pesquisa em servico social ii e iii

Série Bibliográfica Unit

PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL II E III

Pesquisa em Serviço Social II e III

Clarissa Augusto Barreto Monteiro

Copyright © Sociedade de educação Tiradentes.

Jouberto Uchôa de MendonçaReitor

Amélia Maria Cerqueira Uchôa Vice-Reitora

Jouberto Uchôa de Mendonça JúniorSuperintendente Geral

Ihanmarck Damasceno dos SantosSuperintendente Acadêmico

Eduardo Peixoto RochaDiretor de Graduação

Jane Luci Ornelas FreireGerente de Educação a Distância

Ana Maria Plech de BritoCoordenadora Pedagógica de Projetos Unit EAD

Lucas Cerqueira do ValeCoordenador de Tecnologias Educacionais

Equipe de Produção de Conteúdos Midiáticos:

AssessorRodrigo Sangiovanni Lima CorretoresAncéjo Santana ResendeFabiana dos Santos

DiagramadoresAndira Maltas dos Santos Claudivan da Silva SantanaEdilberto Marcelino da Gama Neto Edivan Santos Guimarães

IlustradoresGeová da Silva Borges JuniorMatheus Oliveira dos Santos Shirley Jacy Santos Gomes

WebdesignersFábio de Rezende CardosoJosé Airton de Oliveira Rocha JúniorMarina Santana MenezesPedro Antonio Dantas P. Nou

Equipe de Elaboração de Conteúdos Midiáticos: SupervisorAlexandre Meneses Chagas

Assessoras PedagógicasKalyne Andrade Ribeiro

Redação:Núcleo de Educação a Distância - NeadAv. Murilo Dantas, 300 - FarolândiaPrédio da Reitoria - Sala 40CEP: 49.032-490 - Aracaju / SETel.: (79) 3218-2186E-mail: [email protected]: www.ead.unit.br

Impressão:Gráfica GutembergTelefone: (79) 3218-2154E-mail: [email protected]: www.unit.br

Banco de Imagens:Shutterstock

M775p Monteiro, Clarissa Augusto Barreto Pesquisa em Serviço Social II e III. /

Clarissa Augusto Barreto Monteiro. – Aracaju : UNIT, 2012.

144p. : il. 22cm.

Inclui bibliografias

1.Pesquisa social. 2.Projeto de pesquisa. 3. Produção do conhecimento.I. Universi-dade Tiradentes. II. Título.

CDU: 364.001.5

Prezado(a) estudante, A modernidade anda cada vez mais atrelada ao tempo,

e a educação não pode ficar para trás. Prova disso são as nossas disciplinas on-line, que possibilitam a você estudar com o maior conforto e comodidade possível, sem perder a qualidade do conteúdo.

Por meio do nosso programa de disciplinas on-line

você pode ter acesso ao conhecimento de forma rápida, prática e eficiente, como deve ser a sua forma de comunicação e interação com o mundo na modernidade. Fóruns on-line, chats, podcasts, livespace, vídeos, MSN, tudo é válido para o seu aprendizado.

Mesmo com tantas opções, a Universidade Tiradentes

optou por criar a coleção de livros Série Bibliográfica Unit como mais uma opção de acesso ao conhecimento. Escrita por nossos professores, a obra contém todo o conteúdo da disciplina que você está cursando na modalidade EAD e representa, sobretudo, a nossa preocupação em garantir o seu acesso ao conhecimento, onde quer que você esteja.

Desejo a você bom aprendizado e muito sucesso!

Professor Jouberto Uchôa de Mendonça

Reitor da Universidade Tiradentes

Apresentação

SumárioParte 1: Pesquisa em Serviço Social II . . . . . . . . . . . . 11

Tema 1: A Elaboração do Projeto de Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

1.1 O que é um projeto de pesquisa, porque e quando elaborá-lo . . .14

1.2 Como elaborar um projeto de pesquisa: para começar – o

tema e seus desdobramentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21

1.3 Notas para definição do título e dos objetivos da pesquisa . . .28

1.4 Construindo a justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

Tema 2: A Elaboração do Projeto de Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . .43

2.1 A fundamentação teórica no projeto de pesquisa . . . . . 44

2.2 Diretrizes para elaboração da metodologia . . . . . . . . . . . .51

2.3 Cronograma e bibliografia: a importância da sua

formulação para a operacionalização da pesquisa . . . . . 58

2.4 A montagem do projeto de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . 65

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

Parte 2: Pesquisa em Serviço Social III . . . . . . . . . . .81

Tema 3: O Trabalho de Conclusão de Curso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83

3.1 TCC: tipos e definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

3.2 TCC´s do curso de Serviço Social da UNIT: ilustração de

temas pesquisados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91

3.3 Elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais do TCC . . . . .98

3.4 O sumário e a linguagem técnica do TCC . . . . . . . . . . . . 105

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

Tema 4: Produção do Conhecimento e Serviço Social . . . . . . . . . . . 115

4.1 Não ao plágio! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

4.2 A construção do referencial teórico no TCC . . . . . . . . . . . 121

4.3 Preparação para a coleta de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . .129

4.4 A guisa de conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142

Concepção da Disciplina

Ementa

A elaboração do projeto de pesquisa: O que é um projeto de pesquisa, porque e quando ela-borá-lo; Como elaborar um projeto de pesquisa: para começar – o tema e seus desdobramentos; Notas para definição do título e dos objetivos da pesquisa; Construindo a justificativa. A elaboração do projeto de pesquisa: A fundamentação teórica no projeto de pesquisa; Diretrizes para elabora-ção da metodologia; Cronograma e bibliografia: a importância da sua formulação para a operacio-nalização da pesquisa; A montagem do projeto de pesquisa. O Trabalho de Conclusão de Curso: TCC: tipos e definições; TCC´s do curso de Serviço Social da UNIT: ilustração de temas pesquisados; Elemen-tos pré-textuais, textuais e pós-textuais do TCC; O sumário e a linguagem técnica do TCC. Produção do Conhecimento e Serviço Social: Não ao plágio!; A construção do referencial teórico no TCC; Preparação para a coleta de dados; A guisa de conclusões.

Objetivos:

Geral

Elaborar o projeto de pesquisa na graduação. Específicos

• Identificar a importância do projeto de pesquisa para o pesquisador, para o mundo científico e para o Serviço Social.

• Construir um projeto de pesquisa segun-do os rigores científicos.

• Compreender como se define o sumário de um TCC, bem como a fase de preparação para a coleta de doados.

• Apreender como se elabora o referencial teórico do TCC e as normas técnicas para elaboração do mesmo.

Orientação para Estudo

A disciplina propõe orientá-lo em seus pro-cedimentos de estudo e na produção de trabalhos científicos, possibilitando que você desenvolva em seus trabalhos e pesquisas o rigor metodo-lógico e o espírito crítico necessários ao estudo.

Tendo em vista que a experiência de estu-dar a distância é algo novo, é importante que você observe algumas orientações:

• Cuide do seu tempo de estudo! Definaum horário regular para acessar todo o conteúdo da sua disciplina disponível neste material impresso e no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Organi-ze-se de tal forma para que você possa dedicar tempo suficiente para leitura e reflexão.

• Esforce-se para alcançar os objetivospropostos na disciplina.

•Utilize-sedosrecursostécnicosehuma-nos que estão ao seu dispor para bus-car esclarecimentos e para aprofundar as suas reflexões. Estamos nos referindo ao contato permanente com o professor e com os colegas a partir dos fóruns, chats e encontros presenciais. Além dos recursos disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA.

Para que sua trajetória no curso ocorra de forma tranquila, você deve realizar as atividades propostas e estar sempre em contato com o professor, além de acessar o AVA.

Para estudar num curso a distância deve-se ter a clareza que a área da Educação a Distância pauta-se na autonomia, responsabilidade, coope-ração e colaboração por parte dos envolvidos, o que requer uma nova postura do aluno e uma nova forma de concepção de educação.

Por isso, você contará com o apoio das equipes pedagógica e técnica envolvidas na operacionalização do curso, além dos recursos tecnológicos que contribuirão na mediação entre você e o professor.

Parte 1

PESquISA Em SERvIçO SOCIAl II

1 A Elaboração do Projeto de Pesquisa

O tema 1 desse livro discutirá aspectos importantes para o desenvolvimento de seu projeto de pesquisa. Dessa forma, tratare-mos acerca do projeto de investigação – considerando aqui a sua definição, bem como a sua elaboração, de maneira clara e objetiva. Versaremos sobre o que é um projeto de pesquisa, porque e quando elaborá-lo; como escrever um projeto de pesquisa, começando pelo tema e seus desdobramentos; sobre a construção da justificativa, sobre os objetivos e a fundamentação teórica; por fim, orientaremos a elaboração da metodologia, cronograma e bibliografia, além das normas técnicas específicas, confirmando a importância da sua for-mulação para a operacionalização da pesquisa.

Nesse sentido, ressaltamos que você estará diante de um mo-mento de profunda interação entre teoria e prática, uma vez que se complementam e permitem a você não ser um mero expectador da realidade social, mas um pesquisador com todo o rigor que sua prática requer, reafirmando o compromisso ético, fundamental para a produção e consolidação do saber.

Pesquisa em Serviço Social II e III14

1.1 O que é um projeto de pesquisa, porque e quando elaborá-lo

O Serviço Social é uma profissão inscrita na divisão social e técnica do trabalho, regulamentada pela lei 8662/93 e historicamente se desenvolveu através da intervenção nas mais diversas expres-sões da questão social.

A questão social – objeto do Serviço Social - é o produto da contradição existente entre capi-tal x trabalho no âmbito das sociedades capitalis-tas. Compreende, ainda, o momento de rebeldia, de conflito, de tensão, existente entre as classes dominante e dominada, dada a percepção pelos trabalhadores acerca da exploração a que estavam submetidos pela elite detentora dos meios de pro-dução. As expressões da questão social correspon-dem a tudo que é resultante da contradição capital x trabalho, a saber: pobreza, exclusão social, subal-ternidade, desemprego, subemprego, apatia, etc.

A atuação do Serviço Social modificou-se ao longo dos tempos, uma vez que saiu de sua traje-tória tradicional (portanto vinculada aos interesses da elite dominante) passando a atuar de maneira crítica (associada aos interesses da classe trabalha-dora). Nesse segundo momento temos que o Servi-ço Social passou a não ser apenas o executor final de políticas sociais, mas a ser decisivo na formu-lação, implementação, execução, monitoramento e avaliação das mesmas. Acrescentamos que, a prin-cípio, a prática profissional era pontual, com traços do clientelismo e do assistencialismo antes reali-zados pela Igreja Católica (porta voz da burguesia) e que depois as ações do assistente social foram se pautando e se afirmando a partir da perspectiva da democracia, da cidadania e dos direitos. Porém, ainda sem a investigação como um de seus pilares.

15Tema 1 | A elaboração do projeto de pesquisa

Dessa forma, levou-se muito tempo1 para concebê-lo também como uma disciplina de caráter investigativo. Apenas na década de 19702 é que o Serviço Social, a partir do desenvolvimento dos programas de mestrado e doutorado passa a inserir a pesquisa como fundamental para a profissão.

Na década de 1980, a pesquisa passa a fazer parte do currículo do Serviço Social na graduação, ainda como uma disciplina básica e obrigatória e não como um princípio, como um valor da profissão, como temos hoje.

A relação do Serviço Social com a pesquisa ocorreu, conforme Iamamoto (2001), em função de um processo de mudanças da sociedade nos di-versos aspectos – sociais, econômicos, políticos e culturais – que exigiram novas respostas profissio-nais e também pelo amadurecimento intelectual do assistente social diante da ampliação das deman-das sociais. A concepção emancipatória da profis-são não se deu de maneira espontânea, mas na história construída a partir de reflexões, de lutas, da constatação de que a sociedade era desigual e opressora.

Um desafio ainda presente na contempora-neidade é fazer com que assistentes sociais, da academia ou não, façam da pesquisa uma ativida-de relevante no exercício profissional, mesmo que essa atividade não se dê em tempo integral nos espaços sócio-ocupacionais onde atua, conforme expõe Netto (2009). Com isso, afirmamos que a pesquisa tem ficado circunscrita hegemonicamente na academia e isso precisa ser revertido, uma vez que através da pesquisa em seus locais de atua-ção, o profissional pode não só registrar e analisar criticamente a sua prática, mas também difundi-la no âmbito da profissão3.

1 O Serviço Social surgiu na década de 1930.

2 Antes da década supracitada o Servi-ço Social realizava estudos e investi-gações, de maneira assistemática ou na fase de coleta de dados para outras ciências dada a sua facilidade de abor-dagem aos sujeitos investigados, já que estes eram usuários de suas ações, aspecto que permitia o contato direto do assistente social com os usuários no dia a dia do trabalho.

3 Como por exem-plo, nos eventos de caráter profissional e científico da profissão e áreas afins, como ENPESS – Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social; CBAS – Congresso Brasileiro de Assis-tentes Sociais, etc.


É certo que você já estudou, já leu e já dis-cutiu acerca da pesquisa, sua importância para o Serviço Social e sobre a indissociabilidade hoje percebida no tocante as duas dimensões perten-centes a nossa profissão (a disciplina Pesquisa em Serviço Social I justifica essa afirmação), a saber: a dimensão investigativa e a dimensão interventiva. Ressaltamos, pois, que com essa união o Serviço Social avançou e ao fazê-lo reiterou a sua capaci-dade não só de intervir nas diversas expressões da questão social como também na de entender a realidade na qual está inserido.

A compreensão da realidade, entretanto, não pode ser feita de maneira aleatória ou descompro-missada; exige a firmação de um protocolo cuja ela-boração se finca na sistematização, no olhar acurado sobre os fatos e acontecimentos que marcam a vida social e a sua análise. Esse processo é iniciado através da elaboração do projeto de pesquisa.

O projeto de pesquisa é a comunicação que o pesquisador faz para a comunidade científica for-malizando o seu desejo de pesquisar. Em qualquer área do conhecimento a elaboração de um pro-jeto de pesquisa é exigida, é obrigatória-aspecto que demonstra que o ato investigativo passa pelo pesquisador, mas também por pessoas e/ou pelos setores responsáveis e competentes em avaliar o processo empreendido. Ou seja, na graduação o professor orientador é quem primeiro avalia e dá o aval para que a pesquisa se realize mediante a finalização do projeto de pesquisa. Caso a pesquisa envolva seres humanos, o projeto deverá ser sub-metido ao CEP – Comitê de Ética em Pesquisa.

O Comitê de Ética em Pesquisa

(CEP) é um colegiado interdis-

ciplinar e independente, com


“múnus público4”, que deve

existir nas instituições que re-

alizam pesquisas envolvendo

seres humanos no Brasil, criado

para defender os interesses dos

sujeitos da pesquisa em sua in-

tegridade e dignidade e para

contribuir no desenvolvimento

da pesquisa dentro de padrões

éticos (Normas e Diretrizes

Regulamentadoras da Pesquisa

Envolvendo Seres Humanos

- Res. CNS n.º 196/96, II.4).

Dessa forma, o pesquisador deve elaborar e encaminhar o seu projeto de pesquisa e toda a do-cumentação necessária ao Comitê antes de iniciar a investigação, sob pena de não ter respaldo ético na condução de sua atividade. O colegiado após o recebimento do projeto e documentação específica fará a análise5 criteriosa da proposta apresenta-da. Entendendo que o projeto não põe em risco os sujeitos pesquisados em sua integridade física, moral, social e psicológica, o CEP emite um parecer que autoriza o início da pesquisa.

O projeto de pesquisa é, via de regra, com-posto por sete partes, igualmente relevantes:

• Tema, Delimitação do Tema e Formulação do Problema: o que pesquisar e onde pesquisar.

• Justificativa: por que pesquisar.

• Objetivos: para que pesquisar.

• Fundamentação Teórica: como o tema es-colhido aparece na literatura científica.

4 Trata-se de obri-gação decorrente de acordo ou lei, sendo que, neste último caso, denomina-se múnus público.

Fonte: www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/919/Munus

5 Pode ocorrer a colocação de ressal-vas pelo CEP. Nesse caso, o pesquisador deverá adequar o projeto, novamente submetê-lo à avalia-ção e após parecer favorável, iniciar a investigação


• Metodologia: como a pesquisa será realizada.

• Cronograma: em que tempo a pesquisa se realizaráe através de que atividades.

• Bibliografia: referências bibliográficas uti-lizadas na construção do trabalho.

Ressaltamos que a estrutura anteriormente citada pode sofrer variações no sentido da nomen-clatura, porém sem prejuízos do ponto de vista do conteúdo. Reflete Santos (2004, p.19) que,

De maneira geral, não existem

regras fixas para se elaborar um

projeto de pesquisa, até porque

a estrutura6 para a montagem

do projeto vai depender do tipo

de pesquisa a ser realizada, do

problema a ser tratado, como

também do estilo de quem está

redigindo. Porém, é extrema-

mente necessário que o projeto

esclareça, em detalhes, como se

processará a investigação [...]

A elaboração do projeto de pesquisa ocorre de modo a expressar aquilo que se pretende inves-tigar, seja através de pesquisa empírica, de campo; seja através de pesquisa documental ou bibliográfi-ca, ou outro tipo. Isso significa dizer que ao pesqui-sador cabe explicitar o seu interesse em realizar a sua pesquisa, onde e como, bem como demonstrar a relevância da sua pesquisa. A pesquisa tem, pois, um caráter social.

6 Caso interesse observar as diversas estruturas, suge-rimos que recorra ao seu livro de Pesquisa em Serviço Social I, tema 3, tópico 3.1.


Desse modo, esclarecemos que sob nenhuma hipótese uma pesquisa deve satisfazer meramente as curiosidades pessoais do pesquisador, mas deve ter o intuito de produzir e consolidar o saber, além de propor a transformação social a partir dos resul-tados dos estudos.Com a pesquisa produzimos o novo, estabelecemos uma crítica, uma reflexão, sobre o conhecimento já existente, confirmando-o ou não. Importa pensar, portanto, na realidade como algo histórico, que se movimenta e se modifica.

Ressaltamos que, conforme Alcoforado (2010, p. 722), o projeto serve para “sistematizar suas ideias e submetê-las a crítica a autocrítica e, por fim, para ter a visão de conjunto das decisões”...

Em suma,

• O projeto é um documento que oficializa a intenção do pesquisador quanto ao ato investigativo por ele proposto.

• O projeto precisa ser elaborado cuidado-samente para que o pesquisador esmiú-ce, explicite com riqueza de detalhes o que e como vai pesquisar.

• O pesquisador deve antes de iniciar a fase de coleta de dados da pesquisa, ela-borar e submeter à crítica o seu projeto de pesquisa.

Os três aspectos citados respondem ao título desse tópico, ou seja, o que é um projeto de pesquisa, por que e quando elaborá-lo.


IndICAçãO dE LEITURA COmPLEmEnTAR

A pesquisa é de fundamental importância para o Serviço Social e para que ocorra segundo os pa-drões que a ciência requer é necessário que a mes-ma parta da elaboração do projeto de pesquisa, conforme anunciamos no tópico 1.1. Para reforçar o entendimento do que é pesquisa, sua importância para o Serviço Social e o que é um projeto, sugeri-mos a leitura dos autores abaixo indicados:

AZEVEDO, Israel Belo de. O prazer da produção cien-tífica: diretrizes para a elaboração de trabalhos aca-dêmicos.10.ed. São Paulo, Hagnos, 2001.cap. 03.

CHRYSÓSTOMO, Denise et al. Para quê, para quem, como? Alguns desafios do cotidiano da pesquisa em Serviço Social. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 103, p. 433-452, jul/set. 2010.

PARA REFLETIR

Uma vez que apresentamos a pesquisa como im-portante para o Serviço Social, reflita sobre como a sua utilização pode rebater de maneira positiva no cotidiano profissional e, assim, porque o projeto de pesquisa deverá ser sempre elaborado nos campos de prática. Isto posto, nos encontros presenciais, converse com os seus colegas, estimule o debate sobre o tópico, a fim de que vocês possam compar-tilhar das ideias geradas com a leitura e os questio-namentos que por ventura aparecerem.


1.2 Como elaborar um projeto de pesquisa: para começar – o tema e seus desdobramentos7

O primeiro passo na elaboração do projeto de pesquisa é definir o que o pesquisador preten-de estudar; para tal é necessária uma cuidadosa reflexão pelo fato de o mesmo ter prazos a cumprir, para que não haja mudança de objeto de estudo posteriormente e para que o estudo em sua finali-zação contribua para a profissão, para a academia e para a ciência.

