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FAZER CRESCER O TURISMO ATÉ 2030 – FORTALECER O SENTIMENTO DE IDENTIDADE NACIONAL TIMOR-LESTE: POLÍTICA NACIONAL DE TURISMO Elaborado com o apoio de: PETER SEMONE MAEVE O’BRIEN

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FAZER CRESCER O TURISMO ATÉ 2030 – FORTALECER O SENTIMENTO

DE IDENTIDADE NACIONAL

TIMOR-LESTE:

POLÍTICA NACIONAL DE TURISMO

Elaborado com o apoio de:

PETER SEMONE MAEVE O’BRIEN

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"Um belo país como Timor Leste, com a sua história de determinação e heroísmo, não deve ser promovido através de uma indústria de turismo que crie um pequeno mundo moderno de hotéis de luxo, mas sim devemos acelerar a criação de condições para o ecoturismo, como um meio de promover a identidade, personalidade e caráter únicos do nosso povo, com uma dimensão de relações mais humanas entre as pessoas.

É necessário que sejamos inflexíveis na defesa do meio ambiente, com todas as consequências que isto possa trazer, porque nunca devemos perder de vista a linguagem da terra que é a nossa nação, que tem de ser preservado como o nosso berço e como prado verdejante onde as gerações futuras vão crescer, e como um túmulo cheio de flores para todas as gerações que nos precederam".

Xanana Gusmão 1999,

"Para o setor prosperar e para as Viagens e o Turismo se desenvolverem de forma sustentável, os governos devem proporcionar um ambiente físico, regulamentar, fiscal e social acolhedor - um que também propicie o desenvolvimento de empresas. Isto significa infra-estruturas adequadas, incentivos para o investimento do setor privado, bons acessos - incluindo boas ligações nos transportes e facilitação de vistos - e fiscalidade inteligente, bem como políticas adequadas para incentivar o crescimento da procura".

Conselho Mundial de Viagens e Turismo 2015

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Declaração do Primeiro-Ministro / Ministro do Turismo ......................................................................... 4

Sumário Executivo ...................................................................................................................................... 6

Metodologia ............................................................................................................................................... 8

Introdução .................................................................................................................................................. 9

Compreender o Turismo como um Ecosistema Complexo ............................................................... 12

O Ambiente Propício ........................................................................................................................... 13

Ambiente Empresarial ...................................................................................................................... 13

Segurança e Proteção .................................................................................................................... 13

Saúde e Higiene ............................................................................................................................... 14

Recursos Humanos e Mercado de Trabalho ................................................................................. 14

Disponibilidade das Tecnologias de Informação e Comunicação .......................................... 15

Política de Viagens e Turismo e Criação de Condições ................................................................. 15

Priorização de Viagens e Turismo ................................................................................................... 15

Abertura Internacional ..................................................................................................................... 16

Competitividade dos Preços .......................................................................................................... 16

Sustentabilidade Ambiental ............................................................................................................ 16

Infraestruturas ........................................................................................................................................ 17

Infraestruturas de Transportes Aéreos ............................................................................................ 17

Infraestruturas Rodoviárias e Portuárias ......................................................................................... 17

Equipamentos de Serviço Turístico ................................................................................................. 18

Recursos Naturais e Culturais .............................................................................................................. 18

Recursos Naturais .............................................................................................................................. 18

Recursos Culturais e Turismo de Negócio ...................................................................................... 19

Definir o Caminho para o Turismo em Timor-Leste .............................................................................. 20

Finalidade .............................................................................................................................................. 21

Prosperidade ......................................................................................................................................... 23

Proteção ................................................................................................................................................ 25

parcerias ................................................................................................................................................ 27

Pessoas .................................................................................................................................................. 29

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MENSAGEM DO PRIMEIRO-MINISTRO/MINISTRO DO TURISMO

Timor-Leste tem um potencial turístico considerável e o setor assume uma importância fundamental no futuro da economia. Para assegurar que a indústria turística seja desenvolvida de forma sustentável, eficaz e eficiente, há que introduzir um quadro regulamentar claro. Este documento de Política Nacional de Turismo de Timor-Leste, intitulado Fazer Crescer o Turismo até 2030 – Fortalecer o Sentimento de Identidade Nacional - é um apelo à ação para que todas as partes interessadas trabalhem em conjunto, tendo em vista atingir o verdadeiro potencial do país como destino turístico internacional.

Desde a independência, o turismo de Timor-Leste tem se deparado com períodos de crescimento e declínio, em que tendências políticas e económicas em sentido lato, quer no país, quer no exterior influenciaram significativamente o número de visitantes estrangeiros. No entanto, o turismo é um dos setores económicos mais importantes do país e tem potencial para desempenhar um papel central na economia de Timor-Leste, cujo eixo reside nos rendimentos provenientes da extração de petróleo.

Em 2015, o turismo foi responsável por rendimentos na ordem de USD $14 milhões, em benefícios diretos para a economia. O setor garante cerca de 4.000 postos de trabalho no alojamento, na restauração, e noutros serviços relacionados com o turismo. No entanto, a contribuição do turismo não se limita apenas a gerar diretamente emprego, atividade económica e exportações. Contribui também para fomentar a inclusão social e o acesso ao mercado de trabalho pelas mulheres e jovens. O turismo tem o potencial para erradicar a pobreza e promover o espírito empresarial, o que proporcionará a oportunidade necessária ao nosso povo.

Dada a posição de Timor-Leste como uma pequena economia insular, o país depende, em larga medida, dos setores de exportação para gerar receitas que alimentem a atividade económica doméstica e contribuam significativamente para mobilizar impostos que financiem os serviços públicos. O ponto central da política nacional de turismo é, portanto, maximizar a contribuição do turismo para as exportações e, ao mesmo tempo, proteger os ativos de valor inestimável que constituem o património natural, edificado e cultural do país.

Este processo envolve um esforço concertado por parte de todos os departamentos governamentais, do setor privado e da sociedade civil, trabalhando de forma unificada, para que o sucesso do turismo seja uma prioridade nacional. Em termos de objetivos específicos, em 2030 a ambição do Governo é que a receita proveniente do turismo estrangeiro atinja USD $150 milhões em termos reais (isto é, de acordo com os preços de 2016), e que o emprego no setor chegue a 15.000. Isto será sustentado por 200.000 visitas de turistas estrangeiros por ano até 2030, em comparação com 55.000 em 2015.

No passado, o nosso património natural e cultural tem sido frequentemente apontado como o principal fator que motiva a escolha para, em primeiro lugar, visitar o nosso país e, posteriormente, desfrutar da experiência de férias em Timor-Leste. No futuro, o nosso povo, a natureza e a cultura serão os pilares fundamentais em torno dos quais a nossa oferta de turismo será construída.

Agora, pela primeira vez, teremos também um quadro político aprovado em vigor que se concentra na finalidade, na prosperidade, na proteção, na parceria e nas pessoas como os principais motores de sucesso do nosso turismo. O Governo está empenhado nos princípios orientadores estabelecidos na presente Política Nacional de Turismo e, nos próximos meses, vamos desenvolver uma estratégia de implementação complementar e um plano de ação

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detalhado para estabelecer medidas específicas que serão implementadas para promover o desenvolvimento do turismo em Timor-Leste nos próximos anos.

As nossas ambições têm também os desafios. Tendo como referência indicadores de competitividade do turismo internacional e dos países vizinhos da ASEAN, Timor-Leste tem ainda um ambiente de negócios pouco favorável, o que limita a capacidade de desenvolvimento do setor do turismo. As nossas políticas públicas e ambiente de negócios são por vezes contraproducentes e incompatíveis com o potencial que temos para fazer crescer o turismo. Há também limitações à expansão do setor, devido às infraestruturas pobres ou inexistentes. E ainda temos de colocar a oferta dos nossos recursos naturais e culturais no centro do desenvolvimento do turismo. Ao mesmo tempo que devemos apreciar e reconhecer estes desafios, não devem, todavia, ser desculpas ou razão para a inação.

Agora é a hora de colocar o turismo no centro da nossa agenda política e deitar as sementes que, se alimentadas, darão frutos económicos ao nosso povo e terão um impacto futuro e duradouro nas futuras gerações de timorenses.

Em 2030, o nosso objectivo será ter um setor turístico atraente e vibrante, que contribuirá significativamente para o emprego em todo o país, será económica, social e ambientalmente sustentável, ajudará a promover uma imagem positiva de Timor-Leste no exterior, e será uma indústria onde as pessoas desejam trabalhar. Esta Política Nacional de Turismo providencia um enquadramento para a concretização dessa ambição e esperamos trabalhar com a indústria, as agências de turismo, os departamentos governamentais e com todos os interessados no turismo em Timor-Leste para assegurar a concretização da nossa ambição.

Em conclusão, gostaria de expressar os nossos agradecimentos à Organização Internacional do Trabalho, à Agência da Nova Zelândia para o Desenvolvimento Internacional e a todos os parceiros pela sua contribuição e cooperação no desenvolvimento desta Política Ncional de Turismo de Timor-Leste.

Inserir Fotografia e Assinatura

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SUMÁRIO EXECUTIVO

A Política Nacional de Turismo de Timor-Leste é abrangente e contém princípios gerais definidos para o desenvolvimento do setor do turismo do país no período que decorre até 2030. Estabelece um quadro de referência para colocar o turismo no centro da diversificação sócio-económica nacional e orienta todos os parceiros no sentido da coordenação, colaboração e fomento de parcerias, para que o país possa obter divisas, criar empregos e reduzir a pobreza.

