pódio - 20 de dezembro de 2015

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Pódio [email protected] 3090-1075 E1 MANAUS, DOMINGO, 20 DE DEZEMBRO DE 2015 Em 2015, no ano pós- Copa, os amantes do esporte viram mudanças inesperadas no UFC, mais um rebaixamento do Vasco para segunda divisão, o sexto título brasileiro do Corinthians e a aposentadoria do goleiro Rogério Ceni. Em âmbito regional, o Nacional decepcionou mais uma vez na última divisão do futebol e o Fast Clube voltou a consquistar um título após 43 anos de jejum. UFC Ano teve a maldição do cinturão Pódio E4 e E5 DIVULGAÇÃO

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Pódio - Caderno de esportes do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: Pódio - 20 de dezembro de 2015

[email protected]

E1

MANAUS, DOMINGO, 20 DE DEZEMBRO DE 2015

Em 2015,

no ano pós-Copa, os amantes do esporte viram

mudanças inesperadas no UFC, mais um rebaixamento

do Vasco para segunda divisão, o sexto título brasileiro do Corinthians e a aposentadoria do goleiro Rogério Ceni. Em âmbito regional, o Nacional

decepcionou mais uma vez na última divisão do futebol e o Fast Clube voltou a consquistar um

título após 43 anos de jejum.

UFC

Ano teve a maldição do cinturão

Pódio E4 e E5

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AÇÃO

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Page 2: Pódio - 20 de dezembro de 2015

MANAUS, DOMINGO, 20 DE DEZEMBRO DE 2015E2 PódioPódio

PÓDIO – Como começou seu envolvimento com o futebol?

MÁRIO IVAN – UQuando o futebol de Borba ainda era amador eu sempre fui en-volvido com os clubes lá do município. Quando o Nacional Borbense foi disputar a Série B em 2013 eu me envolvi um pouco mais, já que morava em Manaus, enquanto o Rodenil-son e o Róbson residiam em Borba. E um clube do interior tem que ter um representante em Manaus. Como deu certo e o acesso veio em 2013, fi zemos um belo campeonato em 2014 e em 2015 houve alguns problemas internos e acabamos terminando na sé-tima colocação.

PÓDIO – Fazer futebol no Amazonas já não é tão simples nos clubes da capital. Qual era a maior dificuldade encontrada por vocês, do Borbense?

MI – Como todos os clu-bes do Amazonas, o grande problema de se fazer futebol é caixa, é financeiro, ainda mais que o torcedor não valoriza o que é nosso, do Amazonas. Se nós tivésse-mos uma média de duas a três mil pessoas por jogo

Responsável por comandar o departamento de futebol do Nacional Borbense nos últimos dois anos, Mário Ivan terá a missão de reerguer o São Raimundo. Anunciado há algumas semanas, ele assume a mesma divisão dentro do Tufão da Colina. Piloto de aeronaves e formado em administração, o dirigente de 54 anos promete alçar voos maiores com o time Alviceleste.Ao lado de André Cavalcante, chefe do departamento de marketing e divulgação do Tufão, o novo diretor de futebol são-raimundense concedeu entrevista ao PÓDIO para falar do novo desafio na curta carreira de dirigente, que começou lá atrás, em Borba, quando participava dos campeonatos amadores do município. Mais experiente, ele quer recolocar o São Raimundo no cenário nacional.

NOSSA pretensãoé disputar O TÍTULO

MÁRIO IVAN

no Campeonato Amazonen-se, todos os clubes estariam numa situação bem diferen-te da atual. Essa falta de credibilidade do futebol por alguns problemas de gestões anteriores, de federação, de clubes, isso aí hoje, nós diri-gentes, pagamos um preço muito alto no futebol. Todos os dirigentes, sem exceção, dos 15 clubes filiados na fe-deração amazonense, tiram dinheiro do bolso, tiram dos seus recursos próprios para fazer futebol.

PÓDIO – Mesmo com todas essas dificuldades, muitos dirigentes conti-nuam no futebol. Por que?

MI – É a vontade de ver o futebol amazonense como na década de 1970, 1980, novamente. Um futebol onde o torcedor acredita, aposta. Eu não gosto de comparar o futebol do Amazonas com o futebol do Pará. Nós estamos há 50 anos do futebol para-ense. Nós temos decisões em Manaus onde o público pre-sente é de 600, 700 pesso-as. Isso torna humanamente impossível de se administrar um clube de futebol profis-sional com esses valores de bilheteria, não tem como. Se você for ver o Campeonato Paraense, os estádios estão sempre cheios, ultrapassan-do a casa dos 30 mil especta-dores. Essa comparação eu não gosto de fazer, não gosto de comparar Pará com Ama-zonas. Eu sempre digo que em Manaus só nasce cario-ca, não nasce amazonense. Aqui os torcedores gostam do Flamengo, do Vasco e alguns poucos do Botafogo.

PÓDIO – O que falta para fazer o futebol local crescer?

MI – O torcedor, o povo amazonense acreditar nos dirigentes do futebol. Hoje, a ACPEA (Associação dos Clubes Profi ssionais do Es-tado do Amazonas) é um marco no futebol local. Hoje, os dirigentes são amigos, conversam, se reúnem pra-ticamente todas as sema-nas para discutir o futebol do Amazonas. A partir do momento em que eu vejo o Nacional ser vencido numa disputa de calendário, de pla-nejamento e ele aceitar com naturalidade, prova que nós estamos evoluindo no rela-cionamento entre dirigentes, o que resulta no crescimento

ANDRÉ TOBIAS

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do futebol amazonense.

PÓDIO – Como surgiu o convite de comandar o departamento de futebol do São Raimundo?

MI – O convite partiu do Mozart (presidente do São Raimundo), que é meu amigo, meu vizinho. Sempre tive uma admiração pelo São Rai-mundo, é um grande clube, só está um pouco esquecido. Encaro isso como um grande desafio. Vamos trabalhar em conjunto com a diretoria, técnico e torcida, porque a união de todos fará do São Raimundo um clube gigante novamente.