Para definir o tema de pesquisa, ou o objeto de estudo, portanto, aquilo que será pesquisado, o es-tudante/pesquisador poderá levar em consideração:

• O local de estágio: nesse aspecto, deve pensar na sua experiência enquanto es-tagiário. O que ocorria no dia a dia do estágio que suscitou algum questiona-mento, alguma inquietação, afinal, a pes-quisa começa por uma interrogação, por uma pergunta. Por exemplo: se eu faço estágio em uma Unidade Básica de Saú-de e esta, dentre outros serviços atende mulheres maiores de idade grávidas em pré-natal e, de repente, meninas adoles-centes começam a chegar grávidas, pro-curando atendimento, fugindo da realida-de que antes se conhecia, uma pergunta ocorrerá: por que tantas adolescentes estão engravidando? Bom, temos aí uma inquietação que pode ser um tema de pesquisa. Para além do óbvio (relação sexual ocorrida), que elementos estão sendo constitutivos e determinantes para que as adolescentes estejam engravidan-do? Dessa maneira, podemos elaborar um projeto de pesquisa cujo tema central é a gravidez na adolescência.

7 Por desdobramen-tos chamamos a delimitação do tema e a formulação do problema.


• discussões em sala de aula: ao longo da formação profissional, vários temas vão sendo discutidos nas diversas discipli-nas, um deles lhe chama mais a atenção e você gostaria de desvendá-lo, quer na literatura – com uma pesquisa bibliográfi-ca, quer na realidade empírica – em uma instituição, ou uma comunidade, etc. Um projeto de pesquisa pode ter a sua gê-nese em um questionamento surgido em sala de aula.

• Acontecimentos ou fatos sociais trazidos pela mídia (jornais impressos ou televisivos, revistas, etc): não é raro um projeto de pesquisa partir de algo que o pesquisa-dor viu, leu, ouviu, de maneira recorrente em um(uns) veículo(s) de comunicação. Já que determinada notícia está tão evi-denciada é sinal que algo ocorre. Se você questiona insistentemente sobre ela, é possível que você tenha um tema para pesquisa.

Afirma Monteiro (2012) que um tema não surge por “encantamento” ou do nada; surge das experi-ências vividas pelo pesquisador8; a escolha de um tema não deve está associada obrigatoriamente a algo inédito, embora seja importante considerar a originalidade e a sua relevância social; o pesquisa-dor pode fazer a atualização de um tema já pesqui-sado por outro pesquisador ou pesquisadores; e, por fim, atentar para as linhas de pesquisa existen-tes no curso de graduação, na pós-graduação, nos mestrados e doutorados.

Então, é hora de refletir e definir o que será pesquisado por você. Para ajudá-lo nessa empreitada, faremos a exposição de mais alguns aspectos:

8 Às vezes além de profissionais, as escolhas advêm de experiências pessoais do mesmo.


•O Serviço Social atua em diversas áreas, a exemplo: na saúde, na educação, na assistência, no judiciário, na empresa, na habitação.Também atua nos chamados novos espaços sócio-ocupa-cionais, como: o terceiro setor, em assessorias e consultorias, no planejamento ou na elaboração de projetos. E, ainda na docência.

Identifique qual dessas áreas(ou outras) des-perta maior interesse seu. Depois de identificada a área, elenque aspectos relacionados a ela, afuni-le e defina o que gostaria de pesquisar, como no exemplo:

• Assistência.

• Criança e Adolescente.

• Políticas de Atendimento a Criança e ao Adolescente.

• Medidas socioeducativas, adoção, Abrigo.

Escolhido o tema abrigo, pense sobre que aspecto relacionado ao abrigo lhe chama a atenção:

• Relações familiares com o abrigado após a institucionalização.

• O disciplinamento dentro das instituições de abrigo.

• A representação social sobre o abrigo, etc.

Consideremos que você escolheu a terceira opção. Então, você já elaborou o seu tema e o delimitou.


A delimitação do tema é o segundo passo para a construção do projeto de pesquisa. A clareza na sua formulação confere o rápido entendimen-to por parte da comunidade científica daquilo que o pesquisador intenta investigar. A construção do tema e a sua delimitação, explicitamos abaixo:

Abrigo: a representação social do abrigo pelos estudantes do curso de Serviço Social da Universidade Tiradentes/SE

Note que acrescentamos o local da pes-quisa: curso de Serviço Social da Universidade Tiradentes/Sergipe. É imprescindível que você também o informe:

• Tema: o que vai pesquisar: Abrigo.

• Delimitação do tema: dentro desse tema maior(Abrigo), o que pretende estudar: a representação social do abrigo.

Acrescente agora onde vai realizar a pesquisa e com quem: estudantes do curso de Serviço Social da Universidade Tiradentes/SE.

Com o exposto, temos o tema de pesquisa e a sua delimitação. Agora, você partirá para o tercei-ro passo da formulação que se inicia: a formulação do problema.

Segundo Monteiro (2012), o problema da pesquisa é elaborado com questões relativas à temática estudada e a sua formulação está dire-tamente atrelada à teoria9 que dará suporte e fundamentação ao processo investigativo. Como forma de instrumentalizá-lo, exemplificaremos a formulação do problema nas perspectivas: positi-vista, fenomenológica e marxista, respectivamente. A construção desses modelos deu-se com base em Trivinos (1987).

9 Esta pode ser: positivista, fenomenológica ou marxista – considerando-as dentro das aborda-gens quantitativa e qualitativa.


Exemplo 1

Tema: Abrigo

delimitação do tema: a representação social do abrigo pelos estudantes do curso de Serviço Social da Universidade Tiradentes/Sergipe.

Formulação do Problema:Os estudantes do curso de Serviço Social en-

tendem o abrigo como sendo uma forma de pro-teção à criança e ao adolescente? Diante da ne-gligência familiar, o abrigo é a melhor forma de garantir a qualidade de vida de crianças e ado-lescente? Crianças e adolescentes abrigadas têm o mesmo desenvolvimento que aquelas que vivem no seio familiar? Para os estudantes do curso de Serviço Social, o abrigo existe tanto para crianças e adolescentes das classes populares como das mais abastadas da sociedade?10

Exemplo 2:

Tema: Abrigo


Formulação do Problema:Qual o significado que o abrigo tem para os

estudantes do curso de Serviço Social da Universi-dade Tiradentes? Diante do abrigamento como os estudantes do curso de Serviço Social pensam ser a vida dos abrigados no tocante à escola, à família, aos amigos? Quais as causas do abrigo de crianças e adolescentes na percepção do estudante de Ser-viço Social da Universidade Tiradentes?11

10 IMPORTANTE:A formulação do problema acima está em consonân-cia com o enfoque positivista. Portanto, as questões devem permitir respostas objetivas, não explicativas da realidade. Apenas deve permitir captu-rar informações que serão quantificadas.

11 A formulação do problema acima está em consonância com o enfoque fenome-nológico. Portanto, as questões devem permitir respostas que versem sobre os sentimentos, percepções, etc, dos estudantes do curso de Serviço Social sobre o tema proposta na pesquisa.


Exemplo 3:

Tema: Abrigo


Formulação do Problema: O que é o abrigo na concepção do estudante do curso de Serviço So-cial da Universidade Tiradentes? Como os aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais e ideológi-cos definem o abrigo e o seu desenvolvimento? O Estado cumpre o seu papel político efetivamente no trato da criança e do adolescente com a medida protetiva do abrigo?12

Com os exemplos dados esperamos ter es-clarecido a forma de construção do tema, sua de-limitação e formulação do problema, considerando os enfoques que historicamente são utilizados no Serviço Social. Ressaltamos, entretanto, que a for-mação profissional na contemporaneidade é funda-mentada na perspectiva dialética marxista, logo o terceiro exemplo13 está diretamente atrelado aos pressupostos do projeto ético-político profissional.

12 A formulação do problema está em consonância com o enfoque marxista. Portanto, as questões buscam refletir criticamente com os sujeitos da pesquisa sobre a condição de abriga-mento de crianças e adolescentes.

13 O problema deve ser formulado coerentemente, mesmo que a sua decisão fique sujeita a questionamentos pela banca pelo fato de optar, por exemplo, pela abor-dagem positivista – uma perspectiva tradicional para o Serviço Social.



Para saber mais sobre o projeto ético-político profis-sional do Serviço Social indicamos a leitura do texto:

CFESS. O que o Serviço Social defende. Disponível em: <http://www.cfess.org.br>. Acesso em: maio de 2012.

Com ele, o aluno aprofundará a discussão acerca dos pressupostos que guiam a profissão do Serviço Social contemporâneo e as razões que primam por estudos e pesquisas de caráter crítico-analítico de maneira hegemônica.Ainda sugerimos a retomada da discussão sobre elaboração de tema, delimitação e formulação do problema encontrada em:

MONTEIRO, Clarissa Augusto Barreto Monteiro. Pesquisa em Serviço Social Aracaju: Universidade Tiradentes, 2011, parte 3, tema 3, tópico 3.2.

PARA REFLETIR

Considerando que o ponto de partida para elabo-ração do projeto de pesquisa é o tema delimitado e a formulação do problema a ser investigado, de que maneira você poderá fazer uma escolha que tenha relevância não apenas pessoal, mas funda-mentalmente social? Converse com os seus colegas e partilhem acerca de suas opiniões.


1.3 Notas para definição do título e dos objetivos da pesquisa

No tópico 1.2, você aprendeu como elabo-rar o tema, a delimitá-lo e a formular problemas em seu entorno. Isto posto podemos passar para a discussão acerca da elaboração do título do seu projeto de pesquisa.

O título num projeto de pesquisa deve favorecer:

•Arápidacompreensãodoobjetodeestudo.•Oquenelesepretendeaprofundar.•Olocalondeomesmoserárealizado.

Considerando que o tema “hipoteticamente” definido para o seu estudo foi Abrigo, sendo este delimitado como a representação social do abri-go pelos estudantes do curso de Serviço Social da Universidade Tiradentes/Sergipe, podemos dar uma dica: a junção do tema com a delimitação pode ser o título do seu projeto de pesquisa. Dessa forma, temos em seguida esses elementos reunidos:

Exemplo 1:“Abrigo: a representação social do abrigo

para crianças e adolescentes pelos estudantes do curso de Serviço Social da Universidade Tiradentes/Sergipe”.

Caso queira, você poderá suprimir a palavra abrigo, deixando assim:

Exemplo 2:“A representação social do abrigo para crian-

ças e adolescentes pelos estudantes do curso de Serviço Social da Universidade Tiradentes/Sergipe”.


Nesse momento, você poderia questionar se, obrigatoriamente, um título deve ser formulado dessa maneira, portanto unindo-se o tema à sua delimitação.

A resposta é não. Um título mais exótico ou chamativo pode ser elaborado. Apenas ressaltamos que o mesmo deve ser suficientemente explicativo, portanto, não muito longo, sem siglas ou vírgulas, deixando claro o que será investigado. Sua criativi-dade é sua mestra.

Para a construção dos objetivos, inicial-mente ressaltamos a necessidade de compreendê-los como norteadores da pesquisa. Para Lakatos (1992, p. 102), “a especificação do objetivo de pes-quisa responde às questões para quê e para quem?” Acrescenta Andrade (2001, p. 140) que “os objeti-vos devem esclarecer o que se pretende, quais os resultados que se deseja obter com a pesquisa”.

Assim, o pesquisador expõe o que deseja apreender com o estudo, e, com a pesquisa(na fase de coleta e análise de dados), buscará dar respos-tas aos mesmos.

Para a sua elaboração, deveremos considerar a existência de dois tipos de objetivos (a colocação de ambos é necessária), a saber: objetivo geral e objetivos específicos. O primeiro está diretamente relacionado ao tema delimitado e o segundo ao esmiuçamento do tema maior.

Tanto o objetivo geral como os objetivos espe-cíficos são iniciados com verbos no infinitivo. Abaixo explicitamos um quadro com exemplos apropriados para o projeto de pesquisa, de investigação:


AnalisarEstudarApreenderVerificarCompreenderIdentificarElucidarQuantificarAvaliarConhecerInterpretarReconhecer

Com a demonstração dos objetivos, ressaltamos que é importante considerar os pressupostos abaixo:

- Como um projeto de pesquisa é diferen-te de um projeto de intervenção (este último mais comumente elaborado pelo Serviço Social) é ne-cessário não confundi-los, sob pena de elaboração incoerente e inconsistente.

Abaixo, elencamos alguns verbos, também no infinitivo, usados no projeto de intervenção:

DiscutirPromoverFavorecer / ProporcionarFomentarOrientar / Esclarecer RefletirEncaminhar

Assim, o projeto de pesquisa é uma elaboração demonstrativa daquilo que se quer estudar. Já o


projeto de intervenção é uma demonstração da forma que o profissional realizará as suas ações, diante de problemáticas já identificadas. Logo, com a pesquisa o pesquisador busca compreender, elu-cidar situações, saber por que existem. Com o pro-fissional já sabe quais são os problemas existentes, porque ocorrem e elabora um conjunto de ações para neles intervir.

Esclarecida a diferenciação dos projetos de pesquisa e intervenção, propomo-nos agora a ela-borar os objetivos de maneira simples. Observe:

a) Primeiro, veja o tema do seu projeto. Ele serve como objetivo geral; insira o verbo analisar ou estudar e está elaborado o seu objetivo geral:

Ex: Analisar a representação social do abrigo para crianças e adolescentes pelos estudantes do curso de Serviço Social da Universidade Tiradentes/Sergipe.

b) Segundo, para elaborar os objetivos es-pecíficos, lance mão dos questionamentos que você fez na formulação do problema, em seguida insira os verbos no infinitivo e, assim, estarão elaborados os seus obje-tivos específicos, esmiuçando o que você pretende estudar.

Ex: (Questões presentes na formulação do problema):

• O que é o abrigo na concepção do estu-dante do curso de Serviço Social da Uni-versidade Tiradentes?


• Como os aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais e ideológicos definem o abrigo e o seu desenvolvimento?

• O Estado cumpre o seu papel político efetivamente no trato da criança e do adolescente com a medida protetiva do abrigo?

Na estruturação do projeto, teremos, então:

Objetivo geral:Analisar a representação social do abrigo

para crianças e adolescentes pelos estudantes do curso de Serviço Social da Universidade Tiradentes/Sergipe.

Objetivos específicos:

• Apreender o que é o abrigo na concepção do estudante do curso de Serviço Social da Universidade Tiradentes.

• Identificar como os aspectos sociais, eco-nômicos, políticos, culturais e ideológicos definem o abrigo e o seu desenvolvimento.

• Verificar se o Estado cumpre o seu papel político efetivamente no trato da criança e do adolescente com a medida protetiva do abrigo.

Como você pode observar não é difícil fazer a elaboração dos objetivos da pesquisa, uma vez que se tenha clareza daquilo que se quer estudar. Quando o pesquisador não sabe o que pretende estudar e se lança num vazio de abstrações, aí


sim ele sentirá certamente dificuldades nessa ela-boração. Por isso, não esqueça que a escolha e a delimitação do tema, bem como a formulação do problema são, de maneira inconteste, fundamen-tais para o êxito na elaboração do projeto de pes-quisa. Siga os passos até aqui empreendidos e o processo elaborativo será seguro e tranquilo para você, portanto sem estresses.


A fim de que você leia outros autores que discutem a temática em pauta e aprofunde os seus estudos, sugerimos que você lance mão das obras abaixo indicadas:

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: méto-dos e técnicas. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1999.cap. 4, tópico 4.3.

LAKATOS, Eva.metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, pro-jeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1992.cap. 4 , tópico 4.2.2.4.

PARA REFLETIR

A construção de um projeto de pesquisa exige se-renidade, além, claro, dos rigores científicos. Reflita sobre que estratégias podem ser realizadas para


que o pesquisador ao formular os objetivos de sua pesquisa o faça de maneira a atender a normativa técnica, deixando claro para que a pesquisa será realizada. Depois, nos encontros presenciais, con-verse com os seus colegas sobre as suas ideias e questionamentos. Nesse momento, ressaltamos que você não deverá ficar com dúvidas.

1.4 Construindo a justificativa

Realçando o passo a passo da elaboração do projeto de pesquisa até agora falamos sobre tema, delimitação do tema e formulação do proble-ma, como elaborar o título do projeto de pesquisa e como formular os objetivos da pesquisa – aqui com-preendidos enquanto objetivo geral e específicos.

No tópico em tela trataremos acerca da ela-boração da justificativa em um projeto de pesquisa.

Justificar significa, conforme Ferreira (2008, p. 500): “Tornar (algo) justo, legítimo, aceitável ética e moralmente; apresentar a razão de ser de (procedimento, modo de pensar, etc)”.

A justificativa segundo o mesmo autor corres-ponde a “causa, prova ou documento que compro-va a realidade de um fato”.

A partir dos enunciados anteriores, esta eta-pa do projeto de pesquisa expressa as razões para que o processo investigativo em torno de um tema se desenvolva; comprova a necessidade do pesqui-sador se debruçar no estudo esmiuçado de uma dada realidade.


Assim, podemos concluir que

A Justificativa num projeto

de pesquisa, como o próprio

nome indica, é o convenci-

mento de que o trabalho de

pesquisa é fundamental de

ser efetivado [...]. A Justifica-

tiva exalta a importância do

tema a ser estudado, ou jus-

tifica a necessidade imperiosa

de se levar a efeito tal em-

preendimento. (www.pedago-

giaemfoco.pro.br/met05.htm)

Para a elaboração da justificativa em um pro-jeto de pesquisa é necessário a explicitação de al-guns elementos essenciais:

• Colocação do tema, apresentando-se uma reflexão sobre a proposta.

• Explicitar questões que o pesquisador queira responder com o ato investigativo (nesse caso, as questões formuladas no problema poderão ser utilizadas).

• Rapidamente esboçar como o mesmo aparece na literatura.

• Realçar a relevância da pesquisa; nesse caso, em três dimensões: importância so-cial, para a ciência e para o Serviço Social.

• Viabilidade da execução proposta.

• Análise crítica dos benefícios que o estudo trará.


Com os apontamentos descritos, ao final da pesquisa o pesquisador poderá produzir conheci-mento sobre o tema de duas formas principais: a primeira converte-se na teorização sobre a realidade apreendida, descrevendo-a ou mesmo analisando-a e, segundo, poderá além de descrever e analisar a realidade enfocada, propor alterações, transforma-ções da mesma, através de uma proposta de intervenção.

Afirmamos que não existe supremacia de uma forma sobre a outra, tudo dependerá da intencionali-dade do pesquisador em relação ao estudo desenvol-vido, bem como a sua postura política e ideológica.

Para demonstrar como se elabora uma justifi-cativa, explicitamos um exemplo, lembrando ao leitor que esse não deve ser seguido rigorosamente como a uma receita, mas como um guia, como uma ferra-menta propícia para visualização desse item funda-mental do projeto de pesquisa. Ou seja, esse exemplo é meramente ilustrativo; o pesquisador deve elaborar à sua maneira a justificativa do seu projeto, conside-rando os elementos que nela devem estar presentes.

Exemplo:

JustificativaA presente pesquisa tratará sobre a ques-

tão do abrigo na sociedade contemporânea. Para tal, considerará a forma pela qual esse tipo de instituição para crianças e adolescentes é interpretado pelos alunos do curso de Serviço Social da Universidade Tiradentes. O nosso ob-jetivo principal é, pois, apreender a representa-ção social que os discentes têm sobre o abrigo. E em suas especificidades compreender o que é o abrigo na concepção do estudante do curso de


Serviço Social da Universidade Tiradentes,como os aspectos sociais, econômicos, políticos, cul-turais e ideológicos definem o abrigo e o seu desenvolvimento e identificar se para o aluno do curso de Serviço Social o Estado vem cum-prindo e/ou cumpre o seu papel político efetiva-mente no trato da criança e do adolescente com a medida protetiva do abrigo.

O abrigo, segundo o ECA14 (1991, p.08)– Estatuto da Criança e do Adolescente – corres-ponde a uma medida de proteção que,

Aplica-se a qualquer criança

ou adolescente violados ou

ameaçados em seus direitos

básicos, seja por ação ou

omissão do Estado, pela

falta, omissão ou abuso dos

pais/responsáveis, ou em

razão da própria conduta.