A Política Nacional de Turismo orienta tanto os organismos públicos como as empresas privadas no sentido de assegurarem que a sustentabilidade social, económica e ambiental seja colocada no centro da oferta turística de Timor-Leste, a fim de maximizar a competitividade futura do país como destino turístico. Também reconhece que o património cultural de Timor-Leste e o meio ambiente natural é, ao mesmo tempo, uma parte vulnerável e integrante da oferta turística do país e apoia a proteção do património natural e edificado de uma forma sustentável do ponto de vista ambiental, económico e social.

A política de turismo destina-se a apoiar as estratégias já formuladas pelo Departamento Governamental responsável pelo setor do Turismo e outras agências governamentais, com a ressalva de que estas permaneçam alinhadas e coerentes com os princípios de nível macro estabelecidos neste documento. A Política Nacional de Turismo não propõe a localização, a natureza, a dimensão ou as condições operacionais de implementação estratégica, nem lhes aloca recursos específicos. Pelo contrário, serve de referência para o necesário enquadramento que poderá servir de base à avaliação de estratégias futuras e para a tomada de decisões informadas que possam ter impacto no setor do turismo, por exemplo, na educação e formação.

Os princípios estipulados nesta Política Nacional de Turismo baseiam-se e são avaliados tendo em conta as boas práticas internacionais, conforme definidas pelos destinos turísticos internacionalmente competitivos, relativamente ao ambiente favorável, vontade política, infraestruturas e recursos turísticos. A situação atual do desenvolvimento da indústria e as aspirações nacionais para uma economia próspera e menos dependente do petróleo são também consideradas.

Como abaixo descrito, a Política Naconal de Turismo postula cinco temas abrangentes através dos quais o Governo, a indústria, a sociedade civil e os parceiros de desenvolvimento devem ver o turismo e concentrar os seus esforços a fim de alcançar uma visão de prosperidade do setor e sustentabilidade para Timor-Leste.

Finalidade

Para satisfazer os propósitos da Política Nacional de Turismo e atingir o seu objetivo, a indústria turística será reconhecida, a nível nacional e internacional, como um pilar fundamental do desenvolvimento económico do país, e esta política pública será adotada por todas as instituições públicas e privadas. Isso será alcançado através de dotações de financiamento público e recursos necessários para colocar o turismo na vanguarda do desenvolvimento económico nacional, bem como uma forte campanha de marketing interno que irá comunicar a prioridade do turismo a todos os departamentos e instituições. Através de ações de sensibilização por parte de figuras públicas importantes, o povo de Timor-Leste apreciará melhor o seu papel de anfitrião do turismo e abraçará a aspiração nacional – turismo para todos e todos pelo turismo.

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Prosperidade

O turismo de Timor-Leste será reconhecido pela sua competitividade de preços e pela boa relação qualidade-preço, algo que será alcançado e apoiado ao permitir iniciativas a nível governamental para impulsionar o crescimento do turismo, facilitar e incentivar vínculos com outras indústrias locais e implementar medidas de consolidação orçamental, tendo por base um rigoroso acompanhamento das tendências económicas e de mercado em Timor-Leste e na região da ASEAN em geral. O turismo de Timor-Leste será caracterizado pela criação de emprego e de novas oportunidades em todas os setores da sociedade, através de empreendimentos turísticos de base comunitária. Este objetivo será alcançado através de parcerias entre empresários e o governo para criar novos empreendimentos e emprego local que estão ligados e integrados às ofertas de turismo mais amplas do país.

Proteção

O turismo de Timor-Leste será reconhecido por valorizar e proteger o meio ambiente natural e o seu património cultural único. Isto será alcançado através da aprovação de legislação que conceda proteção plena ao ambiente natural e patrimonial, que garanta o desenvolvimento sustentável e apoie empreendimentos turísticos de base comunitária. O país será reconhecido como um destino turístico seguro e saudável, que opera dentro dos mais altos padrões de qualidade reconhecidos internacionalmente. Este objetivo será atingido através de um investimento contínuo na formação de pessoal nas indústrias de apoio, tais como segurança, saúde e vigilância ambiental, bem como através da coordenação de tais serviços a nível governamental.

Parceria

O turismo de Timor-Leste será caracterizado por um conjunto de parcerias públicas e privadas que estimulam e desenvolvem um portefólio diversificado de produtos turísticos, desde iniciativas de base comunitária ao investimento direto estrangeiro. Isso será alcançado através da cooperação interministerial e interdepartamental e do envolvimento do setor privado, com a visão comum de criar uma indústria de turismo economicamente viável, que conduzirá à integração do investimento público e privado para estimular e desenvolver uma indústria de turismo diversificada. As parcerias no setor do turismo serão exemplificadas através da criação da Autoridade de Turismo de Timor-Leste a nível nacional e de Organizações de Gestão de Destino Turístico (OGDTs) a nível distrital.

Pessoas

O turismo em Timor-Leste será caracterizado por uma força de trabalho formada e qualificada egundo padrões internacionais, para garantir ao visitante uma experiência de máxima qualidade. Este objetivo será alcançado através de uma parceria entre a indústria e o setor da formação/educação para conceber e executar programas a todos os níveis, de forma a facilitar o acesso aos participantes em todas as fases das suas carreiras. O governo e o setor privado comprometem-se a financiar e a mobilizar recursos para estas iniciativas contínuas de formação e educação. Isto será também apoiado pelo setor privado, dando oportunidade aos gestores para atuarem como mentores junto de empresários, de modo a incentivar novos empreendimentos de base comunitária. A sensibilização para a importância do turismo será melhorada através da introdução de cursos introdutórios nos programas curriculares do ensino primário e secundário.

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METODOLOGIA

O processo de consulta pública para esta Política Nacional de Turismo começou em 2008, quando um esboço do documento foi produzido pela Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas (UNWTO)1. Foram também realizadas outras pesquisas factuais por muitas agências de desenvolvimento em atividade em Timor-Leste, incluindo: Fundação Ásia, em colaboração com a Agência Australiana para o Desenvolvimento Internacional 2 ; a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional3; o Banco Asiático de Desenvolvimento4; e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em colaboração com o Programa de Ajuda da Nova Zelândia e o Programa de Cooperação da Irlanda5.

Em julho e setembro de 2016, deu-se início a um processo de consulta pública, no qual as partes interessadas no setor do turismo foram entrevistadas individualmente e em determinados grupos para apoiar um maior desenvolvimento da Política Nacional de Turismo de Timor-Leste

Para apoiar estas atividades, o Governo de Timor-Leste também realizou uma análise da situação do turismo, que identifica as oportunidades e desafios de desenvolvimento do setor. Este trabalho, liderado por S. Exa. o Ministro do Turismo, Artes e Cultura, alicerça o desenvolvimento desta política de turismo e outros planos estratégicos e de ação complementares que possam ser estabelecidos para ajudar a alcançar os objetivos específicos nacionais, tais como: emprego; sustentabilidade; integração regional; e diversificação económica.

1 Esboço da Política de Turismo de Timor-Leste (2008) 2 Dados de 2014 sobre Turistas a viajar para Timor-Leste 3 Análise da Diversificação de Timor-Leste (agosto de 2015) 4 Crescimento da Economia Não Petrolífera: Uma Avaliação do Setor Privado para Timor-Leste (2015) 5 Projeto de Oportunidades de Negócios e Serviços de Apoio (BOSS) (2013)

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INTRODUÇÃO

Atualmente, o volume de negócios global de turismo iguala ou até supera o das exportações de petróleo, produtos alimentares ou automóveis. O turismo tornou-se um elemento incontornável no comércio internacional e representa uma das principais fontes de rendimento para muitos países em desenvolvimento. Este crescimento segue de mãos dadas com o aumento da diversificação e concorrência entre destinos turísticos. O turismo representa uma complicada teia de inter-relações que gira em torno do turista, mas também, e sobretudo, envolve a comunidade local, o ambiente, outros intervenientes públicos e privados e a sociedade civil. O turismo é um fenómeno dinâmico que não só influencia a economia de um país, mas também as suas dimensões ambientais, políticas, sociais e culturais.

O turismo internacional representa atualmente 30 por cento das exportações mundiais de serviços e seis por cento de todas as exportações globais.6 De acordo com a Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas (UNWTO), o total de receitas de exportação geradas pelo turismo internacional em 2015 foi de USD $1,232 trilião, em despesas de alojamento, alimentação e bebidas, entretenimento, compras e outros serviços e produtos. Para a Ásia e Pacífico, estas receitas têm vindo a triplicar desde 2005, atingindo um total impressionante de USD $418,9 mil milhões em 2015.7

As viagens de turismo a nível global ultrapassaram o marco de mil milhões em 2012 e continuaram a crescer a um ritmo robusto atingindo 1,184 mil milhões em 2015. Para a Ásia e Pacífico, as viagens de turismo quase duplicaram na última década, de 154 milhões em 2005, para pouco menos de 300 milhões em 2015. Estes valores da receita equiparam-se a um gasto médio diário impressionante de USD $3,375 mil milhões em serviços mundiais entregues no local de destino turístico. O gasto diário regional para os destinos turísticos da Ásia e do Pacífico equivale em média a USD $1,150 mil milhões.

