas instituições apoiar quem mais precisa.

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6 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 6 ACÇÃO SOCIAL | PAÍS POSITIVO

HOSPITALDE SÃO JOÃO BAPTISTA

No sector da saúde, o Entroncamento tem um hospital que pode satisfazer as necessidades da sua população e arre-dores. Conseguindo assim alcançar os seus propósitos, pois tem dado provas de inovação e crescimento. A 3 de Setem-bro de 1986, o Hospital foi recuperado e ampliado de 14 para 60 camas. Foi total-mente alargada toda a frente do Hospi-tal, transformando-a num bom parque de estacionamento e de fácil acesso para as ambulâncias e pela Câmara Municipal do Entroncamento, foi colocada uma co-bertura no espaço onde as ambulâncias recolhem e deixam os doentes.Realizou-se a Ampliação e Remodela-ção do Hospital de S. João Baptista no período de 2003/05, que contou com a comparticipação financeira do Saúde XXI com o valor de 365.707,53 Euros e a SCM do Entroncamento com 1.450.343,44 Euros, ficando as obras no valor total de 1.816.050,97 Euros. Remodelou-se a zona das Consultas Externas, consul-tórios mais modernos, a Cardiologia foi equipada com novos equipamentos, sala para TAC e de exames próprios. A Fisiote-rapia foi totalmente modificada, ampliada e provida de mais modernos equipamen-tos de Fisiatria e de Imagiologia. Foram construídos mais quatro quartos (16 ca-mas) que presentemente estão ocupados com doentes dos Cuidados Continuados Integrados (Convalescença). Em Imagiologia, desenvolvemos as se-guintes áreas / especialidades::: Raio X – Exame Convencionale Digital;:: Densitometria;:: Ecodoppler – Membros inferiores e carótido;:: Mamografia digital;:: Ecografia (Abdominal, Ginecológica. Ginecológica com sonda vaginal, Mamá-ria bilateral, Mamária unilateral, osteo-articular, Partes Moles, Peniana com Doppler, Prostática (supra cúbica), Pros-tática (transrectal), Renal, Reno-vesical, Supra-renal, Tiroideia e/ou Paratiroide, vesical (supra cúbica), Vesical e Prostá-tica com avaliação pós miccional);:: TAC - Tomografia Axial Computo-rizada (Abdómen, Ângulo Ponto Cere-beloso [O.R.L.] sem contraste, Cavum, Coluna - Cervical, Dorsal ou Lombar, Cotovelo, Crânio);No que respeita à TAC, a Santa Casa da

Misericórdia do Entroncamento con-tinua a aguardar que a ARS de Lisboa e Vale do Tejo autorize os utentes do Serviço Nacional de Saúde a fazer os exames nesta instituição, dado que têm um acordo assinado e homologado pelo Governo de então, desde 1986. Este serviço iria beneficiar mais de cem mil utentes dos concelhos que nos rodeiam, evitando assim que eles se desloquem a Tomar e a Abrantes e evitando, igual-mente, custos e perdas de tempo. Convenções para cirurgia existentes na Santa Casa da Misericórdia do Entron-camento:- SNS – Serviço Nacional de Saúde; - SIGIC - Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia; - IASFA – Instituto de Acção Social das Forças Armadas; - ADSE – Direcção Geral de Protecção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública; - PSP – Polícia de Segurança Pública; - GNR – Guarda Nacional Republicana/Chefia de Assistência na Doença; - SSCGD – Serviços Sociais da Caixa Ge-ral de Depósitos; - MULTICARE – Seguros de Saúde, S.A.; - MEDIS – Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde, S.A..

UNIDADE DE CUIDADOSCONTINUADOSTodo o cidadão que sofra, temporária ou definitivamente, de algum grau de depen-dência, com falta ou perda de autonomia, independentemente da idade, tem direito à prestação de cuidados de saúde e de apoio social, de forma continuada e integrada.Para dar resposta a essa necessidade e promover esse direito, o Estado, através nos Ministérios da Saúde e do Trabalho e Solidariedade Social, criou a “A Rede Na-cional de Cuidados Continuados Integra-dos (RNCCI) de Saúde e Apoio Social” que

envolve a participação e colaboração de diversos parceiros (públicos, privados e sociais), a sociedade civil e o Estado como principal incentivador e que se traduz no conjunto estruturado de unidades (inter-namento e ambulatório) e equipas, que prestam cuidados continuados de saúde e de apoio social. A Santa Casa da Mise-ricórdia do Entroncamento é um destes parceiros que integra “A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados de Saúde e Apoio Social” (RNCCI), desde a sua génese, criando para o efeito, a Uni-dade de Cuidados Continuados. Através de uma equipa multidisciplinar que engloba técnicos profissionais especia-lizados em Medicina, Psicologia, Serviço Social, Enfermagem, Medicina Física e de Reabilitação (Fisioterapia, Auxiliares de Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Tera-pia da Fala), Animação Sócio-Cultural e Auxiliares da Acção Médica. Funciona-mos como Unidade de internamento nas tipologias de Convalescença, de Média Duração e Reabilitação e de Longa Du-ração e Manutenção.

Unidade de Convalescença (a funcio-nar nas instalações do Hospital São João Baptista ):Para internamentos até 30 dias.Para pessoas que estiveram internadas num hospital de agudos devido a uma situação de doença súbita ou ao agra-vamento de uma doença ou deficiência

crónica, que já não precisam de cuida-dos hospitalares, mas requeiram cuida-dos de saúde que, pela sua frequência, complexidade ou duração, não possam ser prestados no domicilio.

Unidade de Média Duraçãoe Reabilitação (UMDR):Para internamento que durem entre 30 e 90 dias seguidos.Para pessoas que, perderam temporaria-mente a sua autonomia mas que podem recuperá-la e que necessitem de cuida-dos de saúde, apoio social e reabilitação que, pela sua frequência ou duração não podem ser prestados no domicilio.

Unidade de Longa Duraçãoe Manutenção (ULDM):Para internamentos superiores a 90 dias seguidos. Para pessoas com doenças ou proces-sos crónicos, com diferentes níveis de dependência e graus de complexidade, que não reúnam condições para serem cuidadas em casa ou na instituição ou estabelecimento onde residem. Pres-ta apoio social e cuidados de saúde de manutenção que previnam e retardem o agravamento da situação de depen-dência, favorecendo o conforto e a qua-lidade de vida. A ULDM pode ter ainda internamentos menores (máximo 90 dias por ano) quando há necessidade de descanso do principal cuidador. Temos uma capacidade de internamento de 85 camas (15 na Convalescença, 40 na Mé-dia Duração e Reabilitação e 30 na Lon-ga Duração e Manutenção). Primamos por humanizar a prestação de cuidados, ajustado e criando res-postas adequadas à individualidade e à diversidade de situações, sempre com o objectivo de promover e respei-tar a dignidade, bem-estar e qualidade de vida dos utentes e garantindo um acompanhamento de grande qualidade e confiança. Privilegiamos o trabalho em equipa e em cooperação. Todos os cidadãos, que nos são envia-dos pelos competentes serviços regio-nais e que necessitem de cuidados con-tinuados, nomeadamente:• Pessoas de todas as idades com depen-dência funcional temporária (em recu-peração de uma doença, cirurgia, etc.);• Pessoas com dependência funcional prolongada;• Pessoas com incapacidade grave, com forte impacto psicológico ou social;• Idosos com critérios de fragilidade (dependência e doença);• Pessoas com doença crónica.

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HISTÓRIA

A Santa Casa da Misericórdia do En-troncamento, nasceu a 9 de Fevereiro de 1950, tendo os seus Estatutos sido publicados no Diário do Governo nú-mero 38, II série de 16 de Fevereiro do mesmo ano e por despacho do Sub-Secretário de estado da Assistência Social.A Misericórdia começou a sua acção com o posto hospitalar a 1 de Janeiro de 1956 tendo funcionado sob a direcção da Mesa Administrativa até 30 de Se-tembro de 1976 sendo nessa data ofi-cializado pelo Estado ao abrigo do Dec. Lei n.º 618/75, de 11 de Novembro. O concelho do Entroncamento ficou mais rico com a criação desta Instituição, que tem sido um alfobre de riquezas humanas que desinteressadamente tem zelado por todos aqueles que a tem procurado.Com os últimos Estatutos aprovados em 1982 com personalidade jurídica civil, em conformidade com a natureza que lhe provem da sua erecção canó-nica, tem como objectivo satisfazer as carências sociais, em consonância com a mensagem intrínseca presente nas obras da misericórdia.A Santa Casa da Misericórdia é uma Ins-tituição Privada de Solidariedade Social, sem fins lucrativos e de harmonia com o espírito tradicional para a prática de satisfazer as carências sociais.A actividade da Instituição está dividi-da em duas áreas, a Social, assegurada por dois Lares da 3.ª idade (Lar Fer-nando Eiró Gomes e Lar da Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento) e a Saúde (Hospital de São João Baptista e Unidade de Cuidados Continuados).A 1 de Julho de 1975 procurou-se dar solução ao problema da terceira idade, no seu aspecto social, pôs em funciona-mento no edifício cedido pela Junta de Freguesia onde funcionou a Instituição

“Protecção a Indigentes” com 13 idosos, resolvendo assim uma parte dos proble-mas que já existiam no Entroncamento.Em 1979 com a nova inauguração do actual lar “ Fernando Eiró Gomes”, cujo nome representa uma homenagem póstuma ao Capitão Piloto Aviador Fer-nando Eiró Gomes, natural do Entron-camento. Permitindo dar satisfação à maior parte das situações de âmbito social, mais precisamente aos casos da terceira idade, sendo alguns bastante gravosos e de urgente solução que a Misericórdia sempre tenta resolver na medida das suas possibilidades.Neste sector e nesta região, a Misericór-dia do Entroncamento foi a primeira a dar solução de internamento de idosos, muitos deles praticamente sem família, bem como o centro de dia, apoio domi-ciliário e um serviço para acção social. O objectivo principal é fazer crescer cada vez mais a Instituição. As suas ac-ções, os seus serviços, o seu património, sempre como a intenção de proporcio-nar melhores serviços à população em geral.

MISSÃOA Santa Casa da Misericórdia do En-troncamento tem como principal mis-são a prestação de cuidados de saúde e acolhimento colectivo de idosos, me-lhorando, deste modo, a qualidade de vida da população.

A nossa principal prioridade é estabele-cer parcerias com entidades públicas e privadas que permitam a prossecução das estratégias de acção definidas pela Mesa Administrativa, representada pelo Provedor, criando e dinamizando valên-cias para bem servir a comunidade.