Para Monteiro (apud CBIA, 1999, p. 40),

o abrigo em entidade é uma

medida provisória e excep-

cional, utilizável como forma

de transição para poste-

rior colocação das crianças

e adolescentes em família

substituta, não implicando

privação de liberdade.

Diante do contexto apresentado, pergun-tamos15 : o que é o abrigo na concepção do estu-dante do curso de Serviço Social da Universidade

14 Usar uma citação do ECA para definir abrigo. Importante: não é necessário detalhar sobre o que é o abrigo, objetivos, etc, pois isso você fará na fundamen-tação teórica do projeto.

15 Dica: as questões aqui colocadas correspondem àquelas formuladas na construção do problema de pesquisa.


Tiradentes? Como os aspectos sociais, econômi-cos, políticos, culturais e ideológicos definem o abrigo e o seu desenvolvimento? O Estado cumpre o seu papel político efetivamente no trato da criança e do adolescente com a medida protetiva do abrigo?

Esses questionamentos buscaremos res-ponder no decorrer da pesquisa por os conside-rarmos elucidativos para a temática proposta.

A relevância social desse estudo consiste em que a pesquisa proporcionará a sociedade identificar o que é o abrigo, como se caracteri-za, como realiza o atendimento aos seus usu-ários, bem como proporcionará a explicitação da forma pela qual é concebida por estudantes universitários do curso de Serviço Social. Essa compreensão permite fomentar discussões so-bre o tema, identificá-lo conforme o pensamento que compõe o imaginário coletivo e, em tempo, converte-se na possibilidade de confrontar as informações obtidas no processo investigativo particular com a realidade instituída e legislada.

Para o Serviço Social a realização da pes-quisa favorecerá a produção de conhecimento sobre o tema, numa realidade específica, com todos os cuidados teórico-metodológicos que esse processo requer. Além de favorecer o re-pensar das atribuições do Assistente Social, com a superação do pragmatismo e uma prática que articula pesquisa e intervenção.

Por fim, realçamos que como a ciência envolve minucioso estudo e tem o caráter his-tórico, a realização dessa pesquisa permitirá a produção do conhecimento e a descoberta ou redescoberta do conhecimento existente sobre o tema, sendo possível, pois, desvelar a reali-


dade, confirmá-la ou negá-la mediante cuidado-sa investigação.

Apresentando o que é o tema, a sua im-portância social, profissional e científica, com-preendemos que o projeto empreendido não oferece riscos aos sujeitos investigados e, as-sim, oferece benefícios e uma consolidada forma-ção, pautada no tripé ensino/pesquisa/extensão, apregoado pela LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, pela IES – Instituição de Ensino Su-perior, além de atender às Diretrizes Curriculares do Serviço Social na contemporaneidade.

Dado o exemplo, uma questão se impõe: fa-lamos anteriormente que uma pesquisa se realiza a partir da identificação do pesquisador com uma determinada temática sob o viés teórico, ou mesmo pela sua vivência e experiências cotidianas, seja no campo de estágio ou nos campos de prática. Entretanto, a sua decisão particular, em causa pró-pria não deve, sob hipótese nenhuma, prevalecer. Assim sendo, ao justificar a sua escolha, o pes-quisador pode até falar sobre a satisfação de “sua curiosidade”, a princípio, porém é imprescindível demonstrar a superioridade do caráter científico que a mesma dispõe. Dessa forma, o pesquisador deixa de lado coisas como vaidade e proveito me-ramente pessoal.

A guisa de conclusões acerca do tópico 1.4. chamamos a atenção para que a elaboração da justificativa seja feita de maneira clara, objetiva, deixando claro o que se pretende estudar e por-que, não cabendo nesse momento uma formulação exaustiva e recheada de informações teóricas ou metodológicas, porque estas últimas estarão dis-


postas em seções especialmente a ela destinadas. Por isso, lembre-se: o projeto de pesquisa deve ser sucinto e, como tal, todas as partes que o compõem.


Após a leitura de seu material didático instrucional, sugerimos que complemente o seu aprendizado com dois textos:

DESLANDES, Suely. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994.Cap. II

SEVERINO, Antônio Joaquim. metodologia do trabalho científico. 21. ed. ver. eampl. São Paulo: Cortez, 2000.Cap. VI, tópico 3.

PARA REFLETIR

Após a leitura realizada, reflita sobre a importância da justificativa em um projeto de pesquisa e, em tempo, sobre os critérios de humildade e anseio de atendimento aos interesses coletivos que o pesqui-sador deve ter no momento de realização de uma pesquisa. Converse com os seus colegas e siste-matizem os elementos essenciais sobre o tópico que vocês conseguiram apreender. Compartilhar o conhecimento é uma forma de reforçá-lo.


RESUmO

Nos tópicos apresentados, falamos sobre a elabora-ção do projeto de pesquisa considerando a defini-ção do tema, delimitação, formulação do problema, objetivos e justificativa. Ressaltamos que nessa fase inicial é essencial que o pesquisador tenha clareza do que ele quer pesquisar e da relevância social da sua proposta, afinal um projeto não deve satisfazer apenas as suas curiosidades pessoais.

Também tratamos da formulação do título do proje-to a fim de que deixe claro em seu título aquilo que se quer pesquisar e onde será realizado o processo investigativo.

Lembramos, por fim, que o texto deve ser elabora-do com rigoroso cuidado teórico, técnico, metodo-lógico e ético.

A Elaboração do Projeto de Pesquisa2

Com o tema 2, nós discutiremos a segunda parte do projeto de pesquisa. Dessa forma, falaremos sobre o processo de elaboração da fundamentação teórica do tema a ser pesquisado, sobre a meto-dologia a ser adotada no percurso investigativo, sobre a construção do cronograma e acerca das normas para exposição da bibliografia pesquisada.

Sugerimos que, para o seu êxito, leia atenciosamente, veja os exemplos e dicas e exercite, sempre buscando o auxílio nos fundamentos teórico-metodológicos que o processo requer.


2.1 A fundamentação teórica no projeto de pesquisa

A fundamentação teórica no projeto de pes-quisa corresponde à realização de uma cuidadosa revisão de literatura a ser feita pelo pesquisador acerca do tema que ele estiver se propondo a estu-dar. Para Deslandes (1994, p. 40):

A definição teórica e conceitual

é um momento crucial da in-

vestigação científica. É sua

base de sustentação. Remeten-

do este item a uma dimensão

técnica, devemos dizer que é

imprescindível a definição clara

dos pressupostos teóricos, das

categorias e conceitos a serem

utilizados. Devemos tomar

cuidado para não reescrever-

mos a obra dos autores es-

colhidos [...]. Devemos, então,

ser sintéticos e objetivos, es-

tabelecendo, primordialmente,

um diálogo entre a teoria e o

problema a ser investigado.

Ou seja, o pesquisador precisa fazer um le-vantamento de obras e textos que versem sobre o seu tema, porém de maneira concisa estabelecer o diálogo entre os seus autores. Ao contrário, tere-mos um tratado sobre o tema, não necessário no processo em tela. Aqui, poderão ser colocados po-sicionamentos semelhantes ou dissonantes, a fim de que seja possível posteriormente confrontá-los com os dados obtidos futuramente com a pesquisa.


Nesse item, cabe ao pesquisador mostrar o “estado da arte” do tema enfocado, ou seja, como o mesmo é discutido na literatura científica espe-cializada. Portanto, é necessário que se faça uma pesquisa de caráter bibliográfico em livros, periódi-cos, revistas, internet ou outro recurso que trate da temática a ser pesquisada.

Segundo Monteiro (2012 apud CEP/UNIT):

Uma etapa importante da

pesquisa é a fundamentação

teórica, feita através da re-

visão da literatura, buscando

as bases para o estudo que

está sendo proposto. A bibli-

ografia buscada deve abranger

não apenas os clássicos, os

autores e correntes já conhe-

cidos, mas também o que há

de novo sobre a temática que

se pretende estudar, isto é,

conhecer o “estado da arte”.

Para a elaboração da fundamentação teórica, o pesquisador realizará leitura, fichamento e resumo de textos,relativos à sua temática e construirá um artigo versando sobre ela. Sobre esses elementos, ressaltamos o significado e forma de realização:

Leitura: essa é a primeira fase para a cons-trução da fundamentação teórica. O pesquisador, após selecionar obras e textos, procederá à deco-dificação do material lido. Uma leitura calma, em ambiente tranquilo é fundamental para apreensão das informações mais relevantes. Uma questão fun-damental em relação à leitura é que quanto mais lemos, melhor compreendemos o assunto tratado


e melhor escrevemos. Então, um bom pesquisador precisa estabelecer o hábito da leitura (caso não o tenha ainda!). A informação é necessária para a consistente análise do estudioso.

Fichamento16: essa técnica consiste em com a leitura selecionar os aspectos considerados mais relevantes para o leitor. Portanto, deve favorecer a sintetização do objeto lido. Um bom fichamento traz as ideias centrais presentes no texto e pode ser iniciado com grifos em todo o texto, pois ao tér-mino da leitura o leitor terá os elementos que mais chamaram a sua atenção. Uma nova leitura deverá ser realizada apenas considerando as partes lidas. Existem vários tipos de fichamento, dentre eles:

• Fichamento do tipo esboço: este se apre-senta através de tópicos.

• Fichamento de citações: neste tipo, o lei-tor retira literalmente do texto a discus-são do autor. Indica as informações entre aspas, além de ao final da frase o ano e a página do texto em que o fragmento foi retirado.

• Fichamento do tipo resumo: aqui, o leitor faz uma síntese do material lido em texto corrido, considerando as principais infor-mações nele contidas.

Diante do exposto, é importante referendar que:

• O fichamento do tipo esboço ajudará o pesquisador a elaborar seu texto a partir das informações coletadas com a leitura.

16 Tipo de trabalho acadêmico por você estudado na disci-plina Metodologia Científica, para a qual sugerimos retornar caso perceba lacunas na sua aprendizagem.


• O fichamento de citações permitirá ao pesquisador fundamentar, respaldar, a sua própria elaboração. Aqui, falamos do uso da citação direta.

• O fichamento do tipo resumo favorecerá ao pesquisador respaldar o seu dito, to-mando como referência autores que ver-sam (portanto já pesquisaram, ou estuda-ram o mesmo tema), através da chamada citação indireta.

Para a citação direta são obrigatórias três in-formações: sobrenome do autor utilizado, ano e página da obra consultada. Já para a citação indire-ta, é imprescindível a colocação do sobrenome do autor e o ano de sua obra.

ATEnçãO!O uso de citações deve obedecer rigoro-samente às normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Resumo: a técnica do resumo consiste em fazer uma síntese do livro ou obra estudada, apresentando as ideias do autor, porém com as próprias palavras do leitor.

Por fim, falamos da fundamentação teórica como semelhante à elaboração de um artigo17, pois neste o pesquisador (além da pesquisa que pode realizar em campo) segue três passos:

• Pesquisa bibliográfica.

• Análise e exposição dos dados coletados

17 O artigo é fruto de uma pesquisa realizada, seja ela de campo, documental ou bibliográfica.


• Discussão teórica, a partir dos autores consultados.

Em relação à temática que estamos refletindo, a título de exemplo, é importante na construção do texto, considerar as categorias:

•Representaçãosocial

•ECA

•Políticadacriançaedoadolescente

•Abrigo

Diferentemente do que estamos realizando nos tópicos anteriores, não elaboraremos um artigo sobre o nosso tema, apenas elencamos as catego-rias que deverão ser essencialmente contempladas.

Desmistificando, pois, a elaboração do capí-tulo relativo à fundamentação teórica, ressaltamos que o mesmo inclui: pesquisa, revisão bibliográfica, seleção de material adequado ao tema, síntese dos pensamentos apreendidos e colocação de citações (diretas ou indiretas) como forma de respaldar, dar base, ao que se pretende estudar.

Como o nosso projeto poderá ter até 15 (quinze) laudas, reforçamos que a elaboração do item fundamentação teórica deverá conter 04(quatro) páginas, ficando o projeto assim composto:

• Uma lauda: na primeira lauda serão coloca-dos o título do projeto de pesquisa, tema, delimitação, formulação do problema e in-formações do pesquisador (nome comple-to, endereço, linha de pesquisa, centro e curso aos quais está vinculado, etc.).


• Uma lauda: objetivos – geral e específicos

• Duas laudas: justificativa

• Quatro laudas: fundamentação teórica

• Duas laudas: metodologia

• Uma lauda: cronograma

• Uma lauda: bibliografia

Na demonstração, fizemos uso de 12 (doze) páginas, lembrando que esse número não é fixo, podendo variar entre mínimo de dez e máximo de quinze. As laudas restantes tratarão de outros as-pectos solicitados pelo CEP, como critérios de inclu-são e exclusão de sujeitos na pesquisa, etc.

Para finalizar essa discussão, ressaltamos que até o momento falamos sobre:

• Tema, delimitação e formulação do problema de pesquisa

• Título do projeto de pesquisa

• Formulação dos objetivos

• Construção da justificativa para a escolha do tema

• Elaboração da fundamentação teórica do projeto, também conhecida como revisão de literatura.

No próximo item versaremos a metodologia do projeto de pesquisa.



Para relembrá-lo como se faz um artigo científico, com base em pesquisa bibliográfica, sugerimos a leitura de:

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à me-todologia do trabalho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

LAKATOS, Eva Maria. metodologia do trabalho cien-tífico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográ-fica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. Cap. 03, tópico 3.2, 4. ed. São Paulo, Atlas, 1992.

PARA REFLETIR

Após a leitura do capítulo 1.3, reflita sobre a impor-tância da fundamentação teórica com os seus cole-gas e busquem identificar o que é necessário para que essa elaboração seja feita de maneira consis-tente no seu projeto de pesquisa.


2.2 Diretrizes para elaboração da metodologia

No tópico 2.2. nos debruçaremos na elabora-ção da metodologia utilizada no projeto de pesquisa. Reiteramos inicialmente a importância da mesma, uma vez que informa como a pesquisa será realiza-da. Para iniciar a nossa discussão, uma definição para a metodologia.

Para Magalhães Filho (2009, p. 48):

A metodologia inclui as con-

cepções teóricas de abordagem

da realidade e o conjunto de

técnicas que possibilitam a

construção da realidade. As-

sim, teoriai vc a e metodolo-

gia caminham juntas. O reg-

istro metodológico evidencia

a postura epistemológica do

pesquisador, deixa pistas de

como está concebendo sujeito

e objeto de pesquisa. A metod-

ologia deve descrever as for-

mas e técnicas que serão uti-

lizadas para executar o projeto.

Portanto, no ato da elaboração da metodo-logia, o pesquisador deverá ser cuidadoso quanto à escolha teórica que fundamentará o seu estudo, bem como em relação às opções técnicas. Nesse sentido, buscando evitar o ecletismo em sua formu-lação. É importante, pois, considerar que:

Teoria + métodos + técnicas para coleta e análise de dados são elementos indissociáveis, devendo ser coerentes e consistentes.


Para Lakátos (1992, p. 105):

A especificação da metodo-

logia da pesquisa é a que

abrange maior número de

itens, pois responde, a

um só tempo, às questões

como?,com quê? onde?, quanto?

Para construir a metodologia do projeto, você deverá elaborar o passo a passo que será dado por você no momento em que a investigação ocorrerá. Nesse sentido, você deverá colocar:

• Lócus da pesquisa: explicitação do local onde a pesquisa será realizada.

• Tipo de pesquisa que será realizada: quan-titativa, qualitativa, quanti-qualitativa:

Quantitativa: abordagem que indica que a pesquisa tem como intencionalidade suprema a mensuração da realidade, buscando explicá-la nu-mericamente, estatisticamente.

Qualitativa: abordagem que propicia que a pesquisa se realize de modo a explicar a realidade subjetivamente, ou seja, considerando os aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais, maneiras de pensar, agir e sentir dos sujeitos pesquisados. Também remonta à leitura da realidade, conside-rando os fatos que lhe dão contorno. Assim, apre-endendo as causas constitutivas e determinantes dos fenômenos.

Quanti-qualitativa: abordagem que une as duas exposições anteriormente citadas. Nesse


caso, a pesquisa apreenderá dados que permitam a quantificação da realidade e a sua qualificação. Em outras palavras, com a abordagem quanti-qualitati-va, o pesquisador apreenderá a realidade objetiva-mente e, em tempo, compreendendo-a para além das aparências, portanto, desvendando-a subjeti-vamente também.

Diante do contexto apresentado, informamos que não existe a supremacia de uma sobre a(s) outra(s), mas que o pesquisador fará uso daquele que melhor se adequar ao estudo proposto.

• método de suporte teórico: positivismo, fenomenologia, marxismo:

Positivismo: com ele a pesquisa será me-ramente descritiva, não estabelecendo críticas ao status quo.

Fenomenologia: com ela a pesquisa consi-derará a subjetividade humana, a sua intimidade: pensamentos, angústias, etc.

Marxismo: com ele a pesquisa se dará de modo a compreender a realidade em sua totalida-de, considerando a estrutura e a superestrutura18

• metodologia de execução: colocação das técnicas para coleta de dados: observa-ção, entrevista, questionário, pesquisa bibliográfica, história de vida, etc.

Observação: olhar sistemático sobre a realidade.

Entrevista: diálogo com os sujeitos da pesquisa.

18 Estrutura econô-mica e instituições, respectivamente.


Questionário: instrumento com questões objetivas acerca da realidade enfocada.

Pesquisa bibliográfica: consideração da li-teratura especializada no tema estudado.

História de vida: com essa técnica, o pes-quisador ouve a narrativa do sujeito sobre sua pró-pria vida.

• metodologia de análise19: análise de con-teúdo, análise da fala, uso de informática, testes estatísticos, cartografia temática, etc.

• Universo e amostra: explicitar de manei-ra geral(por categoria profissional, por exemplo) quem serão os sujeitos da pes-quisa e dentre eles quem e quantos se-rão entrevistados:

Ex: O universo da pesquisa será composto pelos profissionais atuantes no Hospital Regional de Aracaju/SE20, sendo a sua amostra delimitada àqueles que atuam no setor de oncologia pediátrica.

• Sujeitos da pesquisa: idade, gênero, cor (classificação do IBGE), classes, grupos sociais, origem, local de moradia,etc.

• Categorias analíticas: com base no tema e em sua delimitação, explicitar os con-ceitos-chaves que deverão ser estudados a fim de fundamentar todo o estudo.

A partir da explicitação dos elementos consti-tutivos e determinantes da metodologia, um exem-plo de sua formulação a seguir:

19 Para revisão desse conteúdo, indicamos a releitu-ra do livro Pesquisa e Serviço Social I e suas indicações para leitura comple-mentar.

20 Unidade de saúde fictícia, elaborada apenas para facilitar a compreensão da discussão enfocada.


Metodologia

O presente projeto de pesquisa será de-senvolvido na Unidade Básica de Saúde Érica monteiro21, em Aracaju/SE. Para tal, priorizaremos a pesquisa qualitativa por esta permitir a coleta e análise de dados de maneira aprofundada, com consideração dos aspectos explícitos e implícitos do fenômeno estudado. Também pelo fato de considerar a relação dinâmica entre pesquisador e pesquisado no ambiente em que a realidade investigada está inserida.

O método escolhido será o dialético, uma vez que nos permite analisar o tema proposto a partir de seus fundamentos filosóficos, socioló-gicos e econômicos. Portanto, considerando os aspectos estruturais e superestruturais presen-tes. Com ele podemos apreender a realidade a partir de suas contradições e não apenas mensu-rar uma dada realidade.

Para a fase de coleta de dados, utilizare-mos a entrevista semiestruturada, a observação sistemática e a pesquisa documental.

A opção pela entrevista semiestruturada se dá pela possibilidade de diálogo entre os sujeitos da pesquisa e por permitir, diante das necessidades sentidas durante a entrevista de acrescentar, retirar ou redimensionar as ques-tões formuladas.

No ato de realização da pesquisa faremos uso do gravador ou outra mídia que permita o registro do diálogo preterido. Ressaltamos que para tal, os entrevistados serão previamente informados e mediante a sua ciência e autori-zação é que daremos início à gravação da en-trevista. Caso não haja permissão, excluiremos os mesmos do processo, por entendermos que

21 Exemplo mera-mente ilustrativo.


com as gravações poderemos manter a fidedig-nidade da fala apresentada, não nos descuidan-do da confidencialidade quanto a informação da identidade do sujeito pesquisado.

