portfolio @ país positivo #40 (corpo)

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positivo WWW.PAISPOSITIVO.ORG //// Dezembro ‘10 / EDIÇÃO Nº 40 ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL ‘PÚBLICO’ “SOU RESPONSÁVEL PELA EDIFICAÇÃO DE ALGUNS DOS PROJECTOS MAIS DIGNOS E MARCANTES DO SECTOR DE PROMOÇÃO IMOBILIÁRIA NACIONAL”, Entrevista com Aprígio dos Santos, Presidente do Conselho de Administração do Grupo Imoholding DE GUIMARÃES PARA O MUNDO SEMINÁRIO LUSO ESPANHOL DE ECONOMIA SOCIAL EM DESTAQUE

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“SOU RESPONSÁVEL PELA EDIFICAÇÃO DE ALGUNS

DOS PROJECTOS MAIS DIGNOS E MARCANTES DO

SECTOR DE PROMOÇÃO IMOBILIÁRIA NACIONAL”,

Entrevista com Aprígio dos Santos,

Presidente do Conselho deAdministração do Grupo Imoholding

DE GUIMARÃES PARA O MUNDO SEMINÁRIO LUSO ESPANHOL DE ECONOMIA SOCIAL EM DESTAQUE

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12 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 12 INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE | PAÍS POSITIVO

CONFORTO E SEGURANÇANO DESÍGNIO DA INOVAÇÃO

Quem entra na Casa Domótica ou no mais recente ‘showroom’ da Legrand, em Carcavelos, tem a

sensação de estar à frente no seu tempo. A incorporação constante de novas fun-ções tecnológicas, nas infra-estruturas habitacionais e de serviços, é apenas uma das faces visíveis do caminho que a Legrand propõe para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. “O que nós queremos é mostrar que as nos-sas soluções são acessíveis, que po-dem ser facilmente programáveis e reprogramáveis pelos utilizadores, não sendo necessário recorrer-se a técnicos da Legrand para fazer essa programação”, refere Fernando Men-des, Administrador-delegado da multi-nacional francesa em Portugal.

AS MARCAS DO GRUPO

Dos interruptores às tomadas eléctricas, passando pelos complementos de gama e pelo material eléctrico de infra-estruturas, a Legrand propõe a experimentação de

uma sensação de conforto e segurança ím-pares, potenciada, para além da insígnia homónima, pelas marcas Bticino, Cablo-fil, Sarlam e Tegui, aqui apresentadas por Fernando Mendes.

BTICINO

“É uma óptima marca com aparelha-gem domótica topo de gama. Temos uma boa quota de mercado com esses produtos e mantivemos estrategica-mente a sua posição”.

CABLOFIL

“Uma marca importantíssima em ter-mos de calha aramada não só a nível europeu, como a nível mundial. Deci-dimos manter essa marca, porque tem uma quota de mercado importante e nos dá acesso a mercados muitíssimo interessantes. É um ‘produto âncora’ para vários sistemas, como as instala-ções eléctricas de base e as redes de informação”.

A personalização de sistemas assente num conjunto de soluções inova-doras que garantem durabilidade, resistência e fiabilidade, faz parte do código genético da Legrand, especialista mundial em infra-estruturas eléctricas e tecnologias de informação para edifícios.

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nefício para eles, a fim de se liberta-rem um pouco da «pressão» sobre o menor nível de preço que muitas en-tidades, de uma forma que eu com-preendo, tentam utilizar quando os mercados estão em crise”, afirma Fer-nando Mendes. Congratulando-se pelo facto de a Legrand ter em Portugal uma lista de referências bastante interessan-te e consolidada em todos os mercados, o Administrador-delegado está seguro de que “felizmente há no país muitas pessoas que estão disponíveis para pagar mais pelo equipamento que utilizam, desde que consigam usu-fruir de um maior conforto e de uma maior segurança. Consideramos que um edifício equipado com material da Legrand e com estas funções de domótica, vê o seu valor aumenta-do”.

UMA VISÃO DE FUTURO

“No próximo ano desejamos ganhar quota de mercado em várias áreas e chegar mais perto do consumidor, para que ele venha ver o que faze-mos e como fazemos as óptimas so-luções que temos para lhe apresen-tar. Temos as portas abertas. Todas as pessoas podem telefonar-nos e visitar-nos, porque estamos muito interessados em mostrar as nossas inovações e as vantagens técnicas da utilização de produtos da marca e do Grupo Legrand”, anuncia Fernando Mendes, confiante que “apesar da crise que se vive na construção, de-vemos todos trabalhar de uma for-ma optimista e alegre”.

SARLAM

“As soluções na área da iluminação contêm produtos que respeitam o ambiente e o controlo de energia, as-sim como sistemas inovadores que seguem de muito perto as tendên-cias e evoluções do mercado. A mar-ca Sarlam tem uma gama de produ-tos que nós pretendemos continuar a desenvolver em Portugal”.

TEGUI

“Na área de videoporteiros, a Tegui ocupa um lugar de referência na oferta de sistemas inovadores, apos-tando na contínua diversificação de funções. Todas estas marcas têm produtos de referência que estamos muito interessados em dar a conhe-cer ao consumidor. Quando as pesso-as vão adquirir materiais eléctricos para as suas casas ou para a área do terciário, queremos que escolham sempre produtos do Grupo Legrand”,

refere o Administrador-Delegado, acrescentando: “Temos óptimas novi-dades na área de quadros eléctricos e disjuntores, em que temos vindo a aumentar a quota de mercado. Te-nho imenso orgulho na forma como a empresa tem vindo a trabalhar essa área, assim como a vertente das calhas plásticas para distribui-ção de energia. A nossa posição nas grandes superfícies alimentares e nas grandes superfícies de bricolage é também uma participação que, na sua maioria, me envaidece imenso”. A Legrand tem participado muito em projectos associados às Infra-estru-turas de Telecomunicações em Edi-fícios (ITED), no caso das cablagens estruturadas, onde somos um parceiro muitíssimo interessante para qualquer empresa que queira trabalhar em redes de informação.

O CONTROLO NAPONTA DOS DEDOS

A Legrand, através das suas inovadoras soluções de domótica, oferece aos seus clientes a possibilidade de controlar o funcionamento de uma casa através de computadores ou de telemóveis, usan-do uma aplicação dedicada que tem merecido as melhores referências. Des-ta forma, em tempo real, as pessoas têm a possibilidade de perceber quais é que são as luzes que estão acesas na sua casa e ligar e desligar sistemas e apa-relhos eléctricos. Esta monitorização aporta uma efectiva eficiência energéti-ca, a que se junta a informação actuali-zada sobre qualquer acidente ocorrido ao nível de incêndios ou inundações. “A Legrand sempre foi partidária de com equipamentos extremamente fiáveis e de baixo custo dar a hipó-tese aos utilizadores de regularem o nível de iluminação que têm na sua casa e de não terem, por uma questão de comodidade, sempre as luzes a consumirem o máximo. Com uma programação extremamente simples, o Grupo Legrand consegue que numa casa as estruturas ligadas - luzes e equipamentos - sejam abso-lutamente as necessárias, tendo em consideração os cenários escolhidos pelos utilizadores”, refere Fernando Mendes.

