portfolio @ país positivo #43

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positivo WWW.PAISPOSITIVO.ORG //// Abril ‘11 / EDIÇÃO Nº 43 ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL ‘PÚBLICO’ 7 MARAVILHAS DA GASTRONOMIA | ACÇÃO EUROPEIA SOBRE AS DROGAS A APOSTA NA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO É ESTRATÉGICA, MESMO EM TEMPO DE CRISE, ressalva João Dias da Silva, Secretário-Geral da FNE – Federação Nacional da Educação

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7 MARAVILHAS DA GASTRONOMIA | ACÇÃO EUROPEIA SOBRE AS DROGAS

A APOSTA NA EDUCAÇÃO

E FORMAÇÃO É ESTRATÉGICA,

MESMO EM TEMPO DE CRISE,

ressalva João Dias da Silva,Secretário-Geral da FNE – Federação Nacional da Educação

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14 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 14 SAÚDE | PAÍS POSITIVO

Na especialidade desde 1983, onde entrou no segundo ano em que o internato funcionou no nosso país, Jorge Gonçalves Pereira é um médico apaixonado pelo que faz e o presidente da direcção da Sociedade Portuguesa de Medicina Nuclear. Recebe-nos no seu consultório, rodeado de inspiradoras fotografias, evocativas dos grandes nomes da Física, como Einstein e Marie Curie, entre muitos outros que a vida e obra ditaram a eternidade.

DESAFIOS DE UMA MEDICINA COM ELEGÂNCIASOCIEDADE PORTUGUESA DE MEDICINA NUCLEAR

A Sociedade Portuguesa de Medici-na Nuclear (SPMN), fundada em 1978, é um marco fundamental

para os especialistas se reunirem, expres-sarem e discutirem os avanços da especia-lidade que se estão a implementar não só no país, mas também no estrangeiro. Assim crê Jorge Gonçalves Pereira, certo de que a SPMN tem como obrigação apoiar a forma-ção de especialistas. “Como actual presi-dente, uma das minhas intenções é pu-blicar guidelines temáticos, científicos, entre duas a três vezes por ano, escritos por portugueses, centrados nas várias áreas que a Medicina Nuclear abrange”, assegura. A SPMN integra, entre os seus as-sociados, elementos de diferentes grupos profissionais envolvidos no exercício da Medicina Nuclear, maioritariamente mé-dicos, físicos, farmacêuticos e técnicos de diagnóstico e terapêutica. A SPMN tem uma importante acção como ponto de encontro de especialistas, de discussão de problemas da especialidade, não só técnicos e logís-ticos, mas também científicos. “É, aliás, o fórum de excelência para discussão. Existem em Portugal cerca de 70 espe-cialistas na área e uma rede planeada, a nível hospitalar, com a qual eu colaborei mutuamente com a Direcção-Geral de Saúde”, certifica, acrescentando: “Eu acho que o Estado deve ter em conta uma boa distribuição dos serviços da especiali-dade em todo o país, tendo em conta as reais necessidades, assegurando uma acção reguladora e não se sobrepondo à iniciativa privada. Como presidente da SPMN tenciono intervir, para catalisar e discutir a regulação com a tutela, a DGS, numa perspectiva construtiva e de in-tervenção”.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Até aos anos 60 considerava-se a Radiolo-gia, a Radioterapia e a Medicina Nuclear, ain-da não conhecida como tal, como um todo. Nessa época, a Radiologia separou-se, dan-do origem ao advento dos Radioisótopos – a Radioterapia e a Medicina Nuclear. Fazia-se a aplicação de radioisótopos à medicina em laboratórios das faculdades de Medicina,

no Porto, em Coimbra e em Lisboa. Quem dinamizava essa actividade eram os físicos que, continuamente, dirigiram os laborató-rios até por volta da década de 90. A Radio-logia e a Radioterapia trabalham com Raios Gama, em fontes seladas em ampolas, ao passo que a Medicina Nuclear opera com fontes não seladas, de radioactividade ao vivo, elemento distintivo. “Ainda nos anos 80, a Radioterapia e a Medicina Nuclear cindiram-se e nasceu, então, a especia-lidade de Medicina Nuclear, na qual eu ingressei no segundo ano em que o internato funcionou. Era uma aven-tura, porque ninguém sabia muito bem o que isto representava em termos de trabalho médico”, recorda Jorge Gonçalves Pereira.A especialidade de Medicina Nuclear cresceu de tal forma desde os Anos 80 que ele próprio teve a felicidade de as-sistir, de trabalhar e acompanhar toda a evolução: “Estou na Medicina Nuclear desde 1983 e sinto que a nossa tem elegância, um aspecto fantástico, porque permite ver as alterações micro, antes de se tornarem macro, considerando a biodistribuição mo-lecular, o que é surpreendente. A vivência constante com os avanços da área condicionam um desafio permanente. Nesse aspecto sou um privilegiado”.

AS TRÊS VERTENTESFUNDAMENTAIS DA MEDICINANUCLEAR

Estudos Morfológicos e Funcionais: É uma imagiologia em que é injectado um fármaco marcado com um traçador radio-activo. Depois, com um aparelho a que cha-mamos câmara-gama ou, se for um emissor de positrões, com uma câmara PET, vamos rastrear a distribuição desse fármaco no organismo humano. Conforme aquilo que eu queira ver, eu prescrevo o fármaco para ser administrado nesse doente, uma acção decorrente na análise não só do aspecto morfológico, mas sobretudo do aspecto funcional. Exames Sem Imagem: Se eu padronizar a actividade que dou ao doente e depois quantificar o órgão-alvo onde o radiofár-maco se vai fixar, ao longo do tempo, te-nho aspectos funcionais. Posteriormente, fazemos exames, como por exemplo os de Cinética de Ferro, Quantificação de Volume Plasmático, Quantificação da Taxa de Filtra-ção Glomerular com Crómio-EDTA, que é um produto que é filtrado nos rins.Radioterapia Metabólica: Usamos os isótopos para verificar, numa fase inicial, se determinado tipo de lesões tem fixação e, de seguida, administramos maiores activi-dades com objectivos terapêuticos. A Medicina Nuclear é, do ponto de vista da

sua aplicabilidade, muito abrangente, en-volvendo a área da Oncologia, Cardiologia, Nefrologia, Pediatria, Neurologia, Psiquia-tria, entre outras. Lidamos muito com On-cologia, uma área que, para além de exigir um grande know-how terapêutico, tem de ser célere e de proximidade. “A aproxima-ção às diferentes especialidades médi-cas tem que ver com a evidência cien-tífica que foi claramente reconhecida à Medicina Nuclear, e centramos aqui a acção na sua perspectiva como Imagem Metabólica ou Imagem Molecular, que é hoje um must, um paradigma”, atesta o presidente da direcção da SPMN. “Nós ve-mos as alterações muito precocemente e com muita sensibilidade, ao nível ató-mico e molecular, antes de aparecerem as alterações da estrutura morfológica, porque essas são observadas através da Ressonância e da TAC – Tomografia Axial Computorizada. Até aparecer uma alteração anatómica, tem que haver uma disrupção ou uma alteração mo-lecular na ordem dos 30 a 40 por cento, para ser visível”, garante. Questionado sobre o posicionamento da especialidade de Medicina Nuclear daqui a uma década, Jorge Gonçalves Pereira, presidente da di-recção da SPMN, prevê que o PET e a Ima-gem por Positrões cresçam, assim como a vertente da Cardiologia Nuclear, que está muito pujante, e a vertente terapêutica de Radioterapia Metabólica. “Provavelmente outras áreas seguirão a tendência de crescimento, mas estas certamente que crescerão”, reitera.

