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  • 7/31/2019 DIREITO CIVIL - Direito de Sucessoes

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    DIREITO CIVIL SUCESSES

    DIREITO CIVIL SUCESSES

    Perodo 2008.2

    Resumo de: EVILAZIO [email protected]

    DIREITO DAS SUCESSES

    Elencado no Livro V, da Parte Especial do Cdigo Civil, o Direito das Sucesses

    abrange os artigos 1.784 a 2.027. Alm do Cdigo Civil, a prpria Constituio

    Federal, em seu artigo 5., inciso XXX, garante o direito de herana. Tambm o

    Cdigo de Processo Civil apresenta regras com relao a inventrios e partilhas

    (artigos 982 a 1.045 do Cdigo de Processo Civil).A abertura da sucesso ocorre com a morte do titular do direito, que transmite,

    imediata e automaticamente, a posse e a propriedade dos bens aos herdeiros. Essa

    abertura tambm chamada delao, e informada pelo princpio da saisine.

    Sucesso a transmisso dos bens de uma pessoa para outra, podendo ser inter

    vivos ou causa mortis.

    A sucesso causa mortis tambm chamada sucesso hereditria. O sucessor a

    ttulo universal (herdeiro) continua, de direito, com a posse do seu antecessor

    (artigo 1.207 do Cdigo Civil). Assim, pode fazer uso das aes possessrias.

    A sucesso hereditria d-se em favor dos sucessores legtimos (previstos na lei)ou testamentrios (nomeados pelo testador).

    O Princpio da Saisine foi acolhido no artigo 1.784 do Cdigo Civil (Le mort saisit le

    vif A morte transfere a posse ao vivo).

    Como conseqncia desse princpio, a capacidade para suceder a existente ao

    tempo da abertura da sucesso, que se reger conforme a lei ento vigente (artigo

    1.787 do Cdigo Civil).

    O herdeiro que sobrevive ao de cujus, ainda que por apenas um instante, recebe a

    herana e a transmite aos seus sucessores, mesmo se morrer no momento

    seguinte.

    2. SUCESSO HEREDITRIA

    2.1. Conceito

    A sucesso hereditria consiste na transmisso de bens de uma pessoa, em razo

    de morte, aos sucessores previstos na lei ou nomeados em testamento.

    Com a morte de algum, d-se a transmisso de bens, que independe do inventrio

    e da partilha; a posse e o domnio dos bens transferem-se imediatamente aos

    sucessores, sem necessidade de qualquer formalidade (artigo 1.784 do Cdigo

    Civil). O que existe inicialmente a denominada posse indireta (direito sobre aposse e o domnio), visto que a posse direta cabe ao administrador provisrio. A

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    entrega efetiva dos bens ocorre somente aps a partilha.

    Os bens transmitidos na sucesso hereditria abrangem tanto os bens materiais

    como direitos, obrigaes, crditos, dbitos etc. Esse acervo hereditrio chamado

    herana (conjunto de bens transmissveis).

    A palavra herana apresenta dois sentidos: genericamente, o que resta aosherdeiros aps o pagamento das dvidas do falecido; juridicamente, considerada

    um bem indivisvel, por fico da lei, at que se efetue a partilha.

    Quando se fala em pessoa que vem a falecer, est se falando da pessoa natural

    (ser humano), que tenha nascido com vida, e no da pessoa jurdica. A morte da

    pessoa natural acarreta a abertura da sucesso, que tambm pode decorrer da

    ausncia; essa, entretanto, num primeiro momento, faz surgir a abertura da

    sucesso provisria, para, depois de transcorrido o lapso legal, consolidar a

    sucesso definitiva.

    Os sucessores so chamados herdeiros; podem ser pessoas fsicas ou jurdicas,existentes na data da abertura da sucesso. Excees:

    resguardam-se os direitos do nascituro que tenha sido concebido antes da morte;

    no caso de fundao (pessoa jurdica criada aps a abertura da sucesso).

    Os herdeiros podem ser legtimos (previstos em lei) ou nomeados por testamento.

    A lei estabelece uma ordem de preferncia aos legtimos, denominada ordem de

    vocao hereditria (OVH), que vem expressa no artigo 1.829 do Cdigo Civil,

    seno vejamos:

    descendentes herdeiros necessrios;

    ascendentes herdeiros necessrios; cnjuge sobrevivente herdeiro necessrio;

    colaterais at o quarto grau;

    Municpio, Distrito Federal, ou Unio (se os bens estiverem localizados em

    territrio, autarquia federal de administrao da Unio) a depender de onde estiver

    localizado o bem.

    O autor da herana pode nomear um sucessor em testamento (herdeiro institudo).

    Esse sucessor, ainda que no faa parte do rol constante do artigo 1.829 do Cdigo

    Civil, possui direitos sucessrios a ttulo universal, se no concorrer com herdeiro

    necessrio; se concorrer, tem direito parte ideal. Ao lado do herdeiro institudo,pode ser indicado no testamento um legatrio, que tem direito a ttulo singular; por

    sucesso a ttulo singular entende-se a hiptese de o testador mencionar um bem

    definido, determinado para ser entregue (legado).

    H diferenas entre herana e esplio, quais sejam:

    Herana o conjunto de bens, direitos e obrigaes deixados por uma pessoa aos

    seus sucessores (sentido genrico).

    Esplio a denominao que se d herana do ponto de vista jurdico-formal.

    Enquanto os bens esto sob inventrio, aguardando partilha, utiliza-se a expresso

    esplio. O esplio tem capacidade processual e representado pelo inventariante;porm, no pessoa jurdica considerando-se o Cdigo Civil no o catalogar assim.

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    O esplio pode, inclusive, transmitir e adquirir bens, com autorizao do juiz. A

    natureza jurdica do esplio de universalidade de bens, e no de pessoa-jurdica.

    2.2. Espcies de Sucesso

    a) Sucesso legtima a modalidade de sucesso decorrente da lei, que obedece ordem de vocao

    hereditria legalmente estabelecida (artigos 1.829 a 1.856 do Cdigo Civil). Aplica-

    se na falta de testamento.

    b) Sucesso testamentria

    Modalidade de sucesso que surge de atos de ltima vontade, praticados pelo de

    cujus para que valham depois de sua morte. Opera-se, em geral, por meio de

    testamentos e codicilos (artigos 1.857 a 1.990 do Cdigo Civil).

    2.3. SucessoresTambm chamados herdeiros e legatrios, verdadeiras espcies do gnero

    sucessor, so os beneficirios da herana, tanto por sucesso legtima quanto por

    sucesso testamentria, seja a ttulo universal ou singular.

    2.3.1. Herdeiro legtimo

    O herdeiro legtimo pode ser universal, se nico herdeiro; ou ter direito parte

    ideal dos bens deixados, se houver mais de um sucessor. Enquanto no

    concretizada a partilha, a herana indivisvel (artigo 1.791 do Cdigo Civil). Com

    efeito, o Cdigo Civil considera o direito sucesso aberta bem imvel por fico

    legal, ainda que todos os bens deixados sejam bens mveis.A cesso de direitos hereditrios perfeitamente possvel; entretanto, o sucessor

    no pode ceder um determinado bem, visto que no paira direito sobre bens

    definidos. Por ser considerada bem imvel por fico legal, a cesso deve ser feita

    por escritura pblica (artigos 1.793 a 1.795, do Cdigo Civil).

    2.3.2. Herdeiro testamentrio

    O herdeiro testamentrio aquele indicado no ato de ltima vontade do de cujus.

    Subdivide-se em institudo e legatrio. O herdeiro institudo herdeiro a ttulo

    universal; o legatrio herdeiro a ttulo singular, visto que tem direito a uma coisa

    certa (legado).Se o bem deixado ao legatrio for infungvel, ele adquire seu domnio desde logo;

    se fungvel, somente aps a partilha. Quanto posse, ele pode requerer aos

    herdeiros institudos quando da abertura da sucesso, mas esses no so obrigados

    a entregar antes de se certificarem de que o esplio solvente.

    2.3.3. Herdeiro necessrio

    O herdeiro necessrio aquele que, se e quando existente poca da sucesso,

    possui, por lei, direito a uma parte da herana (legtima), que seria a metade

    indisponvel, ou seja, 50% do patrimnio do morto. Assim, o de cujus no podedispor, por testamento, de mais da metade do seu patrimnio (artigo 1.789 do

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    Cdigo Civil).

    Os artigos 1.845 e 1846 do Cdigo Civil mencionam as disposies sobre os

    herdeiros necessrios, que so os descendentes, os ascendentes e o cnjuge.

    2.3.4. Herdeiro aparenteHerdeiro aparente aquele que ostenta a qualidade de herdeiro; mas, na realidade,

    no o . Os atos praticados pelo herdeiro aparente so vlidos quando dirigidos a

    terceiro de boa-f (artigo 1.817 do Cdigo Civil). O herdeiro aparente fica obrigado

    a indenizar os demais herdeiros pelos prejuzos causados com seus atos.

    3. TRANSMISSO DA HERANA

    A transmisso da herana ocorre no momento da abertura da sucesso (princpio

    da saisine). Logo aps a morte do de cujus, os herdeiros entram na posse dos bens

    o inventrio e a partilha servem somente para formalizar a transmisso dos bens,atendendo ao princpio da continuidade registral. Com relao a alguns bens, no

    h necessidade de inventrio e partilha.

    Com a morte do titular dos bens, portanto, os herdeiros passam ao domnio e

    posse dos bens. A posse direta cabe ao administrador provisrio (artigo 985 do

    Cdigo de Processo Civil) at que o inventariante preste o compromisso (artigo

    940, pargrafo nico, do Cdigo de Processo Civil).

    O administrador provisrio aquele que, de fato, estava na posse dos bens no

    momento do falecimento do de cujus. Aberto o inventrio, a posse direta passa ao

    inventariante (que pode ser quem est na posse provisria, um dos herdeiros ouat um terceiro).

    O inventrio deve ser feito no foro do domiclio do autor da herana, ainda que o

    bito tenha ocorrido no estrangeiro. Se o autor da herana no possua domiclio

    certo, ser considerado o local da situao dos bens; e se alm da falta de

    domiclio, o de cujus possua bens em lugares diferentes, ser considerado o lugar

    do bito (artigo 96 do Cdigo de Processo Civil).

    A capacidade para suceder regula-se pela lei vigente data da abertura da

    sucesso (artigo 1.787 do Cdigo Civil). So capazes, para suceder, as pessoas

    previstas na lei ou no testamento, podendo ser pessoa natural ou jurdica.Os direitos do nascituro esto assegurados nos artigos 2. e 1.798 do Cdigo Civil,

    que o tornam capaz para suceder. prole eventual (futuro filho de algum

    denominado pelo testador) garantido o direito de sucesso (artigo 1.799, inciso I,

    do Cdigo Civil).