NO PRÓXIMO ANO DESE-JAMOS GANHAR QUOTA DE MERCADO EM VÁRIAS ÁREAS E CHEGAR MAIS PER-TO DO CONSUMIDOR, PARA QUE ELE VENHA VER O QUE FAZEMOS E COMO FAZEMOS AS ÓPTIMAS SOLUÇÕES QUE TEMOS PARA LHE APRESEN-TAR. TEMOS AS PORTAS AB-ERTAS. TODAS AS PESSOAS PODEM TELEFONAR-NOS E VISITAR-NOS, PORQUE ESTAMOS MUITO INTERES-SADOS EM MOSTRAR AS NOSSAS INOVAÇÕES E AS VANTAGENS TÉCNICAS DA UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS DA MARCA E DO GRUPO LEGRAND

NA ÁREA DE VIDEO-PORTEIROS, A TEGUI OCUPA UM LUGAR DE REFERÊNCIA NA OFERTA DE SISTEMAS INOVADORES, APOSTANDO NA CONTÍNUA DIVERSIFICA-ÇÃO DE FUNÇÕES

DA FÁBRICA AO CLIENTE

A consultoria e formação profissional a instaladores e a electricistas, alguns dos melhores conselheiros da Legrand, pela reiterada confiança que advém da fidelização de longa data, fazem parte de uma estratégia que tem vindo a ser seguida, continuadamente, no seio da multinacional francesa. “Os profissio-nais são muito bem-vindos nas suas visitas. Temos acções de formação dedicadas, onde damos a conhecer as novas tecnologias e a nossa forma de trabalhar, no sentido de comer-cializarmos produtos de maior valor acrescentado. É um benefício para a nossa marca, mas também é um be-

GAMA CÉLIANE

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Miguel Saraiva, arquitecto que nem sempre quis seguir a profissão, que foi inscrito na faculdade pela mãe e que viveu desamores pelo ‘es-tado da Arte’ que quase o fizeram desistir, é o visionário de um dos mais vanguardistas ‘ateliers’ de Arquitectura do nosso país, fundado em 1996 e galardoado com o Prémio PME Excelência em 2009.

“NÃO TENHO PRESSA DE FAZER O ÚNICO,SE TENHO PRESSA DE FAZER BEM”

SARAIVA & ASSOCIADOS

Um dia, no final do secundário, Mi-guel Saraiva rumou a Macau para passar férias durante um mês.

Na verdade, confessa que teria lá passado o resto dos dias, mas a mãe inscreveu-o em Portugal no curso de Arquitectura e a sua vida mudou. Quando acabou os estu-dos, desencantado com a falta de respeito reinante entre colegas dos gabinetes de arquitectura por onde passou, enveredou pela carreira de ‘chauff eur’ de uma em-presa de serviços durante um ano e meio. Um dia, o patrão disse-lhe que não podia ter um arquitecto naquelas funções e su-geriu-lhe que fosse a uma entrevista a um ‘atelier’ de uma pessoa amiga. Rejeitou, ouviu um “estás despedido” e reconside-rou, voltando à Arquitectura contrariado. Três anos bastaram para interiorizar o seu destino e abrir o seu próprio gabine-te, em 1996. “Comecei a trabalhar com um colega arquitecto num pequeno gabinete que tem vindo a crescer de uma forma sustentada, suportado por uma parte conceptual forte, agregada a uma componente técnica de qua-lidade, reconhecida pelos clientes e acompanhada por um cumprimento contratual escrupuloso”, evoca Miguel Saraiva, recordando que a estrutura do ‘atelier’ empresa se inspira no modelo das multinacionais publicitárias que são altamente criativas e organizadas, onde não faltam sequer as maçãs verdes na fruteira da recepção, bem ao estilo da Leo Burnett.

Nos 14 anos que entretanto passaram, “temos vindo a aportar conhecimen-tos de especialistas de todas as áreas essenciais ao negócio, de forma a capi-talizar o nosso produto que é, exclusi-vamente, a Arquitectura”, revela Miguel Saraiva. Dando voz a uma paixão arreba-tadora, o arquitecto confessa que se en-volveu de tal forma com a arte que “hoje era quase impossível e inimaginável fazer outra actividade. Vivo para isto. É algo de muito exigente que acarreta inevitavelmente algum desgaste. Mas não me canso, todos os dias de manhã sinto que vou fazer melhor, que vou ser melhor profissional e que vou evo-luir conceptualmente, passo-a-passo, de uma forma muito consistente, com os arquitectos com quem trabalho. Manter a qualidade do trabalho numa organização com a estrutura desta é abdicar de tudo, em prol da Arquitec-tura, algo que faço motivado e com a sensação de estar a cumprir o meu dever”. Sob o signo da inovação, a Saraiva & As-sociados entrou em 2003 para uma ‘ne-twork’ europeia de nove gabinetes de arquitectos, sobretudo nórdicos – suecos, finlandeses, irlandeses, franceses e bel-gas – e marcados por uma forte estrutura e organização. “Aprendemos imenso, em termos conceptuais e técnicos, no seguimento de trabalhos que desen-volvemos em conjunto”, recorda Miguel Saraiva, regressando ao ano em que se

lançaram as bases para a internaciona-lização. “Só em finais de 2006 e início de 2007 é que começamos a conse-guir ter alguma penetração, através do nosso trabalho, nos mercados ex-ternos. Temos vindo a projectar para países menos desenvolvidos do que o nosso, onde a nossa dedicação tem de ser maior, porque os níveis culturais, de exigência conceptual e técnicos são muito mais baixos. Há um esforço brutal da nossa parte em manter os índices de qualidade a que estamos habituados. Temos uma afectação brutal em fase de obra, sempre com o objectivo de que ela se torne uma referência, nos seus vários níveis, seja reconhecida como tal e se distancie da concorrência local”, revela Miguel Saraiva. Hoje, passados sete anos, a partir da em-presa-mãe em Lisboa, onde trabalham 60 colaboradores, a Saraiva & Associa-dos aporta duas fortes componentes de desenvolvimento de trabalho nos mer-cados externos: a Internacionalização, com a abertura de gabinetes próprios em determinados países estratégicos e a Ex-portação de Conhecimento. 60 por cento da actividade da empresa está centrada no estrangeiro, com representações na Guiné Equatorial, na Argélia e no Bra-sil, que mobilizam 15 colaboradores. “Tenho vindo a desenvolver a minha actividade profissional consoante a encomenda, privada e pública, com uma vantagem que é a procura de no-vos caminhos. Hoje em dia temos uma forte componente na área do planea-mento, que é um desafio enorme e de grande responsabilidade, assim como na área dos edifícios, ao nível de habi-

tação, serviços/escritórios e hospitais públicos”, revela Miguel Saraiva.Consciente de que “um ‘atelier’ destes só se monta com pessoas diferentes – pes-soas que se complementam, na dedi-cação, na qualidade e no empenho que põem no trabalho, há também por isso uma grande entrega na escolha das pes-soas que integram a equipa e que comi-go desenham a vida”. O arquitecto de 41 anos surpreende-se a cada dia que pas-sa porque, como diz, “a Arquitectura é uma profissão de ‘velhos’, uma carac-terística das profissões liberais. Estou a montar a minha carreira degrau a degrau. Não tenho pressa de fazer o único, se tenho pressa é de fazer bem. Não tenho urgência em ser conhecido, tenho vontade de fazer o útil e fazê-lo bem”. É com tranquilidade que afirma: “Vamos crescendo de dia para dia. Se a minha melhor obra surgir aos 70 anos, resultará do caminho que per-corri, e sentir-me-ei sempre realizado pelo percurso que fiz”.

