avenida marginal 4

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Com início no primeiro domingo de Agosto, a Semana do Mar é hoje a maior festa da ilha do Faial e constitui o maior festival náutico do nosso país. Durante uma semana, a Horta veste-se de marinheira e expõe-se, ainda e sempre, à fruição apetecível do nosso olhar. Gostar desta cidade é, pois, uma arte de contemplação. Mais do que uma cidade, a Horta é um sentimento. Talvez de amor. Porventura de paixão. Certamente de afecto. Oásis de repouso e de refrescos no meio do Atlântico, cidade de chegadas e partidas, a Horta recebe, na sua acolhedora Marina, gente de todas as raças, que falam todas as línguas e ostentam bandeiras e pavilhões de todo o mundo. E vive de memórias e mitos, ela que já foi “a maior cidade pequena do mundo”, no dizer do poeta Pedro da Silveira. À beira-mar reclinada, protegida a sul pelo Monte da Guia e pelo Monte Queimado e a norte pelo Monte da Espalamaca, a Horta dispõe-se em anfiteatro virada a nascente, com o coração inclinado para a majestosa ilha do Pico, cuja montanha está envolta em nuvens metafóricas que lhe dão formas irreais e imprevistas. Trata-se de uma cidade-porto aberta ao sonho e à aventura, com uma luz de esplendorosa nitidez que atrai e encanta. Daí o seu perfil de mar e o seu jeito de ser cosmopolita e bela. A Horta é a cidade mais ocidental da Europa e possui a Marina oceânica mais in- ternacional do mundo! É esta beleza marítima e é este imaginário de barcos, pinturas e velejadores que fazem da Semana do Mar uma festa sui generis. Na origem da Semana do Mar está a realização da Regata Portsmouth-Horta, no ano de 1975, e está, acima de tudo, o programa elaborado para a recepção da e e e e e 19 Semana do Mar na rua Victor Rui Dores Eu nasci em Belém... Não sei se conhecem. Fica ali entre Algés e Alcântara. Tive uma infância pacata a ver o meu pai carpinteiro fazer bancos de cozinha e casotas para cães e a ouvir comentários estranhos da vizinhança acerca da minha paternidade. Seria eu mesmo filho do carpinteiro dos bancos de cozinha, ou de um bancário do Espírito Santo que era nosso vizinho? Apesar da minha infância ser muito modesta, cedo comecei a revelar facetas de menino prodígio. Quando tinha cinco anos desenhei e construí uma cómoda estilo D.Maria II toda em mogno da Austrália. E por causa desta habilidade levei a primeira grande carga de porrada do meu pai, porque as tábuas de mogno da Austrália eram para fazer uma capoeira para a minha avó que vivia na Freixiosa. Quando tinha sete anos o meu pai levou-me à praia de Carcavelos para me ensinar a nadar. Vai daí agarrou-me pela cintura, atirou-me para o meio das ondas e gritou “desenrasca-te”. Mas o meu estilo canino apenas me permitiu nadar meio metro e beber uns dez pirolitos. Entrei em pânico e, então, em vez de ir ao fundo, como seria natural, tive uma reacção inesperada. Pura e simplesmente desatei a correr sobre as águas e e e e e 17 De como eu tentei salvar o mundo... Sérgio Luís Mesmo em tempos de crise as celebrações do fim-de-ano académico americanas são eufóricas. Os graduados só querem ouvir quem lhes planta futuros radiosos nos olhos. Os cortejos – procissões, como aliás lhes chamam – são graciosamente polícromos. Vou com quase quarenta deles na pele, aqui na Brown, e admito que me deixo contagiar pela festança. Ordeiríssimo tudo, na maior descontracção, misto de alegria e solenidade. Todos os anos dois dos melhores finalistas são eleitos para fazerem o discurso do adeus (o Valedictory). Este ano a escolha recaiu em duas jovens (costuma ser mais equilibrado em termos de género), uma delas muçulmana, que foi minha aluna. Muito calada e e e e e 19 (Des)atentados interculturais Onésimo Teotónio de Almeida Francisco Gonçalves 1975 - Regata Portsmouth-Horta

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Quarta edição do jornal faialense Avenida Marginal.

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  • Com incio no primeirodomingo de Agosto, a Semanado Mar hoje a maior festa dailha do Faial e constitui o maiorfestival nutico do nosso pas.

    Durante uma semana, aHorta veste-se de marinheira eexpe-se, ainda e sempre, fruio apetecvel do nossoolhar. Gostar desta cidade ,pois, uma arte de contemplao.

    Mais do que uma cidade, aHorta um sentimento. Talvezde amor. Porventura de paixo.Certamente de afecto.

    Osis de repouso e derefrescos no meio do Atlntico,cidade de chegadas e partidas,a Horta recebe, na suaacolhedora Marina, gente detodas as raas, que falam todasas lnguas e ostentam bandeirase pavilhes de todo o mundo. Evive de memrias e mitos, elaque j foi a maior cidadepequena do mundo, no dizer dopoeta Pedro da Silveira.

    beira-mar reclinada,protegida a sul pelo Monte da

    Guia e pelo Monte Queimado ea norte pelo Monte daEspalamaca, a Horta dispe-seem anfiteatro virada a nascente,com o corao inclinado para amajestosa ilha do Pico, cujamontanha est envolta emnuvens metafricas que lhe doformas irreais e imprevistas.Trata-se de uma cidade-portoaberta ao sonho e aventura,com uma luz de esplendorosanitidez que atrai e encanta. Dao seu perfil de mar e o seu jeitode ser cosmopolita e bela.

    A Horta a cidade maisocidental da Europa e possui aMarina ocenica mais in-ternacional do mundo! estabeleza martima e esteimaginrio de barcos, pinturas evelejadores que fazem daSemana do Mar uma festa suigeneris.

    Na origem da Semana doMar est a realizao da RegataPortsmouth-Horta, no ano de1975, e est, acima de tudo, oprograma elaborado para arecepo da e e e e e 19

    Semana do Mar na ruaVictor Rui Dores

    Eu nasci em Belm... No sei se conhecem. Fica ali entre Algse Alcntara.

    Tive uma infncia pacata a ver o meu pai carpinteiro fazer bancosde cozinha e casotas para ces e a ouvir comentrios estranhos davizinhana acerca da minha paternidade. Seria eu mesmo filho docarpinteiro dos bancos de cozinha, ou de um bancrio do EspritoSanto que era nosso vizinho?

    Apesar da minha infncia ser muito modesta, cedo comecei arevelar facetas de menino prodgio.

    Quando tinha cinco anos desenhei e constru uma cmoda estiloD.Maria II toda em mogno da Austrlia. E por causa desta habilidadelevei a primeira grande carga de porrada do meu pai, porque astbuas de mogno da Austrlia eram para fazer uma capoeira paraa minha av que vivia na Freixiosa.

    Quando tinha sete anos o meu pai levou-me praia deCarcavelos para me ensinar a nadar. Vai da agarrou-me pela cintura,atirou-me para o meio das ondas e gritou desenrasca-te.

    Mas o meu estilo canino apenas me permitiu nadar meio metroe beber uns dez pirolitos. Entrei em pnico e, ento, em vez de ir aofundo, como seria natural, tive uma reaco inesperada. Pura esimplesmente desatei a correr sobre as guas e e e e e 17

    De como eu tenteisalvar o mundo...

    Srgio Lus

    Mesmo em tempos de crise as celebraes do fim-de-anoacadmico americanas so eufricas. Os graduados s queremouvir quem lhes planta futuros radiosos nos olhos. Os cortejos procisses, como alis lhes chamam so graciosamentepolcromos. Vou com quase quarenta deles na pele, aqui na Brown,e admito que me deixo contagiar pela festana. Ordeirssimo tudo,na maior descontraco, misto de alegria e solenidade. Todos osanos dois dos melhores finalistas so eleitos para fazerem o discursodo adeus (o Valedictory). Este ano a escolha recaiu em duas jovens(costuma ser mais equilibrado em termos de gnero), uma delasmuulmana, que foi minha aluna. Muito calada e e e e e 19

    (Des)atentadosinterculturais

    Onsimo Teotnio de Almeida

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    1975 - Regata Portsmouth-Horta

  • 2 Avenida Marginal sexta feira 31 de Julho 2009

    Nota de AberturaGostei incondicionalmente da crnica que a professora Lcia

    Serpa publicou na edio n zero do Avenida Marginal, de 4 deJulho de 2008, intitulada O Fim do Pasteleiro. Ali a autora aborda,com grande criatividade e enorme sentido de humor, o tema dasalcunhas, transversal a todos os lugares e a todos os extratos sociaisda nossa sociedade. Ainda fiquei na expectativa de que algumvoltasse a escrever-me sobre aquele assunto, dando testemunhode outras situaes e de outras comunidades mas at hoje,infelizmente, tal no se verificou.

    Por uma questo de orientao e comodidade damos nomes spessoas, mas tambm s coisas e aos lugares. Alguns soam-nosmaravilhosamente bem, como se de autnticos monumentos outratados de potica se tratassem, pela originalidade e simbologiaque carregam: Freixo de Espada Cinta, Linda a Velha, Linda aPastora, Curral de Freiras, gua de Alto, Terra de Po, Ribeiradas Cabras, Ribeira das Tanhas, Vilar de Mouros, Vilar de Perdizes,Casal Ventoso, Cova da Moura...

    S no lugar do Cho Frio, onde passei toda a minha infncia eparte da juventude, os nomes acotovelam-se na memria povoando,ainda hoje, o meu imaginrio de uma forma indelvel. Reparem nabeleza dos nomes que ainda so utilizados pelos seus moradorespara designarem alguns lugares: Vale da Marcela, Atalho da Velha,Relvinha, Caminho dos Cedros, Poo da Moa, Poo das Asas,Furnas, Lajidos, Poos Negros, Cabeo dos Frades, Cabeo dosMilhafres, Serradinho, Serrado do Rato... J algum ouviu falardestes lugares? Pois saibam que eu ainda hoje sou capaz depercorrer, de olhos vendados, muitas destas veredas da minhainfncia tal como o professor Ruben de Oliveira se prepara parafazer, daqui por alguns dias, a travessia do Canal Faial / Pico . Oestudo aprofundado e comparativo destes nomes diria, se calhar,muito de ns e das nossas origens, enquanto porugueses (ou delesdescendendo), oriundos das Beiras ou do Algarve, do Alentejo oude Trs os Montes.

    ( ) O Antnio Berlanda passou minha porta com um enormefeixe de lenha s costas, que daria para qualquer homem normalfazer quatro ou cinco viagens ao mato louvado seja Deus! OMaaroca chegou da Amrica onde foi, pela primeira vez, em visitaa familiares h muito emigrados e diz, para quem o quiser ouvir, nasua condio de lavrador e homem simples, que s o desperdciodo Estado da Califrnia daria para matar a fome que h por todoesse mundo. Ele deve saber do que fala pois durante quase doismeses visitou tudo o que farmes e canarias pelo imenso vale deSo Joaquim.

    O Russo e o Preto Sapateiro acabaram de tirar a quarta classee foram, to meninos que eles so, trabalhar para a cidade, comoaprendizes, na sapataria do Eduino Mascote onde vo ganhar dezescudos por semana. O Xico Trinta tirou para cima de uma toneladade batatas, num pequeno prdio que possui no fundo da Praia(bendita terra!). Dizem ainda que no ltimo Inverno pendurou umporco com quase cinco dedos de toucinho e para cima de duzentosquilos.

    O Papucha chegou h dois dias da Guin e e e e e 18

    PUB

    .

    Onde pode encontrar diversos artigos para

    o seu lar e muitas prendas para oferecer.

    Encontrar ainda uma gama alargada

    de velas de todo o tipo da

    Yankee Candle

    Quem me est a ler umturista. Se no for turista, porfavor, imagine-se um turista.Acabou de chegar Horta paraparticipar na Semana do Mar eno aeroporto, simpaticamente,colocaram-lhe este jornal nasmos. Depois de ler ointeressante artigo publicado napgina 7, e que, se no leu,deveria ler, cruzou os olhos comestas dicas ambientais.