O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) estima que cerca de 284 milhões de pessoas estão envolvidas em alguma forma de trabalho direto no setor do turismo mundial, setor este responsável por um em cada 11 postos de trabalho em todo o mundo.8 E quando considerado num contexto mais amplo, os especialistas defendem que a cadeia de valor do turismo produz um efeito multiplicador, resultando num aumento de 1,4 postos de trabalho por setor. Isto sugere que 638 milhões de postos de trabalho são incentivados através de atividades relacionadas com o turismo a nível mundial.

Isto é significativo para uma região onde muitos países estão a trabalhar para minimizar os desafios na redução da pobreza, satisfazer as necessidades humanas básicas, garantir o bem-estar humano, promover a estabilidade política, garantir a segurança nacional e procurar a igualdade entre grupos étnicos, mulheres e outros grupos vulneráveis das suas populações. Em suma, o turismo apresenta um sistema incrivelmente eficiente e eficaz para transferir riqueza das economias mais desenvolvidas, origem da maioria dos turistas, para países menos desenvolvidos, envolvendo o setor na defesa dos mais desfavorecidos.

O Governo de Timor-Leste vê o potencial de crescimento do turismo como parte de uma estratégia de desenvolvimento económico de cinco pilares e um meio de inclusão mais amplo da sua população de 1,2 milhões de habitantes. É consensual entre os parceiros

6 UNWTO Destaques do Turismo Edição de 2015 7 UNWTO Barómetro do Turismo Mundial, Volume 14, Maio 2016 8 WTTC Impacto Económico das Viagens e do Turismo, 2016

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públicos e privados que urge estabelecer um mecanismo de planeamento do turismo que defina os princípios desta política e sirva de roteiro a uma estratégia de turismo unificada e a um plano de ação para o país.

Esta Política Nacional de Turismo de Timor-Leste tem por base os objectivos estabelecidos no Plano Estratégico de Desenvolvimento – 2011-2030 (PED), que é uma visão a 20 anos e reflete as aspirações de criar uma nação próspera e forte. O PED foi desenvolvido para inspirar mudanças, apoiar a ação colectiva e planear um futuro melhor. De acordo com a visão do PED, até 2030 Timor-Leste ter-se-á juntado ao grupo de países de rendimento médio alto, erradicado a pobreza extrema e estabelecido uma economia não petrolífera sustentável e diversificada. O Guia de Reforma e Fomento Económico de Timor-Leste, 2015-2017 (GRFE) identifica os cinco principais pilares de crescimento económico para Timor-Leste como sendo: petróleo e gás, agricultura, pescas, turismo e indústria transformadora.

No âmbito do Pilar 4 do GRFE, são identificadas duas atividades principais para o setor do turismo: o desenvolvimento de um modelo económico para realizar uma estimativa do impacto atual das despesas turísticas na economia e prever o potencial do setor; e estabelecer uma Política de Turismo para Timor-Leste, em conjunto com o Ministério do Turismo, Artes e Cultura e a Organização Internacional do Trabalho.

Desde a restauração da independência em 2002, o Governo de Timor-Leste tem procurado tornar o turismo um eixo central da economia, a fim de reduzir a sua forte dependência em relação à extração de petróleo. Na feira de turismo Travel Mart 2003 da Pacific Asia Travel Association, em Singapura, o então Presidente da República, Sua Excelência Kay Rala Xanana Gusmão disse, no seu discurso de abertura, que “O turismo será uma fonte importante de crescimento económico, depois do petróleo e do gás. Estamos agora a desenvolver esta indústria da estaca zero e vamos mostrar ao mundo a nossa cultura e o nosso povo”.

Timor-Leste está situado numa das regiões turísticas mais competitivas do mundo. A região Ásia Pacífico registou o crescimento mais rápido em todo o mundo em 2015, com um aumento de 8% nas chegadas de turistas internacionais e um aumento de 4% nas receitas do turismo. De acordo com relatórios da UNWTO, em 2015 o Sudeste Asiático ganhou USD $108 mil milhões das 104 milhões de chegadas de visitantes internacionais. O WTTC estima que o turismo emprega diretamente 65 milhões de pessoas na região da Ásia Pacífico.

Este crescimento nas economias de turismo no sudeste da Ásia decorre de uma série de razões:

- Fatores económicos e demográficos, tais como: forte crescimento em grandes economias em desenvolvimento como a China, o aumento da classe média, o aumento dos direitos de férias, recentes taxas de câmbio favoráveis, e os baixos preços do petróleo;

- Factores de crescimento no setor do turismo, tais como: a expansão contínua de companhias aéreas de baixo custo, o aumento da conectividade, viagens de negócios mais frequentes e períodos curtos de férias;

- Fatores tecnológicos, tais como: o desenvolvimento da internet, o aumento da presença dos meios de comunicação social, a expansão das plataformas digitais; e

- Fatores relacionados com a Política de Turismo, tais como: maior compromisso para com o turismo por parte dos governos e uma melhoria demonstrada na sofisticação do marketing e das organizações de gestão de destinos turísticos.

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As previsões sugerem que em 2015 Timor-Leste recebeu USD $14 milhões dos 55.000 visitantes e que o setor do turismo empregou diretamente cerca de 4.300 pessoas. E apesar das receitas de petróleo e gás ainda serem o fator predominante na economia, a queda dos preços e da produção está a forçar o Governo de Timor-Leste a diversificar a sua economia, sendo o turismo visto como um substituto de alto potencial.

Estes indicadores económicos fundamentais colocam a questão de como Timor-Leste alimenta o setor do turismo enquanto pilar económico fundamental para o país. Esta Política Nacional do Turismo visa fornecer respostas e apontar caminhos para este setor longe da dependência de petróleo e gás, para uma maior diversificação, na qual o turismo está no centro das atividades económicas e de crescimento.

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COMPREENDER O TURISMO COMO UM ECOSISTEMA COMPLEXO

Na perspetiva de gestão de destino turístico, o turismo deve ser visto como um ecossistema complexo que implica o movimento de pessoas para países e lugares fora do seu ambiente habitual, onde interagem com o ambiente físico e com a comunidade local.

A complexidade do ecossistema do turismo exige que haja uma ação coletiva a todos os níveis da sociedade, devendo haver também um reconhecimento universal de que o sucesso do setor diz respeito a todos. O Fórum Económico Mundial (FEM) publica o Relatório Bianual de Competitividade do Setor de Viagens e Turismo, que estabelece e mede um conjunto de fatores e políticas que permitem o desenvolvimento sustentável do setor do turismo de um país e contribui para a sua competitividade global. Conforme apresentado na figura abaixo, o índice WEF integra quatro sub-índices, 14 pilares e 90 indicadores individuais que servem coletivamente de referência para a política de turismo e desenvolvimento estratégico.

A Espanha liderou a edição de 2015 do Fórum Económico Mundial pela primeira vez, seguida pela França, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Austrália, Itália, Japão e Canadá.

Embora Timor-Leste ainda não esteja incluído no índice, muitos dos países do Sudeste Asiático, considerados conjuntamente do ponto de vista da sua competitividade, são os seguintes: Singapura (11º); Malásia (25º); Tailândia (35º) Indonésia (50º); Filipinas (74º); Vietname (75º); República Democrática e Popular do Laos (96º); Camboja (105º); e Myanmar (134º).

Recursos Naturais e Culturais

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Globalmente, os países com melhor desempenho são aqueles que estão melhor preparados para aproveitar as oportunidades de novas tendências, tais como a crescente procura dos países emergentes e em desenvolvimento, como a Índia e a China, as diferentes preferências dos viajantes, desde a terceira idade a uma nova geração de jovens; e a importância de serviços on-line e marketing, especialmente através da Internet móvel e dos meios de comunicação social.

Além disso, estes países reconhecem que o desenvolvimento da indústria do turismo é complexo e requer coordenação interministerial e parcerias público privadas para superar obstáculos financeiros, institucionais e organizacionais.

A análise que se segue apresenta um panorama dos 14 pilares de competitividade no setor do turismo e uma análise de referência sobre qual a posição de Timor-Leste em relação a cada um destes critérios. Coletivamente, estes critérios fornecem uma abordagem ao desenvolvimento do turismo que irá reduzir as barreiras em relação ao crescimento económico e à criação de emprego em Timor-Leste

O AMBIENTE PROPÍCIO

O ambiente propício centra-se em conhecer até que ponto existem condições favoráveis para a realização de negócios para estimular o crescimento do setor privado. Reconhece-se que o turismo é um negócio e enfatiza-se indicadores importantes que descrevem o clima de investimento geral de um destino turístico, incluindo, mas não se limitando a normas, costumes, leis, regulamentos e políticas.

AMBIENTE EMPRESARIAL

A forma como um país coloca em prática políticas favoráveis para as empresas exercerem as suas atividades é uma questão fundamental para uma economia de turismo. Aspetos como a proteção dos direitos de propriedade, a eficiência do quadro jurídico e a facilidade de licenciamento são considerações importantes.