Manuel Fanha Vieira, com Ana Jorge, Ministra da Saúde, na inauguração da UCCI, a 22 de Dezembro de 2010

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8 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 8 ACÇÃO SOCIAL | PAÍS POSITIVO

Rui Pão Mole já fazia parte dos ór-gãos da Santa Casa da Misericór-dia de Viana do Alentejo. Ocupou

seis anos o cargo de secretário do Conse-lho Fiscal, depois, quando surgiu a oportu-nidade de vir a ser provedor, inicialmente recusou, mas acabou por aceitar o desafio de integrar a lista, como confessa. O pro-vedor revela que as fases visíveis da acção social na Santa Casa da Misericórdia de Viana do Alentejo são os dois lares de ido-sos de que a instituição dispõe.“Neste momento, no edifício sede, que outrora foi uma escola industrial, te-mos cerca de 80 idosos internos, 20 pessoas em centro de dia e 15 utentes em apoio domiciliário”, indica, contando que “o edifício mais antigo, remode-lado há cerca de sete anos, acolhe 23 utentes permanentes e seis idosos em centro de dia, que pertencem a Aguiar, uma localidade que fica próxima de Viana do Alentejo”. O provedor revela que, neste momento, a Santa Casa da Misericórdia de Viana do Alentejo está a fazer obras no seu edifício da freguesia de Aguiar, para desenvolver a resposta social de creche, num lugar muito calmo e com um espaço ao ar livre muito grande. “Embora a creche não vá colmatar a lacuna que existia quando foi projectada, dado que na altura que se efectuou um estudo existiam cerca de trinta crianças e neste momento existem cerca de quatro a cinco, o que estamos a pensar é que existem mui-tas famílias que vivem na periferia de Viana do Alentejo, que trabalham em Évora e que passam por Aguiar, poden-do deixar os filhos quando passam por esta localidade que fica no caminho de ida, indo buscá-las à creche no de volta”, afirma o provedor, garantindo que, após a intervenção, a valência de Centro de Dia que já existia em Aguiar, irá continuar. “A nossa instituição tem um número

Há um ano no cargo de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Alentejo e seguidor de uma obra que tem vindo a ser trilhada no âmbito da acção social, desde 1525, pelos seus ante-cessores, Rui Pão Mole mostra-se confiante no trabalho que tem em mãos, em prol dos idosos e de novos projectos, dedicados à primeira infância e à prestação de cuidados assistenciais aos utentes mais dependentes.

UMA LONGA TRADIÇÃO DE ACÇÃO SOCIALSANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VIANA DO ALENTEJO

significativo de utentes. O que eu pen-so fazer ao longo do tempo deste meu mandato é tentar fazer o melhor pos-sível para os idosos, criando condições para que eles se sintam como se esti-vessem nas suas casas e, a partir daí, abraçar novos desafios”, deseja Rui Pão Mole, revelando uma grande sensibilida-de com o bem-estar dos utentes. “Uma das principais preocupações que tive, quando entrei, foi, após ter verificado que o centro de saúde deixou de pres-tar determinados cuidados de saúde e que havia muitos idosos com dificulda-de de se deslocar à unidade, assegurar a contratação de um médico”, refere. A organização de um conjunto de acções te-

máticas para os idosos foi, também, uma prioridade: “Temos um fisioterapeuta que está a desenvolver actividades com os idosos. Ainda há pouco tempo conversámos sobre a possibilidade de ele criar alguma actividade, não só ao nível motor, mas também ao nível da expressão plástica. Temos vindo a desenvolver algumas actividades no domínio da ginástica, uma vez por se-mana”, estando certo de que “ao longo do tempo surgirão novas ideias e gos-taria de ajudar em tudo o que estiver ao meu alcance”.A S.C. da Misericórdia de Viana do Alente-jo possui o edifício do seu antigo hospital onde, até há pouco tempo, funcionou o

centro de saúde local. O imóvel tem man-tido a traça original e agrega uma capela, que também pertence à instituição e que se estima ser do Século XIV. “Algumas pessoas que têm passado pela insti-tuição têm manifestado a aspiração de reestruturar o edifício para acolher as pessoas mais dependentes. Já fizemos uma avaliação do projecto, pedimos um orçamento e o custo ronda 1,2 mi-lhões de euros. É um valor muito sig-nificativo para a nossa instituição, mas trata-se, efectivamente, de um edifício que gostaríamos de ver preservado, dando-lhe utilidade. Por um lado era muito bom para a própria população, dado que representaria mais uma for-ma de criar postos de trabalho, e, por outro, seria bom para a Misericórdia, dando seguimento à sua vocação so-cial”, certifica Rui Pão Mole. Consciente dos desafios que se levantam a cada momento, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Alen-tejo afirma que “neste momento as coisas estão a funcionar, dificuldades existem sempre, também as sentimos, mas estamos a tentar ultrapassar este “barranco”, como se diz aqui no Alen-tejo, tentando levar a instituição a bom porto. Desejamos colocar em prática novas ideias e dar seguimento a ideias já existentes. Em termos de balanço, é positivo, conseguiu-se avançar com al-guns projectos na instituição que até aqui não estavam a ser feitos, contri-buindo para o bem-estar dos idosos e, ao mesmo tempo, criando condições para que eles estejam bem. Não descu-ramos, igualmente, a questão dos fun-cionários - cerca de setenta - que, como nós sabemos, fazem todo o trabalho na instituição. Os órgãos sociais podem ser o corpo, mas os funcionários são os membros desta grande família”, afirma, a finalizar, Rui Pão Mole.

Rui Pão Mole, Provedor da Santa Casada Misericórdia de Viana do Alentejo

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26 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 26 SAÚDE | PAÍS POSITIVO

Sensibilização e prevenção da morte súbita

“Não há nenhum de nós, no seio das nossas relações, que nunca tenha contactado com uma situação ou um relato de morte súbita”, começa por evocar Nelson Pereira, director-geral da Intelligent Life Solutions. É na base das melhores soluções do mercado, sustentadas em boas práticas científicas e tecnológicas, que esta empresa da área da saúde orienta a construção de programas personalizados e inovadores de Desfibrilhação Automática Externa, no combate a uma patologia que custa 700 mil vidas por ano na Europa.

PAIXÃO POR SALVAR VIDASINTELLIGENT LIFE SOLUTIONS

muito curta, ou seja, os primeiros três minutos, em que o sistema de emer-gência médica na esmagadora maioria dos casos não chega, por muito bom que seja”. “Na Intelligent Life Solutions, temos um enfoque na Desfibrilhação Automática Externa (DAE), mas nunca a devemos dissociar do que é a resposta coorde-nada da sociedade, numa situação de morte súbita. Pode existir desfibrilha-dor, pessoas com formação para operar com o equipamento e até um médico que assuma a responsabilidade técni-ca, em primeira análise, mas isso não significa que nós tenhamos um progra-ma bem organizado, integrado e que a resposta final seja positiva. Essa é uma preocupação quando organizamos programas de DAE”, concretiza o direc-tor-geral. “Consideramos que a desfi-brilhação é um acto médico que deve ser delegado formalmente. Isto signifi-ca que a nossa directora do programa, a médica cardiologista Isabel Santos,

Potenciada pela doença coronária, sobretudo em indivíduos com mais de 30 anos, a morte súbita é,

por norma, uma experiência traumática que chega sem avisar. Originada a mon-tante por doenças arrítmicas puras, de entre outras patologias, nalguns casos não detectáveis em primeira instância, a morte súbita regista, em média, três dezenas de ocorrências diárias em Portugal. “No nos-so país, gastamos milhões, e bem, na área da segurança rodoviária, a salvar vidas, e morrem menos de mil pessoas por ano em acidentes de viação. Mor-rem muitos milhares de pessoas devi-do a morte súbita. É evidente que não se dão saltos qualitativos, em termos de resposta, de um dia para o outro, mas uma pequena percentagem do que se gasta em segurança rodoviária teria um impacto exponencial na redução do número de mortos, no que concerne à morte súbita”, afirma Nelson Pereira, fazendo notar que para salvar vidas “é preciso intervir numa linha de tempo

tem uma relação directa estabelecida com todas as pessoas que trabalham connosco e que estão capacitadas para utilizar os desfibrilhadores. Há sempre a assinatura de um contrato de dele-gação de competências, que não é um mero formalismo”, acrescenta.

UM OLHAR SOBRE ALEGISLAÇÃO

Nelson Pereira revela que o “facto de ha-ver uma regulação é absolutamente fundamental”, assim como outros crité-rios «positivos», tais como a necessidade de uma direcção médica, a obrigatorieda-de de auditoria de todos os casos de desfi-brilhação que venham a ser realizados, a normalização dos equipamentos de DAE e a sua implementação num raio de influên-cia acessível em três minutos. Lamenta, no entanto, as questões técnicas e burocráti-cas decorrentes da dupla certificação de entidades formadoras e a não existência de um critério claro de escolha entre a Li-

nha Europeia de Ressuscitação e a Linha Americana de Ressuscitação, notando que as duas linhas têm ‘guidelines’, processos pedagógicos e níveis de exigência muito diferenciados. Juntam-se a estes pontos, a não consagração do Suporte Básico de Vida (avaliação das funções vitais e ma-nobras de reanimação primárias) como elo da cadeia de sobrevivência, enquanto o desfibrilhador automático externo não chega.“Num país como o nosso, havia um ób-vio caminho que a legislação devia ter trilhado, que tem que ver com a noção da resposta integrada e da cadeia de sobrevivência. No caso de uma para-gem cardiorespiratória, sabemos que há dois factores com um enorme im-pacto na sobrevivência da pessoa – por um lado, o tempo passado até à utiliza-ção do DAE e, por outro, o tempo decor-rido até ao início do Suporte Básico de Vida (SBV)”, indica, explicando que “uma correcta iniciação do SBV potencia uma melhor eficácia da aplicação do choque, como está provado cientifica-mente, aumentando a probabilidade de sobrevivência de 30 por cento para 70 por cento”.

ESPAÇO CARDIOPROTEGIDO ®UM SERVIÇO DE EXCELÊNCIA

A construção de uma resposta eficiente e integrada é a inspiração para o serviço inovador e distintivo prestado pela Intelli-gent Life Solutions no âmbito da Desfibri-lhação Automática Externa, sob a marca registada ‘Espaço Cardioprotegido’. “Não vendemos desfibrilhadores, nem for-mação. Vendemos sim um pacote, um serviço que abrange todas as questões técnicas e de segurança, assim como o material de desgaste. No seguimento de um único ‘input’, quando o cliente entra em contacto connosco para im-plementar um programa de DAE, rea-lizamos todo o trabalho de prospecção no local, em termos de espaços e pesso-as, definição de perfis de operacionais e formação, numa lógica de solução

Nelson Pereira, Director-geral da Intelligent Life Solutions

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coordenada, que inclui Suporte Básico de Vida, sem que o cliente tenha de se preocupar com quaisquer questões, até ao licenciamento do INEM e entrega do equipamento, pronto a usar”. A caixa onde é guardado o desfibrilhador, reduto do conceito Espaço Cardioprotegi-do é, mais do que um meio de protecção, uma verdadeira central de monitorização que, através de sensores, permite conhe-cer, a todo o momento, se o DAE está em condições plenas de utilização. O equipa-mento alocado envia regularmente, por meio de GPRS, para o sistema informático da Intelligent Life Solutions, dados técni-cos em todos os domínios de operacio-nalidade (estado de funcionamento – de hora a hora, porta da caixa aberta, bateria do desfibrilhador fraca e quaisquer pro-blemas detectados - ao segundo). Existe, igualmente, um sistema de georeferen-ciação que permite à empresa saber onde é que os desfibrilhadores se encontram. “Temos uma interacção ‘online’ a todo o momento com o cliente que nos ga-rante uma qualidade de serviço com-pletamente distinta. Isto dá-nos garan-tias de funcionamento do programa e

informação técnica do ponto de vista de recolha (dados biomédicos e áudio), que é muito importante em termos da gestão médica, porque eu sei exacta-mente a que hora e em que circunstân-cias é que as operações aconteceram. É fundamental, nomeadamente no processo de auditoria que se segue a uma utilização do DAE”, indica Nelson Pereira. Um desfibrilhador é uma máquina muito segura, que decide a aplicação do choque, avisa o operador do ritmo e intensidade das compressões torácicas (através de um metrónomo que marca a cadência) e afere a eficácia das insuflações.

