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POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira ANTOLOGIA : Ana Cristina César, Cacaso, Chacal, Francisco Alvim, Paulo Leminski

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POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira. ANTOLOGIA : Ana Cristina César, Cacaso, Chacal, Francisco Alvim, Paulo Leminski. POESIA MARGINAL. Autores: Seleção de autores Escola Literária: Literatura Contemporânea Ano de Publicação: 2006 - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

POESIA MARGINALMaterial: Estudo de

textosAutora Cláudia Regina

SilveiraANTOLOGIA :

Ana Cristina César, Cacaso, Chacal, Francisco Alvim, Paulo

Leminski

Page 2: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

POESIA MARGINAL

O Autores: Seleção de autoresO Escola Literária: Literatura

ContemporâneaO Ano de Publicação: 2006O Gênero: Poesia - MarginalO Temas: Amor, sensualidade, poesia,

política, medoO Divisão da Obra: Quatro Partes

Page 3: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

OS AUTORES

O Ana Cristina César; O Cacaso;O Chacal;O Francisco Alvim; eO Paulo Leminski.

Page 5: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

Primeira parte - Sentir é muito lento

O “Os olhos da ingrata que nunca nos beija, a luz de um corpo que apaga os caminhos, os seios submersos da sereia. Todas as velocidades e vacilos do coração que, de tão lento, quase para; ou solta faísca e incendeia o horizonte. De quantas maneiras se diz o desejo?”

Fábio Weintraub

Page 7: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

Se ela veste seu manto diáfanoSai de noite e só volta de diaEu escuto os cantores de ébanoE espero ela chegar da orgia

Ela pensa que eu sou fogo-fátuoQue me esquenta em banho-mariaSe estouro sou pior que o átomoAinda afogo essa nega na pia.

(Chacal)

Page 8: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

Fogo-fátuoO É uma luz azulada que pode ser avistada em pântanos,

brejos etc. É a inflamação espontânea do gás dos pântanos (metano), resultante da decomposição de seres vivos: plantas e animais típicos do ambiente. Em outros locais, quando um corpo orgânico começa a entrar em putrefação, ocorre a emissão do gás fosfina (PH3).

O Os fogos-fátuos são produtos da combustão da fosfina gerados pela decomposição de substâncias orgânicas, ou a fosforescência natural dos sais de cálcio presentes nos ossos enterrados.

O Muitos que avistam o fenômeno tendem a evacuar o local rapidamente, o que, devido ao deslocamento do ar, faz com que o fogo fátuo mova-se na mesma direção da pessoa. Tal fato leva muitos a acreditar que o fenômeno se trata de um evento sobrenatural, tais como espíritos, fantasmas, dentre outros.

Page 9: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

Comentário:Fogo-fátuoO Podemos observar nessa poesia de

três estrofes a presença de metáforametáfora ("Ela pensa que eu sou fogo-fátuo”, "Que me esquenta em banho- maria"), a antíteseantítese ("Sai de noite e só volta de dia"); supressão de sílabas ("Ela é uma mina versátil"), ‘mina’, por menina; uso coloquial da linguagem uso coloquial da linguagem ("E espero ela chegar da orgia"), em vez de ‘E a espero chegar da orgia’.

Page 10: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

SaraSe sara sarar d• saramp• sara será sereia p•is sara nã• é feia emb•ra nã• seja um anj• merece um s•/• de banj• (Chacal)

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Page 12: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

Comentário: SaraO Nesse poema, de apenas uma estrofe,

Chacal trabalha a forma visual do poema;O O poeta brinca com os pontos pretos, que

imitam os pontos do sarampo em todas as letras "o" do texto.

O Além disso, podemos observar na sonoridadesonoridade, o uso de aliteraçõesaliterações (repetição de uma mesma consoante, a letra "s" — "Se sara sarar d• saramp•") e o uso de assonânciasassonâncias (repetição de uma mesma vogal, as letras "e" e "a"— "sara será sereia"); a ausência de pontuação também e notável no poema.

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Moda de viola

Os olhos daquela ingrata às vezes me castigam às vezes me consolam. Mas sua boca nunca me beija. (Cacaso) 

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Comentário: Moda de viola

O Repare, nesse poema, a ausência de pontuação nos adjuntos adverbiais.

O A temática gira em torno do amor, desamor, como nas tradicionais modas de viola, espelho de lamentações por um amor não correspondido.