O ambiente empresarial de Timor-Leste, em relação aos seus vizinhos da ASEAN, é incipiente e há uma necessidade urgente de simplificar os processos e estabelecer políticas concretas para assegurar um ambiente operacional estável para a sua comunidade empresarial predominantemente de micros, pequenas e médias empresas. Muitos empresários encaram o investimento em Timor-Leste como sendo de alto risco e mantêm-se prudentes no estabelecimento e expansão dos seus negócios devido a questões relacionadas com a posse da terra e os processos burocráticos. Embora as autoridades governamentais tenham estabelecido vários procedimentos relacionados com a instalação e licenciamento, estes são muitas vezes mal interpretados e não são fáceis de aceder. De acordo com o Banco Mundial, Timor-Leste ocupa o 173º lugar de entre 189 países em termos de facilidade de fazer negócios.9

SEGURANÇA E PROTEÇÃO

Segurança e proteção é um fator crítico para determinar a competitividade da indústria do turismo de um país. Os turistas são suscetíveis de serem dissuadidos de viajar para países ou regiões perigosas. O alto preço do crime comum e da violência, bem como do terrorismo, e em que medida os serviços policiais podem ser invocados para fornecer proteção contra o crime devem constituir uma questão fundamental nos planos de desenvolvimento do turismo. 9 Grupo do Banco Mundial – Junho de 2015

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Devido à sua independência relativamente recente, Timor-Leste tem um passado conturbado e, do ponto de vista de um estrangeiro, a paz e a estabilidade são apenas fenómenos recentes. O país sofre de uma reputação infeliz de pequena criminalidade contra as mulheres e relatos de avistamentos de crocodilos em áreas à beira-mar frequentadas por turistas. Há uma falta generalizada de normas de segurança pública e de execução para garantir uma atmosfera de segurança para visitantes internacionais.

SAÚDE E HIGIENE

Saúde e higiene são elementos fundamentais de competitividade na área do turismo e é importante para o conforto e para a saúde dos viajantes. Isto inclui o acesso à água potável, higiene com os alimentos e saneamento. E no caso dos turistas que adoecem, o setor da saúde do país deve ser capaz de garantir que existem infraestruturas que estão ao nível dos padrões internacionais para cuidar deles adequadamente.

Embora haja prestação de cuidados de saúde em Timor-Leste, a qualidade dos serviços básicos é baixa, quando comparada com as normas internacionais. Mesmo sendo um país conhecido pela riqueza e diversidade da sua vida marinha, que é um grande atrativo para a comunidade internacional de mergulho, o país não tem a capacidade, nem as infraestruturas para lidar com acidentes graves que possam ocorrer, como por exemplo uma câmara de descompressão. No geral, há uma falta geral de compreensão das normas mínimas no que diz respeito à higiene alimentar em muitos hotéis e estabelecimentos que servem alimentos e bebidas no país.

RECURSOS HUMANOS E MERCADO DE TRABALHO

Constitui consenso geral que o capital humano é fundamental para o sucesso do desenvolvimento turístico de referência internacional. A qualidade dos recursos humanos assegura que a indústria tem acesso aos colaboradores de que necessita para oferecer produtos e serviços que estão ao nível dos padrões internacionais. A capacidade dos países desenvolverem competências através da educação e formação e optimizarem a melhor distribuição dessas competências através de um mercado de trabalho eficiente constitui um importante elemento. As taxas de escolaridade e a participação do setor privado na valorização dos recursos humanos, tais como o investimento das empresas em formação na prestação de serviços e atendimento ao cliente, é um imperativo. A profundidade da reserva de talentos do país e a eficácia e eficiência na distribuição de recursos humanos e a sua boa utilização dentro do mercado de trabalho é também vital.

Timor-Leste, como muitos países da Ásia e do Pacífico, sofre de uma grave insuficiência na capacidade de desenvolver talentos que possam ser sensíveis às necessidades do setor do turismo em expansão. Os programas curriculares nas escolas não correspondem ao potencial turístico de Timor-Leste e às oportunidades de carreira para os jovens, isto é, ecoturismo e empreendedorismo. Não existem disciplinas de turismo no ensino primário e secundário, o que faz com que as pessoas não estejam conscientes da importância fulcral do setor para a economia. Há mais de uma dúzia de programas relacionados com o turismo no país, porém muitos são extremamente teóricos e não permitem a aplicação prática dos objetivos de aprendizagem. Há pouco incentivo para os jovens considerarem o turismo como uma carreira, quer como funcionários, quer como empreendedores.

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DISPONIBILIDADE DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Os serviços on-line e as operações comerciais têm uma importância crescente no turismo, com a Internet a ser usada para planear itinerários e reservar viagens e alojamento. É importante não só a existência de infraestruturas físicas modernas, tais como a cobertura de rede móvel e a qualidade do fornecimento de eletricidade, mas também a capacidade das empresas e dos indivíduos de usarem e prestarem serviços on-line para facilitar e melhorar a satisfação do cliente.

A internet em Timor-Leste é de qualidade aceitável nas principais áreas urbanas e a sua penetração continua a crescer nas regiões mais remotas do país. No entanto, existe uma capacidade limitada, particularmente por parte das pequenas e médias empresas locais, de se empenharem plenamente na economia digital, considerando-a como uma ferramenta para o desenvolvimento de negócios e outras operações. Apesar de um número de websites de qualidade ter vindo a ser desenvolvido, o uso sofisticado das redes sociais como uma plataforma de marketing interativa para atrair visitantes internacionais ainda está a dar os seus primeiros passos.

POLÍTICA DE VIAGENS E TURISMO E CRIAÇÃO DE CONDIÇÕES

Este pilar centra-se na capacidade do destino turístico de atrair investimento turístico direto do estrangeiro e visitantes. Isto diz respeito à construção ou gestão de hotéis, resorts e atrações. Destaca-se também a prioridade dada pelo governo de partir de uma perspetiva política para a minimização de obstáculos para os visitantes (vistos, o acesso aéreo e marítimo, etc.), mas também de supervisionar e influenciar preços no mercado. É atribuída muita importância à conservação do meio ambiente, que é cada vez mais exigida pelo mercado.

PRIORIZAÇÃO DE VIAGENS E TURISMO

A prioridade que o governo dá ao setor do turismo tem um impacto importante sobre a competitividade do setor. Ao tornar claro que o setor é de primordial importância, o governo pode canalizar fundos para projetos de desenvolvimento essenciais e coordenar os atores e os recursos necessários para desenvolver o turismo. As medidas relacionadas com os gastos do governo, a eficácia das campanhas de marketing e de marca do país, bem como o fornecimento de dados atuais e exaustivos sobre o turismo a organizações internacionais, são importantes indicadores da importância que um país atribui ao seu setor turístico.

Há uma grande variedade de evidências que sugere que o Governo de Timor-Leste está comprometido em tornar o turismo um dos pilares da economia nacional. Há uma clara disposição do governo para investir no turismo e fornecer orçamentos anuais necessárias para estimular o crescimento do setor. E enquanto o ecoturismo é amplamente identificado como o melhor caminho a seguir para o turismo em Timor-Leste, há ainda necesidade de trabalhar uma visão comum por parte das agências governamentais e atores da sociedade civil. Além disso, estratégias e planos de ação devem ser adoptados para definir papéis e responsabilidades das partes interessadas e evitar mal-entendidos e inação.

A recolha de dados estatísticos na área do turismo carece de melhorias a fim de permitir um acompanhamento mais preciso e uma avaliação do progresso no desenvolvimento do setor.

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ABERTURA INTERNACIONAL

O desenvolvimento de um setor turístico que seja competitivo a nível internacional exige um certo grau de abertura e simplificação de viagens. Políticas restritivas, como a exigência complexa de visto, diminuem a disposição dos turistas para visitar um país. A abertura em relação aos acordos bilaterais de serviço aéreo introduzidos pelo governo, que têm um impacto sobre a disponibilidade de conexões aéreas para o país, também é importante. De igual modo, o número de acordos de comércio regional em vigor pode servir de bitola para medir a potencialidade de o país prestar serviços turísticos de alto nível.

Há poucas restrições à entrada em Timor-Leste, exceptuando a aquisição de um visto à chegada, que custa USD $30 para uma estadia de até um mês. Os acordos bilaterais de serviço aéreo são limitados devido à localização remota e aos desafios em matéria de infraestruturas, sendo que o país conta apenas com vias de acesso a partir de Bali, Singapura e Darwin. Não existe margem para introduzir melhoriar no conteúdo e na qualidade destes acordos, conduzindo a uma liberalização. Embora o país não seja ainda membro da Comunidade Económica da ASEAN, Timor-Leste beneficia de relações comerciais positivas com muitos dos seus vizinhos da ASEAN e também com a Austrália. Devido à sua herança colonial, o país é um membro ativo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o que assegura a sua abertura em relação à comunidade internacional.

COMPETITIVIDADE DOS PREÇOS

Os baixos custos de viagem num país tornam-no mais aliciante para muitos turistas, bem como para o investimento no setor do turismo. Entre os aspetos relacionados com a competitividade de preços a ter em conta estão a passagem aérea, taxas sobre os bilhetes de avião, e taxas aeroportuárias, o que pode tornar o bilhete de avião muito mais caro. O custo relativo do alojamento em hotel, alimentação e outras atividades turísticas, comparativamente com os seus concorrentes também é algo a ter em consideração.

Devido à sua localização remota e ao facto da sua economia funcionar em dólares americanos, Timor-Leste é um país relativamente caro, em comparação com os países do seu grupo competitivo, não possuindo as propostas vantajosas de muitos dos seus vizinhos. Este é um fator inibidor para o segmento do turismo backpacker, que muitas vezes é o pioneiro na escolha de um destino. Devido ao facto de que muito pouco é produzido no país, há uma forte dependência da importação de bens para utilização na economia do turismo. O baixo nível de chegadas de turistas reforça este fenómeno, o que não permite que as empresas de turismo desfrutem de qualquer nível de economia de escala. Embora o setor agrícola e das pescas seja robusto em Timor-Leste, existem poucos vínculos com a economia de turismo e esta continua a ser uma oportunidade perdida.