PÓDIO – Você vai assu-mir o futebol do clube que conquistou os resultados mais expressivos para Amazonas a nível regional e nacional recentemente. Como você encara e qual sua expectativa para essa nova responsabilidade?

MI – O São Raimundo a nível estadual tem uma imagem muito bonita, mas a nível nacional, apesar de o Nacional ser o maior cam-peão Estadual, o time conhe-cido pelo Brasil afora é o São Raimundo, que disputou, inclusive, torneios interna-cionais. Eu, juntamente com o presidente, estamos mon-tando agora com o André um departamento de marketing e divulgação. Tudo relacio-nado ao clube nós vamos passar para ele. Nós preci-samos divulgar o trabalho do São Raimundo, que precisa voltar a ser forte no futebol do Norte. 2016 será o ano de partida do São Raimundo e esperamos, pelo menos, disputar as finais do Bare-zão, para ganharmos uma vaga na Copa do Brasil ou na Copa Verde e ressurgir no cenário nacional.

PÓDIO – O que o São Raimundo vai disputar em 2016?

MI – Em janeiro nós vamos fechar o calendário e o cro-nograma do juvenil, juniores e profi ssional. No juvenil ainda estamos negociando com uma amigo nosso, ex-jogador tam-bém, mas que eu prefi ro manter o nome em sigilo. No juniores trabalharemos com o Alberoni e o técnico do profi ssional será o Eduardo Clara.

PÓDIO – Quando começa a montagem do elenco para a disputa do Estadual?

MI – Nós vamos aguardar o Clara chegar. Vamos conversar com ele, que tem algumas indicações, e nós temos ou-tras. Pretendemos montar um elenco com 23, 24 jogadores. Já temos alguns nomes, mas pre-ferimos não divulgar até 2016. Após o dia 20 de janeiro, o Mozart vai fazer o lançamento da nova diretoria, com todas as pessoas envolvidas no projeto de soerguer o futebol do São Raimundo, para que ele volte ao cenário nacional.

PÓDIO – O que a torcida do São Raimundo pode esperar do senhor à frente do depar-tamento de futebol?

MI – Eu peço que a torcida volte aos estádios, isso precisa acontecer para que façamos um bom campeonato e ter-mos a possibilidade de montar um bom time. A torcida pode esperar muito empenho, um trabalho com seriedade, de-terminação e muito respeito ao clube. Nossa pretensão é disputar o título para voltar a disputar torneios nacionais. Vamos ter contratações de jogadores conhecidos local-mente, um ou dois nomes co-nhecidos do cenário nacional para disputar, de igual para igual, o Barezão de 2016 com os demais concorrentes.

Essa compara-ção eu não gos-to de fazer, não gosto de com-parar Pará com Amazonas. Eu sempre digo que em Manaus só nasce carioca, não nasce ama-zonense. Aqui os torcedores gostam do Fla-mengo, do Vasco e alguns poucos do Botafogo

Todos os di-rigentes, sem exceção, dos 15 clubes filiados na federação amazonense, ti-ram dinheiro do bolso, tiram dos seus recursos próprios para fazer futebol

2016 será o ano de partida do São Rai-mundo e es-peramos, pelo menos, dispu-tar as fi nais do Barezão, para ganharmos uma vaga na Copa do Brasil ou na Copa Verde e ressur-gir no cenário nacional

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MANAUS, DOMINGO, 20 DE DEZEMBRO DE 2015E3PódioPódio

Novo técnico do São Paulo já teve problema com TiteQuando treinava o San Lorenzo, Edgardo Bauza declarou que o Timão havia deixado de ganhar para eliminar o São Paulo

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Edgardo Bauza era um dos técnicos mais cobiçados da América do Sul e aceitou comandar o São Paulo

São Paulo (SP) - O São Paulo anunciou na últi-ma quinta-feira (17), o argentino Edgardo Bau-

za como seu novo técnico. E o “Hermano” chega ao Brasil com um retrospecto de polêmica contra um dos maiores rivais do clube paulista, o Corinthians. No início deste ano, uma decla-ração dele fez com que Tite se irritasse em uma coletiva.

O caso aconteceu depois da quinta rodada do Grupo 2 da Libertadores de 2015. Invicto até então, o Corinthians fi cou no empate em 0 a 0 com o San Lorenzo, dentro de casa, resultado que garantiu a classi-fi cação para as oitavas de fi nal.

Depois do jogo, Edgardo Bau-za, na época treinador do San Lorenzo, afi rmou que o Corin-thians havia passado a atacar com menos jogadores na parte fi nal da partida. Na sequência, disse que o clube paulista não iria querer deixar o São Paulo vivo na competição – São Paulo e San Lorenzo brigavam pela segunda vaga da chave.

A declaração do técnico ar-gentino, no entanto, fez com que Tite entendesse que Bauza estava insinuando um possível favorecimento do Corinthians com São Paulo ou San Loren-zo, o que levou o treinador

gaúcho à loucura.“Isso é uma baixaria que não

serve para mim! Para mim, não serve! Esse tipo de ilação não serve! Tenho respeito às pessoas e instituições. Não sou técnico do Corinthians, eu estou técnico. Ninguém vai levantar a minha condição! Ninguém! Tenho muito orgu-

lho da minha carreira! Muito!”, afi rmou o corintianao à época.

“Ninguém chuta 17 bolas se não quer vencer. Eu não sei qual a intenção dele (Bauza). Mas posso falar a respeito da história do Corinthians e tenho o dever de falar”, completou.

No fim das contas, Corin-thians e São Paulo acaba-ram se classificando para as oitavas de final da Li-bertadores, deixando o San

Lorenzo pelo caminho.