A DAE NUM FUTURO PRÓXIMO

“Se nós formos capazes de olhar para a forma como vivemos e encontrar maneiras de aplicar esta resposta nos espaços onde passamos mais tem-po, seremos capazes de estabelecer uma solução integrada. A questão da aplicação da DAE nas empresas, nos grandes espaços públicos e nas infra-estruturas de transportes e material circulante deve ser olhada de uma forma integrada, assim como o alar-gamento futuro às áreas residenciais, em termos de reflexão”, preconiza Nelson Pereira, abonando, igualmen-

te, que “as escolas devem ser olhadas como áreas de implementação estra-tégica. Não só na medida em que uma ocorrência com uma criança é muito traumática, mas também numa lógica de cidadania. Há um investimento em termos de sensibilização e motiva-ção das crianças e dos jovens, que eu acho que é fundamental, e que tem de passar, a muito curto prazo, por uma estratégia coordenada, a nível do Es-tado, de ensinar as nossas crianças e jovens a fazer Suporte Básico de Vida, no contexto do programa escolar”. Numa lógica de franco alargamento do mercado, Nelson Pereira congratula-se pelo facto de neste momento existirem mais de cem desfibrilhadores espalha-dos pelo país e de se perspectivar que daqui a um ou dois anos serão muitos mais. “Nesta questão da desfibrilha-ção massificar é o mais importante, mas respeitando um mínimo de re-gras, porque a massificação em si mesma, sem rigor, tem riscos que eu não estou disposto a correr”, conclui o director-geral da Intelligent Life Solu-tions.

Sistema de Georeferenciação dos Espaços Cardioprotegidos na Região de Lisboa

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36 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 36 SAÚDE | PAÍS POSITIVO

Nascida da necessidade detectada de falar sobre temas de saúde, numa base transversal e de neutralidade, a Associação Portuguesa de En-genharia e Gestão da Saúde, é uma entidade privada, sem fins lucrativos, fundada em 2004. Focalizando a sua missão nos aspectos técnicos e de gestão que presidem às apostas empresariais do sector, a APEGSAUDE centra a sua acção catalítica nas boas práticas que conduzem à eficiência, rentabilidade e confiança organizacional, como nos conta Carlos Tomás, presidente da direcção.

DESAFIOS TÉCNICOS E DE GESTÃO RUMO A UMA SAÚDE MELHORAPEGSAUDE – ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ENGENHARIA E GESTÃO DA SAÚDE

A APEGSAUDE iniciou a sua acti-vidade em 2004, apoiada por um conjunto de prestadores

privados, depois por um conjunto de seguradoras, a que se seguiram um con-junto de empresas na área farmacêutica e outras na área tecnológica. “Começá-mos a promover um conjunto de ini-ciativas que permitiram que todos os profissionais com responsabilidades de decisão pudessem trocar ideias e melhorar o seu conhecimento. Não o conhecimento na perspectiva acadé-mica, mas o conhecimento que tem impacto nos aspectos decisórios e na condução das operações”, evoca Carlos Tomás, referindo que “o facto de o siste-ma público de saúde ter uma prepon-derância muito grande, levou a que, muitas vezes, os temas que tinham interesse e que era necessário dis-cutir para o sector privado, tenham ficado para trás nas agendas, sendo abordados com atraso ou com menos importância”. Consciente de que o trabalho da APE-GSAUDE é, fundamentalmente, pôr as pessoas em contacto e possibilitar que troquem as suas experiências, Carlos Tomás congratula-se pela evolução da entidade a que preside: “Temos tido muito incentivo e temos vindo a cres-cer, continuada e sustentadamente. Procuramos que as nossas iniciativas cumpram dois princípios – em primei-ro, que sejam úteis para as pessoas e, em segundo, que sejam objectivas e não excessivamente caras. O nosso público é composto por pessoas mui-to ocupadas e muito conhecedoras. Elas não vêm à procura do que faze-mos para obter mais conhecimento, mas para perceberem o que funciona e o que não funciona”. Os últimos anos têm registado grandes evoluções nas unidades de saúde do Estado, nomeadamente ao nível da em-presarialização, a que a APEGSAUDE tem estado atenta. “Normalmente, só tínha-mos um impacto mais concentrado no sector privado, mas a determinado momento o sector público começou a interessar-se por aquilo que nós fazí-

amos e hoje temos uma aceitação ge-neralizada, porque os problemas que existem na gestão pública e na gestão privada são muito comuns e não di-ferem na sua essência. Não são dois mundos tão separados como se pen-sa”, revela Carlos Tomás, apontando os conflitos de interesses que decorrem do facto de o financiamento da saúde não estar separado da prestação, uma maté-ria que vai estar em evidência este ano.Na ausência de uma cultura de avalia-ção, aplicável aos gestores e aos inves-timentos, “centramos uma das nossas abordagens na parte das tecnologias e na importância de as aplicar bem, na medida em que é preciso saber in-vestir nessa área, nos eixos da neces-sidade, rentabilidade e utilidade. É imprescindível centrar competências na área da gestão e da organização, porque exige conhecimento e apro-fundamento dos processos, sabendo o que se está fazer e por que é que se

está a fazer. É como comprar um ex-celente automóvel e ter um péssimo condutor”, revela Carlos Tomás, concre-tizando que “não se pode falar em ges-tão de qualidade na saúde, sem todas as unidades privadas de exploração de saúde estarem licenciadas”. O estabelecimento de protocolos de co-laboração com as ordens profissionais, nomeadamente a Ordem dos Médicos, a Ordem dos Enfermeiros e a Ordem dos Farmacêuticos, para além da cola-boração com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, tem sido uma aposta da APEGSAUDE na afirmação do seu papel dialógico, porque, como reitera Carlos Tomás, “as ordens profissionais têm um papel importantíssimo, porque nas organizações pode haver dinhei-ro e tecnologia, mas se não houver pessoas qualificadas, não há margem para evoluir. No domínio técnico e científico, quando se conjugam as vi-sões de diferentes especialistas, en-

tre si, muitas vezes produzem-se so-luções inimagináveis, integrantes de uma parcela do conhecimento”, afir-ma Carlos Tomás, estabelecendo o dese-jo de alargar os protocolos a outras en-tidades. Os acordos de cooperação com instituições do ensino superior público e privado fazem, igualmente, parte de uma estratégia que a APEGSAUDE deseja po-tenciar, já a partir deste ano: “Queremos alargar a nossa colaboração a todas as universidades, porque há uma grande necessidade de que estas sejam mais pró-activas e estejam mais próximas do mundo real da indústria e das ope-rações. Uma das iniciativas que que-remos promover, e que vai começar pela área da gestão, é que os alunos dessas instituições possam estagiar nas empresas nossas associadas”. A finalizar, Carlos Tomás, presidente da direcção da APEGSAUDE anuncia que “um dos temas que vai marcar a nossa actividade neste ano de 2011 é o combate ao desperdício, estabe-lecendo a devida distinção entre um bom investimento e um mau inves-timento. É uma questão de escolhas e prioridades. Não é difícil, é uma questão de cultura e de vontade e é um desafio”.

Carlos Tomás, Presidente da direcção

UM DOS TEMAS QUE VAI MARCAR A NOSSA ACTIVI-DADE NESTE ANO DE 2011 É O COMBATE AO DES-PERDÍCIO, ESTABELECENDO A DEVIDA DISTINÇÃO ENTRE UM BOM INVESTIMENTO E UM MAU INVESTIMENTO. É UMA QUESTÃO DE ES-COLHAS E PRIORIDADES. NÃO É DIFÍCIL, É UMA QUESTÃO DE CULTURA E DE VONTADE E É UM DESAFIO

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PRÓXIMASINICIATIVAS DA APEGSAUDE

APEGSAUDE ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ENGENHARIA E GESTÃO DA SAÚDE

A APEGSAUDE apoia a 1.ª Gala PULMONALE - Associação de Luta Contra o Cancro do

Pulmão, que decorrerá no dia 25 de Janeiro, pelas 20h30, no Casino Esto-ril. Apresentado pelo actor Ricardo Carriço, o evento incluirá jantar e es-pectáculo, sendo artistas convidados os músicos Luís Represas e João Pedro Pais. A receita das inscrições, no valor de cinquenta euros, reverterá a favor da PULMONALE. Todas as informações po-derão ser consultadas no site da APEG-SAUDE, em www.apegsaude.org.

III Congresso do Sistema de Saúde Português Falar Saúde 24 e 25 de Março de 2011 Hospital de São João - Porto

O Hospital de São João é o anfitrião da 3.ª edição do Congresso do Sistema de Saúde Português a 24 e 25 de Março de 2011. Com o título “Falar Saúde” o con-gresso porá gente do país a falar para gente da saúde e do país, sendo espera-dos mais de mil participantes ao longo dos dois dias em que se multiplicarão as dezenas de sessões de trabalho, so-bre os mais variados temas. Será cer-tamente um momento para reavaliar o valor da saúde para a sociedade, e os congressistas, entre os quais perso-nalidades de reconhecido mérito e in-

questionável valia, dos mais diferentes sectores da sociedade e do estrangeiro, questionarão muitos dos conceitos da-dos como adquiridos, e redescobrirão muitas das aparentemente ignoradas dimensões da saúde.

Os temas económicos terão uma prima-zia significativa, para que se possa ir da Economia da Saúde para uma Econo-mia Saudável e se encontrem caminhos em que a sustentabilidade não seja o primeiro escolho de qualquer política.

Mas a vida transcende muito a simples economia, e as questões da Humanização terão um lugar próprio e bem importan-te, numa globalidade do bem-estar e saú-de, à escala humana, que não é concebível sem equilíbrios mentais, espirituais, reli-giosos e sociais profundos.

E sendo os equilíbrios humanos gerado-res das inquietações e tensões criadoras que se exprimem através da Cultura, verdadeira base das civilizações e essên-cia distintiva da humanidade, os temas e as iniciativas culturais, explorando esse contraponto criador com a saúde e o bem-estar, povoarão os tempos do con-gresso numa explosão artística.