PROJECTOS EMBLEMÁTICOS

OBRAS PÚBLICAS:: Campus de Justiça do Porto:: Hospital de Loures

TURISMO:: Royal Óbidos (Resort desenvolvido pelo Grupo MSF/Turim):: Alqueva (Imoholding)

ESTRANGEIRO:: Complexos residenciais e de serviços- São Petersburgo (Rússia):: Complexo de edifícios - Oran(200.000 m2 - Argélia)

«Em certos momentos, os homens são donosdos seus próprios destinos»

William Shakespeare

Vista aérea do projecto de implantação do resort Royal Óbidos

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42 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 42 SAÚDE | PAÍS POSITIVO

As doenças cardiovasculares, onde se englobam o Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) e o Acidente Vascular Cerebral (AVC), consti-tuem a primeira causa de morte em Portugal. O AVC é prevalente e incapacita duas vezes mais pessoas, mas ambas são potencia-das pela Hipertensão Arterial. Estivemos a falar destas e de outras questões sensíveis com Mário Espiga de Macedo, cardiologista que integra a Coordenação Nacional para as Doenças Cardiovas-culares, no seio do Alto Comissariado da Saúde.

CONTROLO DA HIPERTENSÃOARTERIAL: UMA MISSÃO POSSÍVEL

COORDENAÇÃO NACIONAL PARA AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES

A Hipertensão Arterial é considera-da por dados recentes da Organi-zação Mundial da Saúde (OMS) o

principal factor de risco mundial das Do-enças Cardiovasculares, que deixaram de ser doenças do mundo ocidental e passa-ram a ser enfermidades de todo o mundo globalizado. Análises da OMS têm eviden-ciado o seu significativo alastramento ao Sudeste Asiático e ao continente africano, especialmente na região Subsariana, ti-picamente menos desenvolvida, configu-rando um problema de Saúde Publica que urge combater. Em Portugal, a Coordenação Nacio-nal para as Doenças Cardiovasculares (CNDCV) tem, para além da Hipertensão Arterial, a responsabilidade da Via Verde

Coronária e da Via Verde do AVC, baseada na missão estratégica de travar o princi-pal factor de mortalidade patológica do nosso país.“Os hábitos de vida ocidentalizados, associados a um fenómeno de tenden-te sedentarização, têm-se propagado muito rapidamente e, deste modo, as populações de todo o mundo que até agora viviam em zonas remotas, têm vindo a aproximar-se dos grandes centros, começando não só a ingerir alimentos condicionados (pré-confec-cionados, congelados, conservados ou preparados em série) e por isso com mais teor de sal, mas também maiores doses de bebidas alcoólicas, o que po-tencia a Hipertensão Arterial”, explica

Mário Espiga de Macedo. Neste sentido, o cardiologista adverte que a população negra, nativa, está mais propensa a de-senvolver a doença, porque tem, fisiologi-camente, uma maior sensibilidade ao sal. Os seus sistemas reguladores têm maior sensibilidade ao sal e por isso “quando os negros chegam à civilização e come-çam a ingerir mais sal, desenvolvem rapidamente hipertensão arterial”, concretiza Mário Espiga de Macedo

CAUSAS DA HIPERTENSÃO ARTE-RIAL

O sal é um dos maiores inimigos da Hiper-tensão Arterial e as pessoas não se devem esquecer de que quase todos os alimen-tos condicionados contêm uma grande dose de sal que contribui para a sua con-servação. “Numa situação normal, de-vemos ingerir apenas seis gramas de sal por dia, o equivalente a uma colher de chá, mas se fizermos a experiência de reduzir o consumo no dia-a-dia, substituindo-o por ervas aromáticas e outros condimentos, a certa altura habituamo-nos e até a comida normal já nos sabe a salgada”, explica Mário Es-piga de Macedo. Se é certo que a Hipertensão Arterial tem causas flagrantes a montante - o já refe-rido consumo de sal, assim como a obe-sidade, a falta de exercício físico e o ex-cesso de álcool, também a condicionam. O cardiologista identifica que “há uma tendência natural de a pressão arte-rial subir com a idade. Se a prevalên-cia da Hipertensão aos 30 anos é de 20 por cento, ou até menos, sabemos que a partir dos 55 anos mais de 65 por cento da população vai ser hiperten-sa. Isto porquê? A pressão arterial é a

pressão a que o sangue corre dentro das artérias. Com a idade, as artérias ficam menos elásticas e mais rígidas, com a arteriosclerose que se vai de-senvolvendo, o que, só por si, leva ao aumento da pressão arterial”.As chamadas causas secundárias de hi-pertensão, por exemplo uma doença que origine hipertensão, representam menos de cinco por cento de incidência da po-pulação. “São situações relativamente pouco frequentes”, segundo o cardiolo-gista, que revela que mesmo a parte ge-nética é ínfima e não tem quase nenhum significado do ponto de vista populacio-nal (representa menos de 0,01 por cen-to). “Devemos intervir é nas grandes massas populacionais. Está provado que se eu descobrir uma hipertensão secundária num indivíduo, posso fa-zer um tratamento que pode ser cura-tivo ou controlar bem a hipertensão. No entanto, se baixar dois milímetros de Pressão Arterial Sistólica (‘a máxi-

É FUNDAMENTAL ALERTAR AS PESSOAS ACERCA DOS RISCOS DA HIPERTENSÃO ARTERIAL E ESTE É UM DESÍGNIO QUE NUNCA SE ES-GOTA EM NENHUM ANO, PORQUE HÁ SEMPRE NOVOS DOENTES QUE APARECEM

Mário Espiga de Macedo, Cardiologista

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ma’) na população de Portugal, reduzo a probabilidade do Acidente Vascular Cerebral em cerca de dez por cento”, refere Mário Espiga de Macedo, concreti-zando que “muitos indivíduos que estão no limiar da doença, podem sair dessa condição”, com esta intervenção.

A HIPERTENSÃO ARTERIALNO PERÍODO DA GESTAÇÃO

É uma situação anormal, mas bastante frequente nos últimos três meses antes do parto, que não condiciona que o bebé esteja mais propenso a desenvolver Hi-pertensão Arterial no futuro. É uma situ-ação que, segundo Mário Espiga de Mace-do, obriga a uma vigilância mais apertada e que muitas vezes se resolve apenas com dieta e repouso, sem recurso a medica-mentos. Depois do parto a criança não tem um risco mais elevado, mas a mãe, essa, tem uma probabilidade maior de no futuro vir a ser hipertensa. Faz parte das regras vigiar a pressão arterial de uma grávida, durante toda a gravidez e princi-palmente no último trimestre da mesma.

A HIPERTENSÃO GERAHIPERTENSÃO

“Se um indivíduo for hipertenso e ig-norar a sua doença, a sua pressão ar-terial vai subir mais e ser mais grave do que noutro indivíduo”, alerta Mário Espiga de Macedo, exemplificando que se tivermos uma câmara-de-ar elástica, com uma determinada pressão de água no seu interior, ao aumentar essa pressão a câmara dilata, mas a tendência é para as paredes contrariarem este fenómeno. Em tudo semelhante ao que se passa nas nossas artérias.