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

A importância do ambiente natural para proporcionar uma localização atraente para o turismo não pode ser exagerada, de modo a que as políticas e os fatores que reforçam a sustentabilidade ambiental constituam uma vantagem competitiva importante para assegurar a atratividade futura de um país como destino turístico. Por exemplo, são vitais os indicadores políticos como o rigor e a aplicação da legislação ambiental, as variáveis que avaliam a qualidade da água, o estado dos recursos florestais e leitos marinhos. Tendo em

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conta o impacto ambiental inerente ao turismo, deve ser tido em conta em que medida o governo dá prioridade ao desenvolvimento sustentável da indústria do turismo.

Um dos maiores fatores apelativos de Timor-Leste é o seu ambiente natural, que é relativamente virgem em relação a Bali e a outros destinos da ASEAN. Os habitats marinhos do país estão entre os mais originais do planeta, com muitas espécies aquáticas raras identificadas. As florestas nas montanhas do país estão também relativamente virgens e intactas. No entanto, com a pressão do desenvolvimento e um enquadramento regulamentar deficiente, estes ambientes estão em risco. Embora existam políticas em vigor para preservar o meio ambiente natural, existem também lacunas na implementação e execução. Os timorenses e as suas comunidades estão sob a pressão do processo de desenvolvimento e muitas vezes não reconhecem o valor dos seus recursos naturais, particularmente em termos de turismo. A abordagem à gestão de resíduos no país é deficitária e, no seu estado atual, não é capaz de absorver qualquer exigência adicional que lhe possa ser colocada pela expansão do turismo. Tal pode resultar em praias e oceanos contaminados.

INFRAESTRUTURA

Este pilar centra-se na conectividade e infraestruturas dentro de um destino turístico, para facilitar a chegada dos turistas e levá-los a experimentar uma elevada qualidade de acesso dentro desse destino. Este pilar avalia como estão integradas as infraestruturas aéreas e terrestres, alargando a sua avaliação à qualidade e disponibilidade de informações e serviços turísticos nos pontos-chave de um destino turístico.

INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES AÉREOS

A conectividade aérea é essencial para facilitar a entrada e saída de viajantes, assim como facilitar as viagens internas dentro do próprio país. A quantidade de transporte aéreo, a partir de indicadores tais como o número de lugares-quilómetros disponível, o número de partidas, o tamanho do aeroporto e o número de companhias aéreas, bem como a qualidade das infraestruturas de transporte aéreo para voos domésticos e internacionais, são medidas competitivas importantes.

Atualmente há quatro companhias aéreas a servir Timor-Leste numa base regular entre Bali, Singapura e Darwin. Os níveis de carga atuais, que não estão a permitir às companhias aéreas operar a níveis rentáveis, indicam que a capacidade existente é suficiente para satisfazer a atual procura. As infraestruturas do aeroporto permitem que A320 aterrem com limitações de peso e apenas durante o dia. Devido aos fatores de carga atuais, este facto não se apresenta, de momento, como um grande desafio ao crescimento, uma vez que a atenção deverá agora centrar-se em preencher os aviões existentes. A preocupação imediata reside na qualidade das infraestruturas do terminal do aeroporto existente, que necessita de uma atualização.

INFRAESTRUTURA TERRESTRES E PORTUÁRIAS

A disponibilidade de transporte eficiente e acessível para as principais atrações turísticas é vital para o setor do turismo. Isto requer redes rodoviárias e marítimas suficientemente extensas e que cumpram os padrões internacionais de conforto, segurança e eficiência. Isto também se aplica a estradas não pavimentadas, que permitam ligações locais, e que, até

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certo ponto, podem contribuir para a existência de estradas pitorescas, que podem, em contextos muito específicos, atrair turistas.

Nos últimos anos, o Banco Asiático de Desenvolvimento e outros parceiros de desenvolvimento, juntamente com o Governo de Timor-Leste têm melhorado significativamente a qualidade e a quantidade de estradas. É agora possível aceder a muitos destinos turísticos em viaturas privadas e em meios de transporte público. Um fator inibidor para os turistas que utilizam o transporte público é a falta de um terminal adequado, com informação adequada e de fácil compreensão sobre horários e rotas. Existe um aumento significativo de escalas de navios de cruzeiro em Díli. No entanto faltam instalações básicas para garantir o conforto e a segurança dos passageiros, de forma a permitir a maximização da receita turística por parte de empresas e residentes. Há um plano a longo prazo para transferir as instalações portuárias. No entanto, a curto prazo, estruturas portuárias simples, como casas de banho públicas e melhor divulgação da informação, poderiam melhorar a experiência do visitante. O acesso aos principais destinos turísticos, como Ataúro, é limitado e inconsistente e não existe a possibilidade de melhorar a regularidade e a qualidade destes serviços de ferry.

EQUIPAMENTOS DE SERVIÇO TURÍSTICO

A disponibilidade de alojamento, resorts e locais de entretenimento com qualidade e em quantidade suficiente pode representar uma vantagem competitiva significativa para um país. O nível de infraestruturas de serviços turísticos medido através do número de quartos de hotel, e reforçado pela dimensão de acesso a serviços, como aluguer de carros e ATMs, é um indicador importante do grau de preparação do setor do turismo.

De acordo com a procura atual no setor do turismo, Timor-Leste possui uma oferta suficiente de quartos de hotel em Díli e nos principais destinos turísticos. Isto, no entanto, pode mudar à medida que o número de visitantes aumenta e constitui uma oportunidade para um maior investimento na área hoteleira. Existe uma lacuna a nível de atividades em que os visitantes possam participar e este é um desafio que se apresenta quando se procura promover a visita ao país. Há uma margem significativa para os empresários locais desenvolverem produtos turísticos adicionais para apelar à promoção de atividades de entretenimento que respondam à necessidade do visitante. Aceder e visitar partes mais remotas do país ainda é um desafio e há uma grande oportunidade para as comunidades locais desenvolverem produtos e serviços turísticos utilizando abordagens de ecoturismo.

RECURSOS NATURAIS E CULTURAIS

Este pilar evidencia a prioridade dada às políticas centradas em possibilitar o acesso e em preservar o património único de um destino turístico. Sendo cada vez mais perspicazes, os viajantes exigem uma experiência genuína apresentada de uma forma sustentável para o ambiente.

RECURSOS NATURAIS

Os países com recursos naturais têm claramente uma vantagem competitiva na atração de turistas. Há uma série de medidas para reforçar a atratividade centrada em recursos naturais, incluindo o número de locais considerados pela UNESCO como Património Natural da Humanidade. A qualidade do meio ambiente natural, a beleza da sua paisagem, a riqueza da fauna do país, a percentagem de áreas protegidas a nível nacional são bens turísticos importantes.

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Até ao momento, nenhum dos excepcionais recursos naturais de Timor-Leste foi reconhecido pela UNESCO. As zonas marítimas protegidas estão numa fase inicial de desenvolvimento e contribuem significativamente para aumentar o apelo turístico do país. Apesar de se reconhecer que existe a possibilidade de planear caminhadas de vários dias nas zonas montanhosas do país, esta atividade permanece pouco desenvolvida. Os recursos naturais de Timor-Leste são únicos e representam, neste momento, um potencial ainda por explorar. Pouco tem sido feito em termos de desenvolvimento de turismo de base comunitária, uma área de grande potencial para o país. Os recursos naturais do país são um dos seus pontos fortes, mas não estão suficientemente explorados.

RECURSOS CULTURAIS E TURISMO DE NEGÓCIO

Os recursos culturais de um país são outro fator crítico da competitividade do setor do turismo. O número de locais classificados pela UNESCO como Património Mundial, o número de grandes estádios que podem acolher eventos desportivos ou de entretenimento, o número de pesquisas on-line relacionadas com os recursos culturais de um país poderiam permitir inferir o nível de interesse. O número de reuniões de associações internacionais que acontecem num país também deve ser tido em consideração, pelo menos parcialmente, para atrair viagens de negócios.

Timor-Leste possui uma história rica, quer pelas suas raízes culturais, quer pela história colonial Portuguesa. A luta do país pela independência da Indonésia também é notável e bem reconhecida internacionalmente. Toda esta história detém um potencial considerável para um maior desenvolvimento. O que falta é contá-la de uma forma precisa, de modo a partilhá-la com visitantes internacionais. O acesso à cultura timorense e às suas características, como a Casa Sagrada – Uma Lulik – e as danças tradicionais, é limitado, não estando estes aspetos bem divulgados, nem disponíveis para o visitante, devido à falta de informação e de acesso. Embora as viagens de negócios constituam um novo centro de interesse para o governo, não há muitas atividades para os delegados se envolverem para além da sala de reunião.

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DEFINIR O CAMINHO PARA O TURISMO DE TIMOR-LESTE

A Política Nacional de Turismo constitui um compromisso do Governo de Timor-Leste em desenvolver um setor do turismo unificado e holístico, que pôe ênfase na sustentabilidade, na comunidade, na qualidade e na competitividade das empresas. A política é o primeiro passo de um longo processo participativo para criar o ambiente necessário para um setor do turismo, que terá de ser inclusivo, viável e benéfico para todos os timorenses.