1.ª Gala PULMONALE

25 de Janeiro (20h30)

Casino Estoril

A modernidade lida hoje com o Mundo em tempo real e a informação ao correr dos dedos. Os temas comunicacionais são hoje cruciais. A informação não existe mais escondida, e as sociedades querem-se transparentes. A Comunica-ção ocupará também um lugar relevan-te agregando um conjunto de temas re-lacionados com os impactos mediáticos da saúde.

A cidade polariza o desenvolvimento social das sociedades, cada vez mais gregárias, mais concentradas, mais estruturadas e, possivelmente, mais solidárias. As fortíssimas ligações da Saúde com a Cidadania, quadro de re-lações sociais numa Europa em que nos integramos e num mundo global de que fazemos parte, constituem outra das temáticas que o congresso abordará e a pergunta ficará: Como podemos ter

uma Saúde de Excelência numa exce-lente Sociedade Saudável?

O Congresso é promovido, a exemplo das edições anteriores, pela Associação Portuguesa de Engenharia e Gestão da Saúde, que, com o empenhamento do Hospital de São João, tudo fará para vencer as naturais dificuldades e rea-lizar no Porto um congresso de traba-lho, útil, criativo e dinamizador de boas vontades. Um conjunto de personali-dades será em breve convidado a inte-grar uma Comissão Organizadora, que velará pela pluralidade, independência e relevância do programa de trabalhos, que, em conjunto com toda a informa-ção, estará disponível no website www.falarsaude.net.

Fonte: www.apegsaude.org

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38 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 38 SAÚDE | PAÍS POSITIVO

Maria da Graça Barreiros, médica Radiologista, formou-se em Me-dicina na Faculdade de Medicina

da Universidade de Lisboa com a classifica-ção de Bom com Distinção. Fez o Internato de Especialidade em Lisboa, no Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, que termina em Junho de 1983, tendo sido aprovada por Unanimidade com Distinção. Em 1986 faz exame de provimento do lugar de Assistente Hospitalar e é 1.ª classificada neste Concurso de provimento, com a clas-sificação final de 18 valores.É bolseira da Gulbenkian num Estágio na Oregon Health Sciencies University de Bir-mingham, no Alabama. Faz concurso públi-co e é aprovada como Assistente Hospitalar Graduada em 1992. Abandona em 1996 o sector público, para se dedicar exclusiva-mente ao privado, onde dirige, a pedido da Instituição, o Serviço de Radiologia da AS-MECL e exerce actividade no Hospital Par-ticular de Lisboa, em estreita relação com os técnicos de Radiologia, jovens internos de especialidade, cirurgiões e Anatomo-Patologistas ligados à Patologia Mamária. Iniciou em 2006 estudos aprofundados na Ressonância Magnética Mamária e execu-ção de exames com recurso a formação para creditação na Alemanha e Estados Unidos da América. Com isto adquiriu uma vasta experiência, tendo por isso sido convidada,

Estivemos à conversa com Graça Barreiros, médica radiologista da Clínica São João de Deus, que nos revelou que esta Unidade de Saúde de Lisboa, um dos grandes desafios da sua carreira profissional, está em condições de oferecer exames de diagnóstico avançado no estudo da patologia mamária. Apostou-se na formação específica e orientada de uma equipa de médicos e técnicos de Radiologia focados na perspectiva holística da doente, bem como em equipamentos de imagem de última geração.

PATOLOGIA MAMÁRIA:NA ROTA DO DIAGNÓSTICO AVANÇADO

CLÍNICA SÃO JOÃO DE DEUS

aquando da aquisição da Clínica São João de Deus, pelo Grupo COFAC, da Universidade Lusófona, para montar o Serviço de Imagio-logia e iniciar a unidade de Patologia Mamá-ria nesta clínica.Com alguma experiência continuada na do-cência de técnicos no IPOFG e pela activida-de contínua que exerceu foi convidada pelo Instituto Superior de Ciências de Saúde de Maputo, em Moçambique, a leccionar no 1.º Curso de Formação de Técnicos de Radiolo-gia, que está a decorrer naquele país.Com o alargamento de actividades na área da saúde pela Universidade Lusófona, foi nomeada responsável pela consultoria nas áreas de aquisição de equipamentos de imagiologia e pela telemedicina.Convidada para integrar o quadro da Facul-dade de Ciências Biomédicas da Universida-de Lusófona, acabou por aceitar o desafio, a fim de alargar vertentes de ensino e assis-

tenciais, atingindo o objectivo idealizado de que é preciso pensar, estudar, criar e aplicar conhecimento, bases de aprendizagem e reinvenção constante. “ENSINAR É EXORTARA FAZER QUALIDADE”

Graça Barreiros revela que o Serviço de Imagiologia da Clínica São João de Deus foi completamente renovado aquando da compra desta Unidade de Saúde, por par-te da Universidade Lusófona, há três anos. “Neste momento, para além da área as-sistencial clínica quotidiana, estamos a formar formadores técnicos, pelo que não estamos ainda a receber um grande volume de alunos estagiários da ERISA - Escola Superior de Saúde Ribeiro San-ches, integrante do Grupo Lusófona. É um projecto que decorre de uma forma lenta, progressiva, continuada, mas com um objectivo muito definido e determi-nado. Tem de haver uma formação prá-tica dos técnicos, com muito rigor, para que se possam formar novos técnicos, com uma elevada qualidade profissio-nal, o que está a acontecer. Pretendemos que, quando os alunos vierem para aqui, não venham cumprir horas de estágio. Têm de vir na perspectiva de se dife-renciar em áreas de execução prática específicas e quotidianas, construindo um curriculum teórico-prático com tra-balhos publicados e redacção de artigos científicos. Ensinar é exortar a fazer qua-lidade”, afirma. Na perspectiva de Graça Barreiros “ser Téc-nico de Radiologia não é ser um mero executante de exames”. É a pessoa que tem o primeiro contacto com o doente e em quem o doente tem de confiar, porque os exames são, por vezes, desconfortáveis ou dolorosos. “É, pois, necessário um ele-vado skill de conhecimento teórico que a ERISA nos dá, mas também o ensino perante o doente de uma abordagem humanística, recorrendo ao diálogo e empatia para relaxar o doente e conse-guir imagens com elevado padrão de qualidade, proporcionando, enfim, um

atendimento personalizado”, concretiza a especialista. A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICANO DIAGNÓSTICO MAMÁRIO

Em Imagiologia Mamária, a Mamografia, a Ecografia Mamária e a Ressonância Mag-nética afiguram-se como os três principais meios de diagnóstico. Um outro meio de diagnóstico, com recurso à imagem e mui-to importante é a Intervenção Mamária, de que é exemplo a Biopsia.“Neste momento, temos através da Ma-mografia Digital Directa, qualidade, que é importantíssima no diagnóstico”, reve-la Graça Barreiros. Oferece maior rapidez de execução, facilidade de leitura por amplia-ção do espectro de contrastes na imagem e maior fiabilidade de leitura, sobretudo em padrões de elevada densidade mamária. Facilmente e num mesmo tempo sequen-cial permite a possibilidade de acoplar o aparelho de Estereotaxia, para Intervenção Mamária, como Biopsia para recolha de fragmentos para diagnóstico. Apesar dos avanços enormes da Mamografia, em ter-mos de processamento da imagem, a com-pressão mamária é ainda obrigatória para a imobilização, pelo que é impossível fazer Mamografia sem que a doente não sinta maior ou menor grau de desconforto. “A compressão está padronizada, em re-lação ao valor mínimo que deve ser utili-zado. Não se pode dizer que a Mamogra-fia Digital dói menos. Há que saber fazer e sobretudo haver bom senso na abor-dagem das doentes, caso a caso. Trata-se de imobilizar para afastar tecidos, para não haver blurring da imagem (imagem desfocada) e comprimir para distinguir estruturas ocultas. Não pode haver áreas cegas, tem de estar tudo contemplado na imagem, porque o diagnóstico depende disso”, concretiza Graça Barreiros.“Um médico que pretenda especializar-se em Imagiologia Mamária, deve dedi-car-se em exclusivo, sem desvio para a realização de outros exames fora deste contexto, porque são técnicas de difícil interpretação, que exigem grande expe-

Exames Mamários realizados na Clínica São João de Deus - Lisboa:

:: Mamografia Digital Directa:: Ecografia Mamária:: Microbiopsia Mamária e citologia:: Galactografia:: Marcação Pré-operatória com Arpão:: Ressonância Magnética (em aquisição)

Graça Barreiros, médica Radiologista da Clínica São João de Deus

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riência. Existem publicações quotidianas sobre o tema em várias vertentes que há que ler. O médico radiologista para além de estar habituado a ler imagens, tem de integrar conhecimento proveniente de outras especialidades que estão ligadas a Patologia Mamária, tem que trabalhar em grupo, com imagens e conhecimento de origens diversas na avaliação de um único doente, normalmente ansioso de uma resposta imediata. Defendo mesmo a criação da Especialidade de Senologia”, conclui.A Ecografia Mamária é complementar da Mamografia, sendo uma área exclusivamen-te médica, na medida em que os Técnicos não são executantes. “Temos um ecógrafo de última geração, equipado com son-das adequadas, lineares e muito especí-ficas para mama, que permite fazer um diagnóstico diferencial entre diferentes estruturas, permitindo, em alguns casos, a diferenciação imediata entre patologia benigna e maligna”, refere Graça Barrei-ros. A Ecografia é, efectivamente, um méto-do auxiliar de diagnóstico importantíssimo, além de que é utilizado, por exemplo, como exame de primeira linha em mulheres muito jovens, porque não convém submeter as pa-cientes a radiação demasiado cedo. Nesses casos, de mulheres nulíparas – ou seja, sem filhos - a Ecografia cobre completamente o diagnóstico. Isto porque se a mulher tiver filhos, o padrão da mama modifica-se. Pode acontecer, no entanto, que a mama se man-tenha com padrões de elevada densidade e, nesse caso, a Ecografia continuará a ter pa-pel preponderante.A Galactografia é um exame que se faz para estudo da patologia dos canais de lei-te, os chamados canais galactofóricos, daí a origem do termo. Trata-se da introdução de uma substância líquida de contraste dentro de canais para estudar, por exemplo, uma área de obstáculo, que se desenvolve no in-terior do canal. A Citologia pica uma lesão e aspira células, através de uma agulha, por exemplo uma

agulha intramuscular numa seringa com manípulo manual que faz o vácuo necessá-rio à aspiração.Depois esfrega-se o produto obtido em lâminas, para posterior análise. É rápido e económico, permitindo uma diferencia-ção entre células benignas e malignas. Não tem, contudo, a capacidade diagnóstica da Biopsia, que não estuda células, mas sim fragmentos de tecidos. A vantagem de tirar fragmentos é conseguir uma melhor acui-dade de diagnóstico, porque há muito mais elementos estruturais para analisar, dado que o tecido está representado. A Biopsia permite fazer um diagnóstico de benignida-de ou malignidade, aferindo, inclusivamen-te, o grau de malignidade do tumor (baixo, médio ou alto), determinação de índices proliferativos celulares e determinação da sensibilidade do tumor a tratamento hor-monal. Para efeitos de planeamento de tratamento, é extraordinariamente impor-tante para o médico saber com que tipo de tumor é que está a lidar. Sob o ponto de vista de planeamento terapêutico, a Biopsia é preferível à Citologia, exigindo, igualmente, uma grande experiência para impedir falsos negativos. A Marcação Pré-operatória com Arpão baseia-se na colocação de um arpão que an-cora no tecido lesado e está ligado a um fio-guia que vem até à superfície da pele. “Te-mos um aparelho de Estereotaxia que nos permite visualizar o local exacto, em profundidade, de colocação do arpão, através de uma determinação tridimen-sional, fornecida pelo aparelho”, explica Graça Barreiros. Na cirurgia, o cirurgião segue o fio-guia até à lesão e retira-a. Isto permite, tirar estritamente a quantidade de tecido proporcional ao tamanho do tumor, sem grande amputação mamária e, no fu-turo sem grande alteração estética. “É tam-bém possível a colocação de arpões por Ecografia”, esclarece a médica radiologista. Depois da cirurgia, radiografa-se a peça operatória para confirmar que todo o tumor foi retirado e após essa confirma-