    A comorincia, de acordo com o artigo 8. do Cdigo Civil, ocorre quando dois ou

    mais indivduos falecem na mesma ocasio, sem que seja possvel determinar se

    um precedeu ao outro. Nesse caso, no herdam entre si, e sim cada qual transmite

    sua herana aos seus sucessores.

    4. ACEITAO E RENNCIA DA HERANA

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    A herana uma universalidade; o conjunto de bens deixado pelo morto.

    Diferencia-se do legado, por deixar um bem certo e determinado. Esse conjunto de

    bens, ou ainda o bem determinado deixado como legado, podem ser aceitos ou

    renunciados, desde que em sua totalidade.

    4.1. Aceitao da Herana

    A aceitao apenas a confirmao da transferncia dos bens, feita pela lei

    (saisine). Pode acontecer das seguintes formas:

    expressa: quando o herdeiro declara que aceita os bens;

    tcita: quando o herdeiro comporta-se de modo a deduzir que aceitou a herana;

    presumida: o interessado em que o herdeiro declare a aceitao da herana pode

    requerer ao juiz que fixe prazo para que o herdeiro se manifeste. Se o herdeiro no

    se manifestar dentro do prazo judicial, presume-se a aceitao ou a adio.

    A natureza jurdica da aceitao de negcio jurdico unilateral, incondicional eindivisvel.

    unilateral, pois se aperfeioou com uma nica manifestao de vontade.

    incondicional, porque no se pode aceitar ou renunciar a uma herana sob

    condies (artigo 1.808 do Cdigo Civil).

    indivisvel, pois no se pode aceitar a herana em parte; o mesmo cabendo ser

    dito com relao renncia. Mas, se testado ao herdeiro um legado, possvel a

    aceitao desse e a renncia da herana, e vice-versa (artigo 1.808, 1., do

    Cdigo Civil).

    Por fim, ressalte-se que o eminente Des. Carlos Roberto Gonalves, em sua obra,determina ser a aceitao negcio jurdico no-receptcio, porque independe de

    comunicao a outrem para a produo dos seus efeitos.

    A aceitao pode ser retratada, desde que no prejudique os direitos dos credores.

    O herdeiro no responde pelas dvidas do morto, que superem a fora da herana.

    Em razo desta disposio, inserida inclusive no texto constitucional, extinguiu-se a

    denominada aceitao a benefcio do inventrio, uma vez que, legalmente, hoje

    todas as heranas aceitas no implicam prejuzos maiores que o valor os bens

    recebidos pelos herdeiros.

    4.2. Excluso do Direito Herana

    Em alguns casos, seja por disposio da lei, seja por conta do testador ou at

    mesmo pela vontade do herdeiro, algumas pessoas so afastadas do direito

    herana.

    4.2.1. Excluso voluntria

    A excluso voluntria ocorre por vontade do herdeiro, que renuncia herana

    expressamente (artigo 1.805 do Cdigo Civil).

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    incidem dois impostos de transmisso, um causa mortis e outro inter vivos.

    Considerando-se o artigo 1.647 do Cdigo Civil, que prescreve que os bens imveis

    s podem ser alienados aps outorga uxria, parte majoritria da doutrina entende

    ser essa necessria para a renncia translativa. Outra corrente entende

    dispensvel, pois renncia no alienao, conforme exprime o prprio artigo1.647.

    O herdeiro s poder renunciar se o seu ato no prejudicar eventuais credores. No

    produz efeitos a renncia herana, feita at dois anos antes da decretao da

    quebra (artigo 52, inciso I, do Decreto-lei n. 7.661/45).

    4.3.2. Efeitos da renncia

    So os seguintes os efeitos da renncia:

    excluso, da sucesso, do herdeiro-renunciante;

    retroao da renncia data da abertura da sucesso; acrscimo na cota dos herdeiros legtimos da mesma classe (artigo 1.810 do

    Cdigo Civil);

    impossibilidade da sucesso por direito de representao (artigo 1.811 do Cdigo

    Civil).

    Se todos os herdeiros de uma mesma classe renunciarem, os da classe seguinte

    herdaro por direito prprio (por cabea) e no por representao (por estirpe)

    porque o renunciante considerado como se nunca tivesse existido.

    retratvel a renncia quando proveniente de erro, dolo ou violncia (artigo 1.812

    do Cdigo Civil). Na verdade no se trata de retratao, mas sim de anulao doato.

    4.3.3. Renncia prpria

    A renncia de que trata o Cdigo Civil, em seus artigos 1.805 e seguintes a

    renncia pura e simples, sem termo, condio ou prazo, e no parcial. a

    declarao expressa do herdeiro de que no quer a herana.

    O quinho do herdeiro-renunciante volta ao monte mor, para ser dividido entre os

    demais herdeiros, da mesma classe ou da classe subseqente.

    No h sucesso por representao do herdeiro-renunciante (artigo 1.811 do

    Cdigo Civil).Se o herdeiro-renunciante tem credores, poder, mesmo assim, renunciar deixa;

    entretanto, a lei faculta ao credor habilitar-se no lugar desse herdeiro, para receber

    seu crdito (artigo 1.813 do Cdigo Civil).

    4.3.4. Renncia imprpria

    A renncia imprpria no uma renncia verdadeira. A renncia imprpria implica

    dois atos: a aceitao da herana e a transmisso dessa, por cesso de direitos, a

    outrem.

    A renncia deve ser expressa, feita por escritura pblica ou termo nos autos. Arenncia imprpria tambm chamada translativa ou in favorem.

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    RENNCIA PRPRIA

    RENNCIA IMPRPRIADispensa-se a outorga uxria necessria a outorga uxria

    Incide o imposto causa mortis (40% ao Estado sobre bens imveis) Incide o

    imposto causa mortis e o ITBI (esse somente sobre bens imveis)

    5. HERANA JACENTE

    De acordo com os artigo 1.819 e seguintes, herana jacente aquela para a qual

    no aparecem herdeiros, sejam legtimos ou testamentrios, ou, ainda que

    existentes, so excludos da herana (deserdao, indignidade).

    Publicados os editais, e no comparecendo nenhum herdeiro no prazo de um ano, apartir do primeiro edital, a herana passa de jacente para vacante.

    A herana vacante, decorridos cinco anos da abertura da sucesso, passa ao

    Municpio onde se situa o bem, ou ao Distrito Federal, ou ainda Unio, caso o bem

    esteja em Territrio no dividido em municpios.

    5.1. Procedimento de Arrecadao

    O pargrafo nico do artigo 1.822 do Cdigo Civil est em consonncia com o

    artigo 1.158 do Cdigo de Processo Civil.

    O Cdigo de Processo Civil, artigos 1.142 a 1.158, aborda o procedimento para aarrecadao de bens da herana jacente. Aparecendo algum herdeiro, converte-se

    em inventrio.

    O herdeiro, reconhecido depois da sentena declaratria da vacncia, deve

    ingressar com ao direta reivindicando bens (petio de herana); porm,

    somente poder faz-lo se aparecer at cinco anos aps a abertura da sucesso.

    6. SUCESSO DO AUSENTE

    6.1. Conceito

    De acordo com o Cdigo Civil, o ausente pessoa que est em local incerto e no

    sabido, no tendo deixado procurador para administrar os seus bens. A proteo do

    ausente tem carter patrimonial, no objetivando resguardar sua pessoa.

    Ao ausente nomeado um curador (artigo 1.160 do Cdigo de Processo Civil).

    Qualquer interessado (cnjuges, herdeiros, credores) e o Ministrio Pblico podem

    pedir a nomeao do curador. Suas obrigaes abrangem os atos de administrar os

    bens, arrolando-os, arrecadando-os e vendendo os mveis de fcil depreciao,

    recolhendo os valores, representando o ausente em Juzo e fora dele.O curador deve ser remunerado com base em porcentagem da renda lquida anual

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    do ausente, no podendo superar 10%. O curador responde pelos prejuzos

    causados, por ao ou omisso, culposa ou dolosa.

    6.2. Partilha dos Bens do Ausente

    O juiz mandar arrecadar os bens do ausente, nomeando-lhe curador. Seropublicados editais, durante um ano, anunciando a arrecadao e chamando o

    ausente para entrar na posse de seus bens.

    Aps um ano da publicao do 1. edital, sem que o ausente tenha se manifestado,

    podero os interessados requerer a abertura da sucesso provisria, com a citao

    pessoal dos herdeiros presentes e do curador e, por editais, a dos ausentes, para

    oferecerem artigos de habilitao.

    A sentena que determinar a abertura da sucesso provisria produzir efeito seis

    meses aps sua publicao. Mas logo que passe em julgado, abre-se o testamento

    (se houver) e procede-se ao inventrio e partilha dos bens do ausente, como seesse houvesse falecido.

    Se, dentro de 30 dias, no comparecer interessado ou herdeiro, que requeira o

    inventrio, a herana ser considerada jacente.

    6.3. Efeitos da Partilha em Relao aos Sucessores Provisrios

    Os sucessores provisrios no podem alienar os bens do ausente, pois tm o dever

    de conserv-los. Somente os frutos so alienveis.

    Os bens imveis, excluindo-se os casos de desapropriao, dependem de ordem do

    juiz para serem alienados, exigindo-se ainda que estejam em estado de runas ou

    que possam ser convertidos em ttulos da dvida pblica.Os sucessores devero garantir a restituio dos bens recebidos, mediante cauo

    (artigo 1.166 do Cdigo de Processo Civil), penhor ou hipoteca equivalente aos

    quinhes respectivos. O herdeiro ser excludo da sucesso provisria, caso no

    possa dar a garantia necessria. O excludo pode receber a metade dos frutos do

    quinho que lhe caberia, desde que prove a falta de meios (artigos 30 e 34 do

    Cdigo Civil).

    Os frutos pertencem aos sucessores provisrios, quando forem descendente,

    ascendente ou cnjuge do ausente. Os demais sucessores devero capitalizar a

    metade desses frutos e prestar contas anuais ao juiz competente (artigo 33 doCdigo Civil).

    6.4. Efeitos da Abertura da Sucesso Provisria em Relao a Terceiros no-

    Herdeiros

    Os efeitos da abertura da sucesso provisria em relao a terceiros no-herdeiros

    so:

    o pagamento do imposto causa mortis ao Fisco;

    transmisso do direito sucesso provisria aos herdeiros dos sucessores, em

    caso de morte destes; possibilidade dos legados serem exigidos dos herdeiros;

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    extino dos vnculos patrimoniais personalssimos existentes em favor do

    ausente (usufruto);

    impossibilidade dos herdeiros provisrios intentarem aes para reduo de

    doaes inoficiosas, feitas em vida pelo ausente.