Com a observação sistemática, intenta-mos desvendar aspectos não revelados na fala dos sujeitos da pesquisa, por medos, tabus e preconceitos. Trataremos de observar atitudes, gestual, relações e comportamentos presentes na realidade enfocada.

Por fim, faremos uso da pesquisa docu-mental, por esta nos permitir acesso a dados oficiais a respeito do tema existentes no âmbito institucional, como quem são as adolescentes, de onde provém, nº de adolescentes grávidas atendidas, etc.

Para análise dos dados, optamos pela análise de conteúdo, uma vez que se trata de compreender o significado atribuído pelos su-jeitos da pesquisa...

Serão compreendidos enquanto sujeitos da pesquisa as adolescentes grávidas atendi-das na Unidade Básica de Saúde Érica Monteiro e profissionais que atuam diretamente junto a elas. Sendo o universo composto por adoles-centes e profissionais da referida instituição.

No tocante a amostra, consideraremos aquelas adolescentes em atendimento entre os meses de julho a setembro de 2010, período previsto para coleta de dados dessa pesquisa.

As categorias de análise serão adolescên-cia, gravidez, política pública.


O exemplo construído é meramente ilustra-tivo, portanto sintético. O pesquisador poderá es-miuçar ainda mais as suas escolhas.

Note que aqui não é necessário fundamentar cada item teoricamente. O importante é deixar claro o que vai ser feito na pesquisa e por que. Ou seja, demonstrar o que se espera com o uso de cada técnica escolhida, por exemplo.


Para aprofundamento da discussão anterior, sugeri-mos a leitura de dois autores renomados no âmbito da metodologia científica:

LAKATOS, Eva Maria. metodologia do trabalho cien-tífico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfi-ca, projeto e relatório, publicações e trabalhos cien-tíficos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1992. Cap. 4 , tópico 4.2.5. pp. 105 a 109.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pes-quisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. Cap. 2.

PARA REFLETIR

Reflita acerca das razões que justificam a elabo-ração da metodologia no projeto de pesquisa e por que a mesma possui o caráter teórico,


técnico-metodológico e ideológico na sua formu-lação. Depois disso, se reúna com os seus colegas, discuta com eles seus conhecimentos, bem como questionamentos acerca do tópico. Assim, certa-mente você fixará melhor os conteúdos e compar-tilhará com eles o desenvolvimento da disciplina.

2.3 Cronograma e bibliografia: a importância da sua formulação para a operacionalização da pesquisa

Após tratarmos acerca do tema, delimitação e formulação do problema, elaboração do título do projeto de pesquisa, constituição dos objetivos da pesquisa, elaboração da justificativa, construção da fundamentação teórica relativa ao tema formulado e da discussão acerca da metodologia, a partir de agora refletiremos sobre os dois últimos itens do projeto, a saber: o cronograma e a bibliografia.

Para começar a discussão do tópico 2.3, o cronograma.

O cronograma de atividades corresponde a um quadro onde o pesquisador esmiuçará o tempo em que sua pesquisa será realizada e as atividades que o mesmo desenvolverá em cada período/mês citado.

As atividades expostas no cronograma correspondem ao uso das técnicas citadas na metodologia.

A quantidade de meses será definida de acor-do com o tempo que o pesquisador tiver para rea-lização da pesquisa (coleta de dados) e para anali-sar tais dados. Chamamos a atenção ainda para a possibilidade de realização concomitante de várias atividades, como, por exemplo, no mês três onde


se realiza o processo de entrevista e a pesquisa documental. Algumas atividades também poderão se dá durante todo o período destinado à pesqui-sa, como podemos ver a pesquisa bibliográfica no quadro abaixo.

Em seguida, um exemplo prático do Crono-grama de Atividades:

Cronograma de Atividades

Atividades ou etapas Mês

01

Mês

02

Mês

03

Mês 04

Observação X

Entrevista X X

Pesquisa documental X

Pesquisa bibliográfica X X X x

Análise de dados x

Em tempo, registramos que é muito comum a colocação da atividade: elaboração do projeto de pesquisa no cronograma de atividades, entre-tanto é um equívoco, tendo em vista que as ati-vidades passam a ser realizadas apenas quando o projeto de pesquisa foi finalizado. O correto é, pois, esmiuçar as atividades que serão realizadas após o projeto, iniciando, assim, a segunda fase da pesquisa, a saber, a coleta de dados.

Por fim, ressaltaremos a bibliografia. A bibliografia é a parte final do projeto de

pesquisa. Nela, o pesquisador demonstra todas as referências por ele utilizadas no decorrer da sua elaboração. Com isso, explicita as correntes teóricas privilegiadas, as categorias analíticas do estudo, além da consulta a Leis, Códigos, Docu-mentos pesquisados - impressos ou relativos à mídia virtual.


Para a correta colocação da bibliografia é in-teressante que o pesquisador desde o início da ela-boração do projeto, vá arquivando todos os títulos, obras e artigos utilizados. Depois de concluído o processo ficará mais fácil elencá-lo, conforme de-termina a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Importante:A exposição de todo o material utilizado se dá em ordem alfabética.

Selecionamos e explicitaremos a seguir os principais exemplos21 relativos à colocação do re-ferencial teórico:

•Obrainteirautilizada•Artigodeumarevistaespecializada•Lei•Artigodainternet•Dissertaçãodemestradooudoutorado•NormastécnicasdaABNT•Vídeo•Verbetesdedicionários:

Vejamos:

•Obrainteirautilizada:SEVERINO, Antônio Joaquim. metodologia do

trabalho científico. 21. ed. ver. e ampl. São Paulo: Cortez, 2000.

•Artigodeumarevistaespecializada:SALVADOR, Evilásio. Fundo público e políti-

cas sociais na crise do capitalismo. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 104, p. 606-631, out/dezembro, 2010.

21 Para mais detalhes sugerimos consultar a ABNT.


•lei:Lei de Regulamentação da Profissão nº

8662/93 de 7 de junho de 1993.

•Artigodainternet:NETO, Otávio Cruz et al. Grupos focais e pes-

quisa social qualitativa: o debate orientado como técnica de investigação. Disponível em: <http://www.abep.nepo.unicamp.br>. Acesso em 05 de ju-nho de 2012.

•Dissertaçãodemestradooudoutorado:MONTEIRO, Clarissa Augusto Barreto. InSTI-

TUIçãO E dISCIPLInA: as estratégias de disciplina-mento na Casa da Passagem, em João Pessoa/PB. João Pessoa, PB. 1999. 124f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) Centro de Ciências, Letras e Artes, Universidade Federal da Paraíba.

•NormastécnicasdaABNT:ASSOCIAçãO BRASILEIRA dE nORmAS TÉCnICAS

(ABNT). NBR 6023: Referências Bibliográficas. São Paulo, ago/1989.

•vídeo22: NOME da rosa. Produção de Jean-Jaques

Annaud. São Paulo: Tw Vídeo distribuidora, 1986. 1 Videocassete (130 min.): VHS, Ntsc, son., color. Legendado. Port.

•VerbetesdeDicionários:HALLISEY, Charles. Budismo. In: OUTHWAI-

TE, William; BUTTOMORE, Tom. Dicionário do pen-samento social do século XX. Tradução de Eduar-do Francisco Alves; Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1996. p. 47-4923.

22 Fonte do exemplo:http://www.bu.ufsc.br/home982.htmlAcesso em 12 de março de 2012.

23 Fonte do exemplo:http://www.bu.ufsc.br/home982.htmlAcesso em 12 de março de 2012.


Para finalizarmos essa seção, referenciamos as normas de bibliografia para duas situações:

• Quando a obra tiver até três autores: todos deverão ser citados, sendo os nomes separados por ponto e vírgula.

• Quando a obra tiver mais três autores: o pesquisador deverá indicar apenas um (este poderá ser o organizador ou não da obra pesquisada) e acrescentar et.al.

Abaixo apresentamos um quadro contendo as referências anteriormente citadas, organizadas segundo a ABNT:

BIBLIOGRAFIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI-CAS (ABNT). Norma Brasileira Registrada (NBR) 6023 - Referências Bibliográficas: São Paulo, Ago/1989.

HALLISEY, Charles. Budismo. In: OUTHWAITE, William; BUTTOMORE, Tom. dicionário do pen-samento social do século XX. Tradução de Edu-ardo Francisco Alves; Álvaro Cabral. Rio de Ja-neiro: Zahar, 1996. p.47-49.

Lei de Regulamentação da Profissão nº 8662/93 de 7 de junho de 1993.

MONTEIRO, Clarissa Augusto Barreto. InSTITUI-çãO E dISCIPLInA: as estratégias de disciplina-mento na Casa da Passagem, em João Pessoa/PB. João Pessoa, PB. 1999. 124f. Dissertação


(Mestrado em Serviço Social) Centro de Ciências, Letras e Artes, Universidade Federal da Paraíba.

NETO, Otávio Cruz et al. Grupos focais e pes-quisa social qualitativa: o debate orientado como técnica de investigação. Disponível em: <http://www.abep.nepo.unicamp.br>. Acesso em 05 de junho de 2012.

NOME da rosa. Produção de Jean-JaquesAnnaud. São Paulo: Tw Vídeo distribuidora, 1986. 1 Vi-deocassete (130 min.): VHS, Ntsc, son., color. Legendado. Port.

SALVADOR, Evilásio. Fundo público e políticas sociais na crise do capitalismo. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, nº 104, p. 606-631, out/dezembro, 2010.

SEVERINO, Antônio Joaquim. metodologia do tra-balho científico. 21. ed. ver. eampl. São Paulo: Cortez, 2000.

Com essa exposição, encerramos a apresen-tação do projeto de pesquisa; assim, sua definição, importância, estrutura e exemplos que se pretende-ram simples, objetivos, facilitadores do seu processo de aprendizagem.

Ressaltamos, ainda, que é fundamental a leitura de outras obras e textos como forma de você aprofundar e/ou esclarecer elementos que por ventura não tenham sido aqui comentados. Realça-mos a necessidade do seu comprometimento com


o processo empreendido, de modo que a pesquisa seja um instrumento a mais na sua futura prática profissional.

Falamos aqui da paixão pela pesquisa e de como previamente concebê-la através do projeto de pesquisa e, assim, como algo acessível aos as-sistentes sociais atuantes fora da academia tam-bém. Esperamos tê-lo(a) feito desmistificar esse processo, ajudando-o(a) na sua elaboração.

No próximo tópico, trataremos acerca da mon-tagem do projeto de pesquisa, exemplificando-o em todas as suas partes constitutivas e determinantes e sobre a linguagem definida tecnicamente para ele.


Para reforçar o seu estudo e apropriação dos conteú-dos discutidos no tópico 1.4, sugerimos que você leia:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Norma Brasileira Registrada (NBR) 6023 - Referências Bibliográficas: Ago/1989.

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à meto-dologia do trabalho científico: elaboração de tra-balhos na graduação.. 5.ed.São Paulo: Atlas, 2001. Cap. 04, tópico 4.9


PARA REFLETIR

Por que é imprescindível ao pesquisador elaborar o seu projeto de pesquisa e nele colocar citações e referências bibliográficas utilizadas no decorrer de todo o seu trabalho? Reflita com seus colegas e elenquem juntos as conclusões que chegaram.

2.4 A montagem do projeto de pesquisa

Um projeto de pesquisa deve ser elaborado de maneira clara e objetiva. Dependendo das nor-mas específicas da instituição de ensino (na gradu-ação) e/ou do programa a que o pesquisador estiver vinculado (na pós-graduação), o número de páginas do projeto poderá ser previamente estipulado24 , definido.

Daremos um exemplo de um projeto de pes-quisa pronto para submissão ao CEP, considerando o aparado técnico e de conteúdo exigidos, confor-me modelo disponível em www.unit.br/pesquisa/Comitê de Ética em Pesquisa, a quem damos os créditos pelo formulário abaixo indicado:

24 No caso do ensi-no de Serviço Social à distância da Uni-versidade Tiradentes, trabalharemos com o total de 10(dez) a 15 (quinze) laudas para o projeto inteiro (portanto, conside-rando desde a capa, com as indicações preliminares, até a bibliografia utilizada na sua formulação.


EXEMPLO:

Comitê de Ética em Pesquisa

FORmULÁRIO PARA APRESEnTAçãO dE

PROJETO dE PESQUISA AO CEP

PROTOCOLO PROJETO:A ser preenchido pelo CEP

1–AUTOROURESPONSÁVELPELOPROJETO nOmE: CLARISSA AUGUSTO BARRETO MONTEIRO

InSTITUIçãO: UNIVERSIDADE TIRADENTES

CURSO OU UnIdAdE ACAdÊmICA: CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

EndEREçO PARA CORRESPOndÊnCIA: XXXXXXXXXXXXXXXXX

BAIRRO: XXXXXXXXXXXXXXXX TELEFOnE: XXXXXXXXX

CIdAdE: ARACAJU UF: SE - CEP: XXXXXXXX

E-mAIL: [email protected]

TITULAçãO mÁXImA: MESTRE

GRUPO dE PESQUISA: SERVIÇO SOCIAL E SOCIEDADE

2-TÍTULODOPROJETO:SERVIÇOSOCIALNAESCOLA:ASESPECIFI-CIdAdES dE ARACAJU/SE

ÁREA DO CONHECIMENTO: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

SUBÁREA DO CONHECIMENTO: SERVIÇO SOCIAL


ESPECIALIDADE: SERVIÇO SOCIAL E SOCIEDADE

PALAVRAS-CHAVE:EDUCAÇÃO, SERVIÇO SOCIAL PRÁTICA PROFISSIONAL

4 – RESUmO GERAL dA PROPOSTA

O presente projeto de pesquisa tem como objetivo precípuo anali-sar a atuação profissional do Assistente Social em escolas privadas de Aracaju/SE. Intentamos desvendar que argumentos têm justificado a presença desses profissionais nas escolas desse município, quais as suas atribuições no âmbito escolar, que instrumental é por ele utilizado, se as ações profissionais circunscrevem-se apenas ao interior da escola, ou se realizam na interação com a comunidade também, bem como se tem o Assistente Social realizado práticas contribu-tivas para o desenvolvimento de um projeto político-pedagógico em sintonia com os dispositivos do Código de Ética Profissional. Ressaltamos, ainda, a verificação da relação do Assistente Social com a equipe técnica, a fim de verificar se esta se dá de maneira disciplinar, multidisciplinar ou interdisciplinar.O interesse pela temática surgiu a partir da verificação da presen-ça de Assistentes Sociais nas escolas privadas em Aracaju, con-trariando a realidade nacionalmente posta que é a de profissio-nais atuando nas escolas públicas. Com os dados da pesquisa e consistente análise, contribuiremos para o aprofundamento da discussão sobre o Serviço Social na Educação, considerando as especificidades das escolas privadas, ainda pouco explorada na academia, além de permitir a inserção de alunos na prática de iniciação científica, uma vez que corresponde a uma demanda hoje posta a profissão, que entende a necessária articulação do fazer profissional com o processo de investigação.


5-OBJETIVOS

OBJETIVOGERAL: Analisar a atuação profissional do Assistente So-cial em escolas privadas de Aracaju/SE.

OBJETIVOSESPECÍFICOS:- Compreender as razões que justificam o trabalho do Assistente Social nas escolas privadas de Aracaju/SE.- Apreender quais são as atribuições do Assistente Social no âmbito escolar.- Identificar qual o instrumental utilizado pelo Assistente Social nas escolas.- Verificar como as ações são desenvolvidas pelos assistentes so-ciais junto à equipe técnica das escolas (de maneira disciplinar, multidisciplinar ou interdisciplinar)- Identificar se o Assistente Social tem realizado práticas contributi-vas para o desenvolvimento de um projeto político-pedagógico em sintonia com os dispositivos do Código de Ética Profissional.

6-JUSTIFICATIVADOPROJETO (Ver Anexo)

A educação é um direito constitucionalmente garantido no Bra-sil, conforme apregoado no Art. 205 da Carta Magna. Com ela, o homem se instrumentaliza culturalmente, capacitando-se para realização de transformações, não só no âmbito pessoal, mas so-cialmente também. Dessa forma, cabe aqui o entendimento de que a educação contempla muito mais do que o processo de ensino-aprendizagem formal proferido no interior das escolas, mas com-preende um complexo formado por ações ligadas ao acesso a bens e serviços como: lazer, esporte, teatro, cinema, biblioteca e música. Entretanto, é certo que na contemporaneidade ainda presenciamos o analfabetismo ou baixos índices de escolaridade, como também falta de compreensão mínima de conteúdo de informática e de idiomas e exclusão ao acesso à cultura, o que corrobora com o distanciamento entre ricos e pobres, imposto historicamente numa sociedade capitalista.


O Serviço Social é uma profissão que tem como objetivo atuar nas expressões da questão social, esta entendida, segundo Faleiros (2007), como o conjunto de problemáticas sociais, econômicas, políticas, culturais e espirituais a que está submetida à socieda-de, sendo necessário o uso de estratégias por parte do Estado a fim de conter conflitos, bem como para se legitimar garantir os direitos de cidadania. Sua prática se revela nas políticas de saúde, de assistência social, de habitação, no judiciário, bem como em empresas, em assessorias e consultorias, no terceiro setor, dentre outros espaços sócio-ocupacionais. Ressalta Pinto (1998: p. 27) que “se anteriormente cabia o dilema entre formar um profissional interventivo e não um pesquisador, hoje essa discussão se recoloca em outras bases. Não se pode pensar num profissional meramente técnico-operativo”.Na educação, considerando a realidade nacional, ainda é ínfima a sua participação. Exemplos dessas experiências são visualizadas no sul e sudeste; no nordeste, no estado da Paraíba, embora res-tritas as capitais.Com base nos Projetos de Lei nº 3.688 de 2000 e nº 837 de 05 de junho de 2005, que dispõem sobre a introdução do Assistente So-cial no quadro da educação da escola pública, levantou-se a apro-ximação necessária deste profissional ao campo educacional. De acordo com Lopes (2009), acredita-se que a atuação do Assistente Social na escola irá contribuir para ampliação da política educa-cional, uma vez que questões pertinentes como violência, drogas, gênero, família, dentre outras, nem sempre são tratadas dentro da escola. Estas seriam, pois, algumas atribuições para a profissão.Em Sergipe, o Serviço Social ainda não foi introduzido no campo da educação nos níveis estadual e municipal, existindo Assistentes Sociais apenas na esfera pública federal, a saber: Universidade Fe-deral de Sergipe (UFS) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - IFS.Entretanto, um dado nos chama a atenção diante desse contexto, que é o fato de serem as escolas da rede privada de ensino aquelas que têm recrutado o trabalho do Assistente So-cial, destoando do restante do país.Vale ressaltar que estas, como nacionalmente, apenas correspondem a escolas da capital.


Com essa pesquisa, intentamos desvendar, portanto, que argumen-tos têm justificado a presença de Assistentes Sociais nas escolas em Aracaju/SE? Quais as atribuições do Assistente Social no âmbito escolar? Que instrumental é por ele utilizado? As ações profissio-nais circunscrevem-se apenas ao interior da escola, ou se realizam na interação com a comunidade também? Tem o Assistente Social realizado práticas contributivas para o desenvolvimento de um pro-jeto político-pedagógico em sintonia com os dispositivos do Códi-go de Ética Profissional? Com os dados da pesquisa e consistente análise, contribuiremos para o aprofundamento da discussão sobre o Serviço Social na Educação, considerando as especificidades das escolas privadas, ainda pouco explorada na academia, além de permitir a inserção de alunos na prática de iniciação científica, uma vez que corresponde a uma demanda hoje posta a profissão, que entende a necessária articulação do fazer profissional com o processo de investigação.