Os grandes objetivos-chave da Política Nacional de Turismo, no horizonte de 2030, são:

• A receita de turismo do exterior, excluindo as receitas das operadoras (tarifas aéreas e taxas de ferry), seja de USD $150 milhões por ano (aos preços de 2016, ou seja, preços ajustados em função da inflação entre agora e 2030).

• O emprego no turismo aumente para 15.000 (atualmente abarca cerca de 4.300).

• 200.000 turistas internacionais irão visitar Timor-Leste anualmente, com quatro dias de estadia, em média.

Para atingir estas metas, foram identificadas uma série de prioridades políticas que irão ajudar na organização dos esforços do governo, da indústria do turismo, dos parceiros para o desenvolvimento e da comunidade em geral. Há cinco elementos-chave, que, em conjunto, oferecem uma visão nacional e uma orientação para o turismo, incluindo:

• Um sentido de missão universalmente reconhecido e compreendido por todos no desenvolvimento do turismo como sendo uma prioridade nacional para o desenvolvimento económico e social.

• Um compromisso para com uma prosperidade acrescida, particularmente para os jovens timorenses e para as comunidades locais, que terão emprego remunerado no setor do turismo como prestadores de serviços e empresários.

• Um espírito de gestão centrado na proteção dos recursos naturais e culturais do país e em assegurar uma experiência segura ao visitante.

• Um compromisso de parceria em que todos os interessados tenham uma voz e partilhem responsabilidades na forma como o turismo é desenvolvido e implementado a nível nacional e local.

• Um reconhecimento de que as pessoas estão no centro do turismo e como tal deve-lhes ser incutido conhecimento adequado, competências e atitude.

Esta Política Nacional de Turismo considera a multiplicidade de desafios que Timor-Leste enfrenta no desenvolvimento de um setor turístico competitivo a nível internacional e fornece princípios orientadores para alcançar o sucesso. Representa um objetivo a longo prazo a que o povo de Timor-Leste aspira e transcende qualquer mudança na liderança do governo. Respeita a realidade de que a política é mais significativa quando é estabelecida por escrito com o compromisso inabalável das partes interessadas.

Existirão estratégias de apoio e planos de ação adequados para prestar apoio a esta política que deve ter em consideração e deve ser sensível a fatores externos, sejam eles nacionais ou internacionais. Estes fatores devem ser organizados de forma consultiva, num ciclo de planificação regular pelos ministérios e departamentos governamentais relevantes. Haverá um quadro para a implementação que aborda o nível do diálogo político e o nível técnico-operacional.

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FINALIDADE

A finalidade representa não só a razão para esta Política Nacional de Turismo de Timor-Leste, mas também o objetivo de inspirar o povo timorense para abraçar resolutamente o turismo como um elemento essencial do futuro do seu país.

Em primeiro lugar, esta Política Nacional de Turismo serve como um apelo à ação dirigido ao Governo de Timor-Leste e define as prioridades até 2030, o que permitirá que todas as partes interessadas tenham uma visão clara das intenções do Governo.

Sendo um dos países mais jovens do mundo, Timor-Leste possui uma mistura única de património cultural e ambiental virgens, Timor-Leste tem assim uma oportunidade excecional para desenvolver um turismo diferenciado, que respeita o meio ambiente, rentável para as comunidades e agradável aos visitantes internacionais.

O momento presente representa, ao mesmo tempo, uma oportunidade e uma ameaça. É uma ocasião para Timor-Leste se posicionar como um destino turístico desejável, com uma oferta turística única que pode contribuir significativamente para o desenvolvimento económico e para a redução da pobreza. É também motivo de preocupação que o delicado tecido social e cultural do país seja vulnerável à tomada de decisões negligentes, que irão provavelmente ter consequências negativas e rapidamente diminuirão o seu encanto e potencial turístico.

Os vizinhos e concorrentes de Timor-Leste da região da Ásia e do Pacífico oferecem inúmeros exemplos de desenvolvimento que exemplificam os benefícios e os riscos do turismo. A ilha de Bali desfruta de uma economia robusta, centrada na indústria do lazer, no entanto, também sofreu impactos prejudiciais ao seu equilíbrio cultural, ambiental e social. Os exemplos da Tailândia e do Vietname também demonstram que existe um custo significativo associado a um desenvolvimento anárquico do turismo, orientado para satisfazer os mercados de turismo de massa.

Esta Política Nacional de Turismo recomenda a criação de uma indústria de turismo inclusiva, sustentável do ponto de vista ambiental e económico e que promova, valorize, reconheça e proteja a cultura, o meio ambiente e o património único de Timor-Leste. Esta Política aspira a que o turismo seja um veículo de crescimento económico do país, um porta-estandarte de orgulho nacional, e a essência de uma ‘marca país’ reconhecida internacionalmente.

Para concretizar esta aspiração, será necessário a harmonização de todas as partes interessadas do setor do turismo, tanto públicas, como privadas, bem como da sociedade civil, que deve unir-se em redor da visão para o setor do turismo, tal como definida na presente política.

Os Ministérios e as agências governamentais devem trabalhar em colaboração e investir na criação de infraestruturas e execução de políticas, legislação e regulamentos que respeitem e protejam a cultura e meio ambiente excecionais do país.

O setor privado deve esforçar-se para assegurar a prestação de serviços de qualidade ao nível dos padrões internacionais, através de uma gama diversificada de produtos turísticos que sejam atraentes para os diferentes turistas vindos de todo o mundo.

A força laboral deve ser formada e qualificada de acordo com os padrões acreditados a nível internacional, e deve haver um investimento contínuo no desenvolvimento dos conhecimentos necessários, competências e atitudes.

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O povo timorense e os atores da sociedade civil devem dispor de capacidade para participar plenamente na economia do turismo e abraçar um papel de supervisão.

Cabe ao governo:

• Reconhecer o papel fundamental do turismo no tecido económico e social de Timor-Leste e fazer com que este seja adotado por todas as instituições públicas.

• Mobilizar os recursos necessários para colocar o turismo na vanguarda do desenvolvimento da economia nacional.

• Iniciar uma campanha de marketing interna que comunique a prioridade do turismo a todos os departamentos e instituições.

• Orquestrar, através de ações de sensibilização realizadas por importantes figuras públicas, um processo de comunicação, pelo qual o povo de Timor-Leste irá compreender melhor o seu papel como anfitriões do turismo e abraçar a aspiração nacional: turismo para todos e todos pelo turismo.

• Preparar e atualizar regularmente uma estratégia no setor do turismo e planos de ação correspondentes, compatíveis e coerentes com esta política.

• Criar confiança no setor privado, de modo a que este invista em produtos e serviços de elevados padrões de referência internacional.

• Incentivar o desenvolvimento do turismo, de modo a respeitar os recursos naturais e culturais do país de forma sustentável.

Cabe ao Setor Privado:

• Comprometer-se a colocar o turismo no cerne do desenvolvimento económico, cooperando e apoiando iniciativas governamentais.

• Comprometer-se a partilhar, quando apropriado, o financiamento e os recursos, conforme recomendado pelo governo, tendo por objetivo o desenvolvimento do turismo.

• Apoiar e promover a campanha de marketing interna dirigida aos seus funcionários, colaboradores e investidores e agir como defensor da mudança para aumentar a confiança das empresas.

• Contribuir como participante ativo no desenvolvimento, implementação e atualização de estratégias e planos de ação no setor de turismo.

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PROSPERIDADE

Prosperidade, no contexto desta Política Nacional de Turismo, é um estado de florescimento, bem-aventurança, êxito e sucessos, que acompanha a saúde, riqueza e felicidade para o povo Timorense, como resultado direto de uma economia de turismo que seja robusta.

Os cinco pilares identificados como a locomotiva da economia são o petróleo e gás, a agricultura, as pescas, o turismo, e a indústria ligeira. O Governo reconhece que as reservas de petróleo do país se esgotam, pelo que é fundamental recorrer a outros setores económicos, para garantir a estabilidade fiscal a médio e longo prazo.

O turismo representa uma oportunidade significativa para estimular a economia de Timor-Leste através do câmbio, do investimento, da criação de emprego e das ligações do setor. Também pode garantir a partilha de benefícios com as áreas rurais do país, onde as pessoas sofrem com a prevalência da pobreza e com a falta de oportunidades.

Colocar o turismo no centro da economia de Timor-Leste implica vários desafios. Em relação a outros destinos turísticos da Ásia e do Pacífico, o país ainda não oferece uma boa relação qualidade/preço aos turistas, em grande parte devido à sua economia se basear no dólar americano. Uma grande parte dos produtos consumidos na economia do turismo é importada, resultando em grandes perdas a nível económico. Além disso, as atividades de turismo atuais estão concentradas na capital Díli, dando lugar a baixos níveis de participação por parte dos 1,2 milhões de habitantes do país.

Para corrigir estes desafios, deve haver um esforço concertado para melhorar as economias de escala, desenvolver ligações com o setor da agricultura, das pescas e outros setores da economia e incentivar uma maior dispersão do turismo para as comunidades fora de Díli.

Do ponto de vista da oferta do turismo, ainda é possível realizar progressos consideráveis para assegurar que toda a cadeia de abastecimento turístico está a fornecer alimentos suficientes, artesanato, outros produtos locais e quantidade e qualidade de serviços. Para que isso ocorra, é necessário melhorar o ambiente empresarial para assegurar que o setor privado invista em pequenas e médias empresas rentáveis e as viabilize.