    Na partilha, os imveis sero confiados, em sua integridade, aos sucessoresprovisrios mais idneos (artigo 31 do Cdigo Civil).

    Para Carvalho Santos, todavia, no possvel a cesso de quinho hereditrio aps

    a abertura de sucesso provisria.

    6.5. Da Sucesso Provisria Definitiva

    Os sucessores provisrios, uma vez empossados nos bens da herana, passam a

    represent-la ativa e passivamente, contra eles correndo as aes relativas ao

    ausente (artigo 32 do Cdigo Civil). Podem, at mesmo, propor aes em defesa

    dos bens adquiridos.Caso um dos sucessores, na defesa de seus interesses, litigue contra o ausente, o

    juiz dever providenciar a nomeao de curador especial para defender os

    interesses desse ltimo.

    Se, durante o perodo de sucesso provisria, ficar provado o momento do

    falecimento do ausente, ser essa data a da transmisso dos bens (artigo 31 do

    Cdigo Civil). No se sabendo o exato momento da morte do ausente, sero

    considerados herdeiros os existentes no momento da abertura da sucesso

    provisria, conforme entendimento de Pontes de Miranda.

    Caso o ausente aparea, cessam, imediatamente, as vantagens dos sucessoresprovisrios, ficando esses obrigados a restituir quele os bens recebidos (artigo 36

    do Cdigo Civil).

    Extingue-se a sucesso provisria, com:

    a certeza da morte do ausente (artigo 1.167, inciso I, do Cdigo de Processo

    Civil);

    o reaparecimento do ausente, do seu procurador ou de quem o pretenda;

    o decurso de dez anos, transformando-se em sucesso definitiva (artigo 1.167,

    inciso II, do Cdigo de Processo Civil);

    quando o ausente tiver 80 anos de idade na data do desaparecimento de seudomiclio, e tiver decorrido cinco anos de suas ltimas notcias (artigo 1.167, inciso

    III, do Cdigo de Processo Civil).

    As custas e despesas judiciais, com o reaparecimento do ausente, correro por

    conta deste, pelo fato de ter sido o causador do processo de sucesso provisria.

    6.6. Sucesso Definitiva

    Aps dez anos do trnsito em julgado da sentena declaratria da sucesso

    provisria, os interessados podero requerer a sucesso definitiva (artigo 1.167,inciso II, do Cdigo de Processo Civil, que reduz o prazo previsto no artigo 37 do

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    Cdigo Civil).

    Com a sucesso definitiva, os herdeiros tornam-se proprietrios dos bens; porm,

    seu domnio resolvel extingue-se, se reaparecer o ausente dentro dos dez

    anos seguintes. Ocorrida a sucesso definitiva, os herdeiros tm direito de levantar

    as caues anteriormente oferecidas. Por fim, observa-se que a necessidade dasucesso definitiva ocorre para garantir o princpio da livre circulao de bens.

    Os legitimados para sucesso definitiva so os mesmos da sucesso provisria,

    podendo os interessados, conforme anterior explicao, levantar as caues

    prestadas.

    Resumindo:

    os herdeiros tornam-se proprietrios resolveis dos bens da herana;

    os herdeiros adquirem os frutos dos bens e os seus rendimentos;

    os herdeiros, alm de poderem alienar, gratuita ou onerosamente, os bens da

    herana, podem at mesmo grav-los; os herdeiros podem levantar caues anteriormente prestadas;

    os herdeiros podem intentar aes prprias contra terceiros, inclusive no que diz

    respeito a doaes inoficiosas do ausente em vida;

    ocorre a efetiva diviso dos bens do ausente.

    6.7. Regresso do Ausente

    Caso o ausente reaparea no prazo de dez anos aps a abertura da sucessodefinitiva, ter direito a receber, no estado em que se encontrem, os bens

    existentes ou os sub-rogados, ou ainda o preo recebido pelo sucessor, desde que

    prove que os bens so realmente sub-rogados e que o dinheiro encontrado em

    mos do sucessor corresponde ao preo justo.

    So aplicados ao tema os seguintes princpios:

    os atos praticados pelos sucessores so vlidos;

    o sucessor no pode enriquecer s custas do ausente;

    o ausente no tem direito aos frutos percebidos no perodo da ausncia.

    6.8. A Ausncia no Direito de Famlia

    A declarao de ausncia, ainda que definitiva, no autoriza novo casamento do

    outro cnjuge. A ausncia pode, todavia, ensejar o divrcio, e por via oblqua

    dissolver-se a sociedade conjugal.

    De acordo com o artigo 484 do Cdigo Civil de 1916, se o cnjuge do ausente tiver

    falecido ou for impedido de exercer o ptrio poder, os filhos sero considerados

    como se rfos fossem, ficando sob tutela.

    7. REPRESENTAO

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    No caso de premorincia, pode haver representao (artigo 1.844 do Cdigo Civil).

    Essa somente existe na linha de descendentes, e no na de ascendentes.

    No h representao na sucesso testamentria, ou seja, os herdeiros do

    institudo ou do legatrio no podem represent-los no caso de premorincia.

    Este resumo destina-se ao aprendizado do aluno EVILAZIO RIBEIRO. O contedo

    reflete o pensamento do mesmo, mas, quase sempre, com cpia ipsis litteris de um

    determinado autor. Assim, este resumo no pretende ser original, muito menos se

    destina publicao, dirigida de forma a facilitar o acompanhamento em sala de

    aula, com a conseqente compreenso dos temas pelo aluno. Imprescindvel,

    portanto, a aquisio de livros e obras clssicas para o aprofundamento do tema.

    FUNDAMENTOS DO DIREITO DAS SUCESSES

    a) Histricos/filosficos

    Princpio da imortalidade da almaa pessoa do falecido se perpetuaria nossucessores hereditrios.

    Continuao do culto familiarsubstituio do chefe;pater famlias.

    b) Constitucional (art. 5, XXX, CF)

    Herana/propriedade, para que a morte no acarrete a expropriao. Se assim no fosse,com a morte o patrimnio da pessoa seria expropriado da famlia.

    c) Funes sociais

    A conservao e a transferncia hereditria interessam ao indivduo e sociedade,

    eis que se at ento esse patrimnio tinha uma funo social, se ele continuasse nafamlia continuaria a ter aquele fim social, como regra.

    Estimula o trabalho e a produo de riqueza.

    Fator de proteo, de coeso e de perpetuidade da famlia mediante o patrimnio por

    ela constitudo.

    Interesse individual atende diretamente o interesse social.

    CRTICA SUCESSO

    Em alguns casos poderia caracterizar um desestmulo produo por parte do

    herdeiro/sucessor, pela expectativa da herana.

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    SISTEMAS DE SUCESSES

    a) Concentrao obrigatriadestinao de toda a herana a um determinadoherdeiro (ou o primeiro filho que nascesse ou, na maioria das vezes, o filho homemprimognito). Acontece uma renncia forada legal.

    b) Liberdade testamentriatotal liberdade para disposio dos bens. Nesse sistemaa lei no estabelece regras para a sucesso, cada um tendo liberdade para fazer de seupatrimnio, depois da sucesso mortis, o que bem entender. No existem herdeiroslegtimos, apenas herdeiros testamentrios.

    c) Diviso necessriaordem definida em lei. H uma diviso necessria entreherdeiros legtimos e testamentrios. Primeiramente deve ser reservado o que cabe aosherdeiros legtimos, o que sobrar pode ser disposta em testamento. Ex.: Brasil.

    Legtima a parte da herana que a lei atribui de pleno direito aos herdeiros legtimos.

    a frao da herana que cabe por fora de lei aos herdeiros legtimos. Essa frao ametade dos bens do falecido. A parte que no integra a legtima chamada de partedisponvel, que pode ser transferida por testamento.

    ESPCIES DE SUCESSO

    QUANTO EXTENSO

    a) a ttulo universaltransferncia da totalidade dos bens, direitos e obrigaes, semdiscriminao ou determinao (frao ideal). indeterminada, eis que abrange ouniverso, ou seja, todo o ativo e o passivo do autor da herana, at o limite da herana(como no caso das dvidas). Pode ser verificada tanto na sucesso legtima como natestamentria, esta ltima quando o testador instituir herdeiro em frao da herana.

    b) a ttulo singularbem ou direito certo e determinado (legado). Ex.: uma jia, umimvel. tpica da sucesso testamentria, onde a disposio de ltima vontadecontempla um ou vrios beneficirios, com bem certo e determinado. O legatrio sresponde por dvidas e obrigaes da herana quando os bens deixados aos herdeirosnecessrios no forem suficientes para quit-las. No pode se deixar legado na sucessolegtima.

    Desta forma, a sucesso legtima ocorre sempre a ttulo universal, sendo sucessor,necessariamente, o herdeiro indicado por lei. J a sucesso testamentria pode se dar attulo universal ou singular, sendo sucessor, no primeiro caso, o herdeiro testamentrioe, no segundo, o legatrio.

    QUANTO ORIGEM(art. 1.786)

    a) Legalem relao aos herdeiros legtimos. O legislador traz a ordem de vocaohereditria, atravs da qual designa aqueles que sero chamados para suceder, uns nafalta dos outros, ou em concorrncia, vale dizer, a lei indica os herdeiros da pessoafalecida. Herdeiro necessrio o sucessor legtimo com direito a uma parcela mnima de

    50%, da qual no pode ser privado por disposio de ltima vontade, representando asua existncia uma limitao liberdade de testar. Essa classe composta pelo cnjuge,

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    descendentes e ascendentes do de cujus. Os colaterais at o 4 grau so herdeirosfacultativos, podendo ser privados na herana, bastando o testador no os contemplarnas disposies de ltima vontade.

    b) Testamentriaem relao aos herdeiros testamentrios ou legatrios. A sucesso

    testamentria deriva de ato de ltima vontade, representado por testamento promovidopelo autor da herana, na forma e condies estabelecidas na lei. Somente na falta decnjuge-herdeiro, descendentes e ascendentes haver plena liberdade para testar,permitindo seja a sucesso exclusivamente testamentria, com a excluso de colaterais(art. 1.850).

    A parte disponvel ser a metade ideal do patrimnio que algum com herdeirosnecessrios vivos pode dispor em testamento, endereando-a a quem preferir.

    ABERTURA DA SUCESSO (art. 1.784)

    Art. 1.784. Aberta a sucesso, a herana transmite-se, desde logo, aos herdeiroslegtimos e testamentrios.