Scanner PET (Tomografia por Emissão de Positrões)

Imagem do cérebro de um exame PET

Autor: Jens-Langner | Fonte: Wikipédia

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24 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 24 SAÚDE | PAÍS POSITIVO

Acção Europeia Sobre as Drogas

Consciente de que Portugal se en-contrava, na década de 90, entre os países com a situação mais

crítica em termos de consumo, marca-do por uma forte incidência da heroína, João Goulão congratula-se pela inver-são dos factos, ainda que muitas das conquistas não tenham sido, necessa-riamente, consensuais. O que é certo é que as profundas marcas deixadas na sociedade levaram a uma consciencia-lização assertiva dos indivíduos face a comportamentos de risco, uma mudan-ça de que não se alhearam pais e edu-cadores, famílias e demais estruturas sociais. A construção de um modelo humanista era o ponto de partida para a necessária transformação, construída a cada dia, passo a passo.Considerando que a descriminalização do consumo de drogas, configurada

João Goulão, presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT), em entrevista à revista País Positivo, destaca os esforços que têm sido envidados ao longo da última década na mitigação do fenómeno da adição, patente na toxicodependência e no alcoolismo, e realça a importân-cia da afirmação de uma estratégia de proximidade na redução destes elementos.

NOVAS VISÕES PARA UM ANTIGO FENÓMENOIDT - INSTITUTO DA DROGA E TOXICODEPENDÊNCIA

pela Lei n.º 30/2000 de 29 de Novem-bro, trouxe coerência tanto à identifica-ção do problema, a montante, como do encaminhamento e terapêuticas, a ju-sante, o presidente do IDT está focado na melhoria contínua dos serviços. So-bre o advento das multiformes drogas sintéticas, considera que se trata, con-tinuamente, de “tentar acertar num alvo em movimento”, não descurando, ainda assim, a sua referenciação como um passo para compreender os pa-drões de consumo, sobretudo ao nível da população mais jovem. O presidente do IDT anuncia, ainda, que está em cur-so a realização de inquéritos às escolas, no sentido de estudar o fenómeno da toxicodependência e definir estratégias futuras de actuação, uma medida que será alargada à população em geral an-tes do final do Verão. João Goulão, Presidente do IDT

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26 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 26 SAÚDE | PAÍS POSITIVO

Acção Europeia Sobre as Drogas

Nascido em 1996, o R12 foi um projecto levado a cabo, à época, por quatro técnicos que já tinham

trabalhado num centro de tratamento que utilizava o Modelo Minnesota como meto-dologia de intervenção. Hoje em dia já não trabalha na R12 nenhum dos fundadores. “Eu entrei como sócio em 2001, parti-lhando da visão inicial dessas quatro pessoas, que acreditaram que esta abordagem ia ao encontro das suas convicções, aportando benefícios muito grandes quer para os pacientes, ao nível do seu bem-estar e equilíbrio, quer para a sociedade”, evoca Luís Sottomayor, refe-rindo que a metodologia inicial ainda hoje é utilizada, embora com instrumentos e com estilos de abordagem que evoluíram com a experiência consolidada ao longo de 15 anos de actividade.

Consciente de que a adição está referencia-da como uma doença bio-psico-social, o que quer dizer que são os factores biológicos, psicológicos e sociais que, isoladamente ou concorrendo entre si, ditam o caminho da dependência, o R12 está focado na recu-peração efectiva, recorrendo a uma equipa multidisciplinar composta por médicos, psiquiatras, psicólogos e outros terapeutas. Quando um paciente entra, é feita uma ava-

liação inicial em termos de consumos, uma avaliação médica e também uma avaliação psicológica, porque, muitas vezes, para além dos problemas ligados às adições, apa-recem casos de desvios comportamentais a montante, que configuram um quadro de duplo diagnóstico. “Estas avaliações são muito importantes, porque a nossa abordagem vai ser diferente para cada caso. Depois, já ao nível da intervenção casuística, se necessário, o paciente é su-jeito a uma desintoxicação, durante uma semana a dez dias. Durante os primeiros dias estabelecemos a fase de integra-ção, onde o fenómeno de identificação é importantíssimo para o rumo futuro do tratamento”, indica Sylvie Pacheco, psicóloga clínica. A terapeuta revela que a maioria das pessoas quando chega ao R12 pensa que é única e que o seu problema é exclusivo. “Através do grupo os pacientes percebem que aquilo que se passa com eles, independentemente da substância de escolha, é o mesmo fenómeno que acontece com toda a gente”, concretiza. “Desenvolvemos um programa inteira-mente livre de dependências. Quando estabelecemos um processo de recu-peração, à luz deste princípio, conse-guimos facilmente perceber que há um caminho de potencial sucesso, tendo no-ção de que esta é uma doença que, sendo crónica, apresenta recaídas, como uma das suas características”, certifica Luís Sottomayor. Nesta base são privilegiados a Terapia de Grupo e o Acompanhamento Individual. A abordagem personalizada é muito importante, porque a relação de con-fiança entre o paciente e o terapeuta tem de ser incrementada, na base do princípio de que há assuntos que o paciente não se sente à vontade para expor ao grupo. “Incita-se a partilha de danos e sentimentos, sem-pre numa perspectiva de reciprocidade mas cada paciente tem o seu tempo e o seu espaço, que têm de ser respeitados”, explica o director administrativo. Há um conjunto de actividades terapêuti-cas implementadas, como palestras psico-educativas, filmes, aulas de biodança e sessões de relaxamento, para aquisição de técnicas a que os pacientes possam recor-rer em momentos de ansiedade, ganhando consciência de que é possível encontrarem um estado de paz na abstinência. “Estas

O fenómeno da adição atravessa, transversalmente, todas as sociedades, todos os meios sociais e todo o género de pessoas. Luís Sottomayor, director administrativo do R12, acredita que as dependências – as de substâncias e as de comportamentos – são mutáveis de acordo com um comportamento colectivo que dita as tendências de consumo, exigindo uma resposta global e humanizada, imagem de marca deste centro de recuperação.

UNIDOS PELO TRATAMENTO DA DOENÇA MAIS “DEMOCRÁTICA” DO MUNDOR12 | CENTRO DE RECUPERAÇÃO

actividades complementares dão-nos a possibilidade de trabalhar diversos aspectos sociais, como a assertividade, as dificuldades de comunicação e de re-lacionamento, a confiança e a gratidão”, refere a psicóloga clínica Sylvie Pacheco, na perspectiva da restituição da capacidade de inter-socialização ao paciente. O R12 | Centro de Recuperação, capacitado para acolher um máximo de 22 pacientes, assenta a sua lógica terapêutica num pro-grama relativamente curto, entre três a seis meses, desenvolvido em local seguro, numa abordagem muito intensa, com rácios de cinco a seis pacientes por terapeuta. “O processo de tratamento aporta o envol-vimento com a família, porque esta do-ença provoca danos não só no indivíduo, mas também no seio familiar, o que faz com se crie uma relação disfuncional”, revela a psicóloga clínica. Luís Sottomayor destaca que o processo terapêutico envolve uma fase de internamento de três meses, no mínimo, complementado por um programa de acompanhamento, em regime ambu-latório, com a duração de nove meses, já incluído no valor do tratamento. O acompa-nhamento individual dos pacientes e seus familiares assenta numa base semanal, nos primeiros três meses, quinzenal no segun-do trimestre e mensal no restante período. Crendo que não existem fórmulas mágicas para a resolução dos problemas de adição, questionamos se o director administrativo, Luís Sottomayor, e a psicóloca clínica, Sylvie Pacheco, se continuam a surpreender, com os casos notáveis que fogem à replicação comportamental. “Eu diria que, por vezes, ainda nos continuamos a surpreender. Não só por determinado tipo de com-portamentos, que por muito que já nos tenhamos cruzado com milhares deles, há sempre um diferente, que aparece com um aspecto que nos faz questio-nar sobre um determinado comporta-mento”, assegura Luís Sottomayor, numa opinião comprovada por Sylvie Pacheco: “Costumo dizer que não é a equipa que realmente resolve um problema - a equi-pa ajuda a que o paciente encontre, ele mesmo, uma forma de se ajudar a si pró-prio a resolver o problema”.