Abriu a mãoDepois de 38 dias sem

técnico, o São Paulo fechou em Quito, no Equador, com o técnico Edgardo Bauza, que acaba de deixar o San Lorenzo ao fi nal da temporada, e que é considerado um dos mais badalados da América do Sul nos últimos anos. Para isso, teve de extrapolar o teto sa-larial de R$ 300 mil estipulado para treinador e jogadores a partir do ano que vem.

De acordo com o site UOL Esporte, Bauza custará ao São Paulo pouco mais de R$ 400 mil mensais. O contrato, válido para o treinador e sua comissão técnica – composta por mais dois ou três profi s-sionais – foi fechado em valor ligeiramente superior a 100 mil dólares (R$ 390 mil).

“É uma coisa que está dentro dos nossos padrões. Chega um pouco mais (do que 100 mil dólares), porque não é só ele. É ele e a equipe”, disse o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, ao ser questionado sobre o valor do contrato. Leco completa que extrapola “muito pouco” o teto salarial antes estipulado pelo clube.

INDICAÇÕES

O novo técnico Tri-color, ao que parece, vai atuar como uma espécie de “manager” no São Paulo, indi-cando jogadores para serem contratados. O primeiro deles foi o lateral-direito Buff ari-ni, do San Lorenzo

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O maior evento de lutas do mundo, o UFC, teve um ano atípico em 2015, quando nenhum campeão conseguiu manter o cinturão. Surpresas não faltaram

Imprevisibilidade. Um dos fa-tores que fazem o esporte ser apaixonante e inexplicável. E foi essa a palavra que melhor

defi niu o ano no Ultimate Fighting Championship (UFC). Todas as pre-visões feitas sobre lutadores que, até então, eram apontados como imbatíveis, caíram por terra. Das dez categorias da franquia, sete tiveram novos campeões em 2015, algo pouco comum.

Seria uma renovação, nova safra de lutadores surgindo, ou apenas eventualidades, obras do acaso? Para entender um pouco melhor sobre o ano “atípico” no principal evento de artes marciais mistas (MMA) do mundo, o PÓDIO conver-sou com fi guras importantes e co-nhecidas do público amazonense, que deram suas opiniões sobre os motivos para a grande rotativida-de de campeões em 2015.

Organizador do principal evento de MMA do Amazonas, o Rei da Selva Combat, Diogo Dias aponta a visibilidade dos campeões como um dos fatores para a perda do reinado. Segundo ele, quem busca o cinturão passa a estudar mais o dono do título, que se torna alvo dos demais lutadores de sua categoria e, em alguns momentos, acaba se acomodando com a soberania.

“O difícil não é ganhar, é se manter campeão. Quando você disputa o título, quer tanto atingir aquele objetivo, treina tanto para isso, que quando chega lá acaba se acomodando. Não digo nas primeiras defesas de cinturão, mas acho que a partir da ter-ceira o atleta já vai diminuindo o ritmo e quem vem lá de atrás, vem a mil por hora”, assinala o organizador de eventos.

Ex-UFC e atualmente detentor do cinturão dos leves no Shooto Brasil, Ronys Torres corrobora com a opinião de Dias. Para o mana-capuruense, a difi culdade de sem manter soberano é maior do que se tornar campeão. Em alguns casos, ele reconhece que pode ter algum tipo de acomodação por parte do atleta, algo que descartado no caso da derrota do amazonense José Aldo para o irlandês Conor McGregor, no UFC 194.

“Vejo isso como algo natural do esporte. Ser campeão não é tão difícil, difícil é ser manter campeão. Quem quer chegar no título começa a treinar em cima dos erros dos campeões, por isso é bem complicado manter o cinturão nas mãos. O cara vencedor que quer continuar sendo campeão tem que treinar o dobro. Mas acredito que seja até importante essa mudança entre os donos de cinturão”, defende Torres.

O primeiro treinador de Aldo na Nova União, Márcio Pontes, descarta a possibilidade de reno-vação, já que muitos dos lutado-res que tomaram o cinturão dos campeões já estavam no UFC há algum tempo. Assim como o dono do cinturão dos leves no Shoo-to Brasil, ele acredita que seja necessário a rotatividade entre campeões e aposta num retorno ainda mais forte deles em 2016.

“Acho que ele (McGregor) não vai fi car muito tempo com o cinturão. Não vou dizer que foi fatalidade ou sorte, foi momento, como tudo na vida em que você tem momentos bons e ruins. O campeão, para aprender a levantar tem que cair. Agora é hora de levantar, voltar aos treinos e esperar que acon-teça o mais breve possível essa revanche”, diz Pontes.

Peso psicológicoDona do cinturão dos galos do Rei

da Selva Combat, Mayana Kellen crê que as cobranças e a pressão psicológica em cima dos atletas que são detentores de títulos podem ter algum peso na hora que eles sobem ao octógono. Conforme ela, a quanti-dade de lutadores que brotam todos os dias com qualidade é um fator que deve ser levado em consideração, já que a competitividade aumenta.

“O que vemos é uma safra muito boa de grandes atletas. Todos os dias surge no cenário do MMA novos talentos, que cada vez se tornará mais e mais concorrido. Então, quem estiver com maior autocontrole do corpo, técnicas e mente estará sempre no topo. É uma guerra onde quem sobrevive é o campeão. Os títulos perdidos, foram, ao meu ver, pelo psicológico abalado e cobrança interna muito pesada”, declara Mayana.

Difícil não éGANHAR, É SE MANTER NO TOPO

ANDRÉ TOBIAS

Após dez anos de inven-cibilidade e sete defesas de cinturão, José Aldo pa-rece que terá de esperar para encarar Conor Mc-Gregor. A ideia do chefão do UFC, Dana White, ao que tudo indica, é colocar o irlandês para lutar com Frank Edgar, o que causou surpresa nos fãs de MMA.