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Cabocla Tereza(Moda de viola tradicional) –Tonico

e Tinoco"Lá no alto da montanhaNuma casinha estranhaToda feita de sapêParei numa noite à cavaloPra mór de dois estalosQue ouvi lá dentro bate

Apeei com muito jeitoOuvi um gemido perfeitoUma voz cheia de dor:"Vancê, Tereza, descansaJurei de fazer a vingançaPra morte do meu amor"

Page 17: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

Cabocla TerezaPela réstia da janelaPor uma luzinha amarelaDe um lampião quase [apagando

Vi uma cabocla no chãoE um cabra tinha na mãoUma arma alumiando

Virei meu cavalo a galopeRisquei de espora e chicoteSangrei a anca do tar

Desci a montanha abaixoGalopando meu machoO seu doutô fui chamar

Vortamo lá pra montanhaNaquela casinha estranha

Page 18: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

Cabocla TerezaEu e mais seu doutôTopemo o cabra assustadoQue chamou nóis prum [ladoE a sua história contou"

“Há tempo eu fiz um [ranchinhoPra minha cabocla moráPois era ali nosso ninhoBem longe deste lugar.

No arto lá da montanhaPerto da luz do luarVivi um ano felizSem nunca isso esperá

E muito tempo passouPensando em ser tão felizMas a Tereza, doutor,Felicidade não quis.

Page 19: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

O meu sonho nesse oiáPaguei caro meu amorPra mór de outro cabocloMeu rancho ela abandonou.

Senti meu sangue fervêJurei a Tereza matáO meu alazão arrieiE ela eu vô percurá.

Agora já me vingueiÉ esse o fim de um amorEsta cabocla eu mateiÉ a minha história, dotor. (Tonico e Tinoco)

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Happy end

O meu amor e eu nascemos um para o outro agora só falta quem nos apresente (Cacaso)

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Comentário: Happy end

 OPoesia curta, com duas estrofes, uma contendo dois versos e outra, apenas um. Nesse poema é nítida a presença da ironiaironia.

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Parada cardíaca

Essa minha secura essa falta de sentimento

não tem ninguém que segure vem de dentro

 Vem da zona escura

donde vem o que sintosinto muito

sentir é muito lento

 (Paulo Leminski)

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Comentário: Parada cardíaca

O Poesia com duas estrofes, em que percebemos a presença da figura de linguagem denominada metáforametáfora

"Essa minha secura " = eu sou seco" Vem da zona escura" = eu tenho um

lado obscuroO Também encontramos aliteraçõesaliterações

("Essa minha secura/ essa falta de sentimento").

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“Quando entre nós só havia”

Quando entre nós só haviauma carta certaa correspondênciacompletao trem os trilhosa janela abertauma certa paisagemsem pedras ou sobressaltosmeu salto alto em equilíbrioo copo d’aguaa espera do café (Ana Cristina César)

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Comentário: “Quando entre nós só havia”

O Poema de apenas uma estrofe, sem pontuação alguma.

O Há, na poesia, uma dose forte de intimidade, característica da autora.

O Percebemos também metáforasmetáforas na poesia, a partir das palavras como: "trilho, trem, janela aberta, paisagem", que podem representar as fases de sua vida.

O Também encontramos aliteraçõesaliterações: "o trem os trilhos"

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Água

Falar de tié falar de tudo o que passano alto dos ventosna luz das acáciasé esquecer os caminhosapagar o enredoé pensar as formas do branco como teu corpo numa praia branda e azul Tua pele não retém as horas escorres, líquida sonora (Francisco Alvim)

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Comentário: ÁguaO Esse poema, de apenas uma estrofe,

traz uma descrição da água, que se assemelha muito a descrição de uma pessoa, a amada. O poeta usa a prosopopeiaprosopopeia em: "como teu corpo numa praia"; "Tua pele não retém as horas“.

O Também há a presença de hipérbolehipérbole em: "é falar de tudo o que passa/no alto dos ventos na luz das acácias".

O Ausência completa de pontuação.

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Segunda parte - Os olhinhos do poeta

O “Nada mais esquisito do que o trabalho do escritor pelo que implica de violência e delicadeza. Delicadeza de quem, como criança, empina palavras no céu do papel, e violência dos que convertem o verso em “tiro no que encarquilha a linguagem”.

O Os poemas desta seção falam das ambiguidades e impasses diante da folha em branco. Convite para uma luta que pode deixar "um filete de sangue nas gengivas" ou acabar no zero a zero.”

Fábio Weintraub

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Vacilo da vocação

Precisaria trabalhar — afundar — — como você — saudades loucas —

nesta arte — ininterrupta — de pintar —

A poesia não — telegráfica — ocasional —

me deixa sola — solta —a mercê do impossível —

— do real. (Ana Cristina César)

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Comentário: Vacilo da vocação

O Nesse poema curto, de apenas duas estrofes, Ana Cristina trabalha, já no titulo com o recurso da sonoridadesonoridade, na figura da aliteraçãoaliteração "Vacilo da vocação".