Algumas iniciativas já estão a ajudar os produtores rurais e os pescadores a aceder a mercados formais e o governo está agora empenhado em priorizar as condições de bom funcionamento de uma economia de mercado para facilitar o crescimento da agricultura e das pescas. Isto resulta num aumento da produtividade e do rendimento do agregado familiar. Interligar a produção de alimentos com o setor do turismo é uma progressão natural, uma vez que as empresas dependem grandemente de alimentos que cumpra as normas de higiene, produzidos de forma sustentável e fornecidos de forma consistente.

Embora o Governo de Timor-Leste tenha lançado várias iniciativas para melhorar o clima de investimento, incluindo o estabelecimento de um comércio aberto e um ambiente de investimento, a liberalização do mercado das telecomunicações e a simplificação do processo de registo de empresas, o governo reconhece que é necessário fazer mais para estabelecer um ambiente propício aos negócios, mais transparente e menos arriscado.

Em relação à procura internacional de produtos e serviços timorenses, o turismo pode desempenhar um papel central na promoção de Timor-Leste como um país que se sente "orgulhoso e está pronto para fazer negócio". Através de uma forte marca nacional, que comunica autenticidade e singularidade, as principais associações económicas e empresariais e as interligações podem ser desenvolvidas através dos cinco pilares do

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crescimento. Uma marca nacional exige um esforço nacional para identificar os pontos fortes e as oportunidades do país, juntamente com as suas vantagens competitivas. Requer também um esforço concentrado para explorar o valor emocional das pessoas que tenham visitado Timor-Leste. A marca nacional pode ser comunicada aos turistas e aos habitantes para criar uma nova narrativa para Timor-Leste, uma marca que reflita a natureza única e autêntica do país.

A imagem interna e externa do país será mais do que um logótipo. Será uma mensagem que comunica a competitividade internacional de toda a economia, ao mesmo tempo que protege e valoriza a sociedade, incluindo os recursos naturais, o ambiente, o património cultural, os valores sociais e as comunidades. A marca de Timor-Leste não deve ser tratada como uma única campanha de marketing. Deve haver uma continuidade e uma história por detrás dessa campanha. Implementar a cultura, história, produtos e serviços nas ofertas turísticas irá reforçar a identidade única do país, ao mesmo tempo que se regista a crescente comercialização dos seus recursos.

Cabe ao governo:

• Estabelecer uma marca do país para descrever Timor-Leste como um país de produtos e serviços únicos, dentro de um mercado globalmente competitivo.

• Supervisionar tendências para assegurar preços atrativos a nível regional e melhorar a relação qualidade/preço.

• Assegurar o desenvolvimento do turismo de base comunitária para assegurar a distribuição de benefícios.

• Identificar e explorar oportunidades para a convergência entre o turismo e outros setores económicos.

• Assegurar a recolha precisa de dados estatísticos para apoiar a tomada de decisões fundamentadas, incluindo o objetivo de desenvolver uma conta espcial do turismo de Timor-Leste.

• Apoiar a inovação e o aperfeiçoamento contínuo da competitividade e da sustentabilidade da oferta do turismo, de modo a satisfazer as necessidades dos futuros visitantes de forma mais adequada.

• Criar um mecanismo de acesso ao financiamento para a promoção do empreeendedorismo timorense.

Cabe ao Setor Privado:

• Apoiar e promover a marca-país de Timor-Leste através de empreendimentos comerciais.

• Obter tendências do mercado e dados turísticos precisos para fornecer ao governo central de modo a informar a tomada de decisões estratégicas.

• Apoiar o empreendedorismo comunitário através de financiamento ou benefícios em espécie, que apoiem e melhorem a experiência turística.

• Assegurar que todos os serviços de apoio ao turismo são prestados de forma coordenada para otimizar a experiência do turista.

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• Comprometer-se a desenvolver produtos inovadores e esforçar-se para melhorar continuamente a qualidade e os padrões de serviço ao nível dos padrões internacionais.

• Apoiar a criação de fundos de capital privado para disponibilizar linhas e micro-finanças de modo a impulsionar empreendimentos de turismo de base comunitária e garantir a distribuição de benefícios a todas o território nacional.

PROTEÇÃO

Proteção, no contexto desta Política Nacional de Turismo, considera a conservação, preservação e salvaguarda do ambiente natural e do património cultural de Timor-Leste. Procura igualmente assegurar o bem-estar dos visitantes internacionais.

O ambiente virgem de Timor-Leste apresenta oportunidades excecionais para o desenvolvimento do turismo especializado no país. O estado ainda inicial de desenvolvimento do país é uma vantagem única e a ausência de desenvolvimento de turismo intensivo significa que os problemas ambientais ligados ao turismo ainda não são evidentes. É essencial ao sucesso futuro do país a proteção do património natural e edificado de Timor-Leste de uma forma sustentável do ponto de vista económico, social e ambiental.

O potencial do ecoturismo como uma abordagem central do desenvolvimento do turismo, que irá maximizar os benefícios económicos e minimizar os impactos negativos, deve ser encarado com muita seriedade. O ecoturismo também irá permitir a Timor-Leste oferecer um produto distinto dos seus concorrentes regionais, muitos dos quais adotaram uma abordagem de turismo de massa.

As paisagens e as impressionantes vistas sobre o mar, ainda por explorar, representam uma oportunidade para Timor-Leste para se posicionar como um país limpo e verde. O desenvolvimento de infraestruturas públicas e atividades de construção privada deve ser levado a cabo, na medida do possível, com consideração para com a paisagem natural e para com o valor do património edificado. A gestão eficaz e equilibrada do património natural e edificado é essencial para o crescimento de um turismo que é economica e ambientalmente sustentável.

A recente descoberta de espécies marinhas raras deve ser cuidadosamente considerada e, quando possível, as áreas marinhas e outras áreas protegidas, devem ser estabelecidas, regulamentadas e controladas. Estes tesouros nacionais têm potencial para serem reconhecidas Património Mundial da UNESCO, o que poderia chamar a atenção internacional para o país e apoiar o desenvolvimento da indústria do mergulho recreativo, por exemplo

A zona montanhosa de Timor-Leste também apresenta oportunidades para o turismo ecológico na forma de pedestrianismo e outras formas de turismo de aventura alternativas. Existe uma margem considerável para apoiar este tipo de desenvolvimento turístico e para envolver as comunidades locais. No entanto, o sucesso nesta área depende da boa administração e da conservação, de modo a assegurar que o turismo não seja a causa da destruição desses bens preciosos.

A rica herança colonial do país é também um elemento importante do desenvolvimento turístico e serão necessários esforços concertados para assegurar que estes tesouros são

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preservados e que seja prestada uma interpretação exata, para permitir que os visitantes os possam apreciar. Igualmente importante é a herança cultural local, que os visitantes deverão poder aceder através das artes performativas.

As comunidades locais são essenciais para a preservação natural e cultural e devem ser encorajadas a respeitar o valor dos seus bens e a compreender a sua importância para o desenvolvimento do turismo.

Igualmente essencial para o sucesso da implementação do turismo é a adoção de medidas suficientes para assegurar o bem-estar dos visitantes internacionais durante a sua estadia em Timor-Leste. A segurança pública é identificada como um desafio para o país e é importante que as autoridades estabeleçam mecanismos para prevenir e responder a tais incidentes. Este dever de assistência exige que os profissionais dos serviços de urgência estejam prontamente acessíveis e treinados para agir com eficácia e eficiência.

Também devem ser consideradas ações preventivas, incentivando as boas práticas nas operações comerciais, particularmente nos restaurantes, hotéis e outras atrações, onde devem ser cumpridas as normas mínimas em matéria de higiene e segurança alimentar.

Cabe ao Governo:

• Assegurar a conservação e a preservação do meio ambiente natural e, sempre que possível, criar áreas marinhas protegidas.

• Colocar o turismo sustentável de base comunitária na vanguarda da oferta turística.

• Recorrer às artes e cultura timorenses como uma atração turística distinta.

• Garantir a segurança de visitantes internacionais através de medidas coordenadas.

• Apoiar a mitigação de riscos através da divulgação de normas mínimas de segurança e higiene para hotéis, restaurantes e outras atrações turísticas.

• Programar a resposta a uma variedade de situações de emergência relacionadas com o turismo.

Cabe ao Setor Privado:

• Comprometer-se com a conservação e preservação do meio ambiente natural e assegurar que os novos empreendimentos, bem como os já existentes, minimizem o impacto negativo e assegurem que todo o empreendimento seja concebido e utilizado de forma ambientalmente sustentável.

• Quando adequado, colocar as artes e cultura timorenses na base da oferta turística.

• Comprometer-se com um investimento contínuo no desenvolvimento dos trabalhadores para garantir que todos os serviços turísticos estejam a funcionar dentro das mais exigentes condições de segurança e higiene alimentar.

• Impor que os projetos de desenvolvimento do turismo em grande escala contenham medidas de responsabilidade social que contribuam para o benefício económico ambiental e social.

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PARCERIAS

As parcerias permitem às partes interessadas aumentar a probabilidade de alcançar a sua missão e ampliar o seu alcance. Esta Política Nacional de Turismo reconhece a complexidade do ecossistema do turismo e apela à mobilização de um amplo apoio do governo, da indústria e do povo Timorense para que o turismo seja eficaz e bem-sucedido.