    Ao ler as primeiras linhascomeou de imediato adesconfiar, e com razo. Comque ento tenho de me imaginarum turista? Mas eu no souum turista! V l Ajude umpobre cronista em busca depblico Se no for um turista,imite um. Olhe com olhosesbugalhados para todo o lado,faa perguntas, fale alto Falaralto, no! Aqui vai o primeiroconselho ambiental. No falealto. Imagine que diz um grandedisparate. Se o disser alto toda agente o vai ouvir e uns poderopensar que mesmo verdade,portanto sero enganados, eoutros pensaro que tolo, o quetambm no nada bom. Claroque neste momento est a pensarolha para este, eu nunca digodisparates. Pois , mas, nessecaso, tambm no bom falaralto. Imagine que com grandepotncia vocal desvenda aresoluo simplificada doteorema de Fermat? Ou revela,num momento de grande viso,os nmeros do euromilhes daprxima semana? J viu a famaou o dinheiro que pode perder?Pelo sim, pelo no, fale baixo. Jagora, no seu magnfico carroalugado, no apite, nem aceleredesnecessariamente. Apitar podeassustar uma vaca, sim, h muitas

    Alguns conselhos ambientaisFrederico Cardigos nestas ilhas, e ela poder sair da

    cerca e fazer aquela coisa que asvacas fazem em plena via pblica.E aqui tem a segunda dicaambiental: No assuste asvacas. que se andar por a aassustar as vacas, os agricultoresiro ficar furiosos por terem deperseguir as vacas pelas ruas daHorta. Eu j vi isso acontecer, eno nada agradvel. Causamuito mau ambiente.

    Portanto, o senhor umturista acabadinho de chegar Ilha do Faial Huummm, estoua ver Est, certamente, a fazeraqueles comentrios deslocadosque comeam por L emPortugal tambm temos recolhaselectiva de resduos Claro!Tinha de ser! Mais um cubanoque se esqueceu que est emPortugal! O nosso pas realmente minsculo, mas, lporque viajou de avio, porque otempo aqui muito maisdinmico, por no haver poluio,por as pessoas serem infini-tamente simpticas, por haver umsotaque cantado que d nossalngua uma poesia invejvel, poro mar ser realmente azul, portermos as melhores infra-estruturas de interpretaoambiental, por no haver pobrezaexplcita, por possuirmos mais deduas dezenas de espcies decetceos, por a visibilidademarinha ser, em mdia, 4 vezessuperior do Continente e porhaver lindas hortnsias, nosignifica que tenha sado do pas.

    Alis, antes de se meter agabar as hortnsias, tenho queavisar desde j que um verda-deiro ambientalista aoriano nogosta de hortnsias. Essas floresdo demnio invadiram as ilhas e,agora, ganharam uma variedadeque, para alm de ser mais feia,consegue reproduzir-se semlimites. Conselho ambiental: as

    hortnsias no so nossasamigas.. Ao contrrio, as plantasendmicas, como a urze, aazorina, o morcego-dos-Aores,entre muitos outros, esses sim,so os verdadeiros aorianos.Como provavelmente no saberque plantas so essas, noexistem l em Portugal,aconselho-o a comprar um guiade identificao. Isso at parano chamar de planta a ummorcego

    Senhor turista, com todo orespeito, este arquiplago, queagora visita, tem mais Reservasda Biosfera que o resto do pas,tem mais reas Ramsar, tem asnicas Zonas Especiais deConservao da Europa (RedeNatura 2000) e fomos conside-rados o segundo arquiplago domundo em termos de turismosustentvel. Isso apenas possvel porque tentamos contera flora invasora e protegemos abiodiversidade local, fazemos umesforo herculeano para proces-sar correctamente os resduos,estamos a implementar umaimplacvel poltica de preser-vao dos recursos dulccolas,no pescamos demais... E aquinasce outra dica ambiental: norestaurante, antes de pedir opeixe, pea a lista de espcies emperigo e opte pelas que no esto.No caso de comer carne, maisum conselho, pea carnecertificada.

    Prontos, est a ver, no custouassim tanto ser turista duranteestas linhas. Para mim tambmfoi ptimo porque ganhei umleitor durante alguns minutos.Sabe, que neste jornal elespagam ao leitor... Por cada milhode leitores do-nos uma cervejano Peter! Outra dica: Se usar umcopo de vidro, no se esquea dedevolver, se for de plsticocoloque no contentor amarelo..

    (para a Semana do Mar)

  • sexta feira 31 de Julho 2009 Avenida Marginal 3

    ngelo Andrade

    Armadores e armamento (frota)

    Portugal constituiu, a nvel europeu e at mesmomundial, uma potncia martima poderosa quer por viadas suas Empresas Armadoras de bandeira (Registode Mar Portugus), quer pelo seu armamento (frota)explorando os mares ora em rotas e linha regulares oraem transporte ocasional (ao frete).

    Como todos os pases, Portugal e o GovernoPortugus protegiam, mediante legislao, os armadoresnacionais que operavam nas zonas estratgicas.

    Assim aconteceu com as linhas das ex-colnias, domercado da saudade e das ilhas, hoje RegiesAutnomas.

    Consequentemente, da mesma forma que a frotaportuguesa transportava passageiros e mercadorias paraoutros pases com os quais Portugal mantinha relaescomerciais, navios desses pases tambm o faziam dee para portos portugueses. Vigorava o denominadoregime de reciprocidade.

    Cito, a ttulo de exemplo, o MS Vulcania da ItaliaSociet di Navegazione que largou (numa das vriasviagens que realizou nesta rota bem como o seu gmeoMS Saturnia) de Ponta Delgada com destino aos USAem 8 de Julho de 1939.

    Armadores Portugueses

    Operaram no mercado vrias companhiasarmadoras, algumas de grande prestgio devido elevadaqualidade do seu equipamento operacional e do servioprestado. De referir, nomeadamente, a EmpresaColonial de Navegao, a Companhia Insulana deNavegao, os Carregadores Aorianos, a CompanhiaNacional de Navegao, a Mutualista Aoriana, aSociedade Geral de Navegao, etc., e no transporteespecializado na rea da petroqumica, a Soponata e aSacor Martima.

    Estas empresas tinham os seus mercados-alvo bemdefinidos, operavam com os equipamentos adequadosao trfego existente e com a regularidade necessria.

    Com o 25 de Abril de 1974 e a consequente perdada soberania de Portugal nas ex colnias, algumasdas empresas armadoras perderam os seus mercadosconsolidados e para se manterem no sector, tiveram deadoptar novas estratgias com o objectivo de seadaptarem s novas normas do mercado cada vez maisconcorrencial face s novas economias emergentes.

    E assim surge, da fuso de vrias empresas, a CTM- Companhia de Transportes Martimos com o objectivode concorrer no mercado internacional e manter otrfego para as Regies Autnomas.

    Esta estratgia revelou-se contudo inadequada querno seu sector operacional desajustado da nova realidade,quer nos custos de funcionamento e de estrutura poucoconcorrenciais, quer na resoluo de conflitos laboraisquase constantes. Como consequncia, a CTM entrouem declnio e praticamente perdeu todo o seu mercado.

    Assim surgiram no sector novos armadores,operando em linhas regulares na cabotagem insular aTransinsular, a Mutualista Aoriana e a Box Linesempresas especializadas no transporte de cargacontentorizada, bem como a Sacor Martimaespecializada no transporte de produtos petrolferosdispondo todas de equipamentos operacionais de elevadoStandard prestando, portanto, um servio de qualidade.

    Outras de menor dimenso operam em reasrestritas na zona da navegao costeira nacionalnormalmente com equipamentos sub-standard.

    Transporte Martimo(do sculo passado ao presente)

    Armamento

    No vou aqui referir, pormenorizadamente, umalistagem completa da frota ao servio destas Empresas.Contudo, a ttulo de exemplo pode referir-se no trfegointernacional o Vera Cruz, o Santa Maria, oPrncipe Perfeito, o Infante D. Henrique etc. e nacabotagem insular o Funchal, o Angra doHerosmo, o Carvalho Arajo, o Lima, o Cedros,oArnel o Ponta Delgada e outros que durantemuitos anos asseguraram o transporte de pessoas emercadorias entre o Continente Portugus e as IlhasAdjacentes, hoje Regies Autnomas, com seguranae eficincia.

    Como natural no mar e no transporte martimo,existem sempre situaes imprevistas que podemacabar em tragdia ou em verdadeiros actos decoragem.

    Sem pretender valorizar ou esquecer uns emdetrimento de outros, no resisto porm a relatar doiscasos entre muitos que investiguei que considerorelevantes:

    Giro: modesta embarcao de carga geral queoperava nas rotas Continente Aores e inter-ilhas.

    Durante a crise ssmica de 1968 ocorreu uma rupturade bens essenciais especialmente na Ilha de S. Jorge.Com o temporal que se fazia sentir, encontravam-seem Angra do Herosmo juntamente com o Giro, outrosnavios de maior porte, eventualmente mais fiveis,aguardando melhoria do estado do tempo. Contudo ovelhinho Giro j aprestado e estivado fez-se ao mardemandou S. Jorge pelo norte e acabou por atracarnas Velas depois de uma viagem pica. Era seuComandante o Capito da Marinha Mercante MarianoSoares Lopes .

    Ponta Delgada: uma excelente construo (paraa poca) equipada com um s aparelho propulsoraccionado por uma mquina Sulzer de desempenhosuperior. Numa viagem histrica zarpou da Calheta de

    S. Jorge com mar tempestuoso pela proa com destinos Flores numa rota pelo norte do Faial. Foi atingidonuma amura por um golpe de mar desencontradoinvertendo o rumo quase 180. Sofreu danos gravesprincipalmente na super-estrutura, alagamento decompartimentos mas nenhuma falha de mquina.

    Acabou por atracar na Horta pelos seus prprios meios.Era seu comandante o Capito Armando Soares. Estenavio depois de deixar de navegar nos mares dosAores em transporte regular foi transformado emPequeno Cruzeiro esteve ao servio da Contramar epermaneceu atracado no Cais do Poo do Bispo emLisboa desde 1998 afundando-se parcialmente a 3 deJunho de 2001. Foi posteriormente desmantelado.

    Actualmente na cabotagem insular (servio pblico)opera uma frota moderna e especializada com naviosadequados ao trfego e s estruturas porturias, todoscom elevado standard de qualidade e segurana,devidamente certificados cumprindo todos os requisitosdas convenes SOLAS (navios) e STCW(tripulaes), prestando assim um servio de excelncia.

    Sistema de transporte martimo

    A cabotagem insular representa o maior volume detrfego nos portos da Regio e um segmento importantedo shipping portugus desvalorizado com a perda decompetitividade do armamento nacional, no mercadointernacional.

    Em 1992 foi aprovado o regulamento CEE 3577/92que definia genericamente a liberalizao do transportemartimo entre os portos dos Estados Membros comefeitos a 1 de Janeiro de 1993.

    Este regulamento previa derrogaes para que osEstados Membros pudessem adaptar as suas estruturasoperacionais s novas normas do mercado e reduzirassim as assimetrias existentes entre os pases do bloconorte e os do bloco sul.

    Para o caso das ilhas dos Aores, Madeira, Canriase ilhas Mediterrnicas, foi estabelecida a meta de 1999.

    O regulamento aprovado previa ainda a possibilidadeserem estabelecidas condies de servio pblico parao transporte martimo, quando o interesse estratgicode um Estado ou Regio o justificasse.

    Foi o que aconteceu com a cabotagem insular dasRegies Autnomas.

    Essas condies de servio pblico aprovadasimpem:

    - Aplicam-se a todos os armadores nacionais ecomunitrios que efectuem transportes regulares nacabotagem insular.

    - Ligaes semanais e Itinerrios pr-estabelecidos,garantindo uma escala quinzenal em todas as ilhas pormeios prprios ou mediante a contratao de terceiros,no podendo ser ultrapassados os sete dias teis paraentrega das mercadorias no seu destino.