Sylvie Pacheco, Psicóloga Clínica, e Luís Sottomayor, Director Administrativo

LER NA ÍNTEGRA EM WWW.PAÍSPOSITIVO.ORG

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38 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 38 TURISMO | PAÍS POSITIVO

Parque NaturaL do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

Muito mais do que sol e praia e clima ameno, Vila do Bispo tem orientado a sua estraté-

gia turística na diversificação da oferta ao longo de todo o ano, apontando o azimute a novos mercados, no sentido de descobrir um renovado perfil de tu-ristas. “O que queremos potenciar é transversal a todos os concelhos que integram o Parque Natural do Sudo-este Alentejano e Costa Vicentina, que é desenvolver o Turismo de Na-tureza. Já começámos a desenvolver essa actividade com o Festival de Bir-dwatching (observação de aves) que realizámos pela primeira vez no ano passado. Correu muito bem e quere-mos tornar o evento internacional. Tivemos apoios não só institucio-nais, mas também de privados, que quiseram investir neste evento”, afir-ma o presidente. O Turismo de Natu-reza encontra, igualmente, uma oferta privilegiada no pedestrianismo e do ci-cloturismo, de entre outras actividades. “Ao nível do birdwatching estamos a falar de um turista de classe média / média-alta, o que é muito bom para nós. E há um outro aspecto muito importante. Este turista não vem na época alta, contrariando assim a ten-dência de sazonalidade. Este é um dos sectores em que vamos apostar fortemente, porque queremos ser o hotspot a nível nacional”, revela. Há muitos turistas que visitam o con-celho de Vila do Bispo pela riqueza do património geológico, presenciando, in loco, as eras geológicas que se suce-deram ao longo dos milénios. “Produ-zimos documentação e estamos a trabalhar em parceria com alguns professores Universitários para co-meçar a potenciar esta riqueza”, anuncia Adelino Soares, referindo que

ao nível da Botânica, na zona do Cabo de São Vicente existem cinco espécies vegetais únicas no mundo. O autarca aponta a História, a da epo-peia universal dos portugueses e to-das as anteriores evocações, como um grande trunfo na afirmação de uma oferta cultural de excelência: “Temos vestígios da ocupação romana, ára-be e de povos anteriores, nomea-damente a maior concentração de

Viajamos até ao extremo Sudoeste do nosso país para conhecer Vila do Bispo e os encantos que encerra, a integração no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e os desafios do desenvolvimento sustentável, baseados na potenciação do património natural, histórico e cultural. Adelino Soares, Presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, é o nosso entrevistado.

À DESCOBERTA DE NOVOS MUNDOSCÂMARA MUNICIPAL DE VILA DO BISPO

menires do país e uma das maiores da Europa. Isto significa que esta zona já foi muito povoada, pela sua riqueza. Não nos podemos esquecer, igualmente, que foi deste sítio que partiram os nossos grandes desco-bridores”. Em termos do património edificado, para além de muitas igrejas e capelas, o concelho de Vila do Bispo congrega a Fortaleza de Sagres e o Cabo de São Vicente, onde se situa um dos

mais emblemáticos faróis da costa por-tuguesa, ambos registando a presença de milhares de turistas durante todo o ano, o que os torna dois dos pontos mais visitados do país. “Temos, igual-mente, o Forte do Beliche, um espaço que também queremos potenciar e que está em fase final de passagem para a posse da Câmara Municipal de Vila do Bispo”, anuncia. “Temos uma característica muito

Adelino Soares, Presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo

TURISMO

Vocação emergente de um país que tem tradição de bem receber, o Tu-rismo é um dos desafios que envolve diversos agentes na promoção do património natural, histórico e cultural, de entre outros elementos distinti-vos. O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina é um dos últimos refúgios da Natureza, que urge ser preservado, à luz de políticas de desenvolvimento sustentável. E porque está a chegar o Verão e as férias, conheça alguns parques temáticos que farão as delícias de toda a família.

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forte em termos turísticos, a Gas-tronomia, um elemento que atrai ao concelho de Vila do Bispo milhares de visitantes todo o ano. Verifica-se uma grande procura do percebe, que é um marisco muito tradicional desta zona. Cresce nas escarpas que com-põem a maioria da nossa linha de costa e é muito difícil de apanhar. A gastronomia tem um potencial enor-me, é uma área que está a ser explo-rada há muitos anos e nós queremos potenciar com a maior qualidade. Produzimos, igualmente, ostras, a maior parte das quais é exportada para o exigente mercado francês, o que atesta a qualidade dos nossos recursos”, afirma o presidente.A passos largos da época balnear, Vila do Bispo apresenta muitas praias com Bandeira Azul, que não teve durante muitos anos, para além de uma Praia Acessível, dotada de equipamentos de apoio às pessoas com deficiência. “Esta é uma questão importantíssima, não só ao nível do que se faz no territó-rio, mas também para cativar este

tipo de turista que vê aqui uma porta aberta para que possa aceder àquilo que muitas vezes era um obstáculo”, sublinha Adelino Soares.A par com os empreendimentos turísti-cos de luxo, novos e requalificados, Vila do Bispo apresenta um outro projecto emblemático de reabilitação de patri-mónio edificado - o de uma aldeia an-tiga, Pedralva, que estava abandonada. Um investidor comprou diversas casas, ao longo do tempo, e recuperou-as. “Em qualquer um dos espaços, as pessoas estão em pleno contacto com a na-tureza, um autêntico SPA natural e é nisto que somos diferentes do resto do Algarve, onde se verificou uma massificação urbana e turística”, atesta o presidente. A riqueza ligada à parte marítima, ao ní-vel do pescado e do marisco, da anima-ção marítimo-turística e dos desportos náuticos, sobretudo surf, windsurf, vela e mergulho, é vista como estratégica e algo a potenciar continuamente ao lon-go do ano: “Este concelho tem uma vantagem em relação aos limítrofes,

porque tem duas costas, a Oeste e a Sul. Queremos construir um centro de alto rendimento ligado aos des-portos náuticos. O mergulho, por exemplo, permite descobrir muitos dos vestígios subaquáticos de nau-frágios decorrentes de batalhas na-vais aqui travadas na I e na II Guerra Mundial. Temos muitos projectos, al-guns dos quais ligados ao Programa Polis, sendo que um deles é a recupe-ração do porto de pesca da Baleeira, onde tencionamos construir um por-to de recreio”. Fomos grandes quando nos virámos para o mar. Nas últimas décadas virá-mo-nos para a Europa e tornámo-nos periféricos. Está na hora de ver o mar como ele é, com um potencial enorme. “Queremos criar um centro de inves-tigação científica ligado à biologia marinha e temos universidades do Norte da Europa interessadas em fa-zer investigação no nosso concelho. Queremos fazer parcerias com a Uni-versidade do Algarve, para investigar o território e a biodiversidade”.

