perguntas capelo - dto das sucessoes
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Perguntas Frequentes Capelo de Sousa Ana Teresa Pacheco
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1. Porque que o Direito das Sucesses no deve ser uma cadeira optativa?
Trata-se de um curso que habilita com a licenciatura em Direito e supe sempre a
consequente aptido para o acesso a diversas profisses onde predomina ou necessrio
o Direito Civil, apesar de se prever a possibilidade de meno, no diploma de
licenciatura, de diversas reas.
O direito civil tem uma globalidade e uma unidade, que no permitem a amputao de
uma das suas partes essenciais, sendo o livro das sucesses de uma das suas divises
primarias.
O direito das sucesses tem implicao nos demais livros do cdigo civil, noutros ramos
do direito privado e tambm no direito pblico.
O estudo do direito deve ser gradativo, acompanhando a maturidade e a experiencia da
vida e complementando-se com a pratica profissional, ps compreendendo-se com esta
e adaptando-se continuamente ao evoluir do sistema jurdico. Ora, se h alunos que no
possuem essas bases essenciais no tempo certo, dificilmente as adquiriro fora da
Universidade).
A complexidade e dificuldade na aprendizagem da matria sucessria um convite
evaso, no caso de darem hiptese de escolha.
2. Qual o contributo do Dr.Coelho da Rocha para o aperfeioamento do ensino do Direito da Familia e das Sucesses?
Foi preciso esperar por Coelho da Rocha para que o Direito da Famlia e Sucesses
fosse aperfeioado. Como poca no existia uma sistema coerente, com princpios
fixos e constantes, teve o Dr.Coelho da Rocha que tomar o lugar de legislador, devendo-
se a ele o primeiro plano da disciplina, a ordenao coerente das leis publicadas h j
200 anos, unificando assim as leis vindas das diferentes ordenaes e da reforma
pombalina, harmonizando-as de acordo com o espirito da parte constitucional; tambm
se deveu a este prezado professor a supresso de lacunas legais e a interpretao das leis
antigas de acordo com a poca, resolvendo assim casos omissos.
3. H ou no colao em caso de concurso hereditrio de cnjuge sobrevivo e descendentes? Teoria, argumentos, contra-argumentos.
A primeira questo a de sabermos se estamos perante um caso omisso no Codigo Civil
portugus, aps o DL 496/77, ou diferentemente, face a um caso previsto de negao da
colao do cnjuge na nossa legislao actual. Entendemos que a redao actual do
nosso Codigo Civil, no respeitante colao, que ficou intocada por tal decreto-lei, no
regula a hiptese de concurso hereditrio do cnjuge com descentes, com ocorrncia de
liberalidades em vida a favor de tais sucessveis, e que tal situao carece de disciplina
jurdica. H, assim, caso omisso.
Poderemos dizer que com as alteraes legais que sucederam em 1977, o cnjuge
sobrevivo viu a sua posio sucessria bastante melhorada uma vez que passou a ser considerado como herdeiro legitimo, a par dos descendentes e dos ascendentes do de
cuis. Contudo, esta alterao legal deixou intocada o regime de colao que
prev/regula um principio igualitivo da forma como os bens so distribudos pelos
herdeiros legtimos do 1grau de sucessveis que a lei poca eram apenas os
descendentes, instalando-se assim a duvida, ser que o legislador quis deixar o regime
intocado, o que poder levar a uma desigualdade entre o cnjuge sobrevivo e todos os
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descendentes primrios do de cuis, ou ser que houve um enriquecimentos, por parte
do legislador, provocanto assim uma lacuna na lei.
Para os Dr. Guilherme de Oliveira e Dr. Pereira Coelho, o cnjuge no tem de estar
sujeito colao, no existindo nenhuma omisso legal, ficando o regime da colao
intocado por opo do legislador, alegando para isso que:
- normalmente, as doaes feitas ao cnjuge so feitas como intuito de o favorecer, logo
so feitas por conta da quota disponvel.