    - Garantia de manuteno do servio de pelo menosdois anos,

    - Prtica do mesmo frete para todas as ilhas. Temos de reconhecer que esta condio de

    excepo foi uma importante conquista da diplomaciaPortuguesa no mbito da U.E., que as RegiesAutnomas esto bem servidas em termos de transportemartimo de mercadorias e que o mercado funcionasem constrangimentos para as respectivas economias.Tentar, pela via administrativa, alterar esta situaoevocando conceitos como plataformas logsticas ouauto-estradas martimas regionais, completamentedescontextualizados da nossa realidade geogrfica, noimplica qualquer benefcio prtico para a maioria dasilhas e seria um lamentvel retrocesso em relao aopresente.

    Fontes de informao e pesquisa:Arquivos e informaes pessoais incluindo participaesem seminrios e conferncias da especialidade.Conhecimento pessoal de alguns dos citados.Revistas da especialidade.Artigos e entrevistas publicados na imprensa.Internet.

  • 4 Avenida Marginal sexta feira 31 de Julho 2009

    O Jos Maciel desceu docavalo e amarrou-o no valado a uns galhos de hortncias.Tiroua cancela,entrou no serrado efechou-a atrs de si .Deu unspassos em frente e olhou para ameia dzia de vitelos queestavam sua frente. Sorriucom aquele ar maroto de quemj adivinhava a cena que iaencontrar pela frente.

    Foi no preciso momento queouviu chegar uma mota.pelobarulho soube logo que era oJos Nunes,o dono do matoonde se encontrava e dosbezerros que tanta vontade lhederam de rir.

    Oh Maciel! O que quedizes aos bezerros? Estou bemarrependido de no ter mandadovir mais dois ou trs. Forambaratssimos! Disse o JosNunes ao fechar a cancela e acaminhar na direo do JosMaciel.

    Este no parava de sorrir,olhando uma vez para osbezerros outra para a cara doJos Nunes.Fez-se um pequenosilncio e ento o Macieldisparou: Oh Jos, tu no haviasde deixar estes bezerros aqui nomeio da terra, durante o dia.Devias p-los em lugarescondido. Os milhafres se docom eles, levam-nos todos.

    O Jos Nunes no teve outroremdio seno ouvir e calar.Apenas esboou um sorrisoamarelo, porque tambm jestava habituado s crticas doMaciel. O pior que eramsempre oportunas e verdadeiras.

    Na realidade os bezerrosmetiam d. Eram muitopequenos, muito cabeludos, comumas cabeas enormes, disfor-mes e enfeitadas com grandeschifres. O Jos Nunes no tevemais do que reconhecer - estoenfzaditos! Mas tu vais verque daqui a um ms eles voestar com outra cara. Voucomprar amanh um frascodum remdio que existe hpouco tempo na farmcia e quefaz muito bem a eles. Tirou daalgibeira um papel de embrulhomuito amarrotado e foisoletrando: -Ve-tra-mi-sol. isto! um remdio santo. Amanh trago o frasco e umaseringa e venho mesma horapara tu me ajudares. Aguentasos bezerros para eu dar ainjeo!

    Estes vitelos eramimportados de S. Jorge. Vinhamno Terra Alta, Esprito Santo ouSanto Amaro. Como os lavra-dores daquela ilha metiam o leite

    O Jos MacielJos Matos

    nas Cooperativas para produode queijo, no ligavam muito aosvitelos. Criavam-nos com o soroque traziam das fbricas. Porisso os animais cresciam pouco,ficavam disformes, tornavam-sevelhos mas com corpo de jovens.No Faial, como se queriaanimais para a produo decarne e os que havia eramcaros, muitos apostaram nesteproduto jorgense de poucaqualidade. Era o que havia!

    A sobrevivncia para muitosdestes bezerros era na verdade, o Vetramisol. Foi o primeirodesparazitante de qualidade queapareceu no mercado para uso veterenrio. Era aplicado eminjeo. Por precauo deviadar-se de forma inter-cutnea.O lquido ficava entre a pele e o msculo do animal. Era istoque o Jos Nunes no sabia.

    No dia seguinte o JosMaciel, como de costume, l foino seu cavalo at ao mato. Pelocaminho foi ultrapassado peloJos Nunes que ia na sua mota,a velha Sachs, que fazia umbarulho que todos conheciam.

    Veio mais cedo para ter aajuda do Maciel.

    Quando este chegou,j o JosNunes o esperava com a grandeseringa cheia, com a enorme agulha que metia medo aqualquer ser vivo, pelo seutamanho e grossura.

    Estvamos na dcada desetenta do sculo passado!

    - Maciel! Metes os dedos nofocinho do bezerro e puxas parati. Ele nunca mais se mexe. Isto num instante! Disseram-meque era um centmetro por cadacem quilos. Nenhum tem essepeso mas eu vou dar quatrocentmetros em cada um. Vaifazer efeito mais depressa.

    Assim se fez. O Jos Nunes

    s ao cabo de trs ou quatropancadas secas e com fora conseguiu que a agulha entrassena pele e msculo do animal edespejou os quatro centmetrosde Vetramisol.

    No levou trinta segundos eo vitelo arregala os olhos, dum grande berro e cai para olado.

    - Oh diabo, talvez foi muito.Se calhar vai morrer, disse o JosNunes com alguma preo-cupao.

    O Jos Maciel com toda acalma, baixou-se, abriu aspalpebras do bezerro e riu-se.

    - Oh Jos, ele ainda estvivo. Parece-me que ele nopode com a agulha!

    O Nunes no sabia se haviade rir, se tentar levantar oanimal, ou parar por ali.

    Passado algum tempo obezerro deu umas guinadas etentou levantar-se. Mais unssegundos e via-se que estava arecuperar. O Maciel continuavaa rir, o Jos Nunes suspiravafundo.

    - Maciel vamos aos outros.Vou dar menos uma coisinhade lquido!

    A cena repetiu-se a papelqumico em todos os animais.Uns resistiam melhor outros iam-se abaixo.

    No final, enquanto o JosNunes passava um pingo degua pela seringa, o Macielperguntou: Oh Jos, quando que pensas que vais ter gado aquipronto para vender? E sem queo outro tivesse tempo pararesponder, o Maciel ainda maiso deixou sem palavras.

    - Oh Jos se os milhafres noos levarem, daqui a uns anos levam-nos para Lisboa paradarem aos lees. O pior queos lees vo partir os dentes!

    O Tear de S. Jorge, que hojeest transformado numa peade atraco turstica, e sempreque se fala nele vem nossaideia as lindas colchas confec-cionadas na Faj dos Vimes,teve um papel importante, nosec. XIX e at meados do sec.XX na economia familiar demuitos Jorgenses. Muita roupaera feita com tecido executadono Tear, com a matria primapreparada para o efeito, nomea-damente com a l que eraextrada das ovelhas etrabalhada pelas senhoras quelhe davam o seguinte trata-mento: tosquiavam-se asovelhas a l era lavada,cramiada (aberta), depois

    cardada com duas cardas, fiadaem engenhos ou rocas e eratecida no Tear, com o tecidofaziam-se calas e casacos paraos senhores, saias e xailes paraas senhoras, cobertores,colchas e tapetes, tambm coma roupa que j no era usada, eaqui, sem estudos ou formaoentrava, a agora to faladareciclagem, cortava-se o tecidovelho que era transformado emaparas, e com este produtofaziam-se no Tear, mantas paraas camas, e tapetes.

    Mas o que mais me marcoufoi a cultura do linho, muitotradicional na dcada de 50,semeava-se a linhaa nas

    melhores terras, e era sempremuito bem tratado, tinham ocuidado de ir mond-lo (tirar aservas ruins), trabalho que erafeito minuciosamente, passavama terra toda de joelhos, para noficar nada atrs, nesse dia olinho parecia que tinha ficadotodo amassado, mas no diaseguinte j estava todo de p,durante muito tempo tinha queser vigiado, para os melros noo destrurem, esta tarefa cabias crianas, quando estava naaltura da colheita era dividido emmaussas, (pequenos molhos), eestas, eram postas na Ribeira ecaladas com pedras, estavamali durante 8 dias , depoisretiravam-se e eram sujeitas ao

    seguinte tratamento: Com uminstrumento chamado o ripanoera retirada a baganha, flor dolinho, com uma tasquinha feitade madeira era tasquinhado,depois amassava-se com umamassa, rolinho feito de madeira,at ficar bem aberto e passava-se no cedeiro, instrumento feitocom uns pregos finos, pararetirar os fios mais grossos,(estopa), fervia-se com cinza eera corado para ficar branco.Com este material eram feitastorcidas para serem fiadas noengenho, e com este linho quese tecia no tear, faziam-selenis colchas e toalhas.

    Tear de So JorgeLaalete Lopes

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  • sexta feira 31 de Julho 2009 Avenida Marginal 5

    No dia 28 de Agosto de 1893,entre as 6 e as 9 horas da manh,violento ciclone se levantou,destruindo vidas e praticamentetodas as culturas - vinhas queproduziam pipas de vinho, nesseano apenas deram canadas oupotes. Tudo ficou destrudo nachamada fronteira: portecos,embarcadouros e embarcaesvaradas, igrejas, casas e adegasna orla martima. Uma dasmaiores tempestades que assolouas ilhas do Pico e do Faial,constituindo assim mais um doscataclismos que bateu porta,causando enorme prejuzoavaliado em muitos contos de reis.

    Marcelino Lima nos Anais doMunicpio da Horta, publicadosem 1943, salienta este ciclone de28 de Agosto de 1893 de entretodas as tempestades, referindoa desgraa e a misria vivida nasIlhas do Faial e do Pico.

    Vrios historiadores e Jornaisda poca (O Aoriano, OFaialense e O Telgrafo)fazem referncia a esta violentatempestade ciclnica.

    No porto do Calhau, apenasescapou uma lancha de pesca,enquanto um grupo de marin-heiros e outras pessoas tentavamcolocar em segurana um barcode boca aberta, j acima do poode mar, com paus de urze,dentro dele estava um rapazcorajoso conhecido por ManuelCapote, quando o mar deverasalteroso e tempestuoso entroupelo lado sul do porto do Calhau,levando o barco e o seu destemidoocupante. Os homens quepuxavam refugiaram-se numacasa ali prxima, salvando as suasvidas, mas impotentes parasocorrer a do amigo e marinheiroCapote. As casas existentes naredondeza do porto e a Ermidada Senhora da Nazar construdasobre a rocha desde 1680, estapertencente ao Sr. Jos Baptista,sofreram com a fora das ondas,ficando derrubadas pelotemporal..

    Agora chegou a altura de falardo Guindaste, local que no foiexcepo ao violento temporal,pois aqui a devastao foi total.Eis o que nos conta O Aoriano.

    Pasma-se perante agrandeza, a majestade, a foracolossal do mar que tais coisasproduziu. De cinco grandesarmazns, dois dos quaispertencentes ao Sr. Linhares e umao Sr. Dr. Avelar, no h maisvestgios do que as imensaspedras que juncam o cho, astelhas desfeitas, os madeira-mentos partidos, tudo isso em uma

    Adega A Rodilhae as voltas da sua origem

    Jos Carlos Costa

    confuso indescritvel.Da vasta casa do Sr. Dr.

    Avelar s existe metade: umagrande vaga, rebentando-lhesobre o tecto da parte sul arrasouessa parte completamente,destruu o grande balco daentrada e apenas deixou umpedao da parede da empena.

    O muro, que fechava apropriedade do Sr. Linhares e osdois armazns que tinha em frenteda casa, desapareceram igual-mente, e no seu lugar mais nadase encontra, seno montes depedras e runas.

    H mais umas poucas deedificaes ou de todo destrudasou em parte estragadas. Cincoembarcaes foram levadas pelomar, e bem assim cento ecinquenta milheiros de achas queali se encontravam para seremconduzidas para o Faial. um

    trabalho medonho esse do marnesta costa do Pico. No se podever sem um constrangimento docorao.

    Com este apontamentopresume-se que as pedras amonte dos dois armazns do Sr.Linhares tenham servido paraconstruir as duas adegas em lugarmais afastado das frias dasondas, mais precisamente junto estrada do reino.