    O que se transmite desde logo (quando ocorre a morte) so os direitos hereditrios.Enquanto no se faz inventrio e partilha, existem direitos hereditrios e nopropriedade plena.

    a) Princpio dasaisineno exato instante em que a pessoa falece o direito dosherdeiros em relao aos bens do falecido transmitido a eles. No h uma vacatio deprazo entre o falecimento da pessoa e a transmisso.

    Assim, a transmisso da herana e a conseqente substituio do de cujus pelosherdeiros se fazem automaticamente, no plano jurdico, sem qualquer outra formalidade,ainda que, no plano ftico, os sucessores ignorem o falecimento.

    A abertura da sucesso ocorre com a morte do autor da herana.

    b) Efeitos da abertura da sucessoa) instantnea mutao subjetiva em relao aopatrimnio do de cujus (mudana na titularidade dos bens). Se um herdeiro faleceimediatamente aps a morte do autor da herana, ainda que dela no tenha sequer tidoconhecimento, tem direito a receber seu quinho hereditrio e o transmite aos seus

    sucessores; b) os herdeiros j podero dispor de seus direitos hereditrios. No momentoem que o herdeiro passou a ter direito hereditrio com a morte de algum, ele passa a terpatrimnio, e assim sendo, esse patrimnio pode ser objeto de cesso, eis que, salvorestrio imposta pelo autor da herana, com a abertura da sucesso j nasce para oherdeiro a possibilidade de promover a transferncia de seus direitos a terceiros. Emrespeito indivisibilidade da herana, o herdeiro, legtimo ou testamentrio, podeapenas ceder sua parte indivisa e abstrata, ou seja, frao ideal na herana, no lhesendo permitida a transferncia de bens certos e individualizados, em sua integralidade,pois a todos os herdeiros pertencem, em condomnio, at a efetivao da partilha.Contudo, se h um condomnio com outras pessoas, com relao a esses direitoshereditrios, pode ser feita a cesso, mas importante tomar o cuidado de oferecer

    primeiro aos outros condminos, podendo vender para terceiro somente caso hajarenncia dos demais condminos (direito de preferncia). Por esse motivo que h

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    possibilidade de o cessionrio requerer abertura de inventrio (art. 988, CPC). Essacesso pode ser tanto gratuita quanto onerosa. Portanto, uma vez aberta a sucesso possvel que os herdeiros, desde logo, disponham de seus direitos hereditrios; c)incidncia de tributo (ITCMDImposto sobre a transmisso causa mortis doaesoque d legitimidade Fazenda Pblica para abrir inventrio (art. 988, inciso IX, CPC).

    Pressuposto para receber o formal de partilha o pagamento do imposto; d) definioda capacidade sucessriano exato momento em que se abre a sucesso que se saberquem so os herdeiros; e) definio da competncia para o inventrio; f) posse e direitodos herdeiros (quanto posse destinada aos herdeiros, j com o falecimento, a posseindireta, exercendo o inventariante a posse direta at o estabelecimento da partilha).

    COMORINCIA

    Comorincia a morte simultnea de duas ou mais pessoas, sem que se possa saberquem faleceu antes, tratando-se um comoriente em relao ao outro como se jamaistivesse existido.

    Princpio da Simultaneidade (art. 8)Se dois ou mais indivduos falecerem namesma ocasio, no se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos

    outros, presumir-se-o simultaneamente mortos.

    A aplicao do princpio da simultaneidade implica a no transmisso de herana entreos comorientes, partilhando-se, por conseguinte, a herana de cada um, em separado,entre seus respectivos herdeiros.

    Assim, se em um acidente de trnsito falece um casal sem deixar descendentes ouascendentes, constatada a morte primeiro do marido, a esposa ser a herdeira por umrpido instante, e o patrimnio ser destinado aos sucessores dela. Se consideradoscomorientes, a sucesso de cada um ser promovida como se o outro no existisse, ouseja, o patrimnio do marido ser destinado aos seus outros sucessores, no esposa,assim tambm ocorrendo em relao herana deixada pela mulher.

    Da mesma forma, falecendo simultaneamente pai e um de seus filhos, este ltimo semdescendentes, o patrimnio deste filho ser destinado exclusivamente sua me.Concluindo o exame pela morte anterior do filho, o pai concorre na sua herana, e, pelofato de tambm ter falecido, destina-se, ento, o quinho do pai aos outros filhos, emconcorrncia com a genitora.

    COMPETNCIA PARA INVENTRIO E PARTILHA

    Pluralidade do Juzo Sucessrio (art. 96 e seguintes do CPC e art. 1.785, CC)pode haver vrios foros competentes, eis que em Juzo de inventrio a competncia relativa.

    A regra geral que o foro competente o do ultimo domiclio do autor da herana. Se ofalecido tinha vrios domiclios, pode ser qualquer um deles, a critrio dos herdeiros. Seo de cujus no possua domiclio certo, ser competente o foro da situao dos bens.Caso o de cujus no tinha domiclio certo e tinha bens em locais diversos, ser

    competente ainda o local onde ocorreu o bito.

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    Herdeiros testamentrios (vai se verificar a lei da poca em que foi feito otestamento. Porm, em relao ao beneficirio, ser aplicada a lei em vigor).

    A qualidade de herdeiro e mesmo a extenso de seus direitos aferida de acordo com alegislao vigente na data do falecimento.

    A lei do dia da morte rege todo o direito sucessrio, quer se trate de fixar a vocaohereditria, quer de determinar a extenso da quota hereditria.

    c) pressupostos para apurar a capacidade sucessria.

    Isobreviver ao autor da heranao chamado a suceder deve existir no momento daabertura da sucesso, pois a herana no se destina ao vazio, no se transmite ao nada.Para o ser humano ser titular do direito hereditrio precisa estar vivo no momento dobito do autor da herana. Em situaes especiais defere-se a herana a pessoa aindano existente no momento da abertura da sucesso: a) nascituroverificada a sua

    capacidade pela concepo, posto que biologicamente vivo mas juridicamentedesprovido de personalidade. Se j concebido quando da abertura da sucesso, emboraainda carecedor de personalidade, tem preservada a titularidade de direitos,condicionada ao nascimento com vida, caso contrrio no ter existido como serhumano, e assim (inexistente) ser tratado tambm no direito sucessrio; b) em segundolugar existe a possibilidade de instituio como herdeira, atravs de disposiestestamentrias, da chamadaprole eventual de pessoas designadas e existentes ao se abrira sucesso. Nesta situao o direito sucessrio condicional, subordinando-se a suaaquisio ao evento futuro e incerto.

    IIpertencer espcie humanaj que animal e coisas inanimadas no podem serherdeiros.

    IIIpessoa jurdica j existente ou em formaopara a pessoa jurdica, de direitopblico ou privado, como requisito titularidade da herana, verificada sua existncialegal, representada pela inscrio de seu ato constitutivo no respectivo registro, nomomento do falecimento. O instituto da herana pessoa jurdica ocorreexclusivamente em razo de disposies testamentrias, exceo do Poder Pblico,titular da herana jacente na sucesso legtima, arrecadador dos bens vagos. Tambmem situao especial aceita a deixa em favor de pessoa jurdica ainda no constitudano momento do falecimento, sendo tal hiptese representada pela destinao do

    patrimnio a fundao projetada no prprio testamento, a ser regularizada aps a mortedo testador.

    Segundo WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, no tocante s sociedades ouassociaes, a capacidade testamentria passiva no depende do prvio registro de seuscontratos, estatutos ou atos constitutivos. Para efeitos sucessrios, tais entidadesequiparam-se aos nascituros.

    IVno estar enquadrado em alguma hiptese de excluso (indignidade edeserdao).

    INDIGNIDADE

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    Pena civil que priva do direito de herana o herdeiro ou legatrio que cometeu atocriminoso ou reprovvel (falta grave), taxativamente enumerado na lei, contra a vida, ahonra e a liberdade do de cujus. Ocasionada por fatos anteriores, simultneos ouposteriores morte do de cujus.

    Nessas situaes expressamente previstas, o sucessor que em um primeiro momento eratitular da herana pela regra geral, e que podia invocar a sua qualidade pela ordem devocao hereditria, ou pela instituio atravs de disposio de ltima vontade,verificada a condio a lhe impor a excluso, pode ser privado do direito sucessrio.

    Conseqnciaexcluso da sucesso.

    Fundamento tico contrrio ao ordenamento jurdico e tica que algum recebavantagem patrimonial de pessoa que ofendeu, com quem foi ingrato ou no tevesentimento afetivo. Tem efeito preventivo (prevenir o ilcito do herdeiro) e repressivo.

    CAUSAS DE EXCLUSO POR INDIGNIDADE (art. 1814)no se admiteinterpretao extensiva ou analgica.

    a)os herdeiros ou legatrios que houverem participado de homicdio doloso outentativa contra o autor da herana, sua esposa ou esposo, descendente ou ascendente

    o CC fala em homicdio doloso contra a pessoa de cuja sucesso se tratar. Portanto, semeramente culposo o delito, inexiste voluntariedade ou dolo, apta a legitimar oafastamento sucessrio do responsvel. Assim como no h motivo para excluso se oautor do homicdio age em legtima defesa, em estado de necessidade, no exerccioregular de um direito ou perturbado em suas faculdades psquicas por demncia ouembriaguez. O mesmo acontece nos casos de aberratio ictus e erro sobre a pessoa, bemcomo no homicdio preterintencional, em que no existe animus necandi.

    b)os herdeiros ou legatrios que tiverem acusado caluniosamente em juzo o autor daherana ou praticar crimes contra a honra contra o autor da herana ou companheira

    a denunciao caluniosa consiste em dar causa a instaurao de investigao policialou de processo judicial contra algum, imputando-lhe crime de que o sabe inocente.Mas no basta qualquer acusao perante a polcia ou outra repartio pblica. precisoque seja ela veiculada em juzo criminal, mediante queixa, e se revele falsa e dolosa. Oreconhecimento da indignidade nessas hipteses depende de prvia condenao em

    juzo.

    c)que por violncia ou ameaa que impedirem o autor da herana de dispor seus bensem ato de ltima vontadena doutrina so esses os casos geralmente apontados: Ioherdeiro constrange o de cujus a testar; IIou ento impede-o de revogar testamentoanterior; IIIsuprime testamento cerrado ou particular dele; IVurde ou elabora umtestamento falso; Vcientemente, pretende fazer uso de testamento contrafeito.

    Essa enumerao taxativa, no existem outros casos de indignidade.