PROPOSTASTURÍSTICAS DO PRESIDENTE

Em visita ocasional ou planeada, para além de poder ficar hospedado num bom hotel, aconse-lho a visitar a Fortaleza de Sagres, o Cabo de S. Vicente e o Forte do Beliche, bem como a Er-mida da Guadalupe que, materializando o único elemento gótico do concelho, é o lugar onde me-ditava o Infante D. Henrique. Recomendo uma visita aos três emblemáticos territórios de mar de Burgau, Salema e Sagres. No nosso concelho é possível contactar com a Natureza em bruto e conhecer inúmeras espécies de aves e de plan-tas, visualizar cetáceos e usufruir de vistas desa-fogadas em falésias com cem metros de altura num território seguro. Quem tiver boa condição física, pode aventurar-se em caminhadas e BTT, em múltiplos percursos, numa total liberdade de movimentos. Depois dos passeios, delicie-se com o melhor da gastronomia local, onde não falta a tradicional caldeirada. E já agora, por curio-sidade, fique a saber que Sagres, para além de ter a maior extensão de costa do país, possui a lota com mais diversidade de peixe. Assumimo-nos como ‘O Centro das Descober-tas’, uma assinatura que remete para o passado, para o ponto de partida dos descobrimentos, e para o futuro, para o desejo incessante de descoberta. À descoberta da natureza, da gas-tronomia, da história e de si. Visite-nos e venha descobrir-nos!

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40 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 40 TURISMO | PAÍS POSITIVO

Parque NaturaL do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

Aljezur é um município do litoral, com fortes raízes no interior e integrante do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, onde a valorização da beleza natural, da biodiversidade e do ambiente constituem um legado de sucessivas gerações. Dotado de uma apetência muito particular para o sector turístico, enquadrado numa perspectiva sustentável, o concelho aposta na diversificação desta oferta, complementada com uma forte aposta na produção local, como nos revela José Amarelinho, Presidente da Câmara Municipal de Aljezur.

A NATUREZA TORNADA MARCA DE QUALIDADECÂMARA MUNICIPAL DE ALJEZUR

Evocar a actividade turística susten-tável em Aljezur é, sobretudo, falar de empreendimentos turísticos de

pequena dimensão que pretendem dar uma resposta personalizada ao turista, numa óptica de nicho e não de massifica-ção. “No município de Aljezur existe uma rede muito interessante e muito signifi-cativa de Turismo de Natureza e de Tu-rismo em Espaço Rural. Tratam-se de pequenas unidades hoteleiras que têm a capacidade de chamar até nós muita gente, conseguindo ter uma ocupação estável quase todos os fins-de-semana, ao longo do ano, contrariando a tendên-cia de sazonalidade”, afirma o presidente, assegurando: “É uma actividade extre-mamente rentável e muito interessante para nós. Complementarmente, existe uma multiplicidade de actividades ao ar livre que estão associadas a projec-tos empresariais e associativos, como o surf e os passeios pedestres, nomeada-mente os associados à Rota Vicentina. Vive-se um ambiente de regresso às

origens e as pessoas encontram quali-dade de vida. Quem nos visita encontra essa diferença em aspectos distintivos do ponto de vista histórico, cultural, patrimonial e etnográfico, para além de uma componente ambiental e de biodiversidade muito fortes”. Considerando que é um orgulho fazer par-te do Parque Natural do Sudoeste Alente-jano e Costa Vicentina (PNSACV), José Amarelinho não deixa de criticar o modelo de gestão e regulamentação para o PNSA-CV, que não prevê uma discriminação po-sitiva em relação a factores estruturantes, como as actividades económicas, culturais e patrimoniais, quer em termos de edifi-cação, quer em termos de acessibilidades. “Compatibilizar é propiciar que nos possamos desenvolver de forma sus-tentável. Nós aspiramos à qualidade de vida, para fixar a nossa população, nomeadamente os mais jovens, para que possam regressar depois de irem estudar, necessariamente, para fora do concelho. Somos um município do

litoral, mas que tem todas as caracte-rísticas do interior, o que permite uma complementaridade da nossa oferta. Temos uma grande preocupação que é a de atrair empreendedores e potenciar o empreendedorismo local, com vista a criar postos de trabalho”, assegura. “A beleza natural, a biodiversidade e o ambiente foram mantidos pelos nossos cidadãos. É este legado que queremos deixar para os nossos filhos e para os nossos netos, porque é esta a nossa marca de qualidade, enquanto inte-grantes do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina. Rece-bemos turistas nacionais, vindos de todo o país, e estrangeiros, sobretudo da Europa. Captámos já turistas do Nor-te da Europa, que são apaixonados pelo pedestrianismo e que vão palmilhando toda a Costa Vicentina, do Burgau até Sines. Este é, realmente, um factor dis-tintivo de tudo o que tem que ver com produto turístico. E era isto que nós queríamos promover ainda mais. Do

ponto de vista natural, temos das me-lhores praias para oferecer, tanto em termos de estância, como da prática do surf, do mergulho e da animação marí-timo-turística”, congratula-se o edil. Há, depois, uma série de actividades, que têm que ver com a agricultura, que são muito interessantes, na opinião de José Amareli-nho. Neste caso, a batata-doce assume um tremendo protagonismo, mas no Plano de Ordenamento do PNSACV não aparece uma única discriminação positiva em rela-ção ao cultivo da mesma. “Faz-se a apolo-gia de uma cultura intensiva e em rela-

José Amarelinho, Presidente da Câmara Municipal de Aljezur

UM ROTEIRO DO PRESIDENTE

Chegado a Aljezur é convidado desde logo a percorrer e a perder-se pela zona histórica. A subida ao castelo é imprescindível. Até lá chegar impõe-se que passe pela Associa-ção de Defesa do Património e que visite o Museu Etnográfico, o Museu Arqueológico, o Museu Antoniano e a Casa Pintor José Cercas. Ao descer, o turista poderá visitar a Praia da Amoreira, a Praia do Monte Clérigo e Arrifana. Uma outra sugestão é que visi-te a zona nobre da vila de Aljezur, a Igreja Matriz e não deixe de ir a uma galeria de referência da cultura, que é o Espaço Mais, que já recebeu nomes como Paula Rego e Chichorro, de entre muitos outros artistas. O espaço dinamiza uma iniciativa muito interessante denominada Desconversas, onde já participaram nomes com Marinho Pinto e José Miguel Júdice, mas que tem o seu ponto alto na Exposição anual Arte-Dentro da exclusiva “responsabilidade” dos artistas locais. Quem tiver escolhido a zona de Rogil e Odeceixe, que tem uma praia im-ponente, poderá visitar o Moinho de Odecei-xe e a adega local. No Rogil vale a pena o turista deter-se nos trilhos junto à costa e pernoitar numa das ofertas de turismo rural que por lá existe. Mais a Sul, vale muito a pena entrar na Bordeira, que é sede de fre-guesia, para além de uma aldeia muito típica e bonita, indo depois à Carrapateira para se deslumbrar com a paisagem e com o Mu-seu do Mar e da Terra. Poderá percorrer o Pontal e deliciar-se com a Praia do Amado, onde pode aprender a fazer surf. Sugiro como repasto o robalo escalado num dos restaurantes locais.