    Desse grandioso ciclonechegou atravs da tradiopopular uma cano aos nossosdias pela D Amlia Dias, algumasdas quadras se recorda, outras seapagaram no tempo e queaprendera com a sua saudosa mefalecida em 1992. Eis algumasdelas:

    No dia 28 de AgostoE o mar que entrou na Igreja

    s duas horas do diaRebentou com o soalhado

    Levantou-se um temporalDe l foi ao botequim

    Queria levar o que haviaLevar o senhor Joo Machado

    E matou um rapaz novo

    Do Guindaste para os FogosAi que dor no corao

    Muita coisa vos vou contarAs adegas do Guindaste

    Que o poo da CandelriaTinham ido para o cho

    Foi logo a escangalharDos Fogos para o Calhau

    De l para dianteFoi tudo foi na m sorte

    Mais nada vos posso contarLevou o barco e a mulher

    Quando isto comeouE levou o Manuel Capote

    Era mesmo para acabarProvavelmente das noticias

    sadas do Jornal no se possadeduzir que o ciclone tenhaafectado muito as Igrejas, porma cano disso d conta, ainda quecom a impreciso ou melhorconfuso de que a mulher e obarco foram arrastados noCalhau, quando essa tragdiaaconteceu no porto de S. Mateus.

    Ainda no consegui apurar oelemento de que no sul do Picotinha ficado muitas vivas, maspresumo que tenha a ver com onaufrgio de um barco de bocaaberta que foi surpreendido nocanal da Terceira/Graciosa.

    Diz a sabedoria popular queaonde o mar chega uma vezpoder sempre chegar e entoforam acarretadas as ombreiras,vergas, cantaria, pesos de lagar edemais pedra de conta e no anode 1894 foram reconstrudasduas adegas compridas, commais de 17 metros e construidoum tanque ou depsito de gua,com cobertura levantada emforma de montanha, por fora dassuas dimenses e que servia deapoio laborao da adega, dosalambiques e inclusivamente deapoio populao do lugar daMirateca. Os poos de marpassavam a ficar distantes e a guatornava-se absolutamentenecessria laborao dosalambiques e das adegas.

    Posteriormente, foi erguida

    uma adega separada, maispequena, paralela estrada, masdotada de lagar de pedra, servindoo proprietrio e outros agricul-tores da localidade que sealistavam em turnos para a tarefade espremer as uvas.

    Mais recentemente, e dado quena adega do meio existiam trsalambiques, foi construdo ao suldos dois primeiros mais umarmazm de encosto, cujautilidade era a de armazenar figos,havendo apenas uma janela deligao que era utilizada em diasde chuva.

    O seu proprietrio, de seunome Antnio Rodrigues Homem(1) apelido Salto, filho de famliascarenciadas, casou em 22 deNovembro de 1915 com asenhora Maria Francisca (nascidaem 3/06/1872 e falecida 3/03/1935) e conhecida por Papia,uma idosa rica de propriedades ebens.

    A riqueza desta senhora MariaFrancisca tem incio quando o Sr.Evaristo, muitos anos antes, forapara os Estados Unidos daAmrica, deixando uns escudosno Banco (Reis) e passando umaprocurao Papia - Maria

    Francisca irm de JosRodrigues Neves, FranciscoRodrigues das Neves e de ManuelRodrigues das Neves, todos elesde apelido papias. a)

    A Maria Francisca Papia em nova fugira de casa e foraviver com dois tios para aMirateca, tendo casado com umdeles, caso muito inslito para aaltura, mas com o contrato de noherdar nada do lado da Candelria,nem os do lado da Candelriavirem a herdar na Mirateca,obviamente que dever ter ficadocom os bens destes dois tios, umdeles seu marido.

    Mais tarde quando a mefaleceu, contrariamente quiloque havia acordado, pediu umbocadinho da herana da me eos irmos aceitaram.

    A Sr Papia deliberou em vida,e uma vez que pelas razes acimaapontadas era abastada, legar aosafilhados Jos Garcia e esposa Ana - alguns bens, entre os quais,um prdio da furada, tanque oudepsito de gua e tambm uma

    das adegas a do norte fazendocom que o muro da extrema fosseerguido com a particularidade dedeixar as duas cepas de videirana parte dos afilhados, todaviapermitindo-lhes espao para amovimentao de vasilhame junto porta da entrada da referidaadega. Certamente que a estimada velhota em relao aosafilhados foi respeitada.

    Do patrimnio existente h areferir alguns artefactos queassumem destaque: Lagar depedra; Carro de bois (2);Alambique; Atafona de bois;Atafona de mo; Arados (2),Grade, Caliveira; Pia de Pedra,Lancha de pesca, etc. E no etc que est o restante

    Est o cabaz de vimesenvernizado ou polido pelo tempono antebrao da vida, a rodilha desaca de serapilheira ao ombro, ocesto numerado e com adesignao do seu proprietrio, obordo, o chapu de palha, omexer dos ps e das mos nalabuta de sol a sol

    Est a merenda, ao abrigo dasombra da faia, na hora do sol apique, o untar os figos por entreas folhas rasas de calda bordalesa,a celha acima de rasa at aoalambique o o suor a cair do rostoenrugado at unha do dedogrande apontando o caminho dejunca na albarca meia rota e ocaminho da prova meia cheia deaguardente

    Est o milho vindo do Faial ea desfolhada pela noite dentro naatafona, os figos e as estriasambos passados pela vida, a l ea tosquia das ovelhas, o oratrio,o jogo do arco, a caneca do leitee o pote de gua fresca do poode mar, o arado, a caliveira

    Est a Ilha, porque um dia eusonhei que havia de estar, ajudadopela minha famlia, ali est naLadeira do Guindaste, a perpec-tuar os nossos antepassados, assuas vivncias misturadas detrincadelas e de rodas dechamarritas.

    H-de estar sempre a Ilha, naRodilha que deixamos para queoutros levem o carreto da histriamais adiante, at a umdescansadoiro qualquer, ponto deencontro de cultura e de geraes,embarcadouro de sonhos e deoutras viagens.

    Olhemos para este passadocomo um exemplo, donde osnossos avs, reconstruramsacrificadamente as suas vidas efixemos o olhar naquilo quepodemos reconstruir a partir decada dia, porque h ciclones quedestroem num instante, outrosvo destruindo devagarinho, semquase darmos conta

    Ainda bem que lhe deiconta!...

    a) papias designao de bolomais pequeno e que era confeccionadovrias vezes por semana em virtudedos agregados familiares numerosos.

  • 6 Avenida Marginal sexta feira 31 de Julho 2009

    Fui a um encontro sobre Turismo. Sa muitodesiludida. H anos, ao visitar Naxos pela primeiravez, aprendi mais do que aqui sobre como cativargente. Naxos uma ilha grega, sensivelmente dopermetro do Pico, que vive do turismo todo o anoat porque a erva para as cabras est a desaparecer.Ali, era tudo grego, pois quase ningum falava outraslnguas, apesar da mentira que nos vendia o guia.Naxos no tem muito para ver, para alm da Portaradita de Apolo e dos Kouros. Dado ser Inverno, nohavia praia para ningum. Ento, como raio estava ailha a abarrotar de turistas?

    Entrei numa loja de esquina ao acaso, pequena eno muito limpa. Oh, Thea, Thea exclamou ocomerciante, e logo deixou o que estava a fazer parase colar a mim, dizendo-me que a Thea (deusa) eraeu. Eu, na altura tonta de juventude e alheia s tcticasdo marketing, disse-lhe no, no, muito ruborizada,sou s estrangeira. Nive que era, at apontei no mapade onde vinha. No, disse ele, s a encarnao destadeusa. E ps-me na mo uma estatueta simples deuma mulher com uma bilha de gua. Que deusa esta?, perguntei eu, inocente. Grande deusa da gua.Eu, muito menina de biblioteca, argumentei que noconhecia deusa nenhuma da gua, apenas Neptunocomo senhor dos Mares. Ah, no, deusa da gua,fonte de vida, maior que Neptuno, ela a origem. E a tua cara, corpo, tudo.

    Achas que sou parecida com esta deusa? pergunteiao meu namorado de ento, que me acompanhava. Eo pobre, apanhado nesta perfdia feminina, que haviade fazer? No podia responder que efectivamente noera! Disse que havia semelhanas E logo oindignado comerciante protestou: O senhor d a moa uma deusa, uma deusa!

    Como se chama a deusa da gua? perguntou omeu namorado, mais vivido que eu, e muito maishabituado a topar os truques alheios. Sobretudo, nocaso, irritado numa luta de galos.

    Hum Efhy. Jamais ouvramos tal nome. Anosmais tarde, estvamos ambos a trabalhar na Grcia,descobriramos que Efhy um nome to vulgar lcomo Maria em Portugal.

    Leve Efhy, o seu retrato imperfeito em mrmore, diziao comerciante. Trouxe-a comigo. At hoje est na minhasala, com a sua bilha de gua. Pesquisei. No h, queeu saiba, nenhuma deusa da gua. E a estatueta nadatem a ver com a rapariga ossuda que sou.

    O ponto, porm, que tal como eu fui encantadapela adulao simptica, no meio de uma ilhotadesconhecida, que pouco mais oferece do que bomsumo de kitron fresco, muitos outros tambm terosido. Mais que seminrios e campanhas, parece-menecessrio esprito. Vender um local (re)invent-lo.E fazer, sobretudo, com que cada visitante se sintadigno do Olimpo. Eu prpria paguei 50 euros parame ter como deusa na minha sala de estar.

    Carla Cook

    Manual de bolsopara cativar turistas

    A maioria dos estudos disponveis sobre turismo emilhas refere-se aos pequenos estados insulares. Ainvestigao propriamente dirigida activi-dade tursticaem ilhas que fazem parte ou que incluem regies de umpas muito rara, come-ando, no entanto, a despontaralguns ensaios e anlises, resul-tado provvel das preocu-paes consequentes da intensificao da actividadeturstica em small islands que se traduz por ilhas depequena dimenso.

    Estes espaos so muito vulnerveis s alteraesclimticas, intempries, como cheias, furaces e s grandestempestades que nos ltimos anos tm atingido algunsterritrios insulares, tornando evidente as desvantagenseconmicas devido sua reduzida dimenso, dificuldadesde alternativas econmicas, dependncia da importaode produtos e distncia a que se encontram dos mercadosemissores. Kofi Annan, enquanto Secretrio-Geral daONU, apresentou um relatrio enumerando alguns factores

    que considerou serem desafios concretos para esses EstadosInsulares, entre os quais destacamos os seguintes:

    a pequena dimenso da sua populao e economia; a fraca capacidade insti-tucional dos seus sectores

    pblico e privado; as alteraes climticas; o seu isolamento em relao aos mercados

    internacionais; a sua vulnerabilidade s catstrofes naturais e s

    alteraes climticas; a fragilidade dos seus ecossistemas terrestres e

    marinhos; os custos elevados dos transportes; a limitada diversificao da produo e das

    exportaes; a instabilidade das suas receitas e a vulnerabilidade

    dos choques econmicos exgenos.Kofi Annan conclui que, isto que explica que a

    sua economia, nomeadamente as trocas comerciais, osseus fluxos financeiros e a sua produo agrcola, sejamais instvel do que a de outros pases, sugerindo queas possveis solues compre-endem a possibilidade de:

    conservarem um acesso preferencial aos mercados; aumentar a utilizao das tecnologias de informao

    e comunicao (TIC); recorrer s energias renovveis; transformar o turismo numa actividade sustentvel; melhorar o aproveitamento das potencialidades das

    culturas insulares.A pequena dimenso, natureza geomorfolgica, gesto

    dos recursos costeiros, o distan-ciamento aos territriosconti-nentais dificultam a mobilidade de pessoas, bens eservios, impe limitaes de acesso energia, aostransportes, promove dfice nas actividades econmicasligadas ao sector agrcola, e a prpria especificidade doseu povo-amento so limitaes que originam umadependncia do exterior, quer nas transaces de bensindispensveis ao seu provimento, quer nos fluxosmigratrios com outros conti-nentes, exemplo das grandescomunidades de emigrantes aorianos nos Estados Unidosda Amrica e no Canad.

    Este desafio constante com que as pequenas ilhas sedebatem cinge-se capacidade de encontrar um equilbrioentre o desenvolvimento do turismo e eventuaispotencialidades endge-nas que possibilitem a criao eproliferao de outros recursos econmicos, tendo sempreem considerao as exigncias que o turismo impe nosdiversos sectores da economia.