- a ideia de igualao do cnjuge e descendentes no fazem sentido, porque h outros
casos na lei em que claro o favorecimento do cnjuge desde a reforma de 77.
Por outro lado, para o Dr. Capelo de Sousa estaremos perante um caso omisso, tendo
por isso que sujeitar o cnjuge colao assim como os descendentes, por isso
argumenta:
1) No se justificaria que o cnjuge sobrevivo, chamado conjuntamente com os descendentes, aproveitasse o aumento da massa partilhvel, pela imputao das
liberalidade nos quinhoes hereditrios dos descendentes sujeitos colao.
2) Mesmo do ponto de vista da vontade presumida do autor da sucesso, uma vez que o cnjuge sobrevivo passou a ser presuntivo herdeiro legitimo, parece
razovel admitir a presuno jurdica, com a qual o de cuis deve contar de que
no silencio deste, as liberalidades feitas em vida ao cnjuge ou aos descendentes
constituem uma mera antecipao do quinho hereditrio de todos eles, at
porque h interesses sociais no sentido de no facilitar a discriminao entre os
herdeiros prioritrios chamados.
3) A prpria colao. um instituto que tem papel activo nas questes de equidade social para efeito de tratamento sucessrio igualitrio dos herdeiros forosos,
normal e prioritariamente chamado sucesso, onde actualmente figuram o
cnjuge sobrevivo e os descendentes.
4) O prprio objectivo da igualao entre os co-herdeiros legais faz indubitavelmente fonte de suporte legal da nossa colao.
5) O preambulo do DL 496/77 aponta claramente para uma equiparao sucessria das vocaes dos descendentes e do cnjuge.
6) A colao tanto do cnjuge como de descendentes encontra-se prevista expressamente no cdigo civil italiano, que serviu de fonte de inspirao do DL
de 77.
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4. Qualifique e distinga herdeiro e legatrio, demonstrando a relevncia
pratica da distino.
- Herdeiro: quando h uma instituio de um sucessor pela qual ele vai suceder
em bens que no esto previamente determinados, os quais abrangem quer a
totalidade do patrimnio do falecido, quer uma sua quota-parte.
- Legatrio: quando uma pessoa chamada a suceder em bens certos e
determinados, com excluso de outros bens.
Herdeiro: poder suceder:
na totalidade ou em quota parte alquota do patrimnio hereditrio;
na quota-parte no alquota do patrimnio hereditrio;
no remanescente, em quota parte do remanescente ou no remanescente
de quota no patrimnio herditario (20303)
numa quota-parte, onde o testador, utilizando o seu poder de compor a
quota, atribui a essa mesma quota, bens certos e determinados. A
doutrina defende aqui que deve prevalecer a verdadeira vontade do
legislador.
Legatrio: poder suceder:
bens determinados e no especficos, como o caso da universalidade de
facto (biblioteca, rebanho); legados de patrimnio autonomo ou de
unidades jurdicas (deixas de herana ou quota de herana no partilhada;
deixa de estabelecimento comercial, deixa de meao aos bens comuns),
e ainda deixa de usufruto da herana ou de quota de herana.
Em regra, s os herdeiros respondem pelos encargos de herana (2068 e 2071),
havendo esta respondabilidade tambm para os legatrios no caso de toda a herana for
distribuda em legados (2277).
S os herdeiros podem exigir a partilha (21011).
Enquanto que a lei probe que se institua herdeiro a termo, este j nada impede quanto
aos legatrios a termo inicial e final.
Quanto ao direito de acrescer, os herdeiros tem-no previsto de forma bastante ampla
(21372), herdeiros legais e herdeiros testamentrios, j os legatrios apenas tem direito
de acrescer relativamente coisa que objecto do seu prprio legado, no caso de este
ser atribudo a mais que uma pessoa (2302).