    AO DECLARATRIA (art. 1815)

    A indignidade no opera ipso jure. Os herdeiros devero mover a ao. Ao decognio exauriente, a ao no cabe ao ofendido. Assim, para que se exclua o herdeiro

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    da sucesso preciso que a indignidade seja reconhecida por sentena, proferida porao ordinria intentada com esse escopo pelo interessado. A sentena no ttuloconstitutivo, mas apenas declarativo da incapacidade de suceder.

    At mesmo se existir prvia condenao criminal confirmando a prtica de ato delituoso

    indispensvel a provocao da excluso em processo prprio no cvel.

    A legitimidade para propor a ao estendida a qualquer interessado, assimconsiderados aqueles que obtero vantagem patrimonial com o afastamento do herdeiro.Se o sucessor imediato do herdeiro ou legatrio indigno, por livre opo, no provoca aexcluso, ningum mais poder faz-lo, nem mesmo o Ministrio Pblico, ainda que aindignidade constitua crime.

    O momento prprio para a propositura da ao a partir do falecimento, com prazoprescricional de quatro anos.

    A prova pode ser produzida no juzo cvel, independentemente de instaurao,pendncia de ao penal ou absolvio por extino da punibilidade (prescrio).Entretanto, se reconhecida no juzo criminal a inexistncia do fato, ou da autoria, ao seabsolver o sucessor acusado fica afastada a possibilidade de exame no cvel, impedida,assim, a aplicao da indignidade.

    Iniciada ou no, extingue-se a ao com o falecimento do herdeiro ameaado, porqueindignidade constitui pena que no deve passar alm do criminoso. Sobrevindo a mortedeste, antes que se declare a indignidade, o herdeiro visado, que at essa data exercia emplena capacidade o seu direito hereditrio, transmite-o aos prprios sucessores.

    EFEITOS DA DECLARAO DE INDIGNIDADE (arts. 1.816 e 1.817)

    a) os descendentes herdaro a parte do excludoa herana que o indigno deixa derecolher devolve-se aos seus descendentes, que sucedem por direito de representao,ou seja, os descendentes do herdeiro excludo sucedem como se ele morto fosse antes daabertura da sucesso. Inexistindo sucessores do indigno na linha reta descendente (eisque a substituio ocorre apenas na linha reta descendente, no podendo ser sucedidopelos ascendentes ou colaterais), seu quinho retorna ao monte, seguindo a destinaolegtima ou testamentria, como se o herdeiro excludo no existisse.

    b) o indigno no ter direito a administrao e usufruto dos bens herdadosficaprivado do direito ao usufruto e administrao dos bens que a seus filhos menores foremdestinados em razo da substituio, perdendo, tambm, o direito sucessrio sobre opatrimnio devolvido aos descendentes, que em regra teria pelo falecimento destes.

    A sentena declaratria da indignidade produz efeitos ex tunc, retroagindo data daabertura da sucesso, retirando do sucessor a sua condio adquirida de imediatoquando do falecimento do autor da herana.

    So vlidas as alienaes de bens hereditrios, e os atos de administrao legalmentepraticados pelo herdeiro excludo, antes da sentena de excluso. Assume o indigno,

    nessa situao, a condio chamada de herdeiro aparente. Mas como no seria justo

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    impor ao co-herdeiro, beneficiado com a excluso, o prejuzo pelos atos do herdeiroaparente, cabe, contra este, ao objetivando o ressarcimento das perdas e danos.

    REABILITAO DO INDIGNO (art. 1.818)

    Atravs de testamento (reabilitao expressa) ou testamento que se deixa determinadobem para o indigno, mas nesse caso somente em relao ao bem (reabilitao tcita).

    A incluso do indigno em testamento do ofendido, que j tinha conhecimento do ato,corresponde a perdo e reabilitao, de modo a vir o ofensor a receber sua deixatestamentria. O perdo deve ser expresso e constar de testamento, ou de outro atoautntico, como a escritura pblica.

    Ainda que o ofendido tenha sido outras das pessoas enunciadas no art. 1.814 e no otestador, o perdo a que se refere a lei o emanado do autor da herana.

    DESERDAO

    (arts. 1.961 a 1.965)

    Ato de excluir determinado herdeiro legtimo da herana, privando-o de sua legtima,por ter praticado qualquer dos atos previstos na lei civil.

    DIFERENCIAO EM RELAO INDIGNIDADE

    a) Depende da vontade da pessoa ofendida: s pode haver a deserdao se a pessoa doofendido se manifestar de forma expressa, enquanto na indignidade no depende davontade do ofendido.

    b) Alcana apenas uma categoria de herdeiros (art. 1.845), no todo e qualquerherdeiro que passvel de deserdao, mas somente os herdeiros necessrios (soherdeiros necessrios os descendentes, os ascendentes e o cnjuge sobrevivente. Oscolaterais so facultativos). J com relao indignidade todo e qualquer classe deherdeiro pode ser sujeito de indignidade.

    Assim, s podem ser deserdados os herdeiros necessrios eis que estes tm assegurado50% da herana por lei (legtima). Caso o autor da herana no queira que um herdeiro

    colateral fique com a herana, basta fazer um testamento contemplando outra pessoacomo herdeira, eis que os colaterais so herdeiros facultativos.

    sempre motivada por atos anteriores morte do ofendido.

    Todas as hipteses de indignidade so hipteses de deserdao. Nem todas as dedeserdao so de indignidade.

    Na indignidade basta a ocorrncia do fato previsto em lei e a posterior ao declaratriade indignidade. Enquanto que na deserdao necessria a ocorrncia do fato previstoem lei, o testamento do ofendido e aps a ao declaratria de desero.

    REQUISITOS/CAUSAS PARA DESERDAR

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    a) Ocorrncia de um dos fatos/causas elencados em lei (arts. 1.814, 1.962 e 1.963). Se omotivo enunciado pelo disponente no se enquadra rigorosamente num dos incisoslegais, inoperante resulta o ato de deserdao. Trata-se de rol taxativo.

    b) A deserdao feita atravs de testamento. Se nulo o testamento, nula ser a

    deserdao. Inadmissvel cominar tal sano mediante escritura pblica de outranatureza, ou termo judicial, ou ainda instrumento particular.

    c) No testamento deve ser indicada a causa da deserdao.

    d) Aps o falecimento do ofendido vai haver uma ao declaratria de deserdaomovida pelos interessados para que se comprovem os fatos alegados no testamento.Prazo decadencial de quatro anos a partir da abertura do testamento.

    Assim, no basta o ato isolado de deserdao no testamento. Exige-se ainda que contrao deserdado se mova ao ordinria, tendente a comprovar que realmente procede a

    increpao feita pelo disponente no ato de ltima vontade.

    EFEITOS DA DESERDAO

    a) os descendentes herdaro a parte do excludo (art. 1.816)a herana que odeserdado deixa de recolher devolve-se aos seus descendentes, que sucedem por direitode representao, ou seja, os descendentes do herdeiro excludo sucedem como se elemorto fosse antes da abertura da sucesso. No podendo o deserdado herdar, de seusdescendentes, esses mesmos bens posteriormente. Contudo, mediante ato inter vivos odescendente pode at transmitir esses bens para o deserdado.

    Com a publicao do testamento, surge a condio resolvel da propriedade/posseadquirida na abertura da sucessoefeito ex tunccomo se fosse pr-morto.

    b) o deserdado no ter direito a administrao e usufruto dos bens herdadosfica privado do direito ao usufruto e administrao dos bens que a seus filhos menoresforem destinados em razo da substituio, perdendo, tambm, o direito sucessriosobre o patrimnio devolvido aos descendentes, que em regra teria pelo falecimentodestes.

    REVOGAO

    A deserdao pode ser revogada.

    Da mesma forma que se faz um testamento para deserdar, permitida a feitura de umnovo testamento para revogar a deserdao. Enquanto que na indignidade o que se faz a reabilitao do indigno.

    Depois de revogado o testamento, o ofendido no pode deserdar a mesma pessoa pelomesmo fato, imprescindvel que haja um fato novo.

    DIFERENAS

    INCAPACIDADE SUCESSRIA INDIGNIDADE E DESERDAO

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    Falta de preenchimento de requisitos paraser herdeiro. Se algum no herdeirolegtimo ou testamentrio, no temcapacidade sucessria.Impede que surja odireito sucesso.

    Incapaz nunca foi herdeiro e nada transmitea seus sucessores.

    herdeiro legtimo ou testamentrio, masperdeu a capacidade em razo de um fatodefinido em lei.Nestes casos havia o direito herana, que foi afastado.

    Nos casos de indignidade a pena aplicadapela prpria lei, enquanto na deserdao aplicada pelo ofendido.

    Indigno recebe a posse e o domnio naabertura da sucesso, vindo a perder osbens com o trnsito em julgado dasentena.

    Indigno foi herdeiro e pelo carterpersonalssimo da pena, transmite a sua

    herana (quinho) aos seus descendentes.

    ACEITAO DA HERANA

    Ato jurdico unilateral pelo qual uma pessoa deseja ser herdeira, legtima outestamentria, e manifesta livremente a sua vontade de receber a herana que lhe transmitida.

    Em que pese o princpio da saisine, no qual o direito herana transmite-se no ato damorte, sem que haja a necessidade de nenhum ato, ocorrendo uma transmisso

    automtica, pode ser que o herdeiro no aceite ser herdeiro.Com a morte do de cujus, o domnio e a posse da herana transmitem-se ipso jure aoherdeiro, independentemente de qualquer outro ato deste. A aceitao no passa, pois,de mera confirmao, por parte do herdeiro, da transferncia que lhe havia sido feita.

    A aceitao cuida-se de um ato de conservao/manuteno do direito de herana.

    Como dito anteriormente, a aceitao pode ser expressa, tcita ou presumida. Ocorre aaceitao desde que no haja qualquer prtica de ato de no aceitao renncia.

    a) expressamanifestao do herdeiro de que est aceitando a herana, manifestandosua vontade de conserv-la. O herdeiro declara por escrito, pblico ou particular, quedeseja receber a herana. No admitida a aceitao manifestada oralmente.

    b) tcita amais comum. Resulta da prtica de atos somente compatveis com ocarter de herdeiros, tais como a interveno do herdeiro no inventrio, fazendo-se nelerepresentar por advogado, concordando com as primeiras declaraes, avaliaes eoutros atos do processo, etc. Simples requerimento de inventrio no traduz, por si s, opropsito de aceitar a herana, por se tratar de obrigao legal, inerente ao herdeiro.

    c)presumidano pratica qualquer ato, indiferente, permanecendo inerte.

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    A partir do momento em que se demonstra a aceitao, no pode mais renunciar herana. Ou seja, a aceitao no admite retratao.