“A gente não entende quais são os paramentos e critérios que o UFC usa. Se nós analisarmos bem, não como técnico, mas como um cara que gosta, fica visível e notório que é algo pessoal. O Aldo sempre foi um cara que não concordou com mui-tas coisas que o Ultimate implantou e impôs para os lutadores. Como é que o cara número 1 do ranking durante um ano perde o cinturão e cai para séti-mo?”, questiona Pontes.

Organizador de even-

tos de lutas assim como Dana, Diogo Dias afirma compreender os motivos para não declarar revan-che imediata entre Aldo e McGregor. Segundo ele, se for analisar so-mente esportivamente, o amazonense teria sim o direito de encarar o irlandês numa espécie de tira-teima. Contudo, ele entende que para os “negócios” seja mais in-teressante promover um outro combate.

“O problema é que o UFC é um evento de en-tretenimento, e o Edgar, talvez, pese como fator promocional mais do que o Aldo, talvez essa luta seja mais vendável do que o combate envolvendo Aldo com o Edgar. Se você for observar a questão da bolsa, a do McGregor já era maior do que a do Aldo”, resume Dias.

Imbatível, assim pode ser descrita a carreira do estadunidense Deme-trious Johnson. Campeão desde 2012 – a maior soberania dentre todas as categorias –, o rei dos moscas (até 56,7 quilos) já defendeu seu títu-lo sete vezes e parece não ter ninguém a altura até o momento dentro da sua divisão. Ele ain-da não tem luta marcada para o próximo ano.

Entre os galos (até 61,2 quilos), o também esta-dunidense T. J. Dillashaw conseguiu manter seu tí-tulo em 2015. Campeão desde o ano passado, quando derrotou o bra-

sileiro Renan Barão, o lutador já fez duas defe-sas de cinturão e mostrou que não pretende largar o osso tão cedo. No dia 17 de janeiro ele encara Dominick Cruz.

Campeão dos meio-mé-dios (até 77,1 quilos) des-de dezembro de 2014, Ro-bbie Lawler tem apenas uma defesa de cinturão até o momento. No dia 2 de janeiro o estaduniden-se encara o conterrâneo Carlos Condit, campeão interino da categoria em 2012, quando a classe era dominada amplamente pelo canadense Georges St. Pierre.

Campeão linear da ca-tegoria peso pesado (até 120,2 quilos) desde 2012, Cain Velasquez foi um dos atletas que deixaram de ser soberano em 2015. Afastado do octógono por quase dois anos, o estadunidense perdeu o cinturão para o até então campeão interino Fabrí-cio Werdum em junho des-te ano. Ele terá a chance de retomar o título no ano que vem, em revanche diante do brasileiro.

Imbatível na categoria meio-pesado (até 93 qui-los), quando defendeu seu cinturão oito vezes, Jon Jones perdeu o título para si mesmo. Após provocar um acidente de trânsito e fugir do local sem prestar socorro em abril deste ano,

ele foi destituído do pos-to de campeão. No mês seguinte, Daniel Cormier fi nalizou Anthony Johnson e fi cou com a honraria. Ele já pôs seu prêmio em jogo uma vez e manteve.

De azarão à campeão in-contestável. Chris Weidman surpreendeu o mundo do MMA ao tomar o cinturão dos médios (até 83,9 qui-los) de Anderson Silva em 2013. Na revanche bateu o brasileiro novamente e se tornou algoz daqueles que nasceram em terras tupi-niquins, ao derrotar Lyoto Machida e Vitor Belfort nas duas defesas seguintes. Po-rém, no UFC 194 caiu para Luke Rockhold e entrou para a estatística daqueles quem entraram 2015 com título e sairão dele de mãos vazias.

Revanche imediata para Aldo

Para alguns a soberania continua

Lesões, polêmicas e derrotas

Entre os leves (até 70,3 quilos), brilhou a estrela de Rafael dos Anjos. Dono do cintu-rão da categoria desde 2013, Anthony Pettis nem durou muito com o título. Após uma úni-ca defesa, ele acabou superado pelo brasilei-ro em março deste ano. Mas, poderemos ter um novo campeão ainda neste ano. Isso porque, na noite de ontem, o lutador verde e amarelo duelou com o estaduni-dense Donald Cerrone e, até o fechamento desta edição, a luta ainda não havia acontecido.

Entre as mulheres da categoria peso galo (até 61,2 quilos) aconteceu aquilo que ninguém es-perava. Dona do cintu-rão desde 2012, Ronda Rousey parecia imbatí-vel. Defendeu seis vezes o seu título com vitórias incontestáveis. Porém, em 15 de novembro de 2015 ela foi nocauteada sem dó nem piedade pela conterrânea Holly Holm. A revanche entre as duas belas do UFC já foi con-fi rmada e deve acontecer no ano que vem.

Na categoria peso palha (até 52,2 qui-los) ainda não houve nenhuma soberania. Recente no UFC – des-de o ano passado –, a divisão conta com apenas duas campe-ãs. A primeira delas foi Carla Esparza, em 2014, que na defesa do seu título, já nes-te ano, foi derrotada pela polonesa Joanna Jedrzejczyk. A lutado-ra europeia já pôs seu cinturão em jogo duas vezes e continuou com ele. Ano que vem ele duela com a brasileira Cláudia Gadelha.

Surpresa entre as mulheres

“Acho que ele (McGregor) não vai fi car muito tempo com o cinturão. Não vou dizer que foi fatalidade ou sorte, foi momento, como tudo na

HOLLY HOLM VS RONDA ROUSEY

JOSÉ ALDO VS CONOR MCGREGOR

Em 13 segundos, McGregor apagou uma história de 10 anos de soberian de José Aldo nos penas

Holly Holm mostrou ao mundo que não há ninguém invencível no mundo das lutas, ao massacrar a até então “insuperável” Ronda Rousey no UFC 193

desde o ano passado, quando derrotou o bra-

dominada amplamente pelo canadense Georges St. Pierre.

ra europeia já pôs seu cinturão em jogo duas vezes e continuou com ele. Ano que vem ele duela com a brasileira Cláudia Gadelha.