7 – FUndAmEnTAçãO TEÓRICA (Ver Anexo)

Embora a educação seja um direito constitucionalmente garantido, no caso brasileiro ainda são observadas questões como analfa-betismo e baixos índices de escolaridade, tanto pela população adulta, como a jovem, falta de compreensão mínima de conteúdo de informática e de idiomas, além da visibilidade da falta de acesso desses à cultura. Portanto, equipamentos sociais como teatro, cine-ma e música, dentre outros, não têm chegado de forma satisfatória às classes populares, ocasionando o distanciamento ainda maior entre ricos e pobres. Reflete Pochmann (2005:138) que o Brasil precisaria investir “811,3 bilhões somente na educação entre 2005 e 2020 para alcançar, nos próximos 15 anos, uma posição intermediária em termos de educação média e superior, o que representa a incorporação de 5,5 milhões de novos alunos”. Além do investimento na ampliação do número de alunos, há a necessidade de aumento de salas de aula, com construção de es-colas, além de contratação de professores e outros profissionais,


como assistentes sociais e psicólogos, de modo a proporcionar aos educandos uma intervenção que leve em conta a sua integralidade. É com base na necessidade de articulação de propostas e ações efetivas que resgatem a totalidade do ser humano e a vinculação deste com a história que se entende a viabilidade do Serviço Social Escolar.Segundo Amaro (2000), as ações desenvolvidas pelo assistente so-cial no âmbito escolar, tomando-se como referência pesquisa reali-zada com esses profissionais no estado do Rio Grande do Sul, são: planejamento, coordenação e implementação de políticas públicas; assessoria às jornadas pedagógicas; trabalho com a comunidade; conselhos escolares; círculos de pais e mestres, além do atendi-mento às famílias e funcionários e a gestão democrática.Diante do exposto, observamos que o assistente social não cor-responde mais a um profissional meramente executor de projetos, programas e ações institucionalmente e/ou hierarquicamente deter-minados, mas converte-se em um ator social que participa desde a concepção/elaboração de intervenções, de seu processo de traba-lho, devendo este se inserir numa prática de caráter interdiscipli-nar, passando pela operacionalização das ações, monitoramento e avaliação dos mesmos. Também é importante ressaltar que a sua rotina profissional extrapola os muros da instituição de ensino, ligando-se a comunidade, respondendo as suas necessidades. No tocante à gestão democrática, afirma Hora (1999) que se trata de uma construção coletiva que vem criando na escola, pressu-posto de democracia, um espaço para reflexão do processo de de-mocratização da escola, de processos pedagógicos que permitam a permanência do educando na escola, através da ampliação de oportunidades educacionais e as mudanças no processo adminis-trativo, que inclui representação do Estado, da escola e da comuni-dade. Nesse modelo, são identificadas as reais necessidades dos usuários da escola e definidas as estratégias para as ações, bem como a alocação de recursos e incentivos.Acrescenta Lopes (2009) que também são ações do assistente so-cial: participação em equipe multidisciplinar para prevenção de violência, de uso de drogas e álcool, bem como esclarecimentos


e informações sobre o acesso a instituições públicas, privadas, assistenciais e organizações locais, com vistas ao atendimento das necessidades de pais e alunos.Os instrumentos e técnicas utilizados pelo Serviço Social nas es-colas correspondem, além do aparato legal necessário, a reuniões, palestras, pesquisa, acompanhamento individual e coletivo dos professores, alunos e funcionários, work shop, visitas domiciliares e institucionais.Considerando a importância da temática, identificamos, através de preliminar pesquisa junto a editoras que mais têm publicado o conhecimento em Serviço Social e na internet, a escassez de livros e artigos que tratem do Serviço Social Escolar. Apenas dois livros publicados pelos autores Amaro e Dahmer: Serviço Social na Esco-la e Educação e Serviço Social: do confessionalismo ao empresa-riamento da formação profissional, respectivamente; doze artigos acessíveis na rede de computadores, com discussões em torno das possibilidades de intervenção, o direito a educação e sua relação com o Serviço Social, além de temáticas como exclusão, poder e violência. Artigos também foram publicados na Revista Serviço So-cial e Sociedade, Temporalis e em anais de congressos.Assim, com essa pesquisa, reiteramos a contribuição que inten-tamos dar a partir da elaboração de um tema que considerará as especificidades de Aracaju/SE e quiçá fomentar discussões mais amplas na academia e na sociedade.

8 - mETOdOLOGIA dO PROJETO (Ver Anexo)

A metodologia no projeto de pesquisa corresponde a uma comu-nicação que o pesquisador faz acerca do passo a passo que dará para execução da proposta, tanto na fase de coleta como de análi-se de dados. Abaixo, elencamos o nosso procedimento.Locus da PesquisaA presente pesquisa será realizada nas escolas da rede privada de ensino do município de Aracaju/SE que possuem Assistentes So-ciais em sua equipe técnica.


Tipo de PesquisaDe caráter qualitativo, a pesquisa pretende não apenas descrever a realidade enfocada, mas analisá-la em suas múltiplas dimensões, a saber: nos aspectos sociais, econômicos, políticos, ideológicos e culturais que o circundam. Trata-se de olhar a realidade para além da forma imediata como se apresenta, possibilitando o aprofunda-mento de seu estudo. Assim, tem apoio no método dialético, uma vez que esse método permite identificar as contradições presentes. Técnicas para Coleta de dadosComo forma de responder às inquietações propostas por esse pro-jeto, utilizaremos na fase de coleta de dados as técnicas da en-trevista semiestruturada, da pesquisa documental e da pesquisa bibliográfica.O uso da entrevista semi-estruturada se justifica por permitir o diálogo entre pesquisadores e pesquisados, num processo de inte-ração. Com ela será possível fazer questionamentos sobre a temáti-ca, podendo alterá-los, redimensioná-los ou mesmo eliminá-los de acordo com as necessidades apreendidas durante o processo. A en-trevista permite, através da fala dos sujeitos, esclarecer questões e/ou aprofundá-las no momento em que a coleta de dados se dá. Para realização das entrevistas, haverá agendamento prévio entre pesquisadoras e assistentes sociais de modo a pactuar acerca do momento ideal para realização da pesquisa. Ressaltamos que todo o processo de entrevista será gravado a fim de resguardar pesqui-sadores e pesquisados no tocante às questões de foro ético.A pesquisa documental aqui privilegiada tem o intuito de verifi-car projetos, ações e programas desenvolvidos pelos Assistentes Sociais, bem como se há registros do cotidiano profissional, do alcance e dificuldades oriundas das demandas postas.Por fim, ressaltamos que com a pesquisa bibliográfica, realizaremos a constante atualização da temática, através dos livros, periódicos, revistas especializadas, publicações na internet, ou em outra ferra-menta que proporcione a identificação do estado da arte relativo à temática.


Sujeitos da Pesquisa e AmostraSerão sujeitos da pesquisa Assistentes Sociais, com o objetivo de entender as razões que justificam a presença do profissional na escola e os rebatimentos que a prática tem proporcionado. Dado o universo a ser pesquisado corresponder a três escolas, não reti-raremos do mesmo uma amostra, mantendo a representatividade rigorosa que a investigação requer.Critérios para InclusãoSerão incluídos como sujeitos da pesquisa os Assistentes Sociais com atuação nas escolas privadas de Aracaju/SE, a fim de que possam definir as razões e atribuições dos profissionais no âmbito institucional.Critérios para ExclusãoDefinimos como critério de exclusão da pesquisa, os profissionais que se recusarem a discutir os temas propostos ou sugerirem mo-dificação dos aspectos teórico-metodológicos existentes no projeto de pesquisa.Análise da dadosPara analisar os dados coletados, faremos uso da análise de con-teúdo, por este permitir identificar o que está por trás da realidade empiricamente verificada. Este método permite o estudo do não dito ou dito nas entre linhas pelos interlocutores.Categorias de AnáliseComo categorias analíticas, privilegiaremos: Educação, Serviço Social e Prática Profissional.

9 – RESULTAdOS ESPERAdOS (Ver Anexo)

- Apreensão dos dados relativos à temática.- Análise crítica do agir profissional no âmbito escolar.- Elaboração de artigos sobre a pesquisa realizada.- Apresentação pública da pesquisa, em eventos acadêmicos e cien-tíficos, de modo a dar visibilidade social à questão investigada.


10 – REFERÊnCIAS BIBLIOGRÁFICAS (Ver Anexo)

AMARO, Sarita. O Serviço Social Escolar. São Paulo: Cortez, 2000.FALEIROS, Vicente de Paula. Estratégias em Serviço Social. 6. ed.São Paulo: Cortez, 2006.HORA, Dinair Leal da. Gestão democrática na escola: artes e ofícios da participação coletiva. São Paulo: Papirus, 1994.LOPES, Eleni de Melo Silva . Serviço Social e Educação: As pers-pectivas de avanços do profissional de Serviço Social no sistema escolar público. Disponível em: <http://www.ssrevista.uel.br/c-v8n2_eleni.htm>. Acessado em: 05 de julho de 2012.HORA, Dinair Leal da. Gestão democrática na escola: artes e ofícios da participação coletiva. São Paulo: Papirus, 1994.MELO,Débora Santos. O direito a Educação e sua Relação com serviço social na Educação. disponível em: http://deborameloss.blogspot.com/______. O serviço social como instrumento de fortalecimento dos elos no processo de ensino e aprendizagem. Disponível em: <http://deborameloas.blogspot.com.br/p/artigos.html>. Acessado em: 05 de julho de 2012.PEREIRA, Larissa Dahmer. Educação e Serviço Social: Do confessio-nalismo ao Empresariamento da Formação Profissional. São Paulo: Xamã Editora, 2008.PINTO, João Bosco. Buscando uma metodologia de pesquisa para o Serviço Social: reflexões de um professor de pesquisa à margem dos paradigmas. In Cadernos ABESS, Nº 6, Cortez Editora, 1998.POCHMANN, Márcio. Atlas da exclusão social, vol. 5: agenda não liberal da inclusão social no Brasil. São Paulo: Cortez, 2005.SANTOS, André Michel dos. Escola e Serviço Social: juntos no en-frentamento da exclusão social. Revista virtual Partes. 2008. Dis-ponível em: <http://www.partes.com.br/educacao/escolaeservicoso-cial.asp#_ftn1>. Acessado em: 05 de julho de 2012.


11. Cronograma de Atividades

Atividades ou etapas mês 01 mês 02 mês 03 mês 04

Observação x x x x

Entrevista x x

Pesquisa documental x x

Pesquisa bibliográfica x x x x

Análise de dados

12 - RELAçãO dE OUTROS PESQUISAdORES InTEGRAnTES dA EQUI-PEDOPROJETO,COMARESPECTIVATITULAÇÃOMÁXIMA– (Quan-do for o caso)

NOME TITULAÇÃO MÁXIMA (Se estudante, indicar curso e período que está cursando)

- XXXXXXXXXXXXXX - Estudante do 4º período do curso de Serviço Social da UNIT.

13 – LOCAL dA PESQUISA

A pesquisa será realizada nas escolas da rede privada que pos-suem assistentes sociais atuando em Serviço Social.A partir de mapeamento preliminar, serão entrevistadas XXX assisten-tes sociais das escolasxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

Explicitar as responsabilidades do pesquisador, da instituição, do promotor e do patrocinador (Se for o caso)

As responsabilidades postas à pesquisadora/coordenadora do projeto correspondem à função de zelar pela orientação das alunas no tocante à realização da pesquisa, de modo que o rigor teórico-metodológico e ético-político seja preservado.

As alunas pesquisadoras realizarão todas as etapas previstas no cronograma da pesquisa: mapeamento das instituições, coleta e análise de dados.


14 – CRITÉRIOS PARA SUSPEnSãO dA PESQUISA (Detalhar os critérios para a suspensão da pesquisa)

A pesquisa será suspensa caso os profissionais se recusem a discutir os temas propostos ou sugerirem modificação dos aspec-tos teórico-metodológicos existentes no projeto de pesquisa.

15 – ORçAmEnTO dO PROJETO (se houver) Discriminar recursos, fontes e destinação, bem como a forma e o valor da remuneração do pesquisador (se for o caso). Obrigatoriamente deve ser informa-da a fonte que proverá o total de recursos necessários.

discriminação do item a ser

financiado

Fonte de

financiamento Unidade

Quantidade

- 1 500 12,90 R$ 12,90

- 6 80 1,05 R$ 84,00

- 500 0,30 0,30 R$ 150,00

- 507 1080 - R$ 246,90

Valor(R$)

Preço unitário Total

Papel

Transporte

Impressão

TOTAL

Fonte de financiamento principal: Recursos próprios

16 – dATA E ASSInATURAS

ARACAJU,de ______________ de ___ .

ARACAJU,de ______________ de ___ .

ARACAJU,de ______________ de ___ .

Autor ou responsável pela proposta

Pesquisador

Pesquisador



A fim de que você aprofunde o seu conhecimento acerca da elaboração do projeto de pesquisa, suge-rimos a leitura de:

DESLANDES, Suely. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.. Petrópolis: Vozes, 1994. Cap. II

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pes-quisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

PARA REFLETIR

Para elaborar um projeto de maneira clara e obje-tiva é necessário que o pesquisador responda às seguintes indagações: o que quero pesquisar, por que quero pesquisar determinado tema, para que, de que forma e em que tempo. Agora reflita: a que cada parte do projeto cada um desses elementos está ligado? Converse com os seus colegas. Lembre-se quais são os elementos constitutivos do projeto.


RESUmO

Nesse tema, versamos sobre a elaboração do pro-jeto de pesquisa, este compreendido como uma atividade obrigatória, mas fundamental para a ul-trapassagem das práticas meramente interventivas por parte do Serviço Social. Vimos, ainda, que o projeto de pesquisa deverá ser elaborado sempre que o pesquisador intentar investigar uma dada re-alidade, oficializando a sua intenção com o estudo, demonstrando a sua importância e, para além dos resultados esperados, como estes serão utilizados.

Para a elaboração do projeto de pesquisa são neces-sários o rigor teórico, técnico, metodológico e ético.

Isto posto, desejamos que você compreenda bem esse momento de elaboração teórica, técnica e éti-ca de modo que ao final de sua jornada você tenha o mapeamento necessário para que a sua investi-gação ocorra sem percalços. Também informamos a necessidade de você verificar a viabilidade de realização da sua pesquisa, seja em decorrência do tempo que você tem para tal, seja pela permissão do lócus em que a mesma se realizará.

PESquISA Em SERvIçO SOCIAl III

Parte 2

O Trabalho de Conclusão de Curso3

Na segunda parte do nosso livro trataremos acerca das espe-cificidades da estruturação do seu TCC. Versaremos, ainda, sobre a preparação para a coleta e análise de dados, bem como o debate sobre o plágio nas produções discentes. Intentamos que você seja capacitado a desenvolver o seu processo investigativo e analítico de maneira tranquila, tornando a pesquisa um prazer.


3.1 TCC: tipos e definições

Nas diversas áreas do conhecimento o pro-cesso de formação profissional na graduação se encerra com a elaboração do trabalho de conclu-são de curso, amplamente conhecido como TCC. Este é resultado de pesquisa realizada quer através de revisão de literatura, quer em laboratório, ou na realidade empírica, através da pesquisa de campo25, dentre outras formas. O TCC, portanto, marca a finalização do processo investigativo iniciado me-diante a formulação do projeto de pesquisa. Assim, temos a seguinte sequência:

Projeto de Pesquisa↓

Fase de Coleta de Dados ↓Fase de Análise de Dados ↓Trabalho de Conclusão de Curso

O TCC, que é o relatório final da pesquisa, é o registro oficial dos resultados apreendidos pelo pesquisador. Ou seja, o pesquisador relata a sua experiência, apresenta os resultados obtidos e dis-cute-os. A discussão terá o apoio da teoria escolhi-da no momento da formulação do projeto.

Para Richardson (apud Schrader,1999, p.296)

O relatório inicia com a formu-

lação do problema, expõe dados

da literatura existente sobre o

tema, explicita a posição teóri-

co-científica. Apresenta uma

lista completa das hipóteses,

descreve problemas da técnica

25 Dentre outros exemplos igualmente relevantes

85Tema 3 | O trabalho de conclusão de curso

de mensuração [...] compara

os dados com as hipóteses e

formula [...] um ou mais enun-

ciados teóricos com os quais

se responde à pergunta inicial.

Diante do exposto, duas questões importantes se impõem:

O projeto de pesquisa corresponde a uma in-quietação, a uma pergunta que o mesmo faz sobre uma dada realidade e o relatório final de pesquisa é a apresentação da(s) resposta(s) obtida pelo pesquisador.

Um relatório final de pesquisa bem feito é elaborado considerando três elementos essenciais: 1) início – apresentação do problema da pesquisa; 2) meio – exposição do quadro teórico-conceitual e metodológico utilizado, além das questões norte-adoras e objetivos da pesquisa; 3) fim – apresen-tação minuciosa e aprofundada dos dados obtidos com a investigação.

E mais:Ninguém é capaz de ne-

gar que um bom relato é

sempre uma boa história.

A história informa, envolve

e de certa forma familiariza

e compromete o ouvinte e o

leitor [...] Nada mais natural,

portanto, para quem vai ler

um relatório de pesquisa do

que ser conduzido a entender

o desenrolar do processo [...].

(RICHARDSON, 1999,p. 298).

Assim, o TCC, ou o relatório final de pes-quisa, como os outros trabalhos de caráter


técnico-científico deve se apresentar de maneira clara, simples e objetiva, porque o mais importante é esclarecer à comunidade científica e à sociedade acerca da temática em que o pesquisador se de-bruçou com todos os rigores que a ciência requer.

Existem vários tipos de trabalho de conclu-são de curso. Ressaltamos, porém, que o tipo a ser desenvolvido pelo aluno/pesquisador é determina-do pelas Diretrizes Curriculares do curso em pauta ou por este quando não houver tal determinação. Dessa forma, poderá o trabalho de conclusão de curso ser realizado como uma monografia, ou um artigo científico, ou uma resenha, ou um relatório final de estágio.

Vejamos cada uma dessas formas:

monografia. Para Lakátos (1992, p. 151) trata-se de um

estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente valor representativo de um todo e que obedece rigorosa metodologia.

Artigo científicoTrata-se de um trabalho que apresenta re-

sultados sucintos sobre um tema estudado, tenha sido este fruto de uma pesquisa bibliográfica, do-cumental, de campo, ou outra forma.

Comparando os dois trabalhos apresentados, podemos dizer que o primeiro exige um esmiuçamen-to maior sobre o tema e seus resultados. Já a segun-da atividade apresenta-se de maneira mais sintética, porém com todos os rigores que a ciência requer.

ResenhaTrata-se de uma reflexão aprofundada acerca

de temas discutidos e já apresentados na literatura.


A resenha de um livro corresponde a uma análise crítica do mesmo. O aluno discorre sobre o mesmo, demonstra o seu aporte teórico-metodológico e técnico e ao final estabelece uma discussão crítica do mesmo, podendo apontar potencialidades ou fragilidades, a relevância do tema e a sua contribuição para a profissão.

Relatório final de estágioEste trabalho acadêmico é resultante da expe-

riência de estágio vivida pelo aluno. Nele, o aluno:

• Apresenta a instituição da qual estagiou, histórico e demonstração da política a que está vinculada.

• Discute acerca de seus objetivos, orga-nização, usuários, programas, projetos e ações nela desenvolvidos, bem como uma apreciação sobre a equipe profis-sional presente, as relações nela esta-belecidas e como o trabalho profissional é realizado: de maneira multidisciplinar, interdisciplinar, etc.

• Reflete sobre o seu processo de ensino-aprendizagem e a articulação teoria e prática.

• Por fim, demonstra o projeto de intervenção pelo aluno elaborado e a sua execução, portanto, avaliando todo o processo realizado.

Além desses tcc´s apresentados existem ain-da a dissertação e a tese. A primeira é realizada no mestrado e a segunda nos programas de doutorado.


Tanto a dissertação como a tese versam so-bre o tema escolhido pelo pesquisador e por ele investigado, estabelecendo uma discussão crítica, ao tempo em que produz conhecimento sobre o objeto de estudo. O que diferencia os dois traba-lhos é a originalidade obrigatória que o segundo precisa ter.

Ressaltamos que todas as modalidades de trabalho de conclusão de curso aqui apresentadas são elaboradas mediante a orientação de um pro-fessor vinculado ao curso que o aluno pertence.

Feitas essas pontuações, nos dedicaremos às especificidades do Serviço Social.

As Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço Social expõem que:

Trabalho de Conclusão de Cur-

so: é uma exigência curricular

para obtenção de diploma no

curso de graduação em serviço

social. Deve ser entendido

como um momento de síntese

e expressão da totalidade da

formação profissional. É o tra-

balho no qual o aluno sistema-

tiza o conhecimento resultante

de um processo investigativo,

originário de uma indagação

teórica, preferencialmente

gerada a partir da prática do es-

tágio no decorrer do curso. Este

processo de sistematização,

quando resultar de experiência

de estágio, deve apresentar os

elementos do trabalho profis-

sional em seus aspectos teóri-

co-metodológico-operativos.