    EXTENSO DA ACEITAO

    a) Totala aceitao sempre dever ser total em relao a um ttulo sucessrio.

    b) Parcialpode aceitar parcialmente desde que abranja ttulos sucessrios diferentes,ou seja, aceitar a legtima e o legado, e no aceitar a herana testamentria, quando lhecabem os trs ttulos.

    Portanto, o herdeiro no pode aceitar parte da herana e renunciar a outra parte, ouaceita na sua integralidade ou repudia integralmente. Se a recebe, entretanto, por doisttulos, ou seja, se alm de herdeiro o contemplado tambm legatrio, ser admitido aaceitar a herana e repudiar o legado, ou vice-versa.

    A aceitao tambm incondicional e no a termo, ou seja,no se admite que aaceitao seja subordinada a condio ou termo (no pode ser por certo tempo, uma vezaceita ela se torna definitiva).

    A revogao ou retratao da aceitao admitida somente em caso de erro ou vcio devontade (art. 1.812).

    RENNCIA DA HERANA

    Renncia o ato expresso de no aceitao da herana ou da condio de herdeiro. Nopode ser presumida ou tcita, tem que ser expressa.

    ato de abdicao da herana. A renncia s pode ocorrer aps o falecimento do autorda herana, pois s com este nasce o seu direito herana.

    Quando ocorre abdicao, significa que o herdeiro no est aceitando aquela herana.

    RENNCIA ABDICATIVA

    Renncia sempre um ato de abdicao de um direito.

    RENNCIA TRANSLATIVA

    No existe renncia translativa em nosso direito civil. Se o herdeiro diz que renuncia aherana, ele no pode transmitir a herana para outra pessoa. O que admite-se somente a cesso da herana (cesso de direitos hereditrios).

    Logo, a renncia sempre um ato de abdicao de um direito, jamais de transmisso.

    No momento em que o herdeiro renunciar ele est deixando de tirar do monte mor a suacota hereditria. Ele no chega a receber e devolver depois.

    Portanto, no ocorre a transmisso, e no existindo transmisso, no h incidncia doimposto.

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    PRESSUPOSTOS PARA A RENNCIA

    a) Capacidade civil plena ou suprida pode praticar o ato de renncia apenas quemestiver no pleno exerccio de suas atividades da vida civil. O herdeiro menor pode atrenunciar, mas para a prtica desse ato de renncia deve haver prvia autorizao

    judicial.

    b)Escritura pblica ou termo nos autos ou na escrituraa pessoa que quiserrenunciar tem que, expressamente, se manifestar nesse sentido atravs de escriturapblica, termo judicial ou ainda na escritura de inventrio. Na prtica, ainda que a partemanifeste sua vontade mediante termo judicial, o juiz acaba exigindo que ele o faamediante escritura pblica.

    c)Incondicionalo herdeiro que renuncia no pode impor condio para a renncia,eis que ela sempre ser pura e simples, bem como no ser onerosa.

    d)No realizao/prtica de qualquer ato inerente condio de herdeiroo sujeitos pode renunciar antes que pratique qualquer ato inerente condio de herdeiro, eisque isso presume a aceitao da herana, e a renncia nunca pode ser posterior aceitao, uma vez que a aceitao e a renncia so irretratveis.

    Obs.: No se pode renunciar a herana que ainda no existe, ou seja, enquanto noaberta a sucesso.

    O ato de renncia, como no implica a transmisso de um direito, no tributado.

    EFEITOS DA RENNCIA

    a) primeiro efeito (art. 1.810)o quinho do herdeiro renunciante partilhar-se- entreos demais herdeiros da mesma classe do renunciante.Ou seja, a parte do herdeirorenunciante jamais se transfere aos seus descendentes, mas sim permanece no montemor, transmitindo-se aos demais herdeiros da mesma classe, como se no existisse orenunciante. Os herdeiros de grau mais prximo excluem os de grau mais remotos. Osherdeiros do renunciante no herdam por representao na sucesso legtima. Assim, seo de cujus deixa vrios filhos e um deles vem a renunciar, a parte deste acresce a dosoutros irmos.

    b) segundo efeito (art. 1.811)

    se todos os herdeiros da primeira classe renunciarem,seus descendentes, ou seja, os da classe subsequente, herdaro, em nome prprio e empartes iguais. como se a primeira classe desaparecesse.

    c) terceiro efeito (art. 1.810, segunda parte)se o herdeiro renunciante for o nico desua classe, a herana caber aos herdeiros da classe subsequente, que herdaro em nomeprprio e por cabea (partes iguais). Na falta de netos sero chamados os ascendentes.

    Se o co-herdeiro tiver cedido seus direitos hereditrios, eventual renncia de outro co-herdeiro beneficia o cessionrio, que se habilitar no lugar do cedente, salvo seconvencionado que a cesso se daria at o limite do quinho existente por ocasio da

    cesso.

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    ANULAO DA RENNCIA (art. 1.813)

    Quando a renncia causar prejuzo a terceiros (credores) ela ser anulvel.

    Se h prejuzo com a renncia, podem os credores aceitar a herana, em nome do

    renunciante, independentemente da verificao do consilium fraudis. Basta que, com oato de renncia, venha o herdeiro a prejudicar os credores. Aceita a herana peloscredores sero estes aquinhoados no curso da partilha. Se houver saldo, entregar-se-aos demais herdeiros, no ao renunciante.

    Tratando-se de renncia pura e simples, o nico imposto devido o causa mortis, a serpago pelo beneficiado, sendo inexigvel o inter vivos; ao passo que cesso em benefciode pessoa determinada, como verdadeira doao, incide na tributao respectiva. Damesma forma, sujeita-se ao pagamento de direitos fiscais renncia de herana pelo co-herdeiro, depois de ter aceito.

    CESSO DE DIREITOS HEREDITRIOS

    A cesso um ato bilateral de transmisso inter vivos. bilateral porque existe ocedente e o cessionrio.

    Para que haja a cesso deve ter havido aceitao prvia.

    Aps a abertura da sucesso, os herdeiros que compem essa sucesso podero fazeruma cesso de seus direitos hereditrios. Contudo, tal cesso pode ser feita somente ata sentena que decide a partilha, eis que uma vez feita a partilha no se tem maisdireitos hereditrios, e sim bens efetivos. Aps a partilha no se fala mais em cesso,sendo admitida somente compra e venda ou doao.

    FORMAS DE CESSO

    a) Gratuitaato inter vivos gratuito, se equivale a uma doao. Incide ITCMD, de 4%sobre o valor da cesso. Quando for gratuita, qualquer que seja o bem, incide o ITCMD.

    b) Onerosase equivale a uma compra e venda. Quando se trata de uma cessoonerosa, tem incidncia o ITBI (2%), sobre o valor da cesso, em se tratando de bensimveis.

    IMPLICAES TRIBUTRIAS

    Quando se faz a cesso, o cessionrio tem que pagar o imposto de 4% (ITCMD). Todavez que houver transmisso da herana por alguma forma tem que pagar o ITCMD.

    CESSO DOS DIREITOS, NO DA QUALIDADE DE HERDEIRO

    A cesso abrange somente o que estiver expresso no instrumento de cesso. A cessopode abranger todos os direitos hereditrios, presentes ou futuros, em relao quelaabertura da sucesso, no somente em relao a frao ideal de um nico bem, desde

    que se faa constar no instrumento de cesso. Neste caso, o cessionrio tem que sehabilitar, futuramente, em uma eventual partilha que seja feita.

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    A cesso somente pode ser feita atravs de escritura pblica (art. 1.793).

    Caso haja a cesso de direitos hereditrios de um determinado bem, que compe auniversalidade da herana, todos os herdeiros devem ceder seus direitos hereditriossobre a frao daquele bem, eis que no possvel um nico herdeiro ceder um bem

    especfico por inteiro. Dessa forma, o cessionrio passar a ter a titularidade sobreaquele bem.

    REGISTRO DA CESSO? TTULO AQUISITIVO?

    A cesso de direitos hereditrios no precisa ser registrada, eis que ela, por si s, noproduz efeito. A cesso apenas um ttulo de transferncia de direito entre pessoas, eessa pessoa que adquire o direito se habilitar no processo de inventrio, e do processode inventrio que ela ter um ttulo passvel de transferncia daquela herana, o qualdever ser registradoformal de partilha ou carta de adjudicao.

    H adjudicao quando se trata de apenas um nico herdeiro, e formal de partilha paravrios herdeiros.

    Pode tambm ser expedido formal de partilha e carta de adjudicao no mesmoprocesso, no caso do cessionrio de um bem determinado, eis que este bem que elerecebeu por cesso no ser objeto de partilha.

    Para haver cesso tem que ter havido aceitao.

    CARACTERSTICAS E PRINCPIOS APLICVEIS CESSO DEHERANA:

    a) capacidade para ceder; no s civil;

    b) s aps a abertura da sucesso e antes da partilha; se depois, ser mera venda ecompra; no mais cesso de direitos hereditrios;

    c) compreende quota ideal da universalidadeno um bem especfico (art. 1793, 2,1.794 e 1.795)direito de preferncia dos co-herdeiros em relao a estranhos, quandoo objeto da cesso indivisvel;

    d) cessionrio assume a condio do cedente em relao ao bem objeto da cesso, masno a qualidade de herdeiro, pois esta personalssima.

    e) cessionrio pode intervir no processo de inventrio, adjudicando o bem.

    Registro da cesso de direitos hereditriosno exigvel, nem necessrio, visto que acesso apenas habilita o cessionrio ao processo de inventrio.

    DESISTNCIA DE DIREITOS HEREDITRIOS

    A desistncia pressupe aceitao prvia. Enquanto a cesso de direitos tem endereo

    certo, a desistncia no tem beneficirio certo, eis que ela sempre se d em favor domonte mor, redistribuindo-se entre os demais herdeiros.

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    A desistncia sempre gratuita, e assim sendo, sempre h incidncia do ITCMD (4%)sobre o quinho desistido, razo pela qual, a desistncia sempre desvantajosa, eis quequando da transmisso dos direitos do de cujus aos herdeiros, houve a incidncia doITCMD sobre a totalidade da herana, e quando da desistncia, haver a incidnciadesse mesmo imposto sobre o quinho daquele que desistiu.

    Desta forma, melhor do que a desistncia a renncia, que deve ser feita antes daaceitao. Caso j tenha havido aceitao, a sada ser a desistncia.

    Depois de havida a partilha tambm no mais aceita a desistncia.

    FORMALIZAO

    A desistncia deve ser feita mediante escritura pblica, assim como a cesso.

    REN NCIA

    - No h aceitao

    - Formaliza-se por escriturapblica ou termo judicial.

    - Beneficirios: demaisherdeiros (da mesma classeou classe subsequentearts.1.810 e 1.811)

    - Momento: antes daaceitao.