    A primeira conferncia sobre as ilhas realizou-se em1994, Programa de Aco de Barbados, que destacou aproblemtica ambiental como as alteraes climticas, ascatstrofes naturais, os resduos, os recursos marinhos, agua potvel, os recursos fundirios, a energia, abiodiversidade, os transportes, o turismo, a cincia e atecnologia.

    Posteriormente realizou-se a Conferncia de Lanzarotesobre Turismo Sustentvel em Pequenos Estados Insularesem Desenvolvimento e Outras Ilhas, 1998 (SIDS),organizada conjuntamente pela OMT e pelo Programado Ambiente das Naes Unidas (UNEP). Dessaconferncia destacamos algumas das propostasapresentadas:

    Recomendaes a nvel internacional, particu-larmente atravs da OMT e UNEP de forma a incentivaras Small Island Developing States (SIDS) e outras ilhas,a participarem activamente em convenes internacionaise regionais, apoiando o desenvolvimento e implementaode programas para as actividades acima mencionadaspromovendo o interesse na articulao regular deencontros a nvel regional e /ou internacional.

    Recomendaes a nvel nacional enfatizando odesenvolvimento integrado do turismo, polticas deplaneamento e desenvolvimento sustentvel baseadas noconhecimento slido, que leve em considerao aconservao dos recursos naturais e a capacidade decarga das ilhas promovendo o desenvolvimento doturismo que beneficie prioritariamente as comunidadeslocais, a gesto de produtos tursticos e operaes queutilizem tecnologias ambientais adequadas, monitorizandoos impactos com aplicao de indicadores desustentabilidade no turismo.

    Recomendaes a nvel regional, salientando aharmo-nizao de regulamentos e normas ambientais nasmesmas regies, a aplicao de cdigos de indstria e decertificao de sistemas, troca de experincias edisseminao de boas prticas.

    O arquiplago dos Aores constitudo por nove ilhasque apresentam algumas aptides para a implementaoda actividade turstica. Entre as vrias caractersticas epotenciais capacidades, pode-se salientar a beleza e adiversidade da paisagem, o clima, a geologia (onde soevidentes os planaltos, as montanhas, as grutas, as lagoase vulces de grande beleza e interesse cientfico), oseventos ligados ao mar, a fauna e flora, a cultura de umpovo com os seus costumes e tradies.

    Na maioria das ilhas, as infra-estruturas voltadas parao turismo ainda so escassas, tendendo para umaperfeioamento. O turismo ecolgico , eventualmente,uma importante atractividade natural das ilhas com aprtica de actividades submarinas, passeios de barco,observao de cetceos e outras espcies, caminhadas(existncia de trilhos pedestres, usados antigamente pelapopulao e que nos transportam a locais recnditos degrande beleza), praias e zonas balneares de guas tpidase translcidas, caa e outros desportos radicais.

    Dinamizar a actividade turstica promover umplaneamento adequado, de forma a desenvolver umacompatibi-lizao e articulao entre o desenvolvimentosustentvel dos recursos naturais e culturais e odesenvolvimento econmico, para que os objectivos refe-renciados nas diversas confer-ncias supracitadas sejamvisveis, sendo necessrio que, desde o incio, a suaaplicabilidade seja implementada e que as activi-dadessejam acompanhadas de guias ou monitores, tendo sempreem considerao os condici-onalismos, a taxa depreservao ambiental e as fragilidades.

    Turismo em ilhas de pequena dimenso (2)Maria Fernanda Silva

  • sexta feira 31 de Julho 2009 Avenida Marginal 7

    Rben Oliveiraou o poder da mente

    Victor Rui Dores

    H pessoas que procuram fazer com que as coisas aconteam; houtras que observam tudo o que acontece; e h as que, pura esimplesmente, no sabem o que est acontecendo.

    Ora, Rben Oliveira faz parte daqueles que fazem com que ascoisas aconteam. Ele sabe que h coisas improvveis que no soimpossveis. E ei-lo, neste ano da graa de 2009, a lanar mais umdesafio na sua j longa carreira de quase quarenta anos a fazerhipnotismo, telepatia, auto-hipnose, ilusionismo e fascinao animalpor esse mundo fora. Desta vez, ele tentar a proeza de fazer, deolhos vendados, a travessia Madalena / Horta, tripulando um semi-rgido. Ser no dia 8 de Agosto, em plena Semana do Mar. Se a tentativafor bem sucedida, teremos um recorde mundial.

    Recorde-se que Rben Oliveira, faialense e cidado do mundo, jconduziu viaturas de olhos vendados por diversas vezes e em diferentescidades, incluindo a Horta.

    Desde muito cedo ligado s artes de manipulao da mente, RbenOliveira apercebeu-se das suas capacidades ao hipnotizar, sem querere sem saber, o seu prprio irmo Foi precisamente no dia em quecompletou 13 anos de idade, data que lhe ficar gravada na memria,j que esse dia assinala tambm a morte de seu pai.

    Seguiram-se quatro dcadas de espectculos em 62 pases jcontabilizados. Rben Oliveira construiu, a pulso, uma carreira e tornou-se nome prestigiado, quer em termos de artes performativas, quer

    fazendo hipnose comfins teraputicos emhospitais pblicos eclnicas privadas emterras americanas. Maisrecentemente apoitouna ilha do Pico, masnunca deixou de sereinventar e de trabalhardentro e fora do palco.

    Rben Oliveira,homem simples e tranquilo, nasceu para isto. Fazer espectculos no nele um acto de vontade, mas de vocao. Portador de experinciasutpicas, h nele sonho de infinito e sede de absoluto. Ou seja, ele temf e esperana, mesmo sabendo que uma e outra so um salto noescuro. No acredita na sorte, mas no esforo para evitar o azar.

    H quem viva uma vida sem histria, sem glria e sem mrito. Ho marasmo, o cansao, o embrutecimento, as resignaes televisivasMas h tambm quem acorde com vontade de dar um murro naindiferena e um pontap na pardacenta rotina. H quem busque afelicidade no recorde mundial. Rben Oliveira um desses happyfew. Ele tem uma fzada que vai conseguir. A f no aqui umagraa divina uma luta, uma inquietao, uma permanente tensoem cumprir sonhos e alcanar objectivos. Porque, bem vistas as coisas,a verdade esta: ter f muito mais difcil do que no ter.

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  • 8 Avenida Marginal sexta feira 31 de Julho 2009

    Recordaes (3)

    Era chegado o Vero. Aproximava-sea poca das vindimas. Toda a gentelavava os cestos e preparava as suasvasilhas.

    Alguns punham os cestos de vimes demolho na gua salgada. Diziam que nos ficavam limpos, como a prpria guado mar os conservava.

    Era a tambm a poca da apanha dosbonitos (atum) e das bicudas, era precisosalgar e secar alguns peixes para sefazerem os saborosos molhos fervidos decebolada para os almoos e jantares nasvinhas e nas adegas.

    Com tanto calor, comer um bompedao de bonito ou bicuda num molhofervido com batas brancas cozidas ali

    As Vindimas

    mesmo na adega, num caldeiro sobreduas pedras, com lenha das prpriasvideiras da vinha da adega, um pedaode bolo quente e umas tigelas de barrode vinho velho ou at misturado commosto, sombra, era muito agradvelnaquela poca.

    A partir da ltima semana de Agosto,j comeava a colheita normal das uvas,especialmente das vinhas da beira costa,que por serem mais secas, a uvaamadurecia primeiro.

    Alguns, at aproveitavam para fazero primeiro vinho j para ser bebido srefeies por altura das vindimas, eoutros, os mais sequiosos, aproveitavam-no para matar o vcio e rachar a cabea

    um pouco mais cedo.Era uma poca alegre e desejada,

    principalmente pelas camadas maisjovens que se juntavam a ajudar uns aosoutros. Dados os ajuntamentos, eratambm uma bela altura para uns namo-ricos. Cantavam, riam, brincavam, as-sobiavam naquelas vinhas, saltando osportais de pedra, andando por veredas e atalhosnum corrupio com os cestos s costas e cabea, no caso das mulheres, etc.

    Em certas adegas, em dia de vindima,normalmente depois do jantar e a uva jnos balseiros para a fermentao, haviafolia; dana, cantares e guitarradas.

    A adega dos meus pais era de doispisos, rs-do-cho e primeiro andar. Oengenho de esmagar as uvas eracolocado no primeiro andar onde haviauma abertura no soalho, por onde as uvascaiam j dentro dos balseiros - doisdepsitos em beto que existiam numcanto do rs-do-cho.

    Passados cinco a seis dias, eramento sangrados os balseiros pelo borreiroexistente na parte inferior dos mesmos.O vinho que ia saindo, era metido naspipas onde ficava a repousar cerca dedois meses. Depois era passado agrandes celhas de madeira de cedrochamadas adornas.

    As pipas eram lavadas, e o vinho,agora limpo da borra, ia novamente paradentro delas, e, a borra, era postajuntamente com a casca (bagao) da uvapara queimar no alambique e transformarem aguardente.

    Um dos ex-libris da freguesia, eramos alambiques do Sr. Azevedo. Umgrande armazm dum s piso, com trsengenhos de queima: um grande, ummdio e um mais pequeno, que eramusados conforme a necessidade.

    No armazm, havia uma grande zona,onde se encontravam colocados sobrecanteiros, grandes balseiros de madeirana vertical e de boca aberta, que eramdisponibilizados pelo dono do alambique,o Sr. Azevedo, para quem no tivessevasilhas suas ou stio prprio, os poderemutilizar, colocando ali os figos das suasfigueiras a fermentar, at que fossemtambm transformados em aguardente.

    Era hbito no dia de fazer aguardente,e por altura do enchimento em grandesgarrafes l mesmo no alambique, dar aprovar da nossa a quantos ali se en-contrassem, comeando pelo lambiquei-ro, no meu tempo o mestre Augusto.

    Escusado ser dizer que todos os diasnaquela poca Outono havia semprealguns cavalheiros que aproveitavampara ir buscar uns galheiros (lenha) aumas terras que (no) tinham ali paraaqueles lados, e, hora da prova,tambm l estavam.

    Na freguesia, como na ilha do Pico,quase todas as pessoas tinham a suaadega onde faziam e guardavam o vinhoe a aguardente. Havia pessoas que todosos dias davam o seu passeio adega.Era um ritual.

    Convidavam-se os amigos, onde comqualquer petisco, nem que fossem unschicharros assados com um pedao debolo, uma lata de sardinha de conserva eumas malaguetas, favas torradas, etc. sebebiam umas tigelas de vinho, ou unscopinhos de aguardente, para quempreferisse.

    No dia de So Pedro, 29 de Junho,fazia-se dia Santo. Quase toda a genteia adega com a merenda, sem faltar asfavas torradas, como era tradio. tarde, juntavam-se no largo de So Joo,ali abaixo dos moinhos.

    Havia quase sempre quem trazia umaviola e ou uma guitarra, e toca a bailarchamarritas do Pico, danar e cantar.

    s vezes, para alguns a coisa aqueciamesmo a srio e chegavam a casa coma cabea rachada, o nariz partido, a caraarranhada ou a camisa rasgada, ora porempearem nas paredes que eramteimosas em no se desviar, ora porcertas rixas at de ocasio com osprprios amigos, que se encontrassem nasmesmas circunstncias.

    O vinho, era tambm uma das poucasfontes de receita de muitas famlias dailha do Pico.

    A Cano do VinhoEra o vinho meu bem era o vinhoEra o vinho que eu mais adoravaS por morte meu bem desta sorteS por morte que o vinho eu deixava.

    Quero ver-me encostado a uma pipaCom um copo de vinho na moQue o bom vinho represente o meu sangueE o copo o meu corao.

    Quero morrer porta da adegaCo este copo de vinho na moDas garrafas fazer castiaisE das pipas fazer o caixo.

    A paisagem da cultura da vinha nailha do Pico Aores, abrangendo umaenorme rea da Ilha, incluindo adegas,solares, foi considerada PATRIMNIOMUNDIAL pela agncia das NaesUnidas UNESCO na sua reunio de2 de Julho de 2004 na cidade Japonesade Suzhou.

    O vinho verdelho produzido na Ilhado Pico, devido sua elevada qualidade,chegou a ser servido mesa dos czarese no Vaticano.