E4 PódioPódio E5MANAUS, DOMINGO, 20 DE DEZEMBRO DE 2015

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O maior evento de lutas do mundo, o UFC, teve um ano atípico em 2015, quando nenhum campeão conseguiu manter o cinturão. Surpresas não faltaram

Imprevisibilidade. Um dos fa-tores que fazem o esporte ser apaixonante e inexplicável. E foi essa a palavra que melhor

defi niu o ano no Ultimate Fighting Championship (UFC). Todas as pre-visões feitas sobre lutadores que, até então, eram apontados como imbatíveis, caíram por terra. Das dez categorias da franquia, sete tiveram novos campeões em 2015, algo pouco comum.

Seria uma renovação, nova safra de lutadores surgindo, ou apenas eventualidades, obras do acaso? Para entender um pouco melhor sobre o ano “atípico” no principal evento de artes marciais mistas (MMA) do mundo, o PÓDIO conver-sou com fi guras importantes e co-nhecidas do público amazonense, que deram suas opiniões sobre os motivos para a grande rotativida-de de campeões em 2015.

Organizador do principal evento de MMA do Amazonas, o Rei da Selva Combat, Diogo Dias aponta a visibilidade dos campeões como um dos fatores para a perda do reinado. Segundo ele, quem busca o cinturão passa a estudar mais o dono do título, que se torna alvo dos demais lutadores de sua categoria e, em alguns momentos, acaba se acomodando com a soberania.

“O difícil não é ganhar, é se manter campeão. Quando você disputa o título, quer tanto atingir aquele objetivo, treina tanto para isso, que quando chega lá acaba se acomodando. Não digo nas primeiras defesas de cinturão, mas acho que a partir da ter-ceira o atleta já vai diminuindo o ritmo e quem vem lá de atrás, vem a mil por hora”, assinala o organizador de eventos.

Ex-UFC e atualmente detentor do cinturão dos leves no Shooto Brasil, Ronys Torres corrobora com a opinião de Dias. Para o mana-capuruense, a difi culdade de sem manter soberano é maior do que se tornar campeão. Em alguns casos, ele reconhece que pode ter algum tipo de acomodação por parte do atleta, algo que descartado no caso da derrota do amazonense José Aldo para o irlandês Conor McGregor, no UFC 194.

“Vejo isso como algo natural do esporte. Ser campeão não é tão difícil, difícil é ser manter campeão. Quem quer chegar no título começa a treinar em cima dos erros dos campeões, por isso é bem complicado manter o cinturão nas mãos. O cara vencedor que quer continuar sendo campeão tem que treinar o dobro. Mas acredito que seja até importante essa mudança entre os donos de cinturão”, defende Torres.

O primeiro treinador de Aldo na Nova União, Márcio Pontes, descarta a possibilidade de reno-vação, já que muitos dos lutado-res que tomaram o cinturão dos campeões já estavam no UFC há algum tempo. Assim como o dono do cinturão dos leves no Shoo-to Brasil, ele acredita que seja necessário a rotatividade entre campeões e aposta num retorno ainda mais forte deles em 2016.

“Acho que ele (McGregor) não vai fi car muito tempo com o cinturão. Não vou dizer que foi fatalidade ou sorte, foi momento, como tudo na vida em que você tem momentos bons e ruins. O campeão, para aprender a levantar tem que cair. Agora é hora de levantar, voltar aos treinos e esperar que acon-teça o mais breve possível essa revanche”, diz Pontes.

Peso psicológicoDona do cinturão dos galos do Rei

da Selva Combat, Mayana Kellen crê que as cobranças e a pressão psicológica em cima dos atletas que são detentores de títulos podem ter algum peso na hora que eles sobem ao octógono. Conforme ela, a quanti-dade de lutadores que brotam todos os dias com qualidade é um fator que deve ser levado em consideração, já que a competitividade aumenta.

“O que vemos é uma safra muito boa de grandes atletas. Todos os dias surge no cenário do MMA novos talentos, que cada vez se tornará mais e mais concorrido. Então, quem estiver com maior autocontrole do corpo, técnicas e mente estará sempre no topo. É uma guerra onde quem sobrevive é o campeão. Os títulos perdidos, foram, ao meu ver, pelo psicológico abalado e cobrança interna muito pesada”, declara Mayana.

Difícil não éGANHAR, É SE MANTER NO TOPO

ANDRÉ TOBIAS

Após dez anos de inven-cibilidade e sete defesas de cinturão, José Aldo pa-rece que terá de esperar para encarar Conor Mc-Gregor. A ideia do chefão do UFC, Dana White, ao que tudo indica, é colocar o irlandês para lutar com Frank Edgar, o que causou surpresa nos fãs de MMA.

“A gente não entende quais são os paramentos e critérios que o UFC usa. Se nós analisarmos bem, não como técnico, mas como um cara que gosta, fica visível e notório que é algo pessoal. O Aldo sempre foi um cara que não concordou com mui-tas coisas que o Ultimate implantou e impôs para os lutadores. Como é que o cara número 1 do ranking durante um ano perde o cinturão e cai para séti-mo?”, questiona Pontes.

Organizador de even-

tos de lutas assim como Dana, Diogo Dias afirma compreender os motivos para não declarar revan-che imediata entre Aldo e McGregor. Segundo ele, se for analisar so-mente esportivamente, o amazonense teria sim o direito de encarar o irlandês numa espécie de tira-teima. Contudo, ele entende que para os “negócios” seja mais in-teressante promover um outro combate.

“O problema é que o UFC é um evento de en-tretenimento, e o Edgar, talvez, pese como fator promocional mais do que o Aldo, talvez essa luta seja mais vendável do que o combate envolvendo Aldo com o Edgar. Se você for observar a questão da bolsa, a do McGregor já era maior do que a do Aldo”, resume Dias.