O Além disso, percebemos que o poema é repleto de hifens que sugerem ao mesmo tempo uma parada, uma interrupção e explicações; a escritora também usa a metalinguagemmetalinguagem na poesia: "A poesia não - telegráfica — ocasional— / me deixa sola — solta —".

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Vento

Grafar uma músicaé como quererfotografar o vento

a música existe no tempoa grafia existe no espaçoo vento no vento (Chacal) 

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Comentário: Vento

O Poema curto, com duas estrofes, em que o poeta traz como temática a impossibilidade de colocar a música para o papel para isso, utiliza-se de comparaçõescomparações: "Grafar uma música/ é como querer/ fotografar o vento".

O Na segunda estrofe, aparece a explicação dessa impossibilidade: "a música existe no tempo a grafia existe no espaço/ O vento no vento".

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“O Bicho alfabeto ”O Bicho alfabeto tem vinte e três patasou quase  por onde ele passa nascem palavras e frases

com frasesse fazem asaspalavraso vento leve

o bicho alfabetopassafica o que não se escreve (Paulo Leminski)

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Comentário: “O Bicho alfabeto”

O Poema com quatro estrofes, que possui como temática a própria palavra, o alfabeto. Ou seja, temos aí a presença da metalinguagemmetalinguagem — o poeta usando a palavra para explicar a palavra.

O MetáforasMetáforas também são lançadas ao longo do poema: "O Bicho alfabeto/ tem vinte e três patas" — vinte e três letras; "por onde ele passa/ nascem palavras/ e frases”. E indica que o "bicho alfabeto" constrói frases que "se fazem asas", ou seja, pode ser uma alusão à própria poesia ou, ainda, a magia da escrita.

O Por fim, ele conclui: "o bicho alfabeto/ passa/ fica o que não se escreve", ou seja, fica o sentimento expresso pela palavra, que não se consegue escrever.

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Distâncias mínimas

Um texto morcegose guia por ecos

um texto texto cegoum eco anti anti antigo

um grito na parede rede redevolta verde verde verde

com mim com com consigoouvir e ver se se se se seou se se me lhe te sigo?

(Paulo Leminski)

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Comentário: Distâncias mínimas

O Poema curto, de apenas uma estrofe, com nove versos.

O A grande alusão do poema é à questão do eco. A partir daí, o poeta escreve palavras que simbolizam esse eco para criar seu "texto morcego".

O Notemos, também, que ele utiliza os pronomes pessoais do caso oblíquo como ecos: "com mim com com consigo/ ouvir é ver se se se se se/ ou se se me lhe te sigo?".

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Terceira parte — Se o mundo não vai bem

O “Faz tempo que os escritores abandonaram suas torres de marfim e desceram ate a rua. A opressão política, o medo, a desigualdade social, a solidão, a vontade de cair fora, tudo isso aparece nos versos a seguir pela visão crítica e irônica desses poetas.”

Fábio Weintraub

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Jejum

Cuspiu no prato em que comiaTiraram o prato (Francisco Alvim)

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Comentário: Jejum

O Poema muito curto, de apenas dois versos. Nele o autor trabalha com a estratégia de citar ditados, provérbios ou frases feitas, a fim de ceder espaço em seu poema a uma outra voz e ponto de vista.

O Ao final, a ironiaironia: “ Tiraram o prato”

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“Faz três semanas”Faz três semanasesperodepois da novelasem faltaum telefonemade algum pontoperdidodo país (Ana Cristina César)

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Page 51: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

Comentário: “Faz três semanas”

O Poema curto, com apenas uma estrofe de oito versos, sem marcas de pontuação.

O Nele, percebemos a temática do intimismo do eu-lírico, da solidão.

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E proibido pisar na grama

O jeito e deitar e rolar

(Chacal)

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Comentário: E proibido pisar na grama

O Poema muito curto de apenas um verso. Com uma forte dose de ironiaironia, o poeta aproveita o título e completa o texto com seu único verso.

O Certamente, o termo proibitivo refere-se a época da ditadura, em que tudo era proibido, e os escritores precisavam "deitar e rolar" para driblar a censura.

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As aparências revelam

Afirma uma Firma que o Brasilconfirma: “Vamos substituir oCafé pelo Aço. “

Vai ser duríssimo descondicionaro paladar

Não há na violênciaque a linguagem imitaalgo da violênciapropriamente dita?