ção informa-se o cirurgião que termina assim a cirurgia. A RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

“Eu faço Ressonância Magnética Mamá-ria (RMM) desde 2006. Estamos actual-mente em fase de aquisição de equipa-mento de Ressonância para a Clínica São João de Deus. Conjugaremos a vertente diagnóstica médica que a Ressonância Magnética permite, com vertentes de en-sino e de investigação com a Faculdade de Ciências Biomédicas e a ERISA - Esco-la Superior de Saúde Ribeiro Sanches, da Universidade Lusófona, actividades que pretendemos desenvolver conjuntamen-te, potenciando ao máximo a importân-cia da Ressonância Magnética”, começa por afirmar Graça Barreiros. A especialista em Imagiologia, responsável pelo projecto de instalação, esclarece que “a RMM Ma-mária veio trazer a terceira dimensão da mama, o que nos faltava, um poten-cial imenso, que permite o diagnóstico conciliando estudos morfológicos e funcionais. Estuda parâmetros de ac-tividade celular e consegue transmitir, através disso, noções complementares, que nenhum outro método não invasivo é capaz. É mais uma técnica que, se mui-to bem efectuada, permite atingir o gold standing da qualidade diagnóstica”.Quando a Mamografia e a Ecografia são in-suficientes a RMM, que é a técnica mais sen-sível e específica de diagnóstico, deverá ser utilizada. “Entre outras indicações que não referencio, por exaustivas, destaco-o como obrigatório no estadiamento de tumores, antes da cirurgia”, afirma Graça Barreiros. Em casos de mulheres jovens que fizeram radiação para tratamento de linfoma, seja de corpo inteiro ou de tórax, passados oito anos do final do tratamen-to há um aumento de risco de cancro da mama. “Nessas situações, a RMM é o pri-meiro meio de diagnóstico e o exame de seguimento de dois em dois anos,

para impedir a continuação de irradia-ção mamária, que naturalmente existe quando se faz Mamografia”, indica Graça Barreiros. A ESCOLHA DO DIAGNÓSTICO

“A determinação de que tipo de exames é que se deve efectuar, até aos 40 anos, atende a um critério de bom senso mé-dico e do médico radiologista. Este, por sua vez, deverá propor no relatório o tipo de seguimento que a doente deve ter. A partir dos 40 anos há Protocolos Europeus e do ACR - American College of Radiology. Eu sou muito a favor do protocolo do ACR, que propõe a reali-zação de mamografias anuais dos 40 até aos 52/53 anos e depois de dois em dois anos até ao resto da vida”, defende Graça Barreiros, lamentando que muitas mulheres, ao avançar na idade, pensem que já não é necessário realizar Mamogra-fias. A especialista lembra que o Cancro da Mama aumenta com a idade. Questionada se o modelo americano é seguido em Por-tugal por muitos médicos, Graça Barreiros afirma que sim.A concluir, Graça Barreiros aconselha todas as mulheres a aderirem a programas de despiste de Cancro da Mama, com vista à diminuição da mortalidade associada à do-ença: “Os avanços tecnológicos permitem diagnósticos mais precoces e, numa cer-ta medida, falar de um maior número de casos diagnosticados resulta da nossa actual maior capacidade de detecção. Detecção precoce significa diminuição de mortalidade, sobretudo porque os avanços tecnológicos na imagem cami-nharam a par com avanços na capacida-de terapêutica. Apenas a juntar a estes dois elementos, o acreditar que este es-forço continuado foi feito em benefício de cada doente, de si que está a ler, ca-bendo a cada um de vós juntar-se a nós e participar connosco para, todos juntos, conseguimos ultrapassar a doença”.

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44 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 44 PREVENÇÃO E SEGURANÇA RODOVIÁRIA | PAÍS POSITIVO

Herdeiro de praticamente todas as competências das entidades que lhe deram origem, excepto

a das contra-ordenações estradais que foram atribuídas à Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, o IMTT baseia a sua acção num conjunto de quatro áre-as principais de actuação – Regulação Jurídico-Económica, Regulação Técnica e de Segurança, Formação e Certificação, e Fiscalização – embora seja de destacar também os serviços de Planeamento, Inovação e Avaliação na participação em planos e programas nacionais de natu-reza transversal e na condução de ou-tros que são específicos do instituto.

O IMTT foi um dos últimos produtos do PRACE – Programa de Reestrutu-ração da Administração Central do Estado. Terá sido uma boa aposta?Sem a menor hesitação respondo-lhe que sim. É sempre um enorme desafio a construção de uma nova identidade no conjunto dos organismos da Adminis-tração do Estado e este tinha a particular dificuldade de juntar competências que tinham vivido distanciadas seguindo culturas muito diferentes. E penso que se ganhou bastante, para a administração e para os administrados, trazer para o seio dos transportes as problemáticas da con-dução e dos veículos da antiga DGV, o que aliás não era novo na história do sector. A formação, habilitação e certificação para a condução, profissional e não profissional, recolocou a problemática da segurança rodoviária tradicional no novo quadro da mobilidade sustentável tão importante para a qualidade de vida dos cidadãos,

para a modernização da rede de ensino e de formação nesta área e para a qualidade das aprendizagens por parte dos novos condutores. Identicamente, foi importan-te a incorporação da homologação, regis-to de matrículas e inspecção periódica de veículos num instituto que também se ocupa da administração do transporte de terrestre, num tempo onde imperam preocupações ambientais e onde temos de aplicar normativos diversos sobre emissões, ter preocupações com a forma como nos movemos e como fazer boas escolhas para efectuar as deslocações necessárias. Estamos a entrar num perí-odo histórico de grande mutação tecno-lógica nos sistemas de motorização dos veículos, como é bom exemplo o veículo eléctrico, de introdução de combustíveis alternativos, de utilização intensiva da electrónica e das tecnologias de infor-mação nos veículos, na infraestrutura e em todas as componentes que garantem a mobilidade das pessoas. Por isso tudo foi importante incorporar no IMTT a Re-gulamentação Técnica e a Segurança que se exerce fundamentalmente sobre os ve-ículos de transporte rodoviário e ferrovi-ário. É preciso não esquecer que o IMTT é a autoridade nacional de segurança em relação ao transporte ferroviário, autori-zando tudo quanto é material circulante bem como todas as alterações sobre tra-çados ferroviários, sempre na perspecti-va da segurança.

Mas esses objectivos não teriam da mesma forma sido prosseguidos no anterior modelo?Poderiam… mas não era a mesma coisa. Com o IMTT penso ter-se ganho eficiên-cia e sobretudo coerência na adminis-

tração do transporte terrestre permitin-do que o pensamento e a acção, gerado pela organização, passasse a ser mais integrado e mais participativo nas polí-ticas transversais que são cada vez mais necessárias. Por outro lado, a dimensão do instituto e o protagonismo que pode e deve ter no sector, enquanto organis-mo de referência, pode contribuir para o evitar da captura do interesse público por interesses privados servindo de su-porte ao exercício da governação e de in-térprete e de primeiro conselheiro para a construção das políticas públicas neste sector. Como instituto, tem alguma auto-nomia administrativa e financeira, em-bora seguindo as mesmas regras gerais da contratação pública e da orçamenta-ção, tem mais capacidade de gestão su-portada num Conselho Directivo plural, com responsabilidades de pensamento e condução estratégica e em dirigentes que terão de ter cada vez mais capaci-dades de liderança e de gestão das suas Unidades Orgânicas. Sem prejuízo dos ajustamentos orgânicos que forem ne-cessários seria muito negativo o regres-so a modelos antigos.

Acha que o IMTT conseguiu neste período ser um organismo de refe-rência no sector?Não lhe sei responder, mas o sector, as associações, as empresas, os operadores e os cidadãos devem saber dizer. Não fize-mos estudos nesse sentido, mas quando questionámos estas entidades no início de 2010 para informar a avaliação do QUAR de 2009 recebemos respostas muito posi-tivas e manifestações de incentivo. Gostava de salientar um aspecto essencial no que se refere ao papel do IMTT nas instâncias

internacionais. É aqui, seja nos comités em que participamos, nos numerosos grupos técnicos e de acompanhamento a propósi-to da avaliação de problemáticas que estão na agenda europeia ou da construção de regulamentação comunitária e de novas directivas, que se joga a defesa dos interes-ses nacionais, das empresas, da indústria e das soluções que melhor se adaptam ao contexto, cultural e práticas de cada país. E é absolutamente fundamental garantir uma presença internacional qualificada que seja conhecedora e próxima do sec-tor. Seja por razões de mera actualização técnica ou de troca de conhecimento, seja por questões de discussão de normativos e de negociação. Penso que o IMTT nesse capítulo teve e continuará a ter papel im-portante. Ser uma entidade de referência é um resultado e não um fim. Nenhuma en-tidade, a qualquer nível da administração, se fará reconhecer se não for pela qualida-de do seu trabalho, o qual só pode aconte-cer através de três factores que os vários membros do CD ao longo deste tempo sempre procuraram desenvolver: - Visão Estratégica (para onde, por onde e como devemos caminhar); - Recursos qualificados (não apenas os financeiros mas em particular os trabalhadores e os dirigentes da organização que são chama-dos a participar na construção da estraté-gia e na sua operacionalização); - Processo transparente (em que destaco a participa-ção, o diálogo, a discussão, o debate de ideias e a negociação mas também a lide-rança, a persistência e a determinação).