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ção a cultura tradicional de um produto autóctone, com Selo de Indicação Geo-gráfica Protegida, não se faz uma única discriminação positiva. O regressar à agricultura tem de vir de um apelo e é esse apelo que nós fazemos. Tempo haverá em que regressaremos à cultu-ra do amendoim, que foi, outrora, uma importante mais-valia agrícola”, acres-centa. Apesar destes desafios, o autarca revela que tem havido um interesse cres-cente na agricultura biológica, que moti-va a realização semanal de um Mercado do Agricultor, todos os sábados. “Aljezur é uma janela de oportuni-dades”, na opinião de José Amarelinho. “Não aspiramos a ter uma grande capacidade industrial, mas a Zona Industrial de Aljezur é um bom exem-plo das condições dadas à fixação de empresas. Seria óptimo conjugar as condições oferecidas com uma boa estratégia de empreendedorismo, li-gada à agricultura, à pesca, ao turismo em espaço rural e ao turismo de natu-reza, de uma forma ambientalmente responsável”, acrescenta o autarca. A gas-

tronomia é um factor identitário e distin-tivo muito importante, sobretudo ao nível do pescado e do marisco, de entre outros pratos como os confeccionados à base de batata-doce, um ingrediente de tal forma importante do ponto de vista histórico a nível local que serve de inspiração ao Fes-

tival da Batata Doce de Aljezur, realizado todos os anos e que a rede de restauração tão bem promove.“As pessoas que chegam até nós dizem que ficam encantadas. As pessoas que aqui trabalham e que aqui vivem con-sideram que este é, provavelmente, um

NÃO ASPIRAMOS A TER UMA GRANDE CAPACIDADE INDUSTRIAL, MAS A ZONA INDUSTRIAL DE ALJEZUR É UM BOM EXEMPLO DAS CONDIÇÕES DADAS À FIXA-ÇÃO DE EMPRESAS. SERIA ÓPTIMO CONJUGAR AS CONDIÇÕES OFERECIDAS COM UMA BOA ESTRATÉGIA DE EMPREENDEDORISMO, LIGADA À AGRICULTURA, À PESCA, AO TURISMO EM ESPAÇO RURAL E AO TURIS-MO DE NATUREZA, DE UMA FORMA AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEL

dos melhores sítios do mundo para vi-ver e para trabalhar. As oportunidades passam muito pelo turismo, um turis-mo que é contrário à massificação”, revela José Amarelinho, acrescentando, a finalizar: “Ainda não temos biblioteca, mas em contrapartida temos piscinas municipais, um bom pavilhão gimno-desportivo, campo relvado, um pavi-lhão de feiras e exposições que inau-gurámos no ano passado e três Centros Escolares de excelência. Temos todo um leque de outras infra-estruturas que desejamos potenciar e um Circui-to Histórico-Ambiental que vamos im-plementar. Pugnaremos sempre para manter o equilíbrio, porque crescimen-to e desenvolvimento são paradigmas completamente diferentes, e a nossa meta é a sustentabilidade. Não pode-mos é de facto continuar à mercê dos tecnocratas do costume que a partir de Lisboa, nos impõem regras cegas e absurdas como foi o caso recente deste novo Plano do PNSACV, ou as portarias da Pesca Lúdica que roçam o infame”, conclui.

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42 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 42 TURISMO | PAÍS POSITIVO

Parque NaturaL do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

Envolto por pinheiros mansos e bravos, carvalhos e sobreiros, que lhe conferem uma frescura carac-

terística, que faz acreditar estarmos num Alentejo diferente, Santiago do Cacém é um concelho cujas estórias se perdem na História. Pioneiro em muitos aspectos, de entre os quais o facto de ter sido lá registado o primeiro automóvel em Por-tugal – um Panhard – propriedade dos Condes d’Avillez, Santiago do Cacém tem um posicionamento central no Litoral Alentejano. É o município mais populoso da região, o maior centro administrativo e é o único que tem, em todo o Alente-jo, duas cidades – Santiago do Cacém e Santo André. “O município destaca-se nestes 150 quilómetros de costa, que vão desde Tróia até Odeceixe, como o grande centro patrimonial, histórico e cultural. É o único município alente-jano e o único a Sul do Tejo com um acordo de irmandade, de geminação, com Santiago de Compostela. O mu-nicípio de Santiago do Cacém teve ganhos com este acordo estabelecido com essa cidade notável da Galiza, que é Património Mundial, e faz jus à sua História e identidade, a partir deste cerro alto que Manuel da Fonseca des-crevia como o ‘Cerro Maior’, imagem de marca de toda a costa alentejana”, evoca o edil. Santiago do Cacém tem uma beleza fan-tástica, oferecida pelas colinas e cerros – o Cerro da Inês, o Cerro da Guarita, o Cerro Maior o do C astelo, retratado por Manuel da Fonseca, o Cerro da Forca, onde em tempos que já lá vão, há muitos séculos, eram executados os alvos da In-quisição. Estas elevações permitem be-neficiar de uma vista privilegiada sobre o Oceano Atlântico e o Cabo Espichel, so-bre Setúbal e a Arrábida e um pouco por todo o Sul. O Castelo Medieval está num lugar altaneiro, a 300 metros do nível do mar. Povoado celta, a que se juntou, mais tarde, uma presença romana fortíssima, patente no sítio arqueológico de Miró-briga, que alberga o único hipódromo ro-mano existente em Portugal, Santiago do Cacém acolheu árabes até à Reconquista Cristã. Integrou a Ordem de Santiago e foi

Município milenar, eleito pelos Celtas, Romanos e Árabes, pela sua importância estratégica na região, Santiago do Cacém teve um papel chave na Reconquista Cristã e pertenceu à Ordem de Santiago. Vítor Proença, presidente da Câmara Municipal, evoca a História e as riquezas do património natural e cultural, no ano em que se comemora o nascimento do escritor Manuel da Fonseca, um ilustre filho da terra.

CERROS DE MIL E UM ENCANTOSCÂMARA MUNICIPAL DE SANTIAGO DO CACÉM

comenda de uma princesa de origem bi-zantina chamada Vataça Lascaris, aia da Rainha Santa Isabel, quando esta, como Isabel de Aragão, veio para Portugal para desposar D. Dinis. “Vataça Lascaris Foi donatária de Santiago do Cacém e ofe-receu a Santiago, entre outros, uma peça notável - um relicário do Santo Lenho, com partes da madeira da Vera Cruz, onde Cristo foi crucificado, que permanece na cidade. Doou ainda à terra o alto-relevo da Igreja Matriz, representado Santiago a combater os Mouros, que é, provavelmente, segun-do os entendidos, a mais bela peça es-cultórica do Gótico português”, como nos conta Vítor Proença.