Realiza-se dentro de padrões

e exigências metodológicas

e acadêmico-científicas. Por-

tanto, o TCC se constitui numa

monografia científica elaborada

sob a orientação de um profes-

sor e avaliada por banca exami-

nadora (ABEPSS, 1996, p. 19).

Assim, grifamos que o aluno de Serviço Social:

• Obrigatoriamente elaborará o tcc.

• A elaboração do tcc se dará com a orien-tação de um professor do curso.

• Caso o tema trate do Serviço Social, será o seu orientador um assistente social, tendo em vista a sua legitimidade para tal elaboração.

• O tcc será resultante de um processo in-vestigativo, com base em qualquer tipo de pesquisa.

• O aluno deverá sistematizar o seu conhe-cimento, o que implica em dizer que o tcc não é específico do período onde está alocado, mas necessita dos conhecimen-tos apreendidos no decorrer do curso, em todas as disciplinas.

• Deve o tcc ser cuidadosamente elabo-rado, considerando os aspectos teórico-metodológicos, técnicos e éticos.


No próximo tópico falaremos sobre normas técnicas e a linguagem expressa no trabalho de conclusão de curso.


Como o trabalho de conclusão de curso é uma exi-gência para a obtenção do grau de bacharel em Serviço Social, sugerimos que você faça a leitura das Diretrizes Curriculares do Serviço Social, a fim de apreender a relação desse trabalho com o con-junto dos princípios norteadores da formação pro-fissional e também o cap. 04 de Azevedo (2001) que versa sobre monografias, dissertações e teses.Intentamos com essa leitura que você aprofunde os seus conhecimentos acerca dessa temática.

AZEVEDO, Israel Belo de. O prazer da produção científica: diretrizes para a elaboração de trabalhos acadêmicos. 10. ed. ver. E ampl. São Paulo: Hag-nos, 2001. Cap. 10.

ABEPSS. diretrizes Curriculares para os Cursos de Serviço Social. RESOLUÇÃO Nº 15, DE 13 DE MARÇO DE 2002. Disponível em: <http://www.abepss.org.br/briefing/documentos/legislacao_diretrizes_cursos.pdf>. Acessado em: 05 de julho de 2012.


PARA REFLETIR

Expusemos no decorrer do tópico 3.1. sobre do tra-balho de conclusão de curso. Agora é a sua vez de refletir sobre a importância dessa atividade acadêmica obrigatória para a formação e argumen-tar acerca dos rebatimentos que pode gerar nos espaços de prática profissional. Agora queremos que você fale sobre o tópico estudado. Aproveite o encontro para explicitar as suas dúvidas e ques-tionamentos, bem como as suas inquietações em relação à leitura feita. Lembre-se de compartilhar. O conhecimento é algo importante no processo de formação profissional.

3.2 TCC´s do curso de Serviço Social da uNIT: ilustração de temas pesquisados

Com o tópico 3.2. explicitaremos temas que historicamente vêm sendo pesquisados no âmbito do Serviço Social. O nosso objetivo é fazê-lo vi-sualizar como anda a produção do conhecimento na nossa profissão e, em tempo, contribuir para o seu empoderamento acerca da relação pesquisa e Serviço Social. Esses temas estão diretamente rela-cionados a quatro dimensões, a saber:

a) Ao debate em torno das políticas públicas e sociais: saúde, educação, assistência, habitação, emprego e renda, etc. Nesse caso o pesquisador vai em busca de defini-las nos mais diversos con-textos e conjunturas, bem como as suas potencia-lidades e fragilidades e sobre a participação dos


assistentes sociais nas mesmas, seja no processo de elaboração, seja na execução, monitoramente e avaliação das mesmas.

b) Ao enfoque na formação profissional, onde o pesquisador avalia o processo, tomando como base a estrutura curricular do curso, as diretrizes curriculares, o projeto ético-político, o código de ética e a lei de regulamentação da profissão.

c) Ao enfoque na prática profissional. Nesse sentido foca o pesquisador o seu olhar sobre a atuação do assistente social e, assim, em suas mul-tifacetas, ou seja, no fazer cotidiano, nas relações de poder, nas relações entre profissionais, no trato junto ao usuário, bem como no instrumental por ele utilizado. O objetivo é compreender os limites e os alcances e as lutas profissionais.

d) Ao enfoque em temas afins, onde o pes-quisador parte de outras experiências e dos te-mas transversais encontrados no processo ensi-no-aprendizagem. Por exemplo, nas temáticas de gênero, etnia, geracionalidade, etc.

É importante que a escolha esteja devidamente consubstanciada teórica e metodologicamente para que os resultados da pesquisa contribuam com a profissão e com o conhecimento científico em torno dos temas estudados.

Abaixo elencamos temas pesquisados ao longo de cerca de vinte anos do curso de Aracaju, a partir dos seus títulos:

• A Cidadania na Terceira Idade.

• A Cidadania Feminina e a Discriminação Social.


• A Empregada Doméstica e a Consciência de Seus Direitos.

• Delegacia Especial de Proteção à Mulher: Seu Novo Aliado?

• A Dicotomia: Teoria – Prática do Serviço Social.

• O Assistente Social Como Agente de Mudança.

• A Criação e Extinção do Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado de Sergipe.

• A Solidariedade no Submundo da Prostituição.

• As Indefinições do Agir Profissional do As-sistente Social – Limites e Possibilidades.

• Os Meninos que Vão à Luta. Estudo do Perfil das Crianças e Adolescentes Traba-lhadores.

• A Percepção do Idoso em Relação do Descaso da Sociedade.

• Influência de Tóxicos em Crimes de Homi-cídios Cometidos por Menores na Cidade de Aracaju.

• A Expectativa do Operário em Relação ao Serviço Social de Empresa.

• Analisando o Trabalho Social nos Condo-mínios Residenciais.


• Consultoria em Serviço Social - Uma Solu-ção Alternativa.

• O Agir Profissional do Assistente Social nas Empresas Privadas da Cidade de Aracaju.

• Importância dos Programas de Iniciação ao Trabalho para Adolescentes de Classe Subalterna e a Construção da Cidadania.

• A Importância do Serviço Social na Escola.

• O Serviço Social e o Avanço Tecnológico em Empresas Privadas de Aracaju, na Década de 90.

• A Importância do Serviço Social nas Es-colas Privadas de 1° Grau de Aracaju em Nível de Corpo Docente e Discente na Década de 90.

• A Fundação José Augusto Vieira e seu Tra-balho de Assistente Social.

• O Serviço Social e o Avanço Tecnológico em Empresas Privadas de Aracaju, na década de 90.

• A Questão das Filas nos Postos de Saúde Pública, na Atual Conjuntura: Uma Questão da Demanda e Oferta de Serviço.

• Programa do Leite - Aspectos Sociais e a Visão dos Beneficiários do Centro de Saúde “Ministro Costa Cavalcante”.


• A Participação da Família na Recuperação dos Drogados.

• Exploração Sexual Infanto - Juvenil.

• O Assistente Social no Processo de Resso-cialização dos Adolescentes Infratores no Centro de Atendimento ao Menor. (CENAM).

• A Terceirização no Processo de Globalização no Setor do Transporte Hidroviário.

• Consultoria Externa em Gestão do Social.

• A Trajetória do Assentamento São Francis-co, no Município de Esplanada – BA, na década de 90.

• Vivência e Situação de Preconceitos Con-tra o Negro na Cidade de Aracaju.

• Fatores Intervenientes em Pesquisa com Abordagem Qualitativa.

• Alimentação Alternativa: Um Complemen-to Auxiliar na Desnutrição.

As pesquisas retrataram questões relaciona-das à assistência, ao idoso, à criança e adolescente, à empresa, ao setor jurídico, dentre outros campos de atuação do Serviço Social, tendo como aporte teórico discussões que versaram sobre cidadania, direitos, discriminação e prática profissional, sen-do de maior prevalência os temas relacionados ao Serviço Social, seja no tocante à formação, como à prática profissional.


Com a explicitação dos mesmos ressaltamos que os temas recorrem a contextos específicos. Por-tanto, um tcc elaborado em 1990 tende a tratar da realidade daquele momento específico, como so-bre o tema da criança e do adolescente diante da promulgação do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente naquele período.

Por fim, recomendamos que você amplie o seu olhar e conhecimento para a pesquisa em Serviço Social, por ser através dela que:

• O Serviço Social manterá o seu status acadêmico e científico.

• Por proporcionar o conhecimento apro-fundado da realidade na qual estamos inseridos.

• Pelo fato de que quanto mais e melhor conhecemos a realidade melhor conse-guimos nela intervir; e.

• Pelo fato da pesquisa ser proporcionado-ra da produção do conhecimento, fazen-do com que assistentes sociais não se-jam meros reprodutores do que já existe.

Reiteramos que o conteúdo aqui apresentado não é conclusivo, nem definitivo, mas corresponde a aproximações sobre a temática proposta, embora realizado com todo o cuidado e rigor que o proces-so requer, podendo ser questionado, acrescentado ou redimensionado a qualquer tempo.



A fim de que você se aproprie dos temas discutidos pelo Serviço Social a partir de pesquisas em todos os níveis, sugerimos que leia as referências abaixo indicadas:

diretrizes curriculares e pesquisa em serviço social. Cadernos. ABESS nº 8. São Paulo: Cortez, 1998. 117p. ABESS/CEDEPSS.

CADERNOSDESERVIÇOSOCIAL. Ano XIV, nº. 26/27. Campinas, janeiro/dezembro de 2005.

PARA REFLETIR

Existe, ao longo da história do Serviço Social, uma variedade de temas resultantes da pesquisa que começou a se desenvolver majoritariamente a partir da década de 1970 e 1980 no âmbito da graduação e pós-graduação, respectivamente. Assim, reflita e justifique a afirmação sublinhada. Converse com os seus colegas e identifiquem conjuntamente as ra-zões que fazem com que o Serviço Social possua uma vasta produção científica pautada em objetos de estudo diversos.


3.3 Elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais do TCC

No tópico 3.3. trataremos acerca da estrutu-ração do TCC no Curso de Serviço Social da UNIT, tomando como referência fundamental as normas técnicas instituídas pela IES no tocante aos ele-mentos pré-textuais, textuais e pós-textuais do TCC.

A princípio queremos relembrar que um tra-balho de conclusão de curso precisa apresentar três elementos essenciais:

• Início: introdução ao tema, esboço de fundamentação teórica, demonstrando como o mesmo já aparece na literatura especializada, justificativa, colocação dos objetivos e metodologia adotadas no percurso investigativo, além da coloca-ção da justificativa e das questões que nortearam a investigação e deram-lhe re-levância social.

• Meio: discussão da pesquisa com aporte teórico-metodológico.

• Fim: nessa parte o pesquisador deve fa-zer as conclusões a que chegou mediante a realização do seu estudo.

Ou seja, o tcc é composto por introdução, desenvolvimento e conclusão.

Isto posto, ressaltamos que no TCC, além do conteúdo exposto acima, é preciso considerar outros elementos de caráter técnico. Aqui falamos desde a elaboração da capa do trabalho até a colo-cação dos anexos e/ou apêndices.


São partes constitutivas do tcc:

•Elementospré-textuais Capa Folha de rosto Folha de aprovação Folha de agradecimentos Epígrafe Resumo em língua portuguesa e palavras-

chaves Resumo em língua estrangeira e palavras-

chaves Listas Sumário

•Elementostextuais Texto, através de capítulos

•Elementospós-textuais Referências bibliográficas Apêndices e/ou anexos Folha de guarda.

Partiremos agora para a demonstração de cada parte mencionada.

CAPA

A capa deve conter os seguintes elementos:

- Nome da universidade- Nome completo do autor- Título do trabalho e subtítulo, se houver.- Local e data.


FOLHA dE ROSTO

Na folha de rosto, colocar as seguintesinformações:

- Nome completo do autor- Título e subtítulo, quando houver- Nota definindo do que se trata o trabalho e a que este se destina

- Nome do orientador- Local e data

FOLHADEAPROVAÇÃO

A folha de aprovação é item obrigatório notcc. Deve contemplar:

- Nome completo do autor- Título e subtítulo do trabalho, se houver- Data de aprovação- Composição da banca examinadora, con-

tendo nomes completos e titulação

FOLHA dE AGRAdECImEnTOS

Essa folha é optativa, entretanto considera-mos simpático e de “bom tom” a sua colocação, tendo em vista que o TCC não foi elaborado ape-nas pelo pesquisador, mas com a co-participação do orientador, dos sujeitos da pesquisa e por aqueles que indiretamente apoiaram a execução da pesquisa e a elaboração teórica do TCC.

Caso o TCC tenha sido formulado em equi-pe, é conveniente que cada autor elabore os seus agradecimentos em particular e que ao seu final coloque o seu nome para identificar de quem se trata tal formulação.


EPÍGRAFE

Essa parte também é optativa. Nela o pesquisador pode colocar um pensamento, um lema, uma letra de música, um poema, enfim, o que quiser para ilustrar a leitura que será feita posteriormente. Ou seja, a epígrafe deve ter co-nexão com a discussão teórica que ocorrerá em seguida.

RESUmO Em LÍnGUA PORTUGUESA E PALA-VRAS-CHAVES

O resumo é parte obrigatória do TCC. Deveconter:

O tema, razões para a sua escolha, objeti-vos do trabalho, metodologia utilizada e os re-sultados a que o pesquisador chegou. Tudo isso escrito de maneira objetiva e clara.

As palavras-chaves serão três, compreen-dendo o tema pesquisado. Elas são demonstra-doras das principais categorias analíticas escolhi-das pelo pesquisador.

RESUmO Em LÍnGUA ESTRAnGEIRA E PALA-VRAS-CHAVES

Essa parte, obrigatória no trabalho, segue as mesmas especificações para o resumo em língua portuguesa e palavras-chaves. Não é necessária nova elaboração, mas a tradução literal do texto e das palavras-chaves.


Importante: caso você não faça traduções em língua estrangeira, procure profissional ha-bilitado para tal e o atente para a fidelidade na tradução de modo a não comprometer o seu resumo. Evite as traduções pelas ferramentas on line, porque não são seguras. Outra obser-vação importante: às vezes os termos em língua estrangeira não correspondem aos nossos, po-dendo fazer distorções sérias. Por exemplo: não se usa a expressão menor, desde a ECA e sim Criança e Adolescente. Observe, portanto, se o tradutor não colocou a expressão em desuso.

LISTAS

As listas são obrigatórias caso o pesqui-sador faça uso de siglas, quadros ou gráficos.

SUmÁRIO

Para elaborar o sumário você deverá consi-derar o objetivo geral e os objetivos específicos estabelecidos no projeto de pesquisa, pois os objetivos no projeto correspondem àquilo que eu quero atingir com a pesquisa, o que eu quero desvendar. O TCC é a apresentação dos resulta-dos que obtive com a investigação realizada. O tópico 3.4. exemplifica essa orientação.


TEXTO: CAPÍTULOS E SUBTÍTULOS

Para a elaboração do texto, considerar:

1. Capítulo teórico2.Capítulo relativo às especificidades da

pesquisa. Normalmente nesse segundo capítu-lo o pesquisador o esmiúça em subtópicos que compreenderão os objetivos específicos presen-tes no projeto de pesquisa.

REFERÊnCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aqui o pesquisador irá listar todos os autores utilizados em sua elaboração a partir de livros, revistas, periódicos, etc, seguindo as normas da ABNT.

APÊndICES E/OU AnEXOS

Apêndices correspondem a tudo que é de pertencimento do pesquisador. Por exemplo: ro-teiro de entrevista, ou um artigo que queira usar a fim de indicar uma leitura complementar, etc. Anexos são elaborações de outrem. Por exemplo: matérias de jornais que servem para ilustrar o tema pesquisado.

FOLHA dE GUARdA

Folha em branco que fecha o trabalho.



Para visualização da exposição anterior, sugerimos a leitura do manual de monografia da UNIT e de GIL por trazerem pertinentes informações sobre o tópico estudado.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pes-quisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.cap. 19, tópicos 19.1 e 19.2..

UNIT. manual de monografia da Unit. Disponível em: <http://www.unit.br/downloads/manuais/Mono-grafia.pdf>. Acesso em: 04 de maio de 2012.

PARA REFLETIR

Após leitura do tópico 3.3. reflita sobre a elabora-ção técnica do tcc e argumente com os seus cole-gas acerca dos cuidados que precisam ser tomados nesse momento. Ou seja, pense sobre a seguinte questão: por que e para que é necessário seguir procedimentos técnicos no processo de finalização do trabalho de conclusão de curso?


3.4 O sumário e a linguagem técnica do TCC

O trabalho de conclusão de curso correspon-de a uma elaboração teórica feita pelo pesquisador ao término do seu processo investigativo. Nele o pesquisador deverá apresentar os resultados obti-dos com a pesquisa desenvolvida. Estes resultados estão diretamente relacionados às questões que nortearam a pesquisa (componentes da formulação do problema) e demonstradas nos objetivos apre-sentados.

Nesse tópico falaremos sobre a construção do sumário do tcc e da linguagem que deve estar presente no decorrer de todo o trabalho.

O sumário é, segundo o dicionário da língua portuguesa,

Resumido, breve, sintético. Re-

sumo. Relação dos títulos das

seções, partes ou capítulos de

uma obra, na ordem em que se

sucedem (FERREIRA, 2008, 756).

Assim, sumariar significa expor de maneira resumida, através de títulos, tudo o que o leitor vai encontrar no corpo do trabalho.

São elementos que devem compor o sumário do tcc:

1. INTRODUÇÃO

2.TÍTULO dO CAPÍTULO25

3.TÍTULO DO CAPÍTULO26

4.SUBTÍTULO

5.ITEM

25 O 1º capítulo pode ser formulado com subtítulos e subitens, porém sugerimos que quanto menos subdivisões nessa primeira parte do trabalho, melhor, porque se evita a fragmentação ou a repetição de conteú-dos e discussões

26 A quantidade de capítulos presentes no tcc fica a critério do pesquisador, porém, entendemos que dois capítulos são suficientes para o porte do trabalho final de graduação.


6.CONCLUSÕES

7.REFERÊNCIAS

8.GLOSSÁRIO

9.APÊNDICE(S)E/OU ANEXO(S)

Essa estrutura é adotada pela UNIT; dessa forma, é ela que você deverá considerar na sua formulação a fim de cumprir a normatização técnica da IES27.

A partir dessas observações preliminares, daremos uma dica para a formulação do sumário, considerando os exemplos de tema, formulação do problema e objetivos que demos nos conteúdos anteriores. Eles devem ser fundamentalmente con-siderados a fim de que o pesquisador proceda às respostas relativas ao projeto de pesquisa. Observe:

Tema e delimitação do Tema (e título do projeto)“SERVIÇO SOCIAL NA ESCOLA: AS ESPECIFICI-

DADES DE ARACAJU/SE”

Objetivo Geral: Analisar a atuação profissional do Assistente Social em escolas privadas de Aracaju/SE.

Objetivos Específicos:• Compreender as razões que justificam o

trabalho do Assistente Social nas escolas privadas de Aracaju/SE.

• Apreender quais são as atribuições do As-sistente Social no âmbito escolar.

• Identificar qual o instrumental utilizado pelo Assistente Social nas escolas.

27 Instituição de Ensino Superior.


• Verificar como as ações são desenvolvidas pelos assistentes sociais junto à equipe técnica das escolas (de maneira discipli-nar, multidisciplinar ou interdisciplinar.

• Identificar se o Assistente Social tem realizado práticas contributivas para o desenvolvimento de um projeto político-pedagógico em sintonia com os dispositi-vos do Código de Ética Profissional.