(Cacaso)

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Comentário: As aparências revelam

O Poema composto por três estrofes, que traz como temática a preocupação social, o capitalismo e, consequentemente, o reflexo que a troca do café (riqueza nacional) pelo aço (empresa multinacional) vai incutir na sociedade; e conclui que será um ato de "violência".

O O poeta trabalha com a sonoridadesonoridade e o jogo de palavras: "Afirma uma Firma que o Brasil/ confirma:... "

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Relógio

Com Deus mi deito com deus mi levantocomigo eu calo comigo eu cantoeu bato um papo eu bato um pontoeu tomo um drink eu fico tonto. (Chacal)

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Comentário: Relógio

O Poema muito curto, composto por uma estrofe de quatro versos.

O No primeiro verso, o poeta faz alusão a uma reza popular da igreja católica e usa a linguagem coloquial linguagem coloquial para representar essa popularidade: "Com Deus mi deito com deus mi levanto".

O O recurso da sonoridadesonoridade, a partir da repetição das letras "b", "p" e "t" também é marcante: "eu bato um papo eu bato um ponto".

Page 61: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

Cartilha da cura

As mulheres e as crianças são as primeiras que

desistem de afundar os navios.

(Ana Cristina César) 

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Comentário: Cartilha da cura

O Poema muito curto, composto por apenas uma estrofe de dois versos.

O Nele se verifica a ironiaironia e, ao mesmo tempo, a profundidade sentimental profundidade sentimental do eu-lírico.

O Perceba que quando o navio afunda, as primeiras pessoas a se salvar são “as mulheres e crianças”, aqui, ocorre o contrário, nem uma nem outra quer afundar o navio. Ou seja, não querem se salvar portanto, devem se manter como estão, a margem das decisões.

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Quarta parte - A vida que para

O “Muitas vezes, a poesia nasce do espanto, de uma espécie de interrupção no curso natural das coisas, e se constitui como uma forma de conhecimento. Basta um pequeno desvio na direção do olhar para que o mundo se apresente sob nova luz.”

 Fábio Weintraub

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Como abater uma nuvem a tiros

Sirenes, bares em chamas,carros se chocando,a noite me chama,a coisa escrita em sanguenas paredes das danceteriase dos hospitais,os poemas incompletose o vermelho sempre verde dos sinais(Paulo Leminski)

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Comentário: Como abater uma nuvem a tiros

O Nesse poema, de apenas uma estrofe com oito versos, o poeta traz como temática a violência urbanaviolência urbana.

O O poema traz uma sequência de fatos e ações que culminam na morte, no desastre de um acidente de automóvel.

Page 67: POESIA MARGINAL Material: Estudo de textos Autora Cláudia Regina Silveira

“ACORDEI BEMOL”ACORDEI BEMOL1

tudo estava sustenido2

 sol fazia

só não fazia sentido (Paulo Leminski)1- [Música] [Música] Sinal indicativo do meio-tom de abaixamento/ O mesmo que indeciso.2- [Música] [Música] Elevado meio-tom (nota musical)./ O mesmo que suspenso.

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Comentário: “ACORDEI BEMOL”

ONeste curto poema de duas estrofes, com dois versos cada, a temática gira em tomo do jogo de palavras com as notas musicais: "bemol sustenido, sol".OTambém pode remontar a inquietude pela impossibilidade de saber como agir.

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Meio fioTem um fio de queijo entre eu e o misto quente recém-mordido tem um fio de goma entre o chiclete e eu recém-mascado

tem um fio de vida entre eu e teu corporecém-amado

tem um fio de carneentre teu corpo e teu filhorecém-nascido

tem um fio de luzentre eu e mimrecém-passado

 tem um fio de sangue entre a razão e eurecém-partido  tem um fio de luz entre eu e mim recém-chegado

(Chacal)

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Comentário: Meio fio

O Esse é um dos maiores poemas que compõem a antologia. Aqui, reparamos primeiramente na forma em que foi escrito: linguagem coloquial linguagem coloquial — uso do verbo "ter" no lugar de "haver" e o desvio gramatical nos segundos versos de cada estrofe: "entre eu e o misto quente" ; " entre o chiclete e eu"; "entre eu e teu corpo"; "entre a razão e eu"; "entre eu e mim" — a forma culta da gramática indica que mediante preposição "entre" devemos usar "mim", em vez de "eu".

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Comentário: Meio fio

O Observamos, ainda, que esses primeiros versos de cada estrofe iniciam sempre da mesma forma, o que perfaz anáforaanáfora: "tem um fio de...".

O Notemos também que todas as terceiras estrofes são compostas de duas palavras: recém + um verbo no infinitivo (mordido, mascado, amado, partido, chegado).