“Se o nosso circular a 150 mm-95mm, em vez circular a 110 mm-80 mm, por exemplo, as artérias estão “forçadas”, assim como o coração, os rins e todos os orgãos em geral. Como reacção a este aumento da tensão, as artérias do organismo vão hipertrofiar, aumen-tando a pressão no seu interior, fazen-do subir a pressão arterial”, adverte o cardiologista. A pressão ideal deve ser in-ferior a 140/90 mmHg, salvaguardando que “somos um pouco mais tolerantes para as pessoas de muita idade, por-que nessas temos que ter cuidado para não baixar demais a tensão. Como as artérias estão mais rígidas, depois não têm força para fazer subir a tensão se ela baixar muito, podendo ocorrer um desmaio”. A estratégia populacional para a Hiper-tensão Arterial, levada a cabo pela Coor-denação Nacional para as Doenças Car-diovasculares é, por um lado, fazer com que a população conheça a situação e,

por outro, pressionar os médicos para fa-zer o diagnóstico e depois tratar e vigiar o tratamento. “Cada vez mais esta noção existe. Não chega vir à consulta, pres-crever um medicamento e aguardar uma consulta seguinte no espaço de seis meses ou um ano. Nós sabemos, porque está feito o estudo, que todo o hipertenso, assim como doentes com outras patologias, ao fim de um ano, mais de 50 por cento já abandonou o tratamento. Quando eu digo tratar e vigiar o tratamento, cada vez é mais importante, do ponto de vista estraté-gico, que o médico deixe de ser o único operacional responsável pelo trata-mento da Hipertensão Arterial”, reve-la Mário Espiga de Macedo. “Vamos co-meçar a ter cada vez mais enfermeiros, mais assistentes sociais e voluntários, numa perspectiva de proximidade que vai permitir acompanhar os doen-

tes de perto. Discutimos cada vez mais o contrato de tratamento, assumindo um compromisso de colaboração en-tre o médico e o doente”, acrescenta.Em Portugal cerca de 25 por cento dos hi-pertensos estão controlados nos centros de saúde. Já no Canadá, o melhor exemplo mundial no controlo da Hipertensão Ar-terial, cerca de 70 por cento dos pacientes estão nessa condição, o que é visto como um caminho a trilhar: “É fundamental alertar as pessoas acerca dos riscos da Hipertensão Arterial e este é um desígnio que nunca se esgota em ne-nhum ano, porque há sempre novos doentes que aparecem. Cada vez mais encorajamos os doentes hipertensos, a terem um aparelho para medir e re-gistar a Pressão Arterial diariamente em casa. Já quem não padece desta doença pode medir uma a duas vezes por ano”.

A PRESSÃO ARTERIAL NORMAL

Medida em Milímetros de Mercúrio (mmHg), desde os tempos dos esfigmo-manómetros manuais (aparelhos de me-dição), a Pressão Arterial (P.A.) tem dois conceitos muito importantes – a P.A. Sistó-lica (a dita ‘máxima’) e a P.A. Diastólica (a ‘mínima’). A Pressão Arterial deve situar-se nos 140 mm-90 mm (“14-9”), para toda a população, com excepção das crianças e jovens abaixo da puberdade, onde vul-garmente é aceite uma P.A. de 100 mm-70 mm ou 80 mm (“10-7” ou “10-8”). Não há uma tabela fixa para as crianças, porque nesta faixa o seu peso é muito variável. O desenvolvimento físico conta mais do que a idade.

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62 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 62 SEGUROS | PAÍS POSITIVO

Talvez em nenhum outro momento, como o da actual conjuntura económico-finan-ceira, tenha feito tanto sentido equacionar os pressupostos da criação e gestão de mais-valias no sector segurador. Foi justamente o lema “Justo Valor nos Seguros” que ser-viu de mote à realização do 7.º Congresso Nacional dos Corretores e Agentes de Se-guros, evento que decorreu no Centro de Reuniões da Feira Internacional de Lisboa (FIL), nos passados dias 15 e 16 de Outubro de 2010, sob organização da APROSE - Associação Portuguesa dos Produtores Profissionais de Seguros.

NA DEMANDA DE REFERENCIAIS DE NEGÓCIO

7.º CONGRESSO NACIONAL DOS CORRETORES E AGENTES DE SEGUROS“JUSTO VALOR NOS SEGUROS” - CENTRO DE REUNIÕES DA FIL - 15 E 16 DE OUTUBRO DE 2010

A “Rentabilidade da Actividade Seguradora”, a nível nacional e internacional, a “Formação

do Preço nos Seguros”, quer na visão das seguradoras, quer na dos seus princi-pais prestadores de serviços, bem como a “Quantificação do Risco de Subscrição Face ao Enfoque da Solvência II”, no que concerne às directivas comunitárias de índole financeira e estratégica que se co-locam ao exercício da actividade segura-dora, foram alguns dos temas discutidos. A percepção do “Justo Valor nos Seguros”, segundo a Visão da Mediação de Seguros Espanhola, contou com a intervenção de José María Campadabal Castellví, Presi-

dente do ‘Consejo General de los Colegios de Mediadores de Seguros’ de Espanha, entidade com a qual a APROSE, na figura do seu presidente, António Vilela, havia assinado um protocolo internacional de cooperação, no dia 14 de Outubro de 2010, por ocasião do I Fórum Ibérico dos Seguros.

CONCLUSÕESQUE ABREM CAMINHOS

No epílogo do 7.º Congresso Nacional dos Corretores e Agentes de Seguros, dedica-do ao debate em torno do “Justo Valor nos Seguros”, António Vilela, presidente da Associação Portuguesa dos Produto-res Profissionais de Seguros, considera que “nesta fase da economia em geral e do sector segurador em particular, o grande mérito da APROSE foi juntar, no mesmo evento, quase todos os ope-radores sectoriais, a montante e a ju-sante, a discutir a realidade que hoje se vive”, acrescentando que “quando se fala no justo valor e na formação do preço do produto final, no fundo o que se pretende é discutir todo o sector se-gurador, numa perspectiva de pensar o que é que se pode fazer neste cená-rio de crise que continuamos a viver e

que nos tem afectado fortemente”. Consciente de que o sector está a passar um momento crítico, António Vilela de-fende que “as seguradoras não podem ter margens retidas, porque amanhã põem em causa a sua capacidade de responder perante os riscos que a Economia lhes transfere para gerir”. Realçando que a devolução de resultados à Economia decorre de um dever efecti-vo, o presidente da APROSE adverte que “o sector segurador tem de reservar uma margem para os seus accionistas, porque as seguradoras não são asso-ciações de beneficência”. A estagnação e perda da matéria segu-rável, associadas à falta de investimento

e à pressão concorrencial, entre outros factores que têm levado a uma perda de facturação por parte das seguradoras, evi-denciam a necessidade de ajustamentos estratégicos em diversos ramos. O ramo automóvel e o de acidentes de trabalho são os mais críticos, por serem aqueles onde se verifica alguma insuficiência de prémio. “Temos de ser capazes de transmitir esta realidade aos consu-midores, mesmo estando a viver numa altura de crise, onde os aumentos são dificilmente compreendidos. Tem de haver ligeiras correcções e não quer dizer que tenham de ser os particu-lares a pagar a factura. As correcções têm de ser transversais, encontrando

QUANDO SE FALA NO JUSTO VALOR E NA FORMAÇÃO DO PREÇO DO PRODUTO FINAL, NO FUNDO O QUE SE PRETENDE É DISCUTIR TODO O SECTOR SEGURADOR, NUMA PERSPECTIVA DE PENSAR O QUE É QUE SE PODE FAZER NESTE CENÁRIO DE CRISE QUE CONTINUAMOS A VIVER E QUE NOS TEM AFECTADO FORTEMENTE

A CONCORRÊNCIA É SAU-DÁVEL EM CENÁRIO DE ES-TABILIDADE, MAS QUANDO ANDA PRÓXIMA DA SO-BREVIVÊNCIA, PROVAVEL-MENTE JÁ NÃO O É DE UMA FORMA TÃO CLARA