Os legatrios s em caso de nomeao conjunta tem direito de preferncia sobre o
legado, j os herdeiros tem um amplo direito de preferir sobre todos os quinhes
hereditrios.
S os herdeiros se encontram sujeitos s sanes por sonegao de bens de herana.
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S os herdeiros gozam do direito de aceitar ou repudiar herana de sucessveis
chamados a herana sem a haver aceitado ou repudiado 20851.
prioritariamente sobre os herdeiros que, face aos legatrios que so reduzidas as
liberalidades testamentarias inoficiosas (2171).
S os herdeiros tem legitimidade para requerer providncias face aos direitos de
personalidade de pessoas falecidas (712).
5. Defina e contradiga, sucintamente, na sucesso legal, o direito de
representao, o direito de transmisso e o direito de acrescer.
Direito de representao: resume-se na ocupao, pelos seus descendentes, da posio
de um herdeiro ou legatrio que no pode ou no quer aceitar a herana.
Na sucesso legal: 2039, interessa que o sucessvel prioritariamente designado, no
possa ou no queira aceitar a herana ou o legado, qualquer que seja a causa de no
aceitao (nomeadamente pre-morte, ausncia, incapacidade por indignidade,
deserdao e repudio).
Na sucesso testamentaria: 2041, interessa que o sucessvel prioritariamente designado,
no possa o no queira aceitar a herana ou o legado, por pre-morte ou repudio. ainda
necessrio que no haja outra causa de caducidade da vocao sucessria (que no tenha
sido vontade do de cuis afastar a representao ou que no ocorram casos de se ter
designado um substituto, ou eu o objecto de legado seja um dto real de usufruto ou
outro direito pessoal, e ainda que no seja o caso de haver fidecomissrio que no tenha
aceita ou no tenha podido aceitar.
Efeitos da representao: a representao tem lugar ainda que todos os membros das
varias estirpes estejam, relativamente ao autor da sucesso, no mesmo grau de
parentesco, ou existe s uma estirpe. O direito de representao obriga o representante
colao em tudo aquilo a que o representado estivesse obrigado.
Direito de transmisso: 2058/1, se o sucessvel chamado herana falecer sem a
haver aceitado ou repudiado, transmite-se aos seus herdeiros o direito de a aceitar ou
repudiar. O direito de transmisso s tem lugar aps o efectivo chamamento herana
do sucessvel prioritrio com a sucesso j aberta, e este venha a falecer sem aceitar ou
repudiar a mesma. S haver lugar a direito de transmisso se os herdeiros chamados,
aceitarem a herana do transmitente.
Direito de acrescer: direito do sucessvel, chamado simultaneamente com outros, de
adquirir o objecto sucessrio que outro dos sucessveis no pode ou no quis aceitar,
sempre que se verifique um conjunto de pressupostos negativos e positivos.
Entre herdeiros no caso de existirem apenas herdeiros legais chamados, h, em
principio um reciproco e limitado direito de acrescer entre eles, com a ressalva do
2143.
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Caso existam herdeiros testamentrios institudos na totalidade da herana, gozam
aqueles, reciproca e ilimitadamente, de direito de acrescer, seja ou no conjunta a
instituio.
Havendo concorrncia de herdeiros legais com herdeiros testamentrios, o direito de
acrescer funciona separadamente entre casa uma das espcies de sucesso no caso de
faltarem ou repudiarem todos os elementos da classe de herdeiros legais, sero
chamados os herdeiros da classe subsequente.
No caso de no poderem ou no quiserem aceitar a herana todos os herdeiros
testamentrios, so chamados s suas quotas os herdeiros legtimos, no propriamente
por direito de acrescer, mas pelo caracter suplectivo da sucesso legislativa.
Entre legatrios tal direito existe apenas entre legatrios que tenham sido nomeados
em relao ao mesmo objecto, havendo uma preferncia inicial entre os nomeados
conjuntamente.
No havendo direito de acrescer por ou legatrio, assiste-se a uma aquisicaao ex lege
por parte dos herdeiros 2303.