Há papéis e responsabilidades distintos por parte dos atores do setor público e do setor privado nas diferentes fases do ciclo de desenvolvimento do turismo. Tendo em conta a fase ainda nicial do desenvolvimento do turismo em Timor-Leste, é crucial que o governo desempenhe um papel de liderança.

O Governo de Timor-Leste está empenhado em desenvolver o turismo enquanto força motriz da sua economia e, portanto, é essencial estabelecer um quadro adequado para o seu desenvolvimento.

Há muitos exemplos de boas práticas na região da ASEAN, onde um número de países tem tido um sucesso notável na construção de parcerias através do turismo. Em todos os casos, existem mecanismos e plataformas para garantir um equilíbrio saudável entre as funções políticas e de implementação. É consensual que a Política Nacional do Turismo seja conduzida por um Ministério forte, com capacidade de influenciar o diálogo e a ação em todo o Governo. As estratégias de apoio e os planos de ação devem ser executados por uma Autoridade do Turismo, que disponha de recursos suficientes, em termos de financiamento e profissionalismo, e também de um sólido mandato de execução orientado para a obtenção de resultados.

O setor público em Timor-Leste tem um papel fundamental em reunir os múltiplos atores, facilitando a melhoria da qualidade e a comercialização do destino turístico. Ao mesmo tempo, cabe ao setor privado fornecer uma variedade de produtos turísticos apelativos.

Como o turismo está atualmente num estado inicial de desenvolvimento, o Governo de Timor-Leste deve estimular o crescimento e o compromisso para com o setor através de iniciativas, investimentos e incentivos ousados, dinâmicos e ponderados. Isto é evidente noutros destinos turísticos onde os primeiros estágios de desenvolvimento do turismo e do investimento são impulsionados pelo setor público e, à medida que a indústria vai evoluindo, o setor privado vai assumindo um papel crescente no fornecimento de produtos e serviços turísticos de qualidade.

Em função das suas ambições para o desenvolvimento do turismo, Timor-Leste irá adoptar alguns dos modelos institucionais e das abordagens de boas práticas estabelecidas em países que estão a desenvolver as suas respetivas economias de turismo. Isto incluirá a criação de uma autoridade nacional de turismo, que será fundada no espírito de parceria público-privada.

Torna-se necessária a criação de uma Autoridade de Turismo de Timor-Leste (ATTL) para implementar a estratégia de turismo e planos de ação. É também necessário criar Organizações de Gestão de Destinos Turísticos (OGDT) para assegurar que uma ação coletiva ocorra a nível local. O Governo irá, dentro em breve, realizar um estudo sobre a Autoridade de Turismo, que levará em conta as melhores práticas nessa matéria nos países da ASEAN e do Pacífico no geral. Esse estudo servirá de base à criação da Autoridade de Turismo a médio-prazo.

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A ATTL deve ser estruturada como uma agência governamental, ou autoridade governamental, e incluir o setor privado e a representação da sociedade civil. O Governo de Timor-Leste compromete-se a adoptar a melhor estrutura para a ATTL e permitir flexibilidade na sua estrutura, à medida que a situação de desenvolvimento do turismo se evoluir. A estrutura organizacional será determinada com base nos papéis assumidos pelo Governo e pelo setor privado na gestão do desenvolvimento do turismo em Timor-Leste.

A ATTL terá papéis e responsabilidades específicas com a principal função de atuar enquanto entidade administrativa nacional de coordenação para a implementação das estratégias de turismo e planos de ação que resultarão desta Política Nacional de Turismo.

A ATTL irá também reunir dados estatísticos relevantes e desenvolver estratégias de turismo sustentável e planos de ação fundamentados.

A ATTL irá coordenar com as OGDTs, que serão estabelecidas em cada Distrito, para implementar o turismo a nível de base e irá comprometer-se plenamente com a ATTL para assegurar a implementação e o apoio da comunidade. Será responsável pela implementação de estratégias de turismo e planos de ação e por parcerias com o setor privado a nível local e nacional.

Cabe ao Governo:

• Estabelecer um mecanismo de cooperação interministerial e interdepartamental para o desenvolvimento do turismo em Timor-Leste.

• Criar uma Autoridade de Turismo de Timor-Leste para orientar a implementação das estratégias do setor do turismo e planos de ação em parceria com o setor privado.

• Estabelecer Organizações de Gestão de Destinos Turísticos a nível local para apoiar o trabalho da ATTL, em parceria com o setor privado e com outras redes pertinentes.

• Explorar ativamente as oportunidades de parceria com o setor privado na gestão e utilização de ativos públicos.

Cabe ao Setor privado

• Apoiar a Autoridade de Turismo de Timor-Leste e contribuir ativamente para a implementação e gestão da sua estratégia e planos de ação.

• Apoiar e participar ativamente as Organizações de Gestão de Destinos Turísticos em prol do desenvolvimento da comunidade local.

• Estabelecer parcerias com o Governo para explorar as oportunidades na gestão e na utilização de ativos públicos.

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PESSOAS

As Pessoas referem-se à capacidade da força de trabalho timorense para apoiar a oferta de experiências de qualidade, a todos os, que visitam Timor-Leste.

A interação entre turistas e aqueles que trabalham na indústria é importante para criar uma imagem positiva de Timor-Leste, aumentando o empreendedorismo local e atraindo o investimento estrangeiro para o setor do turismo.

Os incentivos do Governo no setor do turismo fará com que todos os timorenses se tornem pontos de contacto para o turista, e este tem o poder de avaliar imediatamente o país e, posteriormente, transmitir opiniões a milhares de potenciais viajantes. A importância deste serviço pessoal no setor faz com que as pessoas sejam o principal fator de atração para a maioria das empresas de viagens e turismo. Existe uma pequena margem de erro, quando se trata de pessoas, devido ao facto de o cliente que estiver a viajar estar em contacto direto com o pessoal envolvido na prestaçã do serviço e de a qualidade de um produto se refletir largamente na capacidade do trabalhadores irem ao encontro das expetativas dos clientes.

Planificar o desenvolvimento do capital humano exigirá que o Governo, através dos respetivos Ministérios, considere a posição competitiva de Timor-Leste no contexto da ASEAN e da Ásia-Pacífico. Isso implica inicias a implementação de políticas públicas traduzidas em planos de ação a aprovar em apoio ao reforço da competitividade do país como destino turístico, o que, por sua vez, requer que se centre a atenção em alcançar a qualidade do serviço nacional através das pessoas.

À medida que o desenvolvimento do turismo em Timor-Leste se torna mais personalizado, o governo deve reconhecer competências essenciais, tais como competências sociais, conhecimento linguístico e tecnológico, como as principais qualidades desejadas pela indústria em todos os níveis operacionais e de gestão. O reconhecimento da importância destas necessidades em termos de competências não pode ser subestimado e isso requer a criação de uma abordagem nova e coerente para o desenvolvimento de programas curriculares nacionais para a educação e formação, juntamente com o desenvolvimento de um sólido sistema de acreditação.

O setor do turismo em Timor-Leste é, muitas vezes, pouco conhecido ou muito mal compreendido, e o governo irá introduzir cursos de curta duração no ensino primário e secundário para suscitar o interesse por parte dos jovens. As mulheres serão incentivadas a trabalhar no setor, uma vez que já constituem a maior parte da mão-de-obra no setor do turismo e podem assegurar oportunidades de obtenção de rendimentos e de situações de empreendedorismo, conciliando, ao mesmo tempo, os seus papéis tradicionais no seio familiar. No entanto, há um longo caminho a ser percorrido por Timor-Leste até as mulheres terem acesso a níveis mais elevados de emprego e a lugares de gestão dentro da indústria do turismo.

Tendo em conta o objetivo de criar um turismo comunitário sustentável, o acesso à formação de qualidade em matéria de empreendedorismo deve estar amplamente disponível para facilitar o crescimento de uma economia empresarial timorense.

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Cabe ao Governo:

• Planificar o desenvolvimento do capital humano, realizando uma avaliação inicial em matéria de oferta de educação e formação e tomando como referência as normas internacionais e as necessidades do mercado de trabalho.

• Apoiar a educação, formação e desenvolvimento de carreira para maximizar a capacidade da indústria para responder às necessidades dos turistas e permitir que os trabalhadores do setor desenvolvam o seu potencial.

• Incentivar o setor privado a ter um papel fundamental em influenciar a conceção de programas de desenvolvimento da educação, formação e competências para a indústria do turismo, em colaboração com a SEPFOPE e o Ministério da Educação.

• Apoiar a criação de cursos especiais a nível do ensino primário e secundário, de modo a aumentar a sensibilização da sociedade civil para a importância da indústria do turismo.

• Promover e financiar o apoio concedido ao empreendedorismo local através do ensino de cursos introdutórios de economia e gestão e cursos de línguas acessíveis a todos.

Cabe ao Setor Privado:

• Contribuir ativamente para o investimento contínuo e em curso no capital humano, através da educação e da formação.

• Comprometer-se a mobilizar recursos e financiamento para o desenvolvimento da carreira dos funcionários e colaboradores, através do desenvolvimento profissional contínuo na área da educação e da formação.

• Comprometer-se a apoiar a SEPFOPE e o Ministério da Educação na concepção e desenvolvimento de programas de educação e formação de competências relevantes para a indústria do turismo.

• Disponibilizar quadros médios e superiores para agirem como mentores junto dos empreendedores locais, de modo a incentivar novos empreendimentos de base comunitária.