Imbatível, assim pode ser descrita a carreira do estadunidense Deme-trious Johnson. Campeão desde 2012 – a maior soberania dentre todas as categorias –, o rei dos moscas (até 56,7 quilos) já defendeu seu títu-lo sete vezes e parece não ter ninguém a altura até o momento dentro da sua divisão. Ele ain-da não tem luta marcada para o próximo ano.

Entre os galos (até 61,2 quilos), o também esta-dunidense T. J. Dillashaw conseguiu manter seu tí-tulo em 2015. Campeão desde o ano passado, quando derrotou o bra-

sileiro Renan Barão, o lutador já fez duas defe-sas de cinturão e mostrou que não pretende largar o osso tão cedo. No dia 17 de janeiro ele encara Dominick Cruz.

Campeão dos meio-mé-dios (até 77,1 quilos) des-de dezembro de 2014, Ro-bbie Lawler tem apenas uma defesa de cinturão até o momento. No dia 2 de janeiro o estaduniden-se encara o conterrâneo Carlos Condit, campeão interino da categoria em 2012, quando a classe era dominada amplamente pelo canadense Georges St. Pierre.

Campeão linear da ca-tegoria peso pesado (até 120,2 quilos) desde 2012, Cain Velasquez foi um dos atletas que deixaram de ser soberano em 2015. Afastado do octógono por quase dois anos, o estadunidense perdeu o cinturão para o até então campeão interino Fabrí-cio Werdum em junho des-te ano. Ele terá a chance de retomar o título no ano que vem, em revanche diante do brasileiro.

Imbatível na categoria meio-pesado (até 93 qui-los), quando defendeu seu cinturão oito vezes, Jon Jones perdeu o título para si mesmo. Após provocar um acidente de trânsito e fugir do local sem prestar socorro em abril deste ano,

ele foi destituído do pos-to de campeão. No mês seguinte, Daniel Cormier fi nalizou Anthony Johnson e fi cou com a honraria. Ele já pôs seu prêmio em jogo uma vez e manteve.

De azarão à campeão in-contestável. Chris Weidman surpreendeu o mundo do MMA ao tomar o cinturão dos médios (até 83,9 qui-los) de Anderson Silva em 2013. Na revanche bateu o brasileiro novamente e se tornou algoz daqueles que nasceram em terras tupi-niquins, ao derrotar Lyoto Machida e Vitor Belfort nas duas defesas seguintes. Po-rém, no UFC 194 caiu para Luke Rockhold e entrou para a estatística daqueles quem entraram 2015 com título e sairão dele de mãos vazias.

Revanche imediata para Aldo

Para alguns a soberania continua

Lesões, polêmicas e derrotas

Entre os leves (até 70,3 quilos), brilhou a estrela de Rafael dos Anjos. Dono do cintu-rão da categoria desde 2013, Anthony Pettis nem durou muito com o título. Após uma úni-ca defesa, ele acabou superado pelo brasilei-ro em março deste ano. Mas, poderemos ter um novo campeão ainda neste ano. Isso porque, na noite de ontem, o lutador verde e amarelo duelou com o estaduni-dense Donald Cerrone e, até o fechamento desta edição, a luta ainda não havia acontecido.

Entre as mulheres da categoria peso galo (até 61,2 quilos) aconteceu aquilo que ninguém es-perava. Dona do cintu-rão desde 2012, Ronda Rousey parecia imbatí-vel. Defendeu seis vezes o seu título com vitórias incontestáveis. Porém, em 15 de novembro de 2015 ela foi nocauteada sem dó nem piedade pela conterrânea Holly Holm. A revanche entre as duas belas do UFC já foi con-fi rmada e deve acontecer no ano que vem.

Na categoria peso palha (até 52,2 qui-los) ainda não houve nenhuma soberania. Recente no UFC – des-de o ano passado –, a divisão conta com apenas duas campe-ãs. A primeira delas foi Carla Esparza, em 2014, que na defesa do seu título, já nes-te ano, foi derrotada pela polonesa Joanna Jedrzejczyk. A lutado-ra europeia já pôs seu cinturão em jogo duas vezes e continuou com ele. Ano que vem ele duela com a brasileira Cláudia Gadelha.

Surpresa entre as mulheres

“Acho que ele (McGregor) não vai fi car muito tempo com o cinturão. Não vou dizer que foi fatalidade ou sorte, foi momento, como tudo na

HOLLY HOLM VS RONDA ROUSEY

JOSÉ ALDO VS CONOR MCGREGOR

Em 13 segundos, McGregor apagou uma história de 10 anos de soberian de José Aldo nos penas

Holly Holm mostrou ao mundo que não há ninguém invencível no mundo das lutas, ao massacrar a até então “insuperável” Ronda Rousey no UFC 193

desde o ano passado, quando derrotou o bra-

dominada amplamente pelo canadense Georges St. Pierre.

ra europeia já pôs seu cinturão em jogo duas vezes e continuou com ele. Ano que vem ele duela com a brasileira Cláudia Gadelha.

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MANAUS, DOMINGO, 20 DE DEZEMBRO DE 2015E6 PódioPódioOlimpíada vai atrapalhar casamento de nadadoraJoana Maranhão terá que disputar torneios em nível internacional e vai economizar no casamento para custear as passagens

Como alguém que vive lutando contra índices e marcas, a nadadora Joanna Maranhão de-

senvolveu uma relação curiosa com o tempo. “Me sinto mais disposta, mais rápida e mais forte atualmente. É como se eu não tivesse 28 anos”, diz.

Paradoxalmente, porém, ela entendeu que o relógio é ine-xorável: “Estou até um pouco desesperada porque está pas-sando rápido demais. Tenho muita coisa para fazer ainda”, lembra. Na última quinta-feira (17), em Palhoça (SC), a atle-ta do Pinheiros fez os 400 metros medley em 4 minutos 40segundos 78 milésimos e fi cou bem abaixo do índice da prova para as Olimpíadas de 2016. Com isso, aproximou-se

da meta de estar nos Jogos pela quarta e última vez, algo inédito para uma mulher da natação brasileira. E isso pode custar sacrifícios como vaqui-nhas e um casamento menor.