Substituio: pode ser directa ou vulgar, o testador substitui outra pessoa ao herdeiros
ou legatrio nomeado para caso de estes no poderem ou no quererem aceitar a herana
ou legado.
6. Defina e contradiga, sucintamente, nos seus pressupostos, termos e
formalidades, o inventrio (com e sem interveno principal do MP) e a
partilha extrajudicial.
Depois de apurados os valores globais da massa da herana do cujus chegado o
momento de repartir esses valores pelos seus herdeiros e legatrios na medida a que
estes tenham direito. Todavia, a herana pode padecer de determinadas particularidades
que podem levar a que duas ou mais pessoas directamente interessadas determinem a
necessidade de partilhar as universalidades jurdicas dos bens para efeitos do concreto
preenchimento dos seus quinhes hereditrios.
Sendo assim, a partilha pode ser exigida por qualquer herdeiro ou co-herdeiro e pode ter
lugar extrajudicialmente ou judicialmente artigo 2102. Todavia, a este respeito
existem actualmente inmeros problemas, desde logo pela entrada em vigor da Lei
29/2009 que revogou o processo de inventrio previsto no CPC, passando esta
competncia para as mos dos cartrios notariais e das conservadoras civis, nos termos
que viriam a ser especificados em portaria a ser emitida. Contudo, esta portaria nunca
chegou a ser publicada, pelo que os cartrios notariais e as conservadoras civis
recusavam-se a aceitar os requerimentos que l dessem entrada pois os termos do
procedimento do processo de inventrio no se encontrava densificado na lei. Assim
como os tribunais entendiam que deixaram de ser materialmente competentes para
averiguar de tais processos. Por maioria de razo e por Acrdo proferido pelo Tribunal
Constitucional entendeu-se que esta competncia continuava a pertencer aos tribunais
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aplicando-se o ento revogado regime previsto no CPC, at que nova lei entrasse em
vigor. Lei essa que entrar em vigor em Setembro do presento ano.
Faz-se extrajudicialmente quando todos os interessados cheguem a acordo. Tem lugar
judicialmente em processo de inventrio nas seguintes situaes: quando no haja
acordo entre todos os interessados e quando assim o entenda o MP pelas razes
especificadas na lei artigo 2102/2 CC e 1327 CPC.
Sendo assim e de acordo com o que j foi dito anteriormente, a partilha judicial continua
a fazer-se hoje em processo especial de inventrio previsto nos artigos revogados do
CPC. Como tambm j foi referido anteriormente, o processo de inventrio pode ser
com ou sem interveno do MP.
O processo judicial de inventrio sucessrio tem normalmente um carcter divisrio,
isto , a sua finalidade , principalmente, proceder partilha dos bens. Quanto ao
tribunal competente ver artigo 77 CPC. Quanto s fases deste processo, a fase
preliminar inicia-se com o requerimento da pessoa directamente interessada ou do MP.
Se o juiz no tiver motivos para indeferir tal processo designa o cabea de casal e
manda cit-lo. Se o processo continuar so chamados os restantes interessados artigo
1341 CPC. Se no houver oposio ao inventrio procede-se descrio e valorao
dos bens a partir da relao de bens apresentada pelo cabea de casal. Contra esta
relao podem reclamar os interessados e o MP (em caso de inventrio com a sua
interveno). Determinados os bens a partilhar procede-se a uma conferncia de
interessados, para aprovao do passivo e forma do seu pagamento, para eventual
acordo sobre o preenchimento dos quinhes, o sorteamento de verbas ou a venda dos
bens da herana e para, na falta de acordo, a mesma conferncia deliberar sobre
reclamaes contra o excesso de avaliao sobre quaisquer questes cuja resoluo
possa influir na partilha. Se os interessados no chegarem a acordo abre-se licitao.