UMA TERRA ONDE O BEM-ESTAR IMPERA

“Ter qualidade de vida é, sobretudo, usufruir de uma boa natureza e de um bom ambiente, é ter emprego e rendimento, boas acessibilidades e condições de saúde, que felizmente temos. O hospital, com características regionais, já tem mais de 200 anos. A rede escolar é muitíssimo boa, a rede de equipamentos avançou imenso nos últimos quinze anos, a rede de equi-pamentos desportivos, culturais e so-ciais também. Somos o único municí-pio de todo o país com maior e melhor cobertura de Instituições Particulares de Solidariedade Social, presentes em todas as freguesias”, congratula-se o edil, certo de que Santiago do Cacém é

uma janela de oportunidades. “Não é por acaso que estamos com bons in-vestimentos no sector hoteleiro, so-bretudo de média dimensão, muito interessantes. O Turismo em Espaço Rural e o Turismo de Natureza têm aqui um futuro muito significativo”, perspectiva.Apoiando os investimentos que se têm concretizado do ponto de vista indus-trial, que colocam o concelho no cami-nho do progresso, a Câmara Municipal de Santiago do Cacém tem dedicado uma atenção muito grande ao centro histórico da cidade homónima. “Está a decorrer uma intervenção na Tapada do Palácio dos Condes d’Avillez, a par da recuperação do Passeio Romântico dos Romeirinhas, que circunda todo o perímetro do Castelo Medieval”, re-vela o presidente adiantando que estas obras de qualificação estão orçadas em 2,5 milhões de euros, ao abrigo de um programa com financiamento comu-nitário designado por Parcerias para a Regeneração Urbana – Desenvolvimento Urbano, do InAlentejo que abrange tam-bém um projecto chamado ‘Acolhimento a Miróbriga’, na envolvente da antiga ur-bis romana. “Estamos neste momento com um investimento de cerca de dez milhões de euros na cidade de Santo André, uma qualificação completa ao abrigo do Polis XXI, enquadrado no programa Regeneração Urbana”, acrescenta Vítor Proença.A cultura é um valor muito presente no concelho e um investimento que o pre-sidente da Câmara Municipal tem muito orgulho em apresentar: “Temos as nos-sas bibliotecas cheias, assim como o museu, organizamos concertos em aldeias do nosso município com lota-ção esgotada. A Câmara Municipal de Santiago do Cacém tem em funciona-mento uma escola de música, gratui-ta, frequentada por 90 alunos, com dois técnicos de formação, detentores de cursos superiores na área de Edu-cação Musical. Temos, igualmente, em funcionamento uma escola de Guitar-ra Portuguesa, dirigida pelo Mestre António Chainho, filho da nossa terra,

e um sonho antigo do guitarrista”.

CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE MANUEL DA FONSECA

Comemora-se este ano, a 15 de Outubro, o centenário do nascimento de Manuel da Fonseca. “O poeta, o prosador, o contador de histórias, o amigo e o homem que com a sua ironia e com a sua bondade, mas também com o seu sarcasmo, tinha como que um bisturi para analisar a sociedade portugue-sa”, apresenta Vítor Proença, confessan-do: “Eu costumo dizer que o Manuel nos faz muita falta no tempo que cor-re, porque era um homem respeitado e admirado por todos. Sentíamos uma certa nostalgia quando tínhamos de terminar um encontro, fosse a que hora fosse”.Parte da obra do autor está editada. De-pois do seu falecimento, o irmão Artur, que está vivo e mora no concelho de San-tiago do Cacém, conseguiu a publicação de novas edições, que eram inéditas para o grande público, sendo que algumas tinham saído em crónicas de jornais. As comemorações iniciaram-se com o lan-çamento por parte dos CTT – Correios de Portugal de um selo evocativo do centenário, que já está em circulação. “Entretanto estão a ser organizadas novas iniciativas, já que entendemos que Manuel da Fonseca ultrapassa as fronteiras de Santiago do Cacém, pelo que em breve vamos tornar público o programa, que é ambicioso, audacio-so, e envolverá parcerias com outros municípios e com outras entidades”, anuncia Vítor Proença.

Vítor Proença, Edil de Santiago do Cacém

SUGESTÕES DE VISITA

:: Lagoa de Santo André e circuitos limítro-fes:: Monte Velho (centro equestre):: Zona Histórica de Santiago (Castelo Me-dieval, Igreja Matriz e vistas sobre o Oceano Atlântico, avistando o Cabo Espichel e a Serra da Arrábida):: Circuito do interior (barragens) – Cami-nhadas | Canoagem | Hipismo

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José Alberto Guerreiro, Edil de Odemira

Viajámos até Odemira, o maior concelho do país e o que concorre com mais área para o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicen-tina, para conhecer os desafios do desenvolvimento sustentável, numa terra de fortes tradições ao nível da agricultura, da pesca e do turismo, vistos como uma janela de oportunidades, por José Alberto Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de Odemira.

MARAVILHAS DA TERRA E DO MARCÂMARA MUNICIPAL DE ODEMIRA

Um périplo pelo concelho de Odemira faz-nos acreditar que uma estratégia de proximidade entre os cidadãos e o

Parque Natural do Sudoeste Alentejano pode vir bem a ser uma das soluções para combater um certo desinteresse a que os munícipes votaram este território natural e privilegiado, muito rico em termos de biodiversidade. “Em Odemira temos uma mais-valia nos projectos defini-dos e a definir no âmbito do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), dado que constitui uma zona cos-teira naturalizada, integrando 52 por cento da área do parque, com 55 quilómetros de costa e uma faixa média de 20 quilómetros para o interior, o que quer dizer que toda a faixa litoral está abrangida pelo PNSACV”, começa por enquadrar o edil, ciente de que “esta realidade tem, desde logo, um impacto muito grande nas actividades, porque o mar é um atractivo muito grande para o ser hu-mano, onde se desenvolve um conjunto de actividades praticamente exclusivas, como a pesca, o recreio náutico e um certo turismo, quer nas praias, quer nos alojamentos na faixa costeira que acabam por registar uma grande afluência na época estival”. Há uma actividade agrícola de longa data, por força do Perímetro de Rega do Mira, o que im-plica que a autarquia tenha de ter uma atenção especial ao desenvolvimento das actividades agrícola, piscatória, comercial e turística. “É isso que nos tem preocupado e nos tem levado a prever alguns investimentos, nomeada-mente ao nível das acessibilidades, mas não só, uma vez que a melhoria dos equi-pamentos colectivos constitui também uma prioridade do executivo. Neste momento há também um conjunto de investimentos previsto com as outras autarquias, cujos territórios integram o Parque, que estão a ser desenvolvidos à luz do programa Polis do Litoral Sudoeste”, materializa José Alberto Guerreiro. Questionado sobre até que ponto é que é possí-vel conciliar interesses agrícolas com interesses ambientais, à luz de um desenvolvimento sus-tentável, o presidente da Câmara Municipal de Odemira considera que “é um binómio muito difícil, mas com regras cautelosas é possível. É uma questão que tem dividido muitas opi-niões, nomeadamente na confrontação do modelo de agricultura intensiva que se tem vindo a praticar”. Esta é uma zona que tem algumas apetências exclusivas, as condições

climatéricas, onde se verifica a quase completa ausência de geada e o facto de não existirem grandes picos de temperatura, bem como a abundância de água, potenciada pela albufeira da Barragem de Santa Clara. O respeito pelo ambiente está patente num conjunto de activi-dades já implementado, ao nível do Turismo de Natureza, que “têm um efeito sazonal, agra-vado pela deficiente oferta de alojamento hoteleiro”, lamenta o autarca, apesar de regis-tar que existe margem de crescimento, porque dispõem de espaço e de um número crescente de visitantes. “Temos, em contrapartida, um conjunto de actividades atractivas, como a pesca, a mariscagem, a gastronomia e o turismo de natureza, o que vem alargar o conjunto de ofertas da região. Há um longo caminho a percorrer, há de facto um plano que acolhe bem essas actividades, mas que não é consonante com a Estratégia definida pelo Turismo de Portugal, que não consi-dera o Alentejo uma região de Turismo de Natureza por vocação. O futuro pode vir a potenciar essas actividades já que, nomea-damente o Programa Polis prevê a constru-ção de uma ecovia desde Sagres até Sines, o que constitui um convite a usufruir do meio natural em presença”, enuncia José Alberto Guerreiro.