António Vilela, Presidente da APROSE

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AS SEGURADORAS NÃO PODEM TER MARGENS RE-TIDAS, PORQUE AMANHÃ PÕEM EM CAUSA A SUA CAPACIDADE DE RES PON-DER PERANTE OS RISCOS QUE A ECONOMIA LHES TRANSFERE PARA GERIR

Mesa redonda com António Vilela, José Almaça, economista (moderador) e Pedro Seixas Vale, Presidente da Associação Portuguesa de Seguradores

Fernando Nogueira, Presidente do Instituto de Seguros de Portugal e António Vilela

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um ponto de equilíbrio saudável para o sector”, defende António Vilela, estando ciente de que “a arte passa pela melho-ria do serviço de apoio ao cliente, sem aumentar os custos operacionais e in-

“Temos de continuar a trabalhar no mesmo ambiente de cooperação e de abertura assumido no congresso, por todas as partes envolvidas no negócio, buscando formas de melhor servir o

José Maria Campadabal, António Vilela e Manuel G. Sánchez

cutindo que quem não tem valor, não tem lugar e que serviços que estão ain-da hoje a ser duplicados pela media-ção e pelas seguradoras têm de deixar de existir. Todas as gorduras que ainda subsistem no sector têm de ser quei-madas definitivamente, em prol do consumidor”. Certo de que “a concor-rência é saudável em cenário de esta-bilidade, mas quando anda próxima da sobrevivência, provavelmente já não o é de uma forma tão clara”, o presidente da APROSE assume uma posição pragmá-tica: “Nós, os mediadores de seguros, somos os profissionais do sector que todos os dias são colocados à prova. Temos de evoluir e ser cada vez mais eficazes para todos os consumidores, como gestores de riscos, sabendo os

que encontram resposta transferindo a responsabilidade para uma segura-dora e os que cuja solução não passa por aí”. Confiante no futuro, António Vilela, presidente da APROSE, deseja:

cliente. É preciso manter esta chama viva e de certeza absoluta que vamos caminhar rapidamente para o tal pon-to saudável de termos o justo valor no negócio dos seguros”.

Page 9: Portfolio @ País Positivo #40 (Corpo)

70 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 70 SEGUROS | PAÍS POSITIVO

A caminho dos 20 anos de carreira profissional e detentor de uma vasta experiência na mediação de seguros, que culminou com a criação da sua própria empresa em 2005, na cidade da Lixa, André Abreu herdou do pai a paixão pelo ramo, tendo construído sob a sua visão uma carteira própria de que muito se orgulha.

“A VALORIZAÇÃO DO MEU DESEMPENHO É O QUE ME DÁ FORÇA”ANDRÉ ABREU – MEDIAÇÃO DE SEGUROS, LDA.

Tudo começou quando, em 1991, entrou para a compa-nhia de seguros Zurich, onde

trabalhou durante cerca de dez anos. Primeiro, como gestor de cliente e de-pois como gestor de negócios. Desde então André Abreu não mais parou.Na empresa homónima que criou há cinco anos, comercializa todo o tipo de seguros, tanto do ramo vida como do ramo não-vida, em articulação com esta seguradora, e mais tarde, com a expansão da sua carteira, colaborando também com a Tranquilidade e a Li-berty Seguros, entre outras. “A nossa carteira é mais forte no ramo não-vida, mais centralizada nos clientes particulares, embora

também tenhamos alguns clientes empresariais. Cremos que a nossa relação com os clientes é muito im-portante, porque somos efectiva-mente o elo de ligação entre estes e as seguradoras”, indica André Abreu, referindo que este posicionamento se traduz numa mais valia.”Na base da insuficiência de prémio dos seguros do ramo automóvel e aciden-tes de trabalho, integrantes do ramo não vida, onde há um rácio de sinis-tralidade mais incidente, o mediador defende que tem de se proceder a um ajuste dos preços, revendo-os em alta, “embora esse procedimento deva ser feito de uma forma gradual e muito cuidada, pois o cliente actual

não reage bem a mudanças bruscas do valor de uma anuidade”. Nesta li-nha, André Abreu considera importan-te a retenção dos clientes em carteira, porque são “aqueles que, estando fidelizados, e sendo rentáveis, se traduzem numa valorização desta actividade”. As novas regras da Solvência II, ditadas pela União Europeia para a harmoniza-ção financeira do mercado segurador, em constante mutação, vão originar, segundo André Abreu, “uma maior rigor no sector, obrigando as segu-radoras a ter de ajustar a sua forma de se posicionar no mercado”.Dados os níveis de exigência cada vez maiores, e tendo como principal pre-ocupação a satisfação das necessida-des do cliente, cada vez mais exigente, refere André Abreu que “é de vital importância a utilização de meios tecnológicos”, a fim de agilizar o pro-cessos de gestão da carteira.O factor de proximidade com os clien-tes é determinante, refere André Abreu, pois há situações que o cliente não domina no contexto dos seguros, e em que os conhecimentos de um profissional, facilitam as escolhas ade-quadas e a resolução de situações mais complexas. Quando se fala no crescimento de um

mediador, diz André Abreu que “deve considerar-se o potencial dos clien-tes em carteira, aferindo as necessi-dades dos próprios, equipando-os à sua medida, uma vez que há cada vez mais a necessidade de os tornar clientes totais”.Neste sentido, e dada a actual con-juntura, umas das oportunidades de negócio que se afigura é o da comer-cialização de produtos de investimen-to com capitalização: “As crises do sector bancário levaram a que as pessoas tivessem procurado alter-nativas para investir o seu dinheiro, com maior segurança. Neste campo, as seguradoras têm uma supervisão muito apertada por parte do Insti-tuto de Seguros de Portugal e pen-so que serão uma escolha acertada para os consumidores. Nota-se já uma grande transferência de fun-dos do sector bancário para o sector segurador”.A terminar, diz André Abreu: “No próximo ano, gostaría de alargar o volume de negócios, reforçando a actual quota de mercado”. A valori-zação do meu desempenho é o que me dá força e alento para me expan-dir e prestar um serviço cada vez melhor aos clientes, sempre aliado à incontornável ética.

André Abreu, Sócio-gerente

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NA VANGUARDA DOS ISOLAMENTOS INDUSTRIAIS DE EXCELÊNCIATERMISO

Tudo começou em 1983 quando Vítor Palhota saiu da firma Wandschneider & Cia Lda., onde, como sócio, havia

conquistado uma experiência profissional de doze anos na área dos isolamentos. O desíg-nio do empreendedorismo cumpriu-se e a Termiso viria a nascer nesse mesmo ano. “Co-meçámos a trabalhar nas grandes centrais termoeléctricas que eram, à época, os pro-jectos de maior envergadura em Portugal. Na Central Termoeléctrica de Sines cada obra comportava quatro adjudicações. Ga-nhei duas adjudicações no Grupo 1, ainda pela empresa ‘Wandschneider & Cia Lda’, e depois, já como Termiso, ganhámos uma adjudicação no Grupo 2, duas no Grupo 3 e três no Grupo 4. Permanecemos há cerca de vinte e seis anos em Sines”, evoca Vítor Palhota. O director-geral da Termiso revela a fórmula do sucesso: “Crescemos sustenta-damente à medida das necessidades dos nossos clientes e dos projectos que fomos ganhando, nomeadamente ao nível da grande obra, onde tivemos a felicidade de entrar desde muito cedo”.