    - Efeito tributrio: no h.

    CESSO

    - H aceitao.

    - Formaliza-se apenasmediante escritura pblica.

    - Beneficirio: o cessionrio.

    - Momento: aps a aberturada sucesso e antes da

    deciso de partilha.- Efeito tributrio: ITBI(2%) ou ITCMD (4%).

    - Pode haver formal departilha ou carta deadjudicao.

    DESIST NCIA

    - H aceitao.

    - Formaliza-se apenasmediante escritura pblica.

    - Beneficirio: demaisherdeiros (monte mor).

    - Momento: aps a abertura

    da sucesso e antes dadeciso de partilha.

    - Efeito tributrio: ITCMD(4%).

    - Pode haver formal departilha ou carta deadjudicao.

    Camarada, casado, tinha trs filhos vivos, deixou viva e trs netos, filhos de um

    quarto filho j falecido. Esse camarada faleceu e houve um acerto entre todos osherdeiros de que um dos netos permaneceria com a herana deixada pelo av. Qual a

    soluo? Cabe tanto cesso (gratuita ou onerosacom pagamento do imposto) ourenncia feita pelos trs filhos e dois netos (no h efeito tributrio), mas nesse caso oneto receber apenas 50% da herana, eis que a viva ficou com a meao. Assim, aparte da viva deve ser feita por ato inter vivos, mediante doao ou compra e venda, ecom a anuncia dos demais.

    SUCESSO LEGTIMA

    A sucesso legtima define de antemo quem so as classes hereditrias que fazem jus

    herana. O que prevalece a ordem de vocao hereditria estabelecida em lei.

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    O Cdigo atual inovou no que toca concorrncia do vivo(a) com os descendentes eos ascendentes; bem como que quanto aos colaterais, antes eram legtimos at o 6 grau,agora somente at o 4 grau.

    So herdeiros legtimos os ascendentes, descendentes, cnjuge e colaterais at o 4 grau.

    INFLUNCIAS

    a) Histricaa sucesso legtima vem desde a antiguidade.

    b) Familiar

    c) Socialpermanecendo a herana no meio familiar, ela seria um motivo de coesofamiliar e de produo de riquezas para a sociedade.

    SITUAES EM QUE OCORRE (art. 1.829)

    a) A sucesso legtima ocorre sempre que houver herdeiro legtimo necessrio.

    b) No havendo herdeiro necessrio (tem-se apenas herdeiros legtimos facultativos) possvel que se tenha sucesso legtima, desde que o testador no tenha testado 100% deseus bens em favor de terceiros, eis que como no h herdeiro necessrio, todo opatrimnio do falecido parte disponvel, e assim pode ser objeto de testamento.

    So herdeiros necessrios os ascendentes, descendentes e cnjuge (art. 1.845). Oscolaterais at o 4 grau so herdeiros legtimos facultativos.

    Os necessrios tm direito legtima (50% do patrimnio do falecido),independentemente da vontade do falecido. Se no fizer testamento da outra metade,esta tambm pertencer a eles. Caso no seja herdeiro necessrio no tem direito legtima, somente parte disponvel.

    ORDEM DE VOCAO HEREDITRIA (art. 1.829)

    O elemento essencial da ordem de vocao hereditria o parentesco e o vnculomatrimonial. O parentesco por excelncia.

    A sucesso legtima deve ser tratada na ordem trazida pelo art. 1.829, sucessivamente.Trata-se de uma ordem preferencial definida pela lei para a partilha da herana.

    Ios descendentes, em concorrncia com o cnjuge. Deve ser observado sempre o graumais prximo. Na sucesso por estirpe tem-se graus diferentes de descendentesconcorrendo entre si.

    IIascendentes, em concorrncia com o cnjuge. S se passa aos ascendentes se nohouver nenhum descendente.

    IIIcnjuge. Na hiptese de no ter nenhum descendente ou ascendente. No inclui o

    companheiro.

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    IVcolaterais at o 4 grau. Em no havendo descendentes, ascendentes e cnjuge edesde que no haja testamento de toda a herana.

    SUCESSO POR CABEA

    Suceder em partes iguais pelo nmero de pessoas que esto na mesma situao. dividaem tantas cabeas quantos so os herdeiros.

    Assim, sucesso por cabea a simples repartio da herana em cotas iguais entre osherdeiros que se encontrarem na mesma classe hereditria.

    Assim, se o de cujus deixa trs filhos, por exemplo, cada um deles recebe cota igual.Isso acontece porque a distncia que os separa do autor da herana a mesma.

    Se o de cujus teve dois filhos, ambos falecidos, os quais deixaram respectivamente doise trs filhos, ao todo cinco netos, dividir-se- a herana em cinco partes iguais, que se

    adjudicaro por cabea a cada um dos cinco netos.

    a) S ocorre na linha reta descendente.

    b) Na linha ascendente a sucesso se dar por linhas (materna e paterna), no existesucesso por cabea na ascendncia. Assim, se o de cujus no teve prole, a herana vaipara seus genitores, que herdam em partes iguais o que o filho houver deixado,

    juntamente com o cnjuge suprstite, qualquer que tenha sido o regime de bens docasamento, e que receber um tero da herana. Se apenas sobrevive um, recolhe omesmo a totalidade da herana, ou a metade, se houver cnjuge sobrevivo, que ficarcom a outra metade. No caso de se deferir esta aos pais, o clculo do imposto detransmisso causa mortis deve ser feito separadamente, pois a herana no se transmiteao casal, mas a cada um dos genitores, que recebe sua quota por direito prprio.

    Na falta de ambos, herdaro os avs da linha paterna e materna, entre os quais separtilharo os bens, sem qualquer ateno origem destes.

    Outra regra que, na linha ascendente, havendo igualdade em grau e diversidade emlinha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linhamaterna. Por exemplo, morre o indivduo X, que no tinha pais vivos, mas apenas trsavs (igualdade de graus), dois maternos e um paterno (diversidade em linha). A

    herana defere-se a todos: reparte-se a herana entre duas linhas meio a meio, metadepara os dois avs maternos (uma linha) e metade para o nico av paterno (outra linha).

    SUCESSO POR ESTIRPE (ou sucesso por direito de representao)

    Ocorre quando um dos herdeiros for pr-morto em relao ao autor da herana,deixando outros herdeiros. Deve haver concorrncia entre descendentes de primeirograu e de segundo grau.

    a)Na linha reta descendenteos filhos do falecido herdam por estirpe a quota quecaberia ao falecido, que ser distribuda entre eles. Na linha reta descendente no h

    limite de representao, como ocorre na linha colateral, que se limita aos sobrinhos dode cujus.

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    Se o de cujus deixa dois filhos vivos e dois netos, descendentes de um terceiro filho pr-morto, no mais existe a mesma distncia entre os sucessores e o extinto. Essadiversidade de grau impe a sucesso por estirpe, isto , divide-se a herana em trsquotas iguais: duas delas so atribudas aos filhos vivos e a ltima, depois desubdividida em duas pores distintas, quinhoada aos dois netos do de cujus, que

    representam o pai falecido. Os filhos sucedem por cabea e os netos por estirpe.

    b)Na linha colateral (art. 1.840)quando no tem descendentes, ascendentes oucnjuge. Neste caso a diviso, em relao aos irmos do falecido, tambm se d porcabea. Caso um dos irmos do de cujus seja j falecido, os descendentes deste, porestirpe, herdaro a parte que caberia a seu pai, proveniente da herana deixada pelo tio.Logo, os sobrinhos com pai falecido concorrem com os tios sobreviventes na herana. Odireito de representao limita-se somente at os filhos de irmo do falecido(sobrinhos). Os sobrinhos netos somente herdariam caso no existisse nenhum colateralantes deles, quando ento herdariam em nome prprio (art. 1.829, IV e 1.592).

    A pessoa sucessvel herda por direito prprio, em seu nome, ou em virtude do direito derepresentao. Herda em seu nome, quando, em razo do parentesco com o de cujus,vem a ser o herdeiro mais prximo, sendo por isso chamado sucesso. Herda pelodireito de representao quando convocado a suceder em lugar de outro herdeiro,parente mais prximo do falecido, mas anteriormente pr-morto, ausente ou incapaz desuceder, no instante em que se abre a sucesso.

    SUCESSO DOS DESCENDENTES (art. 1.829, I)

    Regra geral: descendentes, em concorrncia com o cnjuge sobrevivente.

    Aos descendentes do mesmo grau aplica-se a sucesso por cabea. Havendodescendentes de graus diferentes, para estes aplica-se a sucesso por estirpe.

    Em havendo cnjuge, deve-se, primeiramente, observar o regime de bens e se o falecidodeixou bens particulares, ou no, para saber se h ou no h concorrncia.

    No h concorrncia:

    a) quando o casamento entre falecido e viva era comunho universal de bens, quandoento haver apenas a partilha da meao;

    b) quando o casamento entre falecido e a viva era de separao obrigatria de bens(art. 1.641), como no caso de casamento de pessoa maior de 60 anos;

    c) quando o casamento entre falecido e viva era pelo regime de comunho parcial debens, no tendo aquele deixado bens particulares, ou seja, ele s deixou bens comunscom o cnjuge, e em havendo apenas bens comuns o cnjuge sobrevivente tem direito meao, e a outra meao pertencer integralmente aos herdeiros descendentes. Assim,o cnjuge sobrevivente s teria direito de participar da partilha sobre os bensparticulares, eis que sobre os bens comuns ele j meeiro, portanto, em no havendobens particulares, no h concorrncia.

    H concorrncia:

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    Nestes casos, o vivo, alm de ser meeiro ser tambm herdeiro do falecido.

    a) casamento pelo regime de comunho parcial de bens, tendo o falecido deixadobens particulares.

    b) casamento pelo regime da separao convencional.

    c) casamento pelo regime de participao final dos aquestos.

    Concluindo, a concorrncia sempre incidir sobre os bens particulares do falecido,porque os bens comuns j sero objeto de meao.

    Obs.: se no regime da comunho universal de bens o falecido deixou bens particulares(art. 1.668), eles devem seguir a regra dos bens particulares, indo concorrncia.

    Concorrncia partilhar a herana entre os herdeiros e o vivo (a), no se confunde com

    meao.

    Quantum da concorrncia para o cnjuge sobrevivente (art. 1.832):

    Regra geral:direito a quinho igual ao dos que sucederem por cabea (descendentes).