UM OLHAR DO PRESIDENTE

“Temos um litoral atractivo, mas o interior também o é. É uma zona apetecível, am-bientalmente muito rica, com característi-cas muito diferenciadoras, relativamente à maior parte dos territórios, para além de ter boas referências não só a nível regional, mas também nacional. Estamos a procurar arti-cular a oferta entre o litoral e o interior, para que quem nos visita possa contactar com as diferentes realidades. Há uma grande diversidade no concelho”, afirma José Alberto Guerreiro, garantindo que “ao longo dos anos, Odemira tem tido um potencial enorme, que tem vindo a ser aproveitado, mas penso que ainda temos para oferecer a mais-valia de uma janela de oportunidades quer no plano agrícola, quer no turístico, quer, inclu-sivamente, naquilo que são os novos negó-cios ligados à natureza. Apesar do cenário de crise, tem havido nos últimos anos um crescimento do turismo no Concelho”. A finalizar, com chave de ouro, José Alberto Guerreiro, presidente da Câmara Municipal

de Odemira, considera que este é “um litoral diferente, onde é possível assistir a acon-tecimentos naturais como a nidificação das aves nas falésias, nomeadamente a cegonha branca, em sítios deslumbrantes,

como por exemplo junto ao Cabo Sardão. As praias de areias e águas límpidas, re-cortadas por falésias, são muito bonitas. Temos peixe e marisco muito bom. No interior, a Barragem de Santa Clara é uma referência. A própria localidade de Ode-mira, com um ar pitoresco e muito florida, assemelha-se a um presépio. Vamos fazer a requalificação, mas é uma terra bonita, florida e com algum encantamento junto ao Rio Mira. Há uma série de actividades artesanais, onde pontuam a olaria, a ces-taria de vime e a pedra das falésias tra-balhada, que podem encontrar na Feira de Actividades Culturais e Económicas do Concelho de Odemira, a FACECO, que se realiza, normalmente, no terceiro fim-de-semana de Julho”.

LER NA ÍNTEGRA EM WWW.PAÍSPOSITIVO.ORG

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46 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 46 7 MARAVILHAS DA GATRONOMIA | PAÍS POSITIVO

à bordaleza, e o Sável com o seu arroz de ovas. Re-

lativamente à doçaria, esta sofreu influência do célebre mosteiro de Vila Nova de Muía,

por onde passaram os Cónegos Regrantes de

Santo Agostinho e onde es-

teve r e -co-

lhido D. Afonso Henriques, durante duas semanas, para preparar o Recontro de Val-devez. São doces à base de pão-de-ló e ovos, como é o caso do bolo branco. Temos ainda o leite-creme (queimado), as Rabanadas de Mel que podem ser encontrados na ementa de diversos restaurantes, as queijadas de la-ranja e o “magalhães”, bolo à base de mel.

A tradição gastronómica de Ponte da Barca vive, à semelhança de outras regiões, sob uma certa influência sazonal, em certo tipo de pratos. Na sua opinião, como é que se pode potenciar uma oferta gastronómica integrada e constante ao longo de todo o ano?Devido aos excelentes equipamentos de res-tauração que temos no concelho, os visitantes podem encontrar, durante todo o ano, a exce-lência da nossa gastronomia, aliada a uma oferta turística e cultural de qualidade.

A realização de eventos tem-se revelado, cada vez mais, como uma marca distintiva de qua-

lidade e de inovação, para além de um irrecu-sável cartão-de-visita. Decorrendo, ou não, em parceria com restaurantes, que eventos é que estão programados para este ano no domínio da gastronomia?Fruto desta variedade e riqueza gastronómica temos, em conjunto com os proprietários dos restaurantes locais que pretendam participar, levado a efeito as iniciativas Domingos Gastro-nómicos e o Fins-de-Semana Gastronómicos dedicados exclusivamente à promoção das es-pecialidades gastronómicas desta localidade. Estes eventos, que já fazem parte do calendá-rio das iniciativas anuais da autarquia, são um motivo de atracção para inúmeros visitantes, motivados pela gastronomia regional e pelos programas de animação cultural preparados especialmente para esses dias. A par destas iniciativas, promovemos, ao longo do ano, diversas actividades como feiras e festas tradi-cionais, que congregam sempre o objectivo de promover as tradições e a gastronomia local.

Em plena Região dos Vinhos Verdes, Ponte da Barca beneficia das virtudes do ‘néctar’ não só no acompanhamento dos pratos, mas tam-bém na sua confecção. Qual é a importância da aliança da gastronomia com o vinho? Muita. Ao nível vinícola, os vinhos de Ponte da Barca são um produto de qualidade com uma imagem de marca há muito reconhecida pelo mercado nacional e internacional. A viticul-tura representa, de resto, uma das principais fontes de rendimento de uma população que, em percentagem significativa, ainda vive da agricultura. A região de Ponte da Barca é responsável por dois milhões de litros produ-zidos por ano de Vinho Verde e é conhecida pelos Vinhos Verdes Tintos, especialmente os da casta Vinhão, muito apreciados com a gastronomia tradicional. Por isso, esta aliança,

Erguendo-se no Alto Minho como baluarte de riquezas históricas, culturais e patrimoniais ímpa-res, a vila de Ponte da Barca tem na gastronomia um dos seus maiores tesouros. António Vassalo de Abreu, edil da câmara local, é o nosso guia da boa mesa, numa terra que sabe receber.

SABOR DE MIL EXPERIÊNCIAS FEITOCÂMARA MUNICIPAL DE PONTE DA BARCA

Ponte da Barca é um dos concelhos portu-gueses com mais riqueza gastronómica. Historicamente, a que é que se deve esta diversidade que dá a conhecer ao país e aos turistas estrangeiros um leque de verdadeiras maravilhas da mesa?Sim, Ponte da Barca é dos concelhos mais ricos no que toca à gastrono-mia, pois aqui encontra-se o mais tradicional sa-bor, fruto da utilização dos mais variados e ricos produ-tos da região para a confecção de diversas especiali-dades. Desde sempre que se soube valorizar todo aquilo que a Terra e o Rio Lima davam, talvez por isso a gastronomia de Ponte da Bar-ca seja rica, variada e, em parte, sazonal devido à tradição popular quotidiana à qual os pratos estão associados (como é o caso da matança do porco), ao qual se junta o saber–fazer tradi-cional da mão que o prepara e que lhe dá o seu tão especial sabor.

De Norte a Sul, de Leste a Oeste do Concelho, que especialidades é que gostaria de destacar do antigo e valioso receituário gastronómico local? De entre todas as especialidades merecem destaque o Cozido à Portuguesa, que se distin-gue dos demais por ser confeccionado com os enchidos, as carnes e legumes da região, o Sar-rabulho, as Papas de Sarrabulho, o Cabrito da Serra Amarela e a Posta Barrosã, nas carnes; a Lampreia, confeccionada nas duas receitas tradicionais – o arroz de lampreia e a lampreia

a par de outros focos de interesse, faz todo o sentido, pois potencia e diferencia o turismo desta região.

A Câmara Municipal de Ponte da Barca, a que preside, está em fase de implementação ou pretende vir a dinamizar algum projecto liga-do a gastronomia, para além dos eventos que organiza neste âmbito?É nossa intenção continuar a promover a gas-tronomia local e a incrementar este que é um dos nossos maiores trunfos em termos de pro-moção do concelho. Vamos continuar a apos-tar na iniciativa Domingos Gastronómicos, que tem tido, desde há uns anos, uma larga adesão, e apostar na participação de eventos e dinamização de iniciativas que destaquem a cozinha barquense e que contribuam para a afirmação do concelho como destino gastro-nómico por excelência.