demais áreas conexas. A Termiso é, igualmen-te, a única empresa, de entre todas as congéne-res do ramo a operar em Portugal, que pode realizar o mais elevado valor de obra, tal como está averbado no Alvará de Construção emi-tido pelo INCI – Instituto da Construção e do Imobiliário. A empresa conta com 15 colabo-radores efectivos, no escritório, e cerca de 150 trabalhadores que operam em Portugal, Espa-nha, Bélgica, Holanda e Angola, assegurando, sazonalmente, uma importante plataforma de contratação de mão-de-obra temporária, mobilizada para as grandes obras. Fernando Palhota, gerente, aponta a certificação de qua-lidade pelas normas NP EN ISO 9001:2000 e a certificação em SCC, que define as regras de segurança, saúde e ambiente a aplicar no domínio da subcontratação, como marcos de-terminantes na gestão da empresa. O gerente congratula-se ainda pelo facto de a Termiso ser uma empresa ambientalmente sustentável – o edifício-sede, na Pontinha, é auto-suficiente em termos energéticos e chega a produzir electri-cidade excedente que é vendida e distribuída para a rede externa. A Termiso realiza todas as manutenções do Grupo EDP – Energias de Portugal, ao nível das suas centrais termoeléctricas. Na Central Ter-moeléctrica de Sines, por exemplo, tem vindo a trabalhar em instalações ligadas à melhoria da qualidade do ar expelido, que recorrem a processos de dessulfuração (remoção de en-xofre) e de desnitrificação do ar (NOX), método utilizado para que o nitrogénio [azoto] volte à atmosfera sob a forma de gás quase inerte.Na actual conjuntura, Vítor Palhota, director-geral da Termiso, mostra-se algo apreensivo pela deformação de preços protagonizada por algumas empresas estrangeiras que subem-preitam em Portugal. “Não temos no nosso país empresas de engenharia que possam fazer projectos de grande dimensão nesta área”, lamenta, assegurando que “uma outra

ALGUNS PROJECTOSDESENVOLVIDOS

Centrais de Energia, Indústria Naval, Cimen-teira, Petroquímica, Celuloses, Indústria Ali-mentar, Construção e TransportesE.D.P.Tejo EnergiaSinecogeração (Sines – Central de Ciclo Combinado) Grupo Jerónimo Martins (Área Alimentar)FIMAPetrogalReparação Naval (Holanda)Dolce Vita TejoCimpor (Alhandra)Semapa ( Outão / Pataias /Maceira)BiovegetalIberol IKEA - Loures (AVAC)

Dedicada desde 1983 aos isolamentos e instalações especiais, em ambiente industrial, a Termiso é hoje uma das empresas portuguesas de referência no sector, com créditos igualmente firmados no estrangeiro. Os irmãos Vítor Palhota, director-geral e Fernando Palhota, gerente, contam-nos a História desta competitiva empresa que conquistou os prémios de PME Líder em 2008 e o de PME Excelência em 2009.

RADIOGRAFIA DA TERMISO

Ano de fundação: 1983NIPC: 501401563Capital Social: 374.098,42 Euros Actividade principal: Comércio e Indústria de IsolamentosVolume de negócios: 10.415.739,00 € N.º de colaboradores: 171 (Incluindo mão-de-obra de cedência)Director-Geral: Vítor Manuel das Neves Pa-lhotaGerente: Fernando Luís Das Neves PalhotaDirector Financeiro: Clara Maria Filipe Fer-reiraDirector Comercial: José Alberto Ferreira Moura GonçalvesMercados onde actua: Portugal, Espanha, Holanda, Bélgica, AngolaRepresentações e marcas: Phoenix GmbH (Alemanha)BSW GmbH (Alemanha)Isover (Espanha)

A Termiso intervém em todo o tipo de empre-endimentos industriais que exijam isolamento contra o frio ou calor, aportando competências no sector do AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado), em instalações frigoríficas e ameaça é a das peças que já vêm montadas

da China”, o que origina custos irrealistas, já que substancialmente inferiores aos da média do mercado.José Gonçalves interveio quando a nossa en-trevista estava prestes a terminar, com uma mensagem de projecção comercial. Partindo do princípio de que o mercado nacional come-ça a ser muito pequeno, afirma que “a ideia é tentar expandir ainda mais as actividades da empresa e arranjar sempre uma pers-pectiva futura de olhar para fora, porque as ambições são grandes”. Este é, igualmen-te, um desígnio de Vítor Palhota, director-geral, que se mostra confiante na evolução da activi-dade da Termiso: “Esperamos durante este e o próximo ano intervir na expansão da Refinaria da Petrogal de Sines, na constru-ção da nova fábrica de diesel, assumindo novos desafios quer em Portugal, quer no estrangeiro”.

Vítor Palhota, Director-Geral e Fernando Palhota, Gerente

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108 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 108 PME´S DE EXCELÊNCIA | PAÍS POSITIVO

Um serviço de excelência a preço competitivo, com uma forte componente de personalização e acompa-nhamento dedicado em qualquer fase do processo é o que pode esperar da Via Directa, uma empresa espe-cializada em serviços de distribuição e estafetagem que granjeou o estatuto de PME Excelência em 2009.

“NÓS NÃO GERIMOS ENCOMENDAS,GERIMOS INFORMAÇÃO”

VIA DIRECTA

Corria o ano de 1993 e Ana Sal-gueiro havia terminado o curso de Marketing. Depois de muitos

estágios em agências de publicidade e departamentos de comunicação de vá-rias empresas multinacionais, onde se solicitava muito serviço de estafetas, o espírito empreendedor e o desejo de criar um projecto próprio na área, que primasse pela inovação, foi só o começo de uma aventura de sucesso. Juntou-se com dois colegas e com a irmã, Carla Lopes, pediram dinheiro a familiares, venderam os carros, socorreram-se das mesadas e criaram a Via Directa. “Na base do cunho da realidade do mercado, tentámos criar um servi-ço com mais-valias, tendo realizado previamente um estudo qualitativo e quantitativo, para saber qual é que seria a viabilidade de nos podermos lançar nesta actividade”, recorda a gerente, congratulando-se pelo facto de

tudo ter corrido muito bem. A desejada inovação materializou-se num conjunto de serviços que não existiam no merca-do de forma integrada - o atendimento personalizado, o acompanhamento do serviço desde que é solicitado até à sua entrega, a conectividade com sistemas informáticos desenhados à medida e o ‘track & trace’ em tempo real. “Tivemos um grande sucesso logo nos primeiros anos e a partir daí a nossa função tem sido inovar e estar sempre na linha da frente, indo sem-pre ao encontro das necessidades reais de cada cliente, com um serviço ‘chave na mão’. O foco na componen-te organizacional é determinante, porque ao nível interno dos nossos clientes existem sensibilidades dife-rentes”, garante Ana Salgueiro, apon-tando a Vodafone, a TMN, a Portugal Telecom (PT) e a PT PRO como alguns dos principais parceiros de negócio. Os serviços da Via Directa comportam uma adaptação a cada utilizador ou a cada produto, assente na personaliza-ção de sistemas e processos e na oferta de ferramentas de trabalho, que vão desde a requisição do serviço à análise da ‘performance’ de toda a operação. A Via Directa disponibiliza aos seus clien-tes serviços de logística virtual e de consulta ‘online’ de processos, acessí-vel a todos os intervenientes, através de codificação, para além de possuir ‘call-centers’ próprios que tratam de todas