Uma vez descritos e avaliados os bens hereditrios, possvel iniciar-se a discusso
sobre a forma de partilha. Finalmente, na fase de julgamento o juiz profere despacho
determinativo de como se deve proceder partilha. A secretaria dever ento organizar
o mapa da partilha, que passvel de reclamaes. Por ltimo o juiz profere sentena
homologando a partilha constante do mapa com as alteraes que tenham sido
introduzidas em virtude das reclamaes.
Quando partilha extrajudicial, este deve processar-se por escritura pbica se disser
respeito a coisas imveis ou de quotas de sociedades de que faam parte coisas imveis.
Se da herana no constarem coisas imveis ou quotas de sociedades de onde constem
coisas imveis a partilha no est sujeita a forma, valendo o princpio de que a validade
das declaraes negociais no depende da observncia de forma especial artigo 219.
Quanto ao preenchimento dos quinhes dos partilhantes em bens concretos, na partilha
judicial o mecanismo de preenchimento est previsto na lei do processo e na partilha
extrajudicial rege o consenso de todos os partilhantes. Mas em ambos os modos de fazer
a partilha h que ter em conta alguns mecanismos comuns (por exemplo o
consentimento das partes, as atribuies preferenciais e as tonas), e a possibilidade de os
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mecanismos de partilha do processo de inventrio serem utilizados pelos partilhantes
extrajudiciais, conquanto na dependncia do consenso final destes. Existem diferentes
modos de preenchimento das quotas hereditrias.
Em primeiro lugar aparece-nos o modo mais elementar de todos: o consentimento de
todos os partilhantes e a composio negociada dos quinhes. J se sabe que este o
ponto fulcral na partilha extrajudicial, mas no deixa de ser importante na judicial, na
medida em que na conferncia dos interessados ou posteriormente podem acordar entre
si quais as verbas que ho-de preencher as suas quotas. Mesmo as atribuies
preferncias podem ser ultrapassadas mediante acordo de todos os interessados.
A este respeito das atribuies legais preferncias cumpre observar os artigos 2103-A e
seguintes do CC. Repare-se que a norma no atribui ao cnjuge o direito de
propriedade, apenas lhe atribui o direito real de habitao e de uso do respectivo
recheio, na medida do necessrio para que o cnjuge possa usufruir de um nvel de vida
idntico quele que teria se o seu cnjuge ainda fosse vivo. Direitos estes que so
limitados, mais fracos que o direito de propriedade e que caducam aquando da morte do
seu titular. Repare-se que este direito de habitao vai integrar no seu valor a quota do
cnjuge sobrevivo e a sua prpria meao. Normalmente caber na sua quota, mas se
no coube, haver lugar a tornas. Neste aspecto podem levantar-se alguns problemas na
determinao da casa de morada da famlia, nomeadamente por haver no patrimnio do
autor mais de uma casa. Para este efeito entende-se que a casa de morada da famlia
dever ser aquele em que os cnjuges mantinham a sua residncia habitual, a principal
do agregado familiar.
Outro modo de preencher os quinhes dos partilhantes so as atribuies judiciais por
licitao ou conferncia de doaes ou legados. A este respeito ver o artigo 1374 CPC.
A licitao no d ao licitante o direito de propriedade dos bens licitados, apenas lha d
direito adjudicao desses bens. Temos ainda as atribuies judiciais de bens
hereditrios artigo 1734-b) CPC, onde o juiz no est vinculado adjudicao de certos
bens aos licitantes ou donatrios, gozando de certa margem de discricionariedade na
escolha dos bens que preenchero os quinhes. Neste seguimento, ainda possvel a
composio dos quinhes em dinheiro obtido da venda judicial dos bens hereditrios,
quando aos licitantes ou aos donatrios caibam bens de natureza diferente aos
conferidos ou licitados.