A finalizar, gostaria de enviar uma mensagem aos nossos leitores?Vale sempre a pena visitar Ponte da Barca, seja pela sua riqueza gastronómica, paisagística ou cultural. Quem vier, de certeza que vai dar por bem empregue o seu tempo. Sejam bem--vindos!

A REGIÃO DE PONTE DA BARCA É RESPONSÁVEL POR DOIS MILHÕES DE LITROS PRODUZIDOS POR ANO DE VINHO VERDE

7 MARAVILHAS DA GASTRONOMIA

Portugal é conhecido por ser um país onde se come bem. O evento «7 Maravilhas da Gastronomia®» vai divulgar e promover o património gas-tronómico nacional, reconhecido e apreciado em todo o mundo pela sua diversidade, pelos sabores únicos e qualidade dos produtos com que os pratos são confeccionados.

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66 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 66 ALUMÍNIO EM PORTUGAL | PAÍS POSITIVO

Nascida da indústria e para a indústria, no ano 2000, a Associação Portuguesa do Alumínio (APAL) é a marca da evolução associativa iniciada em 1982 com a APA – Associação Portuguesa dos Anodizadores, a que se seguiu a APAL – Associação Portuguesa de Anodização e Lacagem, em 1990. Afirmando o carácter distintivo e estruturante da qualidade da produção, à luz dos mais exclusivos referenciais, a APAL assume-se como a entidade aglutinadora da cadeia de valor do sector do alumínio, como nos revela Nelson Oliveira, presidente da direcção.

UMA CULTURA DE EXCELÊNCIA NA DEFESA DO SECTORAPAL – ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DO ALUMÍNIO

indústria do alumínio e congregar esforços no sentido de que os inte-resses dos sócios e da indústria em geral sejam defendidos”, afirma Nel-son Oliveira, acrescentando: “Defende-mos que os nossos sócios se mante-nham homologados e certificados, para que os clientes finais tenham confiança na qualidade associada a cada produto e a componente de exportação seja assegurada, garan-tindo a qualificação e a aceitação do produto nacional nos mercados ex-ternos”. Numa perspectiva de interacti-vidade, a APAL promove o intercâmbio de documentação, desenvolve activida-des formativas e tem a funcionar, em permanência, grupos de trabalho sec-toriais, de forma a dar resposta aos exi-gentes desafios da qualidade. “Partici-pamos em fóruns onde se discutem as tendências actuais e as de futuro, para que os nossos sócios estejam preparados para esses desafios. Di-namizamos as marcas de qualidade que estão associadas a cada uma das actividades, nomeadamente ao nível da lacagem, anodização e revesti-mento de ferro. No fundo, somos a

Nelson Oliveira, Presidente da Direcção da APAL

MARCAS INTERNACIONAISDE QUALIDADE

Estes logótipos abrangem não só os requi-sitos normativos legais, mas também as exigências do consumidor final.

:: QUALANOD - Anodização:: QUALICOAT – Lacagem tradicional do alumínio:: QUALIDECO – Lacagem do alumínio com imitação de madeira:: QUALISTEELCOAT – Lacagem do aço

Todas estas licenças de marca de qualidade (labels) estão associadas a um conjunto de requisitos que respeitam à qualidade final do produto, que é avaliada pelo LNEC, orga-nismo associado, que por sua vez, integra uma entidade europeia, a QUALISURFAL, que abarca todos os laboratórios e entida-des auditoras de cada país. Nelson Olivei-ra reafirma que, mais cedo ou mais tarde, quem não se pautar pelo cumprimento das normas perderá o seu lugar no mercado.

placa giratória que permite manter os nossos sócios em contacto, entre si e com as entidades oficiais”, asse-gura o presidente da direcção, enun-ciando a importância da rastreabilida-de no decorrer do processo produtivo. “Temos relações com uma entidade auditora – o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que faz as inspecções aos sócios da APAL sem aviso prévio. Privilegiamos esta par-ceria, de há muitos anos, na medida em que o LNEC é uma entidade muito respeitada, não só a nível nacional, mas também a nível internacional”, que garante o cumprimento dos requi-sitos que as marcas internacionais de qualidade exigem.

A APAL agrega no seio da sua es-trutura as secções de Extrusão, Anodização e Lacagem, do alu-

mínio, correspondentes às especializa-ções industriais dos seus 35 associados. Uma secção complementar agrupa as empresas de tratamento e revestimen-to e protecção do ferro. Alguns sócios

procuram diversificar a sua actividade, para poderem fazer face às oscilações do mercado. A grande maioria dos só-cios é detentora das licenças de marca de qualidade europeia para a anodiza-ção e lacagem de alumínio. “Temos presente que a nossa mis-são é ajudar o desenvolvimento da

ALUMÍNIO EM PORTUGAL

Importante sector da economia, onde a tecnologia e a inovação andam de mãos dadas, segundo padrões internacionais que regulam a qualidade do produto final, a fileira do alumínio tem, em Portugal, excelentes exemplos industriais que é importante conhecer.

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70 INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO | PAÍS POSITIVO 70 20 ANOS DA AUTOEUROPA | PAÍS POSITIVO

De Palmela para o mundo, desde 1995, constituindo o maior investimento estrangeiro alguma vez realizado em Portugal, a História da Volkswa-gen Autoeuropa, começa a contar-se quatro anos antes, aquando da constituição de uma joint-venture entre a Volkswagen e a Ford. A assunção da totalidade do capital da empresa, em 1999, pelo Grupo Volkswagen, marca, indelevelmente, uma tendência de reforço da competitividade que tem projectado o nome da Volkswagen Autoeuropa além-fronteiras.

DESAFIOS DA COMPETITIVIDADE NUM SECTOR DE VANGUARDAVOLKSWAGEN AUTOEUROPA

A Volkswagen Autoeuropa, uma das melhores e mais moder-nas unidades de produção de

automóveis da Europa, tem vindo a consolidar o seu posicionamento no mercado global e altamente exigente, sob o signo da inovação. Desde o mo-mento que marca a génese da empresa em Portugal, em 1991, quando ficou definido que a Volkswagen lideraria o desenvolvimento do veículo, enquanto a Ford planearia as instalações fabris e o aprovisionamento, à luz da joint-ven-ture até hoje, a Volkswagen Autoeuropa tem trilhado um percurso de grande sucesso. A competitividade, enquanto elemento aglutinador da potencialidade tecnoló-

gica com o capital humano, é uma das bases distintivas da melhoria contínua de processos, produtos e serviços. A qualidade e a produtividade são facto-res tidos em conta na afirmação de polí-ticas de flexibilidade dos produtos, das infra-estruturas e dos colaboradores. Detendo uma área total de cerca de dois milhões de metros quadrados, onde se incluem, de entre outros departamen-tos, as quatro áreas de produção de alta tecnologia – prensagem, construção de carroçarias, pintura e linha de monta-gem – a Volkswagen Autoeuropa pre-tende ser a fábrica da Volswagen mais atractiva do continente europeu. Alvo de vários acordos de investimento entre a Volkswagen e o Governo Por-

tuguês, a Volkswagen Autoeuropa tem concretizado o importante objectivo de instalação de novas infra-estruturas de produção, a modernização do equipa-

mento e a formação de colaboradores, em busca da eficiência, elevada a con-dição de excelência pelo seu percurso corporativo singular.