Não quer destacar algumas medidas ou realizações que foram particular-mente importantes?Creio que não me concede espaço nes-

Nascido a 1 de Novembro de 2007 por via de um processo de fusão / extinção de três organismos pú-blicos – a Direcção-Geral de Viação, o Instituto Nacional de Transporte Ferroviário e a Direcção-Geral de Transportes Terrestres - o Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT, I.P.) tem por missão regular, fiscalizar e exercer funções de coordenação e planeamento do sector dos transportes terrestres, visando a mobilidade de pessoas e bens. Jorge Batista e Silva, presidente em exercício do Conselho Di-rectivo do IMTT que termina as suas funções no fim deste mês regressando ao Instituto Superior Técnico, realça a importância deste organismo no sector, apresenta algumas estratégias de futuro que têm vindo a ser prosseguidas e alguns desafios que o futuro colocará.

TRANSPORTES TERRESTRES E MOBILIDADE– ENTRE O PASSADO E O FUTURO

IMTT – INSTITUTO DA MOBILIDADE E DOS TRANSPORTES TERRESTRES

Jorge Batista e Silva, Presidente do Conselho Directivo do IMTT

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ta revista para ser exaustivo. Mas posso destacar alguns. Na área da Formação e Certificação, que acompanhei de perto, gostava de realçar que o IMTT é uma instituição singular a nível europeu uma vez que concentra num único organismo as actividades de reconhecimento de entidades formadoras, formação e cer-tificação de todos os profissionais dos transportes bem como da habilitação dos não profissionais da condução. Se-rão cerca de 30 a 40 mil por ano de pro-fissionais num universo de cerca de cem mil (não incluindo os que já são moto-ristas de veículos pesados de passagei-ros e mercadorias) acrescidos de cerca de duzentos mil novos condutores num universo de seis milhões de condutores. Começamos por adoptar como princí-pios a simplificação de procedimentos, a qualificação da actividade de Ensino da Condução e a progressiva harmonização do sistema de formação e de certificação de profissionais. Realçava talvez a refor-mulação do enquadramento jurídico de várias áreas (proposta de novo regime jurídico de formação e certificação (f&c) de motoristas de táxi e de gerentes de transporte de mercadorias, transposição da directiva europeia sobre f&c de moto-ristas de veículos pesados de passagei-ros e mercadorias com disponibilização de sete módulos de formação, revisão do Regulamento de Habilitação Legal para Conduzir e instrumentos conexos para a atribuição da realização de exames de avaliação médico-psicológica em arti-culação com a D.G.Saúde, a avaliação do sistema de exames de condução estan-do em conclusão uma proposta de con-cessão por concurso a entidades priva-das do serviço público de exames, uma recente proposta de Regime Jurídico do Ensino da Condução que praticamente concretiza todas as medidas propostas na Estratégia Nacional de Segurança Ro-doviária em que também participámos e a regulamentação de f&c de maquinistas e outro pessoal do Transporte Ferrovi-ário). Posso ainda realçar uma recente proposta de regulamento sobre veículos automóveis movidos a GPL e GNC bem como a proposta de aumento da rede de Centros de Inspecção Técnica de Veícu-los. Esta rede é fundamental para asse-gurar a segurança da circulação em todo o território nacional. Por essa razão esta actividade de inspecção de veículos não deve ser olhada como uma mera activi-dade comercial sujeita à natural concor-

rência do mercado. Seria um erro gravís-simo considerá-la nesta perspectiva.

A acção do IMTT tem sido apenas na vertente regulamentar?Não. Posso destacar o esforço de disponi-bilização de conteúdos e de difusão de co-nhecimentos em prol da qualificação das actividades, nomeadamente a elaboração do Manual de Manobras Especiais das categorias A e A1, disponibilização de um Manual de Ensino da Condução e de outro sobre a Qualidade de Serviços nas Escolas de Condução, estudos de caracterização e avaliação de diversos factores psicológicos relacionados com os condutores submeti-dos a exame psicológico, com disponibili-zação integral no site www.imtt.pt e ainda a realização de alguns Seminários, sobre a Eco-Condução, sobre o Ensino da Con-dução, sobre o Veículo Electrico e sobre o Sistema de Transportes, Acessibilidade e Mobilidade. Naturalmente que se reali-zaram diversos estudos de base que per-mitirão a seguir dar sequência a outras ac-ções, nomeadamente na área do Sistema de Transportes e da Mobilidade. E aqui gostaria de realçar a recente conclusão de uma proposta de orientações estratégicas para o transporte rodoviário de passagei-

ros e de mercadorias e a conclusão a curto prazo do “Pacote da Mobilidade” que será, no essencial, um conjunto de directrizes e orientações para a melhoria da gestão da mobilidade e do planeamento de trans-portes a propor ao Governo. Mais recen-temente está em conclusão uma proposta de descentralização das concessões de serviços regulares de transporte rodovi-ário de passageiros para municípios ou comunidades intermunicipais.

Recentemente foi anunciado pelo Governo a intenção de criar um regulador único para o sector dos Transportes…O Transporte Público de Passageiros é

uma área de actividade que usa regula-mentação com mais de 60 anos e que precisa há muito de grandes reformas. O seu grave problema de financiamento não se resolve apenas no seu círculo fe-chado e muito menos à pressa. Esta nova entidade poderá por isso ser uma boa solução, particularmente pela regulação cruzada e transversal que é preciso ser feita, entre os diferentes subsectores e modos, entre os diferentes tipos de infraestruturas. Além do mais há uma contínua necessidade de transposição de Regulamentação Europeia e seria bom que se fosse percebendo as diferen-ças económicas que recaem sobre cada modo, as consequências para a competi-tividade de cada um e as exigências para um sistema sustentável de manutenção e conservação da infraestrutura, por for-ma a definir boas políticas transversais para a regulação do sector.

A apetência pelo uso privado do au-tomóvel tem sido desastrosa para os serviços de transporte regular de pas-sageiros e para a saúde das cidades. Que desafios vislumbra no futuro ?O maior desafio está já aí. A ultrapas-sagem do pico de produção de petróleo

levou à descoberta de outras fontes al-ternativas e tudo aponta para a neces-sidade de uma intensa transformação tecnológica, ou seja a substituição dos motores a combustão pela motoriza-ção eléctrica. O IMTT está envolvido no mobi-e disponibilizando regularmente a lista de veículos eléctricos homolo-gados que podem assim beneficiar de apoios financeiros como estabelece a lei. O veículo eléctrico poderá ajudar a resolver a dependência energética do petróleo mas não resolve o congestio-namento nas cidades. O segundo desa-fio será por isso social e comportamen-tal, no sentido de as pessoas passarem a fazer melhores escolhas em relação à

forma como satisfazem as suas neces-sidades de mobilidade, e no sentido de as cidades passarem a ser planeadas e geridas em função de um sistema de mobilidade mais coerente e não apenas em função das necessidades da circula-ção em automóvel individual. O tercei-ro desafio será o de introduzir maior inteligência no sistema de mobilidade e de transportes, o que em grande medi-da tem a ver com a aplicação intensiva da electrónica e das tecnologias de in-formação e comunicação nas relações cruzadas entre veículo – infraestrutura – condutor – utilizador.

Para terminar, estará o IMTT prepa-rado para estes desafios ?Há um grave problema de recrutamen-to de certo tipo de competências dentro da Administração Pública, nomeada-mente na área da Engenharia Informá-tica, da Engenharia Mecânica e Civil com alguma especialização em Trans-portes. São competências muito impor-tantes para os nossos serviços centrais e regionais. Os procedimentos concur-sais ficam sistematicamente desertos. Uma vez que estão confinados aos téc-nicos que já estão na Administração

Pública, estes acabam por optar sem-pre pelos organismos que remuneram melhor. Por outro lado a contínua de-serção de técnicos seniores para a apo-sentação antecipada leva a que nem sequer haja forma de fazer a transição de conhecimentos e saberes para técni-cos mais jovens, porque simplesmente não os há. Diria que este será a breve prazo outro grande desafio que o futu-ro colocará, ou seja, como poderá a ad-ministração pública continuar a desem-penhar o seu papel, ainda que reduzida a uma expressão com menor dimensão, mas mantendo elevado grau de tecnici-dade para que não perca completamen-te a sua eficácia e o seu sentido.

O IMTT É UMA INSTITUIÇÃO SINGULAR A NÍVEL EUROPEU UMA VEZ QUE CONCEN-TRA NUM ÚNICO ORGANISMO AS ACTIVIDADES DE RECONHECIMENTO DE ENTI-DADES FORMADORAS, FORMAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE TODOS OS PROFISSIONAIS DOS TRANSPORTES BEM COMO DA HABILITAÇÃO DOS NÃO PROFISSIONAIS DA CONDUÇÃO

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46 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 46 PREVENÇÃO E SEGURANÇA RODOVIÁRIA | PAÍS POSITIVO

ENTREVISTA COM JOSÉ MONTEIRO MELIÇO, DIRECTOR DO DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA RODOVIÁRIA DA EP – ESTRADAS DE PORTUGAL S.A.

EP - ESTRADAS DE PORTUGAL, S.A.

Herdeira moral da História da administração rodoviária em Portugal, corporizada no passa-

do por outras entidades, qual é a génese da EP - Estradas de Portugal, S.A. e com que grande missão é que se apresenta à sociedade?Fundada em 1927 com a designação de Junta Autónoma das Estradas (JAE) teve ao longo dos anos diversas trans-formações orgânicas consentâneas com a evolução das estratégias nacionais e internacionais no sector das infra-es-truturas rodoviárias, sendo que as mais relevantes ocorreram entre 1997 e 2007, período em que foram implementados diversos modelos, o último dos quais em finais de 2007 com a criação da EP, SA de capitais públicos, a quem foi atribuída a concessão do financiamento, concepção, projecto, construção, conservação, ex-ploração, requalificação e alargamento da rede rodoviária nacional.

Emanando de uma base empresarial que visa a captação e fidelização de recur-sos, visando o lucro, quais são as linhas orientadoras que se afiguram como o sustentáculo de uma gestão integrada e geradora de riqueza no seio da EP – Es-tradas de Portugal?O principal objectivo da EP é a pres-tação do serviço público de qualidade através da disponibilização de uma rede rodoviária nacional que permita a mo-bilidade de pessoas e mercadorias em boas condições de conforto e segurança, minimizando os custos e os impactes ambientais. Neste sentido, no contrato de concessão foram fixados objectivos públicos e contratuais no que se refere à qualidade de serviço das vias nacionais,

à redução de sinistralidade e à sustenta-bilidade ambiental. São estes objectivos, fundamentalmente de prestar um servi-ço público de qualidade, que norteiam esta empresa.

Sendo Portugal um país associado a um historial de grande sinistralidade rodovi-ária que, no entanto, tem vindo a decres-cer na última década, qual é a importân-cia que a EP – Estradas de Portugal, S.A. atribui à Segurança Rodoviária e a prin-cípios que lhe estão subjacentes como a prevenção e a mobilidade?A melhoria da segurança rodoviária tem constituído um objectivo relevante nos planos comunitários e nacionais.No âmbito nacional merecem referência o Plano Rodoviário Nacional, que deter-mina a elaboração anual do plano de se-gurança, o Plano Nacional de Segurança Rodoviária, que definiu como meta até 2010 a redução em 50 por cento dos mortos e feridos graves e, mais recente-mente, a Estratégia Nacional de Seguran-ça Rodoviária, que estabelece objectivos para os períodos 2008-2011-2015. Os gráficos seguintes retratam a evolução da sinistralidade na última década, quer ao nível das vítimas mortais resultantes de acidentes rodoviários, quer do núme-ro de Pontos Negros na rede da EP.