No sumário, deve o pesquisador elaborar tí-tulos que correspondam aos enunciados anteriores, ficando, portanto, assim:

1. INTRODUÇÃO

2.PRIMEIRASPALAVRASACERCADOSERVIÇOSOCIAL nA EdUCAçãO28

3.A ATUAçãO PROFISSIOnAL dO ASSISTEnTE SOCIALEMESCOLASPRIVADASDEARACAJU/SE.29

3.1 As atribuições do Assistente Social no âmbito escolar.30

3.2 O instrumental utilizado pelo Assistente Social nas escolas.

3.3 As ações são desenvolvidas pelos assis-tentes sociais junto à equipe técnica das escolas.

3.4 O Serviço Social na escola e sua relação projeto político-pedagógico e com Código de Ética Profissional.

4.Conclusões

REFERÊNCIAS

GLOSSÁRIO

APÊNDICE(S)E/OU ANEXO(S)

28 Esse capítulo deve fazer uma discussão teórica sobre o tema em pauta.

29 Esse capítulo corresponde às especificidades da pesquisa apresen-tada. O título geral é semelhante ao objetivo geral.

30 Os subtópicos correspondem aos objetivos específicos.


Ressaltamos, em tempo, que você poderá usar a sua criatividade no momento de nomeação dos títulos e subtítulos, porém realizando-os em conformidade com o projeto de pesquisa. Afinal, no tcc o pesquisador OBRIGATORIAMENTE deve res-ponder às inquietações e questionamentos feitos no projeto.

Sugerimos que você compare o título e os objetivos explicitados com a formulação apresenta-da no sumário para que tenha a dimensão da sua importância e elaboração.

Como o TCC é um documento técnico-científi-co, deve fugir de elaborações que velem pelo senso comum. Faremos, portanto, algumas observações que consideramos importantes no sentido de cha-mar a atenção para alguns cuidados que o pesqui-sador deve tomar no tocante à linguagem expressa:

• Usar linguagem clara e objetiva: com ela o pesquisador evita uma dupla interpre-tação, por exemplo, de sua proposta de estudo.

• A linguagem deve primar contra as gí-rias, estrangeirismos, linguagem vulgar ou a chamada “pomposidade pretensio-sa” - que significa o uso de construções eruditas, rebuscadas, de difícil leitura e interpretação. O estilo a ser desenvolvi-do deve ser simples, porém segundo os padrões e rigores da nossa língua e das normas técnicas.

• O texto deve apresentar ideias concate-nadas, sistematicamente organizadas. Assim, o pesquisador dá fluidez a sua discussão, de modo que será facilitada


a sua compreensão. O pesquisador não deve “ir e voltar” nos conteúdos, mas sempre começar uma ideia, discuti-la e arrematá-la; depois, mudar de assunto, embora todos devam ter integração, arti-culação entre si.

• Além dos elementos técnicos e metodo-lógicos, ressaltamos que o pesquisador, ao escrever um projeto de pesquisa, tam-bém deve estar atento às questões or-tográficas e gramaticais. Um texto limpo, correto, com concordância aplicada ade-quadamente e com objetividade é essen-cial no processo em pauta.

Não devemos perder de vista o rigor teórico, técnico, metodológico e ético, necessários na/para elaboração de um projeto de pesquisa, pois:

• Com o rigor teórico o pesquisador se apoia na literatura científica, confirmando-a ou negando-a a partir da coleta de dados por ele realizada; a colocação da base teórica adequada permite ao pesquisador expli-car os fatos ou acontecimentos presentes na realidade; a literatura serve, ainda, no momento de confrontar os resultados ob-tidos com a pesquisa, ou seja, o pesqui-sador tem em mãos respostas dadas por outras pesquisas e a teorização sobre os temas, podendo identificar o que mudou, o que permanece na realidade, tomando como parâmetro textos científicos já dis-ponibilizados e de domínio público.


• O rigor técnico permite ao pesquisador fazer uso de instrumentos capazes da capturar da realidade estudada os seus nexos, potencialidades e fragilidades.

• Já no tocante ao rigor metodológico, pontuamos que o passo a passo a ser dado na pesquisa precisa estar presente no texto e de maneira clara e objetiva determinar a concepção metodológica do pesquisador, bem como o local da pes-quisa, o tipo de pesquisa a ser realiza-da, quem serão os sujeitos da pesquisa, quem compõe o universo e a amostra da pesquisa.

O aspecto metodológico indica, ainda, cate-gorias de análise, critérios para inclusão e exclusão dos sujeitos na pesquisa, etc.

• Realçamos que implicitamente relaciona-do aos aspectos mencionados temos o rigor ético que deve nortear toda a pes-quisa. O conteúdo ético resguarda os sujeitos da pesquisa e instituições en-volvidas em todos os sentidos, mas tam-bém deve assegurar que o pesquisador realizará sua investigação e relatório final seguindo todas as determinações éticas, como veracidade das informações, confi-dencialidade, sigilo, fidedignidade ao que foi dito, citações corretamente colocadas, dentre outros aspectos.


Concluímos esse tópico ressaltando que um tcc possui em sua estrutura:

• Elementos pré-textuais (capa, folha de rosto, epígrafe, agradecimentos, etc).

• Elementos textuais (o conteúdo discutido através dos capítulos e suas subdivisões).

• Elementos pós-textuais (bibliografia, anexos, etc).

A próxima discussão está relacionada à cons-trução do referencial teórico no TCC.


A fim de que você aprofunde o seu conhecimento sobre a linguagem técnica o sumário, sugerimos que complemente a sua leitura a partir dos autores Andrade e Severino, respectivamente, uma vez que são autores de gabarito no âmbito da metodologia científica. Desse modo, você disporá de conteúdo suficiente para a sua elaboração pessoal.

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à meto-dologia do trabalho científico: elaboração de traba-lhos na graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.Cap. 08.

SEVERINO, Antônio Joaquim. metodologia do traba-lho científico. 21.ed. ver. e ampl. São Paulo: Cortez, 2000. Cap. 3, tópico 3.1.


PARA REFLETIR

Após cuidadosa leitura do tópico 3.4. reflita e argu-mente acerca da seguinte questão: porque antes de elaborar o sumário do seu tcc, você precisa retomar os objetivos presentes no seu projeto de pesquisa? Conversem com os seus colegas e discutam sobre tal formulação.

RESUmO

Com o tema 3 discutimos acerca do TCC. Para tal, vimos o seu conceito e tipos, a sua estruturação, temas que vêm sendo discutidos no âmbito da profissão, sobre o sumário e a linguagem técnica necessária para uma consistente e coerente elabo-ração de trabalho com caráter científico.

Diante do exposto, ressaltamos que existem formas variadas de se elaborar um trabalho final na gra-duação (artigo, monografia, a exemplo) e a sua de-finição está atrelada às Diretrizes Curriculares dos Cursos. Importa dizer que em qualquer modalidade os rigores teórico-metodológicos e éticos devem estar cuidadosamente apresentados.

No tocante à elaboração do sumário do trabalho de conclusão de curso, ressaltamos que o mesmo deve ser definido considerando os objetivos que o pesquisador tinha ao escrever o projeto de pesqui-sa. Ora, se o projeto é um mapeamento que o pes-quisador faz explicitando todas as suas inquietações


e questionamentos que buscará responder com a pesquisa, o tcc é o texto que apresenta as respos-tas às indagações formuladas. Assim, o pesquisa-dor precisa ficar atento para formular capítulos e subtópicos que atentem para a lógica e a continui-dade que deve existir entre projeto e tcc.Por fim, a linguagem técnica não deve ser deixada como secundária, pois a linguagem vulgar, cheia de estrangeirismos, etc, pode ser adequada na nossa vivência cotidiana pessoal, mas nunca profissional e científica.

Com a observância desses aspectos, certamente o trabalho de conclusão de curso demonstrará a re-levância do tema estudado e as suas contribuições para a sociedade em geral.

Produção do Conhecimento e Serviço Social4

4.1 Não ao plágio!

A elaboração do trabalho de conclusão de curso deve ser: cui-dadosa, rigorosa, coerente, consistente, construída de maneira sis-temática e organizada, apresentando o conhecimento obtido pelo pesquisador, conforme as orientações técnicas. Entretanto, afirmamos que a magnitude do trabalho não pode ficar circunscrita ao aparato teórico, técnico e metodológico. Esse processo deve ser todo perpas-sado pelo conteúdo ético.

Ética, segundo Valls (1994, p.7)

[...] é entendida como um estudo ou uma reflexão,

científica ou filosófica, e eventualmente até teológica,

sobre os costumes ou sobre as ações humanas. Mas

também chamamos de ética a própria vida, quando

conforme aos costumes, e pode ser a própria reali-

zação de um tipo de comportamento (grifos nossos).

Assim, no tocante à elaboração científica, podemos considerar que é ético tudo aquilo que envolve o pensamento e o uso adequado dos estudos e pesquisas. Logo, se a ética está relacionada à confor-midade dos costumes, terá o trabalho que primar pela consolidação do que é instituído eticamente.


O debate ético prima por duas dimensões: a primeira está vinculada à pesquisa em si, desde a elaboração do projeto de pesquisa até a coleta e análise dos dados e, a segunda, vinculada à elabo-ração da comunicação31 dos resultados da pesquisa, seja no tcc, ou dissertação de mestrado ou tese de doutorado. Ou seja, são aspectos que precisam ser considerados:

• A elaboração de um projeto próprio, sem que se copiem as ideias de outro pesqui-sador.

• A manutenção do sigilo e da fidedignida-de em relação aos dados obtidos com a pesquisa.

• A preservação dos sujeitos envolvidos com a pesquisa no processo investigativo.

• O retorno social dos estudos e pesquisas realizados.

• Por fim, a elaboração final do trabalho preservando-se as corretas citações dos autores que lhe deram fundamentação.

Ressaltadas essas ponderações, podemos tratar da questão do plágio que tem sido recor-rente no processo de elaboração de trabalhos de conclusão de curso e que devem ser observados e punidos rigorosamente.

Vejamos: o que é plágio?

O plágio acadêmico se con-

figura quando um aluno retira,

seja de livros ou da Internet,

ideias, conceitos ou frases de

31 Ou outras formas, como artigo, por exemplo.

117Tema 4 | Produção do conhecimento e serviço social

outro autor (que as formulou

e as publicou), sem lhe dar

o devido crédito, sem citá-

lo como fonte de pesquisa.

Trata-se de uma violação dos

direitos autorais de outrem.

Isso tem implicações cíveis

e penais. E o “desconheci-

mento da lei” não serve de

desculpa, pois a lei é pública

e explícita. Na universidade,

o que se espera dos alunos é

que estes se capacitem tanto

técnica como teoricamente.

Que sejam capazes de refletir

sobre sua profissão, a partir

da leitura e compreensão dos

autores da sua área. Faz parte

da formação dos alunos que

estes sejam capazes de articu-

lar as ideias desses autores de

referência com as suas própri-

as ideias. (IACS, 2012, p. 2).

O plágio pode ser de um trabalho inteiro ou de partes dele, mesmo com o uso de “poucos32” parágrafos.

Ainda segundo a Cartilha sobre plágio aca-dêmico, o Código Penal Brasileiro dispõe acerca do Crime contra o Direito Autoral, nos Artigos 7, 22, 24, 33, 101 a 110, 184 a 186.Portanto,

Plágio é Crime!

O plágio, queremos ressaltar, não se dá ape-nas em relação às produções teóricas realizadas na

32 Não importa a quantidade, mas a cópia em si.


academia, nas universidades, elas podem existir no campo da literatura (fictícia, romances, etc), na mú-sica, nas artes de um maneira geral, como cópia de pinturas em telas, ou fotografias. Assim, caso você faça uso de figuras, fotografias, letras de música, cite devidamente os autores de tais obras.

Dentro desse contexto, sinalizamos alguns cuidados para que o plágio seja eliminado:

• Ao realizar leitura e fichamento de textos, faça a correta indicação do autor lido, seguindo as normas técnicas a seguir:

Observação:

Sobrenome do autor, nome do autor. Tí-tulo do livro e subtítulo, se houver. Edi-ção, local e data de publicação. A ficha catalográfica presente no livro pode e deve ser usada.

• Quando o fichamento não for de resumo, mas de citações, coloque a página onde se encontra o pensamento, o conceito do autor, além da observação anterior. Assim, quando você for substanciar a sua discus-são já terá as informações preparadas.

• Não importa o quanto de citações você use, importa que elas sejam nomeadas.

• Elabore você mesmo o seu trabalho. Quando se tem a facilidade de adquirir um produto de produção intelectual de outrem, desconfie que esse facilitador pode se valer de plágio, pois é mais fácil a elaboração.


Já que ele não tem compromisso ético – acei-tando fazer por outro o trabalho encomendado - também não terá o compromisso de construir um trabalho original e com todos os rigores já descritos.

Tenha em mente os dizeres de Azevedo ao in-troduzir o seu livro “O prazer da produção científica”, de 2001, Todo prazer tem o seu preço:

Não cobiçarás o tema do teu

próximo, porque a grama do

jardim do teu vizinho não é

mais verde [...]. Não investigarás

tema sem fonte, porque a tua

tarefa é fazer os dois se comuni-

carem [...]. Não menosprezarás

as normas, a menos que preten-

das transformá-las. Não te jul-

garás incompetente porque não

o és, até prova em contrário.

Não escreverás uma obra-prima,

a menos que estejas maduro

para produzi-la.Não farás uma

colcha de retalhos, porque és

capaz de um trabalho verdadei-

ramente intelectual. Não igno-

rarás os teus leitores, a menos

que te aches mais importante do

que eles (AZEVEDO, 2001, p.7)

Essas são sábias considerações.Caso o aluno/pesquisador insista em elaborar

o seu trabalho de conclusão de curso desconside-rando as informações anteriormente expostas, se descoberta a sua fraude, ele:

• Será reprovado na disciplina, cujo trabalho de conclusão de curso é uma exigência.


• Ser submetido à Comissão Disciplinar da Universidade.

• Ser processado civil e criminalmente, po-dendo pegar de três meses a um ano de reclusão, ou multa.

Portanto, não se deixe levar pelas facilidades encontradas hoje, quer através da prestação de ser-viços por parte de pessoas antiéticas, pela diversi-dade de textos e artigos disponíveis na internet, ou mesmo pela leitura que você faz da sua (in) com-petência. Prime pela lisura, pela verdade. Elabore aquilo que estiver ao seu alcance e conte com o seu orientador. É ele a pessoa mais próxima e capaci-tada para orientá-lo, tornando mais tranquilo o seu caminho para a construção do seu trabalho de cará-ter teórico, técnico-metodológico e ético-político, tal como os princípios da nossa profissão.


A fim de inteirá-lo acerca das normas que cercam a elaboração do trabalho de conclusão de curso, suge-rimos que você leia cuidadosamente a Cartilha sobre plágio acadêmico e também um texto de Rabelo. Ambos têm importância ímpar por fazer com que o aluno pesquisador não se descuide eticamente da sua elaboração teórica.

IACS. nem tudo que parece é: entenda o que é plá-gio. Disponível em: <http://www.cecc.eng.ufmg.br/cartilha_sobre_plagio_academico.pdf>. Acessado em: 05 de julho de 2012.


RABELO, Camila. Ideias roubadas. Disponível em: <http://www.secom.unb.br/unbagencia/ag0706-27.htm>. Acesso em 04 de junho de 2012.

PARA REFLETIR

Considerando a importância da elaboração do tra-balho de conclusão de curso no Serviço Social e diante do compromisso ético que estabelecemos na nossa profissão em todas as dimensões: sociais, políticas, culturais, na formação e na prática profis-sional, reflita sobre os aspectos que podem levar o aluno/pesquisador a lançar mão do plágio. Depois converse com os seus colegas e definam as estra-tégias para que se evite o uso indevido desse ato tão condenado socialmente e no meio acadêmico.

4.2 A construção do referencial teórico no TCC

Quando falamos sobre a construção do refe-rencial teórico do tcc, estamos tratando da elabo-ração da fundamentação teórica do trabalho feita a partir de cuidadosa revisão bibliográfica em torno do tema pesquisado. Lembramos que não devem ser considerados nessa seção apenas autores com a mesma base de pensamento. Ou seja, o pesqui-sador pode fazer uso de autores cujos pensamen-tos sejam dissonantes, porém, é imprescindível que o mesmo deixe claro quais são os seus princípios e posturas frente às colocações apresentadas. Com isso, demonstra os diversos posicionamentos existentes


sobre o tema, contribuindo para que o leitor possa avaliar a questão a partir de suas variadas inter-pretações.

No processo de elaboração da fundamentação teórica do trabalho é muito comum que o pesquisa-dor faça uso exclusivo(ou em sua maioria) de livros publicados sobre a temática e esse procedimento, afirmamos, deve ser evitado. O uso de livros exclu-sivamente faz com que o pesquisador muitas vezes não tenha acesso ao debate atualizado. Com isso, queremos dizer que o pesquisador ao escrever o seu trabalho de conclusão de curso deve considerar todo o acervo disponível para consulta e, assim, pesqui-se em livros, revistas, periódicos, jornais, bibliotecas virtuais e nos sítios eletrônicos33.

O uso das outras referências citadas, para além dos livros ocorre porque as revistas e peri-ódicos publicam artigos resultantes de pesquisas recentemente realizadas, o que demonstra a atua-lização do tema enfocado. Os livros, por sua vez, podem apenas ser reedições, sem acréscimos ou ampliação. Por exemplo, é comum termos um livro cuja primeira publicação ocorreu em 1980 e termos em reedição o mesmo livro datado de 2012.

Diante do exposto, queremos concluir que:

a) A fundamentação teórica serve de aporte, de fundamento, para que o pesquisador compare os dados existentes com os resultantes de sua pesquisa.

b) Com a revisão bibliográfica identificamos o estado da arte da temática pesquisada.

c) A pesquisa bibliográfica deve ser feita em livros, revistas, periódicos, internet, etc.

33 Desde que sejam esses sites confiáveis.


d) Para que não fique dúvida, ressaltamos que os livros têm importância ímpar: tan-to pelo seu caráter histórico quanto pela existência de publicações recentes sobre o tema ou temas a ele correlatos importan-tes de serem considerados pelo pesquisa-dor em seus escritos.

e) Para além dos livros, as outras referências são fundamentais por serem resultado de estudos e pesquisas realizados também na atualidade.

f ) Por fim, é preconceituoso e antiquado con-siderar como relevante apenas as obras editadas em livros.

Assim, reforça Mazzotti (2006, p. 28) que

Sempre que houver revisões

de bibliografia recentes e de

boa qualidade sobre o tema

é conveniente começar por

elas e, a partir delas, iden-

tificar estudos que, por seu

impacto na área, e/ou maior

proximidade com o problema

a ser estudado, devam ser ob-

jeto de análise mais profunda.

Outro aspecto que merece o nosso destaque é relativo às categorias que deverão ser explora-das no texto cuja elaboração fundamenta o estudo. Assim, é conveniente relembrar que na seção me-todologia do projeto de pesquisa, o pesquisador definiu as suas categorias de análise, bem como as palavras-chave que compreendem o seu estudo.


Dessa forma, deverá a fundamentação teórica partir delas, sendo essas aprofundadas em seu estudo. Aqui, outras questões se impõem:

• Na elaboração da fundamentação teórica deverão ser utilizados textos de livros, artigos, etc., bem como legislações, có-digos, etc., porque ajudam na compreen-são do tema.Por exemplo: falamos sobre gravidez na adolescência. Os textos nos remetem à compreensão do que é gravi-dez, o que é adolescência, quais as im-plicações sociais, econômicas, na educa-ção, etc., que podem existir para a jovem que engravida, dentre outros aspectos. Na legislação e nas políticas buscamos a compreensão dos dispositivos legais e políticos existentes em relação ao tema. Portanto, o tipo de tratamento a ser dis-pensado à menina grávida à sua família, dispõe sobre os direitos a ela garantidos dada a sua condição peculiar de desen-volvimento34, etc.

• A fundamentação teórica poderá ser cons-truída no decorrer de todo o tcc. Sobre esse último aspecto, falaremos um pouco mais.

O tcc pode ser elaborado, fundamentalmen-te, de duas maneiras: uma, mais clássica, e outra, mais moderna, mais contemporânea. A primeira, assim divide o trabalho:

1. INTRODUÇÃO2.CAPÍTULO TEÓRICO3.CAPÍTULO REFERENTE À PESQUISA4.CONCLUSÕES, ETC.

34 Expressão defi-nida no ECA para afirmar que criança e adolescente são diferentes, possuem especificidades e, portanto, tratamento distinto dos adultos.


Nesse sentido, há um recorte entre teoria e pesquisa e corre o pesquisador o risco de separar o indissociável binômio: teoria/prática.

O segundo formato discutirá o tema teorica-mente e a pesquisa no decorrer de todo o trabalho, mantendo de maneira mais marcante a indissocia-bilidade teoria e prática (revelada com a pesquisa).