as solicitações e incidências inerentes às operações.“Nós estamos muito à frente em ter-mos tecnológicos. Devido à inovação que criámos, lançámos a ferramenta que faltava a este mercado, priman-do em termos de excelência e volu-me operacional”, refere Ana Salguei-ro, assegurando que a Via Directa está presente em todo o território nacional, através de ‘hubs’ em todas as capitais

de distrito. A operacionalidade é garan-tida por uma base directa e indirecta de 250 colaboradores e por uma frota própria e exclusiva.O B2C (Business to Consumer), ou seja, as entregas das empresas para particu-lares, constitui o ‘core business’ da Via Directa. Qualquer serviço que seja re-

cebido ao final do dia está pronto a ser entregue na manhã do dia seguinte, em qualquer ‘hub’ de Portugal Continental. “O nosso SLA não é de 24 horas, mas sim tomando a referência da noite. Fazemos ‘cross-docking’, com toda a logística centralizada. Quando en-viamos para os ‘hubs’, a informação já vai toda tratada, quase em tem-po real, para agilizar a expedição. Costumo dizer que nós não gerimos encomendas, gerimos informação”, assinala Ana Salgueiro, acrescentan-do: “É esta inovação faz com que te-nhamos um serviço de excelência a preços competitivos, prestado com rapidez e segurança. Queremos que os nossos estafetas sejam um au-têntico serviço de apoio ao cliente, garantindo o sucesso na entrega e a satisfação do consumidor final”. Questionada sobre novos projectos a desenvolver, Ana Salgueiro revelou que neste momento se abrem para a Via Directa boas perspectivas de inter-nacionalização: “Estamos na altura certa para apostar no mercado es-panhol”, anuncia Ana Salgueiro, rema-tando, a finalizar, que deseja “conti-nuar a estudar as necessidades e as tendências do mercado e permane-cer na vanguarda da inovação e da qualidade. Vale a pena trabalhar e investir, porque quando somos bons e o cliente está satisfeito, o mercado reconhece”.

TIVEMOS UM GRANDE SUCESSO LOGO NOS PRIMEIROS ANOS E A PARTIR DAÍ A NOSSA FUN-ÇÃO TEM SIDO INOVAR E ESTAR SEMPRE NA LINHA DA FRENTE

Via Directa, na vanguarda da logística

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110 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 110 ACÇÃO SOCIAL | PAÍS POSITIVO

Numa entrevista marcada pela descomplexada crítica que o Padre Eleutério Pais, presidente do C.S.P. de Santa Maria da Feira, lança às decisões governamentais que ameaçam o futuro das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), eis o exemplo de uma entidade que está disposta a ir até ao fim para materializar um projecto de referência na área da educação.

“SINTO QUE NÃO ESTÁ CONVENIENTEMENTE DEFINIDO O ÂMBITODA AUTONOMIA DAS INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE SOLIDARIEDADE SOCIAL”

CENTRO SOCIAL PAROQUIAL DE SANTA MARIA DA FEIRA

cia, ofertas que são igualmente exploradas em colégios particulares e em cooperativas de ensino, que também se inserem nesta dimensão do privado. Já a escola social não pode funcionar se não tiver o apoio que o Estado devia dar. Em Portugal diz-se que o ensino é gratuito, mas se alguém escolher outra escola que não seja oficial, de facto o ensino não é gratuito. Esta é uma dificul-dade que nós temos na concretização dos nossos projectos”. Joaquim Silva Martins realça o trabalho que tem vindo a ser feito: “Já temos o projecto de ampliação concretizado, o que prevê garantir a evolução da nossa instituição, no espaço envolvente das actuais instalações e melhorar, nomeadamente, a actual pro-dução”. O nosso entrevistado realça a impor-tância da localização estratégica da instituição fora do centro da cidade de Santa Maria da Feira, pela proximidade que apresenta em re-lação à maioria dos seus utentes - 56 crianças na creche e 66 crianças no pré-escolar. “Foi na base de um alargamento de horário, que se

Contamos com os testemunhos do Padre Eleutério Pais, pároco de Santa Maria da Feira (S. Nicolau) e presiden-

te do Centro Social Paroquial local, assim como de Joaquim Silva Martins, tesoureiro da institui-ção, que nos dão a conhecer a missão educativa do Centro, os projectos de futuro, os desafios institucionais e a necessidade de assumir uma voz activa na defesa dos interesses das IPSS.

A MISSÃO EDUCATIVA

“Estamos a tentar orientar a nossa acção, para uma acção social no mundo das crian-ças. Já não nos dedicamos há vários anos à área dos idosos, porque nos sentimos voca-cionados para a área das crianças”, começa por apresentar Eleutério Pais, assumindo o desígnio estratégico do Centro Social Paroquial de Santa Maria da Feira: “Queremos apresen-tar de uma forma muito vincada uma insti-tuição de competência, não só para que os pais que nos confiam os seus filhos tenham serenidade, confiança, a certeza de que os filhos estão bem acompanhados e orien-tados, mas também para que sintam que a nossa instituição é exigente, que realiza os projectos que elabora e que é uma mais-valia para a comunidade. Se chegássemos à conclusão que não tínhamos esta mais-valia, seria melhor fechar”.

UM PROJECTO PARA O FUTURO

A afirmação de uma instituição de referência passa pelo avanço para um sonho antigo do Centro Social Paroquial de Santa Maria da Feira, o de criar uma escola social, “onde as crianças das famílias menos favorecidas pudessem encontrar um ambiente de qualidade e um ensino de referência, com oportunidades de aprendizagem que as colocassem ao nível das melhores”, deseja Eleutério Pais. “Acontece que a passagem do projecto para a obra está a ser difícil de resolver do ponto de vista das infra-estruturas e também das dificuldades que o próprio Estado levanta a uma instituição como a nossa, porque este empreendimento está fora do âmbito dos protocolos”, acrescenta, elucidando que, orga-nicamente, “há instituições de solidariedade social que têm creches e jardins-de-infân-

coadune com os horários fabris dos pais de muitas das nossas crianças, que pensámos na hipótese de um colégio e na instalação de um ATL. A vertente escolar abrangeria todo o 1.º Ciclo do Ensino Básico, entre o 1.º e o 4.º Ano de Escolaridade”, realça Joaquim Silva Martins. “Será este o nosso projecto, o que gostaríamos de concretizar, em pri-meira instância”, resume Eleutério Pais, pre-sidente.O novo projecto enunciado pelo Centro Social Paroquial de Santa Maria da Feira incidiria sobre a actual ala nascente do complexo da Creche e Jardim de Infância da IPSS e compor-taria um alargamento lateral de três pisos si-métricos, num total de 600 metros quadrados. A intervenção permitiria alargar a actual cozi-nha, criar novos espaços de funcionamento e libertar outros já existentes. “Estamos com essa ideia em mente, mas é uma obra mui-to cara, pelo que contamos com todos os apoios. Queremos continuar com a mesma velocidade e determinação, mas estamos completamente parados desde há cinco

anos”, lamenta Joaquim Silva Martins, numa constatação partilhada pelo pároco. “Um dos nossos desejos era, igualmente, que as crianças que viessem a sair com dez anos, no 4.º ano de escolaridade, pudessem con-tinuar a usufruir das nossas instalações, fazendo o alargamento de actividades complementares, lúdicas e desportivas, através do recurso a pais voluntários. No actual quadro, uma vez que só existe ofer-ta até ao pré-escolar, as crianças saem da instituição com seis anos: Esta situação faz-nos sofrer porque queremos o bem de todos e um projecto igualitário para todos. Quando não há igualdade para conseguir trabalhar, os nossos projectos tornam-se mais difíceis”, afirma Eleutério Pais.