VÍTIMAS MORTAIS

Ver gráfico 1

Como se pode observar, quer no âmbito nacional quer na rede da EP houve, na úl-tima década, uma redução no número de

vítimas mortais bastante superior a 50 por cento que era a meta estabelecida para 2010.

PONTOS NEGROS

Ver gráfico 2

Na última década a redução de Pontos Negros na rede da EP foi de quase 80 por cento.

Além dos planos anuais de segurança rodoviária, também a execução do PRN e em particular a construção de auto-estradas tem, naturalmente, contribuído para a diminuição da sinistralidade ro-doviária na rede rodoviária nacional.Na última década construíram-se cerca de 2700 quilómetros de novas estradas, a maioria com perfil de auto-estrada, o que, como se pode verificar no gráfico seguinte que compara esta execução com o número de vítimas mortais, teve

um grande contributo na referida dimi-nuição.

QUILÓMETROS CONSTRUÍDOS VERSUS VÍTIMAS MORTAIS

Ver gráfico 3

Como é que, neste momento, a EP – Es-tradas de Portugal caracteriza a realida-de portuguesa da Sinistralidade Rodo-

viária em comparação com os restantes países da União Europeia e como é que se perspectiva uma optimização de re-sultados?Portugal era em 1995 o país da União Europeia que apresentava o pior índice de mortalidade rodoviária por milhão de habitantes, passando em 2009 para valores próximos da média da União Eu-ropeia. Ver gráfico 4

Esta evolução é significativa pois em 1995 o valor do índice de Portugal era mais do dobro em relação à média eu-ropeia (UE27), tendo evoluído em 2009 para um valor cerca de 14 por cento superior. O índice de vítimas mortais em 2009 foi cerca de 29 por cento do registado em 2005. De relevar que a EP acaba de subscrever a Carta Europeia de Segurança Rodoviária assumindo o compromisso de continuar a focar a sua actividade na melhoria da segurança ro-doviária.

Objectivando a consecução de objectivos estratégicos da EP – Estradas de Portu-

José Monteiro Meliço, Director do Departamento de Segurança Rodoviária da EP – Estradasde Portugal S.A.

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gal, S.A., que projectos de referência é que têm vindo a ser seguidos na melho-ria contínua das estradas e demais infra-estruturas rodoviárias portuguesas?O investimento da EP na segurança ro-doviária continuará a incidir priorita-riamente nas actividades de eliminação de pontos negros, marcação rodoviária, reformulação da sinalização vertical, na implementação de equipamentos diri-gidos aos utilizadores mais vulneráveis e na colocação de Guardas de segurança e dispositivos de protecção para moto-ciclistas (DPM). Além das intervenções constantes do Plano de Segurança Rodo-viária, a EP continuará a investir nas me-didas preventivas, através da realização sistemática de inspecção de segurança à rede e de auditorias de segurança ro-doviária na fase de concepção, com o objectivo de detectar eventuais lacunas no âmbito da segurança. A directiva 2008/96/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, relativa à gestão da segu-rança em infra-estruturas rodoviárias e em fase de transposição, define os pro-cedimentos e obrigações relativamente a esta matéria.

Deixamos este último ponto em aberto, no sentido de sugerir a inclusão de al-gum tópico não consagrado, uma breve consideração sobre o tema da «Preven-ção, Segurança e Mobilidade Rodoviária» ou uma mensagem final.Não obstante os bons resultados alcan-çados, como demonstra a diminuição

sustentada dos diversos indicadores de sinistralidade, o número de vítimas de acidentes rodoviários constitui, ainda, um grave problema económico e social, razão pela qual se torna necessário continuar a concertar estratégias visando a sua dimi-nuição. Como mensagem final gostaria de referir que a EP continuará empenhada em melhorar o desempenho da infra-estrutura rodoviária no âmbito da segurança rodovi-ária, nomeadamente nas travessias das lo-calidades, locais onde, embora se tenha registado uma melhoria significativa nos últimos anos, ainda se verificam indicado-

res de sinistralidade elevados e de grande gravidade sendo os peões as principais ví-timas. Como é sabido, além da infra-estru-tura também os veículos e, principalmente, os condutores têm grandes responsabili-dades na ocorrência de acidentes. Por isso termino apelando aos condutores e outros utentes da via para melhorar o seu comportamento, respeitar a sinali-zação rodoviária, adequar a condução às condições específicas (tipo e estado da via, condições meteorológicas, tráfe-go, entre outros) e respeitar os outros utilizadores da via.

Gráfico 3

Gráfico 4

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50 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 50 PREVENÇÃO E SEGURANÇA RODOVIÁRIA | PAÍS POSITIVO

“VALE A PENA INVESTIR NA PREVENÇÃO DO RISCO, A NÍVEL DOS EQUIPAMENTOS, DAS PESSOAS E DAS MERCADORIAS DOS CLIENTES”

SABSEG – MEDIAÇÃO DE SEGUROS, S.A.

Qual é o ‘core business’ e as principais áreas de actuação da SABSEG?A SABSEG, SGPS é uma holding deten-tora de diversas sociedades dedicadas à corretagem de seguros e gestão de risco, nomeadamente a SABSEG Segu-ros - Soluções de seguros e gestão de risco para Particulares e Empresas, a SABSEG Motor – Soluções de seguros para concessionários automóveis e seus grupos de actividade e a SABSEG T – Corretor de seguros e Gestão de risco, com especialização na área de Transportes e Logística.

Sendo o transporte público rodoviário de mercadorias uma área complexa do ponto de vista organizacional e logísti-co, é possível ter um negócio integral-mente seguro?Bastante seguro, sim. Efectivamente, existe a necessidade de analisar toda a cadeia de fornecimento e incorporação de parte ou totalidade de produtos, as suas responsabilidades perante clien-tes e fornecedores, e muito importante - os contratos entre o Transportador de Mercadorias e os seus clientes e ainda as questões de danos ambientais. De-

pois existe a necessidade de elencar estes riscos, por ordem de grandeza, de forma a poder transferi-los para o mercado segurador ou, caso não seja possível minimizá-los, ajudar a cons-truir um plano de contingência para lidar com as adversidades.

Que tipo de objectivos é que se afigu-ram como estratégicos para a gestão de risco deste sector de actividade?Em primeiro lugar, a mentalidade do empresário e a sua abordagem ao ne-gócio e ao risco. Nos momentos de di-ficuldades da economia é fundamental o factor preço, mas para a definição de um bom preço nos seguros só se con-segue com boa sinistralidade.Em segundo lugar, motivar e gerir a sua equipa de trabalho, também com este intuito, porque terá, a longo pra-zo, resultados.Em terceiro lugar, proteger o seu pa-trimónio (instalações e frota), mas aci-ma de tudo as suas responsabilidades – com os clientes (mercadorias), com o ambiente e com a sociedade em geral.

Que particularidades é que apresenta

o transporte de mercadorias, em rela-ção a outros perfis de risco da área dos transportes?Essencialmente, existe a necessidade de verificar e catalogar as mercadorias e a sua perigosidade. A grande diferen-ça está nas mercadorias, e logicamen-te, a gestão das responsabilidades com a movimentação das mesmas, que lhe são confiadas pelos clientes.

Qual é a tipologia de riscos mais comuns no sector do transporte de mercadorias?As coberturas mais comuns situam-se no âmbito dos Acidentes de Trabalho, ao nível das Pessoas; Responsabilida-de Civil Automóvel e Assistência em Viagem, ao nível da Frota Automóvel; Mercadorias, ao nível dos riscos de Transporte; Responsabilidades, ao nível das Convenções de Mercadorias Transportadas; Responsabilidades extracontratuais da actividade de Transportador, como sejam movimen-tação de cargas e descargas e outras; e Responsabilidades com ambiente acidental ou não, ao nível legal e cor-porativo.

Na actual conjuntura, que desafios é que se levantam à corretagem de seguros, no que concerne ao sector do transporte rodoviário de mercadorias?O grande desafio é convencer e persu-adir o empresário de Transportes de Mercadorias que vale a pena investir na prevenção do risco, a nível dos equipa-mentos, das pessoas, das mercadorias dos clientes, porque a médio prazo ga-nhará e muito com esse investimento.

Gostariam de enviar uma mensagem fi nal aos nossos leitores, no âmbito das cobertu-ras de risco que comercializam?Gostaríamos de dizer, convictamente, às empresas e empresários desta activi-dade - muito importantes na economia do país - que estamos preparados para lhes prestar um serviço de excelência, com soluções de seguros dedicadas e com ferramentas on-line de seguimento e controlo. Temos quadros qualificados, oriundos da actividade de Transportes de Mercadorias que conhecem muito de perto todas as necessidades desta área e que em conjunto poderemos diminuir fortemente as aleatoriedades que uma actividade desta índole está exposta.

Ocupando um lugar de destaque no competitivo mercado segurador, a SABSEG orienta a sua acção paratrês áreas de negócio distintas, onde pontua uma solução integrada destinada ao ramo dos transportes e

logística. É, justamente, nesta área que centramos a nossa entrevista, para conhecermos os riscosg p ç g p

passíveis de cobertura de um sector estruturante da Economia.

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Criada antes dos fundos comuni-tários que viriam a ser aplicados em grande escala à formação pro-

fissional anos mais tarde, facto de que se orgulha Alfredo Lopes, director-geral des-ta bem sucedida empresa de Coimbra, a Profiforma tem no ADN muita da energia, visão e experiência do seu empreendedor. A empresa dedicou-se, desde muito cedo, à formação na área das tecnologias da in-formação, que a alavancou, sobretudo, nos primeiros anos de vida. A Profiforma está acreditada como ‘Training Partner’ pela Corel, assim como centro de formação da

Nascida em 1983, em Coim-bra, com base na premissa de que a formação profis-sional é um investimento estratégico para qualquer organização e o valor huma-no a chave do seu desenvol-vimento, a Profiforma tem trilhado o percurso formati-vo e de consultadoria numa lógica de inovação contínua, como nos conta Alfredo Lopes, director-geral da empresa.