Joanna quer disputar pelo me-nos quatro competições inter-nacionais no primeiro semestre de 2016, mas ainda não sabe como fará para custear essas viagens: “É meu último ano, e eu vou fazer vaquinha ou falar para o (judoca) Luciano (Cor-rêa, noivo da nadadora) para a gente botar o casamento para 50 pessoas, somente”, brinca.

“Preciso competir fora. Nem que eu pegue Bolsa Atleta e invista, mas eu preciso com-petir fora. Ganhar aqui é muito bom, muito bacana, mas em nível mundial a história é bem

diferente. Em Kazan (sede do Mundial de esportes aquáticos em 2015) eu estava brigando por um 16º. Então eu preciso estar disputando com essas meninas. Elas competem en-tre si a temporada inteira, e eu fi co praticamente um ano aqui”, completa a nadadora.

A primeira viagem planejada por Joanna seria em janeiro, para um período de treinos na altitude. No entanto, a falta de tempo pode complicar a logís-tica. “Vou até mandar e-mail porque já banquei algumas e conheço as pessoas dos centros. Vou tentar reservar, mas é difícil porque as pes-soas fazem isso muito antes”, explica a brasileira.

O cronograma apertado tem a ver com pragmatismo. Jo-anna não queria pensar em viagens antes de obter índice para os Jogos Olímpicos do próximo ano. O Brasil tem direito a inscrever dois atle-tas por prova individual, mas ela difi cilmente correrá algum risco nos 400 metros medley.

“Ganhar com 4 minutos e 40

segundos e a segunda fazer 4 minutos e 55 segundos é lindo, mas isso não é real. Eu preciso nadar 4 minutos 40 segundos tomando pé na cara de quem nada para 4 minutos e 33 se-gundos. Hoje eu sou a 17ª do mundo. Então, preciso ganhar de nove meninas para fazer a fi nal de novo”, conta Joanna, quinto lugar dos 400 metros medley em Atenas-2004.

Para 2016, Joanna tentará obter índice nas duas provas de medley (200 e 400 metros) e nos 200 metros borboleta. Ela também disputou os 800 metros livre em Palhoça, mas fi cou aquém do desempenho necessário para índice.

“As pessoas falam muito so-bre essa questão de ‘a mais versátil’, ‘a que aguenta mais’,

‘a que quebra a história’. Obri-gado por isso, mas não é isso que me move. É realmente a felicidade que eu sinto quando estou todo dia lá, meu técnico fala que são cinco séries de 400 metros medley e eu con-sigo terminar. Ou quando eu tenho uma série muito difícil com paraquedas e consigo. Eu vou plantando sementinhas de felicidade, e quando eu chego atrás do bloco eu fi co pensando coisas como ‘que massa’, ‘es-tou fazendo isso de novo’ ou ‘que dor boa de sentir’. Real-mente, a questão de fazer his-tória é muito boa, mas não é o que me move”, encerra Joanna. Apenas Rogério Romero, com cinco participações, tem mais história na natação brasileira em Jogos Olímpicos.

HISTÓRIA

Joana Maranhão es-tava aposentada em 2014, mas neste ano voltou às piscinas e conseguiu índice para disputar sua quarta Olimpíada, sendo a mulher brasileira da natação com mais participação nos Jogos

Nadadora do clube Pinheiros é noiva do judoca Luciano Corrêa, e por conta dos Jogos Olímpicos afi rmou que pode economizar na festa de casamento para poder custear suas passagens para torneios preparatórios em 2016

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ADEUS KOBE,

Adeus a uma era de ouroKobe Bryant fez parte de atletas escolhidos no Dra da NBA em 1996, onde quase todos os jogadores brilharam nas quadras norte-americanas e com a camisa da seleção

São cinco anéis, dois MVPs (Jogador mais valioso) de fi nais, 17 vezes All-Star, um MVP da liga em 2008

e até mesmo um campeonato de enterradas. O fi m da era Kobe Bryant, entre outras particulari-dades, sepulta a classe do Dra� de 1996 na NBA. Talvez, a turma mais talentosa de todos os tempos.

Embora alguns comparem com 1984 (Michael Jordan, Hakeem Olajuwon, John Stockton, Charles Barkley) ou ousem compará-la a 2003 (LeBron James, Carme-lo Anthony, Chris Bosh, Dwyane Wade), 1996 foi um ano míti-co. Alguns dos jovens presentes no 50º Dra� da NBA estavam destinados a fazer história.

Os nomes de Allen Iverson, Steve Nash, Ray Allen, Stephon Marbury, Marcus Camby, Antoine Walker, Derek Fisher, Zydrunas Ilgauskas, Jermaine O’Neal e Peja Stojakovic soam familiares?

O 15º escolhido foi vaiado, acreditem se quiserem. E em suas primeiras temporadas no Phoenix foi reserva e dividia a armação com Kevin Johnson, Sam Cassel e um tal Jason Kidd. Alguns anos amadurecendo, uma passagem por Dallas e... bomm. Steve Nash foi um dos melhores armadores da história:

habilidoso, acrobático, inteligen-te... MVP duas vezes seguidas (2005-2006), infelizmente, se aposentou sem título.

A quinta escolha foi Walter Ray Allen Jr., Jesus Shuttlesworth para os íntimos. Ídolo por onde passou, colecionou arremessos decisivos e títulos da NBA. E brilhou ao lado de Denzel Wa-shington e Spike Lee, no fi lme “He got Game”. Atualmente, ele é agente livre, mas tecnicamente está aposentado desde 2014.

O quarto selecionado foi Ste-phon Marbury, que formaria uma dupla memorável com Ke-vin Garnett nos Timberwolves. Após adotar o nomadismo e lutar contra a depressão, ele foi jogar na China, onde se tornou uma lenda. Seu time foi tricampeão este ano.