    Antnio Francisco da Silva

    Ttulo: Avenida Marginal Periodicidade: TrimestralDirector: Heitor H. Silva Editor e Proprietrio: Heitor H. SilvaTiragem desta edio: 2000 exemplares E-mail: [email protected] para correspondncia: Apartado 81, 9901-909 Horta CodexImpresso: Grfica O Telegrapho, Rua Cons. Medeiros, 30, 9900-144 Horta Telef. 292 292 245Registo ERC 125447 de 04 - 06 - 2008 (NIF 161921051)

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  • sexta feira 31 de Julho 2009 Avenida Marginal 9

    Por ocasio de mais uma Semana do Mar, a 34parece-me, interessante e lgico, fazer um pequenoexerccio de memria, relativo aos princpios e espritoque presidiram ao seu inicio.

    A ideia foi sendo construda, por vriosintervenientes, pessoas singulares, atravs de pequenosconvvios entre faialenses e iatistas, geralmenteprincipiados no Caf Sport, onde o sentido dahospitalidade ainda hoje perdura, passando de pais parafilhos. Tratava-se de arranhar um pouco de ingls oufrancs, bebendo um copo com os chamadosaventureiros que demandavam j o nosso porto. Essesconvvios, por vezes continuavam num qualquerrestaurante da nossa cidade (como por exemplo: no Joodo Talho, caso de Sir Chichester) e terminavam norespectivo iate

    Lembro-me do John, a beber um copo de leite noCaf Volga, oferecido pela casa, pois dinheiro no havia,naquele barquito acabado de chegar, do qual ele era onico tripulante. Nunca percebi como que o John cabiano pequeno veleiro. Depois soubemos que tinha 20 anos,que era um pouco louco e que precisava alimentar osseus quase 2m e correspondente arcaboio. Logo, ali,entre amigos, pagmos-lhe no sei quantas sandwichese equivalentes cervejas e, ao acompanh-lo, ficmosamigos. Demorou-se uns dias e seguiu viagem

    Estrias destas, devem existir s centenas,protagonizadas por faialenses, tendo como alvo osaventureiros, pudessem o Jos Azevedo, o piloto Fariae tantos outros ainda cont-las.

    Mas, quanto a mim, a gnese de tudo isto, comea

    quando o Alberto Peixoto, frequentador (praticamenteresidente) do Peter , ali convidou alguns iatistas parauma espcie de pique noturno, na praia de Porto Pim.Divertido foi e a fogueira dos grelhados iluminou-lhesos vultos durante toda a noite. A a hospitalidadefaialense primou e agradou.

    Finalmente, para a recepo MOCRA SailingRace, o Club Naval e a Comisso local de Turismo,

    organizaram um programa que foi o embrio da futuraSea Week.

    A partir de 1980 a Cmara Municipal passou acoordenar ao acontecimentos, aglutinando outrasvaliosas participaes, que se foram juntando: CapitaniaDireco do Porto, Direco de Habitao eEquipamento, Delegao de Desportos e Comrciolocal. E em 1982, Augusto Sequeira, como Presidenteda CMH, procurou dar algum profissionalismo aosfestejos, com a colaborao de Carlos Garcia, grandeentusiasta destes eventos, no que respeita a umadecorao de qualidade, na iluminao, arranjo geral euniformizao das barraquinhas.

    Depois programaram-se os festejos para 7 dias,baseados nos desportos nuticos, exposies, concertosfolclore e teatro.

    Em 1984 surgem as feiras do Livro e do Artesanatoe Construes na Areia, encerrando os festejos comdesfile de filarmnicas e fogo de artificio.

    Ao comemorarem-se os 10 anos, tentou-se dar umaprojeco maior j bastante conhecida Semana,trazendo artistas de grande qualidade do Continente, nodeixando, contudo, de manter a prata da casa. Comefeito um elenco de luxo integrando Maria Joo, RoKiao, Carlos Paredes, Rui Veloso, Pedro Caldeira Cabral,Jlio Pereira e Mrio Viegas, animaram as noites daSemana/85. Esta diversificao de grande nvel deveu-se abertura da Comisso de Festas, a personalidadesde reconhecido valor cultural, que trabalharam unidos,apesar de pertencerem a quadrantes de pensamentodiversos, com resultados muito satisfatrios, que, alis,passaram a ser seguidos durante alguns anos.

    Semana do Mar - o IncioHerberto Dart

    Bem vindos, portanto, os forasteiros etenham boas festas

  • 10 Avenida Marginal sexta feira 31 de Julho 2009

    Escrever sobre a Semana doMar, ou como muitos j lhechamam a Festa do Mar, coloca-nos o desafio de traduo, empalavras, de um envolvimentonutico, que no s tem vindo aexpandir-se e a ganhar projec-o internacional, como trarinevitveis reflexos para osAores, nos prximos anos.

    Hoje, o mar assume-se, cadavez mais, como um espao nos de trabalho, mas tambm delazer e de qualidade de vida, emque a aplicao de princpios desustentabilidade significam nomdio-longo prazo mais valiassociais, culturais e econmicasque devemos considerar.

    Neste contexto, acreditamosestarem criadas condies parapotenciarmos um sentido deidentidade nesta viragem parao mar. A Semana do Mar jdisso exemplo, colocando a estaCidade Mar desafios deorganizao, de servio, deordenamento, que testam muitasdas suas capacidades.

    Ultrapassando todas asexpectativas e objectivoscolocados aquando da suaorigem, h 34 anos, a Semanado Mar hoje um momento deencontro, de reflexo, desaudade e de novos desafios enovas aventuras. A Semana doMar concentra, por isso, o queao longo dos tempos temcaracterizado a relao entre osfaialenses, a Cidade Mar e todosos que visitam a baa da Horta.

    Ao sucesso da Festa, muitodeve o empenho, muitas vezespessoal, de vrias entidades eseus representantes que, emconjunto, do corpo ao grupo deapoio Organizao da Semanado Mar, como as SecretariasRegionais da Cincia, Tecnolo-gia e Equipamentos, da Agricul-tura e das Pescas, a Cmara doComrcio e Indstria da Horta,a Administrao dos Portos doTringulo e Ocidente, o Conser-vatrio Regional da Horta, aFundao INATEL, os Serviosde Educao Fsica e Desporto

    A Festa da Cidade-MarJoo Fernando Castro

    da Ilha do Faial, a DirecoRegional de Turismo, aosServios de Cultura da Ilha doFaial, o Departamento de Ocea-nografia e Pescas, as Filarm-nicas, os grupos folclricos, osgrupos de msica popular, todasas juntas de freguesia, inmerasagremiaes ambientais, despor-tivas e culturais, os que se envol-vem na marcha, a comunicaosocial, a Capitania do Porto daHorta, a Estao Rdio Naval daHorta, a Polcia de SeguranaPblica e a muitos outros, cujaaco efectivamente determi-nante para a sua concretizao.

    Gostaria tambm aqui dereferir o Clube Naval da Hortaque ao longo dos anos temdedicado Semana do Marespecial relevo, nomeadamentecom a coordenao do festivalnutico, atravs da mobilizaode esforos colectivos eindividuais, bem como naafirmao da sua misso, noConcelho da Horta, tambm,atravs deste evento.

    Enquanto momento deafirmao da ilha do Faial nocontexto nacional e internacional,a Semana do Mar conquistasucessivamente o seu espaoquer pelo nmero de pessoas quenos visitam, quer pelos eventosque nesta altura manifestaminteresse em realizar-se nacidade da Horta.

    A Semana do Mar de hojeassume, por isso, uma abrangn-cia que se expressa nas diferen-tes dimenses abordadas naproposta de programa que, todosos anos, do primeiro ao segundoDomingo de Agosto, se realizamna ilha do Faial, entre as quaisassumem maior relevo:

    - A dimenso nutica - Comuma forte componente deinovao, incluindo actividadesldicas e desportivas, quepromovem a participao dejovens de muitos pases e locais- tambm alm fronteiras - quedesde cedo aprendem a vir Semana do Mar. Esta comple-mentaridade entre aquilo que nos

    genuno, como o cortejonutico de N. Sr. da Guia, ospasseios e as provas querecorrem a patrimnio baleeirorecuperado, as diferentes activi-dades nuticas e a realizaodas diversas regatas interna-cionais - que em 2009 assumemforte expresso - parece-nostransformarem a Semana doMar numa Festa com muito Mar.

    - A dimenso popular efestiva - Com o funcionamentode cinco palcos, incluindoinmeras actividades, aparticipao das filarmnicas,dos grupos de folclore, dos

    grupos de cantares, das bandaslocais, nacionais e internacio-nais, a sua maioria reflexo daactividade potenciada pelomovimento associativo da ilhado Faial, at aos grandesconcertos e palcos alternativos,passando pelas tradicionaistasquinhas com condies deservio e de funcionamento

    melhoradas, ou mesmo com aFeira Gastronmica que misturaa iniciativa local com saboresque nos visitam, animando, destaforma, a cidade da Horta.

    - A dimenso econmica -onde centramos muitas dasnossas energias com arealizao da Expomar, Feira deArtesanato, Feira do Livro,Feira Gastronmica, Parque daJuventude ou mesmo arecepo aos grande eventosinternacionais que encontram naSemana do Mar um contexto euma parceria privilegiada.

    Contudo, a Semana de hoje

    trans-cende esta organizaodimensional. Ela ganha atracti-bilidade enquanto:

    - Produto turstico face procura existente pela nossa ilhana altura da Semana do Mar,importando contudo reflectir, seessa procura se manteria casoeste evento no se realizasse ouse este se realizasse em outraaltura ou com outro tipo deexpresso e significado;

    - Momento de contacto daspessoas. Na constatao de quea Semana do Mar se transfor-mou no momento de encontropor excelncia dos radicados nailha do Faial com todos osfaialenses espalhados pelomundo;

    - Evento nutico, visto que,para a Semana do Mar,convergem os grandes eventosnuticos realizados na Regio

    Autnoma dos Aores e muitosoutros de mbito nacional emesmo internacional;

    - Oferta desportiva e cultu-ral, pois realmente no decorrerda Semana do Mar que sedesenvolvem iniciativas dembito desportivo e cultural comdimenso mais vasta e expres-siva para todos os que na ilha doFaial usufruem do mar;

    - Capacidade mobilizadora econcretizadora de um concelho,demonstrando que possvelunir esforos e partir paradesafios, considerados grandio-sos, promovendo a auto-estimae o orgulho pelo local de quegostmos, gostamos e sonhamosno nosso dia-a-dia;

    - Ou talvez, to-somente,enquanto Festa do Mar, umespao temtico de expresso daalegria que viver junto ao mare de viver na ilha do Faial.

    A Semana do Mar real-mente algo que nos ultrapassasucessivamente, um eventoque nos traz sempre inovao,que nos traz sempre neces-sidades por corresponder, quetransporta em si o desafio delidar com o mar que todos os diasnos consegue surpreender.

    Ela est, tambm, presentenas novas tecnologias, sendoalvo de temtica de blogs, sitese de diferentes espaos dereflexo, sendo motivo parapartilha de opinies e contri-butos, visando a sua permanenteadaptao e evoluo.

    Neste contexto de reflexosobre a Semana do Mar deve-remos tambm equacionar o seufuturo, numa anlise dospblicos a atingir, tendo presenteas suas caractersticas e reali-zando uma homenagem a todosos que do mar e com o mar serelacionam. Num projecto queno temos dvidas representahoje uma referncia para toda aRegio Autnoma dos Aores,e em muitos aspectos para ocontexto Nacional, como foi oexemplo dado na sua apresen-tao recente no mbito daPresidncia Portuguesa daUnio Europeia

    Hoje a Semana o Mar alvode inmeras opinies e contri-butos visando a permanenteaprendizagem de novas emltiplas abordagens de que epoder ser alvo, num sinal deabertura, participao e dina-mismo, enquanto envento que,todos os dias, nos transmite aconfiana, no potencial da nossaterra.