DESAFIOS DA INOVAÇÃO NO PROCESSO FORMATIVOPROFIFORMA

Microsoft, corporizando outras parcerias formativas e funcionando como Centro de Exames para obtenção da ECDL – Carta Europeia de Condução em Informática.“Só se consegue um acompanhamento da evolução tecnológica com formação profissional adequada, permanente e contínua. Todos os anos criamos novos perfis profissionais, novos cursos, não dependentes dos fundos comunitá-rios, mas sim das necessidades reais do mercado”, assegura Alfredo Lopes, na medida em que “a evolução tecnoló-gica é de tal ordem que uma acção de formação que se justifica hoje, amanhã já não se aplica. Temos de estar perma-nentemente a inovar e a desenvolver novos projectos”. A Profiforma criou, recentemente, um novo programa formativo - o Prime Trai-ning Center | Formação de Excelência - em articulação com o Instituto Superior Mi-guel Torga (ISMT) - Coimbra, de carácter não financiado e dedicado a várias áreas do saber. Contempla formações à distân-cia, em regime de e-learning e de b-lear-ning, em cursos que não existem no mer-cado, onde se podem inscrever pessoas de todas as regiões do país. “É uma inovação que marca a diferença, dirigida ao mer-cado nacional. Temos, igualmente, um conjunto de pós-graduações articula-das com o ISMT, que desejamos poten-ciar”, afirma o director-geral. Assumindo como vantagem o facto de a sede da Profiforma estar situada em Coim-bra, um eixo central do ponto de vista de acessibilidades a qualquer ponto de Por-tugal, Alfredo Lopes, congratula-se por ter implementação em todo o país, ao registar clientes de todas as regiões. “A nossa polí-tica contempla o trabalho realizado di-rectamente junto do cliente, ainda que mantenhamos um conjunto de filiais em Matosinhos, Leiria e Lisboa”, refere o empresário.

Na base da obrigação legal, consagrada no Código do Trabalho, de as empresas dispo-nibilizarem, no mínimo, 35 horas anuais de formação profissional aos seus colaborado-res, a Profiforma criou um novo projecto que prevê o levantamento contínuo das necessi-dades formativas das empresas. Esta é uma solução integrada que parte do diagnóstico de necessidades, concretiza o plano de ac-ção e materializa o relatório de execução. Questionado sobre a possibilidade de os formadores, que são, simultaneamente cola-boradores de uma dada empresa, poderem desempenhar um papel activo nas forma-ções internas, Alfredo Lopes, director-geral da Profiforma, remete a reflexão para os manuais: “Um bom formador é uma peça fundamental no processo formativo. Di-rei que o sucesso da formação depende de toda uma equipa técnico-pedagógica e técnico-financeira com cariz de gran-de profissionalismo, mas sem dúvida que fica concentrado no formador uma grande responsabilidade, sendo certo que não basta ter o CAP para se ser um bom formador. Um bom formador é aquele que faz com que o formando fi-que a saber fazer, a saber estar e a saber ser. Nisso somos muito exigentes, mas

cada entidade decidirá o melhor para si”. Alfredo Lopes aponta, ainda, que a área de formação em Gestão, levada a cabo pela Pro-fiforma, lhe diz muito, em especial, porque, como considera, “um dos males do nosso país começa pela falta de bons gestores. Os nossos gestores ainda têm muito para aprender. É um problema transversal. Te-mos casos de empresas que são geridas por médicos e por engenheiros que, hoje em dia, face às enormes exigências do mercado, têm de aprender Gestão”. Um outro projecto que tem tido muito sucesso e que a Profiforma está neste momento a im-plementar em Portimão e em Abrantes, é a ‘Formação-Acção’. Baseia-se numa metodo-logia de formação na qual a aprendizagem se processa através da análise e resolução de problemas reais e estratégicos, em con-texto organizacional, desencadeada por um diagnóstico prévio, realizado por consulto-res. “Temos por exemplo quatro casos de sucesso, de empresas que estavam para falir, em Abrantes, que nos enchem de orgulho e nos dão força para continuar”, revela Alfredo Lopes. Aberta constantemente a novas apostas, a Profiforma encontra-se em processo de certificação da Responsabilidade Social, agregando um staff interno de 40 pessoas, que corresponde aos coordenadores e a técnicos dos diversos níveis de intervenção especializada do processo formativo, as-sim como a cerca de 500 consultores e for-madores externos, que dão corpo a uma presença efectiva e descentralizada, onde os seus serviços forem solicitados.

FORMAÇÕES PARA PROFISSIONAIS DE AGÊNCIAS FUNERÁRIAS

Norteada pelo princípio da abertura a novas áreas formativas e no sentido de dotar um sector em grande crescimento de profissionais qualificados para as novas exigências e tendências, a Profiforma leva a cabo, em Coimbra, cursos de Tanatopraxia (conjunto de téc-nicas de preparação e conservação temporária do falecido) e Tanatoestética (processo onde se faz a preparação estética do falecido). As acções decorrem em parceria com o Instituto Nacional de Medicina Legal, localizado nesta cidade.

Principais Áreas de Formação

:: Higiene e Segurança no Trabalho:: Área Social:: Psicologia:: Marketing e Gestão:: Informática

Alfredo Lopes, Director-geral da Profiforma

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A criação da Fundição de Évora remonta ao ano de 1986, tendo resultado de uma ‘joint-venture’

entre duas sociedades ibéricas do Gru-po Schréder – a portuguesa ‘Schréder Iluminação S.A.’ e a espanhola ‘Socelec’. Es-trategicamente localizada, a meio caminho entre Lisboa e Madrid, um dos eixos funda-mentais do mercado ibérico, a Fundição de Évora ganhou força até que, em 1990, foi adquirida pela casa-mãe, ganhando dimen-são e visibilidade internacional. “Em 2004, o Grupo Schréder decidiu revender uma parte desta sociedade e o Grupo Aluthea, de origem francesa, especializado na fundição de alumínio, adquiriu o capital maioritário”, evoca Hugo Texier, o que tem vindo a marcar, indubitavelmente, a actual filosofia da Fundição de Évora, assente no capital humano e na inovação.

PENSAR DIFERENTE:O COMEÇO DA MUDANÇA

Na sequência da crise dos anos de 2008 e 2009, pontuada por uma grande dispari-dade de crescimento entre os países emer-

gentes e os países ocidentais, pela dívida pública e elevada taxa de desemprego no mundo ocidental, assim como pela falta de integração e coordenação política, 2010 afigurou-se, em contraponto, como um ano de recuperação económica, principal-mente desde Junho. Face ao forte impacto da redução nas vendas nesse período, a Fundição de Évora centrou a sua recupe-ração em directrizes como a redução do trabalho temporário, a implementação de planos de acções concretos na gestão de tesouraria, redução de custos opera-cionais e ainda o investimento na área co-mercial. Viriam a trazer um ligeiro retorno da rentabilidade ainda em Junho de 2009. “Em 2010 produzimos mais dez por cento do que em 2009 e, em 2011, as perspectivas são incrementar 15 por cento, pelo que devemos chegar ao fim do ano com os índices de actividade de 2007/2008”, afirma Hugo Texier. A evolução do sector da iluminação - que representa mais de 80 por cento da acti-vidade da Fundição de Évora, sendo que a tecnologia LED precisa de fundição de alumínio, por razões estéticas e técnicas - configura uma das oportunidades de crescimento da Empresa. O facto de mui-tas fundições terem fechado ou estarem a viver dificuldades financeiras, o processo de aquisição de empresas economicamen-te ‘saudáveis’ por parte de compradores que integram os riscos de moeda e a reto-ma das compras na Zona Euro, são outros bons indicadores a apontar o caminho da recuperação. “A nossa especialidade é o fabrico de

peças de aspecto, para o sector indus-trial da iluminação e dos electrodo-mésticos”, refere o director-geral, cons-ciente de que a grande força da Fundição de Évora se centra nos mercados externos, ao registar 90 por cento de exportações, sobretudo para a Europa, onde a França ocupa o primeiro lugar com uma quota de 29 por cento, seguida de Espanha com 25 por cento e do Reino Unido que regis-ta nove por cento. A Alemanha surge em quarto lugar, com sete por cento, eviden-ciando um crescimento sustentado. Por esta razão, a Empresa reforçou a equipa comercial naquela região, com o objectivo de ali conseguir no médio prazo o terceiro mercado na Europa. As condições necessárias para a realiza-ção dos objectivos passam por um pacto social, construído com uma visão estraté-gica de formação e motivação, uma gestão profissional assente no envolvimento dos recursos humanos na gestão da empresa e de uma forte flexibilidade que garanta, por um lado, um adaptação contínua às necessidades dos clientes e, por outro, a melhoria contínua dos processos. “Um aspecto importante do dinamismo da empresa é que em 2011 vamos fazer mais 40 por cento da actividade do que em 2009, com novos produtos ine-xistentes à época, na sequência de um grande investimento de 300 mil euros realizado na modernização da unidade de Évora”, realça Hugo Texier. A Fundição de Évora pretende constituir-se como um dos líderes Europeus nas pe-ças de aspecto em fundição injectada de

alumínio, numa lógica integrada de Exi-gência, Profissionalismo, Reactividade e Audácia. A estratégia de desenvolvimento materializa-se numa perspectiva do alar-gamento da carteira de clientes e aumento da facturação para sete milhões de euros em 2013, assegurando uma elevada quali-dade dos processos industriais e a manu-tenção do plano de investimento, com 800 mil euros projectados para o biénio 2010-2012, robotização do processo de injecção (em implementação), automatização do processo de acabamentos e ainda aumen-to da capacidade produtiva. A finalizar, Hugo Texier, director-geral da Fundição de Évora crê que “a indústria na Europa e especialmente em Portu-gal deve estar voltada para o futuro, no eixo de um serviço integrado, da logís-tica eficiente e de qualidade produtiva e organizacional, sendo que Portugal tem de aproveitar o facto de ter, histori-camente, uma abertura para o mundo como uma mais-valia para trabalhar além fronteiras, com força e experiên-cia”.

Especializada em fundição injectada de alumínio, a Fundição de Évora, integrante do Grupo Aluthea, tem desenvolvido, desde 1986, competências na produção de peças com elevada qualidade de acabamento para os sectores da iluminação exterior e electrodomésticos. Tendo registado no exercício de 2009/2010 um volume de negócios de 3,5 milhões de euros, a Fundição de Évora, hoje com 50 colaboradores, pro-duziu, no ano passado, um total de 700 toneladas em produtos de alumínio. Estivemos à conversa com Hugo Texier, director-geral da Fundição de Évora, que nos traçou o passado, o presente e o futuro de uma empresa dinâmica e de vocação iminentemente exportadora.

SOLUÇÕES À MEDIDA NA VANGUARDA DA FUNDIÇÃOFUNDIÇÃO DE ÉVORA | GRUPO ALUTHEA

25 ANOS DE HISTÓRIA

A Fundição de Évora, uma das três socie-dades que compõem o Grupo Aluthea, para além da ALUTEC, na cidade francesa de Lyon e a TECALU, na localidade tunisina de Fouchana, comemora este ano, a 6 e 7 de Maio, o 25.º Aniversário da sua criação. Está ser preparado um conjunto de eventos, destinados aos colaboradores e a entidades convidadas, para comemorar a efeméride.

José Miguel Raposo (Responsável Financeiro), Mª do Rosário Raimundo (Responsável comer-cial), Carla Ferreira (Responsável produção), Hugo Texier (Director-geral), Carlos Barros (Responsável Desenvolvimento/Técnico), Ana-bela Nita (Responsável logística) e Carlos Mo-reira (Responsável Qualidade do produto).