    Seu quinho ser de, no mnimo, (25%) da herana, se concorrer com descendentesseus. Assim, deve-se questionar se os concorrentes so filhos tambm do vivo ou s dofalecido. Se no forem filhos comuns, se aplica a regra geral, que parte igual, noimportando o nmero. Mesmo que apenas um filho seja comum, aplica-se a regra daltima parte do art. 1.832. Atualmente h entendimento que essa reserva de 25% s sed quando todos os filhos forem comuns do casal, logo, trata-se de assunto bastantedivergente.

    Logo, se o cnjuge sobrevivente for ascendente dos descendentes do autor da herana, omnimo que lhe est reservado, alm da meao, uma quarta parte da herana. Destemodo, havendo trs herdeiros, opera-se a diviso em quatro pores, cabendo uma acada herdeiro e ao cnjuge. Se existirem quatro descendentes, retira-se a quarta parte daherana, que reservada ao cnjuge que ficou. As restantes trs pores so divididasentre os herdeiros.

    Essa regra especial aplica-se no fato de ficarem mais de trs filhos. At trs filhos, adiviso, incluindo-se o cnjuge, se faz por quatro. A partir do quarto filho acontece amudana da regra. Procede-se novamente a diviso por quatro, para destacar a poroque toca ao cnjuge. O que sobrar se partilha entre os filhos, em pores iguais.

    Em havendo apenas dois filhos, ou um, aplica-se a regra da diviso por cabea.

    SUCESSO DOS ASCENDENTES (art. 1.829, II)

    Diviso por linhas: paterna e materna

    Na sucesso dos ascendentes no existe a sucesso por cabea ou por estirpe, ela se dpor linhas (paterna e materna).

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    O grau mais prximo exclui todos os demais, independentemente de linhas. Assim,ficando pais e avs, restringe-se aos primeiros a participao na herana. E, estandofalecidos os pais, no se d o direito de representao, isto , no so contemplados, emseu lugar, os filhos, que so irmos do autor da herana.

    S se usa a sucesso por linhas se todos os ascendentes estiverem em p de igualdade.Se tiver somente o pai, toda a herana vai para ele, no indo nada para a linha materna.

    Para se dar a sucesso dos ascendentes no pode haver nenhum descendente, ou, emhavendo, que eles tenham renunciado.

    Na linha ascendente, havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentesda linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna. Por exemplo,morre o indivduo X, que no tinha pais vivos, mas apenas trs avs (igualdade degraus), dois maternos e um paterno (diversidade em linha). A herana defere-se a todos:reparte-se a herana entre duas linhas meio a meio, metade para os dois avs maternos

    (uma linha) e metade para o nico av paterno (outra linha).

    Situaes de concorrncia e quantum (art. 1.829, II e art. 1.837)

    Concorrendo com ascendentes de primeiro grau do falecido (pai e me), caber aocnjuge 1/3 da herana.

    Todavia, se ele concorrer com apenas um dos ascendentes de primeiro grau do falecido,ter direito metade da herana. Ter direito metade da herana, tambm, no caso deos ascendentes serem de outros graus, que no o primeiro (avs, bisavs, etc).

    O cnjuge, nestes casos, vai concorrer sobre tudo o que no sua meao. Assim, se eracasado sob o regime de comunho universal de bens, tem direito a 50% como meao,concorrendo sobre os outros 50%.

    SUCESSO DO CNJUGE SOBREVIVENTE (art. 1.829, III e art. 1.838)

    a) Hipteses de sucesso (art. 1.830)se o casal no estava separado de fato h maisde dois anos, ou judicialmente, haver sucesso do cnjuge sobrevivente. Em nohavendo descendentes e nem ascendentes no ter qualquer importncia o regime debens para que o cnjuge sobrevivente herde sozinho (art. 1.838).

    b) Direitos sucessrioso cnjuge, sozinho, pode herdar a integralidade dopatrimnio, independente do regime de bens, assim como faz jus ao direito real dehabitao (art. 1.831), caso a casa tenha ficado para os filhos e seja a nica casa,precisando, o cnjuge sobrevivente, dessa casa para morar.

    SUCESSO DOS COLATERAIS (art. 1.829, IV)

    Os colaterais so herdeiros legtimos facultativos, eles no tm direito legtima, sherdam o que sobrar, podendo o autor da herana dispor de todo o patrimnio. Assim,os colaterais s tero direito herana quando no houver nenhum herdeiro necessrio e

    desde que a herana no tenha sido toda disposta em testamento, para terceiros. Assim,

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    antes de passar sucesso dos colaterais, deve-se analisar se o de cujus deixoutestamento.

    a) Sucesso por cabea e por direito de representaoa diviso entre todos os quese encontrarem em mesmo grau feita por cabea. Os filhos dos irmos, em sendo o

    irmo pr-morto, concorrem por estirpe (representao). Assim, se em uma sucessohouver colaterais de primeiro grau e colaterais de segundo grau, haver sucesso porcabea quanto aos primeiros e por estirpe quanto aos segundos.

    Os irmos unilaterais herdam a metade do que herdaro os irmos bilaterais, ou, osbilaterais tm direito ao dobro (2x) do que o irmo unilateral (x).

    Se o falecido deixou apenas sobrinhos e tios, embora se encontrem estes no mesmograu, de modo que todos deveriam herdar em igualdade de condies, os sobrinhos tmpreferncia, no sendo de pensar na diviso da herana entre eles e os tios (art. 1.843).

    SUCESSO DO MUNICPIO, DISTRITO FEDERAL E UNIO

    Esses entes so herdeiros excepcionais. Sero destinatrios finais da herana em nohavendo herdeiro legtimo e nem herdeiro testamentrio.

    HERANA JACENTE E HERANA VACANTE

    Herana jacente a herana que jaz sem dono.

    Segundo PONTES DE MIRANDA, bens jacentes so bens de quem morreu semalgum aparecer como sucessor. A falta de apario restrita aos herdeiros parentais

    ou testamentrios, ou legatrios, uma vez que se ignoram herdeiros, ou no existem

    herdeiros-parentais ou testamentrios. Um certo, se no existem outros: o Estado.

    Situaes em que ocorre:

    a) quando no h herdeiro legtimo.

    b) existem herdeiros legtimos, mas todos renunciaram.

    c) no h testamento (cumulativa com uma das duas hipteses anteriores).

    d) bens de herdeiro niconascituro (enquanto o nascituro no nascer, tem-se heranajacente, quando a me no for herdeira).

    Para saber se a herana jacente vai para o Municpio, o DF ou a Unio, deve seranalisada a sua localizao. Para tanto, existe um processo de arrecadao de bens.Logo, no sendo conhecidos os herdeiros, ou renunciando herana os conhecidos, hum procedimento de arrecadao e administrao dos bens, objetivando a posterior epossvel entrega aos herdeiros que aparecerem.

    Nesse processo ser nomeado um curador para arrecadar os bens que compem a

    herana jacente.

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    Haver a necessidade de publicao de editais, pelo prazo de um ano, tornando pblicoo ato e chamando eventuais herdeiros, legtimos ou testamentrios.

    Nesse perodo de um ano, todo e qualquer herdeiro pode se habilitar na herana. E senesse perodo aparecer algum herdeiro, o processo de arrecadao converter-se- em

    inventrio.

    Aps o prazo de um ano da publicao dos editais, ser declarada a vacncia daherana.

    A partir de tal deciso at cinco anos da abertura da sucesso, s podero se habilitarnesse processo, buscar essa herana, os herdeiros necessrios. Assim, enquanto jacentea herana, qualquer tipo de herdeiro pode se habilitar; sendo ela declarada vacante,somente os herdeiros necessrios.

    Depois dos cinco anos, o patrimnio incorporado, definitivamente, ao Municpio, DF

    ou Unio.

    Segundo WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO ocorre a herana jacentequando no h o herdeiro certo, ou quando no se sabe de sua existncia. A vacante a

    herana devolvida ao Estado, por ter-se verificado no haver herdeiro. Naquela,

    aguarda-se ainda o aparecimento do beneficirio. Nesta, uma vez praticadas todas as

    diligncias, comprova-se afinal que no h herdeiro, no mais se espera sua

    habilitao e, por isso, defere-se a herana ao Estado.

    SUCESSO NA UNIO ESTVEL

    O companheiro sobrevivente no herdeiro necessrio, por conseguinte, no tem direito legtima.

    ANTECEDENTES LEGISLATIVOS

    Leis n 9.278/96 e 8.971/94.

    A primeira regra sucessria da unio estvel foi estabelecida pela lei 8.971/94 (art. 2),que garantia apenas o usufruto da quarta parte dos bens do falecido, se tivesse filhos eao usufruto da metade dos bens se no houvesse filhos. Logo, por essa primeira lei no

    tinha garantia de herana, mas sim somente direito ao usufruto, enquanto no contrassenovo casamento ou unio estvel.

    Em seguida veio a lei 9.278/96 (art. 7), dando ao companheiro o direito real dehabitao, apenas em relao ao imvel residencial.

    Hoje, a regra vem trazida, no Cdigo Civil, pelo art. 1.790.

    REGRAS NO CDIGO CIVIL (art. 1.790)

    H uma participao sobre os bens adquiridos onerosamente na constncia da unio

    estvel. Se houve bens particulares do falecido, sobre esses bens particulares ocompanheiro sobrevivente no participar.

  • 7/31/2019 DIREITO CIVIL - Direito de Sucessoes

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    Se concorrer com filhos comuns, a sucesso se dar por cabea, recebendo ocompanheiro quota equivalente do filho, quota esta calculada sobre os bens adquiridosonerosamente na unio estvel.

    Se concorrer somente com filhos do falecido, ter direito exatamente metade da quota

    que couber a cada um daqueles. Se tiver somente um filho do falecido, por exemplo, adiviso ter que ser feita por 3, sendo 2x para o filho e x para o companheiro.

    Se concorrer com outros parentes sucessveis (ascendentes e colaterais), ter direito aum tero da herana.

    No havendo parentes sucessveis, o companheiro sobrevivente ter direito totalidadeda herana, s com relao aos bens adquiridos na constncia da unio estvel, a ttulooneroso. Quanto aos bens particulares (adquiridos antes da unio estvel), h umalacuna na lei, devendo, esses bens, constituir a herana jacente, embora no hajacoerncia em tal situao. Para tanto, h um projeto de lei a fim de reformar o inciso IV

    desse artigo, para incluir tambm os bens particulares, sendo essa a interpretao que jvem se dando a esse dispositivo da lei.

    DIREITOS SUCESSRIOS

    a) Herananas regras do art. 1.790.

    b) Direito real de habitao (art. 7, pargrafo nico, da Lei 9.278/96)dissolvida aunio estvel por morte de um dos conviventes, o sobrevivente ter direito real dehabitao, enquanto no constituir nova unio estvel, com relao ao imvelresidencial da famlia.