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  • sexta feira 31 de Julho 2009 Avenida Marginal 11

    Avenida Marginal, o ttulodesta publicao trimestral,diferente, marginal dos demaisperidicos, porque margem dosentido empresarial que visa olucro, porque tem distribuiogratuita.Como tal, poderiachamar-se, pura e simplesmente,Marginal, no por ser menorou margem de..., mas porquevisa o preenchimento de umasobra (no resolvida), nesteespao das letras da ilha doFaial. Aqui, o seu director HeitorSilva, preenche bem esseespao, j que, pela sua dinmicae inconformismo, disponibilidadee sentido afoito, encaixaperfeitamente neste esprito deaventura potica, e que faziafalta para que todos ns nossentssemos mais preenchidos,mais confortados, maiscompletos. Por vezes acontece,e neste caso acontecia, quefaltava qualquer coisa no Faial,na cidade Horta, mas queningum sabia bem o que era...era aquela sensao de vazio,felicidade incompleta, mas quenos passava margem, que nosabamos identificar. Pois bem,o nosso amigo Heitor identificouesse ponto fraco,explorou-o, edeu luz o AvenidaMarginal, consolidando, nmeroa nmero, uma presena quecontribui, sem dvida, para anossa memria, presente efutura.Pois bem! Na cidade daHorta, tambm existem vazios,que no contribuem, comodeviam, para o bem estar danossa memria, presente efutura, para o bem estar donosso dia a dia. Se algunsidentificam esses males, outrosh que, por no quererem ver oupor manifesta incapacidade, noenxergam aquilo que nos fazfalta, para alimentar o nosso bemestar fsico, e para manterequilibrada a nossa alma de ilhu.Tambm admito que, paraaqueles que nos visitam nestapoca estival, para a nossa maiorfesta a Semana do Mar, nose apercebam do vazio que anossa Marginal, porque nestapoca toda ela se preencheucom tendas, quiosques, barra-quinhas, palcos, decoraes edemais animao, que, ao longodo ano, no existe. Por baixo detoda esta exuberncia, quecaracteriza a nossa marginal na

    Marginal marginalizadaPaulo Oliveira

    1 semana de Agosto, existeuma ferida urbana aberta, que,no s no cicatriza, como seagrava de ano para ano, face ausncia de qualquer ideia ouobjectivo estratgico para anossa maior sala devisitas. Estamarginal, que se estende doLargo do Infante Alagoa anossa Frente Mar, careceefectivamente de algum que,com dois dedos de testa, assumauma soluo, um objectivo, umuso para as restantes 51semanas do ano, em que se

    encontra ao abandono, nocontribuindo nem se integrandono quotidiano da cidade, paravalorizar o nosso espao maisnobre, e que faa a cidade daHorta voltar-se definitivamentepara o Mar, para as ilhas doTringulo Pico e So Jorge, epara quem nos visita por mar,nas rotas internacionais, comdestaque para a nutica derecreio que continua aprivilegiar a Marina da Horta,como a maior referncia noAtlntico Norte, com a nossamelhor e inconfundvel marca o Peter. UM POSTAL DOPASSADO. Para os que nosvisitam, e que c moraram nadcada de 70, certamenterecordam o Jardim da AvenidaMarginal (do Eng Arantes deOliveira, do 25 de Abril, ou dequalquer outro..., poucoimporta), que fazia as delcias detodos ns, enquanto jovens, eque nunca haviam sado da ilha,

    face oferta que representavapara as crianas da altura, querem termos de desafios, quer emtermos pedaggicos, j quemuito aprendemos naquelesespaos ajardinados, cuidados, evigiados. A sul, um jardim comzona de estar e um grande lago,no qual alguns de ns caram, eque os mais afoitos atravessa-vam na elevada e difcil ponte,que tanto precisava de fora parasubirmos de bicicleta, como, logode seguida, precisava de perciae traves, na ngreme descida...,

    com bebedouros, que ainda lsobrevivem, mas secos... ANorte, um imenso ( nossadimenso) parque infantil, comescorrega e baloios, e umcircuito rodovirio, recheado desinalizao e equipamentos:rotunda, bomba de abaste-cimento de combustveis,hospital, edifcios com vriosandares, sinalizao rodoviria

    e... passadeiras. Chamo aqui aateno, para o facto de, naquelaaltura, na Horta, no existiremedifcios / prdios em andares,e, as nicas passadeiras queexistiam, eram as do LargoDuque dvila e Bolama, e queainda l esto, as nicas quenunca se apagam, porquemarcadas com pedras brancas,de calcrio. Ou seja, estvamosperante um Parque Infantilavanado para a poca, atporque ia mais alm, mais frente daquilo que encon-

    trvamos na prpria cidade.SOBRA DE NINGUM. Hoje,recu-mos no tempo. A cidadedeixou cair o Jardim / ParqueInfantil da Avenida Marginal, nos porque no o actualizou,como destruiu progressivamentea sua oferta, devolvendo-o aopassado, sua condio de sobraintil, sem uso, no contribuindoem nada para a oferta da

    cidade. Destruiu o lago (porquetinha mosquitos), destruiu oescorrega (porque a madeiratinha falhas), destruiu o prticoem beto dos baloios (no fossealgum enforcar-se), destruiu assombras (porque as rvorestiravam as vistas), destruiu...,destruiu porque precisava de umterreiro livre para a Semana doMar, porque precisava de umasobra onde despejar os carros,precisou de asfaltar porque noqueria mais cortar o ervaal...!De quem a culpa? A culpa ,necessariamente, dos Faia-lenses, que consentem, nestedesperdcio. Desperdcio deuma parcela de terreno nobre,que, em qualquer parte daRegio valorizada etransformada no ex-lbris deuma cidade ou vila, mas que,aqui, marginalizada,desprezada, ignorada eabandonada, aos usos maisimprprios. Importa integraraquele espao na cidade, e faz-lo contribuir para a qualificaoda nossa oferta ambiental eturstica, mediante arequalificao urbana da nossaFrente Mar, com um PasseioMartimoque nos orgulhe, e doqual se observe e capte amelhor imagem do canal Faial Pico So Jorge.

    Resta-me manter asaparncias, e dar as boas vindas

    a quem preferiu o Tringulo,designadamente, a ilha do Faial,para passar as suas frias, eformular votos para que, para oano, a cidade da Horta os possareceber melhor, condignamente,na nossa maior e mais bela Salade Visitas a Avenida Marginal.

    Palmas ou Assobios, [email protected]

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  • 12 Avenida Marginal sexta feira 31 de Julho 2009

    No rol das muitas festasprofanas que se realizam por todoeste arquiplago, no sou capazde encontrar, em dimensoidntica que pode constatar-seno Faial, na Semana do Mar,acontecimento em que seja toperfeita a harmonia entre os traosidentitrios do local em que temlugar e as prprias caractersticasda festa concebida para lhe darexpresso concreta. Ou seja,entre a ilha do Faial e a sua festamaior, h como que uma cumpli-cidade que dificilmente se deparaem acontecimento de idnticanatureza, noutra qualquer parcelados Aores. Precisamente porqueas pessoas, os residentes e osvisitantes, descobrem quaseinstintivamente, que o que emcada edio da Semana do Maracontece, s faz sentido porque no Faial. pelo menos luz doque a festa representou nas suasprimeiras edies.

    De facto, o modelo que deuinicialmente forma Semana doMar, retira a sua beleza e despertao desejo de regresso, exactamenteporque entre as ilhas do Canal,este quadro excepcional em quedecorre, os ambientes queformam a envolvncia fsica ehumana e a comunho estreita que

    os residentes e visitantes celebramnuma vivncia nica, fazem dotodo algo de fascinante. Por isso,talvez, a sua longevidade, mesmoque se ache que, a dada altura, osresponsveis pela organizao daSemana do Mar fizeram dema-siadas concesses ao lado daterra, ou tenham amontoa-do,um pouco a esmo, excessivonmero de acontecimentos. Deuma agradvel naturalidade queresultava de um programa queflua com leveza, passou-se a umcerto frenesim barulhento eagressivo que no merece j obom acolhimento dos temposiniciais. Pelo menos de modogeneralizado. A iluso do sucessoreside, certamente, na renovaode pblicos e, tambm, natolerncia dos repetentes queapesar de tudo vo saboreandoselectivamente o que a semanaoferece de mais vlido. Aexpresso muito repetida de que preciso dar a volta aoprograma, por vezes pronun-ciada sem qualquer racionalidadesubjacente, passou a fazer defacto sentido. A Semana do Marganhou, na verdade, uma dimen-so excessiva e desviou-se do seuesprito inicial. Perdeu os traosde espontaneidade e a marca

    alegre de um voluntarismo que,acima de tudo, se exprimia nahospitalidade cativante quedeslumbrava os que aquichegavam e que eram sur-preendidos por ddivas poucocomuns: amizade e generosidadesem cobrana, acolhimentodesinteressado, vontade de seragradvel tudo para que o nomedo Faial se afirmasse numa ideiaento a germinar, que era a daHorta Capital do Yachting doAtlntico Norte. Era nesteesprito e impulsionados por umsentido de hospitalidade aprendidona beira de gua, que um bomgrupo de faialenses (sem esqueceressa personalidade mpar que erao Eddie Bryant que anos depoisde nos deixar ainda suscitava, emcabealho de revista especializada,esta exclamao: Where isEddie!! um artigo magnficoque deve encher de orgulho osfaialenses. Foi aqui, nesta escolaatlntica, que o Eddie aprendeu asuscitar nos seus concidados umsentido de gratido que cavalgouas ondas de todos os mares.

    A Semana do Mar, por todasestas razes, constitui j umpatrimnio irrenuncivel da nossaterra. Que coloca, naturalmente,questes de salvaguarda, como

    Semana do Marem torno das suas razes

    Ricardo Manuel Madruga da Costa

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    outra qualquer festividade ouvalor cultural que no deve serdesvirtuado.

    Por isso, no me associo spropostas radicais de extino daSemana do Mar. Acho, isso sim,que possvel devolv-la suamatriz original e recuperar o seuesprito e a intimidade quemodelou muito do seu encanto,derramando pelo calendrio, naroda do ano, um sem nmero deacontecimentos que agora seempilham de forma concen-trada em programas onde parecehaver uma enorme vontade deno dar descanso a ningum.

    Creio que preciso que a festaexija que dela tenha de dizer-se,como rezava o genrico do seuprograma de 87, em jeito devaticnio: a Semana do Marmanter pelos anos fora aquelaponta de fascnio que transformaos ares e os mares dos Aoresem estrada de um s sentidoconvergente. H, na verdade, umno sei qu de sortilgio que sedesprende desta Horta, feita de

    simplicidade elegante, acolhendoem cada ano que passa gentenova e nova gente, descobertado seu encanto misterioso que aSemana do Mar apenas ajuda aengalanar de mais cor e alegria.

    Post Scriptum Parece sertempo de pr fim a equvocosquanto paternidade desteacontecimento. E numa evocaodesta natureza, a sua identificaono coisa suprflua; parteincontornvel do seu historial. Defacto, sendo verdade que a Semanado Mar foi fruto do esforo de muitagente, porventura de umaprecivel nmero de entusiastasque at podero ter tido papel maisrelevante para a sua realizao eprosseguimento, do que osprprios autores da ideia, o certo que esta festa, como um poemaque a celebre, ou a partitura deuma marcha que a proclame, temassinatura. Ainda a recepo Regata da M.O.C.R.A. em 1975no tinha terminado umaverdadeira prefigurao do queseria a Semana do Mar e j oescriba desta nota (entopresidente da Comisso Regionalde Turismo da Horta) trocavaideias com um velho amigo, o JooCarlos Fraga, (a quem se deve arealizao da regata que acima semenciona), ficando assente arealizao anual de um programaidntico ao que acabava de levar-se a cabo. E logo, naquele instante,por analogia com certames que serealizavam por esse mundo fora,recebeu nome de baptismo:Semana do Mar. Aqui fica, paraque conste

  • sexta feira 31 de Julho 2009 Avenida Marginal 13

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    Jos Decq Mota

    O ttulo deste texto revelaclaramente que ele vai falar daSemana do Mar do Faial. De factopara se encontrar um grande evalioso festival nutico, associadoa uma festa popular de vultuosadimenso, tem que se vir ao Faial,na primeira semana de Agosto decada ano.