Antoine Walker foi a sexta escolha do Dra� , escolhido pelo Boston Celtics. Embora o físico não sugerisse, foi um ala talento-so e sustentou números sólidos por toda a carreira. Mesmo como reserva, foi decisivo no primeiro título do Miami Heat, em 2006. Entretanto, um de seus feitos mais notáveis foi ter falido dois anos após deixar a NBA. Durante os 11 anos em que jogou, ele havia acumulado aproximada-

mente US$ 110 milhões.Logo após Allen Iverson, um

magrelão de 2,11 metros foi chamado por David Stern. Mar-cus Camby, raçudo e talentoso como era, foi melhor jogador defensivo de 2007. Os verda-deiros torcedores dos Knicks têm a camisa 23 dele.

O terceiro do Dra� foi Shareef Abdur-Rahim, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2000, em Sydney. Mesmo com estatísticas sólidas, infelizmente, alcançou o recorde de maior número de jogos disputados sem nunca (NUNCA) ter ido aos playoff s.

A 13ª escolha foi do Charlot-te Hornets e eles selecionaram ninguém menos do que Kobe Bryant. Ele foi imediatamente mandado para Los Angeles e, o resto, caros amigos, é história.

A lista é longa, mas vale incluir também Ben Wallace, que não foi dra� ado, mas ingressou na NBA junto com essa turma. Campeão em 2004 pelos Pistons, sempre foi famoso pela forte presença na defesa (Jogador Defensivo do Ano em quatro oportunidades - 2002, 2003, 2005, 2006).

Somados, a elite dessa clas-se - Kobe, Nash, Iverson e Ray Allen - têm 7 títulos, 4 MVPs e 45 aparições em All Star Games.

Imagem ofi cial dos jovens escolhidos pelos times no Dra� de 1996. Bryant aparece com a bola nas mãos

Em 1996 o jovem Kobe Bryant chegava

ao Los Angeles Lakers para atuar ao lado da lenda Shaquille O’Neal

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MANAUS, DOMINGO, 20 DE DEZEMBRO DE 2015E8 PódioPódioRival ajudou ‘Mineirinho’ a chegar no topo do surfeSurfi sta brasileiro, que após dez anos na elite do esporte conseguiu ser campeão, dedicou o título ao rival Jamie O’Brien

Adriano de Souza, o Mi-neirinho, elogiou rivais como Mick Fanning, Gabriel Medina e Filipe

Toledo após a conquista do título no Circuito Mundial de Surfe em 2015. No entanto, foi a outro surfi sta, bem menos conhecido, que ele creditou o ponto alto da carreira: Jamie O’Brien.

Adversários desde 2003, os dois mantêm um relaciona-mento de bastante cordialida-de fora da água. A amizade, que começou com um desentendi-mento, transformou-se em um vínculo de confi ança.

“Em 2003, eu ganhei o World Junior na Austrália, e ele com-petiu no mesmo campeonato. Tive uma disputa contra Kekoa Bacalso e surfei muito bem, tirei dois 9,0 e venci a bateria. Ele chegou para mim e falou: ‘Bem surfado, cara. Ótima bateria, parabéns’. E eu aparentemen-te respondi: ‘Eu sei’. Ele fi cou pensando: ‘F*da-se esse cara’, porque pareci muito arrogante. E todos esses anos depois, ele me contou isso e eu expliquei que na verdade eu não falava uma palavra de inglês na época e não entendi. Então pedi des-culpas”, contou Mineirinho, em entrevista ao site da Red Bull.

A amizade com O’Brien ainda

valeu a Mineirinho uma ajuda importante no fi m de 2013. Apesar da presença no ASP World Tour, então elite do surfe mundial, o paulista perdeu seus patrocinadores, e teve que re-correr a amigos. Um deles foi o havaiano, que o ajudou.

“Quando perdi meus patroci-nadores, cheguei para ele e falei que eu não tinha como fi car na

frente da praia no Havaí. Eu sa-bia que o campeão era coroado em Pipeline, e eu teria que fi car ali e treinar ali se eu quisesse ter uma chance. Então pedi para ele se podia fi car com ele, e ele me olhou como se um estranho batesse na sua porta e pedisse uma cama”, contou Mineirinho.

“Uma semana depois eu esta-va em Pipeline, e o Jamie remou

até mim e falou: ‘Sabe de uma coisa, eu tenho uma cama para você. Só respeite a casa e não traga areia para dentro’. Senti como se tivesse ganhado na loteria, e a única coisa que eu falei foi ‘obrigado’. Signifi cou muito para mim, e ainda sig-nifi ca. Dou todo crédito desse título ao Jamie, eu não poderia ter chegado aqui sem a ajuda dele”, completou.

Vencedor da etapa de Pipeline, no Havaí, com Gabriel Medina em segundo e Mick Fanning eliminados nas semifi nais, Mi-neirinho teve outro fato para co-memorar: o chaveamento. Nos confrontos, o surfi sta paulista fugiu dos confrontos com sur-fi stas havaianos, que tinham a vantagem de competir em casa – casos como John John Florence e do próprio Jamie O’Brien.

“Eu tenho que admitir que fui sortudo com o quadro de baterias em Pipe. E agradeço a Deus por isso. Não tive que vencer o Jamie O’Brien, ou o Kelly Slater, nem o John John Florence, o que teria tornado tudo isso ainda mais difícil. Eu respeito todos os meus adver-sários, mas com a maneira que fi caram as baterias, Jamie me falou, ‘Você é o cara, vá fundo, este é seu”, comentou.

ASCENSÃO

Os brasileiros na elite do surfe, cha-mados de Brazilian Storm, vivem o melhor momento da história com o título mundial fi cando, pelo segundo ano segui-do, com um surfi sta verde e amarelo

Mineirinho sendo congratulado pela torcida brasileira, que acompanhou o título mundial em Pipeline

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