A opção pelo primeiro modelo converte-se pela sua maior facilidade, já que o pesquisador se preocupará inicialmente com a literatura e depois em apresentar os resultados de sua pesquisa.

Em relação à segunda abordagem o pesqui-sador trabalha na seguinte ordem:

• Apresenta o seu tema, os seus objetivos e inquietações.

• Expõe os dados da literatura e ao fazê-lo já apresenta também os seus dados, dis-cutindo os seus resultados. Isso, exempli-ficado rapidamente, seria:

“Essa pesquisa teve como objetivo precípuo analisar a prática profissional do assistente social no espaço escolar em Aracaju/Sergipe.

Segundo o autor fulano de tal (2001) o Ser-viço Social no âmbito escolar no Brasil teve início nos anos 1970, diante da eclosão e desenvolvimen-to dos movimentos sociais, com o objetivo de [...] Em Aracaju, o surgimento de nossa profissão data de [...], com o objetivo de [...], sendo atribuições do assistente social [...]

Diante do exposto vemos que “tantas” déca-

das separam as duas realidades [....]”


Ou seja, dados da literatura e da realidade

estudada são apresentados e discutidos concomi-

tantemente, sendo possível imediatamente apre-sentar as consonâncias e dissonâncias, os aspectos positivos e negativos de cada realidade, etc. Infor-mamos, porém, que não existe “a forma correta”, mas formas diversas de elaboração, ficando a cargo de o pesquisador escolher a que melhor lhe convier.

Como forma de aprofundar a discussão do tema pesquisado no tcc, deve o pesquisador além de ver a literatura especializada, também estabe-lecer a conexão da sua exposição com o Serviço Social, demonstrando como o tema é discutido no âmbito profissional, esteja este relacionado à for-mação e/ou à prática profissional. Dessa forma, o pesquisador aponta para a relevância da discussão apresentada para a profissão.

Como forma de relacionar o tema pesqui-sado com o Serviço Social é importante que o pesquisador não deixe de lado os conhecimentos específicos advindos no processo ensino-apren-dizagem. Ou seja, nas disciplinas específicas da profissão:Introdução ao Serviço Social, FHTM´s, Processo de Trabalho, Pesquisa em Serviço Social, Instrumentos e Técnicas, Tópicos Especiais em Ser-viço Social, em Questão Social e nos Fundamentos do Serviço Social, dentre outras.Também foque o seu estudo a partir das disciplinas gerais que dão suporte à formação, como, por exemplo:Sociologia, Antropologia, Filosofia, Economia e Ciência Política.

Certamente, o uso das disciplinas favorecerá o olhar mais apurado, diversificado e aprofundado do pesquisador sobre a pesquisa.

Por fim, sugerimos alguns sites e revistas co-mumente utilizadas no Serviço Social e que podem servir para a fundamentação teórica da pesquisa. A exposição abaixo, ressaltamos, se deve ao fato de serem sites confiáveis:


- HTTP://www.abepss.org.br – Associação Brasi-leira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social.

-HTTP://www.educacenso.inep.gov.br - Institu-to Nacional de Estudos e Pesquisas Educa-cionais.

- HTTP://www.enesso.xpg.com.br/ - Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social.

- HTTP://www.e-revista.unioeste.br – Universi-dade Estadual do Oeste do Paraná.

- HTTP://www.portal.ufpa.br/ - Universidade Federal do Pará.

- HTTP://www.mundojovem.pucrs.br/jornais

- Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul.

- HTTP://www.fflch.usp.br– Faculdade de Filo-sofia, Letras e Ciências Humanas da Univer-sidade de São Paulo.

- HTTP:// www.ipea.gov.br – Instituto de Pes-quisa Econômica Aplicada.

- HTTP:// www.ibge.gov.br – Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística.- HTTP://pe-riodicos.ufes.br/temporalis - Revista on-line.



Para reforçar a sua aprendizagem sobre os temas apresentados, leia:

BOURGUIGNON, Jussara Ayres. A particularidade histórica da pesquisa no Serviço Social. São Paulo: Veras, 2008. Cap. 2.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhe-cimento em saúde. 8. ed. São Paulo: Hucitec, 2004.

Ressaltamos que as obras sugeridas são fundamen-tais para o seu estudo, uma vez que proporcionam o aprofundamento das discussões por nós apresen-tadas no tópico 4.2.

PARA REFLETIR

Com base na leitura realizada, reflita porque afir-mamos acerca da importância da leitura de livros, revistas, periódicos e sites confiáveis, no momento de elaboração da fundamentação teórica do TCC. Converse com seus colegas e veja os apontamen-tos feitos por cada um.


4.3 Preparação para a coleta de dados

Um momento de extrema importância na ela-boração do trabalho de conclusão de curso e que merece rigoroso cuidado é o da coleta de dados, tendo em vista que através dele a monografia toma o seu contorno atendendo ao dispositivo da produ-ção de conhecimento com caráter científico.

Para a coleta de dados o pesquisador deve planejar o seu passo a passo a fim de não incorrer em erros no processo investigativo, como:

• Não acesso às fontes de pesquisa.

• Pouco aprofundamento dos dados. • Perda de tempo e não atendimento aos

objetivos da pesquisa.

Dessa forma o pesquisador deve compatibilizar os objetivos de sua pesquisa com o instrumental teórico-metodológico e técnico definido para a sua investigação.

Ou seja, o pesquisador deve verificar o que intenta responder e de que maneira obterá as res-postas dos sujeitos de sua pesquisa, ou caso a sua pesquisa tenha o caráter bibliográfico ou documen-tal, pensar como apreenderá todas as informações necessárias.

Assim, as técnicas da observação, da entre-vista, dos grupos focais, do questionário, da pes-quisa bibliográfica e documental (comumente usa-das no Serviço Social) precisarão ser trabalhadas.

Para observar, o pesquisador precisa definir tudo o que ele pretende “olhar” de maneira mais acurada. Assim, o pesquisador simplesmente não pode chegar no seu lócus de pesquisa, mas se


inserir na realidade com a clareza daquilo que ele deseja desvendar. O primeiro passo para a apreen-são das informações desejadas é a elaboração de um roteiro e esse deve conter as questões nortea-doras para o pesquisador se guiar. Exemplo:

Tema: gravidez na adolescência: um estudo na Unidade Básica de Saúde Fernando Pessoa.

Objetivo Geral: analisar as ações desenvol-vidas pela unidade de saúde junto ao público adolescente.

Roteiro de Observação:

1. Como chegam as adolescentes ao serviço de saúde: sozinhas, acompanhadas pela família, pelo companheiro, etc.?

2. Como é o acolhimento por parte dos pro-fissionais?

3. Como é o relacionamento entre adoles-centes e profissionais; cordial, formal?

4. Quanto tempo dura a permanência das adolescentes?

5. No desenvolvimento das ações como as adolescentes participam: interagem, são tímidas, etc?

Assim, é necessário observar como as pesso-as se relacionam, o seu gestual, como se compor-tam na presença do pesquisador, se as atividades são repetitivas, observar as reações. A observação prescinde, pois, de um roteiro acerca daquilo que será identificado e fazer anotações sobre o que percebeu através “do não dito35” é fundamental.

35 A observação permite colher informações nem sempre ditas em entrevista devido a medos, restrições, tabus, etc.


Para a realização da entrevista, também é necessário ao pesquisador elaborar perguntas que serão feitas. Essas perguntas devem correspon-der impreterivelmente aos objetivos da pesquisa, às perguntas formuladas na problematização do projeto. Exemplo:

Observe atentamente os objetivos específicos presentes no projeto de pesquisa:

• Apreender o que é o abrigo na concepção do estudante do curso de Serviço Social da Universidade Tiradentes.

• Identificar como os aspectos sociais, eco-nômicos, políticos, culturais e ideológicos definem o abrigo e o seu desenvolvimento.

• Verificar se o Estado cumpre o seu papel político efetivamente no trato da criança e do adolescente com a medida protetiva do abrigo.

No roteiro de entrevista deveremos elaborar perguntas de modo que esses objetivos sejam atendidos. Exemplo:

• O que é o abrigo na concepção do estu-dante do curso de Serviço Social da Uni-versidade Tiradentes?

• Como os aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais e ideológicos definem o abrigo e o seu desenvolvimento?

• Na sua concepção o Estado cumpre o seu papel político efetivamente no trato da criança e do adolescente com a medida protetiva do abrigo?


Outras questões para caracterização poderão ser acrescentadas ao roteiro, como idade, escolari-dade, local de moradia, etc.

No tocante ao questionário, lembramos que as perguntas nele contidas também devem ser di-retamente relacionadas ao objeto de estudo, não esquecendo o pesquisador de formulá-las conside-rando os seus objetivos.

ImPORTAnTE:O questionário é comumente usado como facilitador da pesquisa, uma vez que o pesquisador pode deixá-lo e reco-lhê-lo depois. Dessa forma, as questões tendem a ser objetivas de modo que não haja dúvidas por parte dos informantes no tocante às formulações feitas.Assim, os objetivos devem ser atendi-dos na formulação dos questionamentos através de questionamentos claros.

Antes da realização da entrevista através de grupos focais, o pesquisador deverá:

• Confirmar a presença de todos.

• Organizar o local onde a reunião ocorrerá, de modo que seja tranquilo, arejado, pro-mova a fala dos participantes de maneira sigilosa e livre, além de espaçosa e com luminosidade suficiente para garantir a segurança de todos.

• Formular as questões que deverão ser debatidas pelo grupo antecipadamente, considerando os objetivos da pesquisa.


Para a pesquisa bibliográfica o pesquisador deverá fazer cuidadoso levantamento do tema pes-quisado em:

•Livros.•Revistaseperiódicos.•Internet.•Anaisdeeventoscientíficos.

As referências deverão ser coletadas em bi-bliotecas, no acervo pessoal do pesquisar, em se-tores de coleções especiais (como de tcc´s, dis-sertações de mestrado, etc) e por indicação de estudiosos da área. Mesmo em se tratando de pes-quisa que não envolve seres humanos diretamente, um roteiro prévio dos temas, categorias analíticas que deverão ser pesquisados deverá ser formulado.

Por fim, no tocante à pesquisa documental, o pesquisador deverá elaborar documento solicitan-do formalmente todo o material necessitado para a fundamentação do estudo. Só após a confirmação é que o pesquisador poderá acessar aos documen-tos pretendidos.

Ressaltamos que os registros oficiais pesqui-sados devem estar em consonância com os dispo-sitivos definidos no projeto de pesquisa.

UmA dICA ImPORTAnTE:Liste todos os documentos que precisará consultar e os locais onde se encontram a fim de se evitar a ida várias vezes ao mesmo local para complementar as infor-mações desejadas.

Como é possível verificar, para que haja êxito no processo investigativo, o pesquisador precisa de planejamento, de organização. Com isso, a análise


dos dados será feita tranquilamente e com econo-mia de tempo.


Como forma de aprofundamento do tema estudado no tópico, sugerimos a leitura dos autores Gil e Vergara, uma vez que os mesmos são referência quanto às especificidades do tema tratado no tópi-co 4.3, a saber, acerca dos procedimentos metodo-lógicos para coleta de dados de pesquisa.

Gil, Antônio Carlos. métodos e técnicas de pesquisa social. Cap. 09 a 15. 6. ed. 4. Reimpr. São Paulo: Atlas, 2011.

VERGARA, Sylvia Constant. métodos de Coleta de dados no Campo. São Paulo: Atlas, 2008.

PARA REFLETIR

Para coletar dados é necessário ao pesquisador planejamento. Isto posto, reflita sobre o que preci-sa ser feito por ele para que sejam evitados percal-ços no processo investigativo e sobre a importância desse momento para o êxito do trabalho proposto.


4.4 À guisa de conclusões

Propomos fazer no tópico 4.4. algumas refle-xões acerca do processo investigativo no Serviço Social sobre a elaboração do projeto de pesquisa e da importância da cuidadosa coleta de dados a fim de que a sua análise seja realizada com toda a profundidade que a pesquisa requer.

Dessa forma, queremos que você apreenda acerca da pesquisa os seguintes elementos:

a) Pesquisar é o ato de investigar o mundo, evidenciando as causas constitutivas e determinantes da realidade social.

b) O ato investigativo exige do pesquisador: conhecimento teórico, técnico-metodológico e ético-político, a fim de que a pesquisa não se encerre em si mesma, ou seja, que con-tribua efetivamente para a transformação social.

c) Quando uma pesquisa é realizada o con-fronto de informações ocorre e, assim, cabe ao pesquisador sistematizar essas informações e a partir delas construir co-nhecimento.

d) A pesquisa proporciona, portanto, “ir para além do que está posto”, ir além das apro-priações visíveis e quantificáveis.

e) Qualquer pessoa pode ser pesquisador, desde que sua formação permita e con-temple todo o aparato que a ciência re-quer, a saber: teorias, método, o conhe-cimento apropriado das técnicas e uma


postura ética e de comprometimento com os sujeitos de sua pesquisa. Com isso es-tamos dizendo que a pesquisa não é vir-tude de poucos iluminados. No campo das Ciências Humanas e Sociais a pesquisa também cabe ao Serviço Social.

Estabelecendo-se, pois, uma relação entre pesquisa e Serviço Social, dizemos que:

a) O Serviço Social não é hoje uma profis-são que apenas intervém nas expressões da questão social. Para que a intervenção ocorra de maneira adequada é necessário que o assistente social lance mão da di-mensão investigativa a fim de que conhe-ça e seja capaz de interpretar a realidade e todas as suas nuances no cotidiano no qual está inserido.

b) O Serviço Social pesquisa e produz conhe-cimentos sólidos e esse processo deve ser iniciado já na graduação, cujo investimen-to deve ser dado nas disciplinas, nos pro-jetos institucionais de iniciação científica, no incentivo às publicações e apresenta-ções em eventos científicos que contribu-am fundamentalmente para a consolida-ção da postura investigativa.

c) Para se manter com status acadêmico e científico a nossa profissão precisa ter a consciência da importância da pesquisa e para tal, o projeto de pesquisa e o tcc pre-cisam ser concebidos como partes cons-titutivas e determinantes da formação, mas também deve perpassá-la, portanto


extrapolando os muros das universidades e chegando, consequentemente, nos cam-pos onde se realiza a prática profissional.

d) Cabe ao assistente social a organização do seu tempo e das suas prioridades para que a pesquisa se realize, mesmo que não em tempo integral. As demandas dos usu-ários e das instituições certamente se co-locarão como empecilhos para a realização de pesquisa e elaboração teórica, porém é importante ressaltarmos que o assistente social de hoje deve romper com o prag-matismo ainda reinante na profissão. Assim, confirmamos que não há ninguém melhor (no sentido da legitimidade) para avaliar o Serviço Social e as questões a ele inerentes36 do que o próprio Serviço Social.

Assim, o projeto de pesquisa é fundamental para que o assistente social desenvolva o seu pro-cesso investigativo em sua ampla dimensão. Ou seja,

a) O projeto de pesquisa é o mapeamento que o pesquisador faz dizendo o que pre-tende pesquisar, por que, pra que, como e quando irá pesquisar. Uma pesquisa, em qualquer área, deve ser feita a partir da elaboração do projeto, pois este é uma comunicação oficial à comunidade científica sobre o que se intenta fazer.

b) O estudante de Serviço Social não precisa ter medo da elaboração do projeto e do seu tcc, pois ambos são a sistematização das apreensões por ele feitas no decorrer de sua formação nos bancos das universida-

36 Aqui NÃO assumi-mos que a questão social seja objeto EXCLUSIVO do Serviço Social, mas afirmamos que as suas expressões no tocante aos aspec-tos sociais cabem a nós esclarecer.


des e das experiências vivenciadas, por exemplo, nos campos de estágio.

c) Elaborar um projeto de pesquisa e um tcc requer sim organização, planejamen-to, apropriação da realidade e das teorias que lhe dão contornos, além do cuidado no momento de sua elaboração, preser-vando-se o seu conteúdo ético, porém es-ses elementos devem fazer parte desde os primórdios do curso da vida do aluno (a não ser que ele nunca tenha desejado ou aspirado uma consolidada formação pro-fissional e que tenha simplesmente “pas-sado” pelo curso).

d) O projeto de pesquisa NUNCA deverá ser confundido com o projeto de intervenção, pois são documentos diferentes, de elabo-ração diferenciada e possuidores de obje-tivos também específicos.

e) Sabemos que pela história do Serviço So-cial, voltada à intervenção majoritariamen-te, o projeto de intervenção sempre ficou mais evidenciado, entretanto é imprescin-dível fazer essa desmistificação, para que o uso adequado de cada um ocorra e, por-tanto, o produto de cada um seja obtido com sucesso.

Um bom projeto de pesquisa, elaborado com ideias claras, objetivas, com sólida fundamentação teórico-metodológica, é o primeiro passo que o es-tudante pesquisador dá em busca da produção de conhecimento. Assim:


a) O tcc é o trabalho final do aluno no tocante à sua formação na graduação, porém é o início da sua empreitada rumo à pesquisa nos seus campos de trabalho: seja através da docência, seja na prestação de serviços nos demais espaços sócio-ocupacionais.

b) O trabalho de conclusão de curso, a exem-plo do projeto de pesquisa, deve ser con-cebido com maior naturalidade pelo aluno, não sendo necessários estresses no senti-do de sua elaboração. Para que essa etapa ocorra de modo tranquilo, cabe ao aluno pesquisador a busca pelo apoio na literatu-ra e nos instrumentos que dispomos e no orientador (este existe para assessorá-lo).

c) O tcc prescinde de uma boa coleta de da-dos. Assim, o cumprimento das etapas da pesquisa é fundamental. Ao coletar dados busque se distanciar deles como forma de manter a sua integridade e sensatez. Com uma postura vigilante, o pesquisador evita que seus preconceitos, pré-noções, dentre outros aspectos, influenciem na condução e na análise das informações obtidas, se-jam em pesquisa de campo, ou bibliográfi-ca, ou documental, etc.

Assim, reiteramos a nossa proposta quando da elaboração desse livro, a saber: que fique clara a importância da pesquisa para o Serviço Social, que a nossa argumentação sirva de apoio no mo-mento de construção técnica do seu projeto e nas informações preliminares sobre o seu trabalho de conclusão de curso e, fundamentalmente, que o “so-frimento” não seja figura principal nesse momento,


mas que a produção científica seja prazerosa e se torne, portanto, habitual. Lembre-se: você é um sujeito capaz de pensar, agir, sentir, dono da sua história e, assim, cabe a você (com todos os apoios já citados) a superação das dificuldades relativas ao processo investigativo e a construção coerente e consistente em torno do tema que você decidiu pesquisar.


Para aprofundar o seu conhecimento, sugerimos a leitura dos dois autores abaixo, tendo em vista que os mesmos são referências para a discussão acerca do tema: pesquisa. Dessa forma, você poderá apro-fundar as discussões proferidas nesse tópico.

DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

LUDKE, Menga. O que conta como pesquisa? São Paulo: Cortez, 2009.

PARA REFLETIR

Falamos no decorrer do tópico 4.4. sobre a impor-tância da pesquisa, do projeto de pesquisa e do tcc para a sua formação e para sua futura prática profissional. Isto posto, queremos que você refli-ta e argumente acerca das dificuldades que você


visualiza no tocante à elaboração, mas também sobre as formas de superação das mesmas para que o projeto e o tcc sejam construídos de maneira criativa e de maneira sólida.

RESUmO

Com o tema 4 falamos sobre o Trabalho de Con-clusão de Curso e, assim, consideramos aspectos essenciais nele presentes, a saber:o sumário e a fase de preparação para a coleta de dados, sobre a construção do referencial teórico da pesquisa, bem como sobre as normas técnicas para elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso.

Intentamos, pois, discutir e demonstrar para você uma forma simples de elaboração a fim de que esse não seja um momento de stress na sua for-mação profissional. Reiteramos que o tcc deve ser compreendido como um processo obrigatório, porém prazeroso, já que lhe proporciona produzir conhecimento, sistematizar a sua aprendizagem a partir de um trabalho científico.

Nesse sentido, realçamos a necessidade de se ter clareza acerca dos cuidados e rigores que o pesqui-sador precisa ter para que o seu trabalho seja eti-camente realizado, portanto, dizendo não ao plágio!

Com essa discussão esperamos tê-lo feito refletir e o instrumentalizado para a coerente e consistente etapa final do processo iniciado com a elaboração do projeto de pesquisa.

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