OS DESAFIOS INSTITUCIONAIS

“Há uma dificuldade cada vez mais cres-cente não só noutros pontos do país, como no nosso meio, que é o problema do de-semprego, das famílias endividadas, o que traz uma preocupação acrescida para estas instituições que vivem de subsídios, quer seja através da comparticipação que o Estado concede, quer da comparticipa-ção das famílias. Se as famílias se sentem apertadas nos seus orçamentos familiares, há realidades que vão ficar para segundo ou terceiro plano e, às vezes, esta decisão da família implica a retirada das crianças da instituição e a impossibilidade de pagar a comparticipação no final do mês. É isto que nos preocupa”, declara Eleutério Pais, as-segurando que, do seu ponto de vista, ”há ain-da um problema importante que é o facto de nós nesta dimensão de subsidiarieda-de, estarmos constantemente a ser postos em causa, com decisões governativas que limitam as comparticipações, que criam ao lado de uma instituição outras instituições que prestam um serviço paralelo, como é o caso dos ATL, que retiram espaço de ma-nobra às instituições particulares. O que eu receio em relação ao futuro é que as deci-sões governativas vão esvaziando o âmbito da nossa acção. A pouco e pouco as institui-ções que não são estatais sentem-se sufo-cadas e receio que tendam a desaparecer, sobretudo por inviabilidade económica”.

Padre Eleutério Pais, Presidente e Joaquim Silva Martins, Tesoureiro

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114 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 114 INDÚSTRIA DO BACALHAU | PAÍS POSITIVO

Herdeira moderna da tradição transformadora do bacalhau, o ‘fiel amigo’ dos portugueses, pescado nos mares do Norte desde a época medie-val e outrora salgado e seco aos rigores do tempo, a Associação dos Industriais do Bacalhau quer juntar o melhor da História, aos desafios de reconhecimento da qualidade de um produto que faz parte da nossa memória colectiva.

“A TRADIÇÃO DO CONSUMO CONTINUA MUITOFORTE NA CULTURA GASTRONÓMICA NACIONAL”

ASSOCIAÇÃO DOS INDUSTRIAIS DO BACALHAU

Qual é a génese da Associação dos In-dustriais do Bacalhau?A Associação dos Industriais do Baca-lhau (AIB) foi fundada em Novembro de 1993, em Lisboa, tendo posteriormente transferido a sua sede para a Gafanha da Nazaré onde ainda se mantém. A AIB é uma associação de empregado-res cujo objectivo é a promoção e de-senvolvimento da actividade industrial do bacalhau e a defesa e promoção dos interesses empresariais do sector. Tem, igualmente, incumbência de represen-tar os seus associados e assegurar a sua representação nos organismos em que se encontra inserida.

Emanando de uma base empresarial, qual é a missão da AIB no sector que representa e qual é o envolvimento com entidades nacionais e interna-cionais?A AIB concentra a sua actuação nas te-máticas que se apresentam de uma for-ma transversal ao sector. As questões relacionadas com o ambiente são uma área onde temos desenvolvido um tra-balho em parceria com outras entidades públicas e privadas visando encontrar soluções que abrangem um número alargado de empresas associadas. Uma outra área a que a AIB tem dado impor-tância é a do incremento das relações com organizações ligadas a toda a cadeia de valor desta actividade, nomeadamen-te organizações dos países de origem da matéria-prima no sentido de promover uma maior interacção e de transmitir a

visão representativa de todo um sector. Consideramos de grande importância para o sector o acompanhamento pró-ximo das questões ligadas à disponibi-lidade de matéria-prima e evolução da sua cotação. Ainda no plano do envolvi-mento com outras entidades, a integra-ção no Cluster do Conhecimento e da Economia do Mar pretende potenciar a criação de oportunidades a ser desen-volvidas em parceria de modo a apor-tar mais-valias ao sector. As questões ligadas à informação ao consumidor também fazem parte das preocupações dos nossos associados. Por isso, a AIB integra o projecto da Fileira do Pescado, conjuntamente com outras associações representativas desta Fileira e a Doca-pesca, a qual tem como objectivo co-municar os benefícios para a saúde do consumo de pescado e assegurar que os produtos da pesca comercializados em Portugal provêm de pesca sustentável. A Fileira do Pescado tem em curso uma campanha cujo lema é “Pescado é saúde – faz bem pensar em si!” e que pode ser visível nos pontos de venda espalhados pelo país, além da campanha que está actualmente nas rádios nacionais. Este projecto contou, desde a primeira hora, com o apoio do Governo Português.

Sendo Portugal um país com uma História riquíssima do ponto de vis-ta da pesca e da transformação de bacalhau, assim como uma referên-cia mundial no seu consumo, de que forma é que é possível conjugar a

tradição com a modernidade?Na realidade, a tradição do consumo continua muito forte na cultura gastro-nómica nacional. Toda a cadeia de valor sofreu uma evolução tremenda nas últi-mas décadas. Desde os processos de fa-brico, com maiores níveis de automati-zação e o recurso a secadores artificiais de elevada eficiência, até aos desafios que a evolução dos modelos de distri-buição colocaram à indústria, passando pela adaptação dos formatos de apre-sentação ao consumidor deste produto obrigaram as empresas a inovar nos seus processos e nos seus produtos. A cultura gastronómica portuguesa e a tra-dição associada à mesma são um activo com peso muito considerável no produ-to ‘turismo’. Esta associação do turismo à gastronomia portuguesa é, sem dúvida alguma, um factor de oportunidade para este produto, o bacalhau. A apetência crescente para o consumo de produtos tradicionais e de produtos ‘gourmet’ é um outro factor de oportunidade que vem consubstanciar esta conjugação de tradição com modernidade.

Gostariam de realçar alguns pro-jectos e eventos levados a cabo pela Associação dos Industriais de Ba-calhau, no sentido de preservar a mística de um peixe que não sendo pescado nas nossas águas, é tão pró-ximo do povo português? Nesta área a AIB tem em curso uma candidatura ao reconhecimento do Ba-calhau de Cura Tradicional Portuguesa

como Especialidade Tradicional Garan-tida. Este processo encontra-se no Mi-nistério da Agricultura e aguardamos o seu desenvolvimento para muito breve. Ao nível da promoção do bacalhau há já três anos que patrocinamos o Festival do Bacalhau que é organizado pelo Mu-nicípio de Ílhavo no mês de Agosto. Pela implantação que esta indústria tem no concelho de Ílhavo consideramos este evento uma mais-valia para a divulgação do produto que resulta da actividade do sector que representamos. Igualmente, numa parceria com o Município de Ílha-vo, somos patrocinadores da viagem de circum-navegação que o Navio Escola Sagres está a realizar durante o presente ano, na perspectiva de que este produto é um ícone da gastronomia portuguesa e, por isso, é dado a conhecer durante as escalas desta viagem. Como é que perspectivam o futuro do sector?Apesar de vivermos tempos de grandes preocupações e angústias entendemos que é necessário projectar o futuro numa óptica realista porém com espe-rança. A definição de uma estratégia que permita potenciar o futuro do sector é fulcral para a consolidação desta indús-tria na economia nacional, aproveitando as oportunidades que, apesar de tudo, existem. Incrementar a competitividade das empresas a par do aumento da pre-sença nos mercados internacionais é o desafio que se coloca aos empresários e aos gestores deste sector.