    Esta Festa , que j tem muitosanos, tem sido de primordialimportncia para a divulgao dosAores, foi pioneira na abertura auma oferta cultural de qualidade,soube aproveitar a profundaligao que a Horta tem nave-gao internacional de recreio,constituiu durante anos um polode atraco para os praticantes devrias modalidades nuticas, umprivilegiado e escolhido ponto deencontro para conterrneos quemoram noutras terras e ofereceum acolhedor ambiente de serenafraternidade, gerado por umapopulao que gosta e que seorgulha da sua Terra.

    Falar da Semana do Mar omesmo que falar num aconte-cimento desportivo e recreativonutico por onde passam mais demil praticantes e o mesmo quefalar num acontecimento culturalque foi decisivo na criao daprtica, em todos os Aores, dec trazer artistas e eventos degrande projeco nacional e,mesmo, internacional. Longe vaio tempo em que alguns gostavamde impor, de forma artificial, oprolongamento de um certoisolamento cultural, que j no tem,nem sentido, nem razo de ser.

    Falar da Semana do Mar falarde regatas internacionais de vela, falar de vela ligeira regional,nacional e internacional, falar decanoagem e remo, falar denatao, polo aqutico, vela e remoem bote baleeiro, pesca despor-tiva, mergulho, motonautica,jogos de gua e recreao nutica,mas tambm falar das cinciasdo mar e das actividades econ-micas relacionadas, presentesnum certame muito interessante,chamado Expomar. Somando atudo isto, os grandes concertos,a feira do livro, o artesanato, asfilarmnicas, o folclore, asexposies, a animao de rua, ocortejo etnogrfico, a feiragastronmica e o parque dajuventude, ento o ttulo escolhidoest mais que justificado.

    Entretanto importante queno esqueamos as razes dascoisas. A Semana do Mar comeaem 75, por iniciativa do ClubeNaval, constituindo um programarecreativo e desportivo de

    recepo a uma regata inter-nacional. Foi, no tempo, umainiciativa com viso de futuro eque veio a ganhar, em poucosanos, uma grande projeco. Osseus primeiros obreiros merecemser lembrados, quer os ligados estrutura do Cube Naval, quer osligados Delegao do Turismo,que nesses primeiros anos foi umimportante suporte da iniciativa.De entre todos os nomes quepoderia aqui lembrar permitam-me que recorde apenas um, jfalecido, sabendo que ospromotores iniciais que estovivos partilham comigo estavontade de escrever, com asletras todas, este nome: estou afalar de Lus Fernando Gonalvesda Rosa, grande entusiasta doincio da Semana do Mar que, poro ter sido, merece o nossoreconhecimento.

    importante, tambm, termosconscincia da evoluo que sefoi verificando, ao longo dos anos,em todos os aspectos da Semanado Mar. Desde a entrada daCmara na organizao, aobelssimo programa dos 10aniversrio; da ampliao dasestruturas, at s profundasalteraes qualitativas dos ltimosanos; da passagem de mostras averdadeiras feiras do livro, deartesanato, de actividades econ-micas, de gastronomia; da realiza-o de provas desportivas nuticasregionais, realizao de provasinternacionais, tudo isso determi-nou um crescimento, com qualidade,do qual nos devemos orgulhar.

    A Semana do Mar , no fundo,uma verdadeira demonstrao demuitas das capacidades desta ilha.A decisiva ligao ao mar e aoporto, que muita inveja causanoutras paragens, est, nesteevento, totalmente presente. Acapacidade de iniciativa nos planoscultural e desportivo nutico,embora com recursos financeiroslimitados, est, tambm, bempresente. Os valores prprios deuma comunidade, que sendopequena, aberta inovao e convivncia, so notados porquem nos visita.

    Estar na Festa com o quetemos e trazer Festa outros, deoutros lados, com os seus usos ecostumes, uma outra caracte-rstica que nos valoriza. Mas aparte essencial deste FestivalFesta so as pessoas. As centenasde jovens que participam nofestival nutico e que, desde htrs anos, desfilam, com alegria,no dia da abertura; os milhares devisitantes que por aqui esto nessa

    altura; os milhares de faialensesque se deslocam ao Largo, Avenida e ao Cube Naval durantea Festa; os muitos conterrneosque vm, em toda a espcie debarcos, das ilhas mais prximas,so esses todos que transformama Semana do Mar no aconte-cimento que demonstra que esta uma ilha viva, que muito d evai continuar a dar aos Aores eao Pas.

    Uma palavra final devida atodos os que constroem aSemana do Mar. A CmaraMunicipal e toda a sua estruturae o Clube Naval e todos os seusvoluntrios, devem ser referidos cabea pelo determinante papelque tm, mas no podem seresquecidos muitos serviospblicos da Regio e do Estado,a Cmara do Comrcio, asEscolas, a Biblioteca, muitasempresas, as Juntas de Freguesiae Casas do Povo, as filarmnicas,os grupos folclricos e muitosparticulares, que do contributosexcepcionais.

    A Semana do Mar ai est adizer que o Faial est vivo e bemvivo!

    Festival Nuticoe Festa Popular

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  • 14 Avenida Marginal sexta feira 31 de Julho 2009

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    A sua origem remonta scelebraes religiosas realizadasem Portugal a partir do sculoXIV, nas quais a terceira pessoada Santssima Trindade erafestejada com banquetescolectivos designados de bodoaos pobres, com distribuio decomida e esmolas.

    Fontes histricas referem queteriam sido institudas em 1321,pelo Convento Franciscano deAlenquer, sob proteo da RainhaSanta Isabel de Portugal eArago.

    Estas celebraes aconteciamcinquenta dias aps a Pscoa,comemorando o dia de Pente-costes, que de acordo com oNovo Testamento teria sidoquando o Esprito Santo desceudo cu sobre os apstolos deCristo sob a forma de lnguascomo de fogo. Desde o seuincio, os festejos do Divino queeram realizados na poca dasprimeiras colheitas no calendrioagrcola do hemisfrio norte, somarcados pela esperana nachegada de uma nova era para omundo dos homens, com igual-dade, prosperidade e abundnciapara todos.

    A devoo ao Divinoencontrou um solo frtil paraflorescer, em especial noarquiplago dos Aores. Da seespalhando para outras reascolonizadas por aorianos, comoa Nova Inglaterra, nos EstadosUnidos da Amrica e diversoslugares do Brasil.

    Onde se celebra no Brasil

    O costume de festejar oEsprito Santo ter chegado aoBrasil logo nas primeiras dcadasde colonizao.

    Hoje, a festa do Divino realiza-se praticamente em todas as

    regies do pas, apresentandocaractersticas distintas em cadalocal, mas mantendo elementoscomuns, como a pomba brancae a santa coroa, a coroao deimperadores e a distribuio deesmolas.

    Os festejos so mais mar-cantes nalguns lugares dosEstados do Maranho, de Gois,de Minas Gerais, de S. Paulo,do Rio de Janeiro e de SantaCatarina. Porm, as celebraestm mais destaque no Maranhoe Santa Catarina, estados paraonde houve mais emigraoaoriana.

    No Maranho, o culto aoDivino Esprito Santo comeoucom os colonos aorianos e seusdescendentes, que desde o inciodo sculo XVII chegaram parapovoar a regio. A partir demeados do sculo XIX, a tradioda festa do Divino comeou a ficarfirmemente enraizada entre apopulao da cidade de Alcn-tara, de onde se espalhou para oresto do Estado, tornando-semuito popular entre as diversascamadas da sociedade, especial-mente as mais pobres e estrei-tamente identificada com asmulheres, sobretudo negrasligadas s religies afro-brasileiras. Esse facto distingue afesta no Maranho das festas doDivino realizadas noutras regiesdo pas e d-lhe uma feio muitoparticular.

    Em Santa Catarina, nacapital do estado e da ilha com omesmo nome, Florianpolis, atradio da festa do Divino foiiniciada no sculo XVIII, e desdeento realizada pela Irmandade doDivino Esprito Santo, que tempor objectivo divulgar e propagara devoo ao Divino EspritoSanto, mantendo viva essatradio atravs da promoo de

    aces solidrias e de carcterreligioso. Aps um perodo deinterrupo, foi retomadaanualmente, a partir de 1994 naPraa Getlio Vargas.

    A Irmandade tem na Festa doDivino, um pilar de sustentaofinanceira, para a manuteno dosprogramas de atendimentooferecido a 1.100 crianas eadolescentes da Grande Florian-polis. Ela a mais popular dasfestas folclricas de SantaCatarina e vem sendo conservadaat hoje, procurando manter omximo de autenticidade, priman-do pelo rigor do acto litrgico emantendo a expresso culturalaoriana reverenciada na festa.

    Para alm da capital, a festa realizada tambm, h mais de 250anos, na comunidade de Santo

    Antnio de Lisboa, que umadas comunidades mais antigas dailha e um dos beros dacolonizao aoriana na cidade.A Festa do Divino Esprito Santotem um pouco disso, promovero encontro entre a religiosidadeoriunda dos Aores e as demaismanifestaes culturais quefazem parte da ilha de SantaCatarina. Esta festa precedidada romaria da bandeira doDivino, cuja finalidade arecolha de esmolas, bulos eesprtulas, destinadas a auxiliaras despesas com a festa.Antigamente esta colecta eraconsiderada uma cerimnia, naqual os irmos das confrariasvestiam as suas opas vermelhase acompanhavam o grupo queconduzia a bandeira e a coroa.

    A festa do Divino EspritoSanto de Santo Amaro daImperatriz, tambm na ilha,teve incio no dia 29 de Maio de1854, aps consulta ao PadreMacrio Csar de Alexandria eSousa (Proco de So Jos), oqual atendia o Arraial de SantoAmaro, e que consentiu com ainstituio da Festa do DivinoEsprito Santo, com a realizao

    Manuel Oliveira

    Celebraes do Esprito Santotambm no Brasil

    da respectiva novena, com apresena dos mordomos, dofesteiro e da populao em geral,para cantar em aco de graasao Divino Esprito Santo.

    Um dos grandes atractivos daFesta a Corte Imperial, formadapela famlia do festeiro que usatrajes baseados em modelosusados pela corte, apresentando-se ao povo toda a pompa quehavia na corte Imperial erealizando-se nos pavilhes daIgreja Matriz de Santo Amarosendo uma das maiores e maistradicionais Festas do Divino noBrasil, totalmente de carctervoluntrio e s possvel devido colaborao da comunidade emgeral, estimando-se que umas60.000 pessoas passem pelospavilhes da Festa durante osquatro dias de durao.

    blog:http://manueloliveira2000.blogspot.com

    Bibliografia:Gustavo Pacheco, Cludia Gouveia

    e Maria Clara Abreu. Caixeiras doEsprito Santo de So Lus doMaranho. Rio de Janeiro: AssociaoCultural Cabur, 2005.

  • sexta feira 31 de Julho 2009 Avenida Marginal 15

    Fernanda TrancosoPisa e Repisa

    O Programa para aAvaliao Internacional deAlunos (PISAProgramme forInternational Student Asses-sment) implementado em2000 pela Organizao para aCooperao e Desenvolvi-mento Econmico (OCDE),realiza uma avaliao trienalde conhecimento e compe-tncias dos estudantes com 15anos de idade em Leitura,Matemtica e Cincia Aadeso a partir de 2003 temvindo em crescendo - 43 pasesem 2000 (nfase em leitura),41 em 2003 (nfase emmatemtica ), 57 em 2006(nfase em cincia) e 67 em2009 (em aplicao).

    PISA defines scientificliteracy as the capacity to usescientific knowledge, toidentify questions and to drawevidence-based conclusions inorder to understand and helpmake decisions about thenatural world and humaninteractions with it (OECD,2003).

    A avaliao realizada em2006 visou fundamentalmentea Cincia, embora contem-plasse inevitavelmente Mate-mtica e Leitura e foramrecolhidos dados sobre osestudantes, a famlia e factoresinstitucionais, contributos paraexplicar as diferenas deprestao.

    Cada jovem realiza umaprova, na qual se avaliam ascapacidades em estudo e ositens da prova estoclassificados em 6 nveis (1 elementar at 6 complexo).

    De acordo com o RelatrioPISA 2006 publicado (400000 estudantes envolvidos),destaco algumas concluses :

    Em m