Por ltimo temos a organizao, sorteio e troca de lotes, isto , na partilha judicial o
princpio igualitrio impe sempre que cada um participe por igual em cada categoria de
bens. Da que as atribuies judiciais e as atribuies em dinheiro devam igualar os
valores que cabe a cada partilhante; temos a proporcional distribuio judicial dos bens
litigiosos; a adjudicao de verbas licitadas em excesso; e por fim as tornas, isto , aps
preenchidas as quotas de cada partilhante importa averiguar se os bens que a compe
excedem o seu valor, caso isso acontea e aos partilhantes que isso acontea, estes
devem tornas aos restantes partilhantes at igualarem os seus quinhes.
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7. Tipologia dos Sistemas Sucessrios
O direito sucessrio est intimamente ligado ao problema de organizao econmico-
social do pas.
Sistema de Famlia: vigorou entre os antigos germanos, onde o patrimnio pertencia
indistintamente a todos os que fizessem parte da famlia, chamado regime de
propriedade de mo comum ou comunho domstica.
O patrimnio familiar encontrava-se adstrito aos interesses de uma famlia, sendo a
sucesso testamentaria aplicada de forma excepcional para que tantos os bens prprios
como os bens adquiridos onerosamente pudessem se encontrar ao dispor de todos os
familiares, embora se fizessem quotas hereditrias indisponveis em beneficio de certos
familiares mais prximos. Existindo herdeiros legais, apenas estes podem ser herdeiros
testamenteiros.
Sistema Socialista: predomnio de bens de propriedade colectiva, sendo apenas
passiveis de transmisso sucessrios os bens de propriedade pessoal, e mesmo estes
bens encontram restries nos seus modos de transmisso, revertendo a favor do estado
em determinados casos.
estruturado por crculos sucessrios categorizados, tendo em vista os interesses gerais
da comunidade, concedendo-se por isso, direito sucessrio a certas pessoas que se
encontravam a cargo do de cuis independentemente dos laos familiares.
Verifica-se uma igualao completa entre parentes legtimos e parentes ilegtimos e
entre o cnjuge sobrevivo e os descendentes do de cuis.
Constata-se fortes limitaes capacidade de testar, alegando o interesse publico e
comunitrio.
Sistema individualo-capitalista: predominncia dos meios de produo como
propriedade privada, o que determina a conservao dos mesmos por meios do direito
sucessrio.
Todos os meios de propriedade privada so objecto de transmisso, no existindo por
isso, quaisquer limites total transmisso mortis causa dos bens privados.
Concedem-se amplos poderes de disposio testamentria, sendo poucas a restries a
este acto. Existe uma prevalncia ilimitada da sucesso testamentria sobre a sucesso
legitima, de modo a evitar-se o fracionamento dos meios de produo, sendo vista a
liberdade de testar como uma forma de exercer o seu direito privado de propriedade,
mesmo depois da morte.
Da forma a permitir a continua privatizao dos bens, existe um grande circulo (circulo
alargado) de herdeiros legtimos, sendo este hierarquizado, mais em funo do interesse
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capitalista de transmisso da propriedade privada, que em funo dos interesses da
ordem publica, relevando, no raras vezes, a capacidade para o trabalho, o que deixava
quase sempre o cnjuge numa posio desfavorvel.
Assiste-se a um tratamento desigual para com os filhos legtimos e os ilegtimos
Apos uma grande evoluo:
- passou-se a valorizar a posio sucessria do cnjuge sobrevivo
- d-se uma aproximao entre o regime de parentes iligitimos e iligitimos.
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Tipos de propriedade ao tempo dos germanos: os bens formavam um patrimnio
familiar sujeito ao regime de propriedade de mo comum, pertencendo indistintamente a
todos os que em cada momento fizerem parte da famlia, sem que cada membro da
famlia tivesse uma quota demarcada, objecto de direito prprio.
Tipos de propriedade ao tempo dos romanos: diferentemente do que sucedia com a
propriedade germana, na propriedade de tipo romana tutelava juridicamente o direito a
uma quota dos bens comuns e o direito de exigir a diviso da coisa comum. Assim
como hoje o regime de separao de bens em Portugal.